UNIVERSIDADE ESTADUAL DO NORTE DO PARANÁ
CAMPUS DE CORNÉLIO PROCÓPIO
DEISE DOS ANJOS ASSIS
CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO
CORNÉLIO PROCÓPIO-PR
2009
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GOVERNO DO PARANÁ
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO
SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
COORDENAÇÃO DO PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL – PDE
DEISE DOS ANJOS ASSIS
CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO
Proposta de Ação na escola de lotação em forma de
Caderno de Apoio Pedagógico apresentado à
Coordenação Estadual do Programa de
Desenvolvimento Educacional da Secretaria do
Estado de Educação do Paraná, como requisito
parcial à obtenção de título de professor/PDE. Este
trabalho foi orientado pela professora Ms. Silvana
Rodrigues Quintilhano Ferreira.
CORNÉLIO PROCÓPIO – PR 2009
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CADERNO DE APOIO PEDAGÓGICO 1-IDENTIFICAÇÃO 1.1.PROFESSORA PDE: Deise dos Anjos Assis 1.2.ÁREA: PDE: Língua Portuguesa 1.3.NRE: Ibaiti 1.4.PROFESSORA ORIENTADORA: Silvana Rodrigues Quintilhano Ferreira 1.5.IES: UENP 2.TEMA DE ESTUDO Formação do Leitor Crítico 3.TÍTULO A FORMAÇÃO DO LEITOR COMO PROCESSO DE ENRIQUECIMENTO
CULTURAL E SOCIAL
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................5 UNIDADE I ..................................................................................................................8 DETERMINAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS..........................................8 UNIDADE II ...............................................................................................................13 ATENDIMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS.................................................13 UNIDADE III ..............................................................................................................27 RUPTURA DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS....................................................27 UNIDADE IV..............................................................................................................29 QUESTIONAMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS...................................29 UNIDADE V...............................................................................................................30 AMPLIAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS................................................30 AVALIAÇÃO ..............................................................................................................31 REFERÊNCIAS.........................................................................................................32 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...........................................................................34
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INTRODUÇÃO
O presente Caderno Pedagógico aqui proposto como Produção Didática
Pedagógica tem como finalidade auxiliar e dar suporte ao professor PDE na
implementação do seu projeto em sala de aula no terceiro período do Programa de
Desenvolvimento da Educação.
Hoje, a grande preocupação da escola é com a leitura em todos os sentidos:
cultural, social, humano, etc. Por isso ela vem buscando meios para fazer com que
os educandos procurem ler mais e de maneira eficaz e que ela vá além da própria
expectativa deles. E através dela ele sempre se deparará com a diversidade de
gêneros textuais por meio de vários temas que fazem parte ou não da sua realidade.
Assim devemos proporcionar a eles uma visão de mundo diferenciada através de
obras literária, na qual ele poderá dialogar de forma que o passado e o presente se
encontrem em sintonia de forma sincrônica ou anacrônica.
Para formação de leitores críticos, optamos como proposta o Método
Recepcional, Bordini & Aguiar (1988) na formação de leitores críticos, o qual se faz
necessário numa sociedade tão complexa e muitas vezes desumana, onde a leitura
ocupa um lugar imprescindível em todas as ciências num mundo globalizado e
rodeado de diversas ferramentas instrumentalizadas diante do progresso tecnológico
das mais simples as mais sofisticadas necessidades humanas.
Este método visa à recepção de leituras ampliando o horizonte do leitor em
fase de desenvolvimento em que ler, compreender, interpretar e inferir nos textos os
quais o levará a descobrir como a leitura pode transformar e transportá-lo para um
mundo real e imaginário, que a entrar nele sua percepção de mundo será aguçado
através de textos mais simples e de acordo com o seu gosto até a complexidade
deles, que lhe provocará uma ruptura de seus horizontes, tornando um leitor mais
consciente e maduro em busca se leituras que desenvolva o seu intelecto em fase
do encontro e desencontro das leituras das épocas mais remotas a atual.
O Método recepcional que foi organizado por Bordini & Aguiar, atende as
perspectivas das Diretrizes Curriculares de Língua Portuguesa e Literatura. Esse
método contempla cinco etapas:
- Determinação do horizonte de expectativas;
- Atendimento do horizonte de expectativas;
- Ruptura do horizonte de expectativas;
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- Questionamento do horizonte de expectativas;
- Ampliação do horizonte de expectativas.
Essa proposta de trabalho tem como ponto de partida a interação do leitor
com o autor e a sua criação nos diversos gêneros, apresentando a ele episódios
semelhantes aos que acontecem na sua existência diária. E que assim ele possa
reinterpretar a obra e colocar-se de maneira a ser co-autor da mesma. Acredita –se
que poderá tornar a leitura prazerosa para ele, onde ele terá mais conhecimento
para se posicionar em sua criticidade.
Este projeto será desenvolvido na 8ª série do Ensino Fundamental II, matutino,
no terceiro período do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE), quando
do retorno das aulas.
O Caderno Pedagógico terá cinco unidades de acordo com as etapas do método
Recepcional, com abordagem centrada em um tema específico. Ele constituirá de
textos de fundamentação com as devidas sugestões de atividades a serem
trabalhadas com os educandos.
Neste caderno constarão ao longo do processo dele todos os
encaminhamentos, passo a passo, do trabalho a ser realizado e viabilizado a partir
do Método Recepcional, Bordini & Aguiar (1988).
O objetivo é desenvolver em nosso educando uma visão crítica das diversas
leituras, principalmente as de obras literárias levando-o uma reflexão e análise dos
acontecimentos e vivência no mundo, alcançando assim um patamar onde ele possa
sentir-se seguro e capaz de transformar a si próprio e o outro através da aquisição
de um conhecimento científico e intelectual.
O tema escolhido para a realização desse trabalho é: “A Valorização do
Negro na Sociedade”, pois com esse assunto pretende-se proporcionar aos
educandos o reconhecimento do negro na condição de cidadão digno de seus
direitos humanos e igualitários, promovendo a sua valorização através do
conhecimento histórico, sócio, econômico e cultural, que ele traz consigo pela forma
que sua contribuição trouxe com seu trabalho para os paises colonizadores;
desmistificando assim a visão estereotipada que a sociedade tem do negro. Mostrar
a forma desumana que o negro foi retirado do continente africano e como ele
trabalhou 300 anos para a construção desta nação, mesmo sendo desvalorizado.E
que heróis , começando por zumbi, que lutou no passado em prol da liberdade dos
escravos ,e de outros militantes negros que vieram depois dele e continuam até hoje
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lutando e conquistado pouco a pouco o espaço do negro na sociedade em busca de
igualdade étnico/racial. E que nossos educandos sejam capazes de forma critica
através das diversas leituras de mundo proporcionadas neste material didático
pedagógico, germine dele uma semente lançada para que participem na construção
de uma sociedade mais justa, onde as diferenças possam ser respeitadas e garantir
os direitos e a capacidade de estabelecer igualdades em educação, gênero e etnia
para todos.
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UNIDADE I
DETERMINAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Nesta unidade, conforme o método recepcional de Bordini & Aguiar (1988)
será feita uma investigação junto aos alunos com algumas atividades dialogadas
dadas em sala de aula onde poderemos detectar os horizontes de expectativas que
eles trazem e que estes estarão de acordo com suas crenças, valores, vivências
pessoais sociais, históricas, culturais e econômicas, as quais possam demonstrar o
grau de interesse pela literatura. Então serão convidados a apreciar aquilo que é de
seu convívio, baseando-se que tudo que sabem e acreditam que não irá abalar o
mundo deles onde estão seguro daquilo que têm conhecimento, abordados através
das músicas em ritmo de pagode “Sorriso negro”, da compositora Dona Ivone Lara,
e cantada pelo grupo Fundo de Quintal; Hino Nacional da África e o filme” O Poder
de um Jovem “. A partir das músicas e do filme os alunos irão analisar, refletir o
papel do negro na sociedade africana e brasileira.
A música é uma excelente ferramenta de apoio ao trabalho didático em sala
de aula. Ela estimula a criatividade enquanto descontrai o ambiente.
Sorriso Negro
Estilo: Pagode
Composição: Dona Ivone Lara
Grupo Fundo de Quintal
Negro é a raiz da liberdade... (2x)
Um sorriso negro, um abraço negro
Traz....felicidade
Negro sem emprego, fica sem sossego
Negro é a raiz da liberdade (2x)
..Negro é uma cor de respeito
Negro é inspiração
Negro é silêncio, é luto
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negro é...a solidão
Negro que já foi escravo
Negro é a voz da verdade
Negro é destino é amor
Negro também é saudade.. (um sorriso negro...)
Desde 1997 que o hino nacional da África do Sul é uma canção híbrida,
combinando versos do hino nacional do governo do apartheid, "Die Stem van Suid-
Afrika" e o hino popular do Congresso Nacional Africano e outras organizações
negras: o "Nkosi Sikelel' iAfrika". Isto torna, talvez, o hino nacional sul-africano o
único hino nacional com duas partes cantadas em tons diferentes. A sua letra inclui
quatro das onze línguas oficiais da África do Sul.
Hino Nacional da África do Sul
Letra oficial
Autor Não Disponível
Nkosi sikelel' iAfrika
Maluphakanyisw' uphondo lwayo,
AYizwa imithandazo yethu,
Nkosi sikelela, thina lusapho lwayo. (xhosa)
Morena boloka setjhaba sa heso,
O fedise dintwa le matshwenyeho,
O se boloke, O se boloke setjhaba sa heso,
Setjhaba sa South Afrika - South Afrika. (sesotho)
Uit die blou van onse hemel,
Uit die diepte van ons see,
Oor ons ewige gebergtes,
Waar die kranse antwoord gee, (africânder)
Sounds the call to come together,
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And united we shall stand,
Let us live and strive for freedom,
In South Africa our land. (inglês)
Letra oficial (em português)
Deus abençoe a África
Que suas glórias sejam exaltadas
Ouça nossas preces
Deus nos abençoe, porque somos seus filhos
Deus, cuide de nossa nação
Acabe com nossos conflitos
Nos proteja, e proteja nossa nação
À África do Sul, nação África do Sul
Dos nossos céus azuis
Das profundezas dos nossos mares
Sobre as grandes montanhas
Onde os sons se ecoem
Soa o chamado para nos unirmos
e juntos nos fortalecermos
Vamos viver e lutar por liberdade
Na África da Sul a nossa terra.
Sinopse do filme O Poder de um Jovem
Direção: John G. Avildsen
Um garoto branco sul-africano de origem inglesa, que sofre o ódio dos
brancos Afrikaners (descendentes locais de holandeses, franceses e alemães),
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torna-se campeão de boxe e defensor dos negros contra o sistema de segregação
racial (o Apartheid). Filmada em deslumbrantes cenários em Bostswana, esta
história mostra ainda todo o vigor primitivo da bela música africana, com o magnífico
coral Masibemuye Bulawayo, da África do Sul. Uma lição de vida e coragem, com
um elenco de alta classe: Armin Mueller-Stahl (de Trauma), Sir John Gielgud (de
Gandhi) e Morgan Freeman (de Robin Hood e Conduzindo Miss Daisy). Direção do
consagrado John G. Avildsen (Oscar de melhor diretor por Rocky, um lutador).
No primeiro momento assistirão o DVD “Samba de Todos os tempos”,
Grupo Fundo de Quintal com a música “Sorriso Negro”, cantaremos e dançaremos
juntos de forma bem descontraída e prazerosa.
Passado o momento de descontração, eles analisarão a letra da música
onde poderão perceber de maneira bastante interessante o nível de conhecimento
das questões relacionadas à raça negra. Nesta análise surgirão elementos como: os
preconceitos, o trabalho negro no passado e no presente, as desigualdades sociais,
descriminação racial, a escravidão no Brasil, etc.
Depois passaremos a um trabalho de grupos para que os alunos possam
colocar suas certezas e dúvidas em relação ao negro no que diz respeito ao
Continente Africano e o Brasil. Concluído os trabalhos dos grupos, passamos à
construção de um painel coletivo com as certezas e dúvidas de toda a turma. Será
um momento excepcional onde cada um colocar-se-á diante da classe, expondo
suas certezas, suas dúvidas e podendo compará-las com as dos colegas. Logo após
esta atividade eles serão separados em trios e realizarão uma pesquisa sobre a
África; O berço da Humanidade deste a pré-história até a atualidade, perpassando
pelos conflitos do Apartheid. Bem como a influência deste continente e sua
diversidade cultural que enriqueceram o nosso país.
Esta pesquisa poderá ser auxiliada junto à professora de história da classe
para um trabalho mais riquíssimo onde promoveremos um seminário para uma
discussão mais profunda.
Ao assistirmos o filme “O poder de um jovem”, estaremos entrando em
contato com a visualização de um Continente com seus conflitos com o colonizador,
etnias, sua cultura e a valorização de seu povo.
Faremos um momento onde analisaremos o filme sobre seus aspectos
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sociais, econômicos e os valores que já trazemos conosco e que pode estar sendo
representado no filme, bem como a luta pela liberdade de ser e sentir humano num
mundo cheio de coisas belas, mais também injusto.
E para sentir a África como parte de nós brasileiros cantaremos o Hino da
África do Sul, terminando esta unidade.
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UNIDADE II
ATENDIMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Depois de ser trabalhados o tema do negro com relação à África e o Brasil
numa perspectiva de discussão, trabalhos apresentados em grupos, de forma
dinâmica, criativa, alegre, reflexiva e pelo bom desempenho dos alunos, passaremos
para a próxima etapa do método com textos diferentes. Segundo Bordini & Aguiar
(1988), é nesta etapa do método recepcional que são detectadas as aspirações,
valores e familiaridades dos alunos com respeito a literatura, e feita a sondagem,
que consistirá no atendimento do horizonte de expectativas em que serão
trabalhadas na forma que eles conheçam e não tenham dificuldades.
Os textos selecionados relatarão a trajetória do negro no esporte, que é um
assunto que desperta o interesse deles e que serão trabalhados através de: Uma
poesia de cordel “ Bimba espalhou a capoeira nas praças do mundo inteiro”, uma
entrevista com Pelé “ É bom ser exemplo” e um trecho de uma reportagem com a
ginasta Daiane dos Santos “ brasileirinha que voa”.
Bimba espalhou capoeira
nas praças do mundo inteiro
Manoel dos Reis machado
É nossa árvore do bem
Nosso grande mestre Bimba
Nome que até hoje vem
Famoso na capoeira
Por não perder pra ninguém.
Engenho Velho de Brotas
Local do seu nascimento
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Salvador sua cidade
Onde alegria e tormento
Lhe deram vivacidade
Força, coragem e talentos.
[...]
Nasceu com ele esse nome
Bimba nasceu pra vencer
Cresceu lutou ganhou fama
Os pais gostaram de ver
O futuro batuqueiro
Lá na rede a se mexer.
[...]
Bimba tinha o tipo físico
De uma rocha escarpada
Muito alto, andar dançante
Seguro em cada passada
Olhos grandes, ombros largos
E sempre dando risada.
Apertava sempre os olhos
Estudando o inimigo
Gostou muito de charuto
Se zangasse era um perigo
Ninguém levava a melhor
Desafiando consigo.
[...]
Nunca levou desaforo
Mas era camaradeiro
Preservador de amizade
Desconfiado e ligeiro
Não dobrava em uma esquina
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Nem para ganhar dinheiro
[...]
Ganhou ávida, com tudo
Fez carvão. Cortou madeira
Foi trapicheiro e carpina
Estivador de primeira
Mas o que fez com mais classe
Só foi jogar capoeira
[...]
Bimba enfrentou com seus golpes
Duas guerras mundiais
Restos de escravidão
Repressões policiais
Mas botou a capoeira
Nos mais altos pedestais.
Praticou bem a angola
Aprendeu com quem sabia
Depois criou outra luta
Com mais garra e valentia
Pôs o nome regional
Representando a Bahia.
[...]
Se qualquer país do mundo
For um dia publicar
Os gênios da capoeira
Quem vier catalogar
No Brasil encontra Bimba
Sempre em primeiro lugar.
[...]
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No auge da luta livre
Bimba em São Paulo chegou
Enfrentou com seus alunos
Quem a luta se arriscou
Perdeu somente uma luta
As outras ele ganhou
[...]
Hoje o mundo reconhece
Todos os seus ensinamentos
Através dos novos mestres
Com amplos conhecimentos
Marcando uma nova época
Revestidos de talentos.
[...]
Gênio quando vem ao mundo
Chega com a mão vazia
Traz o peito cheio de sonho
Seja na música ou na poesia
Política, arte ou esporte
Prosa ou filosofia
No ano de 74
A 5 de fevereiro
Bimba fechou seu arquivo
Deu adeus ao mundo inteiro
Entrou de férias na terra
Foi ver Deus, Pai verdadeiro.
Os berimbaus soluçavam
Alunos botaram luto
O dia relembrado
Como uma data de culto
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Hoje os livros e filmes
Representam o seu produto
[...]
Luiz Gonzaga foi rei
Cantando mulher rendeira
Pelé foi o rei da bola
Com meião e com chuteira
E mestre Bimba sem dúvida
Foi o rei da capoeira
Sábado, Fevereiro 28, 2009
VEJA : Entrevista: Pelé
"É bom ser exemplo"
O rei do futebol conta que se aposentou pelo INSS, fala de seu papel para
o país, defende o técnico Dunga e diz que faltam base familiar e estrutura emocional
aos novos ídolos do esporte.
Sandra Brasil
Pelé pendurou as chuteiras em 1977. Em outubro do ano passado, foi a vez
de Edson Arantes do Nascimento, que passou a receber cerca de 3 000 reais por
mês do INSS. Mas os dois – o jogador e o homem – só sairão de campo depois da
Copa de 2014. Até lá, Pelé continuará faturando com publicidade e palestras e
promoverá o torneio no Brasil. Nesta entrevista, o eterno rei do futebol defende o
desempenho de Dunga como técnico da seleção, fala sobre o (mau) comportamento
dos novos jogadores e se estende sobre a importância do seu legado para o Brasil.
Aos 68 anos, com seis filhos e oito netos, ele mantém o mesmo peso que tinha
quando parou de jogar. Separado pela segunda vez, Pelé afirma que desacelerou
seu ritmo para ter mais tempo livre com os filhos – e, fica subentendido, com o
"monte de amigas" que conquistou mundo afora.
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O senhor está rico? Posso dizer que, se souberem administrar o
patrimônio que acumulei meus netinhos não precisarão trabalhar. Mas não fiquei rico
com o futebol como os jogadores de hoje. Ganhei dinheiro com palestras e
publicidade depois que parei de jogar. Fiz muitos comerciais, mas nunca de bebida
alcoólica, política, religião ou tabaco. Na Copa dos Estados Unidos (1994), a
empresa (Diageo) do (uísque Johnnie Walker) Black Label estava disposta a pagar o
que fosse para colocar o rosto do Pelé no rótulo. Não aceitei. Desde o ano passado,
estou reduzindo a minha agenda de trabalho. Antes, eu só ficava dois meses por
ano no Brasil. Quero inverter isso, para me dedicar aos meus filhos, ao meu sítio e
ao Litoral, meu time de garotos lá de Santos. Depois da Copa de 2014, vou me
tornar um aposentado de fato, porque de direito eu já sou.
Como assim? Eu me aposentei como atleta profissional no ano passado.
Desde outubro, recebo quase 3 000 reais do INSS. Já pago meia-entrada no cinema
e posso até pegar ônibus de graça.
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso cobra 50 000 dólares por
palestra. Quanto custa uma sua? Depende. Algumas eu faço até de graça. Mas o
Fernando Henrique diz que cobra isso? Tenho minhas dúvidas... Tomara que cobre
mesmo. O presidente Fernando Henrique me deu oportunidade de ser ministro e fez
um dos maiores elogios que recebi na vida: disse que o Pelé é o Brasil que deu
certo.
Foi bom ser ministro? Por causa dessa experiência, nunca mais quero ter
cargo público. Faltam verbas e a política impede a gente de fazer as coisas. Nas
reuniões ministeriais, eu pedia a palavra para reclamar que só (o ex-ministro da
Saúde) Adib Jatene arrumava dinheiro. Dizia: "Ele pega dinheiro para doença. O
esporte, que é preventivo, não recebe nada". Todo mundo acha que o Pelé poderia
ser um grande presidente, mas essa possibilidade está descartada.
O senhor ainda recebe propostas de partidos políticos? Quase todo
mês, recebo um convite ou para entrar na política ou para ser técnico de futebol.
Vem proposta da Arábia, dos Estados Unidos, da Europa, da África... Mas, assim
como não quero ser político, nunca quis treinar jogadores profissionais, que têm
defeitos difíceis de tirar. E, depois de ter alcançado o que alcancei como atleta, a
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posição de técnico me deixaria vulnerável. O jogador perde o pênalti e o técnico é o
responsabilizado e desrespeitado. O time não rende e quem paga é o técnico. Veja
o que aconteceu com o Felipão (Luiz Felipe Scolari) no (clube inglês) Chelsea.
Agora mesmo, o presidente do Santos, Marcelo Teixeira, me ofereceu 1 milhão de
reais por mês para eu organizar o time. Disse a ele que a minha reputação e a
minha tranquilidade valem mais que isso: não têm preço. O Edson não faria isso
com o Pelé. Além disso, nem sempre o grande jogador é bom técnico.
Isso vale para o Dunga, que deixou de ser jogador para ser técnico do
Brasil? Não, o Dunga não está pecando em nada. É honesto e tem personalidade.
Muita gente o critica dizendo que ele não poderia ser técnico da seleção porque não
tem experiência como treinador. Se o Vanderlei Luxemburgo e o Falcão foram para
a seleção e não ganharam nada, por que o Dunga já teria de chegar lá ganhando
tudo?
Sua decisão de não fazer publicidade de bebida já foi interpretada
como hipocrisia da sua parte? Não vou dizer que nunca me diverti com bebida,
mas sempre fui moderado. Só ia a festas nas férias e comecei a beber uísque
quando parei de jogar. Esporte e farra não se misturam. O atleta tem de se cuidar
para render em campo. No meu tempo, quando os jogadores eram menos farristas,
a carreira dos ídolos durava quinze anos. Muitas estrelas de hoje duram um, dois
anos e somem. As novas gerações são prejudicadas pelas baladas, pelas drogas e
pelo álcool.
O que o senhor diria a ídolos como Robinho, que fazem farras e se
envolvem em escândalos? Daria a ele o conselho que ouvia do meu pai: "Deus te
deu o talento de graça. Cuide dele". O que fez diferença no meu caso foi à educação
e a base familiar. Por isso, o Pelé nunca esteve envolvido em escândalos. Os
garotos das novas gerações não contam com estrutura emocional e já começam a
jogar ganhando muito dinheiro. O modelo tem de ser o do atleta equilibrado, que tem
responsabilidade e se preocupa com sua carreira. O Kaká deveria ser um modelo
para eles.
Os salários dos jogadores de futebol são altos demais? Eles ganharam
essa dimensão por causa das empresas interessadas em fazer publicidade. O
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Santos pagava o meu salário com a bilheteria dos jogos. Fui para o Cosmos (time de
Nova York) em 1975 por sete milhões de dólares, naquele período uma soma
gigantesca para quem trabalharia por um ano e meio. Agora, há jogadores que
ganham isso em menos de um mês. Em compensação, no meu tempo, havia amor à
camisa. Hoje, não há ídolos jogando no Brasil. O torcedor nem tem tempo de
decorar a escalação do seu time.
O Romário diz ter feito 1 000 gols, um dos seus grandes feitos no
futebol. É bom ser exemplo para a realização de coisas boas. Pena que o Baixinho
não tenha conseguido chegar aos meus 1 283 gols em campeonatos oficiais. Nos 1
000 do Romário, foram incluídos gols de quando ele era juvenil e até infantil... O que
interessa, porém, é o que o futebol e o Pelé trouxeram de importante para o mundo.
Qual foi essa contribuição? Quando tinha 17 anos e estava na Copa da
Suécia, eu estranhava o fato de só ter jogador negro na Seleção Brasileira. Só
depois que o Brasil foi campeão com o Pelé as outras seleções passaram a escalar
negros. Os jovens têm de saber o valor que o Brasil tem e que o Pelé tem. Nós,
brasileiros, por educação ou cultura, não damos valor ao que é nosso. O argentino é
completamente diferente. Tem orgulho de tudo o que é seu. Todo mundo sabe que o
Pelé foi melhor que Maradona: cabeceava melhor, chutava com as duas pernas...
Maradona só chutava com a esquerda. Foi um grande jogador que, infelizmente, se
envolveu com drogas. Mesmo assim, os argentinos ainda falam que ele foi o melhor.
O senhor acha que os brasileiros não lhe dão o devido valor? O
brasileiro me ama, me adora. Agora, culturalmente, tem cisma com quem faz
sucesso. De vez em quando, tem algum jornalista que inventa algo contra o Pelé.
Como sou o Edson, amigo do Pelé desde criança, não ligo. É importante lembrar
que o único know-how que o Brasil vendeu para os Estados Unidos foi o futebol – e
isso ocorreu com a ida do Pelé para o Cosmos. Depois disso, o futebol se tornou o
esporte mais praticado pelos americanos com menos de 20 anos.
O senhor se sente querido nos Estados Unidos? Sim, tanto que a
Embaixada dos Estados Unidos fez uma consulta para saber se eu poderia ir à
posse do Obama. A vitória dele me deu uma grande alegria, mas não deu para ir.
Tinha de gravar um comercial e sabia que ia ter gente demais lá. Mandei uma
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mensagem de parabéns. Até já recebi um e-mail dele dizendo que precisa do Brasil
e que deseja trabalhar junto com a gente. Quando o Obama estiver mais calmo, sem
essa pressão de bolsa, passo lá para tomar um café, como fiz com o Kennedy, com
o Nixon e com o Clinton. Agora, outro dia me disseram que o Obama ficou mais
conhecido que o Pelé. Aí, brinquei: "Por enquanto. Em quatro anos, ele pode até
ficar mais famoso, mas eu continuarei a ser rei". Já ouvi até que o Pelé é mais
famoso que Jesus Cristo.
De quem? De um jornalista japonês, durante uma entrevista coletiva.
Como católico, reagi, mas ele se explicou. Disse que parte da população do mundo
é católica, parte é muçulmana, mas a metade que fica na China, no Japão é budista.
Nessa parte do mundo, segundo ele, o Pelé é mais conhecido que Cristo. Por essa
divisão, ele tem razão. Mas não sou eu que digo isso, viu? Depois que os Beatles
disseram que eram mais famosos que Cristo, começou a desgraça e o grupo
acabou. Aliás, se os Beatles são sirs, eu sou Cavaleiro do Império Britânico, título
que ganhei da rainha da Inglaterra. Na cerimônia, os copeiros e garçons do Palácio
de Buckingham quebraram o protocolo para fazer fotos com o Pelé, que nunca
prejudicou a imagem do Brasil e de sua família.
Mas o senhor se disse um pai ausente quando o seu filho Edinho foi
preso por ligação com o narcotráfico. Fui ausente por causa do trabalho e resolvi
falar porque havia muita injustiça com o Edinho pelo fato de ele ser filho do Pelé. O
outro episódio negativo que envolveu o nome do Pelé foi o da filha que o Edson teve
e nem ficou sabendo direito que tinha: a ex-vereadora de Santos Sandra
Nascimento, que morreu de câncer em 2008. Muita gente falou mal do Pelé, acusou-
o de abandonar a filha...
Ela precisou lutar na Justiça para ser reconhecida. Tanto Sandra como
a fisioterapeuta Flávia Kurtz, que também é minha filha, já apareceram adultas. Elas
não eram filhas de namoradas minhas. Nos dois casos, foi uma aventura, e as mães
nunca me procuraram. Nunca tive intimidade com Sandra, mas senti pela sua morte
por ter sido como foi, por ela ter parado de tomar remédios por motivos religiosos.
O Pelé já foi um fardo para o Edson? É difícil carregar a fama do Pelé. É
um desafio minuto a minuto, porque as tentações são muitas. O Edson é humano e
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adoraria levar uma vida mais divertida, mas sabe que é o equilíbrio e a base do
Pelé. Os dois sabem quanto é importante não decepcionar o povo brasileiro.
O senhor continua solteiro? Sim, e não estou procurando namorada. Vai
aparecer naturalmente e todo mundo vai saber, como soube quando comecei a
namorar a Xuxa. Todo mundo soube quando me casei e quando decidi me separar
da Assíria, que é um pouco radical com a religião evangélica. Ela levava os pastores
para casa, mas eu não podia levar os meus amigos católicos. Em catorze anos de
casamento, só pude receber os meus amigos em casa duas vezes.
Mas o senhor tem saído com algumas mulheres? São amigas. Graças a
Deus, sempre tive um monte delas no Brasil, em Nova York... A maioria gravou
comerciais comigo. Depois que gravei com a atriz Isis Valverde, queriam saber se
ela era minha namorada. É só amiga.
O senhor está com 68 anos. Sente o peso da idade? O Pelé é imortal. O
Edson não tem medo de envelhecer, nem de morrer. Agora, eu me preocupo com a
minha saúde. Faço exercícios e fecho a boca para manter o peso: 78 quilos, o
mesmo que eu tinha quando parei de jogar. É bom para a minha altura, 1,72 metros.
Com o topete, ganho mais 1 centímetro. Tenho pouco cabelo branco. Não pinto o
cabelo, só uso um xampu que equilibra a cor. A minha vaidade é andar bem vestido.
Todo mundo pensa que eu compro roupa na Itália ou na França. Na verdade, trago
os modelos.
07/04/04
Daiane dos Santos brilha num
esporte que exige coragem e
sacrifícios de seus campeões
João Gabriel de Lima
Daiane dos Santos decola de costas. Já no ar, gira o corpo de modo a ficar
de frente para sua trajetória de vôo. Continua subindo. Perto de atingir o ponto mais
alto, quando sua cabeça chega a 2,80 metros do solo – quase a altura de uma cesta
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de basquete –, ela rodopia num salto-mortal com o corpo reto, como se fosse uma
hélice cujo eixo passasse pelo abdômen. Já está na descendente quando repete o
giro. O efeito lembra o filme Matrix, com os truques virtuais se materializando no
mundo real. Daiane aterrissa de pé, com os braços abertos para aumentar o
equilíbrio, gesto elegantemente disfarçado em saudação à platéia. O movimento
aqui descrito em câmera lenta dura menos de um segundo. Enquanto você lia as
linhas acima, Daiane poderia teoricamente ter realizado quinze dessas dificílimas
acrobacias. Em 76 anos de competições – a ginástica feminina faz parte dos Jogos
Olímpicos desde 1928 –, ninguém nunca arriscou algo parecido. [...]
Daiane dos Santos é a única ginasta do mundo capaz de realizar esse salto
cujo nome técnico é "duplo twist estendido". Twist porque ela salta de costas e faz
um giro de 180 graus no ar. Duplo porque por duas vezes a atleta dá voltas no ar
sem colocar pés ou mãos no chão, o que configura o salto-mortal. Estendido porque
o corpo fica reto – e é exatamente aí que reside a maior dificuldade. No Mundial de
2003, nos Estados Unidos, Daiane já se firmara como um fenômeno único no mundo
da ginástica ao executar uma manobra altamente difícil, porém mais simples. Foi o
duplo twist carpado. Em vez de ficar reto, o corpo se dobra durante o duplo mortal,
com o tórax num ângulo de 45 graus em relação às pernas, o que facilita o giro. O
movimento recebeu o nome de "Dos Santos", em homenagem a ela. O salto
estendido que Daiane prepara para Atenas é ainda mais complicado. "A chance de
Daiane conseguir uma medalha olímpica inédita para o Brasil é considerável", avalia
o ucraniano Oleg Ostapenko, técnico da Seleção Brasileira de Ginástica Olímpica
Feminina.
Com seu salto, Daiane instaurou um novo Everest na ginástica olímpica.
Daqui por diante, todas as atletas da modalidade vão querer atingir esse topo. Isso a
coloca num grupo seletíssimo – o das ginastas que criaram novos parâmetros no
esporte. A esse time pertencem mitos como a romena Nadia Comaneci e as
soviéticas Olga Korbut e Natalia Yurchenko. É uma proeza e tanto quando se
considera que a brasileira não teve as mesmas condições dessas ginastas. Ela
nasceu numa família de poucos recursos de Porto Alegre, que não podia
proporcionar-lhe treinamento desde os 6 anos de idade, como é recomendado nesse
esporte. Por isso, Daiane só pôde iniciar-se na modalidade aos 12 anos, quando a
maior parte das ginastas já disputa competições internacionais. No começo de sua
carreira, muitos técnicos duvidavam da possibilidade de aquela menina negra de
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descomunal força nas pernas conseguir triunfar em um esporte dominado pelas
potências olímpicas européias. Sugeriam, movidos também pelo preconceito, que
ela largasse tudo e tentasse o atletismo. Daiane, felizmente, não os ouviu. O que
torna seu triunfo ainda mais impressionante é a natureza da modalidade que
abraçou. Uma ginasta é alguém que abdica da infância e da adolescência para ficar
treinando num ginásio. Que se submete a uma dieta alimentar de campo de
concentração para manter a forma. Que literalmente arrisca o pescoço e a vida
todos os dias numa infinidade de saltos que, não por acaso, são chamados de
mortais. Que atrasa voluntariamente o desenvolvimento do próprio corpo para seguir
competindo. E que se acostuma a conviver com a dor, já que as contusões são o
pão de cada dia desse esporte de altíssimo impacto e risco. Está longe de ser uma
coincidência, portanto, que a ginástica olímpica, desde que entrou em sua fase
acrobática, em meados dos anos 70, tenha sido uma especialidade durante tanto
tempo apenas de países que viviam sob ditaduras, como a ex-União Soviética e as
nações que orbitavam em torno dela. Só nesses países era possível ao Estado
arrancar as crianças da família para submetê-las a uma rotina tão desumana. Com
sua difusão no Ocidente, a prática do esporte ficou um pouco menos espartana. Mas
ainda demanda sacrifícios desmesurados, especialmente quando se lembra que
suas praticantes mal saíram da infância. [...]
Ostapenko, o técnico da seleção, é conhecido como o homem que ensinou
Daiane a voar. Mais correto, no entanto, seria dizer que ele ensinou a ginasta a
aterrissar. Daiane sempre teve uma notável força nas pernas – ela é capaz de saltar
a uma distância de 2,40 metros sem tomar impulso, quando uma ginasta média
chega a 2 e um ser humano sedentário mal passa de 1. No salto-mortal, ela se eleva
a 2,80 metros do solo, contra 2 de uma ginasta média. Seu problema, no entanto,
sempre foi a descida. "Ela colocava tanta força no movimento que, na hora de
aterrissar, acabava saindo do tablado uns dois ou três passos, prejudicando sua
nota", conta Adriana Alves, técnica que trabalha com Daiane desde o início da
carreira. Foi por isso que a atleta não conseguiu se classificar para as Olimpíadas de
2000. Viajou para Sydney como segunda reserva. Nas mãos de Ostapenko, a
gaúcha aprendeu a controlar sua força e a cair de pé. "Ela melhorou bastante, mas
até hoje tem muitos problemas técnicos, provavelmente por ter começado tarde", diz
o ucraniano. Segundo ele, Daiane só tem condições de brilhar no solo e se sair
razoavelmente bem no cavalo, onde o uso da força é fundamental. Na trave e nas
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barras assimétricas, seu desempenho é apenas mediano, a anos-luz do de Daniele
Hypólito e de Camila Comin. Boas em todos os aparelhos, as duas são as mais
completas ginastas brasileiras. [...]
Filha de uma família de classe média baixa em Porto Alegre – seu pai é
funcionário da Febem gaúcha –, Daiane dos Santos ganha hoje em torno de 20.000
reais por mês, entre patrocínios e ajuda de custo. Começa a ser um rosto procurado
pela publicidade – na semana em que se preparava para a Copa do Mundo do Rio
de Janeiro, obteve dispensa mais cedo num treinamento para fazer fotos para uma
campanha de uma marca de refrigerantes. Com o dinheiro ganho até hoje, adquiriu
uma casa num bairro de classe média de Porto Alegre. Ainda não pôde, no entanto,
usufruir o imóvel, pois há dois anos está morando em Curitiba. No quarto que ocupa
na casa onde se concentram as ginastas, as paredes são cobertas de fotos. Vê-se
Daiane na Muralha da China, na Acrópole de Atenas, em frente à ponte de Sydney.
Ela adora fotografar – pensa inclusive em seguir a carreira quando largar a ginástica.
Ao contrário da maior parte de suas colegas de seleção, Daiane tem um namorado.
Ela conhece o estudante de educação física Ramón Martins da Silva desde a
infância, em Porto Alegre. Ele luta jiu-jítsu e há duas semanas passou um dia com a
namorada em Curitiba quando foi disputar uma competição na cidade. "Foi a única
vez em que nos vimos nos últimos três meses", suspira ela. Daiane é vaidosa. Gasta
boa parte do que ganha em roupas e bijuterias. Tem um carro pequeno, e sonha
juntar dinheiro para comprar um maior. Adora dirigir. "Este é o meu momento, e eu
tenho de aproveitar", diz. Aos 21 anos, Daiane está em seu auge. Nessa profissão
em que a consagração pode vir em um segundo, o auge também passa num
instante. Daiane aproveita ao máximo seu momento – sabe que hoje, no mundo,
ninguém é capaz de voar como ela.
Após a leitura compartilhada de cada um dos textos, observaremos e
dialogaremos aonde encontramos esses tipos de textos e quais as diferenças entre
eles ao relatarem sobre a vida dos esportistas com “Pelé (Edson Arantes do
Nascimento), Bimba (Manoel dos Reis Machado) e Daiane dos Santos (Daiane
Garcia dos Santos)” e como eles conseguiram chegar ao sucesso. Poderemos
destacar aqui o esportista em si como uma pessoa que representa uma determinada
comunidade e a sua vida particular como cidadão do mundo.
Faremos um paralelo entre a três modalidades de esportes, em quais o
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negro se destaca com maior notabilidade e quais deles se identificam mais com a
nossa cultura brasileira.
Será solicitada aos alunos, a seguir uma pesquisa histórica sobre a
capoeira, destacando sua importância no passado para os negros até a atualidade.
Eles convidarão através da escola, por meio de um ofício, um professor de
capoeira para ser entrevistado e pedirão para que o mesmo faça uma apresentação
de roda de capoeira, ao qual poderá ser também apresentada para toda a
comunidade escolar presente.
Terminadas essas atividades passaremos a um debate, na qual eles poderão
estar se confrontando com idéias favoráveis ou desfavoráveis a respeito dos
assuntos já tratados. Proporcionado a eles até mudar sua própria visão a respeito de
seus preconceitos e conceitos sendo transformados em conhecimento.
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UNIDADE III
RUPTURA DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Conforme Bordini & Aguiar (1988) apresentaremos neste capítulo textos a
serem trabalhados, e também atividades propostas que deverão abalar as certezas
dos alunos, apresentando um grau maior de exigência, porem não fugindo da
temática até agora trabalhada, bem como tratamento, estrutura ou linguagem. Os
alunos deverão perceber que está adentrando em um campo desconhecido por ele,
pois o mesmo tema será abordado de maneira mais complexa.
Nesta etapa estaremos desenvolvendo um trabalho com cinco livros:
Menina Bonita do laço de fia (Ana Maria Machado), O cabelo de Lelê (Valéria
Belém), Agbalá um lugar-continente ( Marilda Castanha) e Jogo Duro era uma vez
uma história de negros que passou em branco ( Lia Zatz) e A cabana do Pai Tomás
(Harriet B.Stowe).
A sala será dividida em 5 grupos aos quais cada grupo escolherá uma obra
para ler. .Os grupos que escolherem A menina bonita do laço de fita (Ana Maria
Machado) e O cabelo de Lelê (Valéria Belém) farão a apresentação do livro em
forma de contação de história para sala. A sala discutirá e perceberá a beleza das
obras que retratam a diversidade étnico-racial de forma em que a criança, o
adolescente se encanta e assim percebe que ser negro ou negra é bonito e bom,
levando a pessoa a ter um auto estima elevada. Depois de ser apresentada pela
turma de forma caracterizada e com os elementos da narrativa este grupo irá
apresentar para as crianças da Escola Municipal João Severino Sales – Ensino de
Fundamental a qual nossa escola é agregada, pois ainda não temos prédio próprio.
O grupo da obra Agbalá um lugar-continente (Marilda Castanha)
apresentará a obra focalizando as tradições africanas, seu habitat, sua historias
através da oralidade, seu culto a ancestralidade, o sagrado e a identidade de seu
povo, desmistificando muitos conhecimentos passados de maneira errônea para
nós. A autora Marilda Castanha apresenta aspectos da história e da cultura de
comunidades étnicas bastante diversa, com os seus modos se semear, colher,
preparar alimentos, dormir, nascer, morrer, viver, mas também de rezar, reverenciar
os antepassados e registrar tudo, não raro, pela escrita e, sobretudo, pela
oralidade[...] e também o papel da escravagismo para a formação e
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desenvolvimento da nação brasileira, a influencia cultural, as lutas dos afro-
descendentes para uma sociedade igualitária. Depois da apresentação esse grupo
fará um painel ilustrado sobre a história de livro que será afixado no pátio da escola.
O grupo da obra Jogo Duro era uma vez uma história de negros que
passou em branco (Lia Zatz). Após ler a obra e refletir juntamente com o seu grupo
irão apresentar essa obra em forma de teatro onde a obra aborda o racismo vivido
por alguns adolescentes que buscam resposta para a forma como foi a escravidão
propriamente dita, pois na escola João instiga a professora que não acha resposta e
nem tempo para verificara verdade sobre ela, então sugere que eles trabalhem em
grupos e que João e o grupo dele pesquisem através da história oral de seu bisavô e
depois o grupo se apresentem, pois a obra traz fatos muito interessantes sobre o
papel do negro na sociedade antes, durante e até os dias atuais .E que a luta é
ainda grande.
O grupo da obra A cabana do Pai Tomás (Harriet B.Stowe). Deverão
apresentar a obra no seu contexto social e cultural, pois é uma obra de literatura
estrangeira, mas o enfoque é o mesmo. Focalizar na personagem do Pai Tomás que
é a figura central do romance. É uma história emocionante, pois conta também dos
acontecimentos cruéis com seus companheiros de infortúnio que comoveu o povo
norte americano, criando um clima de revolta contra a escravidão.Levou o Estados
Unidos “a sangrenta Guerra Civil que culminou com a reunificação do país e permitiu
a libertação dos escravos.Os alunos podem explorar dentro de uma perspectiva
social e econômica fazer um paralelo entre a abolição da escravatura entre o nosso
país e os Estados Unidos mostrando o que realmente estes paises a tomar esta
atitude. E como ficaram a situação dos negros em cada um deles após a abolição.
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UNIDADE IV
QUESTIONAMENTO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Nesta quarta etapa Bordini & Aguiar (1988) a classe exercerá uma análise
crítica, verificando e decidindo quais textos, através dos seus temas e construção
exigiram um nível mais alto de reflexão e, diante da descoberta de seus sentidos
possíveis, trouxeram um grau maior de satisfação. Tornando-os mais seguros dentro
da capacidade de poder provocá-los num momento estão sendo colocados diante
destas leituras diferenciadas. A classe debaterá sobre seu próprio comportamento
em relação aos textos lidos após a análise executada por eles, farão um auto-exame
do progresso que fizeram ao pesquisarem e tomarem atitudes inesperadas por eles.
O passo seguinte será fazer uma pesquisa de campo, através de entrevista
no bairro para detectar as diferentes posições que as pessoas têm diante do
racismo.
Em seguida, convidarão um representante negro militante da sociedade
ibaitiense para uma palestra-entrevista, onde este terá a oportunidade de relatar
sobre sua vida social, econômica e cultural em relação a ser um indivíduo que ocupa
um lugar de destaque na sociedade e como ele enfrentou a discriminação racial em
sua vida e o que o ajudou nisto.
Contaremos também com o nosso convidado de honra presidente da ONG
Afro-globo Cultura Afro-brasileira e Africana, Daniel Abidemi Adebayo Majaro, nativo
africano, da Nigéria, residente na cidade de Curitiba, Paraná. Ele falará da África de
modo diferente mostrando o lado bom que nós não conhecemos. E acreditamos que
será bastante interessante.
Ao final, os alunos farão uma apresentação musical, do Hino da África do
Sul e We are the world (Michael Jackson ) para a comunidade escolar.
Será construído um blog com o título África e Brasil onde os alunos
poderão postar suas opiniões, idéias, comentários, sugestões, curiosidades, etc.,
relacionados aos trabalhos e atividades que estarão sendo realizadas sobre o tema
do negro na sociedade.
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UNIDADE V
AMPLIAÇÃO DO HORIZONTE DE EXPECTATIVAS
Nesta última etapa, conforme afirmam Bordini & Aguiar (1988), ela é
resultante entre a leitura e a vida. Eles perceberão que as leituras feitas não dizem
só a respeito das tarefas escolares, mas ao modo como vêem seu mundo. Os
alunos nesta fase tomaram consciência das alterações e aquisições, obtidas através
da experiência com a literatura.
Essa tomada de consciência é uma atitude individual e grupal dos próprios
alunos. O papel do professor neste momento será provocar os alunos e criar
condições para que eles avaliem o que foi alcançado e o que resta fazer. Desta
etapa em diante os alunos reiniciarão um novo processo de aplicação do método
desenvolvendo sua capacidade de vivenciar e ver com outros olhos a literatura até
agora apreendida passando do senso comum para um senso critico, buscando uma
continuidade do processo em constante enriquecimento cultural e social. Algumas
sugestões de leituras:
1- ASSIS, Machado: Memórias póstumas de Brás Cubas
2- CRUZ, Nelson: Chica e João
3- GRINBERG, Keila: Para conhecer Chica da Silva
4 -GRINBERG, Keila: Para conhecer Machado de Assis
5- LOBATO, Monteiro: Negrinha
6- SAVARY, Flávia. Anabela procura e acha mais do que procura
7- ZIRALDO: O menino marrom
.
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AVALIAÇÃO
A avaliação terá êxito na aplicação desse método recepcional a partir do
momento que os alunos demonstrarem motivação e entusiasmo e tiverem aptos
para ultrapassarem o seu horizonte de expectativas no interesse por novas leituras,
que além de lhe proporcionarem prazer possam contribuir para uma visão de mundo
mais ampla. E também prontos e capazes de analisar textos literários lendo nas
entrelinhas, sempre buscando o foco principal da obra dentro de seu contexto
socioeconômico, histórico e cultural que venham provocar-lhes situações de
questionamentos de seu próprio horizonte cultural.
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REFERÊNCIAS
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LAJOLO, M. Do mundo da leitura a leitura do mundo. 6.ed. Ed. Ática, São Paulo,2002. Série: Educação em ação. LIMA, João Gabriel de. Revista Veja. São Paulo, 7 de abril de 2004. MACHADO, Ana Maria. Menina bonita do laço de fita. 7 ed. São Paulo: Ed. Ática, 2005. MAGNANI, Maria do Rosário Mortatti. Leitura, Literatura e Escola. Ed. Martins Fonte. São Paulo, 1989. Coleção Texto e Linguagem. MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19ª ed. Ed. Brasiliense. São Paulo, 2006. Coleção: Primeiros passos; 74. PARANÁ/SEED. Diretrizes Curriculares Estaduais de Língua Portuguesa. SEED: Curitiba, 2008
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http://arquivoetc.blogspot.com/2009/02/veja-entrevista-pele.html acesso em 20/03/09
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CRUZ, Nelson: Chica e João. 2 ed., São Paulo: Ed. Cosac Naify , 2008.
GRINBERG, Keila; GRINBERG, Lúcia; ALMEIDA, Anita Correia Lima de. Para conhecer Chica da Silva, Rio de Janeiro: Ed Jorge Zahar, 2007.
GRINBERG, Keila,GRINBERG, Lúcia e ALMEIDA, Anita Correia Lima de. Para conhecer Machado de Assis, Rio de Janeiro: Ed Jorge Zahar, 2007.
LOBATO, Monteiro, Negrinha.10 ed., São Paulo: Ed. Brasiliense, 1961.
MACHADO DE ASSIS, Memórias Postumas de Brás Cubas. 8 ed., São Paulo: Ed. Ática, 1981.
SAVARY, Flávia. Anabela procura e acha mais do que procura, Belo Horizonte:Ed.
Dimensão, 2007.
ZIRALDO. O menino marrom. 8 ed., São Paulo:Ed. Melhoramentos, 1990.