ZONEAMENTO AMBIENTAL
PARA ATIVIDADE DE MINERAÇÃO
NO LAGO GUAÍBA
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APRESENTAÇÃO
Depois de ser realizada por oito anos, a atividade de mineração de areia no Lago
Guaíba foi interrompida em 2003 em decorrência de ação judicial devido a licenças
municipais indevidas. Ao longo daquele período, não foi constatado nenhum dano ambiental
referente à mineração. Sem alteração, inclusive, na qualidade da água que abastece a
população de Porto Alegre. Cessada a restrição judicial, a Fepam formou grupo de trabalho
para a elaboração de Zoneamento Ambiental para atividade de extração de areia no Lago.
Neste último ano, vem analisando estudos existentes sobre os meios físico, biótico e
socioeconômico. Ambos sustentados por informações de instituições especializadas, além de
EIA/Rimas, do Grupo Técnico do Comitê do Lago Guaíba e informações de outros processos
de licenciamento ambiental. Este zoneamento servirá para definir as áreas e períodos de
exclusões, onde não ocorrerá a extração de areia, além de definir as melhores metodologias
para o monitoramento biológico que servirá para avaliar a qualidade ambiental do Guaíba
durante a possível operação de extração de areia. A retirada do principal insumo da
construção civil só ocorrerá em pontos onde forem descartados danos ao ambiente. É preciso
considerar que a abertura de pontos de extração de areia no Lago Guaíba seria uma alternativa
à mineração no Jacuí (principal formador do Lago), que está com suas reservas reduzidas,
bem como o desassoreamento do Lago, minimizando o risco de inundações e aumentando a
sua capacidade de autodepuração. Além disso, se ambientalmente segura, terá impacto
positivo para a sociedade.
INTRODUÇÃO E OBJETIVOS
O zoneamento ambiental voltado a atividades produtivas é um dos instrumentos
enunciados na política estadual de meio ambiente (Lei Estadual n° 11.520, de 03 de agosto de
2000). O planejamento ambiental tem como objetivo, dentre outros, articular os aspectos
ambientais dos vários planos, programas e ações previstas na Constituição do Estado, em
especial, neste caso, relacionados com o uso dos recursos minerais.
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ABRANGÊNCIA GEOGRÁFICA
A bacia hidrográfica do lago Guaíba situa-se a leste do estado do RS, entre as
coordenadas geográficas de 29º55’ a 30º37’ de latitude Sul e 50°56’ a 51°46’ de longitude
Oeste (Figura 1). Possui área de 2.459,91 km², abrangendo as áreas totais ou parciais de 14
municípios (Barão do Triunfo, Barra do Ribeiro, Canoas, Cerro Grande do Sul, Eldorado do
Sul, Guaíba, Mariana Pimentel, Nova Santa Rita, Porto Alegre, Sentinela do Sul, Sertão
Santana, Tapes, Triunfo e Viamão). A população total estimada para a bacia é de 1.285.614
habitantes, com densidade de 523 hab/km2.
MÉTODO DE TRABALHO
O zoneamento foi elaborado a partir da integração e interpretação de dados obtidos em
diagnósticos multi e interdisciplinares das condições dos meios físico, biótico e
socioeconômico, conjuntamente com a utilização de dados existentes obtidos através de
pesquisa e busca nos órgãos competentes e empresas que detém atribuições compatíveis ao
estudo (Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luiz Roessler/Fepam, SEMA,
FEE, IBGE, Prefeituras Municipais da referida bacia, Departamento Nacional de Produção
Mineral/DNPM, Serviço Geológico do Brasil/CPRM, Superintendência de Portos e
Hidrovias/SPH, Instituto de Pesquisas Hidráulicas/IPH, DMAE, CECO – Centro de Estudos
de Geologia Costeira e Oceânica da UFRGS, Instituto de Biociências da UFRGS e com
especialistas ambientais em ambientes aquáticos e terrestres entre outros). Para tanto, os
estudos envolveram pesquisas bibliográficas (dados disponíveis, estatísticas da região do
estudo, planos e programas oficiais, estudos ambientais, mapeamentos, planos estaduais,
licenciamentos, entre outros), trabalhos técnicos executados nas áreas (levantamentos dos
meios físico, biótico, socioeconômico e ocupação de margens).
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MEIO FÍSICO
CLIMA
A região do Lago Guaíba tem um clima quente e temperado. Existe uma pluviosidade
significativa ao longo do ano. Mesmo o mês mais seco ainda assim tem muita pluviosidade.
Segundo a Köppen e Geiger o clima é classificado como Cfa. Porto Alegre tem uma
temperatura média de 19.5 °C. Pluviosidade média anual de 1397 mm.
GRÁFICO CLIMÁTICO
Figura 1- A Pluviosidade de 101 mm refere-se à precipitação do mês de Abril, que é o mês mais seco.
Apresentando uma média de 137 mm, o mês de Setembro é o mês de maior precipitação.
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GRÁFICO DE TEMPERATURA
Figura 2- No mês de Janeiro, o mês mais quente do ano, a temperatura média é de 24.8 °C. A temperatura média
em Junho, é de 14.7 °C. É a temperatura média mais baixa de todo o ano.
TABELA CLIMÁTICA
Tabela 1- Existe uma diferença de 36 mm entre a precipitação do mês mais seco e do mês mais chuvoso. 10.1 °C
é a variação das temperaturas médias durante o ano.
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VENTOS
O Lago Guaíba configura-se como o grande depositário das águas de uma bacia hidrográfica
que engloba boa parte do centro e nordeste do estado, estendendo-se por uma área aproximada
de 84.700 km2 que abrange mais de 250 municípios, entre eles a capital do Estado. São 496
km2 de superfície onde diversos usos e atividades têm seu palco, como por exemplo;
navegação, recreação, extração de areia e, a mais importante delas, o abastecimento de água
de boa parte da região metropolitana de Porto Alegre. Mesmo com essa relevância, poucos
são os estudos referentes à dinâmica sedimentar do lago, sendo que a maioria trata da
distribuição e textura dos sedimentos, e raros são aqueles que fazem menção ao padrão de
ondas e suas relações com a ressuspensão destes sedimentos e suas conseqüências. A presente
pesquisa analisa as características das ondas incidentes no Lago Guaíba quanto a seus
principais parâmetros; altura significativa (Hs), período (T), direção de propagação e suas
relações com a ressuspensão de sedimentos junto ao fundo. Para tanto, o SWAN (Simulating
Waves Nearshore), software que utiliza técnicas de modelagem matemática, foi validado e
aplicado, tendo como principais parâmetros de entrada a batimetria do lago, a direção,
velocidade e freqüência de incidência de ventos na região (entre os anos 1996 e 1997), além
de correntes, nível d’água, densidade, freqüências máximas e mínimas, entre outros. Já os
parâmetros de saída (altura significativa da onda, período, direção de propagação e velocidade
orbital) foram inseridos no Sistema de Informações Geográficas IDRISI e trabalhados de
forma a inferir o padrão de ondas incidentes no lago e suas interações com a ressuspensão de
sedimentos de fundo, caracterizando a profundidade de início do regime de fluxo turbulento e
delimitando a área de atuação da turbulência vinculada ao transporte de sedimentos. As
maiores ondas modeladas atingiram 0,55 m em alguns pontos do lago, principalmente quando
de ventos soprando dos quadrantes S e SE e em intensidades superiores a 7 m/s. Em linhas
gerais as ondas acompanham os padrões de intensidade e direção do vento, atingindo os
valores máximos aproximadamente entre 1 e 2 horas após os picos de velocidade dos ventos.
Em situações de maior intensidade de ventos as ondas levaram aproximadamente 2 horas para
atingirem 0,10 m, já com ventos fracos a moderados este tempo é de aproximadamente 3
horas. Além de velocidade e direção, a regularidade dos ventos mostrou-se relevante na
geração e propagação de ondas no Guaíba. Características geomorfológicas referentes à
geometria, batimetria e o fetch do lago também são importantes, fato evidenciado quando da
análise de cinco estações de controle sob um mesmo regime de ventos; a diferença entre a
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altura das ondas chegou a mais de 0,40 m entre porções distintas do lago. Além disso, há o
processo de refração das ondas que causa um rápido alinhamento da zona de rebentação de tal
maneira que ela tende a ser paralela a linha de praia. Os parâmetros que estabelecem as
condições deposicionais no Guaíba são controlados pelo nível de energia das ondas incidentes
e pelas correntes. Pode-se afirmar que em função das pequenas profundidades e baixas
velocidades médias das correntes de fundo, o transporte de sedimentos finos é particularmente
governado pelas ondas, uma vez que as mesmas são responsáveis pela inserção dos
sedimentos na coluna d’água. As ondas incidentes no Guaíba têm potencial para gerar
turbulência junto ao fundo em diferentes situações. Entretanto, a profundidade máxima não
excede a 1,9 m para ventos do quadrante S e velocidades da ordem de 11 m/s. Já a espessura
da camada limite onde se verifica inicio do fluxo turbulento apresenta valores bastante
reduzidos, entre 0,02 a 1 cm. Os ambientes de sedimentação do lago foram mapeados e assim
classificados: 1) Fundo Deposicional (51% da área do lago); 2) Fundo Transicional (41%) e
3) Fundo Erosional ou de não Deposição (8%). Estas condições foram espacializadas em um
modelo temporal que relacionou as informações sobre velocidade orbital e a freqüência de
incidência de ondas quanto à sua direção, derivadas dos resultados modelados pelo SWAN ao
longo do período estudado. Pode-se afirmar que o Guaíba é um grande importador de
sedimentos, uma vez que a superfície de fundo com deposição é mais significativa que a
superfície de fundo com erosão, condição esta que ocorre a profundidades inferiores a 1,5 m.
A situação de deposição do material transportado na coluna d’água ocorre quando da
inexistência de fluxo turbulento, ou quando o mesmo é insignificante junto ao fundo (com
potencial de ressuspensão de sedimentos em até 7 dias por ano, ou 2% do tempo analisado).
Como forma de contribuir à gestão ambiental da região, foram gerados subsídios referentes ao
potencial de concentração de material particulado em suspensão. Este potencial foi definido
em função do percentual de tempo, ao longo do ano, em que a ressuspensão de sedimentos de
fundo gerada por ondas pode incrementar os níveis de poluição nos locais onde a água é
atualmente captada para o abastecimento público no município de Porto Alegre.
GEOMORFOLOGIA
A área de estudo está inserida na Unidade Geomorfológica Planície Lagunar, a qual,
por sua vez, insere-se na Região Geomorfológica Planície Costeira Interna, formada por
sedimentos de deposição lagunar, recentes e sob a forma de terras baixas. A Planície Lagunar
representa uma área plana, sem dissecação, onde se localiza o mais extenso dos lagos do país.
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Os sedimentos que a constituem tratam-se, basicamente, de material arenoso, depositados
durante os sucessivos eventos de transgressão e regressão marinha, retrabalhados em
ambiente costeiro, e que caracterizam a formação de toda planície costeira gaúcha. O relevo
da Planície e Terras Baixas Costeiras em Porto Alegre está associado predominantemente à
deposição lagunar e fluvial, configurando-se em uma área plana, homogênea, sem dissecação,
onde dominam os modelados de acumulação, representados predominantemente pelas
planícies e terraços lacustres (Fujimoto e Dias, 2009).
O Lago Guaíba tem cerca de 470 km2 de área, 50 km de comprimento (desde o delta
do Jacuí até a Ponta de Itapuã), largura mínima de 900 m e máxima de 19 km, com
profundidade média de 2,8 m. As margens apresentam formas recortadas, devido ao contato
da superfície da água com formas residuais do relevo que constituem sucessivas pontas e
enseadas, sendo a margem leste formada por pontas de morros graníticos e a margem oeste
por pontas de areia.
Enseadas são terras baixas na margem do lago, de forma semicircular, situadas entre
duas pontas. O contínuo preenchimento das margens com material arenoso e argiloso,
retrabalhado pelas ondas do lago, configura as enseadas como áreas formadoras de praias. As
pontas são delimitadas pelas terras altas, constituídas por morros de formas circulares ou
alongadas, cujas encostas são banhadas pelas águas do lago. Onde afloram rochas graníticas,
ocorrem encostas abruptas de até 10 m de altura ou encostas mais planas, com lajeados e
matacões entremeados à mata (Menegat et al., 2006).
As enseadas do Guaíba estão relacionadas à circulação interna das águas e
consequente erosão e deposição dos sedimentos de idade Holocênica. Este padrão
compreende uma superfície extremamente plana, com pequenas áreas alagadas, cordões
arenosos e dunas estáveis dispostas paralelamente às enseadas e/ou linhas de praia do Guaíba.
As declividades são menores que 2% e as altitudes menores que 20 metros. A rede de
drenagem é densa e significativa neste compartimento (Fujimoto e Dias, 2009).
Nicolodi (2007), a partir da integração e sistematização de dados batimétricos, padrões
de sedimentação e de ondas (camada limite, velocidade e início do fluxo turbulento), definiu
três ambientes de sedimentação no Lago Guaíba, os quais são: fundo deposicional; fundo
transicional; fundo erosional, Figura 3. Conforme o autor, esses ambientes possuem
distribuição espacial fortemente condicionada pela geometria e batimetria do lago.
O fundo deposicional corresponde a 51% da área do lago. Delimita um ambiente de
baixa energia hidrodinâmica que favorece a deposição de sedimentos finos, os quais se
encontram nas regiões mais profundas do lago, no canal de navegação.
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O fundo transicional representa 41% da área do lago. Representa, na maior parte do
tempo, um ambiente de baixa energia com substrato composto de areia e argila. A distribuição
espacial destas áreas se dá entre os ambientes de deposição e de erosão, o que reflete a
transição entre as áreas de alta e baixa energia.
O fundo erosional corresponde a 8% da área do lago. Engloba as regiões onde
predominam as condições de erosão ou não deposição de sedimentos finos. Este ambiente é
caracterizado por um fundo composto de areia, uma vez que os finos são constantemente
remobilizados ficando suspensos na coluna d’água.
Em Nicolodi (2007), ressalta-se que os conceitos definidos em seu trabalho têm
relação direta com os padrões de sedimentação do Lago Guaíba, os quais representam um
intricado sistema em que causas e efeitos se sobrepõem. O autor salienta que a batimetria é
fator fundamental para todo o sistema, sendo a definidora dos padrões de ondas, e, ao mesmo
tempo, definida pela ação das ondas. Os ambientes de sedimentação identificados são o
resultado desse processo, tornando-se, assim, fonte de subsídio para gestão de ambientes
lagunares para diversas atividades, tais como exploração mineral, construção de terminais de
navegação e a qualidade das águas.
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Figura 3 - Mapa dos ambientes sedimentares do Lago Guaíba. Extraído de Nicolodi et al. (2010).
GEOLOGIA
O contexto geológico regional da área em estudo é constituído predominantemente por rochas
cristalinas do Escudo Sul-Riograndense e as formações sedimentares associadas à evolução
sedimentar da Planície Costeira Interna.
As rochas cristalinas que constituem o Escudo na bacia são representadas por granitos, gnaisses
graníticos, diques riolíticos e litotipos metamórficos, datando desde o Proterozóico Superior. As
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formações sedimentares, por sua vez, correspondem a registros do Terci-Quaternário, constituídas
por sedimentos arenosos, aluviões e coluviões que ocorrem nas encostas dos morros e baixadas.
As rochas Proterozóicas constituem as regiões mais elevadas da bacia, localizadas nas porções de
montante, gerando assim uma morfologia entalhada formada por morros e cristas graníticas.
As unidades quaternárias têm uma abrangência mais representativa ao longo da margem direita do
Lago Guaíba. Esta margem é constituída por esporões e praias de sedimentos arenosos, que se
conectam com áreas planas pouco dissecadas constituindo uma planície, que se estendem para
montante da bacia por cerca de 15 quilômetros. Já na margem direita, as Formações Sedimentares
são restritas a ocorrência de praias e enseadas limitadas por pontais de morros graníticos. O
substrato depositado no leito do Lago Guaíba é heterogêneo texturalmente, sendo constituído
principalmente por areias, areia síltica, silte arenoso e silte argiloso.
(LAYBAUER, 2002).
Ainda, a amostragem dos sedimentos do leito do Lago Guaíba nos trabalhos de CECO (1999) e
Bachi et al. (2000) permitiu definir um zoneamento do leito, segmentando o leito do Lago em
setores A,B,C,D, tendo o conteúdo de areia contido para cada setor em: 90 a 100%; 50 a 90%, 10
a 50% e 0 a 10%, respectivamente.
A setorização definida neste trabalho confirma que os teores de areia e a razão silte/argila nos
sedimentos diminuem com o aumento da profundidade, enquanto os teores de silte e argila (finos)
aumentam com a mesma, indicando uma clara relação entre a batimetria do lago e a granulometria
dos sedimentos do seu leito (LAYBAUER, 2002) (Figura 19).
A sedimentação dos finos é determinada pela profundidade da lâmina d’água, se depositando
somente em profundidades maiores que 3 metros, pois em águas mais rasas a ação das ondas gera
turbulência, o que é capaz de modificar a energia do meio e provocar a ressuspensão dos
sedimentos finos depositados (BACHI et al., 2000).
As taxas de sedimentação estimadas para o ambiente do Lago Guaíba variam entre os valores de
3,5 a 8,3 mm/ano, sendo esta condição atuante somente para os últimos 150 anos (MARTINS et
al., 1989).
SEDIMENTAÇÃO
Um dos principais motivos de sua importância é devido ao fato dos sedimentos serem
prejudiciais a projetos e operações de obras hidráulicas, bem como conservação das
terras e recursos hídricos. Um dos pioneiros no estudo da sedimentologia foi o engenheiro
hidráulico Hans Albert Einstein, filho do famoso físico Albert Einstein. Sua tese foi sobre o
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estudo dos fenômenos de transporte de materiais sólidos (sedimentos) nos rios que resultou
num modelo matemático conhecido como Método de Einstein para cálculo de transporte
sólido nos rios, muito utilizado em Hidrologia e em Sedimentologia.
O Lago Guaíba é uma grande bacia de sedimentação, localiza-se na margem oeste de Porto
Alegre, compreendendo uma superfície de aproximadamente 500 km2. Os terrenos
constituídos por rochas vulcânicas, plutônicas e sedimentares e drenados pela Bacia Sudeste
do Rio Grande do Sul, são submetidos a taxas médias de precipitação anual de 1300 mm. Os
parâmetros climáticos, composição mineralógica e de relevo, propiciam condições favoráveis
a intemperização e erosão das rochas, fornecendo expressivos volumes de sedimentos que são
transportados para o Lago Guaíba. Já os parâmetros, que estabelecem as condições
deposicionais no Guaíba, são controlados principalmente pelo nível de energia das correntes e
de ondas. Coletaram-se amostras de fundo e de praia ao longo de perfis transversais E-W,
mediante uso da draga Van Veen. Estas foram analisadas em laboratório, e confeccionados
mapas de teores de cascalho, areia, silte, argila e matéria orgânica dos sedimentos e sua
distribuição. Os pontos de coleta foram georreferenciados com GPS. A partir dos resultados
das análises, elaborou-se uma planilha de percentual de sedimento de fundo e matéria
orgânica do Lago Guaíba, gerando mapas texturais de detalhe. Os valores dos mapas de teores
são expressos em percentual de base seca de sedimentos. Com estes percentuais, associou-se a
distribuição granulométrica à hidrodinâmica, resultando um mapa com a compartimentação
das áreas de acordo com as características texturais das amostras. Desta forma, identificaram-
se quatro setores cujos percentuais de areia variam de: 90–100; 50-90; 10-50 e 0-10, podendo
ser indicativos da energia do ambiente deposicional. Os resultados obtidos permitiram o
conhecimento do processo de sedimentação do Guaíba e a identificação das áreas de maior
movimentação de sedimentos, junto à isóbatas inferiores a 3metros, de grande importância
para o planejamento das ações de saneamento do Guaíba, principalmente, uma adequada
localização de pontos de captação de água para abastecimento e para lançamento de efluentes.
Introdução
O pouco conhecimento sobre a distribuição dos sedimentos de fundo do Guaíba,
quanto ao seu tamanho e composição, permitiu ao CECO a elaboração do projeto
“Sedimentação do Complexo Guaíba” em 1998, que foi viabilizado mediante um Convênio
de Cooperação Técnica e Apoio Recíproco entre o DMAE, através de sua Divisão de
Pesquisa, e a UFRGS, através do CECO.
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O objetivo foi reconhecer o processo de sedimentação atuante no Guaíba, envolvendo
aspectos como erosão, transporte e deposição dos sedimentos de fundo. Esta análise
compreende o ciclo da carga de sedimentos introduzida no Guaíba pelos diversos afluentes e a
competência deste ambiente na formação dos depósitos sedimentares de fundo.
Assim, este trabalho e seus resultados indicarão as diferentes áreas de concentração
dos depósitos sedimentares, a distribuição dos tamanhos de grão e sua composição.
Metodologia
O Lago Guaíba localiza-se às margens de Porto Alegre, compreendendo uma
superfície com cerca de 500km2. Nele, foram coletadas amostras de fundo e de praia que
permitiram a confecção de mapas de teores de cascalho, areia, silte, argila e matéria orgânica
dos sedimentos, e sua respectiva distribuição.
A execução das atividades do projeto compreendeu uma sequência de etapas,
destacando-se:
- Cadastramento dos dados cartográficos e batimétricos pré-existentes; - Digitalização
da Folha de Porto Alegre, na escala 1: 50.000, servindo como base para lançamento dos dados
e elaboração dos mapas texturais e de teores;
- Coleta de 187 amostras de fundo ao longo de perfis transversais (E-W), utilizando a
draga Van Veen a bordo das lanchas do DMAE;
- Concomitante à amostragem de fundo, mediu-se a batimetria de todos os pontos,
através de cabo; - Os pontos foram georreferenciados mediante GPS Garmin 45;
- Leituras de salinidade, temperatura e condutividade foram obtidas a 1,50 m de
profundidade e a 0,80 m nos pontos mais próximos à margem;
- Parâmetros de pH, turbidez e oxigênio dissolvido foram medidos em 42 amostras;
- Após a coleta, registraram-se os dados em planilha, constando: data da coleta, hora,
número de identificação da amostra, profundidade da lâmina de água, pH, condutividade,
turbidez, teor de O2 dissolvido, temperatura, posicionamento e descrição preliminar das
características granulométricas. Posteriormente, as amostras foram encaminhadas ao
laboratório do CECO para processamento de acordo com normas padronizadas.
Resultados das Análises Laboratoriais
Os resultados obtidos nas análises laboratoriais permitiram a elaboração de uma
planilha percentual de sedimento de fundo e matéria orgânica do Guaíba, dando origem a 5
mapas texturais de detalhe (valores expressos em percentual de base seca de sedimentos) :
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1. Mapa de teor de cascalho > 2 mm
2. Mapa de teor de areia 0,062 mm – 2 mm
3. Mapa de teor de silte 0,0039 mm – 0,062 mm
4. Mapa de teor de argila < 0,0039 mm
5. Mapa de teor de matéria orgânica
A partir dos percentuais de sedimentos adaptou-se o método do diagrama de Pejrup
(1988), que associa a distribuição granulométrica a hidrodinâmica. Da aplicação deste
método, resultou um mapa com a compartimentação da área de estudo em 4 setores,
denominados A, B, C e D, de acordo com as características texturais das amostras de
sedimentos, onde os percentuais de areia podem ser indicativos da energia do ambiente
deposicional:
Setor A 90 – 100% areia
Setor B 50 – 90% areia
Setor C 10 – 50% areia
Setor D 00 – 10% areia
Como as amostras de argila foram pouco representativas, seu percentual não foi
utilizado para a divisão do triângulo de Pejrup (1988).
Os percentuais exprimem, de forma qualitativa, um decréscimo gradativo de energia
do setor A (maior teor de areia) em direção ao setor D (menores teores de areia).
Setor A: áreas com maior energia do sistema (devido à ação da corrente e das ondas
geradas pelos ventos);
Setor D: caracteriza-se por ser a área de deposição do sistema junto aos locais de
maior profundidade.
Dinâmica Sedimentar
As Terras Altas drenadas pela Bacia do Sudeste do RS e constituídas por rochas
plutônicas, vulcânicas e sedimentares, são responsáveis pelos expressivos volumes de
sedimentos transportados para o Lago Guaíba através, principalmente, dos rios Jacuí, Taquari,
Sinos e Gravataí (Toldo, 1994).
A perda de competência dos tributários como agentes transportadores ao ingressar na
ampla bacia deposicional do Guaíba, dá origem ao delta do rio Jacuí, com os sedimentos mais
grosseiros ficando ali retidos.
Os sedimentos mais finos tamanhos silte e argila, compostos por quartzo,
argilominerais e matéria orgânica, que acompanham as descargas regulares dos tributários,
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ingressam no Guaíba como plumas de material em suspensão. Na laguna dos Patos as plumas
estendem-se por mais de 30 km com concentrações superiores a 30 mg/l na superfície da água
durante o verão.
As condições deposicionais do Guaíba são estabelecidas por parâmetros controlados
principalmente pelo nível de energia das correntes e ondas.
As correntes têm padrões de circulação induzidos pelo vento e que associados ao fluxo
natural das águas direcionadas para a Laguna dos Patos, estabelecem padrões de
estratificação, com fluxos e refluxos das águas registrados ao longo do canal, dando ao
Guaíba uma característica de sedimentação das partículas finas por corrente, conforme mapas
de teores de silte, argila e matéria orgânica.
As taxas de sedimentação do Guaíba podem ser exemplificadas através das taxas
registradas na bacia lagunar:
- Valor médio de longo período (Holoceno) = 0,52 mm/ano (Toldo, 1994).
- Taxas de sedimentação obtidas de curto período, através do método Pb 210, indicam
valores entre 3,5 e 8,3 mm/ano para os últimos 150 anos (Martins et al., 1989).
As diferenças marcantes entre os valores refletem o resultado da ação antrópica,
relacionada principalmente à agricultura em áreas de influência da bacia de drenagem de
sudeste do Estado, provocando uma aceleração das taxas de sedimentação nas últimas
décadas.
Observando-se os mapas de teores de silte, argila e matéria orgânica, nota-se que a
deposição desses sedimentos ocorre principalmente nas partes mais profundas do Guaíba, a
partir da isóbota de 3 metros. Entre a linha de praia e a isóbota de 3 m, o fundo é arenoso, sem
a cobertura de sedimentos finos que são constantemente removidos pela ação das ondas.
A turbulência por ondas induz a ressuspensão dos sedimentos fixos depositados pela
ação das correntes, e reduz a taxa de deposição nas áreas rasas com profundidades inferiores a
3 metros.
As ondas presentes no Guaíba, também induzidas pela ação dos ventos, são
caracterizadas pela pequena altura, curto período e baixa freqüência anual, entretanto, em
função da área aproximada de 500 km2 da Bacia do Guaíba, o clima de ondas tem
significativa importância na geração e distribuição de energia no sistema.
O substrato depositado no leito do Lago Guaíba é heterogêneo texturalmente, sendo
constituído principalmente por areias, areia síltica, silte arenoso e silte argiloso
(LAUBAUER, 2002).
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Ainda, a amostragem dos sedimentos do leito do Lago Guaíba nos trabalhos de CECO
(1999) e Bachi et al. (2000) permitiu definir um zoneamento do leito, segmentando o leito do
Lago em setores A,B,C,D, tendo o conteúdo de areia contido para cada setor em: 90 a 100%;
50 a 90%, 10 a 50% e 0 a 10%, respectivamente.
A setorização definida neste trabalho confirma que os teores de areia e a razão silte/argilanos
sedimentos diminuem com o aumento da profundidade, enquanto os teores de silte e argila
(finos) aumentam com a mesma, indicando uma clara relação entre a batimetria do lago e a
granulometria dos sedimentos do seu leito (LAYBAUER, 2002)
As taxas de sedimentação estimadas para o ambiente do Lago Guaíba variam entre os valores
de 3,5 a 8,3 mm/ano, sendo esta condição atuante somente para os últimos 150 anos
(MARTINS et al., 1989).
Os estudos desenvolvidos no leito do Lago Guaíba permitiram definir espacialmente setores
com relações percentuais entre lama (silte+argila) e areia das amostras coletadas
(LAYBAUER & BIDONE, 2001). Neste trabalho foram definidos quatro setores distintos de
sedimentação, Figura 4, no Lago Guaíba:
-10 % de lama);
- 50% de lama);
- 90% de lama);
- 100% de lama).
Conclusão
Os resultados obtidos representam uma efetiva contribuição para o conhecimento do
processo de sedimentação do Guaíba, pois os últimos dados disponíveis sobre o assunto são
da década de 70 (Cunha, 1971).
A identificação das áreas de maior movimentação de sedimentos, junto às isóbatas
inferiores a 3 metros, tem grande importância para o planejamento das ações de saneamento
do Guaíba, principalmente uma adequada localização de pontos de captação de água para
abastecimento e para lançamento de efluentes.
A perspectiva de futuros trabalhos objetivando um detalhamento da área, e
conseqüente aprimoramento dos conhecimentos.
17
Figura 4 - Mapa das características texturais das amostras de sedimentos
Figura 5- Mapa sedimentos arenosos maiores que 50%
18
QUALIDADE DA ÁGUA
Coletas e análises
Foram considerados os resultados dos monitoramentos realizados em 26 pontos do lago
Guaíba, com frequência trimestral, no período de 2000 a 2009. Os pontos de coleta estão
representados na Figura 6. Foram analisados os seguintes parâmetros: Temperatura da água –
TEMPAG em ºC, profundidade – PROF em m, Oxigênio Dissolvido – OD em mg O2.l-1,
ESCHERI-CHIA COLI, em NMP.100ml-1, pH, Demanda Bioquímica de Oxigênio – DBO
em mgO2.l-1, Fósforo Total em mg P.l- 1, Nitrato – NO3 em mgN.l-1, Turbidez – TURB,
expressa em UNT e Sólidos (Resíduos) Totais a 105ºC – RT105 em mg.l-1 conforme ABNT
(1988, 1989, 1992 e 1999), APHA (1998) e USEPA (1993).
Cálculo do IQA e análise dos dados
O índice de qualidade de água (IQA) foi desenvolvido pela NATIONAL
SANITATION FOUNDATION (NSF) dos EUA. O cálculo baseou-se nas modificações
propostas por Comitê sinos (1990). Os parâmetros e pesos relativos do IQA encontram-se na
Tabela 1, e as faixas de qualidade na Tabela 2. O modelo de IQA utilizou fórmula
multiplicativa, conforme equação 1 a seguir: (equação 1) onde = símbolo de
produtório; qi = qualidade relativa do i – ésimo parâmetro; wi = peso relativo do i-ésimo
parâmetro e i = número de ordem do parâmetro (1 a 8).
A qualidade relativa de cada parâmetro foi estabelecida em curvas de variação que
relacionaram o respectivo valor do parâmetro a uma nota, variável entre 0 e 100, sendo que o
valor 100 representa a melhor qualidade. Neste estudo foi aplicado um método computacional
para ajustar uma equação conforme aplicado em Bendati ET AL. (2003) e com os seguintes
ajustes, conforme equações 2 e 3 a seguir:
19
Figura 6. Área de estudo com detalhamento da posição do lago Guaíba e dos pontos de coleta – A, em relação à
região hidrográfica e ao RS - B.
Tabela 2. Parâmetros e pesos relativos do IQA.
Parâmetros Código
Pesos
Relativos (wi)
% Saturação de Oxigênio Dissolvido %OD 0,19
Coliformes Termotolerantes COLITERMO 0,17
pH pH 0,13
Demanda Bioquímica de Oxigênio DBO 0,11
Fosfato total PO4 0.11
Nitrato NO3 0,11
Turbidez TURB 0,09
Resíduos (sólidos) totais a 105oC RT105 0,09
FONTE: COMITESINOS (1990).
20
Tabela 3. Faixas de qualidade de água para o IQA do NSF.
Faixas de IQA Classificação de qualidade de água
0 - 25 Muito Ruim
26 - 50 Ruim
51 - 70 Regular
71 - 90 Bom
91 - 100 Excelente
FONTE: COMITESINOS (1990).
Os dados de nitrato e fósforo foram transformados em mg NO3.l-1 e mg PO4.l-1 e os
dados de ESCHERICHIA COLI foram convertidos a coliformes termotolerantes, baseando-se
na proporção contida na Resolução Conama no 274 (BRASIL, 2000), onde coliformes
termotolerantes = 1,2 * ESCHERI-CHIA COLI (NMP.100 ml-1).
A percentagem de saturação do oxigênio dissolvido - %OD foi obtida pela equação 4:
(equação 4)
Foram realizadas as estatísticas descritivas para as variáveis consideradas e para os valores
brutos do IQA, bem como as percentagens das amostras por faixas de qualidade para cada
ponto, as quais foram graficamente expressas em figuras por regiões (Delta do Jacuí, canal de
navegação e margens esquerda e direita do lago).
Resultados e discussão
A temperatura da água variou de 11,5 ºC no ponto 56a em maio/2007 a 33,0 ºC no mesmo
ponto em fevereiro/2001. Os valores médios variaram de 20,6 ºC no ponto 58 a 21,4 ºC nos
pontos 41b e 64h, enquanto que a profundidade média variou de 1,1 m no ponto 40, na foz do
Dilúvio, a 13,1 m no ponto 123, no Delta do Jacuí. (Tabela 3).
O ponto 40 apresentou os maiores valores médios de COLITERMO (1,8E+05 NMP.100 ml-
1), DBO (13,9 mgO2.l-1), PO4 (2,91 mgPO4.l-1) e RT105 (178,2 mg.l-1) e, juntamente com
o ponto 31, apresentou os menores valores médios de OD (2,5 mgO2.l-1). Por sua vez, o
21
ponto 31 apresentou o menor valor médio de %OD (27,5%) e o ponto 64c apresentou os
maiores valores médios de OD (8,5 mgO2.l-1) e %OD (97,6%).
O menor valor médio de COLI-TERMO foi de 5,0E+00 NMP.100 ml-1 nos pontos 50h e 64c.
Conjuntamente aos pontos 57 e 86a, o ponto 50h apresentou menor valor médio de DBO (0,8
mgO2.l-1). O ponto 57 também apresentou os menores valores médios de PO4 (0,22 mgPO
4.l-1) e RT105 (88,5 mg.l-1 ).
Os valores médios de nitrato variaram de 0,72 mgNO3.l-1 no ponto 31 a 4,01 mgNO3.l-1 no
ponto 58 e o pH médio variou de 7,0 nos pontos 59, 31 e 36 a 7,7 nos pontos 64c e 64h. A
turbidez média variou de 19,0 UNT no ponto 40 a 44,7 UNT no ponto 47-8b.
Quanto ao IQA, os menores valores médios foram de 25,3 no ponto 40, 28,9 no ponto 31,
seguidos dos valores de 48,0 no ponto 59 e 49,2 no ponto 36. E os maiores valores médios
foram de 75,3 no ponto 56a, 75,7 no ponto 57, 77,0 no ponto 64h, 79,3 no ponto 50h e 79,5
no ponto 64c. Quando considerada a média do IQA da totalidade de pontos (IQA = 63,2), os
pontos mais próximos da média foram o 47-8b (IQA = 59,7), 46 (IQA = 59,9), 50 (IQA =
64,5), 51b (IQA = 64,9) e 38 (IQA = 66,0). O ponto 50, geograficamente, pode ser
considerado o ponto de monitoramento mais central do lago e, coincidentemente, possui
valores mais próximos da média do IQA da totalidade de pontos (escore z = 0,09).
Quanto às faixas de qualidade do IQA, os pontos 31 (foz do Gravataí), 36 (delta) e 59 (foz do
Sinos) apresentaram mais de 50% das amostragens na faixa de Ruim (Figura 2), enquanto que
o ponto 40 (foz do Dilúvio) apresentou 59% das amostragens na faixa de Muito Ruim (Figura
3). Diferentemente dos pontos 36 e 59, o ponto 31 apresentou 43% das amostragens na faixa
de Muito Ruim e nenhuma amostragem nas faixas de Regular ou Bom.
A faixa de Regular predominou, com mais de 50% das amostragens, nos pontos 58 (foz do
Caí), 38 (delta), 41a, 46, 50 e 60 (canal de navegação), 41b, 45e, 47-8b e 47-8d (margem
esquerda), bem como, o ponto 51b (margem direita). Dentre esses pontos, o ponto 41b foi o
mais expressivo na faixa de Ruim (45%) e o ponto 58 não apresentou nenhuma amostragem
na faixa de Ruim e 33% das amostragens na faixa de Bom.
O ponto 86a (delta), por sua vez, apresentou 49% das amostragens na faixa de Regular, 48%
na faixa de Bom e 3% na faixa de Ruim, estando numa posição intermediária entre os pontos
onde predominaram ou a faixa de Regular ou a faixa de Bom.
Na faixa de Bom predominaram as amostragens dos pontos 57 (foz do Jacuí), 123 (delta), os
pontos 64 e 61 (canal de navegação), os pontos 56a, 53a e 50h (margem direita), e um único
ponto na margem esquerda, o ponto 64h na enseada do balneário Lami, em Porto Alegre.
22
Em relação ao estudo da qualidade da água realizado por Bendati et al. (2003), verificou-se
que o maior esforço amostral do estudo atual permitiu registrar maior abrangência da variação
nos valores brutos do IQA de cada ponto considerado. Praticamente todos os conjuntos de
valores brutos de IQA, por ponto, variaram para mais e para menos em relação aos valores
extremos do estudo anterior. Com isso, não foi possível afirmar se houve melhoria ou
degradação significativa da qualidade da água em cada um dos pontos. De qualquer forma,
verificou-se que a análise de uma série de longa duração de dez anos, garantiu uma avaliação
mais ampla e refinada da qualidade da água no lago.
Ao comparar as percentagens por faixa de qualidade do IQA com o estudo de Bendati et al.
(2003), verificou-se que, para o ponto 86a (delta), houve redução da faixa de Regular de 62,5
para 49,0% e concomitante aumento da faixa de Bom de 37,5 para 48,0%.
Tabela 4. Média das variáveis e do IQA no lago Guaíba (RS), 2000 a 2009.
PONTO PROF TEMPAG COLITERMO DBO NO3 OD %OD pH PO4 RT105 TURB IQA
m oC NMP.100ml-1 mgO2 .1-1 mgNO3 .1-1 mgO2 .1-1 % - mgPO4 .1-1 mg.1-1 UNT
57 8,6 20,8 37 0,8 2,08 8,1 92,0 7.3 0.22 88.5 30.5 75.7
58 4.3 20.6 94 1,4 4,01 6,8 76,8 7,1 0,33 117,7 31,6 67,7
59 4,7 20,6 2085 2,4 1,88 4,0 44,6 7,0 0,61 132,3 34,3 48,0
31 4,8 21,1 71131 9,6 0,72 2,5 27,5 7,0 2,01 159,8 33,6 28,9
86a 4,0 21,0 181 0,8 2,05 7,8 89,3 7,2 0,25 88,5 36,6 69,8
36 6,7 21,2 14359 2,2 2,19 5,9 68,7 7,0 0,53 103,2 32,7 49,2
123 13,1 20,9 131 0,9 2,18 7,9 90,4 7,3 0,24 95,3 30,2 71,3
38 13,0 20,8 389 1,0 2,44 7,5 85,2 7,2 0,30 91,8 35,8 66,0
41a 6,7 20,9 3408 1,1 2,38 7,5 85,2 7,2 0,30 95,7 35,1 58,9
46 6,7 20,8 2322 1,2 2,30 7,5 85,8 7,2 0,33 95,3 36,0 59,9
50 7,3 20,7 569 1,2 2,29 7,7 88,2 7,4 0,31 95,2 37,0 64,5
60 7,3 20,8 130 1,1 2,25 8,1 92,7 7,5 0,29 98,7 36,1 69,4
64 6,5 20,8 49 1,0 2,16 8,3 94,7 7,6 0,29 95,6 36,8 72,3
61 8,4 20,7 27 1,0 2,31 8,2 93,1 7,6 0,29 93 34,8 74,6
40 1,1 20,9 180169 13,9 2,06 2,5 28,3 7,2 2,91 178,2 19,0 25,3
41b 9,8 21,4 10820 1,7 2,15 6,1 70,4 7,1 0,46 99,1 31,4 51,3
45e 4,7 21,1 4608 1,2 2,24 6,4 73,5 7,1 0,43 95,9 31,2 55,5
47-3 1,2 21,4 2600 2,0 2,40 7,1 82,8 7,5 0,43 101,1 29,9 57,0
47-8b 2,0 20,9 1459 1,3 1,87 7,5 85,9 7,5 0,56 112,0 44,7 59,7
47-8d 3,8 21,0 101 1,5 2,67 8,0 91,5 7,5 0,42 90,9 30,7 69,5
64h 1,8 21,4 10 1,2 2,33 8,0 92,6 7,7 0,31 98,2 34,1 77,0
56a 2,1 20,8 14 1,5 1,24 8,2 93,0 7,6 0,41 98,0 43,2 75,3
51b 3,1 20,9 454 1,2 2,33 7,6 86,9 7,2 0,35 148,8 35,7 64,9
53a 2,1 20,7 58 0,9 2,01 8,1 92,8 7,6 0,33 96,5 37,0 72,1
50h 1,8 20,6 5 0,8 1,92 8,2 92,9 7,6 0,30 92,8 34,4 79,3
64c 3,5 20,7 5 1,0 2,03 8,5 97,6 7,7 0,26 94,1 37,2 79,5
Da mesma forma, no canal de navegação, o ponto 38 apresentou redução da faixa de
Regular de 87,5 para 62,0% e aumento da faixa de Bom de 0,0 para 30,0%. Na margem
direita, verificou-se, para o ponto 56a, redução da faixa de Regular de 50,0 para 15,0%, bem
23
como aumento da faixa de Bom de 50,0 para 85,0%. Da mesma forma, no ponto 64c houve
redução da faixa de Regular de 25,0 para 3,0% e aumento da faixa de Bom de 75,0 para
97,0%.
Ainda em relação ao estudo de Bendati et al. (2003), no canal de navegação, o ponto
50 apresentou aumento da faixa de Regular de 62,5 para 87,0%, bem como redução da faixa
de Bom de 37,5 para 13,0% e o ponto 60 apresentou aumento da faixa de Regular de 50,0
para 70,0% e redução da faixa de Bom de 50,0 para 30,0%. Na margem esquerda verificou-se
no ponto 40, foz do arroio Dilúvio, aumento da faixa de Muito Ruim de 25,0 para 59,0% e
concomitante redução da faixa de Ruim de 75,0 para 38,0%.
Figura 7. Faixas de qualidade do IQA no Delta do Jacuí e canal de navegação do lago Guaíba (RS), 2000 a 2009.
Conclusões
Os resultados permitiram verificar que a foz dos rios Gravataí, dos Sinos e arroio
Dilúvio, bem como alguns pontos da margem esquerda do lago, estão mais comprometidos
em função de maior adensamento populacional associado à menor vazão de tributários
relacionados. Pontos na margem direita e a foz do rio Jacuí apresentaram os melhores valores
24
de IQA. Na margem esquerda sul do lago Guaíba, observaram-se águas de melhor qualidade,
o que pode ser atribuído à implantação dos sistemas de esgotamento sanitário – (SES Belém
Novo e Lami), bem como ao poder depurador do lago ao longo de seu percurso.
Os resultados reiteram a necessidade de continuidade de investimentos em saneamento, a
médio e longo prazo, nas bacias dos rios Gravataí, dos Sinos e arroio Dilúvio. Nesse sentido,
o DMAE está implementando o SES Sarandi na bacia do Gravataí, bem como o Programa
Integrado Socioambiental (Pisa), que expandirão a capacidade de tratamento de esgotos de
Porto Alegre de 27% para 80% e promoverão o saneamento nas bacias correspondentes. Para
avaliar as melhorias ambientais decorrentes dos investimentos do DMAE em saneamento na
cidade de Porto Alegre, a médio e longo prazo, será mantido o monitoramento da qualidade
das águas no lago Guaíba.
Para a série temporal deste trabalho, ainda serão realizados estudos com vistas a estabelecer a
condição de qualidade das águas segundo a legislação ambiental, bem como verificar a
influência das variações climático-temporais e hidrodinâmicas na qualidade das águas do lago
Guaíba.
25
Figura 8. Faixas de qualidade do IQA nas margens esquerda e direita do lago Guaíba (RS), 2000 a 2009.
MEIO BIÓTICO
Em atendimento ao determinado pela Portaria Conjunta SEMA/FEPAM Nº 189, de 29
de dezembro de 2015, foi criado o Grupo de Trabalho para análise e estudo de critérios para
licenciamento de mineração com fins comerciais no Lago Guaíba, com a designação dos
analistas ambientais da FEPAM, Luciano Pazinato Martins e Andrea Garcia de Oliveira,
responsáveis pelo levantamento de dados relativos ao meio biótico.
Este trabalho visa compilar dados provenientes de processos de licenciamento
ambiental de empreendimentos cujos estudos ambientais contemplem a biota aquática do
Lago Guaíba.
26
Assim, foram fonte de pesquisa os processos de licenciamento:
- Departamento Municipal de Água e Esgoto – DMAE
- CMPC Celulose Riograndense
- Ponte do Guaíba
Para a consolidação das informações, foram realizadas reuniões técnicas com
especialistas do DMAE, especialistas em ambientes aquáticos e terrestres que atuaram nos
estudos preparatórios ao licenciamento dos empreendimentos acima, bem como no
monitoramento dos mesmos. Além disso, foram consultados especialistas do Departamento de
Ictiologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, de modo a conhecer o
posicionamento e buscar a contribuição técnica sobre o tema.
Cabe observar que o presente levantamento de dados é parte de estudo preparatório à
proposta de zoneamento ambiental para atividade de mineração no Lago Guaíba, que
contempla os dados relativos também ao meio físico em sua abordagem. Estes estudos serão
apresentados ao Comitê do Lago Guaíba para apreciação e deliberações junto a Câmara
Técnica de Mineração do CONSEMA.
A bacia hidrográfica do lago Guaíba é de extrema importância ecológica, visto que
protege uma gama de ecossistemas de considerável fragilidade. A área em questão pode ser
considerada extremamente impactada por dois fatores principais: em máxima escala, a
expansão urbano-industrial, em segundo plano, a atividade de orizicultura. Ambas atividades
podem ser consideradas muito prejudiciais às espécies da fauna nativa não oportunista, visto
que acarretam em fragmentação do hábitat e favorecem a introdução de espécies exóticas no
ambiente (RICKLEFS, 2003).
As águas do Guaíba recebem diretamente ou através de seus afluentes diversas
contribuições de poluentes por meio de despejos de efluentes industriais, agrícolas e
domésticos (MALABARBA et al., 2004). A margem esquerda é quase totalmente
descaracterizada pelos aterros e obras urbanísticas de Porto Alegre (Figura 01). Nesta margem
do continente, as áreas de maior importância ecológica encontram-se na zona Sul do
município, sendo referente à Reserva Biológica do Lami (RBL) e Parque Estadual de Itapuã
(PEI). Em ambiente insular, a ocupação urbana é irregular e apresenta claros contrastes
sociais. O adensamento das moradias, principalmente na Ilha Grande dos Marinheiros e Ilha
27
da Pintada, foi apenas freada com a criação da Área de Proteção Ambiental do Delta do Jacuí
e o Parque Estadual do Delta do Jacuí a partir de 1976 (sensu OLIVEIRA et al., 2009).
Ambas as ilhas são relacionadas por SEGANFREDO et al. (2007) como áreas de maior
registro de irregularidades decorrentes da ação antrópica, como criação de suínos, aterros e
construções irregulares. Já a margem direita do lago Guaíba ainda não foi totalmente
consolidada pela urbanização dos municípios de Guaíba e Eldorado do Sul. No entanto, já é
possível verificar a existência de invasões e projetos de empreendimentos urbanos. O acesso é
facilitado pela malha viária já existente e correspondente a BR-116, BR-290 e Estrada do
Conde. Os resíduos domésticos gerados pelos aglomerados urbanos são visíveis em ambas às
margens e ao longo das ilhas.
Figura 9: Região metropolitana de Porto Alegre, margem esquerda do lago Guaíba. (Foto: Felipe Peters)
Em direção aos rios formadores do Delta, é notável a grande área de cultivo de arroz
ao longo dos rios Caí e Jacuí, e novamente grandes aglomerados urbanos ao longo dos rios
Gravataí e Sinos. Os rios Gravataí e Sinos drenam grandes áreas urbano-industriais.
Diferentemente do observado para o lago Guaíba, apresentam menor lâmina d’água, o que
potencializa o acúmulo de poluentes nestes dois rios, sendo intensiva a deposição diretamente
direcionada ao Guaíba. As planícies úmidas dos rios Jacuí e Caí estão em melhor estágio de
conservação e oferecem maior disponibilidade de recursos para fauna quando comparado aos
demais corpos hídricos citados (Figura 02). Atualmente, o maior impacto local esta
relacionado às instabilidades ambientais decorrentes da orizicultura. A dinâmica hídrica é
diretamente afetada pelos inúmeros canais de irrigação que desviam água dos rios para o
interior das lavouras, enchendo as várzeas no início do verão e drenando-as durante a pré-
colheita. O aporte de biocidas utilizado nas lavouras é acumulado no local ou direcionado
28
novamente ao rio. A mata ciliar relictual encontra-se em estágio secundário, mas ainda atua
como corredor de dispersão para fauna terrestre.
Figura 10: Área rural de Eldorado do Sul, canais de irrigação e lavoura de arroz junto aos fragmentos
florestais ciliares do rio Jacuí (Foto: Felipe Peters)
A diversidade de fitoplâncton, zooplâncton e macroinvertebrados bentônicos mostram
que os ecossistemas aquáticos encontram-se alterados, tendo em vista que organismos
especialistas são menos abundantes e as espécies tolerantes se multiplicam rapidamente, sem
competição por espaço, nutrientes ou outros recursos. No entanto, pode-se dizer que produção
primária referente aos organismos fitoplanctônicos dominantes é alta e pode ser observada
durante o verão, visto os “blooms” de cianobactérias que alteram a cor e odor das águas do
Guaíba. Por serem à base da cadeia trófica, subsidiam o crescimento dos demais organismos
aquáticos (zooplâncton, macroinvertebrados bentônicos e peixes). Apesar do aporte de
poluentes e demais perturbações ambientais, a ictiofauna mostra-se diversa mesmo nos pontos
de maior descaracterização como as proximidades do Cais do Porto e dos rios Gravataí e
Sinos.
Os ecossistemas terrestres funcionam como importante refúgio para fauna autóctone.
Espécies sinantrópicas ou de hábitos semi-aquáticos estão presentes ao longo das áreas
urbanizadas da região metropolitana. Neste caso, destacamos a presença da Lontra (L.
longicaudis), espécie até pouco tempo integrante das listas vermelhas da fauna ameaçada (ver
FONTANA et al., 2003) e presente nas ilhas em frente à região central de Porto Alegre. A
maior diversidade encontra-se nas áreas continentais. A associação entre lavouras de arroz e
fragmentos florestais ciliares, sobretudo no rio Jacuí, torna o ambiente favorável a inúmeras
espécies não encontradas nas ilhas.
29
A proximidade com o grande centro urbano resulta na substituição de organismos
especialistas em detrimento de espécies generalistas e sinantrópicas, alóctones ou autóctones.
O maior exemplo é o atual estágio de contaminação biológica por fauna exótica, sobretudo a
ratazana (R. norvergicus), a pomba-doméstica (C. livia), o pardal (P. domesticus) e o
mexilhão-dourado (L. fortunei). Da mesma forma, a intervenção humana nas áreas rurais ao
longo dos rios formadores do Delta é responsável pela criação de hábitats benéficos ao rato-
das-casas (R. rattus), ao camundongo-doméstico (M. musculus), a lebre (L. europaeus), ao
porco-mateiro (S. scrofa), a rã-touro (L. catesbeianus), a lagartixa-de-parede (M. mabouia), a
carpa-cabeçuda (A. nobilis) e a tilápia (O. niloticus).
Analisando a situação atual podemos considerar rara a ocorrência de espécies
ameaçadas de extinção e que necessitam de melhor qualidade e disponibilidade de hábitats.
De maneira geral, encontramos mesopredadores oportunistas ao longo da área de interesse. A
traíra (H. malabaricus) e o jundiá (Rhandia spp.), corujas (Strigiformes), pequenos gaviões
(Falconiformes), pequenas serpentes (Dipsadidae), cágados (P. hilarii) e lagartos (Teiidae),
além de gambás (D. albiventris), graxains (Canidae) e lontras (L. longicaudis) competem ou
podem ate ser predados por predadores domésticos como cães e gatos, presente ao longo de
toda a área de interesse. Carnívoros domésticos normalmente não apresentam eficiência no
combate a pragas exóticas como murídeos e pombas, apresentando maior eficiência na
predação de peixes, anfíbios, aves e pequenos mamíferos nativos (CAMPOS, 2004; VIEIRA
& YOB, 2003).
Não menos impactante, as perseguições impostas sobre espécies consideradas pragas
ou predadoras foi confirmada durante a realização das atividades de campo realizados nos
estudos da CMPC e da Nova Ponte do Guaíba. A prática incide principalmente sobre
serpentes, lagartos, pequenos roedores e quirópteros. A pesca predatória utilizando redes e
espinhéis é comum ao longo do Delta do Jacuí e rios formadores, onde é possível observar a
prática mesmo sob fiscalização e período de defeso. A traíra (H. malabaricus), o jundiá
(Rhandia spp.), a viola (L. anus), o pintado (P. maculatus), a piava (L. obtusidens) e o
grumatã (P. lineatus) estão entre as principais espécies nativas visadas.
A área de interesse abriga grande diversidade, apesar da marcada fragilidade ecológica
dos ecossistemas em que esta inserida. Toda a diversidade registrada demonstra a grande
importância em esforços que resultem na conservação e recuperação dos ambientes que
compõe o complexo lago Guaíba. Desta forma, as ações de monitoramento aqui propostas,
assumem caráter pioneiro e essencial para o acompanhamento das respostas que a fauna dará
frente a exploração de recursos naturais almejados
30
Metodologia de coleta de informações para o meio biótico
Os dados aqui abordados foram obtidos através do levantamento dos estudos ambientais
da biota aquática do Lago Guaíba, realizados quando do licenciamento de tais
atividades/empreendimentos na FEPAM.
Foram consultados processos de licenciamento ambiental através de Estudo de Impacto
Ambiental – EIA/RIMA do PISA, do Departamento Municipal de Água e Esgoto – DMAE,
da dragagem da CMPC Celulose Riograndense, bem como da Ponte do Guaíba.
Também foram realizadas reuniões técnicas com biólogos que realizaram estudos da
biota aquática no Lago Guaíba, representantes do DMAE e professores da UFRGS
pertencentes ao Instituto de Ictiologia.
Os resultados são oriundos da coleta de dados primários e secundários apresentados em
estudos entregues na Fepam, juntamente com artigos científicos publicados. Para melhor
interpretação dos dados, foram realizadas reuniões com órgãos e técnicos responsáveis pelas
informações apresentadas.
Através da consulta do SIG-FEPAM, foram verificados os distanciamentos das Unidades
de Conservação e respectivas áreas de 10Km dos entornos que abrangem o Lago Guaíba.
Resultados da pesquisa para biota do lago Guaíba
A Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba, codificada como unidade G80 pelo Sistema
Estadual de Recursos Hídricos do Rio Grande do Sul (Lei 10.350/1994), é a última
contribuinte da Região Hidrográfica do Lago Guaíba.
A bacia situa-se a leste do Estado do Rio Grande do Sul, entre as coordenadas geográficas
de 29º 55' a 30º 37' de latitude Sul e 50° 56' a 51° 46' de longitude Oeste. Conforme os
Estudos Preliminares para subsídios ao Plano da Bacia do Lago Guaíba (CONCREMAT,
2004), a Bacia Hidrográfica do Lago Guaíba compreende uma área aproximada de 2.973 km²
dos quais 479 km² são ocupados pelo espelho d’água, restando 2.494 km² de área territorial,
compreendendo 14 municípios (Barão do Triunfo, Barra do Ribeiro, Canoas, Cerro Grande do
31
Sul, Eldorado do Sul, Guaíba, Mariana Pimentel, Nova Santa Rita, Porto Alegre, Sentinela do
Sul, Sertão Santana, Tapes, Triunfo e Viamão).(Fig. 3)
O Lago Guaíba possui 470 Km2 de superfície, com profundidade média de 2m e
encontra-se a 4m acima do nível do mar. Possui cerca de 50Km de comprimento, estendendo-
se desde o Delta do Rio Jacuí, ao norte, até a Ponta de Itapuã, ao sul, onde apresenta
profundidade máxima de 3m. Apresenta largura mínima de 900m, entre a Ponta do
Gasômetro e a Ilha da Pintada, e uma largura máxima de 19Km, entre as enseadas da Praia de
Itapuã e da Praia da Faxina. Suas margens são recortadas por pontas e enseadas e, a margem
leste, onde se situa a cidade de Porto Alegre, é formada por ponta de morros graníticos,
enquanto que a margem oeste é formada por pontas de areia.
Figura 11 - Divisão Hidrográfica da Bacia do Lago Guaíba (SEMA, Abril/2014)
A disponibilidade hídrica no Lago pode ser estimada como a vazão afluente dos seus
formadores: rios Jacuí, Caí, Sinos e Gravataí. A maior parte da vazão afluente ao Lago é
referente ao rio Jacuí, cerca de 1.969,0 m³/s ou 89,8% do total. A vazão média de longo
período nos rios formadores do Lago Guaíba é apresentada a seguir.
32
Tabela 5- Fonte: Estudos Preliminares para subsídio ao Plano de Bacia do Lago Guaíba (CONCREMAT,
2004).
Rio Vazão média (m³/s) Contribuição (%)
Jacuí 1.969 89,8
Sinos 79 3,6
Caí 120 5,5
Gravataí 24 1,1
O Plano Estadual de Recursos Hídricos (PERH), 2007, mostra que nos meses de julho e
agosto ocorrem as maiores contribuições de volume de água, alcançando uma vazão máxima
mensal de 2.900,0 m³/s. A época de menor aporte de água ao Lago compreende o período de
dezembro a abril, com uma vazão mínima mensal afluente em janeiro em torno de 900,0 m³/s.
Levantamento da biota realizado pela CMPC Celulose Riograndense e Nova Ponte do
Guaíba:
Os levantamentos sobre biota aquática realizados na CMPC para fins de licenciamento de
um emissário foram realizados pela mesma equipe técnica que realiza os estudos de biota
aquática da implantação da nova ponte do Lago Guaíba. Esta equipe forneceu a Fepam as
informações obtidas em seus estudos, bem como sugeriu a adoção de medidas de controle da
qualidade ambiental caso seja liberado o licenciamento ambiental de extração de areia no
Lago Guaíba. As informações são referentes a fitoplânctons, zooplânctons, ictiofauna e
mamíferos, tais informações foram juntadas em dois documentos que constam no anexo deste
relatório, seguem abaixo elencados os principais apontamentos:
Informações do laboratório de ictiofauna da UFRGS:
Após reunião ocorrida em 06/04/2016, onde os professores da UFGRS informaram que
apresentariam suas considerações sobre o tema, foi enviado o Ofício
Fepam/DIFISC/3423/2016 em 07/04/2016 solicitando formalmente o apoio da Universidade.
Em um documento único, a UFRGS enviou suas considerações mencionando áreas de
restrições e metodologias sugeridas para controle da qualidade ambiental.
33
Ecossistema terrestre e de transição (fauna)
É de censo comum que as atividades de dragagem possam resultar em impactos
diretamente associados à biota aquática. Da mesma forma, tais atividades podem afetar a
fauna de vertebrados terrestres na medida em que o fitoplâncton, o zooplâncton, os
macroinvertebrados bentônicos e a ictiofauna constituem a base da teia alimentar integrada
pela herpetofauna, avifauna e mastofauna, sobretudo quando relacionada às espécies que tem
sua biologia, ao menos em parte, associada ao ecossistema aquático.
Da mesma forma, um impacto indireto e normalmente negligenciado, faz referência ao
aumento da movimentação humana e a consequente geração de poluentes, movimentação de
substrato e aumento dos níveis de ruído gerados pela operação do maquinário. Tal situação
pode refletir em afugentamento e alterações comportamentais relacionadas ao uso do hábitat,
ao ciclo reprodutivo e aos hábitos alimentares.
As modificações nas taxas de abundância e a substituição faunística podem também
ser consequência da ocupação de seres humanos e suas atividades em áreas naturais. Roedores
murídeos (M. musculus, R. rattus, R. norvergicus), pombas–domésticas (C. livia) e pardais (P.
domesticus) são espécies exóticas e sinantrópicas que tem a dinâmica de suas populações
relacionadas às atividades humanas. Estas espécies podem aumentar localmente frente a
disponibilidade de alimento e abrigo ou pelo simples afugentamento dos potenciais
predadores.
A partir destas considerações, assume-se que a adoção de práticas de monitoramento
voltadas a fauna de vertebrados terrestres deve ser adotada como objetivo geral e prática
benéfica a conservação do ecossistema terrestre e aquático. Para tanto, assume-se como meta,
aferir a ocorrência de variação nos índices ecológicos de riqueza, abundância e diversidade,
principalmente em situações onde a extração de substrato é realizada na proximidade das
margens do lago Guaíba. Tais métricas, quando aplicadas a herpetofauna, avifauna e
mastofauna, poderão indicar variações ocorridas ao longo do tempo (sazonalidade) e do
espaço (áreas de influência) que permitirão monitorar a ocorrência de modificações na biota
decorrente da operação dos empreendimentos.
34
Herpetofauna
O termo herpetofauna é utilizado para indicar o conjunto faunístico de répteis e
anfíbios, seres vivos de grande importância ecológica na teia alimentar envolvendo
vertebrados e invertebrados. Compõe um grupo de animais particularmente sensíveis a
mudanças ambientais, sendo muitos ciclos de vida diretamente dependentes da
disponibilidade de fontes de água doce (e.g. anuros), muitas vezes com características físico-
químicas e estruturais muito específicas (ICMBIO, 2012).
No Estado do Rio Grande do Sul (RS) verifica-se a ocorrência de 94 espécies de
anfíbios, sendo 92 anuros (Ordem Anura) e 02 cecílias (Ordem Gymnophiona) (UFRGS,
2010). Para os répteis, são contabilizados cerca de 119 espécies, sendo um jacaré, seis
anfisbenas, 11 quelônios, 21 lagartos e 79 serpentes (UFRGS, 2010). Deste total, 28 são
consideradas ameaçadas e três são exóticas (FZB, 2014). Essa riqueza esta atrelada aos
diversos tipos de ecossistemas, constituídos por espécies extremamente especializadas em
relação uso do habitat
Apesar de toda a riqueza associada a herpetofauna do RS, o conhecimento sobre este
conjunto faunístico é ainda insatisfatório, quanto à composição das comunidades. Como
resultado dos trabalhos utilizados como referencia, nota-se a confirmação da ocorrência de 38
espécies, das quais 22 compõem o táxon Amphibia e 16 integram o táxon Reptilia (Tabela
05).
Tabela 6 – Herpetofauna confirmada para o Delta do Jacuí e Lago Guaíba, considerando o status
conservacionista regional (RS), nacional (BR) e global (GL). *Espécie alóctone a fauna brasileira.
Táxon Nome vernáculo Conservação
RS BR GL
AMPHIBIA
ANURA
BUFONIDAE
Rhinella dorbignyi Sapo-da-terra
CYCLORAMPHIDAE
Odontophrynus americanus Sapo-da-terra
LEIUPERIDAE
Physalaemus biligonigerus Rã-de-quatro-olhos
Physalaemus cuvieri Rã-cachorro
Physalaemus gracilis Rã-gato
Physalaemus lisei Rã-da-espuma
35
Pseudopaludicola falcipes Rã
LEPTODACTYLIDAE
Leptodactylus fuscus Rã
Leptodactylus gracilis Rã
Leptodactylus latinasus Rã-piadeira
Leptodactylus latrans Rã-crioula, Rã-manteiga
Leptodactylus mystacinus Rã-de-bigode
HYLIDAE
Aplastodiscus pervirdis Perereca-verde
Dendropsophus minutus Perereca-rajada
Dendropsophus sanborni Rã-pequena-das-folhas
Phyllomedusa iheringii Perereca-verde
Hypsiboas pulchellus Perereca
Pseudis minuta Rã-boiadora
Scinax fuscovarius Perereca
Scinax squalirostris Perereca-nariguda
MICROHYLIDAE
Elachistocleis bicolor Rã-oval
RANIDAE
Lithobates catesbeianus* Rã-touro
REPTILIA
CROCODYLIA
ALLIGATORIDAE
Caiman latirostris Jacaré-do-papo-amarelo
TESTUDINES
EMYDIDAE
Trachemys dorbignyi Tigre-d’água
CHELIDAE
Phrynops hilarii Cágado-cinza
SQUAMATA
GEKKONIDAE
Hemidactylus mabouia* Lagartixa-de-parede
AMPHISBAENIDAE
Amphisbaena trachura Cobra-cega
TEIIDAE
Tupinambis merianae Teiú, lagarto-do-papo-amarelo
DIPSADIDAE
Helicops infrataeniatus Cobra-d’água
Erythrolamprus semiaurius Cobra-lisa, cobra-d’água
Erythrolamprus poecilogyrus Cobra-d’água
Oxyrhopus rhombifer Falsa-coral
Philodryas patagoniensis Papa-pinto
Philodryas olfersii Cobra-cipó
Sibynomorphus ventrimaculatus Dormideira
Tomodon dorsatus Cobra-espada
36
Thamnodynastes strigatus Corredeira
VIPERIDAE
Bothrops alternatus Cruzeira
Avifauna
A avifauna aquática do Rio Grande do Sul apresenta 123 espécies (BELTON, 1994).
Este número corresponde a aproximadamente 20% de todas as espécies de aves encontradas
no Estado e a 14,8% de todas as espécies de aves aquáticas existentes em todo o planeta.
Portanto, o Rio Grande do Sul corresponde a uma das áreas de maior diversidade de aves
aquáticas do Brasil, juntamente com o Pantanal do Mato Grosso (SCOTT & CARBONELL,
1986).
A contínua perda e degradação de áreas úmidas no mundo inteiro, causadas por
poluição, excesso de extração de água, desenvolvimento e drenagem, acarretam o
desaparecimento de funções e processos ecológicos (WETLANDS INTERNATIONAL,
2005) e interferem na estrutura de assembléias de aves que delas se utilizam (WELLER
1999).
O Rio Grande do Sul possui cerca de 30.332 km² de áreas úmidas, sendo que a alta
densidade de lavouras de arroz presente atualmente indica que grandes quantidades das áreas
originais do Estado foram perdidas nos últimos anos (MALTCHIK et al. 2003). Estas áreas
úmidas não ocorrem isoladas, mas sim formando mosaicos juntamente com áreas secas, como
florestas e campos, que também sofrem perdas e degradação de hábitats (ACCORDI &
BARCELLOS, 2006).
Conforme exposto no Plano de Manejo do Delta do Jacuí (FZB, 2014), os estudos
realizados na área do Parque Estadual do Delta do Jacuí entre 1977 e 2000 resultam na citação
de 210 espécies de aves (ACCORDI et al., 2001), o que representa 32% da avifauna
conhecida para o Rio Grande do Sul. De elevada riqueza de espécies, a avifauna caracteriza-
se por apresentar mais de um terço (36%) das espécies dependentes de hábitats aquáticos
(banhados, campos inundados, rios e canais), demonstrando a grande importância das áreas
úmidas do Parque para a avifauna. Oitenta espécies (38% do total) estão associadas a hábitats
florestais, sendo a maioria dessas espécies típicas de ambientes de borda (ACCORDI et al.,
2001). De mesmo modo, as espécies registradas em ambientes campestres (incluindo áreas
cultivadas) (n= 45, 21%) também estão, em maior ou menor grau, associadas a áreas úmidas
(ACCORDI et al., 2001). Já os trabalhos técnicos atualmente utilizados como referência
37
permitem confirmar a ocorrência de 164 espécies, sem no entanto, constatar a presença de
espécies enquadradas nas categorias de ameaça avaliadas (Tabela 06).
Tabela 7 – Avifauna confirmada para o Delta do Jacuí e Lago Guaíba, considerando o status conservacionista
regional (RS), nacional (BR) e global (GL). *Espécie alóctone a fauna brasileira. VU- Vulnerável; EP- Em
perigo. (CMPC e Nova Ponte do Guaíba)
Táxon Nome vernáculo Conservação
RS BR Gl
Chauna torquata Tacha
ANATIDAE
Dendrocygna viduata Marreca-piadeira/Irerê
Callonetta leucophrys Marreca-de-coleira
Amazonetta brasiliensis Marreca-pé-vermelho
GALLIFORMES
CRACIDAE
Ortalis guttata Araquã
PELECANIFORMES
PHALACROCORACIDAE
Phalacrocorax brasilianus Biguá
ANHINGIDAE
Anhinga anhinga Biguatinga
CICONIIFORMES
ARDEIDAE
Tigrisoma lineatum Socó-boi-verdadeiro
Nycticorax nycticorax Savacu
Butorides striata Socozinho
Bubulcus ibis Garça-vaqueira
Ardea cocoi Garça-moura/Socó-grande
Ardea alba Garça-branca-grande
Syrigma sibilatrix Maria-faceira
Egretta thula Garça-branca-pequena
THRESKIORNITHIDAE
Plegadis chihi Maçarico-preto
Phimosus infuscatus Maçarico-de-cara-pelada
Theristicus caerulescens Maçarico-real
Platalea ajaja Colhereiro
CICONIIDAE
Ciconia maguari João-grande
Mycteria americana Cabeça-seca
CATHARTIFORMES
CATHARTIDAE
Coragyps atratus Urubu-de-cabeça-preta
FALCONIFORMES
38
ACCIPITRIDAE
Rostrhamus sociabilis Gavião-caramujeiro
Circus buffoni Gavião-do-banhado
Heterospizias meridionalis Gavião-caboclo
FALCONIDAE
Caracara plancus Caracará
Milvago chimachima Carrapateiro
Milvago chimango Chimango
Falco sparverius Quiriquiri
Falco femoralis Falcão-de-coleira
GRUIFORMES
ARAMIDAE
Aramus guarauna Carão
RALLIDAE
Aramides ypecaha Saracuraçu
Aramides cajanea Três-potes
Pardirallus sanguinolentus Saracura-do-banhado
CHARADRIIFORMES
CHARADRIIDAE
Vanellus chilensis Quero-quero
RECURVIROSTRIDAE
Himantopus melanurus Pernilongo
SCOLOPACIDAE
Gallinago paraguaiae Narceja
Tringa flavipes Maçarico-de-perna-amarela
Calidris fuscicollis Maçarico-de-sobre-branco
Calidris melanotos Maçarico-de-colete
Phalaropus tricolor Pisa-n'água
JACANIDAE
Jacana jacana Jaçanã
LARIDAE
Chroicocephalus sp. Gaivota
COLUMBIFORMES
COLUMBIDAE
Columbina talpacoti Rolinha-roxa
Columbina picui Rolinha-picuí
Columba livia Pombo-doméstico
Patagioenas picazuro Asa-branca/Pombão
Zenaida auriculata Pomba-de-bando
Leptotila verreauxi Juriti-pupu
Leptotila rufaxilla Juriti-gemedeira
PSITTACIFORMES
PSITTACIDAE
Myiopsitta monachus Caturrita
CUCULIFORMES
39
CUCULIDAE
Piaya cayana Alma-de-gato
Coccyzus melacoryphus Papa-lagarta-verdadeiro
Crotophaga ani Anu-preto
Guira guira Anu-branco
STRIGIFORMES
TYTONIDAE
Tyto alba Coruja-de-igreja
STRIGIDAE
Megascops choliba Corujinha-do-mato
Megascops sanctaecatarinae Corujinha-do-sul
Bubo virginianus Jacurutu
Athene cunicularia Coruja-do-campo
Asio clamator # Coruja-orelhuda
CAPRIMULGIFORMES
CAPRIMULGIDAE
Hydropsalis torquata Bacurau-tesoura
APODIFORMES
APODIDAE
Chaetura meridionalis Andorinhão-do-temporal
TROCHILIDAE
Stephanoxis lalandi Beija-flor-de-topete
Chlorostilbon lucidus Besourinho-de-bico-vermelho
Hylocharis chrysura Beija-flor-dourado
CORACIIFORMES
ALCEDINIDAE
Megaceryle torquata Martim-pescador-grande
Chloroceryle amazona Martim-pescador-verde
Chloroceryle americana Martim-pescador-pequeno
PICIFORMES
PICIDAE
Melanerpes candidus Pica-pau-branco
Veniliornis spilogaster Picapauzinho-verde-carijó
Colaptes melanochloros Pica-pau-verde-barrado
Colaptes campestris Pica-pau-do-campo
PASSERIFORMES
THAMNOPHILIDAE
Thamnophilus ruficapillus Choca-de-boné-vermelho
Thamnophilus caerulescens Choca-da-Mata
DENDROCOLAPTIDAE
Sittasomus griseicapillus Arapaçu-verde
Lepidocolaptes falcinellus Arapaçu-escamoso-do-sul
FURNARIIDAE
Furnarius rufus João-de-barro
Schoeniophylax phryganophilus Bichoita
40
Synallaxis cinerascens Pi-puí
Synallaxis spixi João-teneném
Cranioleuca obsoleta Arredio-oliváceo
Certhiaxis cinnamomeus Curutié
TYRANNIDAE
Poecilotriccus plumbeiceps Tororó
Myiopagis viridicata Guaracava-de-crista-alaranjada
Elaenia flavogaster Guaracava-de-barriga-amarela
Elaenia parvirostris Guaracava-de-bico-curto
Camptostoma obsoletum Risadinha
Serpophaga nigricans João-pobre
Serpophaga subcristata Alegrinho
Myiophobus fasciatus Filipe
Lathrotriccus euleri Enferrujado
Pyrocephalus rubinus Príncipe
Knipolegus cyanirostris Maria-preta-de-bico-azulado
Hymenops perspicillatus Viuvinha-de-óculos
Satrapa icterophrys Suiriri-pequeno
Xolmis cinereus Primavera
Xolmis irupero Noivinha
Arundinicola leucocephala Freirinha
Machetornis rixosa Suiriri-cavaleiro
Pitangus sulphuratus Bem-te-vi
Myiodynastes maculatus Bem-te-vi-rajado
Megarynchus pitangua Neinei
Empidonomus varius Peitica
Tyrannus melancholicus Suiriri
Tyrannus savana Tesourinha
Myiarchus swainsoni Irré
PIPRIDAE
Chiroxiphia caudata Dançador
TITYRIDAE
Pachyramphus viridis Caneleirinho-verde
Pachyramphus polychopterus Caneleirinho-preto
VIREONIDAE
Cyclarhis gujanensis Gente-de-fora-vem/Pitiguari
Vireo olivaceus Juruviara
Hylophilus poicilotis Verdinho-coroado
CORVIDAE
Cyanocorax chrysops Gralha-picaça
HIRUNDINIDAE
Pygochelidon cyanoleuca Andorinha-pequena-de-casa
Alopochelidon fucata Andorinha-morena
Stelgidopteryx ruficollis Andorinha-serradora
Progne tapera Andorinha-do-campo
41
Progne chalybea Andorinha-doméstica-grande
TROGLODYTIDAE
Troglodytes musculus Corruíra
POLIOPTILIDAE
Polioptila dumicola Balança-rabo-de-máscara
TURDIDAE
Turdus rufiventris Sabiá-laranjeira
Turdus leucomelas Sabiá-barranco
Turdus amaurochalinus Sabiá-poca
COEREBIDAE
Coereba flaveola Cambacica
THRAUPIDAE
Saltator similis Trinca-ferro-verdadeiro
Tachyphonus coronatus Tiê-preto
Thraupis sayaca Sanhaçu-cinzento
Thraupis bonariensis Sanhaçu-papa-laranja
Stephanophorus diadematus Sanhaçu-frade
Pipraeidea melanonota Saíra-viúva
Tangara preciosa Saíra-preciosa
EMBERIZIDAE
Zonotrichia capensis Tico-tico
Ammodramus humeralis Tico-tico-do-campo
Poospiza nigrorufa Quem-te-vestiu
Sicalis flaveola Canário-da-terra-verdadeiro
Sicalis luteola Tipio
Embernagra platensis Sabiá-do-banhado
Volatinia jacarina Tiziu
Sporophila collaris* Coleiro-do-brejo
Sporophila caerulescens Coleirinho
Coryphospingus cucullatus Tico-tico-rei
Paroaria coronata Cardeal
Paroaria capitata Cavalaria
CARDINALIDAE
Cyanocompsa brissonii Azulão-verdadeiro
Cyanoloxia glaucocaerulea Azulinho
PARULIDAE
Parula pitiayumi Mariquita
Geothlypis aequinoctialis Pia-cobra
Basileuterus culicivorus Pula-pula
Basileuterus leucoblepharus Pula-pula-assobiador
ICTERIDAE
Cacicus chrysopterus Tecelão
Icterus cayanensis Encontro
Amblyramphus holosericeus Cardeal-do-banhado
Agelasticus thilius Sargento
42
Chrysomus ruficapillus Garibaldi
Agelaioides badius Asa-de-telha
Molothrus rufoaxillaris Vira-bosta-picumã
Molothrus bonariensis Vira-bosta
Sturnella superciliaris Polícia-inglesa
FRINGILLIDAE
Sporagra magellanica Pintassilgo
Euphonia chlorotica Fim-Fim
Euphonia pectoralis Gaturamo-serrador/Ferro-velho
ESTRILDIDAE
Estrilda astrild* Bico-de-lacre
PASSERIDAE
Passer domesticus* Pardal
Mastofauna
Os mamíferos caracterizam-se externamente pela presença de glândulas mamárias e
corpo coberto por pêlos (cabelos ou vibrissas) em ao menos uma fase da vida. Roedores
(capivaras, ratos e camundongos), carnívoros (graxains, gatos-do-mato, pinípedes),
marsupiais (gambás e cuícas), quirópteros (morcegos), cingulatas (tatus), cetáceos (baleias e
golfinhos) e lagomorfos (lebres) contribuem ecologicamente para os ecossistemas, atuando na
dispersão de sementes, na polinização de flores ou na predação de outros animais e plantas.
São excelentes bioindicadores, já que a diversidade deste grupo aponta desde espécies
tolerantes e adaptadas ao convívio humano até espécies sensíveis e vulneráveis às
modificações ambientais.
Atualmente são conhecidas cerca de 129 espécies de mamíferos continentais para o
Rio Grande do Sul, das quais 32 encontram-se ameaçadas de extinção (FZB 2014). Outras 18
espécies foram, por muito tempo, consideradas “deficientes em dados”, ou seja, não há
conhecimento suficiente para avaliar a sua situação populacional no Estado (FONTANA et
al., 2003). Esta dificuldade de avaliação pode ser atribuída a complexidade de se estudar
animais de comportamento furtivo (discretos, ariscos) e noturno, que apresentam grandes
diferenças corporais e variados hábitos de vida.
A correta diagnose da comunidade de mamíferos de uma determinada região requer a
coleta de dados primários. Tal procedimento utiliza diferentes metodologias que passam pela
visualização de espécies noturnas ou diurnas no ambiente natural, a identificação de pegadas,
fezes ou tocas, a análise de ossos e pêlos excretados por predadores (pelotas de coruja ou
43
pelotas fecais de carnívoros), a investigação da incidência de atropelamentos nas rodovias, a
captura com gaiolas (usual para pequenos roedores e marsupiais) ou redes (aplicada para os
morcegos) e a utilização de armadilhas fotográficas (usual para mamíferos de médio e grande
porte) (PETERS; FAVARINI, 2013). Desta forma, como resultado dos trabalhos técnicos
utilizados como referência, nota-se a confirmação da ocorrência de 34 espécies, das quais
apenas uma (gato-do-mato-grande, Leopardus geoffroyi) reune atributos que justificam sua
importância prioritária para conservação a nível estadual e nacional (Tabela 10).
Tabela 8 – Mastofauna confirmada para o Delta do Jacuí e Lago Guaíba, considerando o status conservacionista
regional (RS), nacional (BR) e global (GL). *Espécie alóctone a fauna brasileira. VU- Vulnerável; EP- Em
perigo.
Táxon Nome vernáculo Conservação
RS BR Gl
DIDELPHIMORPHIA
DIDELPHIDAE
Didelphis albiventris Gambá-de-orelha-branca
Lutreolina crassicaudata Cuica-da-cauda-grossa
CINGULATA
DASYPODIDAE
Dasypus novemcinctus Tatu-galinha
Dasypus hybridus Tatu-mulita
RODENTIA
CRICETIDAE
Akodon azarae Rato-do-chão
Akodon paranaensis Rato-do-chão
Deltamys kempi Rato-do-chão
Holochilus brasiliensis Rato-do-junco
Oligoryzomys nigripes Camundongo-do-mato
Oligoryzomys flavescens Camundongo-do-campo
Oxymycterus nasutus Rato-focinhudo
Scapteromys tumidus Rato-d'água
MURIDAE
Rattus norvergicus* Ratazana
Rattus rattus* Rato-das-casas
Mus musculus* Camundongo-doméstico
ECHIMYIDAE
Myocastor coypus Ratão-do-banhado
Kannabateomys amblyonyx Rato-da-taquara
CAVIIDAE
Cavia aperea Preá
Hydrochoerus hydrochaeris Capivara
ERETHIZONTIDAE
44
Coendou vilossus Ouriço-cacheiro
CHIROPTERA
PHYLLOSTOMIDAE
Glossophaga soricina Morcego-beija-flor
MOLOSSIDAE
Tadarida brasiliensis Morcego-das-casas
Molossus molossus Morcego-da-cauda-grossa
Molossus rufus Morcego-da-cauda-grossa-grande
VESPERTILIONIDAE
Histiotus velatus Morcego-orelhudo
LAGOMORPHA
LEPORIDAE
Lepus europaeus* Lebre
CARNIVORA
FELIDAE
Leopardus geoffroyi Gato-do-mato-grande VU VU
CANIDAE
Cerdocyon thous Graxaim-do-mato
Lycalopex gymnocercus Graxaim-do-campo
MUSTELIDAE
Galictis cuja Furão
Lontra longicaudis Lontra
MEPHITIDAE
Conepatus chinga Zorrilho
PROCYONIDAE
Procyon cancrivorus Mão-pelada
ARTIODACTYLA
SUIDAE
Sus scrofa* Porco-mateiro/ Javali
Fitoplânctons
É um conjunto de organismos fotossintetizantes tipicamente dominados por diatomáceas e
algas verdes. Foram copilados 76 (setenta e seis) táxons distribuídos em 08 (oito) grupos
sendo analisado o micro-habitat e o interesse médico-sanitário. O relatório salientou que não
existem listas oficiais para categorização conservacionista para fitoplânctons.
Tanto o recobrimento do novo emissário de efluentes, quanto a ampliação do porto da
CMPC em Guaíba foram constatadas alterações na coluna de água que afetaram diretamente
os organismos de fitoplânctons. A movimentação do substrato resultou na elevação das
concentrações de nutrientes e metais passados, o que promoveu alteração na vida aquática,
45
impactando primeiramente o fitoplâncton. Uma grande quantidade de material particulado
ocupou o espaço que antes era ocupado pelos organismos, fazendo com que a turbidez da
água diminuísse a extensão da zona eufótica e consequentemente a presença de organismos
mais sensíveis. Estes impactos estão diretamente associados às atividades de extração de
areia. Os dados obtidos durante as cinco primeiras campanhas da CMPC confirmaram a
comunidade fitoplanctônica como sendo a primeira a ser diretamente afetada, porém este
grupo é também o primeiro a se recuperar quando a atividade cessa (CEPEMAR/VALE,
2010).
A presença ou ausência, bem como a abundância de algumas espécies reportadas como
comuns nos estudos compilados podem ser indicadores ambientais úteis. Cyanophycea, as
algas-azuis, indicam altas concentrações de nutrientes. Algas-verdes, Chlamydophyceae e
Chlorophyceae, indicam ambientes estressados por eutrofização, acidez e contaminação por
metal. Euglenophyceae são abundantes em ambiente com alta decomposição de matéria
orgânica, todas características associadas ao Lago Guaíba. Cabe também salientar que todos
estes grupos estão amplamente distribuídos na malha hídrica do Lago Guaíba constituindo a
comunidade fitoplanctônica já inventariada e que, com certeza, aparecerá em todos os estudos
futuros. Variações possíveis na dinâmica populacional e comunitária estarão relacionadas a
sazonalidade e aos efeitos imediatos da dragagem de areia, confirmando o grupo como um
dos principais bioindicadores durante o levantamento e o monitoramento biótico vinculados
ao licenciamento ambiental da referida atividade de extração.
De acordo com o DMAE, ficou demonstrado que o fitoplâncton foi a comunidade
aquática que melhor representou as variações das condições do ambiente. De fato, a maior
performance da riqueza dessa comunidade permitiu o reconhecimento de distintos grupos
funcionais de algas com sensibilidades e tolerâncias específicas relacionadas a diferentes
condições ambientais no tempo e no espaço.
Tabela 9 – Lista compilada do Fitoplâncton presente no Lago Guaíba sendo * Em excesso de proliferação pode
ser responsável por entupir filtros e tubulações. **Em excesso de proliferação podem liberar toxinas na água.
(CMPC e Nova Ponte do Guaíba)
Nome Científico Nome Popular Microhabitat Preferencial Espécie de Interesse Médico-
Sanitário
Bacillariophyta
Astetrionella Diatomácea Superfície Não
Amphipleura Diatomácea Fundo, Meio Não
Amphora Diatomácea Todos Não
Aulacoseira Diatomácea Todos Sim*
46
Nome Científico Nome Popular Microhabitat Preferencial Espécie de Interesse Médico-
Sanitário
Caloneis Diatomácea Meio Não
Cocconeis Diatomácea Fundo Não
Cyclotella Diatomácea Todos Não
Cymbella Diatomácea Todos Não
Diploneis Diatomácea Todos Não
Eunotia Diatomácea Fundo, Meio Não
Fragillaria Diatomácea Todos Não
Gomphonema Diatomácea Todos Não
Gyrosigma Diatomácea Todos Não
Hantzschia Diatomácea Superfície Não
Hydrosera Diatomácea Superfície Não
Luticola Diatomácea Fundo Não
Melosira Diatomácea Todos Não
Monostyla Diatomácea Superfície Não
Morfo 1 Diatomácea Todos Não
Morfo 2 Diatomácea Todos Não
Navicula Diatomácea Superfície, Fundo Não
Nitzschia Diatomácea Todos Não
Nupela Diatomácea Fundo, Meio Não
Pinnularia Diatomácea Todos Não
Placoneis Diatomácea Superfície Não
Surirella Diatomácea Todos Não
Synedra Diatomácea Todos Não
Tabellaria Diatomácea Meio Não
Terpsinoe Diatomácea Todos Não
Thalassiosira Diatomácea Todos Não
Tryblionella Diatomácea Meio Não
Chlamydophyceae
Chlamydomonas Flagelado Superfície, Meio Não
Eudorina Flagelado Todos Não
Pandorina Flagelado Todos Não
Chlorophyceae
Coelastrum Alga-verde Fundo Não
Cosmarium Alga-verde Todos Não
Desmodesmus Alga-verde Meio Não
Dictyosphaerium Alga-verde Superfície Não
Golenkinia Alga-verde Superfície Não
Kirchneriella Alga-verde Todos Não
Pediastrum Alga-verde Todos Não
Rhipidodendrum sp1 Alga-verde Superfície Não
Rhipidodendrum sp2 Alga-verde Superfície Não
Sphaerocystis Alga-verde Todos Não
47
Nome Científico Nome Popular Microhabitat Preferencial Espécie de Interesse Médico-
Sanitário
Tetraedrum Alga-verde Meio Não
Westella Alga-verde Fundo Não
Scenedesmus Alga-verde Superfície Não
Chrysophyceae
Actinastrum Flagelado Meio Não
Chryptomonas Flagelado Todos Não
Dinobryon Flagelado Meio Não
Mallomonas Flagelado Todos Não
Pachycladella Flagelado Meio Não
Synura Flagelado Todos Não
Treubaria Flagelado Fundo Não
Cyanophyceae
Merismopedia Alga Azul Todos Sim**
Microcystis Alga Azul Todos Sim**
Anabaena Alga-azul Todos Sim**
Coelosphaerium Alga-azul Superfície, Meio Sim**
Cylindrospermopsis Alga-azul Fundo Sim**
Oscillatoria Alga Azul Superfície, Meio Sim**
Phormidium Alga-azul Todos Sim**
Planktothrix Alga-azul Fundo Sim**
Pseudoanabaena Alga-azul Todos Sim**
Dinophyceae
Ceratium Dinoplagelado Todos Não
Sphaerodinium Dinoplagelado Superfície Não
Euglonophyceae
Cryptoglena Flagelado Todos Não
Euglena Flagelado Todos Não
Peranema Flagelado Todos Não
Phacus Flagelado Todos Não
Strombomonas Flagelado Todos Não
Trachelomonas Flagelado Todos Não
Zygemaphyceae
Cosmarium Alga-verde Superfície Não
Closterium Alga-verde Meio Não
Desmidium Alga Verde Superfície Não
Staurodesmus Alga-verde Superfície Não
Spyrogira Alga-verde Todos Não
O DMAE realizou levantamento entre os meses de maio e julho de 2014 em pontos de
monitoramento do PISA no lago Guaíba obtendo o seguinte levantamento:
48
Tabela 10- Táxons descritores do Fitoplâncton nos pontos de monitoramento do PISA no lago Guaíba/RS, maio
e julho de 2014; %: abundância relativa média. DMAE
Zooplâncton
Zooplâncton é um termo genérico para organismos heterótrofos de diferentes categorias
táxonômicas que utilizam a coluna d’água como hábitat principal (MARGALEF, 1983). Na
comunidade zooplanctônica de água doce encontram-se os cladóceros, copépodes (Crustacea),
rotíferos (Gnathifera) e as amebas, ciliadas e flageladas (Protozoa), sendo estes últimos
raramente incluídos nos estudos em função da difícil amostragem e identificação (GOMES &
GODINHO, 2004). A comunidade planctônica é composta por organismos com grande
sensibilidade às condições ambientais, respondendo a diversos tipos de impactos que alteram
as condições físicas e químicas da água. Em vista disso, são bons indicadores da qualidade de
água (SERAFIM–JUNIOR et al., 2003), na medida que alterações no meio aquático refletem
em mudanças na quantidade de organismos, assim como na composição e diversidade da
comunidade.
Os estudos apresentados informam que as alterações ocorrentes na hidrodinâmica
resultantes do turbilhonamento da água podem causar variações na riqueza, abundância e
49
dominância de certos táxons, visto que estes organismos apresentam pouca ou nenhuma
resistência a correntes. Em geral, a concentração maior de zooplânton ocorre nas camadas
mais superficiais, onde existe maior concentração de fitoplâncton. No entanto, em uma das
campanhas da CMPC, houve uma uniformidade na abundância entre os estratos avaliados,
indicando que a possível movimentação sedimentar durante o recobrimento do emissário pode
ter interferido na distribuição destes organismos na coluna d’ água.
Deve-se ponderar também, que a movimentação dos sedimentos pode ocasionar a
suspensão de materiais contaminantes, que podem afetar algumas espécies mais vulneráveis à
poluição. Certos táxons mais sensíveis são geralmente eliminados e os mais resistentes
apresentam grande crescimento quantitativo e tornam-se abundantes, pois não têm que
competir pelo alimento disponível. Dentre os táxons, Thermocyclops sp. é conhecido por
possuir ampla distribuição geográfica e sobreviverem em diferentes habitats, suportando
diferentes condições tróficas (HUTCHINSON,1951; REID et al., 1988 ).
Cabe salientar ainda, que os organismos zooplantônicos apresentam curto ciclo de vida, o
que permite respostas rápidas frente às alterações ambientais. Além do mais, diversos fatores
podem ocasionar variações sazonais na comunidade zooplantônica, como, variações na
hidrologia, disponibilidade de alimento e pressão de predação (DOMIS et al., 2013).”
Tabela 11 – Lista compilado do Zooplâncton presente no Lago Guaíba (CMPC e Nova Ponte do Guaíba).
Nome Científico Nome popular Micro habitat
Preferencial
Hábito
alimentar
CRUSTACEA
Dogielinotidae
Hyalella sp. Larva-de-camarão Macrófitas Onívoro
COPEPODA
Cyclopidae
Cyclops sp. Pulga-d’água Margem Onívoro
Thermocyclops sp. Pulga-d’água Margem Onívoro
Diaptomidae
Notodiaptomus incompositus (Brian, 1925) Pulga-d’água Diverso Herbívoro
Nauplius* Náuplio Diverso Onívoro
Copepodito** Copepodito Diverso Onívoro
CLADOCERA
Bosminidae
Bosmina longirostris (Korinek, 1981) Pulga-d’água Diverso Filtrador
Bosminopsis deitersi (Richard, 1895) Pulga-d’água Superfície Filtrador
Chydoridae
Alona sp. Pulga-d’água Fundo Coletor
Alona ossiani(Sinev, 1998) Pulga-d’água Fundo Coletor
Chydorus sp. Pulga-d’água Fundo Coletor
Camptocercus australis (Sars, 1896) Pulga-d’água Diverso Coletor
Camptocercus sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador
50
Nome Científico Nome popular Micro habitat
Preferencial
Hábito
alimentar
Graptoleberis sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador
Kurzia sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador
Leberis davidi Pulga-d’água Diverso Filtrador
Leydigia sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador
Nicsmirnovius sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador
Oxyurella sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador
Daphnidae
Ceriodaphnia silvestri (Daday, 1902) Pulga-d’água Margem Filtrador
Daphnia sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador
Simocephalus sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador
Moinidae
Moina minuta (Hansen, 1899) Pulga-d’água Diverso Filtrador
Sididae
Diaphanosoma birgei(Korinek, 1981) Pulga-d’água Diverso Filtrador
Ilyocryptidae
Ilyocryptus spinifer (Herrick, 1882) Pulga-d’água Diverso Coletor
Ilyocriptus sp. Pulga-d’água Diverso Coletor
Macrothricidae
Macrothrix sp. Pulga-d’água Diverso Filtrador
PROTOZOA
Trinema Protozoário Diverso Onívoro
Vorticella Protozoário Diverso Onívoro
Euglypha Protozoário Diverso Onívoro
SPIROTRICHEA
Codonellidae
Codonella Protozoário Diverso Onívoro
TUBELINEA
Arcellidae
Arcella sp.1 Protozoário Diverso Onívoro
Arcella sp. 2 Protozoário Fundo Onívoro
ROTIFERA
Keratella sp. Rotífero Diverso Não
Monostyla sp. Rotífero Diverso Não
Morfo 1 Rotífero Diverso Não
Trichocerca sp. Rotífero Diverso Não
MOLLUSCA
Mytilidae
Limnoperna fortunei Larva-de-mexilhão-dourado Coluna Filtrador
NEMATODA Verme Fundo Coletor
INSECTA
Oribatidae Hidracarino, ácaro-aquático Diverso Parasita
O DMAE também realizou levantamento de Zooplactons nos pontos em que realiza
monitoramento no lago Guaíba nos meses de maio e julho de 2014.
51
Tabela 12- Táxons descritores do Zooplâncton nos pontos de monitoramento no lago Guaíba/RS, maio e julho de
2014; %: abundância relativa média. DMAE
Levantamento de invertebrados bentônicos
Conhecidos como Zoobentos ou Macroinvertebrados são organismos visíveis a olho nu
sendo encontrados em sistemas de água doce, salobra ou marinha durante todo ou parte do seu
ciclo de vida (APHA, 1989). Eles podem viver no sedimento ou associados a raízes de plantas
aquáticas, rochas, galhos e folhas sendo denominados bentônicos; ou na coluna d’água e/ou
filme superficial, classificados como planctônicos, nectônicos ou pleustônicos (TACHE et al.,
1987). Os principais representantes deste grupo são os insetos, moluscos, anelídeos e
crustáceos (STENERT et al. 2003).
Os impactos de grande relevância para a fauna de invertebrados bentônicos são àqueles
que atingem à qualidade da água e o substrato do corpo hídrico. O processo de dragagem
pode ser considerado o principal impacto, pois ocorre a remoção do sedimento com os
organismos ali estabelecidos. Esta remoção do substrato juntamente com a fauna bentônica
também irá prejudicar o andamento de outros processos ecológicos, como a ciclagem de
nutrientes, já que estes organismos participam de vários níveis das cadeias alimentares
aquáticas.
52
Os estudos realizados junto a CMPC e a nova Ponte do Guaíba, juntos, copilam 51 taxons
da fauna bentônica. Os estudos apontaram que durante o recobrimento do emissário da CMPC
foram constatadas alterações visíveis na composição antes, durante e após a conclusão do
recobrimento. A campanha C6, realizada em janeiro de 2015, condisse justamente com a
campanha anterior a tal obra e apresentou uma abundância de 466 organismos distribuídos em
oito táxons. Na campanha posterior, C7, referente a primeira fase de recobrimento do
emissário, houve um aumento na abundância e na riqueza. Foram contabilizados 859
organismos distribuídos em nove táxons, sendo quatro novas ocorrências em relação a C6.
Em C8, ocorreu redução na abundância de bentos (n=222) e na riqueza (S= 6). Na última fase
da obra (C9), a abundância apresentou leve redução com registro de 206 organismos
bentônicos e uma riqueza constante, sem acréscimo de táxon, demonstrando que o local
estava sofrendo com as obras e atingindo os organismos que vivem diretamente sobre o seu
substrato. Durante a C10, após o recobrimento, a abundância praticamente foi a mesma (n=
212) porém foi registrado um novo táxon demonstrando que a comunidade bentônica tende a
se recuperar rapidamente recolonizando o ambiente assim que cesse os principais impactos
relacionados a suspensão de partículas e alterações no substrato
O monitoramento deste grupo é extremamente importante, visto que há possibilidade de
ocorrência de espécies que se encontram na lista vermelha, sendo elas: Anodontites iheringi e
Mycetopoda legumen (vulnerável); Leila blainvilliana, Diplodon koseritzi e D. iheringi (em
perigo).
Tabela 13 – Lista compilada de Invertebrados Bentônicos presentes no Lago Guaíba. (CMPC e Nova Ponte do
Guaíba)
Nome Científico Nome Popular Microhabita
Preferencial
Espécie de Interesse
Médico-sanitário Conservação
ARTHROPODA
INSECTA
BLATTODEA Barata-aquática Substrato Não -
COLLEMBOLA Saltador Margem Não -
Entomobyidae Saltador Margem Não -
Oribatidae Saltador Margem Não -
COLEOPTERA
Curculionidae Besouro-elefante Substrato Não -
Dryopidae - Substrato Não -
Dytiscidae Besouro Macrófitas Não -
Elmidae Besourinho-d'água Substrato, Macrófitas Não -
Gyrinidae Besouro-girino Superfície Não -
Hydrophilidae - Substrato Não -
53
Nome Científico Nome Popular Microhabita
Preferencial
Espécie de Interesse
Médico-sanitário Conservação
Noteridae Besourinho-d'água Substrato Não -
Scirtidae - Substrato, Macrófitas Não -
Staphilinidae - Substrato Não -
DIPTERA
Chironomidae larva Larva-de-mosquito Substrato, Macrófitas Não -
Chironomidae pupa Pupa-de-mosquito Coluna-d'água e
Superfície Não -
Culicidae Larva-de-mosquito Superfície Não -
Tipulidae Larva-de-mosquito Coluna Não -
Tabanidae Larva-de-mosquito Coluna e Superfície Não -
EPHEMEROPTERA
Baetidae Náiade efêmera Substrato, Macrófitas Não -
Leptophlebiidae Náiade efêmera Substrato, Macrófitas Não -
HEMIPTERA
Belostomatidae Baratinha-d'água Substrato, Macrófitas Não -
Gerridae Inseto-jesus Superfície Não -
Hebridae - Substrato, Macrófitas Não -
Notonectidae Inseto-nadador Superfície Não -
Pleidae Percevejo-pulga Substrato, Macrófitas Não -
HYMNOPTERA
Formicidae Formiga Superfície Não Alóctone
Diapridae Vespa-aquática Superfície,
Macrófitas Não -
ODONATA
Coenagrionidae Náiade-libélula Macrófitas Não -
TRICHOPTERA
Hydroptilidae - Coluna Não -
Leptoceridae - Substrato Não -
Odontoceridae - Substrato Não -
ARACHNIDA
Hidracarina Ácaro-d’agua Diverso Não -
Aranae Aranha-aquática Superfície Não -
CRUSTACEA
AMPHIPODA
Talitridae Pulga-d’água Coluna Não -
Dogielinotidae Camarãozinho Macrófitas Não -
ISOPODA Tatuzinho Margem Não Alóctone
QUILOPODA Piolho-de-cobra Margem Não Alóctone
MOLLUSCA
BIVALVIA
Corbiculidae
Corbicula fluminea Berbigão-asiático Substrato Sim Exótica
Corbicula sp. Berbigão Substrato Sim Exótica
Mytilidae
Limnoperna fortunei Mexilhão-dourado Substrato Sim Exótica
54
Nome Científico Nome Popular Microhabita
Preferencial
Espécie de Interesse
Médico-sanitário Conservação
Ind. Jovens - Coluna-d'água - -
Mycetopodidae
Anodontites sp. marisco-de-água-doce Substrato Não -
Hyriidae
Castalia sp. Berbigão Substrato Não -
GASTROPODA
Ampullariidae
Pomacea sp. Ampulária Substrato Sim -
Ancylidae Caramujo-chapéu Substrato Sim -
Chilinidae
Chilina sp. - Substrato Não -
Hydrobiidae
Heleobia australis Caramujinho-da-lama Substrato Sim -
Heleobia sp. Caramujinho-da-lama Substrato Sim -
Planorbidae
Drepanotrema sp. Caramujo-chato Substrato, Macrófitas Sim -
ANNELIDA
OLIGOCHAETA Minhoca-d'água Substrato Não -
HIRUDINIDA
Glossiphonidae Sanguessuga Diverso Não -
Levantamento ictiológico
Os estudos vinculados a CMPC e da Ponte do Guaíba copilaram 41 espécies de peixes
no lago, distribuídas em 21 familia. Durante as primeiras fases de recobrimento do emissário
da CMPC, houve o aumento de abundância e riqueza de peixes. Foi observado o incremento
de espécies de hábitos onívoros e detritívoros bentônicos como Genidens genidens e
Platanichthys platana, Rineloricaria cadeae e Ancistrus brevipinnis, respectivamente, além do
incremento de espécies tolerantes como Hoplias malabaricus e Hoplosternum littorale. A fácil
adaptação destas espécies a ambientes impactados lhes possibilita colonizar e estabelecerem-
se de modo mais fácil em ambientes constantemente modificados devido a sua menor
seletividade alimentar, desta forma, acredita-se que sejam espécies que sofreram menos com a
atividade de extração embora possam apresentar variações significativas durante a dragagem.
Os resultados encontrados no ponto mais marginal, que acumulou a maior abundância
e uma das mais altas riquezas, podem estar associados à presença de macrófitas nesta região o
que aumenta a disponibilidade de microhábitats já que podem auxiliar no refugio, local para
desova e na busca de alimentos da ictiofauna presente.
55
Seria interessante que as atividades de extração durante os períodos de defeso
(normalmente ocorrentes de 01 de novembro à 31 de janeiro do próximo ano) também
fossem minimizadas, auxiliando na recuperação dos estoques pesqueiros durante a fase de
reprodução, desova e desenvolvimento dos alevinos.
Quanto aos apontamentos feitos pela equipe de ictiofauna da UFRGS, em atenção à
solicitação de informações sobre áreas e períodos de restrições para a prática de mineração e
de metodologias específicas de monitoramento de qualidade ambiental do lago Guaíba em
relação à ictiofauna foram apontadas áreas de restrições e condicionantes importantes para
monitoramento da qualidade ambiental.
Áreas não recomendadas à mineração:
O lago Guaíba possui aproximadamente 90 espécies de peixes, sendo parte das
espécies residentes e parte das espécies migratórias, desenvolvendo parte de seu ciclo de vida
neste corpo d´água. Como sendo praticamente uma extensão da laguna dos Patos, algumas
espécies estuarinas, como por exemplo a tainha (Mugil liza) e o bagre marinho (Genidens
genidens), utilizam o lago Guaíba como região de alimentação (tainha) ou reprodução e
crescimento (Genidens genidens). Não é recomendada a autorização de mineração na área de
ligação entre o lago Guaíba e a laguna dos Patos, por tratar-se de área de passagem destas
espécies.
A região próxima ao delta do rio Jacuí e o próprio delta do rio Jacuí compreendem
áreas de crescimento de espécies de peixes de água doce (p.ex. piava - Leporinus obtusidens),
inclusive de importância comercial e ameaçadas de extinção (dourado – Salminus
brasiliensis). Embora a população desta última espécie apresente um acentuado declínio,
eventualmente ainda se observa a presença de indivíduos jovens na região e áreas próximas.
Não é recomendada a autorização de mineração na área próxima ou interna ao delta do rio
Jacuí por tratar-se de área de alimentação e crescimento de espécies de peixes de água doce.
As áreas com juncos (Schoenoplectus californicus) são áreas que propiciam abrigo
para a desova e reprodução de peixes de água doce (p.ex. peixes-rei – Odontesthes spp. e
traíra – Hoplias malabaricus) e devem ser preservadas. Não é recomendada a autorização de
mineração na área próxima ou interna aos juncais.
Análise da contaminação do sedimento:
O lago Guaíba recebe há décadas a descarga de efluentes industriais e domésticos que
podem ter contribuído na contaminação, de maneira não homogênea, do sedimento no lago. A
mineração revolve o substrato, podendo resultar na liberação de eventuais poluentes
56
acumulados ao longo dos anos. É recomendada a análise físico-química do sedimento,
inclusive para a detecção da presença de eventuais elementos ou substâncias poluentes, antes
da autorização de mineração em cada jazida, bem como a análise periódica da pluma
resultante desta atividade.
A atividade de mineração provoca alterações no ambiente pela remoção da areia e
consequente aprofundamento do leito, remoção da camada superficial de sedimento e de
possíveis organismos associados, revolvimento do sedimento e possível liberação de
substâncias acumuladas no substrato.
O monitoramento da taxocenose de peixes representa uma ferramenta importante de
avaliação da qualidade ambiental de ecossistemas aquáticos, embasado no fato de que
assembleias de peixes manifestam efeitos negativos causados tanto pela presença de
poluentes, quanto pelas mudanças na hidrologia da bacia, modificações no habitat, e
alterações das fontes de energia das quais depende a biota aquática. Desta forma, diversas
características de uma comunidade podem se alterar em função de modificações ambientais: o
número de espécies muda se algumas destas forem sensíveis e desaparecerem, da mesma
forma que as abundâncias relativas alteram-se durante o processo de desaparecimento, ou
apenas em função da modificação de determinado recurso explorado por uma ou outra
espécie. Assim, índices como diversidade, riqueza de espécies, e abundância por amostra
podem avaliar situações diferenciadas quanto à qualidade do ambiente.
Entre os efeitos ou danos detectáveis causados por poluentes ou graves alterações
ambientais em peixes, incluem-se as mutações genéticas, doenças, mudanças no
comportamento, disfunções físicas (incluindo disfunções na reprodução), deformações físicas
ou displasias, morte e câncer ou tumores/neoplasias, um número incomum de peixes com
anormalidades estando associado a uma variedade de poluentes presentes no corpo d’água.
Outra ferramenta importante em avaliações de qualidade ambiental é a análise de
aspectos relacionados à reprodução de peixes, sendo que muitos químicos ambientais podem
agir como perturbadores endócrinos e, portanto, influenciar na reprodução de animais em
meio aquático. Estas alterações reprodutivas podem incluir tanto variações morfológicas
quanto no índice gonadossomático, além de modificações em características sexuais
secundárias.
Desta forma, recomenda-se a implantação de mecanismos de monitoramento
ambiental da ictiofauna na área de influência de cada empreendimento de mineração,
incluindo: avaliação quali-quantitativa das espécies de peixes, análise da frequência de
57
anomalias morfológicas, acompanhamento do ciclo reprodutivo e desenvolvimento gonadal
das espécies de peixes amostradas nas áreas de interesse dos empreendimentos.
Tabela 14 – Lista compilada da Ictiofauna presente no lago Guaíba CMPC e Nova Ponte do Guaíba. (CMPC e
Nova Ponte do Guaíba)
Nome Científico Nome Popular Microahbitat
Preferencial
Espécie
Cinegética
Espécie de
Interesse
Médico-
sanitário
Conservação
ATHERINIFORMES
Atherinopsidae
Odontesthes bonariensis Peixe-rei Diverso Sim Não NE
CHARACIFORMES
Acestrorhynchidae
Acestrorhynchus pantaneiro Cachorra Superfície Sim Não EXÓTICA
Characidae
Astyanax fasciatus Lambari Coluna-d'água Não Não NE
Astyanax jacuhiensis Lambari Coluna-d'água Não Não NE
Charax stenopterus Lambari dourado
Oligosarcus jacuiensis Branca Coluna-d'água Não Não NE
Oligosarcus robustus Branca Coluna-d'água Não Não NE
Oligosarcus jenynsii Branca Coluna-d'água Não Não NE
Curimatidae
Cyphocharax voga Birú Fundo Não Não LC
Erythrinidae
Hoplias malabaricus Traíra Diverso Sim Não NE
Anostomidae
Leporinus obtusidens Piava Superfície Sim Não NE
Prochilodontidae
Prochilodus lineatus Grumatã Coluna-d'água Sim Não NE
SILURIFORMES
Ariidae
Genidens genidens Bagre Fundo Sim Sim NE
Callichthyidae
Callicthys callicthys Porrudo, tamoatá Fundo Não Não NE
Corydoras paleatus Porrudinho Fundo Não Não NE
Hoplosternum littorale Porrudo
Não Não NE
Heptapteridae
Pimelodella australis Mandi-amarelo Diverso Não Não NE
Rhamdia quelen Jundiá, bagre Diverso Não Não NE
Loricariidae
Ancistrus brevipinnis Cascudo Fundo Não Não NE
Loricariichthys anus Viola Fundo Sim Não NE
Hypostomus commersoni Cascudo Fundo Sim Não NE
Hisonotus sp. Cascudinho Macrófitas,
Margem Não Não NE
Rineloricaria cadeae Violinha Fundo Não Não NE
Pimelodidae
Rhamdia quellen Jundiá Fundo, Margem Sim Não NE
Pimelodella australis Mandi-amarelo Fundo, Margem Não Não NE
Pimelodus maculatus Pintado Fundo, Margem Não Não NE
Pimelodus pintado Pintado Fundo, Margem Não Não NE
Parapimelodus nigribarbis Mandi Fundo,Margem Não Não NE
Callichthyidae
58
Nome Científico Nome Popular Microahbitat
Preferencial
Espécie
Cinegética
Espécie de
Interesse
Médico-
sanitário
Conservação
Hoplosternum littorale Tamboatá Fundo, Plantas Não Não NE
Aspredinidae
Pseudobunocephalus iheringii Guitarreiro Diverso Não Não NE
PERCIFORMES
Cichlidae
Crenicichla punctata Joana Macrófitas,
Margem Sim Não NE
Crenicichla lepidota Joana, michola Coluna-d'água Sim Não NE
Cichlasoma portalegrense Cará-cascudo Macrófitas, Fundo Não Não NE
Geophagus brasiliensis Cará Macrófitas, Fundo Sim Não NE
Gymnogeophagus gymnogenys Cará-cartola Macrófitas, Fundo Sim Não NE
Sciaenidae
Pachyurus bonariensis Corvina, maria-
luíza Coluna-d'água Sim Não ALÓCTONE
CLUPEIFORMES
Clupeidae
Platanichthys platana Sardinha Fundo, Superfície Não Não NE
Engraulidae
Lycengraulis grossidens Manjuba Fundo, Superfície Não Não NE
MUGILIFORMES
Mugilidae
Mugil sp. Tainha Coluna-d'água Sim Não NE
GYMNOTIFORMES
Gymnotidae
Gymnotus carapo Tuvira Margem Não Não NE
CYPRINODONTIFORMES
Poeciliidae
Phalloceros caudimaculatus Barrigudinho Macrófita,
banhado Não Sim NE
Levantamento das unidades de conservação conforme sig fepam/sema:
Em atendimento a legislação estadual e “de acordo com o Código Estadual do Meio
Ambiente (Lei Estadual n° 11.520/2000), no Rio Grande do Sul as Unidades de Conservação
possuem uma área circundante protegida para fins de licenciamentos, que corresponde ao raio
de 10 km a partir de seus limites:
"Art. 55 - A construção, instalação, ampliação, reforma, recuperação,
alteração, operação e desativação de estabelecimentos, obras e atividades
utilizadoras de recursos ambientais ou consideradas efetivas ou potencialmente
poluidoras, bem como capazes, sob qualquer forma, de causar degradação
ambiental, dependerão de prévio licenciamento do órgão ambiental
competente, sem prejuízo de outras licenças legalmente exigíveis.
Parágrafo único - Quando se tratar de licenciamento de
empreendimentos e atividades localizados em até 10 km (dez quilômetros) do
59
limite da Unidade de Conservação deverá também ter autorização do órgão
administrador da mesma."
Dessa forma, todo empreendimento ou atividade localizado dentro do raio de 10 km
ao redor dos limites de qualquer Unidade de Conservação localizada no território do Rio
Grande do Sul, seja municipal, estadual ou federal, pública ou privada, cadastrada ou não no
SEUC, necessita da autorização do Órgão Gestor da Unidade de Conservação.” (SEMA-RS)”.
60
Abaixo seguem elencadas as UCS localizadas no raio de 10km do Lago Guaíba e suas
respectivas jurisdições:
Tabela 15- Lista de Unidades de Conservação (SEMA/2016)
Unidade de Conservação Jurisdição
Parque Natural Municipal Morro do Osso Municipal
Reserva Biológica do Lami José Lutzemberger Municipal
Parque Estadual do Delta do Jacuí Estadual
Reserva Particular do Patrimônio Nacional Sitio Porto da Capela Federal
Reserva Particular do Patrimônio Nacional Costa do Cerro Federal
Reserva Particular do Patrimônio Nacional Rincão das Flores Federal
Reserva Particular do Patrimônio Nacional Estadual Barba Negra Federal
Parque Estadual de Itapuã Estadual
Parque Nacional Municipal Morro José Lutzemberger Municipal
Fig. 12- Unidades de conservação próximas ao Lago Guaíba.
61
Fig. 13- Raio de 10km no entorno das UCs.
Considerações finais sobre a bióta aquatica
Este documento fez um apanhado de informações existentes sobre estudos específicos no
Lago Guaíba que no qual deve ser submetido à análise do Comitê do Lago Guaíba para servir,
juntamente com outros estudos (geológicos, hídricos, físico-químicos, etc) e informações, de
subsidio para tomada de decisão quanto a atividade de mineração (extração de areia) no Lago
Guaíba.
Em havendo autorização para que atividade de mineração (extração de areia) ocorra no
Lago Guaíba, com base nas informações levantadas neste relatório, as medidas abaixo são
importantes, em relação à biota aquática, e devem ser empregadas para monitoramento e
controle da qualidade ambiental:
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1- Todas as coletas de dados realizadas pelos empreendedores deverão utilizar a
mesma metodologia contida neste relatório. Esta media possibilita o cruzamento
de informações e melhor conhecimento do Lago e de seu comportamento ao
antropismo causado pela extração de areia;
2- Todas as embarcações deverão possuir sistema de rastreamento via satélite com
desligamento automático das bombas de sucção, pois é uma ferramenta importante
para garantir a não intervenção nas áreas de restrições e controle;
3- Deverão ser restrito de atividades as áreas contempladas por Unidades de
Conservações e a operação dentro da área de influência (10km) deverá estar
vinculada a autorização do respectivo gestor, bem como adoção das medidas
protetivas por ele mencionadas;
4- Seguem as metodologias específicas indicadas para cada grupo da biota aquática;
4.1- Quanto à periodicidade dos monitoramentos - Considera-se pertinente a
realização de campanhas sazonais durante o primeiro ano de monitoramento para
todos os grupos bióticos selecionados e posterior avaliação dos dados podendo
seguir-se com as campanhas sazonais ou alterando a periodicidade para campanhas
semestrais;
4.2- Quanto aos números de pontos amostrais na Área de Influência Indireta – AII
- Inicialmente sugere-se que sejam contemplados pontos controle, ou seja, que
não pertençam à área diretamente afetada pela extração de areia. Estes pontos
devem estar alocados de maneira a contemplar áreas de canal e margem do Lago
Guaíba em um raio de distância das áreas de interesse de no máximo 10 km. Estes
pontos podem ser os mesmos para todos os pedidos de licença solicitados, desta
forma, a associação de empreendedores do ramo pode legitimar o custeio dos
estudos;
4.3- Quanto aos números de pontos amostrais na Área de Influência Direta – AID-
Como as áreas para extração terão dimensões variadas, na tentativa de
padronizar a coleta de dados sugere-se que a cada 01km² sejam efetuados 02
pontos de amostragem para cada um dos grupos pertencentes à Biota Aquática;
4- Quanto aos Fitoplânctons- As coletas deverão ser diurnas, preferencialmente
ocorrentes entre o período das 11h às 16h devido a maior intensidade de luz solar
no corpo d’água. Serão realizadas amostragens em dois estratos: superfície e fundo
através de uma rede modelo cônico-cilíndrico com malha de 20 micra (Limnotec),
bóia e peso compatíveis. A rede permanecerá fixada à embarcação e ficará exposta
63
contra a correnteza por aproximadamente 15minutos em cada um dos estratos. Se
não houver corrente de água suficiente, padronizar a velocidade mínima da
embarcação e locomover-se pelo período de exposição determinado. As amostras
contidas no copo coletor serão fixadas em formalina neutralizada a 2%;
4.1- Para a triagem, ocorrerá a homogeneização da amostra através da agitação do
frasco. Como a amostra encontra-se concentrada, será separado 01mL para ser
analisado em uma câmara de Sedgewick Hafter. A triagem e identificação ocorrerá
sob microscópio invertido, visando a coleta de informações quantitativas e
qualitativas. Para garantir o bom aproveitamento qualitativo da amostra ainda
serão analisadas mais quatro câmaras totalizando 05mL. Os organismos
encontrados serão contabilizados e identificados até gênero, através de bibliografia
especializada como Komarek e Foot (1983), Komárek e Anagnostidis (1999),
Komárek (2003), Komárek et al. (2003), Round et al. (1990), Krammer e Lange-
Bertalot (1986), Krammer e Lange-Bertalot (1988);
5- Quanto aos Zooplânctos- As coletas de zooplâncton deverão ser diurnas,
preferencialmente realizadas entre o período das 11h às 16h. Deverão ser
amostrados dois estratos da coluna da água: superfície e fundo através de uma rede
modelo cônico-cilíndrico com malha de 100 micra (Limnotec), boias e pesos
adicionáveis. A rede permanecerá fixada à embarcação e ficará exposta contra a
correnteza por aproximadamente 15minutos em cada um dos estratos. Se não
houver corrente de água suficiente, padronizar a velocidade mínima da
embarcação e locomover-se pelo período de exposição determinado. O material
coletado será acondicionado em frascos de polietileno devidamente etiquetados e
fixados em solução de formalina a 4%.
5.1- A composição zooplanctônica será avaliada utilizando-se lâminas e lamínulas
comuns, microscópio estereoscópico, microscópio óptico e registro de imagens. A
identificação das espécies será realizada com auxílio de literatura especializada:
Koste (1978) e Nogrady e Segers (2002) para Rotifera; El Moor-Loureiro (1997) e
Gazulha (2012) para Cladocera; Dussart e Defaye (1995) e Gazulha (2012) para
Copepoda. Rotíferos e microcrustáceos (cladóceros e copépodos) serão, sempre
que possível, identificados em nível de espécie. Já o protozooplâncton (ciliados e
amebas testáceos) e demais componentes da comunidade serão descritos somente
como grupos sistemáticos.
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6- Quanto aos Invertebrados Bentônicos- As amostragens deverão ser realizadas
através de uma draga do tipo Van Veen. Neste caso, três sub-amostras de substrato
serão coletadas em cada ponto amostral por remoção, ou seja, por coletas
sucessivas no mesmo local (BICUDO & BICUDO 2004) a partir da embarcação.
A variação no esforço de amostragem é necessária para assegurar uma medida
representativa da riqueza total e composição de macroinvertebrados de cada área
(GOTELLI & COLWELL, 2001) priorizando-se o substrato justamente por tratar-
se de organismos que vivem sob ou sobre o mesmo. No caso de pontos amostrais
marginais, deverão ser incluídas 03 varreduras com rede entomológica do tipo
puçá principalmente entre plantas aquáticas, troncos e/ou substratos mais rasos. As
amostras de macroinvertebrados serão acondicionadas e fixadas em formalina
10%. Não serão realizadas coletas em outros estratos (superfície ou meio) porque
os poucos registros para o grupo de bentônicos é caracterizado pela presença de
exúvias à deriva e organismos muito jovens, de dimensão reduzida e hábito
planctônico que, neste caso acabam integrando componentes da fauna
zooplanctônica como larvas de Mollusca e Nematoda.
6.1- As amostras deverão ser lavadas em uma peneira de 250μm para retirar
folhas, caules e outros detritos. Os macroinvertebrados serão separados e
identificados em nível de família ou gênero (quando possível) de acordo com
Lopretto e Tell (1995), Merritt e Cummins (1996), Fernández e Dominguez (2001)
e outros.
6.2- As atividades de mineração deverão ser suspensa caso ocorra a presença de
invertebrados bentônicos descrito na lista vermelha, com atenção especial para a
possível ocorrência das seguintes espécies: Anodontites iheringi e Mycetopoda
legumen (vulnerável); Leila blainvilliana, Diplodon koseritzi e D. iheringi (em
perigo);
7- Quanto à ictiofauna- Deverão ser realizadas amostragens mensalmente nos meses
de reprodução da maioria das espécies de peixes (de novembro a março) além de
amostragens bimensais representando os meses de outono e inverno, com coletas
previstas para os meses de maio e agosto. As amostragens deverão ser realizadas
com baterias de redes de espera de diferentes malhagens (redes de 20 x 1,5m e 1,5,
2,5, 3,5, 4,5 e 6,0cm entrenós adjacentes) e arrastos de margem em pontos de
especial interesse a serem definidos durante a primeira campanha de amostragens.
As redes deverão ficar expostas por um período mínimo de 6hs. Os pontos de
65
amostragem devem ser localizados dentro da área a ser minerada, considerando os
diferentes ambientes incluídos na mesma, além de pelo menos um ponto controle
em área o mais livre possível de alteração por ação antrópica;
7.1- Os espécimes capturados deverão ser triados, identificados em nível de
espécie e quantificados por ponto e evento de coleta e soltos, salvo exceções de
coleta para atendimento de condicionantes específicas. A composição da
ictiofauna em cada ponto e evento de amostragens deverá ser analisada segundo os
índices de Constância de Ocorrência, Diversidade de Espécies de Shannon &
Wiener, Grau de Dominância de Simpson e Equitabilidade;
7.2- Para a avaliação da taxocenose de peixes quanto à ocorrência de possíveis
anomalias morfológicas (displasias e neoplasias), os exemplares deverão ser
individualmente analisados visando a observação de deformidades físicas
(displasias) e tumores (neoplasias) observados externamente nos olhos, pele,
escamas, coluna vertebral, ossos do crânio e nadadeiras. Diferentes contaminantes
podem ocasionar diversas respostas em um mesmo organismo, agindo sobre
tecidos ou órgãos distintos e particulares. Sendo assim, ocorrências de displasias
ou neoplasias devem ser registradas e analisadas separadamente de acordo com o
órgão ou tecido afetado, sendo classificadas e agrupadas em categorias. Os
resultados obtidos deverão ser analisados por ponto de coleta, evento e espécie,
testando a significância do número e tipo de anomalias registradas para cada um
destes parâmetros;
7.3- Para o acompanhamento do ciclo reprodutivo, deverão ser selecionadas duas
ou mais espécies dentre as mais constantes em todos os pontos de coleta e que
apresentem usos de hábitat distintos, como espécies que vivem junto ao fundo e
que se deslocam por toda coluna d'água. O ciclo reprodutivo deverá ser
acompanhado através do cálculo do Índice Gonadossomático (IGS) e da
distribuição das frequências de indivíduos em diferentes etapas de maturação
gonadal. A proporção de machos e fêmeas nos diferentes pontos e eventos de
coleta também deverá ser acompanhada. Exemplares das espécies selecionadas
para o acompanhamento reprodutivo deverão selecionados para a análise
histológica das gônadas, visando um melhor acompanhamento do
desenvolvimento e definição de etapas de maturação gonadal, além da
investigação de presença de formações anômalas, neoplasias ou atresia massiva
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nas gônadas. Poderão ser selecionados aleatoriamente cinco exemplares de cada
espécie por ponto de coleta (quando o número amostral permitir);
7.4- As atividades de extração durante os períodos de defeso, ocorrentes de 01 de
novembro à 31 de janeiro do próximo ano, deverão ser suspensas, auxiliando na
recuperação dos estoques pesqueiros durante a fase de reprodução, desova e
desenvolvimento dos alevinos;
7.5- Não poderá ocorrer mineração na área de ligação entre o lago Guaíba e a
laguna dos Patos, por tratar-se de área de passagem de espécies de relevante
interesse ambiental. Inicialmente a área protegida contempla uma metragem de
aproximadamente 6.000m de comprimento 5.500m de largura e poderá ser alterada
conforme os monitoramentos biológicos do lago;
7.6- Não poderá ocorrer mineração na área próxima ou interna ao delta do rio Jacuí
por tratar-se de área de alimentação e crescimento de espécies de peixes de água
doce. Estes locais compreendem áreas de crescimento de espécies de peixes de
água doce (p.ex. piava - Leporinus obtusidens), inclusive de importância comercial
e ameaçadas de extinção (dourado – Salminus brasiliensis);
7.7- Não poderá ocorrer mineração na área próxima ou interna aos juncais
(Schoenoplectus californicus). São áreas que propiciam abrigo para a desova e
reprodução de peixes de água doce (p.ex. peixes-rei – Odontesthes spp. e traíra –
Hoplias malabaricus) e devem ser preservadas.
8- Os monitoramentos de fauna terrestre e semi aquática deverão ser realizados pelos
empreendimentos cujo poligonal ambiental licenciada localiza-se frontalmente ás
margens. Considera-se como área passível de influência da atividade sobre a
fauna, a distância de até dois quilômetros em relação ao perímetro de extração de
cada empreendimento;
9- Quanto à herpetofauna - A metodologia utilizada no monitoramento constitui-se de
pontos de escuta (para anfíbios) e busca ativa por encontros visuais (para répteis e
anfíbios). A nomenclatura científica e a ordenação taxonômica das espécies
deverão seguir a classificação atualmente utilizada pela Sociedade Brasileira de
Herpetologia para anfíbios (SBH, 2012a) e répteis (SBH, 2012b)
9.1- Pontos de escuta: conforme mencionado anteriormente, para monitoramento
dos anfíbios será utilizada a metodologia de pontos de escuta de HEYER et al.
(1994). Deste modo, a unidade de esforço será de um transecto de 500 metros de
extensão, no qual serão distribuídos um ponto de escuta a cada 100 metros (05
67
pontos/transecto). Os transectos deverão ser percorridos a noite, visando registrar
as espécies em atividade de vocalização. A quantificação dos registros vocais será
aferida a partir da consideração do número mínimo de indivíduos em
atividade/ponto;
9.2- Busca ativa: conforme supracitado, a unidade de esforço para busca ativa
corresponderá a um transecto de 500 metros de extensão. Para tanto, são
vasculhados todos os microhábitats que podem ser utilizados como abrigo ou área
de forrageio por este grupo, tais como a margem de corpos d’água, dentro de
gravatás e bromélias, embaixo de troncos ou pedras, tocas ou materiais de origem
humana (entulhos, telhas, caliça). Os transectos deverão ser percorridos durante o
dia, visando registrar as espécies em atividade ou abrigo. A quantificação dos
registros será aferida a partir da consideração do número mínimo de indivíduos por
transecto
10- Quanto à avifauna- A ordenação taxonômica e a nomenclatura vernácula para as
espécies citadas deverão seguir o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos
(CBRO, 2014). O monitoramento da avifauna deverá ser realizado através da
seguinte técnica amostral:
10.1- Transectos lineares: a unidade de esforço para busca ativa corresponderá a
um transecto de 500 metros de extensão. Durante o percurso serão adotados todos
os indivíduos registrados por contato visual ou auditivo. A abundância de cada
espécie será apresentada através do Índice Quilométrico de Abundância (IQA),
que é igual ao número de contatos obtido dividido pela distância percorrida
(ALEIXO & VIELLIARD, 1995);
11- Quanto à mastofauna- A nomenclatura e a ordenação taxonômica deverão seguir
WILSON & REEDER (2005), sendo as atualizações discutidas e expostas ao
longo do texto. As técnicas de amostragem deverão priorizar a ocorrência de
mamíferos de médio ou grande porte, cujo peso médio do indivíduo adulto
ultrapassa um quilo.
11.1- Transectos lineares: a unidade de esforço para busca ativa corresponderá a
um transecto de 500 metros de extensão, realizado em período crepuscular. Na
execução deste método, será efetivada a busca visual (determinação direta) por
espécimes encontrados em atividade ou em refúgios. Paralelamente será realizada
a busca por vestígios, como pegadas, marcas e padrão de mordidas em frutos
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secos, marcas odoríferas, tocas e fezes (determinação indireta), segundo BECKER
& DALPONTE (1991) e OLIVEIRA & CASSARO (2005).
12- Laudo técnico conclusivo sobre os monitoramentos e eventuais impactos causados
pela mineração de areia no lago Guaíba, bem como sugestões de medidas
mitigatórias e novas restrições. Todas as informações técnicas acima elencadas
deverão estar acompanhadas da ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) do
profissional responsável.
MEIO SOCIOECONÔMICO
Estrutura econômica e organização social
As principais atividades econômicas desenvolvidas na bacia são agricultura e pecuária,
indústria, comércio e serviços. Ao norte do lago encontra-se a confluência de quatro rios
(Jacuí, Caí, dos Sinos e Gravataí), que formam o conjunto de ilhas fluviais que compõem o
delta do Jacuí. Em seu maior eixo, norte-sul, o lago é atravessado pelo canal de navegação e,
ao sul, as águas do lago têm conexão com a laguna dos Patos. O comprimento do lago é de
cerca de 50 km e sua largura varia de 900 m a 19 km, com a área da lâmina d’água variando
de 470 a542 km2. A vazão média anual é de 1.888,35 m3.s-1 (RIO GRANDE DO SUL,
2007). O fluxo dos rios, a direção e intensidade dos ventos e o nível da laguna dos Patos são
os principais fatores controladores da hidrodinâmica do lago (NICOLODI, 2007).
A Prefeitura Municipal de Guaíba, através das suas Secretarias de Desenvolvimento e
Planejamento, vem desenvolvendo ações no sentido de aprimorar e expandir a infra-estrutura
industrial e comercial de Guaíba, de forma a tornar o Município atraente e em condições de
acolher investimentos externos. Podem ser destacados três projetos: Terminal Multimodal e
Industrial do município e a Travessia hidroviária Porto Alegre – Guaíba e Implantação de
nova Interseção com acesso a Guaíba.
Eldorado do Sul, pela origem da região metropolitana, tem relação direta com Porto Alegre, e
muitos de seus moradores se deslocam diariamente para estudar e/ou para trabalhar na capital
do estado.
A taxa de analfabetismo de Eldorado do Sul tem índices semelhantes à região
metropolitana de Porto Alegre, 7,42%.
69
Em Eldorado do Sul, destaca-se a orizicultura, juntamente com a pecuária com gado
de corte e a silvicultura (devido à força da indústria de celulose na região). No setor industrial,
a empresa Oderich de alimentos e enlatados é uma das mais importantes do município, o setor
agropecuário representa de 24% a 36% da economia.
Do município inicial de Porto Alegre, surgiu em 1959 o município de Barra do
Ribeiro. O povoamento desta região iniciou-se em 1800. O município tem este nome devido
ao encontro do Arroio Ribeiro com o Rio Guaíba. O Arroio que corta todo o município de
sudeste a nordeste, da zona rural a urbana desemborcando no Guaíba, muito utilizado como
atracadouro de embarcações de moradores da cidade. Pesca amadora (pintado, jundiá, traíra
entre outros). Muito importante na irrigação de lavouras e pecuária.
Ao desembocar no "Guaíba" no verão, forma uma coroa de areia de um lado ao outro das
margens, formando assim a "Barra do Ribeiro". O início do povoamento da sede data de
1800, com a chegada dos açorianos, predominando o elemento português na formação da
população. Em 1874, reinicia-se no RS a corrente migratória que iria atrair, para localidades
do meio rural da região colônias de poloneses, alemães e italianos, que desta forma tivera
também, grande influência na formação étnica da população do município de Barra do
Ribeiro. O município teve origem na charqueada de Antônio Alves Guimarães, instalada na
sesmaria que lhe fora concedida por Dom Luís de Vasconcelos e Souza, em 1780. Sua
denominação de Charqueada foi substituída pela de Barra, mais tarde para Barra do Ribeiro,
devido sua localização geográfica no encontro do Arroio Ribeiro com o Rio Guaíba.
A areia é um elemento fundamental em qualquer construção. É usada em várias partes,
desde as fundações até as coberturas passando pela estrutura, vedações e acabamentos,
rodovias, barragens, pontes, entre outros. Para cada finalidade deve ser escolhido um tipo,
variando a granulometria e a pureza do material.
A importância do empreendimento em análise, no contexto econômico social da
Região e dos 14 municípios, é evidente, tendo em vista as gerações de empregos que dele
decorrerão.
Geração de tributos municipais, estaduais e federais. Geração de empregos e rendas induzidas
pelos gastos das rendas diretas e indiretas geradas.
Além dos benefícios socioeconômicos diretamente decorrentes dos empreendimentos,
inúmeros desdobramentos apresentam fortes possibilidades de ocorrerem, dando origem a
vários empreendimentos associados e decorrentes do empreendimento em análise,
promovendo a ampliação de geração de empregos e da geração de tributos.
70
Perfil da cidade de Porto Alegre
Geral
Prefeito: José Fortunati
Vice-Prefeito: Sebastião Melo
Data da fundação: 26/03/1772
Munícipio de origem: É um dos 4 municípios iniciais do RS.1
Divisão Territorial: 81 bairros
Regiões de Gestão do Planejamento - RGPs: 8
Regiões do Orçamento Participativo - ROPs: 17
Demográfico e Socioeconômico
População Total (2014): 1.480.967 habitantes
População feminina (2014): 794.603
População masculina (2014): 686.364
Densidade Demográfica (2013): 2.868,3 hab/km²
Expectativa de Vida ao Nascer (2010): 76,42 anos
Coeficiente de Mortalidade Infantil (2013): 9,27 por mil nascidos vivos
PIB (2013): R$ mil 57.379.336,78
PIB per capita (2013): R$ 39.091,64
Exportações Totais (2014): U$ FOB 2.253.593.941
Idese (2013): 0,814
Idese Educação (2013): 0,0,715
Idese Renda (2013): 0,0,904
Idese Saúde (2013): 0,0,821
IDHM - Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (2010): 0,805
IDHM Renda (2010): 0,867
IDHM Longevidade (2010): 0,857
IDHM Educação (2010): 0,702
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IVS – Índice de Vulnerabilidade Social (2010): 0,249
IVS Infraestrutura Urbana (2010): 0,322
IVS Capital Humano (2010): 0,263
IVS Renda e Trabalho (2010): 0,161
Geográfico
Área Territorial (2015): 496,684 Km²
Área do Guaíba: 466 Km²
Extensão da Orla: 72 Km
Ponto mais alto: 311m
Altitude: 10m do nível do mar
Clima: subtropical úmido
Temperatura Média Anual: 19,5 ºC
Fuso horário: GMT -3h
Coordenadas Geográficas de Porto Alegre:
Latitude Sul: -30.01’59”
Longitude Oeste: -51º13’48”
Ciência & Tecnologia
Escolas Técnicas: 75
Instituições de Ensino Superior (IES): 40
Incubadoras: 06
Parques Tecnológicos: 02
Trabalho
Taxa de Desemprego (2013):
Total: 5,6%
Homens: 4,7 %
Mulheres: 6,5 %
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Educação
Estabelecimentos de Ensino (2010): 1.015
Número de estabelecimentos distribuídos por rede de ensino (2010):
Federal: 5
Estadual: 257
Municipal: 96
Particular: 657
Número de Matrículas (2010): 317.234 alunos
Distribuição de matrículas efetivadas por rede de ensino (2010):
Estadual: 159.760
Federal: 3.015
Municipal: 54.104
Particular: 100.355
Taxa de analfabetismo 15 anos ou mais (2010): 2,28 %
Meio Ambiente e Infraestrutura
Árvores em vias públicas (2014): 1,3 milhão
Número de Parques/Parques urbanos (2014): 12
Número de Praças (2014): 618
Reserva Biológica (2014): 1 (um)
Áreas verdes (em m²) (2014): 21.301.007
Ambiente Natural (em %): 69,1
Ambiente Construído (em %): 30,9
Mobilidade Urbana
Frota de Ônibus (2013): 1.705
Idade média da frota de ônibus (2011): 4,13 anos
Frota de Lotação (2014): 437
Idade média da frota de lotação (2014): 4,55 anos
Frota de Táxi (2010): 3.922
Idade média da frota de táxi (2010): 2,86
73
Saneamento e Serviços Básicos
Abastecimento de água adequado (2010): 99,35%
Coleta de lixo adequada (2010): 99,72%
Esgoto sanitário adequado (2010): 93,9%
Existência de energia elétrica (2010): 99,9%
Existência de medidor de energia elétrica (2010): 99,2%
Saúde e infraestrutura
Número de Unidades Básicas de Saúde (2014): 51
Número de Centros de Saúde (2014): 7
Número de equipes Unidades de Saúde da Família (2014): 206
Número de Leitos Hospitalares (2010): 7.328
Leitos por mil habitantes (2010): 5,20
Turismo
Oferta hoteleira (2012): 8.139 apartamentos ou 15.403 leitos
Taxa de ocupação média em 2012: 58,76%
Domiciliar
Número de domicílios particulares permanentes (2010): 508.456
Média de moradores por domicílios particulares ocupados (2010): 2,8
% de rendimento domiciliar per capita sem rendimentos (2010): 2,8%
% de rendimento domiciliar per capita de até 2 sm (2010): 52,9%
% de rendimento domiciliar per capita de até 5 sm (2010): 78,6%
Taxa de alfabetização na população de 10 anos e mais (2010): 97,8%
% população residente com pelo menos uma das deficiências invest. (2010): 23,9%
% população residente por cor ou raça (2010): negros 20,2%
% população residente por cor ou raça (2010): não negros 79,8%
% domicílios particulares permanentes com energia elétrica (2010): 99,9%
74
% domicílios particulares permanentes com telefone (2010): 97,5%
% domicílios particulares permanentes com somente telefone fixo (2010): 4,5%
% domicílios particulares permanentes com somente telefone móvel (2010): 29,6%
% domicílios particulares permanentes com automóvel p/ uso particular (2010): 52,0%
% domicílios particulares permanentes com computador (2010): 64,2%
% domicílios particulares permanentes com acesso a internet (2010): 56,1%
% domicílios particulares permanentes sobre o entorno do domicílio (2010):
Com iluminação pública 93,8%
Com pavimentação 87,9%
Com calçada 77,0%
Com arborização 82,7%
Com esgoto a céu aberto 5,2%
Com lixo acumulado no logradouro 6,0%
Com rampa para cadeirante 23,2%
Processo de ocupação e aspectos demográficos
As primeiras ocupações de Porto Alegre, por volta de 1740, consistiam em
aproximadamente 400 pescadores agrupados na foz original do arroio Dilúvio, antiga praia do
Riacho, atualmente Avenida Loureiro da Silva (HAUSMAN, 1963, apud DIAS, 2011). Em
1780, a população de aproximadamente 1.500 pessoas sai das margens do arroio Dilúvio em
direção a área central de Porto Alegre, com a primeira indústria de Porto Alegre, a olaria. O
município começa a exportar produtos para localidades próximas e ocorre o seu primeiro
grande incremento populacional, passando a contar com 3.900 habitantes em 1803 e chegando
a 5.000 pessoas em 1807.
Porto Alegre foi um dos quatro municípios iniciais do Rio Grande do Sul (os demais
eram: Rio Grande, Rio Pardo e Santo Antônio da Patrulha), seus nomes anteriores foram:
Porto do Dorneles, Porto do Viamão, Porto de São Francisco dos Casais, Porto dos Casais e
Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre, contando com uma população total de 6.111
habitantes conforme o recenseamento de 1814 (FEE, 1981). A urbanização de Porto Alegre
pode ser sistematizada em cinco fases distintas, em função de fatores populacionais,
econômicos, institucionais, locacionais e socioculturais, sendo elas: ocupação do território;
trigo; imigração; industrialização e; metropolização (SOUZA e MÜLLER, 2007 apud DIAS,
75
2011). Todas essas fases buscam analisar o crescimento urbano percebendo que “um núcleo
urbano sofre modificações quantitativas e/ou qualitativas em sua população quando ocorrem
modificações quantitativas e/ou qualitativas em suas funções” (MULLER, 1974 apud DIAS,
2011).
A primeira fase denominada “ocupação do território” abrange o período de 1680 a
1772. O povoamento da cidade iniciou-se em 1752 com a chegada de 60 casais portugueses
açorianos trazidos por meio do Tratado de Madri para se instalarem nas Missões, região do
Noroeste do Estado que estava sendo entregue ao governo português em troca da Colônia de
Sacramento, nas margens do Rio da Prata. Com a demora na demarcação dessas terras, os
açorianos permaneceram no então chamado Porto de Viamão, primeira denominação de Porto
Alegre. A cidade foi fundada em 26 de março de 1772.
A segunda fase abrange o período de 1772 a 1820 e é marcada por um incremento
populacional, chegando a uma população de 10.000 pessoas no final do período, e um
crescimento na produção de trigo, que alavanca o desenvolvimento da economia urbana de
Porto Alegre. Em 24 de julho de 1773, houve a mudança da capital de Viamão para Porto
Alegre. Em 1774 foram inauguradas a Praça XV, a Praça da Alfândega e a da Matriz.
A terceira fase, marcada pelo crescimento populacional em consequência de
imigrações, abrange o período de 1820 a 1890 e favorece o aumento da produção agrícola
com a chegada de imigrantes alemães e italianos. A partir de 1824, a cidade passou a receber
imigrantes de todo o mundo, em particular alemães, italianos, espanhóis, africanos, poloneses,
judeus e libaneses. De 1820 a 1833 a população cresceu de forma lenta, aumentando em
pouco mais de 2.000 habitantes em 13 anos. Já a partir do término da Guerra do Paraguai, em
1872, e com o incremento de população imigrante, a população apresentou um acentuado
crescimento, conforme o gráfico da figura 14.
76
Figura 14- Crescimento da população do município de Porto Alegre no período de 1740 a 2010.
Elaboração: DIAS, 2011. Fonte dos dados: Hausman, 1963 e IBGE, 2011.
A quarta fase abrange o período no qual ocorreram as duas grandes guerras mundiais,
iniciando em 1890 até 1945 e é caracterizada pela industrialização. Em 1910 a população
chega a 110.000 habitantes e em 1940 atinge 272.232 habitantes.
A quinta e última fase abrange o período de 1945 à atualidade, marcado pela
metropolização, quando a expansão das indústrias busca acessos à região sudeste do país,
seguida de uma ocupação urbana extrapolando os limites da cidade de Porto Alegre e
formando uma Região Metropolitana de Porto Alegre. Com esse processo, a industrialização
reduz-se na capital, diversifica-se a prestação de serviços, ocorre um aumento da população
de baixa renda, as zonas norte e nordeste da cidade apresentam maior densidade populacional
com uma população operária e comercial, a zona central, densamente ocupada, divide seu
território com o comércio e ocorre uma expansão de uma população de médio a alto poder
aquisitivo para a zona sul, ao longo do Lago Guaíba.
Em 2014, a cidade contava com 1.480.967 habitantes representando 13,2% da
população do Estado do Rio Grande do Sul. Com área igual a 496,682 km², possui densidade
populacional igual a 2.981,7 hab/km2. A Tabela 16 mostra a situação demográfica de Porto
Alegre por bairro nos anos 1996, 2000 e 2010. O gráfico da figura 15 elenca os bairros de
Porto Alegre de maior população em 2010.
77
Tabela 16: Situação demográfica dos bairros de Porto Alegre – 1996, 2000 e 2010.
Fonte: Anuário Estatístico da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 2014. Fonte dos dados:
IBGE, Contagem populacional 1996 e Censos 2000 e 2010.
A Região Centro tem 19,64% da população do município, com densidade demográfica
de 10.646,12 habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 0,51% e o rendimento médio
dos responsáveis por domicílio é de 8,81 salários mínimos. A Região é composta pelos
bairros: Auxiliadora, Azenha, Bela Vista, Bom Fim, Centro, Cidade Baixa, Farroupilha,
Floresta, Independência, Jardim Botânico, Menino Deus, Moinhos de Vento, Mont´Serrat,
Petrópolis, Praia de Belas, Rio Branco, Santa Cecília e Santana.
A Região Centro Sul é composta pelos bairros: Camaquã, Campo Novo, Cavalhada,
Nonoai, Teresópolis e Vila Nova, têm 7,87% da população do município, com densidade
demográfica de 3.847,64 habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 2,08% e o
rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 4,09 salários mínimos.
A Região Cristal é composta pelo bairro de mesmo nome. A Região tem 1,96% da
população do município, com densidade demográfica de 7.056,38 habitantes por km². A taxa
78
de analfabetismo é de 2,28% e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 5,26
salários mínimos.
Figura 15- Bairros de Porto Alegre com maior população (em milhares de pessoas) - 2010
Fonte: Anuário Estatístico da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, 2014. Fonte dos dados:
IBGE, Censo 2010.
A Região Cruzeiro é composta pelos bairros: Medianeira e Santa Tereza. A Região
tem 4,64% da população do município, com densidade demográfica de 9.590,62 habitantes
por km². A taxa de analfabetismo é de 4,13% e o rendimento médio dos responsáveis por
domicílio é de 3,83 salários mínimos.
79
A Região Eixo Baltazar é composta pelos bairros: Passo das Pedras e Rubem Berta. A
Região tem 7,13% da população do município, com densidade demográfica de 8.375,15
habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 1,92% e o rendimento médio dos
responsáveis por domicílio é de 3,12 salários mínimos.
A Região Extremo Sul é composta pelos bairros: Belém Novo, Chapéu do Sol,
Lageado, Lami e Ponta Grossa. A Região tem 2,47% da população do município, com
densidade demográfica de 300,60 habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 3,29% e o
rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 2,92 salários mínimos.
A Região Glória é composta pelos bairros: Belém Velho, Cascata e Glória. A Região
tem 3,00% da população do município, com densidade demográfica de 2.324,68 habitantes
por km². A taxa de analfabetismo é de 3,29% e o rendimento médio dos responsáveis por
domicílio é de 2,80 salários mínimos.
A Região Humaitá-Navegantes é composta pelos bairros: Anchieta, Farrapos,
Humaitá, Navegantes e São Geraldo. A Região tem 3,10% da população do município, com
densidade demográfica de 2.891,40 habitantes por Km². A taxa de analfabetismo é de 2,56% e
o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 3,22 salários mínimos.
A Região Ilhas é composta pelo bairro: Arquipélago. A Região tem 0,59% da
população do município, com densidade demográfica de 188,46 habitantes por km². A taxa de
analfabetismo é de 7,71% e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 2,03
salários mínimos.
A Região Leste é composta pelos bairros: Bom Jesus, Chácara das Pedras, Jardim
Carvalho, Jardim do Salso, Jardim Sabará, Morro Santana, Três Figueiras e Vila Jardim. A
Região tem 8,11% da população do município, com densidade demográfica de 7.417,85
habitantes por Km². A taxa de analfabetismo é de 2,62% e o rendimento médio dos
responsáveis por domicílio é de 4,77 salários mínimos.
A Região Lomba do Pinheiro é composta pelos bairros: Agronomia e Lomba do
Pinheiro. A Região tem 4,42% da população do município, com densidade demográfica de
1.230,31 habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 4,03% e o rendimento médio dos
responsáveis por domicílio é de 2,07 salários mínimos.
A Região Nordeste é composta pelo bairro Mário Quintana. A Região tem 2,64% da
população do município, com densidade demográfica de 5.491,74 habitantes por km². A taxa
de analfabetismo é de 5,8 % e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 1,68
salários mínimos.
80
A Região Noroeste é composta pelos bairros: Boa Vista, Cristo Redentor,
Higienópolis, Jardim Floresta, Jardim Itú, Jardim Lindóia, Jardim São Pedro, Passo D´Areia,
Santa Maria Goretti, São João, São Sebastião e Vila Ipiranga. A Região tem 9,28% da
população do município, com densidade demográfica de 6.310,17 habitantes por Km². A taxa
de analfabetismo é de 0,86% e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 6,81
salários mínimos.
A Região Norte é composta pelo bairro Sarandi. A Região tem 6,48% da população do
município, com densidade demográfica de 3.176,84 habitantes por km². A taxa de
analfabetismo é de 3,43% e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 2,64
salários mínimos.
A Região Partenon é composta pelos bairros: Cel. Aparício Borges, Partenon, Santo
Antônio, São José e Vila João Pessoa. A Região tem 8,44% da população do município, com
densidade demográfica de 8.162,18 habitantes por km². A taxa de analfabetismo é de 2,9% e
o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 3,58 salários mínimos.
A Região Restinga é composta pelo bairro Restinga. A Região tem 4,31% da
população do município, com densidade demográfica de 1.574,92 habitantes por km². A taxa
de analfabetismo é de 4,03% e o rendimento médio dos responsáveis por domicílio é de 2,10
salários mínimos.
A Região Sul é composta pelos bairros: Espírito Santo, Guarujá, Hípica, Ipanema,
Jardim Isabel, Pedra Redonda, Serraria, Tristeza, Vila Assunção e Vila Conceição. A Região
tem 5,91% da população do município, com densidade demográfica de 2.802,29 habitantes
por km². A taxa de analfabetismo é de 1,99% e o rendimento médio dos responsáveis por
domicílio é de 6,69 salários mínimos.
Porto Alegre foi fundada em 1772 e em 1780 concentrava aproximadamente uma
população de 1.500 habitantes (DIAS, 2011). De acordo com os dados censitários e
estimativas populacionais do IBGE, Porto Alegre vem, levemente e gradativamente, perdendo
representação populacional no Estado nos últimos 35 anos. Em 1980 a população Porto-
Alegrense representava 14,59% da população gaúcha, decrescendo sua representação ao
longo dos anos, até que em 2015, esta representasse 13,13% da população total do Estado
(Tabela 17).
81
Tabela 17: População total residente de Porto Alegre e RS e porcentagem da população de Porto Alegre no
Estado – 1970, 1980, 1991, 2000, 2010 e 2015
Local População Total Residente
1970 1980 1991 2000 2010 2015
Porto Alegre 903.175 1.158.709 1.263.239 1.360.033 1.409.351 1.476.867
RS 6.755.458 7.942.722 9.135.479 10.181.749 10.693.929 11.247.972
Poa/RS 13,37% 14,59% 13,83% 13,36% 13,18% 13,13%
Fontes: IBGE, Banco de Dados Agregados: SIDRA e IBGE, estimativas populacionais
municipais de 2015.
A percentagem de domicílios de Porto Alegre favorecida com abastecimento de água
encanada, energia elétrica e coleta de lixo apresentaram crescimento no período 1991-2010
(Tabela 18), chegando a alcançar quase a totalidade dos domicílios porto-alegrenses. Dentre
os três indicadores analisados das condições de habitação na Tabela 10, o indicador mais
baixo em 1991, percentagem da população em domicílios com água encanada, foi o que
apresentou o mais elevado crescimento até 2010 e o melhor indicador de 1991, percentagem
da população em domicílios com energia elétrica, continua apresentando o melhor índice em
2010.
Tabela 18 – Indicadores de Habitação de Porto Alegre – 1991, 2000 e 2010.
Indicadores de Habitação 1991 2000 2010
% da população em domicílios com água encanada 95,29 97,39 99,55
% da população em domicílios com energia elétrica 99,46 99,84 99,91
% da população em domicílios com coleta de lixo (1). 96,96 99,32 99,64
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de Porto Alegre.
(1) Somente para população urbana.
ANÁLISE SOCIOECONÔMICA
Valor Adicionado Bruto (VAB) e Produto Interno Bruto (PIB)
No município de Porto Alegre, desde os anos 1970, vem ocorrendo um processo de
desindustrialização relativa (ALONSO; BANDEIRA, 1988) e, ao mesmo tempo, de
intensificação do setor de serviços (comércio, educação, saúde, etc.), movimento que vem se
82
mantendo e, de certa forma intensificada, com a prevalência do setor Terciário, até a primeira
década do século XXI. O município de Porto Alegre, que em 2010 representava 35,6% da
população da Região Metropolitana de Porto Alegre, concentra as atividades do setor terciário
moderno e avançado, que foi se consolidando simultaneamente ao processo paulatino e
progressivo de desindustrialização relativa que remonta aos finais dos anos 1970.
A participação do Valor Adicionado Bruto (VAB) de Porto Alegre no Rio Grande do
Sul cresceu de 2010 (17,3%) até 2012 (18,6%) e sofreu um leve decréscimo em 2013
(17,0%). Na estrutura do Valor Adicionado Bruto (VAB) da economia do município, o
principal setor de atividade é o de serviços, com uma participação de 85,91% do total do
município, seguido da indústria (14,05%) e da agropecuária (0,04%), no ano de 2013 (Tabela
19).
Tabela 19: Valor Adicionado Bruto a Preços Básicos em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul – 2013
Valor Adicionado Bruto a Preços Básicos 2013 (R$ mil)
Indústria Agropecuária Serviços Total
Rio Grande do Sul 69.500.269,53 28.798.796,09 187.184.605,69 285.483.671,31
Porto Alegre 6.835.537,97 20.828,18 41.794.709,31 48.651.075,46
Poa/RS 9,84% 0,07% 22,33% 17,04%
Setor/Total 14,05% 0,04% 85,91% 100,00%
Fonte: FEE.
A participação do Produto Interno Bruto (PIB) de Porto Alegre no Rio Grande do Sul
cresceu de 2010 (17,7%) até 2012 (18,8%) e sofreu um leve decréscimo em 2013 (17,3%).
Em 2013, o Produto Interno Bruto (PIB) per capita de Porto Alegre foi de R$ 39.091,64,
31,8% acima dos R$ 29.657,28 do Estado (Tabela 20). No entanto, no período de 2010 a
2013, o PIB de Porto Alegre cresceu 34,4%, abaixo do crescimento estadual de 37,2% no
mesmo período.
83
Tabela 20: Produto Interno Bruto a preços correntes em Porto Alegre e no Rio Grande do Sul – 2010 a 2013
PIB (R$ mil)
PIB per capita
(R$)
2010 2011 2012 2013 2013
RS 241.255.555,18 264.968.712,16 287.055.575,23 331.095.182,85 29.657,28
Poa 42.701.518,17 48.206.763,26 53.915.531,81 57.379.336,78 39.091,64
Poa/RS 17,7% 18,2% 18,8% 17,3% 131,8%
Fonte: FEE.
Educação, Saúde, Renda e Trabalho.
O Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) é calculado a partir de
indicadores das dimensões saúde, educação e renda e mede a qualidade de vida, sob a ótica
socioeconômica. O IDHM varia de 0 e 1, quanto mais próximo de 1, maior o
desenvolvimento humano na localidade (PNUD, 2013).
O IDHM De Porto Alegre passou de 0,660, em 1991, para 0,805, em 2010 (0,744 em
2000). No município, a dimensão cujo índice mais cresceu em termos absolutos foi Educação
(com crescimento de 0,208), seguida por Longevidade e por Renda (Tabela 21).
Tabela 21: Índice de Desenvolvimento Humano Municipal e seus componentes em Porto Alegre – 1991, 2000 e
2010.
IDHM e componentes 1991 2000 2010
IDHM Educação 0,494 0,612 0,702
% de 18 anos ou mais com ensino fundamental completo 57,33 64,54 74,78
% de 5 a 6 anos frequentando a escola 37,63 60,84 77,71
% de 11 a 13 anos frequentando os anos finais do ensino fundamental 65,97 75,46 86,84
% de 15 a 17 anos com ensino fundamental completo 44,07 57,96 59,30
% de 18 a 20 anos com ensino médio completo 35,65 44,25 48,18
IDHM Longevidade 0,748 0,811 0,857
Esperança de vida ao nascer (em anos) 69,87 73,65 76,42
IDHM Renda 0,779 0,830 0,867
Renda per capita (em R$) 1.021,93 1.399,50 1.758,27
Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano da Região Metropolitana de Porto Alegre
84
Porto Alegre teve um aumento de 8% na população em idade ativa (PIA), mais de 92
mil pessoas, o que indica um aumento da demanda por postos de trabalho. Este cenário é
compatível com a dinâmica demográfica atual, uma vez que a pirâmide etária brasileira, em
especial a gaúcha, vem apresentando um processo de inversão, ou seja, de diminuição da base
e aumento do topo, o que representa o envelhecimento gradativo da população e a diminuição
da taxa de reposição da mesma. A taxa de participação, ou seja, a proporção dos indivíduos
em idade ativa que efetivamente ingressam no mercado de trabalho, compondo a população
economicamente ativa a (PEA) apresentou, em Porto Alegre, aumentos ainda mais
significativos na última década, seguindo as tendências nacional e estadual, com uma taxa de
9,4%. Outro indicador bastante relevante para a confirmação da expansão do mercado de
trabalho na última década é a diminuição significativa da taxa de desocupação, que passou de
15%, em 2000, para 6%, em 2010, representando uma queda de mais de 60% (Tabela 22).
Tabela 22 - Distribuição absoluta e relativa da população em idade ativa, economicamente ativa, ocupada e
desocupada, taxa de desocupação e variação percentual da taxa de desocupação, população em idade ativa e
população economicamente ativa na Região Metropolitana de Porto Alegre e Capital - 2000 e 2010
MUNICÍPIOS
POPULAÇÃO EM
IDADE ATIVA
POPULAÇÃO
ECONOMICAMEN-
TE ATIVA
POPULAÇÃO
OCUPADA
POPULAÇÃO
DESOCUPADA
2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010
Porto Alegre 1.154.262 1.246.317 704.511 771.005 601.085 728.252 103.426 42.753
TOTAL RMPA 3.070.852 3.436.840 1.860.360 2.122.391 1.582.423 1.998.215 277.937 124.176
Porto Alegre 37,6% 36,3% 37,9% 36,3% 38,0% 36,4% 37,2% 34,4%
TOTAL RMPA 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
MUNICÍPIOS
TAXA DE
DESOCUPAÇÃO
(POP
DESOCUPADA /
PEA TOTAL)
VARIAÇÃO PERCENTUAL
2000 2010 TAXA DE
DESOCUPAÇÃO PIA PEA
Porto Alegre 14,68 5,55 -62,23 8,0 9,4
TOTAL RMPA 14,94 5,85 -60,84 11,9 14,1
FONTE: Censo Demográfico 2000; 2010.
85
Reforçando o cenário de transformação qualitativa do mercado de trabalho, na última
década intercensitária, o aumento da formalização do emprego mostrou-se bastante
significativo, seguindo, novamente, as tendências nacional e estadual, onde a participação dos
empregos formais no total de ocupados foi de 51% no Brasil e 52% no Rio Grande do Sul, em
2010, aumentos de 20% e 16%, respectivamente (PESSOA e XAVIER SOBRINHO, 2012).
Em Porto Alegre, a formalização do emprego aumentou 10% na última década, com uma
participação de 60% dos empregados formais do total de ocupados, em 2010, contra 54%, em
2000 (Tabela 23).
Tabela 23 - Distribuição da população ocupada, empregados formais na Região Metropolitana de Porto Alegre e
Capital - 2000 e 2010
MUNICÍPIOS
POPULAÇÃO
EMPREGADA
EMPREGADOS COM VÍNCULO EMPREGATÍCIO
FORMAL
TAXA DE
EMPREGO
FORMAL (1)
VA-
RIA-
ÇÃO
PER-
CEN-
TUAL
DA
TA-
XA
EMPREGADOS
COM CARTEIRA
DE TRABALHO
ASSINADA
EMPREGADOS
MILITARES E
FUNCIONÁRIOS
PÚBLICOS
ESTATUTÁRIOS
SOMA
EMPREGADOS
FORMAIS
2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010 2000 2010
Porto Alegre 424.197 536.391 278.341 383.811 48.137 52.917 326.478 436.728 54,31 59,97 10,41
TOTAL RMPA 1.156.073 1.509.371 788.268 1.121.110 90.807 102.857 879.075 1.223.967 55,55 61,25 10,26
Porto Alegre 36,7% 35,5% 35,3% 34,2% 53,0% 51,4% 37,1% 35,7%
TOTAL RMPA 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0% 100,0%
FONTE: Censo Demográfico 2000; 2010.
(1) Total de empregados formais sobre a população ocupada.
Associado a esse quadro favorável, representado pela diminuição da desocupação e
crescimento significativo da formalização do emprego, a última década apresentou, também,
um aumento no rendimento médio do trabalho, no conjunto dos ocupados. Analisando-se os
dados dos dois últimos censos (corrigidos pelo INPC), constatou-se um crescimento real dos
rendimentos de 7% no Brasil e de 10,1% no Rio Grande do Sul (PESSOA e XAVIER
SOBRINHO, 2012). Em Porto Alegre esse aumento foi de 9%, com um rendimento médio,
em 2010, de R$2.561,66 (Tabela 24).
86
Tabela 24 - Rendimento médio do trabalho, em Reais, na Região Metropolitana de Porto Alegre e Capital - 2000
e 2010
MUNICÍPIOS DEFLACIONADO (INPC) NOMINAL
VARIAÇÃO
2000 2010
Porto Alegre 2.351,62 2.561,66 8,93
TOTAL RMPA 1.095,78 1.203,19 9,80
FONTE: Censo Demográfico 2000; 2010.
A partir dos microdados dos Censos Demográficos de 1980, 1991, 2000 e 2010, foi
construída uma hierarquia sócio-ocupacional2 composta de 24 categorias sócio-ocupacionais.
O universo populacional sobre o qual foram construídas as categorias sócio-ocupacionais
corresponde ao contingente da população economicamente ativa que exercia qualquer
atividade laboral na data dos Censos Demográficos, seja no universo formal ou informal do
mercado de trabalho. A construção da estrutura e hierarquia social foi realizada a partir da
conjugação das variáveis censitárias: ocupação, posição na ocupação e setor de atividade,
permitindo estabelecer relações entre as mudanças econômicas e as socioespaciais. Em muitos
casos, para bem de se capturar os dados a partir da expressão conceitual, essas variáveis
sofreram o crivo de alguns filtros como os de renda e instrução (MAMMARELLA et al,
2015).
A análise do perfil do município de Porto Alegre, em 1980, aponta para a existência de
uma estrutura sócio-ocupacional dual, onde as categorias médias (com destaque para as
atividades de escritório), somadas às do proletariado (terciário e secundário), correspondem a
mais de 74% da população ocupada (Tabela 25). Só a classe média equivalia a 35,3% dos
ocupados metropolitanos. Já as “pontas” da hierarquia – o conjunto das elites, dirigentes e
intelectuais, e pequena burguesia (15,4%), e o subproletariado associado aos agricultores
(10,4%) – apresentam um perfil simétrico. As categorias que reuniram um maior percentual
de população, em 1980, foram os empregados de escritório (16,6%) e os prestadores de
serviços especializados (9,1%), revelando um relativo equilíbrio das forças laborais em
termos de prestígio social e qualificação profissional em Porto Alegre. A cidade era, nesse
ano, a moradia de 18% dos operários ligados ao setor secundário da indústria (sendo a maioria
constituída de operários da construção civil).
Esse perfil sócio-ocupacional referente ao ano de 1980 reflete ainda os efeitos do
“milagre econômico” das décadas anteriores. Se formos pensar no que aconteceu entre 1980 e
87
1991, algumas mudanças se sobressaem, levando em consideração que os resultados do biênio
(1980/1991) admitem comparação. Em primeiro lugar, no que diz respeito à distribuição dos
ocupados na estrutura sócio-ocupacional, verificam-se algumas mudanças: aumento da
pequena burguesia, constituída dos pequenos empregadores urbanos e dos comerciantes por
conta própria; queda no percentual de operários da indústria tradicional; queda dos
empregados de escritório; queda dos operários da construção civil. Ou seja, os efeitos da
“década perdida” não se fizeram sentir do mesmo modo e na mesma intensidade, afetando
diferentemente os diversos setores de atividade.
Tabela 25 - Distribuição percentual da população ocupada segundo a estrutura sócio-ocupacional da Região
Metropolitana de Porto Alegre e Capital – 1980 e 1991
CATEGORIAS OCUPACIONAIS RMPA PORTO ALEGRE
1980 1991 1980 1991
Elite Dirigente 1,1 0,9 1,9 1,6
Empresários 0,5 0,5 0,8 0,8
Dirigentes do setor público 0,2 0,1 0,3 0,2
Dirigentes do setor privado 0,2 0,1 0,3 0,3
Profissionais Liberais 0,2 0,2 0,4 0,4
Elite Intelectual 5,4 5,1 8,8 9,6
Profissionais de nível superior autônomos 0,6 1,0 0,9 1,7
Profissionais de nível superior empregados 4,8 4,1 7,9 7,9
Pequena Burguesia 4,4 6,9 4,7 7,6
Pequenos empregadores urbanos 2,3 4,1 2,7 4,9
Comerciantes por conta própria 2,1 2,7 2,0 2,6
Classe Média 27,2 26,8 35,3 34,2
Empregados de escritório 12,6 11,1 16,6 14,0
Empregados de supervisão 6,0 6,2 7,7 7,5
Técnicos e Artistas 3,2 2,9 4,0 3,8
Empregados da Saúde e da Educação 3,7 4,7 4,8 6,5
Empregados da Segurança Pública, Justiça e Correios 1,7 1,9 2,2 2,4
Proletariado Terciário 20,2 20,8 21,4 21,6
Empregados do comércio 6,4 7,5 7,3 8,5
Prestadores de serviços especializados 9,0 8,4 9,1 8,2
Prestadores de serviços não especializados 4,9 4,9 5,1 4,9
Proletariado Secundário 31,0 28,7 17,5 15,6
Operários da indústria moderna 6,3 5,5 3,0 2,5
Operários da indústria tradicional 10,8 10,7 2,9 2,4
Operários dos serviços auxiliares da economia 3,9 4,7 3,6 4,5
Operários da construção civil 8,4 6,3 6,5 4,5
Artesãos 1,5 1,5 1,6 1,7
Subproletariado 8,1 9,0 9,7 9,1
Empregados domésticos 6,9 6,7 8,5 6,9
Ambulantes 1,0 1,9 1,0 1,9
Biscateiros 0,3 0,4 0,2 0,3
Agricultores 2,5 1,9 0,7 0,7
Agricultores 2,5 1,9 0,7 0,7
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
FONTE: Censo Demográfico, 1980; 1991.
88
Para o período seguinte, 1991-2000, quando o processo de reestruturação produtiva
vinculado à globalização dos mercados e da produção chega a uma fase de consolidação,
vamos encontrar uma estrutura sócio-ocupacional não muito diversa do período anterior.
Tomamos o ano de 2000 como foco das análises. A estrutura social de Porto Alegre é
essencialmente média, com um terço da população ocupada trabalhando em ocupações
médias (Tabela 26). No entanto, existe um dado que denota uma importante alteração no
perfil dos ocupados porto-alegrenses face ao período anterior: os profissionais de nível
superior (que na classificação anterior equivalia à elite intelectual) representam 14% dos
ocupados. Verifica-se, portanto, um processo de elitização por meio da qualificação
profissional (todos com nível superior, sejam profissionais autônomos, empregados,
estatutários ou professores), em Porto Alegre. Outro dado importante, é que praticamente a
mesma proporção de ocupados situa-se na base inferior da pirâmide social na Capital Já os
trabalhadores do terciário representam 32% dos ocupados (17,6% são do terciário não
especializado) e os do secundário 14,6%. Ou seja, em 20 anos manteve-se um modelo de
estrutura social que não condiz com as tendências anunciadas pelas teorias da “global city” de
detração dos operários e das classes médias com dilatação das elites e subproletariados. Ainda
nessa década, entre 1991 e 2000, malgrado as mudanças estruturais que estavam sendo
implantadas, o “modelo ovo” de estrutura social se sobrepuja ao “modelo ampulheta”. A
estrutura social, tendo na categoria trabalho sua referência chave, se manteve com
características semelhantes à década anterior.
89
Tabela 26 - Distribuição percentual da população ocupada segundo a estrutura sócio-ocupacional da Região
Metropolitana de Porto Alegre e Capital – 1991e 2000
CATEGORIAS OCUPACIONAIS RMPA POA
1991 2000 1991 2000
Dirigentes 1,5 1,4 2,2 2,1 Grandes Empregadores 1,2 0,8 1,7 1,2 Dirigentes do Setor Público 0,1 0,3 0,2 0,4
Dirigentes do Setor Privado 0,2 0,3 0,4 0,5
Profissionais de nível superior 5,9 7,6 10,6 13,5
Profissionais Autônomos de Nível Superior 1,2 2,1 2,1 4,0
Profissionais Empregados de Nível Superior 1,2 2,8 2,2 5,0 Profissionais Estatutários de Nível Superior 1,5 0,7 3,0 1,3
Professores de Nível Superior 2,0 1,9 3,3 3,1
Pequenos empregadores 3,5 3,2 4,2 4,2
Pequenos Empregadores 3,5 3,2 4,2 4,2
Ocupações médias 29,5 26,9 37,3 33,1 Ocupações de Escritório 11,8 9,3 15,5 11,2
Ocupações de Supervisão 5,1 4,5 6,0 5,6 Ocupações Técnicas 6,4 6,4 7,8 7,7
Ocupações Médias da Saúde e Educação 2,9 3,6 3,7 4,3 Ocupações de Segurança Pública, Justiça e Correios 2,1 1,9 2,8 2,8
Ocupações Artísticas e Similares 1,2 1,2 1,5 1,6
Trabalhadores do terciário especializado 14,9 17,4 15,1 17,6 Trabalhadores do Comércio 8,4 8,7 8,4 8,3
Prestadores de Serviços Especializados 6,5 8,7 6,7 9,4
Trabalhadores do secundário 29,2 27,3 15,9 14,6
Trabalhadores da Indústria Moderna 7,0 6,4 3,8 3,0
Trabalhadores da Indústria Tradicional 12,8 8,9 4,8 2,7 Operários dos Serviços Auxiliares 3,1 4,9 2,9 3,6
Operários da Construção Civil 6,3 7,2 4,4 5,2
Trabalhadores do terciário não especializado 14,0 14,7 14,1 14,5
Prestadores de Serviços Não Especializados 5,3 4,6 5,1 4,4 Trabalhadores Domésticos 6,5 6,7 6,7 6,4
Ambulantes e Biscateiros 2,3 3,4 2,3 3,7
Agricultores 1,5 1,4 0,6 0,4 Agricultores 1,5 1,4 0,6 0,4
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
FONTE: Censo Demográfico, 1991; 2000.
Porto Alegre, na última década intercensitária, apesar de se consolidar como espaço de
moradia das categorias médias (32%) é um espaço mais elitizado do que o restante da RMPA
considerando-se que é o lugar onde se encontra um grande percentual de profissionais de
nível superior (20%) e de dirigentes (3%). O percentual de ocupados no terciário não
especializado, em 2010, é o equivale ao dos operários (13%). Como a cidade vivenciou desde
os anos 1970 um processo de desindustrialização relativa que se estabilizou nos anos 1990, é
compreensível que o operariado arrefeça. Mas os trabalhadores não especializados e os
domésticos seguem tendo um percentual expressivo na estrutura (Tabela 27).
90
Tabela 27 - Distribuição percentual da população ocupada segundo a estrutura sócio-ocupacional da Região
Metropolitana de Porto Alegre e Capital – 2000 e 2010
CATEGORIAS OCUPACIONAIS RMPA PORTO ALEGRE
2000 2010 2000 2010
Dirigentes 2,2 1,7 3,6 2,7
Grandes Empregadores 1,3 1,2 1,9 1,7
Dirigentes do Setor Público 0,3 0,4 0,5 0,6
Dirigentes do Setor Privado 0,6 0,2 1,2 0,4
Profissionais de nível superior 7,2 11,1 13,4 19,9
Profissionais Autônomos de Nível Superior 2,1 3,1 4,0 6,0
Profissionais Empregados de Nível Superior 2,7 4,9 5,0 8,7
Profissionais Estatutários de Nível Superior 0,6 0,6 1,2 1,3
Professores de Nível Superior 1,8 2,5 3,2 3,9
Pequenos empregadores 2,7 1,9 3,5 2,4
Pequenos Empregadores 2,7 1,9 3,5 2,4
Ocupações médias 26,5 28,9 32,6 32,1
Ocupações de Escritório 9,2 10,2 11,4 11,2
Ocupações de Supervisão 4,1 5,3 4,9 6,3
Ocupações Técnicas 6,2 6,7 7,7 6,6
Ocupações Médias da Saúde e Educação 3,7 3,8 4,3 4,4
Ocupações Segurança Pública, Justiça e Correios 1,9 1,2 2,8 1,9
Ocupações Artísticas e Similares 1,2 1,7 1,6 1,7
Trabalhadores do terciário especializado 17,1 15,8 17,4 16,4
Trabalhadores do Comércio 8,6 8,5 8,1 8,6
Prestadores de Serviços Especializados 8,6 7,3 9,4 7,7
Trabalhadores do secundário 27,7 24,8 14,6 12,8
Trabalhadores da Indústria Moderna 6,4 4,9 3,0 2,4
Trabalhadores da Indústria Tradicional 9,2 5,6 2,7 2,0
Operários dos Serviços Auxiliares 4,9 7,2 3,6 3,5
Operários da Construção Civil 7,2 7,0 5,2 4,9
Trabalhadores do terciário não especializado 14,6 13,5 14,5 13,2
Prestadores de Serviços Não Especializados 4,5 5,7 4,4 5,9
Trabalhadores Domésticos 6,7 6,2 6,4 5,9
Ambulantes e Biscateiros 3,4 1,7 3,7 1,4
Agricultores 2,0 2,3 0,4 0,7
Agricultores 2,0 2,3 0,4 0,7
Total 100,0 100,0 100,0 100,0
FONTE: Censo Demográfico, 2000; 2010.
Estrutura Social de Porto Alegre 1980-20103
A relação entre o território e as categorias sócio-ocupacionais (CATs) permitem a
construção de tipologias socioespaciais. Em 2010, foram identificadas 5 tipologias
socioespaciais na Região Metropolitana de Porto Alegre: superior, médio, operário, popular e
agrícola (Figura 16).
Entre 1980 e 1991, ocorre um processo de elitização em Porto Alegre, com a
identificação de áreas de tipo superior inexistentes em 1980: ao mesmo tempo em que as
91
elites se concentram em áreas e bairros nobres da cidade, ocorre o aumento da periferização
da moradia de camadas populares. Em 2000 as áreas de tipo superior, que até 1991
encontravam-se concentradas em poucos bairros centrais da cidade, ampliam-se para a zona
sul. Esse aumento ocorre tanto pela maior densificação da moradia dos dirigentes e
profissionais de nível superior, como pelo deslocamento da moradia pela ação do mercado
imobiliário, especialmente na porção sul de Porto Alegre, com a implantação de condomínios
residenciais de alto padrão.
As áreas de tipo superior podem ser reunidas em quatro grupos segundo sua
localização. O primeiro recebeu grandes investimentos imobiliários e de infraestrutura a partir
das décadas de 70 e 80, bairros como Independência e Moinhos de Vento, Petrópolis,
Mont’Serrat, Bela Vista, Rio Branco, Santa Cecília e Higienópolis; o segundo é composto por
bairros localizados na zona sul da cidade como Vila Assunção, Tristeza, Vila Conceição e
Pedra Redonda, Ipanema, Espírito Santo e Guarujá; no terceiro grupo estão reunidos os
bairros que sofreram processo de elitização como Centro, Floresta, São João, Azenha, Menino
Deus e Jardim Botânico; o quarto, composto por Três Figueiras, Chácara das Pedras e Vila
Jardim, constitui configurações em mudança, processo que começou nos anos 80,
particularmente a partir da construção do Shopping Iguatemi, inaugurado em 1983,
transformando-os em zona de concentração de comércio de alto padrão e moradia de camadas
médias e de elite.
Os espaços médios heterogêneos estão localizados nos bairros Belém Novo, Camaquã,
Cavalhada, Cristal, Partenon, Passo das Pedras, Rubem Berta, São José, Farrapos, Jardim
Carvalho, Morro Santana, Arquipélago/Humaitá/Anchieta; Bom Jesus/Jardim Salso; Vila
João Pessoa/Cel. Aparício Borges; Medianeira/Sta. Teresa; Teresópolis/Nonoai; Vila
Nova/Campo Novo. Uma área em Porto Alegre, no bairro Três Figueiras, se destaca também
com perfil relativamente polarizado, tendo em vista as altas densidades de moradia das
camadas superiores e uma participação significativa dos trabalhadores do terciário não
especializado. É o típico bairro onde está ocorrendo, já na década de 1990, um processo de
elitização concentrada, tendo em vista tratar-se de uma localização que, a partir dos anos
1980, vem sendo destino de importantes investimentos imobiliários voltados para camadas de
renda alta da população. As demais áreas de tipos médios além de se manterem concentradas
em bairros do entorno dos tipos superiores, também avançam para áreas em bairros antes
predominantemente periféricos (Rubem Berta, Vila Nova, Belém Novo, Passo das Pedras,
Cristo Redentor e Santo Antônio).
92
A configuração das áreas de tipo operário é definida sempre a partir da forte presença
da moradia dos trabalhadores da indústria, com uma nítida distinção se nos setores modernos
ou tradicionais. Em Porto Alegre, muito provavelmente por efeito do processo de
desindustrialização relativa, apenas uma área, no bairro Sarandi, se distingue como de tipo
operário moderno e popular.
Nas periferias da capital moram na sua grande maioria os trabalhadores do terciário
não especializado e da construção civil e que configuram o tipo popular. Em 2000 esses
espaços populares se situam em bairros periféricos de Porto Alegre (Agronomia, Lomba do
Pinheiro, Restinga, Mário Quintana, Glória, Cascata, Belém Velho, Serraria e Hípica).
A hierarquia social em Porto Alegre obedece a um padrão semiconcêntrico (tendo em
vista que o Estuário do Guaíba é uma barreira geográfica a oeste da cidade), em que as áreas
de tipo superior estão cercadas por áreas de tipo médio, contornadas, por sua vez, por áreas de
tipo popular.
Figura 16: Tipologia socioespacial da Região Metropolitana de Porto Alegre – 2010
FONTE: MAMMARELLA et al, 2015. Fonte dos dados brutos: Censo Demográfico, 2010.
Em 2010, as áreas de tipo superior se caracterizam pela alta concentração da moradia
dos dirigentes e dos profissionais de nível superior. A localização dessas áreas é em bairros
93
tradicionais e consolidados que iniciaram o grande aporte imobiliário desde a década de 1980,
e em bairros localizados na Zona Sul da cidade. O mais recente foi o aumento de áreas
elitizadas no “coração” da cidade, que começou seu processo de elitização após a construção
do Shopping Iguatemi nos anos 1980 sendo que boa parte dos bairros, ao norte, foram palco
de intensa atuação do mercado imobiliário para alta renda nos últimos dez-quinze anos, de tal
sorte que em 2000 eles já figuravam como bairros em áreas de tipo médio superior. Em Porto
Alegre foram encontradas nove áreas com perfil relativamente homogêneo de tipo médio e
outras nove onde também há uma presença significativa de trabalhadores populares (do
terciário não especializado). Muitos desses bairros, em 2000, já tinham uma característica
híbrida (eram médio heterogêneo) e, ao que tudo indica, sofreram processos de mudanças, em
muitos casos por conta da ação do mercado imobiliário. Os tipos populares estão localizados
nas periferias de Porto Alegre (bairros Sarandi/Santo Agostinho, Mário Quintana,
Agronomia/Lomba do Pinheiro, a parte sul da Restinga, Ponta Grossa/Lami/Belém
Novo/Lageado).
Aanálise da orla do guaíba
Das ilhas ao norte até os bairros mais ao sul de Porto Alegre, fazem parte da Orla do
Guaíba as seguintes Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs)4:
Arquipélago: Ilhas do Pavão, dos Marinheiros e Flores (norte) / João Inácio da Silveira
Arquipélago: Ilhas do Pavão e dos Marinheiros
Arquipélago: Flores / Pintada (sul) / Casa da Pólvora
Farrapos: Vila Liberdade e Tio Zeca
Navegantes (bairro)
Floresta (bairro)
Centro Histórico
Praia de Belas (bairro)
Cristal: Diário de Notícias / Estaleiro
Vila Assunção: Vila dos Pescadores
Vila Assunção (bairro)
Tristeza
Vila Conceição (bairro)
4 http://www.atlasbrasil.org.br/2013/pt/o_atlas/metodologia/construcao-das-unidades-de-desenvolvimento-
humano/
94
Ipanema: Coronel Marcos / Ipanema Sports
Ipanema (bairro)
Espírito Santo: Guaranis
Guarujá (bairro)
Guarujá: Vila Guarujá / Santina
Serraria: Vila dos Sargentos
Serraria (bairro)
Ponta Grossa: Retiro da Ponta Grossa
Belém Novo: Juca Batista/ Melo Guimarães/ Flores da Cunha/ Nossa S. de Belém/
Linguiça/ Trip
Belém Novo: Leblon/ Copacabana/ Veludo/ Chavante/ Amizade
Belém Novo: Boa Vista
Lami: Ocupação Otaviano Jose Pinto / Pontal/ Reserva Biológica
Lami: Beira Rio/ Sapolandia/ Ocupação Arroio Manecão
Um panorama geral dos bairros que se encontram na beira do Guaíba pode ser dado
pelo Índice de Desenvolvimento Humano (IDHM) dessas UDHs (Tabela 28). Em 2000, o
IDHM médio era de 0,711 e passou para 0,784 em 2010. Em ambos os momentos, foi mais
alto do que o restante da cidade, que era de 0,678 foi para 0,764. Nos dois últimos Censos, a
UDH Arquipélago: Ilhas do Pavão e dos Marinheiros e a UDH Farrapos: Vila Liberdade e Tio
Zeca apresentaram os índices mais baixos (embora essa última tenha melhorado
significativamente de 2000 para 2010). Já o bairro Praia de Belas, Vila Assunção, Vila
Conceição e Ipanema (Coronel Marcos), ao contrário, foram, em ambos os momentos, as
UDHs com os melhores desempenhos. O Praia de Belas foi o que apresentou menor variação,
porém, note-se a melhora do indicador vai ficando mais difícil quando um índice de
desenvolvimento muito alto já foi alcançado.
95
Tabela 28. Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDMH), IDHM Renda, Longevidade e Educação nas Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs)
da orla do Guaíba em Porto Alegre em 2000 e 2010
Lugar IDHM
(2000)
IDHM
(2010) Variação
IDHM
Renda
(2000)
IDHM
Renda
(2010)
Variação
IDHM
Longevidade
(2000)
IDHM
Longevidade
(2010)
Variação
IDHM
Educação
(2000)
IDHM
Educação
(2010)
Variação
Ilhas do Pavão, dos Marinheiros e Flores (norte)/ João
Inácio da Silveira 0,547 0,681 0,134 0,627 0,697 0,070 0,734 0,812 0,078 0,355 0,557 0,202
Ilhas do Pavão e dos Marinheiros 0,453 0,593 0,140 0,566 0,623 0,057 0,707 0,763 0,056 0,233 0,438 0,205
Flores / Pintada (sul) / Casa da Pólvora 0,536 0,646 0,110 0,616 0,661 0,045 0,726 0,773 0,047 0,345 0,527 0,182
Farrapos : Vila Liberdade e Tio Zeca 0,453 0,610 0,157 0,566 0,634 0,068 0,707 0,767 0,060 0,233 0,467 0,234
Navagantes (bairro) 0,738 0,808 0,070 0,773 0,808 0,035 0,844 0,894 0,050 0,616 0,731 0,115
Floresta (bairro) 0,835 0,878 0,043 0,870 0,899 0,029 0,867 0,916 0,049 0,772 0,822 0,050
Centro Histórico 0,884 0,914 0,030 0,924 0,931 0,007 0,879 0,921 0,042 0,850 0,891 0,041
Praia de Belas (bairro) 0,910 0,927 0,017 0,949 0,973 0,024 0,886 0,931 0,045 0,895 0,880 -0,015
Cristal: Diário de Notícias / Estaleiro 0,536 0,643 0,107 0,616 0,664 0,048 0,726 0,774 0,048 0,345 0,518 0,173
Vila Assunção : Vila dos Pescadores 0,637 0,736 0,099 0,694 0,744 0,050 0,805 0,852 0,047 0,462 0,629 0,167
Vila Assunção (bairro) 0,903 0,953 0,050 0,953 0,996 0,043 0,888 0,941 0,053 0,870 0,923 0,053
Tristeza 0,863 0,925 0,062 0,914 0,971 0,057 0,878 0,929 0,051 0,802 0,878 0,076
Vila Conceição (bairro) 0,903 0,953 0,050 0,953 0,996 0,043 0,888 0,941 0,053 0,870 0,923 0,053
Ipanema: Coronel Marcos / Ipanema Sports 0,910 0,953 0,043 0,949 0,996 0,047 0,886 0,941 0,055 0,895 0,923 0,028
Ipanema (bairro) 0,863 0,906 0,043 0,911 0,948 0,037 0,878 0,926 0,048 0,803 0,846 0,043
Espírito Santo: Guaranis 0,813 0,887 0,074 0,852 0,915 0,063 0,863 0,918 0,055 0,730 0,830 0,100
Guarujá (bairro) 0,827 0,871 0,044 0,852 0,890 0,038 0,863 0,916 0,053 0,769 0,810 0,041
96
Guarujá: Vila Guarujá / Santina 0,780 0,845 0,065 0,800 0,836 0,036 0,849 0,908 0,059 0,698 0,794 0,096
Serraria: Vila dos Sargentos 0,522 0,619 0,097 0,603 0,629 0,026 0,720 0,765 0,045 0,327 0,492 0,165
Serraria (bairro) -- 0,619 -- -- 0,629 -- -- 0,765 -- -- 0,492 --
Ponta Grossa: Retiro da Ponta Grossa 0,738 0,808 0,07 0,773 0,808 0,035 0,844 0,894 0,05 0,616 0,731 0,115
Belém Novo: Juca Batista / Melo Guimarães / Flores da
Cunha / Nossa Senhora de Belém 0,738 0,808 0,07 0,773 0,808 0,035 0,844 0,894 0,05 0,616 0,731 0,115
Belém Novo: Leblon/ Copacabana/ Veludo / Chavante 0,644 0,734 0,09 0,708 0,749 0,041 0,822 0,856 0,034 0,459 0,618 0,159
Belém Novo: Boa Vista 0,58 0,689 0,109 0,647 0,71 0,063 0,752 0,811 0,059 0,401 0,567 0,166
Lami: Ocupação Otaviano Jose Pinto/ Pontal / Reserva 0,613 0,724 0,111 0,666 0,721 0,055 0,786 0,825 0,039 0,439 0,638 0,199
Lami: Beira Rio/ Sapolandia/ Ocupação Arroio Manecão 0,539 0,654 0,115 0,616 0,678 0,062 0,727 0,786 0,059 0,349 0,525 0,176
Média 0,711 0,784 0,080 0,767 0,804 0,038 0,815 0,862 0,048 0,590 0,699 0,109
97
Quando o índice é apresentado tratando separadamente renda, longevidade e
educação, eles comportam-se de maneira semelhante. Mas vale atentar para a grande
melhoria que houve de renda na UDH Farrapos, de longevidade no Arquipélago: Ilhas do
Pavão, dos Marinheiros e Flores (norte) / João Inácio da Silveira, e de educação nessas duas
UDHs somadas ao Arquipélago: Ilhas do Pavão, dos Marinheiros e Flores (norte) / João
Inácio da Silveira. Importante, ainda, perceber que a maior discrepância entre os bairros da
orla do Guaíba se dá na educação, que foi justamente a área que teve melhorias mais
significativas. A educação nas ilhas e no norte da orla era péssima em Porto Alegre. Embora
ainda não seja bom, o indicador cresceu substancialmente.
Sobre a estrutura de ocupações das UDHs (Tabela 29), de 2000 a 2010, houve
modificações importantes: caíram de cerca de 10% as pessoas ocupadas na área da orla do
Guaíba na indústria de transformação para em torno de 6%. O percentual de ocupação na
indústria mostra que as Ilhas do Pavão e dos Marinheiros, assim como a Vila Liberdade e Tio
Zeca (Farrapos), por exemplo, deixaram de ser as mais áreas com mais industriários entres as
UDHs e passaram a ser, no primeiro caso, uma das menores. Os maiores percentuais de
ocupação na indústria, em 2010, concentram-se mais na Zona Sul da cidade (na Tristeza e no
Espírito Santo: Guaranis) e no extremo Sul de Porto Alegre (Lami: Ocupação Otaviano Jose
Pinto / Pontal / Reserva Biológica).
A construção continuou a representar cerca de 8% dos empregos da área e concentra-
se mais na Zona Norte (nas Ilhas do Pavão, dos Marinheiros, Flores, Pintada Sul e Casa da
Pólvora, assim como na Vila Liberdade e Tio Zeca), mas também na Serraria (tanto no Bairro
quanto na Vila dos Sargentos). Outra parte da Zona Sul, entre Ipanema e Guarujá, tem os
menores percentuais de empregados na construção. A região central tem concentração média
ou baixa desse tipo de ocupação, assim como no comércio.
O comércio empregou por volta de 16% dos residentes dessa área tanto em 2000
quanto em 2010. As maiores concentrações de empregados na área estão nas Ilhas do Pavão e
dos Marinheiros (que possivelmente migraram da indústria), no Cristal (Diário de Notícias/
Estaleiro), Serraria e Lami (tanto a parte já mencionada como a Beira Rio/ Sapolandia/
Ocupação Arroio Manecão). Vila Assunção e Vila Conceição costumavam concentrar vários
desses trabalhadores, mas agora não mais.
O setor de serviços, ocupação da maioria dos moradores de Porto Alegre que vivem
perto da orla (emprega mais de 60% deles), concentra-se mais na região central, mas também
na Zona Sul (nos bairros Vila Assunção e Vila Conceição e também em Ipanema). A menor
98
concentração de pessoas que trabalham com serviços fica nas Ilhas do Pavão e dos
Marinheiros, na Serraria e no Lami.
99
Tabela 29. Ocupações das Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs) da Orla do Guaíba de Porto Alegre em 2000 e 2010 (percentual dos ocupados com 18 anos ou +)
Lugar
Indústria de
transformação
(2000)
Indústria de
transformação
(2010)
Construção
(2000)
Construção
(2010)
Comércio
(2000)
Comércio
(2010)
Serviços
(2000)
Serviços
(2010)
Ilhas do Pavão, dos Marinheiros e Flores (norte)/ João
Inácio da Silveira 8,96 5,25 12,34 13,06 16,38 14,65 58,99 56,7
Ilhas do Pavão e dos Marinheiros 14,16 4,52 14,38 14,47 16,61 20,49 53,23 48,12
Flores / Pintada (sul)/ Casa da Pólvora 10,24 6,18 16,76 14,18 14 19,35 57,13 52,92
Farrapos: Vila Liberdade e Tio Zeca 14,16 6,69 14,38 15,01 16,61 17,29 53,23 52,66
Navegantes (bairro) 11,28 6,51 6,38 4,83 16,39 14,94 63,98 65,96
Floresta (bairro) 7,52 5,91 3,87 3,12 14,76 14,76 72,19 68,24
Centro Histórico 4,76 4 1,12 2,37 12,67 12,69 78,39 74,5
Praia de Belas (bairro) 6,02 5,94 2,72 2,42 15,63 14,57 72,59 67,77
Cristal: Diário de Notícias/ Estaleiro 10,24 4,94 16,76 14,71 14 19,36 57,13 52,91
Vila Assunção: Vila dos Pescadores 9,96 5,42 5,85 6,06 17,1 17,9 63,47 62,8
Vila Assunção (bairro) 12,71 6,47 3,41 3,48 20,21 13,14 61,79 67,29
Tristeza 6,29 7,6 4,59 3,39 15,75 13,42 71,53 66,08
Vila Conceição (bairro) 12,71 6,47 3,41 3,48 20,21 13,14 61,79 67,29
Ipanema: Coronel Marcos / Ipanema Sports 6,02 6,47 2,72 3,48 15,63 13,14 72,59 67,29
Ipanema (bairro) 6,76 5,42 3,82 2,51 18,31 11,42 69,11 72,2
Espírito Santo: Guaranis 7,37 8,81 2,47 2,39 17,81 16,98 69,64 64,73
Guarujá (bairro) 6,13 5,07 3,77 2,75 15,83 16,79 72,2 66,66
Guarujá: Vila Guarujá / Santina 7,96 5,68 4,01 2,98 18,66 17,93 68,15 62,68
Serraria: Vila dos Sargentos 10,37 5,11 17,22 15,71 13,75 21,27 55,34 49,95
100
Serraria (bairro) -- 5,11 -- 15,71 -- 21,27 -- 49,95
Ponta Grossa: Retiro da Ponta Grossa 11,28 6,51 6,38 4,83 16,39 14,94 63,98 65,96
Belém Novo: Juca Batista/ Melo Guimarães/ Flores da
Cunha / Nossa Senhora de Belém 11,28 6,51 6,38 4,83 16,39 14,94 63,98 65,96
Belém Novo: Leblon/ Copacabana/ Veludo 9,47 5,93 9,65 9,99 17,57 16,72 59,6 56,83
Belém Novo: Boa Vista 9,57 5,35 14,37 12,71 20,55 16,95 52,68 55,94
Lami: Ocupação Otaviano Jose Pinto/ Pontal/ Reserva 13,8 7,57 8,39 7,13 18,79 19,99 53,02 57,93
Lami: Beira Rio/ Sapolandia/ Ocupação Arroio 10,27 6,29 16,94 14,36 14,07 20,62 54,53 50,44
Média 9,572 5,989 8,084 7,691 16,563 16,487 63,210 61,145
101
Por fim, no que diz respeito às condições de habitação, a maior parte dos indicadores
aponta para uma universalização da adequação das moradias (Tabela 30), que pode ser vista
no abastecimento de energia elétrica. A coleta do lixo já alcançava o patamar de em torno de
95% ou mais já em 2000. No último Censo, as UDHs com pior desempenho tinham um
percentual de mais de 96,5% de coleta.
Com exceção das ilhas, já em 2000, todas as UDHs apresentavam mais de 92% de
domicílios com água encanada. Em 2010, mesmo nas ilhas, a situação melhorou bastante:
saiu de cerca de 3% (ou seja, quase inexistência), 35% e 60% para mais de 92% nos três
casos. As Ilhas do Pavão e dos Marinheiros são as que ainda apresentam ausência de água
encanada em por volta de 8% dos domicílios.
Quando incluímos a presença de banheiros junto com a água encanada, além das ilhas
citadas também a Vila Liberdade e Tio Zeca tinham mais de ¼ dos domicílios inadequados
em 2000, situação que melhorou em 2010, porém, as ilhas ainda não alcançaram sequer 90%
de domicílios com esses serviços. Quando juntamente com a água adiciona-se o esgotamento,
em 2000, esses eram inadequados em mais de 10% dos domicílios das UDHs já mencionadas,
mas a situação melhorou em 2010, baixando para próximo de 4% de inadequação nas ilhas e
no Lami.
A situação menos adequada diz respeito à densidade maior do que 2 pessoas por
dormitório. Nas Ilhas e no Lami, passava de 50% em 2000, mas houve melhora em todas as
UDHs em 2010. No entanto, ainda fica próximo à metade dos domicílios nas Ilhas do Pavão e
dos Marinheiros e na Vila Liberdade e Tio Zeca. E o destaque positivo fica para as UDHs que
vão da Vila Assunção até Ipanema (apenas cerca de 4% dos domicílios com densidade
superior). Caminha junto com esse adensamento excessivo o percentual de habitações com
paredes inapropriadas, encontradas em percentual de quase 20% nas ilhas citadas e em mais
de 10% nas vilas mencionadas. Ainda, merece destaque o percentual de paredes inadequadas
existentes no Cristal e na Serraria.
De modo geral, de Navegantes na Zona Norte ao Guarujá na Zona Sul, as condições
de habitação são adequadas, diferentemente dos extremos da cidade e das ilhas.
102
Tabela 30. Condições de habitação nas Unidades de Desenvolvimento Humano (UDHs) da Orla do Guaíba de Porto Alegre em 2000 e 2010
(percentual de domicílios com)
Lugar
água
encanada
(2000)
água
encanada
(2010)
banheiro
e água
encanada
(2000)
banheiro
e água
encanada
(2010)
água e
esgotamento
inadequados
(2000)
água e
esgotamento
inadequados
(2010)
coleta
de lixo
(2000)
coleta
de lixo
(2010)
energia
elétrica
(2000)
energia
elétrica
(2010)
densida
de > 2
(2000)
densida
de > 2
(2010)
paredes
inadequa
das (2010)
Ilhas do Pavão, dos
Marinheiros e Flores
(norte) / João Inácio
da Silveira 2,79 98,03 85 96,79 4,9 0 98,31 99,12 99,47 100 45,78 31,42 4,49
Ilhas do Pavão e dos
Marinheiros 35,1 92,33 74,2 86,11 11,53 4,03 94,68 96,95 98,9 99,73 59,91 51,17 18,47
Flores / Pintada
(sul)/ Casa da
Pólvora 60,21 98,72 82,15 95,43 3,32 0,14 98,5 99,15 99,93 99,95 46,89 37,41 5,32
Vila Liberdade e Tio
Zeca 92,31 99,49 74,2 94,64 11,53 0,7 94,68 98,41 98,9 99,71 59,91 45,44 11,47
Navegantes 99,91 100 97,4 97,76 0,17 0 99,75 99,66 100 100 25,5 12,7 0,52
Floresta 100 100 98,83 98,85 0 0,24 100 100 100 100 12,37 10,15 0,86
Centro Histórico 99,99 99,98 99,37 99,77 0 0 99,36 99,7 99,98 99,88 11,03 6,25 0
Praia de Belas 95,69 100 99,77 99,48 0 0 100 100 100 100 4,93 4,85 0,08
Cristal: Diário de
Notícias / Estaleiro 100 96,56 82,15 95,06 3,32 0,44 98,5 99,86 99,93 100 46,89 42,92 7,65
Vila Assunção: Vila 100 100 94,1 98,84 1,4 0,41 99,42 99,27 100 100 32,88 22,46 1,08
103
dos Pescadores
Vila Assunção 100 99,79 95,9 97,85 0 0 100 100 100 100 8,03 4,58 0
Tristeza 99,96 99,88 99,93 98,68 0 0 100 100 100 100 14,68 3,62 0,66
Vila Conceição 100 99,87 95,9 97,85 0 0 100 100 100 100 8,03 4,58 0
Ipanema : Coronel
Marcos / Ipanema
Sports 100 100 99,77 97,85 0 0 100 100 100 100 4,93 4,58 0
Ipanema ( bairro) 100 99,88 99,53 99,85 0 0,15 100 100 100 100 9,52 5,9 0,48
Espírito Santo:
Guaranis 99,91 100 96,54 94,65 0 0,44 100 100 99,95 100 21,06 12,72 1,64
Guarujá 99,07 100 98,57 96,41 0,15 0 100 100 99,91 100 12,57 12,35 1,32
Guarujá : Vila
Guarujá / Santina 100 100 97,69 98,65 0 0 100 100 100 100 24,04 11,93 0,86
Serraria : Vila dos
Sargentos 98,24 99,92 83,81 93,63 1,11 1,64 99,95 96,58 100 100 46,57 44,06 7,28
Serraria ( bairro ) 95,44 98,06 -- 93,63 -- 1,64 -- 96,58 -- 100 -- 44,06 7,28
Ponta Grossa: Retiro
da Ponta Grossa 99,09 99,5 97,4 97,76 0,17 0 99,75 99,66 100 100 25,5 12,7 0,52
Belém Novo: Juca
Batista/ Melo
Guimarães/ Flores
da Cunha 99,48 99,96 97,4 97,76 0,17 0 99,75 99,66 100 100 25,5 12,7 0,52
104
Belém Novo: Leblon/
Copacabana/
Veludo/ Chavante/
Amizade 96,95 99,58 95,67 96,76 1,22 0 99,68 99,78 99,95 99,8 30,57 19,12 0,59
Belém Novo: Boa
Vista 96,91 94,93 91,93 95,89 0,38 0,27 99,75 100 99,79 99,54 42,4 26,59 2,72
Lami:
Ocupação Otaviano
Jose Pinto/ Pontal/
Reserva 85,85 86,33 90,47 95,03 2,96 0,44 99,16 99,96 98,18 99,21 36,25 24,08 1,63
Lami: Beira Rio/
Sapolandia/
Ocupação Arroio
Manecão 94,18 99,29 81,79 92,9 4,14 3,63 97,54 99,44 98,96 99,65 53,39 33,05 5,56
Média 90,23 98,54 92,38 96,46 1,86 0,55 99,15 99,38 99,75 99,90 28,37 20,82 3,12
105
ILHAS
Bairro arquipélago
Composto por 16 Ilhas, o Arquipélago é um dos bairros mais peculiares de Porto Alegre. Além
da condição natural da localização, com sua extensa área verde e biodiversidade, os motivos da sua
especificidade também estão ligados à vivência íntima de seus habitantes com as águas, que adaptaram
seus modos de vida às condições naturais da região, transformando a natureza para ali constituírem
locais de moradia e formando uma cultura própria dos ilhéus. A primeira ocupação das ilhas do
Arquipélago, conforme indícios arqueológicos, data do século XVI, e seus primeiros habitantes eram
índios guaranis. Com a ocupação do Rio Grande do Sul, os índios obrigaram-se a buscar outras regiões
do Estado. Segundo os moradores antigos do Arquipélago, no século XVIII as ilhas Saco do
Quilombo, Maria Conga também chamada Ilha do Quilombo (atual Ilha das Flores) e Maria Majolla
abrigaram ancestrais escravos. A presença de quilombo nas Ilhas é 7 assunto ainda pendente de estudo
aprofundado, porém documentos da Câmara do século XIX comprovam a presença de população negra
na Ilha em 1810, e dá indícios que sua ocupação seja anterior a esta data. No início do século XIX, as
Ilhas abasteciam o centro da cidade com seus produtos, principalmente capim, hortaliças e peixes.
Mas, a partir do final deste século, a pesca foi a principal atividade econômica dos ilhéus. Foi assim
até meados de 1970: a pesca era artesanal e abundante, sendo o barco o meio de transporte por
excelência. O processo de desenvolvimento urbano da cidade altera o modo de vida de seus habitantes,
como a construção da ponte do Guaíba que, paulatinamente, diminui o uso do transporte fluvial. Por
sua proximidade e facilidade de acesso ao Centro da cidade, houve significativo aumento
populacional, sendo que as com maior número de habitantes são: Ilha da Pintada, Ilha Grande dos
Marinheiros, Ilha das Flores e Ilha do Pavão. Nesta última, funciona uma das sedes do Grêmio Náutico
União, tradicional clube de Porto Alegre. Das dezesseis ilhas que compõem o Arquipélago, a Ilha das
Garças pertence ao município de Canoas, e a Ilha das Figueiras, ao município de Eldorado. Mesmo
com todas dificuldades enfrentadas junto ao Arquipélago, especialmente pelos freqüentes alagamentos,
seus moradores encontram alternativas de atividades econômicas, como a das catadoras de lixo da Ilha
Grande dos Marinheiros, que desenvolvem um importante trabalho de reciclagem, traduzindo-se como
fonte de renda e preservação da natureza. Oficialmente, o bairro Arquipélago foi constituído pela lei nº
2022 de 07/12/1959 com um total de dezesseis ilhas. Em 1976, por decreto oficial, o Arquipélago faz
106
parte do Parque Estadual do Delta do Jacuí e, em 1979, o governo Estadual institui o Plano Básico do
Parque com o objetivo de disciplinar a ocupação e evitar a degradação ecológica, e a administração do
bairro ficou a cargo da Fundação Zoobotânica.
INVENTÁRIO DE BALNEÁRIOS
Os balneários que ficam na margem direita do Lago ficam situados em Eldorado do Sul,
Guaíba (Praia da Alegria e Praia da Florida) e Barra do Ribeiro (Praia Recanto das Mulatas). Os da
margem esquerda estão situados em Porto Alegre (Praia de Belém Novo, praia do Leblon - posto 1 e 2,
praia do Veludo – posto 3, Praia do Lami – posto 1, 2 e 3) e em Viamão (Praia de Itapuã).
USOS DA ÁGUA
Basicamente o uso da água do Lago é para abastecimento público das cidades de Porto Alegre,
Viamão, Eldorado do Sul, Guaíba e Barra do Ribeiro. O Tratamento e o fornecimento são realizados
pelo DMAE e pela CORSAN. Os locais estão plotados no Mapa de Restrições, bem como as áreas de
influência direta que não poderão ocorrer mineração. Também a água do Lago é utilizada para
pequenas indústrias e orizicultura.
107
PESCA
A Ilha da Pintada sedia a Colônia de pescadores Z5. A maioria de sua população descende
de imigrantes açorianos e de ex-escravos africanos, que deixaram traços na cultura local, tais como as
lendas e nas crenças do atual ilhéus. A pesca é realizada em todo Lago Guaíba. Atualmente, a pesca
artesanal já não é mais o principal meio de subsistência da ilha e a grande maioria da sua população
trabalha e busca seus rendimentos no comércio e nos serviços oferecidos pela proximidade da capital.
O prato típico da Ilha da Pintada é o "pintado ensopado", peixe abundante e que provavelmente
originou o nome da ilha. A tainha e a anchova tornaram-se as opções gastronômicas mais conhecidas,
oferecidas em almoços e jantares comerciais pelo seu porte, pouca espinha e forma especial de
colocação no espeto de taquara. O peixe inteiro é envolvido pelo espeto de bambu que lhe confere
sabor especial, bem diferente de outras regiões que assam espetando o peixe como o churrasco
tradicional. tainha na taquara.
Um grupo de mulheres artesãs, batizado de Art'Escama, ganha a vida transformando escamas
de peixes em verdadeiras obras de arte. Confeccionam brincos, anéis, broches e bijuterias em geral.
Além disso, o material é aplicado em echarpes, chales, mantôs, camisetas e vestidos. O trabalho dessas
artesãs não contribui apenas para aumentar a renda das famílias pobres envolvidas na atividade, mas
constitui também um incentivo cultural.
A Ilha da Pintada se destaca por suas ruas arborizadas, com lindas árvores cobrindo sua entrada
principal. É a ilha mais populosa do arquipélago e não apresenta espaço físico para crescimento
populacional. A sua população, basicamente composta por nativos e descendentes, está limitada por
rios e banhados que impedem o seu crescimento urbano.
Com 1400 sócios, que pagam 70 reais anuais, a colônia ajuda os pescadores com material e
estrutura, mas ainda é pouco. A Z5 tem um projeto de criar um restaurante panorâmico na Ilha da
Pintada, onde seriam servidos os almoços que hoje são servidos na sede da Z5, que seria mais utilizada
para reuniões e eventos. Por hora a atração do local é o Peixe na Taquara aos domingos. Boa parte dos
clientes vai de barco, saindo do Gasômetro, e permanecem na ilha por duas horas, retornando também
de barco.
108
Figura 17- Colônia de pescadores Z5.
A Colônia de Pescadores Z5 é uma entidade de classe com objetivo de orientar e prestar
serviços aos pescadores dos arquipélagos do lago Guaíba. Viabiliza assessoria jurídica, médica e
informações técnicas e ecológicas. O local também é palco para atividades culturais e de integração,
destacando o Peixe na Taquara, realizado aos domingos.
A partir de 1923, surgiu a atividade pesqueira organizada, com a fundação da Colônia de
Pescadores Z-4, com cerca de 150 associados que se distribuíam às margens do Guaíba. A maioria dos
pescadores concentrou-se na Vila de Itapuã; na área do Parque, alguns se instalaram na praia do Sítio e
outros na praia da Pedreira.
CAPTAÇÃO DE ÁGUA PARA CONSUMO HUMANO
Os pontos de captação localizados na margem esquerda do Lago são: captações da Ilha da
Pintada, São João/Moinhos de Vento, Menino Deus, Tristeza e Belém todas pelo realizadas pelo
DMAE e a captação junto à Itapuã é realizada pela CORSAN que abastece Viamão. Os pontos de
captação na margem direita são: Barra do Ribeiro e Guaíba que são realizados pela CORSAN.
MINERAÇÃO DE AREIA
Licenciamento junto à fepam
Visando subsidiar os trabalhos em desenvolvimento pelo GT da SEMA/FEPAM, com enfoque
na atividade de mineração de areia no Lago Guaíba, o Comitê do Lago Guaíba disponibilizou um
109
grupo técnico para realizar um levantamento de dados disponíveis nos processos administrativos de
licenciamento.
O objetivo principal foi identificar os dados primários e secundários apresentados pelos
empreendedores, que caracterizaram os meios físicos e bióticos das áreas requeridas nos
licenciamentos para as atividades de extração de areia.
A metodologia de levantamento dos dados foi voltada para a identificação dos trabalhos de campo e
métodos utilizados na aquisição dos dados primários, e os trabalhos técnicos de referência utilizados
como dados secundários.
Este relatório técnico se restringiu ao levantamento de dados pertinentes aos processos de
extração de areia em recurso hídrico, em virtude dos estudos ambientais serem direcionados para as
atividades a serem licenciadas, fator este determinante para seleção de métodos e direcionamento dos
trabalhos de campo para a elaboração da documentação técnica, com vistas ao tipo licenciamento
ambiental para cada atividade.
O grupo de trabalho manteve a diretriz de realizar o levantamento dos dados, abstendo-se de
avaliar a qualidade e representatividade destes, procurando manter imparcialidade e resguardando a
análise dos métodos e processos aplicados pelos empreendedores, função esta de atribuição exclusiva
do corpo técnico da FEPAM.
Objeto
Foram disponibilizados pela FEPAM para o desenvolvimento deste relatório um total de 101
(cento e um) processos administrativos, apresentados em um volume cada, com exceção de um
processo administrativo que possui dois volumes, perfazendo 102 (cento e dois) volumes.
Nos processos administrativos com entrega de EIA/RIMA, foram disponibilizados 56
(cinquenta e seis) volumes complementares, sem documentação em meio digital.
Entre os processos administrativos, um deles se referia ao licenciamento de areia na Lagoa dos
Patos. Os dados pertinentes a este processo específico não foram incluídos na elaboração deste
relatório, em virtude de sua localização estar em corpo hídrico distinto do Lago Guaíba.
Os processos administrativos da FEPAM, o empreendedor e os processos minerários
vinculados, seguem abaixo.
110
Tabela 31- processos administrativos da FEPAM, o empreendedor e os processos minerários vinculados.
111
Processos minerários em licenciamento na Fepam para extração de areia
Figura 18- Áreas com processos minerários na Fepam.
Tabela 32- Tipos de licenciamento administrativo.
112
RESULTADOS DA ANÁLISE INTEGRADA E ZONEAMENTO AMBIENTAL
Meio físico
Para fins do zoneamento inicial, a mineração não seria permitida em áreas que os sedimentos da
superfície do leito apresentam alto teor de finos (mais que 50% de silte + argila), bem como deverá
ser atendido aos padrões estabelecidos pela Resolução do CONAMA nº 454/2012 para dragagem,
na falta de legislação específica. O empreendedor deverá apresentar as análises físicas, químicas e
mineralógicas para comprovação.
A Mineração não será permitida nos esporões arenosos (bancos de areia de formato alongado e
estreitos que se projetam em direção ao centro do lago em ângulo acentuado). Para fins do
zoneamento inicial seriam considerados os esporões que aparecem na carta batimétrica do CECO.
Não será permitida a mineração no entorno (raio de 0,4 km, valor indicado pelo DMAE ou
CORSAN) dos locais de captação de água para abastecimento público.
A mineração deverá ficar afastada no mínimo a 500m dos balneários públicos e clubes náuticos,
esta distância limite ficará vinculada ao monitoramento da pluma de dispersão. Para tanto devem
ser considerados como balneários aqueles que os órgãos públicos fazem e publicam regularmente
boletins de balneabilidade
Os limites dos distanciamentos das poligonais ambientais com relação às captações, balneários e
clubes náuticos ficarão vinculados ao monitoramento da pluma de dispersão originada pela
atividade.
O ZEE-RS em elaboração fornecerá informações complementares e atuais da
hidrossedimentodologia, Mineralogia Detrítica, Ecobatimetria e Perfis de Sísmica de Reflexão,
padrões de onda e de correntes e cenários do Lago, que deverão ser considerados e realizada nova
avaliação.
Afastamento de 100 (cem) metros de cada lado dos emissários e da Hidrovia estabelecida pelo
SPH.
113
Nas áreas de 10 km no entorno dos Parques e Unidades de Conservação a mineração deverá ter a
anuência dos gestores destas Unidades.
CONDIÇÕES E RESTRIÇÕES QUE DEVERÃO CONSTAR NO LICENCIAMENTO
a. Batimetria: Caracterização geológica da jazida, incluindo dados sobre volume da reserva
existente e caracterização do minério;
b. Determinação do substrato rochoso (bedrock): consiste na determinação do leito estável do
rio (bedrock) por métodos de investigação direto (sondagem) e/ou indireto (geofísico).
c. Caracterização dos sedimentos a serem dragados. Deverá ser feita a avaliação geoquímica
dos sedimentos de fundo.
Haja vista a inexistência na Legislação Nacional de limites legais, ou seja, padrões específicos na
caracterização dos sedimentos que serão minerados recomenda-se utilizar a RESOLUÇÃO do
CONAMA Nº 454, DE 01 DE NOVEMBRO DE 2012. Esta Resolução estabelece as diretrizes
gerais e os procedimentos referenciais para o gerenciamento do material a ser dragado em águas
sob jurisdição nacional.
Artigo 2º.
IX - gerenciamento do material a ser dragado: procedimentos integrados que incluem a
caracterização, avaliação, classificação e disposição do material a ser dragado, bem como
monitoramento dos seus efeitos na área de disposição, considerando aspectos tecnológicos,
econômicos e ambientais;
Art. 10º. Após a caracterização química do material a ser dragado, proceder-se-á sua classificação
química, para fins de avaliar as condições de sua disposição observando os seguintes critérios:
II - para avaliação das alternativas de disposição em águas sob jurisdição nacional, os resultados da
caracterização química devem ser comparados com os valores orientadores previstos na Tabela III
do Anexo desta Resolução e classificados em dois níveis:
a. Nível 1- limiar abaixo do qual há menor probabilidade de efeitos adversos à biota;
b. Nível 2 - limiar acima do qual há maior probabilidade de efeitos adversos à biota.
114
HIDROSSEDIMENTOMETRIA E HIDRODINÂMICA
A associação de empreendedores do ramo pode legitimar o custeio dos estudos para que seja efetuada
a determinação do volume de areia que aporta anualmente a cada segmento do Lago, a partir de
características físicas do depósito sedimentar e de equações que relacionem as variáveis do
escoamento – vazão, velocidade, profundidade, declividade da linha de água, largura do rio – com a
taxa de transporte dos sedimentos.
Considerando que a quantidade de material transportado depende das variáveis de escoamento,
especialmente da vazão, a estimativa do aporte anual de sedimentos deverá considerar, também, a
variação de valores, integrando-se os volumes transportados ao longo dos anos. Este período de tempo
deve ser representativo do regime hidrológico do rio e das variações resultantes da sazonalidade.
Deverá ser feita determinação do volume de sedimentos na foz dos principais afluentes do Lago
Guaíba.
Os cálculos deverão ser realizados utilizando modelagem matemática do comportamento
hidrodinâmico e hidrossedimentométrico do rio. Esta modelagem deverá identificar os volumes de
sedimentos aportados anualmente e as zonas preferenciais de deposição dos sedimentos, abrangendo:
a) análise hidrossedimentológica, através da avaliação de vazões, correntes, declividade da linha de
água e do suprimento;
b) medidas das vazões líquidas e das descargas sólidas associadas dos principais afluentes deste trecho;
c) avaliação preliminar das taxas de aporte de sedimentos para a área estudada.
PROGNÓSTICO E SIMULAÇÃO HIDROSSEDIMENTOMÉTRICA E HIDRODINÂMICA
Este item contempla cenários de simulação dos estudos hidrossedimentométricos e hidrodinâmicos do
Lago.
PROGNÓSTICO E SIMULAÇÃO DA EROSÃO DAS MARGENS
Este prognóstico, a ser executado através da associação de simulações hidrodinâmicas, contempla a
determinação de zonas e graus de risco hidrodinâmico para as margens e estruturas que potencialmente
possam ser afetadas pela ação antrópica e hidrodinâmica natural.
Nessas simulações, podem ser mapeadas zonas onde a mineração pode ser permitida, permitida com
restrições ou proibida, de acordo com o grau de risco às margens.
Este Estudo deverá ser realizado via convênio com a Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
115
Fiscalização:
a. Todo processo de mineração: dragas, jazidas e terminais hidroviários de minérios
fiscalizados através de sistema de Rastreamento via satélite.
Meio Biótico
Quanto às restrições:
Com base nos estudos levantados, as seguintes áreas e períodos devem ser restritos de atividade de
mineração:
As atividades de extração durante os períodos de defeso, ocorrentes de 01 de novembro à 31 de
janeiro do próximo ano, deverão ser suspensas, auxiliando na recuperação dos estoques pesqueiros
durante a fase de reprodução, desova e desenvolvimento dos alevinos;
Não poderá ocorrer mineração na área de ligação entre o lago Guaíba e a laguna dos Patos, por
tratar-se de área de passagem de espécies de relevante interesse ambiental. Inicialmente a área
protegida contempla uma metragem de aproximadamente 6.000m de comprimento 5.500m de
largura e poderá ser alterada conforme os monitoramentos biológicos do lago;
Não poderá ocorrer mineração na área próxima ou interna ao delta do rio Jacuí por tratar-se de área
de alimentação e crescimento de espécies de peixes de água doce. Estes locais compreendem áreas
de crescimento de espécies de peixes de água doce (p.ex. piava - Leporinus obtusidens), inclusive
de importância comercial e ameaçadas de extinção (dourado – Salminus brasiliensis);
Não poderá ocorrer mineração na área próxima ou interna aos juncais (Schoenoplectus
californicus). São áreas que propiciam abrigo para a desova e reprodução de peixes de água doce
(p.ex. peixes-rei – Odontesthes spp. e traíra –Hoplias malabaricus) e devem ser preservadas
Quanto ao monitoramento apontado pelos estudos levantados:
Todas as coletas de dados realizadas pelos empreendedores deverão utilizar a mesma
metodologia contida neste relatório. Esta media possibilita o cruzamento de informações e
116
melhor conhecimento do Lago e de seu comportamento ao antropismo causado pela extração
de areia;
Todas as embarcações deverão possuir sistema de rastreamento via satélite com desligamento
automático das bombas de sucção, pois é uma ferramenta importante para garantir a não
intervenção nas áreas de restrições e controle;
Deverão ser restrito de atividades as áreas interiores de Unidades de Conservações e a operação
dentro da área de 10km deverá estar vinculada a autorização do respectivo gestor, bem como
adoção das medidas protetivas por ele mencionadas;
Seguem as metodologias específicas indicadas para cada grupo da biota aquática;
Quanto à periodicidade dos monitoramentos - Considera-se pertinente a
realização de campanhas sazonais durante o primeiro ano de monitoramento
para todos os grupos bióticos selecionados e posterior avaliação dos dados
podendo seguir-se com as campanhas sazonais ou alterando a periodicidade para
campanhas semestrais;
Quanto aos números de pontos amostrais na Área de Influência Indireta – AII -
Inicialmente sugere-se que sejam contemplados pontos controle, ou seja,
que não pertençam à área diretamente afetada pela extração de areia. Estes
pontos devem estar alocados de maneira a contemplar áreas de canal e margem
do Lago Guaíba em um raio de distância das áreas de interesse de no máximo 10
km. Estes pontos podem ser os mesmos para todos os pedidos de licença
solicitados, desta forma, a associação de empreendedores do ramo pode
legitimar o custeio dos estudos;
o Quanto aos números de pontos amostrais na Área de Influência Direta – AID-Como as
áreas para extração terão dimensões variadas, na tentativa de padronizar a coleta de
dados sugere-se que a cada 01km² sejam efetuados 02 pontos de amostragem para cada
um dos grupos pertencentes à Biota Aquática;
Quanto aos Fitoplânctons- As coletas deverão ser diurnas, preferencialmente ocorrentes entre
o período das 11h às 16h devido a maior intensidade de luz solar no corpo d’água. Serão
117
realizadas amostragens em dois estratos: superfície e fundo através de uma rede modelo
cônico-cilíndrico com malha de 20 micra (Limnotec), bóia e peso compatíveis. A rede
permanecerá fixada à embarcação e ficará exposta contra a correnteza por aproximadamente
15minutos em cada um dos estratos. Se não houver corrente de água suficiente, padronizar a
velocidade mínima da embarcação e locomover-se pelo período de exposição determinado. As
amostras contidas no copo coletor serão fixadas em formalina neutralizada a 2%;
Para a triagem, ocorrerá a homogeneização da amostra através da agitação do frasco. Como a
amostra encontra-se concentrada, será separado 01mL para ser analisado em uma câmara de
Sedgewick Hafter. A triagem e identificação ocorrerá sob microscópio invertido, visando a
coleta de informações quantitativas e qualitativas. Para garantir o bom aproveitamento
qualitativo da amostra ainda serão analisadas mais quatro câmaras totalizando 05mL. Os
organismos encontrados serão contabilizados e identificados até gênero, através de bibliografia
especializada como Komarek e Foot (1983), Komárek e Anagnostidis (1999), Komárek (2003),
Komárek et al. (2003), Round et al. (1990), Krammer e Lange-Bertalot (1986), Krammer e
Lange-Bertalot (1988);
Quanto aos Zooplânctos- As coletas de zooplâncton deverão ser diurnas, preferencialmente
realizadas entre o período das 11h às 16h. Deverão ser amostrados dois estratos da coluna da
água: superfície e fundo através de uma rede modelo cônico-cilíndrico com malha de 100 micra
(Limnotec), boias e pesos adicionáveis. A rede permanecerá fixada à embarcação e ficará
exposta contra a correnteza por aproximadamente 15minutos em cada um dos estratos. Se não
houver corrente de água suficiente, padronizar a velocidade mínima da embarcação e
locomover-se pelo período de exposição determinado. O material coletado será acondicionado
em frascos de polietileno devidamente etiquetados e fixados em solução de formalina a 4%.
A composição zooplanctônica será avaliada utilizando-se lâminas e lamínulas comuns,
microscópio estereoscópico, microscópio óptico e registro de imagens. A identificação das
espécies será realizada com auxílio de literatura especializada: Koste (1978) e Nogrady e
Segers (2002) para Rotifera; El Moor-Loureiro (1997) e Gazulha (2012) para Cladocera;
Dussart e Defaye (1995) e Gazulha (2012) para Copepoda. Rotíferos e microcrustáceos
(cladóceros e copépodos) serão, sempre que possível, identificados em nível de espécie. Já o
118
protozooplâncton (ciliados e amebas testáceos) e demais componentes da comunidade serão
descritos somente como grupos sistemáticos.
Quanto aos Invertebrados Bentônicos- As amostragens deverão ser realizadas através de uma
draga do tipo Van Veen. Neste caso, três sub-amostras de substrato serão coletadas em cada
ponto amostral por remoção, ou seja, por coletas sucessivas no mesmo local (BICUDO &
BICUDO 2004) a partir da embarcação. A variação no esforço de amostragem é necessária
para assegurar uma medida representativa da riqueza total e composição de macroinvertebrados
de cada área (GOTELLI & COLWELL, 2001) priorizando-se o substrato justamente por tratar-
se de organismos que vivem sob ou sobre o mesmo. No caso de pontos amostrais marginais,
deverão ser incluídas 03 varreduras com rede entomológica do tipo puçá principalmente entre
plantas aquáticas, troncos e/ou substratos mais rasos. As amostras de macroinvertebrados serão
acondicionadas e fixadas em formalina 10%. Não serão realizadas coletas em outros estratos
(superfície ou meio) porque os poucos registros para o grupo de bentônicos é caracterizado pela
presença de exúvias à deriva e organismos muito jovens, de dimensão reduzida e hábito
planctônico que, neste caso acabam integrando componentes da fauna zooplanctônica como
larvas de Mollusca e Nematoda.
As amostras deverão ser lavadas em uma peneira de 250μm para retirar folhas, caules e outros
detritos. Os macroinvertebrados serão separados e identificados em nível de família ou gênero
(quando possível) de acordo com Lopretto e Tell (1995), Merritt e Cummins (1996), Fernández
e Dominguez (2001) e outros.
As atividades de mineração deverão ser suspensa caso ocorra a presença de invertebrados
bentônicos descrito na lista vermelha, com atenção especial para a possível ocorrência das
seguintes espécies: Anodontites iheringi e Mycetopoda legumen (vulnerável); Leila
blainvilliana, Diplodon koseritzi e D. iheringi (em perigo);
Quanto à ictiofauna- Deverão ser realizadas amostragens mensalmente nos meses de
reprodução da maioria das espécies de peixes (de novembro a março) além de amostragens
bimensais representando os meses de outono e inverno, com coletas previstas para os meses de
maio e agosto. As amostragens deverão ser realizadas com baterias de redes de espera de
119
diferentes malhagens (redes de 20 x 1,5m e 1,5, 2,5, 3,5, 4,5 e 6,0cm entrenós adjacentes) e
arrastos de margem em pontos de especial interesse a serem definidos durante a primeira
campanha de amostragens. As redes deverão ficar expostas por um período mínimo de 6hs. Os
pontos de amostragem devem ser localizados dentro da área a ser minerada, considerando os
diferentes ambientes incluídos na mesma, além de pelo menos um ponto controle em área o
mais livre possível de alteração por ação antrópica;
Os espécimes capturados deverão ser triados, identificados em nível de espécie e quantificados
por ponto e evento de coleta e soltos, salvo exceções de coleta para atendimento de
condicionantes específicas. A composição da ictiofauna em cada ponto e evento de
amostragens deverá ser analisada segundo os índices de Constância de Ocorrência, Diversidade
de Espécies de Shannon & Wiener, Grau de Dominância de Simpson e Equitabilidade;
Para a avaliação da taxocenose de peixes quanto à ocorrência de possíveis anomalias
morfológicas (displasias e neoplasias), os exemplares deverão ser individualmente analisados
visando a observação de deformidades físicas (displasias) e tumores (neoplasias) observados
externamente nos olhos, pele, escamas, coluna vertebral, ossos do crânio e nadadeiras.
Diferentes contaminantes podem ocasionar diversas respostas em um mesmo organismo,
agindo sobre tecidos ou órgãos distintos e particulares. Sendo assim, ocorrências de displasias
ou neoplasias devem ser registradas e analisadas separadamente de acordo com o órgão ou
tecido afetado, sendo classificadas e agrupadas em categorias. Os resultados obtidos deverão
ser analisados por ponto de coleta, evento e espécie, testando a significância do número e tipo
de anomalias registradas para cada um destes parâmetros;
Para o acompanhamento do ciclo reprodutivo, deverão ser selecionadas duas ou mais espécies
dentre as mais constantes em todos os pontos de coleta e que apresentem usos de hábitat
distintos, como espécies que vivem junto ao fundo e que se deslocam por toda coluna d'água. O
ciclo reprodutivo deverá ser acompanhado através do cálculo do Índice Gonadossomático
(IGS) e da distribuição das frequências de indivíduos em diferentes etapas de maturação
gonadal. A proporção de machos e fêmeas nos diferentes pontos e eventos de coleta também
deverá ser acompanhada. Exemplares das espécies selecionadas para o acompanhamento
120
reprodutivo deverão selecionados para a análise histológica das gônadas, visando um melhor
acompanhamento do desenvolvimento e definição de etapas de maturação gonadal, além da
investigação de presença de formações anômalas, neoplasias ou atresia massiva nas gônadas.
Poderão ser selecionados aleatoriamente cinco exemplares de cada espécie por ponto de coleta
(quando o número amostral permitir);
Os monitoramentos de fauna terrestre e semi aquática deverão ser realizados pelos
empreendimentos cujo poligonal ambiental licenciada localiza-se frontalmente ás margens.
Considera-se como área passível de influência da atividade sobre a fauna, a distância de até
dois quilômetros em relação ao perímetro de extração de cada empreendimento;
Quanto à herpetofauna - A metodologia utilizada no monitoramento constitui-se de pontos de
escuta (para anfíbios) e busca ativa por encontros visuais (para répteis e anfíbios). A
nomenclatura científica e a ordenação taxonômica das espécies deverão seguir a classificação
atualmente utilizada pela Sociedade Brasileira de Herpetologia para anfíbios (SBH, 2012a) e
répteis (SBH, 2012b)
Pontos de escuta: conforme mencionado anteriormente, para monitoramento dos anfíbios será
utilizada a metodologia de pontos de escuta de HEYER et al. (1994). Deste modo, a unidade de
esforço será de um transecto de 500 metros de extensão, no qual serão distribuídos um ponto de
escuta a cada 100 metros (05 pontos/transecto). Os transectos deverão ser percorridos a noite,
visando registrar as espécies em atividade de vocalização. A quantificação dos registros vocais
será aferida a partir da consideração do número mínimo de indivíduos em atividade/ponto;
Busca ativa: conforme supracitado, a unidade de esforço para busca ativa corresponderá a um
transecto de 500 metros de extensão. Para tanto, são vasculhados todos os microhábitats que
podem ser utilizados como abrigo ou área de forrageio por este grupo, tais como a margem de
corpos d’água, dentro de gravatás e bromélias, embaixo de troncos ou pedras, tocas ou
materiais de origem humana (entulhos, telhas, caliça). Os transectos deverão ser percorridos
durante o dia, visando registrar as espécies em atividade ou abrigo. A quantificação dos
registros será aferida a partir da consideração do número mínimo de indivíduos por transecto
121
Quanto à avifauna- A ordenação taxonômica e a nomenclatura vernácula para as espécies
citadas deverão seguir o Comitê Brasileiro de Registros Ornitológicos (CBRO, 2014). O
monitoramento da avifauna deverá ser realizado através da seguinte técnica amostral:
Transectos lineares: a unidade de esforço para busca ativa corresponderá a um transecto de 500
metros de extensão. Durante o percurso serão adotados todos os indivíduos registrados por
contato visual ou auditivo. A abundância de cada espécie será apresentada através do Índice
Quilométrico de Abundância (IQA), que é igual ao número de contatos obtido dividido pela
distância percorrida (ALEIXO & VIELLIARD, 1995);
Quanto à mastofauna- A nomenclatura e a ordenação taxonômica deverão seguir WILSON &
REEDER (2005), sendo as atualizações discutidas e expostas ao longo do texto. As técnicas de
amostragem deverão priorizar a ocorrência de mamíferos de médio ou grande porte, cujo peso
médio do indivíduo adulto ultrapassa um quilo.
Transectos lineares: a unidade de esforço para busca ativa corresponderá a um transecto de 500
metros de extensão, realizado em período crepuscular. Na execução deste método, será
efetivada a busca visual (determinação direta) por espécimes encontrados em atividade ou em
refúgios. Paralelamente será realizada a busca por vestígios, como pegadas, marcas e padrão de
mordidas em frutos secos, marcas odoríferas, tocas e fezes (determinação indireta), segundo
BECKER & DALPONTE (1991) e OLIVEIRA & CASSARO (2005).
Laudo técnico conclusivo sobre os monitoramentos e eventuais impactos causados pela
mineração de areia no lago Guaíba, bem como sugestões de medidas mitigatórias e novas
restrições. Todas as informações técnicas acima elencadas deverão estar acompanhadas da
ART (Anotação de Responsabilidade Técnica) do profissional responsável.
122
CONCLUSÃO
Mapa com o Resultado da Análise Integrada
123
EQUIPE TÉCNICA
Pela SEMA:
Analista Andrea Garcia de Oliveira
Analista Luciano Pazinato Martins
Analista Renato João Zucchetti
Analista Mauricio Colombo
Analista Emerson Klimach dos Santos
DRH Fernando Setembrino Cruz Meirelles
Pelo Comitê do Lago Guaíba:
Alpha da Rosa Teixeira
Kelli Nascimentos Andrade
Konnie Peuker
Márcia Eliana de Souza Correa
FEE – Fundação de Economia Estatística
Daiane Meneses
Gisele Ferreira
124
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