durkheim- teoria do crime trabalho corrigido

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Sociologia Do Direito- A Teoria do Crime em Durkheim 2014/201 5 1 A Teoria do Crime em Émile

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Sociologia Do Direito- A Teoria do Crime em Durkheim

Sociologia Do Direito- A Teoria do Crime em Durkheim2014/2015

A Teoria do Crime em mile Durkheim

Susana Gonzalez - Turma A, Subturma 4

ndice:

1. Introduo...Pg.32. ContextualizaoPg 43. Facto SocialPg 54. Conscincia Coletiva..Pg 65. Anomia...Pg 76. Crime e Pena...Pg 87. Deux Lois de Lvolution Pnale.Pg 118. Concluso.Pg 12

Introduo:

Neste trabalho procuro refletir sobre o crime, a pena e Direito em Durkheim, apresentando, primeiramente, alguns conceitos tericos desenvolvidos pelo socilogo em questo, que considero relevantes no mbito do tema escolhido e passando, posteriormente, para o tratamento da matria relativa ao crime e pena. Irei procurar detetar, sobretudo, o espao ocupado pelas categorias conceptuais nalgumas das suas principais obras, bem como expor certos pressupostos do referido autor, ao estudar esses temas. Por ltimo, apresentarei algumas consideraes finais.

Contextualizao:

mile Durkheim foi um pensador francs, que nasceu em 1858. Durkheim conhecido como um dos maiores socilogos j existentes e , tambm, um dos autores mais notrios no mbito da sociologia criminal e da criminologia.Relativamente sua sociologia, Durkheim procurou uma independncia e emancipao cientfica, de modo a atribuir um foro de autonomia sociologia.O socilogo procedeu a uma socializao relativamente dimenso social do sentimento e desenvolveu conceitos tericos como por exemplo: facto social; conscincia coletiva e anomia; que iriei tratar, primeiramente e de forma sucinta neste trabalho.Situando-se no final do sculo XIX e incio do sculo XX, momento histrico no qual, sobre as concees teolgicas e metafsicas, predominavam as ideias positivistas, Durkheim foi um pensador que procurou alcanar a independncia da sociologia.

Algumas das obras de mile Durkheim tm um carter muito notrio. Tome-se por exemplo a obra Da Diviso do Trabalho Social publicada em 1893, a obra Regras do Mtodo Sociolgico publicada em 1895, a obra O suicdio publicada em 1897, a obra Sociedade e Trabalho publicada em 1907 e, por fim, a obra As Formas Elementares de Vida Religiosa publicada em 1912.

Facto Social:

Durkheim na sua obra As Regras do Mtodo Sociolgico define o conceito de Facto Social:Fato social toda a maneira de fazer, fixada ou no, suscetvel de exercer sobre o indivduo uma coero exterior: ou ento, que geral no mbito de uma dada sociedade tendo, ao mesmo tempo, uma existncia prpria, independente das suas manifestaes individuais1

Deste conceito podemos extrair 3 conceitos bsicos: Coero Social; Exterioridade em Relao ao Indivduo e Generalidade.Primeiramente, a coero social a fora que leva os agentes a agirem de determinado modo de acordo com os factos sociais. A coero pode ser legal ou moral. A coero legal est prescrita na lei e a coero moral emerge da prpria sociedade.Relativamente ideia dos factos sociais serem exteriores ao individuo, isto significa, que os indivduos ao nascerem j se deparam com os factos sociais presentes (regras, costumes, leis, religio) e so coagidos a aceit-los mediante coero social.Por fim, a ltima caracterstica referente generalidade entende que os factos se repetem em todos os indivduos ou pelo menos na maioria deles o que, portanto, comum a todas as sociedades.

1 DURKHEIM, mile. As Regras do Mtodo Sociolgico . pg. 40.

Conscincia Coletiva;

Durkheim aborda o tema da conscincia coletiva na sua obra Diviso Do Trabalho Social definindo-o como:O conjunto de crenas e dos sentimentos comuns mdia dos membros de uma mesma sociedade forma um sistema determinado que tem sua vida prpria; poderemos cham-lo: a conscincia coletiva ou comum. Sem dvida, ela no tem por substrato um rgo nico; , por definio, difusa em toda a extenso da sociedade; mas no deixa de ter caracteres especficos que fazem dela uma realidade distinta. Com efeito, independente das condies particulares em que os indivduos esto colocados; eles passam, ela permanece1

A teoria de Durkheim procura demonstrar que os fatos sociais tm autonomia prpria, independente dos pensamentos e aes individuais dos membros da sociedade, embora de forma alguma negue que cada indivduo tem a sua prpria conscincia.A conscincia coletiva , de certo modo, o estado moral da sociedade, com capacidade para julgar e valorizar o ato individual, rotulando-os de imoral, reprovvel ou criminoso. Este aspeto vai outorgar conscincia coletiva um poder de coao, de fora, que vai variar conforme o grau de desenvolvimento das sociedades. Deste modo, a conscincia coletiva a fora coletiva exercida sobre um indivduo, que faz com que este aja e viva de acordo com as normas da sociedade na qual est inserido.

1 DURKHEIM, mile. Da Diviso do Trabalho Social;Anomia:A anomia, em Durkheim, significa a ausncia de leis, consenso ou mesmo ordem.A anomia apresenta-se, precisamente, quando os sistemas sociais no so capazes de regular a sociedade. Deste modo, a anomia a ausncia de coeso social, a ausncia de uma conscincia coletiva unitria, o total esgotamento dos domnios sociais:

Numa sociedade em anomia "faltar uma regulamentao durante certo tempo. No se sabe o que possvel e o que no , o que justo e o que injusto, quais as reivindicaes e esperanas legtimas, quais as que ultrapassam a medida" (Durkheim, 1974)Na obra Suicdio, Durkheim afirma ser a anomia uma das causas do aumento dos nmeros de suicdios e que este estado social ocorre quer em momentos de profundas crises, quer em momentos de grande desenvolvimento acelerado.Desta forma, o conceito de anomia desempenha um papel importante na sociologia, principalmente no estudo das mudanas sociais e de suas consequncias. Quando as regras sociais e os valores, que guiam as condutas e legitimam as aspiraes dos indivduos se tornam incertos, perdem o seu poder ou, ainda, tornam-se incoerentes ou contraditrios devido s rpidas transformaes da sociedade; resulta da um quadro de desarranjo social denominado anomia.Podemos denominar 'condutas anmicas' aquelas que o indivduo adota quando se v privado dos parmetros e dos controlos que organizam e limitam os seus desejos e aspiraes - so condutas marginais e, de um modo geral, esto associadas violncia.Quando os indivduos vivem numa situao de anomia, perdem o sentido de pertena ao grupo. As normas do grupo no dirigem o seu comportamento e, por algum tempo, no encontram nenhuma norma que as substitua. No abandonam totalmente as normas da sociedade, mas afastam-se, e no se identificam com as demais normas.Crime e pena:Durkheim no incutia aos crimes um carter patolgico, considerando-os como factos sociais dentro da normalidade. Esta conceo de normalidade o resultado da aplicao do mtodo, proposto por Durkheim para anlise dos fatos sociais, aos crimes, esta conceo foi abordada na sua obra Regras Do Mtodo Sociolgico:Se h um fato cujo carter patolgico parece incontestvel sem dvida o crime. Todos os criminlogos esto de acordo sobre esse ponto. Apesar de explicarem esta morbidez de maneira diferentes, so unnimes na sua constatao. Contudo, o problema merecia ser tratado com menos superficialidade. Com efeito, apliquemos as regras precedentes. O crime no se produz s na maior parte das sociedades desta ou daquela espcie, mas em todas as sociedades, qualquer que seja o tipo destas. No h nenhuma em que no haja criminalidade. Muda de forma, os atos assim classificados no so os mesmos em todo o lado; mas em todo o lado e em todos os tempos existiram homens que se conduziram de tal modo que a represso penal se abateu sobre eles1Durkheim entende que o crime um facto social no patolgico, mas no de forma absoluta, pois, se a taxa de criminalidade assumir nveis elevados, estaremos perante uma situao anormal, pelo que se conclui, que a criminiladidade poder ser tratada como um facto social patolgico se atingir nveis de criminalidade extremos, que fujam totalmente aos meios de controlo social. O socilogo defende, ainda, que os crimes no diminuem quando passamos de sociedades inferiores para sociedades superiores, mas, que pelo contrrio, aumentam.Primeiramente, Durkheim afirma que o crime normal porque uma sociedade isenta dele impossvel 2. Segundo este, o crime constitui uma ofensa a sentimentos coletivos, isto sentimentos sociais e partilhados. Deste modo, para que o crime deixasse de existir seria necessrio que os sentimentos que chocam se encontrassem em todas as conscincias individuais e possussem a fora necessria para conterem os sentimentos contrrios ao crime.

1 DURKHEIM, . As Regras do Mtodo. pg. 822 DURKHEIM . As Regras do Mtodo Sociolgico pg.83

Contudo, Durkheim defende que o crime no desapareceria, mas apenas mudaria de forma: seria a prpria causa que assim eliminava as origens da criminalidade, que viria a gerar as novas fontes desta1

Exemplo dado por Durkheim:Para que os assassinos desapaream preciso que o horror pelo sangue vertido se acentue nessas camadas sociais donde provm os assassinos; mas para que isto acontea necessrio que a sociedade global se ressinta do mesmo modo.2

Durkheim conclui que:O crime portanto necessrio; est ligado s condies fundamentais de qualquer vida social e, precisamente por isso, til; porque estas condies a que est ligado so indispensveis para a evoluo normal da moral e do direito3

Assim, entende-se, que o crime, para Durkheim, para alm de facto social, normal, til para a sociedade na medida em que torna possvel a evoluo da moral e do prprio Direito. Deste modo, o crime ao desafiar a ordem moral vigente, sendo esta malevel, adquire novas formas atravs de mudanas. Durkheim d ao criminoso um novo papel social, o de agente regulador da vida social. O socilogo afirma ainda que no devemos ficar satisfeitos quando a criminalidade atinge taxas muito abaixo das habituais, pois este progresso aparente ao mesmo tempo anunciador e corolrio de perturbaes sociais.Desta forma, ao formular um novo panorama para o crime, consequentemente, aparece um novo panorama para a pena:Com efeito, se o crime uma doena, a pena o remdio para ele e no pode ser concebida de modo diferente; assim, todas as discusses que levante incidem sobre a questo de saber em que deve consistir para desempenhar seu papel de remdio. Mas, se o crime no tem nada de mrbido, a pena no pode ter como objetivo cur-lo e a sua verdadeira funo deve ser outra.4

Ora, se h uma alterao fundamental sobre toda a construo terica relativa ao crime (que deixa de ser doena), consequentemente e obrigatoriamente, h uma alterao sobre toda a teoria da pena (que deixa de ser remdio), uma vez que o primeiro pressuposto da segunda. Por fim, podemos concluir que o crime em Durkheim dever ser reconhecido no como um mal, mas sim um fenmeno com uma determinante funo utilitria enquanto indicador da sanidade do sistema de valores, que constitui a conscincia coletiva. Assim, o crime visto como um elemento promotor da mudana e da evoluo da sociedade.

1 DURKHEIM, . As Regras do Mtodo. pg. 842DURKHEIM, . As Regras do Mtodo. pg. 843 DURKHEIM, . As Regras do Mtodo. pg. 844 DURKHEIM, . As Regras do Mtodo. pg. 88

Deux Lois de Lvolution Pnale:

O ttulo acima compe um artigo publicado por . Durkheim na revista L'anne Sociologique , no volume IV, de 1900, tratando o tema de duas leis de evoluo penal. A primeira lei tratada denomina-se como lei das variaes quantitativas e formula-se da seguinte forma:A intensidade da pena tanto maior quanto mais as sociedades pertenam a um tipo menos evoludo e quanto mais o poder central tenha um carter absolutoAnalisando o carter destas expresses podemos concluir que: relativamente fcil reconhecer se uma espcie social mais ou menos evoluda que outra; , portanto, necessrio saber se as sociedades so mais ou menos complexas.Relativamente ao poder governamental este absoluto quando no encontra, noutras funes sociais, nada que, naturalmente, venha avali-lo e limit-lo com eficcia. Isto significa que com o passar do tempo as leis adquirem menos intensidade.

A segunda lei denomina-se como lei das variaes qualitativas e formula-se do seguinte modo:As penas privativas da liberdade e somente da liberdade, por perodos de tempo que variam de acordo com a gravidade dos crimes, tendem cada vez mais a tornar-se o tipo normal da represso.Assim, a deteno aparece, num primeiro momento, como uma medida simplesmente preventiva para assumir, mais tarde, um carter repressivo e tornar-se, por fim, mesmo um tipo de penalidade. Isto significa que com passar do tempo se d uma substituio qualitativa das penas, ficando aquelas que so privativas da liberdade.

Concluso:Relativamente ao crime, podemos concluir que, Durkheim trouxe uma nova conceo, completamente diversa de todas as formuladas at ao momento, classificando-o como facto social, dando-lhe o carter de generalidade e normalidade, afirmando que est presente em todas as sociedades e que as torna saudveis.O socilogo confere ainda ao crime um carter patolgico, mas somente se este atingir taxas de criminalidade muito acima ou muito abaixo das habituais para aquela sociedade. Considerou ainda o crime, alm de normal, til sociedade, pois inflige-lhe renovaes. Deste modo, alterando a viso sobre o crime, o mesmo ocorreu em relao ao criminoso, sendo que Durkheim abandona a viso de que este representa algo parasitrio e d-lhe a funo de agente regulador da sociedade. Por fim, com uma nova teoria sobre o crime nasce uma nova teoria sobre a pena, onde Durkheim relega para segundo plano as funes socializadoras e preventivas da pena, acentuando a funo retributiva, posto que sustenta que a pena tem a funo primordial de restaurar a conscincia coletiva que se viu ultrajada com a prtica do delito.Assim, se por um lado as ideias de Durkheim so completamente progressivas no que se relaciona ao crime e ao criminoso, por outro lado, no que respeita pena, a teoria de Durkheim retrocede, pois d-lhe, como funo principal, a retribuio, ou seja, o castigo pelo castigo, admitindo que tenha carter preventivo e educativo apenas de forma subsidiria.

Susana Gonzalez - Turma A, Subturma 48