economia política - cap. 11
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Capítulo 11Instituições e Crescimento Económico
11.1 – A importância das instituições para o crescimento económico
11.2 – Instabilidade política e crescimento
11.3 – Desigualdade e crescimento
11.4 – Aplicações empíricas
Economia Política
Economia Política
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11 – Instituições e Crescimento Económico
Grande parte das diferenças nos rendimentos per capita dos países
permanece por explicar depois de ser tida em conta a acumulação de
factores de produção.
• Mais de metade desta variação deve-se a diferenças na produtividade total dos
factores.
• Porque é que esta produtividade difere tanto e cresce a taxas diferentes em
diferentes países?
• Investimentos em I&D explicam uma parte substancial desta variação, sobretudo em
países desenvolvidos.
• No entanto, parte das variações no crescimento económico continua por explicar.
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11 – Instituições e Crescimento Económico
A acumulação de conhecimentos foi crucial para a transformação dos países
ocidentais em economias modernas.
• Mas, esta transformação não poderia ter acontecido sem a formação de
instituições que encorajaram a acumulação de conhecimentos e a sua aplicação
no desenvolvimento de novas tecnologias.
• As instituições organizam a luta entre os proponentes da mudança e os seus
oponentes, pelo que afectam a capacidade dos países para inovar e implementar
novas tecnologias.
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11.1 – A importância das instituições para o crescimento económico
A ideia de que as instituições têm um impacto significativo no crescimento económico já tem uma longa história na Economia.
• Adam Smith realçou os factores institucionais como direitos de propriedade e liberdade económica e a sua importância para a riqueza das nações.
• David Ricardo também realçou a importância dos ganhos decorrentes do livre comércio e das economias de escala, bem como da política económica, como formas de promoção do crescimento económico.
• Schumpeter (1912) realçou a importância da iniciativa empresarial como motor do crescimento.
• Hayek (1945) enfatizou a importância das instituições de mercado na afectação eficiente dos recursos.
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11.1 – A importância das instituições para o crescimento económico
Evolução Histórica
• North (1981, 1990) examinou a contribuição de desenvolvimentos
institucionais para o crescimento económico ao longo da história.
• Concluiu que o sucesso e o fracasso organizacional explicam o progresso e o retrocesso
das sociedades.
• Deu particular destaque aos direitos de propriedade.
• As instituições fixam as regras do jogo, no qual se movem as organizações.
• Podemos entender as instituições como um sistema de regras, valores e
organizações.
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11.1 – A importância das instituições para o crescimento económico
Origens Legais
• Os sistemas legais desempenham um papel fundamental na protecção de direitos
de propriedade.
• Mas, estes sistemas, que afectam o funcionamento das economias nacionais, diferem entre países.
• Glaeser e Schleifer (2002, QJE) estudaram a evolução dos sistemas legais inglês
(common law) e francês (civil-law), que são os mais comuns no Mundo.
• La Porta et al. (1998, JPE) mostram que a qualidade dos actuais sistemas legais
depende das origens dos mesmos, com os baseados na common-law a
protegerem melhor os direitos dos investidores.
• Djankov, et al. (2002, QJE; 2003, JCE) concluem os sistemas baseados na
common-law têm regulações menos pesadas para os tribunais (que são mais
céleres) entrada de empresas e mercados laborais.
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Segurança dos direitos de propriedade• É difícil estimar a relação entre o crescimento económico e o grau de
segurança dos direitos de propriedade porque este não é facilmente quantificável.
• Keefer e Knack (1997, EcInq) utilizam dados de duas agências internacionais que prestam informações sobre o grau de risco associado a investimentos em diversos países.
• Classificam os países quanto ao risco de incumprimento dos contratos, risco de expropriação da propriedade ou nacionalização e à existência no país de um quadro legal objectivo.
• Keefer e Knack encontram evidência de uma relação positiva e significativa entre a protecção dos direitos de propriedade e o crescimento económico. Esta conclusão é corroborada por outros estudos:
• Torstensson (1994) encontra evidência de que as taxas de crescimento são mais elevadas nos países que protegem mais fortemente os direitos de propriedade.
• Knack (1996, PubCh) conclui que o processo de convergência se verifica apenas entre economias que garantem os direitos de propriedade.
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11.1 – A importância das instituições para o crescimento económico
Origens Coloniais
• A influência das instituições impostas pelas potências colonizadoras no desenvolvimento dos
países tem recebido bastante atenção.
• North et al. (2000) argumentam que as diferentes instituições e o consequente diferente
desempenho da América do Sul e do Norte se devem a terem sido colonizadas por países
diferentes.
• Sokoloff et al. (2000, JEP) argumentam que a dotação de factores e recursos das colónias é
que determinou as instituições, e não a identidade do colonizador.
• Acemogmu et al. (2001, ERA; 2002, QJE) argumentam que foram as condições locais que
ditaram as instituições e que estas se mantiveram mesmo após a independência.
• Maior dificuldade de fixação dos colonos (maiores taxas de mortalidade) levou à criação de piores
instituições, viradas sobretudo para a extracção de rendimentos com a fixação de poucos colonos.
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Democracia
• A relação entre democracia e crescimento é um tema de grande importância.
• No final do séc. XX os países associados à ex-URSS empreenderam reformas para implementar governos democráticos mas foram pouco entusiastas quanto a diminuir o peso do Estado e a remover os entraves ao livre comércio.
• Estes países esperavam alcançar os níveis de prosperidade observados no Ocidente mas os resultados foram algo desanimadores.
• A abordagem das escolhas públicas enfatiza a importância da liberdade económica, mais do que da liberdade política, para o crescimento. Logo, a estratégia adoptada por estes países não foi a mais correcta.
• Embora alguns estudos encontrem uma relação positiva entre liberdade política e crescimento este resultado pode derivar do facto das instituições políticas democráticas estarem intimamente relacionadas com a protecção dos direitos de propriedade e com a existência de um quadro legal objectivo.
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Democracia• Barro (1996, JEG) obtém uma relação fraca e negativa entre índices de liberdade
política e crescimento.
• Tavares e Wacziarg (2001) analisam os canais através dos quais a democracia afecta o crescimento.
• Trabalham com um painel de 65 países, para o período 1970-1989.
• Estimam um sistema de 8 equações por 3SLS:
• Uma equação para o crescimento
• Sete equações para os canais de transmissão da democracia
• Resultados
• A democracia favorece o crescimento ao melhorar a acumulação de capital humano e ao diminuir a desigualdade de rendimentos.
• A democracia prejudica o crescimento ao reduzir a taxa de acumulação de capital físico e ao aumentar o peso do consumo do governo no PIB.
• O efeito global da democracia é moderadamente negativo.
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Dimensão do Estado• Ao longo do séc. XX o peso do Estado na economia aumentou muito na
generalidade dos países.
• São muitos os artigos que analisaram o efeito da dimensão do Estado no crescimento e muitos concluem que as despesas do Estado têm um impacto negativo no mesmo.
• No entanto, vários estudos empíricos como o de Easterly e Rebelo (1993, JME) não encontram evidência deste impacto negativo.
• Mas, de acordo com Barro (1990, JPE) e Slemrod (1995, BPEA) esse efeito negativo pode só ser encontrado se o peso do estado exceder um determinado patamar.
• Para uma revisão da literatura, ver Zagler e Durnecker (2003, JES)
• Outro aspecto importante é a volatilidade das despesas• Maior volatilidade da política orçamental é prejudicial ao crescimento (Fatás e Mihov,
2003, QJE)
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Dimensão do Estado• Continua por determinar qual o mecanismo através do qual mais Estado gera
menos crescimento. • Quanto maior a proporção dos recursos afectada através do processo político maior o
incentivo para a procura de rendas (Tullock, 1967).
• Um excessivo peso da tributação desencoraja a actividade.
• Será igual o impacto das várias componentes das despesas do Estado no crescimento?
• Lucas (1988, JME) aponta para a importância do investimento em educação
• Barro (1990, JPE) menciona a importância do investimento em infra-estruturas.
• Romer (1990, JPE) enfatiza a relevância das despesas em investigação e desenvolvimento.
• Estudos empíricos, como o de Afonso e Furceri (2008, BCE) indicam que as despesas em infra-estruturas e em educação têm um impacto mais positivo no crescimento que as despesas em transferências.
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11.1 – A importância das instituições para o crescimento económico
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11.1 – A importância das instituições para o crescimento económico
Geografia versus Instituições
• Sachs (2001, 2003, NBER) argumenta que a geografia tem um papel fundamental
no sucesso económico dos países (mesmo tendo em conta as instituições).
• No entanto, vários outros autores argumentam que os efeitos da geografia no
crescimento económico operam através das instituições.
• Hall e Jones (1999, QJE): a latitude não retira o efeito das instituições.
• Acemoglu et al. (2002, QJE): as quedas de alguns países no ranking dos mais ricos do
século XVI para o XX podem ser explicadas pelas instituições mas não pela geografia.
• Easterly e Levine (2003, JME) e Rodrik et al. (2004, JEG) concluem que a geografia não
tem impacto sobre o PIB per capita de um país quando as instituições são tidas em
consideração.
• A geografia tem um efeito indirecto, na medida em que influencia a qualidade das instituições.
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11.2 – Instabilidade política e crescimento
Instabilidade política
• A incerteza associada a um sistema político instável pode reduzir o investimento e
o crescimento económico.
• Por outro lado, fraco desempenho económico pode originar instabilidade política. Assim,
a relação opera nos dois sentidos.
• Grupos de modelos:
• Alocação dos recursos entre actividades produtivas, predatórias ou defensivas:
Grossman e Kim (1996)
• Apropriação de recursos comuns: Lane e Tornell (1996), Nbenhabib e Rustichini (1996),
Tornell (1997)
• Conflito social: Rodrik (1997)
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11.2 – Instabilidade política e crescimento
Instabilidade política (estudos empíricos)
• Vários estudos encontraram uma relação negativa e estatisticamente significativa
entre instabilidade política e crescimento:
• Alesina e Perotti (1996, EER), Alesina et al. (1996, JEG), e Perrotti (1996, JEG) usam
índices baseados em eventos como motins, assassinatos e manifestações.
• Alesina e Perotti (1994, WBER) usam índices de instabilidade interna ao sistema político.
• Mauro (1995, QJE) baseia-se num índice de corrupção e Knack e Keefer (1995, Ec&Pol)
em indicadores do risco dos países.
• Campos and Nugent (2002) colocam em causa esta relação, pois não encontram
evidência de um efeito negativo de longo prazo (só encontram evidência de uma
relação contemporânea).
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11.3 – Desigualdade e crescimento
Efeito da desigualdade de rendimentos no crescimento:
• A poupança nacional pode ser maior com uma distribuição mais desigual de
rendimentos, o que permitiria maior investimento.
• Mas, a desigualdade pode prejudicar o crescimento por via de restrições de
crédito que fazem com que indivíduos com poucas posses não consigam obter
financiamento para investir.
• Desigualdade leva a redistribuição, que pode ser feita através de impostos e
transferências discricionários que prejudicam o crescimento.
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11.3 – Desigualdade e crescimento
Resultados de estudos empíricos:
• Alesina e Rodrik (1994, QJE) e Persson e Tabellini (1994, AER) mostram que
para uma cross-section de países há uma relação negativa entre o nível de
desigualdade e o subsequente crescimento do PIBpc.
• Deninger e Squire (1996, WBER; 1998, JDE) encontram resultados mais fortes
para a desigualdade na distribuição de riqueza (ex: detenção de terras).
• Barro (2000, JEG) conclui que o efeito da desigualdade é negativo em países
menos desenvolvidos, mas positivo nos desenvolvidos.
• Banerje e Duflo (2003, JEG) encontram evidência de que o crescimento é uma
função em U invertido de variações líquidas na desigualdade.
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Liberdade política
Muitos estudos, utilizam os índices de Gastil (1982) embora estes não tenham sido desenhados para investigar assuntos económicos: • Gastil centrou-se fundamentalmente nos direitos políticos (direito de
votar, de se candidatar a um cargo público e de eleger representantes com capacidade de influenciar as políticas públicas) e liberdades civis (liberdade de opinar, de criar instituições e de ter autonomia individual sem a intervenção do Estado).
• Os índices de Gastil têm sido actualizados regularmente e publicados pela Freedom House.
• http://www.freedomhouse.org/template.cfm?page=372&year=2007
• Disponibilizam dados anuais desde 1972.
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11.4 – Aplicações Empíricas
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Liberdade económica
• Gwartney et al. (1996) criaram um índice de liberdade económica :
• Gwartney and Lawson (2007), Economic Freedom of the World 2007 Annual Report, Vancouver: Fraser Institute. http://www.freetheworld.com/release.html
• Cobre 141 países e abarca o período compreendido entre 1970 e 2005
• Dados de 5 em 5 anos até 2000 e anuais a partir desse ano.
• É composto por 42 componentes divididas em 5 categorias gerais:
• (1) dimensão do Estado (despesas, impostos e empresas públicas);
• (2) estrutura legal e segurança dos direitos de propriedade;
• (3) acesso a uma moeda fiável;
• (4) liberdade para trocar com estrangeiros;
• (5) regulamentação do crédito, do trabalho e dos negócios.
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11.4 – Aplicações Empíricas
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Liberdade económica• Johnson et al. (1998) criaram um índice semelhante para a Heritage
Foundation;
• 2008 Index of Economic Freedom. http://www.heritage.org/research/features/index/
• Cobre 162 países e abarca o período compreendido entre 1995 e 2007.
• É composto por 50 variáveis agrupadas em 10 categorias genéricas: política comercial, pressão fiscal, intervenção estatal na economia, política monetária, circulação do capital e investimento estrangeiro, banca e finanças, salários e preços, direitos de propriedade, regulamentação, economia informal.
• Johnson et al. utilizam medidas subjectivas da liberdade económica, enquanto o índice de Gwartney et al. inclui apenas itens mensuráveis.
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11.4 – Aplicações Empíricas
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Liberdade económica• Estes 2 índices foram construídos de forma independente mas existe uma
forte correlação entre eles, o que sugere que estão a medir aproximadamente o mesmo.
• A maioria dos estudos que utiliza estes índices encontra uma forte correlação entre liberdade económica e crescimento económico.
• Combinando um destes índices com o de Gastil é possível comparar os efeitos das instituições económicas e das instituições políticas no crescimento económico:
• Quando se controla para as instituições económicas as variáveis políticas têm um efeito diminuto no crescimento económico.
• Mesmo controlando para as instituições políticas as instituições económicas continuam a ser relevantes para explicar o crescimento económico.
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11.4 – Aplicações Empíricas