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Druval Santos de Sá Prototipagem de dispositivos micro- e mesofluídicos para a fotodegradação de compostos orgânicos em fluxo catalisados com TiO2 Dissertação de Mestrado Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Química da PUC-Rio. Orientador: Prof. Omar Pandoli Coorientador: Prof. Tomasso Del Rosso Rio de Janeiro Março de 2016

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Druval Santos de Sá

Prototipagem de dispositivos micro- e

mesofluídicos para a fotodegradação

de compostos orgânicos em fluxo

catalisados com TiO2

Dissertação de Mestrado

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do título de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Química da PUC-Rio.

Orientador: Prof. Omar Pandoli

Coorientador: Prof. Tomasso Del Rosso

Rio de Janeiro

Março de 2016

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Druval Santos de Sá

Prototipagem de dispositivos micro- e mesofluídicos para a fotodegradação de compostos orgânicos em fluxo catalisados com TiO2

Dissertação apresentada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre pelo Programa de Pós-Graduação em Química da PUC-Rio. Aprovada pela Comissão Examinadora abaixo assinada.

Prof. Omar Pandoli Orientador

Departamento de Química - PUC-Rio

Prof. Tomasso Del Rosso Coorientador

Departamento de Física - PUC-Rio

Prof. Ricardo Queiroz Aucélio Departamento de Química - PUC-Rio

Prof. Pierre M. Esteves

UFRJ

Prof. Rodrigo Octavio Mendonça Alves de Souza UFRJ

Prof. Alessandro Kappel Jordão

UEZO

Prof. Márcio da Silveira Carvalho Coordenador Setorial do Centro

Técnico-Científico – PUC-Rio

Rio de Janeiro, 28 de março de 2016

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Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução

total ou parcial do trabalho sem autorização da

universidade, do autor e do orientador.

Druval Santos de Sá

Graduou-se em Licenciatura Química pela Universidade

Federal do Pará (UFPA-MARABÁ) em 2013. Possui

experiência em Química de Produtos Naturais com ênfase

em isolamento de metabólitos secundários de plantas.

Ficha Catalográfica

De Sá, Druval Santos

Prototipagem de dispositivos micro- e

mesofluídicos para a fotodegradação de compostos orgânicos em fluxo catalisados com TiO2/ Druval Santos de Sá; orientador: Omar Pandoli; Coorientador: Tomasso Del Rosso – 2016.

123 f. : il. color. ; 30 cm Dissertação (mestrado)–Pontifícia Universidade

Católica do Rio de Janeiro, Departamento de Química, 2016.

Inclui bibliografia

1. Química – Teses. 2. TiO2. 3. Microfluídica. 4. Micro-mesorreatores. 5. Prototipagem. 6. Fotocatálise. I. Pandoli, Omar. II. Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Departamento de Química. III. Título.

CDD: 540

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Dedico este trabalho aos meus pais,

Nair Santos de Sá e José Cardoso de

Sá e aos meus irmãos e sobrinhos.

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Agradecimentos

A Deus, primeiramente, por ter me dado a vida e a oportunidade de cursar esse

mestrado.

Aos professores PhD. Omar Pandoli e Tomasso Del Rosso, pela orientação e co-

orientação concedida, incentivo, apoio, amizade e dedicação;

Aos membros da banca prof. Ricardo Aucélio, Pierre Esteves, Rodrigo de Souza

e Alessandro Jordão, pela disponibilidade e por terem aceitado o convite para

participar da banca;

Aos meus país, Nair Santos de Sá e José Cardoso de Sá e irmãos pelo apoio, amor,

paciência e incentivo;

Aos meus sobrinhos Sílvia, Aldair, Karine, Tamires, Jhonathan, Francinalra,

Marcos Guilherme, Herberth e Eshley, por trazerem alegria e me fazerem o tio

mais orgulhoso do mundo.

À Professora Marlene Penalva pelo apoio, amizade e incentivo em todas as

decisões acadêmicas tomadas.

A todos meus amigos da Escola Maria da Glória pelo apoio, incentivo e amizade.

À Poliana de Souza pelo incentivo, amizade e por ter me sido a principal

responsável pelo interesse em uma pós-graduação.

Aos Professores Sebastião e Simone pela amizade e pelas cartas de referência

disponibilizadas para ingresso neste programa de pós-graduação.

À Professora Marilene Nunes pela amizade, incentivo, conhecimentos e conselhos

precisos passados a mim durante o nível superior.

À Elineide e Jéssica pela amizade, carinho e incentivo.

A todos os amigos do curso de pós-graduação: Luíza, Marlin, Wenndy, Wendy,

Carlos, Carol, Paulo, Rosângela, Maria Fernanda, Maurício e Stephany.

Às minhas grandes amigas e irmãs Joseany de Almeida e Raquel Martins pela

amizade e incondicional apoio e carinho, por me tornarem parte de suas famílias.

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Aos meus Amigos e irmão Leonardo Montalvão e Leonardo Ewbank, por estarem

comigo em todos os momentos e por compartilharem o conhecimento e

sentimentos, importantes para a vida.

Aos meus amigos Zilma, Jazana, Tallys, Uelque, Andréia, Joel Lucas, Zélia,

Renato e Adriano, pelo incentivo, amizade e apoio quando precisei.

Ao meu melhor amigo Anderson Carvalho pela amizade construída e por ser a

minha referência acadêmica.

À minha melhor amiga Carol Barnabé pelo companheirismo, amizade, incentivo,

apoio e dedicação.

À minha melhor amiga Grazielle, por todo o combustível emocional e acadêmico

dado durante esses dois anos e por estar presente nos instantes fundamentais desse

processo.

Ao meu melhor amigo Maickol pelo incentivo, irmandade e presença constante

em todos os momentos deste mestrado.

Ao meu melhor amigo Wasley Marques, por me auxiliar nos momentos ruins, por

me ouvir, incentivar e tornar tudo mais compreensível e decifrável aos olhos do

conhecimento.

À Fátima pelo apoio dado durante estes 2 anos.

À Marízia Rabelo por ter contribuído em meu crescimento pessoal, emocional e

profissional e por ter me conduzido até este sonho.

À minha mãe, em especial, pela responsabilidade, amor, fidelidade, honestidade

e valores passados a mim e aos meus irmãos e principalmente por ser a minha

incentivadora e a Melhor Mãe do Mundo.

Enfim, a todas as pessoas que passaram na minha vida e me influenciaram de

alguma forma a buscar o conhecimento.

À PUC-Rio, pela oportunidade de realizar um curso de pós-graduação

À FAPERJ e à CAPES pelo apoio financeiro concedido.

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Resumo

De Sá, Druval Santos; Pandoli, Omar; Del Rosso, Tomasso. Prototipagem

de dispositivos micro- e mesofluídicos para a fotodegradação de

compostos orgânicos em fluxo catalisados com TiO2. Rio de Janeiro, 2016.

123p. Dissertação de Mestrado - Departamento de Química, Pontifícia

Universidade Católica do Rio de Janeiro.

Na presente dissertação, dispositivos meso- e microfluídicos foram

desenvolvidos para fotodegradação de compostos orgânicos: rodamina B, azul de

metileno e fenol. Dispositivos mesofluídicos de diferentes volumes internos

foram desenvolvidos a partir do polímero termoplástico (colocar o nome completo

(PEEK) pela técnica de forjamento com fresa (1000 µL e 800 µL) e por impressão

digital 3D de uma resina fotosensível (500 µL), enquanto os microrreatores

(individual e duplo) foram desenvolvidos por uma técnica de prototipagem rápida

a partir de réplica de molde com um polímero elastômero polidimetilsiloxano

(PDMS). A caracterização química do compósito fotocatalítico PDMS/TiO2 foi

realizada por Microscopia Confocal Raman, Microscopia Electrónica de

Varrimento (MEV) e Espectroscopia de raios X por dispersão em energia (EDX

ou EDS). A atividade fotocatalítica dos dispositivos na presença do compósito

PDMS/TiO2 foi avaliada por espectroscopia UV-VIS monitorando a variação da

intensidade das bandas de absorção de cada composto orgânico em exame. As

soluções foram injetadas com dois sistemas de injeção, bomba seringa e bomba

peristáltica, e irradiadas com luz UV 365 nm com potência de 12.5 mW cm-2. Em

16 h com uma velocidade de fluxo 0,05 mL min-1 uma solução de rodamina B (10-

5 mol L-1) foi fotodegradada 95,7% e 43,6%, respetivamente no microrreator

individual e mesorreator fotocatalíticos (800 µL). Um incremento da atividade

fotocatalítica com velocidade de fluxo de 0,4 mL min-1 foi observado com

microrreatores duplos os quais mostraram uma fotodegradação de 99,6% para

rodamina B (10-5 mol L-1) e 100% para o azul de metileno (2,7 × 10-5 mol L-1),

respetivamente em 8 e 2 h. A fotodegradação do fenol (4,2 × 10-5 mol L-1) atingiu

o 72,2% em 16 h. Os mesorreatores apresentaram uma atividade fotocatalítica

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inferior aos microrreatores, destacando-se entre eles o mesorreator com a menor

capacidade volumétrica de 500 µL. Os resultados apresentados mostraram uma

potencial utilização destes dispositivos em testes de atividade fotocatalíticas de

novos fotocatalisadores não comerciais. Em particular os microrreatores com

maior superfície fotocatalíticas se mostraram potencialmente eficientes para

fotoxidação de moléculas orgânicas. A rápida e barata prototipagem de meso- e

microrreatores foi desenvolvida sem a necessidade de uma sala limpa ou

equipamentos caros o que permite o planejamento de atividades de ensino e

pesquisa na área de modelagem de dispositivo e química em fluxo continuo.

Palavras-chave

TiO2; microfluídica; micro- mesorreatores; prototipagem; fotocatálise;

química em fluxo.

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Abstract

De Sá, Druval Santos; Pandoli, Omar (Advisor); Del Rosso, Tomasso (Co-

advisor). Prototyping of micro and mesofluidic devices for

photodegradation of organic compounds in continuous-flow with TiO2.

Rio de Janeiro, 2016. 123p. MSc. Dissertation - Departamento de Química,

Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro.

In this dissertation, meso- and micro-reactor devices were fabricated

homemade for photodegradation of organic compounds: rhodamine B, methylen

blue and phenol. The prototyping of meso-reactors with three different internal

volumes were obtained with two techniques: a top-down rotary cutter of

thermoplastic polyetheretherketone (1000 µL and 800 µL) and a bottom-up 3D

digital printing of photosensitive resin (500 µL). The prototyping of microreactor

(single and double) was done with an elastomer polymer, polydimetil syloxane

(PDMS), by mean of replica molding technique. The photocatalytic composite

(PDMS/TiO2) characterization was performed by confocal Raman microscopy,

scanning electron microscopy (SEM) and energy dispersive X-ray spectroscopy

(EDS). The photocatalytic activity of the devices in the presence of the engineered

composite PDMS/TiO2 was monitored by UV-VIS spectroscopy observing the

degradation of organic compounds. The solutions were flowed with two pumping

systems, peristaltic and syringe pumps, under a 365 nm UV LED at 12.5 mW cm-

2 of power. In 16 hours and flow injection at 0,05 mL min-1, rhodamine B solution

(10-5 mol L-1) was photodegraded up to 95,7% and 43,6%, respectively in the

single microreactor and mesoreactor. The increase of the photocatalytic activity

with a flow rate of 0,4 mL min-1 was observed with double microreactors, whom

were able to photodegrade 99,6% of rhodamine B (10-5 mol L-1) and 100% of

methylen blue (2,7 × 10-5 mol L-1), in 8 and 2 hours respectively. The

photodegradation of phenol (4,2 × 10-5 mol L-1) reached 72,2% in 16 hours. The

mesoreactor showed a photocatalytic activity lower respect the microreactor,

nevertheless among them the mesoreactor with the smallest internal volume of

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500 µL proved the higher photodegradation against the organic compound. These

results pave out the potential use of these devices for photocatalytic tests of new

homemade photocatalysts. In particular, the microreactor with higher

photocatalytic surface might be useful for efficient photoxidation of organic

molecules. The fast and cheap prototyping of photocatalytic devices was

developed without expensive facilities and cleanroom, which allows the

management of didactic and research activities for the development of new flow

reactor design and flow chemistry.

Keywords

TiO2; microfluidic; micro- mesoreactor prototyping; photocatalyst; flow

chemistry

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Sumário

1 Contextualização do trabalho 22

2 Objetivos 24

2.1. Objetivo geral 24

2.2. Objetivos específicos 24

3 Introdução 25

3.1. Fluxo contínuo versus Batelada 25

3.1.1. Microrreatores e Mesorreatores 28

3.2. Prototipagem de Microrreatores 34

3.2.1. Polidimetilsiloxano (PDMS) 38

3.3. Catálise 39

3.3.1. Catálise Homogênea e Heterogênea 40

3.3.2. Catalisadores suportados 41

3.3.3. Processos Oxidativos Avançados 43

3.3.3.1. Fotocatálise heterogênea 43

3.3.3.2. Fatores que influenciam no processo de fotocatálise 46

3.3.3.3. Dióxido de Titânio (TiO2) 49

3.3.3.4. Contaminantes orgânicos 51

4 Materiais, Instrumentação e Procedimentos Experimentais. 57

4.1. Materiais e Reagentes 57

4.1.1. Reagentes 57

4.1.2. Materiais 58

4.2. Equipamentos 58

4.3. Procedimentos Experimentais 59

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4.3.1. Prototipagem de microrreator PDMS/TiO2-PDMS. 59

4.3.1.1. Microrreator duplo de PDMS/TiO2-PDMS. 64

4.3.1.2. Controle 64

4.3.2. Prototipagem mesorreator Vidro/PEEK/PDMS/TiO2 64

4.3.3. Caracterização do compósito PDMS/TiO2 67

4.3.4. Procedimento de medição espectrofotométrica do

processo de fotodegradação 68

4.3.5. Avaliação do desempenho dos dispositivos micro- e

mesofluídicos 68

4.3.5.1. Preparo das soluções para avaliação fotocatalítica 68

4.3.5.1.1. Suspensão de TiO2 1% m/v 69

4.3.5.1.2. Preparo das soluções de rodamina B 69

4.3.5.1.3. Preparo das soluções de Azul de Metileno 69

4.3.5.1.4. Preparo das soluções de Fenol 69

4.3.5.2. Teste de atividade fotocatalítica em microrreator

individual e mesorreator (800 µL) 70

4.3.5.3. Efeito da capacidade volumétrica no processo

fotocatalítico em mesorreatores 72

4.3.5.4. Microrreator duplo 72

4.3.5.4.1. Teste de resistência mecânica da selagem do

microrreator duplo 72

4.3.5.4.2 Avaliação da atividade fotocatalítica em dispositivo

duplo 73

4.3.5.4.3. Degradação em Batelada versus microrreator duplo 73

4.3.5.4. Efeito da concentração 74

4.3.5.5. Avaliação da durabilidade fotocatalítica do PDMS/TiO2

ao longo do tempo 74

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5 Resultados e discussão 76

5.1. Prototipagem de micro- e mesorreatores 76

5.2. Caracterização do compósito PDMS/TiO2 79

5.3. Estudo da atividade fotocatalítica 84

5.3.1 Estudo comparativo de dispositivos meso- e microfluídicos

para fotodegradação de Rodamina 85

5.3.2. Avaliação da velocidade de fluxo e atividade fotocatalítica

em sistemas mesofluídicos com Rodamina B. 92

5.3.3. Avaliação fotocatalítica em microrreator duplo 96

5.3.3.1. Teste de resistência mecânica da selagem do

microrreator duplo 96

5.3.3.2. Estudo Comparativo da atividade fotocatalítica do

microrreator duplo em relação à batelada 99

5.3.3.3. Efeito da concentração inicial 102

5.3.4. Durabilidade da atividade fotocatalítica 104

5.3.5. Avaliação fotocatalítica com Fenol 106

5.4. Aplicações indicadas 108

6 Conclusões 110

7 Etapas futuras 112

8 Referências bibliográficas 113

Anexo 122

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Lista de Figuras

Figura 1. Sistema de fluxo contínuo com mistura homogênea

dos reagentes 26

Figura 2. Reatores contínuos. (a-h) diferentes formatos e canais

microfluídicos. (i) escala volumétrica de reatores contínuos 27

Figura 3. Tipos de fluxo que podem ser obtidos de acordo com

a zona de mistura empregada 30

Figura 4. Esquematização de sistemas microfluídicos integrados

a análise de espectroscópica. A) microrreator acoplado em UV-

Vis; B) Microrreator acoplado à análise RAMAN 32

Figura 5. Fotolitografia com formação de resiste negativo e

resiste positivo 35

Figura 6. Processo de replicação de dispositivos microfluídicos

a partir de um molde mestre. A) molde mestre; B) aplicação do

polímero; c) cura térmica do polímero; D) Modelo após a cura; E)

Selagem 36

Figura 7. Estrutura do PDMS 38

Figura 8. Processo fotocatalítico na superfície do TiO2 50

Figura 9. Estrutura química da rodamina B 52

Figura 10. Possíveis produtos gerados na degradação da

rodamina B 53

Figura 11. Estrutura química do Azul de metileno 54

Figura 12. Proposta de possíveis produtos da degradação de

azul de metileno 55

Figura 13. Estrutura química do Fenol 56

Figura 14. Proposta de possíveis produtos da degradação de

fenol 56

Figura 15. Processo de prototipagem de dispositivos

microfluídico PDMS/P25-PDMS 60

Figura 16. Processo de construção do molde mestre com

microcanais impressos. (A) Lâmina de vidro limpa; (B) colagem

de 4 camadas de fita no vidro totalizando 200 µm de altura; (C)

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corte da fita com laser de CO2; (D) remoção da fita para obter o

molde mestre; (E) molde mestre 60

Figura 17. Processo de formação do modelo PDMS com

microcanais impressos: (E) Revestimento do molde mestre pela

mistura desgaseificada de PDMS e agente de cura (catalisador)

(10:1); (F) cura do polímero a 60°C durante 1 h; (G) corte e

remoção do negativo de PDMS com microcanais com relevo de

200 µm de altura; (H) PDMS com microcanais 61

Figura 18. Processo de criação da cavidade na lâmina de vidro.

A) Equipamento com fresa diamantada. B) perfuração da

cavidade desejada (1) de Ø=13 mm e h=125 µm, por abração

uma fresa diamantada sob a lamina de vidro (2) 62

Figura 19. Etapas de formação do compósito PDMS/TiO2: (α)

deposição de TiO2 (1% m/v) na área circular da lâmina de vidro;

(p) revestimento do molde com camada de TiO2 com a mistura

desgaseificada de PDMS e agente de cura (10:1); (γ) cura do

polímero a 60°C durante 1 h; (δ) remoção do compósito

fotocatalítico PDMS/TiO2 63

Figura 20. Etapas finais de prototipagem do microrreator

fotocatalítico PDMS/TiO2-PDMS: tratamento com plasma de O2

e selagem dos moldes δ e H 63

Figura 21. Construção do microrreator duplo a partir da união de

dois microrreatores individuais conectados através de uma

tubulação em ponte. Individuais 64

Figura 22. A) Desenho 3D AutoCAD e seções em prospetiva

lateral e vertical do protótipo mesorreator adaptável para

integrar uma cela de fluxo de profundidade variável de 6,0 e 8,0

mm.; B) Parte frontal com sistema de vedação para adesão dos

todos os constituintes do mesorreator; C) parte traseira do

suporte de aço com furo que permite a penetração da luz UV na

cela de fluxo até vidro frontal ou compósito fotocatalítico 66

Figura 23. Desenho SolidWork da cela de fluxo do mesorreator

de 4,0 mm de profundidade e 13 mm de diâmetro, desenvolvida

em parceria com o laboratório NEXT da PUC-Rio 67

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Figura 24. Sistema de bomba seringa com reutilização dos 10

mL da solução de rodamina 10-5 mol L-1 após cada ciclo de

fotoxidação. Ao final de 5 ciclos a solução totalizou 16 h de fluxo 71

Figura 25. Sistema de bomba peristáltica com constante

recirculo da solução do corante orgânico (sistema circular) 71

Figura 26. Sistema de degradação em batelada da solução de

rodamina B com suspensão de TiO2 (1% em etanol) 74

Figura 27. Microrreator PDMS/TiO2-PDMS flexível e com

espessura estimada entre 0,5 – 0,7 cm, largura 2,5 cm e

comprimento 7,2 cm 77

Figura 28. Microrreator PDMS/TiO2-PDMS duplo obtido pela

conexão entre dois microrreatores. A) Entrada; B) Saída 78

Figura 29. Mesorreatores fotocatalíticos constituídos por celas

de fluxo com diferentes espessuras: A) 8 mm (1000 µL); B) 6

mm (800 µL); C) 4 mm (500 µL), todas são suportadas e

vedadas por um sistema de rosca e conectadas a um sistema

de tubulação de entrada e saída 79

Figura 30. Preparação do compósito PDMS/TiO2 com raio 0,65

cm e 124 µm de altura A) placa de petri utilizada na preparação

do compósito. B) compósito PDMS/TiO2 cortado e destinado à

prototipagem de micro- e mesorreatores fotocatalíticos 80

Figura 31. Imagem MEV e espectros EDS do corte transversal

do compósito PDMS/TiO2. Na aérea marcada em verde relativa

à o suporte de PDMS, o espectro EDS apresenta o elemento Si

sem a presença de Ti, na área da protrusão marcada em azul, o

EDS, mostra a coexistência de Si e Ti 81

Figura 32. Mapeamento Raman 2D (25x25 µm) do compósito

PDMS/TiO2 sobreposta à imagem de Microscopia Óptica (90x70

µm). Espectro gerado pela integração da intensidade das

bandas espectrais Raman definidas de 133 a 143 cm-1 de TiO2

(azul) e de 695 a 710 cm-1 para PDMS (verde) 82

Figura 33. Mapeamento 3D (20 × 20 × 10 µm) com Microscopia

de Raman Confocal gerada pela integração da intensidade das

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bandas espectrais Raman definidos a partir de 133 a 143 cm-1

de TiO2 (azul) e de 695 a 710 cm-1 para PDMS (verde) 83

Figura 34. (1) Perfis espectrais da rodamina B com um λmax de

553 nm de soluções padrão de rodamina B em diferentes

concentrações (2) Curva de calibração com modelo de equação

de Y = (4,89 x 104 ± 7,2 x 102) X + 3,6 x 10-3 ± 7,2 × 10-3 e R2 =

0,999 para concentrações crescentes de rodamina B; (3) Perfis

espectrais de azul de metileno com um λmax de 663 nm de

soluções padrão de azul de metileno em diferentes

concentrações; (4) Curva de calibração com modelo de

equação de Y = (6,18 × 104 ± 1,7 × 103 mol-1) X – 3,25 x 10-2 ±

1,7 × 10-4. e R2 = 0,997 para concentrações crescentes de azul

de metileno 85

Figura 35. Espectros de absorvância UV-Vis de Rodamina B

após fotodegradação em microrreator durante: 1) 5 ciclos de

injeção (1-6) com sistema de bomba seringa; 2) injeção em

fluxo contínuo com sistema de bomba peristáltica em 16 h 86

Figura 36. Fotodegradação de solução de rodamina B, com

microrreator individual e mesorreator (800 µL) em diferentes

sistemas de bombas e UV LED. Todas as soluções foram

injetadas a uma velocidade de fluxo de 0,05 mL min-1 87

Figura 37. Perfis gráficos da variação da concentração de

rodamina B durante fotodegradação em meso- (800 µL) e

microrreator com bomba seringa após 5 ciclos, com e sem

compósito fotocatalisador, sob irradiação de luz UV a 12,5 mW

cm-2: (A) gráfico Ct/C0 vs tempo e (B) gráfico ln(C0/Ct) vs

tempo. Em vermelho são representados os testes em

microrreatores, em azul, testes com mesorreatores 90

Figura 38. Representação da capacidade volumétrica nos

dispositivos mesofluídicos dentro da cela de fluxo se

experimentam três áreas: A) região de fotólise; B) região de

fotocatálise; C) região de baixa degradação 94

Figura 39. Compósito PDMS/TiO2 após 22 h de uso com

saturação dos sítios ativos da camada de TiO2 em diferentes

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compósitos fotocatalíticos usadas em cela de fluxo de 500 µL (A),

800 µL (B) e 1000 µL (C) 95

Figura 40. Perfil cinético de primeira ordem para a degradação de

rodamina B em diferentes vazões de fluxo num microrreator

duplo: A) 0,05 mL min-1 com k= 4,7 × 10-3 min-1 (R2= 0,981) ; B)

0,10 mL min-1 com k= 9,0 × 10-3 min-1 (R2 = 0,994); C) 0,20 mL

min-1 com k= 1,0 × 10-2 min-1 (R2=0,970); D) 0,30 mL min-1 com k=

1,2 × 102 min-1(R2=0,981); E) 0,40 mL min-1 com k= 1,2 × 10-2 min-

1 (R2=0,975) 98

Figura 41. Espectros de absorvância UV-Vis de 1) azul de

metileno. a) concentração inicial de azul de metileno (2,7 × 10-5

mol L-1) ; b) Degradação após 40 min; c) Degradação após 2 h; 2)

Rodamina B a) concentração inicial (2,7 × 10-5 mol L-1 ); b)

Degradação após 3h; c) Degradação após 8 h 103

Figura 42. Gráfico de estabilidade fotocatalítica ao longo do tempo

para os diferentes dispositivos 104

Figura 43. Envenenamento do fotocatalisador. A) microrreator

individual; B) microrreator duplo 105

Figura 44. Perfil espectral de degradação de solução de fenol em

microrreator duplo. a) C0 (4,2 × 10-4 mol L-1); b) 2 h de fluxo; c) 6

h; d) 9 h; e) 16 h. O espectro Uv-Vis em vermelho referem-se a

uma solução 9,0 × 10-4 mol L-1 de hidroquinona utilizada como

referência 107

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Lista de Tabelas

Tabela 1. Aplicação de fotocatálise heterogênea com diferentes

semicondutores 45

Tabela 2.Teste de fotodegradação da solução de rodamina B na

ordem de 10-5 mol L-1 (C0) em dispositivos meso e microfluídicos

com bomba seringa após 5 ciclos a 0,05 mL min-1 (fonte de luz

UV-LED a 12,5 mW cm-2) 88

Tabela 3. Teste de fotodegradação da solução de rodamina B

na ordem de 10-5 mol L-1 (C0) em dispositivos meso e

microfluídicos com bomba peristáltica após 16 h a 0,05 mL min-1

(fonte de luz UV-LED a 12,5 mWcm-2) 89

Tabela 4. Valores em percentagem da fotodegradação de

rodamina B em regime de vazão contínua de 0,05 mL min-1 por

22 h sob irradiação UV a 12,5 mW cm-2 em três mesorreatores

fotocatalisados com diferentes volumes da cela de fluxo, 93

Tabela 5. Teste de fotodegradação da solução de rodamina B

10-5 mol L-1 (C0) em dispositivos duplos microfluídicos com

bomba seringa a diferentes velocidades de fluxo (fonte de luz

UV-LED a 12,5 mW cm-2) 97

Tabela 6. Teste de fotodegradação da solução de rodamina B

em dispositivo microfluídico duplo em bomba peristáltica e em

batelada, ambos por 8 h 100

Tabela 7. Sistemas microfluídicos à base de dióxido de titânio na

degradação de azul de metileno 101

Tabela 8. Teste de fotodegradação da solução de rodamina B

com diferentes concentrações iniciais em dispositivo

microfluídico duplo em bomba peristáltica após 8 h a 0,40

mL min-1 (fonte de luz UV-LED a 12,5 mWcm-2) 102

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Lista de Abreviaturas

λ Comprimento de onda

u. a. Unidades arbitrárias

Ø Diâmetro

k Constante cinética

PDMS Polidimetilsiloxano

AuNP Nanopartícula de ouro

MEV Microscopia Eletrônica de Varredura

EDS Energy Dispensive X-ray Spectroscopy

UV Ultravioleta

vis Visível

LED Light Emitting Diode

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Não temos nada a temer, a menos que nos

esqueçamos de como Deus nos guiou até aqui.

Ellen G. White

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1 Contextualização do trabalho

Nos últimos anos o uso de sistemas microfluídicos tem se expandido

em diferentes áreas incluindo Química, Biologia, Medicina, dentre outras,

fato este que está intrinsicamente ligado à sustentabilidade, alto

rendimento, controle de parâmetros operacionais da reação, e excelente

desempenho em trocas térmicas, proporcionados pela tecnologia

microfluídica. A natureza contínua dos processos microfluídicos amplia

ainda mais as vantagens proporcionadas por sistemas de fluxo contínuo,

tornando os microrreatores em uma alternativa muito atraente na execução

de reações químicas (MELLO, 2006; PASTRE et al., 2013; DE SOUZA &

MIRANDA, 2014).

O dióxido de titânio (TiO2), atualmente, é o material mais utilizado no

tratamento de contaminantes tóxicos em águas residuais, de origem

doméstica ou industrial, por apresentar alto desempenho fotocatalítico

quando excitado com luz ultravioleta (PANDOLI et al., 2015). Além disso,

este material possui alta estabilidade, baixo custo e não apresenta risco

para os seres humanos e o meio ambiente. Em fotocatálise heterogênea, o

processo de impregnação do semicondutor em um substrato é muito

importante por oferece como principal vantagem a eliminação das etapas

de calcinação ou separação do catalisador do meio reacional. Esse método

é importante na preparação de materiais baseados em óxidos

nanoestruturados, cerâmicas nanoporosas e materiais híbridos (GUPTA &

TRIPATHI, 2011; IBHADON & FITZPATRICK, 2013).

A combinação de sistemas microfluídicos com a catálise

heterogênea através da imobilização do TiO2 em PDMS, oferece uma

ampla possibilidade de reações químicas fotocatalisadas em fluxo

contínuo. Por esta razão, a investigação nas áreas de microfluídica e

fotocatálise heterogênea com imobilização do TiO2 em PDMS, torna-se

uma excelente alternativa para o desenvolvimento de dispositivos

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microfluídicos fotocatalíticos com alto poder de oxidação de compostos

orgânicos (GLASNOV & KAPPE, 2007), fatores estes que motivadores o

desenvolvimento da presente dissertação.

Neste trabalho, é apresentado um método de prototipagem rápida

de dispositivos meso- e microfluídicos a partir da impregnação de TiO2 em

PDMS. A caracterização do compósito PDMS/TiO2 foi realizada por

microscopia confocal Raman, Microscopia Electrónica de Varredura (SEM)

e Espectroscopia de raios X por Dispersão em energia (EDS). A rodamina

B, o azul de metileno e fenol foram escolhidos como compostos orgânicos

para determinar a eficiência fotocatalítica dos dispositivos desenvolvidos.

Os dispositivos microfluídicos e mesofluídicos foram utilizados em

reações de fotoxidação com dois corantes orgânicos (rodamina e azul de

metileno) para avaliar a atividade fotocatalítica dos mesmos. Um

acoplamento entre dois microrreatores foi realizado para obtenção de um

dispositivo com maior superfície catalítica em comparação aos dispositivos

micro individual e mesorreator. Os dispositivos duplos foram usados em

reações de fotodegradação de rodamina e azul de metileno, e em reações

de fotoxidação de fenol. Com o uso de microrreatores duplos, visou-se,

além de obter um melhor desempenho fotocatalítico, estudar os efeitos da

concentração inicial do corante, a resistência mecânica à selagem, e a

durabilidade da atividade fotocatalítica.

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2 Objetivos

2.1. Objetivo geral

Este trabalho teve como objetivo geral desenvolver uma prototipagem

de dispositivos meso- e microfluídicos com TiO2 imobilizado em PDMS para

fotodegradação de compostos orgânicos.

2.2. Objetivos específicos

Caracterizar o compósito PDMS/TiO2 por microscopia confocal

Raman, microscopia eletrônica de varredura (MEV)

Espectroscopia de raios X por dispersão em energia (EDX ou

EDS)

Avaliar o processo de selagem com teste em diferentes

velocidades de fluxo, o efeito da concentração inicial no

processo fotocatalítico e a durabilidade fotocatalítica do

compósito ao longo do tempo.

Avaliar a influência da capacidade volumétrica dos diferentes

dispositivos mesofluídicos (500, 800 e 1000 µL).

Avaliar a atividade fotocatalítica dos dispositivos meso e

microfluídicos em Reações de fotodegradação de compostos

orgânicos (Rodamina B, Azul de metileno e fenol).

Comparar o desempenho fotocatalítico entre os dispositivos

micro e mesofluídicos, em soluções aquosas de corantes

orgânicos.

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3 Introdução

Este capítulo detalha os principais assuntos relacionados com a

presente pesquisa. Assim, são desenvolvidos os conceitos e características

de sistemas em fluxo contínuo, microrreatores e mesorreatores, processos

oxidativos avançados, catálise e fotocatálise.

3.1. Fluxo contínuo versus Batelada

Um reator químico é definido como um dispositivo construído para

realizar reações sob condições controladas em relação a um produto

especificado. Um reator ideal é aquele que apresenta um sistema fechado,

com composição, temperatura e pressão uniformes para que toda a reação

ocorra de forma constante. Na prática, estas condições ideais podem

raramente ou nunca serem satisfeitas. Entretanto, para construir um reator

que opere próximo às condições ideais, duas características principais

devem ser consideradas: o modo de funcionamento e a qualidade da

mistura. De modo geral, os reatores utilizados atualmente estão

distribuídos em dois tipos de sistema reacional: batelada e fluxo contínuo

(DAVIS & DAVIS, 2003; LIU, 2013).

O reator de batelada ou descontínuo é aquele que não apresenta

entrada e saída de vazão durante a realização da reação química, ou seja,

não há fluxo interno. O uso de reatores desse tipo tem sofrido reduções

significativas nas últimas décadas devido, principalmente, ao

desenvolvimento da química em fluxo contínuo (PAMME, 2007). Em

reações sob regime de fluxo contínuo, o meio reacional flui pelos reatores

e as reações químicas ocorrem de maneira contínua com o tempo de

reação determinado pelo fluxo e volume do reator (tempo de residência)

(DE SOUZA & MIRANDA, 2014; NÉMETHNÉ-SÓVÁGÓ & BENKE, 2014).

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Como ilustrado na Figura 1, os reagentes A e B são injetados dentro de um

reator e os mesmos são misturados dentro dos canais do reator e o produto

resultante C é recolhido continuamente na saída do reator.

Figura 1. Sistema de fluxo contínuo com mistura homogênea dos

reagentes. Adaptado de NÉMETHNÉ-SÓVÁGÓ & BENKE (2014.b)

As reações em fluxo contínuo têm se destacado por apresentar

inúmeras vantagens, dentre elas, destacam-se: maior eficiência no controle

de parâmetros de reação e na mistura dos reagentes, menor custo na

otimização das condições de reação; menor número de etapas para o

escalonamento; melhor troca térmica e eficiência na mistura, menor

número de operações no isolamento do produto e tempos curtos para

análise : (MELLO, 2006; PASTRE et al., 2013; DE SOUZA & MIRANDA,

2014).

Em uma simulação de eficiência energética com um reator

descontínuo de 5 m3 sendo agitado a 500 rpm e um microrreator, o reator

descontínuo por apresentar uma considerável distância entre suas paredes

e o seu centro, apresenta gradiente, em que a temperatura mais elevada

encontra-se no centro do mesmo. Em um microrreator, o gradiente de

temperatura é muito menor, devido à proximidade do centro com as

paredes do microrreator, facilitando assim a homogeneidade da

temperatura. A formação de pontos quentes ou a acumulação de calor da

reação pode favorecer reações secundárias indesejáveis ou de

fragmentação (JUNKERS, 2016).

A qualidade da mistura é essencial para muitas reações em que a

proporção molar entre os reagentes necessita ser controlada com precisão

de modo a evitar a formação de produtos secundários. A parte central de

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qualquer microrreator é responsável pela mistura dos reagentes. O reator

descontínuo, mesmo com agitação mecânica, não possui uma mistura

eficiente de seus reagentes, visto que, o processo de homogeneização é

lento e leva muito tempo para ser concluído (JUNKERS, 2016).

A química em fluxo apresenta uma gama de diferentes reatores

tubulares de volumes de trabalho que podem variar de 15 nL a 1L, como

demonstrado na Figura 2. (MACHADO et al., 2014).

Figura 2. Reatores contínuos. (a-h) diferentes formatos e canais microfluídicos. (i) escala

volumétrica de reatores contínuos. Adaptado MACHADO et al.,(2014).

Reatores contínuos, em especial microfluídicos, podem ser utilizados

de inúmeras maneiras para o melhoramento de processos químicos

tradicionais e aumento da escala volumétrica, assim como, contribuir

significativamente para a realização de processos mais verdes e seguros

(GO WITH THE FLOW, 2013).

Wiles e colaboradores (2002) demonstraram a eficiência de

microrreatores frente ao regime em batelada, utilizando uma reação de

acilação entre um éter sililenólico de cicloexanona e fluoreto de benzoíla na

presença de fluoreto de tetrabutilamônio (TBAF) e Tetraidrofurano (THF).

A 2-benzilcicloexanona foi obtida com elevado rendimento em apenas 20

min, contrastando com a metodologia em batelada, que obteve o mesmo

rendimento em 24 h.

Em 2012, Paclawski e colaboradores, utilizaram a mesma tecnologia

na síntese de nanopartículas de ouro (AuNPs) e verificaram que o método

utilizado apresentou-se promissor para a estabilização e a preparação de

nanopartículas de ouro com forma bem definida (esferas) e com

distribuição estreita de tamanhos de 10 a 50 nm, melhores que aquelas

sintetizadas em sistemas descontínuos.

L nL Nano Micro Mini Meso Macro

15 nL – 10 µL 10 µL – 100ul 50 µL – 200 µL 100 µL – 10 mL 10mL – 1L

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Recentemente, Uson et al. (2016), apresentaram um método simples

e eficiente para a síntese de nanobastões de ouro via fluxo contínuo. O

sistema desenvolvido permitiu o controle de formação e crescimento dos

nanobastões e redução em 100 vezes no consumo de polietilenoglicol

(PEG) em comparação com as quantidades utilizadas em reatores

convencionais.

Mesmo com os avanços alcançados pelo desenvolvimento da química

em fluxo, principalmente na escala micrométrica, o regime em batelada

ainda é a principal abordagem adotada pela química orgânica, indústria de

medicamentos e indústria de produtos de química fina. Este fato se deve

ao alto custo de construção e manutenção de microrreatores e pelo fato

dos químicos orgânicos terem desenvolvido estratégias de sínteses em

regime de batelada bem-sucedidas e produtivas. Entretanto, esses

métodos desenvolvidos ao longo de 100 anos geraram muito resíduos e

devem ser adequados à nova realidade da química verde (MASON et al.,

2007).

3.1.1. Microrreatores e Mesorreatores

Os primeiros indícios para o desenvolvimento de dispositivos

microfluídicos ocorreram a partir de 1940, época em que a cromatografia

em papel era utilizada para separação de clorofila a partir de folhas de

plantas (BALLERINI; LI; SHEN, 2012). Muller et al (1949) foram os

primeiros a dar origem a canais confinados em superfícies de papel por

meio da infusão de papel de filtro com parafina. Eles usaram um molde de

metal quente para impregnar a parafina no papel de forma a criar barreiras

hidrofóbicas as quais mantinham o fluxo do fluido confinado.

Trinta anos depois, utilizando a técnica de fotolitografia, o primeiro

dispositivo Lab-on-a-chip de silicone foi criado na Universidade de Stanford

para cromatografia gasosa. Entretanto, somente no final dos anos 80 que

pesquisas importantes começaram a ser desenvolvidas, com por exemplo,

o desenvolvimento da microfluídica e a adaptação de processos de

microfabricação para a produção de chips de polímeros (ANGELL; TERRY;

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BARTH, 1983). De acordo com Valera et al., (2010), os reatores

microfluídicos conhecidos como "lab-on-a-chip" são sistemas com

estruturas tridimensionais construídos a partir de vidro, quartzo, polímeros,

ou metais, contendo microcanais na qual os fluidos podem ser manipulados

por eletrocinética, pressão, ou por fluxo de bombeamento. Segundo

Whitesides (2006), a microfluídica é a ciência/tecnologia dos sistemas que

processam ou manipulam pequenas quantidades de fluidos (10-9 a 10-18

litros), usando canais com dimensões de dezenas a centenas de

micrômetros. Tais sistemas são denominados de microrreatores fluídicos.

A natureza contínua dos processos microfluídicos amplia ainda mais

as vantagens proporcionadas por sistemas de fluxo contínuo, tornando os

microrreatores uma alternativa muito atraente na execução de reações

químicas (MACHADO et al., 2014). Diferentes regimes de fluxo podem ser

obtidos dependendo do tamanho e geometria dos canais, velocidade de

fluxo e do número de Reynolds. O número de Reynolds (Re) é um número

adimensional usado em mecânica dos fluídos para o cálculo do regime de

escoamento de determinado fluido dentro de um tubo ou sobre uma

superfície. O número de Reynolds pode ser calculado a partir da equação

1:

𝑅𝑒 = ⍴ 𝐷ℎ

𝜇

onde, ⍴ é a densidade do fluido, é a velocidade característica do fluido,

𝐷ℎ é o diâmetro hidráulico (depende da geometria da seção transversal do

canal) e 𝜇 é a viscosidade do líquido (BEEBE; MENSING; WALKER, 2002).

Dentre os tipos de fluxos, os mais comuns são a de fluxo pistão, fluxo

laminar, e fluxo turbulento, como ilustrado na Figura 3.

(1)

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Figura 3. Tipos de fluxo que podem ser obtidos de acordo com a zona de mistura

empregada. Adaptado de MACHADO et al (2014).

Como ilustrado na Figura 3, o fluxo em pistão é obtido, em especial,

quando há condições bifásicas (fase orgânica/fase aquosa ou fase

gasosa/fase líquida). Neste regime há a formação de microambientes

equidistantes entre eles. O fluxo laminar é característico de sistemas de

baixa velocidade (líquidos viscosos) com Re <2.300, onde o escoamento

acontece por meio de camadas paralelas que apresentam um padrão de

velocidade parabólico, sendo que a única possibilidade de mistura dos

fluidos é por difusão. Quando Re se aproxima de 2300, o fluido começa a

mostrar sinais de turbulência e, quando Re >2300 o fluxo é considerado

turbulento. Um sistema regido por fluxo turbulento é um regime de

característica desordenada e de alto poder de mistura, consequência do

aumento da velocidade, modificação da geometria do microcanais através

da inserção de espiras (BEEBE; MENSING; WALKER, 2002; MACHADO

et al, 2014).

Como já citado, uma das características que mais chama a atenção

para os microrreatores, é o seu excelente desempenho em trocas térmicas.

Esta característica é dependente da superfície interna do reator que estará

em contato com o meio de reação. Quanto maior a superfície de contato

entre reator e meio reacional, mais eficiente é a troca térmica. Para

exemplificar como esta característica é maximizada em um microrreator,

suponha o aquecimento de 1 cm3 de água sendo feito em: um tubo

cilíndrico tradicional com 0,60 cm de raio e 0,9 cm de comprimento; um

microtubo cilíndrico com raio de 0,06 cm e 90 cm de comprimento. No

sistema tradicional de batelada, a área de troca térmica será de

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aproximadamente 3,4 cm2, ou seja, dez vezes menor que no microrreator

proposto (MACHADO et al., 2014).

Apesar do comprimento do microrreator ser dez vezes maior que o

do reator cilíndrico tradicional de batelada, o espaço necessário para

acomodar este microcanal não aumenta na mesma proporção que o

comprimento. Aliado a isto, o microrreator proporciona uma melhora na

troca térmica devido a sua maior razão superfície de troca térmica/volume

útil de reação, característica fundamental na determinação da eficiência

que um reator tem em trocar calor. Tal fato, confere ao microrreator maior

segurança no gerenciamento do calor envolvido na reação quando

comparado com os reatores tradicionais, bem como evita a formação de

pontos quentes (hot spot), fato comum em reatores tradicionais de escala

produtiva (MACHADO et al., 2014).

O uso de microrreatores oferece muitas vantagens para a produção

de substâncias químicas, incluindo controle de processo avançado (padrão

de fluxo bem definido, distribuição uniforme de temperatura, resposta

rápida e maior segurança). Todas essas vantagens são pré-requisitos para

a inserção de ferramentas analíticas no processo fluídicos em

microrreatores (YUE et al., 2013). Por exemplo, microrreatores podem ser

integrados a sistemas de análise espectroscópica (UV-vis, Raman e

espectroscopia de fluorescência), desde que o dispositivo permita o acesso

óptico apropriado de todo o trajeto do fluxo, e que possuam materiais de

construção, geometrias de reator ou condições de operação, apropriadas

para a análise direta do conteúdo dentro do microrreator (MOZHAROV et

al., 2011). Quando integrados adequadamente a tais sistemas de análises,

os microrreatores podem oferecer conhecimentos importantes sobre a

natureza das reações químicas, bem como, as distribuições de

transferência de fase e de massa ao longo dos microcanais. A elevada

pressão de operação aliada à alta capacidade de transferência de calor e

massa, permite a otimização rápida e precisa das condições experimentais

e diagnósticos eficientes em tempo real (URAKAWA et al., 2008).

Dois sistemas de integração de microrreatores em dispositivos de

análise espectroscópica, são apresentados nas Figura 4. Um apresenta a

utilização de uma célula de fluxo de tipo cruz para análise de

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espectroscopia de UV-vis em fluxo líquido-líquido por meio de um

microrreator segmentado (YUE et al., 2013) e o outro, que utiliza análise

Raman com excitação da amostra após a realização da reação no interior

do microrreator (ASHOK et al., 2011).

Figura 4. Esquematização de sistemas microfluídicos integrados a análise de

espectroscópica. A) microrreator acoplado em UV-Vis; B) Microrreator acoplado à análise

RAMAN.

Cao et al. (2007), desenvolveram microrreatores a base de silício com

microcanais revestidos com prata (8 mm de largura e 120 µm de

profundidade), de fácil integração com espectroscopia Raman e GC para o

monitoramento em linha da reação de oxidação catalítica de metanol em

formaldeído. Recentemente, Ehgartner et al., (2016), desenvolveram um

sistema de análise online de oxigênio, integrando sensores de rastreio a

líquido

Líquido ou gás dispensado

Câmera Lâmpada halógena

de tungstênio

Espectrofotômetro UV-vis

Fibra óptica

Fibra óptica

Saída

Misturador em cruz

Reator microfluídico

Injeção da solução

Ajuste da taxa de fluxo

Informação espectral

Ajuste da temperatura

Excitação a laser

Computador

Coleta da amostra

A

B

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diferentes microrreatores de silício com diâmetros de 100 µm. O sistema

apresentou potencialidade para futuros estudos cinéticos do consumo de

oxigénio ou no monitoramento em linha de transformações enzimáticas.

Existem inúmeras aplicações envolvendo microrreatores, dentre elas,

gradiente de concentração (WEIBEL; WHITESIDES, 2006); emulsificação

microfluídica no processamento de alimentos (MAAN et al., 2014); análise

de sensoriamento neural (HU et al., 2015); estudo de altas taxas de

nucleação envolvidas em processos de precipitação (VITRY et al., 2015);

medição dos níveis de hemoglobina glicada, detecção rápida de bactérias

vivas de amostras de fluidos humanos comuns (CHANG et al., 2015) e

detecção rápida e isolamento de células tumorais circulantes

(ESMAEILSABZALI et al., 2013).

Os dispositivos mesofluídicos são aqueles que possuem volumes

internos de 100 µL a 10 mL. As larguras dos canais geralmente cobrem o

intervalo de 0,5-2,0 mm (MIRÓ, 2014). Esses dispositivos têm sido

desenvolvidos e aplicados em vários processos químicos e biológicos, os

mesmos apresentam características similares aos microrreatores, tais

como, automação, grande razão superfície/volume, baixo consumo de

solvente, sensibilidade, miniaturização e portabilidade, sendo possível a

operação em velocidades maiores (ZHANG; ZUO; YE, 2008).

Zhang, Zuo e Ye, (2008) desenvolveram um dispositivo mesofluídico

com esferas de polidimetilsiloxano (PDMS) altamente sensível e seletivo

por uma metodologia simples e rápida. O mesorreator foi capaz de detectar

grânulos de cloranfenicol. A determinação da concentração deste

antibiótico no sistema levou apenas 30 min, incluindo etapas de reações

imunológicas e de lavagem durante o processo. O método revelou boas

taxas de recuperação de 90 a 108% e coeficientes de variação (CV) menor

que 7%.

JIN et al., 2010, desenvolveram um sistema mesofluídico

multiplexado, similar ao de Zeng et al. (2010). O sistema era formado por

microesferas de 250 µm de diâmetro, de reconhecimento específico,

suportadas na superfície de PDMS com microcanais de 300 mm de

diâmetro. O dispositivo demonstrou viabilidade e flexibilidade em

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diagnósticos de genotipagem de genes, tais como, a detecção de mutações

β-talassemia e HLA-DQA.

Mesorreatores desempenham um papel muito importante na

miniaturização de sistemas analíticos, e no desenvolvimento de técnicas de

reposição a operações manuais de trabalho intensivo. Eles são excelentes

alternativas para sistema de análise de microfluidos, uma vez que, minimiza

os volumes necessários de amostragem e pré-tratamentos de amostras,

em comparação aos sistemas clássicos (HU; ZUO; YE, 2010). Mesmo

apresentando características e aplicações similares aos sistemas

microfluídicos, estes dispositivos são pouco estudados.

3.2. Prototipagem de Microrreatores

O domínio das técnicas de produção de meso e microrreatores são

de fundamental importância para um laboratório de pesquisa na fase

exploratória do design eficiente. As mesmas devem ser simples, de baixo

custo e rápidas desde a etapa de concepção de seu design até o teste final

do sistema. Uma vez fabricado o protótipo, esse deve ser testado para

eventualmente ser modificado de forma a ter suas características

otimizadas e ser produzido em maior dimensão para futuras aplicações

industriais (MACHADO et al, 2014). Dentre as várias técnicas empregadas

na microfabricação, destacam-se: a moldagem por injeção, a fotolitografia,

replicação de molde e a ablação a laser (SOLLIER et al., 2011; MACHADO

et al., 2014).

O processo de moldagem por injeção ou estampagem a quente,

consiste basicamente na fusão de materiais termoplásticos (por exemplo,

policarbonato (PC) e Poli(metilmetacrilato) (PMMA), através do

amolecimento dos mesmos num cilindro aquecido, e injeção na cavidade

do molde com características geométricas desejadas. Devido a viscosidade

do polímero fundido ser baixa, o mesmo acaba por recobrir integralmente

a cavidade molde. A peça moldada é, então, extraída do molde por meio

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dos pinos ejetores, ar comprimido, prato de arranque ou outros

equipamentos auxiliares (FIORINI; CHIU, 2005).

O processo de fotolitografia consiste na escolha e limpeza do

substrato, com a fotogravação de microcanais em um polímero

fotossensível (fotorresiste), corrosão do substrato e selagem dos

microcanais. De acordo com a natureza do fotorresiste (substancia

fotossensível), as cadeias poliméricas nas regiões expostas à radiação

podem sofrer uma reticulação e se tornarem insolúveis (fotorresiste

negativo, monômero fotossensível a cross-linking polímero) ou podem

sofrer uma degradação e se tornarem solúveis (fotorresiste positivo, reina

Novolak) (COLTRO et al., 2007), Figura 5.

Figura 5. Fotolitografia com formação de resiste negativo e resiste positivo. Adaptado de

COLTRO et al. (2007).

O resiste positivo é inerte à luz e resistente ao processo de

solubilização química (desenvolvimento químico, solução alcalina de

NaOH). A porção exposta à luz aumenta a solubilidade no desenvolvimento

químico. A porção não exposta à luz fica inalterada. O Resiste negativo é

um monômero fotossensível para UV. A luz determina a polimerização do

polímero que será insolúvel nos solventes orgânicos de desenvolvimento

químico (COLTRO et al., 2007).

O processo de replicação dos microdispositivos a partir de um molde

é ilustrado na Figura 6. Boa parte das técnicas de prototipagem de um

sistema microfluídico está baseada na utilização de um molde mestre

Luz UV

Desenvolvimento químico

Fotomáscara

Resiste

Resiste negativo Resiste positivo

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(silício com polímero SU-8) (A), seguida de impressão da modelagem com

outro polímero de diferente natureza (B) e desmoldagem (D). A produção

do molde é determinante no custo e tempo de fabricação, pois esta etapa

requer um número alto de tentativas para a obtenção de um molde com

mínimo de defeitos (microcanais, fluxo, formato).

Figura 6. Processo de replicação de dispositivos microfluídicos a partir de um molde

mestre. A) molde mestre; B) aplicação do polímero; c) cura térmica do polímero; D) Modelo

após a cura; E) Selagem. Adaptado COLTRO et al., (2002).

Os microdispositivos obtidos por moldagem em substratos

poliméricos são selados com maior facilidade que os microdispositivos

fabricados sobre substratos de silício e vidro (E). Na etapa de selagem,

geralmente a cobertura e o substrato possuem composições iguais ou

semelhantes. O método mais empregado na selagem de microrreatores é

a selagem térmica, na qual o substrato e a cobertura após a hidroxilação

das superfícies são pressionados e aquecidos, no caso do PDMS, a 60°C.

Esta etapa é muito importante e determinante na construção de um

microrreator (COLTRO et al., 2007).

A técnica de ablação é uma alternativa vantajosa para prototipagem,

sendo de custo acessível e permite desenhar microcanais diretamente

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sobre polímeros termoplásticos sem utilizar um molde mestre. O processo

de gravação dos canais no polímero é realizado por processo fototérmico

induzido por laser, como mostrado anteriormente na Figura 5. Apesar da

lenta produção dos sistemas microfluídicos, cada um leva em torno de três

h, a técnica é de fácil execução, reprodutível e não precisa de

equipamentos de elevados custos ou de uma câmera limpa (MACHADO et

al., 2014).

Coltro e colaboradores (2007), afirmam que essas tecnologias

convencionais são muito precisas na fabricação de microestruturas com

excelente definição e resolução. Entretanto, os custos para a montagem de

um laboratório de microfabricação contendo sala limpa, estação

fotolitográfica, “spinner”, chapas de aquecimento, perfilômetro, dentre

outros equipamentos, é necessário um investimento superior a um milhão

de reais. Ademais, há a necessidade de aquisição de outros materiais

importantes, como fotorresistes, reveladores, máscaras metálicas,

substratos de vidro, silício e quartzo. Estes fatores têm desmotivado muitos

pesquisadores, entretanto têm contribuído para o surgimento de inúmeras

alternativas simples e economicamente viáveis para a construção de

microrreatores (Mason et al., 2007).

Land et al. (2011) desenvolveram um método simples, rápido e barato

para montagem de microrreatores a base de PDMS. A metodologia foi

baseada em um molde mestre, seguido por corte a laser das partes de

PDMS, fundição, montagem do dispositivo e testes de fluxo. A metodologia

reduziu a quantidade de PDMS utilizada e o processo de montagem

permitiu que os dispositivos de multicamadas fabricados fossem

desmontados e limpos rapidamente de forma que as camadas

selecionadas pudessem ser reutilizadas ou substituídas. Os testes

realizados com o dispositivo produzido foram apenas de fluxo com pressão

até 30 psi.

Sistemas microfluídicos podem ser fabricados a partir de uma vasta

gama de materiais, incluindo polímeros, vidro, silício, cerâmica e aço. A

escolha dos mesmos está intrinsicamente relacionada com a química a ser

realizada, as condições de operação e a facilidade de fabricação. Os

dispositivos de vidro são os mais utilizados em função de sua transparência

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e propriedades ópticas, ideais para análise ou aplicações em fotoquímica;

elevada estabilidade superficial; resistência interna; estabilidade química e

compatibilidade com solventes orgânicos e vários reagentes agressivos.

(Dietrich et al., 2005).

3.2.1. Polidimetilsiloxano (PDMS)

O polidimetilsiloxano, conhecido como PDMS, é um polímero bastante

utilizado por conta de propriedades resultantes de sua estrutura polimérica

composta por cadeias de siloxanos e grupos metila ligados ao átomo de

silício (COLTRO et al., 2007), como ilustrado na Figura 7.

Figura 7. Estrutura do PDMS. Fonte: Adaptado de MOLEKUUL (www.123rf.com); (CAI et

al., 2008).

As principais propriedades deste polímero incluem a não toxicidade,

biocompatibilidade, flexibilidade, estabilidade térmica, hidrofobicidade, e

uma excelente estabilidade em relação a solventes orgânicos (Li, et al.,

2013b). Além disto, este material é barato, opticamente transparente para

comprimentos de onda entre 290-1100 nm e possui uma temperatura de

transição vítrea muito baixa, e, por isso, é um líquido a temperatura

ambiente. Porém, quando submetido a reações de reticulação, pode se

Grupo siloxano inorgânico

Grupo metil orgânico

Nº Repetições

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transformar em um elastômero. Por apresentar várias características

compatíveis e interessantes, o PDMS é o material mais adequado para

construção de dispositivos microfluídicos (COLTRO et al., 2007).

Uma desvantagem do PDMS é hidrofobicidade de sua superfície,

consequência dos grupos CH3. Entretanto, um tratamento com plasma de

oxigénio, torna a superfície do PDMS super-hidrofílica, devido à formação

dos grupos silanois (Si-OH). O vidro também pode ter sua superfície

oxidada com o plasma de oxigênio, o que permite uma boa ligação com o

PDMS (DE SOUZA, 2011 ; CHEN; LAM; FU, 2012).

3.3. Catálise

O termo catálise foi criado por Berzelius, em 1836, para descrever

processos que eram ativados por pequenas quantidades de substâncias,

permitindo que reações químicas ocorressem sem que essas substâncias

fossem consumidas durante a reação (CARREÑO et al., 2002).

Atualmente, pode ser definida como a ciência que estuda os processos nos

quais substâncias alteram a cinética de uma reação sem modificar a

termodinâmica da mesma. O catalisador permite uma nova trajetória de

reação com energia de ativação mais baixa, o que faz com que mais

moléculas de reagente cruzem a barreira e formem produtos. (ATKINS &

JONES, 2006).

A catálise tem sido utilizada há mais de 500 anos para diversas

finalidades, dentre elas: biosensores (ZHANG, 2016), dispositivos

catalíticos (BELINSKAYA et al., 2015), oxidação de compostos orgânicos

(CHEN & ZHU, 2011), produção de produtos petroquímicos e reagentes (LI

et al., 2016), controle de agentes cancerígenos (LIN et al., 2013), etc.

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3.3.1. Catálise Homogênea e Heterogênea

A catálise está dividida em duas categorias principais: homogênea e

a heterogênea. Na catálise homogênea o catalisador está na mesma fase

que os reagentes, o que proporciona maior interação entre os componentes

envolvidos na reação ocasionando maior rendimento. Essa técnica permite

que as transformações químicas sejam efetuadas de maneira controlada e

em condições mais brandas (DUPONT, 2000). Os catalisadores

homogêneos são mais seletivos, frequentemente possuem apenas um sítio

ativo e são mais propícios para investigações mecanísticas das reações

(SÁNCHEZ-DELGADO; ROSALES, 2000). A principal desvantagem dos

catalisadores homogêneos é a dificuldade em separar o catalisador do

produto formado. Os processos de separação utilizados são mais

trabalhosos, necessitando do uso de destilação, extração líquido-líquido,

troca-iônica e outras técnicas (HAGEN, 2006).

A catálise heterogênea caracteriza-se por apresentar um catalisador

que se encontra presente em uma fase diferente daquela ocupada pelos

reagentes. Dentre eles, destacam-se os catalisadores sólidos usados em

reações aquosas.(HUANG et al., 2015). Neste tipo de catálise, a superfície

desempenha um papel fundamental, seja pelo tipo de adsorção que pode

variar de superfície para superfície, ou em função de irregularidades

encontradas, como cantos, extremidades e fendas ou mesmo de valências

livres em átomos. Uma grande área interfacial é quase sempre essencial

para atingir uma significativa taxa de reação. Em muitos catalisadores, essa

área é provida pela estrutura porosa interna (o sólido contém muitos poros

microscópico ou nanométricos, e a superfície desses poros fornece a área

necessária para a alta taxa de reação (DABROWSKI, 2001; (FOGLER,

2009).

A catálise heterogênea é considerada uma das tecnologias mais

importantes na proteção ambiental, pois desempenha um papel importante

na produção de combustíveis e produtos químicos por processos químicos

mais adequados do ponto de vista de desenvolvimento sustentável. Além

disso, a catálise heterogênea apresenta fácil processamento, não envolve

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o uso de substâncias perigosas (FREITAS et al., 2016), e catalisadores que

podem ser removidos automaticamente no processo ou separados por

métodos simples, tais como filtração ou centrifugação (HAGEN, 2006).

3.3.2. Catalisadores suportados

De acordo com Fogler (2002), os catalisadores suportados são

substâncias ativas dispersas sobre uma substância menos ativa, chamadas

de suporte, em que o material ativo é frequentemente um metal puro ou

uma liga metálica. A literatura relata vários tipos de catalisadores

suportados, dentre eles, metais complexos em polímeros para epoxidação

de alcenos (SHERRINGTON, 2000), platina sobre alumina em reações de

oxidação do metano (Pakharukova et al., 2014), catalisadores bimetálicos

de ouro e rutênio suportados em óxido de cério-zircônio para oxidação

seletiva de glicerol (CHINCHILLA et al., 2015) e pentóxido de vanádio sobre

sílica, usado para oxidar o dióxido de enxofre na fabricação de ácido

sulfúrico. (HELD; KOWALSKA-KUŚ; NOWIŃSKA, 2016). Existem muitos

métodos de preparação de suportes sólidos para catalisadores

heterogêneos, dentre eles destacam-se: o método sol-gel, a impregnação

e a precipitação-deposição (DA SILVA et al., 1998a).

O método sol-gel, caracteriza-se por maximizar a interação entre a

fase ativa e o suporte, permitindo aumentar a dispersão de uma mistura

homogênea. Além disto, permite aumentar os valores de área superficial e

porosidade, eliminando a interface líquido-vapor no gel que causa o

colapso da textura porosa, comum nos processos convencionais de

secagem (RODELLA et al., 2002). Esse método é importante na

preparação de materiais baseados em óxidos nanoestruturados, cerâmicas

nanoporosas e materiais híbridos (FERREIRA; RANGEL, 2009).

A impregnação consiste no contato do líquido, solução ou suspensão

contendo os componentes ativos com o suporte sólido, seguida da remoção

do solvente (secagem) e calcinação. Durante a impregnação pode ocorrer

adsorção seletiva de espécies, troca iônica entre a superfície e o eletrólito,

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polimerização ou despolimerização da espécie ligada a superfície e

dissolução parcial da superfície do sólido (HABER; BLOCK; DELMON,

1995). As vantagens dessa técnica estão na eficiente separação da

produção da fase ativa e da fase suporte, versatilidade, simplicidade de

execução, viabilidade econômica e controle de execução (boa dispersão e

alta densidade de centros catalíticos ativos). Entretanto, a impregnação

ocorre com quantidades limitadas de material incorporante. Além disto, a

secagem deve ser realizada em baixas temperaturas (60-80ºC) para evitar

a deformidade dos materiais produzidos (WECKHUYSEN et al., 1998).

Atualmente, esta técnica tem sido usada na preparação de sistemas

contendo metais nobres suportados em materiais mesoporosos (JIANG,

2006). Falt e colaboradores (2014), utilizaram a técnica de dip coating

(imersão do suporte cerâmico na solução precursora contendo o material a

impregnar, por tempo e velocidades controladas) para realizar a

imobilização de catalisadores de ZnAl2O4, ZnFe2O3 e Zn2SnO4 em

superfície porosa de espuma cerâmica.

A técnica de precipitação-deposição consiste na deposição ou

precipitação de um elemento ativo sobre um suporte suspenso na solução

onde ocorre a precipitação (HABER; BLOCK; DELMON, 1995). Este

método oferece a vantagem de produzir uma distribuição homogênea do

metal ativo sobre a superfície do suporte sem perdas significativas. (PRATI;

VILLA, 2011). Na precipitação-deposição são utilizados percursores

homogêneos poucos solúveis e não porosos, sendo considerada a técnica

mais indicada na preparação de catalisadores suportados em ouro, uma

vez que, por impregnação, o cloreto aumenta a coagulação das partículas

de Au durante a calcinação dos cristais de HAuCl4, dispersos sobre a

superfície de suporte (HARUTA, 2004). Uma das limitações desta técnica

é o fato de ser aplicada apenas em suportes que apresentam ponto

isoelétrico acima de 5, eliminando assim materiais de suporte como a sílica

(pH= 1-3) (MELDE; JOHNSON; CHARLES, 2008).

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3.3.3. Processos Oxidativos Avançados

Os Processos Oxidativos avançados (POAs) se baseiam em

processos físico-químicos capazes de produzir alterações profundas na

estrutura química de moléculas, e são definidos como processos que

envolvem a geração e uso de agentes oxidantes fortes, principalmente

radicais hidroxila (HO•). POAs têm sido descritos como alternativa para a

remoção de poluentes e de efluentes com elevada carga orgânica, quando

os tratamentos convencionais não alcançam a eficiência necessária. Em

águas contaminadas com substâncias cromóforas, os radicais hidroxila

atacam as ligações azo insaturadas, provocando a descoloração das

mesmas (DE AMORIM; LEÃO; MOREIRA, 2008).

Os POAs são caracterizados por reações de oxidação química

intermediadas por radicais hidroxila (HO), espécies extremamente reativas

e pouco seletivas. O potencial padrão de redução do radical hidroxila (E0 =

2,73 V), superior ao dos oxidantes convencionais, o que justifica a elevada

utilização dessas reações na oxidação de uma grande variedade de

substâncias (MELO et al., 2009).

Os radicais hidroxila são formados a partir de oxidantes como H2O2

ou ozônio, sendo que a eficiência pode ser aumentada pela combinação

com irradiação ultravioleta (UV) ou visível ou catalisadores (íons metálicos,

semicondutores). Os radicais altamente reativos atacam moléculas

orgânicas pela abstração de um átomo de hidrogênio ou pela adição do

mesmo às ligações duplas da molécula de interesse (DE AMORIM; LEÃO;

MOREIRA, 2008; MELO et al., 2009).

3.3.3.1. Fotocatálise heterogênea

A fotocatálise heterogênea surgiu na década de 1970 a partir do

desenvolvimento de pesquisas em células fotoeletroquímicas para

produção de combustíveis a partir de materiais de baixo custo (NOGUEIRA;

JARDIM, 1998). Esta técnica é um dos POAs, e está baseada na ativação

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de um semicondutor (geralmente TiO2) por luz solar ou artificial (UV), que

atua como catalisador produzindo radicais reativos, principalmente radicais

hidroxilas, capazes de oxidar e mineralizar compostos orgânicos (DA

SILVA; LANSARIN; MORO, 2013). Por este motivo, este tipo de catálise

tem sido utilizado como técnica de remediação ambiental. A eficiência da

fotocatálise depende da competição entre o processo em que o elétron é

retirado da superfície do semicondutor e o processo de recombinação do

par elétron/buraco (OLIVEIRA; SILVEIRA, 2011).

Atualmente, a degradação fotocatalítica com semicondutores, em

especial TiO2, ZnO e Fe2O3 é vista como um método promissor para

remoção de contaminantes tóxicos da água. A fotocatálise heterogênea

com TiO2 tem sido aplicada com sucesso na destruição de inúmeros

poluentes orgânicos (IBHADON; FITZPATRICK, 2013). As principais

vantagens na utilização dessa técnica são: inércia dos produtos utilizados

no processo; possibilidade do uso da luz solar como fonte de radiação

ultravioleta; execução em temperatura ambiente; mineralização de

compostos orgânicos e seus subprodutos; e baixo custo operacional

(BRITTO; RANGEL, 2008; KLAVARIOTI; MANTZAVINOS; KASSINOS,

2009). A Tabela 1 apresenta alguns dos estudos realizados na área da

fotocatálise heterogênea com diferentes semicondutores.

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Tabela 1. Aplicação de fotocatálise heterogênea com diferentes semicondutores

Semicondutor Processo Reação Referência

Pt/TiO2 Descontínuo Desidrogenação de isopropanol (Ichou et al., 1983)

UV/TiO2/O3 Descontínuo Degradação de anilina (Sánchez et al., 1998)

ZnO, Fe2O3 e ZnFe2O4 Descontínuo Degradação de fenol (Valenzuela et al.,2002)

ZnO Descontínuo Oxidação de anilina (Karunakaran et al., 2005)

UV/TiO2/O3 Contínuo Degradação de formaldeído (QI et al., 2007)

Fe2O3/H2O2 Descontínuo Degradação de fenol (Prucek et al., 2009)

CdS/TiO2 Descontínuo Oxidação de etanol (KOZLOVA et al., 2012)

Fe/H2O2 Contínuo Degradação de poluentes (Durigan et al., 2012)

TiO2 Contínuo Síntese de vanilina (AUGUGLIARO et al., 2012)

TiO2/WO3 Descontínuo Laranja de metila (GRBIC et al., 2014)

NiO/Al2O3 Contínuo Oxidação de CO (Han er al., 2016)

A catálise heterogênea também é contemplada pela microfluídica

devido à possibilidade da utilização de leitos fixos catalíticos incorporados

no dispositivo. Recentemente, Jayamohan et al. (2015), desenvolveram

pela técnica de litografia, um dispositivo microfluídico PDMS/TiO2-

P25/Vidro para a degradação de poluentes orgânicos. O dispositivo atingiu

percentagens de degradação da solução de azul de metileno (1,8 × 10-3

mol L-1) de 55-93%, operando a uma velocidade de fluxo de 25 a 200

µL/min, sob irradiação UV de 100 mW cm-2, comprovando a eficiência

fotocatalítica do sistema desenvolvido.

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3.3.3.2. Fatores que influenciam no processo de fotocatálise

O processo fotocatalítico sofre a influência de vários fatores, como pH,

temperatura, concentração do contaminante orgânico e desativação da

superfície, etc (IBHADON & FITZPATRICK, 2013).

O pH da solução é um parâmetro importante nas reações catalíticas

que ocorrem sobre as superfícies de partículas metálicas, uma vez que,

determina as propriedades de carga de superfície do fotocatalisador e o

tamanho dos agregados que ela forma (ALAHIANE et al., 2014). O pH tem

um grande efeito sobre a eficiência de fotodegradação de corantes. Na

utilização de dióxido de titânio, por exemplo, a variação do pH da solução

altera a carga da superfície das partículas de TiO2 e desloca os potenciais

das reações de catálise. Como resultado, a adsorção do corante sobre a

superfície muda causando assim uma alteração na taxa de reação. Sob

condições ácidas ou alcalinas, a superfície de óxido de titânio pode ser

protonada ou desprotonada, conforme é mostrado nas reações 2 e 3

(RAUF; ASHRAF, 2009).

𝐓𝐢𝐎𝐇 + 𝐇+ → 𝐓𝐢𝐎𝐇𝟐+

𝐓𝐢𝐎𝐇 + 𝐎𝐇− → 𝐓𝐢𝐎− + 𝐇𝟐𝐎

Outro parâmetro importante no processo de degradação é a

concentração inicial do poluente orgânico. Segundo Santos (2007), a

variação da taxa de degradação fotocatalítica com a concentração inicial

do contaminante orgânico depende das características do poluente. Alguns

poluentes em altas concentrações aumentam a taxa de degradação até

certa concentração limite, e, posteriormente, decrescem. Neste caso, o

corante adsorvido na superfície das partículas semicondutoras atua como

um doador de elétrons, injetando elétrons do estado excitado para a banda

de condução do semicondutor (BARKA et al., 2008). Entretanto, há outros

tipos de poluentes em que a taxa de degradação diminui à medida em que

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suas concentrações são elevadas, devido às características de desativação

dos sítios ativos na superfície do catalisador (LIN et al., 2013).

A cinética da degradação fotocatalítica também é dependente da

temperatura. Um aumento na temperatura eleva a velocidade de

degradação e o número de recombinação dos portadores de carga, e

também o processo de dessorção de espécies reagentes adsorvidas,

resultando consequentemente numa diminuição da atividade fotocatalítica.

Sob temperaturas mais baixas, a dessorção torna-se o passo limitante da

velocidade do processo (RAUF; ASHRAF, 2009). Hussain et al. (2011),

Investigaram os efeitos da temperatura. Os resultados mostraram que um

pequeno aumento da temperatura para 35 °C provocou um aumento na

conversão de etileno. Por outro lado, quando uma temperatura foi elevada

para 80 °C, observou-se uma diminuição na taxa da reação. Uma tendência

semelhante foi observada para o propileno e tolueno, que obtiveram

maiores conversões a 40 °C.

Um estudo detalhado sobre os fatores que influenciam na degradação

fotocatalítica de rodamina B com TiO2 foi realizado Barka et al. (2008).

Segundo os pesquisadores, a degradação fotocatalítica está diretamente

relacionada com as quantidades adsorvidas de poluente, sendo favorecida

por uma elevada concentração do mesmo em relação ao modelo de

Langmuir-Hinshelwood. Os mesmos também comprovaram que a

velocidade de degradação é diretamente proporcional à temperatura. No

ano seguinte, Kansal et al,. também investigaram os efeitos da

concentração inicial de rodamina no processo de fotodegradação. Os

resultados mostraram que um aumento na concentração de rodamina de

25-50 mg.L-1, provoca a diminuição da taxa de descoloração.

As reações de degradação são claramente dependentes da

intensidade luminosa. A fotólise direta envolve a interação de luz com as

moléculas, causando a sua dissociação em fragmentos. Em muitos estudos

cinéticos de reações fotocatalíticas, verifica-se que a taxa de oxidação

cresce com o aumento de intensidade de luz (SENTHILKUMAAR;

PORKODI, 2005). (Al-Momani e colaboradores (2002) estudaram o efeito

da fotólise por luz UV (lâmpada de mercúrio de baixa pressão 120 W) na

biodegradabilidade das soluções de três corantes têxteis diferentes em um

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reator de batelada anular de capacidade volumétrica de 2 L. A

descoloração dos três corantes atingiu mais de 90% em 7,5 min de

tratamento, resultado que comprova a eficiência da fotólise no tratamento

de efluentes não facilmente degradados.

O tamanho da partícula também é um parâmetro importante para a

eficiência fotocatalítica. Pequenas variações nos diâmetros de partículas

podem provocar grandes modificações na relação superfície/volume,

modificando assim a recombinação de cargas. Partículas de tamanho

reduzido possuem maior número de átomos com coordenação incompleta

o que os torna mais reativos. Isso otimiza o processo de transferência de

cargas para a superfície e aumenta a concentração de sítios ativos/m2,

garantindo maior superfície de contato e adsorção do composto orgânico

na superfície do catalisador (CARP; HUISMAN; RELLER, 2004; IBHADON;

FITZPATRICK, 2013).

Segundo Fogler (2002), a desativação de catalisadores é um dos

principais responsáveis pela redução de atividade fotocatalítica. Este

fenômeno pode ser ocasionado por diversos mecanismos: envelhecimento

ou sinterização, entupimento ou formação de coque e por envenenamento.

O envelhecimento ou sinterização ocorre quando há perda de área

superficial ativa causada pela diminuição do tamanho ou fechamento dos

poros no interior da partícula do catalisador, a aglomeração de cristais e o

crescimento de partículas metálicas é ocasionado pela deposição de

resíduos orgânicos ou impurezas dos reagentes sobre o catalisador,

bloqueando totalmente a transferência de massa entre o seio da reação e

a superfície ativa do catalisador. Por fim, a desativação por envenenamento

decorre da formação de ligações extremamente estáveis entre o catalisador

e algumas substâncias presentes ou formadas no meio reacional. A

consequência direta desse tipo de desativação é a diminuição da

quantidade de sítios ativos disponíveis para o processo catalítico.

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3.3.3.3. Dióxido de Titânio (TiO2)

O TiO2 é semicondutor que existe em três formas alotrópicas, anatase

(tetragonal), rutilo (tetragonal) e brookite (ortorrômbica), sendo as duas

primeiras as mais comuns, sendo que a forma anatase é única ativa para a

fotocatálise. O tipo de TiO2 comercial mais utilizado em fotodegradação de

compostos é o P25, fabricado pela Degussa, que é composto por 70%

anatase e 30% rutilo. A sua preferência por utilização está ligada à sua

grande área superficial em comparação com outros semicondutores, em

torno de 50 m2/g e à sua complexa microestrutura cristalina resultante de

seu método de preparação que promove melhor separação de cargas

inibindo a recombinação (GUPTA; TRIPATHI, 2011; NOGUEIRA; JARDIM,

1998). O dióxido de titânio é considerado um semicondutor quase ideal

para processos fotocatalíticos devido possuir alta estabilidade, baixo custo,

alto desempenho fotocatalítico, e segurança para os seres humanos e o

meio ambiente (GUPTA; TRIPATHI, 2011).

O dióxido de titânio possui uma banda de valência, onde os elétrons

não possuem movimento livre e uma banda de condução, onde os elétrons

são livres para se moverem. Entre essas duas bandas existe uma diferença

de energia, chamada de “bandgap”. O processo fotocatalítico tem início

quando um fóton com energia equivalente ou maior que essa banda, incide

sobre o TiO2, promovendo um elétron da banda de valência para a banda

de condução, gerando o par elétron/lacuna (𝐞𝐂𝐁− /𝐡𝐕𝐁

+ ) (SALGADO;

VALENTINI, 2015), como descrito na equação 4.

𝐓𝐢𝐎𝟐 + 𝐡𝝂(𝑼𝑽) → 𝐓𝐢𝐎𝟐∗ (𝐡𝐕𝐁

+ + 𝐞𝐂𝐁− )

A Figura 8 e as equações (4-8) mostram o processo fotocatalítico na

superfície do TiO2.

(4)

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Figura 8. Processo fotocatalítico na superfície do TiO2. Adaptado de PANDOLI et al., 2015.

𝐓𝐢𝐎𝟐 + 𝐡𝝂(𝑼𝑽) → 𝐓𝐢𝐎𝟐∗ (𝐡𝐕𝐁

+ + 𝐞𝐂𝐁− )

𝐞𝐂𝐁− + 𝐎𝟐 → 𝐎𝟐

•−

𝐇𝟐𝐎 + 𝐡𝐕𝐁+ → 𝐇𝒂𝒅𝒔

+ + 𝐎𝑯•

𝐡𝐕𝐁+ + 𝐎𝐇𝒂𝒅𝒔

− → 𝐎𝑯𝒂𝒅𝒔•

𝒄𝒐𝒓𝒂𝒏𝒕𝒆 + 𝐎𝑯𝒂𝒅𝒔• + 𝐎𝑯• + 𝐎𝟐

•− + 𝐡𝐕𝐁+ → 𝒑𝒓𝒐𝒅𝒖𝒕𝒐𝒔

onde TiO2∗ é o estado excitado de óxido de titânio, OH𝑎𝑑𝑠

− são íons de

hidroxila absorvidos,𝐞𝐂𝐁− o elétron fotoexcitado na banda de condução,

enquanto hVB+ é o buraco eletrônico gerado na banda de valência,O2

•− é

uma espécie ativa com alto poder de oxidação, que pode contribuir de

forma significativa para a decomposição fotocatalítica do corante.

O TiO2 possui a propriedade simultânea de atuar como agente

oxidante e agente redutor, aumentando o rendimento global do processo.

Os radicais hidroxila produzidos interagem rapidamente com a matéria

orgânica adsorvida na superfície do catalisador, por elétrons ou por átomos

de hidrogênio abstraídos, formando cátions radicais orgânicos ou por

reação de adição em sistemas pi (π) (Freitas, 2014).

Oxidação

Bandgap

Excitação

Recombinação

(4)

(5)

(6)

(7)

(8)

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Em aplicações catalíticas, o TiO2 pode ser fornecido em suspensão

ou suportado sobre vários substratos, tais como vidro, polímeros, quartzo,

e metais, dependendo da etapa do processo na qual é efetuada e a

estrutura do fotorreator (WANG; LIU; QU, 2013). A imobilização é a forma

mais eficiente por eliminar a necessidade de separação pós-tratamento e

proporcionar elevada área superficial e taxa de transferência de massa

(OLA; MAROTO-VALER, 2015).

Recentemente, Lambert (2015), incorporou nanopartículas de TiO2

diretamente na superfície do PDMS para construir um dispositivo

fotocatalítico totalmente constituído por PDMS e fotocatalisador capaz de

oxidar compostos orgânicos. Uma das vantagens desses tipos de

prototipagem é a imobilização do fotocatalisador no material de fabricação,

o que elimina etapas de calcinação e filtração do TiO2 com o meio aquoso.

Além de maior aproveitamento da luz para a formação de radicais hidroxila

e consequentemente, elevada degradação.

3.3.3.4. Contaminantes orgânicos

Muitos trabalhos têm sido dedicados à degradação fotocatalítica de

contaminantes orgânicos como corantes (rodamina e azul de metileno) e

compostos aromáticos, principalmente fenol (LAMBERTI, 2015; MA et al.,

2015; PANDOLI et al., 2015).

A rodamina B, Figura 9, é um corante orgânico vermelho-azulado

pertencente à família das fluoronas cuja fórmula molecular é C28H31N2O3Cl

e peso molecular de 479,02 g/mol, amplamente utilizado na indústria têxtil,

na manufatura de cartuchos para impressoras e tingimento de papel (Chen

& Zhu, 2016). Este corante é altamente solúvel em água e nocivo aos seres

humanos e animais. Recentemente, foi proibido como corante de alimentos

e cosméticos, por ser potencialmente tóxico e cancerígeno (BARKA et al.,

2008).

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ON N+

CH3

CH3 CH3

CH3

COOH

Cl-

Figura 9. Estrutura química da rodamina B. Adaptado de LUAN; XU (2013)

Por ser cancerígeno e apresentar-se como um dos principais

efluentes industriais, comumente é utilizado em estudos de fotodegradação

(AARTHI; MADRAS, 2007). A fotodegradação da rodamina B com TiO2

ocorre por meio de dois processos competitivos: a N-desmetilação e a

destruição da estrutura conjugada através da clivagem do cromóforo.

Segundo os autores, a rodamina B foi degradada em espécies orgânicas

menores pelo processo de clivagem, as quais foram finalmente convertidas

em produtos inorgânicos, tais como o CO2 e água (HORIKOSHI;

SERPONE, 2014). Uma possível rota de degradação da rodamina B,

descrita na Figura 10 , foi proposta por Luan & Xu (2013) com base nos

produtos intermediários identificados em estudos de fotodegradação com

Gd2FeSbO7: 3-hidroxibenzóico (4), ácido 1,2-benzenodicarboxílico (5);

ácido tereftálico (6), e ácido maleico (8), ácido succínico (9), ácido

pentanodióico (10).

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Figura 10. Possíveis produtos gerados na degradação da rodamina B. Adaptado de LUAN;

XU (2013).

O Azul de metileno é um composto aromático heterocíclico,

caracterizado por apresentar um anel de tiazina (Figura 11), e tem muitas

aplicações em microbiologia e medicina, como antifúngico (LI et al., 2016).

Além disto, é utilizado no tingimento de algodão, papel e tinturas

temporárias para cabelos. Ainda que o azul de metileno não seja tóxico

como os metais pesados, a exposição aguda pode causar efeitos

prejudiciais à saúde.

O N(C2H5)2(H5C2)2N

COOH

+

O N+

COOH

NH2H

H

O NHNH2

HOOC

OH

COOH

COOH

CH2COOH

CH2COOH

HOOC

H COOH

H

O OH

OH O

CO 2 + H2O

O NHC2H5NH

C2H5

COOH

++

COOHHOOC

(1)

(2)

(3)

(4) (7)(5) (6)

(8) (9) (10)

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N

SN N+

CH3

CH3CH3

CH3Cl

-

Figura 11. Estrutura química do Azul de metileno. Adaptado de HOUAS (2001)

Devido à sua forte adsorção em suportes sólidos, o azul de metileno,

muitas vezes, serve como um composto modelo para a remoção de

corantes e de contaminantes orgânicos a partir de soluções aquosas

(OLIVEIRA; SILVA; VIANA, 2013). Um mecanismo para o processo de

degradação de azul de metileno foi proposto por Houas (2001) a partir dos

intermediários gerados durante o processo de degradação com TiO2 em um

reator cilíndrico de 90 mL, Figura 12. Segundo os autores, a reação ocorre

com uma reorganização eletrônica durante a passagem do corante que é

adsorvido na forma de sulfóxido (1-2). Os radicais OH podem atacar o

grupo funcional C-S+=C do azul de metileno que está em interação

eletrostática direta com a superfície do dióxido de titânio. A etapa inicial de

degradação do corante pode ser atribuída à clivagem das ligações do grupo

funcional C-S+=C. O grupo sulfóxido pode ser submetido a um segundo

ataque por um radical hidroxila causando a dissociação definitiva dos dois

anéis benzeno (3-4b). Subsequentes ataques ocorrem para formação de

demais produtos da reação pelas vias 5a-7.

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Figura 12. Proposta de possíveis produtos da degradação de azul de metileno. Adaptado

de HOUAS (2001).

O fenol (Figura 13) é um dos poluentes orgânicos comumente

liberados por indústrias de refinarias de petróleo, plástico, papel e celulose,

produtos farmacêuticos e de processamento de carvão

(PRIYADHARSHINI; BAKTHAVATSALAM, 2016), caracteriza-se como

cristais em forma de agulhas, variando de incolor a rosado, com odor

característico. Torna-se líquido ao aquecimento, liberando um vapor

inflamável, e sua coloração escurece quando é exposto ao ar e à luz

(ROBLES VELASCO DE PAOLA et al., 2004).

NH2

SNCH3

CH3

N

CH3

CH3

O

NH2

SO3HN

CH3

HOCN

CH3

CH3

NH2

OH

OHNHOC

CH3

SO 3HOH

N

NH2

SO3HH

CH3

OH

N

S+

NNCH3

CH3 CH3

CH3

N

S NNCH3

CH3 CH3

CH3

O

NH

S NNCH3

CH3 CH3

CH3

O

Ti4+

O-

Ti4+

Ti4+

OH

12

3

4a

5b5a

7

6

4b

H2O

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OH

Figura 13. Estrutura química do Fenol. Adaptado de SASAKI et al. (2014)

Os fenóis têm sido frequentemente usados como sonda para avaliar

a eficiência de fotocatalisadores heterogêneos (DIESEN; JONSSON,

2014). Santos et al. (2008) propuseram uma rota de fotodegradação para

o fenol, descrita na Figura 14. Os intermediários observados por eles foram

o catecol (1), hidroquinona (2), benzoquinonas (3) e os ácidos maléico (4),

oxálico (5), fumárico (6) e fórmico (7).

Figura 14. Proposta de possíveis produtos da degradação de fenol. Adaptado de

SANTOS et al., (2002)

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4 Materiais, Instrumentação e Procedimentos Experimentais.

O presente capítulo contém a metodologia detalhada de todos os

procedimentos desenvolvimentos na pesquisa, os materiais e reagentes,

assim como os equipamentos utilizados e as suas especificações.

4.1. Materiais e Reagentes

4.1.1. Reagentes

A água ultrapura (resistividade inferior a 18 MΩ cm-1) utilizada na

preparação de solução para processos de fotodegradação foi obtida de um

purificador de água Milli-Q (Millipore, EUA). Álcool metilico (99,8%), álcool

isopropílico (99,5%) e clorofórmio (99,8%), acetona (98%), foram grau

analítico adquiridos da Isofar (Brasil). Álcool etílico (99,5%) e fenol, foram

de grau analítico e da marca Vetec (Brasil). Clorofórmio deuterado (99,9%),

dimetilsulfóxido (99,9%), todos da marca Sigma Aldrich (EUA). Os corantes

orgânicos rodamina B (>95%) e azul de metileno (>85%) foram adquiridos

da Sigma-Aldrich. O Silicone elastômero base e o agente curador

(catalisador) Sylgard® 184, foram da Dow Corning Corporation (EUA). A

solução de Extran® diluído a 5% v/v adquirido da Merk (Alemanha), e o

ácido nítrico de pureza analítica (Vetec, Brasil), foram utilizados na limpeza

da vidraria. O dióxido de titânio (P25) foi obtido da Degussa AG (Alemanha).

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4.1.2. Materiais

As lâminas de vidro foram do tipo Corning® Glass Microscope Slide,

de dimensões 25 x 70 x 1 mm, 25 x 70 x 2 mm e 75 x 50 x 1 mm,

transparentes ao UV e baixa reflexão na faixa de 250 a 350 nm. Para

criação dos dispositivos fotocatalíticos, foram utilizados copos e pipetas

pasteur descartáveis, fita adesiva (3M Scotch Magic®), uma placa de petri

de vidro da Pyrex® (Ø=100 mm x 15 mm), um bisturi de aço adquirido da

Golgran Ltda (São Caetano do Sul), um furador de polímero Harris Uni-

coreTM, cotonetes, celas de fluxo de 6 mm (800 μL) e 8 mm (1000 μL) em

polieteretercetona (PEEK) com um suporte de aço e furo traseiro (13 mm

de diâmetro) foram desenhados por Tomasso Del Rosso, e as mesmas

foram construídas pela empresa FScontrole do Rio de Janeiro. Para a

construção da cela de fluxo de 4 mm (500 μL) com impressora 3D digital foi

utilizada a resina VisiJet® M3 Crystal adquirida da 3D Systems (EUA). Para

a avaliação fotoquímica foram utilizados tubos e conectores de plástico de

1 mm de diâmetro, uma lente convergente, agulhas de aço, conectores Up-

church com adaptador luer-lock, uma seringa de plástico luer-lock de 10 mL

(Becton Dickinson, Brasil), seringas de vidros Gastight de 5 e 10 mL (future

chemistry, alemanha). As micropipetas reguláveis de 10 a 100 μL, 50 a 200

μL e 200 a 1000 μL foram da Kasvi.

4.2. Equipamentos

A impressora a laser de CO2 (V.30 Laser Desktop) utilizada no corte

da fita 3M Scotch Magic® foi adquirida da Universal Laser System

Inc.(EUA). A bomba de vácuo 132, tipo 2VC foi adquirida da Prismatec

equipamentos (Brasil). A Impressora 3D profissional Projet® 3510-HD plus

utilizada na confecção da cela de fluxo de 4 mm foi adquirida da 3D

Systems (EUA). O Banho ultrassônico foi da marca Unique modelo USC-

1400A. O sistema de LED UV-modelo M405L2 100 mW cm-2 (25 mW cm-2

a 3,1 cm de distância) foi adquirido da THORLABS (EUA). O Plasma

Cleaner usado na hidroxilação das superfícies de PDMS e selagem dos

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microrreatores foi da marca da Harrick Plasma (EUA) modelo PCDC-001.

A bombas seringa modelo NE-1000G foram adquiridas da Future Chemistry

(Holanda). A bomba peristáltica FRXTM foram da Syrris, Inc. (Reino Unido).

Um Microscópio Raman confocal da Horiba, modelo Explora equipado

com tecnologia Jobin Yvon, com lentes objetivas de 10x, 50x e 100x, com

três fontes laser 785 nm, 638 nm e 532 nm com potência do laser variável

por um filtro de densidade óptica, três redes de difração 600, 1200, 1800

gr/mm, e slit width and confocal pin hole foram ajustados para uma melhor

razão sinal/ ruído. Os espectros Raman e os mapeamentos 2D e 3D do

compósito fotocatalítico P25 em PDMS foram adquiridos com o software

Labspec 6.

No processo de separação do fotocatalisador TiO2 da solução de

rodamina B e azul de metileno em batelada, foi utilizada uma centrífuga

modelo BE 4000 Brushless (Bio-Eng, Rio de Janeiro) por aproximadamente

20 min com rotação de 3600 rpm.

Um fotômetro da marca Metrohm (Suíça) modelo 662 foi utilizado nas

leituras online da solução de rodamina B no estudo do desempenho

fotocatalítico dos mesorreatores em bomba peristáltica

As medições espectrofotométricas no UV-vis foram realizadas em

espectrômetro de absorção no UV-Vis do tipo duplo feixe, modelo Lambda

956 da Perkin Elmer (EUA, utilizando em todas as medições uma cubeta

de quartzo com caminho óptico de 10 mm e volume de 3,5 mL adquirida da

Ionlab (Araucária-PR). A balança com precisão analítica de quatro casas

decimais foi da marca Bel modelo Mark M214A (Itália).

4.3. Procedimentos Experimentais

4.3.1. Prototipagem de microrreator PDMS/TiO2-PDMS.

Uma visão geral do processo de prototipagem desenvolvida neste

trabalho está representada na Figura 15. A metodologia detalhada do

processo será abordada detalhadamente nas seções a seguir.

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Figura 15. Processo de prototipagem de dispositivos microfluídico PDMS/P25-PDMS.

Como indicado na Figura 16, primeiramente, sobre uma lâmina de

vidro (A) devidamente limpa com Extran® 5% e água ultrapura, foram

depositadas manualmente 4 camadas de fita adesivas (19 mm de largura

e 50 µm de espessura, cada) de forma que se obtivesse um relevo de 200

µm de altura (B). Posteriormente, a lâmina de vidro adesivada foi submetida

à impressão de microcanais com uma impressora a laser de CO2 (C),

removendo-se a fita previamente cortada (D) para formação do molde

mestre com micros canais impressos (E).

Figura 16. Processo de construção do molde mestre com microcanais impressos. (A)

Lâmina de vidro limpa; (B) colagem de 4 camadas de fita no vidro totalizando 200 µm de

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altura; (C) corte da fita com laser de CO2; (D) remoção da fita para obter o molde mestre;

(E) molde mestre.

Como representado na Figura 17, o monômero PDMS e um agente

de cura (catalisador) foram misturados manualmente (relação 10:1, m/m) e

a mistura foi desgaseificada durante 20 min sob pressão reduzida. A

mistura foi vertida sobre o molde mestre (E), previamente fixado em uma

placa de Petri. Em seguida, o conjunto (F) foi levado para um forno a 60°C,

onde permaneceu por 1 h, tempo necessário para a cura completa do

elastômero. Posteriormente, o polímero curado foi cortado com um bisturi

e retirado da lâmina (G), gerando o PDMS com microcanais (H) impressos

no mesmo polímero.

Figura 17. Processo de formação do modelo PDMS com microcanais impressos: (E)

Revestimento do molde mestre pela mistura desgaseificada de PDMS e agente de cura

(catalisador) (10:1); (F) cura do polímero a 60°C durante 1 h; (G) corte e remoção do

negativo de PDMS com microcanais com relevo de 200 µm de altura; (H) PDMS com

microcanais.

O processo para a produção do compósito fotocatalítico PDMS/TiO2

é mostrado na Figura 18 (α-δ). Uma lâmina de vidro de microscopia (25 x

70 x 2 mm), foi tratada com uma fresa diamantada (B2) para criar uma

cavidade com área circular de 13 mm de diâmetro e 125 µm de

profundidade (B1), Figura 18.

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Figura 18. Processo de criação da cavidade na lâmina de vidro. A) Equipamento com fresa

diamantada. B) perfuração da cavidade desejada (1) de Ø=13 mm e h=125 µm, por

abração uma fresa diamantada sob a lamina de vidro (2).

Como ilustrado na Figura 19, a lâmina de vidro com a área vazia

circular (Ø=13 mm e h=125 µm), usada para conter o pó de TiO2, foi fixada

em uma placa de Petri de vidro. Uma suspensão de TiO2-P25 1% m/v em

etanol foi depositada na cavidade circular da lâmina de vidro. A deposição

foi conduzida em duas etapas, cada uma com 50 µL da suspensão, seguida

pela evaporação do solvente em estufa a 60°C por 10 min (α). O monômero

PDMS e um agente de polimerização foram misturados manualmente

(relação 10:1) e a mistura foi desgaseificada durante 20 min sob pressão

reduzida. A mistura foi vertida sobre a superfície da lâmina de vidro

contendo a camada de P25 previamente depositada (β). Em seguida, o

conjunto (γ) foi levado para um forno a 60°C, onde permaneceu por 30 min,

tempo necessário para a cura completa do elastômero. Posteriormente, o

elastômero curado foi cortado com um bisturi e retirado da lâmina, gerando

assim, o compósito fotocatalítico PDMS/TiO2 com relevo circular de ≈124

µm de altura e 13 mm de diâmetro (δ).

A B

1

2

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Figura 19. Etapas de formação do compósito PDMS/TiO2: (α) deposição de TiO2 (1% m/v)

na área circular da lâmina de vidro; (p) revestimento do molde com camada de TiO2 com

a mistura desgaseificada de PDMS e agente de cura (10:1); (γ) cura do polímero a 60°C

durante 1 h; (δ) remoção do compósito fotocatalítico PDMS/TiO2.

Para a construção do microrreator fotocatalítico (volume interno de

aproximadamente 10 µL e profundidade de 76 µm), o compósito

PDMS/TiO2 (δ) foi cuidadosamente limpo com etanol usando um

cotonete. O segundo modelo de PDMS (H) foi limpo com Extran® 5%,

lavado com água ultrapura e seco em estufa a 60°C por 20 min, após banho

de etanol em ultrassom por 10 min. Posteriormente, os dois modelos de

PDMS (δ e H) foram tratadas com plasma de O2 durante 3 min para

promover a hidroxilação das superfícies. As superfícies de PDMS, ativadas

por meio da formação de grupos Si-OH, foram sobrepostas e seladas. O

microrreator fotocatalítico PDMS/TiO2-PDMS foi posteriormente levado à

estufa a 60°C durante 30 min para completar o processo de condensação

entre os grupos Si-OH, Figura 20.

Figura 20. Etapas finais de prototipagem do microrreator fotocatalítico PDMS/TiO2-PDMS:

tratamento com plasma de O2 e selagem dos moldes δ e H.

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4.3.1.1. Microrreator duplo de PDMS/TiO2-PDMS.

Para a construção do microrreator duplo foram utilizados dois

microrreatores devidamente selados como indicado na Figura 20, uma

lâmina de vidro larga (75 x 50 x 1 mm) para fixação dos mesmos,

conectores de entrada e saída e uma conexão em ponte (∩) entre a saída

do primeiro e a entrada do segundo, Figura 21. A avaliação fotocatalítica

do dispositivo duplo foi realizada somente em bomba peristáltica.

Figura 21. Construção do microrreator duplo a partir da união de dois microrreatores

individuais conectados através de uma tubulação em ponte. Individuais.

4.3.1.2. Controle

A prototipagem do sistema de microrreator PDMS-PDMS,

denominado "controle", seguiu o mesmo procedimento de construção do

microrreator fotocatalítico, entretanto, sem a deposição de TiO2. Este

dispositivo microfluídico foi utilizado como um sistema de "controle" para

estudar apenas os fenômenos da fotólise associados à degradação dos

corantes orgânicos por ação da luz UV. Para a construção do controle do

sistema microfluídico duplo, seguiu-se a mesma metodologia de

prototipagem do microrreator duplo, unindo-se dois microrreatores sem

deposição do TiO2 (PDMS-PDMS).

4.3.2. Prototipagem mesorreator Vidro/PEEK/PDMS/TiO2

Basicamente, o mesorreator mostrado na Figura 22, projetado por

Tomasso Del Rosso foi obtido em colaboração com a empresa FS Control

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do Rio de Janeiro, e com todos os detalhes com desenho AUTOCAD, é

constituído de um suporte de aço com foro posterior de 13 mm de diâmetro,

um sistema de pressão com rosca, dois parafusos guias para alinhamento

do suporte com uma cela de fluxo PEEK oca de 13 mm de diâmetro e

profundidade variável (6 e 8 mm), conectores para a entrada e saída de

fluidos na cela de fluxo, dois anéis de borracha para evitar vazamento da

solução e garantir a vedação do sistema e dois vidros, um frontal e um

traseiro . Nesta configuração o sistema mesofluídico mostrado na Figura

22 (A-C) é utilizado como “controle”. Substituindo o vidro traseiro com o

compósito fotocatalítico PDMS/P25, o sistema mesofluídico se torna uma

cela de fluxo fotocatalítica, também denominado mesorreator fotocatalítico.

Como ilustrado na Figura 22 (C), o furo do suporte em aço, alinhado à área

interna da cela de fluxo oca, permite a passagem da luz UV permeando em

sequência: o vidro traseiro, a solução de corante presente na cela de fluxo,

o vidro frontal ou o compósito fotocatalítico PDMS/TiO2 fixado na frente da

rosca de pressão (Figura 22B).

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Figura 22. A) Desenho 3D AutoCAD e seções em prospetiva lateral e vertical do protótipo

mesorreator adaptável para integrar uma cela de fluxo de profundidade variável de 6,0 e

8,0 mm.; B) Parte frontal com sistema de vedação para adesão dos todos os constituintes

do mesorreator; C) parte traseira do suporte de aço com furo que permite a penetração da

luz UV na cela de fluxo até vidro frontal ou compósito fotocatalítico.

As celas de fluxos em PEEK com conetores de entrada e saída dos

fluidos, apresentam uma área circular de diâmetro de 13 mm e

profundidade 6 mm (volume interno de 800 µL) ou 8 mm (volume interno

de 1000 µL) as quais permitem que a luz UV passe pela cavidade da cela

e incida diretamente na camada fotocatalítica localizada na parte frontal da

cela de fluxo do mesorreator. No mesmo sistema é possível substituir um

compósito PDMS/TiO2 por PDMS ou outra lâmina de vidro limpa e usar o

A

B C

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sistema sem fotocatalisador como "controle" para estudar os fenômenos

associados à fotólise dos corantes orgânicos.

O mesorreator de 4 mm de espessura (volume interno de 500 µL) e

13 mm de diâmetro interno, Figura 23, desenvolvido por Omar Pandoli em

colaboração com o Laboratório NEXT (Núcleo de Experimentação

Tridimensional) do departamento de Design (PUC-Rio), foi obtido a partir

de uma impressora 3D profissional Projet® 3510-HD plus, utilizando como

material, a resina fotossensível VisiJet® M3 Crystal fornecida pela empresa

3D Systems. A cela de fluxo com sistema plug-in de injeção e saída de

fluidos também é adaptável ao suporte de aço e tem a mesma função das

demais celas de fluxo fotocatalíticas e controle, dependendo da

configuração técnica já explicada anteriormente.

Figura 23. Desenho SolidWork da cela de fluxo do mesorreator de 4,0 mm de profundidade

e 13 mm de diâmetro, desenvolvida em parceria com o laboratório NEXT da PUC-Rio.

4.3.3. Caracterização do compósito PDMS/TiO2

A imobilização e homogeneidade do TiO2 na superfície do PDMS

foram avaliadas com um microscópio eletrônico de varredura Marca JEOL-

JSM-6701F e um Microscópio Raman Confocal da Horiba.

A análise de Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV ou SEM-

Scanning Eletron Microscopy) foi realizada com um feixe de elétrons a 1 kV

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com uma distância de trabalho de 6 mm. A formação do compósito

PDMS/TiO2 foi avaliada pela técnica EDS (energy dispensive X-ray

spectroscopy), operando a 15 kV com uma distância de trabalho de 15 mm

(Ver Figura 31). Pela técnica de espectroscopia Confocal Raman, foram

feitas medidas dos componentes isolados puros, PDMS e TiO2, e do

compósito PDMS/TiO2. As amostras foram excitadas com uma fonte laser

de Ar-Kr (comprimentos de onda de 785 nm), uma lente objetiva de x100,

grade de 1200 gr/mm e filtro de atenuação de 25%. A potência do laser

sobre a amostra foi de 22,5 mW. Os mapeamentos 2D e 3D Raman de uma

porção micrométrica da amostra PDMS/TiO2 (20 x 20 x 10 µm) foram

registrados utilizando uma mesa motorizada, obtendo um espectro Raman

a cada 5 µm em todo o volume predefinido. Cada espectro foi adquirido

com duas acumulações de 2 s cada (Ver Figura 32-33).

4.3.4. Procedimento de medição espectrofotométrica do processo de fotodegradação

As medições espectrofotométricas foram feitas nas faixas de

varreduras de 400 a 800 nm para as soluções aquosas de rodamina B e

azul de metileno, e de 200 a 400 nm para a solução aquosa de fenol. As

medições quantitativas foram feitas nos comprimentos de onda máximos

de cada solução, 553,0 nm (rodamina B), 662,9 nm (azul de metileno) e

270,0 nm (fenol).

4.3.5. Avaliação do desempenho dos dispositivos micro- e mesofluídicos

4.3.5.1. Preparo das soluções para avaliação fotocatalítica

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4.3.5.1.1. Suspensão de TiO2 1% m/v

Para a obtenção de uma dispersão de dióxido de titânio em etanol 1%

m/v, pesou-se 10 mg de nanopartículas de TiO2-P25 em um vial de 1,5 mL

com ajuste do volume final da suspensão para 1,0 mL com etanol.

4.3.5.1.2. Preparo das soluções de rodamina B

Uma solução estoque de rodamina B de concentração 1,0 × 10-4 mol

L-1 foi preparada a partir da dissolução de 0,0024 g do padrão de rodamina

B dissolvido em 50 mL de água ultrapura. Para as avaliações

fotocatalíticas, soluções com diferentes concentrações (10-5 mol L-1) foram

preparadas a partir da diluição de alíquotas da solução estoque de

rodamina B 1,0 × 10-4 mol L-1 com ajuste do volume final da solução para

50 mL com água ultrapura. Volumes apropriados da solução estoque foram

usadas para preparar as curvas de calibração (Ver Figura 34).

4.3.5.1.3. Preparo das soluções de Azul de Metileno

Uma solução estoque de azul de metileno de concentração 1,0 × 10-

4 mol L-1 foi preparada a partir da dissolução de 0,0016 g padrão de azul de

metileno em 50 mL de água ultrapura. Para as avaliações fotocatalíticas,

soluções de ordem (10-5 mol L-1) foram preparadas a partir da diluição de

alíquotas da solução estoque com ajuste do volume final da solução para

50 mL com água ultrapura. Volumes apropriados da solução estoque foram

usadas para preparar as curvas analíticas (Ver Figura 34).

4.3.5.1.4. Preparo das soluções de Fenol

Uma solução estoque de fenol 10-2 mol L-1 foi preparada a partir da

dissolução de 0,1 g padrão de fenol em 50 mL de água ultrapura. Para a

avaliação da reação fotocatalítica, soluções de fenol (4,2 × 10-4 mol L-1)

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foram preparadas diluindo alíquotas da solução estoque com ajuste do

volume final da solução para 50 mL com água ultrapura. Volumes

apropriados da solução estoque foram usadas para preparar as curvas

analíticas.

4.3.5.2. Teste de atividade fotocatalítica em microrreator individual e mesorreator (800 µL)

Os testes fotocatalíticos tanto com dispositivos micro- (10 µL) quanto

com mesofluídicos (800 µL), foram realizados em triplicata, utilizando dois

sistemas de injeção de fluxo: um sistema de bomba seringa para uma

injeção semicontínua (Figura 24) e um sistema de bomba peristáltica para

uma injeção contínua da solução do corante orgânico (Figuras 25), (ver

dados em Figuras 35-36 e Tabelas 2-3).

Ambos os sistemas foram montados com tubos e conectores. Os 10

mL da solução de corante orgânico na ordem de 10-5 mol L-1, a potência de

irradiação (25 mW cm-2 e 12,5 mW cm-2) com lente convergente, a

velocidade de fluxo de 0,05 mL min-1 e o tempo de exposição (16 h), foram

mantidos constantes para comparar o desempenho dos sistemas meso- e

microfluídicos fotocatalíticos.

A reação fotoquímica com bomba seringa em modalidade

semicontínua, foi realizada com 10 mL de solução de rodamina B, que

foram recirculados por 5 vezes, totalizando 16 h de fluxo. A medição

espectrofotométrica foi realizada após cada ciclo.

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Figura 24. Sistema de bomba seringa com reutilização dos 10 mL da solução de rodamina

10-5 mol L-1 após cada ciclo de fotoxidação. Ao final de 5 ciclos a solução totalizou 16 h de

fluxo.

De forma similar, a reação de fotodegradação foi realizada em um

sistema de bomba peristáltica, utilizando 10 mL de solução aquosa de

rodamina B, foram recicurlados initerruptamente por 16 h. A leitura

espectrofotométrica foi realizada somente no final do experimento.

Figura 25. Sistema de bomba peristáltica com constante recirculo da solução do corante

orgânico (sistema circular).

O sistema de bomba seringa foi necessário para entender a

fotodegradação do corante em cada ciclo de injeção, sem misturar os

produtos gerados ao longo do processo fotocatalítico. Por outro lado, foi útil

para compreender se o processo de fluxo contínuo pode ter um melhor

desempenho em relação ao sistema de fluxo semicontínuo.

A

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4.3.5.3. Efeito da capacidade volumétrica no processo fotocatalítico em mesorreatores

O desempenho fotocatalítico dos mesorreatores também foi avaliado

usando bomba peristáltica com monitoramento fotométrico online. Os

ensaios foram realizados para verificar a influência da capacidade

volumétrica no processo de fotodegradação do sistema mesofluídico e

comparar a atividade catalítica entre os diferentes dispositivos

mesofluídicos (500, 800 e 1000 µL) (ver dados em Tabela 4).

4.3.5.4. Microrreator duplo

Para avaliar o desempenho do microrreator duplo, foram feitos

estudos de resistência mecânica da selagem, utilizando diferentes

velocidades de fluxo, bem como, a avaliação da atividade fotocatalítica,

testes comparativos de degradação em batelada e efeito da concentração

inicial no processo fotocatalítico.

4.3.5.4.1. Teste de resistência mecânica da selagem do microrreator duplo

A avaliação da resistência do dispositivo microfluídico duplo foi

realizada em fluxo contínuo com bomba peristáltica, utilizando 10 mL de

solução de rodamina B (10-5 M) em quatro diferentes velocidades de fluxo

(0,05; 0,20; 0,30 e 0,40 mL min-1) e irradiação de 12,5 mW cm-2 com lente

divergente. Alíquotas da solução de rodamina B foram coletadas em 3, 5,

6 e 8 h, e submetidas à leitura espectrofotométrica para avaliar a

fotodegradação da solução. Este teste permitiu estabelecer a melhor

condição de fluxo e degradação da solução de rodamina B em microrreator

duplo (ver dados em Figura 40 e Tabela 5).

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4.3.5.4.2 Avaliação da atividade fotocatalítica em dispositivo duplo

O desempenho fotocatalítico do microrreator duplo foi avaliado em

triplicata com 10 mL de cada substância orgânica: rodamina (10-5 mol L-1),

azul de metileno (10-5 mol L-1) e fenol (10-4 mol L-1). As soluções foram

bombeadas com uma bomba peristáltica operando a 0,4 mL min-1 sob 12

mW cm-2 de potência por 8 h para rodamina, 2 e 3 h para azul de metileno

e 16 h para a solução de fenol (ver dados em Figura 44). Após passadas

pelo reator duplo, as soluções foram submetidas ao estudo

espectrofotométrico para avaliar a taxa de fotodegradação de cada

solução.

4.3.5.4.3. Degradação em Batelada versus microrreator duplo

Estudos de degradação em batelada foram realizados usando

suspensão de TiO2 (1% m/v) para estudar a fotodegradação da rodamina

B (10-5 mol L-1). Um volume de 10,5 µL da suspensão de TiO2 foram

adicionados a 10 mL de solução de rodamina e mantidos em frasco de vidro

de 10 mL sob radiação UV (12,5 mW cm-2) por 8 h (Figura 26). As amostras

foram recolhidas em 8 h após o início da reação, e centrifugadas (3.600

rpm durante 20 min) para remover o particulado de TiO2 da solução, sendo

em seguida, analisadas espectrofotometricamente no comprimento

máximo de absorção de rodamina B (553 nm) (ver dados em Tabela 6).

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Figura 26. Sistema de degradação em batelada da solução de rodamina B com suspensão

de TiO2 (1% em etanol).

4.3.5.4. Efeito da concentração

A partir da velocidade de fluxo ideal, fixada em 0,4 mL min-1, obtida na

avaliação feita no item 3.3.3.3.1, diferentes concentrações da solução de

rodamina B (1,5×10-5, 2,1×10-5 e 2,7×10-5 mol L-1) foram utilizadas para

avaliar o efeito da concentração na atividade fotocatalítica do dispositivo

duplo e a efetiva capacidade de degradação do mesmo em soluções mais

concentradas. A avaliação foi realizada com 10 mL da solução de rodamina

B em regime de fluxo contínuo em 0,4 mL min-1 a 12,5 mW cm-2 por 8 h (ver

dados em Figura 41 e Tabela 8). Outra avaliação do efeito da concentração

foi realizada com 10 mL de Azul de metileno em duas diferentes

concentrações (2,7x10-5 mol L-1 e 1,0×10-4 mol L-1). A avaliação foi realizada

em regime de fluxo contínuo com velocidade de fluxo de 0,4 mL min-1 a

12,5 mW cm-2 durante 3 h.

4.3.5.5. Avaliação da durabilidade fotocatalítica do PDMS/TiO2 ao longo do tempo

A avaliação da estabilidade fotocatalítica do compósito PDMS/TiO2 ao

longo do tempo foi realizada com os três diferentes dispositivos construídos

a partir do compósito PDMS/P25 (mesorreator, microrreator individual e

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microrreator duplo), a fim de comprovar a eficiencia fotocatalítica dos

dispositivos ao longo do tempo reutilizando os mesmos em varias reações

até esgotar as propriedade de fotocatalise. Os ensaios de reutilização do

microrreator individual e mesorreator (6,00 mm, 800 volume) foram

realizados com 4 soluções frescas de rodamina B (10-5 mol L-1) , com o

auxilio de uma bomba peristáltica a 0,05 mL min-1 e luz UV a 12,5 mW cm-

2. Os ensaios de reutilizo do microrreator duplo foram realizados com 14

soluções frescas de rodamina B (10-5 mol L-1) e de azul de metileno (10-5

mol L-1) com o auxilio de uma bomba peristáltica operando a 0,4 mL min-1

e luz UV a 12,5 mW cm-2 (ver dados em Figura 43).

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5 Resultados e discussão

Neste capítulo são apresentados os resultados referentes à prototipagem

e caracterização de dispositivos micro- e mesofluídicos, estudos de

degradação fotocatalítica de corantes orgânicos e fenol, juntamente com

avaliações de alguns parâmetros importantes como resistencia mecanica à

velocidade de fluxo, concentração e durabilidade do processo fotocatalítico.

5.1. Prototipagem de micro- e mesorreatores

Neste trabalho otimizou-se o processo de fabricação de meso- e

microrreatores, já apresentada detalhadamente nas seções 3.3.1.e 3.3.2.

A impregnação do TiO2 no PDMS proporcionou o desenvolvimento de um

compósito fotocatalítico PDMS/TiO2, necessário para a prototipagem de 5

dispositivos micro- e mesofluídicos: um microrreator individual, um

microrreator duplo e três mesorreatores de diferentes capacidades

volumétricas (500 µL, 800 µL e 1000 µL).

Existem diversos microrreatores fabricados a partir de PDMS (CHEN

et al., 2015, 2013; LI et al., 2014, 2013b), entretanto, só há na literatura o

trabalho de Lamberti (2015) que pode ser usado como referência

comparativa com o dispositivo desenvolvido neste trabalho, uma vez que

os demais foram fabricados com uma etapa de calcinação em vidros, sem

imobilização do catalisador no polímero. O microrreator fotocatalítico

individual (fabricação seção 3.3.1) é ilustrado na Figura 27, totalmente

constituído por PDMS/TiO2-PDMS apresenta uma boa razão

custo/benefício em termo de redução do uso de elastômero e catalisador e

tempo de realização do dispositivo. Estas características estão de acordo

com as descritas por Lamberti (2015) que desenvolveu o primeiro

dispositivo microfluídico PDMS/TiO2-PDMS para fotodegradação de azul

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de metileno. O tempo gasto pelo autor para construção do dispositivo

fotocatalítico foi de 3 h e 20 min. A metodologia desenvolvida neste

trabalho otimizou o processo de construção e reduziu o tempo de

prototipagem para 2 h.

Figura 27. Microrreator PDMS/TiO2-PDMS flexível e com espessura estimada entre 0,5 –

0,7 cm, largura 2,5 cm e comprimento 7,2 cm.

A principal vantagem deste tipo de microrreator é que o mesmo é

descartável, prático, e apresenta fácil processo de selagem, sendo

resistente à pressão interna de fluidos, o que possibilita o uso do dispositivo

com velocidades de fluxo elevadas (0,4 mL min-1) sem apresentar abertura

da selagem e fenômeno de abrasão do fotocatalisador como observado em

microrreatores fabricados com etapas de calcinação. Outra característica,

consequência do material de fabricação é a utilização de soluções aquosas

no processo de fotodegradação. Além disso, a imobilização do TiO2

diretamente no PDMS elimina a necessidade de recuperação de

catalisadores e o uso de técnicas de separação (RAMOS et al., 2014).

A B

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Estas características tornam as técnicas de imobilização de TiO2 e

fabricação de dispositivos microfluídicos muito atraentes e promissoras no

campo da catálise heterogênea.

As características do dispositivo microfluídico foram potencializadas

com a construção do microrreator duplo (Figura 28) e o tempo de reação

de fotodegradação foi otimizado. O dispositivo apresentou bons resultados

de hidroxilação e selagem e possibilitou a realização de reações químicas

em regime de fluxo (50-200 μL min-1), maiores que o encontrado na

literatura, 25-100 μL min-1 (JAYAMOHAN et al., 2015; LI et al., 2013a;

PANDOLI et al., 2015).

Figura 28. Microrreator PDMS/TiO2-PDMS duplo obtido pela conexão entre dois

microrreatores. A) Entrada; B) Saída.

Os três mesorreatores com diferentes capacidades volumétricas

foram facilmente montados através de um sistema de vedação com os

seguintes componentes: compósito fotocatalítico PDMS/TiO2, cela de fluxo,

vidro e suporte de aço com furo traseiro, como já explicado na seção 3.3.2.,

e ilustrado na Figura 29. O compósito apresentou boa aderência aos

dispositivos devido à excelente vedação do sistema.

B A

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Figura 29. Mesorreatores fotocatalíticos constituídos por celas de fluxo com diferentes

espessuras: A) 8 mm (1000 µL); B) 6 mm (800 µL); C) 4 mm (500 µL), todas são suportadas

e vedadas por um sistema de rosca e conectadas a um sistema de tubulação de entrada

e saída..

5.2.

Caracterização do compósito PDMS/TiO2

A impregnação do fotocatalisador (TiO2) no polímero elastômero

(PDMS) é uma etapa do processo de prototipagem de dispositivos micro e

mesofluídicos fotocatalíticos, escolhida como uma alternativa à calcinação

do semicondutor sobre superfícies de vidro. (OUYANG; WANG; CHEN,

2012; LAMBERTI, 2015;). A camada circular fotocatalítica com TiO2 (Figura

30A) com raio 0,65 cm e espessura de 124 µm, apresentou fácil remoção

da placa de petri (Figura 30B) e boa aderência ao suporte PDMS sem sofrer

fenômeno de abrasão durante as injeções de fluxo das soluções de corante

analisadas, conforme será discutido nas seções 5.3.2-5.3.4.. A camada

fotocatalítica foi caracterizada pelas técnicas de SEM e RAMAN.

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Figura 30. Preparação do compósito PDMS/TiO2 com raio 0,65 cm e 124 µm de altura A)

placa de petri utilizada na preparação do compósito. B) compósito PDMS/TiO2 cortado e

destinado à prototipagem de micro- e mesorreatores fotocatalíticos.

A imagem MEV (Figura 31), mostra uma seção transversal do

compósito de PDMS/TiO2 com um relevo de aproximadamente 124 µm de

altura, correspondente à profundidade da cavidade onde a suspensão de

TiO2 (1% m/v) foi depositada e recoberta por PDMS.

Os espectros EDS contidos na Figura 31, confirmaram que a

imobilização do TiO2 no elastômero PDMS ocorreu de forma efetiva, tal

como indicado pela presença de Ti e Si na protrusão do compósito, em

quanto o Si é o único elemento detectado na parte interior do suporte de

PDMS. A presença de Ni, revelado em ambos espectros EDS, pode ser

justificada por uma possível contaminação da câmara SEM ou pela lâmina

de bisturi utilizada no corte transversal da amostra.

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Figura 31. Imagem MEV e espectros EDS do corte transversal do compósito PDMS/TiO2.

Na aérea marcada em verde relativa à o suporte de PDMS, o espectro EDS apresenta o

elemento Si sem a presença de Ti, na área da protrusão marcada em azul, o EDS, mostra

a coexistência de Si e Ti.

A imagem óptica do Microscópio Raman Confocal mostra uma mistura

heterogênea dos componentes: TiO2 e PDMS (Figura 32). O Mapeamento

Raman 2D (25 × 25 µm) sobreposto à imagem óptica (90 × 70 µm)

apresenta duas áreas coloridas, em azul e verde, correspondentes aos dois

componentes do compósito, respectivamente, TiO2 e PDMS. O espectro

Raman mostra a distribuição não homogênea de ambas substâncias numa

área em exame do compósito fotocatalítico. As imagens coloridas do

mapeamento Raman (2D e 3D) foram geradas através da integração de

área de pico das duas bandas espectrais Raman definidas, a partir de 133

a 143 cm-1 para o TiO2, e de 695 a 710 cm-1 para o PDMS,

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Figura 32. Mapeamento Raman 2D (25x25 µm) do compósito PDMS/TiO2 sobreposta à

imagem de Microscopia Óptica (90x70 µm). Espectro gerado pela integração da

intensidade das bandas espectrais Raman definidas de 133 a 143 cm-1 de TiO2 (azul) e de

695 a 710 cm-1 para PDMS (verde).

O Mapeamento 3D por Microscopia Raman Confocal permitiu uma

melhor visualização de um volume de 20 × 20 × 10 µm, onde a cor azul

representa o TiO2 na fase de anatase e a área em verde, o PDMS puro

(Figura 33). O processamento de imagem permite tirar a parte colorida do

TiO2 mostrando a interface entre os dois componentes em 10 µm de

profundidade, indicando que a superfície do PDMS não está totalmente

coberta por TiO2, uma vez que, apresenta alguns espaços onde há o PDMS

puro.

Na Figura 33, parte superior esquerda, o espectro Raman em azul,

apresenta bandas características da forma cristalina anatase TiO2, uma

intensa em cerca de 140 cm-1 atribuída ao modo vibracional E1g e outras

bandas menores 398 cm-1, 516 cm-1, 637, atribuídas aos modos

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83

vibracionais B1g, A1g, Eg, respectivamente (LAMBERTI, 2015; PENG et al.,

2016; STROYUK et al., 2015). O espectro Raman em verde, localizado no

lado direito inferior, apresenta uma banda intensa em 500 cm-1,

característica de estiramento simétrico de Si-O-Si e outras bandas em 685

cm−1 (dobramento simétrico-rocking de Si-CH3); 709 cm-1 (estiramento

simétrico de Si-C), 788 cm-1 (dobramento assimétrico-rocking de CH3 +

estiramento assimétrico de Si-C), 859 cm-1 (dobramento simétrico-rocking

de CH3). Essas bandas são características do PDMS (LAMBERTI, 2015;

STANKOVA et al., 2015).

Figura 33. Mapeamento 3D (20 × 20 × 10 µm) com Microscopia de Raman Confocal gerada

pela integração da intensidade das bandas espectrais Raman definidos a partir de 133 a

143 cm-1 de TiO2 (azul) e de 695 a 710 cm-1 para PDMS (verde).

A partir das informações do fabricante sobre as nanopartículas de P25

foi possível estimar a área superficial do compósito PDMS/TiO2. As

nanopartículas de TiO2 P25 apresentam diâmetro médio de 21 nm, área

superficial especifica de 50 m2/g e densidade de 4,26 g cm-3. A área circular

do compósito possui um raio de 0,65 cm. Os cálculos referentes à área

superficial fotocatalítica no compósito são mostrados nos anexos.

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A partir dos cálculos, uma solução de 0,79 µL (1%) para um teste de

degradação em batelada com uma solução de corante (10 mL, 10-4 mol L-

1) seria suficientemente compatível com os testes de fotoxidação realizados

em dispositivos microfluídicos duplo. No experimento em batelada utilizou-

se um excesso da suspensão de 1% de TiO2 em etanol até 15 µL para

mostrar como o processo em fluxo pode ser bem mais eficaz do sistema

em batelada com uma economia de material fotocatalítico que viabiliza o

sistema em fluxo para quantidade menores de material, sobretudo quando

este último seja caro e de baixa disponibilidade.

5.3. Estudo da atividade fotocatalítica

Para determinar a verificar o perfil de degradação da solução de

corantes após o teste de fotodegradação fotocatalítica, curvas de

calibração com 5 pontos foram construídas para a rodamina B e o azul de

metileno em concentrações que variaram de 3,0 × 10-6 mol L-1 a 1,5 × 10-5

mol L-1. Os perfis espectrais de rodamina B e azul de metileno e as

respectivas curvas analíticas são apresentadas na Figura 34.

400 500 600 700 800

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

e

a

nm)

Ab

so

rvâ

nc

ia

1

3,0x10

-66,0x10

-69,0x10

-61,2x10

-51,5x10

-5

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

Concentração de Azul de Metileno (molL-1)

Ab

so

rvâ

nc

ia

2

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400 500 600 700 800

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

e

a

nm)

Ab

so

rvân

cia

3

3,0x10-6

6,0x10-6

9,0x10-6

1,2x10-5

1,5x10-5

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

Concentração de Azul de Metileno (molL-1)

Ab

so

rvâ

nc

ia

4

Figura 34. (1) Perfis espectrais da rodamina B com um λmax de 553 nm de soluções padrão

de rodamina B em diferentes concentrações (2) Curva de calibração com modelo de

equação de Y = (4,89 x 104 ± 7,2 x 102) X + 3,6 x 10-3 ± 7,2 × 10-3 e R2 = 0,999 para

concentrações crescentes de rodamina B; (3) Perfis espectrais de azul de metileno com

um λmax de 663 nm de soluções padrão de azul de metileno em diferentes concentrações;

(4) Curva de calibração com modelo de equação de Y = (6,18 × 104 ± 1,7 × 103 mol-1) X –

3,25 x 10-2 ± 1,7 × 10-4. e R2 = 0,997 para concentrações crescentes de azul de metileno.

5.3.1 Estudo comparativo de dispositivos meso- e microfluídicos para fotodegradação de Rodamina

Os resultados da atividade fotocatalítica são apresentados e

comparados nas Figuras 35 e 36. As atividades de fotodegradação do

microrreator (após cada ciclo) e mesorreator (após 16 h) foram monitoradas

utilizando dois sistemas de injeção diferentes (bomba seringa e bomba

peristáltica) e uma fonte de luz UV-LED em 365 nm com as seguintes

potencias de irradiação: 25 mW cm-2 e 12,5 mW cm-2. Todos os valores,

exceto os dados do microrreator com a potência em 25 mW cm-2, são

relatados na Tabela 3 e Tabela 4. O processo de fotodegradação foi

monitorado observando a mudança de absorvância da solução de

rodamina B no comprimento de onda de 553 nm e a degradação percentual

(D %) foi determinada pela equação 9:

𝐷% =[A0 − 𝐴𝑡]

(A0) 𝑥100 (9)

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onde, A0 é a absorvância da solução de rodamina B de concentração inicial

(C0) e At é a absorvância da solução degradada ao longo do tempo. Com

um sistema de bomba seringa, a banda de absorção de rodamina B foi

obtida depois de cada ciclo de injeção de fluxo (Figura 35A). No caso do

sistema de bomba peristáltica, com o monitoramento após 16 h (Figura

35B).

400 500 600 700 800

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Ab

so

rvâ

ncia

(u

. a

.)

(nm)

1

6

A

400 500 600 700 800

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

16h

Abso

rvâ

ncia

(u

. a

.)

(nm)

9h

B

Figura 35. Espectros de absorvância UV-Vis de Rodamina B após fotodegradação em

microrreator durante: 1) 5 ciclos de injeção (1-6) com sistema de bomba seringa; 2) injeção

em fluxo contínuo com sistema de bomba peristáltica em 16 h.

De acordo com o histograma ilustrado na Figura 36, obtido com os

valores das tabelas 2 e 3, o mesorreator em um sistema de bomba seringa

irradiado com LED a 25 mW cm-2 mostrou uma descoloração da solução

de rodamina de 88,4%, enquanto que o controle atingiu 63,5%. A diferença

percentual entre o processo de fotocatálise e a fotólise foi de

aproximadamente 25%. Com bomba peristáltica e mesma potência de

irradiação se observou uma descoloração da solução de rodamina de

80,5%, no entanto, o controle atingiu 44,8% com uma diferença percentual

de 35,7%. Como o objetivo principal desse trabalho era desenvolver

dispositivos fotocatalíticos que evidenciassem a eficiência fotocatalítica do

semicondutor (TiO2), a radiância foi reduzida pela metade e os efeitos de

fotólise foram reduzidos em 45%. Neste caso, a ação do processo de

fotólise foi menos evidente em comparação com os fenômenos da

fotocatálise.

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0

10

20

30

40

50

60

70

80

90

100

110

De

gra

da

ça

o (

%)

de

ro

da

min

a B

-212,5 mWcm-225 mWcm-2

95,8

25,6

43,6

19,2

80,5

44,8

88,4

20,6

51,5

18,4

88,4

63,5

12,5 mWcm25 mWcm

Bomba Seringa Bomba Peristaltica

Controle Mesorreator Micro individual

-2

Figura 36. Fotodegradação de solução de rodamina B, com microrreator individual e

mesorreator (800 µL) em diferentes sistemas de bombas e UV LED. Todas as soluções

foram injetadas a uma velocidade de fluxo de 0,05 mL min-1.

De acordo com a Tabela 2, o mesorreator (controle) a 12,5 mW cm-

2 em bomba seringa, provocou a queda da ação da fotólise para 18,5%,

enquanto o mesorreator fotocatalítico atingiu 51,5% de fotodegradação,

confirmando uma significativa diferença entre fotocatálise e fotólise

(33,0%). Isto significa que a camada de fotocatalisador precisa apenas de

uma quantidade mínima de luz UV-Vis para ser ativada e gerar as espécies

reativas, responsáveis pela degradação da solução de rodamina B.

Um aumento na radiância do LED pode elevar a intensidade dos

fenômenos de fotólise que mascaram a eficiência do TiO2. Por esta razão,

pelo sistema microfluídico fotocatalítico foi utilizada apenas uma fonte de

luz UV-LED a 12,5 mW cm-2. Neste caso, o microrreator fotocatalítico em

bomba seringa a 12,5 mW cm-2 alcançou 88,4% de degradação da solução

de rodamina B, enquanto que o controle atingiu 20,6% com uma diferença

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percentual de 67,8%, valor que indica apenas a ação do fotocatalisador. O

microrreator mostrou um desempenho aproximadamente 37% maior que o

mesorreator.

Tabela 2.Teste de fotodegradação da solução de rodamina B na ordem de 10-

5 mol L-1 (C0) em dispositivos meso e microfluídicos com bomba seringa após 5

ciclos a 0,05 mL min-1 (fonte de luz UV-LED a 12,5 mW cm-2).

No sistema de bomba peristáltica (Tabela 3), verificou-se que após 16

h em condições de fluxo e radiância similares, a eficiência do microrreator

fotocatalítico foi duas vezes maior que a observada no

mesorreator. Enquanto, o dispositivo mesofluídico mostrou 43,6% de

descoloração da solução de rodamina, o microrreator fotocatalítico

apresentou 95,7%.

Fotodegradação (D%) de rodamina B

Meso (800 µL) Micro (10 µL)

Abs (u.a) D% % controle Abs (u.a) D% % controle

C0 0,82 ± 0,11 - 0,92 ± 0,02 -

1 ciclo 0,67 ± 0,10 18,0 ± 4,0 6,0 ± 1,0 0,53 ± 0,04 42,37 ± 3,0 8,0 ± 2,1

2 ciclos 0,59 ± 0,08 28,0 ± 2,0 9,0 ± 2,0 0,38 ± 0,03 58,50 ± 4,0 12,0 ± 1,5

3 ciclos 0,52 ± 0,09 37,0 ± 2,0 11,0 ± 2,0 0,24 ± 0,01 73,37 ± 1,0 14,0 ± 2,0

4 ciclos 0,46 ± 0,08 44,0 ± 2,0 15,0 ± 1,0 0,16 ± 0,02 82,73 ± 2,0 16,0 ± 1,0

5 ciclos 0,39 ± 0,06 52,0 ± 1,0 19,0 ± 1,0 0,11 ± 0,02 88,0 ± 2,0 21,0 ± 3,0

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Tabela 3. Teste de fotodegradação da solução de rodamina B na ordem de 10-

5 mol L-1 (C0) em dispositivos meso e microfluídicos com bomba peristáltica após

16 h a 0,05 mL min-1 (fonte de luz UV-LED a 12,5 mWcm-2).

Fotodegradação (D%) de rodamina B

Meso (800 µL) Micro (10 µL)

Abs (u.a) D% % controle Abs (u.a) D% % controle

C0 0,95 ± 0,02 - 0,93 ± 0,17 -

16 h 0,54 ± 0,02 44,0 ± 3,0 19,0 ± 3,0 0,04 ± 0,02 96,0 ± 1,0 26,0 ± 2,0

A percentagem de fotodegradação encontrada em microrreator

individual foi superior à encontrada por Da Silva; Lansarin e Moro (2013)

que obtiveram 93% de fotodegradação de rodamina B (4,2 ×10-5 mol L-1)

utilizando TiO2 dopado com Paládio, 90% com P25 e 82% utilizando NTT

(nanotubos de titânio).

Na Figura 37 é apresentado o perfil de degradação para a rodamina

B em dispositivos micro- e mesofluídicos em bomba seringa com exposição

UV por 16 h. Todos os valores obtidos nos testes de fotodegradação da

rodamina B em dispositivos meso e microfluídicos em bomba seringa após

5 ciclos a 0,05 mL min-1 (LED de 12,5 mW cm-2, Tabela 2) foram utilizados

para construir um gráfico Ct/C0 em função do tempo de fluxo (Figura 37A),

e um gráfico ln(C0/Ct) em função do tempo (Figura 37B) para obter a

constante cinética da reação, onde C0 é a concentração inicial de rodamina

B e Ct é a concentração da solução de rodamina B após cada ciclo de

injeção.

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Figura 37. Perfis gráficos da variação da concentração de rodamina B durante

fotodegradação em meso- (800 µL) e microrreator com bomba seringa após 5 ciclos, com

e sem compósito fotocatalisador, sob irradiação de luz UV a 12,5 mW cm-2: (A) gráfico

Ct/C0 vs tempo e (B) gráfico ln(C0/Ct) vs tempo. Em vermelho são representados os testes

em microrreatores, em azul, testes com mesorreatores.

Os valores de fotodegradação com dispositivos meso e microfluídicos

sem fotocatalisador (controle) foram utilizados como referência para realçar

o fenômeno de fotólise durante a exposição à luz UV. Fica evidente que a

0 200 400 600 800 10000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

Ct/C0

tempo (min)

controle micro

controle meso

Mesorreator

Microrretor individual

A

0 200 400 600 800 1000

0,0

0,5

1,0

1,5

2,0

2,5

ln(C

0/C

t)

tempo (min)

B

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diminuição da concentração de rodamina B durante o processo de

fotodegradação sob irradiação UV, é mais acentuada nos dispositivos

microfluídicos do que em dispositivos mesofluídicos. As reações de

degradação de rodamina B com os dispositivos fotocatalisados com dióxido

de titânio seguem uma cinética de primeira ordem (LUAN; XU, 2013), visto

que, o gráfico de logaritmo natural da razão entre a concentração inicial

(C0) e a concentração medida em cada ciclo (Ct) em função do tempo,

apresentou uma relação linear de R2 = 0,999, para o meso e R2=0,994, para

o micro individual, cujo os coeficientes angulares forneceram kmeso = 7,2 ×

10-4 min-1 e kmicro = 2,16 × 10-3 min-1 como constantes cinéticas de

fotodegradação da rodamina B.

A constante de velocidade de reação (k) obtida da equação (10)

permite comparar a velocidade de degradação para os diferentes

dispositivos e comparar o desempenho de ambos. Neste caso a velocidade

de fotodegradação no microrreator é 3 vezes mais rápida do que o

mesorreator.

𝑘 =ln (

𝐶0𝐶𝑡)

𝑡

O melhor desempenho fotocatalítico foi apresentado pelo

microrreator em comparação com o mesorreator, devido a razão superfície

fotocatalítica/volume interno do reator. O mesorreator apresenta uma

relação de 1,65 ×10-4 m2/mL e o microrreator 1,33 × 10-2 m2/mL. Neste

sentido, a área de contato do microrreator é 80 vezes maior que a do

mesorreator. Considerando que os principais passos da reação

fotocatalítica ocorrem na superfície do catalisador, este aumento na

superfície de contato oferece maior área de superfície específica,

proporcionando maior adsorção e, consequentemente, a maior conversão

do corante em produtos de degradação. (LIN et al., 2013).

(10)

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5.3.2. Avaliação da velocidade de fluxo e atividade fotocatalítica em sistemas mesofluídicos com Rodamina B.

A avaliação de fluxo e atividade fotocatalítica em sistemas

mesofluídicos foi feita com o objetivo de verificar o desempenho

fotocatalítico em cada dispositivo e a influência do volume interno do

mesorreator no processo fotocatalítico (seção métodos 3.3.3.4.). Três

mesorreatores fotocatalíticos com diferentes volumes internos da cela de

fluxo PEEK (500, 800 e 1000 µL) acoplados ao compósito PDMS/P25 foram

testados em sistema de fluxo contínuo por 22 h para verificar a eficiência

fotocatalítica. Os valores em percentagem de degradação (D%) para os

diferentes dispositivos e os seus respectivos controles são mostrados na

Tabela 4.

Os resultados revelam que após 22 h de fluxo contínuo, o

mesorreator de 500 µL (4 mm) apresentou uma degradação de 34,79%

descontando o controle, representado somente pela ação da luz (fotólise)

que obteve 19,81%. Os mesorreatores de 800 µL (6 mm) e 1000 µL (8 mm),

apresentaram descoloração de 27,39% e 20,65%, respectivamente,

descontando a contribuição da fotólise.

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Tabela 4. Valores em percentagem da fotodegradação de rodamina B em regime

de vazão contínua de 0,05 mL min-1 por 22 h sob irradiação UV a 12,5 mW cm-2

em três mesorreatores fotocatalisados com diferentes volumes da cela de fluxo,

Fotodegradação (D%) de rodamina B

Mesorreatores Volume / profundidade

Tempo (h)

500 µL / (4mm) 800 µL / (6mm) 1000 µL / (8mm)

Controle Teste Controle Teste Controle Teste

1 4,33 ± 0,02 7,55 ± 1,42 3,54 ± 0,47 6,49 ± 1,08 0,32 ± 0,01 4,60 ± 1,00

2 5,57 ± 0,90 11,36 ± 1,9 4,50 ± 0,93 8,65 ± 1,30 0,95 ± 0,01 6,69 ± 0,55

3 6,50 ± 0,41 14,02 ± 2,90 5,15 ± 0,93 10,39 ± 1,07 2,22 ± 0,45 9,17 ± 1,14

4 7,12 ± 0,41 17,40 ± 1,92 5,79 ± 0,94 13,52 ± 2,13 3,16 ± 0,45 11,13 ± 1,30

5 8,70 ± 0,04 20,11 ± 2,60 8,36 ± 0,04 15,58 ± 2,25 3,48 ± 0,45 12,96 ± 1,87

6 9,30 ± 0,04 22,61 ± 2,93 9,00 ± 0,04 17,74 ± 1,78 3,80 ± 0,90 14,77 ± 2,11

7 10,84 ± 0,50 24,52 ± 3,46 9,97 ± 0,41 19,69 ± 2,35 4,11 ± 1,34 16,66 ± 2,78

22 19,81 ± 0,10 54,60 ± 1,64 16,72 ± 0,08 44,11 ± 2,15 14,24 ± 2,24 34,89 ± 1,49

D%(teste-

controle) 34,79% 27,39% 20,65%

Os resultados também mostram uma diferença de 7,40% de

degradação entre o mesorreator de 500 µL e o de 800 µL, e 6,74% entre

os dispositivos de 800 µL e 1000 µL. Considerando a fotólise, percebe-se

que a ação da luz na descoloração da solução de rodamina B também sofre

uma redução de 3,10% e 2,5%, para os respectivos dispositivos. Dessa

forma, constata-se que há uma forte influência do volume da cela de fluxo

no processo de degradação, visto que, à medida que o volume dos

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mesorreatores aumenta, a atividade fotocatalítica sofre uma redução. Esse

fator é justificado pela forte influência da superfície de contato na razão

superfície de contato/volume (Figura 38).

Figura 38. Representação da capacidade volumétrica nos dispositivos mesofluídicos

dentro da cela de fluxo se experimentam três áreas: A) região de fotólise; B) região de

fotocatálise; C) região de baixa degradação.

O volume eluído dentro do mesorreator possui 3 regiões

importantes, A) região de fotólise, que sofre ação do UV por estar mais

próxima da fonte UV, B) região fotocatalítica em que há ação próxima do

TiO2 devido a geração de radicais pós contato com avaliação UV 365 nm,

e C) região interna da cela de fluxo que sofre uma fotodegradação

intermediária em relação às zonas A e B, denominada de região de baixa

atividade fotocatalítica. Em geral no mesorreator, as regiões A e B

experimentam apenas uma pequena porção do volume de solução a ser

fotodegradada, enquanto na região C a solução de corante passa sem

sofrer uma ação direta do fotocatalisador ou da radiação UV e sem

desconsiderar que segundo a Lei de Langer-beer, a intensidade da fotólise

decai proporcionalmente com aumento do caminho óptico, uma vez que, o

número de fótons é reduzido. Foi observado experimentalmente (Figura 39)

A- Região de Fotólise

B- Região de Fotocatálise (TiO2)

C- Região de baixa atividade fotocatalítica

4 mm - volume interno: 500 µL

6 mm - volume interno: 800 µL

8 mm - volume interno: 1000 µL

Luz UV

TiO

2

O

H-

O

H-

O

H-

O

H-

A B

C

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que aumento do volume de fluido na cela de fluxo implica em uma

saturação de alguns sítios catalítico de TiO2 devido a uma deposição do

corante na camada de semicondutor. Esse fenômeno indesejado é

relacionado a uma taxa de fotodegradação inferior em comparação com

respeito aos dispositivos com menor capacidade volumétrica.

Figura 39. Compósito PDMS/TiO2 após 22 h de uso com saturação dos sítios ativos da

camada de TiO2 em diferentes compósitos fotocatalíticos usadas em cela de fluxo de 500

µL (A), 800 µL (B) e 1000 µL (C).

A adsorção da molécula de rodamina B na superfície do catalisador

pode ser considerada como um passo crítico pela optimização do processo

de uma fotocatálise. A rodamina B pode ser adsorvida na superfície do TiO2

por atração eletrostática e formar várias camadas do corante na superfície

do fotocatalisador provocando a absorção de fótons pelas camadas do

corante, o que reduz a energia disponível para a geração de radicais

hidroxila. Este fenômeno já havia sido observado por (GRZECHULSKA;

MORAWSKI, 2002) e (DAMODAR; JAGANNATHAN; SWAMINATHAN,

2007) em trabalhos envolvendo o dióxido de titânio no processo de

fotodegradação de rodamina em sistemas em batelada.

B C A

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5.3.3. Avaliação fotocatalítica em microrreator duplo

A prototipagem de um sistema de microrreatores acoplados

denominado “microrreator duplo” ou “dispositivo duplo” é explicada na

seção 3.3.1.1. Nesta seção são apresentados os resultados referentes às

avaliações da resistência mecânica do dispositivo duplo à diferentes

velocidades de fluxo, atividade fotocatalítica com rodamina B, azul de

metileno e fenol e efeito da concentração inicial.

5.3.3.1. Teste de resistência mecânica da selagem do microrreator duplo

Os testes de resistência da selagem dos microrreatores foram

realizados com bomba peristáltica injetando soluções nas seguintes vazões

0,05; 0,20; 0,30 e 0,40 mL min-1 sob irradiação de UV (12,5 mW cm-2). Esta

avaliação foi necessária para encontrar uma velocidade limite de fluxo e

testar a resistência da selagem à pressão interna dos fluidos injetados.

Uma alta resistência mecânica de selagem viabiliza a realização de

reações em velocidades maiores, com otimização do tempo de fluxo e,

consequentemente, menor tempo de execução de reação.

A Tabela 5, mostra a fotodegradação alcançada pelo dispositivo

duplo em diferentes velocidades, assim como, os valores de R2 e

constantes cinéticas. Os testes de fotodegradação foram realizados em 16

h para 0,05 mL min-1, e em 8 h para as demais velocidades. Vale destacar

que com um microrreator duplo, uma elevada capacidade de

fotodegradação, < 99%, pode ser atingida em apenas 6-8 h, contra o 95,7%

atingido com um microrreator individual em 16 h (Seção 5.3.1.).

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Tabela 5. Teste de fotodegradação da solução de rodamina B 10-5 mol L-1 (C0) em

dispositivos duplos microfluídicos com bomba seringa a diferentes velocidades de

fluxo (fonte de luz UV-LED a 12,5 mW cm-2).

Fotodegradação (D%) de rodamina B em diferentes taxas

Fluxo

(mL min-1)

Tempo (h)

3 6 8 16 R2 k (min-1)

0,05 74,89 ± 0,92 85,70 ± 0,25 92,68 ± 0,06 99,14 ± 0,02 0,981 4,7 × 10-3

0,1 87,70 ± 1,52 97,42 ± 0,33 99,20 ± 0,33 - 0,994 9,0 × 10-3

0,2 93,01 ± 1,52 99,37 ± 0,04 99,76 ± 0,01 - 0,970 1,0 × 10-2

0,3 93,28 ± 0,17 99,07 ± 0,30 99,62 ± 0,01 - 0,981 1,2 × 10-2

0,4 95,45 ± 0,16 99,21 ± 0,07 99,76 ± 0,01 - 0,975 1,2 × 10-2

O dispositivo duplo apresentou bom desempenho fotocatalítico em

todas as velocidades analisadas em comparação com o microrreator

individual. Ele mostrou uma boa resistência mecânica a velocidades de

fluxo até 0,4 mL min-1. Nas primeiras 3 h de análise a 0,05 mL min-1, a

fotodegradação da solução de rodamina B atingiu o valor de 74,5% e ao

término de 16 h, a mesma alcançou 99,14% com uma constante cinética K

= 4,7 × 10-3 min-1. Em 0,1 mL min-1, 99,20% da solução foi degradada em

8 h de fluxo K = 9,0 × 10-3 min-1.

Os melhores desempenhos para o dispositivo duplo foram alcançados

nas vazões de 0,20, 0,30 e 0,40 mL min-1, com uma taxa de fotodegradação

maior de 99% em apenas 6 h (Tabela 5). Os valores das constantes

cinéticas de primeira ordem para as referidas velocidades foram 1,0 × 10-2

min-1, 1,2 × 10-2 min-1 e 1,2 × 10-2 min-1, respectivamente. Os perfis cinéticos

da fotodegradação podem ser observados na Figura 40. O perfile cinético

com a maior taxa de fotodegradação no tempo é aquele referente à

velocidade de 0,4 mL min-1. Provavelmente, nesta velocidade, a solução

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recirculada no dispositivo duplo possui maior número de ciclos de

fotodegradação e, consequentemente, fica mais tempo em contato com o

semicondutor TiO2.

A partir destes ensaios, a velocidade 0,4 mL min-1 foi escolhida para

a realização das reações de fotodegradação com rodamina B, azul de

metileno e fenol, por ter apresentado maior valor de k, Figura 40E, e maior

taxa de fotodegradação.

Figura 40. Perfil cinético de primeira ordem para a degradação de rodamina B em

diferentes vazões de fluxo num microrreator duplo: A) 0,05 mL min-1 com k= 4,7 × 10-3 min-

1 (R2= 0,981) ; B) 0,10 mL min-1 com k= 9,0 × 10-3 min-1 (R2 = 0,994); C) 0,20 mL min-1 com

k= 1,0 × 10-2 min-1 (R2=0,970); D) 0,30 mL min-1 com k= 1,2 × 102 min-1(R2=0,981); E) 0,40

mL min-1 com k= 1,2 × 10-2 min-1 (R2=0,975).

0 200 400 600 800 1000

0

1

2

3

4

5

6

7

Tempo (min)

ln(C

0/C

t)

0,05 mL min-1

0,10 mL min-1

0,20 mL min-1

0,30 mL min-1

0,40 mL min-1

AB

C

D

E

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Com a construção de um dispositivo duplo e otimização das condições

de reação aplicadas, os resultados para a degradação de rodamina B

mostraram-se mais eficientes do que aqueles obtidos em meso- e

microrreator individual. O aumento do número de sítios ativos do

catalisador devido a união de dois microrreatores e da velocidade

propiciaram melhores condições de reação, aumentando a capacidade de

degradação da solução em menor tempo pelo dispositivo produzido.

Em comparação com o dispositivo desenvolvido por Pandoli et al

(2015) a partir da selagem de uma lâmina de vidro contendo TiO2 calcinado,

com um modelo mestre de PDMS com microcanais, a taxa utilizada com o

dispositivo duplo foi 8 vezes maior e os valores de D (%) foram 34,76%

maiores que os obtidos pelos referidos autores.

5.3.3.2. Estudo Comparativo da atividade fotocatalítica do microrreator duplo em relação à batelada

A avaliação fotocatalítica seguiu os mesmos procedimentos

utilizados em microrreator individual, com exceção da velocidade de fluxo,

fixada em 0,4 mL min-1. Para a avaliação em batelada, foram utilizados 15

µL da suspensão de TiO2 em etanol empregando condições de fluxo e

irradiação semelhantes as realizadas em microrreator duplo. Os resultados

de fotodegradação obtidos mostraram uma maior eficiência fotocatalítica

do dispositivo duplo em comparação com a reação em batelada. Na Tabela

6, os resultados da avaliação fotocatalítica (em 8 h) são listados, indicando

a percentagem de fotodegradação por cada sistema. O dispositivo

microfluídico duplo obteve 99,6% de descoloração frente aos 7,7% do

controle. Este valor indica uma eficiência fotocatalítica de 92,0%

descontando ação da luz pela fotólise. Em comparação, a reação em

batelada apresentou degradação de 95,7% frente a um controle de 66,0%,

representando somente 29,7%, referente à ação do TiO2. Estes valores

certificam que em processos de fotodegradação o dispositivo duplo é o

mais indicado.

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Tabela 6. Teste de fotodegradação da solução de rodamina B em dispositivo

microfluídico duplo em bomba peristáltica e em batelada, ambos por 8 h.

Fotodegradação (D%) de rodamina B em 0,4 mL min-1

Micro duplo Batelada

Abs. % % controle Abs. % % controle

C0 1,330 ± 0,030 0,990 ± 0,002

8h 0,005 ± 0,002 99,60 ± 0,14 7,65 ± 0,07 0,040 ± 0,004 95,70 ± 0,02 66,0 ± 0,01

A avaliação fotocatalítica com uma solução de azul de metileno (1,5 ×

10-5 mol L-1) também foi realizada em fluxo contínuo a 0,4 mL min-1. Após

40 min, 92,1% da solução havia sido degradada. Decorrida 1 h a mesma

solução teve 97,7% de descoloração. A descoloração total da solução foi

alcançada em apenas 2 h, apresentando k = 0,05 min-1. O valor da

constante cinética de primeira ordem encontrado foi aproximadamente 19

vezes menor que o relatado por Lamberti (2015), que desenvolveu um

dispositivo totalmente constituído por PDMS/TiO2-PDMS, entretanto as

condições de execução da reação foram diferentes, com menor volume de

corante (1 µL), concentração (6× 10-5 mol L-1) e maior irradiância UV (60 mW

cm-2).

Em comparação com carvão ativo, utilizado na remoção de corantes

de águas residuais de industrias por meio de técnicas de adsorção, o

presente dispositivo apresenta potencial atividade fotocatalítica e utiliza

apenas 2 mg de catalisador para degradação de rodamina B na ordem de

10-5 e azul de metileno na ordem de 10-4, obtendo 99,60% e 100% de

fotodegradação, respectivamente. O catalisador utilizado é de baixo custo

e pela técnica de impregnação não precisa ser filtrado. Os carvões

ativados, comercialmente disponíveis ainda são considerados de alto custo

devido ao uso de materiais de partida não renováveis e relativamente caros

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(TAN; AHMAD; HAMEED, 2008). Além disso, precisam ser separados do

meio reacional e reativados para novas utilizações.

Na Tabela 7 é apresentada uma comparação entre dispositivos

microfluídicos à base de TiO2 relatados pela literatura. Em comparação com

os demais dispositivos, o microrreator duplo apresentou capacidade de

degradação superior aos trabalhos realizados, com exceção do dispositivo

desenvolvido por Lamberti (2015), porém apresentou uma constante

cinética inferior aos demais microrreatores.

Deve-se considerar as diferentes condições de operação dos

dispositivos listados, tais como, geometrias dos catalisadores, volume da

solução de corante, área superficial e potência da fonte utilizada. Essas

condições são importantes porque interferem diretamente no processo

fotocatalítico e na conversão do corante em subprodutos.

Tabela 7. Sistemas microfluídicos à base de dióxido de titânio na degradação de

azul de metileno.

Semicondutor Área

superficial

C0

(mol L-1) Volume

Fluxo

(µL min-1) Potencia % k (min-1) Referência

Filme P25 4,5 cm2 1,8x10-4 5 mL 25-100 100 (mWcm-2) 55-93 0,22 JAYAMOHAN et al., 2015

Nanotubos

(TiO2)

4,5 cm2 1,8x10-4 5 mL 25-100 100 (mWcm-2) 82-92 0,22 JAYAMOHAN et al., 2015

Nanofitas

(TiO2)

3,0 cm-2 3,1x10-5 24 µL 25-100 50 (mWcm-2) 55-95 4 – 5 LI et al., 2013

Filme de P25 9 cm2 3,0x10-5 3 mL 150-900 100 (mWcm-2) 48-94 1,6-2,2 HAN et al., 2013

Filme de P25 2 cm2 6,0x10-5 1 µL - 60 (mWcm-2) 100% 0,94 LAMBERTI, 2015

Filme de P25 1,3 cm-2 1×10-5 4 mL 33-66 6 W 55-65 - PANDOLI et al., 2015

Filme de P25 2,6 cm-2 10-5, 10-4 10 mL 400 12,5 (mWcm-2) 100% 0,05 Este trabalho

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5.3.3.3. Efeito da concentração inicial

Outro parâmetro importante avaliado neste estudo foi a concentração

inicial dos corantes. Geralmente, este fator desempenha um papel

importante durante a reação fotocatalítica por estar intrinsecamente ligada

aos sítios ativos do fotocatalisador. Buscou-se com esta avaliação verificar

o desempenho do reator duplo em diferentes concentrações. Nesta análise

foram utilizadas três concentrações diferentes de rodamina B (1,5 × 10-5,

2,1 × 10-5 e 2,7 × 10-5 mol L-1) e duas concentrações de azul de metileno

(2,7 × 10-5 e 1,0 × 10-4 mol L-1). Os dados referentes a degradação de

rodamina B nas três diferentes concentrações estão descritos na Tabela 8.

Tabela 8. Teste de fotodegradação da solução de rodamina B com diferentes

concentrações iniciais em dispositivo microfluídico duplo em bomba peristáltica

após 8 h a 0,40 mL min-1 (fonte de luz UV-LED a 12,5 mWcm-2).

Fotodegradação (D%) de rodamina B em diferentes concentrações

C0 1,5×10-5 mol L-1 2,1×10-5 mol L-1 2,7×10-5 mol L-1

Abs (u.a) D% Abs (u.a) D% Abs (u.a) D%

0,80 ± 0,02 - 1,10 ± 0,15 - 1,34 ± 0,01 -

8h 0,005 ± 0,01 99,4 ± 0,10 0,008 ± 0,02 99,3 ± 0,09 0,009 ± 0,02 99,3 ± 0,09

Segundo estudos realizados por Damodar, Jagannathan e

Swaminathan (2007) usando diversos corantes, em concentrações

elevadas (50-100 mg L-1) em películas de TiO2, ocorreu maior adsorção na

superfície do TiO2, resultando numa menor disponibilidade de superfície do

catalisador para a geração de radicais hidroxila. Entretanto, os resultados

obtidos, indicados na Tabela 8, mostraram uma tendência contrária às

observações feitas pelos autores, uma vez que o microrreator duplo não

sofreu alteração significativa no desempenho fotocatalítico quando são

utilizadas diferentes concentrações de Rodamina B. As degradações após

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8 h permaneceram >99,3%, Figura 41.2. Embora os valores obtidos neste

estudo sejam animadores, novos testes precisam ser realizados com

soluções de rodamina B mais concentradas (10-3 e 10-2 mol L-1) para

assegurar a potencialidade fotocatalítica do dispositivo, visto que as

concentrações utilizadas estão na mesma ordem de grandeza.

O microrreator duplo possui duas câmaras de 10 µL cada, conectadas

entre si, o que possibilita a distribuição do efeito de adsorção sobre o

fotocatalisador. A solução de corante passa por dois processos de

degradação consecutivos, o que reduz o número de moléculas de rodamina

B na solução. Por esse motivo, não foi observado a formação da camada

de corante como observado no mesorreator. As duas câmaras

fotocatalíticas do microrreator duplo viabiliza o processo de degradação até

mesmo de soluções mais concentradas. Esta afirmação pode ser

fortalecida pela análise feita com azul de metileno em 2,7 × 10-5 mol L-1 e

1,0 × 10-4 mol L-1. Os resultados foram satisfatórios, visto que, o dispositivo

duplo degradou 100% da solução 2,7 × 10-5 mol L-1 e 99,5% da solução

concentrada, em apenas 2 h de fluxo (Figura 41.1). A descoloração total da

solução concentrada foi alcançada em 3 h de análise.

Figura 41. Espectros de absorvância UV-Vis de 1) azul de metileno. a) concentração inicial

de azul de metileno (2,7 × 10-5 mol L-1) ; b) Degradação após 40 min; c) Degradação após

2 h; 2) Rodamina B a) concentração inicial (2,7 × 10-5 mol L-1 ); b) Degradação após 3h; c)

Degradação após 8 h.

400 500 600 700 8000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

c

Ab

so

rvân

cia

nm)

a

1

400 500 600 700 8000,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

1,4

Ab

so

rvâ

nc

ia

nm)

Ab

so

rvâ

nc

ia

a

c

2

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5.3.4. Durabilidade da atividade fotocatalítica

Buscando obter informações sobre a duração da atividade

fotocatalítica em novas reações, os três dispositivos fotocatalíticos

desenvolvidos (mesorreator, microrreator individual e microrreator duplo)

foram reutilizados para sucessivas fotodegradações de rodamina B e azul

de metileno (Figura 42). O microrreator duplo (A) foi utilizado em 14 teste

de fotodegradação, totalizando 136 h de análise, e não sofreu alteração

significativa (>1,0%). Em 16 h de análise, o microrreator individual (B)

alcançou 95,7% de degradação e após 54 h ininterrupta, sofreu uma

redução de 6,8% em sua capacidade fotocatalítica. O dispositivo

mesofluídico (C) apresentou valor médio de degradação de 44,7% em sua

primeira utilização. Após ser reutilizado por quatro vezes consecutivas, o

dispositivo sofreu uma queda de 3,8% em sua atividade fotocatalítica.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 1510

20

30

40

50

60

70

80

90

100

Micro duplo Micro Individual Mesorreator

(%)

de d

eg

rad

ação

Nº de utizações

A

B

C

Figura 42. Gráfico de estabilidade fotocatalítica ao longo do tempo para os diferentes

dispositivos.

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Estes resultados evidenciam a característica de sustentabilidade dos

da microfluídica, visto que os dispositivos construídos, sobretudo o

microrreator duplo, podem ser reutilizados sem comprometer a eficiência

fotocatalítica dos mesmos.

De acordo com a Figura 43, verificou-se visualmente que após as

consecutivas reações de fotodegradação, ocorreu a formação de uma

camada escura na superfície do catalisador. Segundo Fogler (2002), após

o uso extensivo de um catalisador, ocorre a desativação da camada

catalítica por envenenamento devido aos subprodutos gerados nas

reações. Ligações extremamente estáveis são formadas entre o catalisador

e os subprodutos, ocasionando a redução da quantidade de sítios ativos

para o processo catalítico. Os possíveis produtos de degradação de

rodamina B e azul de metileno estão descritos na seção 3.3.3.4.

Figura 43. Envenenamento do fotocatalisador. A) microrreator individual; B) microrreator

duplo.

A

B

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5.3.5. Avaliação fotocatalítica com Fenol

Estudos fotocatalíticos utilizando uma solução de fenol foram

realizados para verificar a eficiência do dispositivo duplo em reações a base

de fenol. Para esta avaliação foram utilizados 10 mL de solução de fenol

(3,1 × 10-4 mol L-1) em fluxo contínuo a 0,4 mL min-1 sob irradiação de luz

UV (12,5 mW cm-2) por 16 h.

A reação de oxidação foi monitorada por espectrofotometria UV-vis na

faixa de 200-400 nm. A reação de fotoxidação do fenol foi monitorada pela

redução do pico máximo de fenol no comprimento de onda de 270 nm e

formação da banda de hidroquinona (288 nm), catecol (275 nm) e demais

produtos na faixa de 275-303 nm (BARRETO; REGINA; BARRETO, 2006).

Os espectros de UV-vis antes e depois da reação mostraram uma

diminuição do pico correspondente ao fenol e aumento da banda

característica dos demais produtos resultantes do processo fotocatalítico.

A Figura 44, apresenta o perfil espectral da solução de fenol após a reação

de fotodegradação.

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Figura 44. Perfil espectral de degradação de solução de fenol em microrreator duplo. a)

C0 (4,2 × 10-4 mol L-1); b) 2 h de fluxo; c) 6 h; d) 9 h; e) 16 h. O espectro Uv-Vis em

vermelho referem-se a uma solução 9,0 × 10-4 mol L-1 de hidroquinona utilizada como

referência.

A formação dos produtos da reação foi identificada nas primeiras 2 h

de análise, com 24% de redução do pico máximo do fenol (270 nm) e

aparecimento de uma banda em aproximadamente 288 nm, indicando que

a reação estava ocorrendo devido à geração de espécies reativas

fornecidas pelo compósito PDMS/P25. Ao longo de 16 h, a 72,2% da

solução de fenol havia sido oxidada. Embora o dispositivo tenha alcançado

significativa oxidação da solução de fenol, estudos mais aprofundados

precisam ser realizados, tais como, a influência do pH na eficiência

fotocatalítica, uso de peróxido (WONG; CHU, 2003;LIU et al., 2016)

dopagem do catalisador com nanoestruturas metálica (HONDA et al.,

2014), e outras condições que contribuam na potencialização da atividade

fotocatalítica do dispositivo desenvolvido e redução do tempo de reação.

250 300 350 400

0,00

0,25

0,50

0,75

288 nm

270 nm

Ab

so

rvâ

nc

ia

(nm) Hidroquinona

a

e

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5.4. Aplicações indicadas

Os dispositivos microfluídicos desenvolvidos neste trabalho,

apresentam alta capacidade de degradação de corantes orgânicos e boa

oxidação de fenol, indicando que o mesmo pode ser utilizado em diversas

reações que envolvam o semicondutor TiO2 ou outros semicondutores

sólidos que possam ser impregnados em Polidimetilsiloxano. Os

mesorreatores apresentaram desempenho inferior aos microrreatores.

Entretanto, a partir dos resultados obtidos também pode-se projetar

possíveis utilizações dos mesmos, tais como:

Testes rápidos com novos fotocatalisadores sintetizados em

laboratório (Testes de bancada), uma vez que, os dispositivos

possuem uma rápida metodologia de fabricação e execução.

Devido ao controle de reação e a capacidade de incorporar

análises on-line para um acompanhamento mais próximo dos

processos químicos envolvidos, os dispositivos micro podem ser

utilizados em fotoxidação seletiva para introduzir funções orgânicas

e realizar degradação com monitoramento on-line ou ser utilizados

no pré-tratamento de algumas amostras que precisam da oxidação

de alguns grupos funcionais (HE et al., 2010).

Por apresentar bons resultados na degradação de contaminantes

orgânicos, o dispositivo pode ser utilizado no tratamento de águas

residuais de indústrias que utilizem corantes orgânicos. Para

responder ao aumento de escala e manter a eficiência

fotocatalítica, os dispositivos podem ser conectados entre si

através da operação de múltiplos sistemas microfluídicos em

paralelo (scale-up do sistema microfluídico) (WILES & WATTS,

2008).

O mesorreator pode ser utilizado em reações com catalisadores

imobilização de catalisadores em substratos, dentre eles, vidros e

PDMS que são ajustáveis na cela de fluxo. Embora não tenha

apresentado desempenho similar aos dispositivos microfluídicos

por causa do volume, estudos de otimização das condições de

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reações podem ser feitos de forma a potencializar o processo

fotocatalítico ou novos ajustes estruturais nos dispositivos podem

eliminar os efeitos negativos provocados pelo volume do mesmo.

A metodologia desenvolvida neste trabalho pode ser facilmente

adotada e utilizada sem a necessidade de quaisquer instalações de

sala limpa ou equipamentos caros, tornando-se também ideal para

uso em laboratórios, universidades e salas de aula que queiram

explorar as atividades fotocatalítica em sistemas microfluídicos,

bem como o estudo da cinética das reações.

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6 Conclusões

A integração do fotocatalisador TiO2 em PDMS para a construção de

dispositivos meso e microfluídicos foi realizada através de um método de

custo moderado. As técnicas MEV, EDS e espectroscopia confocal Raman

confirmaram a impregnação do TiO2 em PDMS. O filme de TiO2 mostrou

uma boa adesão à superfície do PDMS, entretanto algumas áreas não

foram completamente revestidas. Embora seja necessário melhr o

processo de deposição, a atual técnica permitiu o desenvolvimento de

dispositivos meso- e microfluídicos com alta atividade fotocatalítica.

Os mesorreatores apresentaram uma atividade fotocatalítica inferior

aos microrreatores, destacando-se entre eles o mesorreator com a menor

capacidade volumétrica de 500 µL. Estes resultados estão relacionados

com a influência da razão superfície fotocatalítica/volume interno do reator,

e a intensidade de irradiação da luz. O volume interno do microrreator é

aproximadamente 80 vezes menor respeito ao mesorreator, determinando

assim, a maior eficiência fotocatalítica do dispositivo microfluídico. É

importante salientar que apenas um contato direto entre a superfície

fotocatalítica e a solução aquosa de corante proporciona melhor uso de

radiância UV para geração das espécies radicais responsáveis pela

degradação de compostos orgânicos e, consequentemente, aumentar a

eficiência fotocatalítica do dispositivo microfluídico em relação ao

mesofluídico.

Em 16 h com bomba peristáltica em regime de vazão contínua de 0,05

mL min-1 e potência de 12,5 mW cm-2, a solução de rodamina B (10-5 mol L-

1) foi fotodegradada em 95,7% (kmicro= 2,16 × 10-3 min-1) e 43,6% (kmeso =

7,2 × 10-4 min-1), no microrreator individual e mesorreator fotocatalítico (800

µL), respetivamente.

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A cinética da reação de fotodegradação de rodamina B e azul de

metileno com compósito PDMS/TiO2 seguiram um modelo de primeira

ordem conforme a literatura (LUAN; XU, 2013).

O acoplamento entre dois dispositivos microfluídicos individuais

favoreceu o aumento da atividade fotocatalítica. O dispositivo duplo

apresentou: (I) boa resistência à selagem podendo ser executado em

velocidades de 0,05 a 0,4 mL min-1 sem perdas significativas da atividade

fotocatalítica; (II) uma fotodegradação de 99,6% para rodamina B (10-5 mol

L-1) (k = 0,012 min-1) e 100% para o azul de metileno (2,7 × 10-5 mol L-1) (k

= 0,05 min-1), respetivamente em 8 e 2 h; (III) fotodegradação do fenol (4,2

× 10-5 mol L-1) atingiu 72,2% em 16 h; e (IV) uma estabilidade fotocatalítica

ao longo do tempo, podendo ser reutilizado por 14 vezes (136 h de uso).

Não foi observada uma diminuição significativa da atividade

fotocatalítica pelo efeito de concentração inicial quando utilizadas

concentrações de 1,5 × 10-5, 2,1 × 10-5 e 2,7 × 10-5 mol L-1 de rodamina B e

2,7 × 10-5 e 1,0 × 10-4 mol L-1 de azul de metileno. Embora os valores obtidos

neste estudo sejam animadores, novos testes precisam ser realizados com

soluções de corante 10-3 e 10-2 mol L-1 para assegurar a potencialidade

fotocatalítica do dispositivo em soluções mais concentradas. Desta forma,

os resultados apresentados mostraram uma potencial utilização dos

dispositivos microfluídico em testes de atividades fotocatalíticas com novos

fotocatalisadores não comerciais.

A rápida e econômica prototipagem de meso- e microrreatores foi

desenvolvida sem a necessidade de uma sala limpa ou equipamentos

caros o que permite o planejamento de atividades de ensino e pesquisa na

área de design de novos dispositivos com aplicações na química de fluxo

continuo.

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7 Etapas futuras

Realizar novos estudos fotocatalíticos com dispositivos

microfluídicos individuais e duplos utilizando novas moléculas de

forma a evidenciar a eficiência dos dispositivos em reações de

fotoxidação seletiva.

Desenvolver novos dispositivos com diferentes designs de

microcanais, assim como obter melhores condições de deposição e

formação do compósito PDMS/TiO2.

Aplicar a metodologia desenvolvida neste trabalho em novos

estudos com diferentes nanomateriais (AM1 e nanofitas de TiO2) e

outros tipos de semicondutores.

Realizar estudos com o compósito PDMS/TiO2 dopado com

nanoestruturas de alumínio a fim de estudar o efeito plasmônico da

superfície do alumínio para um aumento da eficiência fotocatalítica

do TiO2 em reações fotooxidativas. Segundo Honda et al.(2014), o

uso de nanoestruturas metálicas prolonga a permanência do

fotoelétron na banda de condução, responsável pela redução do O2,

e potencializa a atividade fotocatalítica.

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Anexo

Cálculos referentes à área superficial fotocatalítica no compósito

Com as áreas do compósito e das nanopartículas calculadas foi

possível estimar o número de nanopartículas no compósito e

consequentemente a área superficial de contato fotocatalítica. Nestes

cálculos, adotou-se que metade das nanopartículas estavam imobilizadas

no PDMS.

A área superficial total das 3,83 × 1011 nanopartículas no compósito

PDMS/TiO2 é de 9,28 × 10-7 m2. A partir deste valor, calculou-se o volume

Número de partículas no PDMS/TiO2

N = A compósito/ A nanopartículas

N = 1,3 × 10-4 m2/ 3,46 × 10-16 m2

N= 3,83 × 1011 nanopartículas.

Área superficial de uma semiesfera de P25

Vsemiesfera = 2πr3

3

V semiesfera = 2 × 3,14 × ( 10,5 × 10−7 𝑐𝑚)3

3

V semiesfera = 2,42 x 10-18 m2

V total de NP25 no compósito = V semiesfera x N

V total de NP25 no compósito= 9,28 × 10-7 cm3

Área do compósito

A círculo = πr2

A= 3,14 × (6,5 × 10-3 m)2

A= 1,32 × 10-4 m2

Área circular das nanopartículas

A nanopartículas = πr2

A= 3,14 × (1,05 × 10-8 m)2

A= 3,46 x 10-16 m2

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de suspensão equivalente à área superficial fotocatalítica para realização

dos testes em batelada.

4,26 g

cm3=

x g

9,28 x 10−7 cm3 → 𝑿𝒈 = 𝟑, 𝟗𝟓𝐱 𝟏𝟎−𝟔 𝒈 = 𝟑, 𝟗𝟓 µ𝒈

A massa de P25 equivalente à área superficial fotocatalítica no

compósito é 3,95 µg, convertendo para volume de suspensão 1% de TiO2

em etanol, obtém-se 0,395 µL da mesma, como descrito no cálculo a

seguir:

0,01g em 1 mL de solução (Suspensão de 1% de TiO2 em etanol)

0,001g de TiO2 em 100 µL

100 µ𝐿

1 mg=

x µ𝐿

0,00395 mg = 𝟎, 𝟑𝟗𝟓 µ𝑳

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