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  • ADVOCACIA.-GERAL DA UNIÃO . CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO

    CONSULTORIA J'URÍDICA JUNTO AO MINISTÉRIO DA PREVIDÊN~IA SOCIAL

    PARECERN11 /201'41 /CONJUR-MPS/CGU/ AGU. Coordenação- Geral de Direito Previdenciário

    Referência: Comando SIPPS nº 349719284

    Interessado: Divisão de Cadastro de Contribuinte Individual

    Assunto: Proposta de alteração do RPS e definição de segurado facultativo "sem renda

    própria" que se dedica exclusivamente ao trabalho doméstico.

    EMENTA: DIREITO PREVIDENCIÁRIO. RGPS. CONSULTA FORMULA.DA PELO INSS. SEGURADO FACULTATIVO "SEM RENDA PRÓPRIA" QUE SE DEDICA EXCLUSIVAMENTE AO TRABALHO DOMÉSTICO. PROPOSTA DE ALTERAÇÃO DO REGULAMENTO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL - RPS. Consulta formulada pelo INSS quanto à definição da expressão "sem renda própria" prevista na alínea "b" do inciso II do §22 do art. 21 da Lei nº 8.212/1991, relativa aos segurados facultativos que ·.se dedicam exclusivamente ao trabalho doméstico e que ~stão autorizados a contribuir no plano simplificado sob a alíquota reduzida de 5%. Proposta de alteração do art. 199-A do RPS, já apresentada pelo MPS, para estabelecer que esse ségmento não pode auferir renda própria salvo se proveni~nte de auxílios assistenciais de natureza eventual e

    ' temporária e de valores oriundos de programas sociais de transferência de renda.

    Trata-se de consulta inicialmente formulada pelo INSS em 28.11.2011 . . '

    · (fls. 01-03) por sua Diretoria de Benefícios (Divisão de Cadastro de ~ontribuinte

    Individual) por meio do qual indagava qual a acepção da expressão "renda

    própria" prevista na alínea "b" do inciso II do §2º do art. 21 da Lei nº 8.212/1991 e

    se seria pertinente incluir.no âmbito do Regulamento da Previdência Social- RPS o

    conceito de segurado facultativo de baixa renda "sem renda própria" que se ,.

    dedica exclusivamente ao trabalho doméstico para fins de enquadramento no

    plano de contribuição símplificada e autorização de recolhimentos com,, alíquot~

    reduzida de 5%. , ' /-O-

    Esplanada dos Ministérios, Bloco F, 9° andar, Sala 901 - CEP: 70.059-900 • Brasflia-DF Tel.: (61) 2021 ·5353 e (61) 2021-5257- Fax: (61) 2021-5882 - [email protected]

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    CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO

    Consultoria Jurídica junto ~o Ministério da Previdência Social

    Ref.: SIPPS 349719284. Proposta de alteração do RPS e definição de segurado facultativo "sem ' renda própria" que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico_.

    2. Os questionamentos formulados pelo. INSS foram apreciad~.s pela Coordenação-Geral de Matéria de Benefícios- CGMBEN da douta Procuradoria

    Federal Especializada- PFE/INSS no bojo · da NOTA Nº

    294/20111,DIVCONS/CGMBEN/PFE-INSS, de 9.12.2011, não aprovada (fls. 05-07), e

    cuja conclusão era no sentido de que no conceito de renda própria capaz de afastar a

    possibilidade de pagamento da · co_ntribuição reduzida nã~ estaria incluída a pensão

    previdenciária, nem o amparo social, nem tampouco doaçao de pequena monta ou renda de

    aluguem de valor irrisório.

    3. Na sequência ' foi proferido o PARECER Nº • 100/

    2011/CGMBEN/PFE-INSS/PGF/AGU, de 20.12.2011 (fls. 8-lOv), este devidamente

    aprova'1o pelo Procurador-Chefe do INSS, mediante o qual a PFE/INSS respondeu

    aos questionamentos da consul_ente asseverando que "renda própria", para fins de

    enquadramento na alíquota reduzida de 5%, compreende não apenas. os rendimentos do

    trabalho, mas também quaisquer outras rendas como pensão por morte ou aluguéis, o que

    justifica a inserção da clara definição dessa expressão no âmbito do Regulamento da

    Previdência Social .

    . 4. Em seguida a ,Divisão de Cadastro de Contrib~inte 'Individual do INSS sugeriu o envio dos autos à Secretaria de Políticé!-S de Previdência Social -

    SPPS para apreciação de proposta de alteração do Decreto nº 3.048/1999 (fls. 11-

    14).

    5. No âmbito deste. Ministério a SPPS apreciou a questão mediante· a

    NOTA CGLEN Nº 31/2012, de 24.2.2012 (fls. 15-16) e propôs a modificação do art.

    199-A do RPS, para regulamentar as alterações veiculadas pela· Lei nº 12.470/2011

    no bojo da Lei nº 8.212/1991, tendo aind~ recomendado o sobrestamento dos

    autos. Sugeriu a seguinte redação ao dispositivo do RPS, aprovado pelo Decreto nº

    3.048/1999:

    "Art. 199-A .................................................................................................. .

    I - do segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta própria,"/

    sem relação de trabalho com empresa ou equiparado; e /

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    CONSULTORIA-GE~ DA UNZÃO

    Consultoria.Jurídica junto ao Ministério da Previdência Social

    Ref.: SIPPS 349719284. Proposta de alteração do RPS e definição de segurado facultativo "sem . renda própria" que se dedique exclusivamen.te ao trabalho doméstico.

    6.

    §1ll A alíquota de contribuição de que trata o caput é reduzida· para 5% ";

    (cinco por ~ento): I - a partir da competência maio de 2011, para microempreendedor

    individy.al de que trata o §26 do art. 92, _çuja contribuição deverá ser

    recolhida na forma regulamentada pelo Comitê Gestor do Simples

    .Nacional; e

    II -: a partir da competência setembro de 2011, para o segurado facultativo

    sem renda própria que s~ dedique exclusivamente ao trabalho doméstico

    no âmbito de sua residência, des~e que pertencente' a família de baixa

    renda.

    §2º O segurad? que tenha contribuído na forma do caput ou .do §1º e

    pretenda contar o tempo de contribuição correspondente, para fins de

    obtenção da aposentadoria por tempo de contribuição ou de contagem

    recíproca tlo tempo de contribuição, deverá complementar a contribuição

    mensal mediante o recolhimento, sobre· o valor correspondente ao limite ·

    mínimo mensal do salário-de-contribuição em vigor na competência a ser

    complementada, da diferença entre o percentual pago e o de 20% (vintepo~ cento), acresddo dos juros moratórias de que trata o' §311 do art. 5º da Lei nº

    9.430, de 27 de dezembro de 1996.

    §3º A contribuição coII1plementar a que se refere o §2º será exigida a qualquer tempo, sob pena do indeferimento ou cancelamento do benefício.

    §411 Consid~ra-se de baixa renda, para fins do disposto no inciso ~I do §19,

    a família inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo

    Federal- CadÚnico cuja renda mensal seja de até 2 (dois) ,salários

    mínimos.

    §512 O segurado facultativo qu~ auferir renda própria não poderá recolher contribuição na forma prevista no §1!1, salvo se a re~da por proveniente. exclusivamente. de auxílios assistenciais de natureza 'eventual e

    temporária e de valores oriundos de programas sociais de transferência

    de renda, observado o disposto no §4ll,"

    Atualmente, o art. 199-A do RPS possui a seguinte redação:

    "Art. 199-A. A partir da competência em que o segurado fizer a opção pela ·exclusão dp direito ao beneficio de aposentadoria por tempo de contribuição, é de onze por cento, ~obre o valor correspondente ao limiteÁ-

    ' '

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    Ref.: SIPPS 349719284. Proposta de alteração do RPS e definição de ·segurado facultativo "sem renda própria" que se dedique exclusivamente a? trabalho doméstico.

    mínimo mensal do salário-de-contribuição, a alíquota de contribuição: (Incluído pelo Decreto nº 6.042/ de 2007).

    I - do segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho corh empresa ou equiparado; (Incluído pelo Decreto nº 6.047, de 2007).

    II - do segurado facultativo; e (Incluído pelo Decreto nº 6.042, de 2007). III - do MEI de que trata' a alínea "p" do inciso V do art. 9o, cuja

    contribuição deverá ser' recolhida na forma regulamentada pelo Comitê Gestor c;lo Simples Nacional. (Redação dada pelo Decreto nº 6.722, de 2008).

    § lo O segurado, . inclusive aquele com deficiência, que tenha contribuído na forma do caput e pretenda contar o tempo de contribuição correspondente, para fins de obtenção da aposentadoria por tempo de contribuição ou de contagem r.ecíproca do tempo de contribuição, deverá complementar a contribuição mensaL (Reqação dada pelo Decreto nº 8.145, de 2013)

    § 2o A complementação de que trata o § lo dar-se-á mediante o recolhimento sobre o valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário~de-contribuição em vigor na competência a ser complementada da diferença entre o percentual pago e o de vinte por cento, acrescido dos juros moratórios de que trata o § 3o do art. So da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pelo Decreto nº 8.145, de 2013)

    § 3o A contribuição complementar a que se refere os §§ lo e 2o será exigida a ·qualquer tempo, sob pena do indeferimento ou cancelamento do benefício. (Incluído pelo Decretouº 8.145, de 2013)".

    7. Ressalte-se que esta Consultoria JurídiCa/MPS atestou a juridicidade

    da proposta por ocasião do PARECER Nº60/2012/G~NJUR-MPS/CGU/AGU,

    aprovado pelo DESPACHÓ/CONJUR/MPS/NºBl/2012 em 17-.2.2012, oportunidade

    em que analisou minuta de decreto que propunha diversas modifica_ções ao RPS,

    inclusive a referente ao.dispositivo :mencionado.

    8. Agora, porém, a douta SPPS/MPS retorna o debate contido .no

    expediente, então sobrestado, para fins de uniformização do entendimento a ser. . . c~nferido ao termo "renda própria" pi:evisto no art. 201 da CF/1988 e na alínea "b"

    do inciso II ,P.o §2º do art. 21 da L~i de Custeio da Previdência. Conforme

    informado pela área técnica de~ta Pa$ta, a proposta de alteração do Decreto nº

    3.048/1999 retornou da Casa Civil, te!).do' sido retomada a discussão da matéria,

    segundo consta da NOTA CGLEN Nº 18/2014, de 14.1.2014 (fls.17-18v).

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    Consultoria Juridioa junto ao Ministério da Previdência Social

    Ref.: SIPPS 349719284. Proposta de alteração do RPS e definição de segurado facultativo "sem renda própria" que se dedique exclusivamente ao trabalho dom~sticp.

    9. Aaerca ·do tema, que recai no alcance dá. expressão "sem renda

    própria", vale recordar que o constituinte1 ·determinou em 2005 a criação de

    sistema especial de inclusão previdenciária, com alíquotas de contribuição e

    carência inferiores às vigentes, a fim de permitir a inclusão de trabalhadores de

    baixa renda, bem como as donas-de-casa se~ renda própria, as quais se dedicam . '

    ao trabalho doméstico no âmbito de suas residências, desde que pertencentes a

    famílias de baixa renda. ,

    10. Visando implementar a determinação constitucional foi editada a Lei

    n~ 12.470/2011, que alterou .a Lei ~º 8.212/1991 e passou a permitir a contribuição

    sob alíquota reduzida de 5% (quando o' devido seria 20%), como segurados

    facultativos, para assegurar proteção às p~ssoas (homens ou mulheres) sem renda

    própria os q~ais exercem atividades domésticas no â"!'bito de suas residências e

    pertencentes a famílias de baixa renda, possibilitando-lhes o acesso a benefícios do

    RGPS no valor de um salário mínimo. Vejamos a redação da Lei' de.Custeio:

    "Art. 21. A alíquota de contribuição dos segurados contribuinte individual e facultativo será de vinte por cento sobre o respectivo salário-de-contribuição. (Redação dada pela Lei n2 9.876, de 1999).

    ( ... ) §2º No caso de opção pela exclusão do direito ao benefício de •

    aposentadoria por tempo de contribuição, a alíquota de contribuição incidente sobre o limite mínimo mensal do salário de contribuição será de: (Redação dada pela Lei n2 12.470, de, 2011)

    I -11% (onze por cenfo), no caso do segurado contribuinte individual, ressalvado o disposto no inciso II, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou equiparado. e do segurado facultativo, observado o disposto na alínea b do inciso II deste·parágrafo; (Incluído

    \.

    pela Lei n2 12.470, de 2011) II~ 5% (cinco por cento): ·(Incluído pela Lei n.11 12.470, de 2011)

    'C~/1988. "Art. 201 ( ... ) . § Ú. Lei disporá sobre sistema especial de inclusão previdenciária para atender a trabalhadores de baixa renda e àqueles sem renda própria que se dediquem exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencentes a familias de baixa renda, garantindo-lhes acesso a benefícios . de valor igual a um salário-mínimo. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005) § 13. O sistema especial de inclusão previdenciária de que trata o § 12 deste artigo terá alíquotas e carências inferiores às vigentes para os demais segurados do regime geral de previdência social. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 47, de 2005" ' , .Â_

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  • ADVOCACIA-GERAL DA UNrÃO CONSUL'l'ÓRIA-GERAL DA UNIÃO Consultoria Juríd~ca júnto ào Ministério da Previdência Social

    Ref.: SIPPS 349719284. Proposta de alteração do RPS e definição de segurado facultativo "sem renda própria" que se dedique exclusivamente ao t~abalho doméstico.

    11.

    a) no caso do rnicroempreendedor individual, de que trata o art. 18-A da Lei Complementar no 123, de 14 de dezembro de 2006; e (Incluído pela Lei n11 12.470, de 2011) (Produção de efeito)

    b) do segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivamente -ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência, desde que pertencente a familia de baixa_ renda. (Incluído pela Lei nº 12.470, de 2011)

    § 3º O segurado que tenha contribuído na forma do§ 2o deste artigo e pretenda contar o tempo de contribuição correspondente para fins de obtenção da aposentadoria por tempo de contribuição ou da contagem , recíproca do tempo de contribuição a que se refere o art. 94 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, deverá complementar a contribuição mensal mediante recolhimento, sobre o valor correspondente ao limite _mínimo mensal . do salário-de-contribuição em vigor na competência a ser ~omplementada, da diferença entre o percentual pago e o de 20% (vinte por cento), acrescido dos juros moratóiios de que trata o § 3o do art. So da Lei no 9.430, de 27 de dezembro de 1996. (Redação dada pela Lei n9 12.470, de 2011) (Produção de efeito)

    § 4° Considera-se de baixa renda,,. para os fins do disposto na alínea b do inciso II do § 211 deste artigo, a família inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo, Federal - CadÚnico cuja renda mensal seja de até 2 (dois) salários mínimos. (Redação dada pela Lei nº 12.470~ de 2q1,1)

    § So A contribuição complementar a que se refere o § 3o deste artigo será exigida a qualquer tempo, sob pena de indeferimento do benefício. (Incluído pela Lei n11 12.507, de 2011)"

    Quanto ao alcance do que seja "sem renda própria" para fins de

    enquadramento da "dona-de-casa" no plano .simplificado, tem razão a douta . . ' PFE/INSS · ao afirmar que os interessados em se filiarem como facultativos

    contribuintes sob alíquota reduzida de 5% devem atender aos seguintes requisitos

    legais: (i) se dedicar exclusivame:ii.te ao trabalno doméstico no âmbito de sua

    residência; (ii) não auferir renda própria; (iii) pertencer a família de baixa renda,

    com inscrição no CadÚnico e ter renda mensal até dois salários mínimos.

    · 12. Ressalte-se que se essa dona-de-casa não atender a todos os

    requisitos legais, poderá ainda assim contribuir como segurada facultativa com

    alíquota reduzida de 11%. ,que lhe proporcionará benefícios do R~PS de um

    salário mínimo, contribuição esta que apesar de ser supe~ior a 5% ainda é bem Á_

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    ADVOCACrA-GEML DA UNl:ÃO

    CONSULTORrA-GERAL DA UNrÃo Consultoria Jurídica junto ao Ministério da Previdência Social

    Ref.: SIPPS 349719284. Proposta de alteração do RPS e definição de segurado fácultativo "sem renda própria" que se dedique exclusiva.mente ao trabalho doméstico.

    in.Íerior à alíquota· geral de 20%.

    13. Desse modo, os destinatários do plano simpllficàdo com alíquota

    sü?sidiada de 5% devem ser apenas aquelas pessoas de baiXa renda que . não

    aufiram rend·a própria. É que a dedicação aos afazeres domésticos não lhe_s

    permite auferir renda e. por isso lhes impede de contribuir sob alíquotas maiores.

    Nesse sentido, os beneficiários da norma não podem auferir nenhum tipo de renda

    decorrente do trabalho, nem tampouco outras r.endas como alugu.éis, pensão por

    morte, ou benefícios mensais de .caráter indenizatório; pois caso o legisladqr

    quisesse. apenas excluir rendas decorrentes do trabalho, teria utilizado esse termo

    específico e não expressão mais ampla, adotada pelo constituinte - e que não foi

    ampliada pelo legislador infraconstitucional, que a adotou em sua literalidade.

    14. De outra parte, as rendas provenientes de programas assistenciais

    não devem ser considerados como renda para fins de exclusão do sistema de

    inclusão previdenciária pois .a Lei nº 12.470/2011 quer alcançar justamente as

    pe~soas cadastradas no CadÚ~co2 do Ministério' do Desenvolvimento Sociàl e Combate à Fome-MDS, ou seja, pessoas de baixa renda que são o público- alvo de

    progra~as assistenciais.

    15. º Está adequado, portanto, o teor :proposto ao art. 199 do RPS ,pela

    SPPS/MPS, cujo §5º pretende dispor:

    §511 O segurado facultativo que auferir renda própria não poderá recolher

    coptribuição na forma prevista no §ll!, salyo se a renda por proveniente.

    exclusivamente. de auxílios assistenciais de natureza eventual e '" '

    temporária e de valores oriundos de programas sociais de transferência

    de renda. observado o disposto no §411.''

    16. Os benefícios assistenciais podem ser classificados em três espécies:

    (i) o Benefício de Prestaçãq Continuada- BPC destinaüo a idosos e deficientes, que

    2 Conforme consta do art. 2° do Decreto nº 6.135/2007 "O Cadastro Único para Programas Sociais -. CadÚnico é instrumento de identificação.e caracterização sócio-econôprica das famílias brasileiras de baixa renda, a ser obrigatoriamente utilizado para seleção de beneficiários e integração de programas sociais do / Governo Federal voltados ao atendimento desse público." · ~

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    CONSULTORIA-GERAL DA UNIÃO

    Consultoria Juridi~a junto ao Ministério da Previdência Social

    Ref.: SIPPS 349719284. Proposta de alteração do RPS e definlçãq de segurado facultativo "sem renda própria" que se dedique exclusivamente ao tral:lalho doméstico.

    consiste em urna renda mensal de um saláiio mínimo, (ii) os Benefícios Eventuais

    e os (iii) Benefícios de Transferência.de Renda.

    17. Os benefícios assistenciais eventuais têm· caráter suplementar e

    provi$Ório e são prestados aos cidadãos e às famílias hipossuficientes em virtude

    de nascimento, morte, situações de vulnerabilidade temporária e de calamidade

    pública, nos termos do art. 22

  • ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO CONSULTORIA-GlilRAL DA UNIÃO

    · Consúltoria Jurídica junto ao Ministério da Previdência Social

    Ref.: SIPPS 349719284: Proposta de alteração do RPS e definição de segurado facultativo "sem renda própria" que se dedique exé:lusivamente ao trabalho doméstico.

    anuir com a manifestação da douta PFE/INSS e da SPPS/MPS, consignando o seguinte:

    (i) A expressão "renda própria" contida na aHnea "b" do inciso II do §2º do art..

    21 da Lei nº 8,212/1991, deve ser interpretada no se~tido de abranger

    quaisquer rendas auferidas pela "dona-de-casa" e não apenas as rendas ' provenientes de trabalho. Assim, caso a interessada aufira renda decorrente

    de p.ensão pm; morte, aluguéis ou benefícios . inden1zatÓrios mensais, não •estará aut9rizada- a se inscrever como segurada facultativa para contribuir·

    1

    com a alíquota reduzida de 5%. De outra parte, não se incluem no conceito

    de "renda própria" os valores relativos a benefícios assistenciais;

    (ii) Caso a '~dona-de-casa"não atenda aos requisitos cumulativos exigidos pela

    nº 12.470/2011 para enquadramento na alíquota de 5% (quais sejam: se

    dedicar exclusivamente ao trabalho doméstico no âmbito de sua residência;

    não auferir renda própria; pertencer a família de baixa renda, com inscrição

    no CadÚnico e ter renda mensal até dois salários mínimos) poderá ainda

    contribuir como segurada facult~tivo do RGPS sob a alíquota de 11 %;

    (iii) Sugere-se à SPPS/MPS avaliar qt!ais benefícios assistenciais serão

    excepcionados do conceito de "renda própria", contido no §52 ao art. 199-A

    proposto, a fim de aclarar se o benefício de prestação continuada -BPC devido a idosos e deficientes estaria ou não nessa exceção;

    (iv) Sugere-se à SPPS~S inserir a expressão "inclusive aquele com

    deficiência" no bojo do §2º do art. 199-A ora apresentado, a~fim de atualizar

    a redação proposta, conforme explicitado no parágrafo 20 deste parecer.

    À consideraçã superior.

    Brasília, 17 de janeiro de 2014.

    DÁ~ f.1rvfr~tr~ ADRIANA PEREIRâ FRANCO

    ·· Advogada da União

    Coordenadora de Estudos e Legislação Previdenciária

    9

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    ADVOCAC:IA-GERAL DA UNIÃO

    CONSULTORJ;A-GERAL DA UNIÃO Consultoria JUridi~a junto ao Ministérío da Previdência Social

    Ref.: SIPPS 349719284. Proposta de alteração do RPS e definição de segurado facultativo "sem renda própria" que se dediqúe exclusivamente ao trabalho doméstico.

    De acordo. 1

    À consideração do Sr. Consultor jurídico.

    Brasília, l 1- de 4'11\v~1A..O de 2014.

    GLEISSON

    Coordenador-Geral de ireito -revidenciário - Substituto

    fl

    10

  • ADVOCACIA-GERAL DA UNIÃO

    CONSUL'roRIA-GERAL DA UNIÃO ~

    Consultoria Juridiea junto ao Ministério da Previdência Social

    Ref.: SIPPS 349719284. Proposta de alteraçãp do RPS e definição de segurado facultativo "sem renda própria" que se dedique exclusivamente ao trabalho doméstico.

    DESPACHO/CONIUR/MPS/Nº

    Aprovo o PARECER Nº MPS/CGU/AGU.

    ;)2

    /2014

    / 2014/ CONJUR-

    Encaminhe-se à SPPS/MPS, conforme sugerido.

    BrasHia, 1P . de ~ . de 2014.

    ~Vu M'Á.~COA

    vogado da União

    Consultor Jurídico /MPS

    11

  • '.

    PREVIDÊNCIA SOCIAL MINISTÉRIO DA PREVIDÊNCIA SOCIAL

    NOTA CGLEN Nº 4412014 Em Jv 1 :L.12014

    Ref.

    lnt.

    Ass.

    . '

    Consulta CGAIS/DIRBEN/INSS, de 17 de janeiro de 2012. (Comando nº 349719284/2011) Coordenação-Geral de Administração de Informações de Segurados da Diretoria de Benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social , Esclarecimento conceituai da restrição imposta pela expressão "sem renda própria" constante na Lei nº 12.470, de 31 de agosto de 201 ';Alteração legislativa .

    Trata-se de consulta formulada pela·Diretoria de Benefícios do Instituto Nacional do ·seguro Social - INSS sobre a possibilidade de alterar o'Regulamento da Previdência Sçcial, aprovado pelo Decreto nº 3.048, 06 de maio de 1999, para esclarecer que no conceito de "renda própria", introduzido pela Lei nº 12.4 70, de 31 de agosto de 2011, resultado da copversão da Medida Provisória nº 529, de 7 de abril de 20 l 1, que alterou o art. 21 da Lei nº 8.212, de 24 de julho de 1991, considera-se apenas as rendas provenientes do próprio trjlbalho. . . 2. Em um primeiro momento, a consulta objeto da análise foi mantida sobrestada, tendo em vista que a proposta de regulamentação, analisada no bojo do Parecer nº 60/2012/CONJUR-MPS/CGU/ AGU, aprovado pelo Despacho/CONJUR/MPS/Nº 81/2012, já havia sido encaminhada para a Casa Civil, na forma que segue: ·

    "Art. 199-A . ............................................................... : ....................................................... .

    I - do segurado contribuinte individual, que trabalhe por conta própria, sem relação de trabalho com empresa ou f!quiparado; e

    II - do segurado facultativo, observado o disposto no inciso II do § 1 º. i

    § 1° A alíquota de contribuição de que trata o caput é reduzida para 5% (cinco por ~~~: .

    I -. a partir da competência maio de 201 J, para o microempreendedor individua/, de que trata o § 26 do art. 9°, cuja contribuição deverá ser recolhida na forma regulamentada pelo Comitê Gestor do Simples Nacion~l; e

    II - a partir da competência setembro de 2011, para o segurado facultativo sem renda própria que se dedique exclusivam(fnte ao trabalho doméstico no âmbito de sua residê_ncia, desde que pertencente a família de baixa.renda.

    Proteção para o Trabalhador e sua Família . j

  • '

    § 2º O segurado que tenha contribuído na forma do caput ou do§ lº e pretenda contar o tempo de contribuição correspondente, para fins de obtenção da aposentadoria por tempo de contribuição ou de contagem recíproca do tempo de contribuição, deverá complementar a contribuição mensal ·mediante o recolhimento, · dobreº o valor correspondente ao limite mínimo mensal do salário-de-contribuição em vigor na competência a ser complementada, da diferença entre o percentual pago e o de 20% (vinte por cento), acrescido dos juros moratórios de que trata o§ 3° do art. 5º da Lei nº 9.430, de 27 de dezembro de 1996.

    § 3º A contribuição complementar a que se refere o § 2° será exigida a qualquer · tempo, sob pena do indeferimento ou cancelamento do beneficio.

    § 4º Considera-se de baixa renda, para fins do disposto no inciso II do § 1 º, a família inscrita no Cadastro Único para Programas Sociais do Governo Federal - CadÚnico cuja renda mensal seja de até 2 (dois) salários mínimos. ·

    § 5º O segurado facultativo que auferir renda própria não poderá recolher c,ontribuição na forma prevista no § 1°, salvo se a renda for proveniente, exclusivamente, de auxílios assistenciais de natureza eventual e temporária e de valores ~ oriundos de program,as sociais de transferência de renda, observado o disposto no § 4°." (NR)

    3. Considerando a devolução da proposta de alteração do Regulamento da Previdência Social ,... RPS pela Casa Civil, a análise da matéria objeto deste expediente foi retomada por esta Secretaria, o que resultou na elaboração da Nota CGLEN nº 18, de 14 de janeiro de 2014, fls. 17 e 18. O entendimento manifestado nessa Nota coaduna com o entendimento da· Proc1,1radoria Federal Especializada junto ao INSS - PFE-INSS, expresso no Pàrecer nº 100/2011 /CGMBEN/PFE-INSS/PGF/ AGU, de 20 de dezembro de 2011, fls. 8 a 10, no sentidô que a expressão "sem renda

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    própria" deve ser tomada em sua literalidade, independen~emente da fonte de recursos ser decorrente do trabalho, razão pela qual o segurado facultativo não pode ter qualquer tipo de renda própria" Entretanto,· esta Secretaria considera que a legislação admite apenas que essas pessoas recebam auxílios assistenciais de natureza· eventual e temporária e 'de valores oriundos de programas sociais de transferência de renda. · ·

    4. Nessa mesma linha de harmonização, é o entendimento .da Consultoria Jurídica -CONJUR deste Ministério esboça.do por meio do Parecer nº _22/2014/CONJUR-MPS/CGU/AGU, :.> aprovado pelo Despacho/CONJUR/MPS/Nº 28/2014, fls. 43 a 53. . .

    . . ' 5. Contudo, a CONJUR sugere que esta Secretaria avalie quais bene(ícios assistenciais serão excepcionados do conceito de "renda própria", contido no § 5° do art. 199-A proposto. Sobre esse tema, compete esclarecer que, após várias reuniões com as áreas envolvidas, sedimentou-se o enteridimento expresso no § 5° do art. 199-A da proposta acima transcrito, no sentido que apenas os auxílios assistenciais de natureza eventual e temporária e de valores oriundo de programas sociais de transferência de renda estarão excluídos do conceito renda própria. Desse modo, o Benefício de Prestação Continuada - BPC pago à dona de casa de baixa renda será considerado como fator impeditivo para enquadramento na política especial que reduziu a alíqtJota de contribuição para 5%.

    6. A CONJUR ~ugeriu ainda a inclusãp da expressãÓ "im:lusive aquele. com deficiência" no bojo do § 2° do art. 199-A apresentado, a fim_ de atualizar a redação proposta. A alteraÇão pretendida foi contemplada no § 1° do art. 199-A, com a publicação do Decreto nº 8.145, de 3 de dezembro de 2013.

    Proteção para o Trabalhador ~ sua Familia

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