UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE ARTES
CURSO DE DESIGN
XODÓ WABI: MISTURANDO SERTÃO COM JAPÃO
UM PROJETO DE DESIGN DE MODA
ANA LUÍZA SILVA BEZERRA
Natal, RN
2016
ANA LUÍZA SILVA BEZERRA
XODÓ WABI: MISTURANDO SERTÃO COM JAPÃO
UM PROJETO DE DESIGN DE MODA
Trabalho de Conclusão de Curso II, apresentado à
disciplina DGN0401, como requisito parcial para
obtenção do grau de bacharel em design pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte.
Orientadora: Lívia Maia Brasil
Natal, RN
2016
XODÓ WABI: MISTURANDO SERTÃO COM JAPÃO
UM PROJETO DE DESIGN DE MODA
ANA LUÍZA SILVA BEZERRA
Trabalho de Conclusão de Curso II, apresentado à
disciplina DGN0401, como requisito parcial para
obtenção do grau de bacharel em design pela
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Banca Examinadora
____________________________________________________
Prof.a. Lívia Maia Brasil - Orientadora
Departamento de Artes - UFRN
____________________________________________________
Prof.a. MSc Lorena Gomes Torres de Oliveira - Examinadora
Departamento de Artes - UFRN
____________________________________________________
Prof.a. Esp. Suellen Silva de Albuquerque - Examinadora
UNIPÊ – PB
AGRADECIMENTOS
Gostaria de agradecer minha família pelo apoio e suporte incondicional,
principalmente à minha mãe, que se manteve ao meu lado durante as fases mais difíceis
desse processo. Agradeço a minha irmã que me guiou nos primeiros momentos e me
deu apoio quando eu precisei. Aos meus amigos, que me apoiaram e me ajudaram
durante todo o processo, me incentivando e me dando força. Por fim, agradeço a minha
orientadora, por todas as ideias, a paciência e o carinho que recebi enquanto me ajudou
nessa minha empreitada.
As minhas conquistas não seriam possíveis sem vocês ao me lado. E as minhas
vitórias não teriam o mesmo valor e significado. Obrigada.
RESUMO
O presente trabalho se propõe a utilizar referenciais estéticos e culturais de duas
regiões do mundo, a região Nordeste do Brasil e o Japão, para a criação de produtos de
moda que consistem em peças de vestuário destinadas à mulheres de faixa etária entre
25 e 40 anos. Para a realização deste projeto buscou-se o referencial teórico de autores
como Moura (2008), Lipovetsky (1991), Bonsiepe (2015) e Denis (2000) para abordar
temas como cultura, moda e design e, também, realizou-se o levantamento de um
referencial estético a partir da pesquisa de elementos culturais, estéticos e simbólicos
destas regiões. Por fim, o processo de criação seguiu a metodologia proposta para o
cumprimento dos objetivos deste TCC, que se baseou no método de desdobramento em
3 etapas (MD3E), de Flávio Santos (2005). O resultado foi traduzido na criação de 10
looks que compõem a mini-coleção “Xodó Wabi", desenvolvida para este trabalho
acadêmico, que serão apresentados através de desenho estilístico e vistas técnicas.
Palavras Chaves: Nordeste; Japão; Design; Moda.
ABSTRACT
The present project proposes to use aesthetic and cultural references from two
regions of the world, the Northeast region of Brazil and Japan, for the creation of fashion
products consisting of garments for women between the ages of 25 and 40. In order to
carry out this project, we sought the theoretical reference of authors such as Moura
(2008), Lipovetsky (1991), Bonsiepe (2015) and Denis (2000) to address themes such as
culture, fashion and design. Survey of an aesthetic reference from the research of cultural,
aesthetic and symbolic elements of these regions. Finally, the creation process followed
the methodology proposed for the accomplishment of the objectives of this CBT, which
was based on Flávio Santos (2005) 3-step deployment method (MD3E). The result was
translated into the creation of 10 looks that make up the mini-collection "Xodó Wabi",
developed for this academic work, which will be presented through stylistic design and
technical views.
Keywords: Northeast Brazil; Japan; Design; Fashion.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – MD3E ........................................................................................................................................ 18
Figura 2 - Metodologia ............................................................................................................................... 19
Figura 3 - Representações indumentárias de movimentos sociais ........................................................... 24
Figura 4 – Miscigenação da moda ............................................................................................................ 25
Figura 5 - Nordeste .................................................................................................................................... 29
Figura 6 - Japão ......................................................................................................................................... 31
Figura 7 – Público consumidor de moda .................................................................................................... 32
Figura 8 – Painel do público-alvo ............................................................................................................... 33
Figura 9 - Moodboard 01: Paisagens do Japão ......................................................................................... 34
Figura 10 - Moodboard 02: Estereótipo japoneses .................................................................................... 35
Figura 11 - Moodboard 03: Paisagens do Nordeste .................................................................................. 36
Figura 12 - Moodboard 04: Estereótipo nordestinos .................................................................................. 37
Figura 13 - Tendências primavera verão 2017 ........................................................................................... 39
Figura 14 – Summer Bounty....................................................................................................................... 40
Figura 15 – Earth Angel ............................................................................................................................. 40
Figura 16 – Paradise Lost .......................................................................................................................... 41
Figura 17 – Nature Watch .......................................................................................................................... 41
Figura 18 – Couture Club ........................................................................................................................... 41
Figura 19 – Pantone primavera 2017 ......................................................................................................... 42
Figura 20 – Imagens de inspiração ........................................................................................................... 43
Figura 21 – Esboços iniciais ....................................................................................................................... 43
Figura 22 – Geração de alternativas 01 ..................................................................................................... 44
Figura 23 – Geração de alternativas 02 ..................................................................................................... 44
Figura 24 – Cartela de cores ...................................................................................................................... 45
Figura 25 – Desenho estilístico ................................................................................................................. 47
Figura 26 – Look 01 ................................................................................................................................... 48
Figura 27 – Look 02 ................................................................................................................................... 49
Figura 28 – Look 03 ................................................................................................................................... 50
Figura 29 – Look 04 ................................................................................................................................... 51
Figura 30 – Look 05 ................................................................................................................................... 52
Figura 31 – Look 06 ................................................................................................................................... 53
Figura 32 – Look 07 ................................................................................................................................... 54
Figura 33 – Look 08 ................................................................................................................................... 55
Figura 34 – Look 09 ................................................................................................................................... 56
Figura 35 – Look 10 ................................................................................................................................... 57
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .......................................................................................................... 11
1.1 JUSTIFICTIVA ..................................................................................................... 12
1.2 ESTRUTURA DO TCC ........................................................................................ 14
1.3 OBJETIVOS ........................................................................................................ 15
1.3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 15
2 MÉTODOS DE PROJETO ......................................................................................... 15
2.1 DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS EM MODA ............................................. 15
2.2 MÉTODO DE DESDOBRAMENTO EM 3 ETAPAS (MD3E) ................................. 17
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICO .................................................................... 19
4. REFERENCIAL TEÓRICO ....................................................................................... 21
4.1 DESIGN DE MODA ............................................................................................. 22
4.2 BRASIL E NORDESTE BRASILEIRO ................................................................. 26
4.3 CONHECENDO O JAPÃO .................................................................................. 29
5. PÚBLICO ALVO ....................................................................................................... 32
6. REFERENCIAS PARA A COLEÇÃO ...................................................................... 33
7. PESQUISA DE TENDÊNCIA ................................................................................... 38
8. DESENVOLVIMENTO DAS PEÇAS ........................................................................ 42
8.1 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS ....................................................................... 42
8.2 CARTELA DE CORES ....................................................................................... 45
8.3 CATERLA DE TECIDOS ..................................................................................... 45
8.4 “XODÓ WABI”: DESENHO ESTILÍSTICO DA MINI-COLEÇÃO ....................... 46
8.4.1 APRESENTAÇÃO DO LOOKS CRIADOS ............................................... 48
8.5 VISTAS TÉCNICAS ............................................................................................ 58
9. CONSIERAÇÕES FINAIS ........................................................................................ 76
10. BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................... 77
11
1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho se propõe a utilizar referenciais estéticos e culturais de duas
regiões do mundo, a região Nordeste do Brasil e o Japão, para a criação de produtos de
moda que consistem em peças de vestuário destinadas ao público feminino.
O mundo globalizado abriu novas portas para interação social dos povos da Terra,
nos dias atuais a moda se tornou uma grande forma de expressão cultural e pessoal que
comunicam uma identidade por meio do uso de adornos e vestimentas, que traduzem
modos de vida, comportamentos e preferências individuais. Ademais, sabe-se que além
disso, o sujeito é intimamente ligado a cultura do espaço ao qual pertence.
A Moda sempre foi uma forma de expressão que representa as características
culturais e estéticas das civilizações. Algumas culturas podem ser identificadas a partir
da forma como o povo se veste, ou por elementos característicos retratados na sua
indumentária, a vestimenta é uma tradução do comportamento dessas culturas, da sua
relação com o espaço, com o clima, com o modo de viver. Ao vermos uma roupa somos
capazes de identificar de qual período ela faz parte, em alguns casos, até mesmo de
onde se originou. A moda evoluiu com os anos e algumas formas de vestir marcaram
épocas na história da humanidade, com a globalização, culturas distintas passaram a ter
mais contato umas com as outras, mesmo sem interagirem diretamente, devido a fatores
geográficos, políticos ou econômicos.
Para desenvolver este trabalho, cujo principal objetivo é representar através da
moda, elementos estéticos encontrados na identidade cultural destas regiões, buscou-se
identificar características marcantes dessas identidades, elementos estético-formais ,
presentes, bem como pesquisar sobre costumes e história dessas regiões para se
familiarizar com a temática, com o objetivo de conseguir traduzir isso em conceitos,
formas, cores e etc, na criação de uma mini-coleção de moda capaz de retratar esses
resultados.
A Moda é capaz de manifestar conceitos valores e ideologias, se relaciona
diretamente com o campo da cultura material permitindo muitas interpretações
(CENTENO & CARVALHO, 2010). Numa sociedade, a moda age como uma via de dois
caminhos podendo ser influenciada ou influenciar. Ao mesmo tempo que uma sociedade
12
dita a moda a moda também reafirma o comportamento dessa sociedade, porém essas
formas de interação estão sempre norteadas pelas culturas locais, uma moda pode não
fazer sucesso em uma cultura se esta vai contra alguns de seus princípios, costumes e
tradições.
A vestimenta, como parte da cultura de uma sociedade, de um espaço, deve ser
capaz de transmitir os valores dos mesmos (LIPOVETSKY, 1989). Os símbolos
construídos, a estética que constituem a imagem e o espaço, as tradições, os hábitos, o
modo de vida e o vestuário, são cultivados através de gerações e carregam consigo
grande força de impacto nas culturas. Essas tradições são em grande parte responsáveis
pelas manifestações culturais que geram uma indústria cultural, de artefatos que
traduzem a cultura, em especial a cultura popular.
Com isso em mente, propõe-se um projeto que faz uso do design, e dos métodos
de desenvolvimento de produtos, como ferramenta interpretativa de dois espaços/meios
/regiões, desenvolvendo um projeto de produto de moda/vestuário.
1.1 JUSTIFICATIVA
A relevância do trabalho se dá pela premissa de que no mundo globalizado as
culturas podem entrar em choque quando não apresentadas corretamente dentro de um
meio. Duas culturas quando em contato devem ser capazes de suportar o choque entre
elas e de dar sentido ao encontro, caso contrário a cultura que for mais forte irá se
sobrepor e amenizar os aspectos culturais da outra (RICOEUR, 1968). É dessa forma
que nascem os estereótipos, devido ao fato de que apenas uma fracção dessa nova
cultura permanece vívida, levando as pessoas a partirem para a generalização.
Na cultura a moda age como um sistema mutável que é delimitada pelos padrões
históricos e sociais de cada época, adaptando aos comportamentos e tendências da
sociedade em determinados períodos históricos. Os modelos culturais vêm influenciando
o comportamento das sociedades em relação aos seus hábitos [...] as roupas traduzem
a cultura na qual o sujeito está inserido, essa tradução se dá através do relacionamento
com símbolos (CENTENO & CARVALHO, 2010).
13
No mundo moderno a moda é capaz de unir pessoas, ela ultrapassa barreiras e
fronteiras e consegue chegar nos mais diversos locais tornando possível que duas
pessoas em alguns lugares diferentes do mundo, que não se conheçam, tenha uma forma
de se vestir semelhante, pois elas só precisam de um ícone de inspiração em comum,
como um cantor, um artista ou até mesmo, um movimento. Para as autoras supracitadas
“[…] a moda por ser eficiente na articulação de diferentes contextos, promove e reafirma
tendências e comportamentos ao longo da história” é também uma “expressão da cultura
e da construção identitária de grupos sociais” (Idem).
A intenção deste trabalho é demonstrar que o design trabalha como ferramenta
interpretativa de visões e representações culturais. Mesmo que duas regiões sejam tão
distantes geograficamente e culturalmente, podemos pensar em maneiras de utilizar suas
referencias para construir algo inovador. Segundo Moraes (2010), o design é uma
ferramenta que auxilia na interpretação da nova realidade contemporânea e mutável do
mundo globalizado, ocorrendo uma contribuição para uma visão amplificada do mundo,
o design e a moda ajudam a desconstruir os estereótipos formados pela falta de
informação, e mostram que os signos e elementos representativos da cultura de um
determinado espaço, encontrados na vestimenta, no espaço urbano, na arquitetura, na
produção material desses lugares, podem se re-significar.
A autora desse projeto é uma nordestina, nascida no interior e encantada com
suas fortes raízes, também é fascinada pela cultura japonesa e suas peculiaridades e
tradições únicas. Devido a isso, surgiu a ideia de realizar um trabalho que pudesse
abranger essas duas paixões. O campo da moda no design, foi o meio escolhido para
realizar esse projeto por se tratar de uma área de grande interesse e que permite
trabalhar a criatividade e diferentes manifestações de linguagem. A principal motivação
é ressaltar as riquezas nordestinas unindo-a com a diversidade dos fortes elementos
estéticos da cultura japonesa, em um projeto onde ambas as regiões sejam identificadas.
14
1.2 ESTRUTURA DO TCC
O trabalho se apresenta em 3 partes principais: Problema, Desenvolvimento e
Realização. Abaixo se apresenta a estrutura que norteou o desenvolvimento das etapas
deste TCC.
A) Problema: Essa etapa consta a pré-concepção e o planejamento do trabalho.
Suas etapas consistem em uma pesquisa bibliográfica que consistiu no
levantamento do referencial teórico, da construção dos objetivos do trabalho e
na construção do pensamento metodológico e dos métodos projetuais a serem
utilizados no desenvolvimento do trabalho.
B) Desenvolvimento: Essa etapa é a da concepção. Onde ocorre a pesquisa de
tema e a delimitação conceitual, as análises das referências e tendências, a
construção dos moodboards que auxiliam no processo de criação, a geração
das alternativas do produto, a seleção, avaliação e adequação das peças do
produto.
15
C) Realização: Etapa final correspondente a pós-concepção, é nessa etapa que
irá ocorrer a definição e o mapa da coleção, desenhos estilísticos do produto
final e as vistas técnicas de cada peça.
1.3 OBJETIVOS
Representar, através da moda, elementos estéticos encontrados na identidade
cultural, do Nordeste brasileiro e do Japão, com a criação de peças de vestuário para o
público feminino.
1.3.1 Objetivos Específicos
1. Fazer um levantamento das regiões escolhidas, a partir da pesquisa de
elementos culturais estéticos e simbólicos destas regiões;
2. Construir moodboards para auxiliar no processo de criação;
3. Identificar as tendências da moda contemporânea;
4. Elaborar conceitos que exprimam o tema da pesquisa.
2. MÉTODOS DE PROJETO
2. 1 Desenvolvimento de produtos em moda
A partir de um estudo, sobre o desenvolvimento de produtos, de Baxter (1998) e
Lobach (2001), e sobre o desenvolvimento de produtos de vestuário/moda, Montemezzo
(2003), aponta para uma organização do processo de desenvolvimento de produtos de
moda.
A autora propõe uma conduta projetual que parte do âmbito profissional do
designer na conjuntura do desenvolvimento de produtos, de moda/vestuário, para o
desenvolvimento de projetos de design de moda no âmbito acadêmico (2003),
destacando etapas fundamentais para o projeto em moda:
16
No planejamento, primeira fase do processo, destacamos a coleta e análise de
informações, que norteiam as decisões tomadas no decorrer do processo, a partir dessas
informações o designer pode perceber oportunidades que podem se transformar em
problemas de design gerando ideias para futuros projetos; o direcionamento e
especificação do projeto; e a delimitação de um cronograma de atividades.
A segunda etapa, especificação do projeto, destacamos a delimitação do
problema de design quanto às metas técnicas, funcionais e estéticas do produto a ser
desenvolvido; a definição do dimensionamento da coleção; e a delimitação da coleção
no mix de produto onde se insere. A autora ressalta que nesta fase, e importante manter
o foco nas necessidades/desejos do consumidor, se atentar para influências sazonais de
moda e comportamento e que se conheça as possibilidades de materiais e tecnologias
(MONTEMEZZO, 2003).
Na próxima fase, delimitação conceitual, destacamos a importância de sintetizar
os referenciais práticos e estetico-simbolicos, princípios funcionais e de estilo, oriundos
da temática em que o produto se insere e também o conhecimento do universo do
público-alvo. De acordo com Montemezzo (ibid) nesta fase o designer transforma suas
referências em linguagem visual através de um conceito gerador, e destaca a importância
deste, para se manter a unidade de linguagem entre conceitos derivados que são
trabalhos em cada produto.
[…] Nesta etapa, princípios de estilo, podem ser sintetizados em referencias de linguagem visual, inseridas naquilo que e normalmente denominado como tema, o qual servira como fio condutor de integração e harmonia do conjunto de produtos que são lançados simultaneamente. Neste contexto, muitas vezes e empregada a elaboração de painéis de imagens que expressam estes referenciais estetico-simbolicos (2003, p.60).
A etapa de geração de alternativas marca o início da materialização dos
referenciais em produtos. Nesta fase o designer usa ferramentas para desenvolver suas
ideias e conceitos, o conceito gerador, delimitado na etapa anterior são transformados
em elementos competitivos para a configuração dos produtos, definição de materiais e
tecnologias. As melhores alternativas são escolhidas na etapa de avaliação e
17
elaboração, seguindo critérios da especificação do projeto, descemos nesta etapa, a
capacidade de transpor o conceito estético-formal para o nível tridimensional, através da
criação de desenhos/fichas técnicas que norteiam a modelagem e posteriormente a
produção. O projeto entra em fase final de detalhamento, na fase de realização, nesta
etapa ocorrem as correções e adequações dos desenhos, modelagens, protótipos que
irão gerar as fichas técnicas definitivas e pecas-piloto, que no processo industrial
seguirão para a produção.
A autora resume essas etapas em 5 questões essenciais ao projeto de moda no
âmbito acadêmico: 1) Foco do projeto no usuário/consumidor; 2) decodificação de
tendências de moda e comportamento; 3) síntese de valores estetico-simbolicos
associados aos valores práticos; 4) transposição do conceito para a materialização do
produto; 5) visão panorâmica do processo (MONTEMEZZO, 2003).
Com esses procedimentos em mente, iremos traçar a metodologia para este
trabalho.
2.2 Método de desdobramento em 3 etapas (MD3E)
Buscando uma metodologia de característica menos linear e mais cíclica, que
permita um melhor trânsito entre as etapas do processo projetual, optou-se pelo Método
de Desdobramento em 3 Etapas (MD3E) que consiste em seguir três etapas básicas que
podem ser desdobradas em outras etapas de acordo com a necessidade do projetista
(SANTOS, 2005). O MD3E permite maior flexibilidade na hora de projetar, possibilitando
ao projetista desenvolver as etapas a serem seguidas no projeto.
As três etapas básicas são: pré-concepção, concepção e pós-concepção. Na
primeira ocorre o planejamento do projeto, identificação e do problema e definição dos
atributos do produto. A geração de conceitos e alternativas, seleção e adequação, e as
soluções criativas, ocorrem na etapa da concepção. Já na fase da pós-concepção
ocorrerão as especificações dos componentes ou sub-sistemas, do processo produtivo e
do mercado.
Essas são as etapas consideradas pelo autor como as fases iniciais do projeto,
como visto na figura 5, porém elas podem ser modificadas de acordo com a necessidade
18
que projeto exigir (SANTOS, 2005). Os desdobramentos que ocorrem após as etapas já
citadas são chamados de desdobramentos auxiliares e são determinados de acordo com
o que for conveniente ao projeto.
Por se tratar de uma metodologia não-linear e aberta, ela permite a interferência
no decorrer do processo, permitindo o acréscimo, retirada ou desdobramento das etapas,
a forma gráfica de representação é uma estrutura radial que pode ser ampliada na medida
em que as interferências vão ocorrendo. O método do MD3E quebra com a linearidade
fechada dos métodos tradicionais, usar método aberto permite uma flexibilidade maior
para combinar outras estruturas que tem enfoques distintos (Idem)
Figura 1 - MD3E
Fonte: Santos, 2005
19
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para atingir os objetivos deste trabalho e seguindo a proposta de desenvolvimento
de produtos em moda de Montemezzo (2003), foram realizadas adequações nas sessões
que estruturam as etapas do Método de Desdobramento em 3 Etapas (MD3E) proposto
por Santos e escolhido como metodologia base para esse TCC.
Figura 2 - Metodologia
Fonte: Autora. Baseado na metodologia de Santos
20
A estrutura acima é descrita e melhor visualizada no quadro abaixo:
Pré- concepção (TCC I)
Planejamento Cronograma;
Coleta de dados: pesquisa bibliográfica;
Identificação de oportunidade de projeto;
Direcionamento do projeto: definição dos objetivos;
Definição dos procedimentos metodológicos;
Definição do público-alvo/consumidor;
Concepção (TCC II)
Pesquisa Pesquisa de tema;
Construção de moodboards;
Levantamento de formas, cores, texturas, padrões;
Análises Análise das referências encontradas;
Análise de tendências;
Delimitação conceitual Trabalhar conceitos para a coleção;
Geração de alternativas Seleção, avaliação e adequação de alternativas
geradas a partir do conceito criado;
Pós-concepção (TCC II)
Especificações do projeto Definição do dimensionamento da coleção;
Desenho estilístico;
Criação do mapa da coleção;
21
Vistas técnicas: especificações da peça quanto ao
material e a produção;
Quadro 1 – Metodologia | Fonte: Autora, 2016
4. REFERENCIAL TEÓRICO
O design de produto é uma das atividades de produção da cultura material, que
constitui todas as práticas de produções humanas. Essas produções refutam o presente
a partir de experiências do passado, configuradas em artefatos que constroem a história
das sociedades (ARAGÃO & FORMIGA, 2010).
Segundo Denis (2000), a atividade do design se define na geração de projetos, no
sentido objetivo de planos, esboços ou modelos. O design tem como finalidade solucionar
impasses encontrados pelo homem em sua vivência diária, para Löbach (2001), o design
se inicia com o desenvolvimento de uma ideia, define-se na fase de projetação e tem
como meta a solução de problemas oriundos da necessidade humana. Esse pensamento
é completado por Moura, quando a autora considera o design como sendo “um processo
criativo e inovador, provedor de soluções para problemas de importância fundamental
para as esferas produtivas, tecnológicas, econômicas, sociais, ambientais e culturais”
(MOURA, 2008, p.71).
Sabemos hoje que o design vai além das atividades de criar objetos unindo a forma
e a função, ele norteia os mais diversos aspectos e diferentes áreas, consegue traduzir
a necessidade dos usuários, decifrar emoções e abrange o modo de ser e o bem estar
de cada indivíduo no mundo (COUTO, 2014), de acordo com Bonsiepe (2015), o conceito
original do design, de projetar, pode ser reinterpretado a partir de 7 pontos, sendo eles:
a orientação para o futuro; o fator inovação; a relação com o corpo e o espaço, referindo-
se principalmente à visão; a ação efetiva; a relação com a linguagem, referindo-se à
transcrição de ideias, valores e contextos; e a orientação para a interação entre usuário
e artefato, referindo-se a preocupação de integrar os artefatos à cultura, para torná-la
eficiente. Com isso o autor reflete sobre como o design atua na invenção de novas
práticas da vida cotidiana.
22
Por estar inserido em várias áreas de produção e pesquisa e em constante estado
de expansão o design busca inspiração em diversas áreas de conhecimento e também é
capaz de servir de inspiração. “O design fertiliza e se deixasse fertilizar por outras áreas
de conhecimento, constrói e reconstrói-se em um processo permanente de expansão de
seus limites, por exigências do contemporâneo (GRAGNATO, 2005, p.16).
Para Bomfim o design faz uso da cultura que o cerca para configurar objetos e
sistemas, mas também é capaz de criar cultura através de questionamentos sobre a
sociedade, para o autor, design “não é uma regra universal de configuração, mas uma
ação interpretativa, criadora, que permite diversas formas de expressão” (1999, p.152).
Pode-se dizer então, que o design age como ferramentas interpretativa de um meio e sua
cultura, para então fazer uso da criatividade, sendo capaz de se expressar das mais
variadas formas.
4.1 DESIGN DE MODA
[…] Nós usamos objetos para fazer declarações sobre nossa identidade, nossos objetivos e mesmo nossas fantasias. Através dessa tendência humana a atribuir significados aos objetos, aprendemos desde tenra idade que as coisas que usamos veiculam mensagens sobre quem somos e sobre quem buscamos ser. […] Através dos objetos fabricamos nossa auto-imagem, cultivamos e intensificamos relacionamentos. Os objetos guardam ainda o que no passado é vital para nós. […] Não apenas nos fazem retroceder no tempo como também tornam-se os tijolos que ligam o passado ao futuro. (WEINER, apud ARAGÃO & FORMIGA, 2010, p.18).
Uma das áreas de atuação do design é o campo da moda. O projeto em moda que
faz uso dos métodos e processos de criação e planejamento do design para desenvolver
seus produtos voltados para os usuários, é chamado Design de moda. Na moda a
criatividade é muito importante e deve estar presente na prática projetual desde a
concepção de ideias, na elaboração, até a produção, por meio de métodos de
planejamento e configuração (NICCHELLE & MOREIRA, 2011). O design de moda, é um
exemplo do uso de ferramentas projetuais para a construção de uma linguagem transcrita
em artefato que possui uma relação de representatividade e afeto com o usuário.
23
Na moda, assim como em outros segmentos da indústria, nenhum produto se configura sem um método de planejamento, onde o desenvolvimento de um projeto é constituído por um pensamento, pela concepção e pela produção, orientados ao cenário futuro, anunciando novos caminhos e possibilidades (MOURA, 2008, p.71).
A orientação para o futuro é uma prioridade para a moda, que busca entender,
comunicar-se e decifrar os desejos e vontades dos usuários, fazendo isso por meio da
apropriação do meio social e cultural em que seus usuários estão inseridos. A moda é
um meio de transmissão de mensagens e ideias, é modelo de expressão artística e
pessoal, é uma forma de comunicação com o mundo, por exemplo, quando um grupo que
faz parte de uma determinada cultura usa roupas pretas em um período de luto. Santos
corrobora com esse pensamento afirmando que “[…] a moda pode ser entendida como
um sistema de produção e de comunicação que introduz mudanças de comportamento e
de aparência, de acordo com a cultura e os ideais de uma época” (SANTOS, 2010, p.
205).
A moda é um processo de transformação incessante, e de tendência cíclica, das preferências dos membros de uma dada sociedade. Essa noção não se limita apenas à indumentária, ainda que seja o mais recorrente exemplo trabalhado. Na história da humanidade, o corpo foi recoberto de maneiras simultaneamente singulares e tribais de acordo com o tempo e o espaço, significando, quase sempre, os sentimentos da época (FREITAS, 2005, p.126).
Para Lipovetsky (1989), a moda é um fenômeno que abrange a linguagem, o modo
de agir, as preferências, as ideias, os artistas e as obras culturais. Nichelle (2011) diz
ainda que, “não se pode pensar na moda apenas em termos estéticos, mas sim, em um
movimento social que está inserido em uma série de fenômenos culturais” (NICCHELLE
& MOREIRA, 2011, p.2).
A moda surge em meados do século XV no início do renascimento europeu,
quando devido às mudanças culturais e comportamentais, diferentes estilos de roupas
começaram a ser produzidas visando as diferentes classes sociais. A burguesia passou
a copiar a nobreza gerando a necessidade de os costureiros criarem roupas, em
diferentes estilos, que a diferenciasse da nobreza (GRAGNATO, 2005). Com a revolução
24
industrial, o custo dos tecidos decresceu, e surgiram as primeiras máquinas de costura,
a partir daí a população das classes menos favorecidas passaram a ter acesso a roupas
de melhor qualidade.
Figura 3 – Representações de indumentárias de movimentos sociais
Fonte: Elaborado pelo autor
Marinho (2008) afirma que a vestimenta é parte integrante de qualquer organismo
social e da sua produção cultural, estando cultura e moda entrelaçadas, sendo uma a
representação da outra. Na moda contemporânea vemos isso claramente, quando o
projeto em moda não se estabelece mais na configuração das peças, mas no que elas
identificam e representam, definindo o que se acredita e o que se quer, buscando uma
identidade, conjunto de valores culturais pertencentes à pessoa (GRAGNATO, 2005).
A sociedade contemporânea usa a moda para se expressar, principalmente os
grupos mais jovens, essa sociedade é marcada pelo efêmero, é composta por uma
miscigenação de grupos e comportamentos, busca a afirmação do indivíduo perante a
sociedade (idem). O design de moda participa da construção dessa sociedade criando
universos simbólicos e artificiais por meio de uma linguagem que se manifesta em roupas
e acessórios que fazem parte da identidade dos grupos sociais.
25
Figura 4 – Miscigenação da Moda
Fonte: Elaborado pelo autor
A autonomia de compor sua aparência conforme suas ideologias e estilo de vida
é uma conquista do consumidor contemporâneo que, mesmo sem saber, está fazendo
moda, criando tendências (RUTHSCHILLING & CANDIA, 2006). Todas as classes sociais
utilizam a moda como linguagem simbólica que também representa o seu modo de vida,
a moda passa então a ser compreendida como fenômeno cultural e uma importante área
de produção de cultura material da sociedade contemporânea (CIDREIRA, 2010 e
MOURA, 2008).
Segundo Marinho (2008), o look, o visual, a aparência, se tornaram códigos
culturais e de pertencimento em todas as sociedades, sendo o elemento mais visível de
sua auto-expressão. A moda não se contenta mais em transformar tecidos em roupas,
ela cria objetos portadores de significados e busca inspiração nas mais diversas fontes,
(HATTA, SANTOS & COSTA, 2013). Pereira & Sousa (2010) afirmam ainda que a
aparência, sistema visual onde está inserido o produto de moda, é o conjunto simbólico
expresso pelo indivíduo, onde o mesmo comunica, a fim de gerar reconhecimento entre
pessoas com características e gostos em comum, de maneira fácil, sendo sutil, porém
exprimindo atitude.
26
O design e a moda representam os reflexos e referenciais da sociedade, usos e
costumes do cotidiano, fazendo parte da sua construção cultural (MOURA, 2012),
constituindo-se em signos materiais do seu universo simbólico.
4.2 BRASIL E NORDESTE BRASILEIRO
Para Centeno & Carvalho (2010), é evidente no Brasil a carga cultural impressa
na moda, através de um estilo colorido, descompromissado, que independe das
tendências. Para as autoras, isso é um reflexo dos atributos naturais, do folclore, da
culinária e principalmente do clima que alia à essas características, o uso de materiais
leves, silhuetas confortáveis, apropriadas tanto para as ações do cotidiano como também
para o lazer.
A composição da sociedade no Brasil, se deu a partir da mistura dos povos, a elite
europeia, os escravos africanos, os nativos indígenas, essa construção repercutiu na
arte, na música, na religiosidade, na culinária, nos costumes, na língua, na literatura, na
arquitetura, etc. Na história do Brasil, é possível perceber elementos formadores de
culturas distintas na construção de uma identidade tipicamente brasileira, reconhecida no
resto do mundo (CENTENO e CARVALHO, 2010).
O antropólogo Darcy Ribeiro em sua obra o Povo Brasileiro (RIBEIRO, 1995),
afirma que apesar do povo brasileiro ser um conjunto tão variado de matrizes formadoras,
não é um povo multiétnico, para o autor os brasileiros se comportam como uma só gente,
pertencente a uma mesma cultura, no entanto essa unidade não significa uniformidade,
além dos sotaques encontrados na língua, as regiões do Brasil se desenvolveram criando
modos de vidas diferentes, tradições diferentes, com representações culturais diferentes,
que refletem nos costumes e na vestimenta da população daquela região, os referenciais
simbólicos encontrados nas diferentes regiões do país dizem respeito às particularidades
daquele espaço e do povo que o habita e são encontrados na arquitetura, na música, na
literatura, nos movimentos artísticos. Para esse trabalho, concentramos a análise na
Região Nordeste.
27
O Nordeste do brasil é composto por nove estados, Alagoas, Bahia, Ceará,
Maranhão, Paraíba, Piauí, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe. A região possui
características climáticas distintas, entre elas estão o semiárido no sertão do interior e o
tropical úmido na zona da mata no litoral, possui índices elevados de temperatura durante
todo ano, variando em torno de 20ºC a 30ªC. O Nordeste não possui as quatro estações
bem definidas, por isso é comum dizer que apresenta apenas duas estações, o verão
que corresponde ao período de estiagem e o inverno que corresponde ao período de
chuvas (ROCHA, 2011). Conhecida pelas secas que assolam a região, o Nordeste possui
uma vegetação característica, conforme descreve Ribeiro:
[…] a vegetação comum, porém, é pobre, formada de pastos naturais
ralos e secos e de arbustos enfezados que exprimem em seus troncos e ramos tortuosos, em seu enfolhamento maciço e duro, a pobreza das terras e a irregularidade do regime de chuvas. Nos cerrados e, sobretudo, nas caatingas, a vegetação alcança já uma plena adaptação à secura do clima, predominando as cactáceas, os espinhos e as xerófilas, organizadas para condensar a umidade atmosférica das madrugadas frescas e para conservar nas folhas fibrosas e nos tubérculos as águas da estação chuvosa (Ribeiro 1995, pg 339).
As atividades da pecuária e da agroindústria canavieira tiveram suma importância
na colonização do nordeste brasileiro pelos portugueses. Os engenhos de cana-de-
açúcar foram ocupando a região litorânea devido ao seu clima quente e úmido, que era
favorável a plantação da cana. Já a pecuária foi adentrando o interior do sertão nordestino
em busca de pasto para os rebanhos, que era sempre acompanhada pelos vaqueiros
(ROCHA, 2011). As vestes dos vaqueiros eram feitas de couro, devido a vegetação
espinhosa do sertão, era uma forma de proteção contra os galhos e espinhos.
Esse material, utilizado desde a expansão da criação de gado no sertão nordestino, fez o povo da região ser conhecido como a civilização do couro, tendo no vaqueiro a figura mais visível (OLIVEIRA, 2013, pg 132).
28
Devido às muitas características peculiares, encontradas no Nordeste,
principalmente no sertão, a cultura local foi se desenvolvendo a partir do dia a dia
simplório dos sertanejos, foi-se então desenvolvendo as formas de expressão.
Suas duas formas principais de expressão foram o cangaço e o fanatismo religioso, desencadeados ambos pelas condições de penúria que suporta o sertanejo, mas conformadas pelas singularidades do seu mundo cultural (RIBEIRO, 1995, pg 354).
O nordestino, que tanto sofria com a seca e com a escassez via na fé religiosa
uma forma de suporte e de amparo. Já o cangaço foi uma forma de rebelião, onde uma
violência justiceira era praticada por homens vestidos de vaqueiros, bem armados, que
andavam em bando e nunca permaneciam em um mesmo local por muito tempo.
A cultura do Nordeste possui várias formas de expressão, através de elementos
simbólicos que vão desde elementos do vestuário como o chapéu de cangaceiros até as
danças e costumes (PEREIRA E SOUSA, 2010). O Nordeste possui raízes fortes e uma
das formas de representação cultural é através do artesanato. A variedade de produtos
artesanais na região nordeste é imensa, entre eles podemos destacar algumas como as
redes tecidas, as rendas, os produtos de couro, a cerâmica, a madeira entre outros. Entre
outras formas de artesanatos temos a literatura de cordel, que “consiste na elaboração
de pequenos livros contendo histórias escritas em prosa ou verso, os assuntos são os
mais variados: desafios, histórias ligadas à religião, ritos ou cerimônias” (FRANCISCO). A
renda foi introduzida no Brasil pelos portugueses e ficou bastante popular no nordeste,
tornando-se peça fundamental na cultura nordestina e também na moda. Peças
produzidas pelas rendeiras do Nordeste, são um retrato da cultura antiga que é passada
de geração a geração (VASCONCELOS E BESSA).
Elementos como renda e couro fazem parte do dia a dia dos nordestinos e são
também elementos bastante utilizados no campo da moda. Podemos assim concluir que
a moda se inspira na arte a fim de agregar valor aos seus produtos, dando a eles um
caráter mais subjetivo agregando valor a peça final.
29
Figura 5 – Nordeste
Fonte: Elaborada pelo autor
4.3 CONHECENDO O JAPÃO
O Japão é um país insular que se localiza no extremo leste da Ásia, é composto
por quatro ilhas principais e outras milhares de ilhas menores, cujas quatro maiores são
Honshu, Hokkaido, Kyushu e Shikoku (BARBIERI,2008). O arquipélago japonês, na sua
maior parte, pertence à zona temperada e seu clima é caracterizado por quatro estações
bem definidas. “No Japão, o clima associa curiosamente um verão quase em toda parte
tropical, quente e pesado, e um inverno em que cai neve, mesmo no Sul” (DERRUAU,
1970). O Japão é um país pequeno, com um território de apenas 372.000 km2 e com
uma população estimada em 128 milhões de pessoas, mas está se tornando grande por
conta de suas tecnologias que estão avançando inacreditavelmente (CAMARGO, 2012).
O clima do Japão varia muito de um lugar para outro. No norte, os invernos são frios e com neve. A temperatura pode cair até –40ºC e os ventos frios vindos da Sibéria e da Mongólia frequentemente causam grandes nevascas. Os verões são moderados, com temperaturas que atingem 20ºC. As ilhas no sul do Japão, como Okinawa, são muito mais quentes, com temperaturas de, pelo menos, 30ºC no verão e, no inverno, com temperaturas que dificilmente ficam abaixo de 15ºC… As montanhas são
30
uma parte muito importante do Japão, cobrindo cerca de 70% do território...A montanha mais famosa do Japão é o monte Fuji, que tem 3.776 metros de altura, sendo a mais alta. Muitas das montanhas do Japão são vulcânicas e, desta forma, há muitas de suas áreas com fontes térmicas naturais (www.culturajaponesa.com.br).
A vegetação do Japão é constituída quase em sua totalidade de florestas, porém
os desmatamentos, as queimadas, as pastagens modificaram as florestas transformando
as florestas em extensões menores do que as originais. As outras vegetações que
compõem o cenário japonês são os prados, matagais de montanha e algumas zonas
pantanosas. (DERRUAU, 1970). A primavera é uma das estações mais apreciadas no
Japão e a sua chegada é marcada pelo florescimento das cerejeiras, flor símbolo do país.
Durante a primavera as previsões do tempo regularmente incluem as datas em que as
flores aparecerão nas diferentes partes do país (AKIOKA, 2009). A flor de cerejeira é a
flor símbolo do Japão, em japonês se chama Sakura, segundo diz uma lenda, Sakura
vem da princesa Knohama Sahuya Hime que caiu do céu nas proximidades do monte
Fuji, transformando-se numa bela flor. (CAMARGO, 2012)
Nihon ou Nippon é o nome do país em japonês, seu nome pode ser traduzido como
“terra do sol nascente” ou ainda “origem do sol”. Essa forte ligação que o país tem com o
Sol é representada em sua bandeira, apresentada na forma de um círculo vermelho sobre
um fundo branco (BARBIERI, 2008).
O Japão é um país rico em costumes e tradições, uma dessas tradições é o Shobo,
a arte da caligrafia japonesa. Traduzindo literalmente, “Sho” significa caligrafia ou escrita
e “Do” caminho, ou seja, “caminho da escrita” ou “caminho da caligrafia”. No século IX
surgiram os silabários “hiragana” e o “katakana” ambos derivados da extrema
simplificação dos caracteres da escrita chinesa. Há ainda um terceiro alfabeto japonês, o
“kanji” que são ideogramas antigos se desenvolveram a partir de formas que as coisas
eram retratadas, muitos desses kanji tiveram suas formas alteradas ao longo dos anos,
sabe-se que no dias atuais a escrita cotidiana utiliza aproximadamente dois mil kanji.
Como todo país o Japão também possui sua vestimenta típica, comumente
chamada de Kimono. O significado literal da palavra kimono em japonês é “coisa de
vestir”. Segundo Sato (2007) a expressão kimono é usada fora do japão e “designa
genericamente uma variada gama de peças e que no conjunto formam um visual
31
considerado típico ou tradicional japonês, mas também é sinônimo da peça principal. No
Japão, a peça principal que nós chamamos de kimono é chamada de kosode”. Durante
a era Meiji, após a retomada do contato com os ocidentais, o Japão passou a incorporar
lentamente os vestidos e ternos e outras modas ocidentais.
O governo determinou que todos os funcionários públicos, militares e civis, passassem a usar roupas ou uniformes à ocidental. Ao final da 1ª Guerra Mundial (1918), quase todos os homens já usavam ternos, camisas, calças e sapatos de couro. As mulheres adotaram mais lentamente os estilos ocidentais. No início apenas a aristocracia usava vestidos de gala, importados da Europa, usados em algumas ocasiões
formais […] A partir da 1ª Guerra Mundial, mulheres instruídas e com
profissões urbanas passaram a usar diariamente roupas ocidentais, mas só após a 2ª Guerra Mundial (1945) foi que o vestuário ocidental passou a ser a regra em todas as classes sociais, homens mulheres e crianças (SATO, 2007).
O país apresenta uma variedade de tradições, costumes e cultura que são únicos.
Entre as várias formos de cultura japonesa podemos citar algumas, como a cerimônia do
chá, origamis, samurais e suas espadas katanas, bonsais, templos e portais, as lanternas
tradicionais, a escrita, a vestimenta e até o comportamento dos japoneses são
características próprias da cultura do país.
Figura 6 – Japão
Fonte: Elaborada pelo autor
32
5. PÚBLICO ALVO
O público alvo deste projeto foi definido com base em três fatores principais, são
eles o gênero, a faixa etária e o comportamento. A definição do público ocorreu visando
fatores como educação, acesso à informação e cultura.
Um estudo realizado pelo SEBRAE trouxe dados estatísticos que justificam a
escolha do público alvo, pelos gráficos demonstrados na figura 7 podemos perceber que
o maior público de moda são mulheres entre 25 a 44 anos de idade, que corresponde a
63% do público consumidor de moda.
Figura 7 – Público consumidor de moda
Fonte:www.nuvemshop.com.br/blog/perfil-consumidor-moda-brasileiro/
Segundo o SEBRAE “a grande oferta de crédito, o aumento do poder aquisitivo do
trabalhador e do índice de formalização do trabalho são fatores que impulsionaram o
consumo de moda pela classe média brasileira”.
A coleção se destina a mulheres, inseridas na classe média, consumidoras de
produtos de moda, profissionalizadas ou que ainda estejam cursando o ensino superior,
numa faixa etária em torno dos 25 aos 40 anos de idade. Mulheres que apreciam e
possuem interesse por culturas e diversidade cultural, que gostam de viajar e de conhecer
o que há de novo e as tradições dos lugares ao viajar e que seguem as tendências da
moda e do design.
São consumidoras de mídias, como cinema e séries e também são apreciadoras
de livros. Mulheres modernas e versáteis, ativas, que sempre buscam algo para realizar,
33
integradas com o novo e a tecnologia, porém que apreciam e respeitam as tradições. São
mulheres inovadoras e de atitude, que costumam se colocar em primeiro lugar e tem
como objetivo de vida serem bem-sucedidas em suas profissões. Valorizam a família e
as amizades, mas que curtem seus momentos sozinha e sabem como se manter
entretidas.
Figura 8 - Painel do Público Alvo
Fonte: Autora
6. REFERENCIAS PARA A COLEÇÃO
Com base nos dados coletados no referencial teórico desse trabalho foram
elaborados pela autora quatro moodboards para auxiliar na pesquisa de tema essencial
ao processo criativo.
38
O moodboard 1 (Figura 9) apresenta paisagens japonesas, são paisagens
naturais, algumas com influência do homem no meio, porém que demostram equilíbrio
entre seus elementos. O segundo moodboards apresenta o conceito de cenários
japoneses (Figura 10) que representam uma parcela da forma de vida dos japoneses, um
pouco de suas tradições e cultura. As paisagens do sertão nordestino são representadas
no moodboard 3 (Figura 11) mostrando elementos que compõe a natureza e a
ambientação do sertão. O último moodboard, o número 4 (Figura 12) retrata um pouco
da cultura do sertanejo, sua cultura, artesanato, crenças e costumes. Os moodboard irão
servir como fonte de inspiração para o processo de desenvolvimento criativo do projeto.
7. PESQUISA DE TENDÊNCIAS
A pesquisa de tendências em moda faz parte do processo de criação de toda
coleção de moda, nas passarelas as tendências indicam o que estará nas vitrines das
lojas e o que será usado pelo público na próxima estação. Segundo Rosati1 tendência
caracterizasse por um conjunto de fatores sociais, culturais, temporais, espaciais e de
atividades política-ideológica-social-pessoal-econômica que definirão de certa forma o
que será usado na próxima temporada da moda (ano desconhecido). Entende-se dessa
forma que as tendências estão em constante evolução, sempre se reinventando e se
adaptando às mudanças do mundo e das pessoas.
“A pesquisa de tendência é informação estratégica para os processos criativos de
toda a cadeia produtiva de moda” (Sant’Anna e Barros, 2010). As pesquisas de
tendências assim como as tendências lançadas são geralmente destinadas a países do
hemisfério norte, cabendo aos países do hemisfério sul adaptarem essas tendências para
sua realidade, esses países assim o fazem de acordo com seus elementos culturais e
geográficos. Elementos que se originam das pesquisas, tais como cores, cortes,
1 ROSATI, Erisson. In: http://www.anhembi.br/html/ead01/moda_comunicacao/pdf/lu_06.pdf
39
modelagens e peças são apresentados e dentre ele alguns irão virar orientação para a
moda local pois estas serão as que irão se adequar melhor ao clima e a cultura local.
Para esse trabalho foi realizada pela autora uma pesquisa de tendência primavera
verão 2017. O site We Connect Fashion2 realiza parceria com as companhias de
pesquisas de tendências para trazer ao público as previsões das tendências de moda e
também as tendências mais vistas nas passarelas, com relação a conceitos, cores,
estampas e tecidos.
Segundo o site We Connected Fashion juntamente com o Fashino Snoops3 (Figura
13) as peças da parte superior apresentam um monte de novidade nesta temporada, com
estilos de off-the-shoulder4 que lideram a classificação. Outros destaques incluem
cropped tops5, estilo camponesa e camisa poeta. Vestidos e saias são movidos por
silhuetas midi6, enquanto formas maxi7 fazem um retorno e slip dress8 e saias com linha
A9 se destacam. Já com relação as peças da parte inferior o volume continua a
impulsionar o mercado com calças e shorts folgados e volumosos enquanto macacões
também são favoráveis.
Figura 13 – Tendências primavera verão 2017
Fonte: weconnectedfashion.com
2 https://www.weconnectfashion.com/ 3 http://www.fashionsnoops.com/ 4 Blusas que não cobrem os ombros 5 Blusas mais curtas que expõe a região do abdome 6 Traje feminino cujo comprimento fica entre o joelho e o tornozelo 7 Traje feminino cujo comprimento atinge o tornozelo 8 Vestido de alça fina no estilo de roupa de dormir 9 Estilo de vestido ou saia é justo no quadril e alarga gradualmente em direção a bainha.
40
Os sites supracitados facilitam a pesquisa de tendências, disponibilizando
moodboards que também foram usados como fontes de referências no processo de
criação. São eles: Summer Bounty, Earth Angel, Paradise Lost, Nature Watch e Couture
Club.
Summer Bounty (Figura 14) tem inspiração o tropical, o verão, frutas e folhagens,
a paleta de cores nos mostra cores fortes, porém não tão vibrantes, tecidos leves e
estampados. já o Earth Angel (Figura 15) nos mostra inspiração vinda dos desertos e
cânions, da geometria tribal e da arquitetura contemporânea, com cores em tons terrosos,
laranjas e azuis e com tecidos mais pesados.
Em Paradise Lost (Figura 16) temos referencial do tropical, com estampa de
folhagens e listras, e uma cartela de cores vívidas e vibrantes. No moodboard Nature
Watch (Figura 17) vemos um apelo ao ar livre, a camuflagem, com cores derivada de
uma ambiente florestal e pele de animais. E por último temos o Couture Club (Figura 18),
com cores em tons de rosa, salmão e damasco, motivos florais ressaltando a feminilidade
e a delicadeza, tecidos leves, que trazem elegância e sofisticação.
Figura 14 – Summer Bounty Figura 15 – Earth Angel
Fonte: weconnectedfashion.com Fonte: weconnectedfashion.com
41
Figura 16- Paradise Lost Figura 17 – Nature Watch
Fonte: weconnectedfashion.com Fonte: weconnectedfashion.com
Figura 18 – Couture Club
Fonte: weconnectedfashion.com
42
Para as tendências em cores temos ainda a paleta de cores da Pantone, segundo
a empresa, 10 cores (Figura 19) estarão em alta na primavera 2017 são elas: Niagara,
Primrose Yellow, Lapis Blue, Flame, Island Paradise, Pale Dogwood, Greenery, Pink
Yarrow, Kale e Hazelnut.
Figura 19 – Pantone Primavera 2017
Fonte: Pantone.com
8. DESENVOLVIMENTO DAS PEÇAS
Com base nas pesquisas realizadas, deu-se início ao processo de
desenvolvimentos das peças. A pesquisa de tema realizada através da construção de
moodboards e a pesquisa de tendências realizada em sites especializados, serviram
como base para o desenvolvimento do conceito e das peças, assim como para a escolha
das cores que compõem a cartela da coleção.
8.1 GERAÇÃO DE ALTERNATIVAS
A geração de alternativas foi realizada a partir do conceito gerado para a coleção,
que representa uma visão extraída a partir do levantamento de formas, cores, texturas e
padrões retirados da pesquisa de tema. O conceito chave para geração de alternativas
43
reúne elementos da natureza, formas, volumes e cores representantes da identidade
cultural das regiões estudadas (Figura 20).
Figura 20 – Imagens de inspiração
Fonte: Autora
Figura 21 – Esboços iniciais
Fonte: Autora
44
Figura 22 – geração de alternativas 01
Fonte: Autora
Figura 23 – geração de alternativas 02
Fonte: Autora
45
8.2 CARTELA DE CORES
A cartela de cores foi composta com as cores que surgiram nos moodboards
juntamente com algumas das cores apresentada pela Pantone como as cores da
primavera de 2017.
A cartela é composta por cores encontradas tanto no nordeste brasileiro quanto
no Japão. São cores em comum entre as duas regiões e remetem tanto a elementos da
natureza como ao homem e objetos por ele criado.
Figura 24 – Cartela de cores
Fonte: Autora
8.3 CARTELA DE TECIDOS
Os tecidos escolhidos foram determinados pelos moodboards, como a renda e o
couro. Também foi optado pela escolha de tecidos como o musseline e a organza para
trazer leveza e transparência. O crepe vogue foi a escolha para um tecido mais
maleável e versátil.
46
Quadro 2 – Cartela de tecidos | Fonte: Autora, 2016
8.4 “XODÓ WABI”: DESENHO ESTILÍSTICO DA MINI-COLEÇÃO
Foram desenvolvidos 10 looks para a coleção, com 18 peças no total. As peças
mesclam conceitos das duas regiões e trazem uma visão diferente da união entre o
Nordeste Brasileiro e o Japão. Mesmo não havendo uma forma de contato direta entre
Musseline
Toque de Seda
Composição:
100% Poliéster
Tafetá Forro
Composição:
100% Poliéster
Renda Bordada
Composição:
100% Poliéster
Couro Ecológico
Composição:
100% Poliéster
Crepe Vogue
Composição:
100% Poliéster
Organza Cristal
Composição:
100% Poliéster
47
as duas regiões as peças produzidas procuram encurtar a distância entre os dois locais
trazendo a cultura para a vestimenta de uma forma não literal.
Xodó Wabi foi o nome dado à coleção. Xodó é uma palavra de origem nordestina
que em como significado algo ou alguém que é muito querido e apreciado. Wabi é uma
palavra de origem japonesa que significa a qualidade de uma beleza rústica, contudo
refinada, solitário; um detalhe falho que cria um todo elegante. O intuito do nome é passar
uma apreciação pelo rustico e refinado, o bruto e o leve. Por isso os looks são compostos
de tecidos pesados e leves, gerando uma harmonia dentro da coleção.
Figura 25 - Desenho estilístico
Fonte: Autora
48
8.4.1 Apresentação dos looks criados
Look 01: O primeiro look é composto por uma blusa formada por camadas de
babados de musseline forrado com tafetá que sobrepõem camadas de renda, e a região
superior, dos ombros, é musseline sem forro. A saia de couro ecológico, possui forro de
tafetá e uma camada superior de couro ecológico que forma um padrão que representa
as construções em vime, muito encontradas na região nordeste, esse padrão é feito
através de recorte com acabamento a laser. A inspiração para o look são os trabalhos
em vime, o volume das roupas tradicionais japonesas como também as lanternas
japonesas. Quatro cores foram usadas neste look, abaixo encontram-se as referências
de tecidos10.
Figura 26 – Look 01 – cores, estampas e tecidos
Fonte: Autora
10 As cores dos tecidos aqui apresentados não são representações das cores finais do produto.
Musseline
Toque de Seda
Composição:
100% Poliéster
Tafetá Forro
Composição:
100% Poliéster
Renda Bordada
Composição:
100% Poliéster
Couro
Ecológico
Composição:
100% Poliéster
49
Look 02: O look 2 é composto por uma blusa de crepe vogue com dobras no
tecido e mangas de renda. A saia possui três camadas de tecido, duas com estampa
digital de flores de cerejeiras, a primeira camada de crepe vogue a segunda camada de
musseline e a terceira de organza. A ideia da saia é que ela transmita a sensação de
movimento do vento ao balançar as flores de cerejeiras.
O look foi inspirado nas flores de cerejeiras, na renda e nos trabalhos em origami.
Os tecidos utilizados são a Renda, Crepe Vogue, Musseline Seda e Organza Cristal.
Seis cores foram usadas neste look, abaixo encontram-se as referências de
tecidos11.
Figura 27 – Look 02 – cores, estampas e tecidos
Fonte: Autora
11 As cores dos tecidos aqui apresentados não são representações das cores finais do produto.
Musseline
Toque de Seda
Composição:
100% Poliéster
Organza Cristal
Composição:
100% Poliéster
Renda Bordada
Composição:
100% Poliéster
Crepe Vogue
Composição:
100% Poliéster
50
Look 03: O look 3 é composto por um vestido e uma peça de acompanhamento.
A peça de acompanhamento funciona como uma junção de cinto mais saia, com camadas
em caimento de Crepe Vogue para dar volume ao look, é uma peça que pode ser usada
para compor outros looks, seja por cima de saias, calças ou shorts. A estampa digital em
forma de bambu foi usada para compor a peça
O look foi inspirado nos quimonos japoneses. Os tecidos usados para o look foram
o Crepe Vogue, Musseline Seda e Organza Cristal.
Cinco cores foram usadas neste look, abaixo encontram-se as referências de
tecidos12.
Figura 28 – Look 03 – cores, estampas e tecidos
Fonte: Autora
12 As cores dos tecidos aqui apresentados não são representações das cores finais do produto.
Musseline
Toque de Seda
Composição:
100% Poliéster
Organza Cristal
Composição:
100% Poliéster
Crepe Vogue
Composição:
100% Poliéster
51
Look 04: O quarto look é um vestido estilo camisão com transparência e aplicação
de fuxicos. A inspiração para o look foi o artesanato nordestino. Os fuxicos são
elaborados no mesmo tecido do vestido e aplicados na área da cintura onde vão se
espalhando sobre o vestido.
O look é composto por uma única cor e o tecido utilizado para o vestido é o
Musseline Seda, abaixo encontram-se as referências de tecidos13.
Figura 29 – Look 04 - cores, estampas e tecidos
Fonte: Autora
13 As cores dos tecidos aqui apresentados não são representações das cores finais do produto.
Musseline
Toque de Seda
Composição:
100% Poliéster
52
Look 05: O quinto look é composto por uma camisa em tecido transparente com
os punhos de couro e a calça de couro trabalhado em trançado.
O look foi inspirado na paisagem da seca nordestina, do chão seco e rachado e
do céu azul límpido e sem nuvens. A transparência da blusa remete a leveza e
sensibilidade japonesa, o laço da camisa remete as amarrações dos kimonos. Os tecidos
usados para esse look foi o Couro Ecológico e o Musseline Seda. Duas cores compõe o
look, abaixo encontram-se as referências de tecidos14.
Figura 30 – Look 05 - cores, estampas e tecidos
Fonte: Autora
14 As cores dos tecidos aqui apresentados não são representações das cores finais do produto.
Musseline
Toque de Seda
Composição:
100% Poliéster
Tafetá Forro
Composição:
100% Poliéster
Couro
Ecológico
Composição:
100% Poliéster
53
Look 06: O sexto look é composto por três peças, uma blusa, uma saia e um cinto
de franjas. O cinto de franjas em couro preto é usado para dar um ar misterioso a peça
que está embaixo, uma vez que não está não fica é totalmente visível, a peça foi inspirada
nas roupas dos vaqueiros. A saia vermelha com uma estampa de bordado de dragão
inspirada nos templos japoneses. A blusa azul de mangas bufantes que remetem as
lanternas japonesas tem uma transparência na região dos ombros para dar uma leveza
ao look.
Os tecidos usados para esse look são Crepe Vogue, Organza e Couro. Quatro
cores compõe o look, abaixo encontram-se as referências de tecidos15.
Figura 31 – Look 06 - cores, estampas e tecidos
Fonte: Autor
15 As cores dos tecidos aqui apresentados não são representações das cores finais do produto.
Crepe Vogue
Composição:
100% Poliéster
Organza Cristal
Composição:
100% Poliéster
Couro
Ecológico
Composição:
100% Poliéster
54
Look 07: O look número sete é um macacão com sobreposição de tecidos. As
laterais em couro foram inspiradas nas vestimentas dos vaqueiros.
O Crepe Vogue usado junto com o Couro ecológico para criar uma sobreposição e dar
um efeito diferente a peça.
Uma única cor foi usada na composição desse look, abaixo encontram-se as
referências de tecidos16.
Figura 32 – Look 07 – cores, estampas e tecidos
Fonte: Autora
16 As cores dos tecidos aqui apresentados não são representações das cores finais do produto.
Crepe Vogue
Composição:
100% Poliéster
Couro
Ecológico
Composição:
100% Poliéster
55
Look 08: O oitavo look tem inspiração nas rendeiras e em seus trabalhos
manuais. Um vestido de renda branca com detalhes em couro ecológico. A abertura na
cintura foi uma forma de modernizar o look e não deixar a cintura não pesada, trazendo
dessa forma uma certa leveza para o look
A inspiração para o look são os trabalhos em vime, o volume das roupas
tradicionais japonesas como também as lanternas japonesas. O vestido de Renda possui
um forro de Tafetá e detalhes em Couro ecológico.
Três cores foram usadas neste look, abaixo encontram-se as referências de tecidos17.
Figura 33 – Look 08 – cores, estampas e tecidos
Fonte: Autora
17 As cores dos tecidos aqui apresentados não são representações das cores finais do produto.
Renda Bordada
Composição:
100% Poliéster
Tafetá Forro
Composição:
100% Poliéster
Couro
Ecológico
Composição:
100% Poliéster
56
Look 09: O look nove é composto por uma blusa e um short. O short de couro tem
elementos para remeter as vestimentas japonesas e os origamis. A blusa branca com
marcas verticais e um véu azul na região dos ombros retrata a arquitetura nordestinas
das torres de igrejas sob o fundo azul do céu.
Além do Couro ecológico usado no short a blusa é composta por dois tecidos o
Crepe Vogue e Organza Cristal.
Três cores foram usadas neste look, abaixo encontram-se as referências de
tecidos18.
Figura 34– Look 09 – cores, estampas e tecidos
Fonte: Autora
18 As cores dos tecidos aqui apresentados não são representações das cores finais do produto.
Crepe Vogue
Composição:
100% Poliéster
Organza Cristal
Composição:
100% Poliéster
Couro
Ecológico
Composição:
100% Poliéster
57
Look 10: O décimo look tem como inspiração a arquitetura japonês e a literatura
de cordel. A blusa de couro preto com babados do mesmo couro cortado a laser,
representando a renda e os detalhes dos desenhos de cordel. A calça de tecido vermelho
representa a os portais de templos japoneses.
Os tecidos usados parar esse look foram o Couro ecológico e o Crepe Vogue.
Duas cores foram usadas neste look, abaixo encontram-se as referências de tecidos19.
Figura 35 – Look 10 – cores, estampas e tecidos
Fonte: Autora
19 As cores dos tecidos aqui apresentados não são representações das cores finais do produto.
Crepe Vogue
Composição:
100% Poliéster
Couro
Ecológico
Composição:
100% Poliéster
58
8.5 VISTAS TÉCNICAS
Em relação a uma possível produção da coleção, foram desenvolvidas fichas
técnicas para auxiliar o desenvolvimento de cada peça.
VISTA TÉCNICA
76
9. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O presente trabalho começou com uma ideia diferente e foi se desenvolvendo por
esse caminho. Devido à falta de tempo para realizar um projeto tão extenso a ideia teve
de ser simplificada. Uma decisão sensata a se tomar pois os objetivos permaneceram o
mesmo apenas o modo para atingi-los foi modificado, o que permitiu a realização do
projeto dentro do prazo estabelecido.
Acredita-se que os objetivos foram alcançados e que os resultados obtidos foram
bastante satisfatórios. Foi um projeto extenso, que foi realizado com afinco. Por se tratar
de um tema que desperta curiosidade e outro que faz parte do cotidiano foi-se capaz de
agregar uma nova visão sobre o assunto. Acredita-se que o tema desperta a curiosidade
das pessoas e abre as portas para que outros projetos na mesma linha sejam idealizados.
Dessa forma vê-se esse projeto como um abridor de portas onde novas áreas esperam
para serem exploradas e estudadas.
Espera-se que esse trabalho possua grande relevância e que possa servir de
referência e também de inspiração para outros trabalhos. A satisfação de finalizar esse
projeto é imensurável e mostrou um novo caminho a ser seguido, despertando a
curiosidade para outras áreas no campo da moda.
77
10. BIBLIOGRAFIA
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