AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS DE PRÁTICAS NÃO CONVENCIONAIS ATENDIDOS NO HOSPITAL DE MEDICINA ALTERNATIVA,
GOIÂNIA/GO.
Júlia Martins Ulhôa
RESUMO
O objetivo do presente trabalho foi avaliar o nível de satisfação de pacientes que utilizam as Práticas Não convencionais oferecidas pelo Hospital de Medicina Alternativa com o intuito de demonstrar a eficácia das mesmas. O Hospital fica em Goiânia, Goiás e atende a pacientes do Sistema Único de Saúde utilizando Práticas Não convencionais. As atividades desenvolvidas nesse hospital ultrapassam as barreiras do Estado de Goiás sendo uma referência nacional. O levantamento do perfil e nível de satisfação dos pacientes foi realizado através da aplicação de questionário. Trata-se de um estudo transversal, descritivo, de campo, com abordagem quantitativa e qualitativa. Foram entrevistados 136 pacientes. Os resultados apresentaram que 55,1% dos pacientes entrevistados cursaram o ensino médio completo e dentre esses, 15,4% possuem o ensino superior completo; 25,7% possuem renda de até um salário mínimo (R$380,00) e 20,6% ganham acima de quatro salários mínimos (R$1500,00); 96,3% são não fumantes, 82,4% não bebem e 52,2% praticam atividade física. A homeopatia foi a prática mais utilizada (41,1%); constatou-se que 31% dos pacientes entrevistados procuram pelo atendimento por estarem buscando alternativas depois de um tratamento convencional sem resultado satisfatório. Dos entrevistados, 93,4% relataram se sentir melhor após o início do tratamento no Hospital, refletindo um nível de satisfação de 95,6% quanto à eficácia do tratamento e mais de 96% quanto ao atendimento médico, dados que provam a eficácia das Práticas da Medicina não convencional. Assim, temos um exemplo real que comprova as expectativas teóricas da possibilidade de um tratamento mais humano e eficaz.
PALAVRAS-CHAVE: Medicina Não Convencional, Eficácia, Terapias Integrativas e
Complementares.
EVALUATION OF THE SATISFACTION’S LEVEL OF THE USERS OF NON CONVENTIONAL PRACTICES IN THE ALTERNATIVE MEDICINE HOSPITAL,
GOIÂNIA/GO.
ABSTRACT
The aim of this work was to evaluate the level of satisfaction of pacients who use the Non Conventional Practices offered by the Alternative Medicine Hospital with the objective to show their effectiveness. The Hospital is located in Goiânia, Goiás and serves the Unique System of Health‟s patients using Non Conventional Practices. The activities developed in this Hospital exceed the barriers of the Estate of Goiás being a national reference. The survey of the patients‟ profile and satisfaction level was realized through a questionnaire applying. This work is about a transversal, describing, field study with quantity and qualifying approach. 136 patients were interviewed. The results presented that 55,1% of patients interviewed did the full High School degree and among these, 15,4% have the full College degree; 25,7% has an income of until a minimum salary (R$380,00) and 20,6% earn more than 4 minimum salaries (R$1500,00); 96,3% are nonsmokers, 82,4% don‟t drink and 52,5% practice physical activities. The homeopathy was the most used practice (41,1%); it was established that 31% of interviewed patients look for the service due to looking for alternatives after conventional treatments without satisfactory results. 93,4%of
the interviewed people related that felt better after the beginning of the treatment in the Hospital reflexiting a level of satisfaction of 95,6% according to the effectiviness of the treatment and more 96% in relation to medical service, data that prove the effectiveness of the practices of Non Conventional Medicine. Therefore, we have a real example that proves the theoretical expectations of the possibility of a more human and effective treatment. Key words: Non Conventional Medicine, Effectiveness, Complementary and Integrative Therapies.
1 INTRODUÇÃO
A medicina homeopática, a medicina chinesa e a ayurvédica são
medicinas que constituem modelos médicos próprios, tanto em relação ao seu corpo
teórico como à sua metodologia prática o que lhes permite abordar o homem na sua
totalidade. Há também as práticas médicas como, por exemplo, a fitoterapia, as
abordagens psicoterapêuticas e as terapias de manipulação, que apesar de não
constituírem uma medicina completa mostram-se eficazes na cura de determinadas
patologias (BELLAVITE, 2002).
Esses sistemas terapêuticos diferentes do vigente ou reconhecido como
“oficial” (o que é um erro, pois esse termo se refere a uma “medicina de Estado”), são
considerados como medicinas e práticas alternativas, dentre outros fatores, por serem
frequentemente praticadas em substituição ou em oposição à medicina convencional; por
serem procuradas quando os tratamentos convencionais falham; por serem geralmente
originadas de culturas diferentes da racionalidade científica ocidental; não fazerem parte
das principais instituições (universidades, serviços sanitários nacionais conselhos
nacionais de pesquisa) (BELLAVITE, 2002).
As práticas não convencionais são alvo de preconceito científico e sem
uma análise mais profunda, acabam não podendo fornecer toda a gama de recursos
sanitários que seu potencial permite (BELLAVITE, 2002). Porém, há sinais de uma
aceitação progressiva por parte das instituições oficiais e da comunidade científica.
Diversos trabalhos sobre medicinas não convencionais vêm sendo publicados em
revistas científicas internacionais, além de novas revistas que se interessam por esse
campo e banco de dados internacionais (BARNES et al., 1999, apud BELLAVITE, 2002) .
O enfoque holístico à saúde faz com que as práticas médicas não
convencionais sejam atrativas para muitos, dentre suas características positivas incluem-
se: diversidade e flexibilidade, acessibilidade em muitas partes do mundo, ampla
aceitação em muitas populações de países em desenvolvimento, aumento da
popularidade em países desenvolvidos, um custo comparativo relativamente baixo e uma
crescente importância econômica. Porém apresenta também desafios para seu
desenvolvimento que devem ser superados: diferentes graus de reconhecimento pelos
governos, falta de evidência científica em relação à eficácia de muitas de suas terapias,
dificuldades de proteção dos conhecimentos indígenas de Medicina Tradicional e o
problema de assegurar seu uso correto devido as práticas serem desenvolvidas dentro
de distintos contextos culturais, em diferentes regiões e o praticante poder ter uma
história cultural e filosófica que difere radicalmente da originária da terapia, o que pode
provocar problemas de interpretação e, consequentemente, de aplicação (OMS, 2002).
Por isso faz-se necessário regulamentar tais práticas, a fim de uniformizá-
las e oficializá-las, para que se tornem cada vez mais acessíveis, seguras e eficazes.
Desde o final da década de 70, com a criação do Programa de Medicina
Tradicional que objetivava a formulação de políticas na área, a Organização Mundial de
Saúde (OMS) vêm incentivando a formulação e implementação de políticas públicas para
o uso adequado das PNC nos sistemas de saúde dos seus Estados Membros e estudos
científicos para melhor conhecimento da eficácia e segurança dessas práticas,
otimizando seu papel na redução dos índices de mortalidade e morbidade. Na Estratégia
sobre Medicina Tradicional 2002-2005, a OMS define seu papel em relação às PNC e
desenvolve estratégias ideais para tratar os temas associados à política, segurança,
eficácia, qualidade, acesso e uso racional das PNC (OMS, 2002).
No Brasil, o desenvolvimento da Política Nacional de Práticas Integrativas
e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde (SUS), envolve justificativas de
natureza política, técnica, econômica, social e cultural, atendendo às necessidades de se
aprimorar as PNC já desenvolvidas na rede pública de muitos Estados e municípios,
principalmente a Acupuntura, a Homeopatia, a Fitoterapia, a Medicina Antroposófica e a
Crenoterapia, além de implementá-las nos serviços públicos de saúde que ainda não
oferecem tais práticas, disponibilizando opções de prevenção e tratamento aos usuários
do SUS e, consequentemente, aumentando o acesso e a melhoria de seus serviços. A
PNPIC já é resultado do incentivo da OMS em favor do uso das PNC nos sistemas de
saúde juntamente com a medicina convencional (BRASIL, 2006).
Um movimento de legitimação das PNC de medicina no SUS e sua oferta
à população na rede básica é uma estratégia promissora de enriquecimento e ampliação
do coeficiente de integralidade nas práticas do SUS (TESSER E LUZ, 2000), ampliando
as opções de tratamento, democratizando a medicina e possibilitando que as pessoas
sejam mais bem cuidadas.
Em Goiânia, Goiás, o Hospital de Medicina Alternativa (HMA) possui
médicos especialistas em homeopatia, acupuntura e fitoterapia Ayurvédica, que atendem
através do Sistema Único de Saúde (SUS) a população de Goiânia e região
metropolitana.
O HMA trabalha há 20 anos (desde 1988) com a saúde integral dos
pacientes, oferecendo atendimento holístico, com prevenção da saúde e palestras
educativas. A unidade de saúde é uma referência no estado de Goiás e no Brasil, pois
promove maior qualidade de vida à população com o tratamento das pessoas enfermas,
contribuindo para a recuperação da saúde através das PNC oferecidas.
O presente trabalho teve como objetivo avaliar o nível de
satisfação de pacientes que utilizam as práticas não convencionais oferecidas pelo HMA,
com o intuito de demonstrar a eficácia das mesmas.
2 METODOLOGIA
O levantamento do perfil e nível de satisfação dos pacientes que fazem
uso das PNC oferecidas pelo HMA em Goiânia – GO, foi realizado através da aplicação
de questionário aos pacientes no próprio Hospital, enquanto aguardavam a consulta. O
projeto foi submetido ao Comitê de Ética do Conselho de Ensino e Pesquisa da
Universidade Federal de Goiás (CoEP/ UFG) e aprovado. Trata-se de um estudo
transversal, descritivo, de campo, com abordagem quantitativa e qualitativa.
Foram entrevistados 136 pacientes em cinco dias diferentes 16, 17, 18, 22
e 23 de abril de 2008, resultando numa média de aproximadamente 27 pacientes por dia.
Os pacientes foram selecionados de maneira aleatória e a população
estudada foi composta por pessoas de ambos os sexos, independente de faixa etária,
cor, classe ou grupo social. Os grupos vulneráveis incluídos na pesquisa, constituído por
pessoas menores de 18 anos e idosos analfabetos ou incapacitados, tiveram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) assinado por seus responsáveis.
Foram excluídos do estudo os pacientes que não quiserem participar da
pesquisa, os que estavam consultando no HMA pela primeira vez e os demais grupos
vulneráveis e legalmente incapazes, como portadores de perturbação mental ou doença
mental e indivíduos em substancial diminuição em sua capacidade de consentimento.
Os dados obtidos foram inseridos e analisados no programa EPI INFO vs.
3.4.3., no Microsoft Office Excel 2003 e Microsoft Office World 2003.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1 Dados dos pacientes
Dos 136 pacientes atendidos pelo HMA que participaram do estudo a
maioria é mulher. A média de idade dos usuários foi de 41 anos. 56,6% dos pacientes
estavam na faixa etária entre 31 a 60 anos e 22,1% estavam acima de 60 anos (Tabela
1).
Tabela 1: Distribuição dos usuários do HMA selecionados para o estudo em função do
sexo e faixa etária – Goiânia (GO), Abril de 2008.
GRUPOS ETÁRIOS (em
anos)
SEXO E NÚMERO TOTAL
Feminino Masculino
Absoluto
%
Absoluto % Absoluto %
< 20 7 5,1 3 2,2 10 7,4
20├┤30 14 10,3 5 3,7 19 14
30 ┤ 40 22 16,2 4 2,9 26 19,1
40 ┤ 50 21 15,4 4 2,9 25 18,4
50 ┤ 60 23 16,9 3 2,2 26 19,1
60 ┤65 10 7,4 3 2,2 13 9,6
> 65 13 9,6 4 2,9 17 12,5
Total 110 80,9 26 19,1 136 100
Em um estudo realizado por Silva (2003) sobre a utilização de fitoterápicos
nas unidades de atenção a saúde da família em Maracanaú (CE) observou-se que 85,4%
da população estudada eram do sexo feminino, ou seja, as mulheres buscam
atendimento médico com maior frequência do que os homens. Campello (2001) diz não
apresentar nada de extraordinário esse fato, tendo em vista o universo do serviço público
de saúde, onde predominam pacientes do sexo feminino o que pode estar relacionado às
concepções socioculturais que impõem ao homem não ser facultado a definir-se como
doente, o que os leva a dedicar menos tempo com o cuidado de sua saúde e a postergar
sua ida ao médico quando doente, ao contrário das mulheres que são ditas mais frágeis e
mais sensíveis às doenças (CANESQUI, 1992 apud SILVA, 2003).
Há uma relação entre o aumento da idade e a busca de terapias não
convencionais, primeiro porque com o passar dos anos os problemas de saúde começam
aparecer e consequentemente a busca por tratamento. Segundo, devido ao fato de o uso
das plantas medicinais ser parte da herança cultural da humanidade e, portanto, uma
prática bem difundida e aceita pelos pacientes mais velhos, demonstrado também por
estudos realizados por Sanfélix (2001) e Amorim (1999) apud Silva (2003). Observa-se
também, que em faixas etárias maiores que 40 anos, as pessoas são mais resistentes a
mudanças, tendendo à preservação dos seus costumes e crenças quanto à eficiência das
PNC que utilizam e por isso as utilizam em maiores proporções (SILVA, 2003).
O maior índice de pessoas entrevistadas mora em Goiânia (60,3%),
seguida de Aparecida de Goiânia (27,9%), devido o Hospital estar situado em Goiânia e
próximo à cidade de Aparecida de Goiânia. 11,8% moram em outras cidades. Apenas
dois pacientes entrevistados moram fora do estado de Goiás, um em Nova Xavantina –
Mato Grosso e outro em Riacho Fundo II – Distrito Federal (Gráfico 1 e 2).
7,4%
1,5%
2,9%
60,3%
27,9%
Goiânia
Aparecida de Goiânia
Porangatu
Anápolis
Outras Gráfico 1 – Distribuição dos pacientes por cidade onde residem.
1,5%
98,5%
Goiás
Outros
Gráfico 2 – Distribuição dos pacientes por Estado onde moram.
Para motivar o deslocamento das pessoas que moram distante do
Hospital, em outras cidades e até em outros estados, supõe-se que o tratamento seja
satisfatório e/ou desperte confiança em sua eficácia. A falta de alternativas terapêuticas
nessas localidades também pode ser um fator contribuinte para essa motivação.
Dos pacientes entrevistados, observou-se que uma grande quantidade de
pessoas escolarizadas e até com formação superior frequentam o hospital (Gráfico 4).
6,6%
13,2% 13,2%11,8%
27,9%
11,8%
15,4%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
Nº de pacientes
Grau de escolaridade
Série1 9 18 18 16 38 16 21
nenhuma
escolarida
de
1ª a 4ª
série
5ª a 8ª
série
M édio
incomplet
o
M édio
completo
Superior
incomplet
o
Superior
completo
Gráfico 4 – Distribuição dos pacientes entrevistados quanto ao Grau de Escolaridade.
De acordo com Costa e Fachinni (1997) apud Silva (2003), o maior uso do
sistema público é realizado pela população com menor nível de escolaridade. No entanto,
os dados desmistificam essa ideia, uma vez que o segundo maior índice dessa categoria
são de pacientes que possuem ensino superior completo e 55,1%, mais da metade das
pessoas, cursaram o ensino médio completo. O que pode justificar esse fato é que
provavelmente pessoas com maior nível de escolaridade estão mais abertas ao uso dos
PNC.
Foi observado que os pacientes que possuem ensino superior completo,
apesar de terem as maiores rendas entre a população estudada, optaram por buscar
um hospital público para se tratar, fato esse que demonstra o interesse crescente da
clientela de classe média pelas PNC oferecidas por serviços públicos, fato observado
também por Campello (2001).
Os pacientes com renda de até um salário mínimo (R$380,00) são em
maior número (25,7%), porém, os que ganham acima de R$1500,00 ou quatro salários
mínimos (20,6%) estão presentes também em grande número (Gráfico 5).
25,7%
13,2% 14% 14%12,5%%
20,6%
0
5
10
15
20
25
30
35
Nº
de p
acie
nte
s
até
R$380,00
entre
R$381,00
R$600,00
entre
R$601,00
R$900,00
entre
R$901,00
R$1200,00
entre
R$1201,00
R$1500,00
mais de
R$1500,00
Renda Familiar
Mensal
Gráfico 5 – Distribuição dos pacientes quanto à Renda Familiar Mensal.
Esses dados reforçam a suposição de que, não são apenas pessoas de
baixa renda que procuram PNC como forma de tratamento, o segundo maior índice é de
pessoas com renda acima de quatro salários mínimos.
Os clientes do HMA são provenientes, em sua maioria, das classes
popular e média. Percebe-se significativo aumento de pacientes de classe média nos
ambulatórios de serviço público que antes frequentavam os consultórios particulares,
mas que, segundo Campello (2001), vêm tendo dificuldades em pagar as consultas,
cada vez mais onerosas para essa faixa da população. Isto reflete, em parte, as
dificuldades econômico-sociais, pelas quais vêm passando. Por outro lado, a procura
do HMA também por pessoas de alta escolaridade e classe média, demonstra a
qualidade e eficácia dos seus serviços e por ser o único hospital de Goiânia e região
que oferece terapias não convencionais e gratuitamente.
Os dados de escolaridade versus renda familiar mensal estão de acordo
com Costa e Fachinni (1997) apud Silva (2003) que dizem que o nível de escolaridade
está relacionado com o nível econômico das pessoas que participam da pesquisa.
Dos entrevistados, 45,6% dos pacientes (n=62) frequentam o Hospital a
mais de três anos, demonstrando a aceitação e confiança no tratamento pelos mesmos.
A maioria frequenta a mais de 9 meses (Gráfico 6).
11%7,4%
11,8% 11,8% 12,5%
45,6%
0
10
20
30
40
50
60
70
nº de pacientes
Tempo
Série1 15 10 16 16 17 62
até 6
meses
de 6
meses a 9
de 9
meses a 1
de 1 ano a
2 anos
de 2 anos
a 3 anos
mais de 3
anos
Gráfico 6 – Distribuição dos entrevistados quanto ao tempo que freqüentam o HMA.
Apenas 3% dos pacientes tinham ido ao Hospital uma vez no último ano, os
outros se distribuem entre duas, três e quatro vezes de forma semelhante devido o tempo de retorno ao médico. No HMA o retorno se dá mais frequentemente de seis em seis meses, quatro em quatro ou três em três meses. Os pacientes que foram mais de sete vezes somam 14,8%, sendo que 7,4% foram de vinte a cinquenta vezes (Gráfico 7).
Gráfico 7 – Distribuição das respostas dos usuários em relação à
pergunta: “nos últimos 12 meses, quantas vezes utilizou os serviços do HMA”?
Os pacientes que foram mais de sete vezes ao HMA são os que utilizam
tratamento com acupuntura que exige do paciente frequência de uma, duas ou três vezes
por semana.
No caso da fitoterapia e da homeopatia o retorno em média de 6 em 6
meses, permite ao médico acompanhar a evolução do paciente mais de perto, podendo
averiguar as melhoras ou se for o caso mudar de medicamento na busca por uma terapia
ideal ou, ainda, suspender a medicação. O convívio frequente entre médico e paciente
3%
24,4% 21,5% 23%
5,2% 8,1% 7,4% 7,4%
0 5
10 15 20 25 30 35
Nº de pacientes
1 2 3 4 5 6 de 7 a 15 de 20 a
50 Nº de v ezes
aumenta gradativamente a intimidade e o nível de confiança entre eles, o que contribui
para o bom desenvolvimento do tratamento. Esses fatos são também observados por
Campello (2001).
3.2 A saúde dos pacientes
Em relação aos hábitos de vida dos pacientes, a minoria fuma (Gráfico 8)
ou ingere bebida alcoólica (Gráfico 9). Uma pequena maioria pratica atividade física
(Gráfico 10).
3,7%
96,3%
Fumantes
Não-Fumantes
Gráfico 8 – Distribuição dos pacientes quanto ao hábito de fumar.
0,7%
82,4%
16,9%
Bebem
Não-bebem
Não mencionado
Gráfico 9 – Distribuição dos pacientes quanto ao hábito de beber.
52,2%47,8%
Praticam
Não-Praticam
Gráfico 10 – Distribuição dos pacientes quanto ao hábito de praticar atividade física.
Esses dados sugerem que as pessoas que procuram tratamentos não
convencionais são mais conscientes quanto aos prejuízos do cigarro e da bebida
alcoólica, visto que uma minoria faz uso dessas substâncias.
Quanto à prática de exercícios, os entrevistados ficaram divididos quase
que igualmente entre os que praticam e os que não praticam. Uma maior porcentagem
dos que praticam pode sugerir juntamente com os dados citados acima que os pacientes
que frequentam o HMA possuem hábitos de vida mais salutares.
A Homeopatia se apresentou como o serviço mais utilizado entre os
pacientes que participarem do estudo (41,1%), seguido da Fitoterapia (40,6%) e da
Acupuntura (13,9%), como podemos visualizar no (Gráfico 11).
4,4%13,9%
40,6%
41,1%
Homeopatia
Fitoterapia
Acupuntura
Nutrição
Gráfico 11 – Distribuição dos pacientes quanto ao uso dos serviços oferecidos pelo HMA.
Uma boa parte dos entrevistados não sabia responder qual o tipo de
serviço que utilizavam, confundindo bastante a fitoterapia com a homeopatia. Dúvida
sanada quando perguntava-se aos mesmos a forma de apresentação do medicamento
que estavam usando, se era em pó, se havia combinação de plantas, se era líquido e
tomado em dose única, enfim ou o nome do médico que os atendia. Induzindo-nos a
pensar que os pacientes não estão bem informados e esclarecidos quanto ao tipo e
forma do tratamento.
O fato de a Homeopatia ter obtido o maior percentual de utilização é
motivado pelo fechamento do laboratório de manipulação de fitoterápicos que tem no
Hospital. Algumas das plantas medicinais utilizadas no serviço são cultivadas no Horto
Medicinal da unidade e não são encontradas nas farmácias de manipulação de Goiânia,
pois não são validadas cientificamente. Os medicamentos prescritos eram manipulados
na farmácia e disponibilizados de forma gratuita para os pacientes (GOIÁS, sd).
Interditada desde 2006, 80% dos medicamentos produzidos na farmácia de fitoterapia,
provinham de matérias-primas do próprio horto da unidade. Com a farmácia de
fitoterápicos interditada, muitos pacientes ficam sem o medicamento por não terem
condições de comprá-lo, o que pode ter refletido na preferência em buscar
A associação de práticas terapêuticas também foi observada: 15 dos
entrevistados utilizam homeopatia e fitoterapia, ou já utilizaram um e agora fazem uso do
outro; 10 utilizam a homeopatia junto com a acupuntura e 14 a fitoterapia com a
acupuntura. Para realizar o tratamento com acupuntura, os pacientes têm de ser
encaminhados pelos médicos homeopatas ou fitoterapeutas que os acompanham no
HMA, sendo esse um dos motivos pelos quais o número de pacientes que utilizam a
acupuntura é menor. Além de o mesmo paciente ser atendido de duas a três vezes por
semana e o número de médicos acupunturistas e a estrutura física da sala de acupuntura
não comportar um número muito grande de pacientes.
Os sintomas mais freqüentes nos pacientes que procuram o Hospital são
gastrite, depressão e alergia, seguidos de problemas na coluna e bronquite de um total
de aproximadamente 67 sintomas citados; devido a esse elevado número de sintomas a
Tabela 2 os apresenta agrupados por sistemas. 10% dos pacientes buscaram o HMA
visando a prevenção, para aumentar a imunidade, para melhorar a vitalidade, entre
outros motivos; um entrevistado disse tratar-se com homeopatia desde bebê.
Tabela 2: Distribuição dos pacientes quanto ao grupo de sintomas que os fizeram
procurar o HMA.
Sintomas relacionados à/ao
Nº de pacientes (%)
Sistema musculoesquelético
26 10,2
Doenças reumáticas 33 13,0
Doenças dermatológicas 5 2,0
Sistema cardiovascular 21 8,3
Sistema digestivo 30 11,8
Sistema hormonal 7 2,8
SNC 67 26,4
Sistema respiratório 22 8,7
Sistema renal 6 2,4
Outros 37 14,6
Total 254 100
Nota: um paciente pode ter citado mais de um sintoma, por isso a somatória ficou acima de 136 .
Estes dados referentes aos sintomas estão de acordo aos citados por
Campello (2001), onde aponta que os pacientes que buscam os serviços de homeopatia
da rede pública do município do Rio de Janeiro, a maioria sofre de patologias que se
manifestam e/ou progridem há bastante tempo, quer por seu caráter de cronicidade, quer
por seu caráter de raridade e difícil resolução.
Dos participantes da pesquisa 90,4% fazem uso de medicamento
prescrito pelos médicos do HMA (Gráfico 12). Os que não estão utilizando ou foram
curados, ou estão de alta do uso do medicamento.
0,7%8,8%
90,4% Sim
Não
Não Mencionado
Gráfico 12 – Se os pacientes estão usando medicamento prescrito pelo médico do HMA.
De acordo com o Gráfico 13, dos medicamentos utilizados o tipo mais
frequente é o homeopático (53,5%), seguido do fitoterápico (46,5%), o que condiz com os
dados dos serviços mais utilizados. Aproximadamente 6% utilizam medicamento
homeopático e fitoterápico concomitantemente. Nenhum entrevistado mencionou a
prescrição de medicamento convencional, floral ou outros pelos médicos do HMA.
0%0%0%
46,5%
53,5%
Homeopático Fitoterápico Floral Alopático Outros
Gráfico 13 – Tipos de medicamentos prescritos pelos médicos do HMA utilizados pelo
pacientes.
A maioria dos pacientes, 66,9%, notou uma melhora significativa após o
início do uso do medicamento, 14% disseram ter sido curado (Gráfico 14).
2,2%
13,2%
66,9%
14%
0,7% 2,9%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Nº de pacientes
Melhora
Série1 3 18 91 19 1 4
Não houve
melhora
Pouca
melhora
Melhora
Significati
va
Houve
cura
Não
observei
Não
menciona
do
Gráfico 14 - Nível de melhora dos pacientes após o início do uso do medicamento.
Como alguns dos pacientes apresentam múltiplos problemas de saúde, na
hora de responderem ao questionário quanto ao nível de melhora, os dados podem não
ter sido tão fidedignos, uma vez que pode ter havido cura de um sintoma e uma melhora
significativa de outro; ou pouca melhora de outro. Mesmo assim, podemos observar com
esses dados a eficácia dos medicamentos homeopáticos e fitoterápicos.
Quando comparado o nível de melhora dos pacientes com o tipo de
medicamento que utilizam, se homeopático ou fitoterápico, a distribuição dos pacientes
entre as opções de nível de melhora foram similares, não havendo destaque de uma
terapêutica sobre a outra quanto aos benefícios aos sujeitos da pesquisa.
3.3 A satisfação dos pacientes
Quando questionados quanto ao porquê da opção de escolher o HMA para
se tratar, 70 pacientes responderam ter optado pelos serviços do HMA depois da
indicação de parentes ou amigos; 63 optaram porque estão buscando alternativas depois
de um tratamento convencional sem resultado satisfatório; 36 por acreditar no método de
tratamento; ressaltando que o mesmo paciente pode ter declarado mais de um motivo
(Tabela 3).
Tabela 3 - Motivos pelos quais os pacientes optaram pelos serviços do HMA
Motivos pelos quais os pacientes optaram pelos serviços do HMA
Nº de pacientes
(%)
Indicação de parentes/amigos 70 34,5
Orientação médica 10 4,9
Localização/ facilidade de acesso 8 3,9
Por ser gratuito 11 5,4
Por acreditar no método de tratamento 36 17,7
Pela atenção no atendimento 5 2,5
Por estar buscando alternativas depois de um tratamento convencional sem resultado satisfatório
63 31
Total 203 100
Nota: O paciente pode ter escolhido mais de uma opção
O grande número de sujeitos que buscam o hospital por indicação de
pessoas próximas, mostra o grau de satisfação dos pacientes que recomendam o
Hospital e as PNC. O elevado nível de busca por alternativas terapêuticas revela a
insatisfação dos pacientes após tentativas frustradas junto às práticas convencionais de
medicina. Este fato é muito marcante no discurso dos pacientes: sua história terapêutica
“alopática” é caracterizada por uma diversidade de descontentamentos, frustrações,
incômodos (CAMPELLO, 2001).
Dos pacientes que participaram da pesquisa, 97,8% confiam nos serviços
de que usufruem, nenhum entrevistado respondeu que não confia (Gráfico 16).
97,8%
2,2%
0
20
40
60
80
100
120
140
Série1 133 3
Sim Em parte Não
Gráfico 16 – Distribuição das respostas dos pacientes em relação à pergunta: “confia na
eficácia do serviço de que usufrui”?
Dos entrevistados, 93,4% obtiveram melhora das morbidades que
apresentavam (Gráfico 17).
29,4%
64%
2,9%0,0%
2,9%0,8%
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Série1 40 87 4 0 4 1
MelhorBem
melhor
Igual
antesPior
Não sei
dizeroutros
Gráfico 17 – Como os pacientes se sentem após o início do tratamento.
O elevado número de pacientes que confiam no tratamento está
intimamente relacionado aos resultados positivos e eficientes observados no depoimento
da maioria dos entrevistados. Ou seja, essa cofiança é proveniente da vivência e da
observação das melhoras pessoais. É importante salientar que nenhum paciente nesse
estudo se sentiu pior ou não confia no tratamento, esse dado revela que os
medicamentos adotados além de eficazes não apresentam, ou apresentam poucas,
reações adversas.
Quanto ao tratamento médico, 96,3% acharam o tratamento bom. Ninguém
achou o tratamento ruim (Gráfico 18). Esses dados são relevantes uma vez que a
satisfação do paciente em relação ao médico facilita a adesão ao tratamento por
proporcionar um ambiente de confiança e entrega.
96,3%
2,9% 0,7%0
20
40
60
80
100
120
140
Série1 131 4 1
Bom Regular RuimNão
Mencionado
Gráfico 18 – O que os pacientes acham do tratamento médico do HMA.
Algumas declarações quanto ao porquê da satisfação com o atendimento
médico:
“A médica é competente, atenciosa e o remédio deu resultado”.
(Identificação (Id) nº 2)
“O médico é humano, atencioso.” (Id nº3)
“O médico investigou todas as minhas características”. (Id nº11)
“Trata como um todo”. (Id nº15)
“Investiga a vida do paciente e o medicamento é dose única”. (Id nº20)
“Dá liberdade de expôr, escuta. Passa confiança”. (Id nº44)
“O médico se preocupa com o paciente, investiga a doença e aconselha”.
(Id nº78)
“O médico é atencioso e acertou o medicamento”. (Id nº107)
“Deixa o paciente falar o que está sentindo, não receita logo de cara” (Id
nº118)
“Atencioso, carinhoso, procura a cura pro paciente, melhor que particular,
dão amor”. (Id nº120)
“O médico é atencioso e faz perguntas que outros médicos
não fazem, não importa com o tempo, quer saber da sua história.” (Id nº122)
“O atendimento é diferente, personalizado, mais tempo de consulta, sem
pressão.” (Id nº128)
Dentre os fatores positivos mais citados em relação às consultas está a
atenção dos médicos. Segundo Campello (2001), a valorização do médico atencioso está
intimamente ligada à investigação mais aprofundada de aspectos subjetivos da vida do
paciente (como seus medos, angústias, aflições, sensibilidades, maneira individual de
sofrer) e não somente ao aspecto da gentileza e da amabilidade do médico. A postura do
médico perante seu paciente, ouvindo, permitindo que ele fale de si, perguntando não
apenas sobre seus sintomas físicos, mas também sobre suas angústias, seus medos,
etc., é percebida por seus clientes como um sincero interesse por seu paciente, pelo
restabelecimento de sua saúde e não somente pelo diagnóstico de uma patologia.
Na maioria dos ambulatórios dos serviços públicos de saúde, a ênfase se
dá no diagnóstico de uma doença, em detrimento da valorização dos sofrimentos, das
dúvidas, das aflições do paciente, não havendo espaço para o sujeito doente falar, se
sentir acolhido realmente. Os médicos que praticam a biomedicina não são,
necessariamente, indiferentes ao sujeito-paciente, que têm diante de si. Acontece que
não dispõem de tempo (principalmente nos ambulatórios de serviço público), nem de
preparo, para lidar com as queixas que não tenham um substrato anátomo-patológico
(mesmo que microscópico, genético) identificado (CAMPELLO, 2001).
Como foi observado no presente estudo, as PNC estudadas lidam de uma
forma melhor com essa questão do atendimento médico, uma vez que seu conceito de
saúde/doença é mais amplo – a doença desenvolve-se inicialmente no interior do
organismo e têm influência emocional, mental e espiritual de quem é acometido por ela.
Para auxiliar o paciente, então, o médico tem de ter um conhecimento global de seu
cliente, estimulando seu relato e investigando os fatores desencadeantes de seus
sentimentos, suas vulnerabilidades sendo interpretado por esse como uma atenção
especial, um sentimento de estar sendo verdadeiramente cuidado. Essa postura dos
médicos das PNC, mostra-se diferente da biomedicina que adota, numa postura derivada
do positivismo, uma divisão rígida entre sujeito e objeto, em que quanto maior a distância
emocional do paciente, maior a objetividade (QUEIROZ, 2000).
A maioria das pessoas (87,5%) ficou na consulta entre 11 a 45 minutos
(Gráfico 19). Dos sujeitos que disseram ficar na consulta de 11 a 20 minutos, 37 gostam
do tratamento médico considerando-o bom. Isso indica que não é apenas o tempo de
consulta que importa, uma vez que esse tempo é relativamente curto, mas sim a atenção
e interesse do médico em auxiliar o indivíduo.
1,5%
28,7%
31,6%
27,2%
5,9%3,7%
1,5%
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
Nº de pacientes
Tempo
Série1 2 39 43 37 8 5 2
até 10
min
de 11 a
20 min
de 21 a
30 min
de 31 a
45 min
de 46 a
60 min
mais de
1 hora
não
mencio
Gráfico 19 – Distribuição dos pacientes quanto ao tempo que ficaram na consulta.
Alguns entrevistados relataram que a primeira consulta com o médico
geralmente é mais demorada, durando cerca de uma hora; os retornos normalmente
duram menos tempo, de 15 a 45 minutos devido o médico já conhecer bem o paciente,
tendo de tomar nota apenas dos novos dados percebidos ou novos acontecimentos.
O nível de satisfação dos entrevistados em relação às PNC que utilizam no
Hospital é maior que 95% (Gráfico 20).
95,6%
3,7% 0,7%0
20
40
60
80
100
120
140
Série1 130 5 1
Sim Em parte Não Não mencionado
Gráfico 20 – Satisfação dos pacientes quanto ao método terapêutico de que usufruem.
O nível de satisfação entre as terapêuticas utilizadas é homogêneo, sem
destaques. Dos que tratam com Acupuntura todos estão satisfeitos, dos que tratam com
homeopatia quatro estão „em parte‟ e com fitoterapia dois.
Quando questionados do porquê de estarem satisfeitos, os pacientes
falavam da evolução do seu quadro clínico e abaixo segue-se alguns dos depoimentos
mais marcantes:
“Quando estava com dengue hemorrágica fui no HDT e queriam amputar minha perna,
aí tratei no HMA e minha perna ficou boa. Me sinto bem com os medicamentos
homeopáticos”. (Id nº35)
“Diminuiu as dores diárias que eu sentia. Na medicina convencional não obtive
melhora, fiz duas cirurgias e continuei sentindo dor”. (Paciente com hérnia de disco - Id
nº48)
“É a longo prazo, mas surte efeito gradativamente, é melhor que tomar antibiótico e
antiinflamatório. Os outros medicamentos tratam uma coisa e adoece outra”. (Id nº49)
“Porque melhorei, tô movimentando o braço e o inchaço das mãos acabou”. (Paciente
com reumatismo - Id nº52)
“Melhorei da bronquite, durmo bem agora, tusso menos, quase não tenho mais falta de
ar, antes era internada sempre, agora não mais”. (Id nº61)
“Curou a asma. Os remédios não fazem mal e vejo resultado, os alopáticos prejudicam
outras coisas, o homeopático só traz benefício”. (Id nº68)
“Pela melhora que obtive. Não estava andando, não sentia a perna, perdi o movimento
da mão, ia operar; tratei quatro meses e melhorei, não operei e já ando, o braço
movimenta normal. Me curei da alergia”. (Paciente com hérnia de disco - Id nº70)
“A tireóide está controlada, não tenho mais dor no corpo pela fibromialgia, a hérnia
está estabilizada; estou trabalhando e estudando depois de quatro anos de cama. Os
medicamentos que tomava engordavam e como eram muitos ficava dopada”.
(Paciente com fibromialgia, hérnia de disco, tendinite, hipotireoidismo e enxaqueca - Id
nº71)
“Porque é um tratamento natural e trata também o lado emocional. O medicamento
não é ingerido continuamente. Houve melhora da rinite e as crises de pânico
acabaram.” (Id nº77)
“Porque voltei a menstruar e até engravidei”. (Paciente tratada e curada da amenorréia
- Id nº99)
“Trata a causa e não o problema. É eficaz. O atendimento por ser público é
maravilhoso. A alergia melhorou. Na alopatia o remédio não trata a causa da
enxaqueca e ataca o fígado, o estômago.” (Id nº101)
“Melhorou a dor nas pernas, na coluna, a dor de cabeça. Fico mais animada, alerta. O
câncer tá controlado”. (Paciente com dor nas pernas e câncer de pele - Id nº103)
“As dores diminuíram e estou controlando para não ter Diabetes. Tomei muito
antibiótico e comecei a dar artrose, osteoporose”. (Id nº105)
“As dores de cabeça diminuíram muito, quando tenho é rapidinho, nem preciso tomar
medicamento com a acupuntura”. (Id nº115)
“Tava tratando com fisioterapia e neurologista e não estava dando resultado. Antes
andava apoiando nas paredes e agora, depois do tratamento, já até corro devagar”.
(Paciente com ataxia e seis pinos na coluna, trata com fitoterapia e acupuntura - Id
nº116)
“Fiz ressonância magnética e tava tomando medicamento de tarja preta e não estava
resolvendo nada, agora melhorei 90%. Tinha de me tratar e não tomar medicamento
pra dormir”. (Paciente tratando dor de cabeça - Id nº118)
“Têm proporcionado melhora física, emocional. Estou começando a me sentir viva,
estava me sentindo morta. Tô mais tolerante, menos ansiosa. Estava tomando
medicamento pra dormir e me sentindo mal”. (Paciente com nervosismo, ansiedade e
insônia - Id nº120)
Podemos observar nesses depoimentos a eficácia das terapêuticas
aplicadas o que, consequentemente, gera satisfação aos usuários. Casos considerados
cirúrgicos que se solucionaram com as PNC, curas de depressão e outros sintomas
controlados retratam a melhora de pessoas que muitas vezes sem esperança, ou já
cansadas de tal sofrimento, encontram novas formas de tratamento que lhes
proporcionam maior bem-estar e mais facilidade para viver.
Alguns pacientes procuram as PNC por desejarem um tratamento mais
“natural”, “menos agressivo”, um remédio que não causa transtornos ao organismo. O
medicamento, como o grande “chamariz” para a terapêutica homeopática, é um motivo
tanto correlato às noções de tratamento natural, menos agressivo, quanto relacionado
àqueles que desistem do tratamento biomédico por uma série de frustrações e
aborrecimentos (CAMPELLO, 2001), isso se aplica também à fitoterapia. Esses dados
confirmam as palavras de Hanhemann quanto à forma de tratamento alopática.
O médico atencioso, juntamente com o remédio que não faz mal e as
melhoras dos sintomas são os elementos mais valorizados pelos entrevistados.
Dos 136 entrevistados 98,5% indicariam a forma de tratamento que
utilizam, 0,7% não indicaria - o paciente em questão apesar de confiar na eficácia do
tratamento acredita que devido às particularidades de cada indivíduo talvez a terapêutica
não funcione tão bem em outra pessoa. Uma pessoa não mencionou se indicaria (Gráfico
21). Esse resultado espelha a satisfação dos usuários em relação a seus tratamentos.
98,5%
0,7%0,7%
Sim
Não
Não mencionado
Gráfico 21 – Distribuição das respostas dos entrevistados em relação à pergunta: “você
indicaria essa forma de tratamento a um amigo ou parente”?
4 CONCLUSÃO
Com os dados apresentados podemos concluir que não são apenas
pessoas de baixa escolaridade e renda que procuram as PNC em serviço público para
se tratar. A procura do HMA também por pessoas de alta escolaridade e classe média
demonstra a qualidade e eficácia dos seus serviços, além de ser o único hospital de
Goiânia e região que oferece tratamento por meio de PNC através do SUS.
A pesquisa nos possibilitou também averiguar que os pacientes possuem
hábitos de vida mais saudáveis.
A homeopatia foi a prática mais utilizada, em parte devido à falta de
fornecimento dos medicamentos fitoterápicos pelo HMA, uma vez que a farmácia de
manipulação do hospital estava fechada. A maioria dos entrevistados sofre de patologias
que se manifestam e/ou progridem há bastante tempo, quer por seu caráter de
cronicidade, quer por seu caráter de raridade e difícil resolução; o que indica que
doenças crônicas não estão ligadas a uma predominância de pessoas mais velhas uma
vez que a idade média dos pacientes é de 41 anos.
Constatou-se que um considerável número dos pacientes entrevistados,
31%, estavam no HMA buscando alternativas depois de um tratamento convencional sem
resultado satisfatório.
Dos entrevistados, 93,4% relataram se sentir melhor após o início do
tratamento no Hospital, refletindo um nível de satisfação de 95,6%. Esse elevado nível de
satisfação dos pacientes que utilizam as PNC oferecidas pelo HMA se deve à terapêutica
menos agressiva e eficaz e ao atendimento médico diferenciado (atenção, acolhimento).
Assim, temos próximo a nós, em Goiânia – GO, um exemplo real que
comprova as expectativas teóricas da possibilidade de um tratamento mais humano e
eficaz.
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