UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE CIÊNCIAS SÓCIO – ECONÔMICAS E HUMANAS
CURSO DE PEDAGOGIA
FABIANA ANGELICA FELICIO
AFETIVIDADE FIO CONDUTOR DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
Anápolis-GO
Dezembro/2009
UNIVERSIDADE ESTADUAL DE GOIÁS UNIDADE DE CIÊNCIAS SÓCIO – ECONÔMICAS E HUMANAS
CURSO DE PEDAGOGIA
AFETIVIDADE FIO CONDUTOR DO DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
FABIANA ANGELICA FELICIO
Monografia desenvolvida sob Orientação
da Prof. Esp. Ellen Muniz na disciplina
Trabalho de Conclusão de Curso II como
requisito final para a aprovação e
obtenção do título de Licenciado em
Pedagogia pela Universidade Estadual de
Goiás.
Anápolis /GO
Dezembro /2009
Banca Avaliadora da Monografia
__________________________________________
Esp.Ellen Muniz Sink Isaac
(Orientadora)
__________________________________________
Dr. Magda Ivonete Montagnini
(Docente Leitora)
__________________________________________
(Coordenador Adjunto do TCC/Pedagogia )
Data:___/___/___
Nota:________(_________________)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais,
a minha irmã Fernanda, ao meu
namorado e aos meus amigos que
compreenderam a minha ausência, o
meu cansaço, as minhas limitações e
me apoiaram todo o tempo.
AGRADECIMENTOS
Uma folha seria pouco, para agradecer todos aqueles que contribuíram
para a minha formação e para a realização deste trabalho.
…primeiramente agradeço a DEUS, pois ele foi e é a minha fonte de
força, graça, paciência e acima de tudo de vida.
…a minha família pelo apoio. As minhas amigas Deise e Vanessa que
me motivaram a não desistir.
…à professora Esp. Ellen Muniz, pelas orientações, pela dedicação,
pelas críticas que me ajudaram a avançar, pelo seu humanismo e acima de
tudo pela sua
paciência na construção deste trabalho.
…à Dra. Magda Ivonete Montagnini, não apenas pela aceitação do
convite para avaliar o trabalho, mas também, por ter sido referência intelectual
e humana, para a construção do conhecimento que hoje possuo.
…aos demais professores do curso de Pedagogia da Universidade
Estadual de Goiás, que contribuíram para minha formação.
“Se não morre aquele que escreve um livro ou planta uma árvore, com mais
razão, não morre o educador, que semeia vida e escreve na alma”.
(Jean Piaget)
RESUMO
A afetividade é o fio condutor do desenvolvimento cognitivo, daí se a importância e a necessidade de oferecer para a sociedade conhecimentos que mostrem como ocorre a construção da afetividade e do desenvolvimento cognitivo do indivíduo. Nesse estudo foi priorizado o desenvolvimento afetivo e cognitivo das crianças da primeira infância 0 a 5 anos. É necessário compreender a importância da afetividade: nos processos de aprendizagem, no desenvolvimento cognitivo e nas relações sociais, sendo que estes fatores contribuem na formação e no caráter dos indivíduos. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, que têm como objetivo gerar conhecimentos, para compreender a importância da afetividade no desenvolvimento cognitivo. A pesquisa é direcionada para profissionais da educação, pesquisadores, alunos e para a sociedade em geral. No primeiro capítulo o foco é a afetividade. O seguinte apresenta como o fator inteligência se desenvolve. Finalizando com o terceiro capítulo que apresenta a relação da criança com o meio social a qual está inserida. Palavras Chave: Afetividade. Aprendizagem. Inteligência. Interações Sociais.
SUMÁRIO 1 – INTRODUÇÃO 07 2 – A RELAÇÃO DA AFETIVIDADE COM O DESENVOLVIMENTO
COGNITIVO....................................................................................................09
2.1 – AFETIVIDADE ......11
2.2 – APRENDIZAGEM ......15
2.3 – A RELAÇÃO DA AFETIVIDADE NO PROCESSO ENSINO-
APRENDIZAGEM 21
3 – A INTELIGÊNCIA 25
3.1 – O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO DE CRIANÇAS NA PRIMEIRA
INFÂNCIA (0 A 5 ANOS) 26
3.2 – O DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICA DAS DE 0 A 5 ANOS 27
3.3 – COMO A AFETIVIDADE CONTRIBUI PARA O DESENVOLVIMENTO DA
INTELIGÊNCIA 30
3.4 – CONTRIBUIÇÃO DA INTELIGÊNCIA NA APRENDIZAGEM 34
4 – AFETIVIDADE:A PARTIR DO MEIO – SOCIAL 36
4.1 – O INÍCIO DAS ATIVIDADES PSICOLÓGICAS SUPERIORES NO
DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA 37
4.2 – INFLUÊNCIAS DO MEIO NA APRENDIZAGEM ESCOLAR 43
4.3 – PAPEL DA ESCOLA NA APRENDIZAGEM 47
5 – CONCLUSÃO 49
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 50
7 INTRODUÇÃO
A educação é considerada como redentora da sociedade a qual visa
abrir portas para o desenvolvimento do ser social. Nesse âmbito acredita-se
que a educação poderá melhorar o mundo. É necessário compreender como a
afetividade contribui para a cognição; a afetividade é o fio condutor do
desenvolvimento cognitivo, daí a importância e a necessidade de oferecer para
a sociedade conhecimentos que demonstram como ocorre a construção da
afetividade e o desenvolvimento cognitivo de crianças de 0 a 5 anos.
É necessário compreender a importância da afetividade nos processos
de aprendizagem, no desenvolvimento cognitivo, no desenvolvimento da
inteligência e nas relações sociais, sendo que esses fatores contribuem na
formação e no caráter do indivíduo.
O método utilizado foi pesquisa bibliográfica que têm como objetivo
gerar conhecimentos para compreender a importância da afetividade no
desenvolvimento intelectual.
A pesquisa é direcionada para profissionais da educação,
pesquisadores, alunos e a sociedade em geral.
O primeiro capítulo mostra a afetividade como um fator contribuinte para
o desenvolvimento cognitivo, apresenta – se conceitos de afetividade e
aprendizagem mostrando a relação da afetividade no processo ensino –
aprendizagem.
O segundo capítulo descreve como o fator inteligência se desenvolve na
primeira infância (0 a 5 anos).
O terceiro e último capítulo apresenta a influencia do meio – social na
aprendizagem, apresentando a criança como um ser histórico social, mostra o
início das atividades psicológicas superiores no seu desenvolvimento; como
também as influências do meio na aprendizagem escolar e o papel da escola
na aprendizagem.
A pesquisa foi desenvolvida a partir das contribuições de vários autores
como: ABIGAIL (2000), BEE (2003), BOCK (1989), COLL (2004), DAVIDOFF
(2001), DORIN (1976), FALCÃO (1988), FARIA (1993), GALVÃO (2002),
GOULART (2007), LURIA (1985), MERCÊS (2001), REGO (1995), PIAGET
1 A RELAÇÃO DA AFETIVIDADE COM O DESENVOLVIMENTO COGNITIVO
A partir do nascimento dos bebês as suas principais relações são de
natureza afetiva; por isso é importante que a afetividade seja solidificada desde
os primeiros anos de vida. “É de extrema importância na primeira infância, o
desenvolvimento afetivo, tanto para a cognição como para adaptação psíquica
ao mundo exterior” (BRENELLI, 2007).
“Wallon (1968 apud GALVÃO, 2002) propõe o estudo integrado do
desenvolvimento distribuindo atividade infantil em campos funcionais
(afetividade, motricidade, inteligência)”. Afetividade é um termo usado na psicologia para representar fenômenos psíquicos como: emoção, sentimento e paixão (tanto boas como ruins). O afeto é parte integrante de nossa vida psíquica nossas expressões não podem ser compreendidas se não considerarmos o afeto que nos acompanha (BOCK, 1991, p.172).
Segundo Piaget (1974 apud BRENELLI, 2007, p.106, grifo do autor), os
aspectos afetivos e cognitivos da ação são “indissociáveis, irredutíveis e
complementares”.
O desenvolvimento, o comportamento, a aprendizagem, a socialização
são fatores que dependem da afetividade e da inteligência, porém ambas são
indissociáveis, ou seja, uma não desenvolve sem a outra, são complementares.
O desenvolvimento afetivo e o cognitivo são construídos juntos, pois
todo comportamento corresponde uma ação afetiva ou cognitiva (BRENELLI,
2007). Segundo Piaget (1983 apud BRENELLI, 2007, p.108) a afetividade é caracterizada por suas composições energéticas, com cargas distribuídas sobre um objeto ou outro (cathesis), segundo as ligações positivas ou negativas. Nos processos afetivos, logo energéticos, o resultado ao qual eles atingem é relativamente consciente; quer dizer que se traduz por sentimentos que o indivíduo ressente mais ou menos claramente enquanto dados atuais.
Piaget (1981 apud BRENELLI, 2007) compara as estruturas cognitivas e
sistemas afetivos no desenvolvimento.
10
“Quadro I – Desenvolvimento Intelectual e Afetivo” (PIAGET, 1981 apud
BRENELLI, 2007, p.111).
A) INTELIGÊNCIA SENSÓRIA –
MOTORA
A) SENTIMENTOS INTRA-INDIVIDUAIS
I) Organizações hereditárias –
Incluem reflexos e instintos presentes
ao nascimento.
I) Organizações hereditárias – Incluem os
impulsos instintivos e todas as outras
reações afetivas congênitas.
II) Primeiros esquemas adquiridos –
Incluem os primeiros hábitos e
percepções.
II) Primeiros sentimentos adquiridos – São
sentimentos de alegria, tristeza, agradável
– de desagradável, ligados à percepção, e
sentimentos diferenciados de
contentamento e descontentamento unidos
à ação.
III) Inteligência sensória – motora –
Inclui estruturas adquiridas desde os
6 ou 8 meses até a aquisição da
linguagem ,por volta do segundo ano.
III) Afetos regulando o comportamento
intencional
(no sentindo de Janet) – Inclui sentimentos
ligados à ativação e retardamento da ação,
reações como sentimento de sucesso ou
fracasso.
B) INTELIGÊNCIA VERBAL B) SENTIMENTOS INTERPESSOAIS
IV) Representações pré –
operacionais – As ações começam a
ser internalizadas. Apesar disso,o
pensamento ainda não é reversível.
IV) Afetos intuitivos – Incluem os
sentimentos interpessoais elementares e o
começo dos sentimentos morais.
V) Operações concretas (7 – 8 anos
até 10 -11 anos aproximadamente) –
Marcadas pela aquisição das
operações elementares de classes e
relações. Pensamento formal ainda
não é possível.
V) Afetos normativos – Este estágio é
caracterizado pelo sentimento de moral
autônoma, intervindo na decisão. O que é
justo ou não, depende mais de obediência
a uma regra .
11
VI) Operações formais – Este estágio
tem início por volta dos 11 anos ou
12 anos.O pensamento é
caracterizado pela lógica das
proposições liberadas do conteúdo.
VI) Sentimentos idealistas –Sentimentos
dirigidos a ideais coletivos.Paralelamente a
isto está a elaboração da personalidade
,cujos papéis e objetivos do indivíduo são
dirigidos á vida social .
Por esse quadro, é possível observar que a afetividade e a inteligência
se desenvolvem juntas. As relações interindividuais são baseadas pela
cooperação e a reciprocidade entre os indivíduos (BRENELLI, 2007). Os sentimentos intrapessoais são aqueles que acompanham as ações dos sujeitos, quaisquer que sejam eles, e os sentimentos interpessoais dizem respeito às trocas afetivas entre pessoas (BRENELLI, 2007, p.111).
Na primeira infância, a criança sofre contínuas modificações tanto no
aspecto afetivo como cognitivo.
Portanto, a afetividade é um fator essencial para o desenvolvimento da
aprendizagem, é necessário conhecer o seu significado e a sua influência na
aprendizagem.
1.1 Afetividade
Para compreender a vida afetiva, é importante adotar a terminologia
adequada por tratar-se de uma área de estudos repletas de nuances. Portanto, Se até o século 19 usavam-se, indiscriminadamente, termos como emoção e sentimento, no estudo da vida afetiva já fazemos uma distinção mais precisa entre esses termos: A emoção: Estado agudo e transitório. Exemplo: a raiva. O sentimento: Estado mais atenuado e durável. Exemplo: a gratidão (BOCK, 2001, p.191).
Para Wallon (1934 apud DANTAS, 1992) a afetividade é como o centro
da construção do “eu” e do próprio conhecimento, ela é uma fase do
desenvolvimento do ser humano sendo que, no início da vida, afetividade e a
inteligência estão interligadas e é por meio das relações que elas se
diferenciam.
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Afetividade é representada por sentimentos, emoções, desejos e
valores. É a partir desses afetos que o indivíduo conduz suas ações e seu
comportamento. De acordo com Piaget (1983 apud BRENELLI, 2007, p.110) afetividade intervém no funcionamento da inteligência, causando os comportamentos, podendo provocar acelerações ou atrasos no desenvolvimento cognitivo.
Segundo Wallon (1934 apud DANTAS,1992) para desenvolver a
inteligência é necessário estimular a afetividade,pois é a união do afeto, da
inteligência e do meio-social que se constrói o caráter dos indivíduos. Nas associações humanas mais primitivas, o contágio afetivo supre, pela criação de um vínculo poderoso para a ação comum, as insuficiências das técnicas e dos instrumentos intelectuais. Enquanto não for possível a articulação sofisticada de pontos de vista bem diferenciados a emoção garantirá para o indivíduo como para a espécie, uma forma de solidariedade afetiva (DANTAS, 1992, p.90).
Assim para melhor convivência é necessário que a criança se sinta bem
confortável e amada pelos que a cercam, pois a vida afetiva é um fator
importante para a formação do indivíduo. Em muitas situações o afeto é
responsável por nossas decisões as quais poderão determinar o nosso
comportamento.
A afetividade é completa por meio das relações e comportamentos que a
criança mantém com os indivíduos a sua volta.
De acordo com Piaget (1937 apud LA TAILLE, 1992) para falar de
afetividade é necessário analisar a concepção do juízo moral. “De fato, a
moralidade humana é o palco por excelência onde afetividade e razão se
encontram,via de regra, sob forma do confronto’’ (LA TAILLE, 1992, p.47).
Segundo Piaget (1973 apud LA TAILLE, 1992) a razão e a afetividade
estão interligadas, pois a razão impulsiona a afetividade, porém é fácil
compreender os dois termos, pois são complementares. A afetividade seria a energia, o que move a ação, enquanto a Razão seria o que possibilitaria ao sujeito identificar desejos, sentimentos variados, e obter êxito nas ações (TAILLE, 1996, p.66).
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Age-se pela razão movido pela emoção. Para Piaget (1973 apud LA
TAILLE, 1992), o desenvolvimento de tal capacidade de raciocínio lógico é
exatamente paralelo ao desenvolvimento moral.
Na teoria de Piaget (1973 apud TAILLE, 1992), não existe uma luta entre
a afetividade e razão, mas uma conciliação entre ambas, pois uma contribui
para o desenvolvimento da outra. Piaget não dá uma condição suficiente, mas uma condição necessária em relação ao desenvolvimento moral. Ele mostra como a inteligência nos permite organizar o mundo afetivo dentro da área moral (LA TAILLE, 1996, p.67).
Segundo Piaget (1975), afeto e cognição resultam de uma adaptação
contínua e interdependente, em que os sentimentos exprimem os interesses e
os valores das ações ou das estruturas inteligentes (FLAVELL, 1976 apud
FARIA, 1993, p.8).
Há uma relação forte e importante entre as experiências do passado
com as expectativas do futuro, mas a primeira oferece condições para adaptar
os novos conhecimentos que ocorrerão no cotidiano. O indivíduo está em
constante transformação, pois recebe influências internas e externas que
contribuem para o seu desenvolvimento. Todo e qualquer ato, cognitivo e afetivo, implica uma incorporação de experiências e sentimentos novos aos antigos (assimilação) através de uma transformação das experiências e sentimentos antigos (acomodação) (FARIA, 1993, p.57).
Piaget (1975 apud FARIA, 1993) relaciona a vida afetiva e a vida
intelectual, como sendo uma adaptação contínua e interligada que passam pela
mesma transformação de receber conhecimento/afeto em forma de assimilação
e adaptação conforme a sua necessidade e o seu interesse. [...] percebemos que as construções mentais, esquemas ou estruturas da inteligência estão impregnados de elementos sociais e afetivos desde os primeiros meses da vida infantil, mas precisamente desde o momento em que a criança separa o seu próprio corpo dos objetos que povoam o real (FARIA, 1993, p.7).
O domínio da afetividade está em constante modificação e associando -
se com o desenvolvimento cognitivo.
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É na primeira infância que se desenvolvem as estruturas cognitivas e
afetivas. No primeiro mês de vida, o bebê apresenta atividades - reflexos,
entendidas como afeto. Os sentimentos só poderão ser observados a partir de
dois anos de idade, pois nesse período os aspectos cognitivos e afetivos serão
mais explícitos(WADSWORTH,1997).
Afetividade no bebê de 0 a 2 anos se dá a partir de trocas afetivas e
sociais, pois o bebê está num processo de imitação.
Até os 2 anos de idade a emoção/sentimento surgirá da relação mãe-
filho. Nessa fase os bebês estão focalizados em seu próprio “eu” com o outro
formando suas relações afetivas (FARIA,1993). Entre os 3 e os 6 anos o afeto
é o principal fator para o bom desenvolvimento da criança, que é a fase que ela
começa a descobrir o mundo e a diferença entre ela e o outro (FARIA,1993). A afetividade é o fio condutor do desenvolvimento, e a construção psíquica do eu adquire importância crescente sobre o dado objetivo; é a etapa que marca a diferenciação entre o eu e o mundo exterior, em que a criança aprende a perceber o que é de si o que é do outro (AMARAL, 2003, p.51).
As condições para o desenvolvimento cognitivo têm suas raízes na
afetividade. Falar sobre afetividade engloba vários fatores e até mesmo
conceitos, pois há diversas definições sobre o termo, dentre eles está à
diferenciação dos termos emoção e sentimento. Emoção: Um estado psíquico cuja principal característica é o grau muito forte de sentimento e uma atividade motora quase sempre intensa. Sentimento: é uma experiência ou disposição afetiva de prazer ou desprazer com relação a um objeto, pessoa ou idéia abstrata e que carece da característica de uma verdadeira emoção (DORIN, 1976, p.172).
A contribuição da afetividade é essencial para construção do ser
humano, pois é responsável pelo comportamento que o indivíduo apresenta
diante da realidade, sendo que a sua ausência pode interferir em vários
aspectos da vida, emocional e social.
Quando a criança experimenta sucesso em suas decisões, ela tem
maior probabilidade em administrar situações futuras. Nas experiências
vitoriosas do passado pode motivá-la para alcançar o seu objetivo. Isso
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acontece tanto para o sucesso como para o fracasso. Crianças que não são
estimuladas podem não estar preparadas para enfrentar frustrações. A afetividade é comumente interpretada como uma “energia”, portanto como algo que impulsiona as ações. Vale a dizer que existe algum interesse, algum móvel que motiva a ação. O desenvolvimento da inteligência permite, sem dúvidas, que a motivação possa ser despertada por um número cada vez maior de objetos ou situações. Todavia, ao longo desse desenvolvimento, o princípio básico permanece o mesmo: a afetividade é a mola propulsora das ações, e a razão está a seu serviço (LA TAILLE, 1992, p.65).
As experiências que a criança acomoda durante a história de sua vida
influenciam em todo o decorrer da sua vida; tanto experiências positivas como
negativas. Por isso o afeto, deve ser bem alicerçado em todas as idades,
principalmente nos anos iniciais, pois nessa fase que o indivíduo recebe mais
influências do meio.
1.2 Aprendizagem
Na vida cotidiana é possível perceber que o estado emocional do
indivíduo pode ou não alterar o desempenho intelectual. A atividade intelectual
está relacionada com a emoção. “Podemos dizer que a emoção está na origem
da atividade intelectual” (GALVÃO, 2002, p.66).
Aprendizagem é um processo contínuo, pois o indivíduo está em
constante aprendizagem. Há diversas possibilidades de aprendizagem, mas
para a psicologia é dividida genericamente em dois grupos como: O primeiro define aprendizagem pela suas consequências comportamentais e enfatiza as condições ambientais como forças propulsoras da aprendizagem. Em outro grupo define a aprendizagem como um processo de relação do sujeito com o mundo externo e que tem consequências no plano da organização interna do conhecimento (BOCK, 1991, p.89).
Aprendizagem, para Bock (1991) é o processo de organização de
informações obtidas, as quais podem ser: uma aprendizagem mecânica -
aquela que as novas informações não se dissociam com outros conhecimentos
já existentes; e a aprendizagem significativa - é quando um novo conteúdo rela
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ciona com outros conceitos relevantes que estão disponíveis na estruturas
cognitivas.
A motivação é um fator que contribui para aprendizagem. O indivíduo
precisa ter um motivo/necessidade para buscar conhecimento, informações e é
nessa relação que ocasiona a aprendizagem. “A motivação é um processo que
relaciona necessidade, ambiente e objeto e que predispõe o organismo para a
ação em busca da satisfação da necessidade” (BOCK, 1991, p.94).
O indivíduo adquire um número crescente de informações a todo o
momento do ambiente em que está inserido. A aprendizagem é uma relação
com o meio, pois todo tipo de aprendizagens terá um mediador para alcançar o
conhecimento desejado. Para Vygotsky (1984 apud BOCK, 1989) o
desenvolvimento é um processo que se dá de fora para dentro. E no processo
de ensino–aprendizagem que ocorre a apropriação da cultura e o consequente
desenvolvimento do indivíduo.
Para Piaget (1983 apud BOCK, 1989) a aprendizagem se dá pela
assimilação e acomodação o que proporciona novas estruturas mentais.
“Assim, o homem aprende o mundo de maneira diversa a cada momento de
seu desenvolvimento” (FURTADO, 2001, p.128).
Para Vygotsky (1984 apud BOCK, 1991) o desenvolvimento se dá pela
relação com os outros. “A cultura torna-se parte da natureza humana num
processo histórico que, ao longo do desenvolvimento da espécie e do
indivíduo, molda o funcionamento psicológico do homem” (OLIVEIRA, 1992,
p.24).
Segundo Vygotsky (1988 apud OLIVEIRA, 1992) os conceitos que os
indivíduos aprendem se dá pelas construções culturais que são internalizadas
durante o processo de desenvolvimento dos indivíduos. O meio social em que
o indivíduo está inserido que vai lhe fornecer um universo de significados que
ordena o real em conceitos, nomeadas por palavras da língua do grupo social.
O indivíduo aprende quando se depara com dificuldade de alcançar o
que se deseja, ou seja, quando necessita de uma resposta para satisfazer a
sua necessidade, pois quando alcançada, satisfeito o seu desejo ocorre à
aprendizagem. “Portanto quando um organismo muda seu comportamento com
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o consequência de suas experiências, temos uma aprendizagem. Essa
mudança será mantida pelo reforço” (DORIN, 1976, p.99).
A aprendizagem está relacionada com o ambiente e com o indivíduo. “A
aprendizagem humana depende da maturação do indivíduo, das motivações e
entre outros fatores” (DORIN, 1976).
Aprendizagem ocorre de diversas maneiras e em diferentes ambientes.
Porém haverá vários fatores internos e externos que interferem na
aprendizagem, pois cada ser humano tem a sua própria limitação e o seu
próprio tempo para aprender em áreas diversas, sendo que cada indivíduo é
um ser inteiramente único.
Os estilos de aprendizagem variam de acordo com as condições
educativas, como o aluno aprende como se adapta no ambiente escolar no
período de aprendizagem (SANTOS, 2007).
As crianças não aprendem de uma mesma maneira, pois cada aluno é
um ser único, com a sua própria limitação. E a sua aprendizagem também está
relacionada com o seu ambiente familiar e ambiente escolar, fatores que
contribuem para a aprendizagem escolar.
Os professores em sua maioria reconhecem os estilos de aprendizagem,
pois os resultados adquiridos dão base para decidir a melhor adequação do
ensino para cada aluno (SANTOS, 2007). É por meio das observações
realizadas pelos professores em sala de aula, que ele adapta e adéqua o
ensino para facilitar a aprendizagem.
De acordo com Santos (2007) a aprendizagem é um conjunto de
condições, que o indivíduo absorve, retém conhecimentos novos e modifica os
antigos. Há fatores que afetam aprendizagem como: ambientais (temperatura,
som e maior e menor formalidade na situação de aprendizagem); emocionais
(motivação, persistência e estruturas mais formais para aprender); sociais
(aprender só ou em conjunto); físicos (visual, auditiva e alimentação).
Segundo Kolb(1976 apud SANTOS ,2007,p.48) o processo de aprendizagem começa uma experiência concreta,que envolve o aprender através dos sentimentos e do uso dos sentidos;é seguido pela observação e reflexão ,que diz respeito a aprender observando, conduzindo à conceitualização abstrata ,que se refere a aprender pensando e compreende o uso da lógica e das idéias , e finaliza
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com a experimentação ativa .Para ele a experiência influencia e modifica as situações, que por sua vez conduzem a novas experiências.
A aprendizagem ocorre a partir das experiências, das assimilações e
acomodações de conhecimento que os indivíduos adquirirem por meio das
relações que eles mantêm com o mundo externo. A aprendizagem pode
influenciar tanto a vida escolar como o social da criança. Aprender é uma das capacidades mais importantes do ser humano, que frequentemente defronta-se com novas experiências ou novas situações de aprendizagem em diferentes esferas da sua vida (SANTOS, 2007, p.53).
Para transmitir o conhecimento, ou seja, ensinar é necessário, além de
uma série de metodologias, conhecer o aluno, suas características, suas
limitações, enfim, suas particularidades e não apenas ter conhecimentos, mas
é preciso que compreenda o aluno.
Quando se fala em aprendizagem é necessário lembrar que toda
aprendizagem tem o seu início em algum motivo, ou seja, um motivo para
adquirir o conhecimento que lhe é ofertado.
É essencial ressaltar que “do princípio psicológico, segundo o qual
nenhum comportamento existe sem uma causa motivadora que o determine”
(ANGELINI, 1955 apud LIMA, 2007, p.149). Sendo que o motivo é construído
pelo o próprio indivíduo ou em alguns casos é estimulado pelo seu ambiente
cultural. São os motivos que o impulsionam na busca de algo, que venha o
satisfizer. O motivo “não existe” efetivamente, mas é “criado” pela pessoa para explicar a razão ou a necessidade que ela tem de fazer algo, de agir de uma determinada maneira (Winterstein 1992 apud LIMA, 2007, p.149).
Segundo Lima (2007), a motivação tem o poder de facilitar ou não a
aprendizagem dos alunos. Á casos de reforcamento, como consequências de
um comportamento, que pode ser reforço positivo (quando é um
comportamento agradável, modifica-se o aluno, para agir de tal maneira, outra
vez), ou pode ser o reforço negativo (é quando um comportamento, tem
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resultado negativo, diminui-se a probabilidade do aluno praticar tal ação
novamente.
Para o aluno aprender é necessário que o ambiente o estimule, através de elogios e agrados e pouco a pouco deixar que ele próprio busque os seus motivos, para aprender, não necessitando somente de estímulos de pais ou professores.
A motivação para a realização é definida por Heckhausen(1956) como o processo em busca de melhoria ou manutenção da própria capacidade em todas as atividades nas quais existe uma norma de qualidade(onde se pode medir qualitativamente o próprio desempenho) e onde a execução pode levar a um sucesso ou a um fracasso (WINTERSTEIN 1992 apud LIMA,2007,p.154).
O motivo desenrola várias ações que permitem a competição como algo
agradável. A auto – estima reflete diretamente nos aspectos motivacionais das
pessoas. Confiar em si mesmo, valorizar - se diante das pessoas e situações,
ter força de vontade para realizar algo, saber de sua própria utilidade para uma
determinada situação... Todos estes são sentimentos que resultam da satisfação da necessidade de estima, ou seja, de ser reconhecido como alguém de valor. Quando essa necessidade não é satisfeita, os resultados aparecem em forma de sentimentos de inferioridade, de fraqueza ou de desamparo, dificultando muito ou até mesmo, em casos extremos, impedindo que a pessoa empreenda algo. É por esse motivo que o senso de auto- estima de um aluno interfere diretamente no resultado de suas atitudes e realizações escolares (LIMA, 2007, p.158).
Aprendizagem é fenômeno do dia-a-dia, que ocorre desde o início da
vida. “Definir aprendizagem como uma modificação relativamente duradoura do
comportamento, através de treino, experiências e observação” (FALCÃO, 1988,
p.20).
A aprendizagem não é um fator hereditário, mas é possível ocorrer
aprendizagem por meio de observações e experiências cotidianas e escolares;
sendo que esse processo é pessoal e intransferível, no qual o indivíduo só
aprende se ele busca e se esforça; é um processo pessoal e gradual, aprende
passo a passo, dentro de seus limites e do seu próprio ritmo. “Aprendizagem
um processo cumulativo, em que cada nova aquisição se adiciona ao repertório
já adquirido” (FALCÃO, 1988, p.21).
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A partir dos conteúdos anteriores o indivíduo aprende os novos
conteúdos, por meio das associações que ele faz entre anteriores e novos
conhecimentos. No entanto há a aprendizagem também como integrativa, ou
seja, “que cada nova aprendizagem modifica o quadro anterior, faz o indivíduo
reestruturar –se dá – lhe nova perspectiva” (FALCÃO, 1988, p.21).
A aprendizagem é um processo contínuo ao longo da vida do indivíduo,
porém é na infância em que mais se aprende.
O indivíduo é composto pelo os aspectos cognitivo – afetivo – motor
qualquer alteração em um dos três aspectos, afeta os demais e a
aprendizagem (FALCÃO, 1988).
A aprendizagem resulta em três produtos: cognitivos, afetivos e motores:
“Produto cognitivo resulta da aprendizagem consistente em novas informações
e novos conhecimentos” (FALCÃO, 1988, p.110). O produto afetivo é: Aprendizagem lenta que vai desde primeira quebra da indiferença,quando a pessoa mal registra o fenômeno ,até o momento da aceitação, da internalização, em que o fenômeno passa a compor a sua expectativa de vida (FALCÃO, 1988, p.116).
Produto motores é aprendizagem que se dá através das ações
psicomotoras (FALCÃO, 1988).
Aprender é fazer coisas ou algo, que antes não fazíamos, se faz agora é
porque aprendemos.
Dentro do termo, aprendizagem há várias teorias, entre elas, estão
teoria do condicionamento e a teoria cognitiva.
Teoria do condicionamento é a aprendizagem pelo resultado do
comportamento tendo as influências do ambiente como aliada. Teoria do
cognitivismo é o processo de interação do indivíduo com o mundo externo e
por meio dessas relações adquira conhecimentos e internaliza (TEIXEIRA,
2001).
“O processo de organização das informações e de integração do
material à estrutura cognitiva denominam aprendizagem” (TEIXEIRA, 2001,
p.116).
21
As influências e as experiências passadas contribuem com a
aprendizagem futura e solidifica as aprendizagens anteriores.
Quando se fala em aprendizagem é importante falar sobre os
condicionantes de aprendizagem; expostos por Bee (2003) os quais são:
Condicionamento clássico: essa aprendizagem é mais notória, no início
da vida, pois é uma aprendizagem que se desenvolve a partir de um estímulo
que lhe é imposto. Condicionamento operante: relaciona a aprendizagem com
um antigo reforço, ou seja: “Qualquer comportamento que seja reforçado terá
uma probabilidade maior de ocorrer outra vez na mesma situação ou em uma
situação parecida” (BEE, 2003, p.49).
Segundo BANDURA (1977 apud BEE, 2003) a aprendizagem pode
ocorrer, pela observação, ou seja, através do modelo que ela vivencia na sua
vida cotidiana ou através da TV. Dessa maneira, através da modelação, crianças e adultos assimilam atitudes, valores, maneiras de resolver problemas e, inclusive, padrões de auto-avaliação (BEE, 2003, p.51).
Estamos a todo momento sendo observados ,pelas as pessoas ao
nosso redor.Todas as crianças ditas como “normais” desenvolvem o processo
de aprendizagem, no entanto, é necessário respeitar, as dificuldades e as
limitações de cada criança; pois há vários fatores que influenciam na
aprendizagem como: relação afetiva, inteligência e as relações sociais; todos
esses aspectos são de extrema importância no processo de aprendizagem.
1.3 A Relação da afetividade no processo ensino – aprendizagem
Não se separa o aspecto afetivo do intelectual, pois toda origem de
pensamento tem-se um interesse afetivo camuflado nas ações do indivíduo. Demonstra a existência de um sistema dinâmico de significados em que o afetivo e o intelectual se unem. Mostra que cada idéia contém uma atividade afetiva transmutada com relação ao fragmento de realidade ao qual se refere (OLIVEIRA, 1992, p.77).
O afeto é importante para o desenvolvimento da aprendizagem cognitiva
ou motora, a junção desses fatores resulta na construção da identidade do
22
indivíduo. A afetividade se origina na família, pois a criança inicia a sua vida em
uma situação de total dependência do meio externo o qual contribui para o seu
desenvolvimento no processo de aprendizagem.
A relação entre intelecto e afeto é importantíssimo para o
desenvolvimento do indivíduo, pois cada idéia contém uma atividade afetiva e é
transmitida com relação ao fragmento da realidade.
Para Vygotsky (1998 apud REGO, 2007, p.122) “não separa o intelecto
do afeto porque busca uma abordagem abrangente, que seja capaz de
entender o sujeito como totalidade”. Apesar de diferentes funções que exercem
afetividade e a intelectualidade, elas se unem em um só processo, formando o
desenvolvimento psíquico. A cognição e o afeto se inter-relacionam no ser
humano e exercem influências recíprocas ao longo de toda a história do
desenvolvimento do indivíduo.
A inteligência e a afetividade estão ligadas entre si, pois a afetividade é
o fio condutor do desenvolvimento da construção psíquica da criança. Há leis
gerais para a aprendizagem, cada indivíduo tem o seu tempo, espaço e
momento para aprender, sendo que as experiências vividas e os genes de
cada indivíduo contribuem de maneira significativa para aprendizagem
(DAVIDOFF, 2001).
Segundo DAVIDOFF (2001) há grande necessidade dos seres humanos
se sentirem motivados independente de quaisquer situações, a ausência desse
estímulo implica na aprendizagem dos indivíduos. Sendo que as motivações
dependem de forças internas e externas a qual essas variações dependerão de
cada indivíduo, levando em consideração que tais estimulações têm uma base
genética e não se pode eliminar o fato que o meio poderá modificá-lo.
Essa motivação no meio escolar é necessário, pois quando os alunos se
sentem mais motivados e têm apoio, obtêm mais confiança em si mesmo para
alcançar os seus objetivos, mas se não tem apoio consequentemente ficarão
inseguros em suas decisões(COLL,2004).
É necessário que os conteúdos emocionais, mentais e de conduta deve
ser proporcionadas para favorecer o bem – estar das pessoas e dos grupos
sociais, para contribuir com a aprendizagem. Se os alunos com dificuldades de
23
aprendizagem se sentirem rejeitados pelo os pais, professores e colegas, eles
se sentirão menosprezados e esse sentimento poderá produzir efeitos
negativos em todos os aspectos de sua vida. “Os alunos também devem
adquirir os valores humanos universais que lhes permitam ser valiosos
socialmente e sentir-se bem consigo mesmos” (COLL, 2004, p.127).
Para o indivíduo melhor desenvolver-se é preciso que ele se sinta bem
confiante apoiado nas situações diversas da sua vida,ao contrário disso,ele
pode se sentir fracassado, sentimento que prejudica o seu aprendizado. Pois
“as pessoas extinguem os operantes desejáveis e reforçamos indesejáveis,
isso acontece inconscientemente’’(DAVIDOFF, 2001).
As reações emocionais dependem muitas vezes do comportamento do
indivíduo, da necessidade, ou seja, de fatores somáticos. Alguns desses
fatores podem comprometer a aprendizagem das crianças.
Essa necessidade de se relacionar está empregada no indivíduo, pois
ele necessita das relações sociais e relações emocionais para sobreviver e
sentirem bem diante da sociedade. É que os sentimentos surgiram com o desenvolvimento da espécie humana e como consequências das inter-relações sociais do homem. As necessidades e exigências sociais são responsáveis pela existência do que chamamos sentimento (DORIN, 1976, p.172).
O aspecto afetivo influência a aprendizagem em qualquer etapa da vida
do indivíduo. A afetividade pode modificar o funcionamento da inteligência,
tanto acelerar como regredir o desenvolvimento do mesmo.
Para Piaget (1989), a afetividade, mesmo se estabelecendo como
condição necessária, não constitui se pré-requisito suficiente para a formação
das estruturas mentais. Para isso, a auto-estima compõe um elo na relação
com o interesse da criança em aprender. É o afeto que orienta a auto-estima e,
depois de sacramentado o vinculo afetivo, a aprendizagem vai estabelecer-se
como parte de uma conquista expressiva.
É importante estudar os seres humanos como um ser completo (afeto,
cognição e movimento) para compreender a importância da afetividade na
aprendizagem do indivíduo.
24
O desenvolvimento afetivo e social nos anos iniciais das crianças é de
total importância para um bom desenvolvimento nos anos posteriores, mas não
determina a vida futura dos indivíduos.
A afetividade e a aprendizagem são fatores indissociáveis e
interdependentes, para desenvolvimento cognitivo, ambos têm a sua
importância e a contribuição para com o outro, pois o ser humano é um ser
complexo.
Se a criança se sente bem amada pelas as pessoas que a cercam, ela
tem mais confiança em si mesma, o que facilita a sua aprendizagem. Essa
confiança impulsiona a avançar no processo de desenvolvimento. Buscando
novos desafios, a criança terá melhor desenvolvimento na sua vida escolar. Daí
se importância da afetividade referente a aprendizagem, sendo que a primeira
impulsiona a segunda e ambas auxiliam o desenvolvimento cognitivo do
indivíduo.
Sentimentos como fracasso e sucesso têm grande contribuição para o
desenvolvimento da criança, pois o primeiro pode a levar a inferioridade e a
baixa auto-estima o que prejudica seu desenvolvimento; já o segundo pode
elevar a sua auto-estima e a superioridade, por meio desses sentimentos, a
criança torna-se mais confiante em si mesma.
O desenvolvimento do indivíduo se dá pela busca do equilíbrio, e nesta
busca da equilibração, a inteligência e a afetividade estão inseridas, pois o
indivíduo é um ser complexo. Compreender as relações de afetividade /inteligência, a existência de um inconsciente afetivo e inconsciente cognitivo e o paralelismo entre o desenvolvimento da inteligência como o da afetividade, coloca em destaque a maneira como a afetividade é concebida no sistema piagetiano:como resultado de uma construção ativa,possibilitando conceder o desenvolvimento humano como um todo inseparável (BRENELLI,2007,p.116).
O afeto e a inteligência são base para o desenvolvimento da criança.
2 INTELIGÊNCIA
Para se falar de desenvolvimento cognitivo é necessário apresentar a
contribuição da inteligência no processo de aprendizagem, é nesse contexto
que será explanado assuntos que influenciam o processo do desenvolvimento
cognitivo.
É necessário apresentar a importância da linguagem para o
desenvolvimento mental de crianças de 0 a 5 anos que desenvolve a partir das
comunicações com o meio.
A linguagem é um fator essencial para entender o desenvolvimento
psíquico da criança, pois ela é a primeira comunicação entre a criança e o
adulto. A partir da linguagem a criança irá interagir com o meio, fará novas
descobertas, explorando o que está a sua volta.
Para explicar o desenvolvimento cognitivo é necessário primeiramente
entender a influência da linguagem dentro desse processo. Vygotsky (1934)
chegou á conclusão fundamental de que o desenvolvimento mental humano
tem origem na comunicação verbal entre a criança e o adulto e que “uma
função que está em principio dividida entre duas, passa depois a ser o meio
pelo qual se origina a conduta pessoal da criança” (apud LURIA, 1985, p.15).
Para criança entender o mundo a sua volta é necessário que ela
relacione as suas experiências vividas com os adultos por meio da fala, e por
meio dessas relações começarem a criar /formar os seus próprios conceitos
sobre os significados da linguagem.
“Com a linguagem, a criança descobre as riquezas insuspeitas de um
mundo de realidades superiores a ela” (PIAGET, 1893, p.26). É nesse
momento que as crianças se relacionam com o mundo, na busca de novas
descobertas e novas experiências. É a partir dos primeiros anos de vida que
começará o processo de desenvolvimento e aprendizagem. “É na primeira
infância que ocorre o processo de transformação do senso – motor para a
inteligência, estando debaixo de duplas influencias da linguagem e da
socialização” (PIAGET, 1893).
A partir da linguagem a criança constrói conceitos o qual reforçará o
pensamento individual, se ela não desenvolver o processo da linguagem ficará
26
excluída das formas de comunicação e de trocas de experiências humanas.
Essa interferência poderá influenciar outros aspectos do seu desenvolvimento.
Segundo Piaget (1954 apud FARIA, 1993, p.48) “a linguagem – sistema
de significados genérico ou de signos verbais- não é decodificada pela criança,
e a imagem – representação figurativa - só tem sentido quando a criança
constrói”. É a partir dessas significações e signos que a criança entrará para o
mundo do adulto.
2.1 O desenvolvimento cognitivo de crianças de 0 a 5 anos
A criança começa a se socializar a partir do 1° ao 5° ano de vida, e
nesse período as relações externas são mais significantes para o seu
desenvolvimento, por isso é necessário apresentar fatores que influenciará na
primeira infância.
A partir de 2-3 anos as crianças aumenta capacidade de aprender com
os adultos, e entre 4-5 anos a criança deixa de pensar somente em si mesmo e
começa a ter considerações pela as pessoas a sua volta.
Para melhor compreender o desenvolvimento mental da criança, Piaget
dividiu em seis estágios: 1° Estágio dos reflexos ou mecanismo ou mecanismos assim como também das primeiras tendências instintivas (nutrição) e das primeiras emoções. 2° Estágio dos primeiros hábitos motores e das primeiras percepções organizadas, como também dos primeiros sentimentos diferenciados. 3° Estágio da inteligência senso - motora ou prática (anterior á linguagem) das regulações afetivas elementares e das primeiras fixações exteriores da afetividade. 4° Estágio da inteligência intuitiva dos sentimentos interindividuais espontâneos e das relações sociais de submissão ao adulto. 5° Estágio das operações intelectuais concretas (começo da lógica) e dos sentimentos morais e sociais e de cooperação. 6° Estágio das operações intelectuais abstratas, da formação da personalidade e da inserção afetiva e intelectual na sociedade dos adultos (adolescência) (PIAGET, 1989, p.13).
“Designaremos por estágios os grandes cortes do desenvolvimento
mental, marcados pelo acabamento ou pela constituição de etapas de
equilíbrio” (FARIA 1993 apud PIAGET, 1978, p.21).
27
Períodos ou estágios
Inteligência Intercâmbio Social
Afeto
Sensório-motor
I
Ações ocorrem
antes do
pensamento
Inteligência
Pratica a partir dos
8 meses
I
Ações
Indissiociação entre
o eu e o outro
I
Ausência de
linguagem
Afetos intra-individuais:
prazer,
sucesso, fracasso,etc.
Simbólico
I
Pensamento
egocêntrico
Inteligência
simbólica
I
Imagens
Início da
dissociação entre o
eu e o outro
I
Linguagem
egocêntrica
Início de afetos inter-
individuais:
Sentimentos morais
heterônomos
Operacional
concreto
I
Início do
pensamento
verbalizado e
socializado
Inteligência
Concreta
I
Operações
concretas
Dissociação
entre o eu e o outro
I
Linguagem semi-
socializada
Afetos inter-individuais:
sentimentos
morais autônomos
Operacional
formal
I
Pensamento
verbalizado e
socializado
Inteligência
formal
I
Operações
formais
Intercâmbio
entre o eu e o outro
I
Linguagem
Socializada
Afeto inter-individuais:
sentimentos e ideais
coletivos
2.2 O desenvolvimento psicológico das crianças de 0 a 5 anos
O desenvolvimento psíquico da criança começa desde o nascimento,
sendo esse período o mais importante até a fala, aquisição da linguagem.
No recém-nascido, a vida mental se retém a coordenação motoras e
sensoriais que correspondem às tendências instintivas, como a nutrição
(PIAGET, 1893). Esses serão os primeiros exercícios que os bebês iram assimi
28
lar em relação às coisas ao redor; a partir desses momentos os bebês
começaram a manipular o que está á sua volta decorrente disso criaram novos
hábitos por meio desses esquemas senso-motores.
A inteligência é um fator que precede a linguagem. Neste momento o
desenvolvimento mental, ainda não diferenciará o “eu” dos outros, os bebês
nesse período está na construção do seu mundo.
A afetividade durante os dois primeiros anos testemunham um
egocentrismo próprios das crianças. Não se pode falar, sobre o
desenvolvimento cognitivo, sem antes relatar sobre o egocentrismo, pois esse
aspecto é de total relevância, para compreender os estádios do
desenvolvimento das crianças. O egocentrismo como visão do mundo a partir da perspectiva pessoal constitui características do pensamento simbólico e da linguagem que o expressa, principalmente nos primeiros anos do período representativo (FARIA, 1993, p.41).
O egocentrismo é a fase em que a criança cria e interpreta o mundo á
sua maneira. É nesse momento que começa o mundo da imaginação e da
imitação, e é por meio das brincadeiras de faz de conta que a criança se realiza
e dramatiza a sua realidade.
O egocentrismo é aquele indivíduo que internaliza, assimila tudo à sua
maneira, o seu pensamento, objetivos, necessidades e linguagem são
interligados no “eu”, para ele o que importa é a sua vontade a sua verdade,
desconsiderando a vontade do outro. O egocentrismo manifesta-se em várias
formas: Intelectuais, lingüística e moral (FARIA, 1993).
- Egocentrismo Intelectual
Ao estudar o início da fase simbólica, Piaget (1970 apud FARIA, 1993,
p.42) “concluiu que a criança representa o mundo e suas relações -
casualidade- dentro de uma perspectiva pessoal”. Esse egocentrismo
intelectual aparece nos primeiros anos, para a satisfação do próprio “eu” ou dos
indivíduos que estão ao seu redor.
A partir dos dois anos de vida, o desenvolvimento intelectual e afetivo
ganha maior impulso em decorrência ao aparecimento da linguagem, que é por
29
meio dela que a criança reconstitui sua ações passadas e antecipa suas ações
futuras.Esse aspecto traz três consequências para o desenvolvimento mental
os quais são essenciais, são elas: Uma possível troca em indivíduos, ou seja, o inicio da socialização da ação, uma interiorização da palavra, isto é, a aparição do pensamento propriamente dito, que tem como base a linguagem interior e o sistema de signos e finalmente, uma interiorização da ação como tal, que puramente perceptiva e motora que era até então, pode ai, em diante reconstituir no plano intuitivo das imagens e das “experiências mentais” (PIAGET, 1893, p.24 grifo do autor).
Nesse período á assimilação e acomodação se harmonizam entre si. “O
processo de repetição revela os mecanismos íntimos do desenvolvimento
mental” (PIAGET, 1893).
O firmamento da equilibração é a relação da assimilação com
acomodação, a busca dessa harmonia (assimilação-acomodação) se dá o
equilíbrio entre o indivíduo e o meio em que está inserido. Piaget (1961 apud
FARIA, 1993) diz que “uma descoberta deve estar em equilíbrio com outras
ações, para o indivíduo se adaptar ao meio-social”.
Assimilação e acomodação nem sempre está em perfeito equilíbrio, e
nesses desequilíbrios que acontecem à aprendizagem; sendo que nos
primeiros meses de vida não há separação entre a assimilação e acomodação.
Nos primeiros meses o campo visual é o mais explorado pelos bebês. “E a
partir dos quatro meses que se inicia a separação entre o sujeito e objeto”
(FARIA, 1993, p.27). Mas ainda não ocorre o processo de assimilação e
acomodação.
A partir dos oito meses os bebês se adequará às situações por meio de
esquemas exploratórios (olhar, virar, deslocar, etc.). “A conduta passa a ser
intencional ou inteligente, havendo um intervalo entre a necessidade de
incorporar o objeto e a consumação do ato assimilatório” (FARIA, 1993, p.28).
E a partir dos doze meses ,quando as crianças se deparam com novas
situações,elas tentam compreender as sequencias que acontecem ao seu
redor, para assimilá-la e acomodá-la.
30
Nos dezoitos meses em diante a criança já consegue construir a
imagem sem visualizá-la relacionando com as imagens anteriores, pois neste
período ela já internalizou o aprendizado/conhecimento (as imagens). O sujeito pode construir a imagem de uma bola, por exemplo,
evocando com esta imagem as ações que executou sobre ela:
chutar, atirar, rolar, etc. assim como imaginar os deslocamentos do
objeto no espaço. Isto acontece porque o objeto continua existindo
na mente do sujeito, embora esteja ausente de seu quadro
perceptual (FARIA, 1993, p.33).
“É a partir dos 5 anos que o egocentrismo desaparecerá lentamente
pois,a partir dessa idade o pensamento da criança anuncia as relações
próprias ao pensamento operatório”(FARIA ,1993). Sendo que a adaptação
infantil se dará a partir do equilíbrio (acomodação e assimilação) em plano
harmonioso.
No egocentrismo social a criança se relaciona com os adultos, através
da fala, mas ainda não consegue fazer ligações entre acontecimentos, no
tempo certo, apenas fala a sua maneira, do jeito em que ela assimilou, e nesse
momento ela começa a criar seus próprios conceitos/idéias, formando assim
suas significações. “A criança representa com firmeza os fenômenos/ações em
que ela presencia, mas não conseguem sequenciar essas informações para
apresentar a situação de maneira correta aos seus olhos” (FARIA, 1993).
2.3 Como a afetividade contribui para o desenvolvimento da inteligência
As mudanças que ocorrem nos primeiros anos de vida são de suma
importância para a compreensão do desenvolvimento cognitivo, afetivo e do pensamento; esses fatores estão interligados para o desenvolvimento da inteligência.
O desenvolvimento afetivo com o intelectual ambos estão juntos, pois não há ações puramente intelectual e nem ações puramente intelectual e nem ações puramente afetivos .O interesse começa com a vida psíquica ,propriamente dita ,e desempenha ,em particular,papel essencial no desenvolvimento da inteligência senso-motora (PIAGET,1893,p.37).
31
Assim como a afetividade nascem por meio das relações com o
indivíduo, a aprendizagem também, e é por meio dessas trocas que
desenvolve o intelecto.
O desenvolvimento do ser humano é muito complexo, sendo que este
processo é composto por vários fatores que poderá influenciar, tanto para o
avanço quanto para o retardamento do processo de desenvolvimento do
indivíduo. “Segundo Piaget (1978 apud FARIA, 1993, p.12) os fatores como
maturação, experiências físicas e lógicos- matemático e experiência social e
equilibração são dinamizadores da vida cognitiva e afetiva”.
Falaremos sinteticamente e rapidamente de cada um desses fatores. “A
maturação é um fator relacionado ao desenvolvimento e crescimento fisiológico
do sistema nervoso (FARIA, 1993).
A experiência que ocorre na vida do indivíduo, já favorece a evolução
mental, principalmente nos primeiros anos de vida. “As experiências físicas são
ações como (tocar, pegar) e também de situações em que os indivíduos agem
sobre objetos e a experiência lógico-matematico é o conjunto de ações que
acontecerá ao mesmo tempo e as coordena mentalmente” (FARIA, 1993). Para uma pessoa realizar uma experiência lógico-matematico como a de reunir ou classificar objetos, precisa ter descobertos, anteriormente, as características semelhantes e diferentes dos mesmos, ou seja, ter realizado uma operação física (FARIA, 1993, p.13).
Experiências e transmissões sociais e culturais influenciam no
desenvolvimento cognitivo, principalmente em crianças de 2 anos em
diante,pois é o momento em que a linguagem está em evidência e é nessa
troca que a criança construirá seu aprendizado (FARIA,1993).
Há vários tipos de inteligências e vários fatores que influenciam no
desenvolvimento cognitivo e na aprendizagem dos indivíduos, mas dentro
dessas variações será relatado a inteligência prática, pois é um fator
indispensável para entender o desenvolvimento mental dos indivíduos.
A inteligência prática que aparece na primeira infância é dividida em dois
lados: “um lado é a inteligência sensório-motor, e o outro, as noções técnicas
as quais se desenvolverá até a vida adulta” (PIAGET, 1893).
32
Na inteligência simbólica a criança invoca segmentos de imagens e
acontecimentos, os quais aparecem numa forma imediata no sincretismo um
após o outro (FARIA ,1993).
No inicio do desenvolvimento da criança, a afetividade dependerá mais
das suas próprias relações com que das relações com outras pessoas. Os
avanços cognitivos estão relacionados com os outros aspectos como social e
afetivo um contribuirá para o processo do outro. “A progressiva separação
entre o organismo e o ambiente contribui para a cognição, vida social e afetiva
das crianças” (FARIA, 1993); e nesse processo inicia a vida social e afetiva os
quais contribuirá para o desenvolvimento cognitivo.
Tanto adulto como a criança executa uma ação (interior – exterior)
quando sente falta de algo, ocorre uma necessidade de fazer tal ação para
suprir essa necessidade. É esse desejo que ocasionará desequilíbrio que
provocará a aprendizagem, pois a desequilibração busca a equilibração e
nesse momento que ocorre o processo de aprendizagem. Toda ação, todo
movimento, pensamento ou sentimento corresponde a uma necessidade. “A
ação humana consiste neste movimento contínuo e perpétuo de reajustamento
ou de equilibração” (PIAGET, 1989, p.16).
A interiorização de acontecimentos e experiências tem consequências
sérias na vida social e afetiva das crianças e poderá dificultar o
desenvolvimento intelectual.
É necessário que as experiências que as crianças retenham sejam boas,
ás quais motivarão elas aprender o que lhe ensinado, de maneira afetuosa.
Quando a criança compreende os seus erros e acertos, ela terá uma
melhor aprendizagem, pois saberá enfrentar futuras frustrações e lidar com
situações cotidianas a partir das situações anteriores que proporcionou
experiências de sucesso no passado. A autovalorização gera maior confiança em si e facilitara o prosseguimento da aprendizagem. A criança inicia a autodesvalorização ao experimentar impressões desagradáveis, decorrentes dos insucessos ou das quedas. Isto repercutira no processo de aprendizagem, levando – o a um retardamento (FARIA, 1993, p.37).
33
Para se ter o desenvolvimento cognitivo é necessário que se tenha a
motivação, pois “a vida mental resulta de um processo construtivo que tem
como ponto de partida a motivação” (FARIA, 1993, p.16), sendo que crianças
ou adultos que são motivados têm mais incentivo para avançar, principalmente
as crianças, pois elas estão em processo de auto-afirmação e ainda não
estarão preparados para frustrações, o que poderá prejudicar o seu
desempenho escolar e a sua aprendizagem a qual poderá ficar comprometida.
Para as crianças se desenvolverem cognitivamente é necessário que
elas se sintam bem amadas e aprovadas pelo os pais, professores e pelos os
que estão ao seu redor, sendo assim, elas farão um esforço para aprender na
tentativa de não desagradar os pais e os que estão ao seu redor, por isso a
importância da afetividade no processo de aprendizagem (COLL, 2004).
O Aprendizado/conhecimento se dá pela interação entre o indivíduo e o
ambiente, pois ambos são fundamentais e essenciais para o desenvolvimento
mental.
A relação da criança com o meio ocasiona esquemas afetivos os quais
terão grandes influências em sua vida; quando se trata de aprendizagem e da
formação do indivíduo a afetividade é essencial para desenvolvimento desses
processos (aprendizagem – formação). O conjunto dos esquemas afetivos irá constituírem o caráter da pessoa. Este processo de formação e de enriquecimento deixa evidente que, na vida afetiva, a continuidade e a novidade estão presentes ao mesmo tempo (FARIA, 1993, p.69).
“Podemos afirmar que os aspectos cognitivos e afetivos não são
conhecidos em seu funcionamento, mas, de acordo com as circunstâncias são
aprendidos em seus resultados” (FARIA,1993).
Para se ter o desenvolvimento mental é necessário que a vida afetiva,
social e a intelectual esteja em perfeita harmonia, pois uma desencadeia a
outra, portanto são complementares entre si. O processo de tomada de consciência dos significados cognitivos e afetivos acontece quando indivíduo domina as estruturas correspondentes a eles e sofre pressão do ambiente social. O choque de idéias e de sentimentos é fator importante para o enriquecimento da inteligência e do afeto (FARIA, 1993, p.77).
34
2.4 Contribuição da inteligência na aprendizagem
O fator inteligência não só separa a espécie humana, mas dentro da
própria espécie, ela distingui uns dos outros. Pessoas inteligentes são capazes
de fazer alianças diversas, como por exemplo: manobrar a política e questionar
situações. Esse fator oferece suporte para o sucesso social, fazendo assim que
tenha maior probabilidade de sobrevivência. Há vários fatores que contribuirão
para o desenvolvimento da aprendizagem, entre eles, está a hereditariedade
que é um fator importantíssimo para caracterizar os indivíduos, pois, os genes
têm algo a dizer sobre a capacidade de aprendizagem.
As características do funcionamento psicológico são construídas ao
longo da vida do indivíduo através de um processo de interação do homem e o
seu meio físico e social. Para Vygotsky (1984 apud REGO, 2007) “as origens
das atividades psicológicas mais sofisticadas devem ser procuradas nas
relações sociais do indivíduo com o meio externo’’.
O aprendizado é um fator necessário e fundamental no processo de
desenvolvimento cognitivo, entretanto o desenvolvimento do indivíduo depende
do aprendizado e da interação entre os indivíduos.
O aprendizado de modo geral e o aprendizado escolar não só
possibilitam como orientam e estimulam processos de desenvolvimento os
quais estão inter-relacionados. A escola deve saber relacionar os conceitos
construídos pela vivência das crianças com os conhecimentos sistematizados
nas interações escolarizadas, pois os dois tipos de conceitos estão
intimamente relacionados e influenciam mutuamente, eles fazem parte de um
único processo: a aprendizagem. Vygotsky(1987 apud REGO,2007,p.79)
“ressalta, no entanto que, se o meio ambiente não desafiar e estimular o
intelecto do adolescente, esse processo poderá não chegar a conquistar
estágios mais elevados de raciocínio”.
Á medida que o indivíduo expande o seu conhecimento intelectual,
modifica sua relação cognitiva com o mundo; mas o acesso a esse
conhecimento dependerá, de fatores, de ordem social, política e econômica,
quanto a qualidade de ensino oferecido.
35
Enquanto os esquemas afetivos levam à construção do caráter, os
esquemas afetivos cognitivos conduzem à formação da inteligência (FARIA,
1993, p.8).
A inteligência é um fator essencial para o bom desenvolvimento
cognitivo do individuo, principalmente na primeira infância (0 a 5 anos) pois a
criança está começando a conhecer o mundo e explorá-lo; a partir desse
conhecimento que ela construirá a sua formação e o seu aprendizado.
3 AFETIVIDADE: A PARTIR DO MEIO – SOCIAL
A criança é moldada pelo ambiente, pelas interações que ocorrem na
sua vivência. A partir dessas experiências, que ela constrói o seu histórico. E
por meio das mediações culturais, que a criança adquire conhecimento e
significados tanto para a sua vida cotidiana como a sua vida escolar.
É nesse processo de internalização que ocorrera o aprendizado, sendo
que esses fatores são carregados de fatores sócio-culturais.
Para Vygotsky (1984 apud OLIVEIRA, 1992) “o indivíduo se desenvolve
por meio das relações sociais, sendo que a cultura é parte do processo
histórico ao longo do desenvolvimento do indivíduo”. O indivíduo só se
desenvolve no interior de um grupo, por meio das relações e experiências
vividas no decorrer da sua existência. As concepções de Vygotsky(1984 apud OLIVEIRA,1992,p.24) sobre o funcionamento do cérebro humano fundamentam-se em sua idéia de que as funções psicológicas superiores são construídas ao longo da história social do homem. Na sua relação com o mundo, mediada pelos instrumentos e símbolos desenvolvidos culturalmente, o ser humano cria formas de ação que distinguem de outros animais. Sendo assim, as compreensões do desenvolvimento psicológico não podem ser buscadas em propriedades naturais do sistema nervoso. Vygotsky rejeitou, portanto, a idéia de funções mentais fixas e imutáveis, trabalhando com a noção de cérebro como um sistema aberto, de grande plasticidade, cuja estrutura e modos de funcionamentos são moldados da história da espécie e do desenvolvimento intelectual.
E por meio dessas relações o indivíduo estará em constante
desenvolvimento e aprendizado.
Segundo Vygotsky (1989 apud OLIVEIRA, 1992) os fatores biológicos e
sociais são caminhos complementares para o desenvolvimento psicológicos e
a cultura é importante para a formação do indivíduo, em que o biológico se
transforma no sócio-histórico.
Piaget (1973 apud LA TAILLE, 1992) relata que a partir das relações
sociais, que o indivíduo desenvolve a inteligência, mas em alguns casos essas
relações são negligenciadas.
Não tem como se pensar em um homem sem relações sociais, sem
influencias internas e externas, pois todo indivíduo está inserido num grupo
cultural; e nessas relações com o mundo, que o indivíduo se desenvolve
37
cognitivamente e afetivamente. “O homem é um ser essencialmente social,
impossível, portanto, de ser pensado fora do contexto da sociedade em que
nasce e vive ”(LA TAILLE, 1992, p.11). Mesmo que o indivíduo tente se isolar
das relações sociais, ele não irá conseguir, pois ele já faz parte dessas
relações, participa do histórico de sua família, sendo assim, um indivíduo que
não faz parte da sociedade e das suas relações simplesmente não existe. Segundo Piaget (1973 apud LATAILLE, 1992, p.12) se tornarmos a noção do social nos diferentes sentidos do termo, isto é, englobando tanto as tendências hereditárias que nos levam á vida em comum é a imitação, como as relações “exteriores” (no sentido Durkhein) dos indivíduos entre eles, não se pode negar que, desde o nascimento, o desenvolvimento intelectual é, simultaneamente, obra da sociedade e do indivíduo.
O desenvolvimento social, intelectual e afeto são estabelecidos pelas
relações e interações realizadas pelo indivíduo.
3.1 O início das atividades psicológicas superiores no desenvolvimento da criança
O desenvolvimento e a aprendizagem estão ligadas desde o nascimento
da criança.
Para a criança se desenvolver desde o nascimento até a fase adulta, é
necessário, que ela percorra todo o processo de maturação do organismo.
Sendo que o desenvolvimento intelectual se dá no momento adequado à faixa
etária da criança, apesar da interação, que ela estabelece como cultura em que
está inserida, também contribuir com o seu desenvolvimento. “Sua
característica individual será construída a partir da interação do indivíduo com o
meio físico e social” (REGO, 1995). O desenvolvimento está intimamente ligado relacionado ao contexto sócio – cultural em que a pessoa se insere e se processa de forma dinâmica (e dialética) através de rupturas e desequilíbrios de provocadores de contínuas reorganizações por parte do indivíduo (REGO, 1995, p.58).
O bebê está a todo o momento interagindo com os adultos, pois são eles
que suprem suas necessidades e transmitem sua cultura a criança. Os adultos
38
são o elo da relação criança com o mundo, conforme Rego (1995). As
influencias culturais interferem no comportamento da criança. E por meio
dessas interferências, experiências, acomodações e assimilações de
conhecimentos e ainda habilidades sócio-culturais, que a criança vai
desenvolvendo o processo psicológico. Para Vygotsky(1984 apud REGO,1995,p.61) ,o desenvolvimento do sujeito humano se dá a partir das constantes interação com o meio social em que vive,já que as formas psicológicas mais sofisticadas emergem da vida social.Assim ,o desenvolvimento psiquismo humano é sempre mediado pelo outro ( outras pessoas do grupo social) ,que indica,delimita e atribui significados á realidade.Por intermédio dessas mediações,os membros imaturos da espécie humana vão pouco a pouco se apropriando dos modos de funcionamento psicológico,do comportamento e da cultura ,enfim,do patrimônio da história da humanidade e de seu grupo cultural.Quando internalizados,estes processos começam a ocorrer sem a intermediação de outras pessoas.
No primeiro ano de vida, a criança está totalmente dependente do outro,
pois ela é indefesa e despreparada para se relacionar com o mundo. Nesse
período ela precisa suprir suas necessidades básicas físicas como:
alimentação, higiene, etc. quanto afetivas e só por meio da interferência do
indivíduo que ele consegue sobreviver, pois o bebê sozinho não sobrevive.
Nesse período é pouca a interação do bebê com o social. Vygotsky (1984)
ressalta que “os fatores biológicos têm preponderância sobre os sociais
somente no início da vida da criança” (apud REGO, 1995, p.59).
É a partir do desenvolvimento físico e psicológico que a criança começa
a interagir com o seu grupo social e a sua cultura reflete no seu
comportamento. Há duas linhas diferentes que contribuem para o
desenvolvimento do indivíduo, de um lado, fatores biológicos de outro, as
funções psicológicas superiores, de origem, sócio-cultural. “A história do
comportamento da criança nasce do entrelaçamento dessas duas linhas”
(VYGOTSKY, 1984 apud REGO, 1995, p.59).
É por meio da união dessas duas linhas que a criança entra para o
mundo das relações, é o início da sua vida histórico-social.
A partir dos dois anos, a criança esta mais independente, ela estabelece
diretamente relações com o meio, mas ainda depende dos adultos, não possui
39
totalmente a sua autonomia a qual irá adquirir no decorrer dos anos. “O
processo de desenvolvimento esta firmado nas relações: histórico individual e
histórico – social” (VYGOTSKY, 1984 apud REGO, 1995). O desenvolvimento
da criança se dá pela sua individualidade junto com as experiências trazidas
pela sua cultura.
Piaget (1973 apud LA TAILLE, 1992) relaciona os estágios do
desenvolvimento cognitivo de acordo com o desenvolvimento social. No estágio
sensório-motor da criança, são quase inexistentes as trocas sociais, a criança é
totalmente individual. Na fase pré-operatória, começam as relações sociais,
pois as crianças começam a interagir por meio da linguagem. Mas ela ainda
não consegue totalmente equilibrar suas trocas intelectuais. Por fim, a criança
tem dificuldades em se colocar no lugar do outro, circunstâncias que prejudica
as relações com os outros (reciprocidade). Um dos mediadores entre a cultura
e o homem é a linguagem.
Entre 4-7 anos aproximadamente, a criança passa por uma fase
egocêntrica, ou seja, pensamento e ações que estão voltadas para elas.
“Egocentrismo significa que a criança ainda não tem domínio de seu “eu” e
que, longe de ser autônoma, ainda e heterônoma nos seus modos de pensar e
agir” (LA TAILLE, 1992, p.16).
No estágio pré-operatório a criança possui poucas trocas intelectuais,
ela não consegue explorar a diversidades de relações que estão ao seu redor.
No estágio operatório, as trocas intelectuais e sociais terão mais frequência,
pois a criança esta no período de construção de personalidade (LA TAILLE,
1992).
Na primeira infância as atividades mentais se consolidam a partir das
funções elementares. O funcionamento cerebral que é construído por
instrumentos e símbolos. A cultura que fornece ao indivíduo os sistemas
simbólicos de representação da realidade, e por meio deles, o universo de
significações que permite construir uma ordenação, uma interpretação dos
dados do mundo real.
Ao longo de seu desenvolvimento o indivíduo internaliza formas
culturalmente dadas de comportamento, num processo em que atividades
40
externas, funções interpessoais, transformam-se em atividades internas,
intrapsicológicas. As funções psicológicas superiores baseadas na operação
com sistemas simbólicos, são, pois construídas de fora para dentro do
indivíduo. O processo de internalização é assim fundamental no
desenvolvimento psicológico humano (OLIVEIRA, 1992). Ou seja, os conceitos
e significações são construídos, internalizadas pelos indivíduos ao longo do
processo de desenvolvimento.
A partir das relações sociais que o indivíduo mantém com o grupo, que
ele percebe variações de significados e conceitos, identificadas por palavras da
cultura do grupo.
O processo de formação de conceitos refere-se aos conceitos cotidianos
ou espontâneos, esses conceitos são desenvolvidos por meio das atividades
praticas de suas interações com o meio o qual estão inseridos. Há conceitos
científicos que para Vygotsky (1989 apud OLIVEIRA, 1992): “São
conhecimentos adquiridos por meio da escola e por organizações instruídas
num sistema escolar, geralmente em sociedade letrada, onde as crianças
frequenta instituições de ensino” (OLIVEIRA, 1992).
Para que as crianças se desenvolvam cognitivamente os conceitos
científicos é necessário que o conceito espontâneo esteja em um nível maior,
assim ela consegue absorver o conhecimento científico.
É de extrema importância a relação das crianças com os adultos, para
promover o desenvolvimento, a construção do conhecimento, ou seja,
aprendizagem da criança. “A aprendizagem desperta processos internos que
só podem ocorrer quando o indivíduo interage com outras pessoas”
(OLIVEIRA, 1992, p.33).
As relações sociais interferem no processo cognitivo, desde o
nascimento até a fase adulta.
A evolução social passa pelo desenvolvimento da inteligência, pois para
o indivíduo se desenvolver e necessárias ações do sujeito sobre os objetos,
sendo que as estruturas mentais são construídas nesse processo ( LA TAILLE,
1992). Todos os indivíduos precisam de relações sociais para construir os seus
conhecimentos.
41
Segundo Piaget (1973 apud LA TAILLE, 1992) é essencial apresentar
dois tipos de relação social: a coação e a cooperação. Coação social é a
relação entre vários indivíduos no qual interfere a autoridade e o prestigio que
exerce sobre o outro. Nessa relação o indivíduo tem escassa participação na
produção e autoria de conhecimento e idéias. Nesse tipo de relação o indivíduo
não se desenvolve cognitivamente, pois as situações são impostas para ele,
não há desequilibração, sendo assim, não há desenvolvimento da inteligência,
sendo que é este processo de desequilíbrio que aproxima o indivíduo do
conhecimento.
Porém a relação de cooperação possibilita o desenvolvimento da
inteligência da criança; Essa relação interindividual representa um alto grau de
socialização. Segundo La Taille (1992), é a partir dessa relação que o indivíduo
se desenvolve. Essa relação leva o indivíduo a se interessar pela busca do
conhecimento, esse interesse desequilibra o processo, o qual abre o caminho
para o indivíduo se equilibrar novamente, é dentro desse processo
(equilibração – desequilíbrio) que o indivíduo constrói o seu conhecimento,
desenvolvendo a inteligência. Quando eu discuto e procuro sinceramente compreender outrem, comprometo – me não somente a não me contradizer, a não jogar com as palavras etc., mas ainda comprometo – me a entrar numa série indefinida de pontos de vista que não são os meus. A cooperação não é,portanto,um sistema de equilíbrio estático ,como ocorre no regime da coação.É um equilíbrio estático ,como ocorre no regime da coação.É equilíbrio móvel .Os compromissos que assumo em relação á coação podem ser penosos ,mas sei aonde me levam.Aqueles que assumo em relação á cooperação me levam nãos sei aonde.Eles são formais,e não materiais (Piaget,1973 apud LA TAILLE,1992,p.20).
O método da cooperação possibilita chegar à verdade, porém, a coação
apenas apresenta crença e dogmas, que devem permanecer (LA TAILLE,
1992).
É na vida da criança que a coação é mais presenciada, porém para a
sua socialização é necessária essa etapa, mas não deve esquecer que o
cooperativo é fundamental para o desenvolvimento das operações mentais;
ambos cooperação e coação são fundamentais para o desenvolvimento da
criança. “É a procura da reciprocidade entre os pontos de vistas individuais que
42
permite a inteligência construir este instrumento lógico que comanda os outros,
e que é a lógica das relações” (PIAGET,1973 apud LA TAILLE ,1992,p.20).
A relação com o outro, começa pela reciprocidade, por meio da
socialização dos indivíduos dentro da sociedade.
As características dos indivíduos são formadas por junções de fatores
internos e externos, é a partir dessas interações que os indivíduos se
relacionam socialmente entre si. Vygotsky (1984 apud REGO, 1995, p.41) afirma que as características tipicamente humanas não estão presentes desde o nascimento do indivíduo, nem são mero resultado das pressões do meio externo. Elas resultam da interação dialética do homem e o seu meio sócio-cultural.
E essas modificações influenciam o comportamento dos indivíduos e
daqueles que estão ao seu redor.
O desenvolvimento psicológico dos indivíduos se origina nas relações
históricas-culturais. “Sendo que a cultura faz parte da construção do ser –
humano e é por meio das internalizações históricas e culturais que o indivíduo
desenvolve – se psicologicamente” (REGO, 1995). A partir dos signos e dos
outros, que a criança desenvolve o seu cognitivo.
Para perspectiva sócio-histórica é extremamente importante as
mediações que ocorrem através de signos e instrumentos, os quais são
fornecidos pela cultura e é a partir desse processo que ocorre o funcionamento
psicológico (REGO, 1995). A cultura social é a grande contribuinte para o
desenvolvimento cognitivo do indivíduo.
O indivíduo recebe influências a todo tempo em sua vida, essas
influências interferem no seu modo de vida. Porém tais influências, não são
fatores determinantes em sua vida, pois “o indivíduo é um ser livre e
independente das condições do momento e dos espaços presentes” (REGO,
1995, p.47).
As características do funcionamento psicológico são transmitidas pela
interação com o meio externo. São a partir dessas interações que são
construídas as relações culturais.
43
Para Leontiev (1978 apud REGO, 1995, p.49) cada indivíduo aprende a ser um homem. O que a natureza lhe dá quando nasce não basta para viver em sociedade. É lhe ainda preciso adquirir o que foi alcançado no decurso do desenvolvimento histórico da sociedade humana.
O início das atividades psicológicas se dá por meio das relações sociais
dos indivíduos com o meio externo. Vygotsky (1984 apud REGO, 1995, p.55)
”afirma que os processos de funcionamento mental do homem são fornecidos
pela cultura...“. É dentro dessas relações dos indivíduos com a cultura e por
suas práticas históricas sociais que a criança imita as formas de
comportamento que estão impregnadas no comportamento humano, ou seja,
das experiências humanas.
Para Vygotsky (1988 apud OLIVEIRA, 1993) a cultura é um “palco de
negociações” em que os indivíduos estão a todo momento ,criando e
reinterpretando as informações,conceitos e significados que recebe do seu
meio cultural.
Segundo Vygotsky (1984 apud REGO, 1995) o processo de
desenvolvimento é socialmente construído e de suma importância para as
relações sociais e para o desenvolvimento do indivíduo.
As características do individuo são construída pela junção de fatores
externos, internos e das relações sociais.
O indivíduo se constitui enquanto, tal não somente devido aos processos
de maturação orgânica, mas, principalmente através de suas interações sociais
a partir das trocas estabelecidas com seus semelhantes. O homem constitui-se
como tal através de suas interações sociais, portanto, é visto como alguém que
transforma e é transformado nas relações produzidas em uma determinada
cultura.
Segundo Wallon (1975 apud ABIGAIL, 2003) o homem é um ser
inteiramente e essencialmente social, dotados de fatores orgânicos e fatores
sociais. O homem está a todo o momento influenciando e sendo influenciado
pelo meio o qual está inserido.
3.2 Influências do meio na aprendizagem escolar
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O processo do desenvolvimento cognitivo é o início da aprendizagem.
Porém essa aprendizagem, só ocorre quando a criança está biologicamente e
psicologicamente madura para tal processo.
O desenvolvimento tem que anteceder o aprendizado, pois é por esse
processo que a criança estará em condições biológicas e sociais para
aprender, os conhecimentos que são apresentados. “Os processos de
desenvolvimento são impulsionados pelo aprendizado. Ou, seja só
“amadurecerá”, se aprender” (REGO, 1995, p.107, grifo do autor).
O ensino-aprendizagem ocorre em sua maioria das vezes, no âmbito
escolar; É nesse ambiente que a criança tem probabilidade melhor
desenvolver, sendo que é por meio dessa interação com os indivíduos letrados
que a criança constrói seu próprio conhecimento e por meio desse aprendizado
pode ter um nível maior que proporciona o conceito científico.
Há casos que a aprendizagem é prejudicada por pais ou professores
que subestimam a capacidade intelectual do indivíduo, não percebendo que o
sucesso ou fracasso da criança, não depende apenas da sua individualidade,
mas de todos os fatores que as cercam. “Terá sucesso a criança que tiver
algumas qualidades e aptidões básicas, que implicarão na garantia de
interesse ou mesmo maturidade para aprender” (REGO, 1995, p.88).
A escola tem a função importante de formar e transformar o indivíduo e
interferir nos problemas sociais que o cercam; contribuindo com formação
moral e intelectual do aluno, transmitindo, assim, a cultura e o modelo de
comportamento do grupo social segundo Rego (1995).
A aprendizagem, não pode ser confundida com memorização ou apenas
aplicações e assimilações de conteúdos sem coerência e com práticas
inadequadas de ensino, através de estímulos errôneos, como reforço positivo
(elogios) ou negativo (notas baixas) (REGO, 1995). Isto pode percebido nos
métodos tradicionais em que o aluno é visto como uma tábua rasa, que só
recebe os conteúdos e não tem autonomia própria.
O aprendizado ocorre pelas relações recíprocas entre os indivíduos; ao
mesmo tempo em que ele aprende ele ensina, pois o indivíduo está em
45
constante transformação e aprendizado .Para ocorrer o aprendizado é
necessário criar um ambiente que proporciona desafios e conquistas.
As características do indivíduo são construídas pela interação do meio,
ou seja, dimensões interpessoais e culturais. Por meio desses processos o
indivíduo internaliza as formas culturais e modifica-as e interfere ao seu modo,
ao seu jeito, e é por meio desses processos que ocorre o aprendizado. O desenvolvimento humano é compreendido não como a decorrência de fatores isolados que amadurecem, nem tão pouco de fatores ambientais que agem sobre o organismo controlando seu comportamento, mas sim através de trocas recíprocas, que se estabelecem durante toda a vida, entre o indivíduo e meio, cada aspecto influindo sobre o outro (REGO,1995,p.95).
O aprendizado é um fator importante e essencial para o
desenvolvimento cognitivo; este processo depende das relações e interações
que o indivíduo mantém com o seu grupo social (REGO, 1995).
É por meio do aprendizado, que o processo de desenvolvimento das
funções psicológicas superiores se desenvolve: “o aprendizado pressupõe uma
natureza social especifica é um processo o qual as crianças mergulham na vida
intelectual daqueles que as cercam” (VYGOTSKY 1984 apud REGO, 1995).
Vygotsky (1984 apud REGO, 1995) divide o desenvolvimento em dois
níveis: Nível de desenvolvimento real, ou seja, são conhecimentos que a
criança já aprendeu, e outro: Nível de desenvolvimento potencial são
conhecimentos em que a criança está prestes a construir o aprendizado, mas é
necessário ajuda de outras pessoas.
A criança desenvolve vários processos de aprendizagens, a partir das
relações com os adultos, sem a contribuição do meio externo a criança não
consegue se desenvolver. “Esses processos se internalizam e passam a fazer
parte das aquisições do seu desenvolvimento individual” (REGO, 1995, p.74).
Para entender a responsabilidade da escola dentro do processo de
desenvolvimento do indivíduo, Vygotsky difere os conhecimentos/construídos
nas experiências pessoal da criança: Conceitos cotidianos referem-se aqueles conceitos construídos a partir da observação, manipulação e da vivencia direta da criança. Conceitos científicos se relacionam aqueles eventos não diretamente acessíveis á observação de ação imediata da criança,são
46
conhecimentos sistematizados adquiridos nas interações escolarizadas (REGO, 1995, p.77).
Ambos contribuem para o desenvolvimento da formação de conceitos.
Sendo que esse processo é essencial para o desenvolvimento dos processos
psicológicos superiores. É neste contexto, que o adulto ou professor deve
motivar estimular o intelecto da criança, pois a partir desses estímulos a
criança chega ao estágio superior, sem esse estímulo a criança não consegue
por si, vencer os desafios que estão a sua frente.
O indivíduo está sendo estimulado a todo o momento pelo ambiente ele
é capaz de pensar de, mudar de acordo com as circunstâncias, pois se adapta
várias condições. Aprende-se por observações é até mesmo pelos resultados
de nossos comportamentos.
Há vários tipos de interação genético-ambiental que pode estimular ou
não o desenvolvimento da aprendizagem dos indivíduos. Sendo elas:
”Passiva: os pais poderão estimular aos seus filhos ao pensamento lógico e o
raciocínio, que o ajudarão na resolução de problemas, não se esquecendo que
a sua hereditariedade contribui para tal desenvolvimento. Evocativa: A criança
recebe do ambiente a resposta de suas qualidades intelecto, e de sua
personalidade que terá mais atenção dos seus professores, por causa do bom
desempenho nas atividades propostas. Mas aquelas crianças que são vistas
como relapsa, receberão com hostilidade e frustração por não alcançar o
desenvolvimento previsto. Ativa: As pessoas buscam experiências que estão
ao seu nível intelectual, quanto maior for o seu desenvolvimento, mas ela
buscará situações que estimularão o seu desenvolvimento’’(DAVIDOFF, 2000). Durante todo o desenvolvimento predominam diferentes influências genético-ambientais. A do tipo passivo é particularmente observável na infância, diminuindo na adolescência. A influência de tipo ativo aumenta com a idade. As interações evocativas permanecem constantes ao longo de toda a vida (DAVIDOFF, 2000, p.52).
O organismo não herda padrões completos de comportamentos e
tampouco podemos eliminar as influências que nos são impostas todos os
momentos. Mas influências são inevitáveis, quando os pais são mais
47
desenvolvidos, seus filhos terão maior probabilidade de seguir os mesmo
caminhos.
3.3 Papel da escola na aprendizagem
É dentro da escola que o indivíduo mais recebe influência do meio, pois convive com diferentes grupos. É na escola que a criança exercita suas potencialidades e neste momento que o professor deve manter uma relação igualitária dentro da sala de aula evitando competições, em que o sucesso de um seja o fracasso do outro, mas deve ajudá-lo na construção da sua identidade.
Nessa fase, ela ainda necessita da confirmação de seu trabalho, ainda precisa ser estimulado a participar de novos grupos em que seja possível a divisão de tarefas, o trabalho em equipe, e a competição temporária entre equipes, num ambientes em que ela possa, sobretudo sentir-se aceita (ABIGAIL, 2003, p.58).
A escola tem a função de estimular a criança, desafiando-a na busca de
novas conquistas e por meio desses estímulos ela adquire conhecimentos e
novas aprendizagens. Davidov (1988 apud REGO, 1985, p.104) afirma que a
escola deve ser capaz de desenvolver nos alunos a capacidade intelectual que
lhe permitam assimilar plenamente os conhecimentos adquiridos.
O aluno deve ser visto como um agente ativo, capaz de interferir no seu
ambiente e modificá-lo, pois, a todo o momento e todo tempo ele está
relacionando e interagindo com o seu grupo social, contribuindo para a sua
formação como indivíduo e para aqueles que estão a sua volta. Os diferentes ritmos, comportamentos, experiências, trajetórias pessoais, contexto familiar, valores e níveis de conhecimentos de cada criança (e dos professores) imprimem ao cotidiano escolar e a possibilidade de trocas de repertórios, de visão de mundo, confrontos, ajuda mútua, e conseqüente ampliação das capacidades individuais (REGO, 1995, p.110).
Deve-se considerar a importância e o aprendizado do professor e as
relações entre as próprias crianças, que contribuem para o desenvolvimento do
indivíduo (REGO, 1995).
A criança se constitui na junção dos fatores biológicos com fatores
sociais (interações sociais) e por meio desses fatores que ela constrói as
relações com seus semelhantes. O seu desenvolvimento se dá pela construção
48
dos seus relacionamentos e das interações sociais ao qual ela participa a todo
momento em sua vida;pelas experiências a criança influência e é
influenciada;pois a partir das interações que a criança internaliza
conhecimentos culturais e intervém no seu grupo social.
As funções psíquicas das crianças são interligadas ao aprendizado e a
linguagem, contribui para que elas se apropriem dos conhecimentos culturais
do seu grupo cultural.
Outros fatores importantes para o aprendizado da criança são as
relações sociais, pois aspectos econômicos, sociais, políticos interfere no
processo de aprendizado, pois a escola é uma parte integrante e essencial na
sociedade (letrada) a qual a maioria das crianças estão inseridas.
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4 – CONSIDERAÇÕES FINAIS
A afetividade é importante para o desenvolvimento psíquico e da
aprendizagem da criança; a partir da afetividade a criança se desenvolve e
constrói a sua identidade. O aspecto afetivo e o intelectual são sincréticos, pois
uma desenvolve a outra.
A inteligência é um fator necessário no desenvolvimento cognitivo e no
processo da aprendizagem; através desse fator o indivíduo expande o seu
conhecimento intelectual e social.
A criança influencia e é influenciada a todo o momento pelo ambiente
que a cerca, e a partir de suas interações sociais e mediações culturais se
desenvolve cognitivamente
A afetividade está relacionada com a vivência do indivíduo e esse fator é
de extrema importância para a prática educativa. Conhecer o desenvolvimento
cognitivo e afetivo da criança possibilita aos professores uma intervenção
adequada no cotidiano escolar. É importante priorizar a afetividade em todos os
relacionamentos intra e extra-escolar e é por meio desses sentimentos e
emoções que o professor poderá contribuir de forma significativa no processo
de ensino-aprendizagem. A afetividade é importante para o desenvolvimento
psíquico da criança. A inteligência é um fator necessário no desenvolvimento
cognitivo, pois é fundamental no processo de aprendizagem.
50
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