UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS - PB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
MONOGRAFIA
SEMIOLOGIA DOS EQUÍDEOS ACOMETIDOS POR ENFERMIDADES DO
TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR NO SEMIÁRIDO PARAIBANO –
CONSIDERAÇÕES GERAIS
ARTHUR GOMES
2017
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS - PB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
MONOGRAFIA
Semiologia dos equídeos acometidos por enfermidades do trato respiratório inferior no
semiárido paraibano – considerações gerais
Arthur Gomes
Graduando
Prof. Dr. Eldinê Gomes de Miranda Neto
Orientador
Dezembro de 2017
FICHA CATALOGRÁFICA
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA DO CSRT DA UFCG
M672s
Gomes, Arthur
Semiologia dos equídeos acometidos por enfermidades do trato
respiratório inferior no semiárido paraibano: considerações gerais / Arthur
Gomes. – Patos, 2017.
31f.
Trabalho de Conclusão de Curso (Medicina Veterinária) – Universidade
Federal de Campina Grande, Centro de Saúde e Tecnologia Rural, 2017.
“Orientação: Prof. Dr. Eldinê Gomes de Miranda Neto.”
Referências.
1. Tosse. 2. Secreção. 3. Desempenho. I. Título.
CDU 619:636.1
4
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS – PB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
ARTHUR GOMES
Graduando
Monografia submetida ao Curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para
obtenção do grau de Médico Veterinário.
ENTREGUE EM ....../....../........ MÉDIA: ______
BANCA EXAMINADORA
__________________________________ ______
Prof. Dr. Eldinê Gomes de Miranda Neto Nota
Orientador
__________________________________ ______
Méd. Vet. MSc. Josemar Marinho de Medeiros Nota
Examinador I
__________________________________ ______
Prof. MSc. Thiago Arcoverde Maciel Nota
Examinador II
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE SAÚDE E TECNOLOGIA RURAL
CAMPUS DE PATOS – PB
CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA
ARTHUR GOMES
Graduando
Monografia submetida ao Curso de Medicina Veterinária como requisito parcial para
obtenção do grau de Médico Veterinário.
APROVADO EM ....../....../........
EXAMINADORES:
Prof. Dr. Eldinê Gomes de Miranda Neto
Orientador
Méd. Vet. MSc. Josemar Marinho de Medeiros
Examinador I
Prof. MSc. Thiago Arcoverde Maciel
Examinador II
RESUMO
GOMES, ARTHUR. Semiologia dos equídeos acometidos por enfermidades do trato
respiratório inferior no semiárido paraibano – considerações gerais. Patos, UFCG. 2017,
32p (Trabalho de conclusão de curso de Medicina Veterinária, Clínica Veterinária)
Os equinos podem ser acometidos por diversas enfermidades no trato respiratório,
quando isso acontece, surgirão sinais clínicos, levando a uma redução em seu desempenho,
necessitando de diagnóstico para que seja instituído um tratamento, com propósito de cura
para haver retorno a suas atividades normais e resguardar a vida do animal. O sistema
respiratório desempenha importantes funções como troca gasosa, que consiste na oxigenação
sanguínea e eliminação de gás carbônico, como também, manutenção do equilíbrio ácido-
base, metabolização e excreção de substâncias e termorregulação. Com isso, o desempenho
dos equinos atletas fica condicionado ao bom funcionamento do trato respiratório. Este
trabalho objetivou enfatizar as técnicas semiológicas empregadas na clínica médica dos
equídeos que são acometidos por enfermidades do trato respiratório inferior, como também a
etiologia e os principais sinais clínicos. Os principais meios de diagnóstico empregados na
clínica médica equina são a semiologia, principalmente, através da auscultação e percussão,
endoscopia, lavado broncoalveolar que permite a realização de cultura bacteriológica,
citologia, antibiograma da amostra obtida, radiografias e ultrassonografias. As enfermidades
abordadas no trabalho foram Hemorragia pulmonar induzida por esforço, Doença pulmonar
obstrutiva crônica, Doença inflamatória das vias aéreas, Pneumonia, Broncopneumonia,
Pleuropneumonia. Quando as enfermidades são diagnosticadas de forma rápida e eficiente,
um tratamento mais específico e eficaz poderá ser instituído com propósito da cura dos
equídeos para que possam voltar de forma mais rápida a desempenharem as suas atividades
normais.
Palavras-chave: tosse, secreção, desempenho.
ABSTRACT
GOMES, ARTHUR. Semiology of equines affected by diseases of the lower respiratory
tract without semiarid paraiban – general considerations. Patos, UFCG. 2017, 32p
(Work of conclusion of course of Veterinary Medicine, Veterinary Clinic)
Horses can be affected by several diseases in the respiratory tract, when it happens,
clinical signs will appear, leading to a reduction in its performance, requiring diagnosis for a
treatment to be instituted, with purpose of cure to return to their normal activities and protect
the life of the animal. The respiratory system plays important roles such as gas exchange,
which consists of blood oxygenation and elimination of carbon dioxide, as also, maintaining
the acid-base balance, metabolism and excretion of substances and thermoregulation.
Thereby, the performance of the equine athletes is conditioned by the proper functioning of
the respiratory tract. This work aimed to emphasize the semiological techniques employed in
the medical clinic of equidae that are affected by diseases of the lower respiratory tract, as
well as the etiology and the main clinical signs. The main means of diagnosis employed in
equine medical practice are semiology, mainly, through auscultation and percussion,
endoscopy, bronchoalveolar lavage that allows bacteriological culture, cytology, antibiogram
of the sample obtained, radiography and ultrasonography. The diseases addressed in the study
were effort-induced pulmonary hemorrhage, Chronic obstructive pulmonary disease,
Inflammatory disease of the airways, Pneumonia, Bronchopneumonia, Pleuropneumonia.
When diseases are diagnosed quickly and efficiently, a more specific and effective treatment
may be instituted for the purpose of curing equidae so that they can return more quickly to
performing their normal activities.
Keywords: cough, secretion, performance.
SUMÁRIO
RESUMO ................................................................................................................................... 6
ABSTRACT ............................................................................................................................... 7
LISTA DE FIGURAS ................................................................................................................ 9
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................... 10
2 REVISÃO DE LITERATURA ............................................................................................. 11
2.1 O sistema respiratório ..................................................................................................... 11
2.2 Semiologia do sistema respiratório ................................................................................. 13
2.3 Principais afecções .......................................................................................................... 18
2.3.1 Hemorragia pulmonar induzida por esforço – HPIE ................................................... 18
2.3.2 Doença pulmonar obstrutiva crônica - DPOC.......................................................... 20
2.3.3 Doença inflamatória das vias aéreas – DIVA .......................................................... 21
2.3.4 Pneumonia/ Broncopneumonia/ Pleuropneumonia .................................................. 22
2.3.4.1 Bacteriana ......................................................................................................... 23
2.3.4.1.1 Rodococose em potros (Rhodococcus equi) .............................................. 23
2.3.4.2 Fúngica ............................................................................................................. 24
2.3.4.3 Virais ................................................................................................................ 25
2.3.4.4 Parasitárias ........................................................................................................ 25
2.3.4.4.1 Dictiocaulose (Dictyocaulus arnfieldi) ...................................................... 25
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 27
REFERÊNCIAS ....................................................................................................................... 28
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Anatomia topográfica do sistema respiratório dos equinos............................ 12
Figura 2: Anatomia topográfica do pulmão dos equinos............................................... 13
Figura 3: Técnica semiológica de percussão com martelo e plexímetro....................... 17
Figura 4: Técnica semiológica de palpação do toráx..................................................... 17
Figura 5: Técnica semiológica que utiliza saco plástico para exacerbar sons para
ausculta............................................................................................................................
18
Figura 6: Técnica semiológica de ausculta pulmonar................................................... 20
10
1 INTRODUÇÃO
Os equinos são fisiologicamente atletas, quando acometidos por doenças no seu
sistema respiratório irão apresentar redução em sua performance atlética, com isso, prejuízos
incalculáveis irão surgir, sejam eles a curto, médio ou longo prazo, pois altas quantias são
investidas desde o nascimento até que seja atingida a idade adulta, e seu futuro reprodutivo
está diretamente ligado ao seu desempenho atlético, uma vez que, animais com alta
performance serão escolhidos para difundir sua genética como garanhões e matrizes, e
também, com seu alto desempenho irão ser comercializados por altas somas.
Existem inúmeras enfermidades diagnosticadas no trato respiratório inferior dos
equinos e durante esse trabalho de revisão de literatura serão abordas as que apresentam maior
importância clínica e principalmente vem sendo diagnósticas na rotina clínica do semiárido
paraibano, e são elas: hemorragia pulmonar induzida por esforço, doença pulmonar obstrutiva
crônica, doença inflamatória das vias aéreas, pneumonia/broncopneumonia/pleuropneumonia
(bacteriana - rodococose em potros; fúngica; virais; parasitárias – dictiocaulose).
Quando o diagnóstico destas enfermidades é realizado de forma rápida e precisa,
poderá ser iniciado o tratamento correto de forma precoce e contribuir para uma melhor e
mais rápida recuperação, fazendo com que o animal acometido volte a desempenhar suas
atividades.
Atualmente os principais meios de diagnóstico empregados na clínica médica equina
são: a semiologia através da ausculta e percussão, endoscopia, lavados broncoalveolar (que a
partir deles serão realizadas culturas bacteriológicas, citologia, antibiograma), radiografias e
ultrassonografias.
Este trabalho teve por objetivo descrever as principais afecções do sistema respiratório
em equinos, enfatizando a etiologia e os sinais clinicos, apresentando também os principais
métodos de diagnóstico, para que haja um melhor entendimento de cada afecção.
11
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 O sistema respiratório
O sistema respiratório desempenha várias funções dentro do organismo, sendo a
principal delas a troca gasosa, que consiste na oxigenação sanguínea e eliminação de gás
carbônico, esse processo é chamado de hematose. Outras funções são de manutenção do
equilíbrio do ácido-base, metabolização e excreção de substâncias e termorregulação
(FEITOSA, 2004).
O sistema respiratório apresenta mecanismo de defesa próprio para o combate de
partículas inaladas. Os principais mecanismos são o de reflexo da tosse ou do espirro, a
presença de cílios, muco, macrófagos alveolares e a própria respiração através da expiração
(FEITOSA, 2004).
O sistema respiratório (Figura 1) divide-se em trato respiratório superior e inferior;
trato respiratório superior compreende o nariz, cavidade nasal, conchas nasais (dorsal, médio
e ventral), meato nasais (dorsal, médio e ventral), seios paranasais (maxilar, frontal, palatino,
esfenoidal e da concha dorsal) e nasofaringe e o inferior compreende a laringe e suas
cartilagens (epiglótica, tireóidea, aritenóidea e cricóiedea), traquéia e pulmão (KÖNIG, 2011).
.
Figura 1: Anatomia topográfica do sistema respiratório dos equinos
Fonte: Casasnovas, Ayuda e Abenia (2014).
12
Outra divisão aceita para o trato respiratório, leva em consideração a função
desempenhada por cada segmento, sendo assim divido em porção condutora e em porção
respiratória. Junqueira e Carneiro (1999) determinaram que a porção condutora compreende
do nariz aos bronquíolos terminais e a porção respiratória dos bronquíolos respiratórios até os
alvéolos pulmonares.
Os pulmões são órgãos pares (Figura 2), dividido em direito e esquerdo, e que está
situado na cavidade torácica revestida pela pleura; sua coloração é rosa claro. O pulmão está
dividido em lobos, sendo lobos cranial, caudal e acessório, no pulmão direito e lobo cranial e
caudal, no pulmão esquerdo (GETTY, 1986).
Figura 2: Anatomia topográfica do pulmão dos equinos
Fonte: Schwarze e Schröder (1970).
Dyce (2004) descreve que o parênquima pulmonar é composto pelo brônquio principal
direito e esquerdo (que surgem na bifurcação da traquéia), vasos pulmonares e tecido
conjuntivo. Os brônquios principais dividem-se em brônquios lobares, que se dividem em
brônquios segmentares, que diminuem o seu tamanho passando a serem chamados de
bronquíolos que são divididos em primários, secundários, terminais e respiratórios. Dos
bronquíolos respiratórios surgem ductos que irão desembocar em sacos alveolares, que
contém os alvéolos envolvidos pelos capilares sanguíneos (GETTY, 1986; KÖNIG, 2011).
Externamente o pulmão está delimitado de acordo com Feitosa (2004) da seguinte
maneira: o limite anterior se inicia na musculatura da escápula, o superior na musculatura
dorsal e o posterior ao se observar o cruzamento de linhas que passam, imaginariamente, nos
espaços intercostais (EIC) com linhas imaginárias e horizontais, que passam sobre a
13
tuberosidade ilíaca (linha ilíaca no 17° EIC), tuberosidade isquiática (linha isquiática, no 14°
EIC) e na articulação escapulo-umeral (também chamada de linha do encontro, localizada
entre 8° e 10° EIC).
2.2 Semiologia do sistema respiratório
As doenças sejam de qualquer sistema, são caracterizados por sinais clínicos. As
principais manifestações clínicas em afecções do sistema respiratório são as presenças de sons
anormais, redução da capacidade ou tolerância ao exercício, febre, corrimento nasal, epistaxe.
Os equinos ao apresentarem dificuldade respiratória tendem a estender a cabeça e pescoço
com objetivo de diminuir a resistência para que ocorra o transporte de ar (SPEIRS, 1999).
O primeiro passo a ser tomado, é a identificação do sistema afetado. Algumas
afecções, se realizado o exame clínico de forma correta, com a utilização das técnicas
adequadas e que possam abrangir todas as possíveis enfermidades, reduz-se ao máximo à
utilização de meios diagnósticos complementares para a obtenção do diagnóstico, sendo
necessário o exame complementar com o intuito de realizar diagnósticos diferenciais ou com
o objetivo de instituir um tratamento mais eficaz. (SPEIRS, 1999; FEITOSA, 2004).
De acordo com Speirs (1999) e Feitosa (2004) o exame clínico deve ser realizado com
o animal em repouso e devem ser considerados: o histórico, que o clínico irá obter através da
anamnese, onde o máximo de informações obtidas, tais como a queixa clínica, a alimentação,
informações de quando e como começou a queixa clínica, a evolução, se apenas aquele
animal está sendo afetado ou outros do rebanho e se há outros (quantos), deve-se também
buscar informações de histórico sanitário do animal e do rebanho, os tratamentos realizados, a
forma como o animal respira, se tem tosse e em qual frequência, se há presença de corrimento
nasal e qual sua forma e quantidade, e também informações do ambiente onde o animal vive.
Casasnovas, Ayuda e Abenia (2014) descrevem que durante a anamnese devem ser
levados em consideração: idade e raça do animal (existência de defeitos congênitos e as
enfermidades que são características por idade), sistema de criação (intensivo, semi-intensivo
e extensivo), programas de vacinação e vermifugação e a observação de enfermidades
prévias.
Feitosa (2004) relata que durante e após a anamnese, deve se realizar a inspeção, que
consiste em observar/olhar o animal como um todo, sendo a inspeção direcionada ao sistema
respiratório.
14
O intuito principal da inspeção é observar a quantidade de movimentos respiratórios
por minuto, o tipo de respiração, o ritmo da respiração e as alterações de volume e forma do
tórax (FEITOSA, 20004; CASASNOVAS; AYUDA E ABENIA, 2014).
Speirs (1999) relata que a frequência respiratória de equinos adultos varia entre 18 a
20 movimentos respiratórios por minuto, sendo que em potro a frequência normal oscila de 20
a 40 movimentos respiratórios por minuto na primeira semana de vida e vai de 60 a 80
movimentos respiratórios por minuto em até uma hora pós-parto.
Durante a inspeção as alterações da frequência respiratória que podem ser notadas são:
taquipnéia (aumento da frequência respiratória), bradipnéia (diminuição da frequência
respiratória) e a apnéia (ausência total de respiração) (FEITOSA, 2004).
Fisiologicamente o tipo da respiração é costo-abdominal, no entanto, quando
acometidos por alguma enfermidade podem ser manifestados os padrões costal e abdominal
(FEITOSA, 2004). A respiração abdominal ocorre em processos dolorosos da cavidade
torácica, que resultam em uma redução do movimento de tórax e aumento do movimento
abdominal, para que haja o transporte de ar de forma eficiente; já o inverso ocorre em
respiração costal, em processos dolorosos da cavidade abdominal, que irão acarretar em uma
diminuição dos movimentos abdominais e aumento de movimentação torácica para que possa
acontecer a passagem do ar para todo o sistema respiratório. Quando ocorrem movimentos
excessivos de abdômen e diafragma, o ânus movimenta-se para crânio-caudalmente (SPEIRS,
1999).
O ritmo normal da respiração de um equino é caracterizado por uma inspiração
seguido de uma pequena pausa, posteriormente uma expiração e uma pausa maior. O ritmo
pode ser caracterizado como normal ou eupnéia e dificultosa ou dispnéia. A dispnéia pode ser
do tipo inspiratória, expiratória ou mista (FEITOSA, 2004).
Speirs (1999) define que os corrimentos oriundos do sistema respiratório podem ser
classificados como: seroso, de aspecto fino e transparente, purulento de aparência viscosa,
opaca e amarelada e sanguinolento, sendo possível a união de dois ou mais tipos de
corrimento nasal com quantidade variável a depender da extensão e gravidade da lesão..
O odor é variável, indo desde a ausência de cheiro até putrefação, que pode indicar
necrose e a presença de bactérias anaeróbicas (SPEIRS, 1999; FEITOSA, 2004).
A percussão (Figura 3) deve ser realizada com martelo e plexímetro (forma indireta),
com os dedos ou com martelo (forma direta), onde são deferidos de 2 a 4 golpes sequenciados
em cada espaço intercostal, em sentido cranial para caudal e dorso para ventral, sempre
realizando a comparação entre os dois lados do tórax, objetivando a obtenção de um som que
15
pode ser alterado fisiologicamente devido a espessura da parede costal, onde em animais mais
magros, irão apresentar sonoridade aumentada (hipersonora) e em animais obesos, sonoridade
reduzida ou abafada; estas alterações causadas por expessura de parede devem ser conhecidos
pelo médico veterinário. O som produzido fisiologicamente centralmente é claro, caudalmente
timpânico e ventralmente sub-maciço (SPEIRS, 1999; CASASNOVAS; AYUDA E
ABENIA, 2014).
As alterações devem se localizar bem próxima a área percutida, pois a penetração dos
estímulos percutidos tem alcance de quatro a sete centímetros no pulmão. A percussão deve
ser realizada em sentido dorsoventral e craniocaudal, em toda a área torácica, (FEITOSA,
2004).
Feitosa (2004) descreve que os sons patológicos diagnosticados são o de ampliação da
área de percussão onde o som claro passa para timpânico, o som metálico indicando presença
de gás em execesso, o som maciço ou sub-maciço indicando área de condensação, a linha de
percussão horizontal quando há mudança do som claro para sub-maciço ou maciço em linha
reta que indica presença de líquidos.
Figura 3: Técnica semiológica de percussão com martelo e plexímetro
Fonte: Casasnovas, Ayuda e Abenia (2014).
A palpação deve ser realizada com a mão espalmada e com as pontas dos dedos
apoiadas nos espaços intercostais com gradativa pressão dos dedos, sempre observando as
reações do animal (Figura 4). Durante a palpação podem ser notadas alterações superficiais
16
como fraturas ou fissuras em costelas e também os sinais clássicos da inflamação (dor, calor,
rubor) (SPEIRS, 1999; FEITOSA, 2004; CASASNOVAS; AYUDA E ABENIA, 2014).
Figura 4: Técnica semiológica de palpação do tórax
Fonte: Casasnovas, Ayuda e Abenia (2014).
Feitosa (2004), Casasnovas, Ayuda e Abenia (2014) afirmam que a ausculta é o
melhor método para diagnóstico das enfermidades pulmonares, devendo ser realizada de
forma ordenada, simétrica e comparativa, em um ambiente silencioso, com pelo menos de 4 a
5 movimentos respiratórios auscultados em cada ponto, no sentido cranial para caudal e de
dorsal para ventral.
Caso haja dificuldade para a auscultação, pode ser utilizado um saco plástico (Figura
5) para que o equino se esforce mais em respirar, fazendo com que respire de forma mais
profunda, intensificando os sons (CASASNOVAS; AYUDA E ABENIA. 2014).
Speirs (1999) aponta que ainda com o intuito de estímulo da respiração com saco
plástico, podem ser utilizados estimulantes respiratórios (hidrocloreto de doxapram,
hidrocloreto de lobelina) e obstrução manual das narinas, com intuito de estimular
movimentos respiratórios.
Feitosa (2004) expressa que os ruídos podem estar aumentados ou diminuídos
fisiologicamente; aumentados em animais de tórax delgado, com frequência respiratória
elevada e diminuída em animais de tórax espesso ou com frequência respiratória diminuída.
17
Figura 5: Técnica semiológica que utiliza saco plástico para exacerbar sons para
ausculta
Fonte: Casasnovas, Ayuda e Abenia (2014).
Feitosa (2004) descreve que os sons auscultados fisiologicamente são os ruídos
traqueobrônquicos e o bronco-bronquiolar, sendo os traqueobrônquicos produzidos pela
passagem do ar pelos grandes brônquios e porção final da traquéia, auscultado na parte cranial
do tórax, ocorrendo tanto na inspiração como na expiração, já o bronco-bronquiolar produzido
pela vibração das paredes de brônquios menores e bronquíolos, podem ser ouvidos nos terços
caudais do tórax quando ocorre a inspiração.
Os ruídos que diferem dos fisiologicos são de crepitação grossa, onde há a presença de
líquido no interior de brônquios em quantidade exagerada, o som produzido assemelha-se ao
estourar de bolhas, já o ruído de crepitação fina lembra o roçar de cabelos, próximo à orelha,
ou ao estourar pequenas bolhas, o sibilo é considerado uma manifestação sonora aguda, de
alta intensidade, lembrando um assobio, o ronco é um ruído grave, de alta intensidade, o roce
pleural é um ruído provocado pelo atrito das pleuras visceral e parietal o sopro, roce ou ruído
cardio-pleural é um ruído rude, semelhante ao raspar de duas superfícies ásperas, que é
auscultado durante a inspiração e coincide com a movimentação cardíaca, sopro ou ruído
cardio-pulmonar é um ruído suave, de baixa intensidade, semelhante ao soprar com os lábios
apertados, existindo ainda, ruídos do tipo acessório, que são aqueles que perturbam a
auscultação, que são os de contrações dos músculos cutâneos, crepitações dos pelos, ruídos de
deglutição, ruídos gastro-entéricos e mugidos (SPEIRS, 1999; FEITOSA 2004).
18
Figura 6: Técnica semiológica de ausculta pulmonar.
Fonte: Casasnovas, Ayuda e Abenia (2014).
2.3 Principais afecções
2.3.1 Hemorragia pulmonar induzida por esforço – HPIE
Conhecida também como síndrome do cavalo sangrador (SMITH, 1993), de caráter
cosmopolita, que se observa em aproximadamente 80% dos equinos atletas em graus variados
sendo muitos deles assintomáticos e com número de óbitos baixo (DA NOVA, 2000;
RADOSTITS et al., 2002). Costa (2004) afirma que o acometimento de equinos por HPIE
aumenta com a idade. Radostits et al.(2002) e Thomassian (2005) apontam que é um
acometimento raro em pôneis, e que já foi relatado em camelos e cães de corrida. Hinchcliff
(2000) cita em sua obra que a HPIE ocorre comumente nos cavalos de esporte, e é uma
consequência de exercícios intensos. Não há predileção por sexo, mas a maior incidência de
animais acometidos por HPIE são de machos castrados, seguido de fêmeas e por fim os
machos inteiros (OTAKA et al., 2014).
A patogênese ainda é muito discutida, mas acredita-se que fatores estressantes antes de
corridas, inflamações nas vias áreas superiores e/ou inferiores, fatores ambientais
(temperatura, umidade do ar, variações de pressão atmosférica), alterações na hemostasia ou
alterações sistêmicas que possam modificar a viscosidade sanguínea e a forma das hemácias
19
podem desencadear HPIE (ERICKSON, 2002; RADOSTITS et al. 2002; FEITOSA, 2004;
BACCARIN, 2005; THOMASSIAN, 2005).
Erickson (2000) e Costa (2004) descrevem que são inúmeras as causas e mecanismos
que podem desencadear a HPIE, mas não explicam a causa fundamental e dentre elas estão:
hiperviscosidade sanguínea após o exercício, impactos nos lobos pulmonares causados por
movimentos extremos do aparelho locomotor, hipertensão pulmonar, inflamações nos
pulmões e obstruções das vias aéreas.
De acordo com Radostits et al. (2002) e Espinoza (2005) para que ocorra o
extravasamento de sangue dos vasos, durante atividade física intensa um aumento de pressão
a ponto de exceder a resistência dos vasos deve ocorrer.
Segundo Thomassian (2005) para que o animal venha desenvolver HPIE sua
performance deve se aproximar dos 14 metros por segundo, já Baccarin (2005) afirma que
acima de 7 metros por segundo, o animal pode apresentar a HPIE sendo que alguma alteração
prévia nos pulmões podem facilitar o surgimento da enfermidade, como a idade, pois acomete
em sua grande maioria animais mais velhos.
Segundo Doucet e Viel (2002) afirmam que HPIE é caracterizada pela presença de
sangue no segmento traqueobrônquico e Costa et al. (2003) o complementa afirmando que
HPIE é caracterizada pela presença de sangue livre e oriundo dos pulmões após atividade
física intensa, sangue este que pode ser observado por aparelho de endoscópio ou
sangramento nasal (epistaxe).
Costa (2004) aponta que HPIE não apresenta sinais prévios, e cada indivíduo
apresenta uma sintomatologia inicial diferenciada, bem como variação quanto às respostas
individuais frente a cada episódio de HPIE, principalmente em relação à performance.
Radostits et al.(2002), Baccarin (2005) relatam que sinais clínicos são redução súbita
ou parada da performance durante a prova, tosse, deglutição aumentada, respiração dificultosa
e anormal e epistaxe. A epistaxe pode ser observada logo após o término da prova ou depois
de alguns minutos/horas quando é permitido que o animal baixe a sua cabeça podendo ocorrer
bilateralmente, mas nem todos os animais irão apresentar esse sangramento, onde muitas
vezes será notado apenas no exame de endoscópio ou aspirado traqueobrônquico.
O diagnóstico é baseado na anamnese, sinais clínicos, endoscopia, aspirado
traqueobrônquico e lavado broncoalveolar (RADOSTITS et al., 2002).
Oseliero e Piotto Junior (2003), Costa (2004), Baccarin (2005) e Thomassian (2005)
descrevem que através do aparelho de endoscópio deve ser feito uma avaliação rigorosa das
vias aérea superior e inferior observando a presença ou não do sangue. O exame deve ser
20
realizado num período de 30 a 90 minutos após o exercício e caso seja encontrado sangue ou
coágulo, avalia-se a quantidade e faz a sua classificação numa escala de 0 a 5, onde: grau 0
indica que não há sangue visível; grau 1 são notados traços de sangue e/ou coágulos no terço
final da traquéia; grau 2 são observados filetes de sangue e/ou coágulos e na traquéia e
brônquios; grau 3 a quantidade de sangue superior ao grau 2, mas não ocorre a formação de
poças na traquéia e brônquios; grau 4 é evidenciado grandes quantidades de sangue na
traquéia, laringe e faringe; e grau 5 ocorre de maneira similar ao grau 4 com presença de
epistaxe.
As coletas para aspirado traqueobrônquico e lavado broncoalveolar podem ser
realizados durante o exame do endoscópico e neles podem ser encontrados eritrócitos,
hemosiderófagos intra-alveolares (habitualmente são macrófagos onde pode ser observada a
presença de hemossiderina), neutrófilos e bactérias. (ERICKSON, 2002; RADOSTITS et al.
2002).
Deve ser realizado o diagnóstico diferencial de micose de bolsa gutural, hematoma
etmoidal, hemangiossarcoma, fibrilação atrial e pleuropneumonia (RADOSTITS et al. 2002).
2.3.2 Doença pulmonar obstrutiva crônica - DPOC
DPOC é uma síndrome inflamatória obstrutiva das vias aéreas inferiores, por isso,
atualmente o termo mais aceito para esta síndrome é Obstrução Recorrente das Vias Aéreas
(ORVA), apresentando uma série de sinônimos, tais como: enfisema crônico, bronquite
crônica, bronquiolite crônica (ROBINSON et al., 1996; HOFFMAN, 2003; SCHUCH, 2005;
THOMASSIAN, 2005), porém, o termo DPOC ainda é o termo mais utilizado mundialmente.
Léguillette (2003) descreve que DPOC acomete animais acima dos cinco anos, e
Tilley, Luís e Ferreira (2010) complementam afirmando que acomete animais de meia idade a
animais mais velhos. Outra enfermidade com sinais bastante semelhantes, porém mais
brandos e que afeta os animais jovens de dois a três anos de idade chamada é a doença
inflamatória das vias aéreas (DIVA) (LÉGUILLETTE, 2003). Davis e Rush (2002) afirmam
que acomete todos os equinos independentemente da sua raça ou sexo.
Lavoie (2003) e Robinson et al. (2003) afirma que os animais permanentemente
estabulados ou que passam muito tempo reclusos em baias inalam grandes quantidades de
partículas da cama das baias que geralmente são de areia, maravalha ou serragem acabam
desenvolvendo a DPOC; os autores ainda asseguram que ao alimentar os animais com feno de
21
má qualidade (que contém grandes quantidades de poeira e fungos) e/ou alimentá-los com
concentrado farelado, podem levar ao aparecimento desta síndrome.
Tilley, Luís e Ferreira (2010) relatam que a DPOC é caracterizada por um marcado
esforço respiratório do animal em repouso e que interfere em seu desempenho, e Amaral et al.
(1999) expressa que a DPOC inicialmente pode ser notada apenas como uma queda na
performance do animal caracterizando um aspecto sub-clínico da síndrome, onde muitas
vezes por falhas no diagnóstico é confundido com um condicionamento físico inadequado
para a atividade física desempenhada pelo animal. Durante esse quadro sub-clínico Moore
(1996) observou que o animal ocasionalmente pode apresentar tosse durante o início das
atividades físicas ou alimentação.
Davis e Rush (2002) descrevem que com o evoluir do quadro a intensidade e a
frequência da tosse aumentam, sendo ela seca e crônica. Moore (1996) descreve que os
animais apresentam dispnéia e intolerância ao exercício mesmo estando em repouso. Também
é observada dispnéia expiratória acentuada com formação de linha de esforço como
consequência da hipertrofia do músculo abdominal oblíquo e dilatação das narinas, na
ausculta notam-se sons crepitantes grossos e sibilos (RUSH, 1997; AINSWORTH E BILLER,
2000; HOFFMAN, 2003).
De acordo com Melo (2007) estas alterações podem ser sazonais, e reforça o que
Lavoie (2003) e Robinson et al. (2003) afirmaram, dizendo que os animais acometidos por
essa síndrome estão dentro de cocheiras se alimentando de feno e ração farelada. Léguillette
(2003), Tilley, Luís e Ferreira (2010) afirmam que havendo a retirada dos animais das
condições que estavam causando a síndrome irá ocorrer uma reversão dos sinais clínicos.
O diagnóstico consiste na história clínica típica e na constatação dos sinais clínicos
durante o exame físico. (THOMASSIAN, 2005).
2.3.3 Doença inflamatória das vias aéreas – DIVA
Hoffman (1999) e Léguillette (2003) descrevem que DIVA é uma enfermidade
semelhante à DPOC, porém que afeta animais mais jovens e seus sinais são mais brandos.
Silva (2009) descreve que é uma enfermidade difícil de ser descrita, mais alguns sinais
clinicos podem auxiliar; os sinais são de tosse, secreção nasal, queda na performance atlética,
recuperação lenta pós exercício. Léguillette (2003) descreve que afeta animais de dois a três
anos de idade.
22
A doença é caracterizada por inflamação do parênquima pulmonar, com isso irá
apresentar broncoespasmo e presença de muco pelo trato respiratório, levando animais a
desenvolverem um quadro clinico de tosse (SILVA, 2009).
Hoffman (1995) e Mazam (2003) afirmam que alguns animais que não desempenhem
exercícios anaeróbicos de alta performance podem apresentar a DIVA sem que sinais clínicos
sejam evidenciados ou tenham queda no desempenho e que só irão demonstrar sinais clínicos
quando são expostos a condições extremas de esforço.
Ramzam et al.(2008) afirmam que a DIVA pode ser ocasionada por causas infecciosas
(vírus e bactérias) e não infecciosas (alérgenos e partículas tóxicas), e de acordo com
Holcombe (2005) afirma que a etiologia é desconhecida e multifatorial.
O diagnóstico é baseado nos sinais clínicos, endoscopia (observar presença de muco),
citologia (presença de células inflamatórias) e bacteriologia (CHRISTLEY, RUSH, 2006;
SILVA, 2009). Viel (1997) detectou na ausculta aumento dos sons de ruídos bronquiais, e
quando realizado a ausculta com os animais respirando em sacos plásticos os animais
apresentavam sons de sibilos.
2.3.4 Pneumonia/ Broncopneumonia/ Pleuropneumonia
De acordo com Smith (1993) e Thomassian (2005) a pneumonia afeta principalmente
potros e cavalos adultos; caracterizada por uma inflamação do parênquima pulmonar que em
alguns casos pode evoluir em grau e extensão, tornando-se extensa e difusa, afetando os
brônquios (broncopneumonia) e da pleura parietal (pleuropneumonia).
Os principais agentes causadores são as infecções bacterianas, mas que também pode
ser causado por infecções fungicas, virais, ciclo pulmonar de parasitas, reações de
hipersensibilidade, traumas, neoplasias, metástases e também acidentes na passagem de sonda
nasogastrica que acarrete intubação pulmonar e por consequência uma pneumonia por
aspiração, quadro que pode ser desenvolvido no decorrer de anestesias, a presença de corpos
estranhos, exercícios esgotantes que causem adinamia, traumas e ferimentos na traquéia ou
tórax (RADOSTITS et al., 2002).
Smith (1993) descreve que os sinais característicos da pneumonia são aumento na
frequência respiratória, intolerância a exercício, corrimento nasal mucoso, muco-hemorrágico
ou mucopurulento, tosse podendo ser produtiva, febre intermitente (40 a 41 ºC) e com o
avançar do quadro diminuição do peso e anorexia. Com a extensão do quadro pulmonar
23
atingindo a pode ser observado dor intensa, relutância ao se movimentar, dor ao urinar ou
defecar.
O diagnóstico é realizado com base nos sinais clínicos e após exame físico geral e
especifico, sendo realizadas auscultação e percussão minuciosa (RADOSTITS et al., 2002).
2.3.4.1 Bacteriana
Os principais agentes patogênicos causadores de pneumonias em cavalos adultos
(associados principalmente com infecções primárias causadas por vírus) e potros (ocasionadas
por imunodeficiência) são os Streptococus zooepidemiccus, Staphylococcus aureus,
Pasteurella hemolitica, Klebsiela pneumoniae, Escherichia coli, Rhodococcus equi,
Bordetella bronchisepticus, Salmonella spp., Actinobacilus sp., Mycoplasma sp., entre outras
(THOMASSIAN, 2005).
De acordo com Radostits et al. (2002) estes agentes chegam ao trato respiratório
principalmente por meio de inalação e aspiração, como também através da via hematógena,
onde irão colonizar o parênquima pulmonar, após o sistema de defesa pulmonar ser
transpassado, podendo haver formação de abcessos únicos ou multiplos.
Durante o exame físico geral pode ser percebido odor fétido, decorrente da infecção
bacteriana e/ou necrose do parênquima pulmonar. Os sons observados a ausculta do pulmão
são de aumento dos sons ásperos e intensidade dos sons expiratórios, conforme o quadro
evolui nota-se sons crepitantes finos; e na presença de secreções, inflamações ou estenose nos
pulmões são auscultados chiados expiratórios (RADOSTITS et al., 2002).
Havendo realização de aspirado traqueal são encontrados neutrófilos degenerados com
presença de bactérias fagocitadas, material necrosado e células epiteliais danificadas. O
material aspirado deve ser encaminhado para cultura, coloração de Gram e citológico, para
que o diagnóstico etiológico seja realizado com precisão (SMITH, 1993).
2.3.4.1.1 Rodococose em potros (Rhodococcus equi)
O R. equi além de causar broncopneumonia, causa enterite e linfadenite em potros,
com idade de 1 a 5 meses e com menor frequência abcessos subcutâneos, artrites sépticas e
uveítes ( PRESCOTT, HOFFMAN, 1993; RADOSTITS et al. 2002). Takai (1997) descreve
que o R. equi é uma bactéria Gram positiva, aeróbica estrita, e que é facilmente encontrado no
24
trato gastrointestinal de potros. Existem fortes indícios que os potros se infectam devido à
baixa imunidade.
Prescott e Hoffman (1993), Takai et al.(1994) afirmam que os animais podem se
infectar através da ingestão das fezes (coprofagismo), pela ingestão de pastagens
contaminadas ou pela inalação dos microrganismos. Smith (1993) relata que as
superpopulações de equinos favorecem o aparecimento da enfermidade.
Os sinais descritos por Prescott e Hoffman (1993) são de febre (41° C), taquipnéia,
tosse, podendo ou não haver descarga nasal, e Radostits et al. (2002) descreve também que há
dificuldade respiratória e atraso no crescimento.
Smith (1993) e Radostits et al. (2002) apontam que há formação de abcessos, com isso
a utilização de ultrassonografia e radiografias são de extrema importância, pois os abcessos
irão causar poucas alterações a ausculta, que alguns casos notam-se sons crepitantes e
sibilosos; na ultrassonografia pode ser observado consolidação pulmonar e nas radiografias
torácicas são detectadas lesões nodulares e cavitárias, e com a cronicidade são observados
linfadenopatia traqueobrônquica e mediastínica cranial.
2.3.4.2 Fúngica
As pneumonias causadas por fungos ocorrem em menor frequência, mas causam
processos graves e de quadros agudos. Os principais agentes etiológicos são Aspergillus sp.,
Alternaria, Riffizopus sp., Candida spp., Cryptococcus neoformans, Histoplasma capsulatum,
Coccidioides immitis, entre outros (THOMASSIAN, 2005).
Radostits et al. (2002) afirma que fungos afetam cavalos imunossuprimidos ou
normais, instalando-se nos pulmões através da inalação de aerossóis que em sua grande
maioria estará presente na poeira da cama das baias e no feno. Os sinais são bastante
semelhantes à pneumonia do tipo bacteriana, mas o animal pode apresentar hemoptise.
O diagnóstico pode ser difícil, pois partículas fúngicas podem ser encontradas nos
aspirados ou lavados bronquioalveolares de animais saudáveis, para que seja confirmada a
pneumonia fúngica, deve ser comprovado que o fungo está contribuindo para o processo de
inflamação do parênquima pulmonar. Radiografias e ultrassonografias podem revelar um
padrão miliar onde apareceram múltiplos pontos focais na periferia dos pulmões (SMITH,
1993).
25
2.3.4.3 Virais
Vírus afetam em sua grande maioria o trato respiratório superior, o seu papel
fundamental para o desenvolvimento de pneumonias é que irão causar uma lesão inicial no
sistema de defesa do trato respiratório, facilitando a infecção por bactérias e fungos. As
pneumonias virais são causadas principalmente por influenza equi A1 e A2. (THOMASSIAN,
2005)
2.3.4.4 Parasitárias
Conhecida como verminose pulmonar, bronquite parasitária e pneumonia verminótica,
Thomassian (2005) e Boyle (2006) descrevem que os principais parasitas causadores de
pneumonias são o Parascaris equorum e Dictyocaulus arnfieldi, sendo o P. equorum o maior
causador de enfermidade gastrointestinal em potros recém-desmamados, porém, ocorre uma
fase do seu ciclo de vida no pulmão e D. arnfieldi está associado a animais mais velhos.
2.3.4.4.1 Dictiocaulose (Dictyocaulus arnfieldi)
A dictiocaulose é causada pelo nematoda Dictyocaulus arnfieldi, um parasita de
distribuição mundial, que acomete principalmente os animais mais velhos, com idade entre 5
e 8 anos e em períodos em que a temperatura ambiente é mais baixa, pois suas larvas são
muito sensíveis a temperaturas elevadas (CORREA et al., 2007).
De acordo com Urquhart et al. (2008) o D. arnfield está localizado na traquéia e nos
brônquios, em especial nos lobos diafragmáticos. D. arnfieldi é caracterizado
morfologicamente como um parasita esbranquiçado, longo e fino, apresentando tamanho
médio de 16 centimentros de comprimento, já Smith (1993) e Riet-Correa et al. (2007)
relatam que o tamanho médio é de 10 centimetros. Fortes (2004) aponta que as fêmeas são
maiores que os machos.
O D. arnfieldi é observado com maior frequência em asininos, que são portadores, mas
dificilmente apresentam algum sinal clínico, servindo para reprodução do parasita e
reservatório/meio de transmissão para equinos (BOYLE, 2006; OLIVEIRA et al., 2014).
Radostits et al. (2002) descrevem que as infecções pelo D. arnfield em asininos podem
persistir por toda a vida e em equinos acometendo em sua grande maioria os animais adultos.
26
Riet-Correa et al. (2007) aponta que os animais desenvolvem resistência a cada infecção, mas
condições de estresse, desencadeiem o surgimento dos sinais.
Smith (1993) aponta que as infecções por D. arnfield podem acometer apenas um
animal ou mais animais de uma só vez no mesmo rebanho, pois a contaminação ocorre
através da ingestão das pastagens com a presença dos ovos eclodidos do parasita.
Smith (1993) e Radostits et al. (2002) relatam que os sinais em animais adultos podem
ser imperceptíveis, e em potros apresentam sinais clínicos de tosse crônica, taquipnéia e
dispnéia, esforço ao respirar, presença de exsudato e estertores pulmonares e chiados a
auscultação. O diagnóstico é clínico associado ao exame parasitológico. No exame
parasitológico serão encontrados ovos do D. arnfield (SMITH, 1993; RADOSTITS et al.,
2002).
27
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Existem inúmeras patologias que acometem o trato respiratório inferior dos equinos de
importancia clínica, tendo algumas delas alta morbidade e moderada letalidade. Com isso, o
conhecimento sobre essas patologias é essencial para uma melhor intervenção no sentido de
curar os animais.
O diagnóstico rápido e preciso das enfermidades do trato respiratório inferior dos
equinos se faz necesário, para que haja um tratamento eficaz, tendo em vista que os animais
necessitam voltar aS suas atividades.
28
REFERÊNCIAS
AINSWORTH, D.M.; BILLER, D.S. Sistema respiratório. In: REED, S.M.; BAYLY, W. M.
Medicina interna equina. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2000.
AMARAL, C.P. Doença pulmonar obstrutiva crônica em equinos da Polícia Militar do Estado do Rio
de Janeiro. Revista Brasileira de Ciência Veterinária, v. 6, n. 2, 1999.
BACCARIN, R. Y.A. Diagnóstico e tratamento das pneumopatias de esforço. II Simpósio
Internacional do Cavalo Atleta e IV Semana do Cavalo – SIMCAV. 2005, Belo Horizonte, Anais...
Simpósio Internacional do Cavalo Atleta. Minas Gerais: Universidade Federal de Minas Gerais, 2005.
BIAVA, J. S; et al. Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício (EIPH) em cavalos da raça Quarto
de Milha de provas de tambor e baliza. Revista da Universidade Rural. v. 26, supl., p. 169, 2006.
BOYLE, A. G. Parasitic Pneumonitis and Treatment in Horses. Clinical Tecniques in Equine
Pratice, v. 5, n. 3, p. 225-232, 2006.
CASASNOVAS, A. F. ; AYUDA, T. C.; ABENIA, J. F. A Exploração clínica do Cavalo. São Paulo:
Medvet, 2014. 192 p.
CHRISTLEY, R. M.; RUSH, B. Inflammatory Airway Disease. In: Equine Respiratory Medicine
and Surgery, 2006.
COSTA, M.F.M. et al. Avaliação preliminar do grau de hemorragia pulmonar induzida por esforço
(HPIE) em animais apresentados à endoscopia por baixa performance e sua correlações com a
presença de secreções traqueais. CONFERENCIA INTERNACIONAL DE CABALLOS DE
DEPORTE – CIDADE, CONFERENCE ON EQUINE SPORTS MEDICINE AND SCIENCE –
CESMAS, 2003, Curitiba. Anais... Curitiba: Pontifícia Universidade Católica do Paraná, 2003. p.12.
COSTA, M. F. Avaliação da influência do peso do jóquei, distância percorrida, tipo de pista e
estação do ano na persistência e na severidade de Hemorragia Pulmonar Induzida por Exercício
(HPIE) e sua correlação com a colocação obtida em animais de corrida da raça Puro-Sangue
Inglês medicados com Furosemida. 2004. 121p. Dissertação (Mestrado) – Faculdade de Medicina
Veterinária e Zootecnia - Universidade Estadual Paulista - Botucatu.
COUËTIL, L. L. et al. Clinical signs, evaluation of brochoalveolar lavage fluid, and assessment of
pulmonary function in horses with inflammatory respiratory disease. In: American Journal of
Veterinary Research. v. 62, n. 4, p. 538-546, 2001..
DA NOVA, C. A. B. et al. Ocorrência da hemorragia pulmonar induzida pelo exercício(HPIE) no
Jockey Clube Brasileiro (Rio de Janeiro). Niterói, Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Ciência
Veterinária, 2000.
29
DAVIS, E.; RUSH, B.R. Equine recurrent airway obstruction: pathogenesis, diagnosis, and pacient
management. Veterinary Clinics of North America: Equine Practice. v. 18, n. 3, p. 453-467, 2002.
DOUCET, M. Y.; VIEL, L. Clinical, radiographic, endoscopic, bronchoalveolar lavage and lung
biopsy findings in horses with exercise-induced pulmonary hemorrhage. Canadian Veterinary
Journal. v. 43, n. 3, p. 195, 2002.
DYCE, K. M.; SACK. W.O.; Tratado de anatomia veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 3ª edição,
2004.
EPPINGER, M. Hemorragia pulmonar de esforço e o desempenho de eqüinos PSI (Equus
caballus) em corridas de galope no Jockey Club do Paraná. 1990. Dissertação (Mestrado) –
Universidade Federal do Paraná, Curitiba.
ERICKSON, H.H,; POOLE, D.C. Exercise-Induced Pulmonary Hemorrhage: Current Concepts.
Departament of Veterinary Anatomy, Physiology and Kinesiology, College of Veterinary Medice,
Kansas State University, Manhattan, KS, USA, 2002.
ESPINOZA, M. F. Hemorragia induzida por exercício. Medicina Veterinária Universidade de
Franca. 28 p. 2005.
FEITOSA, F. L. F.; Semiologia veterinária, A arte do diagnóstico. 1. ed São Paulo: Roca, 2004.
FORTES, E. Parasitologia Veterinária. 4. ed. São Paulo: Ícone, 2004.
GETTY, D.V.M.R.; Anatomia dos animais domésticos. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1986.
HINCHCLIFF, K. W. Counting red cells-is it na Answer to EIPH. Equine Veterinary Journal. v.
32, p. 979-984, 2000.
HOFFMAN, A. M. Small airway inflammatory disease in equids. In: Proceedings of the annual
veterinary medical forum-american college of veterinary internal medicine. 1995. p. 754-757.
HOFFMAN, A. M. Bronchoalveolar lavage technique and cytological diagnosis of small airway
inflammatory disease. Equine Veterinary Education, v. 11, n. 6, p. 330-336, 1999.
HOFFMAN, A. M. Inflammatory Airway Diseases: Definitions and Diagnosis in the Performance
Horse. In: ROBINSON, N. E. Current therapy in equine medicine, v. 5. p. p. 412-417. St Louis:
Saunders, 2003.
30
HOLCOMBE, S. J. Epidemiology of Airway Inflammation and Mucus in Horses. Proceedings of the
annual convention of the AAEP - Seattle, Washington, USA, 2005.
JUNQUEIRA, L. C.; CARNEIRO, J. Histologia básica. 6. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
1999.
KÖNIG, H. E. Anatomia dos animais domésticos: textos e atlas coloridos. Porto Alegre: Artmed,
2011.
LAVOIE, J. P. Chronic obstructive pulmonar disease. In: ROBINSON, N. E. Current therapy in
equine medicine. 4.ed. Philadelphia: W. B. Saunders, 1997.
LÉGUILLETTE, R. Recurrent airway obstruction – heaves. Veterinary Clinics of North America:
Equine Practice, v. 19, n. 1, p. 63-86, 2003.
MAZAM, M.R.; HOFFMAN, A. M. Clinical Techniques for Diagnosis of Inflammatory Airway
Disease in the Horse. Clinical Techniques in Equine Practice, v. 2, n. 3, 2003.
MELO, U.P.; FERREIRA, C.; PALHARES, M.S. Obstrução recorrente das vias aéreas em muares:
relato de três casos. Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinária e Zootecnia. v.59, n. 3, 2007.
MOORE, B.R. Lower respiratory tract disease. Veterinary Clinics of North America: Equine
Practice, v. 12, n. 3, p. 457-472, 1996.
OLIVEIRA, C.M. et al. Parasita de equinos: Dictyocaulus arnifieldi. Revistas Científicas
Eletrônicas da FAIT, ed. 3, 2014.
OTAKA, J. N. P, et al. Ocorrência de hemorragia pulmonar induzida pelo exercício em cavalos de
pólo na cidade do Rio de Janeiro/RJ. Archives of Veterinary Science. v. 19, n. 2, p. 46-51, 2014.
OSELIERO, L. R.; PIOTTO JUNIOR, S. B. Utilización de la Furosemida en Jockey Club de São
Paulo. La Espécie Eqüina , v. 4, 2003.
POPESKO, P. Atlas de anatomia topográfica dos animais domésticos. 5. ed. São Paulo: Manole,
2012.
PRESCOTT, J. F.; HOFFMAN, J. F. Rhodococcus equi. Veterinary Clinics of North America. Equine
Practice,v. 9, n. 2, p. 375-385, 1993.
RADOSTITS, O. M.; Clinica Veterinária. Um tratado de doenças de bovinos, ovinos, suínos,
caprinos e equinos. 9. ed. São Paulo: Guanabara, 2002.
31
RAMZAN, P. H. L.; PARKIN, T. D. H.; SHEPHERD, M. C. Lower respiratory tract disease in
Thoroughbred racehorses: Analysis of endoscopic data from a UK training yard. Equine veterinary
jornal, v. 40, n. 1, p. 7-13, 2008.
RIET-CORREA, F. et al. Doença de ruminantes e equídeos. 3.ed . São Paulo: Varela, 2007.
ROBINSON, N. E. et al. The pathogenesis of chronic obstructive pulmonary disease of horses. British
Veterinary Journal, v. 152, n. 3, p. 283-306, 1996.
SCHUCH, A. Patogenia, diagnóstico e tratamento da doença pulmonar obstrutiva crônica
(obstrução recorrente das vias aéreas) em equinos: relato de caso. Universidade de Santo Amaro.
São Paulo, 2005
SILVA, J. P. B. L. Doença Inflamatória das Vias Respiratórias Inferiores em Cavalos. 2009. 81 p.
Dissertação (Mestrado) - Universidade de Trás-Os-Montes e Alto Douro, Vila Real, Portugal, 2009.
SMITH, B. P. Tratado de medicina interna de grandes animais. São Paulo: Manole, 1993.
SPEIRS, V. C. Exame clínico de equinos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1999.
SCHWARZE, E.; SCHRÖDER, L. Compendio de anatomia veterinaria. Zaragoza: Acribia, v. 4.
1970. 208p.
TAKAI, T. et al. Effect of growth temperature on maintenance of virulent Rhodococcus equi.
Veterinary Microbiology, v. 39, n. 1/2, 1994.
TAKAI, S. Epidemiology of Rhodococcus equi infections: a review. Veterinary Microbiology, v.56,
n.3/4, p.167-176, 1997.
THOMASSIAN, A. Enfermidades dos equinos. 4. ed. São Paulo: Varela, 2005.
TILLEY, P., LUÍS, J. P. S., FERREIRA, M. B. Testes cutâneos por picada (TCP) na obstrução
recorrente das vias aéreas (ORVA) equina. Revista Portuguesa Imunoalergologia. v. 18 n. 6, p. 561-
584, 2010.
URQUHART, G. M. et al. Parasitologia Veterinária. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2008.
VIEL, L. Small airway disease as a vanguard for chronic obstructive pulmonary disease. The
veterinary Clinics of North America Equine Practice, v. 13, n. 3, p. 549-560, 1997.