UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NOS ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
ELIZABETE MARIA BATISTA
LUIS GOMES - RN
2016
ELIZABETE MARIA BATISTA
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NOS ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Artigo Científico apresentado ao Curso de
Pedagogia a Distância do Centro de
Educação da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial
para obtenção do título de Licenciatura em
Pedagogia, sob a orientação da professora
Ms. Cleucy Meira Tavares Lima.
LUIS GOMES - RN
2016
A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NOS ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
ELIZABETE MARIA BATISTA
Artigo Científico apresentado ao Curso de
Pedagogia a Distância do Centro de
Educação da Universidade Federal do Rio
Grande do Norte, como requisito parcial
para obtenção do título de Licenciatura em
Pedagogia.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________________
Ms. Cleucy Meira Tavares Lima (Orientadora)
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
_____________________________________________________
Ms. Rúbia Kátia Azevedo Montenegro
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
______________________________________________________
Esp. Carmélia Regina da Silva Xavier
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
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A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NOS ANOS INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
Elizabete Maria Batista1
Cleucy Meira Tavares Lima2
RESUMO
A elaboração do artigo ora apresentado oportunizou um estudo, mais aprofundado, sobre
um tema que há muito vem inquietando os professores, analisando as dificuldades que as
crianças possuem para aprender a ler. O objetivo principal é compreender como se dá o
processo de apropriação da leitura por parte dos alunos dos anos iniciais do ensino
fundamental, analisando-se a importância da escola como instituição articuladora desse
processo. Como aporte teórico, buscou-se os posicionamentos de estudiosos com diversas
publicações relacionadas ao tema como Sacristán (1999), Freire, (1998), Oliveira (2008),
Martins (2007), Solé (1998) e vários outros que, por questões de síntese, não cabe citá-los.
O mesmo foi desenvolvido obedecendo uma sequência, na qual, num primeiro momento,
procura-se teorizar sobre a importância de se trabalhar a leitura desde os primeiros anos do
ensino fundamental. Em sequência, trata-se de sistematizar os aspectos teóricos sobre o
processo da leitura e da escrita, enfatizando-os sob o ponto de vista de diferentes
estudiosos. Por fim, procura-se elencar alguns pontos acerca das dificuldades no ato da
leitura, a fim de dispor de um ponto de vista formal sobre o assunto, apontando para uma
possível solução da problemática. Com isso, abre-se um espaço de reflexões a respeito da
importância da leitura estar inserida na prática pedagógica do professor, proporcionando
meios que despertem, no aluno, a vontade de aprender, de ser e de agir.
Palavras-chave: Leitura. Professor. Aluno.
ABSTRACT
The preparation of the article provided an opportunity now presented a study, further, on a
topic that has long disquieting teachers, analyzing the difficulties that children have to
learn to read. The main objective is to understand how is the process of reading the
appropriation by the students of the early years of elementary school, analyzing the
importance of the school as articulator institution of this process. As a theoretical
framework, we sought the positions of scholars with various publications related to the
topic as Sacristan (1999), Freire (1998), Oliveira (2008), Martins (2007), Solé (1998) and
several others who, for reasons synthesis, it is not quote them. The same was developed
obeying a sequence in which, at first, we try to theorize about the importance of reading
work from the early years of elementary school. In sequence, it is to systematize the
theoretical aspects of the reading and writing process, emphasizing them from the point of
view of different scholars. Finally, looking to list a few points about the difficulties in the
act of reading in order to have a formal point of view on the subject, pointing to a possible
solution of the problem. Thus, it opens up a space reflections about the importance of
1 Graduanda de Pedagogia – UFRN – [email protected]
2 Mestre em Educação – UFRN – [email protected]
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reading to be inserted into the teacher's pedagogic practice, providing the means to awaken
in students the desire to learn, to be and to act.
Keywords: Reading. Teacher. Student.
1 INTRODUÇÃO
Com vistas à necessidade é de fundamental importância que o ato de ler apresenta
para os indivíduos da sociedade em que estamos vivendo atualmente, para que assim,
possam compreender e intervir na realidade sociocultural, política e econômica da referida
sociedade, de modo a contribuir para a construção de um mundo mais justo e,
consequentemente, melhor de se viver para todos que dele fazem parte, e, que, isso só é
possível através da consciência crítica, do conhecimento sistematizado, advindos por meio
da leitura.
Diante de tal problemática traçam-se estratégias para o desenvolvimento desse
artigo científico, onde através de pesquisas bibliográficas fez-se necessário buscarmos
embasamento teórico em diversos estudiosos da nossa área de pesquisa, como Silva
(1981), Martins (2007), Freire (1994), os PCNs (1997) e vários outros citados no decorrer
do presente trabalho, que propõe-se identificar pontos que de forma decisiva ajudará aos
profissionais da área no ato de aplicar tais metodologias em sua práxis docente,
principalmente, o ato do contato dos discentes das séries iniciais, com a leitura,
desenvolvendo um interesse geral de se chegar a uma melhor compreensão de como
direcionar as condições básicas relevantes para o ato de ler.
Portanto, busca-se uma forma dinâmica que possa ajudar na superação dá
deficiência escolar encontrada no ato da prática da leitura, considerando a prática da leitura
como a própria solução. E para que isso aconteça devem-se ampliar diversos tipos de
trabalho, principalmente de pesquisas, que envolvam diferentes processos e meios
metodológicos.
Nessa perspectiva, professores empenhados em realizar ações que, desenvolvam
as habilidades de leitura das crianças, se postulam na hipótese de que é prazeroso ao aluno,
tem mais significado ao aprendizado concreto e, possibilita o desenvolvimento das fazes de
leitura numa amplitude mais completa. Como coloca Sacristán (1999, p. 13) “as ações que
se empreendam em educação, tanto individuais como coletivas, não poderiam ser
entendidas se não se considerar a que conduzem, para que se realizam”.
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Nesse contexto, o referido trabalho foi desenvolvido obedecendo aos seguintes pré-
requisitos: Num primeiro momento procura-se fazer com que o leitor tenha um breve
conhecimento sobre o tema em estudo. Na sequência é abordado o tema O que é Leitura?
Como complemento trata-se sobre a Leitura nos Anos Iniciais, considerando os teóricos,
através dos quais foram utilizados para fundamentar a pesquisa. A seguir aborda-se a
Metodologia, onde estão descritas, de forma detalhada, como foi desenvolvido esse
processo de pesquisa. Por fim, as Considerações Finais que, de forma conclusiva, analisa
os objetivos alcançados e ao mesmo tempo traz uma reflexão de como buscar solucionar o
problema em questão.
2 O QUE É LEITURA?
É de conhecimento geral que, há alguns anos, o ensino da leitura era mecanizado,
lia-se somente o que estava escrito, decodificando, sem nenhuma interpretação.
Atualmente a leitura é abordada de uma maneira mais dinâmica, contínua, cheia de
significados se fazendo presente em todos os níveis educacionais das sociedades letradas.
Nessa ótica, Freire (1982) destaca que,
Aprender a ler, a escrever, alfabetizar-se é antes de tudo, aprender a ler o
mundo, compreender o seu contexto não pela manipulação mecânica de
palavras, mas numa relação dinâmica que vincula linguagem e realidade.
(FREIRE, 1982, p. 8).
Para o educador, esta é uma das formas eficientes para inclusão social das camadas
da sociedade. Um indivíduo que lê compreende melhor o contexto que o cerca e a partir
dele é capaz de formular suas hipóteses e conclusões, sejam elas positivas ou não.
Assim, podemos dizer que o ato de ler não é algo que passou a fazer parte da vida
das pessoas em um determinado período, digamos que, nos últimos séculos, muito mais
que isso, a leitura está presente na vida do homem desde o momento em que o mesmo
começa a perceber sua existência na sociedade ao qual está inserido.
Ler é entrar em outros mundos possíveis. É indagar a realidade para
compreendê-la melhor, é se distanciar do texto e assumir uma postura
crítica frente ao que se diz e ao que se quer dizer, e tirar carta de
cidadania no mundo da cultura escrita. (LERNER, 2002, p. 73).
No entanto, o ato de ler, deve ser uma atividade prazerosa, indo além de
mecanização de palavras, englobando diversos aspectos no âmbito social, cultural, político
6
e econômico. Para isso, torna-se necessário que se tome como referência a capacidade que
os leitores têm de analisar e criticar o mundo em que vivem, exercitando-a, tomando como
base a experiência que estes já possuem, utilizando-a como mecanismo para ampliar os
seus conhecimentos.
A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de
construção do significado do texto, a partir dos seus objetivos, do seu
conhecimento sobre o assunto, sobre o autor, de tudo o que sabe sobre a
língua: características do gênero, do portador27, do sistema de escrita, etc.
Não se trata simplesmente de extrair informação da escrita,
decodificando-a letra por letra, palavra por palavra. Trata-se de uma
atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os sentidos
começam a ser constituídos antes da leitura propriamente dita. (BRASIL,
1997, p. 41).
Assim, a partir da prática desenvolvida com a leitura tanto podemos nos tornar
pessoas esclarecidas e conscientes, quando usamos o nosso senso crítico para analisarmos
o que estamos lendo, como alienados, se não soubermos interpretar coerentemente tal
leitura, o que torna o ato de ler uma atividade séria e de fundamental importância em
nossas vidas.
Portanto, o ato de ler é uma prática imprescindível à vida dos indivíduos, visto
que a leitura os permite exercer sua própria cidadania, por proporcionar-lhe condições de
perceber e compreender o seu entorno de maneira crítica, ativa e participativa, ou seja,
através da leitura conseguimos ir além das aparências, agir e interagir de maneira adequada
e eficiente.
2.1 LEITURA NOS ANOS INICIAIS
Entende-se que a leitura oferece meios necessários ao homem se comunicar e
compreender o mundo, oferecendo a oportunidade de transformar suas relações. Aprender
a ler é familiarizar-se com diferentes textos produzidos em diferentes esferas.
O ato de ler se constitui em refletir, reviver, recriar, criar identidade, produzir
sentido, a partir do seu contexto histórico e ao mesmo tempo se tornam leitores e
mediadores das suas experiências de vida e do mundo o qual o rodeia. Quer dizer, o leitor,
seja ele adulto seja criança, em maior ou menor grau, com seus conhecimentos, faz o texto
significar. Freire (1989) destaca que,
Desde as experiências mais remotas de minha infância, de minha
adolescência, de minha mocidade, em que a compreensão crítica da
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importância do ato de ler, se veio em mim constituindo. A velha casa,
seus quartos, seu corredor, seu sótão, seu terraço – o sítio das avencas de
minha mãe -, o quintal amplo em que se achava, tudo isso foi o meu
primeiro mundo. Nele engatinhei, balbuciei, me pus de pé, andei, falei.
Na verdade, aquele mundo especial se dava em mim como o mundo de
minha atividade perceptiva, por isso mesmo como o mundo de minhas
primeiras leituras (FREIRE, 1989, p. 9).
Dessa forma, o indivíduo, por intermédio do seu cotidiano, poderá produzir
estratégias que mobilizem os conhecimentos que possui da língua e do mundo que o cerca.
Para se adentrar no contexto da leitura não é necessariamente preciso dominar a escrita.
Quando a criança lê e relê histórias ou relata suas próprias experiências de vida, é
proporcionada, à mesma, alternativas de superação dos problemas e dificuldades que
enfrenta no cotidiano.
A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior
leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.
Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do
texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das
relações entre o texto e o contexto (FREIRE, 1989, p. 9).
Assim, a leitura de um texto não verbal faz com que o aluno interaja com o seu
contexto social, com suas experiências de vida, instigando-o a formular textos, deixando
sua impressão sobre a imagem.
Para Silva (1981, p. 5) “o processo de aprender a ler implica um conjunto de regras
diferentes das que levarão o indivíduo a escrever. As regras para a leitura serão mais
simples, pois são regras de reconhecimento”.
Ensinar a ler é bastante complexo, tanto que é comum, no meio escolar, que o aluno
não domine essas habilidades, muitas vezes chegando ao quarto ano sem ler e escrever
ortograficamente. Nesse sentido, é imprescindível que o professor esteja com seu olhar
voltado para o conhecimento que o aluno traz consigo ou mesmo que construiu sobre a
leitura, para poder organizar uma intervenção adequada que possibilite ao aluno apropriar-
se da mesma.
Uma das prioridades é fazer com que o aluno perceba que ele vive cercado de
diversas leituras e que já a utiliza no seu cotidiano e que, através desses textos ou leituras,
lhe é proporcionado o conhecimento da língua e suas variações.
Se o objetivo é formar cidadãos capazes de compreender os diferentes
textos com os quais se defrontam, é preciso organizar o trabalho
educativo para que experimentem e aprendam isso na escola.
8
Principalmente quando os alunos não têm contato sistemático com bons
materiais de leitura e com adultos leitores, quando não participam de
práticas onde ler é indispensável, a escola deve oferecer materiais de
qualidade, modelos de leitores proficientes e práticas de leitura eficazes.
Essa pode ser a única oportunidade de esses alunos interagirem
significativamente com textos cuja finalidade não seja apenas a resolução
de pequenos problemas do cotidiano. É preciso, portanto, oferecer-lhes os
textos do mundo: não se formam bons leitores solicitando aos alunos que
leiam apenas durante as atividades na sala de aula, apenas no livro
didático, apenas porque o professor pede. (BRASIL, 1997, P. 41-42).
Nessa ótica, o professor deve contemplar a diversidade de gêneros textuais em sua
sala de aula, não apenas em função da relevância social mas, pelo fato de que a sua
inserção no contexto das aulas de leitura contribui, não só para a formação de bons leitores
e produtores de textos mas, também, para a formação de pessoas capazes de resolver os
problemas a partir destas habilidades, sendo capazes de argumentar, defender pontos de
vista, criticar, apropriar-se e assim adquirir competências para interagir, através de
enunciados adequados, frente às determinadas situações que vivenciem.
Assim sendo, é mister que a escola, mais precisamente o professor, modifique
seus posicionamentos com relação as práticas de leitura que desenvolve em sala de aula, no
sentido de, ao invés de visar a simples decodificação dos signos linguísticos, de maneira
enfadonha, cansativa e com pouca relevância para a vida em sociedade dos indivíduos,
possa lhes oportunizar momentos de leitura baseados na construção de conceitos,
discussões, análises críticas e reflexivas de situações vivenciadas pelo próprio aluno em
seu cotidiano, tornando as aulas de leitura agradáveis, dinâmicas e eficazes.
Quanto a isso, Freire (1994, p. 19) é enfático ao afirmar que “para mim seria
impossível engajar-me num trabalho de memorização mecânica dos ba-be-bi-bo-bu”, visto
que, tais repetições pouco ou nada contribuem para os alunos desenvolverem uma
consciência voltada para os seus papéis nessa sociedade atual, por se basear simplesmente
em repetições fragmentadas, descontextualizadas do mundo em que os alunos vivem.
De acordo com esse pensamento percebe-se que o professor que realmente tem
consciência do seu papel enquanto mediador, facilitador na construção de conhecimentos,
não desenvolve suas práticas profissionais de acordo com repetições mas, sim, propicia
condições para que o ato de ler seja uma atividade prazerosa.
A linguagem serve como paradigma de todo o problema examinado. A
linguagem origina-se em primeiro lugar como meio de comunicação entre
a criança e as pessoas que a rodeiam. Só depois, convertido em
linguagem interna, transforma-se em função mental interna que fornece
9
os meios fundamentais ao pensamento da criança (VYGOTSKY, 2010, p.
97).
Assim, as práticas de leituras desenvolvidas, sobretudo, no contexto escolar,
devem acontecer de forma global, em que diversos aspectos de âmbito sociocultural,
político e econômico se façam presentes numa perspectiva de busca de respostas para as
diversas inquietações e angústias.
Para tanto, é necessário que os indivíduos apresentem as capacidades de analisar e
criticar o mundo em que vivem, exercitando-as, tomando como base as próprias vivências,
experiências que já possuem, utilizando-as como meios para ampliar seus conhecimentos e
saberes.
A figura do professor deve se fazer presente de modo ativo, tanto na busca de
qualificação profissional, que lhe permita uma atuação realmente exitosa durante o
processo de ensino-aprendizagem, como em práticas efetivas que garantam o sucesso
escolar dos seus alunos, especialmente no que se refere a formação cidadã, em que estes
possam adquirir condições de atuarem de forma crítica e ativa na sociedade em que vivem,
com possibilidades de contestarem, lutarem por uma sociedade mais justa e igualitária.
2.2 ASPECTOS TEÓRICOS SOBRE O PROCESSO DE LEITURA
A leitura tem sua importância na sociedade desde a pré-história, quando os
indivíduos ainda não conheciam a leitura propriamente dita, mas a produzia através de
signos e símbolos que substituíam as letras e palavras.
As experiências sociais com a leitura acontecem antes mesmo de frequentar-se a
instituição escolar, como afirmou Freire (1994). Realmente, nas nossas primeiras relações
sociais com o mundo, estamos sempre reagindo com o que nos cerca.
Diante disso, Martins (2007, p. 32-33) afirma que:
[...] a leitura vai além do texto (seja ele qual for) e começa antes do
contato com ele, o leitor assume um papel atuante, deixando de ser mero
decodificador ou receptor passivo. O contexto geral em que ele atua, as
pessoas com quem convive passam a ter influência apreciável em seu
desempenho na leitura. Isso porque o dar sentido a um texto implica
sempre levar em conta a situação desse texto e de seu leitor.
De acordo com esse raciocínio, a leitura é tida como uma construção de sentidos,
em que diversos aspectos se fazem presentes durante o ato de ler, uma vez que o leitor não
se apresenta como um simples decodificador dos símbolos linguísticos, porque dispõe de
10
influências do meio sociocultural em que vive, o que repercute em suas leituras, o autor do
texto também exerce influência, além do contexto em que se dá tal construção textual.
Para Pietri (2009, p. 13), “[...] a escolha do texto exige, portanto, que o professor
conheça quem é o aluno que se encontra ali, a sua frente, na sala de aula. A escolha dos
textos a serem lidos numa aula de leitura não pode ser feita antes de se saber quais são os
conhecimentos que o aluno traz para o interior da escola. ”
Nessa perspectiva, os textos trabalhados em sala de aula devem ser diversificados,
assim como o conteúdo deve se aproximar à realidade do aluno, para que haja uma melhor
compreensão por parte do aprendiz. Assim, compete ao professor oferecer aos alunos, uma
variedade de gêneros textuais: informativos, textos extras verbais: como pintura, escultura,
sons, gestos, textos literários: fábulas, contos, poemas.
Diante disso, Solé (1998) afirma que,
(...) algumas situações facilitarão mais que as outras essa exploração;
assim na sala de aula onde existe um cantinho de biblioteca, um cantinho
de inventar histórias ou de criar livros, os professores terão muitas
oportunidades, não só de ensinar a ler e a escrever, mas de observar os
progressos e as dificuldades dos alunos, o que facilitará o ajusto
permanente da sua intervenção (SOLÉ, 1998, p.63).
Portanto, a leitura em sala de aula é de fundamental importância para a formação
do educando, uma vez que é a partir do domínio da leitura que o aluno passa a ter
competência para compreender os conteúdos impostos para cada ano escolar.
Hoje o educador deve ser não só o articulador entre a linguagem falada e a escrita,
principalmente no ciclo inicial de alfabetização, mas é preciso que ele assuma o papel de
mediador, partindo do conhecimento social para o sistematizado, respeitando o processo e
o nível de aprendizagem de cada aluno inserido no processo de educação.
O papel do educador não é propriamente falar ao educando sobre sua
visão de mundo ou lhe impor esta visão, mas dialogar com ele sobre a sua
visão e a dele. Sua tarefa não é falar, dissertar, mas problematizar a
realidade concreta do educando, problematizando-se ao mesmo tempo.
(FREIRE, 2004, p. 65).
Também, nessa perspectiva, cabe à escola,
(...) viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam
socialmente, ensinar a produzi-los e a interpretá-los. Isso inclui os textos
das diferentes disciplinas, com os quais o aluno se defronta
sistematicamente no cotidiano escolar e, mesmo assim, não consegue
11
manejar, pois não há um trabalho planejado com essa finalidade. (PCN,
1997, p. 26).
Então, não se deve ver a leitura apenas como uma atividade das aulas de Língua
Portuguesa, é interessante que em outras disciplinas seja dada a mesma importância pois,
Quando os professores das demais matérias se envolvem com o ensino de
leitura, como deveriam fazê-los, as oportunidades de criar objetivos
significativos para a leitura de diversos textos se multiplicam. As
oportunidades de diversificação e ampliação do universo textual do aluno
são limitadas, desde que outra justificativa a não ser cumprir programa,
até uma atividade para cujo desenvolvimento e realização a leitura sirva
como instrumento importante (KLEIMAN, 2004, p. 52).
Dessa forma, os alunos estariam ampliando seu repertório de leitura, já que teriam a
oportunidade de estar em contato com textos que não estão acostumados, que fazem parte
dos conteúdos estudados, mas que passam despercebidos.
Diante desses aspectos, direcionamos a proposta ora apresentada, com o intuito de
evidenciar tais questionamentos, visto uma melhor interpretação do que é abordado no
cenário educacional quanto ao trabalho com a leitura nos anos inicias do ensino
fundamental.
2.2.1 A leitura e a construção do sentido
A leitura é um ato de fundamental importância na e para a vida do ser humano, não
só no decorrer de sua escolarização, mas para a sua formação e vivências de um modo
geral. Quando realizada no sentido essencial da palavra, permite ao indivíduo, exercer sua
cidadania durante toda sua existência, uma vez que através dela pode ampliar conceitos de
mundo e da sociedade em que está inserido, não se restringindo apenas a decodificação de
símbolos pois esse tipo de trabalho com a leitura, pouco contribui para a formação cidadã
das pessoas.
Diante disso, Martins (2007) afirma que,
A leitura vai, portanto, além do texto (seja ele qual for) e começa antes do
contato com ele. O leitor assume um papel atuante, deixa de ser mero
decodificador ou receptor passivo. E o contexto geral em que ele atua, as
pessoas com quem convive passam a ter influência apreciável em seu
desempenho na leitura. Isso porque o dar sentido a um texto implica
sempre levar em conta a situação desse texto de seu leitor. E a noção de
restrita ao que está escrito, mas abre-se para englobar diferentes
linguagens (MARTINS, 2007, p. 32-33).
12
Assim, as dificuldades de leitura, em seu sentido essencial, têm se apresentado
como uma das principais dificuldades a serem enfrentadas pelos profissionais da educação
básica brasileira, mais precisamente na primeira fase do ensino fundamental. Diante de tal
realidade, faz-se necessário uma investigação detalhada que responda as angústias e
inquietações que permeiam a prática docente, dada a necessidade de desenvolver uma
educação séria e com a qualidade necessária a uma formação sólida dos indivíduos.
Vale salientar, portanto, que a leitura desempenha, no processo de
desenvolvimento da criança, uma importante função e que por isso, os mesmos já devem
estar, desde a mais tenra idade, em contato com bons livros, músicas de qualidade que
despertem sua curiosidade e interesse pela leitura e a partir daí possam ter entusiasmo e
gosto pelo ato de ler.
É inadmissível que as aulas de leitura se apresentem como uma atividade forçada
e enfadonha, minimizando as chances destes sentirem-se atraídos por tal prática,
implicando num distanciamento com o mundo letrado. Portanto, de acordo com Villardi
(1999, p. 06) “cabe ao trabalho com o livro de literatura infanto-juvenil, na escola, um
papel fundamental e privilegiado na formação de leitores”.
A leitura, quando trabalhada numa perspectiva qualitativa, passa a se tornar um
hábito saudável e fundamental na vida acadêmica do educando, uma vez que “não é o
método em si, mas sim o professor e o uso que ele faz do método, o elemento mais
importante para o encaminhamento do processo [...] de leitura na escola”. (SILVA, 1994,
p.49).
Há décadas que, em nosso país, vem se discutindo o baixo nível de escolaridade
de nossos jovens. O governo federal vem implementando programas de alfabetização e
estimulo a leitura, na tentativa de superar a crise no âmbito educacional. O debate se
amplia com posições ou argumentos não muito convincentes que a justifique, e os
questionamentos continuam: será que a falha se encontra na aplicação dos métodos ou
teorias de ensino? Ou será que é centrada na maneira como os professores os aplicam em
sala de aula?
Se existe uma metodologia ou uma proposta pedagógica que vise a um trabalho de
leitura com o objetivo de formar leitores de qualidade, mas a escola não dispõe de
profissionais com competência necessária para aplicá-los adequadamente, se a mesma, não
oferece condições para que estes “profissionais” desenvolvam suas atividades com êxito,
certamente estes recursos não serão proveitosos e, consequentemente, os educandos terão
poucas chances de descobrirem na leitura suas capacidades de conquistar uma
compreensão crítica sobre o que ocorre na sociedade e no mundo.
13
Compreende-se, portanto, que quando o trabalho com a leitura é realizado de
maneira proficiente, os indivíduos poderão ter sucesso em suas trajetórias estudantis e
profissionais, porque lhes foi permitido o acesso ao conhecimento com as condições
necessárias e viáveis para uma atuação crítica, ativa, participativa e cidadã.
2.2.2 Dificuldades de aprendizagem: dislexia em foco
A competência da leitura é considerada como objeto fundamental de qualquer
sistema educativo. No ensino elementar, a leitura constitui aprendizagem de base e
funciona como uma mola propulsora para todas as aprendizagens e eleva a autoestima do
aluno.
O ambiente da sala de aula possui um importante papel no desenvolvimento da
aprendizagem da criança. Por isso, o professor deve estar atento a como organizar o espaço
alfabetizador, caso contrário, o mesmo pode revelar-se um inibidor da aprendizagem, pois
o medo de errar, a crítica recebida dos colegas e outras maneiras de manifestação
existentes, como os gracejos contribuem para inibir a liberdade de expressão. Em muitos
casos, o professor assume uma postura muito autoritária em sala de aula, o que reflete de
maneira negativa, ampliando o bloqueio do aluno em relação à aquisição da leitura.
A aprendizagem da fala e, consequentemente, da leitura é um processo progressivo,
no qual a criança vai interligando experiências verbais, visuais, auditivas, diferenciando
sons e símbolos, um dos outros, atribuindo-lhes significados e armazenando a memória.
Sabe-se que a linguagem é o ponto central do desenvolvimento, imprescindível e
mais importante no processo educativo, porque, de acordo Vygotsky (2001, p. 412) [...]
“ao transformar-se em linguagem, o pensamento se reestrutura e se modifica. O
pensamento não se expressa, mas se realiza na palavra”.
Numa fase inicial as competências da leitura e escrita são os conteúdos básicos da
aprendizagem, numa fase posterior constituem o suporte para que se progrida no
desempenho escolar, o que acontece, impreterivelmente, por meio da linguagem, seja ela
verbal ou não. As dificuldades de aprendizagem apresentadas pelas crianças, sobretudo no
que tange ao uso da linguagem, repercutem negativamente em seu desenvolvimento
cognitivo, mais precisamente no desenvolvimento da leitura. Nesse contexto, podemos
destacar a dislexia.
A dislexia, em particular, vem chamando a atenção de psicólogos, professores,
psicopedagogos e outros profissionais interessados na investigação dos fatores que
14
implicam no sucesso e/ou insucesso educativo. É uma dificuldade de apropriação na leitura
e decodificação de palavras.
A dificuldade na leitura e decodificação de palavras não só prejudica o
desenvolvimento dos conhecimentos gerais mas, também, do vocabulário, pela falta de
leitura, além de prejudicar o seu desenvolvimento como cidadão.
Etimologicamente, dislexia deriva dos conceitos “dis” (desvio) + “lexia”
(leitura, reconhecimento das palavras). É caracterizada por dificuldades
na correção e/ou fluência na leitura de palavras e por baixa competência
leitora e ortográfica. Estas dificuldades resultam tipicamente de um
défice na componente fonológico da linguagem que é frequentemente
imprevisto em relação a outras capacidades cognitivas e às condições
educativas. Secundariamente podem surgir dificuldades de compreensão
leitora, experiência de leitura reduzida que podem impedir o
desenvolvimento do vocabulário e dos conhecimentos gerais. (TELES,
2009, p. 13).
De acordo com o exposto acima, podemos perceber, que a dislexia se refere as
dificuldades que o indivíduo pode apresentar com relação ao ato de ler proficientemente,
bem como de escrever. Não obstante, essa dificuldade precisa ser trabalhada de maneira
séria e responsável pelas instituições escolares, sobretudo, pelas que ofertam os anos
iniciais do ensino fundamental.
Desse modo, a escola pode ajudar as crianças a superarem suas limitações com
relação a leitura e escrita em decorrência da dislexia, levando em consideração suas
peculiaridades, e, assim, planejando e desenvolvendo atividades que lhes possibilitem
maior envolvimento, dedicação e superação, porque:
Com uma condução adequada os disléxicos podem realizar consideráveis
progressos e atingir a habilidade necessária para ler com fins práticos.
Isto é, podem chegar a ser capazes de interpretar notícias, propagandas,
jornais e cartas, mas é provável que continuem sendo leitores
recalcitrantemente preguiçosos. (CONDEMARIM; BLOMQUIST, 1986,
pág. 26).
Sob essa visão, a escola pode oportunizar, ao disléxico, situações que o permitam
desenvolver-se, através da aplicação de atividades de leitura e escrita de acordo com as
necessidades e expectativas, contribuindo significativamente para que possa se tornar um
leitor realmente proficiente.
Assim, faz-se necessário, que haja entre escola e família, uma parceria pautada nas
características das crianças disléxicas, de modo a melhor acompanha-las e auxiliá-las em
seus desenvolvimentos, uma vez que:
15
Os disléxicos diferem de seus companheiros em tarefas fonológicas,
memória de curto prazo e habilidades de dar nomes, mas esses fatores
não diferenciam os disléxicos dos maus leitores normais. As tarefas que
diferenciam os disléxicos com sucesso são aquelas tais como encontrar
objetos escondidos em figuras e montar quebra-cabeças, nas quais os
disléxicos se saem melhores que os maus leitores normais. (ELLIS, 1995,
p. 119).
Nesse contexto, as diferenças existentes entre os disléxicos e os demais alunos, são
notórias, o que favorece aos professores constatar essa condição e melhor desenvolver
atividades didático-pedagógicas. Isso inclui o diagnóstico, o acompanhamento terapêutico
e a avaliação das atividades, possibilitando assim, maior probabilidade de ampliação de
conhecimentos, superação de limites, o que pode auxiliar na formação leitora.
O ambiente em que se processa a construção da leitura deve favorecer a criança a
expressar seu pensar de acordo com o entendimento que ela tem das informações que lhe
são apresentadas.
(...) em termos práticos não se trata de continuamente introduzir o sujeito
em situações conflitantes dificilmente suportáveis, e sim de tratar de
detectar quais são os momentos cruciais nos quais o sujeito é sensível às
perturbações e às suas próprias contradições, para ajudá-lo a avançar no
sentido de uma nova reestruturação. (FERREIRO e TEBEROSKY, 1999,
31-32).
Nesse caso, é relevante a escola promover um ambiente que estimule a construção
da leitura numa perspectiva favorável, considerando as diferenças de aprendizagem que a
criança apresenta e o professor é peça fundamental nesse processo.
O comportamento do professor é uma parcela importante para o desenvolvimento
humano e intelectual do aluno, pois sem a presença da afetividade esse processo acaba
sendo desastroso. A atuação do docente, pode ocasionar problemas na formação do
discente como traumas, indisciplinas, baixo estima e muitos outros fatores que trazem
marcas irreparáveis.
Para se alcançar uma educação de qualidade, faz-se necessário repensar as ações
como educador e aperfeiçoar a metodologia pedagógica integrando a afetividade nas
práticas em sala de aula.
Para um professor comprometido com o sucesso escolar de todos os seus
alunos, é fundamental a atenção a essas questões e a naturalidade no
tratamento que oferece aos que precisam de ajuda extra, para que não
16
sejam estigmatizados como os “fracos” – uma condução absolutamente
desfavorável à sua aprendizagem. Se as práticas de ajuda extra fizerem
parte do cotidiano da sala de aula e da escola, todos começaram a
concebê-las como naturais e necessárias: um recurso do qual qualquer um
pode precisar e se beneficiar, não sendo exclusividade de poucos.
(WEISZ; SANCHEZ, 2006, p.106)
É relevante considerar também o ambiente que a criança vive, pois um dos fatores
que prejudicam a aprendizagem é a falta de acompanhamento familiar na vida estudantil
das crianças, causando a desmotivação por parte dos alunos, gerando conflitos familiares.
O professor tem às vezes parcela de responsabilidade, mas existem
muitos outros fatores que prejudicam os alunos no desenvolvimento de
sua aprendizagem, e a consequência dessa deficiência recai não apenas
sobre o aluno, mas também sobre a performance familiar. (TIBA, 2010,
p. 192).
Nesse contexto, outro fator importante, é a falta de estrutura e estímulo dos pais
para os filhos estudarem em casa. Pois quando o ambiente de casa é alfabetizador,
melhores oportunidades se expressam para o êxito escolar do aluno, visto que a familia
contribui significativamente para o desenvolvimento da criança, resultando em melhoria
qualitativa no processo de aprendizagem da criança.
A compreensão de que a prática da leitura entre mães, pais e filhos
possibilita o estreitamento de laços afetivos, fundamental para a
influência da aprendizagem, alimentada pela cumplicidade e pela
confiança recíproca. (BRANDÃO; ROSA, 2011, p 177)
Portanto, quando a família se alia a escola o cenário escolar muda, porque a
aprendizagem do discente progride e o trabalho da equipe pedagógica evolui. Mas, quando
isso não acontece, todo o trabalho educativo se torna mais lento e fragmentado. O ser
humano precisa se mover na busca de alcançar objetivos, mas pra isso é necessário não
apenas adquirir conhecimento, mas, também, o afeto para se motivar a buscar algo que
satisfaça os seus desejos presentes ou que venham a lhe beneficiar no futuro.
Por isso, as relações na comunidade escolar não podem ser restritas, tristes e
desmotivadoras, o professor deve ser criativo diante dos desafios que surgem dentro do
cotidiano da escola, como também, proporcionar momentos de interação, dinamismo,
amor. É necessário atrair a família, conquista-la, para que possa ajudar na formação da
criança, compartilhando momentos de extrema importância para o seu filho.
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3 MEDODOLOGIA
Após analisar as diversas metodologias disponíveis para desenvolver o presente
estudo, optou-se em realizar uma pesquisa bibliográfica qualitativa, pois esta favorece ao
pesquisador, oportunizando um contato com diversas fontes de informação como diz
Godoy (1995, p. 67-68):
Numa valiosa técnica de abordagem de dados qualitativos, podendo ser
também utilizada para complementar informação obtida em outras fontes
[...] documentos de diversos tipos podem ser utilizados, visando a prover
o pesquisador com dados complementares para a melhor compreensão do
problema investigado.
Sob essa ótica, o aporte teórico foi composto por estudiosos da área da educação e
psicologia, como Ferreira e Teberosky (1991), Silva (1981), Martins (2007), Freire (1994),
Tiba (2010) e vários outros que são citados no corpo do trabalho, além da consulta aos
Parâmetros Curriculares Nacionais - PCNs (1997), de modo a ampliar e fundamentar os
conhecimentos acerca do tema em foco, oferecendo uma melhor sistematização destes e
validando o tema pesquisado. Para Gil (2002, p. 45), “a principal vantagem da pesquisa
bibliográfica reside no fato de permitir ao investigador a cobertura de uma gama de
fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente”.
O trabalho foi desenvolvido seguindo etapas. De início procurou-se abordar a
definição de leitura à luz dos estudiosos. Dando continuidade refletiu-se sobre a
importância da leitura nos anos iniciais do ensino fundamental. Continuando, tratou-se dos
aspectos teóricos sobre o processo de aquisição da leitura, abordando os diferentes pontos
de vista dos estudiosos a respeito da temática. Por fim, procurou-se elencar as dificuldades
no domínio da leitura, enfatizando a dislexia, dispondo de um ponto de vista formal acerca
do assunto, apontando esferas distintas para uma possível solução da problemática.
Para Lakatos e Marconi (2004, p. 183), a pesquisa bibliográfica:
[...] abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema
estudado, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros,
pesquisas, monografias, teses, materiais cartográficos, etc. [...] e sua
finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi
escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto [...].
A pesquisa bibliográfica diz respeito ao estudo das diversas fontes documentais
disponíveis relacionadas ao tema em estudo. A finalidade é permitir o pesquisador ficar a
par de tudo o que está direta e/ou indiretamente relacionado ao tema em estudo.
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Desse modo, fez-se necessário situar a pesquisa quanto à área de investigação, o
método e abordagem e, por fim, o destaque atribuído aos resultados e/ou conclusões a que
se chegou com o estudo, apresentado sugestões direcionados a possíveis interessados pela
discussão apresentada.
3.1 NATUREZA DA PESQUISA
De acordo com a dinâmica em pauta, foi necessário optar pelo estabelecimento da
abordagem indireta, pelo fato de partir de informações e/ou conhecimentos gerais, para
depois abordar os locais.
Tomando como base as colocações de Marcellino (1998, p. 20), que afirma que
esse tipo de abordagem tem o “[...] foco principal de análise [...] caracterizado por
componentes de obrigação, como por exemplo as relações familiares, o trabalho escolar e,
sobretudo, o trabalho profissional”, o que, para o desenvolvimento do referido estudo, é
imprescindível, haja vista a existência de análises de documentos pautados em
posicionamentos de diferentes teóricos e/ou estudiosos que tratam da temática em
destaque, bem como aspectos voltados ao fazer pedagógico e as contribuições que
diferentes segmentos como a família e escola como um todo, apresentam para o
desenvolvimento da leitura dos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, já que a
temática em estudo encontra-se voltada ao ato de ler.
Com relação a obtenção dos dados para o desenvolvimento da pesquisa, utilizou-se
dos procedimentos condizentes com os moldes da pesquisa qualitativa, visto que a análise
do conteúdo se deu levando em consideração sua relevância, e as possíveis soluções para
uma das principais problemáticas existentes nos anos iniciais do ensino fundamental, mais
precisamente da rede pública de ensino, no qual o déficit na formação leitora dos alunos
apresenta-se mais acentuada.
Sob essa ótica, Triviños (1987) nos diz que a pesquisa qualitativa, é:
uma espécie de representatividade do grupo maior dos sujeitos que
participarão no estudo. Porém, não é, em geral, a preocupação dela a
quantificação da amostragem. E, ao invés da aleatoriedade, decide
intencionalmente, considerando uma série de condições (sujeitos que
sejam essenciais, segundo o ponto de vista do investigador, para o
esclarecimento do assunto em foco). (TRIVIÑOS, 1987, p. 132).
19
Nessa perspectiva, a presente pesquisa não se baseia em termos quantitativos, visto
que não apresenta números, situações quantificáveis, mas sim informações pautadas em
registros, que por sua vez oferecem relevantes informações sobre a temática em estudo.
No que tange aos objetivos do estudo, estes apresentam, além de peculiaridades da
pesquisa qualitativa, características voltadas para a pesquisa exploratória, como bem expõe
Aaker, Kumar & Day (2004), quando destaca que esse tipo de pesquisa geralmente
envolve a abordagem qualitativa, e caracteriza-se ainda pela ausência de hipóteses, ou
hipóteses pouco definidas.
Ainda nesse sentido, Mattar (2001), nos diz que os métodos utilizados na pesquisa
exploratória com abordagem qualitativa, compreendem o levantamento em fontes
secundárias, como é o caso da pesquisa bibliográfica.
Os estudos baseados na pesquisa exploratória, além de contribuir para um melhor
entendimento sobre o problema, permitem não só uma visão dos fatos que rodeiam o
problema, mas, também, possibilitam a realização de novas pesquisas mais estruturadas,
auxiliando, assim, a encontrar uma solução sucinta e flexível.
Quanto aos instrumentais de pesquisa, pautou-se, especialmente, em estudiosos e
teóricos da área da educação, que por sua vez tratam dos diversos aspectos relacionados às
práticas de leitura nas escolas que ofertam os anos iniciais do ensino.
Dessa forma, a análise dos dados obtidos com a pesquisa aconteceu de maneira
crítica e reflexiva, tomando como base as discussões e o aporte teórico escolhido que
fundamentaram o estudo, relacionando-os a problemática que motivou a discussão.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio do estudo realizado a respeito da importância da leitura nos anos iniciais
do ensino fundamental, concluiu-se que é fundamental o indivíduo ter um amplo acesso as
diversas leituras que existem, visto que possibilitam torna-lo capaz de ler o mundo
criticamente.
O educador deve assumir uma postura diferenciada da que foi adotada no passado,
não muito distante, comportando-se como um “provocador” de situações, um animador
cultural, visando criar um ambiente comum em que todos convivam e socializem os
conhecimentos adquiridos, visto a leitura ser um bem cultural, uma fonte de conhecimento
e de permitir o acesso ao exercício de uma plena cidadania.
Diante de tais pressupostos, acredita-se que para ocorrer o avanço na prática da
leitura faz-se necessário que os docentes estejam comprometidos com a tarefa de estimular
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a leitura em sala de aula, que tenham clareza sobre a dificuldade de alguns alunos em
aprender a ler e propor situações que os façam supera-las.
Além do mais, esse profissional deve ser reflexivo quanto a sua prática pedagógica,
sensível à aquisição de possibilidades alternativas, ter consciência que é passível de erros,
e esteja sempre se questionando no seu fazer em sala de aula, indo além das atividades
imediatistas, tendo em mente o tipo de “ser” que quer formar.
Compreende-se que o processo de leitura se inicia muito antes da criança entrar
em contato com o mundo adulto, recebendo estímulos para depois chegar à escrita
convencional e que a leitura da realidade não pode ser uma mera repetição mecanizada,
mas um ato reflexivo numa ação que possa transformar a sociedade.
Aponta-se, dessa forma, que a escola tem papel crucial nessa temática. Para tanto,
necessita equipar as escolas com bibliotecas de boa qualidade e com acervos renovados e,
principalmente, incentivar o hábito da leitura, tanto nos alunos, quanto nos professores e
nos pais.
Diante de tal problemática é necessário que professores convençam, seus alunos,
que os mesmos são agentes ativos da história, com capacidade de transformar a nossa
realidade, cabendo aos educadores compreenderem de que é sempre tempo de procurar
reatar laços com a leitura e desfazer barreiras criadas em torno da mesma, pois as
possibilidades de mudanças são infinitas.
Com relação ao problema da dislexia, tão pouco reconhecida pelos educadores, é
consenso que uma das melhores maneiras de supera-la é procurara elevar a autoestima da
criança, motivando-a a realizar leituras, organizando, na escola, um ambiente saudável que
não gere ansiedade.
Compreende-se, dessa forma, que as dificuldades acumuladas a cada etapa da
aprendizagem devem ser motivo de preocupação dos professores, pais e da equipe
pedagógica, visando diagnosticar, precocemente, o problema e só assim desenvolver
estratégias que possam ser decisivas no momento de auxiliar as crianças a superarem os
obstáculos de internalização no ato de ler, combatendo, assim, uma das grandes barreiras
para o aprendizado nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
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