UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA POLITÉCNICA DA UFBA
MESTRADO EM ENGENHARIA AMBIENTAL URBANA
FABIANO STAUT
O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS NO NORDESTE BRASILEIRO
Salvador 2011
FABIANO STAUT
O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS NO NORDESTE BRASILEIRO
Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia Ambiental Urbana da Escola Politécnica da Universidade Federal da Bahia, como requisito para obtenção do grau de mestre.
Orientador: Prof. Dr. Juan Pedro Moreno Delgado Co-orientador: Prof. Dr. Roberto Bagattini Portella
Salvador
2011
S798 Staut, Fabiano
O Processo de implantação de parques eólicos no nordeste brasileiro / Fabiano Staut. – Salvador, 2011.
164 f. : il. color.
Orientador: Prof. Dr. Juan Pedro Moreno Delgado Co-orientador: Prof. Dr. Roberto Bagattini Portella
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal da Bahia. Escola Politécnica, 2011.
1. Energia eólica. 2. Impacto ambiental. 3. Meio ambiente. 3. Educação ambiental - Legislação. 4. Gestão ambiental. I. Delgado, Juan Pedro Moreno. II. Portella, Roberto Bagattini. III. Universidade Federal da Bahia. IV. Título.
CDD: 621.31
EPÍGRAFE
“Gaia é um invólucro esférico fino de matéria que cerca o interior
incandescente. Começa onde as rochas crustais encontram o magma do
interior quente da Terra, uns 160 quilômetros abaixo da superfície, e
avançam outros 160 quilômetros para fora através do oceano e ar até a
ainda mais quente termosfera, na fronteira com o espaço. Inclui a
biosfera e é um sistema fisiológico dinâmico que vem mantendo nosso
planeta apto para a vida há mais de 3 bilhões de anos. Chamo Gaia de
um sistema fisiológico porque parece dotada do objetivo inconsciente de
regular o clima e a química em um estado confortável para a vida”
(LOVELOCK, 2006, p. 27)
"The answer, my friend, is blowin' in the
wind...The answer is blowin' in the
wind..."
Bob Dylan
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais: Vagner e Lea Mara pela educação e retidão; minha irmã Gabi pelo incentivo; minha esposa Ellen pelo amor, companheirismo e compreensão, e minhas filhas Sofia e Laura pelos momentos de alegria proporcionados nas coisas mais simples da vida.
AGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOSAGRADECIMENTOS
Aos antigos e atuais moradores de Sumidouro e Boa Vista que concederam entrevistas, aos funcionários da empresa DESENVIX (Márcio e Rúbio) e todas as demais pessoas que colaboraram para a realização dessa dissertação. Meu agradecimento especial ao Prof. Juan pela orientação e ao Prof. Portella pela análise crítica e posterior contribuições. Agradeço também aos demais professores do MEAU principalmente ao Prof. Luizão, ao Prof. Arthur Caldas, ao Prof. Roberto Guimarães, a Profª. Iara e a Profª Ilce. A Profª Neyde Maria da Universidade Federal da Bahia (UFBA) que participou das bancas de projeto, seminário e dissertação, dando ao trabalho preciosas contribuições sobre climatologia. Ao professor Sylvio Carlos Bandeira de Mello e Silva da Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Católica do Salvador (UCSAL) que gentilmente aceitou participar da banca de dissertação, contribuindo com seus conhecimentos sobre o espaço geográfico. À Turma do MEAU 2009 pela troca de experiências e conhecimento durante as nossas aulas. Em especial aos amigos Ernesto e João Anísio e as amigas Fabíola e Rose pelo apoio e incentivo e também pelos debates altamente enriquecedores diversos grupos de trabalho nas disciplinas cursadas. Gostaria também de agradecer aos antigos professores da graduação em Ciências Biológicas da UNESP-Assis especialmente as professoras Solange, Verinha, Marin e Alexandra e ao professor Carlos Alberts. Aos meus amigos bioloucos Sérgio Oba, Grilo, Birigui e Breila pelos momentos de alegria e aprendizado da biologia durante a graduação. Amigos da UNESP de outros cursos (Psicologia, Letras e História) e anos diferentes como: Élitão (amigo e meu “cumpade” de casório), Moisés, Marcelão, Eddy, Fabiana, Fábio, Reinaldo, Nelson, “Schumacher”, Silvinha, Roberta, Larissa, Tati, Marcelo Perrenoud, Maomé, Valdir,Eneida, Go, Mateus... Amigos também de fora na Universidade, mas que também tiveram um papel muito importante na minha formação como estudante e que nos churrascos nas repúblicas e nas mesas alcoólicas do Ex-Tensão Universitária, acrescentaram conhecimento na escola da vida!!! Aos meus amigos “Explorers”: José Aurélio, Leonardo e Gustavo Gradiski Neves, Daniel, Guga, Rafa e Vitinho e em especial André Zanoti (amigo-irmão ou seria irmão-amigo?). André (também meu cumpade de casório) to te esperando aqui na Bahia para montarmos uma pimenta “retada”, ok???? Kkkkkkkkkk. Grande abraço meu irmão!!! Aos amigos de trabalho de ontem e hoje como: Hórus e Martinho (Ampla Terra), Arlinda, Edisiene, Michelle, Joana, Lucas Neiva e Boccanera, e Edson (todos SENAI-CETIND), Mário Alberto (Sócio fundador da Uirapuru), Victor Vieira (atual sócio da Uirapuru), Marcinha e Sil (amigonas do peito)!!!! Angelo Brasileiro (Naturea), Zitos (figuraça!!!!), Susana, (SWT), Maécio, Carlos V. Rios, Ramiro e Pedro (todos ex-SWT). Rafael Valverde (SICM), Ricardo Fraga (Geoklock); Teresa Murici, Leíla Torres, Pepeu, Sildes, Anaílton, Júlio e Rodrigo (todos Casa dos Ventos).
Dedico também este trabalho a minha família. Mamãe: Minha livre docente preferida!!! Meu espelho maior nesse mundo acadêmico. Exemplo de professora educadora!!! Ao meu pai pelo ensino da palavra “honestidade” e pelos palavras de incentivo durante o decorrer do curso. Minha mana Gabi também pelas palavras de força e fé durante esta caminhada!!! Minhas mulheres: Ellen, amor da minha vida. Esposa dedicada e cúmplice do meu esforço. Por muitas vezes teve que compreender a minha necessidade de isolamento para concentrar-me durante o processo criativo!!! Perdoe-me pelos momentos de stress e mau humor!!! “Olha só nosso castelo como já tá grande hein”??? Sofia e Laurinha: meus pequenos amores. Amor incondicional e eterno!!! Por quantas vezes seus sorrisos, abracinhos e beijinhos me fizeram superar todos os obstáculos nesta jornada acadêmica!!! Amo vocês de paixão!!! Ufa!!! Terminei.... Por fim agradeço ao dom de VIVER!!! Letra de Frank Sinatra, porém prefiro com ao som de Sex Pistols!!! Let’s Rock!!!! “My Way And now the end is near And so I face the final curtain My friend, I'll say it clear I'll state my case of which I'm certain I've lived a life that's full I traveled each and every highway And more, much more than this I did it my way Regrets, I've had a few But then again, too few to mention I did what I had to do And saw it through without exemption I've planned each charted course Each careful step along the byway And more, much more than this I did it my way Yes there were times, I'm sure you knew When I bit off more than I could chew But through it all when there was doubt I ate it up and spit it out
I faced it all and I stood tall And did it my way I've loved, I've laughed and cried I've had my fill, my share of losing And now as tears subside I find it all so amusing To think I did all that And may I say, not in a shy way Oh no, oh no, not me I did it my way For what is a man, what has he got? If not himself, than he has naugth To say the things he truly feels And not the words of one who kneels The record shows, I took the blows And did it my way”
RESUMO
A falta de planejamento integrado dos recursos energéticos e investimentos no setor elétrico brasileiro originou, no ano de 2001, uma crise energética a qual culminou, num episódio denominado de “apagão”. Desde então, o governo tem proporcionado incentivos a investimentos na geração de energia elétrica a partir de fontes alternativas. Atualmente, inúmeras empresas nacionais e multinacionais estão se instalando no país, principalmente na região nordeste, onde estudos técnico-científicos atestam que há o potencial econômico e de condições ambientais favoráveis, para geração de energia elétrica através dos ventos (energia eólica). O objetivo deste trabalho é analisar os impactos ambientais e os aspectos jurídicos do processo de implantação de parques eólicos no nordeste brasileiro, especificamente na Bahia. Têm-se como subsídios empírico e teórico, estudos ambientais de alguns parques eólicos no nordeste do Brasil como o Parque Eólico Rio do Fogo em Rio do Fogo e Touros - RN, Parque Eólico Valparaíso em Ubajara - CE, Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas - BA e Complexo Eólico Cristal Enel em Morro do Chapéu - BA, levantamento bibliográfico, entrevistas com técnicos-consultores, representantes do governo (órgão ambiental e secretarias) e as comunidades na área de influência direta do Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas - BA. Como produto da comparação das metodologias utilizadas nos diferentes estudos ambientais, identificaram-se os principais critérios e/ou fatores (meio físico, biótico e socioeconômico) considerados na avaliação dos impactos ambientais de parques eólicos no nordeste, sua regulamentação e normas técnicas existentes na legislação nacional. Foram consideradas as particularidades dos seus contextos regulatórios, socioeconômicas e de mercado, além da análise entre os impactos ambientais descritos na literatura com os observados in loco, assim como, as principais divergências. Como principal conclusão identificou-se que os estudos ambientais na forma de um Relatório Ambiental Simplificado – RAS ou como um Estudo de impacto ambiental e respectivo Relatório de Impacto do Meio Ambiente - EIA/RIMA, somados à falta de estrutura dos órgãos ambientais estaduais e dificuldades para a regularização das terras para a implantação de parques eólicos, geram alguns conflitos ambientais, sociais e econômicos. Este tipo de energia pode ser considerado uma das energias alternativas que podem ser utilizadas para a mudança do modelo atual de geração de energia utilizada no país, como as hidrelétricas e as termoelétricas, desde que o atual modelo de licenciamento ambiental seja mais participativo desde o início da formulação de um projeto eólico. Como resultado, espera-se contribuir para a construção de um marco regulatório para a energia eólica no Brasil e em especial no estado da Bahia. PALAVRAS CHAVE: Energia Eólica, Impactos Ambientais; Meio Ambiente,
Legislação Ambiental, Gestão Ambiental.
ABSTRACT
In 2001, the lack of energetic resources integrated planning and investments in the Brazilian electric sector created an energetic crisis that culminated in an episode called apagão (big black out). Since then, the government has encouraged investments in the generation of electric energy from alternative sources. Currently, innumerous national and multinational companies are being set in the country, mainly in the Northeast region, where technical-scientific studies prove that there is economic potential and favorable environment conditions for the generation of electric energy through wind (eolic energy). The aim of this work is to analyze the environmental impacts and the juridical aspects of the eolic parks implementation process in the Brazilian Northeast, more specifically in Bahia. One has as both empiric and theoretical tools the environmental studies of some eolic parks in the Northeast of Brazil such as Rio do Fogo Eolic Park in Rio do Fogo and Touros – Rio Grande do Norte, Valparaíso Eolic Park in Ubajara – Ceará, Desenvix Eolic Complex in Brotas de Macaúbas – Bahia and Cristal Enel Eolic Complex in Morro do Chapéu – Bahia, bibliography research, interviews with consultant-technicians, government representatives (environmental agency and secretaries) and the communities in the area directly influenced by the Desenvix Eolic Complex in Brotas de Macaúbas – Bahia. As comparison methodologies product used in the different environmental studies, were identified the main criteria and/or factors (physic medium, biotic and socioeconomic) considered in the evaluation of Northeast eolic parks environmental impacts, their regulation and technical standards in the national legislation. Their regulatory context, socioeconomic and market specificities were considered as well as the analysis between the environmental impacts described in literature and the ones observed in loco and their main differences. As main conclusion, it was identified that the environmental studies in the form of a Simplified Environmental Report – SER or as an Environmental Impact Study and respective Environmental Impact Report – EIS/EIR, added to the state environmental agencies lack of structure and difficulties to regularize the land for eolic parks implementation generate some environmental, social and economic conflicts. This kind of energy may be considered one of the alternative energies that might be used for the current energy generation model used in the country, as hydroelectrics and thermoelectrics, since the current environmental licensing model is more participant since an eolic project creation. As a result, one hopes to contribute to the construction of a regulatory mark for the wind energy in Brazil, especially in the state of Bahia. KEYWORD: Wind Power, Environmental Impact, Environmental, Environmental Law,
Environmental Management.
LISTA DE MAPAS
Mapa 1 - Localização do Parque Eólico Valparaíso - CE ............................................... 93 Mapa 2 - Localização do Parque Eólico Rio do Fogo - RN .......................................... 107
Mapa 3 - Localização do Complexo Eólico Cristal - BA ................................................ 111 Mapa 4 - Localização do Complexo Eólico Brotas de Macaúbas - BA ....................... 117
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Roteiro Metodológico ......................................................................................... 26
Figura 2 - Formação dos ventos devido ao deslocamento das massas de ar. ........... 49 Figura 3 - Comportamento do vento sob a influência das características do terreno 50
Figura 4 – Evolução da Energia Eólica no mundo ........................................................... 52 Figura 5 – Os dez maiores produtores mundiais de energia eólica. ............................. 53 Figura 7 - Turbina eólica de eixo vertical (TEEVs) ........................................................... 54 Figura 8 - Estrutura e funcionamento de um aerogerador .............................................. 56 Figura 9 - Esquema básico de uma turbina eólica. .......................................................... 57 Figura 10 – Complementaridade Hidrelétrica/Eólica ....................................................... 60 Figura 11 - Atlas Eólico do Brasil, 2001. ............................................................................ 61 Figura 12 – Potencial Eólico no Nordeste do Brasil, 2001.............................................. 62 Figura 13 – Potencial Eólico no estado da Bahia. ............................................................ 63 Figura 14 – Participação das fontes de energia elétrica no país ................................... 64
Figura 15 - Evolução da capacidade instalada nos próximos 10 anos ......................... 70 Figura 16 - Torre anemométrica com sensores combinados e sistema eletrônico para armazenagem e envio de dados coletados, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011. ........................................................................................................................................ 74
Figura 17 - Detalhe dos sensores combinados instalados na torre anemométrica, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011.................................................................. 75 Figura 18 - Sistema eletrônico, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011. ......... 76 Figura 19- Croqui de uma torre anemométrica, Sowitec, 2009. .................................... 77
Figura 20- Resultados das mortes de quirópteros registradas no monitoramento de morcegos do Parque Eólico de Osório – RS (RUI; BARROS, 2008). ........................... 86 Figura 21 - Imagem PE Valparaíso - CE ........................................................................... 93 Figura 22 - Imagem Parque Eólico Rio do Fogo - RN ................................................... 109 Figura 23 - Aerogeradores no Parque Eólico Rio do Fogo-RN .................................... 110
Figura 24 - Imagem do Complexo Eólico Cristal - BA(Cristal, Primavera e São Judas). ................................................................................................................................... 112 Figura 25- Imagem Complexo Eólico Brotas de Macaúbas - BA ................................. 117
Figura 26 - Comunidade de Sumidouro ........................................................................... 123
Figura 27 Aerogeradores ainda em instalação no Complexo Eólico de Brotas de Macaúbas – BA .................................................................................................................... 124 Figura 28 - Vista da estrada entre a comunidade de Sumidouro e a comunidade Boa Vista ....................................................................................................................................... 125
LISTA DE QUADROS
Quadro 1- Escala Beaufort baseada em sua velocidade de deslocamento ................ 48 Quadro 2- Protocolos assinados em 2009 com o governo da Bahia ............................ 65 Quadro 3 - Projetos e Potência total - Leilão de reserva 2009 ...................................... 66
Quadro 4 - Resultado do Leilão de reserva 2009............................................................. 67 Quadro 5 - Parques em operação no Brasil em 2011 ..................................................... 71 Quadro 6 - Parques em construção em 2011 ................................................................... 72 Quadro 7 - Panorama para 2013 ........................................................................................ 73
Quadro 8 - Resumo dos fatores ambientais hoje, com e sem a instalação do Complexo Eólico Cristal. ..................................................................................................... 113
Quadro 9 - Resumo dos impactos ambientais nos meio físico, biótico e socioeconômico. .................................................................................................................. 119 Quadro 10 - Resumo dos impactos ambientais em cada fase do Complexo Eólico de Brotas de Macaúbas - BA ................................................................................................... 120
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AAE Avaliação Ambiental Estratégica
ABEEÓLICA Associação Brasileira de Energia Eólica
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AEGE Acompanhamento de Empreendimentos Geradores de Energia
AIA Avaliação de Impactos Ambientais
AIE Agência Internacional de Energia
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
APP Área de Preservação Permanente
AWEA American Wind Energy Association
BNDES Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
CBEE Centro Brasileiro de Energia Eólica
CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
CEPEL Centro de Pesquisas de Energia Elétrica
CHESF Companhia Hidroelétrica do São Francisco
CMSE Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico
COELBA Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia
CONAMA Conselho Nacional do Meio Ambiente
COSERN Companhia Energética do Rio Grande do Norte
CRESEB Centro de Referência para Energia Solar e Eólica Sérgio de Salvo Brito
EA Estudos Ambientais
EIA/RIMA Estudo de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto do Meio Ambiente
ELETROBRÁS Centrais Elétricas Brasileiras
EMBASA Empresa Baiana de Águas e Saneamento S.A
EPE Empresa de Pesquisas Energéticas
EWEA European Wind Energy Association
GWEC Global Wind Energy Council
IEA/CTA (Instituto de Aeronáutica e Espaço/Centro de Tecnologia Aeroespacial)
IBAMA Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDEA Instrumento para Desenvolvimento de Estudos Ambientais
IDEMA Instituto de Desenvolvimento Sustentável e Meio Ambiente do RN
IMA Instituto do Meio Ambiente
INCRA Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária
INEMA Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
INMET Instituto Nacional de Meteorologia
MAGIA Modelo de Avaliação e Gestão de Impactos Ambientais
MDL Mecanismo de Desenvolvimento Limpo
MW Mega Watts
NBR Norma Brasileira
PCHs Pequenas Centrais Hidrelétricas
PNUMA Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
RAS Relatório Ambiental Simplificado
SEAGRI Secretaria da Agricultura, Irrigação e Reforma Agrária
SEMA Secretaria de Meio Ambiente
SEMACE Secretaria de Meio Ambiente do estado do Ceará
SEMARH Secretaria de Estado do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos
SICM Secretaria de Indústria Comércio e Mineração
SIG Sistema de Informações Geográficas
SIN Sistema Interligado Nacional
TR Termo de Referência
UFBA Universidade Federal da Bahia
UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte
UTE Usina Termelétrica
WWEA World Wind Energy Association
ZEE Zoneamento Ecológico-Econômico
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS .......................................................................... xii 1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 15 1.1 Objetivo Geral ............................................................................................................ 21 1.2 Objetivos específicos .................................................................................................. 21 1.3 Justificativa ................................................................................................................. 22 1.4 Organização da dissertação ........................................................................................ 23 2. METODOLOGIA ...................................................................................................... 24 3. MARCO TEÓRICO ................................................................................................... 27 3.1 Avaliação de impactos ambientais (AIA) .................................................................. 27 3.2 Geração de energia elétrica e seus principais impactos ambientais ........................... 38 3.3 A energia eólica .......................................................................................................... 45 3.3.1 Processos eólicos e a ação dos ventos ................................................................... 45 3.3.2 Histórico e evolução da energia eólica .................................................................. 50 3.3.3 Funcionamento de um Parque Eólico .................................................................... 53 3.3.4 A energia eólica no Brasil...................................................................................... 58 3.3.5 Etapas do desenvolvimento de um projeto eólico ................................................. 73 3.4 Impactos Ambientais descritos em literatura ............................................................. 80 3.5 Legislação ambiental aplicada ao setor elétrico ......................................................... 86 3.6 O Licenciamento ambiental de empreendimentos eólicos nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia ........................................................................................................ 90 4. ESTUDOS AMBIENTAIS COMPARATIVOS DE PARQUES EÓLICOS ............ 92 4.1 Parque Eólico Valparaíso - CE ................................................................................... 92 4.2 Parque Eólico de Rio do Fogo - RN ......................................................................... 106 4.3 Complexo Eólico Cristal-Morro do Chapéu – BA ................................................... 111 4.4 Complexo Eólico Desenvix - Brotas de Macaúbas - BA ......................................... 116 4.4.1 A opinião da população da área de influência do parque eólico de Brotas de Macaúbas - BA ................................................................................................................... 122 4.5 Síntese dos impactos ambientais: singularidades na Bahia ...................................... 125 5. O PROCESSO DE LICENCIAMENTO: A OPINIÃO DOS ESPECIALISTAS DA BAHIA ............................................................................................................................... 126 5.1 Empreendedores ....................................................................................................... 127 5.2 Consultores ............................................................................................................... 127 5.3 Governo .................................................................................................................... 128 5.4 Analistas do Órgão ambiental .................................................................................. 129 5.5 Síntese: a percepção dos especialistas ...................................................................... 131 6. DISCUSSÃO ............................................................................................................ 133 CONCLUSÕES .................................................................................................................. 136 REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 139 ANEXOS ............................................................................................................................ 145
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1. INTRODUÇÃO
A energia é a base de tudo que acontece no planeta, desde os aspectos
biológicos e fisiológicos inerentes a todos os seres vivos até o funcionamento e o
crescimento das sociedades modernas. Ela é necessária para se criar bens com
base em recursos naturais e para fornecer muitos dos serviços com os quais tem
nos beneficiado e permeiam todos os setores da sociedade – economia, trabalho,
ambiente, relações internacionais, assim como nossas próprias vidas – moradia,
alimentação, saúde, transporte, lazer e muito mais (HINRICHS & KLEINBACH,
2010). Ainda segundo os autores, a energia é mais bem descrita pelo que ela pode
fazer. Não podemos “ver” a energia, apenas seus efeitos; não podemos fazê-la,
apenas usá-la e não podemos destruí-la, apenas desperdiçá-la.
Até o século XVI o trabalho realizado pelo homem era baseado na sua força
física, na tração animal, na energia hidráulica (rodas d’água) e na energia dos
ventos (moinhos). Inicialmente, ao uso de força animal foi acrescida à energia
hidráulica, que mais tarde, recebeu os derivados de petróleo e posteriormente, a
essa matriz, foi adicionada a energia elétrica (GUENA, 2007).
Com a migração da população rural para as cidades, inicialmente na Inglaterra
e posteriormente em toda a Europa, houve um aumento da demanda de alguns
produtos de consumo que antes não eram solicitados. A produção destes produtos
exigiu um incremento na produção industrial que se iniciava naquele momento.
Entender a energia significa entender os recursos energéticos e suas
limitações, bem como as consequências ambientais da sua utilização. Energia, meio
ambiente e desenvolvimento estão forte e intimamente conectados (HINRICHS &
KLEINBACH, 2010).
Um dos maiores desafios que a ciência enfrenta atualmente é a incapacidade
de modelar os diferentes cenários de mudanças que envolvem a relação sociedade-
natureza. É importante considerar ainda que a natureza é condição concreta da
existência humana. Portanto, a vulnerabilidade do sistema natural deve ser
compreendida como o grau de capacidade de ajustamento desde a atuação de
variáveis externas, que geram respostas complexas até a conscientização da
sociedade. Para apoio à tomada de decisão, lança-se mão de estudos de
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caracterizações ambientais, aliados às suas associações e impactos (positivos e
negativos).
Os diversos componentes que constituem a “Natureza”, tão importantes e
valorizados, vêm sendo constantemente ameaçados há décadas pelo próprio ser
humano nas mais variadas formas de degradação. Muitas empresas que, de alguma
forma utilizam-se do meio ambiente natural, através da sua modificação ou
exploração, vêm adotando medidas de controle ambiental (monitoramento
ambiental), assim como medidas compensatórias objetivando, desse modo, evitar ou
mesmo minimizar os impactos causados pelos seus empreendimentos.
O resultado que estas empresas buscam é justamente a melhoria das
condições ambientais em nível local e regional, melhorando, consequentemente, a
qualidade de vida das pessoas envolvidas, através do comprometimento público do
próprio empreendedor com a conservação do meio ambiente, refletindo, certamente,
no estabelecimento de uma conceituação de empresa “ecologicamente correta”.
O homem tem se voltado para a natureza buscando nos seus elementos as
alternativas energéticas capazes de fornecer energia para sustentar o seu
desenvolvimento. Dessa forma, as formas alternativas de energia eólica e solares
provenientes dos recursos naturais estão sendo retomadas. Ainda nos primórdios o
homem já utilizava a energia contida nas massas de ar, sobretudo para o
armazenamento quando o vento soprava como afirma James Lovelock (2006).
O grau de desenvolvimento de uma nação está diretamente ligado à
disponibilidade e ao padrão de consumo de energia que ela exige. Para nações e
países desenvolvidos, cujo ritmo de crescimento é acelerado e o padrão de vida da
sua população é considerado alto, a disponibilidade de energia para fornecimento,
torna-se cada vez mais importante, obrigando-as a viabilizar cada vez mais fontes
de energia para seu suprimento, buscando aliar seu desenvolvimento com a
preservação ambiental.
Os padrões atuais de produção e consumo de energia está baseada nas fontes
fósseis, o que gera emissões de poluentes locais, gases de efeito estufa e põem em
risco o suprimento de longo prazo no planeta. É preciso mudar esses padrões
estimulando as energias renováveis, e, nesse sentido, o Brasil apresenta uma
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condição bastante favorável em relação ao resto do mundo (GOLDEMBERG &
LUCON, 2007).
Com o crescimento populacional mundial avançando em escala geométrica,
tanto nos países desenvolvidos como nos em desenvolvimento, ditos periféricos, a
demanda global por energia avança mesmos patamares de crescimento.
Atualmente, vários países vêm investindo na complementação e transformação de
seus parques energéticos com a introdução de fontes alternativas de energia, onde
as questões ambientais alavancaram em muito estes investimentos, principalmente
devido aos impactos causados pelas formas tradicionais de geração de energia. Na
utilização de soluções energéticas que agridem em menor escala o meio ambiente
tem destaque a energia eólica como uma fonte alternativa de grande importância na
elaboração de novos cenários energéticos.
No Brasil e, em especial, nos estados do nordeste brasileiro, a energia eólica
tem sido considerada uma das energias alternativas mais viáveis devido as suas
características geográficas não apenas na costa destes estados, mas também nas
regiões interioranas. A partir desta constatação vários estudos anemométricos
(direção e intensidade dos ventos) publicados no país, nos últimos anos, atestam a
existência de ventos com velocidades médias altas, pouca variação nas direções e
baixa turbulência durante todo o ano, comprovando, dessa forma, a existência de
um gigantesco potencial comercial de aproveitamento eólico ainda não explorado. A
instalação de uma turbina de 75 kW na ilha de Fernando de Noronha, no ano de
1992, marcou o início do aproveitamento dos recursos eólicos para a geração de
energia elétrica no Brasil.
Desde então, com a criação do Programa Nacional de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia – PROINFA (Decreto nº 5.025, de 2004), o governo federal
adotou diversas medidas orientadas a aumentar a participação das fontes
alternativas renováveis complementares na produção nacional de eletricidade
igualmente dividida entre as Tecnologias de Biomassa, Energia Eólica e Pequenas
Centrais Hidrelétricas – PCHs no Sistema Elétrico Interligado Nacional - SIN.
Os principais benefícios deste programa foram a Geração de 150 mil postos de
trabalho diretos e indiretos durante a construção e a operação, sem considerar os de
efeito-renda, o investimento de R$ 4 bilhões na indústria nacional de equipamentos
e materiais; a complementaridade energética sazonal entre os regimes
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hidrológico/eólico na região nordeste, a redução da emissão 2,5 milhões de
toneladas de CO2/ano e os investimentos privados da ordem de R$ 8,6 bilhões
(MME, 2010). Como resultado deste programa, 54 centrais eólicas foram instaladas
em 8 estados brasileiros com a capacidade de geração de 1.422,92MW. No
nordeste, apenas 5 estados foram contemplados com o incremento desta fonte de
energia: Ceará, Rio Grande do Norte, Piauí, Pernambucano e Paraíba.
O Governo Federal, a partir de 2004 (leis 10.847 e 10.848), definiu um novo
marco regulatório para o setor de energia. As novas leis tiveram como principais
objetivos estabelecer regras claras para a indústria de energia elétrica, garantir as
tarifas mais baixas possíveis para o consumidor e assegurar abastecimento de
energia para evitar novos racionamentos. Para atingir estes objetivos, o novo
modelo do setor elétrico alterou a forma da compra de energia pelas distribuidoras
das geradoras, o mecanismo de repasse do custo desta energia para as tarifas e as
regras para licitação de novas usinas. As novas regras também asseguraram a
assinatura de contratos de compra de energia de longo prazo para os vencedores
dos leilões, servindo como um instrumento eficaz para a obtenção de financiamento
e possibilitando a redução do risco do investimento.
A partir deste novo modelo foram criadas a Empresa de Pesquisa Energética
(EPE), a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) e do Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico (CMSE). A EPE é a responsável pelos estudos do
setor energético, incluindo energia elétrica, petróleo, gás natural e fontes alternativas
de energia, para subsidiar o MME na execução do planejamento, a CCEE pela
administração dos contratos de compra e venda de energia e o CMSE pelo
monitoramento das condições de atendimento no curto prazo.
A compra de energia para os consumidores passou a ser feita, exclusivamente,
por leilões. As novas usinas de diversas fontes de geração (hidroelétrica,
termoelétrica, solar, biomassa e eólica) passaram a ser licitadas pelo critério de
menor tarifa e, além disso, os empreendimentos seriam levados a leilão com o
licenciamento ambiental aprovado, evitando atraso de obras e garantindo a
segurança no abastecimento. As distribuidoras passaram a ser obrigadas a comprar
toda a sua energia em leilões pelo critério do menor preço. Foram instituídos três
tipos de leilões:
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• A5 - leilão de energia para entrega cinco anos após o contrato. São
leilões de energia de novos empreendimentos de geração
• A3 - leilão de energia para entrega três anos após o contrato. Também
são leilões de novos empreendimentos.
• A1 - leilão de energia para entrega no ano seguinte. São leilões de
energia de usinas existentes.
Como uma das exigências para a participação nos leilões é a licença
ambiental, na forma de licença prévia (LP) ou licença de localização (LL). Inúmeros
problemas surgiram, principalmente nos estados do nordeste, pois inicialmente, os
locais identificados com maior potencial para a geração de energia eólica eram os
localizados no litoral. Diversos parques eólicos, principalmente nos estados do
Ceará e Rio Grande do Norte foram licenciados e implantados nessas regiões.
Grande parte deles foi implantada em Áreas de Preservação Permanente (APP),
principalmente em dunas, causando assim impactos ambientais aos ecossistemas a
elas associados e dificultando o trânsito de comunidades locais aos acessos
existentes.
O Ministério Público (MP) moveu várias ações coletivas questionando os
estudos ambientais realizados e as respectivas licenças concedidas pelos órgãos
ambientais estaduais. Estas licenças foram obtidas em grande parte através da
realização de um Relatório Ambiental Simplificado - RAS (resolução CONAMA
279/01) ao invés de serem realizados na forma de um Estudo de Impacto Ambiental
e Relatório de Impacto ao Meio Ambiente - EIA/RIMA (resolução CONAMA 01/86).
Desta forma, os estudos foram realizados de uma forma mais simplificada, de modo
a se conseguir a licença ambiental a tempo de participar dos leilões de energia.
Além da licença ambiental, os contratos de arrendamento e compra de
propriedades também são exigidos, porém, nos estados com potencial eólico
litorâneo, estes foram mais fáceis de conseguir. As áreas identificadas para a
implantação dos parques eólicos, nesses estados, tinham a documentação, em dia,
devido à localização propícia ao desenvolvimento do turismo e à pressão do setor
imobiliário.
No estado da Bahia, as regiões identificadas com maior potencial para geração
de energia eólica encontram-se no interior, mais especificamente nas áreas
20
elevadas das Chapadas. Estas áreas também se encontram em APP, porém com
uma diferença em relação aos demais estados: são áreas que até pouco tempo
atrás, ou seja, antes do descobrimento do seu potencial eólico, não tinham valor
imobiliário algum. São áreas localizadas em topo de morros e montanhas onde não
há água para utilização em algum tipo de plantação, seja de subsistência ou em
escalas maiores. Possuem elevados índices de endemismos de espécies da fauna e
flora constatadas em estudos acadêmicos de diversas universidades brasileiras,
apesar da necessidade da realização de novos estudos contemplando um maior
número de grupos taxonômicos.
A partir do ano de 2008, várias empresas nacionais e estrangeiras sabendo
deste alto potencial eólico da Bahia, começaram a realizar, com recursos próprios,
as medições anemométricas em diversas regiões no estado. Atestando este
potencial, contratos de arrendamento de terra para futuras instalações de parques
eólicos foram sendo firmados entre os proprietários e essas empresas. Contratos
estes que, além dos valores monetários elevados, que, a depender da política de
cada empresa, pode começar a vigorar a partir da instalação de uma torre
anemométrica ou apenas quando e se for realmente instalado um parque eólico na
referida propriedade.
A disputa pela terra passou a ser um fator estratégico para as empresas, pois,
com os contratos de arrendamentos ou a aquisição de propriedades com o potencial
eólico atestado pelas torres, elas teriam assegurado um uso futuro seja para a
instalação dos próprios parques eólicos, ou apenas para especulação imobiliária,
tornando-as grandes proprietárias de terras. Unidades de Conservação (UCs) de
uso restrito ou não, como áreas de proteção ambiental (APAs), Parques Estaduais,
Nacionais, refúgios da vida silvestre, etc. foram também sendo objeto de estudo
para estas empresas, já que nestas UCs ainda vivem inúmeras comunidades que
possuem documentação legal ou não e que ainda não foram indenizadas pelo
estado pela criação das mesmas.
A questão fundiária atrelada às questões ambientais, sociais e econômicas e
ao fato do Estado na competência de seu órgão estadual, o Instituto de Meio
Ambiente da Bahia – INEMA não ter uma estrutura humana e a aparelhagem técnica
suficiente para atender à demanda crescente para o licenciamento ambiental de
empreendimentos eólicos, faz com que muitas licenças sejam liberadas sem o rigor
21
técnico apropriado com extrema rapidez e sem análise técnica devida,
contemplando todas as variáveis ambientais, sociais, econômicas e de estrutura
fundiária.
Somado a isto, o fator tempo também deve ser considerado, pois os leilões de
energia promovidos pela EPE são realizados semestralmente. Dentro os
documentos exigidos para a participação no leilão estão à licença ambiental
(Licença Prévia – LL ou Licença de Localização LL). Estabelece-se então uma
incompatibilidade de cronogramas entre os órgãos ambientais estaduais e a EPE.
Mesmo que os estudos sejam apresentados na forma de RAS, EIA/RIMA ou
até mesmo outra modalidade, os mesmos possuem limitações naturais, pois não têm
uma análise profunda em relação às alternativas tecnológicas e de localização, de
se levar em conta, satisfatoriamente, os impactos cumulativos e os impactos
indiretos que são inerentes a esta forma de avaliação de impacto ambiental. As
avaliações de projetos são feitas de uma forma individual e frequentemente geram
desconfortos às comunidades próximas a estes projetos, reforçando assim a ideia
de que as decisões são tomadas, anteriormente, ou decorrem da mera continuidade
de políticas já estabelecidas elaboradas pelo governo ou pelo setor privado sem
levar em consideração a opinião das mesmas.
1.1 Objetivo Geral
A proposta desta dissertação é analisar o processo de implantação de parques
eólicos no nordeste do Brasil.
1.2 Objetivos específicos
• Comparar os impactos ambientais de diferentes parques eólicos nos
estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia na fase de sua
implantação;
• Contextualizar a inserção da energia eólica na matriz energética
brasileira, visando contribuir para seu marco regulatório;
22
1.3 Justificativa
Diante de um cenário mundial em que as constantes mudanças climáticas
estão ocasionando verdadeiras catástrofes “naturais” e que especialistas atribuem
como o principal fator a utilização de combustíveis fósseis, a busca por fontes
alternativas que não emitam gases poluentes, como CO2 e CH4, já são uma
realidade presente em muitos países desenvolvidos e em desenvolvimento.
Em relação a outros países, o Brasil destaca-se por ter a sua matriz energética
baseada em energias renováveis principalmente pelo elevado número de
hidrelétricas instaladas no país, fato este facilmente explicado por dispor da maior
bacia hidrográfica do mundo. Características físicas e geográficas foram
determinantes para a consolidação deste modelo. As primeiras hidrelétricas no
Brasil começaram a ser construídas ainda no final do século XIX e consolidaram sua
participação no mercado de energia ao longo do século XX. Junto com elas surgiram
vários conflitos pela geração de impactos econômicos, sociais e ambientais, além da
constatação, através de estudos científicos, da emissão de gases poluentes e
contribuintes do fenômeno “efeito estufa”. Este tipo de energia considerada, até
pouco tempo atrás, com o conceito de “energia limpa”, ou seja, aquela que não
libera (ou libera poucos) gases ou resíduos que contribuem para o aquecimento
global, em sua produção ou consumo, já está sendo revista e retificada.
Esta dissertação justifica-se pelo crescente interesse governamental e de
grupos econômicos nacionais e estrangeiros em desenvolver e implantar projetos
eólicos na região nordeste do Brasil, principalmente nos estados do Ceará, Rio
Grande do Norte e, especificamente, no estado da Bahia. Como este tipo de energia
atualmente é considerado como uma das energias limpas e mais viáveis sob o ponto
de vista da sustentabilidade, onde a tríade econômica, social e ambiental se
equilibram em todos os aspectos, faz-se necessário uma reflexão sobre esta
realidade já que existem poucos estudos deste tipo no país. A implantação da
energia eólica realmente segue os preceitos da sustentabilidade? Os aspectos
econômicos, sociais e ambientais estão sendo discutidos e respeitados durante o
processo de implantação? O atual modelo de contratação pelo governo deste tipo de
energia é funcional? Estas e outras indagações serão analisadas e discutidas neste
trabalho.
23
1.4 Organização da dissertação
Esta dissertação está organizada em 5 capítulos, as referências bibliográficas e
os anexos ao final, conforme sucintamente se descreve a seguir.
O Capítulo 1 é uma breve introdução que aborda a importância da energia no
mundo e no Brasil, sua evolução e as alternativas energéticas disponíveis e
utilizadas atualmente. Ainda neste capítulo são apresentados os objetivos gerais e
específicos e a sua justificativa.
No Capítulo 2 é apresentada a metodologia utilizada para atingir os objetivos
propostos no Capítulo 1 . O marco teórico deste trabalho é apresentado no Capítulo
3, com as subdivisões nas diversas formas de geração de energia elétrica e seus
principais impactos ambientais, e em especial, como foco principal, a energia eólica,
descrevendo como se formam os ventos, o funcionamento de um parque eólico, o
histórico e a evolução desta tecnologia no mundo. Discute-se também o panorama
eólico brasileiro, as etapas de desenvolvimento de um projeto eólico e os impactos
descritos na literatura. Ainda neste capítulo são apresentados os conceitos de
impacto ambiental e sua avaliação, a legislação ambiental federal, estadual (Ceará,
Rio Grande do Norte e Bahia) e, particularmente, o processo de licenciamento
ambiental no estado da Bahia.
No Capítulo 4 estão apresentados os estudos ambientais de parques eólicos
no nordeste, como o Parque Eólico Rio do Fogo em Rio do Fogo e Touros - RN, o
Parque Eólico Valparaíso em Ubajara – CE, o Complexo Eólico Desenvix em Brotas
de Macaúbas - BA e Complexo Eólico Cristal Enel em Morro do Chapéu - BA. Ainda
neste capítulo, é apresentada uma síntese dos impactos ambientais de
empreendimentos eólicos no estado da Bahia tendo como base as normas legais de
licenciamento e as entrevistas com a população que vive na área de influência do
Complexo Eólico da Desenvix em Brotas de Macaúbas – BA, já que este é o
primeiro Parque Eólico do estado a ser implantado e a entrar em funcionamento
ainda no ano de 2011.
Já no Capítulo 5, está o resultado da opinião dos especialistas
(empreendedores, consultores ambientais, funcionários do Governo e técnicos do
órgão ambiental – INEMA) em relação aos impactos positivos e negativos durante a
etapa de implantação de parques eólicos. A discussão, assim como as conclusões
24
sobre a operação de parques eólicos no estado da Bahia é apresentada no Capítulo
6. As referências para esta dissertação estão contidas nos anexos, bem como os
demais documentos e fotos.
2. METODOLOGIA
A metodologia pode ser definida como a descrição, análise e avaliação crítica
dos métodos de investigação, sendo necessário distinguir dentro da mesma, a
técnica e o método. O método é um procedimento ou conjunto de procedimentos,
que servem de instrumento para alcançar os fins da investigação, enquanto que as
técnicas são meios auxiliares que concorrem para a mesma finalidade.
Em relação ao significado de “método”, os autores mais citados nas teses e
dissertações analisadas convergem para o entendimento de que ele seria o caminho
para se chegar a determinado fim. Assim, a palavra “caminho” pode ser encontrada
nas definições de Richardson (2008), Gil (2007) e Marconi & Lakatos (2007):
[...] método vem do grego méthodos (meta = além de, após de + ódos = caminho). Portanto, seguindo a sua origem, método é o caminho ou a maneira para chegar a determinado fim ou objetivo. (RICHARDSON, 2008, p. 22). [...] pode-se definir método como caminho para se chegar a determinado fim. E método científico como o conjunto de procedimentos intelectuais e técnicos adotados para se atingir o conhecimento (GIL, 2007, p. 26). [...] método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia permite alcançar o objetivo — conhecimentos válidos verdadeiros —, traçando o caminho a ser seguido detectando erros e auxiliando as decisões do cientista. (MARCONI & LAKATOS, 2007, p. 83). (Grifo nosso).
Para cumprir os objetivos deste trabalho foi realizada a análise bibliográfica dos
principais impactos descritos em teoria e uma análise dos relatórios/estudos
ambientais dos Parques Eólicos: Rio do Fogo em Rio do Fogo e Touros - RN,
Valparaíso em Ubajara - CE, Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas -
BA e Complexo Eólico Cristal Enel em Morro do Chapéu – BA. Sob o ponto de vista
da sustentabilidade foi analisado o processo de implantação de parques eólicos no
25
nordeste brasileiro, em especial no estado da Bahia, visando contribuir para seu
marco regulatório.
Uma das técnicas utilizadas foi o envio de um questionário para os
especialistas (consultores, empreendedores, técnicos do INEMA e funcionários do
governo). Já em relação ao Complexo Eólico Desenvix em Brotas de Macaúbas –
BA foram realizadas entrevistas com funcionários da empresa e lideranças locais
nas comunidades diretamente afetadas pela obra com objetivo de comparar os
impactos descritos na literatura com a realidade encontrada nos licenciamentos
ambientais.
Somado a estas técnicas, foram elencadas a legislação aplicada para o
licenciamento de parques eólicos nos estado do Rio Grande do Norte, Ceará e
Bahia, além das metodologias usualmente utilizadas para a avaliação de impactos
ambientais em empreendimentos desta natureza.
A partir do cruzamento destas técnicas de entrevistas e a aplicação do
questionário com especialistas, pode-se chegar a uma síntese com a realidade
encontrada atualmente no licenciamento ambiental nos estados no nordeste e em
especial no estado da Bahia. Ao final da dissertação são apresentadas algumas
discussões e conclusões sobre o licenciamento ambiental de empreendimentos
eólicos, procurando enfatizar os aspectos ambientais, sociais, econômicos e
normativos. A figura 1 exemplifica na forma de fluxograma o roteiro metodológico.
26
Figura 1 – Roteiro Metodológico
27
3. MARCO TEÓRICO
3.1 Avaliação de impactos ambientais (AIA)
A AIA se dá a partir dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA) e ou modalidades
de estudos ambientais requeridas pelos órgãos ambientas estaduais e até
municipais no caso do licenciamento ser de responsabilidade do município. Estes
estudos integram um conjunto de atividades técnicas e científicas que incluem o
diagnóstico ambiental, a fim de identificar, prevenir, medir e interpretar, quando
possível, os impactos ambientais.
Para Pimentel (1992), a AIA não é um instrumento de decisão, mas sim, de
fornecimento de subsídios para o processo de tomada de decisão. Seu propósito é
suprir informações por meio do exame sistemático das atividades do projeto. Isto
permite maximizar os benefícios, considerando os fatores saúde, bem-estar humano
e meio ambiente, elementos dinâmicos no estudo para avaliação.
A AIA é, assim, um componente integrado no desenvolvimento de projeto e
parte do processo de decisão, proporcionando retroalimentação contínua entre
conclusões e concepção da proposta (VERDUM, 1992). A este respeito, Barbieri
(2004), ao discorrer sobre esse tipo de avaliação na legislação brasileira, retoma a
definição da AIA de acordo com o Programa das Nações Unidas para o Meio
Ambiente (PNUMA), e afirma que problemas, conflitos e agressões ao meio
ambiente devem ser vistos sob os seguintes pontos: danos à população, a
empreendimentos vizinhos e ao meio físico e biológico, de tal forma que se garanta
o tratamento dos efluentes em seu estágio preliminar de planejamento do projeto.
O autor Baasch (1995), em estudo sobre AIA, a concebe como instrumento de
política ambiental capaz de tornar viável o desenvolvimento em harmonia com o uso
dos recursos naturais e econômicos. Portanto, pode ser vista como ciência e arte, ao
refletir as preocupações com aspectos técnicos que fornecem subsídios à tomada
de decisão, considerando as vantagens e desvantagens de uma proposta em sua
dimensão econômica, social e ecológica.
Os métodos utilizados numa AIA envolvem, além da inter e
multidisciplinaridade exigida pelo tema, as questões de subjetividade, os parâmetros
que permitam quantificação e os itens qualitativos e quantitativos. Desta forma, é
28
possível observar a magnitude de importância destes parâmetros e a probabilidade
dos impactos ocorrerem, a fim de se obter dados que aproximem o estudo de
conclusão mais realística.
Em termos de Brasil, segundo Verdum (1992), a AIA surge por exigência de
órgãos financiadores internacionais, sendo, posteriormente, incorporada como
instrumento da política nacional do meio ambiente, no início da década de 80. A sua
legislação fundamenta-se nas leis dos Estados Unidos da América (EUA), primeiro
país a exigi-la para projetos, programas e atividades do Governo, isto já ao final dos
anos 60, como recurso de planejamento para prevenir impactos ao meio ambiente.
A aplicação prática da legislação da AIA, no Brasil, prioriza o licenciamento de
projetos, à semelhança da abordagem francesa, surgida nos meados dos anos 70.
Em outras palavras, a legislação brasileira vincula a utilização da AIA aos sistemas
de licenciamento de órgãos estaduais de controle ambiental para atividades
poluidoras ou mitigadoras do meio ambiente, em três versões a serem requeridas
pelos responsáveis dos empreendimentos, a saber: Licença Prévia (LP) - é utilizada
na fase preliminar do projeto, contendo requisitos básicos para localização,
instalação e operação, observando-se os planos municipais, estaduais e federais de
uso do solo; Licença de Instalação (LI) - autoriza o início da implantação, de acordo
com as especificações constantes no projeto executivo aprovado; Licença de
Operação (LO) - autoriza, após verificação, o início das atividades licenciadas e o
funcionamento de seus equipamentos de controle de poluição.
Nos EIA e RIMAs, que dão origem à AIA para os licenciamentos exigidos pela
resolução 001/86, três setores são estudados e enfocados por equipes
multidisciplinares, objetivando obter o cenário daquele momento, a fim de que se
possa construir um programa que controle o uso múltiplo dos recursos naturais
envolvidos. São eles: Meio Físico – estuda a climatologia, qualidade do ar, o ruído, a
geologia, a geomorfologia, os recursos hídricos (hidrologia, hidrologia superficial,
oceanografia física, qualidade das águas, uso da água), e o solo; Meio Biótico -
estuda os ecossistemas terrestre, aquático e de transição; Meio Antrópico - estuda a
dinâmica populacional, o uso e a ocupação do solo, o nível de vida, a estrutura
produtiva e de serviço e a organização social. Isto é, a AIA recorre a métodos e
técnicas estruturados para coletar, analisar, comparar e organizar dados e
informações sobre impactos ambientais nesses três setores.
29
Ainda de acordo com a Resolução CONAMA 001/86, para a AIA deverão ser
considerados:
“II - análises dos impactos ambientais do projeto e de suas alternativas, através de identificação, previsão de magnitude e interpretação da importância dos prováveis impactos relevantes, discriminando: os impactos positivos e negativos (benéficos e adversos), diretos e indiretos, imediatos e a médio e longo prazos, temporários e permanentes; seu grau de reversibilidade; suas propriedades cumulativas e sinérgicas; a distribuição dos ônus e benefícios sociais;”
Por ser uma fonte de energia com impactos reduzidos ao meio ambiente, os
estudos de impacto ambiental são bem simplificados e mais rápidos, que os
requeridos por fontes tradicionais de geração de energia elétrica. Estes estudos
compõem o chamado Relatório Ambiental Simplificado – RAS, utilizado para a
obtenção da Licença de Localização junto ao órgão ambiental competente. Esta
Licença Ambiental é um dos documentos requeridos pela Empresa de Pesquisa
Energética – EPE na etapa de Habilitação Técnica para participação nos leilões de
contratação de energia elétrica do Ministério de Minas e Energia, de acordo com a
Portaria MME nº 21/2008. A Resolução CONAMA 279/01 estabelece em seu artigo
1º os procedimentos para elaboração do RAS:
[...] procedimentos e prazos estabelecidos nesta Resolução, aplicam-se, em qualquer nível de competência, ao licenciamento ambiental simplificado de empreendimentos elétricos com pequeno potencial de impacto ambiental, aí incluídos: I - Usinas hidrelétricas e sistemas associados; II - Usinas termelétricas e sistemas associados; III - Sistemas de transmissão de energia elétrica (linhas de transmissão e subestações). IV - Usinas Eólicas e outras fontes alternativas de energia. Parágrafo único. Para fins de aplicação desta Resolução, os sistemas associados serão analisados conjuntamente aos empreendimentos principais.
Licenciamento ambiental é o procedimento administrativo pelo qual o órgão
ambiental competente verifica a localização, instalação, ampliação e operação de
empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais considerados
efetivos ou potencialmente poluidores, ou que, sob qualquer forma, possam causar
degradação ambiental. (Resolução CONAMA 237/97) O artigo 12, § 1º desta
30
Resolução estabelece a prerrogativa do órgão licenciador definir a natureza do
estudo ambiental requerido para o licenciamento, podendo estabelecer um
procedimento de Licenciamento Ambiental Simplificado, com base na constatação
de que os fatores ambientais afetados não são considerados os mais importantes,
todos os impactos prováveis são facilmente identificados, analisados e de pequena
magnitude, as medidas mitigadoras são de eficiência comprovada e o programa de
monitoramento ser de fácil estabelecimento e execução.
• A resolução CONAMA nº 001/1986 define impacto ambiental como:
[...] considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais. (CONAMA, art. 1º, 1986)
Como alerta SÁNCHES (2007), este conceito legal tem uma limitação, porque
considera como impacto apenas aqueles gerados por poluição e, paradoxalmente a
definição legal de poluição1 define melhor impacto ambiental (com a ressalva de que
se limita apenas a impacto negativo). No entanto, mesmo com tal limitação, a norma
assume “impacto” como qualquer alteração seja ele negativo ou positivo sobre as
múltiplas dimensões do meio ambiente, conceito este também claramente
estabelecido na Lei 6.938 (Política Nacional do Meio Ambiente), e que vai além dos
aspectos físico-ecológicos. Portanto uma análise de impactos ambientais não deve
se limitar aos efeitos deletérios como também aos efeitos positivos sobre o meio
ambiente, conceito este aqui considerado no seu sentido mais amplo.
Portanto, deve-se considerar que impacto ambiental é um conceito mais
abrangente que poluição, podendo ser positivo ou negativo e não tem a poluição
1 Conceito de Poluição de acordo com a Lei Federal 6938 de 31 de agosto de 1981(Política Nacional do Meio Ambiente): A degradação da qualidade ambiental resultante de atividades que direta ou indiretamente: Prejudiquem a saúde, segurança e o bem-estar da população; Criem condições adversas às atividades sociais e econômicas; Afetem às condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; Lancem matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos.
31
como causa. Neste estudo de caso pode-se perceber claramente que os impactos
ambientais não estão relacionados à poluição, pois a geração de energia elétrica
através da energia eólica não é poluente. A metodologia utilizada para ponderar os
impactos previstos, envolveu parâmetros tais como: importância/magnitude/efeito,
extensão, periodicidade, natureza, duração, reversibilidade, caráter e possibilidade
de ocorrência.
Técnicas e Métodos de Avaliação de Impacto Ambienta l (AIA)
A partir da promulgação do National Environmental Policy Act (NEPA), de
1969, institui-se, formalmente, nos EUA, o processo de AIA. Desde então, se dá o
início de desenvolvimento de métodos e técnicas, a fim de sistematizar as análises
efetivadas, utilizando, algumas vezes, técnicas de outras áreas do conhecimento.
Embora a maioria dos trabalhos de análise de impacto ambiental tenha sido
elaborada nesse país, o interesse pela temática se expandiu tanto nos países
industrializados quanto nos países em desenvolvimento (COSTA et al, 2005).
As linhas metodológicas de avaliação são mecanismos estruturados para
comparar, organizar e analisar informações sobre impactos ambientais de uma
proposta, incluindo os meios de apresentação escrita e visual dessas informações.
No entanto, face à diversidade de métodos de AIA, muitos dos quais incompatíveis
com as condições socioeconômicas e políticas do Brasil, é necessário seleção
criteriosa e adaptações, para que sejam realmente úteis na tomada de decisão dos
projetos. Fica, então, a critério de cada equipe técnica a escolha do(s) método(s)
mais adequado(s) ou parte(s) dele(s), segundo as atividades previstas (COSTA et al,
2005).
A aplicação de determinada linha metodológica demanda de um razoável
domínio dos conceitos subjacentes; uma compreensão detalhada do projeto
analisado e de todos os seus componentes e um razoável entendimento da
dinâmica socioambiental do local ou região potencialmente afetada (SÁNCHES,
2007).
Dentre as opções, destacam-se estas linhas metodológicas para a avaliação de
impactos ambientais: Métodos espontâneas (Ad hoc), Listagens (Check-list),
Matrizes de interações, Redes de interações (Networks), Métodos quantitativas,
32
Modelos de simulação, Mapas de superposição (Overlays) e Projeção de cenários. A
seguir, estão descritos os principais métodos de AIA e conforme descrito por Costa
et al (2005).
Métodos Ad hoc
Alguns autores consideram os métodos ad hoc também como uma categoria
de método de AIA, porém com as legislações ambientais regulamentando os
estudos de impactos ambientais vigentes na maioria dos países ocidentais, esse
método ou abordagem dificilmente seria aceito pelas respectivas autoridades
ambientais em um estudo de impacto ambiental (EIA), pois na verdade é
considerada uma etapa dos processos de avaliação, mas não como o método
absoluto desses processos. Este método propicia uma orientação mínima para
avaliação de impactos de forma qualitativa, destacando-se as áreas ou setores
passíveis de serem impactados, ao invés de definir parâmetros específicos a serem
investigados.
Normalmente o conhecimento empírico de experts2 do assunto e/ou da área
em questão é utilizado através de brainstorm e a AIA é apresentada de forma
simples, objetiva e de maneira dissertativa. São adequadas para casos com
escassez de dados, fornecendo orientação para outras avaliações. Apresentam
como vantagem uma estimativa rápida da evolução de impactos de forma
organizada, facilmente compreensível pelo público. Porém, não realizam um exame
mais detalhado das intervenções e variáveis ambientais envolvidas, geralmente
considerando-as de forma bastante subjetiva, qualitativa e pouco quantitativa. Em
algumas aplicações desse método, pessoas consideradas não especialistas, mas de
alguma forma envolvidas com o projeto, como por exemplo, moradores da área de
influência, fazem parte da AIA.
Método de Listagens (Check-list)
Esse método apresenta uma lista específica de parâmetros ambientais
passíveis de serem impactados por um determinado empreendimento, e, por
2 Termo utilizado para referenciar especialistas em determinada área de conhecimento.
33
conseguinte, merecedores de alguma forma de investigação. Elas ainda podem ser
subdivididas em quatro grupos:
• Simples: tem os fatores ambientais e seus indicadores listados e verificados
qualitativamente. Os fatores ambientais são listados e verificados de acordo
com as fases do projeto. Ressalta-se a forma singela e pouco informativa
apresentada por esse método, em termos de avaliação de impacto;
• Descritivas: as listas de verificação descritivas apresentam o elenco dos
parâmetros ambientais, assim como alguma forma de orientação para a
análise dos impactos. Essa abordagem mais se assemelha a um
documento instrutivo do órgão ambiental para o agente executor do estudo
do que propriamente a um método de AIA;
• Escalares (qualitativos): listas de verificação deste tipo possibilitam meios de
atribuição de valores numéricos para cada um dos fatores ambientais o que
permite certa hierarquização destes, embora mais baseada na opinião de
especialistas do que em uma ponderação mais realista. Nesse caso,
comparações podem ser feitas entre alternativas tecnológicas ou
locacionais, ou mesmo entre projetos, desde que os parâmetros utilizados
estejam padronizados. Contudo, sua confiabilidade é bastante restrita.
• Escalares ponderadas: componentes quali/quantitativos incorporam, às listas
escalares, o grau de importância de cada impacto, para a ponderação de
um valor de magnitude para cada processo impactante sob análise. As
aplicações mais bem sucedidas destes métodos referem-se aos projetos de
uso de recursos hídricos, notadamente o Environmental Evaluation System,
de Dee e co-autores (1973). Apesar de apresentar algumas vantagens,
esse método não estabelece as relações de causa e efeito entre as ações
do projeto e seus impactos como também não congregam técnicas de
previsão dos impactos, limitando sua aplicação. Além disso, pode torna-se
vulnerável pela ponderação efetuada a priori.
Este método apresenta deficiências na agregação de impactos de naturezas
diferentes. Este fato faz com que se percam as informações sobre os danos e os
benefícios, sendo que os resultados finais mascaram as vantagens e as
desvantagens do projeto e de suas alternativas. Este método também não é capaz
34
de lidar com a distribuição temporal dos impactos e com a geração de impactos
indiretos. Na visão de Moreira (1992), esse método ainda é falho na interação dos
impactos, e, por conseguinte a adoção de medidas mitigadoras deixa de ser
contempladas. Essas listas, em alguns casos, são mais úteis para os órgãos
ambientais prepararem termos de referência do que para serem empregadas como
métodos de avaliação.
Matrizes de Interação
As matrizes de interação, por sua vez são largamente utilizadas na etapa de
identificação dos impactos, funcionando como listas de verificação bidimensionais,
dispondo, no eixo vertical, as ações de implantação do projeto, e no eixo horizontal,
os fatores ambientais passíveis de serem impactados. Esse procedimento permite
assinalar nas quadrículas correspondentes às interseções das linhas e colunas, os
impactos de cada ação sobre os componentes por ela modificados. Uma vez
completada a matriz, o elenco de impactos gerados pelo empreendimento é avaliado
e as ações que provocam maior número de impactos são destacadas e trabalhadas
no sentido de serem substituídas por alternativas menos impactantes.
O método matricial mais conhecido é a matriz de Leopold, desenvolvida pelo
United States Geological Survey - USGS. Esse método apresenta o cruzamento de
100 ações sobre 88 componentes ambientais, resultando um conjunto de 8.800
células de interseção. A descrição dessas interações é feita a partir dos atributos de
magnitude e importância. A magnitude mede a intensidade do impacto, enquanto a
importância mede a relevância do impacto e do fator ambiental afetado, frente aos
outros impactos e às características ambientais da área em questão.
Cada célula representando um possível impacto é marcada com um traço em
diagonal. Na parte superior da diagonal registra-se o valor da magnitude, usando
uma escala de 1 (menor magnitude) a 10 (maior magnitude), além de identificar se o
impacto é positivo ou negativo. Na parte inferior, registra-se o valor da importância
do impacto. Os impactos podem ser agregados, ou por linha ou por coluna, ou ainda
pela soma algébrica dos produtos dos valores de magnitude e importância de cada
um. E assim é montada uma matriz para cada alternativa de projeto e elaborado um
texto discutindo os resultados.
35
Essas matrizes apenas identificam os impactos diretos, não considerando os
aspectos temporais e espaciais de cada um. Para suprir essa deficiência foram
desenvolvidos outros tipos de matrizes de interação que cruzam os fatores
ambientais entre si, introduzem símbolos ou utilizam técnicas de operação para
ampliar a abrangência dos resultados (MOREIRA, 1992).
Essas matrizes têm aplicação com eficiência na identificação dos impactos
diretos, sendo, porém bastante limitadas para utilização como método de AIA,
isoladamente. Além dos problemas de subjetividade de julgamento sobre os valores
dos impactos, as matrizes de interação não atendem à maioria das tarefas
necessárias ao desenvolvimento de um estudo de impacto ambiental.
Superposição de Cartas - Overlays
Esse método é baseado em um conjunto de mapas temáticos envolvendo os
meios físico, biótico e antrópico, da área de influência do empreendimento. Ele
herda algumas características das Cartas Ecodinâmicas de Tricart, que se
fundamenta nas restrições impostas pela dinâmica dos sistemas ambientais para a
determinação de um zoneamento territorial, de modo a evitar a degradação de
recursos naturais.
De uma maneira geral, esse método consiste na preparação de um conjunto de
cartas na mesma e escala e projeção geográfica, da área de influência do
empreendimento, representando individualmente componentes ambientais, tais
como uso de solo, cobertura vegetal, rede drenagem, dentre outros, além da planta
do empreendimento, contento os limites de todas as suas instalações. Utilizando um
critério de classificação, as áreas menos restritivas ou mais aptas ao
desenvolvimento do empreendimento em questão e as mais restritivas ou de todo
inaptas são assinaladas, empregando cores que possam produzir um gradiente
entre elas. Do mosaico resultante estariam evidenciadas algumas categorias
principais, desde as menos restritivas, as mais restritivas, também considerando as
intermediárias.
Esse método aplica-se muito bem a estudos ambientais de empreendimentos
com características lineares como estradas, linhas de transmissão e oleodutos.
Entretanto, apresenta algumas restrições básicas, como sérias limitações na
36
quantificação dos impactos, ausência de fatores ambientais que não podem ser
representados em mapas e a difícil integração dos impactos socioeconômicos. Por
outro lado, os avanços tecnológicos realizados, como a acessibilidade a imagens
aeroespaciais e os sistemas geográficos de informação (GIS), vem suprindo parte
das principais restrições encontradas nesse método, aumentando sua capacidade
de resolução e trabalhando com grande número de cartas temáticas, tornando-o
bem mais abrangente e completo.
Redes de Interação - Networks
Esse método possibilita a identificação de impactos indiretos e suas interações,
através do uso de diagramas. As redes de interação propiciam uma abordagem
integrada à análise dos impactos ambientais, já que na maioria das vezes as ações
sobre o ambiente geram mais do que um impacto e desencadeiam uma série de
outros impactos. Ao contrário das matrizes e check lists, que podem restringir a
apreciação de cada fator ambiental isoladamente, essas redes promovem a
integração interdisciplinar inerente aos estudos ambientais.
O surgimento desse método data de 1971, quando Sorensen, então aluno da
Universidade da Califórnia, em Berkeley, aplicou esses princípios em um estudo
sobre ordenamento territorial em uma região costeira da Califórnia. A partir do
desdobramento de uma matriz, a rede de interação de Sorensen abordou as
consequências ambientais das diferentes categorias de uso do solo, suas
respectivas partes conflitantes e interferências. Para esse estudo foram
considerados seis componentes ambientais, a saber: água, clima, condições
geofísicas, condições de acesso e estética, além do conjunto de atividades que os
modificaram.
Em uma aplicação da rede de Sorensen para o componente ambiental água,
foram estabelecidas as seguintes etapas de trabalho para o desenvolvimento do
método:
• Identificação dos usos;
• Identificação dos fatores causais;
• Identificação dos impactos primários (condições iniciais);
37
• Identificação dos impactos secundários (condições consequentes);
• Identificação dos impactos terciários (efeitos);
• Identificação de medidas corretivas e/ou mecanismos de controle dos
impactos.
Uma das mais importantes críticas ao trabalho de Sorensen refere-se ao fato
de que ele se dedica apenas aos impactos negativos, deixando de estudar os
positivos e suas interações.
Métodos Integrados
Esses métodos reúnem as melhores características dos demais, combinando e
integrando as listas de verificação quali-quantitativas, as matrizes de interação e as
redes, sendo assistidos por sistemas computacionais específicos. Esses métodos
possibilitam a identificação das atividades associadas à implantação de projetos de
natureza diversa, assim como dos diferentes impactos nos vários níveis de
ocorrência. Também propiciam ferramentas de cunho analítico, de forma a
estabelecer relações de causa e efeito, além de instrumentos determinantes e
quantificadores dos impactos potenciais. E ainda promovem orientações para
formulação de ações minimizadoras e medidas de controle e mitigação, facilitando a
preparação e elaboração dos documentos e relatórios requeridos nos processos de
licenciamento.
Os exemplos clássicos desses métodos são o Environmental Impact
Assessment Study for Army Military Programs, de Jain e co-autores (1973), e o
Computer-Aided Environmental Impact Analysis for Construction Activities: User
Manual, de Urban e co-autores (1975). Atualmente o Modelo de Avaliação e Gestão
de Impactos Ambientais - MAGIA (1986/89) e o software derivado Instrumento para
Desenvolvimento de Estudos Ambientais - IDEA (1993/95), apresentam um dos
maiores avanços em termos de métodos de AIA, planejamento ambiental,
formulação de cenários ambientais, bem como realização de práticas de
monitoração, controle e gestão ambientais.
38
3.2 Geração de energia elétrica e seus principais i mpactos ambientais
Neste item serão mencionados os diversos tipos de geração de energia
elétrica, em especial a energia eólica, assim como os seus principais impactos
ambientais.
Usinas Termelétricas - UTE
As Usinas Termelétricas (UTE) utilizam como fonte de energia elétrica os
combustíveis fósseis, carvão mineral, derivados de petróleo (óleo e gás natural), os
nucleares pelos elementos radioativos como urânio, tório, e plutônio, e a biomassa
(oriunda de florestas energéticas e bagaço de cana-de-açúcar).
Os impactos ambientais deste tipo de energia elétrica estão associados
principalmente à poluição térmica, devido às altas temperaturas em que a água
utilizada no processo é lançada nos corpos d’água.
As térmicas a carvão têm seu impacto causado no momento da lavra a céu
aberto, provocando de imediato impacto visual, modificando a paisagem local.
Ocorrem problemas associados de erosão, geração de poeiras, ruídos, vibrações e
gases emanados das detonações e deposições de rejeitos e material estéril (KOPPE
& COSTA, 2002). Podem provocar também impactos no lençol freático, conflitos no
uso da terra, danos à saúde dos trabalhadores, a poluição de águas superficiais,
além da poeira e material particulados emitidos. Como consequência, tem um efeito
potencial de causar problemas na água na área do entorno da mina proveniente da
drenagem ácida, sedimentação, poluentes químicos, metais-traço e sólidos
dissolvidos suspensos.
Nas minas subterrâneas temos também impactos embora reduzidos
comparados às minas a céu aberto: alterações geomorfológicas, no regime
hidrológico ocasionado pelo rebaixamento do lençol freático, vibrações ocasionadas
por explosões, poeiras, gases e liberação de metano no solo, deposição de material
estéril e rejeito na superfície, podem ocorrer desmoronamentos. A alta concentração
de metano é responsável por explosões ocorridas em minas subterrâneas
(HIRSCHBERG et al, 2004).
39
O carvão contém até 6% de enxofre em seu peso, e a sua queima responde
pela maior parte das emissões de dióxido de enxofre, aproximadamente 20 milhões
de toneladas por ano (HINRICHS & KLEINBACH, 2010). Seu lançamento pelas
chaminés das usinas contamina o ar e os corpos d’água pelo lançamento de gases
como SOx, NOx e Co2 assim como compostos orgânicos como hidrocarbonetos,
ácido sulfúrico (H2SO4) e ácido nítrico (HNO3). Estes dois últimos compostos podem
ocasionar a chuva ácida que causa desequilíbrios aos ecossistemas terrestres e
aquáticos. Possuem desvantagens como os altos custos da matéria prima, já que o
gás é um derivado do petróleo, e o alto consumo de água utilizado para o
resfriamento, além de oferecerem risco de acidentes principalmente nas etapas de
extração (exploração/ perfuração/produção) e devido aos possíveis vazamentos na
rede de distribuição, geralmente com ocorrência de explosões (RASHAD &
HAMMAD, 2000).
Energia Hidrelétrica
A geração de energia elétrica pelas hidrelétricas de grande porte é considerada
como sendo uma energia limpa por muitos, porém do ponto de vista ambiental não
podem ser consideradas uma ótima solução ecológica. Elas interferem
drasticamente no meio ambiente devido à construção das represas, que provocam
inundações em imensas áreas de matas, interfere no fluxo de rios, destroem
espécies vegetais, prejudicam a fauna e interferem na ocupação humana. As
inundações das florestas fazem com que a vegetação encoberta entre em
decomposição, alterando a biodiversidade e provocando a liberação de metano, um
dos gases responsáveis pelo efeito estufa e pela rarefação da camada de ozônio
(UDAETA & INATOMI, 1997).
Conforme descrito por Leite (2005), a implantação de hidrelétricas pode gerar
impactos ambientais na hidrologia, clima, erosão e assoreamento, sismologia, flora,
fauna e alteração da paisagem. Na hidrologia impacta com a alteração do fluxo de
corrente, alteração de vazão, alargamento do leito, aumento da profundidade,
elevação do nível do lençol freático, mudança de lótico para lêntico e geração de
pântanos. Impacta no clima alterando temperatura, umidade relativa, evaporação
(aumento em regiões mais secas), precipitação e ventos (formação de rampa
extensa). Impacta também através da erosão marginal com perda do solo e árvores,
40
assoreamento provocando a diminuição da vida útil do reservatório,
comprometimento de locais de desova de peixes, e perda da função de geração de
energia elétrica.
As usinas hidrelétricas construídas até hoje no Brasil resultaram em mais de 34.000 km² de terras inundadas para a formação dos reservatórios, e na expulsão - ou "deslocamento compulsório" - de cerca de 200 mil famílias, todas elas populações ribeirinhas diretamente atingidas. Com frequência, a construção de uma usina hidrelétrica representou para estas populações a destruição de seus projetos de vida, impondo sua expulsão da terra sem apresentar compensações que pudessem, ao menos, assegurar a manutenção de suas condições de reprodução num mesmo nível daquele que se verificava antes da implantação do empreendimento (BERMANN apud SIMIONI, 2006, p. 96).
A depender da estrutura geológica da área, na sismologia pode causar
pequenos tremores de terra, com a acomodação de placas. Na flora provoca perda
de biodiversidade, perda de volume útil, eleva concentração de matéria orgânica e
consequente diminuição do oxigênio, produzem gás sulfídrico e metano provocando
odores e elevação de carbono na atmosfera, e eutrofiza as águas. Na fauna provoca
perda da biodiversidade, implicam em resgate e realocação de animais, somente
animais de grande porte conseguem ser salvos, aves e invertebrados dificilmente
são incluídos nos resgates, e provoca migração de peixes (LEITE apud UDAETA, M.
E. M. INATOMI, 1997).
Pequenas Centrais Hidrelétricas - PCHs
Em geral, consideram-se como PCH, as usinas com capacidade instalada de
até 10 MW. No entanto, com as controvérsias em torno dos grandes projetos e seus
impactos socioambientais, utiliza-se um subterfúgio, ou seja, muda-se sua definição
de capacidade máxima. No Brasil, por exemplo, consideram-se como PCH as usinas
que geram até 30 MW e há intenção de se aumentar este índice para 50 MW
(ANEEL, 2010). A razão desta variação está em facilidades de financiamento e na
possível diminuição de pressão social contra empreendimentos desta natureza, já
que as PCHs são consideradas como “ambientalmente corretas”.
41
As PCHs se apresentam como uma forma rápida e eficiente de promover a
expansão da oferta de energia elétrica, visando suprir a crescente demanda
verificada no mercado nacional. Por suas características, este tipo de
empreendimento possibilita um melhor atendimento às necessidades de carga de
pequenos centros urbanos e regiões rurais, complementando o fornecimento
realizado pelo sistema interligado (TOLMASQUIM et al., 2003).
Um dos fatores que facilitam muito o desenvolvimento de projetos de PCHs, no
Brasil, são as informações hidrológicas disponibilizadas por uma ampla rede de
estações fluviométricas e pluviométricas espalhadas pelo país, além de estarem
presentes também nas próprias hidroelétricas de grande porte e PCHs a partir
emissão da resolução nº 396 da ANEEL em 1998.
Energia Solar
A geração fotovoltaica (FV), conversão de luz solar diretamente em
eletricidade, tem sido e continuará sendo uma das mais fascinantes tecnologias no
campo da energia. Teve seu desenvolvimento a partir da década de 50 do século XX
devido a sua utilização no programa espacial norte-americano. A tecnologia hoje já
está mais compatível sob o ponto de vista econômico, porém ainda continua
relativamente cara e o grau de aceitação no mercado é totalmente dependente da
redução dos custos de produção e do aumento da eficiência das células. Nos
últimos anos ocorreram avanços significativos na eficiência desta tecnologia,
incluindo os avanços nos materiais utilizados com baixo custo resultando em
eficiências maiores que 30% (TOLMASQUIM, 2004).
Em locais remotos no planeta, os sistemas FV autônomos são as únicas fontes
de energia disponíveis e viáveis. As vantagens de sistemas FV é que não emitem
poluição associada ao seu uso. O princípio básico é a conversão da luz do sol em
eletricidade, não sendo regidas pelas 2ª lei da termodinâmica como os motores
térmicos. Outra vantagem é o fato de poderem ser montadas de forma rápida
comparada ao tempo necessário para montar uma usina movida a combustíveis
fósseis. O principal componente de um sistema FV é o silício, abundante no planeta,
e que hoje não dá indícios de limitação deste recurso (TOLMASQUIM, 2004).
42
Os impactos ambientais mais significantes do sistema fotovoltaico para
geração de energia solar são provocados durante a fabricação de seus
componentes e na construção, bem como aqueles relacionados às questões de área
de implantação. De acordo com Tolmasquim (2004), de uma forma geral, o sistema
fotovoltaico apresenta os seguintes impactos ambientais negativos:
• Emissões e outros impactos associados à produção de energia necessária
para os processos de fabricação, transporte, instalação, operação, manutenção e
descomissionamento dos sistemas;
• Emissões de produtos tóxicos durante o processo da matéria-prima para a
produção dos módulos e componentes periféricos, tais como ácidos e produtos
cancerígenos, além de CO2, SO2, NOx, e particulados;
• Ocupação de área para implantação do projeto e possível perda de habitat
(crítico apenas em áreas especiais) – no entanto o sistema fotovoltaico pode utilizar-
se de áreas e estruturas já existentes como telhados, fachadas, etc.;
• Impactos visuais, que podem ser minimizados em função da escolha de áreas
não sensíveis;
• Riscos associados aos materiais tóxicos utilizados nos módulos fotovoltaicos
(arsênico, gálio e cádmio) e outros componentes, ácido sulfúrico das baterias
(incêndio, derramamento de ácido, contato com partes sensíveis do corpo);
• Necessidade de se dispor e reciclar corretamente as baterias (geralmente do
tipo chumbo-ácido, e com vida média de quatro a cinco anos) e outros materiais
tóxicos contidos nos módulos fotovoltaicos e demais componentes elétricos e
eletrônicos, sendo a vida útil média dos componentes estimada entre 20 e 30 anos.
Energia Nuclear
Os impactos ambientais gerados por uma usina nuclear começam na
mineração do urânio provocando impactos no meio físico, na água e com um grande
potencial de ocasionar problemas na saúde dos trabalhadores. Exige-se um alto
custo relacionado ao fator de segurança por se tratar de um minério radioativo com
potencial, tóxico, carcinogênico e mutagênico. A disposição final dos resíduos
43
radioativos é a maior preocupação, pois o local de armazenamento deve ser seguro
contra vazamentos exigindo monitoramentos constantes (GUENA, 2007).
Como exemplo, podemos citar o acidente ocorrido este ano na Usina Nuclear
de Fukushima Daiichi, no Japão. Devido a um forte terremoto que atingiu o país, um
tsunami foi formado na costa do país e atingiu os reatores da central de Fukushima
situado a 250 km ao norte de Tóquio. Ocorreu uma falha no sistema de resfriamento
e aumentando a de pressão interna da Usina, forçando as autoridades a abrir suas
válvulas para liberar o excesso de vapor. Uma nuvem radioativa foi liberada com
este vapor, contaminando plantações e afetando diretamente as populações
próximas a esta Central Nuclear.
Energia geotérmica
A Energia geotérmica é a energia contida nos reservatórios subterrâneos, de
vapor de água quente e em rochas quentes no interior da Terra. A utilização de
vapor ou água aquecida nas profundezas da Terra pode ser aproveitada da mesma
forma que o vapor ou água aquecidos por outros meios (INTERNATIONAL ENERGY
OUTLOOK, 2006 apud GAVRONSKI, 2007).
A energia geotérmica é uma das mais limpas formas de energia disponíveis
atualmente em quantidade comercial. O uso dessa energia alternativa, com baixa
emissão atmosférica, cresce significativamente em diversas partes do mundo,
trazendo benefícios ambientais e contribuindo para um menor consumo de
combustíveis fósseis e nucleares. Atualmente seu uso é diversificado pelo
desenvolvimento de novas tecnologias e pela possibilidade de adequar as atividades
produtivas às características da fonte geotérmica disponível (RABELO et al, 2002).
Os sistemas de exploração direta do calor geotérmico estão restritos às regiões
de fronteira entre as placas tectônicas como, por exemplo, no “anel de fogo” do
Pacífico e na Islândia. No Brasil, a energia geotérmica é usada quase que
exclusivamente para fins de recreação, em parques de fontes termais, como Caldas
Novas (GO), Piratuba (SC), Araxá (MG), Olímpia, Águas de Lindóia e Águas de São
Pedro (SP) (VICHI & MANSOR, 2009).
Nos países em que este tipo de energia é utilizadas os principais impactos
relacionados à sua produção são:
44
• Poluição do ar: todos os fluxos geotérmicos contêm gases dissolvidos, estes
gases são liberados junto com o vapor de água;
• Poluição da Água: os fluídos geotérmicos são mineralizados (arsênio,
mercúrio ou boro) e com isto, há possibilidade de contaminação da água nas
proximidades da usina;
• Poluição sonora durante a perfuração das fontes;
• Poluição Térmica, através da perda de calor é para a atmosfera, mas que
podem ser amenizadas por torres de resfriamento.
Energia marítima
As energias das ondas e das marés assemelham-se à geotérmica, no sentido
de que são primordialmente de interesse local e complementar, além de não haver
muitos lugares favoráveis (GAVRONSKI, 2007). Segundo Camargo (2005), existem
três maneiras de produzir energia usando o mar: as ondas, as marés ou o
deslocamento das águas e as diferenças de temperaturas dos oceanos:
Energia das ondas
A energia cinética do movimento das ondas pode ser usada para por uma
turbina em funcionamento. A elevação da onda numa câmara de ar provoca a saída
do ar lá contido; o movimento do ar pode fazer girar uma turbina produzindo energia
elétrica através do gerador. Quando a onda se desfaz e a água recua, o ar desloca-
se em sentido contrário passando novamente pela turbina, entrando na câmara por
comportas especiais normalmente fechadas. Também pode ser utilizado o
movimento de subida e descida da onda gerando potência a um êmbolo que se
move para cima e para baixo num cilindro. Este por sua vez pode por um gerador a
funcionar (INETI, 2001; EPRI, 2005 apud CAMARGO, 2005).
Energia das marés
A energia das marés é formada pelas diferenças verticais das águas dos
oceanos, associado à subida e descida das marés, acompanhado por um
45
movimento horizontal denominado de correntes das marés. Estas correntes tem uma
periodicidade idêntica à das oscilações verticais. O aproveitamento energético é
realizado na maré alta e na baixa. Para que este sistema funcione bem são
necessárias marés e correntes forte que causem um aumento do nível da água em
pelo menos 5,5 metros tanto na maré alta como na baixa. (INETI, 2001; EPRI, 2005
apud CAMARGO, 2005).
Energia térmica dos oceanos
O último tipo de energia oceânica usa as diferenças de temperatura entre a
superfície, o meio e o fundo nas águas marinhas. Pode-se utilizar a diferença de
temperatura para produzir energia, porém, são necessárias diferenças de até 38º
Fahrenheit entre a superfície e o fundo do oceano (INETI, 2001 e EPRI, 2005 apud
CAMARGO, 2005).
3.3 A energia eólica
3.3.1 Processos eólicos e a ação dos ventos
A energia eólica é uma forma de energia que tem sua origem a partir do sol, ou
seja, a partir das variações do plano de incidência da radiação solar sobre a
superfície da Terra (variação latitudinal). Os ventos são causados basicamente por
gradientes de pressão atmosférica e que por sua vez são criados em função do
aquecimento desigual da atmosfera em combinação com a topografia.
O deslocamento das massas de ar, formando os ventos, é fruto das diferenças
de pressão e de diferentes temperaturas e, portanto, de densidade, nessas massas
de ar. Essas diferenças são geradas pela maior ou menor incidência de energia
solar sobre a superfície do planeta em função da latitude e da estação do ano pela
diferença do albedo3.
O albedo da superfície é um importante parâmetro do balanço de radiação,
sendo definido como a razão entre a radiação solar refletida e a radiação solar
incidente em dado instante (SILVA et al., 2009). Os dados meteorológicos
3 Albedo é a diferença entre a absorção e a reflexão dos raios solares em determinada superfície. No caso, estamos considerando o planeta Terra como a superfície.
46
necessários à obtenção do albedo da superfície são: a temperatura do ar, a umidade
relativa e a pressão atmosférica.
A proximidade do vento4 à superfície terrestre também influi em sua velocidade
devido ao atrito da massa do ar com os obstáculos presentes (vegetação, relevo
acidentado, construções, etc.). Assim, a velocidade do vento aumenta com o
afastamento da superfície, porém a partir de determinada altitude, que depende das
condições locais, ela não mais se modifica significamente.
As massas de ar podem ser de dois tipos principais segundo seu fluxo: fluxo
turbulento e fluxo laminar. O fluxo laminar geralmente ocorre quanto mais distante
da superfície da Terra estiver e o fluxo turbulento ocorre quanto mais próximo da
superfície da Terra ou em relação a determinados tipos de barreiras (TEIXEIRA...[et
al], 2008).
Para se descrever corretamente o movimento dos ventos em escala global, é
necessário entender o efeito de Coriolis5. O planeta está em constante movimento
de rotação e o vento sopra pela superfície terrestre; nesse contexto, os movimentos
aparentes influenciam o deslocamento do ar. Para um observador sobre a superfície
da terrestre, os ventos do hemisfério sul aparentam estar desviados para a
esquerda, e os do hemisfério norte, para a direita.
Essa aparente deflexão dos ventos é causada pelo efeito de Coriolis, também
chamado de força defletora. O ar desloca-se de uma região de alta pressão para
uma região de baixa pressão. A trajetória do ar começa a se curvar ao redor de uma
alta ou de uma baixa pressão. No hemisfério, o ar gira no sentido horário nas baixas
pressões (ciclone) e no sentido anti-horário nas altas pressões (anticiclone). Um
fenômeno similar ocorre com o deslocamento das águas nos oceanos. Esse efeito
não deve ser levado em consideração apenas em pequenas escalas (FERREIRA,
2006).
4 Vento – atmosfera em movimento – tem sua origem na associação entre energia solar e a rotação planetária. Todos os planetas envoltos por gases em nosso sistema solar demonstram a existência de distintas formas de circulação atmosférica e apresentam ventos em sua superfície. Trata-se de um mecanismo solar-planetário permanente; sua direção é mensurável na escala de bilhões de anos. O vento é considerado uma fonte renovável de energia. 5 Efeito Coriolis – é uma força aparente que um objeto, que se move no hemisfério sul, tende a se desviar para a esquerda. Esta força é considerada nula no Equador e cresce em magnitude na direção dos polos.
47
A escala de Beaufort classifica os ventos de acordo com sua velocidade de
deslocamento como se pode observar no Quadro 1.
48
Quadro 1- Escala Beaufort baseada em sua velocidade de deslocamento
nº Beaufort V(Km/h) V(m/s) Organização Meteorológica Internacional Efeitos Observados na Terra
0 1 0-0,2 CALM (Calmaria) Calmaria (vegetação sem movimento); a fumaça sobe verticalmenete
1 1-5 0,3-1,5 LIGHT AIR (Ar Calmo) A fumaça se inclina indicando a direção do vento
2 6-11 1,6-3,3 LIGHT BREEZE (Brisa Calma)
Sente-se o vento na face; as folhas balança; o indicador da direção dos
ventos começa a se mover (quando existir)
3 12-19 3,4-5,4 GENTLE BREEZE (Brisa Branda) As folhas adquirem movimentos constantes; as bandeiras leves se estendem
4 20-28 5,5-7,9 MODERATE BREEZE (Brisa Moderada)
Os galhos pequenos se movem. Porira, folhas e pedaços de papel são
levantados
5 29-38 8,0-10,7 FRESH BREEZE (Brisa Fresca) Pequenas árvores começam a balançar
6 39-49 10,8-13,8 STRONG BREEZE (Brisa Forte) Os galhos grandes das árvores se movimentam, os fios assobiam
7 50-61 13,9-17,1 NEAR GALE (Ventania Próxima) Toda árvore se move; sente-se resistência ao andar contra o vento
8 64-74 17,2-20,7 GALE (Vantania) Os brotos e galhos pequenos são arrancadso das árvores
9 75-88 20,8-24,4 STRONG GALE (Ventania Forte) Pequenos danos estruturais ocorrem; telhas são arrancadas dos telhados
10 89-102 24,5-18,5 STORM (Tempestade)
Ocorre muito raramente; árvores são quebradas e arrancadas;
consideráveis danos estruturais
Fonte: TEIXEIRA et al, 2008
49
Devido às variações sazonais do albedo, surgem os ventos continentais e/ou
periódicos. Temos 2 tipos de ventos continentais, as monções e as brisas. As
monções mudam de direção a cada seis meses aproximadamente e de uma forma
geral, sopram em determinada direção em uma estação do ano e em sentido
contrário em outra estação. Ocorre principalmente no continente Asiático também no
oeste da África, na Indonésia e norte da Austrália. Temos também as brisas, que se
caracterizam por serem ventos que sopram do mar para o continente e vice-versa.
Durante o dia formam-se as brisas marítimas, que em função da maior
capacidade de reflexão dos raios solares aumenta a temperatura do ar. Já pela noite
a temperatura da terra diminui mais rapidamente que a temperatura da água. Este
fato deve-se ao fenômeno físico, pois o calor específico das rochas é menor que o
da água, ocasionando assim a inversão das correntes de ar, soprando da terra para
o mar, sendo que a intensidade da brisa terrestre é menor do que a brisa marítima.
Figura 2 - Formação dos ventos devido ao deslocamento das massas de ar. Fonte: Atlas do Potencial Eólico Brasileiro (MME, 2008).
Estes ventos são influenciados também pelas condições climáticas locais,
modificando assim, significativamente, a sua direção e intensidade de acordo com
mecanismos específicos. São os chamados ventos locais. Estes são mais comuns
nos vales e montanhas, onde durante o dia, o ar quente das encostas das
montanhas sobe e o ar frio desce para os vales substituindo o ar quente que subiu.
Já pela noite, a direção dos ventos é o inverso, o ar frio que está nas montanhas
desce e acumula nos vales.
50
Além destes “padrões” de fluxo dos ventos, outros fatores influenciam
diretamente a sua intensidade e direção, como por exemplo, as irregularidades da
superfície terrestre como os corpos d’água, o relevo e a vegetação em determinados
locais. Para medir os ventos em determinados locais, são instalados anemômetros.
Estes são responsáveis por registrar informações ao longo do tempo. Este vento
medido é resultante - naquele ponto específico – de movimentos atmosféricos que
ocorrem em 3 diferentes escalas (DEWI e SCHULTZ, 1993). Em uma escala macro
(global), chamada de sinótica, o vento é medido a centena de milhares de
quilômetros.
O vento pode ser medido também em uma escala regional entre 1 km a 100-
200 km onde há as influências de relevo, brisas marinha e brisas “serra-vale” e
diferenças de temperatura entra áreas urbanas e rurais. Já em uma escala local, a
microescala (entre 1 metro e 1 km), há ocorrência de turbulências ocasionadas pelo
relevo local como escarpas, edificações e a vegetação e todos os outros atritos
gerados na camada limite da superfície sobre os terrenos com diferentes graus de
rugosidade (água, areia, restingas, matas, florestas, etc.). Ver figura 3 abaixo.
Figura 3 - Comportamento do vento sob a influência das características do terreno (Fonte: Atlas Eólico do Brasil, 1998).
3.3.2 Histórico e evolução da energia eólica
A técnica de conversão da energia dos ventos em energia mecânica
primeiramente foi explorada para utilização em propulsão de navios, moinhos de
cereais, bombas de água e na idade média para mover a indústria de forjaria
(RÜNCOS et al, 2000).
51
No final do século XIX, quando o uso da energia elétrica começou a crescer
rapidamente no planeta, as primeiras turbinas eólicas foram aplicadas na conversão
da energia dos ventos diretamente em energia elétrica. Em julho de 1887 em
Glasgow, Escócia, o engenheiro eletricista James Blyth (1839-1906) construiu e
patenteou a primeira turbina eólica do mundo. A turbina tinha 10m de altura e eixo
vertical. A sua casa passou a ser a primeira residência no mundo a ter a sua
eletricidade fornecida por energia eólica (PINTO, 2013).
No século 20, até a década de 70, os investimentos em tecnologias para
geração de energia eólica eram pequenos. Entretanto, com o choque da crise do
petróleo, o setor eólico industrial começou a crescer.
A geração de energia elétrica em grande escala, alimentando de forma
suplementar o sistema elétrico através do uso de turbinas eólicas de grande porte,
evoluiu muito nas últimas décadas. Pode-se dizer que a moderna tecnologia das
turbinas eólicas surgiu na Alemanha na década de 1950, já com pás fabricadas com
materiais compostos, controle de passo e torres na forma tubular e esbelta
(RÜNCOS et al, 2000).
Na década de 80, através de experiências de estímulo ao mercado nos EUA,
na Dinamarca e Alemanha na década de 1990, o aproveitamento da energia eólica
como alternativa de geração de energia elétrica atingiu escala de contribuição mais
significativa ao sistema elétrico, em termos de geração, eficiência e competitividade.
Houve um crescente avanço tecnológico pelas indústrias do setor que, estimuladas
pela competição e políticas de incentivo governamentais, passaram a desenvolver-
se com maior intensidade. Através deste avanço tecnológico e ao crescimento da
produção em escala, foi possível desenvolver novas técnicas de construção dos
aerogeradores, com tecnologias que aumentassem a capacidade de geração das
turbinas, obtendo assim reduções graduais e significativas nos custos do quilowatt
instalado e, consequentemente, uma substancial redução no custo da geração da
energia elétrica.
No âmbito empresarial, o mercado é dominado por poucas fornecedoras,
sendo que as principais empresas são: Siemens (Alemanha), General Eletric (EUA),
Vestas (Dinamarca) e Enercon (EUA), com amplo portfólio que abrange desde
aerogeradores e turbinas, como partes e peças, além de componentes de usinas
eólicas. Este mercado é concentrado devido às altas barreiras à entrada ao
52
mercado, sendo as principais: o elevado conteúdo tecnológico e a elevada escala
produtiva. Os investimentos nos últimos anos foram impulsionados, principalmente,
por ações governamentais, provocando aumento da demanda nos mercados de
turbinas e aerogeradores, que movimentaram em conjunto, em âmbito mundial,
cerca de US$ 84,5 bilhões em 2008 (GWEC, 2008).
As figuras 4 e 5 abaixo permitem acompanhar a evolução da energia eólica
mundial desde 2001 até junho de 2011 O mercado mundial cresce em média 25%
ao ano segundo a ABEEÓLICA.
s figuras 4 e 5 abaixo permitem acompanhar a evolução da energia eólica
mundial desde 2001 até junho de 2011 O mercado mundial cresce em média 25%
ao ano segundo a ABEEÓLICA.
-
50.000
100.000
150.000
200.000
250.000
2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011
24.322 31.181 39.295
47.693 59.024
74.122
93.927
120.903
159.766
196.630
240.000
PO
TÊN
CIA
ANO
MW
Figura 4 – Evolução da Energia Eólica no mundo
WWEA, 2011
No ano de 2009, os países que mais se beneficiavam desta fonte de energia
limpa, em ordem de grandeza, eram os Estados Unidos com uma potência instalada
de aproximadamente 35.000 MW, China (25.810 MW), Alemanha (25.777 MW),
Espanha (19.149 MW), Índia (11.807 MW), seguidos pela Itália, França, Reino
Unido, Dinamarca e Canadá. (WWEA, 2011). Já no final do ano de 2010 a China
conquistou o primeiro lugar com 44.733 MW. A extensão territorial e incluindo seu
litoral fazem da China um país promissor para a produção de energia eólica (fig. 5).
53
3.465
3.319
4.092
4.574
4.850
11.807
19.149
25.777
35.159
25.810
3.734
4.008
5.203
5.660
5.797
13.065
20.676
27.215
40.180
44.733
Dinamarca
Canadá
Reino Unido
França
Italia
Índia
Espanha
Alemanha
Estados Unidos
China
2010 2009
Figura 5 – Os dez maiores produtores mundiais de energia eólica. WWEA, 2011
No relatório parcial da WWEA publicado em junho de 2011, o crescimento na
capacidade instalada principalmente se deu principalmente na China, Estados
Unidos e Índia.
3.3.3 Funcionamento de um Parque Eólico
De uma forma geral, um Parque Eólico é composto dos seguintes elementos:
• Conjunto de aerogeradores ou turbinas eólicas;
• Infraestrutura de suporte associada, composta de subestação elevadora,
instalações elétricas e estradas de acesso às turbinas eólicas.
A seguir são detalhadas as principais características técnicas dos
equipamentos a serem instalados nos parques:
54
Aerogeradores ou turbinas eólicas
Os aerogeradores podem ser de dois modelos: turbinas eólicas de eixo vertical
(TEEVs) demonstrado na figura 4 e turbinas eólicas de eixo horizontal (TEEHs)
apresentado na figura 7.
As turbinas de eixo verticais comumente denominadas de Darreius6 fazem uso
de aerofólios simétricos e ligeiramente curvados em forma de “C”. As turbinas de
eixo vertical foram desenvolvidas e comercializadas, nos anos 1970, mantendo-se a
sua pesquisa, mesmo que de forma restrita, até o fim dos anos 1980. A turbina
eólica de eixo vertical de maior potência foi instalada no Canadá e totalizava uma
capacidade de 2.200 kW (SILVA, 2006).
Figura 6 - Turbina eólica de eixo vertical (TEEVs) Fonte: ComoTudoFunciona/how stuff works Disponível em: http://www.hsw.uol.com.br/
As grandes vantagens diferenciais deste tipo de turbinas consistem no fato de
que elas operam independentemente da direção do vento e também por terem a
parte eletromecânica (rotor – caixa de transmissão e gerador) alocadas ao nível do
solo, reduzindo, portanto, os custos de instalação e manutenção. Como
6 Esta denominação é creditada ao fato de que as mesmas foram inicialmente projetadas pelo engenheiro George Darrieus que patenteou esta concepção de turbina em 1931.
55
desvantagem, e por isso a justificativa para o papel secundário dessa tecnologia na
expansão do mercado mundial de energia eólica, apresenta as seguintes
características:
• Elevados níveis de flutuação no torque em cada giro;
• Ausência da capacidade de auto-partida (não é capaz de partir sem um
auxilio externo);
• Limitada capacidade de regulação em altas velocidades;
• Ao nível do solo, a velocidade do vento é muito baixa; isso implica em uma
menor capacidade de produção de energia.
A partir do final dos anos 1980, face aos resultados insatisfatórios no que se
refere à sua pouca flexibilidade a ajustes a diferentes perfis de vento e, em especial,
devido ao seu rendimento mostrar-se inferior aos registrados pelas turbinas de eixo
horizontal, as turbinas Darreius tiveram as suas pesquisas e desenvolvimentos
interrompidos quase que mundialmente (SILVA, 2006).
As turbinas ou aerogeradores, atualmente em dia são todos construídos em
eixo horizontal. De uma forma geral, um aerogerador é dividido em 3 partes:
• Torre;
• Pás;
• Nacele;
As torres são geralmente metálicas e abrigam em seu interior (escadas de
acesso à nacele, iluminação, cabo de segurança anti-quedas e acessórios de
fixação dos cabos). São sustentadas por uma sapata de concreto armado
(aproximadamente 15m X 15m). As pás são geralmente de diversos números. O
emprego a ser dado à turbina é o fator de definição do total de pás a ser utilizado.
Turbinas com três pás são predominantemente usadas para a geração de energia
elétrica (figura 8).
56
Figura 7 - Estrutura e funcionamento de um aerogerador
Fonte: CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA EÓLICA – CBEE / UFPE. 2000. Disponível em: www.eolica.com.br
O rotor eólico é composto de um conjunto de pás conectadas a um eixo, que
transmite a rotação das pás para o gerador. As pás dos aerogeradores captam uma
parte da energia cinética do vento através do sistema de transmissão (multiplicador)
e transforma a energia cinética do vento em energia mecânica de rotação, a qual,
por sua vez, é transformada em energia elétrica, através do gerador elétrico
(conversor de energia).
A nacele abriga o gerador elétrico, a caixa de transmissão de velocidade e o
rotor (figura 9). Para a orientação do rotor na direção do vento ou a sua retida, os
aerogeradores de eixo horizontal fazem uso de diferentes tecnologias. Nas turbinas
de pequenas potências, o rotor e a nacele são orientados para a direção do vento
através de um leme. Em grandes turbinas, essa orientação é feita eletronicamente,
via sinal recebido de um anemômetro também instalado na parte superior da nacele.
57
Figura 8 - Esquema básico de uma turbina eólica. Fonte: CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA EÓLICA – CBEE / UFPE. 2000.
Disponível em: www.eolica.com.br
Além destes, são igualmente importantes para a operação segura e eficiente
do sistema, os seguintes componentes também instalados na nacele (HIRATA e
ARAÚJO, 2000):
• sistema de frenagem – que controla a rotação do rotor para evitar que
assuma valores acima do permitido e assegurar a integridade estrutural do sistema;
• sistema de controle e orientação – que orienta o rotor em relação à direção
dos ventos. Esta orientação é necessária para garantir a operação eficiente do rotor
e, adicionalmente, para controlar a velocidade do rotor quando a velocidade do
vento atinge a valores acima do permitido para a segurança do sistema;
• o sistema hidráulico – que aciona os sistemas de controle de passo do rotor,
de orientação do rotor, de frenagem e outros.
- O sistema de controle de geração de energia
58
Infraestrutura de suporte associada
Os aerogeradores são interligados através de uma rede elétrica subterrânea
com profundidade típica dos eletrodutos de 50 cm a 120 cm e, dependendo da
quantidade de circuitos, a largura de uma seção poderá variar de 80 cm a 180 cm.
Estes eletrodutos transportam a energia produzida nos aerogeradores até a
subestação elevadora, situada no interior do parque. Esta subestação permite elevar
a tensão de geração até a tensão de transporte para a linha de transmissão externa.
Atualmente, os sistemas mais comuns de fornecimento de energia utilizando
sistemas eólicos são os sistemas eólicos de grande porte interligados à rede pública
de distribuição. Por dispensarem sistemas de armazenamento, são bastante viáveis
representando, atualmente, a maior evolução em sistemas eólicos, apresentando
custos paritários aos das hidrelétricas. Nesta configuração, os sistemas eólicos
podem ter uma grande participação no fornecimento total de energia, envolvendo a
definição deste percentual, estudos específicos de vários fatores que garantam
fornecimento regular e a qualidade de energia do sistema interligado como um todo.
3.3.4 A energia eólica no Brasil
A crise do petróleo no ano de 1973 levou a comunidade internacional a buscar
novos meios de geração de energia. Nesse contexto, entre os anos de 1973 e 1983,
o IEA/CTA (Instituto de Aeronáutica e Espaço/Centro de Tecnologia Aeroespacial)
construiu e fez 15 e fez o ensaio de protótipos de turbinas eólicas em São José dos
Campos/SP. Os primeiros projetos tiveram de ser abandonados devido à baixa
qualidade e durabilidade dos materiais componentes dos rotores. Apesar desta
limitação, os estudos acabaram incentivando uma primeira avaliação do potencial
eólico para a geração de energia elétrica na região nordeste e culminaram com o
marco inicial da energia eólica no país, no ano de 1981 (PINTO, 2013).
Durante a década de 80, os estudos para o desenvolvimento da energia eólica
no Brasil estiveram concentrados nas medições anemométricas a apenas 10 metros
de altitude aferidas pelas 389 estações meteorológicas, aeroportos, e o restante, por
diversas instituições como a CEMIG, Eletrobrás, Portobras e Copel. No ano de 1992,
foi instalada no país a primeira turbina eólica da América do Sul no arquipélago de
Fernando de Noronha/PE. Na época, esta turbina correspondia por até 10% da
59
energia gerada no arquipélago. Representou uma grande economia de óleo diesel
consumido na geração de energia elétrica que até então era exclusivamente térmica.
Já no a no de 2000, Noronha recebeu o segundo aerogerador, fruto da parceria
entre o Centro Brasileiro de Energia Eólica (CBEE) e o Risø National Laboratory da
Dinamarca.
A geração de energia elétrica por meio de turbinas eólicas constitui uma
alternativa para diversos níveis de demanda no país. As pequenas centrais podem
suprir pequenas localidades distantes da rede, contribuindo para o processo de
universalização do atendimento. Quanto às centrais de grande porte, estas têm
potencial para atender uma significativa parcela do Sistema Interligado Nacional
(SIN) com importantes ganhos: contribuindo para a redução da emissão pelas
usinas térmicas, de poluentes atmosféricos, diminuindo a necessidade da
construção de grandes reservatórios e reduzindo o risco gerado pela sazonalidade
hidrológica.
Em relação à sazonalidade, simulações foram feitas na região nordeste do país
tomando como referência o potencial de geração de energia elétrica a partir de
turbinas eólicas instaladas na costa litorânea do estado do Ceará, bem como as
vazões naturais do rio São Francisco, afluente no reservatório de Sobradinho. As
análises desse estudo permitem considerar que a adoção da geração elétrica a
partir de turbinas eólicas, no subsistema nordeste, pode colaborar de forma
significativa para a regularização da vazão do rio São Francisco, uma vez que se
registra uma acentuada complementaridade entra essas fontes, principalmente nos
meses de maio a setembro como se pode observar na Figura 10 (ELETROBRÁS,
2001).
60
Figura 9 – Complementaridade Hidrelétrica/Eólica Fonte: CENTRO BRASILEIRO DE ENERGIA EÓLICA – CBEE / UFPE. 2000. Disponível em:
www.eolica.com.br.
Em 2001, foi publicada pela Eletrobrás o “Atlas do Potencial Eólico Brasileiro”
onde foi constatado que existe um potencial estimado de 143.000 MW onshore7
(Figura 11). Neste estudo também foram detalhados o potencial em cada região do
país e a região nordeste também foi estudada como se pode observar na Figura 12.
No ano de 2006, a COELBA realizou estudos específicos em parceria com a ANEEL
e apresentou o Atlas do Potencial Eólico do Estado da Bahia (Figura 13) atestando
grande potencial para o desenvolvimento de parques eólicos principalmente nas
regiões mais altas das Chapadas. Atualmente estão sendo desenvolvidos novos
estudos de estimação do potencial eólico brasileiro, desta vez com medições a 100
metros de altura. Estimativas preliminares indicam um potencial superior a 300 GW
em contraste com os 143GW auferidos no início da década com medições a 50
metros de altura.
7 Onshore: adjetivo com o significado de terra firme.
61
Figura 10 - Atlas Eólico do Brasil, 2001. Fonte: Atlas do Potencial Eólico do Estado da Bahia, 2006.
Disponível em: http://www.cresesb.cepel.br/index.php?link=/atlas_eolico_brasil/atlas.htm
62
Figura 11 – Potencial Eólico no Nordeste do Brasil, 2001. Disponível em: http://www.cresesb.cepel.br/atlas_eolico_brasil/mapas_3b.pdf
63
Figura 12 – Potencial Eólico no estado da Bahia. Fonte: Atlas do Potencial Eólico do Estado da Bahia, Coelba (2002)
O Governo Federal, no ano de 2002, adotou algumas medidas para aumentar a
participação das fontes alternativas renováveis complementares na produção
nacional de eletricidade e criou a Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002, alterada pela
Lei 10.762, de 11 de novembro de 2003, o Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica – PROINFA, com o objetivo à promoção do aumento
da participação da energia elétrica produzida por empreendimentos de Produtores
Independentes Autônomos - PIA44, concebidos com base em fontes Eólicas,
Pequenas Centrais Hidroelétricas (PCHs) e Biomassa.
O PROINFA foi a referência legal de todas as ações de governo voltadas para
o desenvolvimento de fontes renováveis de energia no Brasil. Em sua primeira
etapa, a lei previu a implantação, até o ano de 2006, de 3.300 MW, distribuídos
igualmente entre as fontes.
No Brasil, a geração de energia elétrica através da energia eólica, no ano de
2009, significava apenas 0,4% em relação às outras fontes de geração (figura 14). A
geração de energia através das hidrelétricas corresponde a 77% da energia limpa
gerada em nosso país como podemos observar na figura 14.
64
Figura 13 – Participação das fontes de energia elétrica no país
Fonte: ABBEÓLICA, 2009
Na Bahia, só no ano de 2009, a Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração
(SICM) registrou a assinatura de 19 protocolos de intenção com investimentos na
ordem de mais de seis bilhões de reais que gerarão mais de 1000 empregos diretos
na fase de construção destes empreendimentos (Quadro 2).
Sob o ponto de vista ambiental, o Instituto do Meio Ambiente – INEMA, órgão
ambiental do estado da Bahia - tem sido pressionado para licenciar vários Parques
Eólicos em um curto espaço de tempo, pois para que estes empreendimentos
possam participar do leilão de energia de fontes alternativas, promovido pela
Empresa de Pesquisa Energética – EPE, esta licenças já devem estar devidamente
emitidas. Muitas destas licenças foram emitidas “ad referendum”, ou seja, a licença é
concedida sem que a análise dos estudos ambientais seja feita de forma criteriosa e
no seu devido tempo.
65
Quadro 2- Protocolos assinados em 2009 com o govern o da Bahia PROTOCOLOS ASSINADOS EM 2009 COM O GOVERNO DA BAHIA
N° SEGMENTO/ EMPRESA MUNICÍPIO TERRITÓRIO ATIVIDADE
/PRODUTO
MÃO-DE-OBRA
PREVISTA
INVESTIMENTO PRIVADO (R$
1.000) 1 Alstom Brasil
Energia Camaçari RMS Aerogeradores 150 50.000
5 Eletrowind S/A I Casa Nova Sertão do São Francisco
Energia eólica 25 150.000
6 Eletrowind S/A II Casa Nova Sertão do São Francisco
Energia eólica 25 150.000
7 Eletrowind S/A III Casa Nova Sertão do São Francisco
Energia eólica 10 65.000
8 Eletrowind S/A IV Casa Nova Sertão do São Francisco
Energia eólica 25 150.000
9 Parque Eólico Cristal Ltda.
Morro do Chapéu
Chapada Diamantina
Energia eólica 40 970.000
10 Parque Eólico Curva dos Ventos Ltda.
Igaporã Velho Chico Energia eólica .50 .1.170.000
11 Parque Eólico Ouroventos
Ourolândia Piemonte da Diamantina
Energia eólica 35 870.000
12 Parque Eólico Sobradinho
Sobradinho Sertão do São Francisco
Energia eólica 20 540.000
13 Renova Energia S/A
Diversos Diversos PCHs e energia eólica
529 2.712.000
14 Sowitec do Brasil Energias Alternativas Ltda.
Diversos Diversos Energia Eólica 200 70.000
Fonte: SICM (Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração). Relatório Anual de Governo, 2009.
Para incentivar a esta fonte energética, o governo federal vem realizando
leilões promovidos pela EPE. O primeiro foi em 2009. Os empreendedores puderam
incluir os projetos de geração no Leilão por meio do Sistema de Acompanhamento
de Empreendimentos Geradores de Energia – AEGE
(http://sistemas.epe.gov.br/AEGE/adesao), a fim de possibilitar aos empreendedores
a inserção dos dados técnicos de seus empreendimentos, a qualquer tempo. Após a
etapa de cadastramento, a EPE analisa a documentação de cada projeto inscrito e
efetiva a habilitação técnica dos que estiverem com a relação de documentos em
dia. Entre os documentos exigidos para o licenciamento de projetos de eólica estão:
licenciamento ambiental, parecer de acesso ao sistema de transmissão e a
certificação de estudos de vento.
O cadastramento de projetos na EPE, com vistas à participação no leilão em
pauta, tem que atender ao disposto nas normas legais e infralegais que regem o
processo licitatório, bem como as instruções de cadastramento disponibilizadas no
66
site da EPE na internet. Ainda no ano de 2009, foram cadastrados 441 projetos, que
juntos somavam capacidade instalada de 13.341 MW abrangendo 11 estados em 3
regiões. A região Nordeste obteve o maior número de empreendimentos eólicos
inscritos para o leilão, alcançando 322 projetos (73% do total) e 9.549 MW de
potência instalada (72% do total). A Bahia cadastrou 51 parques eólicos com
capacidade total de 1.575 MW (Quadro 3):
Quadro 3 - Projetos e Potência total - Leilão de re serva 2009 Estado N° de
projetos Potência (MW)
Bahia 51 1.575
Ceará 118 2.743
Espírito Santo 6 153
Paraíba 1 20
Paraná 23 623
Piauí 16 413
Rio de Janeiro 2 45
Rio Grande do Norte
134 4.745
Rio Grande do Sul 86 2.894
Santa Catarina 2 75
Sergipe 2 54
TOTAL 441 13.341
Fonte: EPE, 2009.
Este primeiro leilão de energia exclusivamente voltado para contratação de
fonte eólica foi realizado na modalidade de reserva, que se caracteriza pela
contratação de um volume de energia além do que seria necessário para atender à
demanda do mercado total do país e resultou na contratação de 1.805,7 MW a um
preço médio de venda de R$ 148,39/MW/h proporcionando a construção de um total
de 71 empreendimentos de geração eólica em cinco estados das regiões Nordeste e
Sul (Quadro 4). Os empreendimentos que ofertaram os menores preços e ganharam
assinaram contratos de compra e venda de energia por 20 anos de duração a partir
de 1º de julho de 2012 (EPE, 2009).
67
Quadro 4 - Resultado do Leilão de reserva 2009 Estado Projetos Potência MW
Quantidade % Quantidade % Bahia 18 25,4 390 21,6
Ceará 21 29,5 542,7 30
Rio Grande do Norte 23 32,4 657 36,4
Rio Grande do Sul 8 11,3 186 10,3
Sergipe 1 1,4 30 1,7
TOTAL 71 100 1.805,7 100
Fonte: EPE, 2009.
No ano de 2010, no mês de agosto, 368 empreendimentos foram tecnicamente
habilitados para participar do Leilão de Fontes Alternativas (A-3 e Reserva) - eólicas,
termelétricas e biomassa, somando 10.415 MW de capacidade e resultaram na
contratação de 2.892,2 MW de potência instalada. No geral, foram contratadas 70
centrais eólicas, 12 termelétricas à biomassa e sete pequenas centrais hidrelétricas
(PCHs). Os 89 projetos receberão investimentos de aproximadamente R$ 9,7
bilhões (EPE, 2010).
Foram contemplados com os empreendimentos negociados os estados da
Bahia (587,4 MW), Ceará (150 MW), Goiás (191 MW), Minas Gerais (21 MW), Mato
Grosso do Sul (126 MW), Mato Grosso (20,6 MW), Paraná (19 MW), Rio Grande do
Norte (1.064,6 MW), Rio Grande do Sul (245,8 MW), Santa Catarina (29,9 MW), São
Paulo (356,9 MW), Tocantins (80 MW) (EPE, 2010).
O Leilão A-3/2010 proporcionou a contratação de uma potência instalada total
de 1.685,6 MW, a partir de um conjunto de 56 empreendimentos que negociaram
contratos de compra e venda com 15 empresas de distribuição de energia elétrica. A
energia negociada no leilão totaliza 714,3 MW médios, sendo 643,9 MW médios de
eólica, 22,3 MW médios de biomassa (bagaço de cana) e 48,1 MW médios em
pequenas hidrelétricas. O preço médio final ficou em R$135,48/MW/h. Todos os
empreendimentos contratados nesta licitação terão que entrar em operação em 1°
de janeiro de 2013 (EPE, 2010).
O Leilão de Reserva 2010 contratou 1.206,6 MW de potência instalada. Um
total de 33 empreendimentos vendeu energia, a um preço médio de venda de R$
125,07/MW/h. A energia negociada no leilão totaliza 445,1 MW médios, sendo 255,1
MW médios de eólica, 168,3 MW médios de biomassa (bagaço de cana) e 21,7 MW
médios em pequenas hidrelétricas. Este Leilão contratou um estoque de geração de
68
energia elétrica além do montante necessário para atender à demanda dos
consumidores. O objetivo é aumentar a segurança e a garantia de fornecimento de
eletricidade no país. Os projetos de eólica e PCH contratados terão que iniciar a
operação em 1° de setembro de 2013. No caso das tér micas à biomassa, alguns
projetos poderão começar a gerar um ou dois anos antes desse prazo (EPE, 2010).
No ano de 2011foram realizados 2 outros Leilões. O de Energia de A-3 e de
Reserva de 2011. No total, foram habilitados para participar das licitações 321
empreendimentos, que somam capacidade instalada de 14.083 MW. A fonte eólica
apresenta a maior quantidade de projetos e de oferta habilitados: 240 parques
geradores e uma capacidade total de 6.052 MW. O estado da Bahia cadastrou 33
projetos de energia eólica totalizando 756MW. Além das eólicas, os leilões terão a
participação de projetos de termelétricas movidas à biomassa (principalmente de
cana-de-açúcar), térmicas a gás natural e pequenas centrais hidrelétricas, além da
ampliação da usina hidrelétrica de Jirau, no rio Madeira (EPE, 2011).
O Leilão de Energia A-3, de 2011, voltado para o atendimento ao mercado
consumidor brasileiro em 2014, resultou na comercialização de 2.744,6 megawatts
(MW) de nova capacidade ao sistema elétrico brasileiro, que será gerada pelas 51
usinas contratadas – a serem viabilizadas nos próximos três anos. Do total
contratado, 62% são oriundos de fontes renováveis (hídrica, eólica e biomassa) e
38% de fonte fóssil (gás natural). O que chamou a atenção foi o preço médio de R$
102,07/MW/h ao seu final – equivalente a um deságio de 26,6%. A movimentação
financeira nos contratos de compra e venda entre geradores e distribuidores, cujos
prazos variam entre 20 e 30 anos, alcançará a cifra de R$ 29,14 bilhões. Já os
investimentos na construção das usinas devem chegar a R$ 6,5 bilhões.
Este Leilão foi amplamente dominado pelas usinas eólicas e de gás natural. As
primeiras totalizaram, ao final da negociação, 44 projetos, somando 1.067 MW. Os
dois projetos termelétricos a gás natural somam 1.029 MW. Já as usinas movidas a
biomassa somaram 197 MW. A hidrelétrica de Jirau negociou 450 MW (EPE, 2011).
O Leilão de Energia de Reserva de 2011 contratou 1.218,1 megawatts (MW) de
potência instalada em projetos de parques eólicos e de termelétricas à biomassa
(bagaço de cana-de-açúcar e resíduos de madeira). Um total de 41
empreendimentos negociou a venda da energia a um preço médio final de R$
99,61/MW/h – deságio de 31,8% em relação ao preço inicial de R$ 146/MW/h (EPE,
69
2011). Na divisão por região geográfica, o Nordeste respondeu por 60% do
montante total contratado, o Sudeste representou 20%, o Sul ficou com 11% e o
Centro-Oeste com 9%. A Bahia cadastrou 56 projetos totalizando 1.340MW.
Os principais incentivos do governo federal anunciados, no ano de 2011, como
a desoneração do IPI para aerogeradores, contribuiu muito para que as grandes
empresas se interessem pela instalação e ampliação de plantas para a produção de
pás, turbinas e equipamentos específicos para energia eólica no país.
Atualmente, existem vários fabricantes de aerogeradores instalados no país; a
mais antiga é a WOBBEN/ENERCON que está instalada, no Brasil, desde 1995.
Existem, também, a General Eletric (GE), IMPSA, Siemens, WEG e a Suzlon. Em
novembro de 2011, a Alstom inaugurará a sua primeira fábrica no país. Ela se
localizará em Camaçari - BA. De acordo com a ABEEÓLICA, as três maiores
indústrias fabricantes de aerogeradores da China (Sinovel Wind Group, China
Guodian United Power Technology Company e Goldwind Science & Technology)
tem grande interesse de se instalarem no, Brasil, nos próximos anos.
O sistema elétrico brasileiro interligado prevê um crescimento de mais de 4%
ao ano, durante os próximos 15 anos (EPE, 2006). No nordeste, as taxas de
aumento do consumo previstas são ainda maiores, da ordem de 6%, e uma opção
extremamente interessante para atendê-las é a integração de parques eólicos para
geração de eletricidade. O Brasil possui um alto potencial eólico em diversas regiões
litorâneas próximas a centros de carga. (ABEEÓLICA, 2009). A EPE, no ano de
2011, divulgou um estudo com a projeção da capacidade instalada das fontes
alternativas para os próximos 10 anos, como se pode observar na figura 15.
Analisando a figura apresentada na forma de gráfico, podemos perceber o
crescimento exponencial da energia eólica quando comparada às demais fontes
alternativas de acordo com o resultado dos últimos leilões de energia incluindo os de
reserva.
70
Figura 14 - Evolução da capacidade instalada nos próximos 10 anos Fonte: EPE, 2011
Segundo a ANEEL existe hoje, no país, um total de 83 Usinas outorgadas com
Potência Total de 2.894.031 kW. No quadro 5 é apresentado os 48 Parque Eólicos
em operação no Brasil (EPE, 2011), suas respectivas potências e localização. O ano
de 2011 representa um marco do desenvolvimento eólico, no país, pois se atingiu
1GW de potência instalada.
71
Quadro 5 - Parques em operação no Brasil em 2011
Parque Eólico Potência instalada (MW) Estado Município
Praia do Morgado 28,8 CE Aracaú
Volta do Rio 42,0 CE Aracaú
Eólica Icaraizinho 54,6 CE Amontada
Eólica de Prainha 10,0 CE Aquiraz
Lagoa do Mato 3,2 CE Aracati
Eólica Canoa Quebrada 10,5 CE Aracati
Parque Eólico Enacel 31,5 CE Aracati
Bons Ventos 50,0 CE Aracati
Canoa Quebrada 57,0 CE Aracati
Foz do Rio Choró 25,2 CE Beberibe
Parque Eólico de Beberibe 25,6 CE Beberibe
Eólica Praias de Parajuru 28,8 CE Beberibe
Praia Formosa 105,0 CE Camocim
Macuripe 2,4 CE Fortaleza
Eólica Paracuru 23,4 CE Paracuru
Eólica de Taíba 5,0 CE São Gonçalo do Amarante
Taíba Albatroz 16,5 CE São Gonçalo do Amarante
Alhandra 6,3 PB Alhandra
Vitória 4,5 PB Mataraca
Albatroz 4,8 PB Mataraca
Atlântica 4,8 PB Mataraca
Camurim 4,8 PB Mataraca
Caravela 4,8 PB Mataraca
Coelhos I 4,8 PB Mataraca
Coelhos II 4,8 PB Mataraca
Coelhos III 4,8 PB Mataraca
Coelhos IV 4,8 PB Mataraca
Mataraca 4,8 PB Mataraca
Presidente 4,8 PB Mataraca
Millenium 10,2 PB Mataraca
Gravatá Fruitrade 5,0 PE Gravatá
Mandacaru 5,0 PE Gravatá
Santa Maria 5,0 PE Gravatá
Pirauá 5,0 PE Macaparana
Xavante 5,0 PE Pombos
Pedra do Sal 18,0 PI Parnaíba
Eólio - Elétrica de Palmas 2,5 PR Palmas
Gargaú 28,1 RJ São Francisco de Itabapoana
Alegria I 51,0 RN Guamaré
Macau 1,8 RN Macau
RN 15 - Rio do Fogo 49,3 RN Rio do Fogo
Parque Eólico de Osório 50,0 RS Osório
Parque Eólico dos Índios 50,0 RS Osório
Parque Eólico Sangradouro 50,0 RS Osório
Parque Eólico de Palmares 8,0 RS Palmares do Sul
Parque Eólico Elebrás Cidreira 1 70,0 RS Tramandaí
Parque Eólico do Horizonte 4,8 SC Água Doce
Parque Eólico Água Doce 9,0 SC Água Doce
Eólica de Bom Jardim 0,6 SC Bom Jardim da Serra
TOTAL: 48 Parques 1006,6 9 estados 25 municípios Fonte ANEEL, 2011
Dados do Banco de Geração da ANEEL de 29 de junho de 2011
72
Além dos 48 parques eólicos já em operação em 2011, podem-se destacar
outros 35 em construção, entre eles o complexo eólico de Brotas de Macaúbas - BA,
composto pelos sub-parques Novo Horizonte, Seabra e Macaúbas, como se pode
observar no Quadro 6 logo abaixo.
Quadro 6 - Parques em construção em 2011
Parque Eólico Potência instalada (MW) Estado Município
Novo Horizonte 30,1 BA Brotas de Macaúbas
Seabra 30,1 BA Brotas de Macaúbas
Macaúbas 35,1 BA Brotas de Macaúbas
Alvorada 8,0 BA Caetité
Rio Verde 30,0 BA Caetité
Ilhéus 11,2 BA Guanambi
Igaporã 30,0 BA Igaporã
Mangue Seco 3 26,0 RN Guamaré
Mangue Seco 2 26,0 RN Guamaré
Mangue Seco 1 26,0 RN Guamaré
Mangue Seco 5 26,0 RN Guamaré
Alegria II 100,8 RN Guamaré
Cabeço Preto 19,8 RN João Câmara
Cabeço Preto IV 19,8 RN João Câmara
Morro dos Ventos VI 28,8 RN João Câmara
Morro dos Ventos I 28,8 RN João Câmara
Morro dos Ventos III 28,8 RN João Câmara
Morro dos Ventos IV 28,8 RN João Câmara
Santa Clara I 30,0 RN Parazinho
Santa Clara II 30,0 RN Parazinho
Fazenda Rosário 8,0 RS Palmares do Sul
Fazenda Rosário 3 14,0 RS Palmares do Sul
Cerro Chato I 30,0 RS Santana do Livramento
Cerro Chato II 30,0 RS Santana do Livramento
Cerro Chato III 30,0 RS Santana do Livramento
Cascata 6,0 SC Água Doce
Campo Belo 10,5 SC Água Doce
Amparo 22,5 SC Água Doce
Aquibatã 30,0 SC Água Doce
Salto 30,0 SC Água Doce
Cruz Alta 30,0 SC Água Doce
Santo Antônio 3,0 SC Bom Jardim da Serra
Púlpito 30,0 SC Bom Jardim da Serra
Rio do Ouro 30,0 SC Bom Jardim da Serra
Bom Jardim 30,0 SC Bom Jardim da SerraTOTAL: 35 Parques 928,1 4 11
Fonte ANEEL Dados do Banco de Geração da ANEEL de 29 de junho de 2011
No Quadro 7 a EPE apresenta um panorama para o ano de 2013 no número de
parques eólicos em funcionamento no país e o seu potencial energético. Atingiremos
a marca de 5GW de potência instalada em menos de 2 anos se comparar com o ano
73
de 2011. Cabe destacar que os estados com maior número de parques eólicos
instalados e suas respectivas potências serão: Rio Grande do Norte (66 parques e
1924,5 MW de potência), Ceará (43 parques e 1210,6MW de potência) e a Bahia (34
parques e 977MW de potência).
Quadro 7 - Panorama para 2013 Estado Número de Parques Potência (MW)
Bahia 34 977,4
Ceará 43 1210,6
Paraíba 13 64,9
Paraná 2 1,5
Pernambuco 5 21,2
Piauí 1 17,9
Rio de Janeiro 2 163,1
Rio Grande do Norte 66 1924,5
Rio Grande do Sul 23 659,4
Santa Catarina 13 232,1
Sergipe 1 30,0
TOTAL 203 5302,6
Fonte: EPE, 2011
3.3.5 Etapas do desenvolvimento de um projeto eólic o
A seguir, são apresentadas as etapas do desenvolvimento de um projeto
eólico:
Instalação de torres anemométricas
A avaliação precisa do potencial de vento de uma região é o primeiro e
fundamental passo para o aproveitamento do recurso eólico como fonte de energia..
Para isso, faz-se necessário a instalação de torres anemométricas durante o período
de três anos. Esta atividade de pesquisa é dispensada de licenciamento ambiental
por não causar impactos ambientais de acordo com a. Resolução nº 4.180, de 29 de
abril de 2011.
A torre anemométrica tem geralmente de 80 a 100 metros de altura, sua
instalação é feita em uma base de concreto, ancoragem geralmente é feita por
cabos de aço estaiados em uma área de 20m X 20m. Possuem medidores de
temperatura, anemômetros, barômetros, sensores de direção dos ventos e um
74
sistema eletrônico para armazenagem e envio de dados coletados. A seguir pode-se
observar as torres anemométricas e seus componentes nas figuras 16, 17, 18 e 19.
Figura 15 - Torre anemométrica com sensores combinados8 e sistema eletrônico para armazenagem e envio de dados coletados, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011.
8 Sensores combinados: Apresentam no mesmo sensor o anemômetro de copo e a pá para medição da velocidade e direção do vento respectivamente
Sensores combinados
Sistema eletrônico
75
Figura 16 - Detalhe dos sensores combinados instalados na torre anemométrica, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011.
76
Figura 17 - Sistema eletrônico, Casa dos Ventos Energias Renováveis, 2011.
A instalação de torres de medição de ventos, assim como a realização de
sondagens geotécnicas referentes à instalação dos parques eólicos, é dispensada
de licenciamento ambiental, devendo ser objeto de prévia comunicação ao órgão
ambiental, acompanhada de memorial descritivo, sucinto, com localização
georreferenciada em planta com levantamento planialtimétrico, indicando, quando
couber, a que empreendimento se refere. As prefeituras devem ser consultadas
acerca da legislação aplicável sobre uso e ocupação do solo como devem fornecer a
autorização para a implantação das torres anemométricas, condicionada à
autorização dos proprietários das respectivas propriedades.
77
Figura 18- Croqui de uma torre anemométrica, Sowitec, 2009. Aquisição ou arrendamento das propriedades
Inicialmente, após identificar a área de interesse para o projeto eólico, adota-se
procedimento de procurar o proprietário para apresentação do projeto, e as
condições de arrendamento. Na apresentação, são estabelecidas as condições de
remuneração pelo uso da terra, na fase pré-operacional (projeto e/ou implantação) e
na fase operacional. Os valores aqui, no estado da Bahia, são variáveis e de acordo
com a política de cada empresa, variam de R$ 1,00 a R$ 3,00 por hectare por mês,
na fase pré-operacional Na fase operacional, a remuneração será de 1,5% do
faturamento bruto de energia na área arrendada. O valor estimado hoje é de R$
1.000,00 por mês, por turbina instalada (CASA DOS VENTOS ENERGIAS
RENOVÁVEIS, 2011).
Uma vez aceito o arrendamento por parte do proprietário, parte-se para a
assinatura do contrato e averbação do mesmo na matrícula do imóvel. Isto feito,
realiza-se o georreferenciamento da propriedade dentro dos parâmetros
estabelecidos pelo Instituto de Colonização e Reforma Agrária - INCRA, e solicita-se
a emissão de Certificado de Cadastro do Imóvel Rural – CCIR. Além disso, realiza-
se o levantamento da situação da propriedade junto à Receita Federal,
regularizando o pagamento do Imposto sobre a Propriedade Rural - ITR quando
houver pendências.
O INCRA - Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária é uma
autarquia federal criada pelo Decreto nº 1.110, de 9 de julho de 1970, com a missão
prioritária de realizar a reforma agrária, manter o cadastro nacional de imóveis rurais
78
e administrar as terras públicas da União. Está implantado em todo o território
nacional por meio de 30 Superintendências Regionais.
Nos últimos anos, o INCRA incorporou entre suas prioridades a implantação de
um modelo de assentamento com a concepção de desenvolvimento territorial. O
objetivo é implantar modelos compatíveis com as potencialidades e biomas de cada
região do País e fomentar a integração espacial dos projetos. Outra tarefa
importante no trabalho da autarquia é o equacionamento do passivo ambiental
existente, a recuperação da infraestrutura e o desenvolvimento sustentável dos mais
de oito mil assentamentos existentes no País.
Quando a propriedade não tem regularidade fundiária (matrícula no cartório de
registro de imóveis), é realizada avaliação jurídica do caso, dando início o processo
de usucapião, junto à Justiça, ou solicitando emissão de Título junto à Coordenação
de Desenvolvimento Agrário – CDA. Também são realizados processos de
inventário, quando o caso demanda.
A missão da CDA, Coordenação de Desenvolvimento Agrário, é promover e
apoiar o desenvolvimento agrário sustentável do estado da Bahia, por meio de
ações de regularização fundiária e reforma agrária. O objetivo da Regularização
Fundiária é garantir ao trabalhador rural, o acesso à terra e a inserção nas políticas
públicas dos governos estadual e federal.
Quando o proprietário não tem interesse no arrendamento, mas se propõe a
vender a propriedade, e o preço de venda é justificável em termos econômicos, a
empresa faz a aquisição. Mesmo assim, nesses casos, oferta-se a propriedade em
arrendamento de volta para o antigo proprietário, por período de 25 a 30 anos,
renováveis, sem custo, para que ele mantenha a atividade que até então
desenvolva. Este é o procedimento que ocorre em praticamente, 100% dos casos e
está previsto nos contratos de arrendamento.
Em relação às Áreas de Preservação Permanente, as mesmas são levadas em
consideração apenas na fase de desenvolvimento do projeto, a exemplo dos
acessos internos a serem propostos, subestações, edifícios de comando,
aerogeradores, dentre outros.
Já em relação às Reservas Legais, a grande maioria das propriedades não as
possui averbadas. O processo de Averbação de Reserva Legal é promovido durante
79
o processo de licenciamento ambiental, após atestada a viabilidade locacional do
projeto, mediante a concessão da Licença de Localização. Após a apreciação dos
mesmos no Leilão de Energias Renováveis, aqueles vencedores são encaminhados
para a obtenção das suas Licenças de Implantação específicas. É pré-requisito para
os requerimentos das Licenças de Implantação a apresentação dos protocolos de
formação dos processos de Averbação de Reserva Legal.
Desta forma, o processo de licenciamento ambiental do Complexo Eólico tem
como uma de suas consequências a promoção da regularização das Reservas
Legais das propriedades rurais que se encontravam irregulares quanto a este tema.
Porém, isso só acontece na fase de implantação, podendo então ocorrer de maneira
a atender aos interesses do empreendedor em relação à instalação dos
aerogeradores e às vias de acesso, gerando, assim, uma situação de conflito com
os aspectos ambientais da propriedade.
Realização dos estudos ambientais para obtenção da Licença de
Localização (LL) ou Licença Prévia (LP)
O empreendedor solicita ao órgão ambiental do estado o Termo de Referência
(TR) para a realização dos estudos ambientais na forma de um relatório Ambiental
Simplificado – RAS de acordo com a Resolução CONAMA 279/01 ou Estudo de
Impacto Ambiental – EIA e respectivo Relatório de Impacto do Meio Ambiente –
Rima, de acordo com a Resolução CONAMA 001/86. De uma maneira geral, ambos
os estudos contêm, minimamente, os seguintes itens:
• Caracterização do empreendimento
• Diagnóstico Ambiental
• Avaliação de Impactos
• Proposição de medidas mitigadoras e/ou compensatórias
• Elaboração de Planos e Programas Ambientais
Após a conclusão do estudo, é dada a entrada no processo de licenciamento
ambiental junto ao órgão estadual competente com o objetivo de se obter a LL ou
LP.
80
Cadastramento junto a EPE
Para o cadastramento do parque eólico, o empreendedor deverá apresentar
cópia autenticada da Licença Ambiental compatível com a etapa do projeto (Licença
Prévia, de Instalação ou de Operação), emitida pelo órgão competente, e válida na
data do Cadastramento na EPE. O documento deverá ser encaminhado também em
meio digital. Na Licença Ambiental deverá constar o nome do empreendimento, o
nome do agente interessado, a potência instalada do projeto, a data de emissão e o
prazo de validade. A potência licenciada informada na licença ambiental deve ser
igual ou maior que a potência habilitável do empreendimento.
A Licença Ambiental deve ser apresentada em conformidade com o que exige
a legislação ambiental vigente, notadamente a Lei Federal n° 6.938/81, o Decreto
Federal n° 99.274/90 e as Resoluções CONAMA 01/86, 06/87, 237/97 e 279/01,
bem como a Legislação Estadual, quando for o caso. A Licença Ambiental deve ser
emitida com base em parecer técnico conclusivo, formulado após análise de um
estudo ambiental, atestando a viabilidade ambiental e aprovando a localização e
concepção do empreendimento, devendo também explicitar os requisitos básicos,
condicionantes e medidas de controle ambiental.
Conforme disposto na Portaria MME nº 21/2008, na hipótese de não
apresentação da licença ambiental na data limite estabelecida para o
cadastramento, obrigatoriamente, deverão ser apresentados o protocolo de pedido
de licenciamento do empreendimento e os estudos apresentados ao Órgão
Ambiental competente, no momento da solicitação de cadastro na EPE.
No ato do cadastramento, também deverá ser protocolada, em meio digital,
cópia dos Estudos Ambientais apresentados ao órgão ambiental no processo de
licenciamento ambiental, e de acordo com a etapa do projeto (EIA/RIMA ou RAS).
3.4 Impactos Ambientais descritos em literatura
As questões ambientais, hoje mais do que nunca, impulsionam a comunidade
mundial na busca de soluções eficientes e ecologicamente corretas para o
suprimento energético. O crescimento da energia eólica, no mundo, tem sido uma
resposta da sociedade por uma qualidade melhor no suprimento energético. O
81
crescimento de mercado e o desenvolvimento tecnológico, nos últimos anos, têm
erguido a eólica como uma opção imprescindível para o fornecimento de energia
limpa em grandes potências (DUTRA, 2001).
O aproveitamento dos ventos para geração de energia elétrica apresenta,
como toda tecnologia energética, algumas características ambientais desfavoráveis
como, por exemplo: impacto visual, ruído, interferência eletromagnética,
ofuscamento e danos à fauna. Essas características aparentemente negativas
podem ser significativamente minimizadas, e até mesmo eliminadas, através de
planejamento adequado e também no uso de inovações tecnológicas (DUTRA,
2001).
O principal impacto positivo que a energia eólica oferece ao meio ambiente
está no fato de que ela não emite gás carbônico de forma significativa na etapa de
implantação e durante a operação, a emissão deste gás é nula. Dessa forma,
podemos fazer um comparativo entre cada unidade (kWh) de energia elétrica gerada
por turbinas eólicas e a mesma energia que seria gerada por uma planta
convencional de geração de energia elétrica. Ao fazer essa análise chega-se à
conclusão de que a energia eólica apresenta grandes vantagens na redução de
emissão de gases de efeito estufa e na redução da concentração de CO2 durante a
sua operação (DUTRA, 2001).
Uma turbina eólica de 600kW comercialmente disponível, quando substitui
unidades termelétricas convencionais, tem potencial de evitar, durante seus 20 anos
de vida útil, emissões de CO2 na ordem de 20.000 – 36.000 toneladas. Estes
valores dependem imperativamente do regime de vento e, por consequência, do
fator de capacidade no local de instalação (SILVA, 2006).
Outro aspecto positivo são as parcerias entre o empreendedor e os
proprietários das terras efetuadas através de contratos de arrendamentos entre 25 e
30 anos. Diante disso, observa-se que o arrendamento é o procedimento legal que
mais traz vantagens para os proprietários, pois continuam a desenvolver as
atividades agropecuárias, sem prejuízo das mesmas, e terão um aumento na renda
mensal através do pagamento deste arrendamento.
Em relação aos impactos negativos podem ser destacados os ocasionados
pelo nível de ruído, mas que já estão sendo minimizados com o uso de novas
82
tecnologias. Há de se considerar que a produção de ruído está presente em todas
as formas dinâmicas de conversão de energia. Os ruídos produzidos pelas turbinas
eólicas se ampliam ligeiramente com o aumento da velocidade do vento. O som
provocado pelo vento ao atingir árvores, construção ou outras barreiras topográficas
existentes na área de aproveitamento eólico, também aumenta com a velocidade do
vento mas, normalmente, ocorre a uma taxa superior ao verificado no rotor, o que
frequentemente mascara o ruído provocado apenas pelas turbinas.
Os ruídos aerodinâmicos ocorrem em função da velocidade do vento sobre a
turbina eólica, e a sua redução relaciona-se ao design das pás e da própria torre.
Maurício Tolmasquim (atual presidente da EPE) apresenta algumas considerações
sobre os ruídos mecânicos:
“a tecnologia atual mostra que é possível a construção de turbinas eólicas com níveis de ruído bem menores, visto que as engrenagens utilizadas para multiplicar a rotação do gerador podem ser eliminadas caso seja empregado
um gerador elétrico que funciona em baixas rotações (sistema multipolo de geração de energia elétrica).”
Os sons lançados por uma turbina eólica não são danosos, sob o ponto de
vista fisiológico, aos homens e animais: não são prejudiciais ao sistema auditivo e
tampouco interferem nas atividades diárias daqueles que habitam a área de
influência do parque eólico. Segundo GIPE (1995) os sons advindos de uma turbina
eólica não diferem de outros sons comuns aos subúrbios. Os fabricantes estimam
que o nível de ruído a uma distância de 40 metros de uma turbina eólica típica
encontra-se entre 50 e 60 dB(A). Um domicílio localizado a 500 metros da turbina
registra um nível de ruído de cerca de 35 dB(A) quando o vento sopra na direção do
rotor para o referido domicílio. Este nível de ruído, de acordo com os padrões
internacionais, encontra-se na faixa tolerável de uma residência comum. Em um
aproveitamento eólico composto de 10 turbinas e considerada também uma moradia
a 500 m de distância da torre, o registro dos ruídos atinge um valor de cerca de 42
dB, níveis semelhantes aos registrados em um escritório. Em situações em que o
vento sopra do domicílio em direção à turbina, os níveis de ruído decrescem
significativamente, atingindo valores inferiores a 10 dB (EWEA, 1997, GIPE 1995
apud IMPROTA, 2008).
83
Autores com Devine-Wright (2005b) e Wolsink (1988; 2000, 2007) atribuem um
dos maiores impactos de um Parque Eólico ao impacto visual na paisagem. Estes e
outros autores têm um consenso que há uma mudança significativa na paisagem,
além de gerarem também o chamado efeito “sombra” ou em inglês: Shadow Flicker9,
pois em determinados momentos do dia as pás dos aerogeradores sombreiam o
solo. Os impactos visuais dos chamados parques eólicos são considerados
subjetivos, pois algumas pessoas gostam de ver estes parques eólicos em
funcionamento, já que simbolizam uma geração de energia considerada do “futuro”.
Os efeitos do impacto visual têm sido minimizados, principalmente, com a
conscientização da população local sobre a geração eólica. Através de audiências
públicas e seminários, a população local passa a conhecer melhor toda a tecnologia
e, uma vez conhecendo os efeitos positivos da energia eólica, os índices de
aceitação melhoram consideravelmente (DUTRA, 2001).
Outro impacto é o causado para a fauna alada principalmente a avifauna e os
quirópteros, principalmente nas áreas onde há rotas migratórias e locais de bom
estado de conservação. Estudos quanto aos impactos de parques eólicos sobre
estes grupos animais foram iniciados em países da Europa e América do Norte,
onde esta tecnologia está em uso há mais tempo e correspondem às referências
que vem sendo utilizadas para a realidade brasileira. Os fatores responsáveis pela
colisão destes grupos com os aerogeradores dependem de cada espécie e incluem
alguns fatores de risco como: deslocamentos frequentes em busca de ambientes
aquáticos, alta velocidade de deslocamento em voo, altura de voo compatível com
as pás dos aerogeradores, tamanho corporal e envergadura, deslocamentos
noturnos, migrações ou deslocamentos sazonais, comportamento predatório e
concentrações em grandes bandos, abundância e atividade/comportamento da
espécie, características orográficas além das condições meteorológicas. Há ainda a
considerar, o impacto negativo relativo ao sucesso reprodutor e outros tipos de
perturbações nas aves (MENDES et al., 2000 apud RIBEIRO, 2008).
9 O efeito Shadow Flicker ocorre quando as pás do rotor projetam sombras que se movem rapidamente através da área do solo próxima à torre. Este efeito pode criar distúrbios quando a sombra atinge construções ocupadas, tornado-se mais evidentes quando estas construções têm suas portas ou janelas abertas diretamente orientadas na direção dos raios solares. Os europeus reclamam que o shadow flicker pode desorientar ou causar apreensão em 2% da população circunvizinha que sofrem de epilepsia (GIPE, 1995).
84
Em relação a avifauna, os autores diferenciam este impacto onde não há estas
rotas, evidenciando que as aves são capazes de visualizar as turbinas e escapar de
uma provável colisão. As aves de rapina e os passeriformes são referências
habituais entre os grupos de aves mortas por colisão com os aerogeradores
(MENDES et al., 2000 apud RIBEIRO, 2008). O comportamento dos pássaros e as
taxas de mortalidade tendem a ser específicos para cada espécie e também para
cada lugar. Estimativas de mortes de pássaros nos Países Baixos e na Califórnia
(GIPE, 1995), causadas por várias ações diretas e indiretas do homem, mostram
que linhas de transmissão e o tráfego de veículos apresenta uma taxa que, em
comparação às estimativas de mortes por parque eólico de 1 GW, é cem vezes
maior (EWEA, 1998).
Outros estudos realizados na Dinamarca mostraram que as aves tendem a
mudar suas rotas de voo para um afastamento de 100 a 200 m em relação à turbina,
bem como passar por cima ou ao redor da torre a uma distância segura. Tal
comportamento foi observado independente do horário do dia ou estação climática.
Registra-se também na Dinamarca a existência de inúmeros ninhos de falcões
construídos na parte superior das torres (EWEA, 1997).
Já em relação aos quirópteros, eles constituem o grupo de mamíferos com
maior diversidade de espécies nos neotrópicos10. Os morcegos11 formam um grupo
ecológico muito importante por ocuparem vários níveis da cadeia alimentar atuando
como polinizadores dispersores de sementes e controladores populacionais de
insetos. Este elevado número se deve a sua facilidade de dispersão e a
especificidade com que cada família se alimenta. Morcegos são capazes de se
localizar espacialmente, evitar obstáculos e caçar pequenos insetos na total
ausência de luz, através da ecolocalização. Mas porque então colidem com objetos
tão grandes como os aerogeradores? Existem algumas hipóteses levantadas por
vários pesquisadores no mundo todo, mais especificamente nos EUA e em países
da Europa. Segundo Kunts (2007) são elas:
• Turbinas eólicas atraem morcegos, porque elas são percebidas como poleiros
em potencial;
10 Neotrópico: adj. || diz-se da região que compreende a América do Sul, as Antilhas e a zona tropical da América do Norte. F. Neo... +trópico. 11 Etimologia: do Latim, muris= rato; caecus= cego
85
• A alteração dos ventos em volta das pás das turbinas atraem insetos e os
morcegos, como se alimentam destes, voam de encontro às mesmas;
• Inversões térmicas podem criar densos nevoeiros nos vales mais frios,
fazendo com que haja uma maior concentração de morcegos e insetos nos topos de
morros, onde geralmente são instalados os Parques Eólicos.
• A migração de morcegos é mais elevada durante períodos de baixa
velocidade do vento e isto ocorre em volta das pás das turbinas;
• O calor gerado pelas naceles das turbinas eólicas atraem insetos voadores
que por sua vez atraem os morcegos com o objetivo de se alimentarem;
• Os morcegos são atraídos para som audível e/ou ultrassônicos produzidos
pelas turbinas eólicas;
• Insetos noturnos são visualmente atraídos pelas turbinas eólicas;
• Falha de ecolocalização12. Morcegos não podem detectar movimento
acusticamente das pás da turbina ou a velocidade do rotor;
• Turbinas eólicas produzem campos eletromagnéticos complexos, fazendo
com que os morcegos se desorientem e colidam com as pás;
• Hipótese de descompressão. Os impactos relacionados a esta classe são
principalmente causados pelo chamado “barotrauma” e atingem cerca de 4 vezes
mais esta classe do que as avifauna. A velocidade com que as pás giram faz com
que a pressão atmosférica diminua. Quando os morcegos se aproximam demais das
turbinas, esta diferença de pressão faz estourar os vasos sanguíneos dos pulmões.
Os resultados dos estudos de mortes em morcegos nos parques eólicos
demonstram que 92% dos indivíduos das amostras apresentaram hemorragias
internas consistentes com o barotrauma, 100% dos indivíduos apresentaram lesões
pulmonares e 54% dos indivíduos das amostras apresentaram lesões externas,
sendo indícios de colisão com aerogeradores (RUI e BARROS, 2006). 12 A ecolocalização consiste num processo simples de ser compreendido, porém muito restrito na natureza. Alguns poucos grupos de animais, como os morcegos e golfinhos e em um número extremamente reduzido de insetos e aves, possuem esta capacidade. É um mecanismo que aumenta a capacidade destes grupos na detecção de objetos no espaço. Os animais geram ondas sonoras de alta frequência, normalmente acima da faixa de frequência audível, na altura do ultrassom. As frentes de ondas geradas se deslocam pelo meio, atingindo o obstáculo a ser identificado e retornam ao emissor que, simultaneamente, processa as informações recebidas identificando a posição do obstáculo (adaptado de CUNHA, 2010).
86
Os resultados do monitoramento de morcegos no parque eólico de Osório-RS
realizado, entre os anos de 2006 e 2009, apontam variações sazonais com picos de
mortalidade no verão e outono como se pode observar na figura 19.
Figura 19- Resultados das mortes de quirópteros registradas no monitoramento de morcegos do Parque Eólico
de Osório – RS (RUI; BARROS, 2008). Os resultados também demonstram semelhanças entre este monitoramento e os
realizados em parques eólicos na América do Norte. No Brasil, a espécie mais
afetada é a Tadarida brasiliensis, enquanto que na América do Norte é a Lasiurus
cinereus, porém a maioria dos parques eólicos dos EUA está instalada fora da área
de distribuição do gênero Tadarida. Já no sul dos EUA, onde ocorre o gênero
Tadarida, foi constatada uma mortalidade alta deste gênero. Além disso, Lasiurus
cinereus, segunda espécie mais impactada aqui no Brasil, é a primeira a ser
impactada na América do Norte. Há, portanto uma mortalidade seletiva em que as
espécies mais abundantes não são as mais afetadas (RUI e BARROS, 2006).
3.5 Legislação ambiental aplicada ao setor elétrico
O ambiente de flexibilização do mercado de energia elétrica em curso no país
e, paradoxalmente, o endurecimento de uma crise no abastecimento serviram de
condutor do aumento de interesse dos investidores em promover ações que
viabilizem o aproveitamento do elevado potencial eólico brasileiro. Este fato,
adicionado aos apelos ambientais em pauta na agenda mundial, levou o Governo
87
Brasileiro a dar forma a um arcabouço institucional que encoraje o uso de
tecnologias renováveis.
Apesar de a energia eólica vir ganhando destaque dentro do elenco de
recursos renováveis possíveis de aproveitamento no Brasil, algumas demandas
técnicas, econômicas e institucionais ainda estão por serem definidas. Inúmeras
restrições e incentivos são postos na legislação, gerando indefinições que levam os
investidores a reclamarem uma garantia na continuidade dos programas de
incentivos a expansão dessa tecnologia.
As reais possibilidades de realização de aproveitamentos eólicos com fins
comerciais a cargo do setor privado no Brasil encontram amparo legal no artigo 175
da Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988 em seu capítulo que
versa sobre o regime de concessão ou permissão de serviços públicos, bem como
dos seguintes atos legislativos:
Art. 175. Incumbe ao Poder Público, na forma da lei, diretamente ou sob regime
de concessão ou permissão, sempre através de licitação, a prestação de serviços
públicos.
Parágrafo único. A lei disporá sobre:
I - o regime das empresas concessionárias e permissionárias de serviços
públicos, o caráter especial de seu contrato e de sua prorrogação, bem como as
condições de caducidade, fiscalização e rescisão da concessão ou permissão;
II - os direitos dos usuários;
III - política tarifária;
IV - a obrigação de manter serviço adequado.
Abaixo estão listadas as principais leis, resoluções e decretos aplicados ao
setor elétrico. A partir desse conjunto de Leis, uma série de outras ferramentas
institucionais de caráter legal foi sendo posta no debate, como forma de consolidar o
modelo de mercado imposto ao setor elétrico brasileiro, bem como estabelecer uma
política de promoção das fontes renováveis, em especial da energia eólica, capaz de
efetivar a entrada de investidores nesse mercado. A saber:
88
• Resolução CONAMA nº 006/1987. Dispõe sobre o licenciamento ambiental de
obras do setor de geração de energia elétrica. Data da legislação: 16/09/1987
- Publicação DOU, de 22/10/1987.
• Lei nº 8.987, de 13 de fevereiro de 1995 - que Dispõe sobre o regime de
concessão e permissão da prestação de serviços públicos.
• Lei no 9.074/1995, de 07 de julho de 1995, regulamentada pelo Decreto 2003,
de 10 de outubro de 1996, que estabelece normas para outorga e
prorrogações das concessões e permissões de serviços públicos.
• Lei Nº. 9.427/96 - Institui a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL,
disciplina o regime das concessões de serviços públicos de energia elétrica e
dá outras providências.
• Lei nº 9.478, de 6 de agosto de 1997, dispõe sobre a política energética
nacional, as atividades relativas ao monopólio do petróleo, institui o Conselho
Nacional de Política Energética e a Agência Nacional do Petróleo e dá outras
providências.
• Lei no 9.427 de 26 de dezembro de 1998 que Instituiu a Agência Nacional de
Energia Elétrica.
• Resolução ANEEL n.º 456, de 29 de novembro de 2000, estabelece, de forma
atualizada e consolidada, as Condições Gerais de Fornecimento de Energia
Elétrica.
• Lei Nº. 10.438/ 2002 - Dispõe sobre a expansão da oferta de energia elétrica
emergencial, recomposição tarifária extraordinária, cria o Programa de
Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica (Proinfa), a Conta de
Desenvolvimento Energético (CDE), dispõe sobre a universalização do
serviço público de energia elétrica, dá nova redação às Leis n o 9.427, de 26
de dezembro de 1996, n o 9.648, de 27 de maio de 1998, n o 3.890-A, de 25
de abril de 1961, n o 5.655, de 20 de maio de 1971, n o 5.899, de 5 de julho
de 1973, n o 9.991, de 24 de julho de 2000, e dá outras providências.
89
• Lei Nº 10.762, de 11 de novembro de 2003- Dispõe sobre a criação do
Programa Emergencial e Excepcional de Apoio às Concessionárias de
Serviços Públicos de Distribuição de Energia Elétrica, altera as Leis nos8.631,
de 4 de março de 1993, 9.427, de 26 de dezembro de 1996, 10.438, de 26 de
abril de 2002, e dá outras providências.
• Lei Nº. 10.762/2003 - Dispõe sobre a criação do Programa Emergencial e
Excepcional de Apoio às Concessionárias de Serviços Públicos de
Distribuição de Energia Elétrica, altera as Leis nº 8.631, de 4 de março de
1993, 9.427, de 26 de dezembro de 1996, 10.438, de 26 de abril de 2002, e
dá outras providências.
• Resolução ANEEL nº 433, de 26 de agosto de 2003 Estabelece os
procedimentos e as condições para início da operação em teste e da
operação comercial de empreendimentos de geração de energia elétrica.
• Decreto Nº 5.025, DE 30 DE MARÇO DE 2004.Regulamenta o inciso I e os §§
1o, 2o, 3o, 4o e 5odo art. 3o da Lei no10.438, de 26 de abril de 2002, no que
dispõem sobre o Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia
Elétrica - PROINFA, primeira etapa, e dá outras providências.
• Decreto Nº. 5.025/2004. - Regulamenta o inciso I e os § 1º , 2º , 3º , 4º e 5º do
art. 3º da Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002, no que dispõem sobre o
Programa de Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica - PROINFA,
primeira etapa, e dá outras providências.
• Lei Nº. 10.848/2004 - Geração Distribuída como opção para distribuição de
energia - Dispõe sobre a comercialização de energia elétrica, altera as Leis
nºs 5.655, de 20 de maio de 1971, 8.631, de 4 de março de 1993, 9.074, de 7
de julho de 1995, 9.427, de 26 de dezembro de 1996, 9.478, de 6 de agosto
de 1997, 9.648, de 27 de maio de 1998, 9.991, de 24 de julho de 2000,
10.438, de 26 de abril de 2002, e dá outras providências.
• Decreto Nº. 5.793/2006 - Altera dispositivos do Decreto no 3.520, de 21 de
junho de 2000, que dispõe sobre a estrutura e o funcionamento do Conselho
Nacional de Política Energética - CNPE.
90
• Projeto de lei Nº. 523/2007 - Institui a Política Nacional de Energias
Alternativas e dá outras providências.
• Decreto Nº. 6.048/2007 - Altera os arts. 11, 19, 27, 34 e 36 do Decreto nº
5.163, de 30 de julho de 2004, que regulamenta a comercialização de energia
elétrica, o processo de outorga de concessões e de autorizações de geração
de energia elétrica.
3.6 O Licenciamento ambiental de empreendimentos eó licos nos estados do Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia
O licenciamento ambiental de Parques Eólicos no estado do Rio Grande do
Norte segue as leis estaduais 4854/96 e a 5165/00 sendo o principal critério de
avaliação do potencial impacto poluidor é a localização do empreendimento e
elaborados na forma de um RAS.
No estado do ceará o licenciamento ambiental obedece a Resolução COEMA
08/04 e os critérios de avaliação do potencial impacto poluidor são a potência
instalada, a localização e o tamanho do Parque Eólico.
O licenciamento ambiental de Parques Eólicos no estado da Bahia segue a
Resolução Nº 4.180, de 29 de abril de 2011, que aprova a Norma Técnica NT
(01/2011) e seus Anexos, que dispõe sobre o Processo de Licenciamento Ambiental
de Empreendimentos de Geração de Energia Elétrica a partir de fonte eólica no
Estado da Bahia. De acordo com esta NT, o empreendedor deverá apresentar os
Estudos Ambientais, de acordo com os Termos de Referência nela constantes,
podendo ser exigidos estudos complementares pertinentes.
Determina ainda que, por se tratar de empreendimentos de geração de energia
elétrica a partir de fonte de energia renovável e considerada de potencial de baixo
impacto, não se aplica, em princípio, a exigência de realização de EIA/RIMA,
entretanto, empreendimentos que forem passíveis de causar significativa
degradação do meio ambiente, estarão sujeitos à realização de EIA/RIMA.
De uma forma geral todos os empreendimentos eólicos atualmente licenciados
pelo INEMA para se obter a Licença de Localização, estão sendo feitos em caráter
91
precário13 e na forma de uma RAS para que os mesmos possam participar dos
Leilões de Energia de Reserva/Fontes Alternativas, que estão sendo realizados pelo
Governo Federal ao longo deste ano. Caso seja necessário, posteriormente são
solicitados estudos complementares pertinentes, conforme determina o item 6.1.2.1
da Resolução CEPRAM nº 4.180 de 29/04/2011.
O Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (INEMA) foi criado através
da lei nº 12.212 de 4 de maio de 2011, promovendo a integração do sistema de meio
ambiente e recursos hídricos do Estado da Bahia. O INEMA tem por finalidade
executar as ações e programas relacionados à Política Estadual de Meio Ambiente e
de Proteção à Biodiversidade, a Política Estadual de Recursos Hídricos e a Política
Estadual sobre Mudança do Clima. Cabe ao INEMA atuar em articulação com os
órgãos e entidades da Administração Pública Estadual e com a sociedade civil
organizada, a fim de dar mais agilidade e qualidade aos processos ambientais.
Durante o processo de análise e aprovação dos projetos eólicos no estado da
Bahia, incluindo o seu licenciamento ambiental e a sua aprovação junto ao órgão
ambiental estadual, faz-se necessária a manifestação de outros Órgãos. Em relação
à infraestrutura do empreendimento, podem ser consultadas as concessionárias
estaduais, a exemplo da EMBASA e COELBA, ou ainda a CHESF. Em relação ao
abastecimento de água, ainda deve ser consultado o INEMA, caso seja necessária a
obtenção de outorga para captação de água.
As prefeituras devem ser consultadas quanto à emissão de Certidão quanto à
conformidade do empreendimento no que tange ao ordenamento e ao uso do solo
municipal. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN também
interage com o processo de licenciamento ambiental, pois define se no local do
Parque Eólico há necessidade do resgate do patrimônio arqueológico regional, caso
seja apontado um diagnóstico arqueológico não interventivo dos aspectos
arqueológicos, espeleológicos, históricos, culturais e paisagísticos da área de
influência direta do empreendimento. Caso haja a necessidade da realização de
supressões de vegetação para a implantação do empreendimento, também se faz
necessário o requerimento de Autorização específica ao INEMA.
13 Previsto no Artigo 162º do Decreto 11.235 de 2008.
92
Os Parques Eólicos em desenvolvimento no estado da Bahia estão localizados
em áreas rurais, portanto, faz-se necessária a averbação de Reserva Legal das
propriedades que os compõem, através de processos específicos que deverão ser
analisados pelo INEMA. De uma forma mais abrangente, também participam do
projeto a EPE, a ANEEL, além de algumas secretarias de estado, a exemplo da
SICM, SEMA e SEAGRI.
4. ESTUDOS AMBIENTAIS COMPARATIVOS DE PARQUES EÓLIC OS
Neste capítulo serão apresentadas as considerações sobre as análises
técnicas dos estudos ambientais realizados para o licenciamento ambiental dos
parques Parque Eólico Rio do Fogo - RN, Parque Eólico Valparaíso - CE e
Complexo Eólico Desenvix - Brotas de Macaúbas - BA e Parque Eólico Cristal-Morro
do Chapéu - BA.
4.1 Parque Eólico Valparaíso - CE
Situado na porção noroeste do estado do Ceará, o município de Ubajara limita-
se com os municípios de Ibiapina, Coreaú, Mucambo, Tianguá, Frecheirinha e com o
estado do Piauí. Compreende uma área de 385 km2 (Mapa 1e figura 21). Neste
local, existem várias empresas desenvolvendo projetos eólicos e estudos para o
licenciamento ambiental deste tipo de empreendimento. O Parque eólico em questão
foi desenvolvido pela empresa Sowitec do Brasil e os estudos ambientais estiveram
disponíveis no site da empresa consultora do estado do Ceará (Ampla
Engenharia14).
14 http://www.amplaengenharia.com.br/amplabanco/material//sowitec/RAS_VALPARAISO/index.html. Acesso em jan 2010
93
Mapa 1 - Localização do Parque Eólico Valparaíso - CE Fonte: Elaborado pelo Autor, 2011.
Figura 20 - Imagem PE Valparaíso - CE Fonte: Google Earth 2010
Na área onde o projeto foi idealizado foram constatados vários problemas de
regularização fundiária e de acesso ao local, devido à má conservação das estradas,
94
contribuindo para a sua desistência . Outro fator que influenciou na desistência do
projeto foi a velocidade dos ventos não serem tão expressivas como se imaginava.
Apesar da desistência deste projeto, os estudos ambientais foram
desenvolvidos e previstos alguns impactos positivos e negativos no local. Para a
identificação e avaliação de impactos ambientais a, Ampla Engenharia utilizou como
documento principal a Resolução CONAMA Nº. 001/1986. Como impacto ambiental
considerou qualquer alteração das características do sistema ambiental causada
pelas ações do empreendimento. Esta metodologia conceitua como sistema
ambiental os componentes do meio abiótico, biótico e antrópico. Esta metodologia,
geralmente é a mesma utilizada em todos os EIA/RIMA. O que varia são as técnicas
utilizadas.
Foram consideradas as ações do empreendimento as intervenções capazes de
afetar direta ou indiretamente o comportamento dos parâmetros que compõem os
meios abiótico, biótico e antrópico considerando as áreas de influência funcional do
empreendimento, ou seja, área diretamente afetada (ADA), área de influência direta
(AID) e área de influência indireta (AII). A seguir são apresentados os impactos na
fase de implantação para cada meio (físico, biótico e socioeconômico).
Meio físico
• Impacto MF01: Emissões atmosféricas. Durante a fase de implantação do
empreendimento, é prevista a emissão de gases, produto da combustão do diesel
dos veículos, tratores, geradores e outros equipamentos utilizados para a
consolidação da obra. A emissão dos gases poluentes se dará diretamente nas
áreas de influência (ADA, AID e AII), ocorrendo principalmente na ADA, onde se
verifica maior movimentação de equipamentos durante a execução do
empreendimento. A identificação dos efeitos no meio físico na AID e AII é pouco
relevante, devido à dispersão dos gases e menor circulação de veículos, tratores
etc.
• Impacto MF02: Derramamento acidental de óleo, graxa s e derivados de
petróleo. Durante a etapa de implantação do empreendimento poderá ocorrer o
derramamento de óleos, graxas e derivados de petróleo, principalmente na ADA,
devido a intensa movimentação de veículos e utilização de vários equipamentos
95
necessários para implantação do parque eólico. Na AID e AII, haverá apenas
movimentação e deslocamento de veículos nas vias de acesso (carroçáveis e
estaduais) podendo ocasionar derramamentos mínimos, sendo considerados
desprezíveis os efeitos desse impacto.
MF01 e MF02
Magnitude Pequena
Tipologia Negativo
Ocorrência Imediato
Duração Temporário
Reversibilidade Reversível
Efeito Não-cumulativo
• Impacto MF03: Geração de resíduos sólidos e efluent es. Durante a etapa
de construção da obra são produzidos constantemente resíduos sólidos e efluentes
no canteiro de obras implantado na ADA do empreendimento. Os principais resíduos
sólidos e efluentes gerados no canteiro de obras são:
� Alojamentos / Lavanderia e Banheiros: papel, plástico e esgotos domésticos.
� Ambulatório: restos de curativos, equipamentos médicos descartáveis
(seringas, luvas, máscaras etc.) e esgotos.
� Cozinha e Refeitório: papéis, plásticos, metais e resíduos alimentares.
� Escritório: papel, plásticos, cartuchos de tintas para impressoras, pilhas e
baterias de celulares.
� Canteiro de Obras: desmatamento de árvores, raízes e remoção de eventuais
rochas.
• Impacto MF04: Instabilidades geotécnicas . Poderão ocorrer na ADA
durante a montagem de equipamentos pesados no empreendimento, principalmente
se forem colocadas nas proximidades das encostas, em decorrência do volume de
chuva precipitada durante o ano e infiltração em solos profundos, deslocamento de
massa, solifluxão15, deslizamento de encostas etc.
15 Movimento de arrasto lento, sem ruptura, de solos relevo abaixo pela ação da gravidade e, muitas vezes, ativado pela água da chuva infiltrada intersticialmente às partículas argilosas, diminuindo a coesão dessas partículas e tornando a massa de solo mais plástica e densa.
96
MF03 e MF04
Magnitude Média
Tipologia Negativo
Ocorrência Imediato
Duração Temporário
Reversibilidade Reversível
Efeito Cumulativo
• Impacto MF05: Alteração na qualidade das águas . Com a produção de
efluentes domésticos e resíduos sólidos no canteiro de obras localizado na ADA, o
fluxo dos mesmos, caso não venham a ser manejados convenientemente, poderá
refletir-se em contaminação dos corpos hídricos e do aquífero subterrâneo.
MF05
Magnitude Média
Tipologia Negativo
Ocorrência Médio prazo
Duração Temporário
Reversibilidade Reversível
Efeito Cumulativo
Meio Biótico
• Impacto MB01: Supressão da vegetação na ADA. Resume-se à retirada da
cobertura do estrato herbáceo, espécies arbustivas e pouquíssimas espécies
arbóreas comuns para região, remoção necessária para a instalação física do
empreendimento.
MB01
Magnitude Pequena
Tipologia Negativo
Ocorrência Imediato
Duração Permanente
Reversibilidade Irreversível
Efeito Cumulativo
97
• Impacto MB02: Caça e captura de animais silvestres . Devido à presença
de operários, técnicos e contratados do empreendedor na ADA e AID, poderá
ocorrer caça indiscriminada e captura da fauna local, principalmente da avifauna,
para efeito de alimentação e/ou comércio ilegal das espécies ali existentes.
• Impacto MB03: Fuga e afugentamento da fauna. Durante a implantação do
empreendimento, ocorrerá o intenso movimento de máquinas, veículos e pessoas,
causando a elevação dos níveis de ruído e poeira na região e provocando o
afugentamento da fauna. Esse impacto também trará prejuízos para a nidificação,
acasalamento e alimentação das espécies.
MB02 e MB03
Magnitude Pequena
Tipologia Negativo
Ocorrência Imediato
Duração Temporário
Reversibilidade Reversível
Efeito Não cumulativo
• Impacto MB04: Acidentes com a fauna. A intensificação do trânsito de
máquinas e veículos no entorno do empreendimento poderá contribuir de forma
significativa para o aumento dos índices de acidentes e atropelamentos dos animais
durante fase de implantação na ADA e AID, principalmente para as espécies com
pouca mobilidade.
MB04
Magnitude Pequena
Tipologia Negativo
Ocorrência Imediato
Duração Permanente
Reversibilidade Irreversível
Efeito Não cumulativo
• Impacto MB05: Alteração dos ecossistemas locais . Para a implantação do
empreendimento será suprimida uma área de vegetação de mata atlântica e
cerrado, manto herbáceo e estrato arbustivo-arbóreo, onde vivem poucas espécies
98
de fauna (mamíferos, aves, répteis, anfíbios e insetos) na ADA. Com a supressão
dessa vegetação, ocorrerá a alteração dos ecossistemas locais que levarão certo
tempo para se reorganizarem.
• Impacto MB06: Redução da área destinada à alimentaç ão da fauna. A
partir do momento que ocorre supressão de vegetação, também ocorre redução da
área destinada à alimentação da fauna, principalmente, em se tratando de
ambientes como floresta tropical plúvio-nebular e cerrado.
• Impacto MB07: Redução da área de acasalamento e nid ificação. Para a
implantação do Parque Eólico Valparaíso será suprimida uma área com vegetação
de cerrado e de floresta tropical plúvio-nebular, manto herbáceo e estrato arbustivo-
arbóreo, onde vivem espécies de fauna (mamíferos, aves, répteis, anfíbios e
insetos), reduzindo a área destinada ao acasalamento e nidificação dessa fauna
específica.
• Impacto MB08: Eliminação das tocas e refúgios da fa una. A partir do
momento que haverá supressão de vegetação de cerrado e de floresta tropical,
manto herbáceo e estrato arbustivo-arbóreo onde vivem diversas espécies de fauna,
ocorrerá a eliminação de algumas tocas e refúgios da mesma.
• Impacto MB09: Alteração da paisagem . Mesmo para a fase de implantação
do parque eólico onde os aerogeradores ainda estão sendo montados, ocorrerá uma
mudança na paisagem da Serra das Flores (ADA) devido à presença de operários,
automóveis de vários tamanhos e capacidades e equipamentos diversos.
• Impacto MB10: Eliminação do manto herbáceo. Haverá supressão de
vegetação característica da região afetada pela implantação do empreendimento,
ocorrerá a eliminação do manto herbáceo com sua camada fértil e consequente
desaparecimento da micro e macroflora.
• Impacto MB11: Redução do potencial de sementes e/ou mudas. Para a
implantação do parque eólico ocorrerá supressão de vegetação característica da
Serra das Flores, acarretando em uma redução do potencial de sementes e/ou
mudas nessa área.
• Impacto MB12: Redução dos locais de dessedentação d a fauna.
Dependendo do posicionamento dos aerogeradores no empreendimento e com
supressão de uma área com vegetação característica da região afetada, ocorrerá a
99
redução dos locais de dessedentação da fauna, que irão procurar outros lugares
para satisfazerem suas necessidades.
• Impacto MB13: Competitividade e escassez de aliment ação . A vegetação
característica de uma região serve para diversas utilizações e, dentre elas está a
alimentação da fauna local. Com a supressão dessa vegetação, ocorrerá o
deslocamento dessa fauna específica para outros locais com vegetação semelhante,
podendo acarretar competitividade com outras espécies animais, gerando conflitos e
escassez de alimentação.
MB05 a M13
Magnitude Pequena
Tipologia Negativo
Ocorrência Imediato
Duração Permanente
Reversibilidade Irreversível
Efeito Cumulativo
• Impacto MB14: Danos para a fauna devido à geração d e resíduos
sólidos. Durante a implantação do empreendimento (ADA) os trabalhadores se
alimentarão diariamente no local. Dessa forma, pode ocorrer o acúmulo de resíduos
sólidos que, de alguma forma sejam capazes de atrair a fauna local, possibilitando a
ingestão de materiais perigosos que possam prejudicar a mesma (plásticos, papéis,
metais, vidros, resíduos da enfermaria etc.).
MB14
Magnitude Pequena
Tipologia Negativo
Ocorrência Imediato
Duração Temporário
Reversibilidade Reversível
Efeito Não cumulativo
Meio Socioeconômico
• Impacto MSE01: Desgaste das vias de acesso em decor rência do
aumento da circulação de veículos, máquinas e equip amentos. Haverá desgaste
100
das vias de acesso ao município de Viçosa do Ceará devido ao aumento do fluxo de
veículos e de cargas durante esta fase do empreendimento. Este impacto será de
maior magnitude nas AID e AII do que para a ADA. Outro aspecto relevante é o que
diz respeito às características das vias de acesso, pois para que os caminhões
possam chegar ao local do empreendimento seria necessário alterar características
como largura, estruturas de pontes etc., de ruas e estradas. Poderá haver
necessidade de se alterar configuração de casas e prédios, bem como a
reorganização do fluxo de trânsito, ainda que em caráter provisório ou momentâneo.
MSE01
Magnitude Grande
Tipologia Negativo
Ocorrência Imediato
Duração Temporário
Reversibilidade Reversível
Efeito Não cumulativo
• Impacto MSE02: Possibilidade da ocorrência de acide ntes de trabalho.
Nesta fase do empreendimento, como há intensa operação de máquinas,
equipamentos e ferramentas e como tais atividades não são rotina até o momento
anterior à implantação, não há adequação de condutas operacionais dos dispositivos
acima citados às condições do local de trabalho, portanto, há possibilidade de
ocorrência de acidentes do trabalho (ADA).
• Impacto MSE03: Possibilidade de acidentes com anima is peçonhentos.
Para se implantar o canteiro de obras há necessidade de se remover a vegetação
natural de pequenas áreas que servem de habitat para vários animais. Como
consequência da instalação do refeitório, ocorre a atração de animais pelo cheiro de
alimentos e consequente atração de seus predadores, gerando riscos de acidentes
com animais peçonhentos envolvendo colaboradores da obra.
MSE02 E MSE03
Magnitude Pequena
Tipologia Negativo
Ocorrência Imediato
Duração Temporário
101
Reversibilidade Reversível
Efeito Não cumulativo
• Impacto MSE04: Geração de empregos. Para se instalar o
empreendimento, é necessário contratar mão de obra gerando, portanto, empregos
diretos e indiretos nas áreas de influência (AID e AII). As contratações tendem a ser
feitas nas áreas próximas ao canteiro de obras.
• Impacto MSE05: Aumento da renda . Com a geração de novos empregos
haverá crescimento da massa salarial e consequente melhoria da renda das famílias
habitantes das comunidades do entorno (AID), bem como das famílias pertencentes
à Área de Influência Indireta (AII), em virtude do aumento do capital circulante,
propiciando assim, melhorias no quadro social da região.
MSE04 E MSE05
Magnitude Pequena
Tipologia Positiva
Ocorrência Imediato
Duração Temporário
Reversibilidade Reversível
Efeito Não cumulativo
• Impacto MSE06: Aumento da arrecadação tributária. Haverá, nesta fase,
consumo de materiais e bens de serviço os quais gerarão significativo aumento de
capital nos cofres públicos dos municípios pertencentes à AII, principalmente para o
município de Viçosa do Ceará, que pertence a área de influência do parque eólico.
MSE06
Magnitude Média
Tipologia Positivo
Ocorrência Médio prazo
Duração Permanente
Reversibilidade Irreversível
Efeito Cumulativo
102
• Impacto MSE07: Maior demanda por serviços de saúde na região. Com o
início da implantação do empreendimento, um contingente de pessoas trabalhando
no canteiro de obras poderá ser passível de acidentes de trabalho ou ataques de
diversos animais (peçonhentos, insetos e outros) sendo, dessa maneira, necessária
a utilização de serviços de saúde aptos a suprir os mesmos.
MSE07
Magnitude Pequena
Tipologia Negativo
Ocorrência Médio prazo
Duração Temporário
Reversibilidade Reversível
Efeito Não cumulativo
• Impacto MSE08: Maior demanda por áreas de lazer. Há necessidade de
alguma forma de lazer para os funcionários contratados e terceirizados, visto que há
carência desse equipamento social na região.
MSE08
Magnitude Pequena
Tipologia Positivo
Ocorrência Imediato
Duração Permanente
Reversibilidade Irreversível
Efeito Cumulativo
• Impacto MSE09: Possibilidade de conflitos sociais. Como consequência
da melhoria da renda por parte da população economicamente ativa, diversos
conflitos poderão ocorrer em decorrência do surgimento de pequenas aglomerações
agregadas às comunidades já existentes na AID, bem como provenientes de
conflitos ocasionados por bebedeiras, prostituição (inclusive infantil), drogas e brigas
por interesses particulares. Na ADA, tal fato ou situação não deverá acontecer.
• Impacto MSE10: Possibilidade de elevação da taxa de criminalidade .
Com o aumento do número de pessoas diretamente envolvidas no projeto, bem
103
como em função da circulação de dinheiro e bens de consumo, possibilitará o
aumento de pequenos furtos e outros delitos na AID.
MSE09 e MSE10
Magnitude Pequena
Tipologia Negativo
Ocorrência Médio prazo
Duração Temporário
Reversibilidade Reversível
Efeito Não cumulativo
• Impacto MSE11: Possibilidade do aumento e dissemina ção de DSTs . O
envolvimento de funcionários/colaboradores com a população do entorno
(prioritariamente na AID), potencializará a disseminação de doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs) o que acarretará prejuízos à saúde desta área (AII).
MSE11
Magnitude Pequena
Tipologia Negativo
Ocorrência Imediato
Duração Temporário
Reversibilidade Reversível
Efeito Não cumulativo
• Impacto MSE12: Alteração da paisagem. Haverá modificações na paisagem
devido à remoção de pequenas porções da vegetação para a instalação do canteiro
de obras, ocasionando alteração visual da paisagem do local.
MSE12
Magnitude Pequena
Tipologia Negativo
Ocorrência Imediato
Duração Permanente
Reversibilidade Irreversível
Efeito Cumulativo
104
• Impacto MSE13: Melhoria da infraestrutura local (Eq uipamentos
Urbanos). A inserção de um empreendimento de grande porte como este, gerando
empregos e divisas para o município de Ubajara, acarretará benefícios através de
obras de recuperação e adaptação das principais vias de acesso, até porque, há
necessidade de adequações nas características das vias para tornar possível a
instalação dos aerogeradores em seus devidos locais.
• Impacto MSE14: Maior demanda por segurança pública . Com ao aumento
de conflitos sociais e possível elevação na taxa de criminalidade na área de entorno
do empreendimento (AID), faz-se necessário o aumento da segurança pública local.
MSE13 e MSE14
Magnitude Pequena
Tipologia Positivo
Ocorrência Médio prazo
Duração Permanente
Reversibilidade Irreversível
Efeito Cumulativo
• Impacto MSE15: Disseminação de doenças provenientes do aumento
dos resíduos sólidos e efluentes domésticos. Durante a fase de implantação do
empreendimento, diversos resíduos sólidos e efluentes domésticos (banheiros,
ambulatório e refeitório) serão gerados na Área Diretamente Afetada (ADA),
podendo atrair diversos vetores (insetos, ratos etc.) possibilitando a disseminação de
doenças como leptospirose, dengue, cólera etc.
MSE15
Magnitude Pequena
Tipologia Positivo
Ocorrência Imediato
Duração Temporário
Reversibilidade Reversível
Efeito Não cumulativo
• Impacto MSE16: Capacitação da mão de obra a ser con tratada. Como é
plano do empreendedor instalar 63 aerogeradores no parque eólico e aproveitar a
105
mão de obra local (AID e AII), é necessário realizar treinamentos para capacitação
do pessoal selecionado através de cursos, palestras, oficinas e seminários, incluindo
as questões ambientais.
MSE16
Magnitude Pequena
Tipologia Positivo
Ocorrência Imediato
Duração Permanente
Reversibilidade Irreversível
Efeito Cumulativo
• Impacto MSE17: Alteração da qualidade do ar em de corrência da
emissão de gases e poeira . Como consequência da implantação do
empreendimento e dos diversos trabalhos executados na Área Diretamente Afetada
(ADA), tais como transporte de materiais, entulhos e outros resíduos sólidos, além
das emissões gasosas oriundas do tráfego de veículos, poderão ocorrer alterações,
ainda que pequenas, na qualidade do ar.
MSE17
Magnitude Pequena
Tipologia Negativo
Ocorrência Imediato
Duração Temporário
Reversibilidade Reversível
Efeito Não cumulativo
De uma forma resumida, os possíveis impactos negativos na fase de
implantação deste empreendimento foram: os desgastes das vias de acesso em
decorrência do aumento da circulação de veículos, máquinas e equipamentos,
alteração da qualidade do ar em decorrência da emissão de gases e poeira,
emissões atmosféricas, instabilidades geotécnicas, supressão da vegetação com
redução das áreas de tocas, refúgios, alimentação, nidificação e acasalamento,
acidentes com a fauna (aves e morcegos) e redução do potencial de sementes e/ou
mudas.
106
Os impactos positivos previstos na fase de implantação foram: geração de
empregos, aumento da renda, melhoria da infraestrutura local (equipamentos
urbanos) e capacitação da mão de obra a ser contratada. Haverá a alteração da
paisagem, e consequentemente, o impacto visual foi citado, mas como não foi feita
nenhuma consulta a população, não podemos citá-la como positiva ou negativa para
a fase de operação do Parque Eólico.
4.2 Parque Eólico de Rio do Fogo - RN
A maior usina eólica da América Latina, no município de Rio do Fogo (81 Km
de Natal) levou 3 anos para ser construída, iniciando sua obras no ano de 2004 e
finalizando-as no ano de 2007. O empreendimento foi construído em uma área
municipal (Mapa 2). A energia elétrica produzida a partir dos 62 aerogeradores
instalados à margem da BR 101 Norte será conduzida à subestação de Extremoz e
inserida no sistema elétrico brasileiro. O Parque Eólico Rio do Fogo tem capacidade
instalada para produzir 49,3 Mega Watts (MW), ou 800 kW para cada um dos 62
aerogeradores distribuídos em uma enorme área de dunas, relativamente próximo à
praia (Figura 22). O potencial da usina equivale a aproximadamente a demanda do
município de Jardim de Angicos (45,6 MW), segundo o monitoramento do mês e
maio de 2010 realizado pela COSERN.
107
Mapa 2 - Localização do Parque Eólico Rio do Fogo - RN Fonte: Elaborado pelo Autor, 2011.
As análises de impactos causadas por este Parque Eólico foi feita a partir da
análise técnica do Estudo Ambiental Simplificado (EAS) realizado pela empresa
Kohän-Saagoyen Consultoria e Sistemas Ltda. e da leitura da dissertação de
mestrado intitulada “Implicações socioambientais da construção de um Parque
Eólico no município do Rio do Fogo- RN da aluna Rafaella Lenoir Improta do
programa de pós-graduação em Psicologia Ambiental da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte – UFRN”. A autora realizou uma série de entrevistas com os
moradores da comunidade de Zumbi, adjacente ao Parque Eólico.
A metodologia utilizada para a análise de impactos ambientais deste parque
eólico foi a de Batelle, desenvolvido pelo Instituto Memorial de Batelle, da
Universidade de Columbus, USA. Este método utiliza de diversas fórmulas
matemáticas que a torna de difícil compreensão para o público leigo. Em seguida foi
utilizado um software IDEA – Instrumento para Desenvolvimento de Estudos
Ambientais, que permite a automação do tratamento das variáveis envolvidas na
análise e avaliação ambientais de empreendimentos e apresentadas as matrizes de
108
impactos prognosticados para os cenários futuros, com e sem os empreendimento
eólico.
Os cenários considerados neste estudo foram dois:
• Cenário Tendencial – que representa o cenário ambiental futuro da área de
influência de um empreendimento, consideradas todas as suas variáveis físicas,
biológicas e antrópicas, visto sob a ótica dos processos de transformação ambiental
previstos, mas sem a implementação do empreendimento;
• Cenário Alvo - que representa o cenário ambiental futuro da área de
influência de um empreendimento, consideradas todas as suas variáveis físicas,
biológicas e antrópicas, visto sob a ótica dos processos de transformação ambiental
previstos, mas com a implementação do empreendimento e das medidas de
proteção, preservação e conservação ambiental propostas.
Com base na análise dos eventos do cenário futuro sem o empreendimento
verificou-se que existem processos de alteração antrópica afetando fatores
ambientais físicos e biológicos nas áreas de interesse para o presente estudo. Esses
processos, notadamente, envolvem o uso e a ocupação não ordenada do solo das
áreas diretamente influenciadas pelos parques eólicos, através de atividades
relacionadas à agricultura e à pecuária de subsistência, bem como, em menor
escala, relacionadas à habitação - caso específico de Rio do Fogo.
No que tange ao ambiente socioeconômico e cultural, os processos peculiares
de impacto referem-se a limitações básicas ao desenvolvimento sustentado.
Denotam que o fundamento dessas limitações refere-se à quantidade dos
investimentos de base, ainda que os mesmos ocorressem a partir do início de 2004,
como é o caso da termoelétrica TERMOAÇU, da própria ENERBRASIL e de outros
projetos de geração eólica de outros investidores.
O cenário tendencial , apreciado e identificado sob esta ótica, não é grave,
mas demonstra que a sua síntese, ou seja, a melhoria da qualidade de vida da
sociedade potiguar, na época do estudo apontava ser “vegetativa” ou “suavemente
evolucionária”. Com base na análise dos eventos do cenário futuro com o
empreendimento, foi possível consolidar a análise do cenário alvo das áreas
influenciadas pelo projeto eólico, bem como de alguns aspectos do Estado do Rio
Grande do Norte.
109
Os processos de alteração antrópica realizados nas áreas dos parques seriam
devidamente ordenados e controlados, reduzindo de forma expressiva os impactos
hoje e tendencialmente ocorrentes. No que tange ao ambiente socioeconômico e
cultural, os processos peculiares de impacto foram considerados benéficos e
conformam suportes básicos e essenciais ao desenvolvimento sustentado.
Inauguraram e abriram condições propícias ao desenvolvimento socioeconômico,
beneficiando setores econômicos, oferta de emprego, renda, arrecadação tributária,
serviços sociais e qualidade de vida.
O cenário alvo , apreciado e identificado sob esta ótica foi considerado muito
bom, demonstrando que a sua síntese, ou seja, a melhoria da qualidade de vida da
sociedade potiguar deverá ser suavemente revolucionária, sólida, qualitativamente
diferenciada e auto-sustentada.
No momento da implantação do Parque Eólico Rio do Fogo não existiu outro
tipo de relação entre os moradores de Zumbi e a empresa além da preocupação em
não cercar a área que era utilizada pelos moradores (provavelmente com vistas a
contribuir para a aceitação do empreendimento), e da reunião que serviu apenas
para comunicar o início da construção do empreendimento e tirar dúvidas.
Figura 21 - Imagem Parque Eólico Rio do Fogo - RN Fonte: Google Earth 2010
De acordo com a autora do estudo, a população da comunidade de Zumbi
considera como positivo o impacto visual deste empreendimento, com poucas
pessoas contrárias a este aspecto visual. O maior impacto é considerado positivo
110
ocasionado pela grande oferta de emprego oferecida na construção do
empreendimento, pois a localidade tem altos índices de desemprego. Atualmente,
com o Parque eólico instalado, a realidade é outra. Praticamente são “dois mundos
diferentes” onde a relação entre a comunidade e o Parque Eólico Rio do Fogo é
nula. São dois mundos distintos vivendo um ao lado do outro. Moradores se
relacionam com o terreno do Parque Eólico, mas não com o empreendimento em si,
ainda que alguns moradores tenham receio de utilizar as lagoas e o próprio terreno
com medo de choques elétricos.
Entre as evidências encontradas da ausência de algum relacionamento entre a
população de Zumbi e o Parque Eólico, estão: não saberem o nome da empresa
construtora; o empreendimento não fazer parte do cotidiano dos moradores; a
comunidade afirmar não possuir contato com os trabalhadores, tampouco com a
própria empresa; a forma como foi apresentado o parque eólico à comunidade,
apenas com o intuito de avisá-los; e também não terem expressado crenças e
percepções modificadas com a construção do Parque Eólico Rio do Fogo (Figura
23).
Figura 22 - Aerogeradores no Parque Eólico Rio do Fogo-RN Fonte: http://www.lomacon.com.br/portfolio_popup.php?id_portfolio=26&id=119
111
Hoje, os moradores da comunidade de Zumbi consideram esse
empreendimento como alheio ás suas vidas – principalmente por não oferecer mais
emprego – mas não o avaliam como negativo. Ainda de acordo com a autora, o
baixo novel de escolaridade, a falta de engajamento social e a atuação de uma
empresa de larga experiência na implantação de parques eólicos foram fatores que
contribuíram para ausência de rechaço das comunidades próximas ao
empreendimento.
4.3 Complexo Eólico Cristal-Morro do Chapéu – BA
O Parque Eólico Cristal será implantado na zona rural dos municípios de Morro
do Chapéu, Cafarnaum e Bonito. A partir de Salvador, o acesso à região pode ser
efetuado pela BR 324 até Feira de Santana (108 km), pela BA 052 até Morro do
Chapéu (290 km). O acesso ao local é feito através da antiga estrada Morro do
Chapéu-Cafarnaum, percorrendo cerca de 20 km até o bairro da Lagoa (Mapa 3 e
figura 24).
Mapa 3 - Localização do Complexo Eólico Cristal - BA Fonte: Elaborado pelo Autor, 2011.
112
O projeto do Complexo Eólico Cristal foi iniciado, no ano de 2008, pela
empresa Sowitec do Brasil com as primeiras visitas a região, o início da implantação
das torres anemométricas e os primeiros arrendamentos de terra nas propriedades
de interesse para a implantação do empreendimento. No ano de 2010, o projeto foi
vendido para a empresa Enel Green Power que desde então vem realizando os
estudos ambientais necessários para a obtenção das licenças ambientais junto ao
INEMA. Os primeiros estudos foram realizados na forma de um RAS e depois foi
solicitada pelo órgão ambiental a realização de novos estudos na forma de uma EIA.
Figura 23 - Imagem do Complexo Eólico Cristal - BA(Cristal, Primavera e São Judas). Fonte: Google Earth 2010
No estudo, procedeu-se a uma análise das condições ambientais atuais e suas
tendências evolutivas, incluindo uma projeção da qualidade ambiental futura para a
região, mediante a elaboração de um quadro síntese onde consta um fator ambiental
passível ou não de alteração ao longo das fazes de implantação e operação do
empreendimento. Foi também analisada sua condição ambiental atual bem como
uma análise comparativa, com a projeção da qualidade futura do ambiente
contemplando a implantação ou não implantação do empreendimento. No quadro 8
pode-se visualizar os fatores ambientais de acordo com a condição ambiental atual,
com a instalação e com a qualidade futura sem o empreendimento (V&S, 2011).
113
Quadro 8 - Resumo dos fatores ambientais hoje, com e sem a instalação do Complexo Eólico Cristal. Fator ambiental
Condição ambiental atual
Qualidade futura com o empreendimento
Qualidade futura sem o empreendimento
Ruído ambiente Na área de influência direta do empreendimento, as fontes significativas de ruídos associam-se à movimentação de veículos e pessoas nas proximidades.
O ruído relacionado com as atividades de implantação do empreendimento estará associado, principalmente, ao aumento da circulação de veículos ao longo da estrada de acesso. Produção de ruído relacionado com a operação dos aerogeradores.
Não é esperada mudança significativa ao longo do tempo.
Qualidade do ar Qualidade do ar alterada apenas pelo trânsito local de veículos.
Principalmente durante a etapa de implantação do empreendimento, a qualidade do ar será comprometida através da geração de poeira e fuligem pro veículos e máquinas pesadas. Porém, em sua fase de operação, a qualidade do ar não será afetada de forma significativa. Haverá geração local de poeira devido à ação dos ventos nos solos descobertos ao longo das vias de acesso e áreas de montagem e manutenção.
Não são esperadas mudanças significativas na qualidade atual do ar.
Relevo Predomina morfologia natural sem alterações significativas.
O relevo será afetado no que se refere a intervenções do tipo corte/aterro, devido à implantação de estradas – ampliação, relocação e abertura de novas vias, bem como oriundas do processo de extração dos materiais de construção nas áreas de jazidas e de empréstimo de materiais construtivos.
Considerando-se a não implantação do empreendimento, não são esperadas mudanças na condição atual de relevo.
Infraestrutura viária
Infraestrutura precária em estradas não pavimentadas e condições de tráfego prejudicada em função da falta de manutenção das estradas existentes.
Ampliação da rede viária e melhoria significativa nas condições de tráfego nas vias de acesso ao povoado de lagoinha.
Não haverá alteração na condição atual das estradas.
Solos As terras são utilizadas para criação de gado em regime de pastagem extensiva.
Haverá a indisponibilidade de terras para criação de gado em regime de pastagem extensiva.
Não haveria alterações no tipo de suo dos solos desde quando não são áreas adequadas e com aptidão para o desenvolvimento da agropecuária. Forte tendência a permanecer com o tipo de uso atual.
Paisagem Paisagens preservadas com bioma típico de Caatinga, em áreas serranas com vegetação preservada.
Está previsto significativo impacto visual com a instalação das linhas de aerogeradores.
Não haveria alterações desde quando já está consolidado o uso das terras na pecuária, sem possibilidade de alteração.
Recursos hídricos
Rios intermitentes, de baixa vazão, que permanecem secos
Não haverá alteração desde quando não existe interferência física direta do
Não haverá alteração.
114
durante a maior parte do ano, correndo apenas durante alguns meses após as chuvas.
empreendimento com os recursos hídricos.
Fauna Ocorrência de caça de subsistência e caça predatória em declínio.
Afugentamento da fauna em função da melhoria de condições de acesso e movimentação constante de máquinas e veículos.
Permanência da caça predatória e de subsistência com forte tendência à redução crescente do número de indivíduos.
Flora Vegetação preservada devido, sobretudo, ao tipo de uso do solo predominantemente de pecuária extensiva nas áreas de caatinga.
Perda de espécies da flora em função da necessidade de supressão de vegetação para a implantação das estruturas, canteiro de obras e vias de acesso.
Não haverá alteração.
Impactos sobre uso e ocupação do solo da região
Na área diretamente afetada do empreendimento, o uso e a ocupação do solo se dá através de plantações e pecuária basicamente de subsistência.
Houve aquisição e/ou arrendamento das terras. durante o período de negociação.Valorização das terra, em que os proprietários foram beneficiados
Não é esperada mudança significativa ao longo do tempo.
Aumento do tráfego de veículos
Tráfego basicamente de motos, bicicletas e alguns carros tracionados. Estradas vicinais na ADA com infraestrutura precária, sem pavimentação o que resulta em difícil acesso, especialmente em época de chuva.
O tráfego será afetado no que se refere ao período de implantação do empreendimento, no entanto a população da ADA será beneficiada com a melhoria e abertura de novas vias de acesso.
Considerando-se a ausência do empreendimento, não serão esperadas mudanças significativas no acessos existentes.
Mudanças no quadro da saúde com a incidência de novas doenças
Quadro de saúde sem aumento de incidências em curto espaço de tempo.
Com a chegada de prestadores de serviços e trabalhadores durante a fase de implantação do empreendimento, poderá haver interação desses com a comunidade local e caso não haja cuidados, poderão surgir doenças oportunistas.
Não haverá alteração.
Demanda de bens e serviços
Os serviços são prestados para a população local, sem grandes demandas.
Haverá aumento na demanda de bens e serviços com consequente elevação dos preços na região.
Não haverá alterações significativas em curto espaço de tempo.
Geração de empregos diretos e indiretos
A população atual geralmente trabalha no campo ou nas secretarias municipais.
A maior concentração de mão de obra local está prevista durante a implantação do empreendimento, posteriormente serão funcionários especializados devido às características do empreendimento.
Não haverá geração de emprego na região.
Aumento da arrecadação de impostos
Comércio pequeno nos municípios da área de influência do empreendimento.
Haverá aumento da arrecadação de impostos para os municípios, principalmente durante as obras de implantação do empreendimento.
Não haverá geração de renda na região.
Turismo Atrativos turísticos relevantes, tais como o Buraco do Possidônio, Buracão, Gruta do Crista e sítios arqueológicos com pinturas rupestres.
Aumento da visitação dos principais atrativos turísticos, com tendência à degradação caso não sejam implantadas medidas de controle de acesso e proteção.
Não haverá alteração.
115
Sítios de arte rupestre
Na área de influência direta do empreendimento, estes sítios compõem roteiro de ações turísticas. Os mesmo sofrem danos causados pelas condições naturais e antrópicas, estas últimas representadas pelo vandalismo, atividades turísticas desordenadas, pecuária e extração mineral.
Estes sítios, com a implantação do empreendimento, sofrerão intensa visitação, além de que, a abertura de vias às áreas do empreendimento facilitará o acesso a estes sítios. A exploração turística desordenada levará à rápida deteriorização das pinturas, principalmente por conta do vandalismo. A intensificação da economia local, proporcionada pelo empreendimento, caso seja feita sem um ordenamento territorial adequado, pode levar à exploração e à destruição destes sítios (desmatamento, extração mineral, pecuária, agricultura).
Sem o empreendimento, os mesmos processos lesivos ao patrimônio arqueológico ocorrerão, só que de forma mais lenta, caso não sejam tomadas medidas que aliem o desenvolvimento e a preservação.
Sítios cerâmicos
Na área de influência direta e indireta do empreendimento, estes sítios são muito pouco conhecidos, pela falta de estudos e visibilidades dos mesmos. Estes sofrem danos causados pelas atividades agropecuárias (plantações, criação de animais) e obras de infraestrutura.
As intervenções em subsolo e para a abertura de caminhos de serviço necessários ao transporte e instalação das torres eólicas poderão acarretar em perda do patrimônio que porventura esteja presente na área, a intensificação da economia local, com o impulso para as obras de infraestrutura podem contribuir para a predação.
Sem o empreendimento, os mesmos processos lesivos ao patrimônio arqueológico ocorrerão, só que de forma mais lenta, caso não sejam tomadas medidas o desenvolvimento e a preservação.
De uma forma resumida foram destacados os impactos negativos na etapa de
implantação, dentre eles os ruídos, geração de poeira e fuligem por veículos e
máquinas pesadas. O relevo será afetado no que se refere a intervenções do tipo
corte/aterro, devido à implantação de estradas – ampliação, relocação e abertura de
novas vias, bem como oriundas do processo de extração dos materiais de
construção nas áreas de jazidas e de empréstimo de materiais construtivos. Perda
de espécies da flora em função da necessidade de supressão de vegetação.
Foi relacionado, também, um significativo impacto visual com a instalação das
linhas de aerogeradores e a indisponibilidade de terras para criação de gado em
regime de pastagem extensiva. As intervenções em subsolo e para a abertura de
caminhos de serviço necessários ao transporte e instalação das torres eólicas
poderão acarretar em perda do patrimônio arqueológico. Também foi relacionado o
aumento no número de prestadores de serviço na área do complexo eólico, podendo
assim trazer algumas doenças, que antes não existiam.
116
Como impactos positivos apesar das interferências negativas nas áreas de
acesso do complexo eólico, a população da Área Diretamente Afetada - ADA
(povoado de lagoinha) será beneficiada com a melhoria e abertura de novas vias de
acesso. A aquisição e/ou arrendamento das terras durante o período de negociação
trará uma valorização das terras, em que os proprietários foram beneficiados.
Haverá aumento na demanda de bens e serviços com consequente elevação dos
preços na região. A maior concentração de mão de obra local está prevista durante
a implantação do empreendimento. Haverá aumento da arrecadação de impostos
para os municípios, principalmente durante as obras de implantação do
empreendimento.
Em relação aos aspectos turísticos na região, haverá um aumento da visitação
dos principais atrativos turísticos, com tendência à degradação caso não sejam
implantadas medidas de controle de acesso e proteção. Estes sítios, com a
implantação do empreendimento, sofrerão intensa visitação, além de que, a abertura
de vias às áreas do empreendimento facilitará o acesso a estes sítios. A exploração
turística desordenada levará à rápida deteriorização das pinturas, principalmente por
conta do vandalismo.
4.4 Complexo Eólico Desenvix - Brotas de Macaúbas - BA
O Complexo Eólico Desenvix - Brotas de Macaúbas está sendo construído
entre os municípios de Seabra e Brotas de Macaúbas – BA (Mapa 4 e figura 25) e
tem a previsão de início de operação no final de novembro de 2011. Inicialmente, a
licença ambiental, com validade para 14/07/2015, previa uma capacidade instalada
de 300MW, seria dividida em 10 Sub-parques com 200 aerogeradores de 1,5 MW
cada. Porém o projeto, hoje, é de 57 turbinas de 1,5 MW com altura de 80 metros;
quando instaladas as pás, atingirão 120 metros de altura divididos em 2 parque
eólicos: um com 20 aerogeradores e outro com 18 aerogeradores de 1,5MW
fabricados pela empresa Alston. Próximo ao complexo eólico existem 8
comunidades com aproximadamente 3000 pessoas. São elas: Sumidouro, Boa
Vista, Baixio, Perdidos, Papagaio, Mangabeira, Malhada e Cocal.
117
Mapa 4 - Localização do Complexo Eólico Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Elaborado pelo Autor, 2011.
Figura 24- Imagem Complexo Eólico Brotas de Macaúbas - BA
Fonte: Google Earth 2010 Para a realização da análise de impactos do Complexo Eólico de Brotas de
Macaúbas – BA foi utilizado além do diagnóstico ambiental e da consulta a
bibliografia especializada da região com uma metodologia semelhante a descrita na
Resolução CONAMA 001/86 e que foi utilizada na análise de impactos do Parque
118
Eólico Valparaíso - CE. Os impactos foram classificados de acordo com o estudo
ambiental:
Natureza
� Impacto direto quando resulta de uma simples relação de causa efeito.
� Impacto indireto quando é uma reação secundária em relação à ação, ou
quando é parte de uma cadeia de reações.
Efeito
� Impacto benéfico quando uma ação resulta na melhoria da qualidade de um
ou mais fatores ambientais.
� Impacto adverso quando a atividade gera um dano à qualidade de um ou
mais fatores ambientais.
Horizonte Temporal
� Impacto imediato quando o efeito surge no momento em que ocorre a ação.
� Impacto em médio prazo, quando o efeito se manifesta depois de decorrido
um determinado tempo após a ação.
� Impacto em longo prazo, quando o efeito se manifesta depois de um
considerável espaço de tempo após a ação.
Periodicidade
� Impacto temporário quando o efeito só durar determinado período de tempo.
� Impacto permanente quando o efeito durar para sempre.
� Impacto cíclico quando o efeito sempre ocorre em decorrência das atividades
desenvolvidas.
119
Reversibilidade
� Impacto reversível quando o efeito reverte depois de determinado tempo,
fazendo com que o fator ambiental volte às condições próximas às anteriores
de forma natural ou não.
� Impacto irreversível quando ação provoca um dano sobre o fator ambiental
com nenhuma ou muito pouca possibilidade de recuperação.
Área de Abrangência
� Impacto local quando a ação afeta apenas o próprio sítio e suas imediações
(área de influência direta).
� Impacto regional quando um efeito se propaga por uma área além das
imediações do sítio onde se dá a ação (área de influência indireta).
� Impacto estratégico ocorre quando é afetado um componente ambiental de
importância coletiva ou nacional.
Depois de analisados e classificados cada impacto, foram geradas tabelas por
meio (físico, biótico e socioeconômico) de acordo com seu efeito, natureza, extensão
reversibilidade, duração e probabilidade por etapa de projeto (projeto, implantação e
operação). Depois, estas informações foram sintetizadas em apenas 2 quadros
como se pode observar a seguir.
Quadro 9 - Resumo dos impactos ambientais nos meio físico, biótico e socioeconômico.
Impa
cto
Mei
o F
ísic
o
Alterações no microclima local Poluição dos solos e dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos Erosão, assoreamento e instabilidade de taludes Alterações no relevo local
Mei
o B
iótic
o
Perda da área vegetada e da biodiversidade associada Fragmentação e perda de habitats Eliminação de representantes da fauna silvestre por atropelamento Alteração da relação fauna e flora Perda das comunidades vegetais autóctones Acidentes com espécies de morcegos Acidentes com espécies de aves migratórias – Efeito de Barreira
Mei
o S
ocio
econ
ômic
o
Valorização de imóveis no entorno do empreendimento Interferência no cotidiano da população local Geração de empregos diretos e indiretos Imigração em busca do emprego Aumento de risco de acidentes Proliferação de vetores transmissores de doenças Desproporcionalidade na razão homem x mulher da população local Aumento da demanda por infraestrutura urbana e serviços Poluição sonora
120
Poluição atmosférica Incremento no trafego na área Aumento da arrecadação de impostos Aumento de risco de acidentes de trânsito Limitação no uso do solo e nas atividades de produção Efeitos sobre a paisagem
Quadro 10 - Resumo dos impactos ambientais em cada fase do Complexo Eólico de Brotas de Macaúbas - BA
Pro
jeto
Valorização de imóveis no entorno do empreendimento Interferência no cotidiano da população local
Impl
anta
ção
Mobilização do canteiro de obras e estruturas de apoio Poluição dos solos e dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos Erosão, assoreamento e instabilidade de taludes Alterações no relevo local Poluição atmosférica Poluição sonora Perda da área vegetada e da biodiversidade associada Fragmentação e perda de habitats Eliminação de representantes da fauna silvestre por atropelamento Geração de empregos diretos e indiretos Imigração em busca do emprego Aumento de risco de acidentes Proliferação de vetores transmissores de doenças Desproporcionalidade na razão homem x mulher da população local Aumento da demanda por infraestrutura urbana e serviços
Ope
raçã
o
Alterações no microclima local Alteração da relação fauna e flora Perda das comunidades vegetais autóctones Acidentes com espécies de morcegos Acidentes com espécies de aves migratórias – Efeito de Barreira Geração de empregos diretos e indiretos Incremento no trafego na área Aumento da arrecadação de impostos Aumento de risco de acidentes de trânsito Poluição sonora Limitação no uso do solo e nas atividades de produção Efeitos sobre a paisagem
Em visita realizada ao Complexo Eólico entre os dias 15 e 17 de fevereiro de
2011, foram realizadas entrevistas com dois funcionários da empresa. O primeiro,
responsável pela gestão ambiental da obra e o segundo, responsável pela
regularização fundiária. As dificuldades sinalizadas por ambos para se implantar o
complexo eólico, naquela localidade, foram, a regularização fundiária e o baixo nível
de escolaridade das comunidades próximas ao empreendimento, dificultando assim,
segundo eles, a contratação dessas pessoas para trabalharem na fase de
implantação da obra. Também foram relatadas a precariedade dos acessos
(estradas municipais e estaduais) e a dificuldade de acesso as redes de alta tensão.
121
A ANEEL realizou uma consulta pública no ano de 2010 com o objetivo de
elencar as principais barreiras e dificuldades de acesso as redes de alta tensão.
Foram mencionadas principalmente as seguintes questões:
-Aumento da complexidade de operação da rede de distribuição, com muitos
pontos de injeção de potência com fontes intermitentes;
-Alterações nas características elétricas da rede atual (p.ex. alteração dos
níveis de curto-circuito e da distorção harmônica) o que pode suscitar uma
necessidade de investimentos significativos; e
-Alto custo de implantação.
A questão fundiária observada na região não é diferente de outros locais
escolhidos para se implantar parques eólicos no país. Historicamente, no Brasil as
transações imobiliárias são realizadas sem acompanhamento cartográfico, as
“posses” são socialmente respeitadas, os proprietários têm pouca preocupação em
demarcar a terra, além das dificuldades financeiras para legalizar o imóvel.
Atualmente, menos de 10% dos imóveis rurais no país tem uma titulação
correta. Os registros são feitos em cartórios espalhados pelo país e os mesmos não
se comunicam, podendo assim gerar duplicidade de informações. O registro dos
imóveis rurais é chamado de Sistema Nacional de Cadastro Rural e é feito junto ao
Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária – INCRA. Como o ato é
declaratório, ou seja, pode-se apenas “dizer” quanto mede a sua propriedade para o
órgão competente, as informações sobre cada propriedade não são confiáveis.
Desde novembro de 2003, em decorrência da Lei 10.267/01, qualquer
transação imobiliária envolvendo imóvel rural só pode ser registrada no Cartório de
Registro Imobiliário, se estiver acompanhada de uma planta certificada previamente
pelo INCRA, à luz da sua Norma Técnica para Georreferenciamento de Imóveis
Rurais. A certificação de um imóvel rural corresponde à elaboração de uma planta
georreferenciada deste imóvel, acompanhada da declaração de todos os seus
confrontantes, concordando com os limites levantados e com o caminhamento
percorrido pelo agrimensor credenciado, durante os serviços de
georreferenciamento do imóvel rural.
122
Com a regulamentação da Lei, pelo Decreto 4.449 no ano de 2002 foram
definidos os prazos para serem realizados o georreferenciamento, esses prazos
foram estabelecidos pelo tamanho da propriedade.
Em relação à escolaridade das pessoas das comunidades, na área de
influência do projeto, os empreendedores relataram que tiveram dificuldades em
contratar estas pessoas pois a baixa escolaridade foi um fator limitante para cumprir
uma das condicionantes da licença ambiental. Um dos itens elaborados pelo INEMA
é a contratação de 70% da mão de obra local e que 40 % seja mulheres.
Atualmente, o empreendedor está divulgando em parceria com o governo federal,
cursos de alfabetização, através do programa “Brasil Alfabetizado”, porém a procura
está sendo muito baixa apesar da ampla divulgação.
Outro fato relatado pelos técnicos da Desenvix foi a baixa procura da
comunidade pelos empregos oferecidos. Conforme relato do empreendedor, este
fato acontece devido a várias famílias receberem o auxílio do governo federal
através do programa “Bolsa Família” e, portanto, não se preocuparem em precisar
trabalhar.
4.4.1 A opinião da população da área de influência do parque eólico de Brotas de Macaúbas - BA
Em entrevistas realizadas na comunidade de Sumidouro e Boa Vista no dia
15/02/2011, foram relatados os impactos positivos e negativos do complexo eólico
da Desenvix.
Na comunidade de Sumidouro foram realizada duas entrevistas. A primeira
com o ex- presidente da Associação de Moradores de Sumidouro. Atualmente, ele
tem um restaurante e cuida da sua “roça”. Para ele, no início, quando a empresa
Desenvix chegou ao local pela primeira vez, no início de 2008, através de seus
técnicos de agrimensura, a relação com a empresa se deu sem problemas e foi visto
com muito otimismo. Foram realizadas duas reuniões com as comunidades, nas
quais foram explicadas a natureza do empreendimento que se instalaria ali e seus
benefícios. A aceitação foi plena e a empresa começou a regularizar as terras onde
se instalaria.
123
Figura 25 - Comunidade de Sumidouro
Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.
A Desenvix também cuidou de trazer energia para a comunidade de
Sumidouro, melhorando assim a qualidade de vida de seus moradores. Foram
oferecidos empregos temporários para o inicio da construção da obra, além do
fornecimento de alimentação pela comunidade para os funcionários da obra. Com o
passar do tempo os empregos temporários foram deixando de ser oferecidos e as
“quentinhas” também deixaram de ser vendidas. Hoje, o ele tem um restaurante que
serve almoço para alguns funcionários da obra, pois algumas empresas
participantes do consórcio da obra instalaram seus próprios restaurantes.
124
Figura 26 Aerogeradores ainda em instalação no Complexo Eólico de Brotas de Macaúbas – BA
Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.
O nosso primeiro entrevistado, hoje, reclama da falta de oportunidade de
trabalho para a comunidade, principalmente para as mulheres, que antes
cozinhavam para os funcionários da obra. Em relação aos aspectos positivos ele vê
a regularização das terras da associação dos moradores de Sumidouro pelo
empreendedor e tem a falsa impressão que o funcionamento do Parque Eólico trará
energia diretamente para a comunidade de Sumidouro, como se fosse instalado este
empreendimento fosse instalado para atender Sumidouro e as comunidades
adjacentes.
Foi entrevistado também o atual presidente da associação de moradores de
Sumidouro. O mesmo não vê nenhum aspecto negativo no empreendimento.
Ressalta como positivo a geração de empregos, inclusive o dele próprio, pois o
mesmo está trabalhando na construção de um viveiro de mudas de espécies nativas
para posterior recuperação de áreas degradadas e/ou de vegetação suprimida para
a construção do complexo eólico.
Na comunidade de Boa Vista, foi entrevistado o presidente da associação de
moradores locais. No momento da entrevista estava presente uma empresa de
consultoria que realiza um trabalho de comunicação entre as comunidades da área
de influência e o empreendedor.
H=80m
125
Figura 27 - Vista da estrada entre a comunidade de Sumidouro e a comunidade Boa Vista
Fonte: Fabiano Staut 15/02/2011.
O mesmo relatou sua indignação com a empresa Desenvix devido ao fato da
empresa, segundo ele, ter negociado o arrendamento das terras com uma advogada
da cidade de Seabra. Ainda, conforme relato, as terras arrendadas pertencem a
associação de moradores de Boa Vista e não a esta advogada. Ele relatou que
estava deixando a diretoria da associação com o objetivo de se eximir de qualquer
culpa pelo não arrendamento das terras à associação de moradores. Naquele
momento, a empresa de consultoria em comunicação relatou que iria levar ao
conhecimento do empreendedor o fato citado por ele, com o intuito de buscar uma
resolução rápida e satisfatória para ambas as partes.
4.5 Síntese dos impactos ambientais: singularidades na Bahia
Os impactos ambientais negativos e positivos na etapa de implantação,
considerando as análises comparativas entre os quatro parques eólicos estudados,
assemelham-se em vários aspectos sobre os meios físico, biótico e socioeconômico.
I. Impactos negativos:
126
a) Meio físico: possibilidade de contaminação dos solos, recursos hídricos
superficiais e subterrâneos; emissões atmosféricas de gases como CO2, poluição
sonora na construção do canteiro de obras e abertura de novas vias de acesso;
alterações no relevo local podendo provocar erosão, assoreamento e instabilidade
de taludes,
b) Meio biótico: Perda da área vegetada e da biodiversidade associada,
fragmentação e perda de habitats naturais;
c) Meio socioeconômico: aumento do risco de acidentes e doenças sexualmente
transmissíveis;
II. Impactos positivos: Geração de empregos diretos e indiretos
a) Meio físico: apesar das interferências negativas nas vias de acesso, as
mesmas vão ser melhoradas para o tráfego de veículos pesados e
consequentemente as comunidades vão ser beneficiadas para se deslocarem de um
local para outro;
b) Meio biótico: Não foram elencados impactos positivos para o meio biótico;
c) Meio socioeconômico: geração de emprego e renda, valorização das terras,
aumento na demanda de bens e serviços, aumento da arrecadação de impostos
para os municípios e aumento do potencial turístico da região;
Nos empreendimentos analisados no estado da Bahia as principais diferenças
encontradas em relação aos parques eólicos no estado do Ceará e Rio Grande do
Norte foram a dificuldade para a regularização das terras, a interferência em áreas
protegidas (APPs e Unidades de Conservação), a deficiência na qualidade da mão
de obra devido a baixa escolaridade das comunidades e a falta de estrutura
rodoviária e elétrica.
5. O PROCESSO DE LICENCIAMENTO: A OPINIÃO DOS ESPEC IALISTAS DA BAHIA
Como parte da metodologia para desenvolvimento desta dissertação foi
elaborado um questionário (ANEXO) e enviado a alguns especialistas solicitando
opiniões sobre o tema da energia eólica no estado da Bahia. Estes questionários
foram enviados a 4 grupos de pessoas (consultores, empreendedores, técnicos do
127
órgão ambiental e governo). Foram enviados 35 questionários e foram devolvidos
apenas 12 questionários, o que corresponde a 34,28 % do total, sendo 9 de
consultores, 1 empreendedor, 1 funcionário do INEMA e 1 funcionário do governo da
Bahia.
5.1 Empreendedores
O único empreendedor a responder o questionário elencou os principais
impactos positivos e negativos de um empreendimento eólico, da seguinte forma:
a) Impactos positivos: a melhoria das vias de acesso das comunidades e
consequentemente ao parque eólico, a geração de empregos e infraestrutura no
campo, a geração de energia e limpa em complementação ao recurso hídrico.
b) Impactos negativos: o impacto visual, assim como o transporte de materiais
durante a implantação do empreendimento.
As principais dificuldades relatadas pelo empreendedor para a inserção da
fonte de energia eólica na matriz energética baiana são: a morosidade e a falta de
técnicos capacitados para tratar do licenciamento ambiental no INEMA; a
regularização das terras e a falta de estrutura rodoviária e elétrica no estado.
5.2 Consultores
Na opinião dos consultores foram elencados como principais impactos positivos
e negativos de um empreendimento eólico da seguinte forma:
a) Impactos positivos: melhoria nas vias de acesso, arrecadação de
impostos arrendamento de terras para os proprietários, geração de empregos,
valorização das terras, capacitação de mão de obra local, novos fornecedores de
bens e serviços, melhoria da qualidade e quantidade de energia disponibilizada,
redução do risco da falta de energia, desenvolvimento tecnológico regional,
desenvolvimento turístico regional, capacitação de técnicos, diminuição da pressão
sob os recursos hídricos e a geração de energia limpa.
b) Impactos negativos: sobrecarga do sistema viário decorrente do
transporte de equipamentos de grande porte, pressão sobre a infraestrutura e
serviços públicos decorrente da migração de população, interferências em áreas
128
protegidas com impacto sobre a biodiversidade, patrimônio espeleológico e
arqueológico, interferências do projeto em ferrovias, linhas de transmissão de
energia, gasodutos, áreas agrícolas e minerais, risco de desestabilização do terreno,
emissão de ruídos, alteração na geomorfologia local, aumento no trânsito de
veículos, possíveis impactos nas aves e morcegos, alteração na paisagem natural
(impacto visual), emissão de ruídos dos aerogeradores, interferência
eletromagnética nos sistemas de comunicação e transmissão de dados (rádio,
televisão etc.) desmatamento e o afugentamento da fauna.
5.3 Governo
Em relação à opinião de funcionários do governo da Bahia, apenas um
funcionário da Secretaria de Indústria Comércio e Mineração – SICM, respondeu ao
questionário. A função de alguns funcionários na SICM é a de captar investidores
para o estado na área de energia eólica, articular e promover a interação entre os
diversos órgãos do governo, entidades e empresas.
a) Impactos positivos: provisão e modernização de infraestrutura para os
municípios, geração de emprego e renda, nos locais, durante as etapas de
construção e operação, dinamização da economia regional, além da provisão de
treinamentos e capacitação das comunidades para questões ambientais e para
trabalharem nos projetos relacionados à indústria eólica. Já na fase de operação,
como impactos positivos, o funcionário destacou a possibilidade dos parques eólicos
se transformarem em atrativos turísticos. Também foram destacadas as melhorias
no sistema elétrico da região e as melhorias de infraestrutura que permanecem
posteriormente à construção.
b) Impactos negativos: na fase de implantação há possibilidade de geração de
externalidades sociais durante a construção, tais como prostituição, o deslocamento
de grandes volumes de terra para a construção dos acessos e a interrupção do
trânsito nos municípios para circulação dos equipamentos. Na fase de operação foi
citado o impacto visual nas comunidades próximas aos empreendimentos.
As maiores dificuldades citadas na inserção desta fonte de energia na matriz
energética baiana são: problemas de regularidade fundiária, necessidade de
implantação de novas linhas de transmissão de grande capacidade para atender
esta nova demanda, a inadequação da estrutura portuária do estado, falta de corpo
129
técnico nos órgãos do governo que estão relacionados às atividades e as restrições
nas estradas nos trajetos entre porto e parque eólico.
Por fim, sua consideração final é de que existe todo um apelo social para a
implantação dos projetos de energia eólica na Bahia podendo se tornar o principal
vetor de desenvolvimento na região do semiárido do estado. No final destaca que
tanto a eólica, quanto a solar e a biomassa possuem perfeitas condições de
desenvolvimento no estado.
5.4 Analistas do Órgão ambiental
De acordo com um funcionário do INEMA que trabalha diretamente com o
licenciamento de parques eólicos no estado da Bahia:
a) Impactos positivos: geração de emprego e renda para as comunidades na
fase de implantação, assim como o melhor conhecimento da realidade ambiental
das áreas de influência, principalmente a direta a partir de estudos ambientais
realizados no licenciamento. Na fase de operação foi considerado como positivo a
geração de emprego e renda, principalmente com pagamentos anuais de
arrendamento, a geração de energia limpa e a execução de programas de educação
ambiental com as comunidades locais.
b) Impactos negativos: os locais para a implantação de parques eólicos no
estado que apresentam ventos favoráveis, por determinação climática natural, são
geralmente áreas de topo de morros, com topografia íngreme, acidentadas e
localizadas em regiões com bom estado de conservação da vegetação local,
portanto, os principais impactos decorrem na implantação dos acessos, construção
da base de aerogeradores, canteiro de obras e linhas de transmissão de energia
associadas, que implica em significativa atividade de corte-aterro, com ocorrência de
supressão de vegetação e afugentamento da fauna associada.
Devido a estas intervenções construtivas ocorrerá a fragmentação de manchas
de vegetação, interferências em habitats da fauna nativa, risco de processos
erosivos e de assoreamento, afetação de áreas de recarga de aquíferos, como
nascentes. O aumento de tráfego de caminhões pesados com emissão de
particulados e ruídos afetarão as comunidades que estejam no entorno da área de
130
intervenção. Ocorrerá, também, a migração de mão de obra para as cidades e
distritos locais, de forma intensiva e sem nenhum planejamento, implicando nos
tradicionais impactos associados: sobrecarga da infraestrutura de educação e saúde
local, já habitualmente precária; aumento nos índices de violência, doenças
sexualmente transmissíveis – DSTs e alterações na ocupação urbana.
Na fase de operação foram destacados os impactos negativos descritos em
literatura e baseados na experiência do licenciamento em outros estados como os
potenciais impactos sobre a atividade migratória de aves e de afetação de
morcegos, principalmente por colisões.
Entre as principais dificuldades consideradas para a inserção da energia eólica
na matriz energética da Bahia forma destacados: a burocracia dos órgãos
reguladores, incluindo os ambientais; falta de planejamento e articulação entre os
diversos órgãos de governo; deficiência dos estudos ambientais e dos projetos; falta
de normatização específica para a atividade.
Também foi relatado que há uma necessidade de sincronização dos leilões
promovidos pela ANEEL e cronograma do licenciamento ambiental; falta de
infraestrutura, incluindo a logística de transporte de equipamentos; necessidade de
estudos mais precisos e detalhados das locais de vento, com seu devido
mapeamento. Como facilidades, foram destacados os incentivos do governo e o
apoio de organizações não governamentais vinculadas à área ambiental.
Ainda no seu entendimento, o funcionário considera uma fonte de energia
limpa e sustentável, de baixo impacto ambiental, principalmente na fase de
operação. Considera que falta um planejamento efetivo da matriz energética do
estado, no qual se posicione e defina o papel e participação da energia eólica,
juntamente com outras fontes de energia. No aspecto ambiental, ele cita que são
fundamentais a necessidade de construção de instrumentos como o Zoneamento
Ecológico-Econômico (ZEE) e da Avaliação Ambiental Estratégica (AAE) para
contribuir para a inserção desta fonte de energia na matriz energética do estado.
131
5.5 Síntese: a percepção dos especialistas
Comparando as respostas dos questionários respondidos pelos especialistas,
pode-se observar que alguns impactos negativos são inerentes a empreendimentos
desta natureza e que as principais dificuldades citadas para a inserção desta fonte
de energia na matriz energética da Bahia são as mesmas. São elas:
a) Haverá impactos negativos principalmente na fase de implantação dos
parques eólicos principalmente sobre os meios físico e biótico;
b) Os impactos no meio físico estão associados à construção dos acessos e ao
parque eólico sendo os principais: a emissão de CO2, o aumento no nível de ruído e
a construção de acessos dentro e fora dos parques eólicos;
c) Os impactos no meio biótico estão diretamente relacionados com os impactos
descritos no meio físico, sendo uma consequência natural dos mesmos - diminuição
da biodiversidade (supressão de vegetação e possível aumento na mortandade de
espécies da fauna devido à perda de habitats);
d) Pressão dos empreendedores na obtenção da licença de localização (LL), no
tempo hábil, para que os empreendimentos sejam habilitados e cadastrados a
participar dos leilões de energia promovidos pela Empresa de Pesquisa Energética -
EPE;
e) Não há tempo suficiente para que os estudos sejam realizados com a
qualidade necessária para uma análise ambiental dos técnicos do INEMA de uma
forma mais apurada e próxima da realidade de cada empreendimento;
f) Praticamente todos os projetos têm dificuldades quanto à regularização
fundiária, sendo este um requisito obrigatório para formalização do requerimento da
licença de localização junto ao INEMA;
g) A falta de estrutura e do funcionamento precário do INEMA causam atrasos e
afetam a qualidade da análise técnica dos parques eólicos;
h) A falta de planejamento e de comunicação entre as secretarias de estado
INEMA, SICM, CDA e o INCRA, dificultando ainda mais o licenciamento dos
empreendimentos;
132
Apesar destas dificuldades os parques eólicos quando implantados trazem, de
acordo com os especialistas, diversos benefícios como:
a) Apresenta vantagens socioambientais em relação a outros tipos de
empreendimentos de geração de energia como hidrelétricas, termelétricas e usinas
nucleares;
b) Complementaridade com o sistema hidrelétrico dominante no país, permitindo
que os reservatórios fiquem cheios por mais tempo e proporcionando uma reserva
de energia em situações emergenciais;
c) A melhoria das vias de acesso das comunidades e consequentemente ao
parque eólico trazem inúmeros benefícios as comunidades próximas aos
empreendimentos;
d) Geram empregos e renda para comunidades e proprietários das terras
arrendadas ou compradas
e) Melhoram de uma forma geral a infraestrutura nas áreas rurais;
f) Aumento na arrecadação de impostos municipais e estaduais;
g) Podem proporcionar o desenvolvimento do setor turístico nas áreas próximas
aos empreendimentos;
133
6. DISCUSSÃO
A obtenção de energia sempre gera algum tipo de impacto, dentre eles o
ambiental, seja em grande ou pequena proporção. Para uma melhor mensuração
destes impactos (positivos e negativos), foram comparados os estudos ambientais
com as opiniões de consultores, empreendedores, técnicos do órgão ambiental,
governo e a população diretamente afetada pelos empreendimentos, além dos
impactos descritos em literatura, particularmente no caso da energia eólica.
Comparando-se os impactos ambientais descritos em literatura com os
impactos percebidos pelas populações próximas aos parques eólicos estudados no
nordeste brasileiro e em particular, a Bahia, pode-se concluir que há muitas
diferenças, apesar de alguns impactos serem inerentes a estas obras,
independentemente do estado que se encontra o empreendimento.
Sob o ponto de vista da sustentabilidade (aspectos ambientais, sociais e
econômicos) pode-se demonstrar como impactos positivos de uma forma geral em
todos os empreendimentos considerando as análises comparativas, a opinião dos
especialistas e o conhecimento teórico:
a) A inserção e o desenvolvimento de um tipo de energia considerada de baixo
impacto ambiental, não poluente na sua operação, na matriz eólica nordestina,
diminuindo assim a dependência da utilização da energia hidrelétrica, através de sua
complementaridade, aumentando assim a segurança e a garantia de fornecimento
de eletricidade no país;
b) Como legado de um empreendimento eólico a melhoria dos acessos
existentes na região foi considerada como principal benefício às comunidades
próximas, pois as mesmas estão desassistidas em relação à infraestrutura viária na
maioria dos parques eólicos estudados. Este não é um problema específico de
comunidades próximas a empreendimentos eólicos, mas sim da localização das
mesmas em áreas rurais. Os produtores rurais têm dificuldade em poder escoar sua
produção, assim como se deslocarem entre as comunidades e a zona urbana;
c) Em alguns casos os empreendedores conseguem trazer eletricidade até as
comunidades que ainda não têm, porém, esta energia não é produzida por eles e
sim apenas a disponibilizada através da ligação da rede elétrica nestes locais. Este
134
fato também demonstra a ausência do estado no atendimento desta demanda para
as comunidades rurais;
d) Geração de emprego e renda diretamente para comunidades e proprietários
das terras arrendadas ou compradas e indiretamente em toda a cadeia produtiva,
desde a fabricação dos componentes (aerogeradores), a contratação de técnicos
para a realização de estudos ambientais até a contratação dos técnicos que vão
operar os parques eólicos;
e) Pode acarretar um aumento na arrecadação de impostos estaduais e federais
(ICMS, PIS, COFINS, IRPJ e INSS) principalmente na fase de implantação do
empreendimento, fase esta que exige uma maior contratação de mão de obra. Estes
impostos também são recolhidos referentes à fabricação e aquisição de materiais
produzidos (aerogeradores e outros materiais) para a construção como para serem
utilizados na operação dos parques eólicos;
f) Podem proporcionar a criação e o desenvolvimento de um setor da economia
que até então não era explorado. O setor turístico nas áreas próximas aos
empreendimentos, proporcionando assim uma fonte de renda e um maior
conhecimento de como funciona a geração de energia pelo setor elétrico através de
um parque eólico;
De uma forma geral, em relação aos parques eólicos estudados até então no
nordeste brasileiro, foi possível constatar que os mesmos trazem muito benefícios
principalmente socioeconômicos para os proprietários das terras arrendadas. As
comunidades também estão sendo beneficiadas, mas apenas na fase de
implantação destes empreendimentos, pois na fase de operação a mão de obra
exigida é muito especializada. Alguns programas desenvolvidos pelos
empreendedores juntamente com o poder público em benefício das comunidades
nas áreas de influência direta também são considerados positivos, porém, com
algumas limitações a depender da realidade de cada local.
Em relação aos impactos negativos pode-se concluir que:
a) Haverá inevitáveis impactos principalmente na fase de implantação dos
parques eólicos principalmente associados a construção dos acessos e do parque
eólico em si. Estes impactos estão principalmente relacionados à emissão de CO2 e
aumento no nível de ruído por veículos pesados e na supressão de vegetação e
135
possível aumento na mortandade de espécies da fauna devido à perda de habitats,
diminuindo assim a biodiversidade local;
Com relação ao processo de licenciamento ambiental, seja a partir de um RAS
ou EIA, pode-se concluir que estes estudos são realizados e apresentados às
comunidades apenas como uma forma de satisfação e, portanto, não são
sustentáveis, pois existem fatores sociais e de gestão, no Brasil, a serem
considerados e estudados com maior profundidade. A saber:
a) A questão fundiária. Disputas de terras entre os “posseiros” e aqueles que se
dizem donos das terras que apresentam documentos de escrituras datadas dos
séculos XIX e XX são comuns nestes locais. Este fato é mais comum no estado da
Bahia, pois as documentações são antigas baseadas em atos declaratórios.
Também pela situação de que, antes da chegada de um empreendimento eólico
em determinado local com potencial para a construção de um parque eólico, as
terras não tinham valor algum, pois geralmente são as chamadas terras de “fundo de
pasto”. Elas estão localizadas em áreas no topo de morros e nos locais mais altos
das Chapadas, onde a vegetação nativa está bem conservada e que não é utilizada
pelos donos de terra. Com a chegada destes empreendimentos, a especulação
imobiliária e a compra e venda de imóveis é uma realidade a ser considerada nos
estudos e que não é contemplada.
b) A falta de estrutura (recursos humanos e técnicos) e funcionamento precário
do INEMA causam atrasos e afetam a qualidade da análise técnica dos parques
eólicos. Os funcionários do INEMA são contratados através de um sistema
denominado de REDA (Regime Especial de Direito Administrativo) pelo período de
dois anos, com possibilidade de renovação por igual período. Desta forma, não há
tempo para a capacitação dos técnicos e também não há por parte dos técnicos um
compromisso por maior tempo, pois os mesmo não tem um plano de carreira
definido por este sistema de contratação;
c) Não há tempo suficiente para que os estudos sejam realizados com a
qualidade necessária bem como a análise ambiental dos técnicos do INEMA de uma
forma mais apurada e em tempo hábil devido à incompatibilidade cronológica entre
as análises dos processos com a habilitação técnica nos leilões de energia
promovidos pela Empresa de Pesquisa Energética – EPE. Desde o ano de 2009, a
136
EPE tem promovido um leilão a cada 6 meses, tempo este muito curto para a
realização dos estudos ambientais, a análise técnica dos mesmos e a emissão da
licença de localização (LL). Há de se considerar, também, uma pressão dos
empreendedores para obterem a LL mais rapidamente.
Em uma tentativa de acelerar as análises técnicas, foi criada recentemente, no
mês de outubro, pela Secretaria de Indústria, Comércio e Mineração - SICM, uma
Comissão Técnica de Garantia Ambiental - CTGA formada por ex-técnicos do
INEMA e assessorados por um grupo de consultores externos para analisarem os
processos com mais rapidez e enviá-los ao INEMA para serem aprovados e as
licenças serem emitidas a tempo de participarem dos leilões de energia;
d) Há uma falta de planejamento e de comunicação entre as secretarias de
estado INEMA, SICM, CDA e o INCRA, dificultando ainda mais o processo de
licenciamento dos empreendimentos eólicos. Se estas secretarias fizessem um
trabalho em conjunto com o objetivo de desenvolver um projeto ou uma política
pública integrada com o objetivo de implementar e fortalecer a energia eólica no
estado da Bahia, as dificuldades encontradas hoje seriam bem menores. Um
trabalho em conjunto para a regularização de terras, por exemplo, seria de grande
valia e evitaria novos conflitos sociais pelo uso da terra pelas comunidades e futuros
empreendedores do ramo de energia eólica.
CONCLUSÕES
Para que a inserção desta fonte de energia eólica na matriz energética no
nordeste e, em especial, no estado da Bahia, respeitando-se os aspectos
ambientais, sociais e econômicos recomenda-se que apesar dos condicionantes
relacionados às etapas de licenciamento ambiental (Licença de localização, licença
de instalação e licença de operação) tanto na forma de RAS ou EIA/RIMA, sejam
cumpridas, independentemente de não representarem em sua totalidade a realidade
das comunidades próximas aos empreendimentos eólicos a serem implantados.
Alguns condicionantes devem ser executados na forma de um plano ou programa
para minimizar ou compensar os impactos ocasionados pelos empreendimentos
eólicos. Eles estão previstos na Resolução Nº 4.180 de 29 de abril de 2011 NT
137
(01/2011), que dispõe sobre o Processo de Licenciamento Ambiental de
Empreendimentos de Geração de Energia Elétrica a partir de fonte eólica no Estado
da Bahia. Os principais planos ou programas e que devem ser executados em todos
os empreendimentos eólicos no estado são: o Plano de Aquisição e/ou
Arrendamento das Terras, os Programas de Educação Ambiental e Comunicação
Social, os Programas de Compensação Socioambiental, os Programas de
Monitoramento da fauna (aves e morcegos), de Supressão de vegetação com
afugentamento de fauna e resgate de flora e o respectivo Plano de Recuperação de
Áreas Degradadas (PRAD) e em alguns casos específicos quando houver
necessidade, o Programa de Prospecção e Salvamento do Patrimônio Arqueológico.
Quando não houver uma recomendação específica, deve-se seguir “Princípio da
Precaução” independente da fase em que se encontra o empreendimento (LL, LI ou
LO). De uma forma resumida este princípio é regido da seguinte forma:
"Quando uma atividade representa ameaças de danos ao meio-ambiente ou à
saúde humana, medidas de precaução devem ser tomadas, mesmo se algumas
relações de causa e efeito não forem plenamente estabelecidas cientificamente."
Em relação à deficiência de recursos humanos e tecnológicos no órgão
ambiental, faz-se necessário a contratação de novos técnicos através de concursos
promovidos pelo governo do estado, porém, com um plano de carreira definido, para
que os mesmos possam se sentir motivados e comprometidos com seu futuro
trabalho.
A questão fundiária também pode ser ao menos amenizada através de esforços
coletivos entre o INEMA, CDA e INCRA. As áreas de interesse para a construção de
parques eólicos devem ser sinalizadas para que possam ser feitos os devidos
levantamentos dos legítimos donos das terras para que futuros conflitos fundiários
sejam evitados.
Como o atual modelo de licenciamento de empreendimentos eólicos através da
Resolução nº 4.180, de 29 de abril de 2011, NT (01/2011) pelo – RAS ou como um
Estudo de impacto ambiental e respectivo Relatório de Impacto do Meio Ambiente -
EIA/RIMA não está satisfazendo, integralmente, as necessidades das comunidades
nas áreas de influência dos parques eólicos, no estado da Bahia, recomenda-se um
138
planejamento integrado para que este processo de licenciamento seja realmente
participativo.
Uma das metodologias para que os licenciamentos ambientais possam ser
realmente participativos é a Avaliação Ambiental estratégica (AAE) e segundo
Sánches (2008) é o nome que se dá a todas as formas de avaliação de impacto de
ações mais amplas que projetos individuais. Tipicamente, a AAE refere-se à
avaliação das consequências ambientais de políticas, planos e programas (PPPs),
em geral no âmbito de iniciativas governamentais, embora possa também ser
aplicada em organizações privadas, como no caso dos parques eólicos que estão
sendo implantados nos estados nordestinos.
Ainda segundo o autor um dos principais papéis da avaliação de impacto
ambiental de projetos é o de formular alternativas de projeto que evitem ou reduzam
os impactos adversos ou que possibilitem maiores ganhos ambientais. Não se trata,
portanto, de um “teste” para aprovação ou legitimação de PPPs, nem da mera
verificação de consequências após sua formulação (SÁNCHES, 2008). Através da
aplicação de AAE no planejamento, é possível perceber as consequências espaciais
das mudanças propostas no espaço, considerando as necessidades de cada local.
Por fim, a aplicação da metodologia de AAE pode contribuir para o processo de
tomada de decisão no planejamento das instalações de energia eólica com o
objetivo de, auxiliar na escolha dos melhores locais para a instalação de parques
eólicos levando em consideração os aspectos da sustentabilidade (aspectos
ambientais, sociais e econômicos), pois durante uma AAE, a escolha de alternativas
tecnológicas e da decisão sobre a localização dos projetos pode ser realmente
debatida entre os vários setores da sociedade evitando assim os vários impactos
negativos decorrentes no atual modelo de licenciamento de parques eólicos no país.
139
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145
ANEXOS
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ANEXO 1 - QUESTIONÁRIO-PROJETO DE MESTRADO
O PROCESSO DE IMPLANTAÇÃO E OPERAÇÃO DE PARQUES EÓLICOS NO BRASIL
1. Qual o seu papel no processo de implantação e operação de parques eólicos no estado da Bahia?
( ) Empreendedor ( ) Consultor ambiental ( ) Governo (secretarias estaduais) ( ) Funcionário do órgão ambiental ( ) População diretamente afetada pelo empreendimento ( ) Outro
2. Descreva suas atividades relacionadas à implantação e operação
de parques eólicos no estado da Bahia:
3. Cite os principais impactos ambientais que você considera em um parque eólico nas fases de implantação (construção) e operação (geração de energia).
a) IMPLANTAÇÃO POSITIVOS NEGATIVOS b) OPERAÇÃO POSITIVOS NEGATIVOS
4. Quais as principais dificuldades e facilidades que você considera
para a inserção desta fonte de energia (eólica) na matriz energética da Bahia?
5. Em sua opinião, a energia eólica é o tipo de energia mais viável (economicamente, social e ambiental) para o estado da Bahia? Justifique.
147
ANEXO 2 – Legislação ambiental
A seguir são apresentadas as leis, decretos, portarias e normas ambientais
federais e estaduais (Rio Grande do Norte, Ceará e Bahia) relevantes para o
licenciamento ambiental da atividade de geração de energia eólica.
� Legislação Federal
• Lei n° 3.924, de 26 de julho de 1961, dispõe sobre os monumentos
arqueológicos e pré-históricos.
• Lei nº 4.771, de 15 de setembro de 1965, que institui o Código Florestal;
• Lei n° 5.197, de 03 de janeiro de 1967, dispõe sob re proteção à fauna
silvestre e dá outras providências.
• Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do
Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá
outras providências.
• Resolução CONAMA nº 01, de 23 de janeiro de 1986, dispõe sobre o
licenciamento ambiental sobre o estudo prévio de impacto ambiental;
• Constituição Federal de 1988, Capítulo VI - DO MEIO AMBIENTE;
• Lei nº 7.661/1988. Institui o Plano Nacional de Gerenciamento Costeiro e dá
outras providências. Data da legislação: 16/05/1988 - Publicação DOU, de
18/05/1988.
• Portaria IPHAN nº 07, de 01 de dezembro de 1988, estabelece procedimentos
necessários à comunicação prévia, às permissões e às autorizações para
pesquisas e escavações arqueológicas em sítios arqueológicos previstos na
Lei Federal nº 3.924/1961;
• Decreto Nº 99274/1990. Regulamenta a Lei nº 6.902, de 27 de abril de 1981,
e a Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que dispõem, respectivamente
148
sobre a criação de Estações Ecológicas e Áreas de Proteção Ambiental e
sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, e dá outras providências.
• Resolução CONAMA nº 002, de 1 de abril de 1996, dispõe sobre a reparação
dano ambiental pela interferência dos empreendimentos nas Unidades de
Conservação;
• Resolução CONAMA nº 237 de 19 de dezembro de 1997, dispõe sobre
licenciamento ambiental; competência da União, Estados e Municípios;
listagem de atividades sujeitas ao licenciamento; Estudos Ambientais, Estudo
de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental.
• Lei nº 9.605, de 12 de fevereiro de 1998. Dispõe sobre as sanções penais e
administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente,
e dá outras providências.
• Decreto Nº 3.179, de 21 de Setembro de 1999 (DOU - 22.09.99), O
PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art.
84, inciso IV, da Constituição, e tendo em vista o disposto no Capítulo VI da
Lei no 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, nos §§ 2o e 3o do art. 16, nos
arts.19 e 27 e nos §§ 1o e 2o do art. 44 da Lei no 4.771, de 15 de setembro
de 1965, nos arts. 2o, 3o, 14 e 17 da Lei no 5.197, de 3 de janeiro de 1967,
no inciso IV do art. 14 e no inciso II do art. 17 da Lei no 6.938, de 31 de
agosto de 1981, no art. 1o da Lei no 7.643, de 18 de dezembro de 1987, no
art. 1o da Lei no 7.679, de 23 de novembro de 1988, no § 2o do art. 3o e no
art. 8o da Lei no 7.802, de 11 de julho de 1989, nos arts. 4o, 5o, 6o e 13 da
Lei no 8.723, de 28 de outubro de 1993, e nos arts. 11, 34 e 46 do Decreto-
Lei no 221, de 28 de fevereiro de 1967.
• Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, institui o Sistema Nacional de Unidades
de Conservação da Natureza – SNUC;
• Decreto nº 3.834, de 05 de junho de 2001, regulamenta o Art. 55 da Lei nº
9.985 que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da
Natureza – SNUC;
149
• Resolução CONAMA nº 279, 27 de junho de 2001, estabelece o procedimento
simplificado para o licenciamento ambiental dos empreendimentos com
impacto ambiental de pequeno porte, necessários ao incremento da oferta de
energia elétrica no País. . Data da legislação: 27/06/2001 - Publicação DOU
nº 125, de 29/06/2001.
• Resolução CONAMA nº 303, de 20 de março de 2002, dispõe sobre
parâmetros, definições e limites da Área de Preservação Permanente – APP. .
Data da legislação: 20/03/2002 - Publicação DOU nº 090, de 13/05/2002.
• DECRETO Nº 4.281, DE 25 DE JUNHO DE 2002, regulamenta a Lei nº 9.795,
de 27 de abril de 1999, que institui a Política Nacional de Educação
Ambiental, e dá outras providências.
• DECRETO FEDERAL N. 4.340, DE 22 DE AGOSTO DE 2002, regulamenta
artigos da Lei nº 9.985, de 18 de julho de 2000, que dispõe sobre o Sistema
Nacional de Unidades de Conservação da Natureza - SNUC, e dá outras
providências.
• Portaria IPHAN nº 230, de 17 de dezembro de 2002, dispõe sobre dispositivos
para compatibilização e obtenção de licenças ambientais em áreas de
preservação arqueológica;
• Lei Nº. 10.650, de 16 de abril de 2003 - Dispõe sobre o acesso público aos
dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do
Sisnama. Data da legislação: 16/04/2003 - Publicação DOU, de 17/04/2003.
• Instrução Normativa MMA n° 3, de 27 de maio de 200 3, apresenta a Lista das
Espécies da Fauna Brasileira Ameaçadas de Extinção;
• PROJETO DE LEI No 630, DE 2003. Projeto em tramitação e conhecido como
‘Lei das Renováveis’
• Resolução CONAMA nº 347, de 10 de setembro de 2004, dispõe sobre a
proteção do patrimônio espeleológico. Data da legislação: 10/09/2004 -
Publicação DOU nº 176, de 13/09/2004.
150
• Resolução CONAMA nº 369, de 28 de março de 2006, dispõe sobre os casos
excepcionais, de utilidade pública, interesse social ou baixo impacto
ambiental que possibilitam a intervenção ou supressão de vegetação em Área
de Preservação Permanente – APP. Data da legislação: 28/03/2006 -
Publicação DOU nº 061, de 29/03/2006.
• Resolução CONAMA nº 378/2006. Define os empreendimentos
potencialmente causadores de impacto ambiental nacional ou regional para
fins do disposto no inciso III, § 1o, art. 19 da Lei no 4.771, de 15 de setembro
de 1965, e dá outras providências. Data da legislação: 19/10/2006 -
Publicação DOU nº 202, de 20/10/2006.
• Decreto nº 5975/2006. Regulamenta os arts 12, parte final, 15, 16, 19, 20 e 21
da Lei no 4.771, de 15 de setembro de 1965, o art. 4o, inciso III, da Lei no
6.938, de 31 de agosto de 1981, o art. 2o da Lei no 10.650, de 16 de abril de
2003, altera e acrescenta dispositivos aos Decretos nos 3.179, de 21 de
setembro de 1999, e 3.420, de 20 de abril de 2000, e dá outras providências.
Data da legislação: 30/11/2006 - Publicação DOU, de 01/12/2006.
• Lei Nº 11.428/2006. Dispõe sobre a utilização e proteção da vegetação nativa
do Bioma Mata Atlântica, e dá outras providências - Data da legislação:
22/12/2006 - Publicação DOU, de 26/12/2006.
• Instrução Normativa MMA nº 06, de 23 de setembro de 2008, elenca as
espécies da flora brasileira ameaçada de extinção;
• Decreto 7.029 de 10 de dezembro de 2009. Regularização Ambiental dos
Imóveis rurais. Trata da regularização ambiental dos imóveis rurais, concedeu
aos proprietários de imóveis rurais um prazo de três anos, ou seja, até 2011
para estarem com as áreas de preservação ambiental regularizadas.
• Resolução CONAMA nº 423/2010. Dispõe sobre parâmetros básicos para
identificação e análise da vegetação primária e dos estágios sucessionais da
vegetação secundária nos Campos de Altitude associados ou abrangidos pela
Mata Atlântica. Data da legislação: 12/04/2010 - Publicação DOU nº 69, de
13/04/2010, págs. 55-57.
151
� Rio Grande do Norte - Legislação Estadual
• Decreto nº. 14.338, de 25/02/1999, Aprova o Plano de Gestão Ambiental
Compartilhada do Rio Grande do Norte (Licenciamento, Fiscalização e
Monitoramento Ambiental).
• Lei complementar nº 272, de 3 de março de 2004, Regulamenta os artigos
150 e 154 da Constituição Estadual, revoga as Leis Complementares
Estaduais n.º 140, de 26 de janeiro de 1996, e n.º 148, de 26 de dezembro de
1996, dispõe sobre a Política e o Sistema Estadual do Meio Ambiente, as
infrações e sanções administrativas ambientais, as unidades estaduais de
conservação da natureza, institui medidas compensatórias ambientais, e dá
outras providências.
• Lei complementar nº 291, de 25 de abril de 2005, altera a Lei Complementar
Estadual nº 272, de 3 de março de 2004, modifica a Lei Estadual nº 7.059, de
18 de setembro de 1997, e dá outras providências.
• Lei complementar nº 336, de 12 de dezembro de 2006. altera a Lei
Complementar Estadual nº 272, de 03 de março de 2004 e dá outras
providências.
• Lei complementar nº 380, de 26 de dezembro de 2008, altera a Lei
Complementar Estadual nº 272, de 03 de março de 2004, modifica o nome do
Instituto de Defesa do Meio Ambiente do RN e dá outras providências.
• Resolução nº 01/2009, aprova nova versão do Anexo Único da Resolução
Conema 04/2006.
� Ceará- Legislação Estadual
• LEI Nº 10.147 DE 01 DE DEZEMBRO DE 1977, dispõe sobre o
disciplinamento do uso do solo para proteção dos recursos hídricos da Região
Metropolitana de Fortaleza – RMF – e dá outras providências.
152
• Lei Nº 11.411, de 28 de Dezembro de 1987 (DOE - 04.10.88), dispõe sobre a
Política Estadual do Meio Ambiente, e cria o Conselho Estadual do Meio
Ambiente - COEMA, a Superintendência Estadual do Meio Ambiente -
SEMACE, e dá outras providências.
• LEI Nº 11.678, DE 23 DE MAIO DE 1990, acrescenta competência ao
CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE, estabelecidas pela
Constituição do Estado do Ceará e pela Lei nº 11.564, de 26 de junho de
1980.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 001, DE 05 DE JANEIRO DE 1989 (DOE 02/02/89)
Regimento Interno do COEMA.
• Decreto Nº 20.253, de 05 de setembro de 1989. (DOE 23/07/1990), declara
de interesse social para fins de desapropriação as áreas de terra que indica e
dá outras providências.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 07, DE 06 DE FEVEREIRO DE 1990 (DOE
12/03/90) Cadastro Técnico Estadual de Atividades e Instrumentos de Defesa
Ambiental.
• Decreto N. º 21.882, de 16 de Abril de 1992 (DOE - 22.04.92), aprova o
Regulamento da Superintendência Estadual do Meio Ambiente e dá outras
providências.
• Decreto Nº 22 587, de 08 de junho de 1993 (DOE 10/08/1993), declara de
interesse social, para fins de desapropriação as áreas que indica e dá outras
providências.
• Decreto Nº 23.157, de 08 de Abril de 1994 (DOE - 08.04.94), aprova o
Regimento Interno do Conselho Estadual do Meio Ambiente - COEMA.
• Lei Nº 12.488, de 13 de Setembro 1995 (DOE - 27.09.95), dispõe sobre a
Política Florestal do Ceará e dá outras providências.
153
• Lei Nº 12.522, de 15 de Dezembro de 1995 (DOE 28.12.95), define como
áreas especialmente protegidas as nascentes e olhos d’água e a vegetação
natural no seu entorno e dá outras providências.
• Decreto Nº 24.220, de 12 de Setembro de 1996 (DOE - 17.09.96), dispõe
sobre reconhecimento das Reservas Ecológicas Particulares por Destinação
de seu proprietário e dá outras providências.
• Decreto Nº 24.221, de 12 de Setembro de 1996 (DOE - 17.09.1996),
regulamenta a Lei n.° 12.488, de 13 de setembro de 1995, que dispõe sobre a
Política Florestal do Estado do Ceará.
• Decreto Nº 24.808, DE 20 DE FEVEREIRO DE 1998, altera o Regulamento
da Superintendência Estadual do Meio Ambiente – SEMACE, estabelecido
pelo Decreto nº 21.882, de 16 de abril de 1992, e dá outras providências.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 03, DE 26 DE FEVEREIRO DE 1998 (DOE
04/03/98), projeto de Implantação das Usinas Eólicas de 10MW e 5MW, em
Prainha no município de Aquiraz e em Taíba no município de São Gonçalo do
Amarante, respectivamente, no Estado do Ceará.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 02, DE 31 DE MAIO DE 2001 (DOE 28/06/01),
projeto de Implantação Parque Eólico.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 09, DE 27 DE SETEMBRO DE 2001 (DOE:
11/10/01) Parque Eólico - Praia do Pecém.
• Lei nº 13.796, de 30 de junho de 2006 (DOE - 30.06.06), institui a Política
Estadual de Gerenciamento Costeiro, e o Plano Estadual de Gerenciamento
Costeiro e dá outras providências.
• Lei nº 14.198, de 5 de agosto de 2008, institui a Política Estadual de Combate
e Prevenção à Desertificação e dá outras providências.
• Lei nº14.390, de 07 de julho de 2009 (DOE - 09.07.09), institui o Sistema
Estadual de Unidades de Conservação do Ceará - SEUC, e dá outras
providências.
154
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 16, DE 29 DE JULHO DE 2010 (DOE 05/08/10),
projeto da Central Eólica Cajucoco no município de Itarema.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 17, DE 29 DE JULHO DE 2010 (DOE 05/08/10),
projeto da Usina Eólio -Elétrica Delta Eólica no município de Aracati.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 19, DE 23 DE SETEMBRO DE 2010(DOE
14/10/10). Projeto Central Geradora Eólica Lagoa Seca no município de
Acaraú.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 09, DE 24 DE JUNHO DE 2010 (DOE 02/07/10),
projeto Central Eólica Coqueiros no município de Acaraú.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 11, DE 24 DE JUNHO DE 2010 (DOE 02/07/10),
projeto Central Eólica Vento do Oeste no município de Acaraú.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 12, DE 24 DE JUNHO DE 2010 (DOE 02/07/10),
projeto Eólica Garças no município de Acaraú.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 15, DE 29 DE JULHO DE 2010 (DOE 05/08/10),
projeto Central Eólica Buriti no município de Acaraú.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 16, DE 29 DE JULHO DE 2010 (DOE 05/08/10),
projeto da Central Eólica Cajucoco no município de Itarema.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 17, DE 29 DE JULHO DE 2010 (DOE 05/08/10),
projeto da Usina Eólio-Elétrica Delta Eólica no município de Aracati.
• RESOLUÇÃO COEMA Nº 19, DE 23 DE SETEMBRO DE 2010(DOE
14/10/10), projeto Central Geradora Eólica Lagoa Seca no município de
Acaraú.
� Bahia - Legislação Estadual
• Resolução CEPRAM nº 2916/01. Aprova a Norma Técnica NT- 001/2001 e
seus Anexos I e II, que dispõe sobre a Análise do Processo de Licenciamento
das Linhas de Transmissão.
155
• Resolução CEPRAM n° 2.933, de 22 de fevereiro de 2 002, dispõe sobre a
criação Comissão Técnica de Garantia Ambiental (CTGA).
• Resolução CEPRAM nº 3688/06. Aprova a Norma Técnica – NT Critérios e
Diretrizes para elaboração e apresentação ao CRA ou SFC, de plantas
georreferenciadas e imagens.
• Resolução CEPRAM nº 3.688, de 27 de outubro de 2006, aprova a Norma
Técnica – NT 0003/06 que dispõe sobre os critérios e diretrizes para
elaboração e apresentação ao IMA, de plantas georreferenciadas e imagens
de satélite atuais, em processos de licenciamento ambiental de
empreendimentos de médio, grande e excepcional portes no estado da Bahia;
• Lei nº 10.431 de 20 de dezembro de 2006, dispõe sobre a Política de Meio
Ambiente e de Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia e dá outras
providências.
• Lei nº 11.050, 06 de junho de 2008, altera a denominação, a finalidade, a
estrutura organizacional e de cargos em comissão da Secretaria de Meio
Ambiente e Recursos Hídricos – SEMARH e das entidades da Administração
Indireta a ela vinculadas, e dá outras providências.
• Resolução CEPRAM nº 3908/08. Disciplina os procedimentos de Anuência
Prévia em Unidades de Conservação do Estado da Bahia.
• Decreto n° 11.235 de 10/10/2008, aprova o Regulame nto da Lei nº 10.431, de
20 de dezembro de 2006, que institui a Política de Meio Ambiente e de
Proteção à Biodiversidade do Estado da Bahia, e da Lei nº 11.050, de 06 de
junho de 2008, que altera a denominação, a finalidade, a estrutura
organizacional e de cargos em comissão da Secretaria de Meio Ambiente e
Recursos Hídricos – SEMARH e das entidades da Administração Indireta a
ela vinculadas, e dá outras providências.
• Resolução CEPRAM nº 3.908, de 28 de novembro de 2008, disciplina os
procedimentos de Anuência Prévia em Unidades de Conservação do Estado
da Bahia.
156
• Resolução CEPRAM nº 3.925, de 30 de janeiro de 2009, dispõe sobre o
Programa Estadual de Gestão Ambiental Compartilhada com fins ao
fortalecimento da gestão ambiental, mediante normas de cooperação entre os
Sistemas Estadual e Municipal de Meio Ambiente, define as atividades de
impacto ambiental local para fins do exercício da competência do
licenciamento ambiental municipal e dá outras providências.
• Lei nº 11.478/09. Aprova o Plano Estadual de Adequação e Regularização
Ambiental dos Imóveis Rurais e dá outras providências.
• Decreto nº 11.657/09. Regulamenta o Plano Estadual de Adequação e
Regularização Ambiental dos Imóveis Rurais, aprovado pela Lei nº 11.478, de
01 de julho de 2009.
• Resolução CEPRAM nº 3925/09. Dispõe sobre o Programa Estadual de
Gestão Ambiental Compartilhada com fins ao fortalecimento da gestão
ambiental, mediante normas.
• Decreto 12.071, de 23 de abril de 2010, regulamenta o Plano Estadual de
Adequação e Regularização Ambiental dos Imóveis Rurais, aprovado pela Lei
nº 11.478, de 01 de julho de 2009 e dá outras providências.
• Portaria nº 13.278, de 04 de agosto de 2010, define os procedimentos e a
documentação necessária para requerimento junto ao IMA dos atos
administrativos para regularidade ambiental de empreendimentos e atividades
no Estado da Bahia
• Decreto nº 12.353, de 25 de agosto de 2010, altera o Decreto nº 11.235, de
10 de outubro de 2008, que regulamenta a Lei nº 10.431, de 20 de dezembro
de 2006, e dá outras providências.
• Resolução CEPRAM nº 4.119, de 30 de agosto de 2010, aprova a Norma
Técnica NT-01/2010, que dispõe sobre o Licenciamento Ambiental de Linhas
de Transmissão ou de Distribuição de Energia Elétrica, no estado da Bahia.
• Portaria Nº 13.950/2010 - Define os critérios e diretrizes para elaboração e
apresentação ao IMA de documentos e informações georreferenciadas
157
(coordenadas, plantas, imagens de satélite e fotografias aéreas verticais)
referentes a formação dos processos de licenciamento ambiental de controle
florestal, no estado da Bahia.
• Resolução Nº 4.180 de 29 de abril de 2011. Aprova a Norma Técnica NT-
(01/2011) e seus Anexos, que dispõe sobre o Processo de Licenciamento
Ambiental de Empreendimentos de Geração de Energia Elétrica a partir de
fonte eólica no Estado da Bahia.
158
ANEXO 3 - FOTOS
Nacele no Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA
Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.
Pá do aerogerador desmontada
Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.
159
Vista da comunidade de Boa Vista ampliada 15X do
Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.
Base de sustentação das torres 15m X 15 m
Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.
160
Base de sustentação das torres semi-pronta 15m X 15 m
Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.
Transporte de uma peça da torre no acesso ao
Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.
161
Estrada de acesso ao
Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Fabiano Staut, 15/02/2011.
Vista geral dos Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA
com os aerogeradores montados Fonte: Ângelo Brasileiro, 31/10/2011.
162
Acessos internos no
Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Ângelo Brasileiro, 31/10/2011.
Aerogeradores e a mudança da paisagem local no
Complexo Eólico da Desenvix – Brotas de Macaúbas - BA Fonte: Ângelo Brasileiro, 31/10/2011.
163
Placa na entrada do
Parque Eólico da Iberdrola – Rio do Fogo - RN Fonte: Fabiano Staut, 04/02/2012.
Aerogeradores no
Parque Eólico da Iberdrola – Rio do Fogo - RN Fonte: Fabiano Staut, 04/02/2012.
164
Vista da comunidade Rio do Fogo e
Parque Eólico da Iberdrola ao fundo– Rio do Fogo - RN Fonte: Fabiano Staut, 04/02/2012.
Vista da comunidade Rio do Fogo e
Parque Eólico da Iberdrola ao fundo– Rio do Fogo - RN Fonte: Fabiano Staut, 04/02/2012.