UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA
WILSON FERNANDO TEIXEIRA DA SILVA
PLANO SETORIAL DE MÚSICA:
UMA PROPOSTA DE GESTÃO PARA O SETOR MUSICAL DA BAHIA
Salvador
2017
WILSON FERNANDO TEIXEIRA DA SILVA
PLANO SETORIAL DE MÚSICA:
UMA PROPOSTA DE GESTÃO PARA O SETOR MUSICAL DA BAHIA
Trabalho de Conclusão Final apresentado ao Programa de
Pós-Graduação Profissional em Música, Escola de Música,
Universidade Federal da Bahia, como requisito para
obtenção do Grau de Mestre em Música.
Orientadora: Profa. Katharina Doring
Salvador
2017
S586 Silva, Wilson Fernando Teixeira da
Plano Setorial de Música: uma proposta de gestão para o setor musical da
Bahia / Wilson Fernando Teixeira da Silva.-- Salvador, 2016.
74 f.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola de
Música, 2016.
Orientadora: Profa. Katharina Doring
1. Plano Setorial de Música – Bahia. 2. Lei Orgânica da Cultura.
I. Título.
CDD 780
A minha Mãe,
Ruth Teixeira da Silva, pelo exemplo de vida, pela formação de meu caráter, pela
dedicação e carinho sempre presentes. E pela memória de meu Pai, Aldair José da
Silva.
A minha amada Cida, esposa querida, pelo incentivo, confiança, auxílio,
companheirismo e amor a mim dedicados há mais de 23 anos de feliz
convivência.
Aos meus filhos, Heron, Khadija e Thainá, pelo incentivo, amizade e o grande
amor que nos une.
AGRADECIMENTOS
Em primeiro lugar a Deus, pela sua misericórdia, e por me permitir saúde, vontade de viver, e
conduzir-me a escolha da música como profissão de vida.
À Profa. Dra. Katharina Dóring, pela orientação, incentivo, paciência, competência e
confiança dispensados durante o desenvolvimento e conclusão deste trabalho de pesquisa;
Aos meus Professores do Mestrado profissional: Mara Menezes, Flavia Candusso, Lucas
Robatto pela oportunidade da convivência e ensinamentos durante o período do curso, e uma
saudação especial ao Prof. Dr. Paulo Costa Lima, pelo seu jeito de ensinar com muita
intensidade, conhecimento e sabedoria;
Um agradecimento especial ao Prof. Dr. Celso José Rodrigues Benedito, pelo incentivo,
confiança e grande amizade que vem sendo irmanamente cultivada há muitos anos.
Aos novos amigos do Mestrado, turma 2015, André Felipe, Astrid Evers, Clistenes André,
Cristiano Lira, Danilo Valadão, Isabela Rêgo, Franklin Araújo, Hugo Sanbone, Marialice
Regis, Saulo Ferreira, Tiago Lobatto e Valnei Souza, pelo início de fortes amizades,
convivência harmoniosa e companheirismo durante este curso de Mestrado Profissional.
SILVA, Wilson Fernando Teixeira da. 74 f. 2016. Plano setorial de música: uma proposta de
gestão para o setor musical da Bahia. Trabalho de Conclusão Final. (mestrado Profissional em
Música) – Escola de Música, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo registrar suscintamente, através do presente memorial,
a trajetória do plano setorial de música, com destaque para minha atuação pessoal na política
do setor musical na Bahia. Além disso, são apresentadas as atividades como discente no
Mestrado Profissional da Escola de Música da UFBA, abrangendo aquelas exercidas durante a
pesquisa, com a descrição das disciplinas e os respectivos trabalhos realizados. O trabalho é
completado pelo artigo intitulado, “Plano setorial de música: uma proposta de gestão para o
setor musical da Bahia” como resultado da investigação realizada. Em anexo consta a minuta
do Decreto para aprovação do Plano Setorial de Música e texto do referido Plano, e os
formulários de registro das Práticas Profissionais Orientadas.
Palavras-chave: Plano Setorial de Música; Sistema Estadual de Cultura; Lei Orgânica da
Cultura.
SILVA, Wilson Fernando Teixeira da. 74 f. 2016. Sector plan: a management proposal for
the musical sector of Bahia Plano setorial de música: uma proposta de gestão para o setor
musical da Bahia. Trabalho de Conclusão Final. (mestrado Profissional em Música) – Escola
de Música, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2016.
ABSTRACT
The present work aims to record briefly, by means of this memorial, the trajectory of the
music sector plan, with emphasis on my personal performance in the musical sector policy in
Bahia. In addition are presented as activities students in Master of the school of music of the
UFBA, including those carried out during the search, with the description of the subjects and
their work. The work is completed by article titled, "Sector plan: a management proposal for
the musical sector of Bahia" as a result of the research carried out. In annex the draft Decree
account for approval of Sectoral Plan of music and text of the plan, and the registration forms
of Professional-oriented Practices.
Keywords: music sector Plan; State system of culture; Organic law of culture.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CEC - Conselho Estadual de Cultura
CNPC – Conselho Nacional de Política Cultural
ETEFES – Escola Técnica Federal do Espírito Santo
FAZCULTURA - Programa Estadual de Incentivo à Cultura
FUNART – Fundação Nacional de Artes
FUNCEB - Fundação Cultural da Bahia
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IMA – Independência Musical Associada
LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação
MinC – Ministério da Cultura
MPB – Música Popular Brasileira
PSMBa - Plano Setorial de Música da Bahia
PEC – Proposta de Emenda Constitucional
PNC – Plano Nacional de Cultura
PT – Partido dos Trabalhadores
SAI – Secretaria de Articulação Institucional
SEC – Sistema Estadual de Cultura
SECULT – Secretaria Estadual de Cultura
SIC – Sistema de Informações Culturais
SIIC – Sistema de Informações e Indicadores em Cultura
SNC – Sistema Nacional de Cultura
SUDECULT – Superintendência de Cultura
UFES – Universidade Federal do Espírito Santo
UFBA – Universidade Federal da Bahia
SUMÁRIO
1 MEMORIAL
10
APRESENTAÇÃO.............................................................................................................. 10
1.1 UM POUCO DE MINHA HISTÓRIA MUSICAL 11
1.1.1 O despertar para a música.................................................................................... 11
1.1.2 Vivenciando a política musical.............................................................................. 13
1.2 O MESTRADO PROFISSIONAL DE MÚSICA DA UFBA 14
1.2.1 Do projeto de pesquisa........................................................................................... 14
1.2.2 Das disciplinas........................................................................................................ 17
2 ARTIGO ACADÊMICO................................................................................................ 23
2.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................. 24
2.2 A POLÍTICA CULTURAL NO BRASIL: BREVE HISTÓRICO................................ 26
2.3 CRIAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE CULTURA – SNC................................. 28
2.4 O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA ESTADUAL DE CULTURA
DA BAHIA..........................................................................................................................
32
2.5 A CONSTRUÇÃO E IMPLANTAÇÃO DOS COLEGIADOS SETORIAIS DE
ARTES DA BAHIA.............................................................................................................
36
2.6 O PLANO SETORIAL DE MÚSICA DA BAHIA – PSMBa....................................... 38
2.6.1 Objetivos e estratégias do Plano Setorial de Música da Bahia – PSMBa............. 40
2.6.2 A implantação do PSMBa: processos, expectativas e ressonâncias...................... 41
2.6.3 PSMBa - Potencialidades e fragilidades.................................................................. 45
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................................... 47
REFERÊNCIAS.................................................................................................................. 49
ANEXOS 51
ANEXO 1 – Minuta de Decreto do Plano Setorial de Música da Bahia......................... 51
ANEXO 2 – Plano Setorial de Música da Bahia............................................................. 54
ANEXO 3 – Relatório das Práticas Profissionais Orientadas........................................ 60
10
1 MEMORIAL
APRESENTAÇÃO
O presente memorial visa a integralização dos créditos necessários para a conclusão
do Curso de Mestrado Profissional em Música da Universidade Federal da Bahia (UFBA)
iniciado no primeiro semestre de 2015. O Memorial compõe-se de duas partes.
A primeira apresenta a minha trajetória pessoal, abrangendo, a história do meu
despertar para música, descrevendo suscintamente a minha vivencia musical, no que concerne
a estudos e trabalho profissional até o presente momento. E ainda destacando a descoberta da
política da área musical, que tem marcado e transformado a minha atuação na música,
considerando a minha atuação como presidente do Colegiado Setorial de Música da Bahia e
atualmente, como membro titular do Conselho Estadual de Cultura da Bahia.
A segunda parte apresenta o Projeto de Pesquisa intitulado “Plano setorial de música:
uma proposta de gestão para o setor musical da Bahia”, explana sobre as disciplinas cursadas
e seus programas, ementas e os trabalhos disciplinares desenvolvidos ao longo do curso, que
forneceram elementos conceituais importantes para a contextualização e análises do objeto de
estudo, que direta ou indiretamente auxiliaram na compreensão e elaboração da pesquisa.
A pesquisa tem por objetivo principal descrever o novo modelo de gestão de política
cultural, iniciado no Brasil em 2003, compartilhada entre o Poder Público e a Sociedade Civil,
traçando um novo rumo nas decisões sobre as políticas culturais no Brasil. Anteriormente, as
ações das políticas culturais, quando existiam, eram resolvidas nos gabinetes, com decisões
impostas pelo poder público à sociedade.
A mudança ocorrida na gestão do Ministro Gil, e acompanhada pelo seu sucessor Juca
Ferreira, tem como cerne a gestão compartilhada com a sociedade civil. Deste momento em
diante, o Poder Público assumiu a cultura como uma política de Estado. Nesse contexto, tem-
se o Plano Setorial de Música da Bahia – PSMBa, que consta de uma reivindicação ocorrida
durante as Conferências Estaduais de Cultura que ocorreram a partir de 2005, tendo sido
realizadas a cada dois anos na Bahia.
11
1.1 UM POUCO DE MINHA HISTÓRIA MUSICAL
1.1.1 O despertar para a música
Eu nasci carioca da gema, morador da zona norte do Rio de Janeiro, filho de um casal
de mineiros. Um pintor/pedreiro e uma atuante costureira. Cresci ouvindo Dalva de Oliveira,
Maísa, Luiz Gonzaga, Cauby Peixoto, Dircinha e Linda Batista, Ivon Cury, Hebe Camargo,
Dick Farney, Francisco Alves, Dóris Monteiro, Marlene, e a preferida de minha mãe -
Emilinha Borba a rainha do rádio do programa Cesar de Alencar, e como poderia me esquecer
do álbum de recortes das revistas “Fatos e Fotos” e “Manchete” com fotografias de artistas do
rádio que minha mãe, com muito orgulho, colecionava. Já meu pai ouvia Moreira da Silva,
Jamelão, Lupicínio Rodrigues, Nelson Gonçalves e aos domingos os LPs de Glenn Miller
Orchestra, Ray Conniff, Orquestra Tabajara, Bienvenido Granda com “Perfume de
Gardenia”, e a inesquecível voz rouca de Louis Armstrong com seu trompete agudíssimo,
entre outros LPs, que guardo até hoje.
Havia também a música da escola de samba do bairro, “Independentes de Cordovil”.
Mas meus pais, talvez pela mineirice, quem sabe, e por não pertencerem a “tradição” do
samba, não frequentavam os ensaios. Eu ouvia muita música em casa, e gostava de cantar.
Lembro de minha mãe me levando para cantar no Clube do Guri um programa da Rádio
Tupy, uma experiência boa e marcante.
Mudamo-nos para Vitória/ES, e a música continuou sempre presente em minha vida.
Aos doze anos ganhei o meu primeiro violão, e comecei meu aprendizado observando outras
pessoas tocarem. O que me motivava eram as rodinhas de violão, onde rolava o violão
rasgado, como se dizia na época, onde aqueles que sabiam tocar, metiam a mão mesmo. E se
ouvia de tudo, da jovem guarda ao samba enredo, passando pela seresta.
Talvez por observar o meu interesse, minha mãe levou-me ao meu primeiro professor
de violão, Sr. Tassiano, onde comecei a compreender as posições e o nome dos acordes do
violão. Posteriormente estudei com o professor Maurício de Oliveira, um grande violonista
capixaba, que me abriu novos caminhos na execução do violão. Comecei a ouvir Baden
Powell. A partir daí a música tomou conta de mim e passei a me dedicar mais aos estudos.
Por influência de meus pais ingressei, em 1971, no curso técnico de Estradas na antiga
Escola Técnica Federal ES (ETFES), atualmente denominada CEFETs. Continuando a
caminhada nos estudos, algum tempo depois, ingressei na Universidade Federal do ES -
UFES e me formei em Geografia, em 1986, partindo logo depois para a Especialização Latu
12
Sensu em Sensoriamento Remoto na UNESP, em 1987 (Rio Claro/SP). Trabalhei com
cartografia, sensoriamento remoto e georrefenciamento na Fundação Jones dos Santos Neves,
autarquia do Governo do Estado do ES.
Casei e durante alguns anos de minha vida afastei-me da prática e do estudo do violão.
Mas a música sempre estava ali, presente, colada em mim. Alguns anos depois, o casamento
acabou. Apesar de ter trabalhado por mais de uma década como geógrafo, e estar em um
emprego seguro na área de Planejamento Urbano na Fundação Jones dos Santos Neves, a
música sempre esteve presente em minha vida. Mantinha os encontros em rodas para tocar, e
continuava pesquisando de forma tão pulsante, que a partir de 1990, tomei a firme decisão de
abandonar a geografia e passar a me dedicar totalmente à música.
Casei novamente, com alguém que gosta de minha música. Decidimos ir para São
Paulo, em 1994, para estudar. Ela foi fazer Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, e eu
graduação em música. Estudei por dois anos na Faculdade Livre de Música Tom Jobim.
Depois ingressei na Faculdade Mozarteum e me formei em Bacharelado em Música, em 1999.
Neste período tive como professor o violonista Henrique Pinto. Também ingressei em cursos
livres de música, como: Curso de Harmonia com Claudio Leal – arranjador de Ivan Lins, e no
curso de teoria e prática de instrumento na Escola Groove, com Levy Miranda. Entreguei-me
totalmente a viver da música, ministrando aulas de violão, teoria musical, tocando em festas
de aniversário a casamentos. Trabalhei como músico profissional nas noites paulistanas por
muitos anos, que, com certeza foi a minha residência profissional.
Ainda em São Paulo, iniciei o Mestrado em música na UNESP em 2001, mas
abandonei. O meu projeto de pesquisa teria como tema o Congo do Espírito Santo - uma
manifestação musical profano/religiosa, onde são utilizados tambores feitos de pau cavado, às
vezes oco por sua natureza, tendo em uma das extremidades uma cobertura de couro. Eles
tocam um ritmo muito marcante com letras que falam de suas vidas e fatos pitorescos. A
música “Madalena” que foi gravada por Martinho da Vila é um exemplo clássico, e era o
Congo da Barra do Jucú, o local que escolhi para pesquisa. Mas ao constatar que estas
manifestações não aconteciam só no Espírito Santo, mas também em outros Estados do Brasil,
e que já haviam várias dissertações sobre o assunto, parafraseando Roberto Freire - perdi o
tesão e abandonei o Mestrado. Soma-se a isso o fato que já estávamos há dez anos em São
Paulo e tínhamos outros planos.
13
1.1.2 Vivenciando a política musical
Após dez anos de vivencia em São Paulo e a conclusão da graduação em música, nos
mudamos para Salvador/BA, onde iniciei um trabalho com aulas de música em várias escolas,
como: Portinari, SartreCoc, Escola São Paulo. Ao mesmo tempo comecei a desenvolver um
trabalho musical em igrejas, como regente de coral e com cantos litúrgicos durante as missas.
Durante cinco anos, liderei a banda “Oscaravelho”, apresentando composições próprias e
releituras da MPB. Posteriormente, adquiri e coordenei um estúdio de gravação; fui
coordenador geral da Independência Musical Associada – IMA. Com o término da banda
Oscaravelho montei a banda “Musikus.som” para atuar em eventos. Trabalhei também com
produção musical e shows autorais.
Mas o fato que tem marcado e transformado a minha atuação na música, desde que
cheguei a Salvador, foi a “política cultural”. Venho acompanhando desde 2005, dois anos
após a entrada de Gilberto Gil no Ministério da Cultura, este novo modelo de gestão das
políticas públicas para a cultura. Pude observar uma revolução de ideias na política cultural,
com a introdução do conceito de gestão compartilhada, que tem como base a inserção da
sociedade civil nas discussões e decisões destas políticas, ressaltando-se a prioridade do Poder
Público em adotar a cultura como uma política de Estado.
Nesse processo acompanhei a criação das Câmaras Setoriais de Música pela
FUNARTE, participei dos Fóruns Estaduais de discussão sobre a música; acompanhei as
Conferências sobre Cultura tanto a nível nacional como estadual, e participei das Feiras
Internacionais de Música que aconteceram em Recife e Belo Horizonte. Fui eleito membro do
Colegiado Setorial de Música do Conselho Nacional de Política Cultural – CNPC, em
Brasília, e também, no mesmo período, na Bahia, fui eleito membro e presidente do
Colegiado Setorial de Música da Bahia – ligado a SECULT, de 2012 a 2014.
No Colegiado Setorial de Música/BA, entre outros trabalhos, podemos destacar: a
abertura de diálogo com a Secretaria de Educação sobre implantação da Lei 11.769/2008 que
dispõe sobre a obrigatoriedade do ensino de música nas escolas; e a elaboração e conclusão do
Plano Setorial de Música da Bahia - PSMBa, como está previsto na Lei 12.365/2011 - Lei
Orgânica Estadual da Cultura. O PSMBa estabelece diretrizes, objetivos e ações, pelos
próximos dez anos, que promovam, protejam e incentivem a cultura musical considerando a
sua diversidade.
A motivação, portanto, para a realização da minha pesquisa decorre do fato da minha
atuação profissional como músico e produtor musical em Salvador, aliado à participação ativa
14
nos Colegiados, em âmbito federal e estadual, e, consequentemente no processo de elaboração
do Plano, acompanhando desse modo, o momento atual caracterizado por um novo modo de
pensar a cultura, e em particular, o setor musical.
Fui eleito como membro Titular do Conselho Estadual de Cultura da Bahia -
CEC/BA, onde continuo ativo até o final de 2018. Neste sentido e com o propósito de melhor
compreender e contribuir com a erudição e fruição na evolução da cultura musical, retornei à
academia. Busco neste Mestrado Profissional (UFBA) aprofundar meus estudos sobre política
cultural, tendo com recorte a música, por ser minha área de atuação.
1.2 O MESTRADO PROFISSIONAL DE MÚSICA DA UFBA
1.2.1 Do Projeto de Pesquisa
A atuação do Ministério da Cultura (Minc) no Brasil tem como marco divisório o
Governo Lula, em 2003, que trouxe consigo a gestão do Ministro Gilberto Gil, tendo
representado, sem sombra de dúvida, um enorme avanço relativamente ao novo papel que a
importância da cultura e da política cultural passou a desempenhar no cenário nacional. Nesse
sentido, pode-se registrar uma revolução de ideias sobre a gestão cultural, ressaltando a
prioridade em adotar a cultura como uma política de Estado. Além disso, a introdução do
conceito de gestão compartilhada, com a inserção da sociedade civil nas discussões e decisões
com relação às políticas públicas, estratégias e ações, inaugurou um novo paradigma para
alavancar o desenvolvimento e o fortalecimento do setor em nosso país.
Com relação à área musical, em particular, foram realizadas vários esforços e ações
que permitiram ao MinC, em mais de uma década de trabalho, alavancar avanços importantes
na consolidação de uma gestão inovadora e participativa. Dentre as várias ações
implementadas pelo Minc para alavancar a política cultural no país destacamos: em 2005, a
criação da Câmara Setorial de Música pela FUNARTE, instituição pertencente ao Ministério
da Cultura, contando com a participação de representantes dos Fóruns Estaduais de Música e
de diversas entidades públicas e privadas que agregam a cadeia produtiva da música no país.
Foram realizadas sete reuniões, entre maio e dezembro de 2005, tendo como objetivo
diagnosticar os principais problemas e as necessidades da área, possibilitando traçar
estratégias e ações que serviram de base para a elaboração do Plano Nacional de Cultural.
Consolidou-se, desta forma, a participação da sociedade civil na elaboração das políticas
15
públicas voltadas ao setor, bem como na definição de diretrizes, ações e metas a serem
concretizadas por estas políticas.
Ainda nesse sentido, iniciou-se em 2007, a reestruturação do Conselho Nacional de
Política Cultural (CNPC). Em 2009, foi criado o Colegiado Setorial de Música Nacional,
instância que integra o CNPC (Decreto 6.973/2009), consolidando, desse modo, a parceria
entre o MinC e a sociedade civil na construção de políticas públicas para a área musical. Em
2010, o Regimento Interno foi aprovado pelo Ministro de Estado da Cultura - João Luiz Silva
Ferreira.
Outro avanço pode ser registrado em 2010, quando foi sancionada a Lei Federal n.
12.343 que instituiu o Plano Nacional de Cultura e criou o Sistema Nacional de Informações e
Indicadores Culturais – SNIIC, instituindo, desse modo, o Sistema Nacional de Cultura –
SNC.
No Estado da Bahia, o Governador Jaques Wagner sancionou a Lei n°12.365/2011 que
instituiu o Sistema Estadual de Cultura, denominado Lei Orgânica da Cultura, que dispõe
sobre a Política Estadual de Cultura e institui o Sistema Estadual de Cultura – SEC, com seus
componentes, tais como os Mecanismos de Gestão Cultural e as Instâncias de Consulta,
Participação e Controle Social. Entre estes componentes está prevista a instituição dos
Colegiados Setoriais das Artes. Este processo envolveu a participação de representantes de
diversos segmentos: sociedade civil, setores artísticos, Conselho Estadual de Cultura e de
órgãos do governo federal, estadual e municipal.
Em 25 de agosto de 2012 ocorreu a eleição do Colegiado Setorial de Música da Bahia,
realizada na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em
Salvador, com a presença de representantes dos municípios e dos Territórios de Identidade.
Vale ressaltar que a Bahia foi um dos primeiros Estados da federação a implantar o Sistema
Estadual de Cultura e, por conseguinte, os Colegiados Setoriais das Artes.
No período 2013/2014 – referente à primeira gestão do Colegiado Setorial de Música
da Bahia – os titulares discutiram e compilaram as informações das conferências estadual e
territoriais, considerando também as metas do Plano Nacional de Cultura e as diretrizes do
Plano Setorial de Música Nacional, resultando na formulação do Plano Setorial de Música da
Bahia, com ações e metas que deverão ser cumpridas a partir de sua aprovação pelo CEC –
Conselho Estadual de Cultura e sancionado pelo Governador do Estado, passando a auxiliar
na elaboração de políticas públicas para o setor nos próximos dez anos. Com o referido Plano,
objetiva-se dar sustentabilidade à cadeia produtiva da música, através da formação; da
organização e fomento da produção musical, da regulamentação da profissão, e da efetiva
16
implementação de um sistema de informações e indicadores, que sirva de subsídio para a
formulação de políticas públicas para o setor, com a participação da sociedade civil.
Nesse contexto, o projeto de pesquisa tem como propósito realizar uma análise acerca
desse novo modelo de formulação de políticas públicas com a participação da sociedade civil,
tendo como objeto de análise o Plano Setorial de Música/BA, abrangendo os desafios que
estão postos para a concretização das respectivas ações e metas, com vistas à organização da
cadeia produtiva da música na Bahia. O trabalho visa também analisar os avanços
preconizados neste Plano e consequentemente a expectativa de impacto que poderá ocorrer no
setor musical da Bahia em decorrência de sua implantação. Para examinar como se dará esta
transformação no processo de gestão pública das políticas da área musical, é preciso
investigar o comportamento e consciência participativa dos agentes envolvidos.
Além das pesquisas documentais e bibliográficas busquei incluir como metodologia
um pequeno estudo de caso participativo, mediante reuniões presenciais e a realização de
entrevistas semiestruturadas. Elegeu-se como área de estudo o bairro do Candeal, devido a
tradição do bairro, da concentração de músicos profissionais que vivem os vários problemas
que angustiam o setor musical, e que reflete a realidade da maioria dos bairros de Salvador
com agravantes para o interior do Estado. Nessas reuniões foi possível perceber a necessidade
de apoio, que os músicos profissionais de diversos contextos socioculturais e demais agentes
que integram o setor musical da Bahia, precisam para se organizar e exigir a participação no
mercado de trabalho, através de políticas de incentivo, fomento, reparo, formação, acesso e
valorização profissional.
O processo de elaboração do trabalho de pesquisa se desenvolveu a partir de reuniões
periódicas com a Orientadora, nas quais eram discutidos a revisão bibliográfica e o tratamento
dos dados obtidos nas entrevistas semiestruturadas.
A presente pesquisa se justifica, em primeiro lugar, pela necessidade de sistematização
desse processo e da análise dos avanços na formulação de políticas públicas, onde se
preconiza o diálogo entre Estado e sociedade civil. Em segundo lugar, a referida análise
poderá contribuir como subsídio para uma revisão futura das ações e metas do Plano. Em
terceiro lugar, pela originalidade da proposta, haja visto não haver nenhum estudo específico
sobre o tema proposto. A motivação para a realização da pesquisa decorre do fato da atuação
ativa do músico proponente nos Colegiados Setoriais de Música: nacional (CNPC), como
delegado eleito; e no estadual, como Presidente do Colegiado, tendo acompanhando desse
modo, o momento atual caracterizado por um novo modo de pensar a cultura, e em particular,
o setor musical.
17
1.2.2 Das disciplinas
MUS 539 - Fundamentos da Educação Musical I - Profa: Mara Menezes Kröger
A disciplina procura estudar as bases sociológicas, históricas e filosóficas da
educação musical. Introduz nas teorias psicológicas da aprendizagem aplicadas ao ensino da
música e observa áreas de pesquisa em educação musical.
Conteúdo programático: Textos sobre o ensino da música; História da educação musical no
Brasil; Métodos, teorias e abordagens de Educação Musical.
As aulas focaram na leitura e discussão de textos sobre o ensino da música e porquê
ensinar músicas nas escolas, destacando autores como: Maura Penna, Beineke e Couto. Além
disso, foram realizados Seminários onde cada aluno apresentou um período da história da
educação musical no Brasil. São eles: A vida musical e ensino de música no Brasil colônia
(1500 – 1808); A vida musical e ensino de música no Brasil império (1808 – 1888), Rumos da
Educação durante a primeira e segunda repúblicas (1889 – 1936); Villa-Lobos e o Canto
orfeônico (1920 – 1944); Legislação brasileira: LDB 5.692/71, 9.394/96, PCN e Lei
11.769/08 e Diretrizes do CNE para o ensino de música; Educação musical hoje (Brasil e
Bahia): contextos e espaços. Apresentei o Seminário discorrendo sobre Diretrizes do CNE
para o ensino de música, focado na Lei nº 11.769, de 18 de agosto de 2008, que altera a Lei nº
9.394, de 20 de dezembro de 1996, Lei de Diretrizes e Bases da Educação, para dispor sobre a
obrigatoriedade do ensino da música na educação básica.
Em seguida foi programado o segundo Seminário, no qual cada aluno realizou uma
apresentação sobre Métodos, teorias e abordagens de Educação Musical. Os educadores
apresentados foram: Dalcroze, Kodály, Willems, Orff, Martenot, Suzuki, Schafer, Paynter,
Joel Barbosa, Lucas Ciavatta, Pontes e Jusamara Souza. Neste apresentei o método
pedagógico desenvolvido por Martenot, educador que além de contribuir na criação de uma
boa proposta pedagógica de ensino musical, também traz uma parcela de contribuição na área
de execução musical como inventor, com a criação do instrumento “Ondes Martenot”.
É importante ressaltar que, este primeiro contato com a disciplina Fundamentos da
Educação Musical I, foi muito enriquecedor na minha compressão sobre o ensino musical. Me
graduei como Bacharel em música, e tinha como visão musical, uma tendência para o
tecnicismo, a formação do músico executante e performático. Também nos foi requisitado a
elaboração de um memorial sobre a história da minha vida desde a mais tenra idade. Foi uma
experiência avassaladora, onde pude me conhecer melhor, e recordar dos bons e difíceis
18
momentos, através das lembranças vividas. Agradeço a dedicação e delicadeza da Professora
Mara, no envolvimento e condução de nossas aulas.
MUS 549 – Fundamentos da Educação Musical II - Profa. Flavia Candusso
A disciplina Fundamentos II busca dar continuidade aos estudos das bases
sociológicas, históricas e filosóficas da educação musical. Indica teorias psicológicas da
aprendizagem aplicadas ao ensino da música e observa áreas de pesquisa em educação
musical. Tem por objetivos: aprofundar as discussões e as argumentações a respeito da
importância do ensino de música na escola e em diversos contextos educacionais; ampliar a
percepção e potencializar olhar sensível sobre a realidade que nos circunda; pesquisar,
analisar e discutir conceitos de música a partir de diferentes perspectivas; conhecer e
estabelecer conexões entre educação musical e etnomusicologia, e educação musical e música
popular; discutir as relações étnico-raciais tendo em vista a aplicação das Leis 10.639/03 e
11.645/08 nas aulas de música; vivenciar práticas de ensinar música em diferentes contextos.
Conteúdo programático: Textos sobre o ensino da música; História da educação musical no
Brasil; Métodos, teorias e abordagens de Educação Musical, e atividades como apresentar um
resumo expandido do trabalho final.
A disciplina apresentou vários textos para leitura e discussão, em que destacamos: “Os
Velhos Capoeiras Ensinam Pegando na Mão” de Pedro Rodolpho Jungers Abib; “As Cores do
Som: Estruturas e Concepção Estética na Música Afro-Brasileira” de Tiago de Oliveira Pinto.
Com a disciplina pude aprofundar meus conhecimentos e questionamentos sobre educação
numa visão global, através da análise do documentário “ESCOLARIZANDO O MUNDO”
que mostra a tentativa de expansão e imposição do imperialismo americano com a utilização
da educação na desconstrução dos costumes e modos de vidas outros países, e ficando
evidente a hegemonia imposta pelos países dominantes, na introdução de uma pedagogia
educacional que não considerava a cultura, nem os costumes regionais dos países em questão.
Vários textos foram apresentados para leitura e discussão, podendo-se destacar:
“MÚSICA EM DEBATE: perspectivas interdisciplinares” de Samuel Araújo, Gaspar Paz e
Vincenzo Cambria – Organizadores; “Boniteza de um sonho: ensinar-e-aprender com
sentido” de Moacir Gadotti. Também filmes e documentários foram apresentados como:
“Janela da Alma” de João Jardim e Walter Carvalho, que trata a questão da sensibilidade, do
conhecimento e entendimento que o ser vivo poderá ter do mundo, destacando o ser humano,
utilizando o foco da câmera durante o documentário como o olho do observador, com cenas
desfocadas ou fora do foco do ponto de vista “normal”.
19
Outro filme apresentado para discussão foi “ESCOLA DE ROQUE”, dirigido
por Richard Linklater, em que a narrativa gira em torno de um músico desempregado, expulso
de sua banda, que resolve aceitar dar aulas em uma escola particular, mesmo sem ter licença
para lecionar, assumindo a identidade de um amigo que possui esta licença. Ele
intuitivamente, começa a utilizar uma pedagogia baseada na execução de um projeto de
formação de uma banda de rock onde é valorizada a participação ativa dos alunos no processo
ensino-aprendizagem. Através da discussão sobre o filme foi possível conhecer e questionar
os problemas pedagógicos e os desafios enfrentados por um professor de música em sala de
aula.
Como parte da disciplina aconteceram também aulas com a Professora Laila Rosa,
com estudos de gênero, com a leitura e debate sobre o livro “Estudo de gênero, corpo e
música: Abordagens metodológicas”, focado na participação da mulher como compositora,
instrumentista, na tradição do samba carioca, na projeção internacional e na educação
musical. Trata também da problematização de gênero nas entrevistas e análises de
participação de mulheres negras. Externo o meu agradecimento a Professora Flávia Candusso
pela excelente condução dos debates em sala de aula e na criteriosa escolha dos temas
apresentados.
MUS 502 - Estudos Bibliográficos e Metodológicos - Prof. Dr. Paulo Lima
A disciplina trata dos estudos abrangentes das principais categorias de recursos
bibliográficos para os estudos musicais e musicológicos. Avaliação de seu potencial, como
categoria, a ser aferido pelo confronto do tratamento de tópicos específicos de interesse do
pós-graduando, nas diversas obras de referência consultadas. Técnicas de pesquisa,
documentação e redação de trabalhos científicos. Estilos bibliográficos. Apresentação e
discussão de relatórios orais, semanais, sobre os tópicos individuais selecionados, visando a
informação bem documentada e o desenvolvimento da capacidade crítica. Elaboração e
redação de trabalho final, de interesse bibliográfico e documental. Tem por objetivo realizar
estudos sobre a abordagem de métodos de pesquisa, conhecer novos conceitos e definir, de
forma consciente, o método de pesquisa a ser utilizado no projeto de estudo de cada aluno,
como também na escolha dos autores consagrados para a construção do conhecimento.
Todos os alunos apresentaram os seus respectivos projetos de pesquisa em sala de
aula, com o objetivo de argumentar e debater com a classe a sua investigação, objetivando
neste sentido repensar e melhorar o título e clarear o entendimento sobre o seu objeto de
pesquisa. Esta ação foi muito importante para todos, pois realmente agregou substancialmente
20
conteúdo em nossos trabalhos, pois percebe-se que os alunos geralmente possuem problemas
em definir qual o método a ser utilizado, como também quais autores deve buscar para a
construção do conhecimento.
Também nos foi entregue um glossário com frases, termos e palavras para serem
pesquisados, com o intuito de auxiliar a compreensão dos textos relativos à pesquisa
científica. Textos de enfoque na delimitação temática de métodos, análises de dados, revisão
bibliográfica, entrevistas e questionário, análise e relatório final, foram apresentados para
leitura e discussão, trazendo, desta forma, subsídios para elaboração e embasamento de nossos
trabalhos.
Quero ressaltar que as aulas em módulos foram muito interessantes para a
concentração na “tempestade” de informações e ideias introduzidas pelo Prof. Paulo Lima.
Destaco, por conseguinte, uma atividade que ele denominou de “Folha de Almirante”, onde,
num primeiro momento, o aluno deveria condensar todo o seu projeto de pesquisa em apenas
uma folha de papel ofício, com título, objeto de estudo, objetivos, justificativa metodologia e
resultados esperados. Confesso que num primeiro momento, achei impossível. Mas foi, sem
dúvida, o exercício mais desafiador e recompensador que experimentei neste mestrado. Além
disso, o trabalho final constou da apresentação de 10 páginas de Almirante, sobre dissertações
ou teses que cada aluno deveria buscar no Repositório Institucional da UFBA – Comunidade
de Música. Escolhi e li dez trabalhos e preparei as páginas em um mês, Apesar de cansativo,
auxiliou muito na elaboração e finalização de meu projeto de pesquisa. Ao Prof. Paulo Lima
devo agradecer pela sua generosidade e dedicação ao nosso aprendizado e em particular ao
meu crescimento intelectual, em que apesar de constatar que pouco sei, e que tenho muito a
aprender, o trabalho consciente do pesquisador é muito importante e compensador.
MUS D46 - Estudos Especiais em Educação Musical - Música e Cultura Profa. Katharina
Doring
A disciplina trata de subsídios teóricos e práticos e para uma educação musical
baseada nas dimensões culturais da tensão entre global, nacional e local. Cultura, multi-
culturalidade, diversidade e identidade cultural. Estudos Culturais, Sound Ecology, Global
Music Education, Etnomusicologia, Popular Music Studies, História oral e os métodos ativos
em educação musical que apontam para teoria e prática da educação musical contemporânea
no Brasil.
Tem por objetivo obter maior conhecimento pessoal na área de educação e no
desenvolvimento da pesquisa. Foram apresentados durante o curso vários textos para leitura e
21
discussão, que foram distribuídos de acordo com os temas dos vários seminários propostos,
divididos entre 1. Ecologia e paisagem sonora, audição musical ativa; 2. Estudos culturais e a
música da diáspora africana; 3. Musica Popular como campo de estudos (internacional), com
foco na música popular brasileira. Ao meu grupo, composto por três alunos, coube o tema:
“Popular Music no contexto euro-americano e/ou na música popular brasileira: história,
consumo, comportamento e mercado musical em torno das músicas “pop” e suas
consequências e debates e teorias para a educação musical”. Para este seminário, foram
propostas várias leituras, entre outros de autores internacionais, os seguintes textos no
contexto brasileiro: “Consumo da música periférica: cultura, identidade e representações
Sociais” de Cristiano Nascimento Oliveira e Leonardo Trindade Araújo; “A Estética do
Brega: Cultura e Consumo e o Corpo nas Periferias do Recife” de Fernando I. Fontenella; “A
Música Popular Brasileira (MPB) dos Anos 70: resistência política e consumo cultural” de
Marcos Napolitano; “Música popular massiva e gêneros musicais: produção e consumo da
canção na mídia” de Jeder Janotti Junior; “Abordagens Teóricas para Estudos Sobre Cultura
Pop” de Thiago Soares.
Paralelo ao estudo dos três tópicos principais, nos foi requisitado a elaboração de um
Time-line musical, em que cada aluno deveria apresentar a história e memoria da música
escutada e percebida ao longo de sua vida, desde a mais tenra idade. Esta atividade está
baseada na pesquisa “A Música Começa na Pessoa” – Memoria e Construção Musical
Subjetiva, desenvolvida pela Professora Katharina Doring, a partir dos autores alemães
Christoph Khittl e Christian Harnischer.
Foi uma experiência avassaladora, onde pude me conhecer melhor musicalmente, e
entender, por assim dizer, a origem do meu gosto musical. O meu time-line musical foi
preparado com as principais músicas que busquei lembrar, que marcaram minha vida, desde a
minha infância até hoje. Iniciei um vídeo-time-line pela época de ouro do rádio, por influência
de minha mãe, com artistas como: Emilinha Borba e Marlene; com a dor de cotovelo de Dalva
de Oliveira, Lupicínio Rodrigues, Maísa; O romantismo de Dalva de Oliveira e Cauby
Peixoto, Francisco Alves; e por influência de meu pai, as grandes orquestras, como: Glenn
Miller, Ray Conniff, Orquestra Tabajara, Moreira da Silva, Bienvenido Granda e o Sathmo
Luiz Armstrong.
Na sequência foi incluída a Jovem Guarda com Roberto e Erasmo Carlos, Golden
Boys, e também neste período o som de Simonal que muito me influenciou; a Tropicália com
Gil, Caetano, Novos Baianos; então fui descobrindo Dorival Caymmi, Elizeth Cardoso; Tim
Maia, Jorge Benjor; de súbito percebi a Bossa-Nova com Tom Jobim, Vinícius de Morais,
22
João Gilberto, e a minha grande influência no violão - Baden Powel; descobri também o
samba com: Paulinho da Viola, Cartola, Ivone Lara, Zeca Pagodinho, Martinho da Vila,
Clementina de Jesus, Clara Nunes. Atualmente a MPB é muito presente em minhas audições,
com destaque para Chico Buarque, João Bosco, Djavan, Ivan Lins, Lenine, mas procuro ouvir
de tudo, música Brasileira, Internacional, clássica, folclórica. O meu Vídeo-Time-line tem
cinquenta e três minutos, e a última música é de minha autoria, intitulada “Feitiço da
Maresia”, que mostra a mistura das minhas influências musicais.
Quero agradecer de forma especial a Professora e Orientadora Katharina, pelo
mergulho que me conduziu às minhas lembranças musicais, que me fez recordar de momentos
tão bons e marcantes em minha vida, através da música. E também pela paciência e sabedoria
que conduziu e me orientou durante a elaboração do meu trabalho de pesquisa. Que Deus
abençoe a todos meus mestres e que lhes conceda saúde e vida longa, para que muitos possam
ter conhecimento com sabedoria.
23
2 ARTIGO ACADÊMICO
PLANO SETORIAL DE MÚSICA:
UMA PROPOSTA DE GESTÃO PARA O SETOR MUSICAL DA BAHIA
RESUMO
O presente artigo apresenta uma investigação sobre o processo histórico de implantação do
Colegiado Setorial de Música da Bahia - CSMBa, e da elaboração do Plano Setorial de
Música da Bahia – PSMBa, por este Colegiado. Esta investigação utilizou como técnicas de
pesquisa o levantamento bibliográfico e documental e a observação participante. A pesquisa
de campo foi realizada entre 2013 e 2014, durante a primeira gestão do CSMBa. Utilizou
como desenho metodológico a pesquisa qualitativa, abrangendo cinco etapas:
Contextualização da política cultural no Brasil e no Estado da Bahia de 2005 a 2014; Análise
da estruturação do Colegiado Setorial de Música da Bahia, Análise do Plano Setorial de
Música da Bahia considerando seu potencial de mudança para o setor musical;
Contextualização da construção e implantação dos Colegiados Setoriais das Artes; O processo
de construção do PSMBa: objetivos, estratégias, potencialidades e fragilidades do plano. O
referencial teórico está fundamentado em autores que discutem este modelo de gestão
cultural, ressaltando a prioridade em adotar a cultura como uma política de Estado,
considerando, além disso, a introdução do conceito de gestão compartilhada. Esta pesquisa
trará como contribuição, a sistematização do processo de construção do PSMBa, junto com a
análise dos avanços na formulação de políticas públicas, onde se preconiza o diálogo entre
Estado e sociedade civil.
Palavras-chave: Plano Setorial de Música da Bahia, Política Cultural, Sistema Estadual de
Cultura, Lei Orgânica da Cultura.
ABSTRACT
This article presents a research on the historical process of Collegiate Music Industry
deployment of Bahia-CSMBa, and Sectorial plan of music of Bahia-PSMBa, by this Board.
This investigation used as research the techniques bibliographical and documental and
participant observation. The field research was carried out between 2013 and 2014, during the
first administration of the CSMBa. Used as methodological design the qualitative research,
covering five stages: Contextualization of cultural policy in Brazil and in the State of Bahia in
2005 to 2014; Analysis of the structuring of the Music sector Collegiate of Bahia, analysis of
the Sectoral Plan of music of Bahia considering your potential for change for the music
industry; Contextualization of the construction and implementation of the Sectoral
Committees of the arts; The process of construction of the PSMBa: objectives, strategies,
strengths and weaknesses of the plan. The theoretical framework is based on authors who
discuss this model of cultural management, emphasizing the priority in adopting the culture as
a State policy, considering, in addition, the introduction of the concept of shared management.
This research will bring as a contribution, the systematization of the process of construction of
the PSMBa, along with the analysis of the advances in the formulation of public policies,
where calls for dialogue between State and civil society.
Key words: Sectoral Plan of music, Cultural Policy, State System of culture, organic law of
culture.
24
2.1 INTRODUÇÃO
O presente artigo foi motivado pela participação ativa na elaboração do Plano Setorial
de Música da Bahia (PSMBa), durante o período em que o autor presidiu o Colegiado Setorial
de Música, de 2013 a 2014, visando contribuir no questionamento de uma realidade
socioeconômica deficitária e de uma ação política equivocada para os músicos brasileiros, em
particular os baianos, e para os profissionais envolvidos na cadeira produtiva da música.
A pesquisa tem como objetivo apresentar e avaliar o processo de elaboração do
PSMBa, que visa desenvolver uma nova gestão de políticas públicas para a área musical, que
possa orientar e incrementar as ações do poder público para o setor, no contexto do processo
de mudança de paradigma de gestão da área cultural que vinha ocorrendo no Brasil, com a
proposta de implantação do Plano Nacional de Cultura.
O setor musical da Bahia encontra(va)-se desorganizado e explorado por empresários
de shows e de uma indústria musical voltado exclusivamente para megaeventos (vide
Carnaval), com o pagamento de baixíssimos caches aos músicos e demais integrantes da
cadeia produtiva da música, como técnicos de som, luz, assistentes de palco. Nesse contexto,
apesar do movimento “axé”, que explodiu na década de 1980, ter contribuído para a criação
de um modelo bem-sucedido do cenário musical baiana, em nada modificou a condição
profissional precária da grande maioria dos músicos profissionais, tendo privilegiado uma
pequena parcela de artistas/interpretes, e uma parte do empresariado dominante do setor
musical da Bahia, voltados unicamente para o mercado de consumo em massa. Segundo
pesquisadores, como Moura (2001), o movimento axé construiu a identidade musico/cultural
baiana, apoiada principalmente pela mídia patrocinada e pelos interesses do empresariado do
setor musical.
Apesar da mesmice devido à crise criativa e artística, o carnaval baiano foi, e continua
sendo, o grande palco do movimento axé, onde a mistura de ritmos dialoga com a Bahia
tradicional e contemporânea. Acontece que é justamente nesse ambiente que se observa as
maiores distorções do setor musical, já que o mesmo não foi direcionado em benefício e
aperfeiçoamento dos músicos e agentes envolvidos na cadeia produtiva da música. Os
empresários continuam insistindo em um modelo que está se esgotando, haja vista a evidente
25
diminuição da venda de “abadas”1 e a preocupação dos blocos em sair pelo menos uma vez
sem “cordeiro”2 durante o carnaval.
Em movimento contrário, a partir de 2005, tem início na Bahia o processo de
construção do Sistema Estadual de Cultura, durante o governo de Jacques Wagner,
consolidado posteriormente, em novembro de 2011, com a aprovação da Lei Orgânica da
Cultura, em sintonia com o processo de transformação cultural nacional que teve início a
partir de 2003 na política cultural em âmbito federal, em que a participação da sociedade civil
se tornou política de Estado.
Para a realização da pesquisa de caráter qualitativo, foi utilizada a pesquisa
bibliográfica (livros, dissertações e teses) e documental (leis; documentos das políticas
públicas culturais; textos das Conferências Estaduais de Cultura da BA). Em caráter
complementar, foi realizada uma pesquisa de campo no bairro Candeal em Salvador, onde
reuni diversas vezes com músicos do bairro, para debater o PSMBa e conhecer melhor suas
realidades e necessidades enquanto músicos na sua grande maioria não formados em
universidades, o que que representa a realidade da maioria dos profissionais do setor musical
da Bahia. Foi utilizado um questionário simples para compreender mais sobre suas
preocupações e indagar seus conhecimentos prévios sobre o processo e sentido da criação do
PSMBa.
O artigo está estruturado em cinco tópicos. O primeiro tópico trata da
contextualização da política cultural no Brasil e no Estado da Bahia, ressaltando os principais
momentos de mudança nas políticas culturais ocorridos no país. O segundo tópico relata a
criação do Sistema Nacional de Cultura – SNC, a partir de uma análise sobre a aplicação da
proposta de gestão compartilhada, com a inserção da sociedade civil nas discussões e decisões
com relação às políticas públicas, estratégias e ações, com vistas a alavancar o
desenvolvimento e o fortalecimento do setor cultural. O terceiro tópico aborda sobre o
Sistema Estadual de Cultura da Bahia, observando as dificuldades e a importância da
participação da Bahia neste novo modelo de gestão cultural. O quarto tópico discorre sobre a
construção e implantação dos Colegiados Setoriais das Artes, descrevendo as etapas de
implantação e o seu papel fundamental na democracia participativa. O quinto tópico apresenta
o processo de construção do Plano Setorial de Música da Bahia (PSMBA), acompanhado da
análise dos avanços na formulação de políticas públicas, onde se preconiza o diálogo entre
1 Abadá - Nome que se dá a fantasia ou camisa que é usada para ter acesso aos blocos de carnaval em Salvador. 2 Cordeiro - Pessoa contratada pela organização do bloco para segurar a corda, mantendo a delimitação dos
foliões da pipoca (sem abadá).
26
Estado e sociedade civil, e de uma visão interna pela participação ativa do autor no processo,
observando os objetivos e as diretrizes de atuação do plano, e sobre o financiamento e
monitoramento do mesmo; a expectativa de operacionalização e aplicação no contexto atual, a
partir de uma visão externa – com base na investigação junto à músicos profissionais; e a
análise sobre as potencialidades e fragilidades do PSMBa.
É importante ressaltar a observação participante do autor em organismos de controle
da gestão cultural, acompanhando, desde 2005, as Conferências, Nacional e Estadual de
Cultura, e a participação ativa no período 2013/2014, durante a primeira gestão do Colegiado
Setorial de Música da Bahia, quando eleito como membro titular e presidente, através de
eleição conduzida pela FUNCEB. A partir de 2015, até o momento atual, como Conselheiro
Titular do Conselho Estadual de Cultura da Bahia (CEC) e integrante da Comissão de
fiscalização do Fundo de Cultura.
Por fim, o presente artigo visa contribuir para a reflexão do tema e revisão futura dos
objetivos e ações propostas pelo plano, adequando soluções para os novos desafios
encontrados no setor musical da Bahia, considerando a atual conjuntura política do país e do
Estado da Bahia que não conseguiu colocar em pratica, os avanços iniciais empreendidos pela
participação da sociedade civil nas instituições recentemente implantadas, mas estagnadas na
ação concreta.
2.2 A POLITICA CULTURAL NO BRASIL: BREVE HISTÓRICO
A história da política cultural no Brasil, como relata RUBIM (2007, p.101) “pode ser
condensada pelo acionamento de expressões como: ausência, autoritarismo e instabilidade”.
A partir da “Era Vargas” (1930) até a crise do neoliberalismo, em 2002, podemos aventar a
hipótese de que a história da política cultural no Brasil está sintetizada em quatro momentos
principais:
O primeiro, durante o governo de Getúlio Vargas – 1930 a 1945 e de 1951 a 1954,
onde as políticas públicas na área cultural eram concentradas no governo federal;
O segundo, no período da ditadura militar, de 1964 a 1985, onde as expressões
artísticas foram deliberadamente vigiadas e censuradas, e as políticas culturais eram
decididas autoritariamente pelo poder militar central;
O terceiro momento, com a redemocratização do País e promulgação da Constituição
de 1988, bem como a criação do Ministério da Cultura, em 1986, que reforça o
discurso da participação da sociedade civil nas políticas públicas;
27
O quarto se inicia em 1990 até 2002 com a introdução do modelo neoliberal que
conduziu a Reforma do Estado, como afirma GUIMARÃES (2007, p. 1), “o processo
de redemocratização foi infiltrado pelo discurso da redução dos gastos públicos e
diminuição do tamanho e dos papéis do Estado. A cultura tornou-se um “problema de
mercado” e nesse período se consolidou a política baseada na renúncia fiscal”.
Neste contexto, pode-se constatar que o longo período de estado de exceção que o
Brasil atravessou – de 1964 a 1985, sem dúvida, foi o principal fator que causou uma certa
apatia no povo brasileiro, uma espécie de recolhimento em exercer a sua cidadania de forma
plena e participativa, na exigência de seus direitos constitucionais, apesar de sempre
realizarem ações que corroboraram para reestruturação da cultura brasileira, como afirma
Rubim:
A ditadura reafirmou a triste tradição do vínculo entre políticas culturais e
autoritarismo. Os militares reprimiram, censuraram, perseguiram,
prenderam, assassinaram, exilaram intelectuais, artistas, cientistas e
criadores populares, mas, ao mesmo tempo, constituíram uma agenda de
“realizações” nada desprezível para a (re-)configuração da cultura no Brasil.
(2012, p. 34)
Nos vinte e um anos da ditadura no Brasil, a gestão cultural ficou sufocada. As artes
foram censuradas, reprimindo a sua expressão e criação, o que levaria vários anos para se
configurar uma ação cultural renovada e expressiva. A música e cultura brasileira sempre
foram criativas e surpreendentes, apesar de muitos baques que levou, mas principalmente nos
últimos treze anos, pode-se observar um significativo crescimento na participação da
sociedade civil nos espaços de discussão sobre políticas culturais, tais como, Conferências de
Cultura, Fóruns de Gestão Cultural, Fóruns de Educação, entre outros espaços do âmbito da
cultura, demonstrando um aumento no interesse da participação dos agentes envolvidos.
A partir de 2003, surge um marco divisório e histórico na atuação do Ministério da
Cultura (Minc), a partir da gestão do Ministro Gilberto Gil, no momento em que se insere a
consulta e participação da sociedade civil nas decisões das políticas públicas de cultura,
rompendo, desta forma com a ultrapassada prática de decisões de gabinete. Nesse contexto, o
poder público assume a cultura como uma Política de Estado, representando sem dúvida, um
enorme avanço, com relação ao novo papel que a cultura passou a desempenhar no cenário
nacional, de acordo com Guimarães:
Com a crise do modelo neoliberal e dos programas de enxugamento do
Estado, em 2002, a Coligação liderada pelo Partido dos Trabalhadores (PT)
28
vence a eleição para o governo federal e lança um amplo discurso de
participação social na gestão pública, sobretudo na área de cultura. O PT
apresenta a política do governo federal para a cultura, o Sistema Nacional de
Cultura (SNC), um sistema articulado de gestão, informação e promoção de
políticas públicas de cultura, com objetivo de democratizar a gestão e
construção das políticas públicas culturais e ampliar a participação social.
Apenas em 2004 começou-se a discutir nos estados e municípios do país a
ampliação da participação social na construção das políticas públicas
culturais. (GUIMARÃES, 2007, p.1)
Nesse sentido, pode-se registrar uma (r)evolução de ideias sobre a gestão cultural.
Além disso, a introdução do conceito de gestão compartilhada, com a inserção da sociedade
civil nas discussões e decisões com relação às políticas públicas, estratégias e ações,
inaugurou um novo paradigma para alavancar o desenvolvimento e o fortalecimento do setor
cultural. Entretanto, a mudança radical imposta a partir de maio 2016, com a entrada abrupta
do governo Temer, trouxe medidas que invertem o conceito sobre a política de participação
social nas decisões de políticas públicas, implantadas nos últimos treze anos. A manutenção
dos espaços democráticos é vital, para continuidade dos avanços implementados, pois é
preciso, segundo Mamberti,
Redefinir formas de convívio social, explodir as matrizes do pensamento
excludente embrutecedor que sedimenta o secular pacto das elites no Brasil,
garantir direitos constitucionais já existentes, criar novos direitos e eliminar
privilégios são compromissos essenciais para uma gestão democrática da
cultura, assumindo o cidadão como prioridade (MAMBERTI, 2003, p. 15).
As decisões impostas pelo governo atual demonstram um temeroso retrocesso com
respeito aos avanços sociais conquistados na história política recente. Nesse contexto, minha
pesquisa e atuação contribui para uma reflexão crítica sobre gestão cultural, a partir da
concepção da cultura como uma política de Estado, iniciados e implementados na gestão de
Gilberto Gil no Ministério da Cultura, com ênfase na análise do processo de elaboração do
PSMBa.
2.3 CRIAÇÃO DO SISTEMA NACIONAL DE CULTURA - SNC
A partir de 2003, com a posse do Governo Lula, inaugurou-se no Brasil uma nova era
para a cultura brasileira. O modelo das políticas culturais utilizado no país, por governos
anteriores, era muito criticado pela classe artística, intelectuais e produtores culturais, que
preconizavam o apoio do Estado da formulação democrática das políticas públicas e de gestão
da cultura, considerando que a Constituição Federal de 1988 já garantia o exercício dos
29
direitos culturais a todos os cidadãos brasileiros. As tendências de uma nova forma de gestão
de políticas culturais já podiam ser observadas no discurso de posse Gilberto Gil a frente do
MinC:
Logo, não se trata somente de expressar, refletir, espelhar. As políticas
públicas para a cultura devem ser encaradas, também, como intervenções,
como estradas reais e vicinais, como caminhos necessários, como atalhos
urgentes. Em suma, como intervenções criativas no campo do real histórico e
social. Daí que a política cultural deste Ministério, a política cultural do
Governo Lula, a partir deste momento, deste instante, passa a ser vista como
parte do projeto geral de construção de uma nova hegemonia em nosso País.
Como parte do projeto geral de construção de uma nação realmente
democrática, plural e tolerante. Como parte e essência de um projeto
consistente e criativo de radicalidade social. Como parte e essência da
construção de um Brasil de todos.3
Deste momento em diante, verifica-se uma revolução de ideias sobre a gestão cultural,
ressaltando a prioridade em adotar a cultura como uma política de Estado. Neste sentido,
objetivando possibilitar esta mudança de conceito sobre a gestão de política cultural, o
Ministério da Cultura realizou, neste mesmo ano - 2003, os seminários “Cultura para Todos”,
que teve como foco principal, aperfeiçoar o debate sobre a Lei Rouanet. Em 2005, foi
realizada a primeira Conferência Nacional de Cultura que apontou diretrizes que balizaram a
elaboração do Plano Nacional de Cultura – PNC. Em seguida foi realizada a primeira
Conferência Nacional de Cultura - CNC, em 2005, indicando diretrizes para a formulação do
Plano Nacional de Cultura (PNC) - aprovado em 2010 pelo Legislativo, com vigência até
2020 - conforme descrito na página do Plano Nacional de Cultura:4
Realizada de quatro em quatro anos, a Conferência Nacional de Cultura (CNC) é o principal
espaço de participação da sociedade na construção e aperfeiçoamento de políticas públicas de
cultura.
A 1ª Conferência Nacional de Cultura, realizada em 2005, contou com a
participação de cerca de 60 mil pessoas, de 1.190 cidades e 17 estados.
A 2ª Conferência Nacional de Cultura, realizada em 2010, contou com 220
mil participantes, envolvendo todos os estados, o Distrito Federal e 57% das
cidades brasileiras.
A 3ª Conferência Nacional de Cultura, realizada em 2013, contou com a
participação de representantes dos 26 estados e do Distrito Federal. O
Nordeste foi a região que mais enviou representantes para o evento: 31% do
total, seguida do Sudeste, com 22%, Centro-Oeste, com 21%, Sul (12%) e
Norte (9%).
3 Disponível em: <www1.folha.uol.com.br/folha/brasil/ult96u44344.shtml>. Acesso em: 09 set. 2016. 4 Disponível em: <http://pnc.culturadigital.br/metas/conferencias-nacionais-de-cultura-realizadas-em-2013-e-
2017-com-ampla-participacao-social-e-envolvimento-de-100-das-unidades-da-federacao-ufs-e-100-dos-
municipios-que-aderiram-ao-sistema-nacional-d/>. Acesso em 02 nov. 2016.
30
A criação do Sistema Nacional de Cultura – SNC, aconteceu em 2012 com a
aprovação da (conhecida PEC da Cultura), proposta de emenda constitucional que
acrescentou o artigo 216-A, na Constituição Brasileira, com o intuito de garantir a
continuidade das políticas culturais, servindo como instrumento de gestão e precípuo
articulador na esfera federal do Plano Nacional de Cultura. Além disso, a introdução do
conceito de gestão compartilhada, inaugurou uma nova forma de gestão cultural, com vistas a
alavancar o desenvolvimento e o fortalecimento do setor cultural em nosso país, conforme
afirma Rubim:
A interlocução com a sociedade concretizou-se através de uma assumida
opção pela construção de políticas públicas. Elas emergem como marca
significativa das gestões ministeriais de Gil e de Juca. Proliferam encontros;
seminários; câmaras setoriais; consultas públicas; conferências, inclusive
culminando com as conferências nacionais de cultura de 2005 e 2010.
Através destes dispositivos, a sociedade pôde participar da discussão e
influir na deliberação acerca dos projetos e programas e, por conseguinte,
construir, em conjunto com o Estado, políticas públicas de cultura. (RUBIM,
2010, p. 14)
Com relação à área musical, em particular, foram realizadas vários esforços e ações
que permitiram ao MinC, em mais de uma década de trabalho, alcançar avanços importantes
na consolidação de uma gestão inovadora e participativa. Registra-se, em 2005, a criação da
Câmara Setorial de Música pela FUNARTE, órgão pertencente ao MinC, contando com a
participação de representantes dos Fóruns Estaduais de Música e de diversas entidades
públicas e privadas que agregam a cadeia produtiva da música no país. Foram realizadas pela
Câmara Setorial de Música sete reuniões, entre maio e dezembro de 2005, tendo como
objetivo diagnosticar os principais problemas e as necessidades da área, possibilitando traçar
estratégias e ações que serviram de base para a elaboração do Plano Nacional de Cultural
(PNC). Consolidou-se, desta forma, a participação da sociedade civil na elaboração das
políticas públicas voltadas ao setor, bem como na definição de diretrizes, ações e metas a
serem concretizadas por estas políticas.
Ainda nesse sentido, tem-se em 2007, a reestruturação do Conselho Nacional de
Política Cultural (CNPC) - órgão colegiado integrante da estrutura básica do Ministério da
Cultura, conforme Decreto 5.520/2005. Este órgão tem por finalidade propor a formulação de
políticas públicas, objetivando articular o debate entre as diferentes esferas de governo e a
sociedade civil organizada, visando o fomento e o desenvolvimento das atividades culturais
em nosso País. Desse modo, essa reestruturação representou um marco político no processo
31
de fortalecimento das instituições do Estado e da participação social. Em 2009, foi criado o
Colegiado Setorial de Música Nacional, instância que integra o CNPC (Decreto 6.973/2009),
consolidando, desse modo, a parceria entre o Minc e a sociedade civil na construção de
políticas públicas para a área musical. Posteriormente, em 2010, o seu Regimento Interno foi
aprovado pelo Ministro de Estado da Cultura - Juca Ferreira. Um outro avanço pode ser
registrado ainda em 2010, quando foi sancionada a Lei Federal n° 12.343 que instituiu o
Plano Nacional de Cultura (PNC) e criou o Sistema Nacional de Informações e Indicadores
Culturais (SNIIC), instituindo, desse modo, o Sistema Nacional de Cultura – SNC, conforme
nos afirma Roberto Peixe5,
O Sistema Nacional de Cultura é, sem dúvida, o instrumento mais eficaz
para responder a esses desafios através de uma gestão articulada e
compartilhada entre Estado e Sociedade, seja integrando os três níveis de
governo para uma atuação pactuada, planejada e complementar, seja
democratizando os processos decisórios intra e inter-governos e,
principalmente, garantindo a participação da sociedade de forma permanente
e institucionalizada. (PEIXE, 2010, p. 27).
O SNC tem como objetivo servir de marco de orientação aos governos e instituições à
formulação de políticas públicas, em diálogo com a sociedade civil. A partir deste momento
os estados e municípios brasileiros ficaram encarregados de criar e instituir os seus
respectivos Sistemas de Cultura.
Dentro desta (r)evolução de ideias, podemos destacar o Programa Nacional de Cultura,
Educação e Cidadania – Cultura Viva, implantado também pelo Ministério da Cultura no
início da gestão de Gil. Foi concebido para fortalecer as demandas advindas da sociedade
civil, possibilitando a valorização das iniciativas culturais das comunidades através da
implantação dos Pontos e Pontões de Cultura. “O programa foi concebido para fortalecer o
protagonismo cultural na sociedade brasileira, valorizando as iniciativas culturais de grupos e
comunidades, ampliando o acesso aos meios de produção, circulação e fruição de bens e
serviços culturais, tendo como base os Pontos e Pontões de Cultura.”6 A partir desse
“pontapé” inicial, foi lançado o Programa “Mais Cultura” pelo Governo Federal, em outubro
de 2007, com o Decreto 6.226, que já indicava investimentos de 4,7 bilhões para a Cultura de
2007 a 2010. Este programa instituído pelo governo Lula, no início da gestão de Gilberto Gil
no Ministério da Cultura, segue as seguintes diretrizes: a) Contribuir para o acesso à produção
5 Coordenador do Sistema Nacional de Cultura em 2010. 6 Programa Cultura Viva. Disponível em: http://culturaviva.org.br/programa-cultura-viva/ Acesso: 15/10/2016
32
de bens culturais; b) Promover a autoestima, o sentimento de pertencimento e a cidadania; c)
Dinamizar os espaços culturais dos municípios; d) Gerar oportunidades de emprego e renda.
Na Bahia foi elaborado a Lei Orgânica da Cultura (Lei nº 12.365 – 30/11/2011) que
dispõe sobre o Sistema Estadual de Cultura da Bahia, na qual destaca-se a construção e
implantação dos Colegiados Setoriais das Artes, instância de consulta, participação e controle
social. Dentre as várias atribuições destes Colegiados destaca-se a elaboração de um Plano
Setorial específico, de cada setor cultural, destacando-se o PSMBa, contemplando o
planejamento decenal para setor musical da Bahia.
2.4 O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA ESTADUAL DE CULTURA DA
BAHIA
A Bahia é um Estado que apresenta uma cultura diversa, sofisticada e rica, que além
do acervo arquitetônico das igrejas, é considerada o berço de manifestações culturais
populares em vários setores das artes, onde podemos citar com relevância, por exemplo, a
culinária e a música. A diversidade da música baiana é uma característica forte, o seu
principal gênero, chamado de Música Axé, que nasce da fusão de estilos, sendo o carnaval a
principal mola propulsora desta criatividade musical e mistura de ritmos com predominância
marcante dos ritmos, movimentos e instrumentos afro-brasileiros, conforme nos retrata
Moura7 em seu artigo:
As práticas especificamente musicais estão no centro de todo tipo de festa
carnavalesca. A presença dos diversos tipos de instrumento e o
posicionamento das pessoas com relação a estes assume importância
fundamental. ... além de uma improvisação interessante, sobretudo no caso
da percussão, com a incorporação de latinhas, xequerês, chocalhos, etc.
Entretanto, no cortejo oficial dos blocos afro, os tambores reinam no centro
das fotografias, associados a coreografias emblematizadas como africanas e
a um determinado tipo atlético e altivo de negro/ negra. (MOURA, 2009, p.
112)
Entretanto, se pensarmos dentro de uma visão mercadológica, encontramos distorções
causadas pela influência da indústria do axé nos blocos afro, como nos relata Pereira:
No formato da Axé Music, as canções dos grupos negros compõem os
álbuns das bandas de trio e de cantoras solo como Daniela Mercury e Ivete
Sangalo, que chegam a vender milhões de discos, enquanto os blocos afro
7 Milton Araújo Moura, Doutor em Comunicação e Cultura Contemporâneas pela Universidade Federal da Bahia
(UFBA). Professor Associado do Departamento de História da UFBA. Autor de, entre outros artigos, “Notas
sobre a presença da música caribenha em Salvador, Bahia”. Revista Brasileira do Caribe, v. IX, 2009.
33
ficam à margem desse sucesso, sem falar que a projeção de cantores negros
para a carreira solo não têm obtido sucesso no decorrer desses 25 anos de
Axé. O que leva alguns grupos afro passarem por um processo de
assimilação da estética branca das bandas de trio, capturando um ritmo que
mescla a batida percussiva do afro e os instrumentos eletrônicos do trio, para
atender as exigências do mercado. (PEREIRA, 2010, p. 4)
O carnaval da Bahia se transformou a partir de 1950 com Dodô e Osmar que criaram a
Fobica.8 Neste evento passaram grandes artistas da cena musical baiana, de Luiz Caldas a
Ivete Sangalo, passando por Caetano Veloso, Gil, Daniela Mercury entre outros. Um evento
dominado pelas grandes produtoras musicais baianas e tutelado pelo Governo do Estado. O
carnaval baiano, os festejos de São João, são os principais eventos em que a música é
predominante, e é neste contexto que encontramos as maiores distorções com relação a
desigualdade econômica de mercado. A grande maioria dos músicos e trabalhadores que
integram a cadeia produtiva da música, é explorada recebendo baixos cachês, tendo que, na
maioria das vezes, esperar mais de um ano para receber o pagamento. A política de
remuneração adotada pelos empresários da área musical segue uma lógica perversa, que conta
com a conivência do Sindicato dos Músicos. A implantação do Sistema Estadual de Cultura
com seus desdobramentos, a exemplo do Plano Setorial de Música, poderia, em médio prazo,
minorar os problemas do setor, considerando que haja uma disposição do Governo em
implementar os avanços preconizados no Plano. Entretanto, o setor musical da Bahia vem
apresentando inúmeros problemas, no campo das políticas públicas, igualmente encontradas
em outros Estados da Federação. Segundo Cunha,
O campo da Música é absolutamente complexo, não só pelas precárias
condições sociais, trabalhistas, de regulamentação e profissionalização da
classe, como também pela diferença entre os produtos, produções e
reproduções. O Campo da música constitui-se uma miríade de realidades, no
entanto, também existem problemas comuns a essa diversidade, como a
questão dos direitos autorais, da pirataria, da mudança na estrutura dos
negócios do mercado fonográfico, da circulação e distribuição da produção
artística. Sem contar os aspectos legais e tributários desse mercado e a
assimetria entre a classe artística de base e os eleitos pelo Show Business.
(CUNHA, 2012, p. 2).
O processo de construção do Sistema Estadual de Cultura, teve início no Governo
Jaques Wagner, a partir das II. e III. Conferências Estaduais de Cultura que aconteceram
respectivamente nos municípios de Feira de Santana e Ilhéus, onde foi elaborado o esboço da
8 Um calhambeque aberto adaptado para apresentações musicais, na qual decidiram sair pelas ruas de Salvador
com um motorista, para tocarem suas músicas e a partir daí o trio elétrico nasceu.
34
Lei Orgânica da Cultura, por representantes da sociedade civil e do poder público, e
posteriormente colocado em consulta pública online, durante 45 dias, para apreciação e
sugestões. A sanção da Lei nº 12.365 (Lei Orgânica da Cultura da Bahia) em 30 de novembro
de 2011, pelo Governador Jaques Wagner, foi considerado um importante marco para a o
setor cultural do estado, conforme afirmação, em entrevista, do Secretário da Cultura que
atuava naquele período:
A implantação do Sistema Estadual de Cultura, tem importância porque
amplia o grau de institucionalidade cultural que os Estados têm. O campo da
cultura é um campo muito frágil institucionalmente, existe uma
descontinuidade administrativa muito grande e são poucas instituições. A
ideia do Sistema é exatamente fortalecer as instituições e dar continuidade a
elas, criar na verdade, uma cooperação mais federativa em termos dos
Estados, dos Municípios e da União. No caso da Bahia o Sistema vai ser
importante no sentido de articular a política Estadual com os Municípios e
com os territórios de identidade, diferente de outros estados que não tem este
procedimento. O Sistema vai agilizar e fortalecer também, a ideia desse
pacto federativo, que é uma das coisas que entendo que os Sistemas,
inclusive o Nacional e os Estados, têm que avançar. Reunir com os vários
participantes deste Sistema e definir melhor as responsabilidades. Que o
Sistema não seja apenas uma questão de repasse de recursos, deve ir mais
além, precisa fortalecer a formação e a questão dos Indicadores Culturais,
porque haverá uma troca mais forte dos indicadores.9
A Lei Orgânica da Cultura dispõe sobre a Política Estadual de Cultura da Bahia e
institui o Sistema Estadual de Cultura do Estado. Após a sanção da Lei Orgânica da Cultura
da Bahia, que ocorreu na IV Conferência Estadual de Cultura, na cidade de Vitória da
Conquista, instituiu-se o Sistema Estadual de Cultura, com seus Mecanismos de Gestão
Cultural, Instâncias de Consulta, Participação e Controle Social, conforme está previsto no
Cap. III – Art. 7° da Lei, garantindo a implantação dos Colegiados Setoriais das Artes.
Os Sistemas Setoriais de Cultura, conforme Art. 12 da Lei Orgânica deverão ser
instituídos mediante Decreto do Poder Executivo, e têm por finalidade integrar e articular
planos e programas pertinentes às suas áreas de atuação cultural, contribuindo com ações
estruturantes para criação, formação, normalização técnica, documentação, memória,
pesquisa, proteção e conservação, restauração, comunicação, produção, dinamização, difusão
e fomento. A implantação do Sistema Estadual de Cultura da Bahia partiu do alinhamento do
Governo do Estado da Bahia com os princípios e objetivos do PNC – Plano Nacional de
Cultura, que preconiza em uma de suas metas, a participação dos estados e municípios em
9 Trecho da entrevista com o Secretário de Cultura Albino Rubim, que ocupou a pasta durante o período de
implantação dos Colegiados Setoriais das Artes.
35
uma política nacional de cultura, através da adesão ao SNC – Sistema Nacional de Cultura,
que é o elo entre as políticas culturais nos âmbitos federal, estadual e municipal.
As metas do Plano Nacional de Cultura têm sido incrementadas de forma
considerável, desde a sua publicação. Conforme dados da Secretaria de Articulação
Institucional (SAI), atualizados em 1/6/2015, “27 estados (100%) e 1.919 municípios (57,8%)
estavam com acordos de cooperação federativa para o desenvolvimento do Sistema Nacional
de Cultura (SNC) firmados. Desses, 6 estados (22,2%) estavam com acordos
institucionalizados, ou seja, estavam com seus sistemas de cultura instituídos por leis
próprias”.10 Outro dado importante é “que à pesquisa MUNIC 2012, realizada pelo IBGE,
junto às prefeituras dos 5.565 municípios, apresentou os seguintes dados: 96% dos municípios
possuem alguma unidade ou setor voltado para a gestão da cultura, sendo que 32% desses
possuem Conselho Municipal de Cultura”.11
A proposta de elaboração da Lei Orgânica foi um dos principais pontos discutidos
durante a III. Conferência Estadual de Cultura, em 2009, e passou por uma ampla discussão
com a sociedade civil e vários segmentos culturais organizados. Coube a Secretaria de Cultura
do Estado (Secult/BA) a elaboração do projeto da Lei Orgânica da Cultura da Bahia.
A Lei Orgânica, no Capítulo III - do Sistema Estadual de Cultura da Bahia, dispõe
sobre o Sistema Estadual de Cultura,
Art. 6º - O Sistema Estadual de Cultura da Bahia é o conjunto articulado e
integrado de normas, instituições, mecanismos e instrumentos de
planejamento, fomento, financiamento, informação, formação, participação e
controle social, que tem como finalidade a garantia da gestão democrática e
permanente da Política Estadual de Cultura nos termos desta Lei.
Dentro dos mecanismos de que dispõe a Lei, está a construção e implantação dos
Colegiados Setoriais das Artes, que consta de uma instância de consulta, participação e
controle social. Entre as várias atribuições dos Colegiados Setoriais das Artes, prevê-se a
elaboração de um Plano Setorial específico para cada setor cultural, destacando-se, no caso
desse artigo, a elaboração do Plano Setorial de Música, conforme será abordado na seção 2.5.
10 Disponível em: http://pnc.culturadigital.br/metas/sistema-nacional-de-cultura. Acesso em: 13 jan. 2016. 11 Disponível em: http://pnc.culturadigital.br/metas/sistema-nacional-de-cultura. Acesso em: 13 jan. 2016.
36
2.5 A CONSTRUÇÃO E IMPLANTAÇÃO DOS COLEGIADOS SETORIAIS DE ARTES
DA BAHIA - CSABa
Em 9 de abril de 2012, na Sala Walter da Silveira, nos Barris (Salvador/BA) foi
realizado o lançamento dos Encontros Setoriais das Artes, promovido pela Fundação Cultural
da Bahia – FUNCEB, órgão vinculado à Secretaria de Cultura do Estado (SECULT/BA). O
ato teve como objetivo apresentar ao público presente, em torno de 100 pessoas, entre
gestores da cultura e representantes das linguagens artísticas, a proposta da construção dos
Colegiados Setoriais das Artes da Bahia.
É de competência da FUNCEB cuidar da gestão pública das políticas para os setores
das artes do Estado da Bahia, (Dança, Literatura, Música, Teatro, Circo, Audiovisual e Artes
Visuais). Coube à FUNCEB a coordenação do processo de construção dos Colegiados
Setoriais das Artes, os quais têm por finalidade representar cada uma destas linguagens
artísticas, no intuito de garantir a organização e o planejamento do setor cultural do Estado.
O Colegiado Setorial das Artes é composto por representantes de instituições públicas
e privadas, de grupos comunitários, de instituição de ensino, e representantes de cada setor
das artes. Os membros dos Colegiados serão eleitos por cada segmento, e terão como
atribuição discutir, propor, orientar e respaldar decisões políticas relativa a cada área de sua
competência.
O Colegiado Setorial de Música da Bahia é uma instância de consulta, de participação
e controle social, conforme artigo 26 da Lei Orgânica da Cultura, composto por nove titulares,
sendo dois terços de seus integrantes representantes da sociedade civil. Sua principal
atribuição foi a elaboração do Plano Setorial de Música, um planejamento decenal para setor
musical da Bahia. Com o propósito de avançar no diálogo com a sociedade civil, a FUNCEB
realizou fóruns de debates, reuniões e consultas públicas, tanto na capital como no interior do
Estado, com a participação de membros da sociedade civil e do poder público com o intuito
de elaborar, de forma democrática, o “Plano de Construção dos Colegiados Setoriais das
Artes”, cujo fluxograma é apresentado abaixo, com as respectivas etapas.
37
Figura 1 - Plano de construção dos colegiados setoriais das artes
Fonte: FUNCEB
Os Colegiados Setoriais das Artes têm um papel fundamental na democracia
participativa. Funciona como um mecanismo democrático de escuta e diálogo dos gestores
públicos da cultura, com setores culturais, e com participação da sociedade civil nas decisões
das políticas públicas de cultura. Vale ressaltar que a Bahia foi um dos primeiros Estados da
federação a implantar o Sistema Estadual de Cultura, e, por conseguinte, os Colegiados
Setoriais das Artes. É importante ressaltar que os Colegiados tiveram a sua origem nas
câmaras setoriais de cultura, criadas em 2005, pelo MinC. Portanto, é parte de um trabalho
que vem sendo desenvolvido há quase dez anos em nível nacional.
A construção do Colegiado Setorial de Música, da mesma forma que os outros setores
das artes, foi realizado no período de abril a dezembro de 2012. Neste processo de construção
foram envolvidos representantes da sociedade civil; dos setores artísticos; do Conselho
Estadual de Cultura e das Secretarias do Governo Estadual, Federal e Municipal. Este
processo de implantação nos é descrito, em entrevista, pelo Secretário de Cultura deste
período:
38
A implantação dos Colegiados Setoriais das Artes é uma das tarefas, que
entendemos, deveria ser da Secretaria, seria ajudar o campo da Cultura.
Como eu falei anteriormente, o campo cultural é frágil em termo da
organização, não é frágil em termos de criatividade, quer dizer, há um
descompasso nítido entre a capacidade que ele tem de criar coisas novas e a
capacidade que ele tem de se organizar para reivindicar. Uma das
prioridades que listamos em nossas reuniões, foram os Colegiados. Quem
teve a iniciativa mais ágil foi a Funceb com Nehle Franke e com Kuka
Matos. A Funceb itinerante teve um papel importante neste processo, então
as artes saíram na frente, o que foi muito bom porque animou os outros
setores. Se não fosse a iniciativa do campo das artes inicialmente, a gente
não teria essa quantidade de colegiados.12
Em 25 de agosto de 2012 ocorreu a eleição do Colegiado Setorial de Música da Bahia,
realizada na Faculdade de Arquitetura da Universidade Federal da Bahia (UFBA), em
Salvador, com a presença de representantes dos municípios e dos Territórios de Identidade.13
Coube a FUNCEB a elaboração da proposta de Regimento Interno para cada Colegiado, que
foi entregue aos membros do mesmo em sua primeira reunião ordinária.
2.6 O PLANO SETORIAL DE MÚSICA DA BAHIA – PSMBa
No período 2013/2014, relativo à primeira gestão do Colegiado Setorial de Música,
uma das principais tarefas dos membros titulares foi discutir e compilar as informações das
conferências, estadual, municipais e territoriais, e confrontar com as metas do PNC e as
diretrizes do Plano Setorial de Música Nacional. As informações levantadas nestas
conferências trataram das aspirações e anseios da classe artística musical da Bahia,
considerando o momento histórico da primeira gestão do Colegiado.14 Estas compilações
resultaram na formulação do PSMBa, com ações e metas que deverão ser cumpridas nos
próximos dez anos. O propósito foi buscar contemplar todas as aspirações identificadas e
discutidas durante as Conferencias Estadual de Cultura da Bahia, e que apresentasse
12 Trecho da entrevista com o Secretário de Cultura Albino Rubim, que ocupou a pasta durante o período de
implantação dos Colegiados Setoriais das Artes. 13 O Governo da Bahia passou a reconhecer a existência de 27 Territórios de Identidade, constituídos a partir da
especificidade de cada região. O território é conceituado como um espaço físico, geograficamente definido,
geralmente contínuo, caracterizado por critérios multidimensionais, tais como o ambiente, a economia, a
sociedade, a cultura, a política e as instituições, e uma população com grupos sociais relativamente distintos,
que se relacionam interna e externamente por meio de processos específicos, onde se pode distinguir um ou
mais elementos que indicam identidade, coesão social, cultural e territorial. Disponível em:
<http://www.seplan.ba.gov.br>. Acesso em 13 jan. 2016. 14 O texto na integra do PSMBa é apresentado no final deste trabalho. (Anexo 2)
39
consonância com as metas do PNC, considerando ainda, antes de sua conclusão, as sugestões
da sociedade civil durante a consulta pública na internet.
O principal objetivo do plano é dar sustentabilidade à cadeia produtiva da música,
através da formação; da organização e fomento da produção musical, da regulamentação da
profissão, e da efetiva implementação de um sistema de informações e indicadores, que sirva
de subsídio para a formulação de políticas públicas, com a participação da sociedade civil.
Entretanto, observou-se que no processo de elaboração do PSMBa, não houve uma
participação engajada de todos os membros eleitos democraticamente pelo segmento da área
musical, tanto em relação aos representantes da sociedade civil, como do poder público. Tal
fato pode ser comprovado pela ausência de alguns representantes nas reuniões; pela baixa
produtividade na formulação do plano. Este fato demonstra uma baixa conscientização e o
despreparo da sociedade civil em assumir este novo espaço de participação, discussão e de
proposição de políticas públicas para o setor musical.
Soma-se a isso o fato de que foram estabelecidas pela FUNCEB, devido à pouca
verba para custeio dos encontros, apenas quatro reuniões ordinárias15 por ano, no período
2013/214, para atender às demandas e atribuições do Colegiado, além da elaboração do
PSMBa. São elas: discussão e aprovação do regimento interno do Colegiado Setorial de
Música; discussões e encaminhamentos sobre a implantação da Lei de Obrigatoriedade do
Ensino de Música nas Escolas; a regulamentação da profissão do músico profissional, a
aplicação de tabela de caches para o exercício profissional do músico em casas noturnas e
acompanhamento de artistas em shows e estúdio, como já existe no Rio de Janeiro e São
Paulo, além de outras demandas.
Apesar dessas questões, é fundamental que o plano se torne efetivo, como um
orientador importantíssimo na tomada de decisão do poder público na gestão das políticas
para o setor musical. Vale ressaltar, que o PSMBa por si só, não terá como resolver todos os
problemas inerentes ao setor, fazendo-se necessário um trabalho de base, de conscientização
dos músicos e dos agentes envolvidos na cadeia produtiva da música. Podemos também
entender que o PSMBa representa um ponto de partida, uma referência de organização e
reinvindicação de direitos institucionais dos músicos profissionais, conforme afirma, o então
Secretário de Cultura:
Eu acho que tem um impacto importante em termos de pensamento de
elaboração e reflexão. O sentido do plano é ele se tornar efetivo. Claro que
não vão se tornar efetivo de uma vez só, todas as coisas que estão contidas
15 Sendo possível apenas mais uma reunião extraordinária.
40
nele, mas deve avançar no sentido de que algumas daquelas propostas sejam
implementadas. O plano serve para isso, não é só uma orientação abstrata.
Por si só não é desprezível, mas por si só, também não resolve tudo, quer
dizer, eu acho que elaborado o Plano e elaborado as metas, ele deve começar
a ser executado efetivamente, e se tornar efetivamente uma orientação,
inclusive paras políticas de Estado naquela área específica.16
O PSMBa já foi apreciado e aprovado pelo Conselho Estadual de Cultura e o texto
será enviado à Secretaria Estadual de Cultura, que providenciará para que seja transformado
em Lei.
2.6.1 Objetivos e estratégias do Plano Setorial de Música da Bahia – PSMBa
O Colegiado diagnosticou e pautou 21 objetivos que servirão de base para nortear a
elaboração e implementação do Plano, conforme consta no anexo 2. Inicialmente, poderíamos
afirmar que os objetivos do PSMBa, contemplam todas, ou quase todas, necessidades dos
músicos baianos, considerando que os mesmos resultaram de exaustivos debates entre os
principais agentes envolvidos no setor musical, durante as cinco Conferências Estaduais de
Cultura. Considerando as demandas identificadas durante a realização das Conferências
Estadual de Cultura, em conformidade com as metas do Plano Nacional de Cultura, o PSMBa,
identificou 6 (seis) eixos de atuação, sendo eles: Eixo I – Do Estado e da Participação Social;
Eixo II – Do Fomento; Eixo III – Do Acesso; Eixo IV – Da Economia da Cultura e
Sustentabilidade; Eixo V - Da Formação; Eixo VI: Da Transversalidade. Cada eixo vem
acompanhado com as respectivas diretrizes, e estratégias de ação (Anexo 2).
Estão previstos no PSMBa fontes de financiamento existentes, bem como outras a
serem captadas, conforme descritos na minuta do Decreto de Lei do Plano - Art. 5° (Anexo
1).
Art. 5º - O Plano Setorial de Música da Bahia terá como fontes de
financiamento, existentes e a explorar, fundos públicos, privados e mistos.
Aos recursos orçamentários vinculados a programas de Música, outros
podem vir a ser criados. Os fundos de desenvolvimento e os créditos do
sistema de financiamento e fomento também poderão ser acionados.
Parágrafo único - Algumas possíveis fontes: Orçamento da União
(Ministério da cultura e suas vinculadas; Ministério da Educação; outros
ministérios com ações na área da música); Editais e orçamentos próprios de
empresas estatais; Orçamento do Estado (incluindo estatais e vinculadas);
Fundo Nacional de Cultura; Fundo Estadual de Cultura; Leis de incentivo à
cultura/Renúncia Fiscal (Lei Rouanet e FazCultura); Emendas
16 Trecho da entrevista com o Secretário de Cultura Albino Rubim, que ocupou a pasta no período de
implantação dos Colegiados Setoriais das Artes.
41
Parlamentares; Orçamentos de entidades e empresas privadas; Orçamentos
de organizações não governamentais; Orçamentos das entidades paraestatais;
Orçamentos de organismos internacionais (OIT, UNESCO, OEI etc.);
Doações.
Os critérios de monitoramento para avaliação periódica dos resultados e o alcance das
ações do Plano, estão previstos conforme Art. 6° da minuta do Decreto de Lei do Plano:
Art. 6º - Compete à Secretaria de Cultura, por meio da Fundação Cultural do
Estado da Bahia, monitorar e avaliar periodicamente o alcance das ações do
Plano Setorial de Música com base em indicadores que permitam auferir:
funcionamento dos mecanismos e instâncias de participação social;
ampliação do investimento no setor; desenvolvimento de programas e
projetos que possibilitem o acesso democrático à produção musical;
processos de formação relacionados ao setor.
Parágrafo primeiro - O monitoramento poderá utilizar diversos mecanismos,
tais como a consulta pública, pesquisas, encontros setoriais e relatórios de
avaliação.
Parágrafo segundo – O processo de monitoramento e avaliação do Plano
Setorial de Música contará com a participação do Conselho Estadual de
Cultura e do Colegiado Setorial de Música, tendo o apoio de especialistas,
técnicos e agentes culturais, de institutos de pesquisa, de universidades, de
instituições culturais, de organizações e rede socioculturais.
2.6.2 A implantação do PSMBa: processos, expectativas e ressonâncias
Neste item será tratado acerca das expectativas de operacionalização e aplicação do
Plano Setorial de Música, com o intuito de identificar uma visão externa - a partir da
investigação junto aos músicos profissionais – e uma visão interna, a partir da participação do
autor no processo.
No primeiro caso, adotou-se como metodologia o estudo de caso mediante reuniões
presenciais e realização de 10 (dez) entrevistas semiestruturadas. Elegeu-se como área de
estudo o bairro do Candeal, considerando-se ser este bairro emblemático relativamente à
produção musical na cidade de Salvador, com uma grande concentração de músicos, muitos
deles excluídos das oportunidades oferecidas pelas políticas públicas para o setor, o que se
pode observar na maioria dos bairros periféricos e comunidades do entorno da capital.
Quanto ao perfil dos entrevistados tem-se que 90% são pretos e pobres, prevalece a
baixa escolaridade, e na maioria, sem formação musical formal, e sim empírica. A música está
intimamente ligada a história do bairro, um dos mais antigos de Salvador, carregado de
tradição e com uma história riquíssima vivida por uma comunidade de matriz africana. Foi
42
originado de fazendas, engenhos, e até meados do século XX, era caracterizado como zona
rural, conforme afirma a historiadora Maria das Graças de Andrade Leal, em seu artigo sobre
a ocupação e constituição do bairro.17
A entrevista semiestruturada abrangeu dois grupos de questões. O primeiro teve como
principal objetivo identificar o conhecimento dos músicos em relação ao Plano Setorial de
Música, bem como ao aparato institucional que deu suporte para a criação do mesmo. São as
seguintes as questões contempladas:
Você sabe o que é o Sistema Estadual de Cultura? Sim? Não? Descreva com suas
palavras.
Você sabe o que é o Sistema Municipal de Cultura: Sim? Não? Descreva com suas
palavras.
Você sabe o que é Colegiado Setorial de Música: Sim? Não? Descreva com suas palavras.
Você sabe o que é Plano Setorial de música: Sim? Não? Descreva com suas palavras.
Você já se inscreveu em algum edital? Sim? Não?
A partir das respostas obtidas foi possível constatar um total desconhecimento e falta
de envolvimento dos músicos profissionais nas questões institucionais relativas ao setor
musical, considerando-se que a quase totalidade das respostas foram negativas. Mesmo nos
casos em que a resposta foi afirmativa, o desconhecimento sobre o assunto ficava evidente
quando discorriam com suas próprias palavras sobre o assunto.
Além disso, aproximadamente 70% dos entrevistados nunca participaram de editais de
fomento na área de música. Existe uma marcante exclusão de uma grande parcela de músicos
profissionais baianos na participação das oportunidades oferecidas pela atual política de
fomento para o setor musical, acarretada principalmente pela desigualdade das condições
socioeconômicas. Estes dados revelam, desse modo, que existe um descompasso entre o
trabalho dos músicos profissionais atuantes em Salvador, e sua consciência política sobre o
setor musical. Demonstra também a necessidade de maior empenho do Estado na proposição
de políticas de formação e difusão de acesso às informações para os músicos de baixa renda.
Apesar dos esforços desempenhados pela FUNCEB, com ações neste sentido durante a gestão
de Jacques Wagner, os mesmos não foram suficientes para alterar o quadro de exclusão em
que se encontra a maioria dos músicos baianos, principalmente aqueles de baixa renda, na sua
maioria jovens negros com um grande potencial musical e repertórios de músicas populares e
sagradas de matrizes africanas que contribuem e sempre contribuíram com a riqueza e
17 Ela explica que o nome do bairro “Candeal”, está relacionado a uma mata de candeias, existente na região.
43
criatividade da musical baiana, sem receberem reconhecimento pelas suas obras e inspirações
seculares.
A partir de uma visão interna, com relação à promoção dos editais de fomento, a
experiência pessoal como membro da Comissão do Fundo de Cultura do Estado da Bahia18,
tornou possível constatar que, a utilização dos editais como ferramenta democrática para o
fomento do setor musical, vem apresentando distorções no atendimento ao setor, desde a sua
implantação em 2005. Apesar de ter sido inegavelmente um instrumento importante na
eliminação da “política de balcão”, os editais ainda não atendem a grande parte dos músicos
profissionais do Estado, sendo necessário repensar a utilização dos mesmos, em conjunto com
outras formas de incentivo ao trabalho e produção musical.
Se observarmos historicamente, ao longo de dez anos de existência, detecta-se, nos
projetos contemplados nos editais do Fundo de Cultura, uma repetição de muitos proponentes,
o que acusa uma certa distorção, na medida em que exclui uma porcentagem significativa de
profissionais que não tem acesso, por inexperiência ou inabilidade na elaboração de projetos.
Estima-se que os editais contemplam em torno de 10% dos profissionais do setor musical.
Além disso, existem várias empresas especializadas na elaboração de projetos para editais,
produzindo uma nova classe de músicos e produtores que vivem se revezando neste tipo de
captação, o que difere dos objetivos preconizados pelo Fundo Estadual de Cultura. Deve-se
considerar ainda que o montante de recursos destinados ao Fundo está muito aquém do
atendimento da demanda.
Outro fator a ser considerado é que, apesar do avanço nas políticas públicas da área
cultural até o final de 2013, da distribuição de editais para os setores culturais e musicais mais
diversificados, o reconhecimento prático e socioeconômico da importância da diversidade
musical existente na Bahia necessita de mais ações concretas pela sua preservação.
O segundo grupo de questões buscou investigar as expectativas dos músicos
profissionais, bem como o comprometimento com a melhoria da classe profissional, conforme
abaixo:
Qual sua aspiração e perspectiva enquanto músico?
Você tem interesse em contribuir com as políticas culturais?
Quais suas sugestões para as políticas culturais de música para as periferias de Salvador?
18 O Fundo de Cultura da Bahia – instituído pela Lei 9.431/2005, objetiva incentivar e estimular as produções
artístico-culturais baianas, sendo até hoje o principal mecanismo de fomento para a cultura baiana, que se
utiliza dos editais para projetos culturais como ferramenta de gestão.
44
Para esse grupo de questões houve um maior retorno das respostas, em torno de 70%,
constatando-se que o interesse principal está relacionado à obtenção de trabalho e
reconhecimento. Em nenhum momento verifica-se a preocupação com aposentadoria, plano
de saúde, formação e reciclagem, fomento/acesso e sustentabilidade. Há uma busca pela
solução imediata da questão econômica. Quanto à segunda questão observa-se que a maioria
dos músicos profissionais entrevistados, não tem conhecimento sobre os avanços sociais na
área cultural nos últimos treze anos. As respostas relativas à terceira questão apontam, de um
modo geral, um perfil individualista, reproduzindo práticas de cunho paternalista.
Desse modo, os resultados da investigação junto aos músicos do bairro do Candeal
demonstram que apesar do novo modelo de participação da sociedade civil nas decisões de
políticas públicas, conforme proposto no Plano Setorial de Música, preconizado pelo governo
do Estado da Bahia, não existe ainda, por parte desses profissionais, o conhecimento e,
consequentemente, a apropriação desses instrumentos de implementação dos programas,
projetos e ações instituídos pelo Plano. Tampouco existe uma tabela para pagamentos de
cachês, a exemplo do Rio de Janeiro onde já existe uma tabela de valores de cachês, aprovada
por Lei19 . Os artistas de mídia, as gravadoras e as grandes casas noturnas utilizam essa tabela
disponibilizada pelo Sindicato dos Músicos do Rio de Janeiro - SindMusi/RJ, como parâmetro
para os pagamentos dos cachês aos profissionais da música, e aos técnicos da área musical.
Conforme podemos verificar nas respostas dos questionários da pesquisa, alguns dos
músicos profissionais trabalham em outro tipo de emprego, pois o trabalho como músico não
consegue suprir as necessidades básicas para a manutenção da família. A maioria espera o
momento das duas principais festas da cidade de Salvador para trabalhar - o carnaval e o São
João. A realidade sociocultural e econômica dos músicos do Candeal reflete a da maioria dos
músicos de Salvador. Trabalham por baixos cachês, são explorados pelos empresários e
produtores musicais, e consequentemente pelas casas noturnas e bares com música ao vivo. É
como se existisse uma subserviência profissional na relação de trabalho.
As questões identificadas nas entrevistas confirmam as impressões do autor a partir da
experiência pessoal como músico profissional, quando por vários anos esteve inserido na base
da pirâmide da atividade musical, trabalhando na noite como músico em casas noturnas,
ministrando aulas de música, administrando estúdio de gravação e ensaios de bandas e
cantores. Foi possível conviver com diversos problemas inerentes ao profissional de música.
19 Tabela para Músicos Contratados no Rio de Janeiro, garantida pela Lei 3857/60. Observados os dispositivos
do capítulo 3, da Lei 3857/60, dos artigos 41 a 48, que trata da jornada do trabalho do músico. Disponível
em: http://www.sindmusi.org.br/site/texto.asp?iidSecaoPai=11&iidSecaoSelec=27 Acesso em 02/nov. 2016.
45
Também teve a oportunidade de vivenciar essa experiência em outros estados, como por
exemplo nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, onde a realidade não difere muito de
Salvador.
2.6.3 PSMBa – potencialidades e fragilidades
O PSMBa, elaborado pelo colegiado Setorial de Música da Bahia, mostra-se um
instrumento eficaz para transformação do setor musical do Estado, se realmente for utilizado
para nortear as políticas públicas para o setor musical. Inúmeros avanços para o setor musical,
estão previstos no plano, trazendo de forma gradual, uma melhoria da garantia aos
profissionais da área musical, no que diz respeito a produção artística. Representa um enorme
avanço nos mecanismos de participação democrática da sociedade civil na gestão pública, e
consequentemente uma ferramenta democrática a ser utilizada na elaboração das políticas
públicas de cultura no Estado.
Destaca-se o processo de elaboração do mesmo, considerando-se as propostas
discutidas e elencadas durante exaustivos debates entre segmentos da sociedade civil, por
ocasião da realização das Conferências Estadual de Cultura, em parceria como poder público,
e também em consonância com as metas do Plano Nacional de Cultura.
O Plano possibilita a melhora substancial da produção artística e da cadeia produtiva
da música, através de incentivos a criação de linhas de financiamento para produção e
aquisição de equipamentos, programas de formação nos diversos níveis do setor musical,
como capacitação e qualificação. Estes avanços podem ser observados nas estratégias e ações,
que contemplam os eixos de atuação do PSMBa, conforme exposto acima.
Outra ênfase foi dada no estímulo ao empreendedorismo com a articulação e parcerias
com diversos setores privados, considerando ainda que estes avanços atingem toda cadeia
produtiva da música, como: produtores musicais, produtores artísticos, técnico de som,
iluminadores, passando por roadies até auxiliar de palco. Um importante mecanismo que
devemos ressaltar é a previsão da implantação do Sistema de Indicadores e Informações
Culturais - SIIC. Trata-se de um sistema de banco de dados que alimentará, com informações
básicas sobre indicadores, o setor musical, trazendo consequentemente subsídios para
correção e reformulação dos objetivos e metas nas revisões do referido Plano.
Quanto às fragilidades, que podem comprometer a efetiva implantação do Plano,
podemos destacar inicialmente a falta de divulgação e conscientização da existência e do
potencial do plano junto à categoria, considerando que existe muita desinformação e
46
acomodação dos reais beneficiários destes avanços, o que foi agravado, a partir de 2014, com
o panorama de inércia do poder público quanto à gestão de continuidade dos avanços destas
políticas para o setor musical, e que continua priorizando quase que exclusivamente as
corporações do empresariado musical na realização das grandes festas como o carnaval e o
São João. Nesse sentido, faz-se necessário o empoderamento desses profissionais com
campanhas de conscientização, estendidas a entidades de classe como sindicatos e associações
de músicos e de trabalhadores do setor musical.
Outra fragilidade é a falta de repasse de recursos financeiros para a operacionalização
do Conselho Estadual de Cultura - a quem cabe a apreciação e aprovação do PSMBa –
impossibilitando a realização periódica mensal das reuniões ordinárias, causando, por
conseguinte, a morosidade na aprovação das demandas das políticas culturais. Além disso, o
Sistema de Indicadores e Informações Culturais (SIIC) torna-se um elo frágil, por ser caro e
por exigir um acompanhamento constante dos indicadores e da evolução dos dados do setor.
Desse modo, para que os avanços citados acima sejam implantados, é de fundamental
importância que o poder público mantenha pactuado a parceria com a sociedade civil na
gestão dos objetivos e metas do Plano. É imprescindível manter aberto o canal de diálogo e a
participação social, através das instâncias institucionalizadas pela Lei Orgânica da Cultura da
Bahia, que consequentemente trouxe o empoderamento da sociedade civil.
Nesse contexto, o Plano Setorial poderia ser uma ferramenta de fundamental
importância para iniciar uma mudança na qualidade de vida dos músicos profissionais da
Bahia. Faz-se necessário esforço e vontade política do poder público, em promover e
esclarecer os músicos profissionais, principalmente os mais excluídos, sobre a existência do
mesmo e os direitos básicos que estão contidos e reservados à melhoria da cadeia produtiva da
música.
47
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Brasil, nestes últimos treze anos, a implantação do Sistema Nacional Cultura nas
unidades da Federação está praticamente consolidada, sendo o principal instrumento que o
Ministério da Cultura dispõe para desenvolver políticas culturais nos estados e nas cidades. É
fundamental que se reforce e se mantenha esta forma de gestão pública, onde a participação
democrática da sociedade civil nas decisões das políticas públicas de cultura é fundamental
para o sucesso e implementação dos projetos culturais.
Apesar do Governo de Jaques Wagner ter enfrentado muitos desafios impostos para a
consolidação do Sistema Estadual de Cultura, a nova gestão, iniciada em 2015 com Rui Costa,
reafirmou o compromisso de alinhamento com o Sistema Nacional de Cultura. O Conselho
Estadual de Cultura já foi reestruturado para se adequar ás novas orientações do Sistema
Nacional de Cultura, e os novos Conselheiros foram escolhidos de forma eletiva, e
empossados em conformidade com o Art. 9° da Lei Orgânica da Cultura que estabelece que
dois terços dos membros do Conselho deverão pertencer a sociedade civil.
É conveniente salientar que o Município de Salvador já elaborou e aprovou o Plano
Municipal de Cultura, e implantou o Sistema Municipal de Cultura, assim aderindo ao
Sistema Estadual e Nacional de Cultura e ao Sistema Nacional de Informações e Indicadores
Culturais – SNIIC, acompanhando o Governo Estadual que anteriormente aderiu ao Sistema
Nacional de Cultura em consonância com as metas do Plano Nacional de Cultura, o que
reforça ainda mais a implantação do PSMBa. O PSMBa só será um instrumento eficaz para
transformação do setor musical do Estado, se realmente for utilizado para nortear as políticas
públicas para o setor musical. É sem dúvida, um primeiro passo para minimizar as distorções
e exploração do músico profissional e da cadeia produtiva que está atrelada ao setor musical.
Apesar do avanço nas políticas públicas nos últimos 15 anos, e na distribuição de
editais para os setores culturais e musicais mais diversificados, o reconhecimento prático e
socioeconômico da importância da diversidade musical existente na Bahia necessita de mais
ações concretas pela sua preservação, que possam criar condições de fomento e incentivo a
criatividade e proteção da enorme cadeia de produção musical, sem priorizar quase que
exclusivamente as corporações do empresariado musical e carnavalesco.
Haja vista a política dos editais que ainda é excludente, não beneficia a todos,
principalmente as cidades do interior da Bahia. Apesar de ter amenizado a “política de
balcão”, onde era preciso ter amigos no governo para se conseguir verba para execução de um
projeto musical, essa política precisa ser repensada e atualizada com novas formas de
48
incentivo que alcance equilíbrio e sustentabilidade entre o poder público e a iniciativa
privada, em parceria, amparadas por leis de controle para produtores e patrocinadores.
Desse modo, mesmo já tendo caminhado bastante na representatividade social, temos
atualmente um panorama político desfavorável à implantação desta ferramenta de conquistas
para o setor musical da Bahia. Coincidentemente, este trabalho de investigação registra um
retrocesso significativo no modelo de gestão de políticas públicas, preconizado pelo atual
governo federal. Observa-se um proposital desmonte das políticas públicas de cunho social e
um aumento significativo de ações para beneficiar o sistema financeiro, as elites dominantes e
os aliados de seu governo, com uma radical mudança de paradigma da atuação do poder
público com respeito a parceria com a sociedade civil. Essas tendenciosas medidas adotadas
pelo governo Temer, tem como alvo destruir os avanços das políticas públicas progressistas,
deixando vulneráveis os espaços conquistados pela sociedade.
Considero fundamental o fortalecimento da mobilização social, pressionando e
buscando o diálogo com o poder público, através das associações, fóruns, e demais formas de
organização pública, que alicerça e justifica este novo paradigma de gestão pública
compartilhada. É essencial que a sociedade civil, e, particularmente a classe musical exerça o
poder de pressão política, para garantir as conquistas que estão colocadas no PSMBa. Faz-se
necessário, entretanto ponderar, que apesar das dificuldades encontradas, desde a elaboração
até a eminente implantação do PSMBa, nada se compara ao desafio exposto no atual cenário
político, em que a consciência de direito à cidadania faz-se necessária, reivindicatória e vital
para a manutenção dos avanços na gestão das políticas públicas do setor cultural e demais
áreas sociais, educacionais e econômicos.
As universidades brasileiras e os cursos e pós-graduações em música não poderiam e
nem deveriam ficar distante dessa realidade: torna-se urgente de incluir na formação
universitário o pensamento da construção participativa e acesso democrático aos meios de
produção e fruição artística, mesmo nos cursos de música e artes em geral, muitas vezes
vivendo numa “ilha” a parte da sociedade, como se o fazer e ensinar musical em si, excluísse
o musico e educador musical das disputas e dos conflitos sociais, econômicos e políticos.
49
REFERÊNCIAS
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propostas culturais. Salvador: Egba, 2012.
BAHIA. Lei Orgânica da Cultura da Bahia. Lei n°. 12.365, 30 de novembro de 2011.
Dispõe sobre a Política Estadual de Cultura, institui o Sistema Estadual de Cultura e dá outras
providências.
BAHIA. Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Fundação Cultural do Estado da Bahia.
Construção dos Colegiados Setoriais das Artes da Bahia, 2012.
BAHIA. Secretaria de Cultura do Estado da Bahia. Fundação Cultural do Estado da Bahia.
Sistematização de Propostas para o Plano Setorial de Música, 2012.
BRASIL. Lei n°. 12.343, de 2 de dezembro de 2010. Institui o Plano Nacional de Cultura -
PNC, cria o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais - SNIIC.
BRASIL. Ministério da Cultura. Câmara e Colegiado Setorial de Música, Relatório de
Atividades 2005-2010. 108 p.
BRASIL. Ministério da Cultura. Sistema Nacional de Cultura, 2010. 108 p.
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CUNHA, Karina Poli Lima da. O campo da música no contexto das políticas culturais
2005-2010. São Paulo, 2012.
GUIMARÃES, Rodrigo Gameiro. A Participação da Sociedade na Construção das
Políticas Públicas Culturais no Brasil: um recurso gerencial ou de poder? Cadernos
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LEAL, Maria das Graças de Andrade. CANDEAL: ocupação e constituição de um bairro em
Salvador – Bahia (séculos XVIII-XX). Revista Tempos Históricos, v. 18, 2014, p. 537-558.
MOURA, Milton Araújo. A fotografia numa pesquisa sobre a história do Carnaval de
Salvador. Domínios da imagem, Londrina, v. III, n. 5, p. 109-122, novembro 2009.
MOURA, Milton Araújo. Carnaval e baianidade: arestas e curvas na coreografia de
identidade no carnaval de Salvador. Salvador: UFBA, 2001. Tese (Doutorado em
Comunicação e Cultura) – Programa de pós-Graduação em Comunicação e Cultura
Contemporânea, Faculdade de Comunicação, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2001.
PEIXE, João Roberto. A importância estratégica do Sistema Nacional de Cultura. In:
BRASIL. Ministério da Cultura. Sistema Nacional de Cultura, 2010. 108 p.
50
PEREIRA, Ianá Souza. Axé-axé: o megafenômeno baiano. Revista África e Africanidades,
Rio de Janeiro, ano 2, n. 8, fev. 2010.
POLÍTICAS CULTURAIS: pesquisa e formação. Organização de Lia Calabre. – São Paulo:
Itaú Cultural; Rio de Janeiro: Fundação Casa de Rui Barbosa, 2012. 332 p.
RUBIM, Albino; FERNANDES, Taiane; RUBI, Iuri. (Orgs). Políticas culturais, democracia
e conselhos de cultura. Salvador: EDUFBA, 2010.
RUBIM, Antônio Albino Canelas; ROCHA, Renata (Orgs.). Políticas Culturais. Salvador:
EDUFBA, 2012.
RUBIM, Antônio Albino Canelas. Políticas culturais no Brasil: tristes tradições. Revista
Galáxia, São Paulo, n. 13, p. 101-113, jun. 2007.
_______ (Org.); Políticas culturais no governo Lula. Salvador: EDUFBA, 2010. 308 p. -
(Coleção cult)
51
ANEXO 1 – DECRETO Nº XX DE XX DE XXX de XXXX
Aprova o Plano Setorial de Música da Bahia e dá outras
providências.
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, no uso de suas atribuições,
D E C R E T A
Art. 1º - Fica aprovado o Plano Setorial de Música da Bahia, anexo a este Decreto, que
consiste em estratégia permanente de planejamento de desenvolvimento para a área.
§ 1º São objetivos do Plano Setorial de Música da Bahia:
I - Fomentar a participação dos agentes da rede produtiva da música em eventos locais,
nacionais e internacionais;
II - Fortalecer ações dirigidas ao intercâmbio dos integrantes da rede produtiva da música;
III - Promover a formação e a qualificação dos músicos do Estado da Bahia;
IV - Fortalecer a formação musical no ambiente de ensino formal, respeitando a diversidade e
identidade musical do Estado;
V - Incentivar a formação de plateia e a mediação cultural nos territórios de identidade,
integrando as artes e as diversas vertentes musicais;
VI - Apoiar entidades e projetos educacionais que tenham a música como base,
principalmente os destinados a crianças e jovens em situação de risco social;
VII - Fomentar a realização de pesquisas na área da música;
VIII - Promover ações de estímulo ao empreendedorismo e desenvolvimento sustentável da
produção musical local e regional, buscando a participação de representações dos seus
diversos segmentos;
IX - Estabelecer diálogos entre as ações do Plano da Economia Criativa e a produção musical
do Estado da Bahia;
X - Desenvolver políticas públicas para o setor da música, garantindo maior participação da
sociedade civil nas decisões sobre as mesmas;
XI - Divulgar o Plano Setorial de Música da Bahia, fomentando a participação e o
investimento de organizações e instituições do setor privado e do setor público para
implementação das ações do Plano;
XII - Ampliar o investimento na área da música;
XIII - Articular políticas públicas de caráter municipal, territorial, estadual e federal para o
desenvolvimento sustentável da produção musical;
52
XIV - Fortalecer a Rede Produtiva da música, nos âmbitos da pesquisa, crítica, formação,
produção, circulação, consumo e fruição;
XV - Ampliar o acesso à produção musical do Estado;
XVI - Ampliar o sistema de fomento e financiamento para a Música, nos segmentos da
produção, formação, difusão, memória e pesquisa, circulação e distribuição;
XVII - Valorizar, proteger, promover e propagar os diversos gêneros e manifestações
musicais tradicionais;
XVIII - Garantir a diversidade de gêneros musicais nas ações financiadas e/ou promovidas
pelo Estado;
XIX - Fomentar o Sistema de Informações e Indicadores sobre a Música, buscando a
integração dos sistemas nos mais diversos níveis federativos;
XX - Promover a circulação e difusão das expressões musicais dentro e fora do Estado da
Bahia;
XXI - Estimular a transversalidade da música
XXII - Estimular a organização política e cultural dos diversos segmentos da música.
Art. 2º - O Plano Setorial de Música da Bahia será regido pelos mesmos princípios da Lei nº
XX, que institui o Plano Estadual de Cultura da Bahia, e da Lei nº 12.365, de 30 de novembro
de 2011, que dispõe sobre a Política Estadual de Cultura e institui o Sistema Estadual de
Cultura,
Art. 3º - O Plano Setorial de Música da Bahia será coordenado pela Secretaria de Cultura, em
articulação com o Conselho Estadual de Cultura e o Colegiado Setorial de Música, e sua
implementação dar-se-á em regime de mútua cooperação com a União, no âmbito do Plano
Nacional Setorial Nacional de Música, e com os Municípios, no contexto de seus Planos
Municipais de Música, quando houver.
Parágrafo único - A implementação dos programas, projetos e ações instituídos no âmbito do
Plano Setorial de Música da Bahia poderá ser realizada com a participação de instituições
públicas ou privadas, mediante a celebração de instrumentos previstos em lei.
Art. 4º - Compete à Secretaria de Cultura, em parceria com o Colegiado Setorial de Música, a
elaboração das metas para execução do Plano Setorial de Música da Bahia, no prazo de XX
dias, a partir da entrada em vigor deste Decreto.
Parágrafo único – As metas deverão ser aprovadas pelo Conselho Estadual de Cultura.
Art. 5º - O Plano Setorial de Música da Bahia terá como fontes de financiamento, existentes e
a explorar, fundos públicos, privados e mistos. Aos recursos orçamentários vinculados a
programas de Música, outros podem vir a ser criados. Os fundos de desenvolvimento e os
créditos do sistema de financiamento e fomento também poderão ser acionados.
Parágrafo único - Algumas possíveis fontes: Orçamento da União (Ministério da cultura e
suas vinculadas; Ministério da Educação; outros ministérios com ações na área da música);
Editais e orçamentos próprios de empresas estatais; Orçamento do Estado (incluindo estatais e
vinculadas); Fundo Nacional de Cultura; Fundo Estadual de Cultura; Leis de incentivo à
53
cultura/Renúncia Fiscal (Lei Rouanet e Faz Cultura); Emendas Parlamentares; Orçamentos de
entidades e empresas privadas; Orçamentos de organizações não governamentais; Orçamentos
das entidades paraestatais; Orçamentos de organismos internacionais (OIT, UNESCO, OEI
etc.); Doações.
Art. 6º - Compete à Secretaria de Cultura, por meio da Fundação Cultural do Estado da
Bahia, monitorar e avaliar periodicamente o alcance das ações do Plano Setorial de Música
com base em indicadores que permitam auferir: funcionamento dos mecanismos e instâncias
de participação social; ampliação do investimento no setor; desenvolvimento de programas e
projetos que possibilitem o acesso democrático à produção musical; processos de formação
relacionados ao setor.
Parágrafo primeiro - O monitoramento poderá utilizar diversos mecanismos, tais como a
consulta pública, pesquisas, encontros setoriais e relatórios de avaliação.
Parágrafo segundo – O processo de monitoramento e avaliação do Plano Setorial de Música
contará com a participação do Conselho Estadual de Cultura e do Colegiado Setorial de
Música, tendo o apoio de especialistas, técnicos e agentes culturais, de institutos de pesquisa,
de universidades, de instituições culturais, de organizações e rede socioculturais.
Art. 7º - Fica estabelecido o prazo de vigência de 10 (dez) anos para o Plano Setorial de
Música da Bahia.
Parágrafo único - Sem prejuízo no disposto no caput deste artigo, a cada 3 (três) anos o Plano
deverá ser avaliado e, se for o caso, revisado com a participação do Colegiado Setorial de
Música, seguido de aprovação do Conselho Estadual de Cultura
Art. 8º - Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em XX de XXX de XXXX.
RUI COSTA
Governador
54
ANEXO 2 – PLANO SETORIAL DE MÚSICA DA BAHIA
EIXO I – DO ESTADO E DA PARTICIPAÇÃO SOCIAL
Diretriz: Formulação e ampliação de políticas públicas continuadas e integradas para a área da
música, considerando a sua diversidade e garantindo a participação da sociedade civil nos
diversos espaços de formulação e decisão.
Estratégia 1.1: Fortalecimento da participação dos envolvidos na Música em instâncias
de formulação, debates, implantação e acompanhamento das políticas culturais dirigidas
ao setor.
Ação 1.1.1: Estimular a realização de conferências, fóruns e congressos que visem
ampliar as discussões sobre temas relacionados à música, a exemplo dos Direitos
Autorais e conexos.
Ação 1.1.2: Realizar, junto ao Sindicato dos Músicos do Estado da Bahia e a Ordem
dos Músicos do Brasil, discussões sobre a regulamentação e exercício da profissão de
músico, com a presença de profissionais que possam contribuir com o debate.
Ação 1.1.3: Garantir assessoria e apoio técnico, junto a órgãos competentes (ECAD,
Sociedades Arrecadadoras, Secretaria do Trabalho e Emprego), para esclarecer
questões sobre a regulamentação da profissão de músico, dos direitos autorais e
conexos.
Ação 1.1.4: Estimular a representação do segmento da música no Conselho Estadual
de Cultura da Bahia.
Ação 1.1.5: Fortalecer o Colegiado Setorial da Música, garantindo o cumprimento do
seu regimento interno.
Ação 1.1.6: Reconhecer e contemplar a participação do Fórum Permanente de Música
da Bahia na elaboração das políticas públicas para o setor.
Ação 1.1.7: Articular, junto ao Instituto de Radiodifusão Educativa da Bahia (IRDEB),
a participação de representantes da sociedade civil da música em ações relacionadas à
cultura e comunicação.
Estratégia 1.2: Organização e disponibilização de informações sobre o setor da música
por meio de sistemas de informações e indicadores culturais
Ação 1.2.1: Promover o mapeamento dos diversos segmentos da cadeia produtiva da
música.
Ação 1.2.2: Incentivar o cadastramento dos músicos nos Sistemas de Informações e
Indicadores Culturais, a exemplo do Mapa Musical da Bahia.
Ação 1.2.3: Promover a integração do Sistema Estadual de Informações e Indicadores
Culturais com o Sistema Nacional de Informações e Indicadores Culturais (SNIIC).
55
Estratégia 1.3: Cumprimento, no Estado da Bahia, da Lei Federal nº 11.769/08, que
institui a obrigatoriedade do ensino de educação musical em todas as escolas públicas.
Ação 1.3.1: Implantar, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação da Bahia, o
ensino de música nas escolas estaduais de nível secundário.
Estratégia 1.4 – Fortalecimento da gestão de políticas culturais para a Música no âmbito
da Secretaria de Cultura do Estado da Bahia (Secult)
Ação 1.1.2: Consolidar a Secult, reestruturando e qualificando a Coordenação de
Música da Fundação Cultural do Estado da Bahia (Funceb), garantindo condições para
o desenvolvimento de ações junto à classe da música.
II – DO FOMENTO
Diretriz: Criar, desenvolver e ampliar os mecanismos de incentivo, fomento e apoio à cadeia
produtiva da música, respeitando a diversidade musical do Estado da Bahia.
Estratégia 2.1: Criação de programas e projetos específicos de fomento à Música,
garantindo a diversidade de gêneros, estilos e tendências musicais.
Ação 2.1.1: Estimular a criação de festivais e feiras de músicas que promovam a
diversidade de gêneros, estilos e tendências musicais, garantindo o acesso
democrático, por meio do financiamento público através de editais, prêmios e leis de
incentivos fiscais.
Meta 14: Realização de uma Feira Estadual de Música, com abrangência
nacional e internacional, por ano, a partir de 2015, com itinerância entre todos
os territórios de identidade.
Ação 2.1.2: Criar oficinas de qualificação técnico-musical itinerantes nas regiões de
baixo IDH, identificando, valorizando e desenvolvendo as identidades culturais locais.
Ação 2.1.3: Criar circuitos permanentes de shows, festivais e distribuição de produtos
musicais nos equipamentos culturais do Estado, nos Pontos de Cultura e nos espaços
municipais, em parceria com prefeituras e com instituições da sociedade civil.
Ação 2.1.4: Ampliar e simplificar o acesso ao programa de mobilidade e intercâmbio
em âmbito estadual, nacional e internacional para os integrantes da cadeia produtiva da
música.
Estratégia 2.2: Estímulo ao investimento da iniciativa privada na Música
Ação 2.2.1: Divulgar, junto às iniciativas privadas, a lei de incentivo fiscal,
promovendo campanhas que despertem o interesse das empresas privadas em investir
na Música da Bahia.
Estratégia 2.3: Ampliação de investimento de recursos financeiros públicos voltados
para a Música, democratizando a sua distribuição.
56
Ação 2.3.1: Ampliar os recursos destinados aos editais de apoio e fomento da musica
na Bahia em suas diversas vertentes e seus diversos segmentos: produção, formação,
difusão, memória e pesquisa, circulação e distribuição.
Ação 2.3.2: Ampliar os recursos destinados a grupos musicais de comunidades
tradicionais
Ação 2.3.3: Territorializar as seleções de editais e premiações relacionadas à área da
música
III – DO ACESSO
Diretriz: Garantir a difusão, circulação, distribuição e promoção de produtos musicais, artistas
e profissionais da cadeia produtiva da música em âmbito estadual, nacional e internacional.
Estratégia 3.1: Ampliação do acesso à diversidade da produção musical da Bahia
Ação 3.1.1: Ampliar os programas que promovam a produção e reprodução de CDs,
produção de conteúdos digitais para as novas mídias, e produção de videoclipes de
artistas do Estado.
Ação 3.1.2: Disponibilizar os produtos musicais dos artistas baianos nos equipamentos
culturais do Estado, e em pontos alternativos de vendas, a exemplo de bancas de
revista, Pontos de Cultura e livrarias.
Ação 3.1.4: Incentivar a diversidade de conteúdos musicais na programação dos
diversos meios de comunicação.
Ação 3.1.5: Criar programas de formação e mediação de plateia.
Ação 3.1.6: Efetivar, em parceria com a iniciativa privada e empreendedores da área
musical, a utilização do Vale Cultura como meio de ampliar o acesso da população aos
produtos musicais.
Ação: Criar um centro que reúna pesquisa e revitalização de acervos sobre a área
musical, incluindo as tradições musicais populares, em formatos físicos para
compartilhamento digital de modo interligado.
Estratégia 3.2 – Estímulo à participação de pessoas com deficiência nos processos de
criação, formação, divulgação, promoção e fruição da música.
Ação 3.2.1: Incentivar a publicação de materiais didáticos e outras produções em
música acessíveis por meio de fonte aumentada, braile, áudio descrição, áudio livro,
Língua Brasileira de Sinais.
Ação 3.2.2: Adequar os equipamentos culturais da Secretaria, e aqueles utilizados por
esta para promover atividades musicais, no intuito de garantir acessibilidade às
pessoas com deficiência.
Ação 3.3.3: Viabilizar a participação de pessoas com deficiência na seleção de editais
e prêmios.
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IV – DA ECONOMIA DA CULTURA E SUSTENTABILIDADE
Diretriz: Criar condições aos profissionais da cadeia produtiva da música, estimulando
empreendedorismo e valorização profissional buscando a sustentabilidade estrutural e
financeira em contexto de economia solidária, cooperativismo e ações coletivas sustentáveis.
Estratégia 4.1: Ampliação do consumo e da produção musical no Estado da Bahia
Ação 4.1.1: Estimular a criação de linhas de crédito a baixo custo e a fundo perdido
através de convênio com empresas privadas, SEBRAE, entidades financeiras
brasileiras e internacionais para facilitar a produção musical no Estado.
Ação 4.1.2: Criar subsídios para aquisição de instrumentos e equipamentos musicais.
Estratégia 4.2: Estímulo ao empreendedorismo da cadeia produtiva da música por meio
de ações de formação e assistência técnica
Ação 4.2.1: Promover capacitação técnica para a elaboração, gestão e prestação de
contas de projetos voltados para a música.
Ação 4.2.2: Promover capacitação técnica elaboração de planos de distribuição de
produtos musicais.
Ação 4.2.3: Promover capacitação técnica para elaboração de planos de negócios, de
comunicação, abordando estratégias de marketing, produção de portfólios e assessoria
de imprensa para produtores e gestores do setor musical.
V - DA FORMAÇÃO
Diretriz: Promover e garantir a formação, capacitação e qualificação de agentes da cadeia
produtiva da música, instituindo uma política pública continuada e integrada.
Estratégia 5.1: Qualificação da cadeia produtiva da música por meio de ações voltadas
para a formação.
Ação 5.1.1: Articular, junto às universidades públicas, a oferta de cursos de graduação
e pós-graduação na área da música.
Ação 5.1.2: Articular, junto aos órgãos competentes, a participação de músicos com
notório saber no âmbito das universidades públicas.
Ação 5.1.3: Realizar parcerias com instituições de ensino para promoção de programas
de extensão que envolvam a formação e qualificação de músicos e artistas.
Ação 5.1.4: Implantar cursos de qualificação técnica e reciclagem para agentes da
cadeia produtiva da música.
Estratégia 5.2: Fortalecimento dos processos de ensino, pesquisa e aprendizado da
música
58
Ação 5.2.1: Reconhecer, por meio de concessão de títulos e comendas, instituições e
músicos que atuam na formação musical informal.
Ação 5.2.2: Criar ação educativa musical em âmbito estadual, contemplando zonas de
populações isoladas dos grandes centros urbanos, tais como comunidades indígenas,
quilombolas e ribeirinhas.
Ação 5.2.3: Ampliar o alcance do Programa de Qualificação em música do Centro de
Formação em Artes nos territórios de Identidade.
Ação 5.2.4: Estimular o desenvolvimento de pesquisas sobre a Música da Bahia.
EIXO VI: DA TRANSVERSALIDADE
Diretriz: Ampliar a presença da Música em outras áreas e setores a partir de ações conjuntas
com instituições públicas, privadas e afins.
Estratégia 6.1: Divulgação e revisão das regulamentações que atingem o exercício da
profissão do músico.
Ação 6.1.1: Articular, em parceria com os órgãos competentes, encontros para discutir
a aplicação das leis do silêncio e lei estadual antibaixaria e suas regulamentações.
Estratégia 6.2: Realização de parcerias com as rádios públicas e privadas do Estado da
Bahia
Ação: Viabilizar, em parcerias com as rádios, a veiculação de conteúdos musicais
produzidos na Bahia, que não estejam vinculados ao circuito comercial que integra a
grande mídia.
Estratégia 6.3: Divulgação da produção musical baiana em escolas públicas do Estado
Ação: Desenvolver programas, em pareceria com a Secretaria Estadual de Educação
da Bahia, que contribuam para a formação de plateia e para a difusão da música
produzida na Bahia.
Estratégia 6.4: Ampliação e divulgação da potencialidade do uso da Música em projetos
das mais diversas áreas, tais como social, educacional, tecnológica e da saúde.
Ação 6.4.1.: Promover ciclo de debates sobre o uso da música para fins diversos, em
parceria com pessoas e instituições interessadas.
Ação 6.4.2.: Criar projetos que incentivem a utilização da música em jogos
eletrônicos, games e outras mídias.
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ANEXO 3 – RELATÓRIO DAS PRÁTICAS PROFISSIONAIS ORIENTADAS
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA – PPGPROM
FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS ORIENTADAS
Aluno: Wilson Fernando Teixeira da Silva
Matrícula:_215115563______
Área: _Música_________________________________________ Ingresso: 2015-1___
Código Nome da Prática
MUSD52 PRÁTICA CORAL
Orientador da Prática: Katharina Doring
Descrição da Prática
1) Título da Prática: Regência do Coral Santa Rosa de Lima
2) Carga Horária Total: 102 horas
3) Locais de Realização:
Coral Santa Rosa de Lima na Igreja Santa Roda de Lima no Bairro de Costa Azul.
4) Período de Realização:
De março a junho e 2015. O Coral Santa Rosa de Lima já completou oito anos sob minha
regência.
5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):
Ensaio das músicas que compõem o ritual litúrgico durante a missa: Canto de Entrada, Ato
Penitencial, Glória, Aclamação do Evanjelho, Ofertório, Santo, Comunhão e Canto Final.
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Foram ensaiadas músicas de cunho Litúrgico, que o Coral apresenta durante as celebrações
das missas de domingo, eventos e festejos da Igreja.
6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:
Trabalhar com a comunidade local, que frequenta a Igreja, com cantos litúrgicos para
animação das missas, e desta forma introduzir a comunidade no fazer musical, desenvolvendo
a musicalidade e atividade cultural.
7) Possíveis produtos Resultantes da Prática
Participação da comunidade no aprendizado de canto. Apresentação nas comemorações e
festejos da Igreja.
8) Orientação: Katharina Dóring
8.1) Carga horaria da Orientação: 2 horas
8.2) Formato da Orientação: Visitação aos ensaios do Coral
8.3) Cronograma das Orientações: Encontros presenciais:
Encontros gerais de orientação quinzenalmente na EMUS-UFBA, onde foram observadas as
diversas práticas e suas aplicações, além da preparação e orientação técnica do TCF
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA – PPGPROM
FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS ORIENTADAS
Aluno: Wilson Fernando Teixeira da Silva
Matrícula:_215115563______
Área: _Música_________________________________________ Ingresso: 2015-1___
Código Nome da Prática
MUSD52 PRÁTICA CORAL
Orientador da Prática: Katharina Doring
Descrição da Prática
1) Título da Prática: Regência do Coral Vozes da Ascensão do Senhor
2) Carga Horária Total: 102 horas
3) Locais de Realização:
Coral Vozes da Ascensão na Igreja Ascensão do Senhor fica no CAB - Centro Administrativo
da Bahia.
4) Período de Realização: De março a junho e 2015.
5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):
Ensaio das músicas que compõem o ritual litúrgico durante a missa: Canto de Entrada, Ato
Penitencial, Glória, Aclamação do Evangelho, Ofertório, Santo, Comunhão e Canto Final.
Foram ensaiadas músicas de cunho Litúrgico, que o Coral apresenta durante as celebrações
das missas de domingo, eventos e festejos da Igreja. E também é preparado um repertório
popular para apresentações em Festivais de Corais pelo País.
6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:
Trabalhar com a comunidade local, que frequenta a Igreja, com cantos litúrgicos para
62
animação das missas, e desta forma introduzir a comunidade no fazer musical, desenvolvendo
a musicalidade e atividade cultural.
7) Possíveis produtos Resultantes da Prática
Desenvolvimento musical dos participantes. Apresentação do Coral mensalmente nas
missas de domingo e em eventuais festejos da Igreja.
8) Orientação: Katharina Dóring
8.1) Carga horaria da Orientação: 2 horas
8.2) Formato da Orientação: Visitação aos ensaios do Coral
8.3) Cronograma das Orientações: Encontros presenciais:
Encontros gerais de orientação quinzenalmente na EMUS-UFBA, onde foram observadas as
diversas práticas e suas aplicações, além da preparação e orientação técnica do TCF
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA – PPGPROM
FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS ORIENTADAS
Aluno: Wilson Fernando Teixeira da Silva__________ Matrícula:_215115563_____
Área: Música Ingresso: _2015-1_______
Código Nome da Prática
MUSD59 Prática de Educação em Comunidades
Orientador da Prática: Katharina Doring
Descrição da Prática
1) Título da Prática: Iniciação a teoria elementar básica de música.
2) Carga Horária Total: 96 horas
3) Locais de Realização: Centro Comunitário da Igreja Santa Rosa de Lima no Bairro de
Costa Azul
4) Período de Realização: De março a junho de 2015
5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):
- Aulas de Violão, aulas técnica vocal.
- As aulas constavam de introdução dos alunos no universo da aprendizagem musical, através
do estudo inicial do conhecimento e percepção das notas musicais, pentagrama, exercícios
rítmicos, conhecimento dos símbolos musicais, exercícios melódicos, exercícios de vocalizes,
conhecimento de escalas.
6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:
Introduzir os alunos e moradores nas comunidades adjacentes, no universo musical e preparar
os interessados para ingressar no Coral da Igreja.
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7) Possíveis produtos Resultantes da Prática: Fundamentos de educação musical para
iniciantes.
8) Orientação: Katharina Doring
8.1) Carga horaria da Orientação: 1 horas
8.2) Formato da Orientação: Diálogos contínuos envolvendo diversas práticas.
8.3) Cronograma das Orientações - Encontros presenciais:
Encontros gerais de orientação quinzenalmente na EMUS-UFBA, onde foram observadas as
diversas práticas e suas aplicações, além da preparação e orientação técnica do TCF.
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA – PPGPROM
FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS ORIENTADAS
Aluno: Wilson Fernando Teixeira da Silva__________ Matrícula:_215115563_____
Área: Música Ingresso: _2015-2_______
Código Nome da Prática
MUSD59 Prática de Educação em Comunidades
Orientador da Prática: Katharina Doring
Descrição da Prática
1) Título da Prática: Iniciação a teoria elementar básica de música, aulas de Violão, aulas
técnica vocal.
2) Carga Horária Total: 96 horas
3) Locais de Realização: Centro Comunitário da Igreja Santa Rosa de Lima no Bairro de
Costa Azul
4) Período de Realização: De março a junho de 2015
5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):
As aulas constavam de introdução dos alunos no universo da aprendizagem musical, através
do estudo inicial do conhecimento e percepção das notas musicais, pentagrama, exercícios
rítmicos, conhecimento dos símbolos musicais, exercícios melódicos, exercícios de vocalizes,
conhecimento de escalas.
6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:
Introduzir os alunos e moradores nas comunidades adjacentes, no universo musical e preparar
os interessados para ingressar no Coral da Igreja.
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7) Possíveis produtos Resultantes da Prática
Fundamentos de educação musical para iniciantes.
8) Orientação: Katharina Doring
8.1) Carga horaria da Orientação: 1 horas
8.2) Formato da Orientação: Diálogos contínuos envolvendo diversas práticas.
8.3) Cronograma das Orientações - Encontros presenciais:
Encontros gerais de orientação quinzenalmente na EMUS-UFBA, onde foram observadas as
diversas práticas e suas aplicações, além da preparação e orientação técnica do TCF.
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA – PPGPROM
FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS ORIENTADAS
Aluno: Wilson Fernando Teixeira da Silva__________ Matrícula:_215115563_____
Área: _Música___________________________________ Ingresso: _2015 - 2_______
Código Nome da Prática
MUSD52 PRÁTICA CORAL
Orientador da Prática: Katharina Doring
Descrição da Prática
1) Título da Prática: Regência do Coral Vozes da Ascensão – Igreja do CAB
2) Carga Horária Total: 102 horas
3) Locais de Realização: Centro Administrativo de Salvador - Paralela
4) Período de Realização: De agosto a dezembro de 2015
5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):
- Ensaio das músicas que compõem o ritual litúrgico durante a missa: Canto de Entrada, Ato
Penitencial, Glória, Aclamação do Evangelho, Ofertório, Santo, Comunhão e Canto Final.
Foram ensaiadas músicas de cunho Litúrgico, que o Coral apresenta durante as celebrações
das missas de domingo, eventos e festejos da Igreja.
6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:
Trabalhar com a comunidade local, que frequenta a Igreja, com cantos litúrgicos para
animação das missas, e desta forma introduzir a comunidade no fazer musical, desenvolvendo
a musicalidade e atividade cultural.
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7) Possíveis produtos Resultantes da Prática
Desenvolvimento musical dos participantes. Apresentação do Coral mensalmente nas
missas de domingo e em eventuais festejos da Igreja.
- Apresentação no I Festival Primaverão, realizado pela Igreja da Ascensão do Senhor.
8) Orientação: Katharina Dóring
8.1) Carga horaria da Orientação: 2 horas
8.2) Formato da Orientação: Visitação aos ensaios do Coral
8.3) Cronograma das Orientações: Encontros presenciais:
Encontros gerais de orientação quinzenalmente na EMUS-UFBA, onde foram observadas as
diversas práticas e suas aplicações, além da preparação e orientação técnica do TCF
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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA – PPGPROM
FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS ORIENTADAS
Aluno: Wilson Fernando Teixeira da Silva__________ Matrícula:_215115563_____
Área: _Música___________________________________ Ingresso: _2015 – 2
Código Nome da Prática
MUSD52 PRÁTICA CORAL
Orientador da Prática: Katharina Doring
Descrição da Prática
1) Título da Prática: Mediador no Projeto Arte no Currículo
2) Carga Horária Total: 60 horas
3) Locais de Realização: Escola de Dança e Escola de Música da UFBA
4) Período de Realização: De agosto a dezembro de 2015
5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):
Atividades com os professores da rede municipal de ensino com o objetivo de reciclar o
conhecimento com a realização de oficinas de canto coral, teoria musical, práticas de
instrumento.
6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:
Melhorar a qualificação e potencialização da Arte no Currículo, na escola e na Educação,
através da realização de Ciclos de Formação Continuada para Professores de Música, Dança,
Teatro.
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7) Possíveis produtos Resultantes da Prática
Realização do Ciclo de Formação de Professores em setembro, do Seminário de Diretores,
contando com a participação de aproximadamente 157 professores de dança, música e teatro e
53 diretores. Em outubro e parte do mês de novembro foi dedicada a ação de Mediação
Artística – Educativa em que foram visitadas da aproximadamente 150 Escolas, iniciando um
diálogo colaborativo, de cunho pedagógico e artístico, entre mediadores da UFBA,
professores, coordenadores e diretores de Escolas da Rede Municipal.
Realização da I Mostra de Arte e Educação em 30 de novembro de 2015, no Espaço Cultural
da Barroquinha e no Teatro Gregório de Mattos.
8) Orientação: Katharina Doring
8.1) Carga horaria da Orientação: 2 horas
8.2) Formato da Orientação: Discussão e diálogos contínuos envolvendo diversas práticas.
8.3) Cronograma das Orientações - Encontros presenciais:
Encontros gerais de orientação quinzenalmente na EMUS-UFBA, onde foram observadas as
diversas práticas e suas aplicações, além da preparação e orientação técnica do TCF
71
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA – PPGPROM
FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS ORIENTADAS
Aluno: Wilson Fernando Teixeira da Silva__________ Matrícula:_215115563_____
Área: _Música___________________________________ Ingresso: _2016 - 1_______
Código Nome da Prática
MUSD52 PRÁTICA CORAL
Orientador da Prática: Katharina Doring
Descrição da Prática
1) Título da Prática: Regência do Coral Vozes da Ascensão – Igreja do CAB
2) Carga Horária Total: 102 horas
3) Locais de Realização: Centro Administrativo de Salvador – Paralela (Coral Vozes da
Ascensão)
Escola de Dança e Escola de Música da UFBA
4) Período de Realização: De fevereiro a dezembro de 2015 (Coral e Arte no Currículo)
5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):
- Ensaio das músicas que compõem o ritual litúrgico durante a missa: Canto de Entrada, Ato
Penitencial, Glória, Aclamação do Evangelho, Ofertório, Santo, Comunhão e Canto Final.
Foram ensaiadas músicas de cunho Litúrgico, que o Coral apresenta durante as celebrações de
missas de domingo, eventos e festejos da Igreja e ensaios de músicas populares para
apresentações em festivais de Corais.
6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:
Trabalhar com a comunidade local, que frequenta a Igreja, com cantos litúrgicos para
72
animação das missas, e desta forma introduzir a comunidade no fazer musical, desenvolvendo
a musicalidade e atividade cultural.
7) Possíveis produtos Resultantes da Prática
- Desenvolvimento musical dos participantes. Apresentação do Coral mensalmente nas
missas de domingo e em eventuais festejos da Igreja;
- Apresentação no VI CANTAJU – Festival Nacional de Música Coral em Aracajú, realizado
de 20 a 23 de outubro de 2016;
- Apresentação no I Festival Primaverão, realizado pela Igreja da Ascensão do Senhor, em
20/11/2016
8) Orientação: Katharina Dóring
8.1) Carga horaria da Orientação: 2 horas
8.2) Formato da Orientação: Visitação aos ensaios do Coral
8.3) Cronograma das Orientações: Encontros presenciais:
Encontros gerais de orientação quinzenalmente na EMUS-UFBA, onde foram observadas as
diversas práticas e suas aplicações, além da preparação e orientação técnica do TCF
73
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E DO DESPORTO
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MÚSICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROFISSIONAL EM MÚSICA – PPGPROM
FORMULÁRIO DE REGISTRO DE PRÁTICAS PROFISSIONAIS ORIENTADAS
Aluno: Wilson Fernando Teixeira da Silva__________ Matrícula:_215115563_____
Área: _Música___________________________________ Ingresso: _2016 - 1_______
Código Nome da Prática
MUSD52 PRÁTICA CORAL
Orientador da Prática: Katharina Doring
Descrição da Prática
1) Título da Prática: Mediador no Projeto Arte no Currículo
2) Carga Horária Total: 120 horas
3) Locais de Realização: Escola de Dança e Escola de Música da UFBA
4) Período de Realização: De março a dezembro de 2015
5) Detalhamento das Atividades (incluindo cronograma):
- No projeto Arte no Currículo são feitos encontros, desenvolvimento de oficinas com
professores regentes de fanfarras da rede pública com foco na qualificação e especialização na
Arte no Currículo.
6) Objetivos a serem alcançados com a Prática:
- Potencializar e qualificar o Professor e Regentes da rede pública Municipal.
- Melhorar a qualificação e potencialização da Arte no Currículo, na escola e na Educação,
através da realização de Ciclos de Formação Continuada para Professores de Música, Dança,
Teatro e Artes Visuais.
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7) Possíveis produtos Resultantes da Prática
- Residência com os Regentes de Fanfarras da Rede Municipal,
- Realização de oficina de Coral com Professores da Rede.
- Realização da Mediação Artística – Educativa entre UFBA, professores, coordenadores e
diretores de Escolas da Rede Municipal.
- Realização da II Mostra de Arte e Educação nos dias 6 e 7 de dezembro de 2016, no Espaço
Cultural da Barroquinha e no Teatro Gregório de Mattos.
8) Orientação: Katharina Doring
8.1) Carga horaria da Orientação: 2 horas
8.2) Formato da Orientação: Discussão e diálogos contínuos envolvendo diversas práticas.
8.3) Cronograma das Orientações - Encontros presenciais:
Encontros gerais de orientação quinzenalmente na EMUS-UFBA, onde foram observadas as
diversas práticas e suas aplicações, além da preparação e orientação técnica do TCF.