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Economia Solidária - uma alternativa para a transformação
social e o Desenvolvimento Local: um estudo do caso da
ITCP/Unimontes
FONSECA, Tânia Rosane Tomé, Universidade Estadual de Montes Claros – Unimontes ABRANTES, Sidinéia Maria de Souza – Universidade estadual de Montes Claros/Unimontes
RESUMO: Como conseqüência da reestruturação produtiva no Brasil, tem-se
observado enormes mudanças nas relações de trabalho, dentre as quais podem destacar
o desemprego e a mudança de um modelo fordista para o modelo de acumulação
flexível. Este modelo, tem-se caracterizado pela flexibilização e precarização das
condições de trabalho, gerando como conseqüência a exclusão de uma parcela de
trabalhadores do mercado de trabalho formal. Dessa forma, tem-se buscado alternativas
como resposta ao desemprego. Dentre estas alternativas está a Economia Popular
Solidária. O objetivo deste estudo é identificar, quais são os empreendimentos
econômicos solidários incubados pela Incubadora Tecnologia de Cooperativa Popular –
ITCP/Unimontes no município de Montes Claros/MG, e analisar se as ações de
Economia Popular Solidária, adotadas pelos mesmos, representam uma alternativa de
geração de trabalho e renda e consequentemente contribuem para o Desenvolvimento
Local do município.
PALAVRAS-CHAVE: Economia Popular Solidária; Desenvolvimento Local; ITCP/Unimontes.
INTRODUÇÃO
A partir da década de 1980, observa-se no Brasil, um movimento de precarização do
trabalho, com redução dos direitos civis, e a ampliação da exclusão de trabalhadores dos
seus postos de trabalho. Fora do mercado formal, sem carteira assinada, os
trabalhadores marginalizados, sobrevivem por meio de outras formas de organização do
trabalho. O aumento da informalidade, segundo Mattoso (1999, p.17) “(...) inverteu
depois de várias décadas de extraordinário dinamismo, a capacidade da economia de
gerar postos de trabalho (...)”.
No Brasil, as duas principais taxas de desemprego estimadas, se elevaram na década de
1990. De acordo com dados do Instituto Brasileiro Geografia e Estatística - IBGE, a
taxa média de desemprego aberta saiu de 3,3%, em 1989, para 7,1% em 2000. Para o
Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos - DIEESE, que
estima o desemprego oculto, a taxa foi de 8,8%, em 1989, atingindo 17,6% em 2000.
Com base nos dados da Pesquisa Nacional Por Amostra de Domicílios - PNAD, pode-se
observar, o aumento gradual e contínuo no grau de informalidade durante os anos de
1990, ao mesmo tempo em que ocorre um decréscimo no grau de formalidade.
A partir de 1995, após a implantação do Plano Real, a participação do percentual
relativo dos trabalhadores informais no total dos ocupados cresceu em maior proporção
que a do período 1992-1993, já que saiu de 38,9%, em 1995, para 40,5% em 1999. Já o
grau de formalidade mostrou uma variação uniforme de cerca de 0,7% entre os períodos
de 1992 a 1993 e de 1995 a 1999.
Segundo a Relação Anual de Informações Sociais - RAIS, o número de postos de
trabalho formal que era de 24.484.655, em 31/12/1989, aumentou para 24.993.265, em
31/12/1999, apontando um aumento de somente 2% nos anos de 1990, bem abaixo do
crescimento da PEA. O que de acordo com Gaiger (1999, p.2), na economia
contemporânea:
(...) Expandiu-se o setor informal, multiplicaram-se os pequenos negócios, resgataram-se, por outro lado, práticas de entre-ajuda e cresceu o interesse pela idéia de dar as mãos e fazer, da união de forças, o caminho de uma nova alternativa.
No sistema econômico vigente, a concentração de capital e o acirramento da
concorrência, ocasionam a redução das oportunidades de trabalho, tendo como
conseqüência a exclusão social. Assim, as condições socioeconômicas e políticas da
atualidade, para Santos (2002) têm-se mostrado favoráveis ao ressurgimento de práticas
associativas e cooperativas. Tais práticas visam propiciar a sobrevivência e a melhoria
da qualidade de vida daqueles que são colocados à margem pelo mercado de trabalho,
tornado-se importantes para essas pessoas, pois conforme Singer (2003), partem de uma
perspectiva emancipatória dentro da própria população excluída.
Sobre essas alternativas, e sobre a relação entre o modo capitalista de produção e a
Economia Solidária, Singer (2003, p.86) relata que:
... a maioria da sociedade, que não é proprietária de capital, se conscientiza de que é de seu interesse organizar a produção de um modo em que os meios de produção sejam de todos os que os utilizam para gerar o produto social.
Portanto, pode-se constatar que, o mercado formal diminuiu a sua demanda por mão-de-
obra, devido às diversas transformações que afetaram o mercado de trabalho, e que
neste sentido uma das alternativas existentes é a opção pelo desenvolvimento de
empreendimentos econômicos solidários – EES.
SURGIMENTO E EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE ECONOMIA POPULAR
SOLIDÁRIA NO BRASIL
A atual crise do trabalho assalariado revela que o capitalismo tende acentuar a
exploração e a reduzir as oportunidades de trabalho. É nesse cenário que emergem
práticas econômicas e sociais que valorizam o ser humano como protagonista das
mudanças necessárias a sua realidade, de valores como cooperação, confiança,
reciprocidade e solidariedade.
A Economia Solidária surge ainda no século XIX, e esse termo foi se modificando
através do tempo e dos diferentes locais de discussão. E atualmente por existirem
diversas nomenclaturas utilizadas pelos modos de produção não-capitalistas, torna-se
comum certa confusão entre estas.
Portanto, torna-se necessário evidenciar a distinção existente entre os conceitos de
Economia Popular e Economia Solidária, pois como afirma Razeto (1993, p.45) "nem
toda economia popular é solidária".
• Economia Popular
A Economia Popular fundamenta-se numa economia de produtores-trabalhadores,
organizados a fim de se protegerem da acirrada concorrência capitalista, caracterizando-
se pelas formas coletivas de organização, que possuem a solidariedade como norteadora
das suas ações cooperativas e associativas, exigindo, desta maneira, a ação participativa,
autogestionária, e democrática entre seus membros. Trata-se da economia daqueles que
foram colocados à margem do mercado de trabalho. E um diferencial importante nesta
economia é que, coloca-se a geração de emprego em primeiro lugar, para que por meio
deste os indivíduos consigam satisfazer suas necessidades. Já a geração de excedente
com a finalidade de realizar acumulação de capital fica em segundo plano.
A Economia Popular é muito heterogênea, e segundo Viera (et al, 2007, p.8):
Mais especificamente, pode-se identificar à economia popular como composta por: a) soluções assistenciais e filantrópicas (mendicância, programas oficiais de assistência, etc.); b) atividades ilegais e pequenos delitos (venda de drogas, prostituição, pequenos furtos, etc.); c) iniciativas individuais não estabelecidas e informais (vendedores em geral, camelôs, etc.); d) microempresas e pequenas oficinas e negócios de caráter familiar, individual ou de dois ou três sócios (as mais diversas formas de associativismo); e) organizações econômicas coletivas, populares e solidárias, como cooperativas.
Um mesmo indivíduo pode atuar em apenas um destes segmentos, ou pode, ao mesmo
tempo, atuar em mais de um. Também existem aqueles que mesmo sendo assalariados
capitalistas, realizam atividades paralelas dentro de um dos segmentos acima citados,
para criar um incremento em sua renda.
Segundo Razeto (1993) a escolha de cada indivíduo associa-se a um tipo de estratégia,
ou seja, o indivíduo pode escolher uma das atividades citadas anteriormente como
"estratégia de sobrevivência", caracterizada como transitória, adotada apenas para saciar
suas necessidades básicas. Outro sujeito pode optar por outra atividade como uma
"estratégia de subsistência", buscando assim, suprir às suas necessidades básicas de uma
maneira melhor do que a anterior que, todavia, ainda não proporciona condições de
acumulação capazes de elevar seu padrão de vida. Existe ainda, a pessoa que adota a
atividade considerando-se sua "estratégia de vida", que inclui seus ideais e vida, não
realizando a escolha transitoriamente, porém, como algo permanente, que irá não apenas
suprir as necessidades, mas irá propiciar oportunidades de crescimento econômico e
pessoal.
• Economia Solidária
A Economia Solidária, segundo Singer (2003), surge como alternativa ao modo de
produção e distribuição vigente no sistema capitalista, idealizada pelos que se
encontram excluídos do mercado de trabalho. A Economia Solidária não é, em si, uma
adaptação do capitalismo, é sim, contrária a ele. Apresenta-se como uma forma paralela
ao sistema capitalista. Conforme Gomes (et al, 2007, p.09):
A Economia Solidária pode ser definida como o conjunto das atividades de produção, distribuição, consumo e crédito para geração de trabalho e renda, baseada no trabalho coletivo, na cooperação, na autogestão e nas diversas formas de compartilhamento, buscando o benefício social e o cuidado com o meio ambiente. É denominada Economia Solidária porque é através dessas práticas que as pessoas passam a cultivar e a desenvolver, em diversos graus, o valor da solidariedade nas relações econômicas e sociais.
Para Singer (2003), a Economia Solidária é um modo de produção cujos princípios
básicos são a prosperidade coletiva ou associativa e o direito à liberdade, sendo
realizada em sociedades organizadas igualitariamente para produzir, comercializar,
consumir ou poupar.
Gaiger (2004) aponta os empreendimentos solidários como respostas emergenciais
necessárias, assim como formas de inclusão social. Ao propiciar a geração de renda e
trabalho para um grande contingente de trabalhadores, a Economia Solidária revela-se
atualmente como um meio essencial capaz de promover a inclusão social, reduzindo a
pobreza, pois constitui uma outra forma de organização econômica que torna possível o
desenvolvimento justo e solidário. Paul Singer (1993, p.122) ressalta que:
Para resolver o problema do desemprego é necessário oferecer à massa dos socialmente excluídos uma oportunidade real de se reinserirem na economia por sua própria iniciativa. Esta oportunidade pode ser criada a partir de um novo setor econômico, formado por pequenas empresas e trabalhadores por conta própria, composto por ex-desempregados, que tenha um mercado protegido da competição externa para seus produtos.
Dentre os vários conceitos, em síntese, a Economia Solidária representa práticas, de
geração de trabalho e renda, fundadas no trabalho coletivo com relação de colaboração
solidária, visando a sustentabilidade ambiental, a inclusão social e, o rompimento com
as desigualdades na repartição de renda, evitando a acumulação de capital e a
competição destrutiva. De acordo com Singer (2003) a finalidade básica da empresa
solidária não é maximizar o lucro, mas a quantidade e a qualidade do trabalho.
Diferentemente do modelo de mercado atual, a Economia Solidária não favorece as
relações desiguais e subordinadas existentes entre patrões e empregados. A economia
Solidária possui sua centralidade na questão do trabalho, por entender que ele é um
instrumento para a emancipação dos trabalhadores.
• Economia Popular e Solidária
Economia Solidária, Humano-Economia, Economia Popular e Solidária, Economia de
Proximidade, Economia de Comunhão, entre outros. Esses são alguns exemplos de
denominação para um novo modo de produção cujos princípios básicos são a
propriedade coletiva ou associativa do capital e o direito à liberdade. No entanto,
independentemente da denominação o fundamental é o ser humano como centro das
discussões e transformações.
Segundo a Casa Brasil a Economia Solidária articula comunidade a partir de princípios
solidários, promovendo, dessa forma, a inclusão social dos seus agentes. Segundo seus
princípios a Economia Solidária, valoriza a diversidade, preocupa-se com a relação do
ser humano com o meio ambiente do qual é parte, oferece alternativas para uma
construção social de desenvolvimento econômico, para a desmistificação das técnicas,
para a democratização da ciência e da tecnologia e para o exercício pleno da cidadania.
As primeiras iniciativas de políticas públicas voltadas à Economia Popular Solidária
surgem na década de 1990, resultado da procura de enorme número de trabalhadores
por um outro meio de assegurar a sua renda.
Para Bertucci e Alves (2003), a Economia Popular Solidária representa a busca por um
“outro projeto de sociedade, que rompa com a lógica da competição monopolizadora
excludente”. A Economia Popular e Solidária surge dentro do capitalismo, mas como
um novo segmento de mercado regido por regras não capitalistas. Emerge “do conjunto
concreto das experiências, atividades e organizações econômicas que se encontram na
intersecção entre economia popular e economia solidária” (Razetto, 1999, p. 46).
Busca-se nessa economia alternativa um meio de assegurar a sobrevivência, atendendo
as necessidades coletivas. Portanto, não representa um empreendimento filantrópico.
De acordo com Gaiger (2000) a EPS é uma pequena fração da economia popular, sendo
distintas apenas em um aspecto importante. Enquanto a Economia Popular busca suprir
a necessidade, dificilmente consegue acumular capital, a Economia Popular Solidária,
visa fazer da cooperação um fator que possibilite seu desenvolvimento e qualifique seus
agentes, preocupando-se com a eficiência, com o intuito de ultrapassar o nível de
subsistência e ganhar poder para manejar estratégias de crescimento contínuo.
As atividades econômicas que podem ser caracterizadas como tendo origem popular e
solidária, emergem de iniciativas de base comunitária, em geral fruto de organizações
ligadas aos setores populares. Para Lisboa (1998, p.11), a EPS:
... Trata-se de um outro circuito econômico diferenciado do mercantil capitalista e do estatal no qual os pobres constroem suas próprias alternativas comunitárias de provisão material da sua existência através de relações de solidariedade.
As práticas que se desenvolvem dentro da Economia Popular e Solidária estabelecem-se
de forma diferente das práticas capitalistas em vários aspectos, Lisboa (2000, p.11)
afirma que estas:
São atividades não motivadas pela idéia de lucro, que interagem com o mercado sem estarem totalmente sujeitas ao mesmo, por meio das quais obtêm-se a provisão do sustento do grupo (experiência associativa) sem a presença de mercantilização do trabalho, com uma racionalidade produtiva submersa nas relações sociais.
Segundo Cattanni (2003) constituem empreendimentos de Economia Popular: clubes de
troca, mercados populares, grupos de produção comunitária, associações, cooperativas
entre outras. Conforme Goerk (2005, p.7-8):
Nesses empreendimentos populares, existem cinco características principais que os definem, quais sejam: são organizados por grupos pequenos e/ou familiares; surgem para o enfrentamento das dificuldades geradas pela questão social; constituem-se em soluções assistenciais e pela inserção em benefícios públicos ou privados; são iniciativas informais e individuais; e, por último, normalmente são atividades não legalizadas, à margem das leis e normas sociais.
É importante ressaltar que, nem toda economia popular é solidária, mesmo que possam
interagir sobre si próprias. Existem ações da economia popular que não são solidárias, a
exemplo, as microempresas familiares de cunho capitalista. E para que seja definida
como Economia Popular e Solidária, é essencial que exista cooperação, ajuda mútua,
ação coletiva e solidária entre os trabalhadores.
Ao avaliar a viabilidade da Economia Popular e Solidária como uma alternativa ao
sistema econômico vigente, Gaiger (1999, p.7) afirma que:
Essas iniciativas inserem-se numa realidade mais ampla, relativa ao desenvolvimento de uma economia alternativa, em que coexistem atores diversos e se sobrepõem interações locais, regionais ou em maior escala. Elas constituiriam uma alternativa econômica, por atenderem setores sociais sem porvir e apresentarem condições de viabilidade, e uma economia alternativa, por seus traços distintivos. Esse segmento econômico por certo não exclui outros agentes e tampouco dispensa o Estado. Sua viabilização e perdurância dependem ademais de modificações de maior envergadura no cenário social
Princípios Norteadores da Economia Popular Solidária: Cooperação, Autogestão e
Sustententabilidade
Segundo Singer (2002) para que fosse possível a existência de uma sociedade, na qual
todos, os indivíduos fossem iguais, seria necessário que não existisse a economia
competitiva e sim a Economia Solidária, cujos participantes cooperassem entre si, não
prevalecendo a concorrência desleal, o individualismo do capitalismo, e sim a
solidariedade.
Tem-se como princípio basilar da Economia Solidária a propriedade coletiva do capital,
no qual todos são donos do capital por meio do trabalho cooperativo. Segundo Gomes
(et al, 2007, p.21) “o objetivo de uma cooperativa, é prestar serviços aos sócios, não ter
lucro. Seu lucro é o ganho que os sócios têm, quando recebem mais pelo produto ou
serviço que vendem”. Esse ganho torna-se possível pelo fato de que a cooperativa
exclui os intermediários entre os sócios (os produtores, trabalhadores) e o comprador
final de seu produto ou serviço.
Os princípios que direcionam o cooperativismo, conforme Singer (2002) são os
seguintes:
1. Adesão voluntária e livre;
2. Gestão democrática e livre;
3. Participação econômica dos membros;
4. Autonomia e independência;
5. Educação, formação e informação;
6. Intercooperação e;
7. Interesse pela comunidade.
Para Paul Singer (2002) a economia solidária refere-se a um outro modelo de produção,
no qual os princípios basilares correspondem à: propriedade coletiva ou associada do
capital e o direito à liberdade individual. Assim, para o autor, a aplicação desses
princípios cria uma classe única de trabalhadores que produzem e que são detentores de
forma igualitária de capital em cada cooperativa ou sociedade econômica. A
conseqüência desse novo modo de produção é a solidariedade e a igualdade, exigindo
para tanto, mecanismos estáveis de redistribuição solidária da renda.
As práticas de Economia Solidária para se consolidarem, necessitam de um processo de
organização social que se baseie na cooperação e na solidariedade. Os empreendimentos
precisam ser autogestionários, isto é, devem dividir as responsabilidades e os resultados
do trabalho desenvolvido dentro dos empreendimentos. Segundo Singer (2003, p. 116),
o conceito de autogestão preconiza que “a mais completa igualdade de direitos de todos
os membros que deve reinar nas organizações da Economia Solidária”. Assim, a
autogestão acontece quando existe uma administração democrática dentro da empresa
solidária.
Na Economia Solidária, Razeto aponta a existência do “fator C”, que representa a
cooperação, a coletividade, a colaboração e a coordenação. Segundo Razeto (1993):
O “fator C” manifesta-se na cooperação do trabalho, que acrescenta a eficiência da força de trabalho; no uso compartilhado de conhecimentos e informações, que dá lugar a um importante elemento de criatividade social; na adoção coletiva das decisões; na melhor integração funcional dos diferentes componentes sociais da empresa, que reduz a “conflituabilidade” e os custos que deles derivam, na satisfação de necessidades de convivência e
participação que implicam que a operação da empresa proporcione a seus integrantes uma série de benefícios adicionais não contabilizados monetariamente, mas reais e efetivos; no desenvolvimento pessoal dos sujeitos envolvidos nas empresas, derivados da comunicação e mudança entre personalidades diferentes, etc. (p.15).
De acordo com Singer (2002,p.09):
Na cooperativa de produção, protótipo de empresa solidária, todos os sócios têm a mesma parcela do capital e, por decorrência, o mesmo direito de voto em todas as decisões. Este é o seu princípio básico. Se a cooperativa precisa de diretores, estes são eleitos por todos os sócios e são responsáveis perante eles. Ninguém manda em ninguém. E não há competição entre os sócios: se a cooperativa progredir, acumular capital, todos ganham por igual. Se ela for mal, acumular dívidas, todos participam por igual nos prejuízos e nos esforços para saldar os débitos assumidos.
De acordo com mapeamento realizado pela Secretária Nacional de Economia Solidária-
SENAES/MTE, os dados do Altas de Economia Solidária de 2005, desmontraram que
79% do EES realizam assembléias ou reuniões mensalmente; 10,5% semanal ou
quinzenalmente e 11,2% bimestral ou trimestralmente. Conforme os dados, no Brasil,
mais de 5.500 empreendimentos (37%) compram insumos dos seus próprios associados
ou de outros empreendimentos da Economia Solidária, o que aponta para a existência da
cooperação entre os EES.
A Economia Solidária fundamenta-se em práticas que além de promover a autogestão, a
justiça social, o trabalho coletivo, também privilegiam o cuidado com o meio ambiente.
Suas ações coletivas se movem em direção a sustentabilidade, que segundo Gaiger diz
respeito a realização de atividades produtivas geradoras de viabilidade econômico-
financeira, sem comprometimento do ambiente social e natural.
Ao relacionar Economia Solidária com desenvolvimento social e sustentável, Coelho
ressalta que (2006, p. 01-02):
A Economia Solidária vem se solidificando como alternativa de desenvolvimento econômico aos modelos e padrões exploratórios do modus operandi da economia capitalista pelo qual nossa sociedade optou seguir. Ao mesmo tempo (...) não atua em um campo fora do capitalismo e do mercado formal, mas ao contrário, busca dentro da realidade existente formas alternativas de desenvolvimento econômico baseado em valores mais humanos, na busca da autonomia dos grupos que a praticam, em práticas sociais e ambientais sustentáveis.
INCUBADORA TECNOLÓGICA DE COOPERATIVAS POPULARES – ITCP/UNIMONTES
As Incubadoras foram idealizadas como uma estratégia de “utilizar” os recursos
humanos e conhecimento da universidade na formação, qualificação e assessoria de
trabalhadores para a construção de atividades autogestionárias, o mesmo ocorreu na
Unimontes.
No âmbito da extensão comunitária, a ITCP/Unimontes acompanha atualmente 14
(quatorze) Empreendimentos Econômicos Solidários (EES), todos em fase inicial de
incubação, sendo 3 (três) na zona rural e 6 (seis) na zona urbana de Montes Claros,
objeto de nossa analise. Os trabalhos são desenvolvidos em parceria com as
organizações locais: Associações, Instituições filantrópicas, Programas: Mediação de
conflitos; Fica vivo; Luz – Cidadão do Futuro.
A ITCP/Unimontes vem articulando diversas ações no campo da Economia Popular
Solidária nos níveis de Ensino, Pesquisa e Extensão, simultaneamente, desde o ano
2004, na graduação e pós-graduação e através do envolvimento de docentes e discentes
nas articulações regional, estadual e municipal; nos Fóruns, Plenárias e Conferências de
Economia Popular Solidária.
ANÁLISE DOS RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO
• Metodologia
A pesquisa de campo foi realizada no ano de 2009, tendo como público-alvo
os sócios dos empreendimentos econômicos solidários situados no município de Montes
Claros/MG, apoiados no seu desenvolvimento pela Incubadora Tecnológica de
Cooperativas Populares da Unimontes (ITCP). Tais empreendimentos são: Padaria
Semear, Cozinha Bem-Servir, Casa de Costura com Arte, Delícias Lanches e Grupo
Filmando Idéias. Para viabilizar o estudo, optou-se pela entrevista semi-estruturada. As
entrevistas foram realizadas de forma individual, com autorização expressa de cada
participante.
Características Individuais dos Sócios dos E.E.S
A pesquisa realizada nos empreendimentos solidários mostrou que 3,85% dos
entrevistados são do sexo masculino, enquanto que a maioria que representa 96,15% é
do sexo feminino. O fato de 96% dos entrevistados serem mulheres é um dado
interessante, pois pode representar uma busca das mulheres por assumir a chefia de suas
famílias. Segundo dados da PNAD, no Brasil a chefia feminina passou de 19,3% dos
domicílios em 1992 para 25,5%, em 2002. A maior ocorrência, segundo a instituição, é
na área urbana com 27,6% dos domicílios com chefia feminina e 72,4%, com chefia
masculina. Também é importante ressaltar que a discussão de gênero é um dos
pressupostos da Economia Solidária, que busca maior igualdade econômica e social
entre homens e mulheres.
Em relação à idade, pode-se observar que, essa varia de 15 a 60 anos, com 42,3% dos
entrevistados com idades entre 15 a 20 anos; 7,7% têm entre 20 a 30 anos; 19,2% têm
entre 30 a 40 anos; 23,1 % possuem entre 40 a 50 anos, e 7,7% dos entrevistados têm
idades que variam de 50 a 60 anos. Esse dado revela sócios bem jovens, que
provavelmente estão buscando uma alternativa a falta de emprego formal no mercado.
Com relação ao estado civil, do total de entrevistados, 61,5% são solteiros, 30,8% são
casados e 7,7% dos entrevistados possuem outro tipo de estado civil. Ainda, no que diz
respeito constituição familiar, dentre os entrevistados 57,69% não têm filhos; 3,85 têm 1
filho; 19,23% tem 2 filhos; 11,53% têm 3 filhos; 3,85% têm 4 filhos; e 3,85% dos
entrevistados possuem 5 filhos. Ou seja, em sua maioria são jovens, solteiros, sem filhos
em busca de uma oportunidade de trabalho e renda.
Ao serem questionados sobre o número de membros que tem a família ao todo, 11,55%
afirmaram que família tem entre 1 a 3 membros; 23,07% afirmaram dividem a casa com
4 membros; 46,15% disseram que ao todo a família tem 5 membros; 3,85% disseram ter
família 6 membros e 15,38% afirmaram dividir a casa entre 7 pessoas. Famílias com
número elevado de pessoas. Segundo a PNAD (2002), os domicílios brasileiros
(urbanos e rurais) possuíam, em média, 3,6 pessoas por domicílio. Os dados revelam
então que o número de pessoas por família na maioria dos empreendimentos está acima
da média do Brasil
No que diz respeito à naturalidade 100% dos entrevistados disseram ter nascido em
municípios do Norte de Minas, em que 73,1% são nascidos em Montes Claros, e 26,9
são nascidos em outras cidades do Norte de Minas. Isso significa que os associados
permanecem em seu município ou região de origem e abranda o êxodo de jovens para
cidades de grande porte em busca de trabalho e renda.
Quanto ao tempo em que são sócios do empreendimento solidário; 80,77% dos
entrevistados afirmaram ter entre 1 a 2 anos de associação; e 19,23% afirmaram que já
são sócios do empreendimento entre 2 a 5 anos. Isso se deve ao fato de a a ITCP ter
justamente 2 anos de atuação. Os demais sócios que responderam está associados a mais
de 2 anos representam outras iniciativas de Economia Solidária no município, como por
exemplo o trabalho da Igreja Católica, via pastorais e da Cáritas Brasileira.
Educação e Organização Social dos Sócios dos E.E.S
Com relação ao grau de escolaridade dos associados entrevistados, foi observado que
15,4% deles estudaram apenas da 1ª a 4ª série; 30,76% estudaram da 4ª até a 8ª série;
38,46% possui o 2º grau incompleto; apenas 11,53% possui o 2º grau completo, e
dentre os entrevistados somente 3,85% completou 3º grau. Analisando o nível
educacional é possível constatar nível de escolaridade ainda baixo, da maior parte dos
entrevistados, o que pode ser considerado um dos fatores que explicam a dificuldade de
obter trabalho. Jovens ainda em processo de formação.
Em 26,9% dos casos os entrevistados disseram que têm filhos em idade escolar, e que
todos eles estão freqüentando a escola, sendo que, dentre esses 26,9% associados;
11,5% afirmaram que tem 1 filho em idade escolar e; 15,4% têm 3 filhos na mesma
fase. E 73,1% dos associados afirmaram não ter filhos em idade escolar. Os que têm
filhos em idade escolar demonstram preocupação quanto ao futuro dos filhos e
acreditam que uma boa formação escolar será fundamental para conseguirem um
emprego.
Trabalho e Renda dos Sócios dos E.E.S
Os membros dos empreendimentos, ao serem questionados sobre qual atividade
exerciam antes de fazer parte do empreendimento solidário, dentre os entrevistados
11,53% disseram que encontravam-se empregados no comércio ou indústria; 7,7%
afirmaram que trabalhavam por conta própria (mascate, feirante, camelô ou atividades
afins) e, a maior parte dos associados, o que representa 80,7% afirmaram que,
encontravam-se exercendo outros tipos de atividades como: manicure, trabalhando
como empregada doméstica, trabalho comunitário. Outros encontravam-se
desempregados, o que representa 19,23% e, 42,30% dentro do percentual de 80,7%,
disseram que antes de fazer parte do empreendimento eram estudantes e que teriam feito
algum trabalho esporádico.
Os associados, ao serem questionados sobre o número de membros da família que
estavam trabalhando, antes do empreendimento, pode-se observar que 42,3%
responderam que 2 membros da família encontravam-se trabalhando; 30,76%
responderam que apenas 1 membro estava trabalhando antes do empreendimento;
23,1% disseram que entre 3 e 4 membros da família estavam inseridos no mercado de
trabalho e, somente 3,84% dos associados disseram que nenhum dos membros da sua
família encontrava-se trabalhando.
No que diz respeito a renda média dos membros da família que trabalhavam antes do
empreendimento, foi perceptível que, dentre os entrevistados 61,53% responderam que
a renda era de 1 salário mínimo, já 23,07% afirmaram que a renda era de mais de 1 até 2
salários mínimos; 7,7% disseram que a renda era inferior a i salário mínimo e, esse
mesmo percentual de entrevistados responderam que a renda média dos membros da
família, antes do empreendimento consistia em mais de 2 até 3 salários mínimos.
Com relação aos membros da família que estão trabalhando depois do empreendimento
solidário, um percentual de 46% dos sócios afirmaram que depois do empreendimento 2
membros da família encontram-se trabalhando; 35% dos entrevistados responderam que
apenas 1 encontra-se trabalhando e, 19% disseram que encontraram-se trabalhando,
depois do empreendimento entre 3 e 4 membros da família. Em relação a renda média
dos membros da família após o empreendimentos, pode-se constatar com base nas
entrevistas que; a maior parte dos associados, o equivalente a 42,31% disseram que a
renda depois do empreendimento solidário é de 1 salário mínimo; já uma parcela de
34,61% dos sócios responderam que a renda consiste em mais de um salário mínimo até
2 salários; 19,23% disseram que a renda é de mais de 2 até 3 salários mínimos, e apenas
um percentual de 3,85% responderam que depois do empreendimento a renda passou a
corresponder a menos de 1 salário mínimo.
Ao analisar os indicadores de renda nos EES, constatou-se que antes de
serem associados, 42,3% dos entrevistados disseram que apenas duas pessoas da família
trabalhavam e que 23,07% recebiam entre um e dois salários mínimos. Depois de
associados, a situação mudou: 46% disseram que duas pessoas da família continuam
trabalhando, porém a renda da família aumentou para um a dois salários mínimos,
conforme afirmaram 34,61% dos entrevistados. Os gráficos 1 e 2 mostram a renda,
antes e depois do EES, em salários mínimos. Trata-se de uma estimativa média, que
sinaliza melhora, porém ainda em patamar baixo.
61%
23%
8%
8%Renda igual a 1salário mínimo
Renda superior a 1salário mínimo
Renda inferior a 1salário mínimo
Renda entre 2 e 3salários mínimos
GRÁFICO 1: Renda dos entrevistado antes do EESFonte: Dados da Pesquisa
GRÁFICO 2: Renda dos entrevistados depois do EESFonte: Dados da Pesquisa
Em relação aos principais produtos comercializados nos empreendimentos solidários,
com base nas respostas dos entrevistados, pode-se observar que os principais produtos
comercializados são os relacionados a alimentação. Dentre os associados entrevistados,
apenas 11,54% disseram que comercializavam bolsas e outros tipos de produtos
artesanais, sendo que, a maior parte dos entrevistados, o total de 88,46% afirmaram que
os principais produtos comercializados são alimentos, dentre os quais, pode-se citar:
bolos, chocolate, salgados, doces, biscoitos, tortas e refrescos. Produtos baratos para
serem produzidos, fáceis de serem aprendidos os processos de produção e boa aceitação
45%
33%
18%
4%Renda igual a 1salário mínimo
Renda entre 1 e 2salários mínimos
Renda entre 2 e 3salários mínimos
Renda inferior a 1salário mínimo
no mercado local. Isso demonstra certa percepção de mercado por parte dos membros
dos EES.
Os sócios, quando foram questionados em relação a suficiência da renda recebida, dos
produtos comercializados no empreendimento, a maioria dos entrevistados, o total de
57,7% afirmou que a renda recebida, dos produtos é suficiente para o sustento básico e
manutenção do empreendimento solidário, enquanto 42,3% respondeu que a renda
recebida é suficiente apenas como complemento na renda familiar, uma vez que ao
possuem renda fixa. Fato interessante, pois são jovens, com o segundo grau incompleto,
que tem dificuldade de obter um vaga de emprego formal no mercado local, mas
contribuem para o sustento da família com a renda oriunda do EES.
Sobre a questão do empreendimento solidário, possuir algum tipo de financiamento,
todos, ou seja, 100% dos entrevistados responderam que o empreendimentos não possui
nenhum tipo de financiamento.
O Sócio e a Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Unimontes.
O trabalho buscou abordar sobre a importância da ITCP da Unimontes para os EES,
enquanto proposta de geração de trabalho e renda. Ao serem questionados obre a
contribuição da incubação para o empreendimento, o correspondente a 15,38%
respondeu que a ITCP – Unimontes ajuda o grupo a se organizar e o acompanha no seu
desenvolvimento. Já, 23,08% disseram que a ITCP contribui com a organização de firas
para que possam expor os produtos. E, a maior parte dos entrevistados, o total de
61,54% responderam que a incubação contribui com cursos de capacitação e incentivos
para o desenvolvimento do empreendimento.
Quando os sócios foram questionados se o empreendimento tem apresentado melhorias
de mercado após vincular-se a ITCP –Unimontes, apenas 34,6% disseram não saber
responder a esse questionamento e, a maioria dos entrevistados, o que corresponde a
65,4% responderam que sim, isto é, que o empreendimento tem demonstrado melhorias.
Dentre as melhorias citadas pelos sócios dos empreendimentos, pode-se destacar: ajuda
para vender em feiras, qualificação dos membros por meio de informações básicas e
cursos oferecidos, capacitação dos membros para concorrerem no mercado e ajuda na
formação e na gestão financeira do empreendimento.
Com relação a avaliação dos sócios no que diz respeito a qualidade de apoio da ITCP –
Unimontes em relação ao empreendimento solidário, uma parcela que corresponde a
15,38% respondeu que a qualidade do apoio é regular, esse mesmo percentual de
entrevistados, disse que a qualidade de apoio é ótimo. Outros disseram que a qualidade
é excelente, o que correspondeu a 23, 07% e, 46,1% dos entrevistados consideram como
boa a qualidade do apoio prestado pela incubadora ao empreendimento solidário.
Por fim, os sócios foram questionados com relação a avaliação que faziam da
quantidade de apoio da ITCP – Unimontes para o empreendimento solidário, somente
3,85% disseram que quantidade de apoio é excelente e, esse mesmo percentual de
entrevistados afirmaram que a quantidade de apoio da ITCP – Unimontes para o
empreendimento solidário é insuficiente. Outros entrevistados, o que equivale a 23,08%
classificaram como excelente e muito atuante a ITCP – Unimontes em relação a
quantidade de apoio que é oferecida ao empreendimento e, uma parcela de 26,92%
afirmou que o a quantidade de apoio é regular. A maior parte dos sócios, um total de
42,30% avaliou a quantidade de apoio da ITCP – Unimontes para com os
empreendimentos solidários como boa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A questão das mudanças estruturais, de ordem econômica e social, ocorridas no mundo,
nas últimas décadas, fragilizaram o modelo tradicional da relação de trabalho
capitalista. O aumento da informalidade e a precarização dos contratos de trabalho
afirmaram-se como tendência em uma conjuntura de desemprego em massa. Existe um
enorme contingente de trabalhadores que se sujeitam a abdicar de seus direitos sociais
para garantir a sobrevivência.
De outro lado, o aprofundamento dessa crise abriu espaço para o surgimento e avanço
de outras formas de organização do trabalho, conseqüência, em grande parte, da
necessidade dos trabalhadores encontrarem alternativas de geração de renda. Uma
alternativa para a melhoria da qualidade de vida das pessoas mais humildes, através de
associações, cooperativas, microempresas e empresas autogestionárias que assumem os
riscos de viabilizar uma atividade econômica que lhes permita ter um trabalho e uma
renda permanente e de cuja gestão e divisão todos participem.
Diante desse mercado de trabalho excludente, muitos trabalhadores que se encontram
desempregados buscam alternativas que os propiciem a geração de trabalho, renda, a
melhoria da qualidade de vida e a inclusão social. As formas alternativas de geração de
trabalho surgem com o intuito de absorver todo esse contingente de excluídos pelo
sistema capitalista que não foi capaz de absorvê-los. Dentre as alternativas surgiu a
Economia Popular Solidária. É uma alternativa capaz de combinar geração de renda e
inclusão social, com práticas fundadas no trabalho coletivo e na solidariedade.
Nesse sentido, diante das mudanças atuais ocorridas no mercado trabalho, as
Incubadoras Sociais, geralmente implantadas por universidades têm buscado voltar suas
ações para trabalhadores que se encontram vulneráveis socialmente, com o intuito de
desenvolver empreendimentos de geração de trabalho e renda na perspectiva da
Economia Popular Solidária.
Os pressupostos da Economia Popular Solidária possuem aspectos econômicos e sociais
de salutar importância, ao inserir em seu circuito pessoas excluídas do mercado de
trabalho, os possibilitando uma alternativa de renda, que lhes assegure no mínimo o
sustento básico. Entre estas pessoas, está o sócio do empreendimento solidário.
Diante da grave crise no mercado de trabalho, a realidade do município de Montes
Claros não é diferente, uma vez que, muitas pessoas excluídas do mercado de trabalho
formal tiveram que recorrer aos empreendimentos econômicos solidários para garantir
no mínimo o sustenta próprio e o da família.
No que diz respeito aos sócios dos empreendimentos solidários incubados pela
ITCP/UNIMONTES, constata-se que estes começaram a participar de tais
empreendimentos devido a dificuldade de inserção no mercado de trabalho, e pelo fato
de estarem passando por “necessidades”. Também tornou-se perceptível que, a renda
derivada do empreendimento solidário, não pode ser considerada apenas como uma
renda complementar, pois a maioria dos sócios entrevistados não realizam outra
atividade que gere renda, além da exercida no empreendimento.
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