edição especial n.º 15 16 de outubro de 2015
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ASSEMBLEIA MUNICIPAL DE LOURES
BOLETIM DE DELIBERAÇÕES E DESPACHOS
ISSN 1646-7027
Edição Especial n.º 15 16 de outubro de 2015
ASSEMBLEIA MUNICIPAL
Pág. 5
DIRETOR: Presidente da Câmara Municipal de Loures, Dr. Bernardino José Torrão Soares
PERIODICIDADE: Quinzenal PROPRIEDADE: Município de Loures EDIÇÃO ELETRÓNICA DEPÓSITO LEGAL n.º 148950/00 ISSN 1646-7027 COORDENAÇÃO, ELABORAÇÃO, LAYOUT E PAGINAÇÃO
GABINETE LOURES MUNICIPAL
Resolução do Conselho de Ministros n.º 8/2011 Diário da República, 1.ª série, n.º 17, de 25 de janeiro de 2011
Toda a correspondência relativa a LOURES MUNICIPAL
deve ser dirigida a
CÂMARA MUNICIPAL DE LOURES
LOURES MUNICIPAL BOLETIM DE DELIBERAÇÕES E DESPACHOS
RUA MANUEL AUGUSTO PACHECO, 6 - 4º
2674 - 501 LOURES
TELEFONE: 21 115 15 82 FAX: 21 115 17 89
http://www.cm-loures.pt e-mail: [email protected]
ÍNDICE
Pág. ASSEMBLEIA MUNICIPAL 4.ª Sessão Extraordinária 5 RETIFICAÇÃO Edição Especial n.º 3, de 11 de abril de 2015
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ANEXO À PROPOSTA n.º 388/2015 ANEXO À PROPOSTA n.º 413/2015 ANEXO À PROPOSTA n.º 414/2015 ANEXO À PROPOSTA n.º 445/2015
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ASSEMBLEIA MUNICIPAL
DELIBERAÇÕES
4.ª Sessão Extraordinária, realizada em 15 de outubro de 2015
SUSPENSÃO DE MANDATO
Pedido de suspensão de mandato apresentado pela Representante Filipa Alexandra Marques da Costa, eleita pela Coligação Democrática Unitária, por período de 120 dias, a partir de 14 de outubro de 2015 e até 10 de fevereiro de 2016.
SUBSTITUIÇÃO DE REPRESENTANTES
Pedro Manuel Alves Pedroso, eleito pela Coligação Democrática Unitária, por Beatriz Nogueira Matias. Orlando de Jesus Lopes Martins, eleito pela Coligação Democrática Unitária, por Ana Clara Pedrosa Fernandes. Raquel Filipa Rodrigues Duarte, eleita pelo Partido Socialista, por José Augusto Farinha Fernandes Frazão. Joaquim Nogueira Castro Marques, eleito pelo Partido Socialista, por Sara Simone Boavida Carvalho Simões Alves. Tiago Pereira da Silva Abade, eleito pelo Partido Socialista, por Paulo Jorge da Silva Alves. Ricardo da Cunha Costa Andrade, eleito pela Coligação “Loures Sabe Mudar”, por António Fernando Castanheira Pinto Santos.
Filipe Vítor dos Santos, Presidente da Junta da União das Freguesias de Sacavém e Prior Velho, pelo substituto legal António Anastácio Gonçalves. António Dias Emídio, Presidente da Junta de Freguesia de Fanhões, pela substituta legal Patrícia Alexandra Tomás Pereira.
APROVAÇÃO DE ATAS
Projeto de Ata da 3.ª Reunião da 2.ª Sessão Ordinária de Assembleia Municipal, realizada em 22 de abril de 2015 (Ata n.º 33). (Aprovado por maioria, com 3 abstenções) Projeto de Ata da 3.ª Sessão Extraordinária de Assembleia Municipal, realizada em 4 de junho de 2015 (Ata n.º 36). (Aprovado por maioria, com 2 abstenções) Projeto de Ata da 3.ª Sessão Ordinária de Assembleia Municipal, realizada em 25 de junho de 2015 (Ata n.º 37). (Aprovado por maioria, com 6 abstenções)
VOTO DE PESAR
Pelo Sr. Presidente da Câmara foi dado conhecimento do falecimento de Adelino Teixeira da Silva, trabalhador dos SIMAR, ocorrido em acidente de trabalho em 15 de outubro de 2015. Pela Sr.ª Presidente da Assembleia Municipal foi proposto o cumprimento de 1 minuto de silêncio em memória do falecido, sendo endereçadas condolências à sua família. (Cumprido 1 minuto de silêncio)
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VOTO DE SOLIDARIEDADE
Voto de Solidariedade com Luaty Beirão
Voto de solidariedade apresentado pelo Grupo de Representantes
da Coligação Democrática Unitária
Recordando que a Constituição da República Portuguesa consagra, entre outros, a separação dos poderes político e judicial e o respeito pela soberania e independência nacionais e que tais princípios têm igualmente aplicação na relação de Portugal com outros povos. Os Eleitos da CDU na Assembleia Municipal de Loures propõem que a Assembleia Municipal de Loures na sua 4.ª Sessão Extraordinária, realizada no dia 15 de outubro de 2015, delibere: 1. Apelar às autoridades angolanas, no quadro
do respeito da sua soberania e ordem jurídico-constitucional, a consideração da situação humanitária de Luaty Beirão.
Loures, 15 de outubro de 2015
Os Eleitos da CDU na Assembleia Municipal de Loures
(Aprovado por maioria, por 41 votos a favor e 1 voto contra do Representante do PCTP-MRPP)
MOÇÃO
Moção apresentada pelo Representante do Bloco de Esquerda
A República, enquanto forma de governo, implica uma rutura com formas de governo onde o poder se eterniza, seja através de uma pessoa, seja através de uma família ou dinastia. O Princípio Republicano, quando presida à organização do Estado determina a igualdade do direito de acesso dos cidadãos aos órgãos do governo, a sua renovação periódica e até a necessidade de limitar o número de mandatos sucessivos de um cidadão no exercício de cargos públicos eletivos.
Em Portugal, a República chegou a 5 de outubro de 1910, data em que o novo regime foi proclamado na varanda do Paço do Município em Lisboa, pese embora haver sido proclamada no dia anterior em Almada e em Loures. O 5 de outubro, marca pois um momento histórico em Portugal, o momento em que todos os cidadãos passam a ser iguais em função do nascimento, passando a chefia de Estado a ser exercida temporariamente e mediante eleição, com base mais ou menos democrática, mas sempre sem qualquer legitimidade que apenas adviesse do sangue. O 5 de outubro de 1910 não constitui um marco definitivo na construção da República e da Democracia. Nem sequer o pretenderiam os revolucionários do 5 de outubro. O 5 de outubro antes marca o início da construção de um Portugal de igualdade e democracia, de um Portugal mais fraterno. É bom recordar o peso e autonomia conquistados pelas formas de organização local, pela atenção ao municipalismo que vinham no ideal revolucionário republicano e que foram acolhidos pela Constituição de 1911, tão acentuados anos depois pela Constituição de 1976. Este ano, Sua Excelência, o Senhor Presidente da República declinou o convite do Município de Lisboa, alegando a proximidade do ato eleitoral de 4 de outubro pretérito. Esta atitude é pouco aceitável, considerando a normalidade democrática que se vive em Portugal, sendo de assinalar que uma eleição, ainda que porventura mais importante numa visão conjuntural, não deixa de ser um ato normal em democracia. Nada se passou de anormal a 4 de outubro de 2015 que justificasse a ausência de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República. De resto, não se pode acreditar que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, nada tivesse a dizer sobre a Implantação da República, efeméride que permitiu que um homem de origens humildes, como bem gosta de sublinhar Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, exercesse a chefia do Estado! O Município de Loures, os lourenses e os republicanos não pretendiam ouvir Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, a opinar sobre os resultados das eleições da véspera ou sobre as soluções governativas, antes
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pretendiam ouvir Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, a assinalar a importância da efeméride e a enaltecer os valores republicanos... Ainda que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República não quisesse falar sobre esse tema, todos lhe reconhecemos uma rara capacidade de manter tabus, nas suas próprias palavras! Toda esta falta de consideração pelos valores republicanos e pela efeméride do 5 de outubro, constitui um motivo de profundo desagrado, desprestigiando o próprio exercício do mandato de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República. Tudo isto seria insólito não fosse o facto de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República ter promulgado um ato legislativo que extinguiu o feriado do 5 de outubro... Impõe-se assim que as comemorações da Implantação da República, a 5 de outubro, ganhem um novo ânimo, relembrando anualmente a necessidade de aprofundar os valores republicanos e democráticos. Repondo o feriado a 5 de outubro e com a presença de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, doravante necessariamente pessoa diversa do atual titular do cargo. A Assembleia Municipal de Loures, reunida na 4.ª Sessão Extraordinária, em 15 de Outubro de 2015, delibera: 1- Expressar a importância das comemorações
do 5 de outubro de 1910, como momento de afirmação dos valores republicanos e democráticos.
2- Expressar a necessidade da imediata
reposição do 5 de outubro como feriado nacional.
3- Expressar a sua consternação com a ausência
de Sua Excelência, o Senhor Presidente da República, nas cerimónias ocorridas a 5 de outubro de 2015.
4- Remeter a presente Moção a Sua Excelência,
o Senhor Presidente da República, à Assembleia da República, ao Governo e aos Partidos Políticos legalmente inscritos no Tribunal Constitucional.
O eleito do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Loures
(Aprovada por maioria, por 34 votos a favor e 8 abstenções do Grupo de Representantes da Coligação “Loures Sabe Mudar” e Representante do CDS-PP)
VOTO DE SOLIDARIEDADE
Voto de solidariedade apresentado pelo Representante
do Bloco de Esquerda
Em solidariedade com Luaty Beirão bem como com os restantes ativistas detidos em junho de 2015, em Angola
Henrique Luaty Beirão (conhecido como “Ikonoklasta”), Manuel Nito Alves, Afonso Matias “Mbanza-Hamza”, José Gomes Hata, Hitler Jessy Chivonde, Inocêncio António de Brito, Sedrick Domingos de Carvalho, Albano Evaristo Bingocabingo, Fernando António Tomás “Nicola”, Nélson Dibango Mendes dos Santos, Arante Kivuvu Lopes, Nuno Álvaro Dala, Benedito Jeremias, Domingos José da Cruz e Osvaldo Caholo. No dia 20 de junho de 2015, estes ativistas estavam na sala de uma casa privada em Luanda, fazendo a leitura de um capítulo do livro “Ferramentas para destruir o ditador e evitar nova ditadura - Filosofia política da libertação para Angola”, da autoria do jornalista Domingos da Cruz (também detido). Este livro, adaptado da obra “From Dictatorship to Democracy” de Gene Sharp, não é autorizado em Angola, à semelhança do que acontece, por exemplo com “Diamantes de Sangue”, de Rafael Marques. Estas pessoas foram detidas e desde o primeiro momento enfrentaram dificuldades, inclusivamente no acesso ao direito de defesa. O tempo passou e nenhuma acusação formal para a sua detenção foi apresentada. Três meses depois, chegou a acusação: “Os arguidos planeavam, após a destituição dos órgãos de soberania legitimamente instituídos, formar o que denominaram “Governo de Salvação Nacional” e elaborar uma “nova Constituição”. As pessoas detidas estavam a ler um livro. Entretanto, há vinte e três dias, oito detidos iniciaram uma greve de fome; atualmente apenas um, Luaty Beirão, mantém esta greve de fome; neste momento, o seu estado de saúde é muito grave, a sua vida encontra-se em perigo.
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Nascido em 1981, em Luanda, Luaty Beirão tem também nacionalidade portuguesa. Filho de João Beirão Fundador da Fundação Eduardo dos Santos (FESA), Luaty Beirão estudou Engenharia Eletrotécnica em Plymouth, Inglaterra e Economia e Gestão em Montpellier, França. É um conhecido músico não só em Angola como no estrangeiro, colaborando com diversos projetos entre os quais os Batida. Aquando da detenção destas pessoas, o Grupo Parlamentar do Bloco de Esquerda na Assembleia da República apresentou um voto de condenação face ao sucedido. Considerávamos então que devia ser tomada “uma posição firme, condenando a detenção de ativistas cívicos e pacíficos e repudiando o esmagamento dos seus direitos.” Este apelo é agora ainda mais pungente. A Assembleia Municipal de Loures, reunida na 4.ª Sessão Extraordinária, em 15 de outubro de 2015, delibera: 1. Exprimir solidariedade a Luaty Beirão, sua
família e amigos; 2. Exprimir solidariedade para com todas as
pessoas detidas no dia 20 de junho; 3. Recomendar a imediata libertação das
pessoas detidas no dia 20 de junho; 4. Remeter este voto aos órgãos de soberania e
aos grupos parlamentares representados na Assembleia da República;
5. Remeter este voto à Embaixada de Angola em
Portugal.
O eleito do Bloco de Esquerda na Assembleia Municipal de Loures
(Aprovado por unanimidade)
MOÇÃO
Moção apresentada pelo Grupo de Representantes
da Coligação Democrática Unitária
Contra o encerramento do Centro de Emprego em Sacavém
A população da Zona Oriental do Concelho de Loures foi confrontada esta 2.ª feira, dia 12 de outubro, com o encerramento do Centro de Emprego de Moscavide, em Sacavém. Esta zona do concelho tem uma população de cerca de 130 mil pessoas, das quais 5 mil estão inscritas neste Centro de Emprego. A partir de dia 16 de outubro terão de se deslocar a Loures para tratar de assuntos essenciais para a sua vida. Para quem está numa situação de dificuldade e fragilidade, nomeadamente financeira, com uma população já muito fustigada pela crise e por consecutivas políticas de empobrecimento e tendo em conta as grandes deficiências no sistema de transportes públicos do nosso concelho, sendo dispendioso e com poucos circuitos de carreiras, ainda mais complicado se torna. A CDU já tinha alertado para esta intenção e desde logo encetou um processo de luta e de denúncia pública das reais intenções que o governo pretendia levar a cabo. A CDU apela aos utentes do Centro de Emprego e às populações da Zona Oriental do concelho de Loures, que não se resignem e continuem a luta contra a destruição dos serviços públicos. Assim, a Assembleia Municipal de Loures, reunida em Loures a 15 de outubro de 2015, delibera: 1. Repudiar a decisão do Ministério da
Solidariedade, Emprego e Segurança Social de encerramento do Centro de Emprego de Moscavide.
2. Exigir aos próximos Responsáveis
Governativos a reversão desta decisão agora tomada, e a reposição deste serviço público.
Ao ser aprovada, enviar esta moção ao Sr. Primeiro-Ministro, ao Sr. Ministro da Solidariedade, Emprego e Segurança Social, ao Sr. Presidente da República, à Sr.ª Presidente da Assembleia da República, aos grupos parlamentares representados na Assembleia da República, aos órgãos de comunicação social locais e nacionais.
Os Eleitos da CDU
na Assembleia Municipal de Loures (Aprovada por unanimidade)
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MOÇÃO
Moção apresentada pelo Grupo de Representantes
da Coligação Democrática Unitária
Defender a Autonomia do Poder Local Democrático,
os Serviços Públicos e os Direitos dos Trabalhadores
O Poder Local Democrático foi uma das maiores conquistas da democracia saída da Revolução de Abril e um elemento central na sua consolidação e afirmação contribuindo de forma ímpar para a recuperação do atraso infraestrutural do País promovendo alterações económicas e sociais profundas e marcando o rumo da descentralização democrática do Estado. Um Poder Local Democrático que, tal como a Constituição consagra, implica a existência de órgãos próprios, eleitos democraticamente, agindo em total liberdade face a outros com submissão apenas à Constituição, às leis, aos tribunais em sede de aplicação dessas mesmas leis e ao povo, sendo portanto inaceitáveis e ilegais quaisquer intervenções destinadas a controlar o mérito, a conveniência ou a oportunidade da atuação autárquica; um regime de atribuições e competências suficientemente amplas; a existência de recursos técnicos, meios humanos e financeiros adequados e necessários para a prossecução dos interesses próprios das populações respetivas. É este Poder Local, inseparável das suas características democráticas, que tem sido alvo de uma violenta ofensiva. Uma ofensiva agravada brutalmente nos últimos anos e que sob os mais diversos pretextos: o combate ao défice, a crise, a redução das despesas públicas, as imposições da troika pretendem transformar as autarquias em meras dependências da administração central, reduzir drasticamente a sua capacidade de realização e intervenção para facilitar e justificar novos e frutuosos negócios privados. Um ataque que, em última análise, é parte integrante do processo de exploração, empobrecimento, limitação democrática, saque fiscal, restrição de políticas públicas em curso. O retrocesso foi gigantesco. No plano da descentralização, além da não institucionalização das Regiões Administrativas, cuja criação tem sido persistentemente sabotada, impôs a liquidação de Freguesias, 1168 no total, demagogicamente designada de “reorganização administrativa” medida que, em simultâneo com o encerramento
de serviços públicos de proximidade, escolas, extensões de saúde, etc. aprofundou assimetrias, o abandono ainda maior das populações e acentuou a desertificação do interior do País, ameaçando a viabilidade futura de muitas autarquias. Com a criação do novo Regime das Autarquias Locais e das Entidades Intermunicipais (Lei 75/2013), o Governo procurou impor um modelo de administração local fora do quadro constitucional, forçar as autarquias a delegar poderes noutros órgãos (tendo o Tribunal Constitucional decretado a inconstitucionalidade de vários preceitos legais), com a intenção de subverter o atual regime de atribuições e competências e esvaziar os municípios, numa inversão completa do que deve ser um efetivo processo de descentralização de que o país necessita. Descentralização que surgiu como capa para esconder a estratégia de reconfiguração neoliberal do Estado por via da municipalização das funções sociais do Estado, educação, saúde e segurança social, procurando usar as autarquias como um instrumento e etapa da privatização, beneficiando para isso da cumplicidade de alguns autarcas, pois sem recursos financeiros e sem experiência nestes domínios, facilmente as autarquias serão empurradas a entregar parcelas do serviço público a privados, como a experiência passada de outros processos comprovou. Em sentido inverso, mas com o mesmo objetivo, ou seja, entregar serviços públicos essenciais aos grupos privados, o Governo concentrou serviços impondo a fusão das empresas multimunicipais do grupo Águas de Portugal, reforçou os poderes do regulador, a ERSAR, para impor tarifários e tornar o negócio rentável e alienou a Empresa Geral do Fomento (EGF) à SUMA-Mota-Engil, criando um monopólio privado de resíduos sem paralelo na Europa, atentando de forma grosseira contra a autonomia local e prejudicando gravemente os direitos dos trabalhadores e populações. No plano do financiamento, a publicação do novo Regime de Finanças Locais (Lei 73/2013), acentuou a asfixia e o estrangulamento financeiro das autarquias. Como a ANMP tem vindo a denunciar e o Relatório produzido pela Universidade do Minho, sobre a evolução das finanças municipais confirmou, «a receita global dos municípios era de 8.9 mil milhões de euros, sendo que, em 2014, esse valor se cifrou em 7.3 mil milhões, valor este semelhante ao que registava em… .2002!». (...) A despesa global foi cortada em 20%, com as maiores reduções nas
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despesas de investimento e de pessoal, sendo verificável que, entre 2001 e 2014, as despesas de investimento passaram de 3500 milhões de euros para apenas 900 milhões, uma redução de 280%. Como consequência das medidas impostas aos municípios em matéria de gestão de pessoal, as despesas com aquisição de bens e serviços externos acabaram por passar de 17% do total da despesa em 2001, para mais de 28% em 2014...». Ao PAEL e ao Fundo de Apoio Municipal que retiraram milhões de euros aos municípios, tal como o Orçamento de Estado de 2015, juntaram-se novas consignações de receitas próprias impedindo as autarquias de as gerirem livremente: caso das verbas da água e do saneamento para pagamento aos sistemas multimunicipais e a imposição de taxas sobre as populações pelos serviços prestados (taxa de gestão de resíduos, controlo e qualidade da água, etc.), utilizando as autarquias como cobradores mas em que a receita reverte para o Regulador. No plano da organização e gestão e dos trabalhadores, as medidas foram igualmente graves como a famigerada Lei dos Compromissos e Pagamentos em Atraso; a imposição por via legal, de fortes restrições à criação e manutenção de empresas municipais colocando em risco milhares de postos de trabalho e a continuidade de relevantes serviços públicos; a imposição da redução obrigatória do número de trabalhadores (entre 2010 e 2014, perderam-se 25 mil postos de trabalho) e de cargos dirigentes; imposições de restrições à contratação, a desvalorização do estatuto remuneratório e profissional, degradando a qualidade dos serviços municipais prestados e as condições de trabalho, ao mesmo tempo que promoveu a contratação de milhares de desempregados através dos chamados Contratos de Emprego e Inserção (CEI) verdadeira escravatura dos tempos modernos. Congelaram-se salários, destruíram-se as carreiras e procurou-se por todos os meios impor o aumento do horário de trabalho das 35 horas para as 40 horas semanais, chantageando e bloqueando ilegalmente a contratação coletiva na administração local e a publicação dos Acordos Coletivos de Empregador Público (ACEP), livremente negociados entre as autarquias e os representantes dos trabalhadores, por consagrarem a manutenção das 35 h/semanais, violando mais uma vez de forma grosseira a autonomia local como o Tribunal Constitucional confirmou com o Acórdão n.º 494/2015.
Saudando os autarcas e trabalhadores por esta grande vitória, que é, sem dúvida, uma enorme derrota da política do Governo do PSD/CDS, associamo-nos à exigência já manifestada por autarcas e sindicatos de publicação imediata das centenas de ACEP abusiva e ilegalmente retidos pelo Governo. Assim, e considerando que a defesa e a valorização do Poder Local, autónomo e democrático são inseparáveis do regime democrático; Considerando que a existência de serviços públicos de qualidade, dotados dos meios adequados e acessíveis a todos é uma condição decisiva para que o país se desenvolva de forma solidária; Considerando que uma Administração Local e Regional eficiente, qualificada e célere exige a dignificação salarial e profissional dos trabalhadores. A Assembleia Municipal de Loures, reunida em 15 de outubro de 2015, delibera exigir: • O pleno respeito pela autonomia política,
administrativa e financeira das autarquias locais, consagrada constitucionalmente;
• O reforço da descentralização de
competências com os correspondentes recursos financeiros e meios humanos e a revogação de todas as limitações legais à contratação de trabalhadores;
• A recuperação financeira das autarquias e a
adoção de um regime de financiamento que assegure a justa repartição dos recursos públicos entre o Estado e as autarquias;
• O exercício pleno por estas das suas
competências, nomeadamente na gestão dos seus quadros de pessoal;
• A rejeição da municipalização de funções que
incumbem ao Estado assegurar, designadamente nas áreas da educação e saúde;
• A reversão do processo de privatização da
EGF e da reestruturação do setor das águas; • A propriedade e gestão públicas dos serviços
de água, saneamento e resíduos;
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• Uma política de preços e tarifas que assegure o acesso universal aos serviços em condições de igualdade;
• A publicação imediata dos acordos coletivos
celebrados entre as autarquias e os sindicatos.
Os Eleitos da CDU (Aprovada por maioria, por 34 votos a favor e 8 abstenções do Grupo de Representantes da Coligação “Loures Sabe Mudar” e Representante do CDS-PP)
RECURSOS HUMANOS
Proposta de aprovação da admissão de 8 trabalhadores, para constituição de vínculo de emprego público na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado, por utilização de reserva de recrutamento, para ocupação de postos de trabalho da categoria de Assistente Operacional, para exercício de funções nos estabelecimentos de ensino do Concelho de Loures. (Autorização nos termos do disposto no n.º 2 do Artigo 64.º da Lei n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro).
PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
n.º 468/2015
[Aprovada na 48.ª Reunião Ordinária
de Câmara Municipal, realizada em 30 de setembro de 2015]
Considerando que: A. Por deliberação tomada na 25.ª reunião
ordinária da Câmara Municipal, realizada em 29 de outubro de 2014, e nas 1.ª e 2.ª reuniões da 5.ª sessão ordinária da Assembleia Municipal, realizadas a 27 de novembro e 4 de dezembro de 2014, foram aprovados o Orçamento Municipal e o Mapa de Pessoal para o ano de 2015;
B. No Mapa de Pessoal estão previstos e não
ocupados postos de trabalho na categoria de Assistente Operacional da carreira geral de Assistente Operacional, afetos ao Departamento de Educação;
C. Nos termos do disposto no artigo 30.º da Lei Geral de Trabalho em Funções Públicas (LTFP), o órgão ou serviço pode promover o recrutamento de trabalhadores necessários ao preenchimento dos postos de trabalho previstos no Mapa de Pessoal;
D. O montante máximo a afetar ao recrutamento
de trabalhadores necessários à ocupação de postos de trabalho previstos e não ocupados no Mapa de Pessoal é de € 109.660,00, aprovado pela Câmara Municipal de Loures na 31.ª reunião ordinária, realizada em 21 de janeiro de 2015, e inscrito na classificação económica do orçamento municipal 01.01.04.04 - recrutamento de pessoal para novos postos de trabalho, não se encontra esgotado;
E. As alterações introduzidas pela Portaria n.º
29/2015, de 12 de fevereiro, à Portaria n.º 1049-A/2008, de 16 de setembro, implicaram um aumento na dotação máxima de referência do pessoal não docente;
F. A diminuição global dos recursos humanos
verificada no Município, em cumprimento das determinações legais, nos últimos anos e a insuficiência das solicitações de mobilidade de trabalhadores de outras entidades empregadoras públicas impossibilitaram o suprimento das necessidades verificadas na área de atividade em causa através dos recursos internos;
G. De acordo com as necessidades referenciadas
pelos serviços e a análise da evolução dos recursos humanos no setor da atividade educativa, apesar do contínuo esforço no recrutamento para esta atividade, revela uma oscilação de trabalhadores, resultante das saídas verificadas, comprometendo o regular funcionamento dos estabelecimentos de ensino;
H. Para assegurar o cumprimento da obrigação
de prestação de serviço público no domínio da educação, legalmente prevista na Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, Decreto-Lei n.º 144/2008, de 28 de julho, e estabelecida no contrato n.º 194/2009 celebrado entre o Ministério da Educação e a Câmara Municipal de Loures, é imprescindível o recrutamento de trabalhadores da categoria de Assistente Operacional da carreira geral de Assistente Operacional;
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I. Em resultado do procedimento concursal comum aprovado por deliberação da Câmara Municipal de Loures, na sua 8.ª reunião ordinária, de 19 de fevereiro de 2014, posteriormente autorizado na 2.ª sessão extraordinária da Assembleia Municipal, de 20 de março de 2014, e publicado em Diário da República, 2.ª série, n.º 99, de 23 de maio de 2014, através da referência 2 do Aviso n.º 6378/2014, para ocupação de 19 postos de trabalho da categoria de Assistente Operacional, foi constituída reserva de recrutamento interna, por força do artigo 40.º da Portaria n.º 83-A/2009, de 22 de janeiro, alterada e republicada pela Portaria n.º 145-A/2011, de 6 de abril, utilizável sempre que no prazo de 18 meses contados da data da homologação, haja necessidade de ocupação de idênticos postos de trabalho, o que se verifica;
J. O recurso à reserva de recrutamento, tendente
à ocupação de 28 postos de trabalho, aprovado por deliberação da Câmara Municipal de Loures, na sua 45.ª reunião ordinária, de 19 de agosto de 2015, e autorizado por deliberação da Assembleia Municipal, na 1.ª reunião da 4.ª sessão ordinária, realizada em 3 de setembro de 2015, se mostrou insuficiente face às necessidades adicionais de recursos humanos referenciadas pelos serviços, designadamente para apoio e acompanhamento de crianças com necessidades educativas especiais;
K. Em 21/07/2015, o INA - Direção-Geral da
Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas, enquanto ECCRC - Entidade Centralizada para Constituição de Reservas de Recrutamento, declarou a inexistência em reserva de recrutamento de qualquer candidato, nos termos do artigo 40.º da Portaria n.º 83-A/2009, de 22 de janeiro, alterada e republicada pela Portaria n.º 145-A/2011, de 6 de abril;
L. De acordo com as soluções interpretativas
uniformes da Direção-Geral das Autarquias Locais, homologadas pelo Senhor Secretário de Estado da Administração Local, em 15 de julho de 2014, a consulta à Direção-Geral da Qualificação dos Trabalhadores em Funções Públicas (INA) no âmbito do procedimento prévio de recrutamento de trabalhadores em situação de requalificação, previsto no artigo 24.º da Lei n.º 80/2013, de 28 de novembro, e regulamentado pela Portaria n.º 48/2014, de 26 de fevereiro, não é aplicável à Administração Local, inexistindo situações de requalificação;
M. Se verifica o cumprimento, pontual e integral, dos deveres de informação previstos na Lei n.º 57/2011, de 28 de novembro, alterada pela Lei n.º 66-B/2012, de 31 de dezembro;
N. A Câmara Municipal de Loures não se
encontra em situação de saneamento financeiro, conforme previsto nas alíneas a) e b) do n.º 1 do artigo 58.º da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro;
O. O decréscimo de 61 trabalhadores do
Município durante o ano de 2014, face aos 2530 existentes a 31 de dezembro de 2013, nos termos do previsto no artigo 62.º da Lei n.º 83-C/2013, de 31 de dezembro, se traduz no cumprimento da medida de redução mínima de 2% do número de trabalhadores;
Considerando ainda que: P. De acordo com o disposto na alínea b) do n.º 5
do artigo 62.º da Lei n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro, a assunção pelo município de pessoal necessário para assegurar o exercício de atividades objeto de transferência ou contratualização de competências da administração central para a administração local, não releva para o aumento das despesas com pessoal;
Q. Nos termos do n.º 2 do artigo 64.º da mesma
Lei, o recrutamento excecional de trabalhadores é deliberado pela Assembleia Municipal sob proposta da Câmara Municipal, fixando, caso a caso o número máximo de trabalhadores a recrutar.
Tenho a honra de propor: Que a Câmara Municipal, ao abrigo das disposições supracitadas, de acordo com o estabelecido no artigo 64.º da Lei n.º 82-B/2014, de 31 de dezembro, delibere submeter à Assembleia Municipal a admissão de 8 trabalhadores para constituição de vínculo de emprego público na modalidade de contrato de trabalho em funções públicas por tempo indeterminado, por utilização da reserva de recrutamento internamente constituída pelo procedimento concursal comum, publicado em Diário da República, 2,ª série, n.º 99, de 23 de maio de 2014, através referência 2 do Aviso n.º 6378/2014, para ocupação de postos de trabalho da categoria de Assistente Operacional da carreira geral de Assistente Operacional, afetos ao Departamento de Educação para exercício de funções nos estabelecimentos do ensino do
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Concelho de Loures e prossecução das atribuições do município no domínio da educação, previstas na Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, no Decreto-Lei n.º 144/2008, de 28 de julho, e estabelecidas no contrato n.º 194/2009 celebrado entre o Ministério da Educação e a Câmara Municipal de Loures.
Loures, 25 de setembro de 2015.
A Vereadora
(a) Maria Eugénia Coelho (Aprovada por unanimidade) Proposta de aprovação do projeto de Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral da Câmara Municipal de Loures. (Deliberação nos termos do disposto na alínea g) do n.º 1 do Artigo 25.º do Anexo I da Lei n.º 7/2013, de 12 de setembro).
PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
n.º 413/2015
[Aprovada na 46.ª Reunião Ordinária
de Câmara Municipal, realizada em 2 de setembro de 2015]
Considerando que: A. O projeto de “Regulamento de Prevenção e
Deteção do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral“ foi aprovado na 22.ª Reunião Ordinária, de 23/11/2011, para submissão a apreciação pública, por 30 dias úteis, convidando a pronunciarem-se os interessados, nomeadamente os trabalhadores da Câmara Municipal e dos Serviços Municipalizados;
B. Para o efeito foram ainda notificados os
representantes dos trabalhadores para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho da Câmara Municipal e dos Serviços Municipalizados, o SINTAP, o STAL, o STE e o STFPSA;
C. Decorrido o período de apreciação pública, foi notificada, por via eletrónica, em junho de 2012, a Comissão Nacional de Proteção de Dados – CNPD, que insistida pela resposta informou do novo procedimento eletrónico pelo qual se optou, tendo a CNPD concedido a Autorização n.º 2340/2014, de 25/02/2014;
D. Entretanto, as alterações ocorridas,
designadamente, de âmbito legal e a criação dos SIMAR, requereram atualização do Projeto, entretanto objeto de nova audiência dos interessados, pelo período de 10 dias úteis, tendo sido notificados para o efeito os representantes dos trabalhadores para a Segurança e a Saúde no Trabalho, as associações sindicais suprarreferidas e o Sindicato Nacional das Polícias Municipais.
Tenho a honra de propor: Ao abrigo da alínea k) do n.º 1 do artigo 33.º conjugado com a alínea g) do n.º 1 do artigo 25.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, na redação em vigor, que a Câmara Municipal delibere aprovar submeter a aprovação da Assembleia Municipal o “Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral“.
Loures, 26 de agosto de 2015
O Presidente da Câmara
(a) Bernardino Soares
… (Aprovada por unanimidade) NOTA DA REDAÇÃO: Para comodidade de consulta, o projeto de Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral encontra-se disponibilizado em Anexo, nas páginas finais da presente edição.
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PLANEAMENTO, FINANÇAS E LOGÍSTICA
Proposta de aprovação do documento designado “Factos Relevantes Ocorridos após o Fecho de Contas” como anexo ao Relatório de Gestão de 2014. (Apreciação e votação nos termos do disposto na alínea l) do n.º 2 do Artigo 25.º do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, conjugado com o n.º 1 do Artigo 76.º da Lei n.º 73/2013, de 3 de setembro).
PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
n.º 285/2015
[Aprovada na 42.ª Reunião Ordinária
de Câmara Municipal, realizada em 24 de junho de 2015]
Considerando que: A. Nos termos da Lei n.º 53/2014, de 25 de
agosto, que aprova o regime jurídico da recuperação financeira municipal regulamentando o Fundo de Apoio Municipal (FAM), a Câmara Municipal de Loures é obrigada a participar na realização no seu capital social pelo valor de € 4.376.892,82 (quatro milhões trezentos e setenta seis mil, oitocentos e noventa e dois euros e oitenta e dois cêntimos), o que ocorrerá no prazo máximo de sete anos, em duas prestações anuais, a realizar nos meses de junho e dezembro, com início em 2015;
B. De acordo com nota explicativa do
SATAPOCAL, grupo de trabalho da Direção Geral das Autarquias Locais (DGAL), com função específica de apoio técnico à aplicação do Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais (POCAL) de março de 2015, os Municípios têm obrigatoriamente de reconhecer esta obrigação quer no passivo quer a sua participação no ativo, desde o momento da comunicação do montante a subscrever, o que ocorreu em setembro de 2014, não relevando no entanto, esse valor para o limite da dívida total;
C. À data da publicação da nota explicativa por
parte do SATAPOCAL, março .de 2015, a Câmara Municipal de Loures já tinha concluído os procedimentos de encerramento de contas e elaborados os respetivos documentos de prestação de contas de 2014;
D. O SATAPOCAL, através de nova nota técnica publicada em maio de 2015, sobre o mesmo assunto, esclarece que no caso de manifesta impossibilidade de efetuar o reconhecimento contabilístico no ano de 2014, decorrente da conclusão dos procedimentos de encerramento de contas, os municípios deverão reconhecê-lo em documento para o efeito “Factos relevantes ocorridos após o Fecho de Contas”, o qual deverá ser aprovado pelo órgão executivo e apreciado pelo órgão deliberativo.
Tenho a honra de propor que: A Câmara Municipal de Loures delibere, nos termos da alínea i) do n.º 1 do artigo 33.º e da alínea l) do n.º 2 do artigo 25.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, para posterior remessa à Assembleia Municipal de Loures para apreciação e votação, o documento designado “Factos Relevantes Ocorridos Após o Fecho de Contas”, como anexo ao Relatório de Gestão de 2014, relativo à subscrição do Município de Loures do capital social do FAM, no valor de € 4.376.892,82 (quatro milhões trezentos e setenta e seis mil, oitocentos e noventa e dois euros e oitenta e dois cêntimos).
Loures, 17 de junho de 2015
O Presidente da Câmara
(a) Bernardino Soares
Factos relevantes ocorridos após o fecho de contas - 2014
Considerando - A lnformação n.º 209/DPCA/ACC, de
02/06/2015, já do conhecimento da Câmara; - As orientações técnicas e as notas
explicativas do SATAPOCAL, grupo de trabalho da Direção Geral das Autarquias Locais (DGAL), sobre o FAM, publicadas até maio de 2015;
- A participação da Câmara Municipal de Loures
no capital social do FAM pelo valor de € 4.376.892,82 (quatro milhões trezentos e setenta e seis mil, oitocentos e noventa e dois euros e oitenta e dois cêntimos), o que ocorrerá no prazo máximo de sete anos, em duas prestações anuais, a realizar nos meses de junho e dezembro, com início em 2015;
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e que - À data da publicação da nota explicativa por
parte do SATAPOCAL, março de 2015, a Câmara Municipal de Loures já tinha concluído os procedimentos de encerramento de contas e elaborado os respetivos documentos de prestação de contas de 2014;
- O SATAPOCAL, através de nova nota técnica
publicada em maio de 2015, sobre o mesmo assunto, esclarece que no caso de manifesta impossibilidade de efetuar o reconhecimento contabilístico no ano de 2014, decorrente da conclusão dos procedimentos de encerramento de contas, os municípios deverem-no reconhecer em documento para o efeito “Factos relevantes ocorridos após o Fecho de Contas», o qual deverá ser aprovado pelo órgão executivo e apreciado pelo órgão deliberativo.
Divulga-se como Facto Relevante após o fecho de contas, a obrigatoriedade de refletir nas demonstrações financeiras de 2014, a participação da Câmara Municipal de Loures no FAM pelo valor de € 4.376.892,82 (quatro milhões trezentos e setenta e seis mil, oitocentos e noventa e dois euros e oitenta e dois cêntimos), que devem ser registados, nas seguintes contas: Ativo 41.2.2 - € 4.376.892,82 Passivo 26.8.8.2.6.1 - € 625.270,00 26.8.8.2.6.2 - € 3.751.622.82 Anexo: Nota de lançamento n.º 3015 de 11/06/2015 (Aprovada por maioria, por 24 votos a favor, 1 voto contra do Representante Pedro Manuel Tavares Cabeça e 15 abstenções do Grupo de Representantes do Partido Socialista e Representante do PCTP-MRPP)
COESÃO SOCIAL E HABITAÇÃO
IGUALDADE E CIDADANIA
Proposta de aprovação do Plano Municipal para a Integração de Imigrantes de Loures. (Deliberação nos termos do disposto na alínea h) do n.º 1 do Artigo 25.º do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro).
PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
n.º 388/2015
[Aprovada na 46.ª Reunião Ordinária
de Câmara Municipal, realizada em 2 de setembro de 2015]
Considerando que: A. A valorização e potencialização do património
humano devem ser consideradas como condição essencial na estratégia de desenvolvimento dos territórios;
B. A Unidade de Igualdade e Cidadania, no
âmbito das suas competências, enquadra as questões da promoção dos direitos humanos e da inclusão social;
C. Loures é um concelho com uma forte
presença de população imigrante; D. Foi aprovada, a 9 de janeiro de 2015, a
candidatura submetida pela Câmara Municipal de Loures ao Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países Terceiros, para a conceção de um Plano Municipal para a Integração de Imigrantes.
Tenho a honra de propor: Que a Câmara Municipal de Loures delibere aprovar o Plano Municipal para a Integração de Imigrantes de Loures, ao abrigo da alínea a) do n.º 1 do artigo 33.º da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, e que o submeta à aprovação da Assembleia Municipal de Loures ao abrigo da alínea h) do n.º 1 do artigo 25.º do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro.
Loures, 13 de agosto de 2015
O Presidente da Câmara em exercício
(a) Paulo Piteira (Aprovada por unanimidade)
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NOTA DA REDAÇÃO: Para comodidade de consulta, o Plano Municipal para a Integração de Imigrantes de Loures encontra-se disponibilizado, na íntegra, em Anexo nas páginas finais da presente edição.
EQUIPA MULTIDISCIPLINAR DE DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO, TURISMO E PROMOÇÃO DO EMPREGO
Proposta de reconhecimento do Interesse Público Municipal na regularização/ampliação das instalações das empresas Albutintas, Comércio de Tintas, Lda., CSM Ibéria, S.A., A Socorsul – Comércio e Revalorização de Embalagens, Lda. e Litho Formas, S.A., nos termos do disposto na alínea a) do n.º 4 do Artigo 5º do Decreto-Lei n.º 165/2014, de 5 de novembro. (Deliberação nos termos do disposto na alínea a) do n.º 4 do Artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 165/2014, de 5 de novembro, conjugado com a alínea k) do n.º 2 do Artigo 25.º do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro).
PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
n.º 479/2015
[Aprovada na 48.ª Reunião Ordinária
de Câmara Municipal, realizada em 30 de setembro de 2015]
Considerando que: A. O Decreto-Lei n.º 165/2014, de 5 de
novembro, estabeleceu, com caráter extraordinário, o Regime de Regularização e de Alteração e ou Ampliação de Estabelecimentos e Explorações de Atividades Industriais, Pecuárias, de Operações de Gestão de Resíduos e de Explorações de Pedreiras, existentes à data da sua entrada que não disponham de título válido de instalação ou de título de exploração ou de exercício de atividade, incluindo as situações de desconformidade com os instrumentos de gestão territorial vinculativos dos particulares e ou condicionantes ao uso do solo;
B. A impossibilidade de regularização ou o
licenciamento das alterações solicitadas pode inviabilizar a concretização de projetos de investimento e de criação/manutenção de emprego no concelho;
C. Os pedidos de regularização das atividades
económicas são apresentados às entidades coordenadoras ou licenciadoras e, que quando esteja em causa a desconformidade da
localização com os instrumentos de gestão territorial vinculativos dos particulares ou com servidões administrativas e restrições de utilidade pública, devem ser instruídos com deliberação fundamentada de Reconhecimento de Interesse Público Municipal do estabelecimento ou instalação emitida pela Assembleia Municipal, sob proposta da Câmara;
D. As empresas ALBUTINTAS, Lda., CSM
IBERIA, S.A., A SOCORSUL - COMÉRCIO E REVALORIZAÇÃO DE EMBALAGENS Lda. e LITHO FORMAS, S.A., apresentaram o pedido de reconhecimento de Interesse Público Municipal a esta Câmara, instruído o respetivo processo de acordo com o quadro normativo acima referido;
E. Ponderados os interesses económicos e
sociais em presença, é de todo útil ao Município manter as empresas no concelho, sendo que a eventual deslocalização da mesma poderá criar constrangimentos, nomeadamente ao nível da sua viabilidade económica;
F. Os pareceres socioeconómicos favoráveis da
EMDETPE às pretensões dos requerentes. Tenho a honra de propor: Que a Câmara Municipal delibere, nos termos do disposto na alínea a) do n.º 4 do artigo 5.º do Decreto-Lei n.º 165/2014, de 5 de novembro, aprovar e submeter à apreciação da Assembleia Municipal o reconhecimento do Interesse Publico Municipal na Regularização/Ampliação das instalações dos requerentes: 1. ALBUTINTAS, Comércio de Tintas, Lda. 2. CSM IBERIA, S.A. 3. A SOCORSUL - Comércio e Revalorização de
Embalagens Lda. 4. LITHO FORMAS, S.A.
Loures, 25 de setembro de 2015
O Vereador,
(a) António Pombinho (Aprovada por unanimidade)
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SERVIÇOS INTERMUNICIPALIZADOS DE ÁGUAS E RESÍDUOS
DOS MUNICÍPIOS DE LOURES E ODIVELAS
Proposta de aprovação do projeto de Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral dos SIMAR – Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos dos Municípios de Loures e Odivelas. (Deliberação nos termos do disposto na alínea g) do n.º 1 do Artigo 25.º do Anexo I da Lei n.º 7/2013, de 12 de setembro).
PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
n.º 414/2015
[Aprovada na 46.ª Reunião Ordinária
de Câmara Municipal, realizada em 2 de setembro de 2015]
Considerando que: A. O projeto de “Regulamento de Prevenção e
Deteção do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral” foi aprovado na 22.ª Reunião Ordinária, de 23/11/2011, para submissão a apreciação pública, por 30 dias úteis, convidando a pronunciarem-se os interessados, nomeadamente os trabalhadores da Câmara Municipal e dos Serviços Municipalizados;
B. Para o efeito foram ainda notificados os
representantes dos trabalhadores para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho da Câmara Municipal e dos Serviços Municipalizados, o SINTAP, o STAL, o STE e o STFPSA;
C. Entretanto, as alterações ocorridas,
designadamente de âmbito legal e a criação dos SIMAR, requereram atualização do Projeto, entretanto objeto de nova audiência dos interessados, pelo período de 10 dias úteis, tendo sido notificados para o efeito os representantes dos trabalhadores para a Segurança e a Saúde no Trabalho e as associações sindicais suprarreferidas;
D. Decorrido o período de apreciação pública, foi
notificada a Comissão Nacional de Proteção de Dados - CNPD que concedeu a Autorização n.º 3808/2015;
E. O Conselho de Administração dos SIMAR, na
sua reunião de 26 de agosto de 2015, deliberou aprovar a proposta número 513/2015 e remeter para aprovação das Câmaras Municipais de Loures e Odivelas e
das Assembleias Municipais o projeto de “Regulamento de Prevenção e Deteção de Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral’.
Tenho a honra de propor: Ao abrigo da alínea k) do n.º 1 do artigo 33.º conjugado com a alínea g) do n.º 1 do artigo 25.º do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, na redação em vigor, que a Câmara Municipal delibere aprovar submeter a aprovação da Assembleia Municipal a proposta apresentada pelo Conselho de Administração dos SIMAR número 513/2015 e, consequentemente, aprovar o projeto de “Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral”.
Loures, 27 de agosto de 2015
O Presidente da Câmara
(a) Bernardino Soares
… (Aprovada por unanimidade) NOTA DA REDAÇÃO: Para comodidade de consulta, o projeto de Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral encontra-se disponibilizado em Anexo, nas páginas finais da presente edição. Fornecimento de combustíveis rodoviários para os SIMAR Proposta de autorização para repartição de encargos pelos anos económicos de 2016, 2017, 2018 e 2019. (Autorização nos termos do disposto no n.º 1 e n.º 6 do Artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de junho).
PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
n.º 416/2015
[Aprovada na 46.ª Reunião Ordinária
de Câmara Municipal, realizada em 2 de setembro de 2015]
Considerando que:
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A. O Conselho de Administração dos SIMAR, na sua reunião de 26 de agosto de 2015, aprovou remeter, aos municípios de Loures e Odivelas, a proposta número 505/2015, para dar início às ações prévias inerentes ao desenvolvimento de um procedimento aquisitivo, em agrupamento de entidades adjudicantes (Câmara Municipal de Loures, SIMAR, Gesloures e Loures Parque), para Fornecimento de Combustíveis Rodoviários, para abastecimento da sua frota;
B. Pretende-se que o fornecimento seja efetuado
pelo período de 36 meses, tendo por preço base, sem IVA incluído, € 3.600.000,00 € (três milhões e seiscentos mil euros);
C. Para cada um dos anos de vigência estima-se
a seguinte despesa: - Ano 2016 - € 600.000,00 (seiscentos mil
euros); - Ano 2017 - € 1.200.000,00 (um milhão e
duzentos mil euros); - Ano 2018 - € 1.200.000,00 (um milhão e
duzentos mil euros); - Ano 2019 - € 600.000,00 (seiscentos mil
euros); D. O início do procedimento relativo a despesas
com encargo orçamental em mais de um ano económico carece de prévia autorização conferida pela Assembleia Municipal nos termos dos n.ºs 1 e 6 do artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de junho.
Tenho a honra de propor que: A Câmara Municipal de Loures delibere, ao abrigo dos n.ºs 1 e 6 do artigo 22.º do Decreto-Lei n.º 197/99, de 8 de junho, aprovar e submeter à aprovação da Assembleia Municipal a proposta apresentada pelo Conselho do Administração dos SIMAR, número 505/2015 e, consequentemente, autorizar a despesa e repartição de encargos relativa ao procedimento para Fornecimento de Combustíveis Rodoviários para abastecimento da sua frota.
Loures, 27 de agosto de 2015
O Presidente da Câmara
(a) Bernardino Soares (Aprovada por unanimidade)
Proposta de aprovação do Plano de Ação dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos dos Municípios de Loures e Odivelas (SIMAR) para cumprimento do PERSU 2020 – Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos. (Deliberação nos termos do disposto nas alíneas h) e n) do n.º 1 do Artigo 25.º do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, conjugado com o n.º 3 do Artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, de 5 de setembro).
PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO
n.º 445/2013
[Aprovada na 47.ª Reunião Ordinária
de Câmara Municipal, realizada em 16 de setembro de 2015]
Considerando que: A. Os Serviços Intermunicipalizados de Águas e
Resíduos de Loures e Odivelas (SIMAR) têm por missão garantir a recolha e transporte de resíduos urbanos, nos concelhos de Loures e Odivelas.
B. O Plano de Ação dos SIMAR, para
cumprimento do PERSU 2020, toma como referência a concretização das diretrizes constantes no Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU 2020), aprovado pela Portaria n.º 187-A/2014, de 17 de setembro.
C. O Conselho de Administração dos SIMAR, na
sua 16.ª Reunião Ordinária, realizada em 6 de maio de 2015, deliberou aprovar a proposta número 356/2015, referente ao Plano de Ação dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos (SIMAR) de Loures e Odivelas, para cumprimento do PERSU 2020, remetendo o mesmo para aprovação dos órgãos municipais.
Tenho a honra de propor: Ao abrigo do disposto na alínea a) do n.º 1 do artigo 33.º, nas alíneas h) e n) do n.º 1 do artigo 25.º todos do Anexo I da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, conjugado com o n.º 3 do artigo 16.º do Decreto-Lei n.º 178/2006, que a Câmara Municipal delibere aprovar e submeter à aprovação da Assembleia Municipal o Plano de Ação dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos (SIMAR) de Loures e Odivelas, para cumprimento do PERSU 2020.
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Loures, 9 de setembro de 2015.
O Presidente da Câmara,
(a) Bernardino Soares (Aprovada por unanimidade) NOTA DA REDAÇÃO: O documento Plano de Ação dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos (SIMAR) de Loures e Odivelas, para cumprimento do PERSU 2020 encontra-se disponibilizado em Anexo nas páginas finais da presente edição.
PROLONGAMENTO DOS TRABALHOS
No decorrer da Sessão, e antecedendo a apreciação e discussão da Proposta n.º 413/2015, às 23h45 foi, pela Sr.ª Presidente da Assembleia Municipal, colocada à consideração do plenário, e consensualmente aceite, a prossecução dos trabalhos até finalização da ordem de trabalhos, tendo como limite as 01h00 do dia 16 de outubro de 2015. A Reunião viria a terminar às 00h47 de 16 de outubro.
RETIFICAÇÃO
A solicitação da Senhora Presidente da Assembleia Municipal, republicam-se as Moções apresentadas pelo Representante do PCTP/MRPP Partido Comunista dos Trabalhadores Portugueses, com o título “Contra a privatização dos transportes públicos e por uma nova estratégia na política de transportes na região de Lisboa” e pelo Grupo de Representantes da Coligação “Loures Sabe Mudar”, com o título “Pela melhoria das condições do dia a dia dos cidadãos portadores de deficiência visual do Concelho de Loures”, apresentadas na 2.ª Sessão Ordinária de Assembleia Municipal, realizada em 11 de abril de 2015 (Sessão realizada no Pavilhão da Associação Humanitária de Bombeiros Voluntários de Sacavém), publicitadas na Edição Especial n.º 3, de 11 de abril de 2015, da publicação Loures Municipal, na sequência de propostas de introdução de alterações produzidas pelos Grupos de Representantes, que motivaram alteração na redação final dos documentos inicialmente apresentados.
MOÇÃO
Moção apresentada pelo Representante do PCTP-MRPP
Contra a privatização dos transportes públicos
e por uma nova estratégia na política de transportes na região de Lisboa
Considerando que o governo de traição nacional PSD/CDS desde o início que, em obediência aos ditames da troika, tem defendido e aplicado uma política da máxima privatização da prestação de serviços públicos, com efeitos intoleráveis na qualidade, acesso e custos desses serviços, para os trabalhadores e contribuintes em geral. Considerando que, em matéria de transportes, o mesmo governo, pela mão do sinistro e provocador Secretário de Estado Sérgio Monteiro, começou por aprovar um plano terrorista dos transportes, designado por Plano Estratégico dos Transportes (PET), aprovado em 2011, e, posteriormente, Plano Estratégico de Transportes e Infraestruturas (PETI3+), com vista a levar a cabo a privatização deste setor, desde os transportes terrestres (rodoviários – urbanos, como o Metro, Carris e STCP – e ferroviários – CP) aos aéreos (TAP).
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Considerando que, para tentar livrar-se de quaisquer compromissos orçamentais no campo do serviço público de transportes de passageiros por modo rodoviário, fluvial e ferroviário – sempre em obediência canina às imposições da senhora Merkel e da Troika – o governo de traição nacional PSD/CDS pretende agora desferir uma machadada final neste serviço público, com a aprovação da Proposta de Lei n.º 287/XII, pelo qual visa proceder generosamente à transferência das competências nesta área para os municípios, transferência essa contudo desacompanhada de quaisquer dotações do orçamento geral do Estado. Considerando ainda que a mesma proposta de lei consagra a extinção das Autoridades Metropolitanas de Transportes de Lisboa e do Porto, cujo regime fora estabelecido pela Lei n.º 1/2009, de 5 de janeiro, transferindo para as respetivas Áreas Metropolitanas o exercício dessas competências, sem no entanto alterar a forma de constituição e funcionamento destas áreas, preocupando-se apenas em, previamente, proceder à privatização – pela via da chamada subconcessão – das atuais empresas de transporte rodoviário, fluvial e ferroviário. Considerando, por outro lado, que os trabalhadores e o povo da Região de Lisboa têm assistido a uma grave e intolerável degradação do serviço de transportes, à manifesta falta de segurança, ao agravamento das condições de acesso, à falta das condições de comodidade, a uma insuportável redução de horários, eliminação de carreiras e supressão de autocarros aos fins de semana e espaçamento intolerável dos intervalos de circulação e diminuição do número de carruagens seja no Metro seja nos comboios suburbanos e, tudo isto, acompanhado de um provocatório aumento do preço dos bilhetes. A Assembleia Municipal de Loures, na sua 2.ª Sessão Ordinária de 11de abril de 2015, delibera: 1. Opor-se frontal e firmemente à aprovação da
Proposta de Lei n.º 287/XII do governo de traição nacional sobre o Regime Jurídico do Serviço Público de Transporte de Passageiros, visto que ela encerra, em aplicação do plano terrorista dos transportes aprovado em 2011, a tentativa de, por um lado, alijar para cima dos municípios, em nome de uma pretensa descentralização, o custeamento integral da exploração dos transportes públicos e, por outro, o objetivo de abrir caminho à privatização deste serviço público, à custa do roubo dos salários e dos complementos de
pensões dos trabalhadores das empresas de transportes e do sacrifício dos trabalhadores utentes dos mesmos, a par de uma progressiva degradação da qualidade da oferta do serviço, em nome da sua rentabilidade.
2. Rejeitar totalmente qualquer concessão a
privados das empresas públicas de transportes, designadamente na área metropolitana de Lisboa.
3. Exigir a demissão imediata da Administração
Conjunta, criada com a designação de Transportes de Lisboa, das empresas Metro, Carris, Soflusa e Transtejo, visto que tem como único objetivo e tarefa a privatização destas empresas.
4. Defender que o planeamento e exploração dos
transportes na região de Lisboa devem ser realizados de forma integrada e articulada, e confiada a uma entidade administrativa autónoma a constituir, que disponha de um governo próprio eleito por sufrágio direto dos munícipes dessa Região Especial.
5. Defendemos que as empresas devem ser
públicas e com gestão pública ficando assim na esfera do setor empresarial do Estado.
A presente deliberação deve ser enviada à Presidência da Assembleia da República e a todos os grupos parlamentares, bem como a todos os órgãos autárquicos dos municípios da Área Metropolitana de Lisboa e comunicada a todos os órgãos de comunicação social.
Loures, 11/04/15
O Representante do PCTP/MRPP (Aprovada por maioria, com 18 votos a favor do Partido Socialista, PCTP-MRPP e Bloco de Esquerda, 9 votos contra da Coligação “Loures Sabe Mudar” e CDS-PP e 15 abstenções da Coligação Democrática Unitária)
EDIÇÃO ESPECIAL
N.º 15
16 de OUTUBRO de 2015
21
MOÇÃO
Moção apresentada pelo Grupo de Representantes
da Coligação “Loures Sabe Mudar”
Pela melhoria das condições do dia a dia dos cidadãos portadores de deficiência visual
do Concelho de Loures
Considerando que a Organização Mundial de Saúde estima que cerca de 10% da população de qualquer país é portadora de algum tipo de deficiência, dos quais 5% é portadora de deficiência visual. Considerando que, segundo a Organização Mundial de Saúde, a deficiência visual compreende uma situação irreversível de diminuição da visão, onde os indivíduos apresentam restrições na sua velocidade para realizar diversas tarefas, na sua orientação e na sua mobilidade. Considerando a falta de uma associação dedicada em exclusividade à área da deficiência visual no Concelho de Loures. Considerando as anteriores moções apresentadas nesta Assembleia pela bancada da CDU, em 2010 e 2012 (tendo a primeira sido rejeitada e a segunda tido a sua discussão adiada). Considerando a iniciativa Loures em Congresso atualmente a decorrer no nosso Concelho de Loures e a necessidade de discussão deste tema de forma mais alargada. Vem a Assembleia Municipal de Loures propor: 1. À Câmara Municipal de Loures, numa
primeira fase, a colocação de avisos sonoros nas principais passagens e semáforos do Concelho.
2. À Comissão Executiva da iniciativa Loures em
Congresso a realização de um debate, de onde possam ser retiradas ideias e medidas de intervenção, integrado na iniciativa Loures em Congresso atualmente a decorrer, sobre o dia a dia dos cidadãos portadores de deficiência visual no Concelho de Loures.
3. A realização de uma Assembleia Municipal
temática subordinada aos temas respeitantes à melhoria da qualidade de vida dos cidadãos portadores de deficiência, incluindo, naturalmente, os cidadãos portadores de deficiência visual.
Em caso de aprovação desta moção, deve a mesma ser enviada: a) A todas as IPSS do Concelho de Loures. b) A todos os órgãos de Comunicação Social
local e nacional. c) A todos os Órgãos Autárquicos do Concelho
de Loures, incluindo as Juntas de Freguesia e Assembleias de Freguesia.
Os eleitos da Coligação “Loures Sabe Mudar” (PSD-MPT-PPM)
na Assembleia Municipal de Loures
Loures, 11 de abril de 2015 (Aprovada por unanimidade)
ANEXO À PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO n.º 388/2015
Plano Municipal
para a integração de imigrantes
Loures
1
Parcerias
Agrupamento de Escolas da Apelação
Agrupamento dos Centros de Saúde de Loures e de Odivelas
Aliança Evangélica Portuguesa
Associação de Solidariedade Social Templo de Shiva
Associação Unida e Cultural da Quinta do Mocho
Câmara Municipal de Loures
Conselho Português para os Refugiados
Instituto da Segurança Social, I.P. – Centro Distrital de Lisboa
União de Freguesias de Sacavém e do Prior Velho
2
Agradecimentos
� Alto Comissariado para as Migrações, I.P. � Centro de Investigação e Intervenção Social – Instituto Universitário de Lisboa � Instituto do Emprego e Formação Profissional – Centro de Emprego de Loures � Polícia de Segurança Pública – 70ª Esquadra / Loures
Fundo Cofinanciador
� FEINPT - Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países Terceiros
3
Índice
1. Enquadramento Geral do Plano …………………………… 6
1.1 O Porquê de um Plano Municipal para a Integração de Imigrantes
…………………………… 6
1.2 Âmbito …………………………… 8 1.3 Objetivos Gerais …………………………… 9 1.4 Estrutura e Metodologia de Conceção do
Plano Municipal para a Integração de Imigrantes
…………………………… 9
2. Diagnóstico Local …………………………… 12 3. Plano Municipal para a Integração de
Imigrantes …………………………… 29
3.1 Dimensão Estratégica …………………………… 31 3.2 Dimensão Operacional …………………………… 33 3.2.1 Área: Mercado de Trabalho e
Empreendedorismo …………………………… 33
3.2.2 Área: Serviços de Acolhimento e Integração …………………………… 34 3.2.3 Área: Urbanismo e Habitação …………………………… 36 3.2.4 Área: Educação e Língua …………………………… 37 3.2.5 Área: Capacitação e Formação …………………………… 38 3.2.6 Área: Cultura …………………………… 39 3.2.7 Área: Saúde …………………………… 40 3.2.8 Área: Solidariedade e Resposta Social …………………………… 41 3.2.9 Área: Cidadania e Participação Cívica …………………………… 42 3.2.10 Área: Media e Sensibilização da Opinião
Pública …………………………… 44
3.2.11 Área: Racismo e Discriminação …………………………… 45 3.2.12 Área: Relações Internacionais …………………………… 46 3.2.13 Área: Religião …………………………… 47 3.3 Modelo de Monitorização e Avaliação …………………………… 48 3.4 Acompanhamento e Modelo de Governação …………………………… 49 4. Referências Bibliográficas …………………………… 50 5. Anexos …………………………… 50
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Abreviaturas
PEM --------- Plano Estratégico para as Migrações CML --------- Câmara Municipal de Loures GARSE --------- Gabinete dos Assuntos Religiosos e Sociais Específicos ACM, IP --------- Alto Comissariado para as Migrações, Instituto Público PMII --------- Plano Municipal para a Integração de Imigrantes FEINPT --------- Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países
Terceiros NPT --------- Nacionais de Países Terceiros IMAD --------- Índice dos Municípios Amigos dos Imigrantes e da Diversidade RMAD --------- Rede dos Municípios Amigos dos Imigrantes e da Diversidade CIS/ISCTE-IUL
--------- Centro de Investigação e Intervenção Social / Instituto das Ciências do Trabalho e da Empresa / Instituto Universitário de Lisboa
CLAII --------- Centro Local de Apoio à Integração dos Imigrantes AEA --------- Agrupamento de Escolas da Apelação ACES/Loures Odivelas
--------- Agrupamentos dos Centros de Saúde de Loures e Odivelas
CEL --------- Centro de Emprego de Loures ISS, IP --------- Instituto de Segurança Social, Instituto Público IEFP --------- Instituto de Emprego e Formação Profissional PSP --------- Polícia de Segurança Pública ASSST. Shiva --------- Associação de Solidariedade Social Templo de Shiva A. Unida e Cultural
--------- Associação Unida e Cultural da Quinta do Mocho
UFSPV --------- União das Freguesias de Sacavém e do Prior Velho
5
Nota de Abertura
O Plano Municipal para a Integração de Imigrantes do Concelho de Loures pretende estabelecer uma estratégia municipal que considere todos os habitantes de Loures no desenvolvimento global do concelho.
Loures é composto por pessoas de cerca de 120 nacionalidades, que consideramos como um património humano fundamental.
Elaborar um plano que vise uma melhor integração dos imigrantes, permitir-nos-á articular esforços entre o município e as instituições locais e nacionais na construção de comunidades inclusivas.
O presente Plano Municipal para a Integração de Imigrantes, que vigorará até 2017, envolve vários serviços do município mas sobretudo cria uma rede de dinâmicas locais, com a participação efetiva dos imigrantes, pretendendo o real envolvimento dos mesmos nas dinâmicas propostas.
Este Plano apresenta-se como o compromisso de um conjunto de parceiros que entende que em Loures, cada um dos que decidiram aqui viver são o maior contributo para o seu desenvolvimento.
Maria Eugénia Coelho
Vereadora do Departamento de Coesão Social e Habitação
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1. ENQUADRAMENTO GERAL DO PLANO
1.1. O Porquê de um Plano Municipal para a Integração de Imigrantes
Loures é um concelho onde o fenómeno migratório se faz sentir, de forma muito particular, há várias décadas. O facto de ser um território limítrofe à capital de Portugal será, indiscutivelmente, uma das principais, senão a principal, caraterística para que tal aconteça. Esta proximidade relativamente a Lisboa faz de Loures um destino atraente para aqui residir.
Olhando para o passado recente1, verificamos que Loures tem acompanhado, de forma genérica, a tendência migratória nacional. Assim, até à década de 80 do século XX este é um território onde o perfil migratório se carateriza pela chegada de indivíduos do interior do país (migrações internas) e pela emigração (principalmente na década de 60 e primeira metade da década de 70).
É sobretudo a partir da década de 90 do século passado que o perfil migratório se altera, tornando-se Loures um concelho de imigrantes, um local de destino de pessoas oriundas de outros países. Se inicialmente ainda falamos de números incipientes e pouco expressivos (quer ao nível quantitativo, quer relativamente à nacionalidade dos estrangeiros residentes), entre 2000 e 2010, assistimos, em Loures, a um aumento significativo no número de estrangeiros residentes.
Observando ainda as últimas décadas, e conforme expresso anteriormente, os fluxos migratórios em Loures têm acompanhado, no geral, a tendência e fluxos migratórios nacionais. Contudo, nos últimos anos, assistimos a uma alteração do perfil migratório e que, atendendo aos dados do presente, tem-se complexificado e densificado exponencialmente. Cada vez mais os fluxos migratórios são fluídos, alterando-se muito rapidamente o seu perfil e caraterísticas.
Nos últimos 4 a 5 anos, assistimos a uma diferenciação do perfil imigratório em Loures em relação ao perfil nacional. Comparando com os dados dos censos de 2001, o número de imigrantes a residir no concelho aumentou, quer em número, quer relativamente ao peso no total da população2.
1 Consideramos aqui sobretudo o espaço temporal que vai desde as décadas de 70 do século XX até ao presente. 2 Para efeitos comparativos, de acordo com os censos de 2001 residiam em loures 13430 imigrantes, cerca de 7% do total da população residente.
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Segundo os dados disponibilizados pelo Instituto Nacional de Estatística, à data dos Censos de 2011, residiam em Loures 205 054 indivíduos3. Destes, 16 658 eram estrangeiros residentes, representando cerca de 8,12% do total de população residente. Segundo os últimos dados disponíveis (SEF 2013) e já considerando a reorganização administrativa do território, a percentagem de estrangeiros por total de residentes era de 8,3% (17 390 indivíduos).
De acordo com as orientações emanadas pelos diplomas legais em vigor, atendendo àquelas que são as competências de cada uma das entidades parceiras no plano e tendo presente os principais documentos estratégicos nas áreas dos direitos humanos, da imigração, da inclusão e da integração de imigrantes, considerou-se fundamental a conceção de um Plano Municipal para a Integração de Imigrantes de Loures.
À luz da filosofia que preside ao Plano Estratégico para as Migrações (PEM), julgou-se absolutamente fundamental a criação de um documento orientador das políticas municipais em matéria de acolhimento e integração de imigrantes. Com efeito, o Plano Municipal para a Integração de Imigrantes de Loures, que agora se apresenta, consubstancia toda a dimensão estratégica e operacional, definida pelo conjunto de parceiros locais, que aceitaram o desafio da autarquia de Loures de traçar um enquadramento comum em matéria de acolhimento e integração de imigrantes.
O município de Loures tem vindo, ao longo dos anos, a constituir-se como um município pioneiro, do ponto de vista do trabalho efetivo e profícuo na área do acolhimento, integração e inclusão dos mais desfavorecidos e de todos os que são alvo de discriminação4.
Entendemos, assim, numa primeira ótica, que num mundo global e globalizado, as políticas públicas norteadoras do trabalho nesta matéria devem ser igualmente globalizantes. Julgamos, também, numa outra perspetiva, que este é um processo que não deve ser interrompido e que deverá ser regularmente monitorizado, avaliado e inovado, devendo adaptar-se constantemente a novas dinâmicas e realidades.
3 A entrada em vigor da Lei n.º56/2012 de 8 de Novembro relativa à reorganização administrativa de Lisboa e da Lei n.º11-A/2013 de 28 de Janeiro, referente à reorganização administrativa do território, produziram alterações nos limites territoriais dos municípios de Lisboa e de Loures. Estas alterações refletiram-se ao nível do quantitativo populacional do município de Loures, na medida em que se verifica a sua diminuição: de 205 054 para 199 494 residentes. 4 Por exemplo, em 1993 a CML criou um gabinete (GARSE- Gabinete de Assuntos Religiosos e Sociais Específicos) específico para o trabalho em torno destas questões, assumindo competências que não estavam legalmente previstas. Outro exemplo mais recente, em 2007 e 2011, a distinção atribuída a Loures pela Plataforma Imigração de “Boas práticas autárquicas no acolhimento e integração de imigrantes”.
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Tendo consciência de que, em primeira instância, compete ao Estado zelar pela igualdade de oportunidades e pela não-discriminação, promovendo a integração e a coesão social5, consideramos que este desígnio deve ser assegurado de forma concertada, integrada e participada pelas várias entidades, presentes no território e que de alguma forma, pela natureza das suas competências e/ou responsabilidades, concorrem para estes objetivos.
Importa referir, igualmente, que a elaboração deste documento parte de uma premissa fundamental, partilhada por todos quantos participaram na conceção do mesmo, que consiste em acreditar no valor do património humano quando considerado enquanto condição central na estratégia de desenvolvimento dos territórios, entendendo-se que a intervenção no domínio do acolhimento e integração de imigrantes deve ser sobretudo potenciadora das suas competências e talento e não meramente assistencialista.
Não menos importante e atendendo a que a integração é um processo bidirecional de adaptação mútua, reputamos ainda que não é possível acolher e integrar, de forma séria e responsável, se não estiverem envolvidos todos os atores que intervém nesse processo, isto é, imigrantes, como destinatários evidentes deste plano e, igualmente, toda a sociedade de acolhimento.
Este é, pois, o modelo de gestão de sociedades culturalmente diversas que Loures adotou como orientador da sua ação. Um modelo assente no conceito da interculturalidade, da partilha, da participação, do respeito e da interação entre todos. Um modelo que, no nosso entender, reforça e fortalece uma cidadania plena e, consequentemente, a consolidação de uma sociedade democrática e socialmente coesa.
1.2. Âmbito
Financiado pelo Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países Terceiros (ação 4) e de acordo com o regulamento desta linha de financiamento e com a candidatura apresentada pela Câmara Municipal de Loures, o Plano Municipal para a Integração de Imigrantes de Loures terá como destinatários os cidadãos nacionais de países terceiros, os requerentes de asilo e os refugiados residentes no concelho de Loures.
O Plano Municipal para a Integração de Imigrantes de Loures deverá ter uma vigência de 3 anos possibilitando, neste período, a implementação, monitorização e avaliação das medidas nele previstas.
5 Até porque compete ao estado definir o quadro político e jurídico promotor de uma integração plena.
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O plano que aqui se apresenta terá um período de vigência até dezembro de 2017, momento a partir do qual deverá ser concebido e aprovado um novo PMII para o triénio seguinte.
1.3. Objetivos Gerais
De acordo com o proposto em candidatura ao FEINPT e na sequência das conclusões apontadas pelo Diagnóstico Local realizado, são objetivos gerais do Plano Municipal Para a Integração de Imigrantes de Loures:
• Promover e apoiar a integração de nacionais de países terceiros, dos requerentes de asilo e dos refugiados que residam ou trabalhem em Loures;
• Definir uma visão estratégica comum para o fenómeno migratório no concelho, que reconheça e potencie a diversidade cultural como um dos vetores fundamentais de desenvolvimento local;
• Sensibilizar as instituições públicas e organizações do setor privado, todos os munícipes de Loures e a opinião pública em geral para as questões da imigração, requerentes de asilo e refugiados, numa perspetiva de promoção da coesão social, do acolhimento, da integração e da interculturalidade;
• Apoiar a investigação e a reflexão sobre as dinâmicas migratórias locais com vista à identificação e avaliação do nível de integração dos imigrantes, refugiados e requerentes de asilo no município.
1.4. Estrutura e metodologia de conceção do Plano Municipal para a Integração de Imigrantes
Conforme expresso no ponto 1.1 deste documento, a conceção de um Plano Municipal para a Integração de Imigrantes constitui-se como produto de todo um processo iniciado há vários anos, processo esse dinamizado pelos diversos atores presentes no concelho de Loures e que, no nosso entender, deve ser continuamente monitorizado, avaliado e aperfeiçoado.
Nos últimos anos, o trabalho de terreno desenvolvido por diversas entidades e as conclusões de projetos, estudos ou investigações (municipais/locais)6 realizados e em
6 Investigações já realizadas ou em curso. Note-se, por exemplo, dois estudos a decorrer no presente sobre esta temática – Diagnóstico Local a realizar no âmbito do PMII de Loures, ou o Índice dos Municípios Amigos dos Imigrantes e da Diversidade (IMAD) a realizar no âmbito da Rede dos Municípios Amigos dos Imigrantes
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curso parecem apontar para a necessidade de dar continuidade ao trabalho realizado em prol do acolhimento e integração de imigrantes, requerentes de asilo e refugiados, no contexto da promoção e defesa dos direitos humanos no concelho, não obstante a larga experiência municipal nesta área.
Assim sendo, e pese embora a existência de algum trabalho feito nesta matéria, nomeadamente pela implementação de vários projetos e medidas concretas com resultados reconhecidos e meritórios na integração de NPT, reputamos como essencial a ponderação de todo este manancial de informação, conhecimento e experiência à luz dos objetivos, da estratégia e das prioridades definidas no PMII.
Considerando estes pressupostos, bem como o definido pelo regulamento da ação 4 do FEINPT (Anúncio 1ª4/2013), o presente plano constitui-se como o resultado da implementação de várias dinâmicas participativas, sendo a participação, o envolvimento e a responsabilização, os princípios básicos fundamentais que presidiram ao processo de conceção do mesmo. De forma sucinta, as dinâmicas participativas aludidas consistiram no seguinte:
i) na realização de um diagnóstico local caraterizador da população imigrantes e dos índices de integração da mesma7;
ii) na realização de encontros de análise e discussão com as entidades parceiras com vista à conceção e implementação do plano;
iii) na realização de debates abertos à população e todos os interessados sobre as questões que se prendem a integração e a coesão social.
Assim, e a par do diagnóstico local caracterizador da população imigrante e dos índices de integração da mesma (alínea i), após convite do município de Loures às várias entidades locais com responsabilidade e interesse nesta matéria, foram realizadas várias reuniões, junto dos diversos parceiros locais, com vista à apresentação do Plano, para explicitação dos objetivos, natureza e estratégia do mesmo, bem como para a apresentação da metodologia de operacionalização do mesmo.
Porque entendemos que a formalização da vontade de participar no Plano, quer ao nível da participação na conceção conjunta do mesmo, quer ao nível da implementação de medidas se revela tarefa de fundamental interesse, o Município de Loures lançou um convite às diferentes entidades, no sentido da assinatura de um Termo de Compromisso, convite que foi aceite pela maioria das entidades em referência.
e da Diversidade (RMAD). Refira-se, igualmente, o projeto municipal em curso, intitulado” C4I “Communication for Integration” que visa identificar e combater rumores e mitos sobre os imigrantes. 7 Concorrem para o diagnóstico em desenvolvimento pelo CIS/ISCTE-IUL, entre outras fontes, estudos e investigações já realizadas no município, bem como a realização de um inquérito a disponibilizar na página do município, na intranet e na página do facebook.
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Posteriormente, foram realizadas diversas reuniões com o conjunto dos parceiros locais e, individualmente, para análise e discussão da estratégia municipal nesta área, no âmbito das quais foi sendo construído o conjunto de medidas que consubstancia o presente plano municipal.
De igual forma, decorreram várias reuniões com diversas unidades orgânicas da Câmara Municipal de Loures, com competências nas áreas da habitação e realojamento, saúde e deficiência, serviços de apoio à integração de imigrantes (CLAII/MISP), associativismo, relações internacionais e cooperação, no sentido da integração de medidas adicionais no plano, que decorrem de projetos e/ou ações desenvolvidas e acompanhadas por estas unidades orgânicas.
No âmbito da iniciativa municipal “Loures em Congresso”, iniciativa que visa definir as linhas orientadoras do futuro plano estratégico do município para os próximos dez anos e que decorreu de 12 de Março a 27 de Junho, foram debatidas, de igual modo, as questões relacionadas com a integração e a coesão social através da dinamização de sessões temáticas, com vista à recolha e contributo da sociedade civil, entidades públicas e privadas sobre as questões ligadas à integração, coesão social e diversidade cultural.
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2. DIAGNÓSTICO LOCAL No âmbito do projeto de conceção do Plano Municipal para a Integração de Imigrantes de Loures foi contratualizado com o Centro de Investigação e Intervenção Social do Instituto Universitário de Lisboa (CIS-IUL) a realização de um Diagnóstico Local com o objetivo geral de aferir o nível de integração socioeconómico dos imigrantes residentes no concelho, suas dinâmicas globais, a perceção que existe sobre esta população, a identificação de problemas e necessidades, quais os recursos disponíveis e recomendações estratégicas futuras. Remetendo-se para os anexos a totalidade do documento “Diagnóstico local no âmbito do Plano Municipal para a Integração dos Imigrantes – Relatório final”, para melhor compreensão da proposta do plano que iremos apresentar no capítulo 3 deste documento, transcreve-se neste ponto os capítulos “Sumário Executivo” (Alexandre, J., 2015, pp 8 -13) e “Conclusões e Recomendações” (Alexandre, J., 2015, 102-109 pp. do diagnóstico realizado. “
Sumário executivo
Segundo o Plano Estratégico para as Migrações (PEM), novos perfis migratórios têm vindo a procurar Portugal como destino, o que levanta a necessidade de criar novas políticas de integração. Assim, no seguimento do I e do II Plano para a Integração dos Imigrantes, foi desenvolvido o PME, plano que assenta em cinco eixos políticos prioritários, nomeadamente o eixo das Políticas de integração de imigrantes. Este eixo tem como objetivos “… a consolidação do trabalho de integração, capacitação e combate à discriminação dos imigrantes e grupos étnicos na sociedade portuguesa, tendo em vista uma melhor mobilização do seu talento e competências, a valorização da diversidade cultural, o reforço da mobilidade social, da descentralização das políticas de integração e uma melhor articulação com a política de emprego e o acesso a uma cidadania comum” (PEM, 2015-2020, p.16). Mais especificamente, e em articulação com o PME, estão também a ser desenvolvidos Planos Municipais para a Integração dos Imigrantes (PMII). De forma a delinear o PMII para o concelho da Loures em termos das suas dimensões estratégica e operacional, torna-se premente, em primeiro lugar, proceder à identificação das dinâmicas globais socioeconómicas deste território, assim como ao levantamento dos problemas e necessidades específicas da população imigrante que aqui reside, bem como dos recursos disponíveis para colmatar essas necessidades. O presente relatório tem como
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objetivo apresentar os resultados desta fase, i.e., a identificação das dinâmicas globais e o levantamento das necessidades – e respetivas respostas – da população imigrante no concelho de Loures. Esse levantamento foi desenvolvido pelo Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-IUL) em duas fases: numa primeira fase, cujos resultados constam do documento de trabalho provisório (relatório preliminar) entregue em abril de 2015; e numa segunda fase, que culmina na elaboração do presente relatório.
Os resultados deste levantamento são parte integrante do Diagnóstico Local e têm como finalidade facultar informação útil à Câmara Municipal de Loures que lhe permita delinear a estrutura do PMII, no âmbito da Ação 4 – Ação financiada pelo Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países Terceiros – FEINPT (ACM, I.P.) – a ter lugar no concelho de Loures, entre 2015 a 2017.
Neste trabalho pretende-se, por um, lado identificar dinâmicas globais, e, por outro, fazer o levantamento de necessidades do território em questão considerando as áreas propostas: Serviços de Acolhimento e Integração; Urbanismo e Habitação; Mercado de Trabalho e Empreendedorismo; Educação e Língua; Capacitação e Formação; Cultura; Saúde; Solidariedade e Resposta Social; Cidadania e Participação Cívica; Media e Sensibilização da Opinião Pública; Racismo e Discriminação; Relações Internacionais; e Religião. Pretende-se, ainda, aceder às perceções da própria população imigrante sobre as necessidades e os recursos disponíveis.
Em síntese, os principais objetivos definidos para o Diagnóstico Local são:
(1) A caracterização do perfil socioeconómico da população imigrante do concelho de Loures e da sua evolução nos últimos 10 anos;
(2) A caracterização dos recursos/serviços de apoio e suporte (públicos e privados) à comunidade imigrante nas várias áreas temáticas que constam do PMII (conforme o anúncio nº 1A4/2013);
(3) A identificação das diferentes áreas de atuação das entidades de apoio à comunidade imigrante, os constrangimentos na prestação dos serviços, as necessidades na sua área de atuação e as oportunidades existentes para a melhoria dos serviços prestados;
(4) A identificação dos processos de articulação entre os diversos serviços/entidades que prestam apoio à comunidade imigrante, a existência de sinergias, e possíveis sobreposições de competências/áreas de atuação das entidades;
(5) O levantamento da opinião da população imigrante residente no concelho sobre algumas das entidades enquadradas nos pontos 3 e 4;
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(6) O levantamento das perceções da população imigrante sobre o processo de integração em Portugal e, especificamente, no concelho de Loures;
(7) O levantamento das perceções da população não-imigrante sobre os imigrantes residentes em Portugal e, especificamente, no concelho de Loures.
De forma a concretizar os objetivos propostos foram desenvolvidas as seguintes tarefas:
• Estudo 1: Recolha documental e estatística de dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), Ministérios, Câmara Municipal de Loures e outras entidades públicas e privadas dos últimos 10 anos.
• Estudo 2: Realização de entrevistas semiestruturadas individuais e em grupo a representantes das entidades que atuam nas áreas anteriormente mencionadas (descritas na Ação 4).
• Estudo 3: Realização de entrevistas semi-estruturadas individuais a representantes de associações de imigrantes e à população imigrante em geral.
• Estudo 4: Revisão de literatura sobre as atitudes dos Portugueses, nos últimos 10 anos, face aos grupos de imigrantes que vivem em território nacional; descrição da representação que a imprensa escrita tem construído e transmitido sobre a imigração e os imigrantes em geral (dados nacionais) e os imigrantes residentes no concelho de Loures (dados locais de 2010 a 2015); representações que os residentes e/ou moradores de Loures têm acerca dos imigrantes de países terceiros.
Relativamente ao Estudo 1, os resultados mostram que o concelho de Loures tem sofrido variações no que diz respeito aos seus fluxos migratórios, que decorrem de reorganizações territoriais e de mudanças legislativas (as alterações à lei fizeram com que mais imigrantes adquirissem nacionalidade portuguesa). Apesar de alguma população ter emigrado nos últimos anos, mantêm-se uma elevada densidade populacional, mais envelhecida, e com uma forte concentração de população oriunda dos PALOP (Censos, 2011).
No Estudo 2, foram efetuadas 22 entrevistas a diferentes entidades sediadas no concelho e no Estudo 3 foram conduzidas 30 entrevistas a imigrantes de ambos os sexos e com permanência em Portugal que varia entre os 8 meses e os 26 anos, residentes no concelho de Loures, e com diferentes nacionalidades (Angola, Brasil, Cabo-Verde, China, Guiné-Bissau, S. Tomé, Senegal). Os resultados serão apresentados seguindo três pontos essenciais: 1) necessidades e/ou problemas com os quais os imigrantes se deparam; 2) de que modo é que esses problemas são colmatados; 3) sugestões a contemplar num plano de integração (PMII) tendo em conta a opinião dos participantes de ambos os estudos.
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De ambos os estudos emergem temas comuns, a saber:
A situação legal em Portugal, que, e tendo em conta as entrevistas de ambos os estudos, parece ter um efeito spill over nos vários domínios da vida dos imigrantes: no (acesso) emprego, habitação e saúde (“situações de falta de cumprimento na vigilância da saúde”).
Aos custos elevados associados à regularização acresce a “burocratização excessiva” inerente a este processo referida por algumas entidades. Para alguns imigrantes (Estudo 3), acresce, ainda, o facto de considerarem que a informação que é dada por parte das entidades responsáveis pela legalização, é contraditória. Ainda, algumas das entidades dizem existir um desconhecimento, por parte dos imigrantes, sobre os mecanismos de apoio que existem para os imigrantes e o próprio receio em estabelecer esses mesmos contactos, tendo em conta a sua situação de vulnerabilidade social; na verdade, mais de metade dos imigrantes entrevistados (aproximadamente 68%), dizem desconhecer a existência de estruturas de apoio a imigrantes (“não”/”não sei”); apenas alguns dos que dizem conhecer essas estruturas dão exemplos claros, mas em alguns casos dizem respeito a estruturas que estão sediadas em Lisboa, e não em Loures; outros imigrantes fazem referência a estruturas de apoio existentes na Quinta do Mocho/Terraços da Ponte (“o Sr. Camilo”; “a Casa da Cultura”).
Os constrangimentos financeiros com que muitos dos imigrantes de países terceiros se deparam está intimamente associada aos constrangimentos laborais mencionados anteriormente. A falta de oportunidades de trabalho e a sua precariedade (e, neste sentido, a dificuldade em conseguir um contrato de trabalho), estão, na maior parte das vezes, na base desta questão. Estes constrangimentos originam situações de carência alimentar, que são cada vez mais frequentes.
Para os imigrantes, a situação legal no país dificultada pela morosidade do próprio processo de legalização, os constrangimentos laborais e consequentemente financeiros e sociais (ex., habitacionais), são os temas que se destacam do Estudo 3. Por seu lado, a existência de constrangimentos linguísticos, educacionais e formativos, é também um tema transversal em todas as entrevistas efetuadas com as entidades (Estudo 2) e com menos peso em algumas entrevistas a imigrantes (p. ex., imigrantes chineses). As barreiras linguísticas são, para as entidades, um obstáculo na comunicação com os serviços e consequentemente na resolução da sua situação. A baixa escolaridade/qualificação agrava, simultaneamente, a situação de procura de emprego e de procura de soluções para o seu problema. O processo de capacitação é longo e as formações efetuadas não dão, na grande parte dos casos, equivalência escolar, o que muitas vezes se traduz na manutenção de um processo de habilitações
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não reconhecido. Novamente a situação da regularização no país agrava algumas destas situações. Às condições sociais precárias acresce uma situação de habitação precária: se num primeiro momento vêm muitas vezes para casa de um familiar, com o tempo, esta situação torna-se incomportável. Neste sentido, o acesso à habitação é, em alguns casos, feita “ao abrigo de protocolos de cooperação no âmbito da saúde” ou em casos de extrema vulnerabilidade “e/ou se recenseados no Programa Especial de Realojamento, processa-se ao realojamento da família ou pessoa isolada”. No entanto algumas entidades apontam como desafios e obstáculos nesta área “a falta de medidas estatais no âmbito das políticas de habitação social, a insuficiência de fogos municipais face à procura, e os preços elevados do mercado de arrendamento livre. Para os imigrantes, a questão da habitação é também mencionada por alguns deles que, apesar de reconhecerem que se trata de uma forma de integração dos imigrantes no concelho de Loures, apontam algumas limitações aos espaços nomeadamente em situações de reagrupamento familiar.
A dificuldade no acesso a serviços públicos (saúde, finanças, serviços de emprego) decorre, igualmente, dos constrangimentos financeiros atrás referidos e, em alguns pontos do concelho, é agravada também pelo “isolamento geográfico de algumas comunidades”.
Por último, apesar da baixa escolarização não ser uma questão emergente nas entrevistas dos imigrantes, alguns deles apontam dificuldades no acesso ao mercado
formativo associado ao seu estatuto de imigrante, que consideram ser percecionado como sendo visto de forma negativa. Numa época de crise os imigrantes são percebidos como ameaçando o mercado laboral dos nacionais.
Em termos do modo como as necessidades/problemas estão a ser colmatados, as entidades fazem referência às ações levadas a cabo por cada uma delas, o que remete para aspetos como: acompanhamento e aconselhamento individualizado (p. ex, “Levar ao SEF para as questões da legalização”; “Levar à embaixada”), que muitas vezes se traduz em apoio informativo (ex., reconhecimento da carta de condução) e apoio jurídico; encaminhamento para serviços adequados aos problemas e necessidades das pessoas (p. ex., CNAI, CLAI, IEFP, Segurança Social, SEF); o CLAI itinerante; o MISP. Apoio alimentar, apoio domiciliário, apoio linguístico (cursos de língua portuguesa); contactos com o mercado de trabalho - algumas comunidades religiosas parecem também ter um papel importante na divulgação de oportunidades de emprego. Algumas entidades procuram estágios remunerados, ou desenvolver planos de voluntariado como estratégia de primeiro contacto com o tecido empresarial (p.ex., CPR). Outras entidades dão um claro apoio a ações de empreendedorismo (p. ex., o Teatro IBISCO) procurando criar um conjunto de sinergias com outras estruturas de
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apoio/parceiros. Na área dos media, a entidade entrevistada refere haver uma preocupação em noticiar aspetos positivos (p.ex., “O bairro i o mundo”) e dar a conhecer as comunidades imigrantes do concelho.
Em termos de estratégias gerais a contemplar num Plano de integração, as entidades sugerem: uma maior aposta na inserção profissional; formações mais próximas das pessoas; mais ações de aprendizagem da língua portuguesa (cursos) podendo fazê-lo através de um maior envolvimento da comunidade escolar; uma maior aposta ao nível da informação prestada pelos serviços (p. ex., sensibilização para os direitos dos trabalhadores que não são portugueses; uniformização da informação prestada); criação de incentivos à contratação de imigrantes de países terceiros e, neste sentido, uma maior sensibilização dos empresários. Finalmente, ações de promoção de contacto entre imigrantes e a sociedade de acolhimento e a manutenção de algumas atividades que já são levadas a cabo, particularmente em contexto escolar. A possibilidade de diversificar as famílias (“trazer famílias de classe média”) em alguns dos bairros do concelho, é apontada como uma outra possibilidade.
Apostar em recursos humanos e financeiros nestas diferentes entidades, bem como em medidas que se prolonguem no tempo (vs. ações pontuais) são também aspetos a destacar do Estudo 2 (entidades).
Para os imigrantes, as estratégias a contemplar no Plano supracitado passam por dar mais voz às diferentes comunidades de imigrantes, promover debates/tertúlias, eventos que promovam a interculturalidade, e ações de esclarecimento sobre diferentes temas que promovam a sua integração.
O Estudo 4 engloba a) uma revisão de literatura sobre as principais atitudes dos Portugueses face aos imigrantes, nos últimos 10 anos; b) uma análise dos meios de comunicação social sobre as representações que os media têm transmitido sobre a imigração e os imigrantes em geral dos últimos 5 anos; e c) as representações que os residentes e/ou trabalhadores de Loures têm acerca dos imigrantes. No que se refere, mais concretamente, aos media locais (n = 53 noticias extraídas), verifica-se que estes transmitem quer uma imagem mais avaliativa e, neste caso, mais negativa, semelhante à veiculada pelos media nacionais – por se associar imigrantes a desvio –, quer uma imagem mais descritiva, no sentido relacional (a palavra “inclusão” é uma das palavras mais frequentes; as palavras “comunidade” e “comunitário” co-ocorrem com a palavra “inclusão”). Relativamente às perceções da população não-imigrante sobre os imigrantes residentes em Portugal e, especificamente, no concelho de Loures, foi conduzido um estudo quantitativo, no qual participaram 141 pessoas com nacionalidade portuguesa e de origem Portuguesa, que residem e/ou trabalham no concelho de Loures. Os resultados revelam, na sua grande maioria, um não-posicionamento dos inquiridos face aos imigrantes, sendo frequente a escolha pelo
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ponto médio das escalas de resposta (“não concordo, nem discordo”, “nem muito, nem pouco”, “nem favorável, nem desfavorável”). No entanto, é possível identificar alguns padrões de resposta que parecem sugerir atitudes mais negativas face aos imigrantes, nomeadamente em a) medidas mais subtis (vs. mais explícitas): em medidas de distância social (não se mostrando especialmente favoráveis a ter imigrantes como colegas de trabalho/turma, professores, vizinhos, hóspedes, sogros e patrões); b) numa baixa preponderância de emoções positivas face aos imigrantes; e c) em termos de atitudes que refletem uma preferência para que os imigrantes adotem a cultura Portuguesa e não mantenham a cultura de origem (i.e, preferência por uma estratégia de assimilação); ou preferindo que nem adotem a cultura portuguesa, nem mantenham a cultura de origem (i.e., preferência por uma estratégia de marginalização).
No que se refere às recomendações gerais da equipa de investigação do CIS-IUL, estas focam-se em duas áreas de atuação: recomendações que visam diretamente a população imigrante; e recomendações que visam a população não-imigrante e, desta forma, relacionam-se com a população imigrante de forma mais indireta. O primeiro conjunto de recomendações baseia-se nos resultados dos Estudos 1, 2 e 3 e remete, nomeadamente, para a relevância de criar mecanismos que permitam uma simplificação de informação considerada essencial para um melhor processo de integração para diferentes comunidades imigrantes (p. ex., recurso a fluxogramas colocados em entidades e pontos estratégicos das várias comunidades, “GPS” informativos escritos em línguas diferentes, em função das comunidades mais representativas do concelho); a criação de facilitadores comunitários, em diferentes territórios e pertencentes às diferentes comunidades imigrantes que se sintam capacitados para o efeito, que permitam colaborar de forma estreita com as entidades que, como se destaca dos resultados do Estudo 2, acabam por fazer um acompanhamento personalizado a muitos dos seus utentes.
No que diz respeito ao segundo conjunto de recomendações, e tendo por base os resultados do Estudo 4, aponta-se para a importância de desenvolver ações que visem consciencializar os não-imigrantes para a diversidade da própria população portuguesa, bem como para as semelhanças entre os não-imigrantes e os imigrantes. Por outro lado, a criação de mais ações que procurem fomentar a interação entre diferentes comunidades é uma outra recomendação a destacar. As ações que decorreram no âmbito do Projeto C4i – Communication for Integration – refletem já um conjunto de boas práticas que têm vindo a ser desenvolvidas e que importa continuar. A visibilidade que é feita a muitas destas ações, através dos media e pelos próprios Organismos públicos com poder de decisão, continua a ser um importante veículo de promoção de atitudes mais positivas e de criação de normas socias externas reguladoras de valores da equidade e da justiça.
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Ainda neste âmbito, apesar de alguns dos imigrantes (Estudo 3) fazerem referência ao facto dos técnicos sobretudo da área da saúde estarem sensíveis a questões interculturais, importa promover e apoiar, de forma sistemática, formações neste âmbito dirigidas a técnicos de diferentes áreas de atuação (incluindo a polícia para um policiamento de proximidade de maior qualidade).
Por último, tendo em conta que a criação de oportunidades de emprego e de empregabilidade parece ser premente (Estudos 2 e 3), no seguimento daquilo que tem vindo a ser desenvolvido pelo ACM, sugere-se a criação de um selo de diversidade cultural nas empresas – semelhante ao que existe nas Escolas e que premeie as que empregarem ou que proporcionarem estágios e/ou formações para população imigrante, podendo este estar englobado naquilo que é a própria responsabilidade social das empresas. A criação de um conjunto de sinergias a este nível que envolva o tecido empresarial, entidades locais e as próprias comunidades de imigrantes, poderá ser uma estratégia promotora de uma integração de maior qualidade.
(…)
II . Conclusões e Recomendações
Neste relatório procurou dar-se conta dos principais resultados do Diagnóstico Local no âmbito da Ação 4, PMII. Mais especificamente, neste relatório foram apresentados os resultados dos quatro estudos conduzidos de forma a dar conta dos objetivos do Diagnóstico Local.
Assim, neste relatório deu-se conta dos resultados referentes:
• à recolha documental e estatística com vista à caracterização sociodemográfica da população imigrante do concelho de Loures (Estudo 1);
• às entrevistas e focus groups com representantes e funcionários de entidades que atuam no concelho de Loures em áreas como a saúde e a cultura (Estudo 2);
• às entrevistas realizadas a representantes de associações de imigrantes e à população imigrante em geral (Estudo 3);
• à revisão de literatura sobre as atitudes dos Portugueses, à representação que a imprensa escrita tem construído e transmitido sobre a imigração e os imigrantes, e as representações que os residentes e/ou moradores de Loures têm acerca dos imigrantes de países terceiros (Estudo 4).
Os resultados do Estudo 2 – realizado com o intuito de caracterizar os recursos/serviços de apoio e suporte oferecidos aos imigrantes do concelho de
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Loures – resultaram da análise das entrevistas conduzidas (presencialmente, de forma individual ou em grupo) a um grupo heterogéneo de participantes, mais concretamente a representantes de associações de áreas distintas.
No âmbito do Estudo 3, e com o levantamento da opinião dos imigrantes sobre as entidades que atuam no concelho, foram também conduzidas entrevistas (presencialmente, de forma individual) a um grupo heterogéneo de participantes, dado terem diferentes nacionalidades.
A condução destes dois estudos – quer com entidades, quer com imigrantes – permite ter uma visão mais abrangente da realidade do território, construída de forma participada, ou seja, numa lógica bottom-up, com as pessoas e para as pessoas.
Os resultados dos Estudos 2 e 3 dão conta de alguns constrangimentos com que se deparam os imigrantes que residem no concelho: a situação legal no país é o ponto de partida para muitos dos constrangimentos com que se deparam, sobretudo os laborais e consequentemente os financeiros e sociais (p. ex., habitacionais). Estes resultados vão ao encontro das prioridades já apontadas pelo Concelho de Loures, aquando do seu Diagnóstico Social, atualizado em 2014: o acesso ao emprego por parte de população imigrante, como principal área de intervenção na área da imigração no concelho. Segundo o mesmo documento, as maiores dificuldades a combater são a baixa escolaridade dos imigrantes do concelho e o não reconhecimento da escolaridade acreditada pelos países de origem – este é um outro aspeto que emerge das entrevistas feitas quer às entidades, quer aos imigrantes (p. ex., baixas qualificações; formações não reconhecidas em Portugal).
A estes constrangimentos associam-se por exemplo os da língua, que se tornam um obstáculo na procura de emprego, mas também na própria resolução dos seus problemas (p. ex., a procura de informações para resolver a sua situação legal no país)
Um dos focos de intervenção passa pelo desenvolvimento de projetos de empregabilidade; pela formação e apoio ao empreendedorismo; pela promoção de legalização e regularização pelos empregadores; pelo estímulo das oportunidades de emprego/contratação de imigrantes legais; pela dinamização do micro-empreendedorismo imigrante e pela promoção de políticas de fixação das pessoas nos territórios8. Importa contudo referir que a situação de regularização no país assume aqui um papel fulcral para o desenvolvimento de muitas destas medidas. Apesar desta matéria ser objeto de medidas de intervenção do Estado, e não locais, a Câmara e outras entidades poderão exercer um papel junto deste.
Este relatório apresenta ainda os resultados do Estudo 4, referentes ao levantamento das representações dos habitantes/trabalhadores do concelho de Loures sobre os
8 Rede Social de Loures (2014). Atualização do Diagnóstico Social do Concelho de Loures.
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imigrantes. Numa primeira secção, foi apresentada uma revisão de literatura sobre as atitudes dos Portugueses sobre a imigração; numa segunda secção, foi apresentada uma análise da comunicação social sobre as representações que os media têm transmitido sobre a imigração e os imigrantes em geral (dados nacionais) e os imigrantes residentes no concelho de Loures em particular (dados locais); e, numa terceira secção, foram apresentados os resultados do questionário aplicado aos residentes/trabalhadores do concelho de Loures.
Assim, os resultados da análise de comunicação social parecem convergir, em certa medida, com os dados da revisão de literatura referentes a estudos nacionais sobre as atitudes dos portugueses acerca dos imigrantes e, neste sentido, reforçam a importância do papel dos media na disseminação das representações acerca dos imigrantes. Mais concretamente, tanto no que se refere aos dados resultantes da revisão de literatura, como aos resultados da análise da comunicação social (tanto nacional, como local) é aparente a associação entre imigrantes e questões relacionadas com a criminalidade/desvio. Nomeadamente, e recorrendo aos resultados da análise dos media locais, verifica-se uma associação entre imigração e imigrantes à temática do desvio: não só palavras como “SEF” e “ilegal” são bastante frequentes nas notícias analisadas, como as palavras de valência negativa “suspeitos” e “prisão” co-ocorreram frequentemente com as palavras-chave (p. e.x., “estrangeiros”, “imigrantes”, “imigração”) usadas para extrair as notícias. Por outro lado, e divergindo dos dados resultantes da revisão de literatura e da análise dos media nacionais, os resultados da análise dos media locais também sugerem uma preocupação com a dimensão relacional: não só “inclusão” foi uma das palavras-chave mais frequentes, como as palavras de valência positiva “iniciativa”, e “comunitário” co-ocorreram frequentemente com esta e outras palavras-chave usadas na extração de notícias.
No âmbito do Estudo 4, foi ainda construído um questionário com o objetivo de avaliar as principais atitudes e perceções dos residentes e/ou trabalhadores do concelho de Loures face aos imigrantes. Este instrumento foi desenvolvido com base nos objetivos do Diagnóstico Local com recurso a medidas e instrumentos usados para a aceder às questões do preconceito e discriminação na área científica da Psicologia Social. O questionário, disponibilizado em duas versões – online e em papel – contou com a participação válida de 141 inquiridos.
Em termos dos resultados, verificou-se que, não só os inquiridos apresentam elevados níveis de interação com imigrantes (mais de metade dos inquiridos indicou interagir com imigrantes algumas vezes por semana (27,7%) ou mesmo todos os dias (34,7%); como a maioria dos participantes tem pelo menos um amigo imigrante (68,1%). Além do mais, os inquiridos tendem, não só a avaliar positivamente o contato que estabelecem com imigrantes (46,1% dos participantes indicaram ser “positiva” ou “muito positiva”), como a considerar positivamente a coexistência com imigrantes no
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concelho de Loures (80,1% dos participantes avaliou a qualidade da relação como positiva (categorias “satisfatória” e “boa”). Contudo, e apesar da elevada frequência em termos de interação/contacto, este parece não ter impacto claro noutros campos, parecendo mesmo contribuir para o reforço de eventuais estereótipos negativos. Mais concretamente, quanto maior a frequência da interação com imigrantes, menor a atribuição de traços de natura positivos e negativos a imigrantes (i.e., menor infra-humanização dos imigrantes); quanto maior a frequência de contacto, maior a exibição de emoções positivas face aos imigrantes; e quanto melhor a qualidade do contacto, mais positiva a avaliação geral dos imigrantes, mais positivas as atitudes gerais face aos imigrantes, e maior a favorabilidade em ter imigrantes como colegas, vizinhos e patrões (i.e., menor distância social face aos imigrantes). Contudo, por outro lado, quanto maior a frequência de contacto, maior a atribuição de traços de natura positivos e negativos aos imigrantes (i.e., maior infra-humanização dos imigrantes); e quanto melhor a qualidade do contacto, maiores as percepções de que os imigrantes ameaçam a cultura portuguesa, e de que só querem beneficiar da segurança social (i.e., maior ameaça intergrupal percebida em relação aos imigrantes), e menor a favorabilidade em ter imigrantes como hóspedes (i.e., maior distância social face aos imigrantes). Assim, e embora de forma limitada, estes resultados parecem corroborar a tese de que, para ser eficaz na desconfirmação de estereótipos, permitindo a redução do preconceito e discriminação, o contacto deve preencher alguns pré-requisitos. Mais especificamente, por forma a conduzir a relações intergrupais mais harmoniosas, o contacto deve ser positivo, i.e., deve acontecer entre indivíduos de igual estatuto, com objetivos comuns, deve fomentar a cooperação entre os indivíduos, ter o apoio de alguma autoridade e envolver interações pessoais (e.g., Allport, 19549).
No que se refere a medidas para aceder às perceções mais gerais acerca dos imigrantes, verificou-se que, tanto em termos da avaliação geral, como em termos da medida geral de atitudes, os inquiridos optaram por se posicionar de forma neutra: 49,6% expressam uma avaliação dos imigrantes “nem positiva, nem negativa”, e 58,2% exibem atitudes “nem positivas, nem negativas” face aos imigrantes. Além do mais, os participantes tendem também a considerar os imigrantes “nem semelhantes, nem diferentes” dos portugueses (i.e., uma hetero-etnicização dos imigrantes “nem alta, nem baixa”; 42,5%), tendem a considerar que os atributos de cultura e de natura positivos e negativos não são “nem muito, nem pouco característicos dos imigrantes” (i.e., uma infra-humanização dos imigrantes “nem alta, nem baixa”; entre 31,2% e 41,1%), e sentir “nem muitas, nem poucas” emoções positivas (73,8%) e negativas (80,8%) face aos imigrantes. Ainda em relação à infra-humanização, é de notar que enquanto 22,7% dos participantes consideram que os traços de cultura positiva são “nada/pouco característicos” dos imigrantes, e 24,1% dos participantes consideram que
9 Allport, G. W. (1954). The nature of prejudice. Cambridge, MA: Perseus Books.
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os traços de cultura negativa são também “nada/pouco característicos dos imigrantes”; uma percentagem considerável dos inquiridos considera que os traços de natura positivos (32,6%) e os traços de natura negativos (37,6%) são “característicos/totalmente característicos” dos imigrantes, tendência esta que pode ser interpretada como uma forma também ela subtil de exibir preconceito via infra-humanização dos imigrantes, uma vez que se negam traços de cultura (tipicamente humanos) – mas não os traços de natura (característicos de não-humanos e humanos) – como característicos dos imigrantes.
No que concerne a exibição de emoções, é ainda de mencionar o facto de virtualmente nenhum participante (0,7%) ter indicado que sente emoções positivas “moderadas/muitas” face aos imigrantes, e que 2,8% dos participantes tenham reconhecido sentir “moderadas/muitas” emoções negativas face aos imigrantes. Este resultado é especialmente relevante quando se tem em conta a relação que se supõe existir entre emoções (intergrupais) e comportamento (intergrupal), com as primeiras a precederem e motivarem o segundo (e, assim, emoções positivas a elicitarem comportamentos positivos; e emoções negativas a elicitarem comportamentos negativos). Além do mais, estes resultados parecem ainda ir de encontro aos descritos na literatura (p. ex. Mummendey et al., 1992)10: a eventual demonstração de preconceito em relação a membros de outro grupo (p. ex., imigrantes) não passa, necessariamente, pela atribuição de dimensões de avaliação negativa, mas também pela negação ou fraca atribuição (ou em níveis relativamente mais baixos) de características positivas. Os resultados referentes à área temática das emoções intergrupais ilustram precisamente esta dicotomia – a fraca exibição de emoções negativas em relação aos imigrantes (mesmo apesar do reconhecimento por parte de alguns inquiridos de que as sentem “moderadamente/muito”), mas também, e especialmente, a relativa baixa preponderância de emoções positivas.
Curiosamente, e apesar da tendência dos inquiridos para se posicionarem de forma neutra em relação a estas variáveis mais gerais, a avaliação geral, a medida geral de atitudes, a hetero-etnicização, a infra-humanização e as emoções parecem estar associadas a outras variáveis mais específicas também incluídas no questionário. Desta forma, uma avaliação geral mais positiva, uma atitude geral mais positiva, uma maior atribuição de traços de cultura positivos (i.e., uma menor infra-humanização dos imigrantes), e uma maior expressão de sentimentos positivos estão associadas a uma menor distância social (i.e., maior favorabilidade em ter imigrantes como colegas de trabalho, vizinhos, etc) e a uma menor perceção de ameaça intergrupal (i.e., menor perceção de imigrantes como uma ameaça para a cultura e o emprego, etc). Por outro lado, uma maior hetero-etnicização (i.e., uma maior perceção de que os imigrantes são
10 Mummendey, A., Simon, B., Dietze, C., Grünert, M., Haeger, G., Kessler, S., Lettgen, S., & Schaferhoff, S. (1992). Categorization is not enough: Intergroup discrimination in negative outcome allocation. Journal of Experimental Social
Psychology, 28, 125-144.
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diferentes em termos de cultura, valores e comportamentos), uma maior atribuição de traços de natura negativos (i.e., uma maior infra-humanização), e uma maior exibição de emoções negativas estão associadas a uma maior distância social e a uma maior perceção de ameaça intergrupal em relação aos imigrantes.
Outra das medidas usadas no questionário visava aceder à distância social entre a população de Loures e os imigrantes. Os resultados revelaram, mais uma vez, que uma proporção significativa dos inquiridos optou por não se posicionar, preferindo escolher o ponto médio da escala (a percentagem de participantes que se mostrou “nem favorável, nem desfavorável” a ter imigrantes como colegas, vizinhos, etc variou entre os 32,6% e os 41,1%). No entanto, e apesar da favorabilidade face a ter imigrantes como colegas de turma/trabalho, (41,1% dos respondentes indicaram ser “favoráveis/muito favoráveis”), no que se referiu a relações que implicam maior proximidade/intimidade, verificaram-se os níveis mais altos de distância social (53,9%, 47,5% e 46,8% dos inquiridos mostraram-se “nada/pouco favoráveis” a ter imigrantes, respetivamente, como hóspedes, vizinhos, e sogros). É ainda de notar que, não só uma percentagem ainda considerável de participantes se mostrou “nada favorável” a estabelecer estes tipos de relação social com imigrantes, como a percentagem de inquiridos que se mostrou “muito favorável” a estabelecer esse mesmo tipo de relações com imigrantes foi diminuta. Desta forma, os resultados também não permitem concluir que existe uma motivação clara para estabelecer estes diferentes tipos de relação/interação social com imigrantes.
Curiosamente, no que concerne à medida usada para aceder às perceções de ameaça, o padrão de respostas revelou-se menos “neutro” do que padrões de resultados até agora descritos: em geral, os participantes mostraram concordar ou concordar totalmente com os diferentes tipos de ameaça considerados, especialmente no que dizia respeito ao emprego (com 58,1% dos participantes a concordarem ou concordarem totalmente), à insegurança (com 49,9% dos inquiridos a concordarem ou concordarem totalmente), e à segurança social (com 43,1% dos inquiridos a concordarem ou concordarem totalmente). Ainda assim, os itens referentes à ameaça à cultura (com 48,92% dos inquiridos a discordar ou discordar totalmente) e ao facto de não se poder confiar nos imigrantes (com 41,8% dos inquiridos a discordar ou discordar totalmente, e 31,9% dos inquiridos a não concordar, nem discordar) foram os que elicitaram menos ameaça.
Em termos mais comportamentais, verificou-se uma disposição moderada a elevada para aderir a várias formas de ação coletiva com vista a beneficiar os imigrantes, com os itens referentes à não participação em atividades que promovam a diversidade intercultural (com 80,3% dos inquiridos a discordarem/discordarem totalmente) e à assinatura de petições (com 71,4% dos participantes a concordarem/concordarem totalmente) como os que granjearam maior percentagem de adesão. Apesar dos níveis
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elevados de adesão, esta variável mostrou, em geral, não se encontrar significativamente associada a outras variáveis. Ainda assim, e revelando um padrão interessante, verificou-se que, por um lado, quanto maior a proximidade sentida em relação aos portugueses, menor a intenção de assinar petições a favor dos imigrantes (i.e., menor disposição para ação coletiva a favor dos imigrantes); e, por outro, quanto maior a proximidade sentida face aos imigrantes, maior a intenção para colaborar com associações de imigrantes (i.e., maior disposição para ação coletiva a favor dos imigrantes). Verificou-se ainda que, quanto mais positiva a atitude geral face aos imigrantes, maior a intenção para se envolver em atividades que promovam a não-discriminação de imigrantes (i.e., maior disposição para ação coletiva a favor dos imigrantes).
No que diz respeito às atitudes aculturação, verificou-se que a maioria dos participantes revelou um perfil de orientação de assimilação e de marginalização (19,1% e 18,4%, respetivamente). Assim, enquanto os primeiros são favoráveis à adoção da cultura portuguesa e à não-manutenção da cultura de origem por parte dos imigrantes; os segundos não são favoráveis nem à adoção da cultura portuguesa, nem à manutenção da cultura de origem por parte dos imigrantes. Este resultado parece evidenciar uma preferência pela cultura portuguesa em detrimento das culturas de origem dos imigrantes, tendência esta que também pode ser interpretada como uma forma mais velada de preconceito e discriminação face aos imigrantes.
Finalmente, verificou-se que, quando questionados acerca da proporção de imigrantes no concelho de Loures, os resultados parecem revelar, por um lado um lado, algum desconhecimento sobre a proporção de imigrantes no concelho – ou a dificuldade em estimá-la – e, por outro lado, alguma sobre-estimação desta proporção, uma vez que 46% dos inquiridos indicou que a percentagem de imigrantes se situava entre os 11% e os 51%. No entanto, e de acordo com os dados do Censos 2011, a população imigrante em Loures representava, naquela data, cerca de 8% do total de habitantes no concelho11. É de referir que este resultado – a sobre-estimação do número de imigrantes numa dada comunidade ou país – tem também sido encontrado noutros estudos sobre a imigração, sendo um dos fatores que aparece associado a atitudes mais negativas em relação a imigrantes (p. ex. Sides & Citrin, 200712; Duffy & Frere-Smith, 201413).
11 Rede Social de Loures (2014). Atualização do Diagnóstico Social do Concelho de Loures. 12 Sides, J., & Citrin, J. (2007). European opinion about immigration: The role of identities, interests and information. British Journal of Political Science, 37(3), 477-504. 13 Duffy, B., & Frere-Smith, T. (2014). Perceptions and reality: Public attitudes to immigration. Ipsos Mori, Social Research Institute.
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Tendo em conta o atrás exposto, as recomendações da equipa de investigação do CIS-IUL focam-se em duas áreas de atuação:
1) recomendações que visam diretamente a população imigrante
2) recomendações que visam a população não-imigrante e, desta forma, relacionam-se com a população imigrante de forma mais indireta.
No que se refere ao ponto 1, enquadrando os resultados dos Estudos 1, 2 e 3, a equipa de investigação do CIS-IUL apresenta as seguintes recomendações:
- no âmbito da análise documental e estatística (Estudo 1), destaca-se a necessidade de investir num estudo mais aprofundado de caracterização da população imigrante do concelho, de forma a monitorizar o perfil dos imigrantes em Loures e em que medida o concelho se reveste ou não de algumas particularidades que devem ser tidas em conta, quando comparados com o perfil do imigrante nacional;
- no âmbito da informação recolhida junto dos imigrantes e entidades presentes no concelho (Estudos 2 e 3), a equipa de investigação sublinha a necessidade de simplificar e clarificar procedimentos relacionados com a integração dos imigrantes numa perspetiva local (i.e., junto dos imigrantes e numa lógica de proximidade) e direta (i.e., apresentação da informação de forma gráfica, passo a passo, sequencial). A equipa de investigação sugere ainda a disponibilização de kits informativos, elaborados nas línguas de origem dos imigrantes com uma representação mais significativa no concelho14, onde as principais entidades presentes no concelho são apresentadas e todos os processos relevantes são descritos passo a passo. Sugere-se ainda que as estratégias para a integração dos imigrantes se foquem em três pontos essenciais: o facto de que existe um processo simples, claro, igual para todos os imigrantes, e de fácil acesso, para a resolução dos seus problemas; o facto de que as entidades relevantes estão presentes no concelho e de que os apoios existem, sendo o objetivo geral apoiar os imigrantes; e o facto de que os imigrantes têm a possibilidade e capacidade de resolver as dificuldades com que se deparam ao chegar a Portugal em geral, e ao concelho em específico, numa lógica de capacitação, cooperação e trabalho conjunto. Sugere-se, ainda, a criação do papel de facilitadores comunitários, em diferentes territórios e pertencentes às diferentes comunidades imigrantes que se sintam capacitados para prestar apoios no processo de integração dos seus pares, que permitam colaborar de forma estreita com as entidades que, como se destaca dos resultados do Estudo 2, acabam por fazer um acompanhamento personalizado a muitos dos seus utentes.
14 Tendo em conta o número elevado de nacionalidades representadas no concelho, bem como os procedimentos logísticos implicados na disponibilização de estruturas nas inúmeras línguas de origem de todos os imigrantes, sugere-se que tal esforço se concentre nas línguas de origem dos imigrantes mais representados no concelho.
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No que se refere ao segundo ponto das recomendações – recomendações que visam a população não-imigrante – parece-nos que este é também um ponto extremamente relevante. Mais concretamente, consideramos que a plena integração dos imigrantes passará não só por medidas que os visem diretamente, mas também por medidas que visem a população não-imigrante, na medida em que as perceções e atitudes desta em relação aos imigrantes também contribuirão para a sua (não) integração.
Neste sentido, e tendo por base os resultados do Estudo 4 – Levantamento da opinião da população não imigrante – parece-nos relevante que:
- se sensibilize os media locais para o seu papel na construção social da representação que a população não-imigrante tem dos imigrantes em Loures, bem como da importância do seu contributo no sentido de evitar a perpetuação de estereótipos negativos associados à imigração e aos imigrantes.
- se considerem medidas que, não só contribuam para a perceção da diversidade da população portuguesa, como também contribuam para a perceção de semelhança entre a população imigrante e não-imigrante. De facto, os resultados do Estudo 4 revelam que algumas perceções e atitudes mais negativas face aos imigrantes ainda persistem, e que estas se manifestam especialmente quando se recorrem a medidas subtis.
- Mais concretamente, verifica-se que aqueles os participantes no questionário não se mostram especialmente favoráveis a ter imigrantes como colegas, vizinhos, hóspedes, sogros e patrões, não exibem emoções positivas face aos imigrantes, tendem a considerar que os imigrantes não são nem semelhantes, nem diferentes dos portugueses, e tendem a considerar que os imigrantes devem adotar a cultura portuguesa e não manter a cultura de origem A aposta em ações que promovam tanto a consciencialização da diversidade da população portuguesa, como a semelhança entre imigrantes e não-imigrantes, poderá ter um impacto positivo em todas estas dimensões, conduzindo a maior favorabilidade em ter imigrantes como colegas, vizinhos, etc.; mais sentimentos positivos face aos imigrantes; maior perceção de semelhança entre portugueses e imigrantes; e uma maior aceitação da manutenção da cultura de origem por parte dos imigrantes.
Por outro lado, a criação de mais ações que procurem fomentar a interação entre diferentes comunidades é uma outra recomendação a destacar. As ações que decorreram no âmbito do Projeto C4i – Communication for Integration – refletem já um conjunto de boas práticas que têm vindo a ser desenvolvidas e que importa continuar. A visibilidade que é feita a muitas destas ações, através dos media e pelos próprios Organismos públicos com poder de decisão, continua a ser um importante veículo de promoção de atitudes mais positivas, e neste sentido de redução dos “rumores”
28
existentes, e de criação de normas socias externas reguladoras de valores da equidade e da justiça.
Ainda neste âmbito, apesar de alguns dos imigrantes (Estudo 3) fazerem referência ao facto dos técnicos sobretudo da área da saúde estarem sensíveis a questões interculturais, importa promover e apoiar, de forma sistemática, formações neste âmbito dirigidas a técnicos de diferentes áreas de atuação (incluindo a polícia para um policiamento de proximidade de maior qualidade, e técnicos do SEF).
Por último, tendo em conta que a criação de oportunidades de emprego e de empregabilidade parece ser premente (Estudos 2 e 3), no seguimento daquilo que vindo a ser desenvolvido pelo ACM, sugere-se a criação de um selo de diversidade cultural nas empresas – semelhante ao que existe nas Escolas e que premeie as que empregarem ou que proporcionarem estágios e/ou formações para população imigrante, podendo este estar englobado naquilo que é a própria responsabilidade social das empresas. A criação de um conjunto de sinergias a este nível que envolva o tecido empresarial, entidades locais e as próprias comunidades de imigrantes, poderá ser uma estratégia promotora de uma integração de maior qualidade.
“
29
3. PLANO MUNICIPAL PARA A INTEGRAÇÃO DE IMIGRANTES
Com o presente PMII de Loures procura-se definir e concretizar, até 2017, a estratégia municipal promotora da integração dos imigrantes que residem ou trabalham no concelho de Loures, considerando não apenas as normas legais vigentes, o Plano Estratégico para as Migrações mas, e sobretudo, o diagnóstico local agora realizado.
É, sobretudo, um instrumento operacional que resulta da colaboração ativa e participada das entidades parceiras, dos imigrantes e dos autóctones. Ele assenta numa metodologia bottom-up, tendo como um dos seus pilares a disponibilidade, a partilha e a corresponsabilização, principalmente, pela concretização das medidas previstas.
De acordo como regulamento do fundo financiador (FEINPT – Anúncio nº1ª4/2013), o plano municipal deve considerar obrigatoriamente 13 áreas temáticas: mercado de trabalho e empreendedorismo, serviços de acolhimento e integração, urbanismo e habitação, educação e língua, capacitação e formação, cultura, saúde, solidariedade e resposta social, cidadania e participação cívica, media e sensibilização da opinião pública, racismo e discriminação, relações internacionais, religião.
Ainda segundo o mesmo regulamento, para além das áreas temáticas sobre as quais o plano deve versar objetivos a atingir e medidas a implementar, o plano deve constituir-se em duas dimensões distintas, mas complementares – Dimensão Estratégica e Dimensão Operacional.
Essencialmente e de uma forma clara, a dimensão estratégica (quadro apresentado em 3.1.) define os objetivos de âmbito estratégico a alcançar em cada um das áreas e quais as estratégias encontradas para os concretizar. Revela igualmente, e de forma implícita, quais as prioridades estratégicas definidas para o PMII de Loures.
A dimensão operacional e para cada uma das áreas, operacionaliza a estratégia definida (os objetivos estratégicos), as medidas a implementar para os atingir, esclarece as metas e os indicadores de avaliação para cada uma das medidas, bem como, indica a(s) entidade(s) com a responsabilidade de implementar cada uma das medidas previstas.
Previamente à apresentação das dimensões estratégica e operacional e para uma melhor compreensão dos quadros apresentados, importa explicar alguns dos principais conceitos utilizados. Para tal, adotamos como principais fontes as definições
30
disponibilizadas pelo ACM, IP no anúncio de abertura de candidaturas nº 1A4/2013 e, como esta entidade mencionou e citou, o “MAPA – Manual de Planeamento e Avaliação de Projetos”15 da autoria de Schifer.
“
Áreas: Dimensões abrangentes e temáticas que enquadram os objetivos a atingir e as medidas a implementar durante o período de operacionalização do plano (2015-2017). As áreas são aquelas que estão pré-definidas no anúncio de abertura de candidaturas (anúncio nº 1A4/2013).
Estratégias: Orientações gerais ou linhas diretrizes que estabelecem o caminho ou itinerário, de entre várias possibilidades, em ordem a um objetivo estratégico/geral estabelecido.
Indicadores: Dados, qualitativos ou quantitativos, que fornecem informação sobre contextos, organizações, grupos, pessoas, dinâmicas ou atividades. Os indicadores permitem julgar o sucesso do plano ou de componentes especificas do mesmo. Os indicadores permitem, ainda, medir a concretização das metas, medidas e objetivos do plano.
Medidas: Ações programadas resultantes de uma determinada combinação de recursos humanos, materiais e financeiros. Aquilo que o Plano pretende que se faça, de modo a atingir os objetivos definidos.
Metas: Marcas ou padrões em função dos quais é possível aferir o desempenho do plano.
Níveis: Modos de hierarquização das medidas, podendo existir DOIS níveis, cuja definição se encontra pré-definida no anúncio de abertura de candidaturas (anúncio nº 1A4/2013). Medidas de Nível 1 – aquelas que, na elaboração do plano, forem consideradas pelas entidades como sendo parte do núcleo duro de competências em cada concelho, na área do acolhimento e integração dos imigrantes, por serem determinantes para o seu processo de integração a nível local e que, por esse motivo, deverão ser sempre garantidas aos cidadãos imigrantes, com ou sem financiamento externo; Medidas de Nível 2 – todas aquelas que não constituam prioridade de nível 1.
Objetivos Específicos/Operacionais: principais propósitos do plano. Efeitos que uma pessoa, grupo ou organização espera e deseja atingir, e pelos quais é responsável.
Objetivos Estratégicos/Gerais: condições gerais, desejadas, de médio/longo prazo que o plano pode ajudar a obter. A concretização dos objetivos específicos/operacionais facilita a concretização dos objetivos estratégicos/gerais.
15 Schiefer et al., 2006, “MAPA – Manual de Planeamento e Avaliação de Projetos”, Cascais, Principia
31
Responsáveis: Qualquer pessoa, grupo ou organização cujas ações influenciem, decisiva e diretamente, a realização das medidas e a concretização dos objetivos específicos/operacionais.
“
32
3.1. Dimensão Estratégica Seguidamente, apresenta-se a tabela resumo da dimensão estratégica definida pelos parceiros, para o período temporal 2015-2017, para cada uma das áreas definidas pelo anúncio nºA4/2013. Na definição dos objetivos estratégicos, indicadores e estratégias, foram considerados os resultados e recomendações que emergiram do diagnóstico local realizado pelo CIS-IUL, o Plano de Desenvolvimento Social de Loures de 2014, o Plano Estratégico para as Migrações e os planos de atividades e competências de cada uma das entidades parceiras.
Áreas Objetivos Estratégicos/Gerais Indicadores Estratégias
Mercado de Trabalho e
Empreendedorismo
Aumentar a taxa de empregabilidade dos
cidadãos estrangeiros
Variação da taxa de empregabilidade dos
cidadãos estrangeiros
Aposta na formação em áreas de competência
facilitadoras da empregabilidade dos NPT
Reforço da divulgação de informação útil na matéria
Serviços de Acolhimento e
Integração
Aumentar os níveis de satisfação dos NPT ao
nível dos serviços de acolhimento e integração Índice de satisfação dos utentes
Incremento de serviços personalizados e adequados às
necessidades da população NPT
Urbanismo e Habitação Melhorar as condições de habitabilidade de
alojamentos familiares
Perceção dos munícipes sobre as condições de
alojamento em habitação social
Aposta no conhecimento sobre as condições de (re)
alojamento de munícipes em habitação social
Educação e Língua Consolidar os níveis de conhecimento da língua
portuguesa por parte dos NPT
Variação da percentagem dos NPT que concluem
os cursos de português básico
Reforço do número de oportunidades de aprendizagem
formal da língua portuguesa
Capacitação e Formação Aumentar a participação de NPT em cursos de
formação ao longo da vida
Variação da percentagem de NPT diplomados em
cursos de formação ao longo da vida
Divulgação de oportunidades de aprendizagem formal
ao longo da vida
Cultura
Aumentar o nível de conhecimento dos
munícipes sobre as características culturais das
diversas comunidades dos NPT e destes sobre a
cultura de acolhimento
Perceção dos munícipes sobre as semelhanças e
diferenças socioculturais, em função das suas
nacionalidades
Aposta na realização de iniciativas multiculturais
33
Áreas Objetivos Estratégicos/Gerais Indicadores Estratégias
Saúde
Capacitar os profissionais da área da saúde para
um atendimento especializado a NPT
Perceção dos profissionais da área da saúde com
conhecimentos consolidados sobre as realidades
socioculturais dos utentes NPT
Aposta na sensibilização sobre realidades socioculturais
dos NPT
Promover a Saúde identificando e intervindo sobre situações de risco biopsicossocial.
Indicação de imunidade, perceção dos NPT dos riscos de contágio, epidemias / surto epidémico
Vacinação de acordo com o Plano Nacional de Vacinação, sensibilização para o risco em saúde
Solidariedade e Resposta
Social Combater a exclusão social dos NPT
Índice de conhecimento por parte dos NPT de
mecanismos de solidariedade e de resposta
social
Reforço do nº de iniciativas promotoras de
solidariedade e respostas social
Cidadania e Participação
Cívica
Promover a cidadania e a participação cívica
informada
Perceção dos NPT acerca do exercício da
cidadania e participação cívica
Incremento de iniciativas de capacitação e
reconhecimento do exercício da cidadania e
participação cívica
Media e Sensibilização da
Opinião Pública Potenciar o conhecimento sobre NPT Número de notícias e/ou reportagens sobre NPT Investimento em parcerias com media locais/regionais
Racismo e Discriminação Construir uma imagem positiva sobre as
comunidades NPT
Perceção dos cidadãos nacionais acerca da
comunidade NPT
Aposta em iniciativas de sensibilização e divulgação das
comunidades NPT
Relações Internacionais Reforçar as relações bilaterais com municípios de
origem dos NPT
Nº de reuniões tidas
Nº de propostas para realização de ações Aposta na manutenção articulação com as embaixadas
Religião
Fomentar os níveis de conhecimento das
comunidades nacionais e de NPT sobre os cultos
religiosos de cada uma
Perceção dos cidadãos nacionais e NPT sobre as
comunidades de culto presentes no município
Aposta em parcerias com entidades com competências
na área da religião
34
3.2. Dimensão Operacional
Neste capítulo, apresentam-se as tabelas resumo da dimensão operacional, para o período temporal 2015-2017. Estas tabelas expressam, para cada uma das áreas e em função dos objetivos estratégicos definidos, os objetivos operacionais e as medidas aprovadas pelos parceiros para concretizar esses mesmos objetivos.
De acordo com o anúncio nºA4/2013, prevê-se a concretização de medidas em todas as dimensões. Porém, conforme é possível constatar na leitura dos quadros, os parceiros e em função do diagnóstico local, priorizaram determinadas áreas neste primeiro plano destacando-se, sobretudo, medidas promotoras do emprego e da empregabilidade (quer junto de imigrantes, quer junto do tecido empresarial), medidas facilitadoras do acolhimento e integração desta população, medidas relacionados com a aprendizagem ou domínio da língua portuguesa e medidas que contribuam para prevenir estereótipos ou atitudes/perceções discriminatórias.
3.2.1. Área: Mercado de Trabalho e Empreendedorismo
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Mercado de Trabalho e
Empreendedorismo
Aumentar a taxa
de
empregabilidade
dos cidadãos
estrangeiros
Aumentar as competências
pessoais e sociais facilitadoras da
empregabilidade dos cidadãos
estrangeiros
Celebração de contratos
emprego e inserção e
contrato de emprego
inserção +
1 Celebrar 15 contratos de
emprego
Nº de NPT
abrangidos
. CPR
. CEL
Promover a plena integração
laboral dos NPT
Sensibilização do tecido
empresarial concelhio com
vista à integração plena
dos NPT
1
Dinamizar duas (2) ações
de informação junto de
entidades concelhias
N.º de iniciativas
realizadas
. CPR
. CML
. CEL
Promover informação atualizada Criação de um Guia sobre 2 Elaborar e divulgar o CML
35
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
sobre direitos e deveres dos
trabalhadores NPT
direitos e deveres na área
do emprego
Guia Nº de Guias
disponibilizados
3.2.2. Área: Serviços de Acolhimento e Integração
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Serviços de
Acolhimento e
Integração
Aumentar os
níveis de
satisfação dos
NPT ao nível dos
serviços de
acolhimento e
integração
Promover a Integração dos NPT
Criação e formação de
uma base de mediadores
voluntários
1
Criar uma bolsa de
mediadores voluntários
com funções
privilegiadas ao nível da
integração de
requerentes de asilo e
refugiados
N.º de refugiados e
requerentes de
asilo no exercício
da função de
mediador
voluntário
CPR
Adesão ao Programa
Mentores para Imigrantes 1
Identificar 10 mentores
e 20 mentorados
N.º de mentores e
de mentorados CML
Promover a reestruturação dos
CLAII
Promoção de formação
para mediadores CLAII 2
Estabelecer parcerias
com entidades
formativas com vista à
melhoria contínua do
atendimento CLAII
N.º de técnicos a
frequentarem
formação
.CML
.Entidade
responsável na
área
Promover a Mediação
Intercultural em Serviços Públicos
Apoio e acompanhamento
a cidadãos 1
.200 Apoios e
acompanhamentos
.N.º de apoios e
acompanhamentos CML
36
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
(área da educação, da saúde e
fortalecimento comunitário)
.30 Interpretações
culturais
.20 Traduções
linguísticas
.N.º de
interpretações
culturais
.N.º de traduções
linguísticas
Apoio a Profissionais e
Instituições 1
.20 Instituições
implicadas
.25 Instituições
colaboradoras
.50 Instituições
informadas
.4 Incorporações de
redes formais e/ou
informais
.N.º de instituições
implicadas
.N.º de instituições
colaboradoras
.N.º de instituições
informadas
.N.º de
incorporações de
redes
CML
Promoção da participação
social e cidadã 1
.5 Espaços de diálogo
e/ou relação
.5 Atividades técnico-
comunitárias
.50 Participantes
.N.º de espaços de
diálogo e/ou
relação
.N.º de atividades
técnico e
comunitárias
.N.º participantes
CML
Promoção da Convivência
Intercultural 1
.4 Espaços de diálogo
e/ou relação
.10 Atividades técnico-
comunitárias
.N.º de espaços de
diálogo e/ou
relação
.N.º de atividades
CML
37
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
técnico e
comunitárias
Processos de Mediação de
Conflitos 1
Mediação em 5
processos
N.º de processos
mediados CML
3.2.3. Área: Urbanismo e Habitação
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Urbanismo e Habitação
Melhorar as
condições de
habitabilidade de
alojamentos
familiares
Incrementar o Plano de Intervenção em Bairros Municipais
Reabilitação dos Bairros
Municipais e consequente
melhoria da qualidade de
vida dos moradores
2
Executar a reabilitação
de fogos, espaços
comuns interiores e
exteriores do edificado
N.º de fogos e
espaços comuns
reabilitados
CML
Diagnosticar e analisar as
necessidades habitacionais no
concelho de Loures
Definição de pistas
conducentes a soluções de
realojamento dirigidas à
população que não dispõe
de condições
socioeconómicas para
aceder a uma habitação
condigna
2
Realizar dois estudos de diagnóstico e caracterização da população alvo de carência habitacional e não abrangida por qualquer programa habitacional
N.º de estudos de
diagnósticos
realizados
CML
3.2.4. Área: Educação e Língua
38
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Educação e Língua
Consolidar os
níveis de
conhecimento da
língua
portuguesa por
parte dos NPT
Promover o ensino da língua
portuguesa junto dos NPT com
envolvimento das entidades
concelhias
Sensibilização, no âmbito
do RSI/ Ação Social, para a
frequência de cursos PPT
1
Celebração de acordos
de inserção, que
contemplem formação
em PPT
Nº de acordos
realizados
. ISS, IP
. CEL
Dinamização de Cursos de
PPT 1
Assegurar a frequência
de 70 NPT no curso
Nº de pessoas
abrangidas em
ações promovidas
pelo IEFP
CEL
Divulgação dos cursos
certificados de português
básico existente no
concelho
1
Realização de campanha
de divulgação prévia ao
início do ano letivo
N.º de suportes
informativos
utilizados
Parceiros PMII
Disponibilização de cursos
de PLNM (Português
Língua Não Materna) para
alunos NPT
1
Garantir a abertura de
um curso PLNM por ano
letivo
N.º de alunos NPT
abrangidos AEA
Promoção de cursos de
LPE (Língua Portuguesa
para estrangeiros) para
refugiados e requerentes
de asilo
1
Criação de parceria com
Casa do Professor de
Loures
N.º de cursos
realizados ao
abrigo da parceria
. CPR
. Entidade
responsável na
área
3.2.5. Área: Capacitação e Formação
39
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Capacitação e Formação
Aumentar a
participação de
NPT em cursos
de formação ao
longo da vida
Aumentar as oportunidades de
formação certificada
Formação para dirigentes
de associações
representativas de NPT
1 Realização de 2 ações de
formação
Índice de satisfação
dos formandos CML
Abertura de cursos
Educação e Formação de
Adultos (EFA)
1 Abertura de um curso
EFA por ano letivo
Nº alunos NPT
abrangidos AEA
Sessões de Informação
Coletiva de
encaminhamento para
Formação Profissional
1 1000 NPT beneficiários
Nº de pessoas
abrangidas nas
sessões
CEL
Formação de dupla
certificação 1
280 NPT beneficiários
Nº de pessoas
abrangidas em
ações promovidas
pelo IEFP
CEL
Formação Modular 1 260 NPT beneficiários
Nº de pessoas
abrangidas em
ações promovidas
pelo IEFP
CEL
3.2.6. Área: Cultura
40
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Cultura
Aumentar o nível
de conhecimento
dos munícipes
sobre as
características
culturais das
diversas
comunidades dos
NPT e destes
sobre a cultura
de acolhimento
Realizar iniciativas municipais de
carácter multicultural
Realização do Festival “O
Bairro i o Mundo” 1
Realizar um evento até
2017
Índice de satisfação
dos participantes CML
Realização do Dia
Municipal para o Diálogo
Intercultural
1
Sensibilizar para a
diversidade e diálogo
intercultural e inter-
religioso
N.º de NPT
participantes na
iniciativa
CML
Participação de NPT nas
Festas do Concelho 1
Promover o
conhecimento sobre
realidades sócio-
culturais dos NPT do
concelho
. Nº de
ações/atividades
dinamizadas por
NPT
. grau de satisfação
relativa às
ações/atividades
dinamizadas pelos
NPT
CML
Participação do
Agrupamento de Escolas
de Apelação na Festa de
São Salvador do Mundo
1 Promover a participação
da comunidade escolar
Nº de
representantes do
Agrupamento de
Escolas de
Apelação
AEA
Comemoração do Dia
Mundial do Refugiado 1
Promover o
conhecimento sobre a
realidade dos refugiados
e requerentes de asilo
N.º de
participantes CPR
3.2.7. Área: Saúde
41
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Saúde
Capacitar os
profissionais dos
cuidados
primários de
saúde para um
atendimento
especializado a
NPT
Dinamizar ações de sensibilização
e divulgação na área da saúde
Promoção de ações de
sensibilização sobre NPT
junto de profissionais de
saúde
1 Realização de 2 Ações de
Sensibilização
Índice de satisfação
dos participantes
. CML
. ACES
Loures/Odivelas
Promover a
Saúde
identificando e
intervir sobre
situações de
risco
biopsicossocial
Conhecer o know how das
organizações socioculturais e
religiosas que intervêm com os
NPT
Impulsionar uma
aproximação a
organizações que
conhecem e intervêm com
cidadãos do NPT
1 Realização de 2 Ações de
sensibilização
Índice de satisfação
dos representantes
entidades
dinamizadoras
Parceiros
PMII
Organizar visitas a núcleos de NPT para vacinação
Visitas na comunidade, divulgação de medidas ao nível da promoção da Saúde
1 Visitas na comunidade Nº de visitas realizadas
. ACES Loures/Odivelas
Informar sobre as medidas preventivas de risco epidémico
Divulgação de medidas de promoção da Saúde
1 Reuniões e deslocações com parceiros
Nº de reuniões realizadas
. ACES Loures/Odivelas
Identificar os riscos para a saúde dos NPT
Articulação e intervenção em parceria (CPR) Fomentar a ligação do CPR e de outras organizações com as Unidades de Saúde de São João da Talha
1 Reuniões e deslocações com parceiros
Nº de reuniões realizadas
Parceiros PMII
Promover ações escolares para um código de escola anti discriminação e anti-racismo
Reforçar a articulação e intervenção junto das escolas e comunidade escolar (saúde escolar)
1 Reuniões com a escola Realização de duas ações de sensibilização
Nº ações realizadas Parceiros PMII
42
3.2.8. Área: Solidariedade e Resposta Social
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Solidariedade e
Resposta Social
Combater a
exclusão social
dos NPT
Desenvolver iniciativas
promotoras da inclusão social dos
NPT
Divulgar Programa SEF em
Movimento junto das
comunidades escolar,
religiosa e associações de
imigrantes
1 Realização de campanha
de divulgação
Nº de divulgações
efetuadas CML
Promoção do voluntariado
com e para os NPT 1
Realizar iniciativas de
divulgação do Banco
Local de Voluntariado de
Loures junto do tecido
associativo e
empresarial concelhio e
comunidades de culto
Nº voluntários NPT
inscritos no BLVL
N.º de entidades
dinamizadoras de
ações de
voluntariado
CML
Promover a facilitação de acesso
aos direitos no âmbito das
prestações da Segurança Social
Afetação de 2 Técnicos de
referência no Serviço Local
de Loures com
disponibilidade para
apoiar/ informar os NPT
1
Apoiar/ informar 100%
dos NPT que se dirigem
ao Serviço Local de
Loures
Nº de NPT que se
dirigem ao Serviço
Local de Loures/ Nº
de situações
apoiadas/
informadas x 100
ISS, IP – Serviço
Local de Loures
Disponibilização aos
parceiros da caixa 1
Aproximação dos
Serviços parceiros
Nº de mensagens
de correio
ISS, IP – Serviço
Local de Loures
43
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
institucional de correio
eletrónico do Serviço Local
de Loures - ISS-Lisboa-
SetorLouresOdivelas@seg-
social.pt
através da articulação
por via do correio
eletrónico
eletrónico
recebidas/ Nº de
respostas
3.2.9. Área: Cidadania e Participação Cívica
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Cidadania e Participação
Cívica
Promover a
cidadania e a
participação
cívica informada
Dinamizar o movimento
associativo NPT
Promoção da formação
para dirigentes de
associações de NPT
1 Realização de 2 ações de
formação
Índice de satisfação
dos destinatários
CML
Sensibilizar para a regularização
da documentação
Notificação de alerta para
a caducidade da
autorização de residência
1 < 25 notificações
Nº de pessoas
inscritas no Centro
de Emprego de
Loures, no final de
cada mês com os
documentos
caducados
CEL
Participar em redes de parceria
(trans) nacionais promotoras da
diversidade
Participação na Rede dos
Municípios Amigos dos
Imigrantes e da
Diversidade
1 Garantir a participação
ativa do município
N.º de iniciativas
participadas ou
apoiadas pelo
município
CML
44
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Participação na Rede
Europeia e portuguesa das
Cidades Interculturais
1
Colaboração na
formalização da Rede
Nacional
N.º de iniciativas
participadas ou
apoiadas pelo
município
. CML
. Entidade
responsável na
área
Incrementar o conhecimento
favorável a uma participação
cívica informada
Desenvolvimento de ações
de informação sobre
direitos e deveres dos NPT
enquanto consumidores
1 Dinamização de 4 ações
de informação
N.º de
participantes
. CML
. UFSPV
. ASST Shiva
. A Evangélica
. A Unida e
Cultural
Desenvolvimento de
campanhas de divulgação
sobre direitos e deveres
associados à participação
eleitoral dos NPT
2
Dinamização de
campanha de divulgação
sobre o tema
N.º de suportes
informativos
. CML
. Entidade
Responsável na
área
Reforçar a informação sobre a
violência doméstica e de género
junto das comunidades NPT
Traduzir o Guia de
Recursos e garantir a
disponibilização de
materiais informativos, em
matéria de violência
doméstica e de género,
destinados às
comunidades NPT
2 Tradução, reprodução e
divulgação do Guia
.Guia de Recursos
traduzido para
várias línguas
.suportes de
divulgação
utilizados
CML
Aumentar a sensibilização e o
conhecimento sobre a
problemática da violência
doméstica e de género no seio
das comunidades NPT
Realizar ações de
sensibilização sobre
violência doméstica e de
género dirigidas a
imigrantes
2
Realização de quatro
ações de sensibilização
sobre o tema
N.º de NPT
abrangidos CML
45
3.2.10. Área: Media e Sensibilização da Opinião Pública
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Media e Sensibilização
da Opinião Pública
Potenciar o
conhecimento
sobre NPT
Criar oportunidades para
divulgação das iniciativas das ou
sobre comunidades NPT
Divulgação online das
iniciativas e atividades dos
NPT
1 Divulgação de iniciativas
de ou sobre NPT
. Nº de iniciativas
divulgadas
. Nº de artigos
sobre NPT e
Órgãos de
comunicação social
Parceiros PMII
Promover iniciativas com vista à
sensibilização da opinião pública
sobre importância da diversidade
cultural
Campanhas de
sensibilização sobre
refugiados e requerentes
de asilo
1
Realização anual de uma
campanha de
sensibilização
N.º de suportes
utilizados
CPR
Ações de sensibilização nas
escolas (temática
refugiados e requerentes
de asilo)
1 Realização de ações de
sensibilização na área
N.º de ações de
sensibilização
dinamizadas
CPR
3.2.11. Área: Racismo e Discriminação
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Racismo e Construir uma Implementar iniciativas de Desenvolvimento de 1 Dinamização de N.º de suportes CML
46
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Discriminação imagem positiva
sobre as
comunidades
NPT
combate à discriminação e
racismo
campanha anti rumor no
âmbito do projeto “C4I –
Communication for
Integration”
campanha anti-
rumor/discriminação
informativos
Reformulação do SPIN –
Serviço de Proximidade e
Informação
1
Disponibilização de um
conjunto de sessões de
sensibilização
Nº de parcerias
estabelecidas com
entidades
dinamizadoras
. CML
. Entidades
responsáveis na
área
Realização da atividade
“Cozinha Multicultural” no
Agrupamento de Escolas
de Apelação
1 Realização anual da
actividade
Nº alunos
abrangidos AEA
Sensibilização na área da
não discriminação e
racismo
1 Realização de uma
formação no tema
Nº alunos
abrangidos
. AEA
. CPR
Divulgação do PMII de
Loures 1
Desenho e
desenvolvimento de
programa de divulgação
do PMII de Loures
Nº de suportes
informativos
Parceiros do
PMII
3.2.12. Área: Relações Internacionais
47
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Relações Internacionais
Reforçar as
relações
bilaterais com
municípios de
origem dos NPT
Reforço dos laços de parcerias
entre entidades
Fortalecimento das
relações institucionais com
as embaixadas de NPT
1
Realização de reuniões
com vista à melhoria de
condições de vida de
NPT
.Nº de reuniões CML
3.2.13. Área: Religião
Áreas Objetivos
estratégicos
Objetivos
Específicos/Operacionais Medidas Nível Metas Indicadores Responsáveis
Religião
Fomentar os
níveis de
conhecimento
das comunidades
nacionais e de
NPT sobre os
cultos religiosos
de cada uma
Desenvolver níveis de
conhecimento sobre as
comunidades de culto e a sua
relação com o fenómeno
migratório
Realização de um
“Encontro Inter-Religioso”
no município
1
Participação das
comunidades de culto
presentes no concelho
.Nº de
comunidades de
culto presentes
. Nº de
participantes
CML
Realização de estudo de
diagnóstico sobre
comunidades de culto
2
Estabelecimento de
protocolos de
colaboração com centros
de investigação
Nº de protocolos
estabelecidos CML
48
3.3. Modelo de Monitorização e Avaliação
Em nosso entender, a criação e implementação de um Plano Municipal para a Integração de Imigrantes deve ter como pressuposto fundamental a existência de mecanismos que permitam uma monitorização adequada, regular e sustentada, realizada por todos os intervenientes com interesse e responsabilidade em matéria de acolhimento e integração de imigrantes.
Com efeito, torna-se crucial assegurar uma participação ativa dos parceiros-chave que, nas várias áreas de intervenção do plano, operam em prol do acolhimento e integração de imigrantes, permitindo que sejam adicionados vários inputs no decurso do período de vigência do plano, no sentido do aperfeiçoamento constante da estratégia conjunta definida e com vista à operacionalização de soluções que permitam ultrapassar as dificuldades que, eventualmente, se coloquem durante o processo.
O Plano Municipal para a Integração de Imigrantes de Loures será monitorizado e avaliado no seio de um grupo restrito da Rede Social, composto por todos os parceiros do plano municipal e, eventualmente, de outras entidades, designadamente da Rede Social concelhia, que manifestem a vontade e o interesse de participar no processo.
Esclareça-se a este propósito que a Rede Social de Loures constitui-se como o fórum, por excelência, das várias entidades (associações, ONG’s, agrupamentos de escolas, autoridades locais, entre outros) com intervenção na área social, pelo que se julga pertinente que a monitorização e avaliação do plano aconteçam no âmbito deste fórum.
Sendo desejável que o processo de monitorização seja assegurado nos termos das recomendações feitas pelo ACM, isto é, de forma regular e atendendo à existência de um conjunto de parceiros locais que participaram ativamente na construção do plano municipal, designadamente pela proposta de medidas incluídas no plano, entende-se como profícuo que esse mesmo conjunto de parceiros representados, na sua maioria, na rede social, possam ficar responsáveis pela monitorização do plano, nomeadamente ao nível da avaliação sobre a implementação das medidas propostas.
Relativamente ao processo de avaliação, pretende-se que haja uma avaliação no final de cada ano (avaliações intermédias) e uma avaliação final (2018), de modo a garantir eventuais ajustamentos considerados como necessários e com vista a assegurar a elaboração de novo plano municipal de integração de imigrantes para os anos seguintes. À semelhança da monitorização, a avaliação será realizada pelo conjunto de parceiros locais, constituídos em grupo restrito na Rede Social.
49
3.4. Acompanhamento e Modelo de Governação
Sendo o processo de conceção do Plano Municipal para a Integração de Imigrantes o resultado da participação ativa e partilhada entre os vários parceiros locais, entende-se que o compromisso com o acompanhamento e governação do plano deverá ser assegurado pelos próprios. Assim, deverá o grupo restrito constituído pelos parceiros do plano e representados no âmbito do Conselho Local de Ação Social ficar responsável por garantir o acompanhamento da implementação do plano dando nota dos respetivos resultados junto de todos os parceiros da rede social em sede de reunião do conselho local de ação social.
Não obstante, a autarquia deverá assegurar a gestão do mesmo processo, nomeadamente, procurando garantir a sistematização de informação atualizada sobre o nível de implementação das medidas, em estreita articulação com os parceiros locais, de modo a avaliar o nível de cumprimento das metas definidas e no apoio ao esclarecimento sobre as razões explicativas desse mesmo nível de cumprimento, sendo certo que será particularmente importante ser sistematizada a informação sobre situações de níveis de cumprimento inferiores ao definido e as razões apontadas para o efeito, visto que se trata de um processo dinâmico e que se deseja continuamente aperfeiçoado.
Enquanto instrumento privilegiado de planeamento e definição conjunta e participada das prioridades e estratégias de intervenção para o município, o Plano de Desenvolvimento Social (2015-2016) constitui ferramenta essencial de análise e discussão da realidade concelhia, designadamente das problemáticas identificadas no Diagnóstico Social concelhio, matéria que o PMII naturalmente integra e à qual procurará responder, no quadro dos objetivos estratégicos definidos e atendendo à vocação própria de um Plano especialmente vocacionado para a integração de nacionais de países terceiros, refugiados e requerentes de asilo.
Por último, dá-se nota que o presente Plano tem como enquadramento essencial a Carta Europeia de Direitos Humanos na Cidade, documento norteador em matéria de direitos humanos e não discriminação, subscrito pelo município por deliberação de 11 de Maio de 2011.
Loures foi uma das primeiras cidades portuguesas a subscrever o documento, de vocação transnacional, por entender que se trata de um documento norteador decisivo no quadro da definição e implementação de políticas públicas em matéria de direitos humanos e combate à discriminação.
Este documento foi igualmente subscrito por mais de 400 cidades europeias, sendo a organização mundial Cidades e Governos Locais Unidos, através da Comissão de
50
Inclusão Social, Democracia Participativa e Direitos Humanos, a entidade responsável pela sua promoção.
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
� 2015, Resolução do Conselho de Ministros nº12-B. Plano Estratégico para as
Migrações – I. Anexo I. Diário da República, 1ª série – Nº56 – 20 Março 2015:
� 2014, Rede Social de Loures, Diagnóstico Social do Concelho de Loures.
� 2015, Rede Social de Loures, Plano de Desenvolvimento Social 2015-2016.
� Oliveira, C. (coord.) e Gomes N., (2014), “Imigração em números- Monitorizar
a integração de Imigrantes em Portugal” – Relatório Estatístico Decenal,
Observatório das Migrações.
� 2015, Alexandre, Joana, Diagnóstico local no âmbito do Plano Municipal para a
Integração de Imigrantes – Relatório Final, CIS-IUL.
� Schiefer et al., 2006, MAPA – Manual de Planeamento e Avaliação de Projetos, Cascais,
Principia.
� Instituto Nacional de Estatística, Censos 2001
� Instituto Nacional de Estatística, Censos 2011
� 2011, da Silva, Paulo, Imigrantes em Loures. Retratos dos Percursos e Fixação no Território,
Câmara Municipal de Loures, Coleção Assuntos Sociais.
5. ANEXOS
� “ Diagnóstico local no âmbito do Plano Municipal para a Integração dos Imigrantes – Relatório final” – Centro de Investigação e Intervenção Social / Instituto Universitário de Lisboa
Edifício ISCTE
Av. das Forças Armadas
1649-026 Lisboa
Diagnóstico local no âmbito do Plano Municipal para a Integração dos
Imigrantes – Relatório final
Junho 2015
Telefone: +351 210 464 017
Fax : +351 21 046 41 74
Email: [email protected]
Diagnóstico local no âmbito do Plano Municipal para a Integração dos Imigrantes Autores: Joana Alexandre (coord.) Carla Esteves Rita Correia Rita Morais Agradecimentos: Daniela Mendes, Isabel Pereira, Olga Catanho, Raquel Gonçalves, Ana Mota, Mafalda Visitação. André Pais, Angélique Almeida, Eduardo Mascarenhas, Gonçalo Ferreira, Margarida Marques, Marisa Guerreiro, Mónica Costa, Matilde Ribeiro.
Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-IUL) ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa Junho 2015
Índice
Índice .................................................................................................................3
Índice de tabelas ................................................................................................4
Índice de figuras .................................................................................................6
SUMÁRIO EXECUTIVO ................................................................................................8
I. DIAGNÓSTICO LOCAL ......................................................................................... 14
Objetivos: ......................................................................................................... 14
Metodologia: .................................................................................................... 15
CAPÍTULO 1: CARACTERIZAÇÃO DO PERFIL SOCIOECONÓMICO DA POPULAÇÃO
IMIGRANTE DO CONCELHO DE LOURES (ESTUDO 1) ............................................ 17
1.1. CARACTERIZAÇÃO SOCIOGEOGRÁFICA DO CONCELHO DE LOURES ....................................... 17
1.2. A POPULAÇÃO IMIGRANTE EM PORTUGAL E EM LOURES – ESTRATÉGIAS E POLÍTICAS DE
DESENVOLVIMENTO ...................................................................................................... 18
1.3. CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DA POPULAÇÃO IMIGRANTE EM PORTUGAL E NO
CONCELHO DE LOURES ................................................................................................... 20
CAPÍTULO 2: CARACTERIZAÇÃO DOS RECURSOS/SERVIÇOS DE APOIO E SUPORTE À
COMUNIDADE IMIGRANTE (ESTUDO 2) E LEVANTAMENTO DA OPINIÃO DA
POPULAÇÃO IMIGRANTE (ESTUDO 3) ................................................................. 31
CAPÍTULO 3: LEVANTAMENTO DA OPINIÃO DA POPULAÇÃO NÃO-IMIGRANTE
(ESTUDO 4) ........................................................................................................ 40
3.1.1. Discursos sobre imigrantes: uma análise qualitativa ................................. 41
3.1.2. Atitudes dos portugueses sobre imigrantes em Portugal .......................... 46
3.2. LEVANTAMENTO DA OPINIÃO DA POPULAÇÃO NÃO-IMIGRANTE: ANÁLISE DA COMUNICAÇÃO
SOCIAL ....................................................................................................................... 50
3.2.1. A representação de imigrantes pelos media portugueses ......................... 50
3.2.2. A representação de imigrantes pelos media locais de Loures .................... 56
3.3. LEVANTAMENTO DA OPINIÃO DA POPULAÇÃO NÃO-IMIGRANTE: ANÁLISE DAS RESPOSTAS AO
QUESTIONÁRIO ............................................................................................................ 68
MÉTODO ................................................................................................................... 68
Instrumentos .................................................................................................... 68
Procedimento de recolha .................................................................................. 76
RESULTADOS ............................................................................................................... 79
Resultados globais ............................................................................................ 79
II. CONCLUSÕES E RECOMENDAÇÕES ................................................................... 102
III. ANEXOS ........................................................................................................... 110
Índice de tabelas
Tabela 1. Distribuição da população estrangeira nas diversas freguesias do concelho de
Loures ................................................................................................................................ 21
Tabela 2. Distribuição da população portuguesa e estrangeira por género .................... 22
Tabela 3. Atividade profissional da população estrangeira em Portugal por nacionalidade
.......................................................................................................................................... 24
Tabela 4. Percentagem de cidadãos de origem portuguesa e estrangeira por atividade
económica ......................................................................................................................... 26
Tabela 5. Distribuição dos beneficiários do subsídio de desemprego por grupo de origem
.......................................................................................................................................... 27
Tabela 6. Desemprego da população estrangeira por área de atividade (2010) ............. 28
Tabela 7. Distribuição subsídios de doença para a população estrangeira por continente
de origem .......................................................................................................................... 29
Tabela 8. Grupo de imigrantes identificados por Portugueses de estatuto médio-alto, e
respetivos estereótipos, por valência: + (positiva), – (negativa) ou Tabela 4.1. 1~
(neutra/ambígua). Fonte: Rosário et al. (2011) ................................................................ 43
Tabela 9. Grupos de imigrantes identificados por Portugueses de estatuto médio-médio
(adultos), e respetivos estereótipos, por valência: + (positiva), – (negativa) ou ~
(neutra/ambígua). Fonte: Rosário et al. (2011) ................................................................ 44
Tabela 10. Grupos de imigrantes e minorias étnicas identificados por Portugueses de
estatuto médio-baixo, e respetivos estereótipos, por valência: + (positiva), – (negativa)
ou ~ (neutra/ambígua). Fonte: Rosário et al. (2011) ........................................................ 45
Tabela 11. Temas identificados nas peças de imprensa. Fonte: Cunha et al. (2008, pp. 20-
21) ..................................................................................................................................... 51
Tabela 12. Protagonistas das peças de imprensa por nacionalidade/etnia. Fonte: Cunha
et al. (2008, p.17) .............................................................................................................. 52
Tabela 13. Situação do imigrante quando o tema identificado é crime. Fonte: Cunha et
al. (2008, p.22) .................................................................................................................. 52
Tabela 14. Registos de peças (TV) sobre imigrantes e minorias étnicas. Fonte: Cunha et
al. (2008, p. 39) ................................................................................................................. 53
Tabela 15. Temas (TV) do ano 2007. Fonte: Cunha et al. (2008, p.43) ............................. 54
Tabela 16. Peças (TV) de 2008 por tom. Fonte: Cunha et al. (2008, p. 59) ...................... 54
Tabela 17. Frequência de notícias segundo os jornais locais, ano e palavras-chave ....... 58
Tabela 18. Frequência de palavras, valência e frequência de palavras-chave do Jornal de
.......................................................................................................................................... 60
Tabela 19. Frequência de palavras, valência e frequência de palavras-chave do Loures
Jornal Municipal ................................................................................................................ 61
Tabela 20. Frequência de palavras, valência e frequência de palavras-chave do
Loures.com ........................................................................................................................ 63
Tabela 21. Frequência de palavras, valência e frequência de palavras-chave de todos os
jornais locais em conjunto ................................................................................................ 65
Tabela 22. Distribuição dos participantes pelos escalões etários .................................... 79
Tabela 23. Distribuição dos traços pelas dimensões “Cultura positiva”,”Cultura
negativa”, “Natura positiva” e “Natura negativa” ............................................................ 91
Tabela 24. Distribuição das emoções pelas dimensões “Emoções positivas” e “Emoções
negativas” ......................................................................................................................... 93
Tabela 25. Modelo bi-dimensional de orientações de aculturação. ................................ 96
Tabela 26. Distribuição das atitudes de aculturação dos respondentes (%) pelos
quadrantes do Modelo bi-dimensional de orientações de aculturação. .......................... 96
Índice de figuras
Figura 1. Perceção de diferenças culturais entre Portugueses e Imigrantes: usos e
costumes (percentagem de inquiridos que considera os imigrantes “muito
diferentes”).Fonte: António (2011, p. 60) ........................................................................ 48
Figura 2. Média de respostas a racismo flagrante. Fonte: António (2011, p.65) ............ 48
Figura 3. Distribuição geográfica dos participantes pelas freguesias do concelho de
Loures (residência) ............................................................................................................ 77
Figura 4. Distribuição geográfica dos participantes pelas freguesias do concelho de
Loures (trabalho) ............................................................................................................... 78
Figura 5. Frequência de interação: Com que frequência é que interage – isto é,
comunica, trabalha, partilha os tempos livres, etc. – com Imigrantes? ........................... 81
Figura 6. Número de amigos imigrantes: Quantos dos seus amigos são Imigrantes? .... 82
Figura 7. Proximidade grupal: Assinale o número que melhor representa a proximidade
que você sente com os Imigrantes/com os Portugueses. ................................................ 83
Figura 8. Qualidade percebida da relação entre a População de Loures e Imigrantes:
Como caracterizaria a relação entre a População de Loures e os Imigrantes em Loures?
.......................................................................................................................................... 84
Figura 9. Percentagem estimada de imigrantes em Loures: Na sua opinião, qual a
percentagem de população Imigrante em Loures? .......................................................... 85
Figura 10. Avaliação geral dos participantes (índice constituído pelos itens
favorabilidade, negatividade e sentimentos face aos imigrantes) ................................... 86
Figura 11. Atitude geral dos participantes: Como se sente, em geral, a maioria da
População de Loures em relação aos Imigrantes?............................................................ 87
Figura 12. Distância social: Indique até que ponto a maioria da População de Loures é
favorável a ter imigrantes como … ................................................................................... 88
Figura 13. Ameaça intergrupal: Indique até que ponto a maioria da População de Loures
concorda com as seguintes afirmações … ........................................................................ 89
Figura 14. Hetero-etnicização dos imigrantes (índice constituído pelos itens semelhança
entre crenças, valores e comportamentos da população de Loures e dos imigrantes) ... 90
Figura 15. Infra-humanização dos imigrantes – cultura positiva, cultura negativa, natura
positiva e natura negativa ................................................................................................. 92
Figura 16. Sentimentos em relação aos imigrantes – emoções positivas e negativas ..... 94
Figura 17. Ação coletiva a favor dos imigrantes: Por favor indique qual o seu grau de
concordância com as seguintes afirmações … ................................................................. 95
8
Sumário executivo
Segundo o Plano Estratégico para as Migrações (PEM), novos perfis migratórios têm
vindo a procurar Portugal como destino, o que levanta a necessidade de criar novas políticas
de integração. Assim, no seguimento do I e do II Plano para a Integração dos Imigrantes, foi
desenvolvido o PME, plano que assenta em cinco eixos políticos prioritários, nomeadamente
o eixo das Políticas de integração de imigrantes. Este eixo tem como objetivos “… a
consolidação do trabalho de integração, capacitação e combate à discriminação dos
imigrantes e grupos étnicos na sociedade portuguesa, tendo em vista uma melhor
mobilização do seu talento e competências, a valorização da diversidade cultural, o reforço
da mobilidade social, da descentralização das políticas de integração e uma melhor
articulação com a política de emprego e o acesso a uma cidadania comum” (PEM, 2015-
2020, p.16).
Mais especificamente, e em articulação com o PME, estão também a ser
desenvolvidos Planos Municipais para a Integração dos Imigrantes (PMII). De forma a
delinear o PMII para o concelho da Loures em termos das suas dimensões estratégica e
operacional, torna-se premente, em primeiro lugar, proceder à identificação das dinâmicas
globais socioeconómicas deste território, assim como ao levantamento dos problemas e
necessidades específicas da população imigrante que aqui reside, bem como dos recursos
disponíveis para colmatar essas necessidades. O presente relatório tem como objetivo
apresentar os resultados desta fase, i.e., a identificação das dinâmicas globais e o
levantamento das necessidades – e respetivas respostas – da população imigrante no
concelho de Loures.
Esse levantamento foi desenvolvido pelo Centro de Investigação e Intervenção Social
(CIS-IUL) em duas fases: numa primeira fase, cujos resultados constam do documento de
trabalho provisório (relatório preliminar) entregue em abril de 2015; e numa segunda fase,
que culmina na elaboração do presente relatório.
Os resultados deste levantamento são parte integrante do Diagnóstico Local e têm
como finalidade facultar informação útil à Câmara Municipal de Loures que lhe permita
delinear a estrutura do PMII, no âmbito da Ação 4 – Ação financiada pelo Fundo Europeu
para a Integração de Nacionais de Países Terceiros – FEINPT (ACM, I.P.) – a ter lugar no
concelho de Loures, entre 2015 a 2017.
Neste trabalho pretende-se, por um, lado identificar dinâmicas globais, e, por outro,
fazer o levantamento de necessidades do território em questão considerando as áreas
propostas: Serviços de Acolhimento e Integração; Urbanismo e Habitação; Mercado de
Trabalho e Empreendedorismo; Educação e Língua; Capacitação e Formação; Cultura; Saúde;
Solidariedade e Resposta Social; Cidadania e Participação Cívica; Media e Sensibilização da
Opinião Pública; Racismo e Discriminação; Relações Internacionais; e Religião. Pretende-se,
ainda, aceder às perceções da própria população imigrante sobre as necessidades e os
recursos disponíveis.
Em síntese, os principais objetivos definidos para o Diagnóstico Local são:
9
(1) A caracterização do perfil socioeconómico da população imigrante do concelho de
Loures e da sua evolução nos últimos 10 anos;
(2) A caracterização dos recursos/serviços de apoio e suporte (públicos e privados) à
comunidade imigrante nas várias áreas temáticas que constam do PMII (conforme o anúncio
nº 1A4/2013);
(3) A identificação das diferentes áreas de atuação das entidades de apoio à
comunidade imigrante, os constrangimentos na prestação dos serviços, as necessidades na
sua área de atuação e as oportunidades existentes para a melhoria dos serviços prestados;
(4) A identificação dos processos de articulação entre os diversos serviços/entidades
que prestam apoio à comunidade imigrante, a existência de sinergias, e possíveis
sobreposições de competências/áreas de atuação das entidades;
(5) O levantamento da opinião da população imigrante residente no concelho sobre
algumas das entidades enquadradas nos pontos 3 e 4;
(6) O levantamento das perceções da população imigrante sobre o processo de
integração em Portugal e, especificamente, no concelho de Loures;
(7) O levantamento das perceções da população não-imigrante sobre os imigrantes
residentes em Portugal e, especificamente, no concelho de Loures.
De forma a concretizar os objetivos propostos foram desenvolvidas as seguintes
tarefas:
• Estudo 1: Recolha documental e estatística de dados do Instituto Nacional de
Estatística (INE), Ministérios, Câmara Municipal de Loures e outras entidades
públicas e privadas dos últimos 10 anos.
• Estudo 2: Realização de entrevistas semiestruturadas individuais e em grupo a
representantes das entidades que atuam nas áreas anteriormente mencionadas
(descritas na Ação 4).
• Estudo 3: Realização de entrevistas semi-estruturadas individuais a representantes
de associações de imigrantes e à população imigrante em geral.
• Estudo 4: Revisão de literatura sobre as atitudes dos Portugueses, nos últimos 10
anos, face aos grupos de imigrantes que vivem em território nacional; descrição da
representação que a imprensa escrita tem construído e transmitido sobre a
imigração e os imigrantes em geral (dados nacionais) e os imigrantes residentes no
concelho de Loures (dados locais de 2010 a 2015); representações que os residentes
e/ou moradores de Loures têm acerca dos imigrantes de países terceiros.
Relativamente ao Estudo 1, os resultados mostram que o concelho de Loures tem
sofrido variações no que diz respeito aos seus fluxos migratórios, que decorrem de
reorganizações territoriais e de mudanças legislativas (as alterações à lei fizeram com que
mais imigrantes adquirissem nacionalidade portuguesa). Apesar de alguma população ter
emigrado nos últimos anos, mantêm-se uma elevada densidade populacional, mais
10
envelhecida, e com uma forte concentração de população oriunda dos PALOP (Censos,
2011).
No Estudo 2, foram efetuadas 22 entrevistas a diferentes entidades sediadas no
concelho e no Estudo 3 foram conduzidas 30 entrevistas a imigrantes de ambos os sexos e
com permanência em Portugal que varia entre os 8 meses e os 26 anos, residentes no
concelho de Loures, e com diferentes nacionalidades (Angola, Brasil, Cabo-Verde, China,
Guiné-Bissau, S. Tomé, Senegal). Os resultados serão apresentados seguindo três pontos
essenciais: 1) necessidades e/ou problemas com os quais os imigrantes se deparam; 2) de
que modo é que esses problemas são colmatados; 3) sugestões a contemplar num plano de
integração (PMII) tendo em conta a opinião dos participantes de ambos os estudos.
De ambos os estudos emergem temas comuns, a saber:
A situação legal em Portugal, que, e tendo em conta as entrevistas de ambos os
estudos, parece ter um efeito spill over nos vários domínios da vida dos imigrantes: no
(acesso) emprego, habitação e saúde (“situações de falta de cumprimento na vigilância da
saúde”).
Aos custos elevados associados à regularização acresce a “burocratização excessiva”
inerente a este processo referida por algumas entidades. Para alguns imigrantes (Estudo 3),
acresce, ainda, o facto de considerarem que a informação que é dada por parte das
entidades responsáveis pela legalização, é contraditória. Ainda, algumas das entidades
dizem existir um desconhecimento, por parte dos imigrantes, sobre os mecanismos de apoio
que existem para os imigrantes e o próprio receio em estabelecer esses mesmos contactos,
tendo em conta a sua situação de vulnerabilidade social; na verdade, mais de metade dos
imigrantes entrevistados (aproximadamente 68%), dizem desconhecer a existência de
estruturas de apoio a imigrantes (“não”/”não sei”); apenas alguns dos que dizem conhecer
essas estruturas dão exemplos claros, mas em alguns casos dizem respeito a estruturas que
estão sediadas em Lisboa, e não em Loures; outros imigrantes fazem referência a estruturas
de apoio existentes na Quinta do Mocho/Terraços da Ponte (“o sr. Camilo”; “a Casa da
Cultura”).
Os constrangimentos financeiros com que muitos dos imigrantes de países terceiros se
deparam está intimamente associada aos constrangimentos laborais mencionados
anteriormente. A falta de oportunidades de trabalho e a sua precariedade (e, neste sentido,
a dificuldade em conseguir um contrato de trabalho), estão, na maior parte das vezes, na
base desta questão. Estes constrangimentos originam situações de carência alimentar, que
são cada vez mais frequentes.
Para os imigrantes, a situação legal no país dificultada pela morosidade do próprio
processo de legalização, os constrangimentos laborais e consequentemente financeiros e
sociais (ex., habitacionais), são os temas que se destacam do Estudo 3.
Por seu lado, a existência de constrangimentos linguísticos, educacionais e formativos, é
também um tema transversal em todas as entrevistas efetuadas com as entidades (Estudo
2) e com menos peso em algumas entrevistas a imigrantes (p. ex., imigrantes chineses). As
barreiras linguísticas são, para as entidades, um obstáculo na comunicação com os serviços e
11
consequentemente na resolução da sua situação. A baixa escolaridade/qualificação agrava,
simultaneamente, a situação de procura de emprego e de procura de soluções para o seu
problema. O processo de capacitação é longo e as formações efetuadas não dão, na grande
parte dos casos, equivalência escolar, o que muitas vezes se traduz na manutenção de um
processo de habilitações não reconhecido. Novamente a situação da regularização no país
agrava algumas destas situações.
Às condições sociais precárias acresce uma situação de habitação precária: se num
primeiro momento vêm muitas vezes para casa de um familiar, com o tempo, esta situação
torna-se incomportável. Neste sentido, o acesso à habitação é, em alguns casos, feita “ao
abrigo de protocolos de cooperação no âmbito da saúde” ou em casos de extrema
vulnerabilidade “e/ou se recenseados no Programa Especial de Realojamento, processa-se
ao realojamento da família ou pessoa isolada”. No entanto algumas entidades apontam
como desafios e obstáculos nesta área “a falta de medidas estatais no âmbito das políticas
de habitação social, a insuficiência de fogos municipais face à procura, e os preços elevados
do mercado de arrendamento livre. Para os imigrantes, a questão da habitação é também
mencionada por alguns deles que, apesar de reconhecerem que se trata de uma forma de
integração dos imigrantes no concelho de Loures, apontam algumas limitações aos espaços
nomeadamente em situações de reagrupamento familiar.
A dificuldade no acesso a serviços públicos (saúde, finanças, serviços de emprego)
decorre, igualmente, dos constrangimentos financeiros atrás referidos e, em alguns pontos
do concelho, é agravada também pelo “isolamento geográfico de algumas comunidades”.
Por último, apesar da baixa escolarização não ser uma questão emergente nas
entrevistas dos imigrantes, alguns deles apontam dificuldades no acesso ao mercado
formativo associado ao seu estatuto de imigrante, que consideram ser percecionado como
sendo visto de forma negativa. Numa época de crise os imigrantes são percebidos como
ameaçando o mercado laboral dos nacionais.
Em termos do modo como as necessidades/problemas estão a ser colmatados, as
entidades fazem referência às ações levadas a cabo por cada uma delas, o que remete para
aspetos como: acompanhamento e aconselhamento individualizado (p. ex, “Levar ao SEF
para as questões da legalização”; “Levar à embaixada”), que muitas vezes se traduz em
apoio informativo (ex., reconhecimento da carta de condução) e apoio jurídico;
encaminhamento para serviços adequados aos problemas e necessidades das pessoas (p.
ex., CNAI, CLAI, IEFP, Segurança Social, SEF); o CLAI itinerante; o MISP. Apoio alimentar,
apoio domiciliário, apoio linguístico (cursos de língua portuguesa); contactos com o mercado
de trabalho - algumas comunidades religiosas parecem também ter um papel importante na
divulgação de oportunidades de emprego. Algumas entidades procuram estágios
remunerados, ou desenvolver planos de voluntariado como estratégia de primeiro contacto
com o tecido empresarial (p.ex., CPR). Outras entidades dão um claro apoio a ações de
empreendedorismo (p. ex., o Teatro IBISCO) procurando criar um conjunto de sinergias com
outras estruturas de apoio/parceiros. Na área dos media, a entidade entrevistada refere
haver uma preocupação em noticiar aspetos positivos (p.ex., “O bairro i o mundo”) e dar a
conhecer as comunidades imigrantes do concelho.
12
Em termos de estratégias gerais a contemplar num Plano de integração, as entidades
sugerem: uma maior aposta na inserção profissional; formações mais próximas das pessoas;
mais ações de aprendizagem da língua portuguesa (cursos) podendo fazê-lo através de um
maior envolvimento da comunidade escolar; uma maior aposta ao nível da informação
prestada pelos serviços (p. ex., sensibilização para os direitos dos trabalhadores que não são
portugueses; uniformização da informação prestada); criação de incentivos à contratação de
imigrantes de países terceiros e, neste sentido, uma maior sensibilização dos empresários.
Finalmente, ações de promoção de contacto entre imigrantes e a sociedade de acolhimento
e a manutenção de algumas atividades que já são levadas a cabo, particularmente em
contexto escolar. A possibilidade de diversificar as famílias (“trazer famílias de classe
média”) em alguns dos bairros do concelho, é apontada como uma outra possibilidade.
Apostar em recursos humanos e financeiros nestas diferentes entidades, bem como em
medidas que se prolonguem no tempo (vs. ações pontuais) são também aspetos a destacar
do Estudo 2 (entidades).
Para os imigrantes, as estratégias a contemplar no Plano supracitado passam por dar
mais voz às diferentes comunidades de imigrantes, promover debates/tertúlias, eventos que
promovam a interculturalidade, e ações de esclarecimento sobre diferentes temas que
promovam a sua integração.
O Estudo 4 engloba a) uma revisão de literatura sobre as principais atitudes dos
Portugueses face aos imigrantes, nos últimos 10 anos; b) uma análise dos meios de
comunicação social sobre as representações que os media têm transmitido sobre a
imigração e os imigrantes em geral dos últimos 5 anos; e c) as representações que os
residentes e/ou trabalhadores de Loures têm acerca dos imigrantes. No que se refere, mais
concretamente, aos media locais (n = 53 noticias extraídas), verifica-se que estes transmitem
quer uma imagem mais avaliativa e, neste caso, mais negativa, semelhante à veiculada pelos
media nacionais – por se associar imigrantes a desvio –, quer uma imagem mais descritiva,
no sentido relacional (a palavra “inclusão” é uma das palavras mais frequentes; as palavras
“comunidade” e “comunitário” co-ocorrem com a palavra “inclusão”). Relativamente às
perceções da população não-imigrante sobre os imigrantes residentes em Portugal e,
especificamente, no concelho de Loures, foi conduzido um estudo quantitativo, no qual
participaram 141 pessoas com nacionalidade portuguesa e de origem Portuguesa, que
residem e/ou trabalham no concelho de Loures. Os resultados revelam, na sua grande
maioria, um não-posicionamento dos inquiridos face aos imigrantes, sendo frequente a
escolha pelo ponto médio das escalas de resposta (“não concordo, nem discordo”, “nem
muito, nem pouco”, “nem favorável, nem desfavorável”). No entanto, é possível identificar
alguns padrões de resposta que parecem sugerir atitudes mais negativas face aos
imigrantes, nomeadamente em a) medidas mais subtis (vs. mais explícitas): em medidas de
distância social (não se mostrando especialmente favoráveis a ter imigrantes como colegas
de trabalho/turma, professores, vizinhos, hóspedes, sogros e patrões); b) numa baixa
preponderância de emoções positivas face aos imigrantes; e c) em termos de atitudes que
refletem uma preferência para que os imigrantes adotem a cultura Portuguesa e não
mantenham a cultura de origem (i.e, preferência por uma estratégia de assimilação); ou
13
preferindo que nem adotem a cultura portuguesa, nem mantenham a cultura de origem
(i.e., preferência por uma estratégia de marginalização).
No que se refere às recomendações gerais da equipa de investigação do CIS-IUL,
estas focam-se em duas áreas de atuação: recomendações que visam diretamente a
população imigrante; e recomendações que visam a população não-imigrante e, desta
forma, relacionam-se com a população imigrante de forma mais indireta. O primeiro
conjunto de recomendações baseia-se nos resultados dos Estudos 1, 2 e 3 e remete,
nomeadamente, para a relevância de criar mecanismos que permitam uma simplificação de
informação considerada essencial para um melhor processo de integração para diferentes
comunidades imigrantes (p. ex., recurso a fluxogramas colocados em entidades e pontos
estratégicos das várias comunidades, “GPS” informativos escritos em línguas diferentes, em
função das comunidades mais representativas do concelho); a criação de facilitadores
comunitários, em diferentes territórios e pertencentes às diferentes comunidades
imigrantes que se sintam capacitados para o efeito, que permitam colaborar de forma
estreita com as entidades que, como se destaca dos resultados do Estudo 2, acabam por
fazer um acompanhamento personalizado a muitos dos seus utentes.
No que diz respeito ao segundo conjunto de recomendações, e tendo por base os
resultados do Estudo 4, aponta-se para a importância de desenvolver ações que visem
consciencializar os não-imigrantes para a diversidade da própria população portuguesa, bem
como para as semelhanças entre os não-imigrantes e os imigrantes. Por outro lado, a criação
de mais ações que procurem fomentar a interação entre diferentes comunidades é uma
outra recomendação a destacar. As ações que decorreram no âmbito do Projeto C4i –
Communication for Integration – refletem já um conjunto de boas práticas que têm vindo a
ser desenvolvidas e que importa continuar. A visibilidade que é feita a muitas destas ações,
através dos media e pelos próprios Organismos públicos com poder de decisão, continua a
ser um importante veículo de promoção de atitudes mais positivas e de criação de normas
socias externas reguladoras de valores da equidade e da justiça.
Ainda neste âmbito, apesar de alguns dos imigrantes (Estudo 3) fazerem referência ao
facto dos técnicos sobretudo da área da saúde estarem sensíveis a questões interculturais,
importa promover e apoiar, de forma sistemática, formações neste âmbito dirigidas a
técnicos de diferentes áreas de atuação (incluindo a polícia para um policiamento de
proximidade de maior qualidade).
Por último, tendo em conta que a criação de oportunidades de emprego e de
empregabilidade parece ser premente (Estudos 2 e 3), no seguimento daquilo que tem vindo
a ser desenvolvido pelo ACM, sugere-se a criação de um selo de diversidade cultural nas
empresas – semelhante ao que existe nas Escolas e que premeie as que empregarem ou que
proporcionarem estágios e/ou formações para população imigrante, podendo este estar
englobado naquilo que é a própria responsabilidade social das empresas. A criação de um
conjunto de sinergias a este nível que envolva o tecido empresarial, entidades locais e as
próprias comunidades de imigrantes, poderá ser uma estratégia promotora de uma
integração de maior qualidade.
14
I. Diagnóstico Local
O presente documento pretende apresentar os resultados do Diagnóstico Local no
âmbito da Ação 4, Plano Municipal para a Integração dos Imigrantes (PMII) – Ação
financiada pelo Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países Terceiros - FEINPT
(ACM, I.P.) – a ter lugar no concelho de Loures, em 2015. Mais concretamente,
pretenderam-se identificar as dinâmicas globais socioeconómicas deste território, fazer um
levantamento dos problemas e necessidades específicas da população imigrante que aqui
reside, bem como dos recursos disponíveis em algumas das áreas descritas no mesmo:
Serviços de Acolhimento e Integração; Urbanismo e Habitação; Mercado de Trabalho e
Empreendedorismo; Educação e Língua; Capacitação e Formação; Cultura; Saúde;
Solidariedade e Resposta Social; Cidadania e Participação Cívica; Media e Sensibilização da
Opinião Pública; Racismo e Discriminação; Relações Internacionais; e Religião. Pretendeu-se,
ainda, aceder às perceções da própria população imigrante sobre os recursos disponíveis.
Objetivos: Os principais objetivos definidos para o Diagnóstico Local incluem:
1. Caracterização do perfil socioeconómico da população imigrante do concelho
de Loures e da sua evolução nos últimos 10 anos.
2. Caracterização dos recursos/serviços de apoio e suporte (públicos e privados)
à comunidade imigrante nas áreas explicitadas anteriormente.
3. Identificação das diferentes áreas de atuação das entidades de apoio à
comunidade imigrante (e.g. funções desempenhadas, mandato), os
constrangimentos (problemas) na prestação dos serviços à comunidade
imigrante, as necessidades na sua área de atuação e as oportunidades
existentes para a melhoria dos serviços prestados.
4. Identificação dos processos de articulação entre os diversos
serviços/entidades que prestam apoio à comunidade imigrante, a existência
de sinergias entre diferentes entidades (boas práticas) e possíveis
sobreposições de competências/áreas de atuação das entidades.
5. Levantamento da opinião da população imigrante residente no concelho
sobre as entidades enquadradas nos pontos 3 e 4 que constituem a rede de
apoio/suporte no concelho de Loures, nas áreas explicitadas no ponto 2.
a. Identificando as principais necessidades com que os imigrantes se
deparam quando imigram para Portugal e após já estarem estabelecidos
em território nacional.
b. Identificando os principais problemas/obstáculos colocados à população
imigrante quando recorre às várias entidades locais (públicas e
privadas), fazendo um levantamento das necessidades sentidas e
identificando, simultaneamente, formas de melhorar os serviços de
apoio e boas práticas nos serviços utilizados por estes.
15
3. Levantamento das perceções da população imigrante sobre o processo de
integração em Portugal e, especificamente, no concelho de Loures:
c. Avaliação das estratégias de integração na comunidade por parte dos
imigrantes e avaliação das perceções de preconceito e discriminação
(étnica, cultural, religiosa, ou outras).
4. Levantamento das perceções da população não-imigrante sobre os imigrantes
residentes em Portugal e, especificamente, no concelho de Loures:
d. Caraterização das representações sobre imigrantes veiculadas pelos
meios de comunicação social locais.
e. Avaliação das atitudes face aos diferentes grupos de imigrantes,
nomeadamente em termos de preconceito e discriminação (étnica,
cultural, religiosa, ou outras).
Metodologia: Para cada um dos objetivos propostos, foram conduzidos um conjunto de Estudos tendo por
base diferentes metodologias, a saber:
Objetivo 1: Caracterização do perfil socioeconómico da população imigrante do concelho de
Loures e da sua evolução nos últimos 10 anos;
• Recolha documental e estatística de dados do Instituto Nacional de Estatística
(INE), Ministérios, Câmara Municipal de Loures e outras entidades públicas e
privadas do concelho (Estudo 1).
Objetivos 2, 3, e 4: Caracterização dos recursos/serviços de apoio e suporte (públicos e não-
públicos) à comunidade imigrante nas várias áreas temáticas definidas pelo ACM1 (objetivo
2) e identificação das diferentes áreas de atuação das entidades de apoio à comunidade
imigrante (e.g. funções desempenhadas, mandato), os constrangimentos (problemas) na
prestação dos serviços à comunidade imigrante, as necessidades na sua área de atuação e as
oportunidades existentes para a melhoria dos serviços prestados (objetivos 3 e 4).
• Realização de entrevistas semi-estruturadas e mini focus groups a
representantes e/ou funcionários dessas entidades nas várias áreas já
explicitadas (Estudo 2).
Objetivos 5 e 6: Levantamento da opinião da população imigrante sobre as entidades que
constituem a rede de apoio/suporte no concelho de Loures, nas áreas que integrarão o PMII
(objetivo 5) e levantamento das perceções da população imigrante sobre o processo de
integração em Portugal e, especificamente, no concelho de Loures (perceções de
preconceito e discriminação; objetivo 6):
1 As áreas temáticas definidas pelo ACM remetem para: Serviços de Acolhimento e Integração; Urbanismo e
Habitação; Mercado de Trabalho e Empreendedorismo; Educação e Língua; Capacitação e Formação; Cultura; Saúde; Solidariedade e Resposta Social; Cidadania e Participação Cívica; Media e Sensibilização da Opinião Pública; Racismo e Discriminação; Relações Internacionais; e Religião.
16
• Realização de entrevistas semi-estruturadas e mini focus groups a
representantes de associações de imigrantes e à população imigrante em
geral (Estudo 3).
Objetivo 7: Levantamento da opinião da população não-imigrante sobre os imigrantes
residentes em Portugal e, especificamente, no concelho de Loures (preconceito e
discriminação):
• Revisão de literatura sobre as atitudes dos Portugueses, nos últimos 10
anos, face aos grupos de imigrantes que vivem em território nacional
(Estudo 4);
• Descrição da representação que a imprensa escrita local tem construído e
transmitido sobre a imigração e os imigrantes residentes no concelho
(Estudo 4);
• Aplicação de questionários (de forma presencial, em versão papel, e online)
a moradores e/ou trabalhadores do concelho de Loures (Estudo 4).
Este relatório apresenta os resultados dos quatro estudos levados a cabo, por forma a
dar resposta aos sete objetivos do Diagnóstico Local explicitados, e está organizado em
quatro capítulos. Assim, o Capítulo 1 dará conta dos resultados do Estudo 1, o Capítulo 2
apresentará os resultados dos Estudos 2 e 3, e o Capítulo 3 dará conta dos resultados do
Estudo 4. No final de cada capítulo encontra-se um quadro-síntese que procura resumir os
pontos mais importantes. Finalmente, no Capítulo 4 serão apresentadas algumas conclusões
gerais, bem como algumas recomendações gerais da equipa do CIS-IUL.
17
Capítulo 1: Caracterização do perfil socioeconómico da população imigrante do concelho de Loures (Estudo 1)
Este capítulo apresenta os resultados do Estudo 1: Caracterização do perfil
socioeconómico da população imigrante do concelho de Loures, os quais pretendem dar
conta do objetivo 1 do Diagnóstico Local.
Neste capítulo, num primeiro ponto, caracterizamos brevemente a condição
sociogeográfica do concelho. Num segundo ponto, descrevemos o enquadramento
sociopolítico para as políticas de imigração quer a nível nacional, quer local, por serem
estratégias essenciais para entender as linhas orientadoras para a intervenção nas
migrações. Numa terceira parte, apresentamos as estatísticas conhecidas os imigrantes em
Portugal.
Note-se que, sempre que foi possível encontrar informação específica sobre os
imigrantes no concelho Loures, essa informação é apresentada e comparada com a
realidade nacional. Nas situações em que apenas existem dados nacionais, os mesmos são
apresentados no pressuposto de que se constituem como dados relevantes para a
compreensão e análise da realidade local.
1.1. Caracterização sociogeográfica do concelho de Loures
O concelho de Loures possui uma área de 167,24 km² e 199 494 habitantes
(2013)2, e está, desde 2013, subdividido em 10 freguesias3. Geograficamente, é limitado a
norte pelo município de Arruda dos Vinhos, a leste pelo município de Vila Franca de Xira e
pelo configuração do estuário do Tejo, a sudeste pela cidade de Lisboa, a sudoeste pelo
município de Odivelas, a oeste pelo de Sintra e a noroeste pelo de Mafra.
Fazem parte do município duas cidades – Loures e Sacavém – e sete vilas (Bobadela,
Bucelas, Camarate, Moscavide, Santa Iria de Azóia, Santo António dos Cavaleiros e São João
da Talha). A cidade de Loures onde se localiza fisicamente a Câmara Municipal e alguns dos
seus principais serviços, possui cerca de 16 000 habitantes.
Em 1998, uma parte do concelho, então com 25 freguesias, separou-se
administrativamente para dar origem ao município de Odivelas, ficando Loures nessa data a
contar com 18 freguesias, situação que se manteve até à reorganização administrativa de
2013, em que se fixaram as 10 freguesias atuais.
2 INE (2013). Censos 2011 - População residente por freguesia, CAOP 2013 (CSV) Instituto Nacional de Estatística.
Visitado em 10/04/2015. "Dados populacionais de 2011, recalculados para os limites administrativos da Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013." 3 Lei n.º 11-A/2013, de 28 de janeiro: Reorganização administrativa do território das freguesias. Anexo I. Diário da
República, 1.ª Série, n.º 19, Suplemento, de 28/01/2013.3
18
O município é bastante extenso geograficamente e complexo na sua génese. A
proximidade de Lisboa, de acessos rodoviários e do aeroporto potenciou o desenvolvimento
de uma grande área urbana e residencial, mais acentuada no sul do concelho (zona de
Frielas, Loures e Santo António dos Cavaleiros), e de uma zona fortemente industrializada,
mais marcada a oriente do concelho. As raízes históricas do concelho são acentuadamente
rurais, e é essa ainda a génese e caracterização da área norte do concelho (essencialmente
Lousa, Fanhões, Bucelas, Santo Antão do Tojal e São Julião do Tojal).
Desde a sua origem que o sector agrícola tem sido uma atividade preponderante,
tendo progressivamente a indústria começado a ocupar uma posição de destaque (são ainda
do século XIX a Fábrica da Loiça de Sacavém e a fábrica de papel, na Quinta da Abelheira, em
São Julião Tojal). Era, no entanto, a atividade agrícola e a utilização pela elite desta zona
para a implantação das suas propriedades, essencialmente para lazer e recreação, que
dominavam as atividades económicas à data da fundação do município4.
A sua condição de concelho limítrofe da cidade de Lisboa e a existência de espaços
disponíveis para instalação de novas áreas residenciais, quer no conceito mais associado a
zona dormitório, quer seja por haver um espaço alargado menos povoado associado à zona
rural, terá contribuído para a concentração de população estrangeira no concelho5.
1.2. A população imigrante em Portugal e em Loures – Estratégias e políticas de desenvolvimento
O fenómeno migratório do nosso país tem passado por múltiplas alterações e desde
o início do século XXI tem-se assistido a novas mudanças, nomeadamente um decréscimo da
população imigrante, tendência que se confirmou igualmente no ano de 2014.6
Este fenómeno migratório também se complexificou: as populações migrantes
tornaram-se mais diversificadas em relação aos países de origem, à duração migratória e aos
motivos para a imigração. O perfil migratório nacional alterou-se profundamente desde os
anos 60 do século passado: Portugal passou de um país fortemente marcado pela emigração
a ser um país atrativo para imigrantes viverem e trabalharem, especialmente a partir da
década de 90 do século XX. Esta mudança decorre de vários fatores: a melhoria das
condições económicas e sociais do país, que conduziu a uma maior atratividade para
trabalhadores estrangeiros; um investimento em obras públicas e na construção de
infraestruturas, que permitiu aumentar a capacidade de absorção de muitos trabalhadores
nesses setores (especialmente trabalhadores pouco qualificados); e, as situações de
instabilidade política e social em países com os quais Portugal tem relações de proximidade
4 Câmara Municipal de Loures (2014). Visitado em 9/04/2015. “Município. O concelho de Loures”
5 Baptista, L. V., & Cordeiro, G. I. (2002). Presentes e desconhecidos: reflexões socioantropológicas acerca do
recente fluxo imigratório no concelho de Loures. Sociologia, Problemas e Práticas, (40), 23-43. 6 Resolução do Conselho de Ministros nº 12B de 2015. Plano Estratégico para as migrações – I. Enquadramento.
Anexo I. Diário da República, 1.a série — No 56 — 20 de março de 2015.
19
histórica e cultural ou afinidades linguísticas, o que potenciou a procura por parte desses
imigrantes5.
Os fluxos migratórios em Portugal têm sofrido oscilações relevantes, especialmente
nas últimas duas décadas. Num primeiro momento verificou-se um aumento significativo da
população estrangeira residente entre os anos de 2000 e 2010, revelando um fluxo
migratório de entrada acentuado, enquanto que os fluxos migratórios de saída
permaneceram constantes não se verifica, no entanto, um crescimento assinalável desde
2008. O saldo migratório apresentou, entre 2000 e 2010, valores sempre positivos, apesar
de tendencialmente decrescentes. Já nos últimos anos, os saldos migratórios têm tido
valores negativos, facto que indica que Portugal passou a receber menos imigrantes. Apesar
desta tendência, o decréscimo na população estrangeira residente nos últimos 20 anos não
é comum a todos os perfis de imigrantes. Por exemplo, o número de residentes estrangeiros
titulares de autorização de residência para estudantes do ensino superior aumentou entre
2008 e 2012. Por outro lado, verificou-se um aumento do número dos descendentes de
imigrantes nascidos em Portugal, que adquiriram a nacionalidade portuguesa, sendo hoje
cidadãos nacionais (em consequência das alterações efetuadas à Lei n.º 37/81, de 3 de
outubro - Lei da Nacionalidade, introduzidas pela Lei Orgânica n.º 2/2006, de 17 de abril).7
Segundo o Plano Estratégico para as Migrações (PEM), recentemente publicado em
Diário da República, Portugal reconhece na imigração um papel preponderante ao nível
populacional, por atenuar o saldo natural populacional negativo do país; ao nível das contas
públicas, uma vez que os imigrantes são contribuintes líquidos; e ainda ao nível da inovação,
da gestão e mobilização do talento, do progresso tecnológico, da captação de riqueza, da
abertura cultural e do aumento da qualificação e mobilidade do capital humano6.
Presentemente, a política nacional para a imigração procura, essencialmente,
combater o défice demográfico e o equilíbrio do saldo migratório; consolidar a integração e
capacitação das comunidades imigrantes residentes em Portugal; incluir os novos nacionais,
em razão da aquisição de nacionalidade ou da descendência de imigrantes; e dar resposta à
mobilidade internacional, através da internacionalização da economia portuguesa, na
perspetiva da captação de migrantes e da valorização das migrações e do talento como
incentivos ao crescimento económico. 8
O PEM nacional reforça a necessidade de prevenção e luta contra a discriminação
racial, particularmente em contexto de trabalho; a necessidade de combater situações de
exploração de mão-de-obra sazonal; melhorar a interação com os serviços e agentes
públicos; descentralizar intervenções públicas; e direcionar recursos para medidas de
educação, formação e capacitação dos imigrantes e seus descendentes.
O Município de Loures elegeu no seu Diagnóstico Social para o Concelho, atualizado
em 2014, a dificuldade no acesso ao emprego por parte de população imigrante, como a
principal área de intervenção na área da imigração no concelho. Segundo o mesmo
7 Resolução do Conselho de Ministros nº 12B de 2015. Plano Estratégico para as migrações – I. Enquadramento.
Anexo I. Diário da República, 1.a série — N.o 56 — 20 de março de 2015. 8 Resolução do Conselho de Ministros nº 12B de 2015. Plano Estratégico para as migrações – I. Enquadramento.
Anexo I. Diário da República, 1.a série — N.o 56 — 20 de março de 2015.
20
documento, as maiores dificuldades a combater são a baixa escolaridade dos imigrantes do
concelho e o não reconhecimento da escolaridade acreditada pelos países de origem. Os
focos de intervenção passam, assim, pelo desenvolvimento de projetos de empregabilidade;
pela formação e apoio ao empreendedorismo; pela promoção de legalização e regularização
pelos empregadores; pelo estímulo das oportunidades de emprego/contratação de
imigrantes legais; pela dinamização do micro-empreendedorismo imigrante e pela
promoção de políticas de fixação das pessoas nos territórios.9
1.3. Caracterização sociodemográfica da população imigrante em Portugal e no concelho de Loures
Países de Origem
Segundo o Censos de 201110, à data de 21 de Março, residiam em Portugal 394 496
estrangeiros representando 3,7% do total de residentes do país, o que representa mais 70%
do que em 2001. Estes valores subiram, em 2012, para 417 042 estrangeiros residentes em
Portugal, segundo dados do SEF29, sendo que 49,5% eram do sexo masculino e 50,5% do
sexo feminino. No distrito de Lisboa residiam, na mesma altura, 43,6% dos estrangeiros em
Portugal.
No que diz respeito ao concelho de Loures, também de acordo com o Censos 20118,
o total da população residente era 205 054, sendo que destes, 16 658 eram estrangeiros, o
que representa 8% da população total. Segundo a mesma fonte, os estrangeiros do
continente africano (58%), naturais de Cabo-Verde e Angola, mantinham-se como os mais
representados em termos de nacionalidade de origem. Seguiam-se os imigrantes do
continente Europeu (18%) (com maior expressão para a Roménia, com 1385 indivíduos,
seguida da Espanha, com 1149 indivíduos). Também os imigrantes do continente americano
representavam uma percentagem expressiva das nacionalidades (19%), nomeadamente a
comunidade brasileira (com 3665 indivíduos). Apenas 5% da população imigrante no
concelho de Loures revelava ser de origem asiática, sendo, no entanto, este o único grupo
de origem em que se verificou um aumento na emissão dos títulos para autorização de
residência.11 De facto, de 2010 a 2012 verificou-se um decréscimo no número de títulos
emitidos para a população oriunda do continente africano, europeu e americano.
Os dados disponíveis apontam para o facto de que, com a alteração da Lei da
nacionalidade em 2007, o número de naturalizações aumentou substancialmente, sendo um
dos fatores que contribuiu para o decréscimo do número de imigrantes, sobretudo junto da
imigração mais antiga (nomeadamente de grupos de nacionalidade como os PALOPs).
De acordo com o Censos 2011, as freguesias com maior presença de população
9 Rede Social de Loures (2014). Atualização do Diagnóstico Social do Concelho de Loures.
10 INE (2013). Censos 2011 - População residente por freguesia, CAOP 2013 (CSV) Instituto Nacional de Estatística.
Visitado em 10/04/2015. "Dados populacionais de 2011, recalculados para os limites administrativos da Carta Administrativa Oficial de Portugal (CAOP), versão 2013." 11
Rede Social de Loures (2014). Atualização do Diagnóstico Social do Concelho de Loures.
21
estrangeira residente registada são a União de Freguesias de Camarate, Unhos e Apelação
(4.686 – 28%), União de Freguesias de Sacavém e Prior Velho (3.078 – 19%) e União de
Freguesias de Santa Iria de Azóia, Bobadela e São João da Talha (2.326 – 14%; ver Tabela 1).
Desta forma, estas freguesias reúnem mais de 60% da população estrangeira do Concelho.
TABELA 1. DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO ESTRANGEIRA NAS DIVERSAS FREGUESIAS DO CONCELHO DE LOURES
Distribuição por sexo
Em 2011, a população estrangeira residente em Portugal era constituída maioritariamente
por mulheres (206 410), sendo que os homens representavam 47,7% do total de imigrantes.
Estes dados revelam uma alteração nessa década, uma vez que, em 2001, os estrangeiros
em maior número eram os de sexo masculino (54%).12
12
ACIDI (actualmente ACM) http://www.oi.acidi.gov.pt/modules.php?name=Content&pa=showpage&pid=123
22
TABELA 2 . DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO PORTUGUESA E ESTRANGEIRA POR GÉNERO
No concelho de Loures os imigrantes do sexo masculino prevalecem sobre os do sexo
feminino, com uma percentagem de 54,36%, sendo também esta a tendência no caso dos
imigrantes com estatuto legal de residente: em 2008, a maioria eram do sexo masculino –
52,2% –, embora esse valor tenha sofrido uma redução em 2009, passando para os 51,5%.
De 2008 para 2009 verificou-se uma diminuição do número de residentes com vistos
de longa duração (menos 65 residentes com visto de longa duração), tendo, contudo, havido
um aumento dos residentes com título de residência, com um acréscimo de 368 residentes
nestas circunstâncias.
Estrutura etária e estado civil
A população estrangeira residente em Portugal, em 2011, apresentava uma estrutura
etária mais jovem do que a portuguesa, concentrando-se, sobretudo, nas idades entre os 15
e os 44 anos. A proporção de indivíduos em idade ativa era superior na população
estrangeira, 82,4%, em comparação com 65,5% na população de nacionalidade portuguesa.
A população idosa encontra-se pouco representada na população estrangeira, apenas 5% do
total13.
O estado civil mais frequente na população estrangeira, em 2011, era o solteiro (com
uma percentagem de 53% vs. 40% na população portuguesa). Por sua vez, os estrangeiros
legalmente casados representavam 39% (em comparação com os 47% para a população
portuguesa).
De referir que, num estudo realizado pela Câmara Municipal de Loures em 2010 aos
imigrantes das diferentes freguesias, 51% dos inquiridos revelou ser casado ou viver em
união de facto.14
Escolaridade
A percentagem de população estrangeira com um nível de escolaridade inferior ao 3º
ciclo do ensino básico era de 28,2%, enquanto na população portuguesa esse valor ascendia
aos 40,6%. O ensino secundário e pós-secundário era o nível de escolaridade mais
representado na população estrangeira com 32,7%, enquanto que na população nacional
este nível representava apenas 19,9%. Apenas no ensino superior a população portuguesa
13
INE http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui= 150126943 &DESTAQUESmodo=2 14
Da Silva, P. (2010). Imigrantes em Loures: Retrato dos Percursos e Fixação no Território. Divisão de Igualdade e Cidadania - Câmara Municipal de Loures, Loures.
23
apresentava um valor ligeiramente superior ao total da população estrangeira, 16,6% e
14,4%, respetivamente.
De assinalar que as nacionalidades com níveis de escolaridade mais baixos15 eram as
dos PALOPs, onde a população com nível de escolaridade abaixo do 3º ciclo do ensino básico
chegava aos 66% no caso de Cabo Verde, 44,6% no caso da Guiné-Bissau, e 41,3% para a
população de São Tomé e Príncipe. Também a comunidade chinesa apresentava baixos
níveis de escolaridade, com a população com escolaridade inferior ao 3º ciclo a representar
45,5%.
Os dados referentes ao concelho de Loures, apenas podem ser aferidos para uma
amostra recolhida pela Câmara Municipal de Loures, em 2010, em que 39,7% dos inquiridos
afirmou ter estudos de nível básico e 38,3% estudos de nível médio. 16
Atividades económicas e profissões adotadas
De um modo geral, as principais profissões da população estrangeira não eram
distintas das profissões que empregavam mais portugueses. As três principais profissões da
população estrangeira integravam-se no grupo das quatro principais profissões dos
portugueses empregados. Em termos gerais, esta distribuição é comum à nacionalidade
brasileira, às dos PALOPs bem como aos cidadãos da Ucrânia, Roménia e Moldávia17 (ver
também Tabela 3).
15
ACIDI (actualmente ACM) http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/stats/trabalho/habilitacoes_ate_2010.pdf 16
Da Silva, P. (2010). Imigrantes em Loures: Retrato dos Percursos e Fixação no Território. Divisão de Igualdade e Cidadania - Câmara Municipal de Loures, Loures. 17
ACIDI (atualmente ACM)
http://www.oi.acidi.gov.pt/modules.php?name=Content&pa=showpage&pid=123Erro! A origem da
referência não foi encontrada.
24
TABELA 3. ATIVIDADE PROFISSIONAL DA POPULAÇÃO ESTRANGEIRA EM PORTUGAL POR NACIONALIDADE
A profissão de trabalhadores nas limpezas era a principal para oito das 12
nacionalidades estrangeiras mais representativas, destacando-se os 34% da população cabo-
verdiana, 31% dos são-tomenses, e 22,9% dos cidadãos da Guiné-Bissau. Por sua vez, os
trabalhadores qualificados da construção representavam 19,3% da comunidade guineense
empregada, 15,7% da moldava, 12,7% da cabo-verdiana, e 10,9% dos trabalhadores
romenos18.
18
INE http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui= 150126943&DESTAQUESmodo=2
Nacionalidade Actividade
Brasil
Alojamento, Restauração E Similares (24,7%) Comércio Por Grosso E A Retalho; Reparação De Veículos Automóveis E Motociclos (17,1%) Actividades Administrativas E Dos Serviços De Apoio (15%) Construção (12,8%) Indústrias Transformadoras (8,4%)
Ucrânia
Construção (19%)Indústrias Transformadoras (18,2%)Outras Actividades De Serviços (13,5%)Actividades Administrativas E Dos Serviços De Apoio (11,5%) Alojamento, Restauração E Similares (10,4%)Comércio Por Grosso E A Retalho; Reparação De Veículos Automóveis E Motociclos (8,4%)Transportes E Armazenagem (6,9%)
Cabo-Verde
Actividades Administrativas E Dos Serviços De Apoio (38,9%) Alojamento, Restauração E Similares (16,5%)Construção (15,3%)Comércio Por Grosso E A Retalho; Reparação De Veículos Automóveis E Motociclos (8,1%)
Angola
Actividades Administrativas E Dos Serviços De Apoio (25,7%) Alojamento, Restauração E Similares (16,9%)Construção (14,2%)Indústrias Transformadoras (7,5%)Actividades De Saúde Humana E Apoio Social (6,9%)
Guiné-Bissau
Actividades Administrativas E Dos Serviços De Apoio (45,6%) Construção (26,1%) Alojamento, Restauração E Similares (11,5%) Comércio Por Grosso E A Retalho; Reparação De Veículos Automóveis E Motociclos (5,7%)
China
Comércio Por Grosso E A Retalho; Reparação De Veículos Automóveis E Motociclos (62,6%) Alojamento, Restauração E Similares (34,4%)
25
Os chineses distinguem-se das restantes comunidades estrangeiras pelo elevado
número de vendedores em lojas, com 42,5% exercendo cargos de diretores, e 21,8% de
gerentes do comércio.
Decorrente das principais profissões da população estrangeira, as atividades
económicas mais representadas eram a restauração, a promoção imobiliária/ construção de
edifícios, e o comércio a retalho (exceto de veículos), que empregavam, respetivamente,
12,6%, 12,0%, e 11,8% dos estrangeiros em Portugal.
Na restauração destacavam-se as comunidades chinesa com 20,9%, brasileira com
16,6% e a são-tomense com 15,4%. A educação destacava-se como atividade económica nas
nacionalidades do Reino Unido (18,1%), Espanha (10,6%) e França (7,5%), enquanto a área
da saúde era a atividade económica que empregava mais espanhóis (16,2%).
Comparando os trabalhadores portugueses com os trabalhadores estrangeiros por
atividade económica, concluímos que existe uma predominância de trabalhadores
estrangeiros nas atividades económicas evidenciadas na Tabela 419.
19
INE http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui= 150126943 &DESTAQUESmodo=2
26
TABELA 4. PERCENTAGEM DE CIDADÃOS DE ORIGEM PORTUGUESA E ESTRANGEIRA POR ATIVIDADE ECONÓMICA
No concelho de Loures não existe informação exaustiva sobre a situação profissional
dos imigrantes, mas num inquérito à população imigrante levado a cabo em 2010, já
anteriormente citado, 43,56% dizia estar a trabalhar, ou a trabalhar e a estudar.20
Religião
A nível nacional, quando falamos em termos da religião professada pelos imigrantes,
no total da população de nacionalidade estrangeira, a religião católica surge em primeiro
lugar (41,2%), seguindo-se a ortodoxa com 13,8%. A religião católica aparece como sendo a
mais representada para os cidadãos de Cabo-Verde, França, Espanha, São Tomé e Príncipe,
Brasil, Angola e Guiné-Bissau, enquanto a religião ortodoxa surge em primeiro lugar para a
Ucrânia, Roménia e Moldávia. Entre os nacionais do Reino Unido, a maior parte da
população declarou ser protestante enquanto os chineses declararam, maioritariamente,
não ter religião. Ainda de assinalar o facto da opção “sem religião” surgir entre as 3
primeiras opções na maior parte dos países analisados21.
No estudo à população imigrante realizado pela Câmara Municipal de Loures em
2010, 86,5% dos inquiridos declarou ter crenças religiosas, sendo 50% católicos, 11%
evangélicos, 9% muçulmanos e 6% ortodoxos22.
20
Da Silva, P. (2010). Imigrantes em Loures: Retrato dos Percursos e Fixação no Território. Divisão de Igualdade e Cidadania - Câmara Municipal de Loures, Loures. 21
ACIDI (actualmente ACM) http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/ stats/trabalho/habilitacoes_ate _2010.pdf 22
Da Silva, P. (2010). Imigrantes em Loures: Retrato dos Percursos e Fixação no Território. Divisão de Igualdade e
Cidadania - Câmara Municipal de Loures, Loures.
Actividade Portugueses Estrangeiros
Agricultura, Produção Animal, Caça, Floresta E Pesca 1,7% 2,2%
Captação, Tratamento E Distribuição De Água; Saneamento, Gestão De Resíduos E Despoluição
0,7% 0,8%
Construção 9,9% 15%
Comércio Por Grosso E A Retalho; Reparação De
Veículos Automóveis E Motociclos
19,3% 14,6%
Alojamento, Restauração E Similares 6,3% 19,1%
Actividades Administrativas E Dos
Serviços De Apoio
8,3% 20,2%
27
Imigrantes e segurança social
A nível nacional, as contribuições financeiras dos imigrantes aumentaram de 433,4
milhões de euros, em 2002, para 580,2 milhões de euros, em 2010.
Por seu lado, as prestações sociais referentes às prestações de desemprego, subsídio
por doença, prestações de maternidade, prestações familiares e rendimento social de
inserção aumentaram de forma ininterrupta e mais rápida, passando de 29,9 milhões de
euros, em 2002, para 211,6 milhões de euros, em 2010.
As pensões continuam ainda a ter um peso reduzido entre os estrangeiros:
aumentaram de 21,6 milhões de euros, em 2002, para 52,6 milhões de euros, em 2010.
Calculando o saldo entre receitas (contribuições) e despesas (prestações sociais e
pensões), os números são amplamente positivos. Embora de forma decrescente, os
imigrantes estrangeiros foram sempre grandes contribuintes líquidos do sistema: o saldo
positivo correspondente a esta subpopulação passou de 381,9 milhões de euros, em 2002,
para 316 milhões de euros, em 2010.
Subsídio de desemprego
Em relação ao subsídio de desemprego, do total de beneficiários de subsídio de
desemprego (599 239) em Portugal, apenas 7% eram, em 2010, estrangeiros. Do total de
portugueses, 52% de mulheres e 48% de homens beneficiavam do subsídio de desemprego,
em 2010. Do total de estrangeiros que beneficiavam do subsídio de desemprego, também
52% eram mulheres e 48% homens a esta data.
A distribuição dos beneficiários do subsídio de desemprego por grupo de origem
encontra-se descrita na Tabela 523.
TABELA 5. DISTRIBUIÇÃO DOS BENEFICIÁRIOS DO SUBSÍDIO DE DESEMPREGO POR GRUPO DE ORIGEM
23 ACIDI (actualmente ACM) http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Estudos%20OI/Estudo49_WEB.pdf
Origem Sub-origem
27% de origem Africana Destes 92% são oriundos dos PALOP, pela seguinte ordem
existem mais beneficiários provenientes de Angola, Cabo-
Verde, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Moçambique.
36% de origem América Sendo que 97% são oriundos do Brasil
3% de origem Asiática
34% de origem Europeia Pela seguinte ordem : Ucrânia, Roménia, Moldávia,
Bulgária, Rússia, França, Espanha e Alemanha.
28
As atividades económicas com mais desempregados estrangeiros em 2010
encontram-se especificadas na Tabela 624.
TABELA 6. DESEMPREGO DA POPULAÇÃO ESTRANGEIRA POR ÁREA DE ATIVIDADE (2010)
Subsídio de doença
No que diz respeito a subsídios de doença, do total de beneficiários do subsídio por
doença (527.513) em Portugal, em 2010, apenas 4% eram estrangeiros. Do total de
portugueses, 61% de mulheres e 39% de homens beneficiavam do subsídio de desemprego,
enquanto que, no caso dos estrangeiros, essas percentagens correspondiam a 63% de
mulheres e 37% de homens25. A Tabela 7 apresenta a distribuição dos subsídios de doença
para a população estrangeira por continente de origem.
24
ACIDI (actualmente ACM) http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Estudos%20OI/Estudo49_WEB.pdf 25
ACIDI (actualmente ACM) http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Estudos%20OI/Estudo49_WEB.pdf
Actividades imobiliárias, administrativas e
dos serviços de apoio
26,45%
Construção 21,77%
Alojamento, restauração e similares 17,42%
Outras actividades de serviços 8,28%
Comércio por grosso e a retalho 7,18%
Admin. pública, educação, actividades de
saúde e apoio social
3,23%
Agricultura, produção animal, caça, floresta
e pesca
2,93%
29
TABELA 7. DISTRIBUIÇÃO SUBSÍDIOS DE DOENÇA PARA A POPULAÇÃO ESTRANGEIRA POR CONTINENTE DE
ORIGEM
Rendimento Social de Inserção (RSI)
Em 2010, do total de beneficiários (206 700) do RSI, 95% eram portugueses e 5% eram
estrangeiros. Dos beneficiários estrangeiros, aqueles em maior número eram oriundos de
Cabo-Verde (20%), Angola (15%), Brasil (14%), Guiné-Bissau (11%), Roménia (11%), Ucrânia
(7%), e Bulgária (2%)26.
Complemento solidário para idosos (CSI)
Do total de beneficiários do CSI, destacam-se os portugueses (81%) e os beneficiários
de origem PALOP (6%), sendo que, dos beneficiários de origem PALOP, 92,5% são de Cabo-
Verde, corroborando a afirmação de que a comunidade mais antiga27 de imigrantes em
Portugal é de origem cabo-verdiana.
Imigração e Habitação
Recentemente, o Alto Comissariado para as Migrações (ACM) realizou uma análise
sobre as condições de acesso à habitação e condições de alojamento dos imigrantes por
regiões do país28 de forma a identificar padrões no regime de ocupação dos alojamentos.
Segundo esses dados, 24,1% dos imigrantes residentes em Loures declararam ser
proprietários de habitações e 67,1% ser arrendatários.
O mesmo relatório revelou que no concelho de Loures 50,6% dos imigrantes viviam,
em 2011, em situação de alojamento sobrelotado.
26
ACIDI (actualmente ACM) http://www.oi.acidi.gov.pt/docs/Estudos%20OI/Estudo49_WEB.pdf 27
ACIDI (Actualmente ACM)(2008) http://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=2&ved=0CC8QFjAB&url=http%3A%2F%2Fwww.oi.acidi.gov.pt%2Fdocs%2FColeccao_Comunidades%2F2_comunidades_cabo_verdianas.pdf&ei=k2OQU5m0Fumc0AW-7oCQCg&usg=AFQjCNFlI0WJHcnSZFyQRLnnGbLHJvxrqQ&bvm=bv.68235269,d.d2k 28
De Oliveira, C. R., & Gomes, N. (2014). Monitorizar a integração de Imigrantes em Portugal. Relatório Estatístico Decenal (Vol. 1). ACM, IP.
Origem Sub-origem
25% de origem Africana Destes 95% são oriundos dos PALOP, pela seguinte ordem
existem mais beneficiários provenientes de Cabo-Verde,
Angola, Guiné-Bissau, São Tomé e Príncipe e Moçambique.
40% de origem América Sendo que 96% são oriundos do Brasil
2% de origem Asiática
32% de origem Europeia Pela seguinte ordem: Ucrânia, Roménia, Moldávia,
Espanha, Bulgária, Rússia, França e Alemanha.
30
De salientar ainda que, apenas 1,16% da população estrangeira do concelho residia
em alojamentos não clássicos (barracas, alojamentos improvisados, alojamentos móveis),
uma percentagem que, embora baixa, é superior à percentagem total dos estrangeiros em
Portugal (0,65%) e ainda mais em relação aos portugueses (0,15%).
Em síntese, esta secção procurou, recorrendo aos dados estatísticos mais recentes
disponíveis, esboçar a caracterização de Portugal, em geral, e do concelho de Loures, em
particular, em termos do perfil sociodemográfico dos seus habitantes, incluindo nesta
análise Portugueses, e imigrantes de países terceiros. De seguida apresenta-se um quadro
que visa resumir os pontos mais importantes desta secção.
EM SUMA, os dados referentes à caracterização dos imigrantes no concelho revelam:
• que a informação estatística e documental relativa aos imigrantes no concelho é
escassa e que os dados existentes estão dispersos e pouco atualizados.
NO ENTANTO... verifica-se que:
• nas áreas em que foi possível realizar uma comparação, o perfil do imigrante de
Loures corresponde, em grande medida, ao perfil do imigrante em Portugal;
• os imigrantes representam 8% da população de Loures, sendo maioritariamente de
origem PALOP, mas apresentando uma grande diversidade em termos das suas
nacionalidades;
• os imigrantes parecem estar sobretudo mais presentes nas Freguesias de Camarate,
Unhos e Apelação, União de Freguesias de Sacavém e Prior Velho e União de
Freguesias de Santa Iria de Azóia, Bobadela e São João da Talha; e revelam uma
distribuição equilibrada por sexo. Estudos da Câmara revelam que a maioria é casada
ou vive em união de facto, e tem estudos de nível médio ou básico;
• apesar de não haver dados específicos sobre os imigrantes que residem em Loures, o
saldo financeiro dos imigrantes em Portugal é positivo, o que quer dizer que as suas
contribuições são superiores aos benefícios de que usufruem.
• no concelho de Loures as situações de habitação precária, não tradicional entre os
imigrantes, são ligeiramente superiores à média nacional.
31
Capítulo 2: Caracterização dos recursos/serviços de apoio e suporte à comunidade imigrante (Estudo 2) e levantamento da opinião da população imigrante (Estudo 3)
Este capítulo pretende dar conta dos objetivos 2, 3, 4 (Estudo 2) e 5 e 6 (Estudo 3)
do Diagnóstico Local. Nesse sentido serão apresentados os resultados do Estudo 2:
Caracterização dos recursos/serviços de apoio e suporte (públicos e privados) à comunidade
imigrante em diversas áreas; identificação das diferentes áreas de atuação das entidades de
apoio à comunidade imigrante, os constrangimentos na prestação dos serviços, as
necessidades na sua área de atuação e as oportunidades existentes para a melhoria dos
serviços prestados; e identificação dos processos de articulação entre os diversos
serviços/entidades que prestam apoio à comunidade imigrante, a existência de sinergias, e
possíveis sobreposições de competências/áreas de atuação das entidades; e do Estudo 3:
Levantamento da opinião da população imigrante residente no concelho de Loures sobre as
entidades que aí atuam.
Método
Instrumentos
Os guiões29 das entrevistas (Estudos 2 e 3) foram construídos com base nos
objetivos definidos para o Diagnóstico Local, estando totalmente adaptados ao contexto do
concelho de Loures e, no caso do Estudo 2, à área de atuação das entidades que
participaram na entrevista.
Mais concretamente, o guião é constituído por três secções: a primeira secção inclui
questões para aceder a informação geral sobre a entidade (p. ex., natureza e área(s) de
atuação da entidade); a segunda secção remete para a caracterização dos recursos/serviços
disponíveis para a comunidade imigrante: quais as necessidades dos imigrantes e de que
forma estão a ser colmatadas, quais as boas práticas, quais as áreas a melhorar, quais os
constrangimentos e oportunidades na prestação de serviços a imigrantes, e quais as ações
específicas desenvolvidas em função das necessidades da comunidade imigrantes; a terceira
e última secção inclui questões que permitem aceder à caracterização sociodemográfica dos
entrevistados.
O guião do Estudo 3 é também constituído por três secções: a primeira secção inclui
questões gerais para aceder à caracterização sociodemográfica dos entrevistados (p. ex.,
idade); a segunda secção remete para o levantamento da opinião dos entrevistados: quais
as necessidades dos imigrantes e de que forma estão a ser colmatadas, como são percebidos
os imigrantes, que estruturas de apoio aos imigrantes parecem funcionar melhor e pior,
quais as áreas a melhorar, existência de uma preocupação com a multiculturalidade (ações
levadas a cabo, formação de técnicos, promoção da multiculturalidade), qual a visibilidade 29
O guião das entrevistas realizadas às entidades encontra-se no Anexo I e o guião das entrevistas realizadas aos imigrantes encontra-se no Anexo II.
32
os imigrantes no concelho (se é dada voz aos líderes de associações imigrantes, se há apoio
por parte dos meios de comunicação social); a terceira e última secção inclui a finalização
das entrevistas (questões/comentários por parte dos entrevistados).
Participantes
Participaram no Estudo 22 representantes de entidades locais de todas as áreas
explicitadas no Plano, excetuando-se a área Racismo e Discriminação, na qual não foi
possível estabelecer contacto atempado com nenhuma entidade. Destas, 20 foram
entrevistas individuais e uma foi feita com dois representantes de uma mesma entidade.
Mais concretamente, participaram representantes de três instituições religiosas; quatro IPSS
(p. ex., Centros sociais ligados a algumas igrejas) privadas e públicas; uma organização não
governamental para o desenvolvimento; uma entidade na área da comunicação
social/media; uma associação de moradores de um bairro; uma entidade privada sem fins
lucrativos; quatro entidades da área escolar/educação, formação e emprego; uma entidade
ligada à cultura; uma entidade ligada à habitação social; duas entidades ligadas à integração
e acolhimento, e um representante da área da saúde. Adicionalmente, foi entrevistado um
representante da polícia de segurança pública e um representante do poder local.
Neste sentido as áreas de atuação das entidades entrevistadas são diversas,
nomeadamente, apoio domiciliário; apoio alimentar; apoio a crianças e jovens; apoio ao
nível da educação, formação, emprego e empreendedorismo; atendimentos gerais à
população para questões diversas; apoio espiritual e social.
No que ao Estudo 3 diz respeito participaram 30 imigrantes, de ambos os sexos (70%
do sexo masculino), com idades compreendidas entre os 20 e os 62 anos, com permanência
em Portugal que varia entre os 8 meses e os 26 anos, residentes no concelho de Loures, e
com diferentes nacionalidades (Angola, Brasil, Cabo-Verde, China, Guiné-Bissau, S. Tomé,
Senegal). Em termos laborais, um pouco mais de metade dos entrevistados encontra-se a
trabalhar (aproximadamente 57%), em áreas sobretudo do setor terciário (p. ex., serviços de
limpeza, serviços de alimentação, comércio, transportes). Cerca de 30% estão
desempregados, sendo o seu último trabalho, maioritariamente, na área da construção
civil30.
Procedimento de recolha
Para a realização das entrevistas do Estudo 2 foram, num primeiro momento,
estabelecidos contactos com diferentes entidades, através de email, contacto telefónico e
de forma presencial, tendo em conta as diferentes áreas de atuação a incluir no Diagnóstico
Local. Foram depois agendadas entrevistas, que foram efetuadas por um colaborador do
CIS-IUL. As entrevistas decorreram, maioritariamente, em Loures, no local de trabalho dos
entrevistados. As mesmas foram realizadas em ambiente apropriado: em sala apropriada,
30
Era nossa intenção entrevistar imigrantes de nacionalidade Indiana e Moçambicana, mas apesar do estabelecimento de alguns contactos, não foi possível conduzir nenhuma entrevista de forma atempada.
33
procurando-se limitar as interrupções e a presença de outras pessoas e/ou barulho durante
a entrevista. Nas entidades para as quais não foi possível fazer uma entrevista presencial, foi
enviado o guião por email, tendo sido feita a receção das respostas dias mais tarde.
Para a realização das entrevistas do Estudo 3, foi feito um contacto com alguns
habitantes do concelho de Loures, que por sua vez entraram em contacto com vários
imigrantes residentes ou trabalhadores neste concelho no sentido de solicitar a sua
colaboração. Em ambos os casos, foi discutido o guião antes da sua aplicação e, antes de se
proceder à gravação áudio das entrevistas, foi lido o consentimento informado; só após este
consentimento é que foram conduzidas as entrevistas. As entrevistas tiveram a duração
média de 30 minutos.
A participação nos Estudos 2 e 3 foi, assim, feita de forma voluntária, tendo ainda
sido garantida a confidencialidade da informação pessoal dos entrevistados, seguindo-se os
procedimentos éticos habituais no âmbito da recolha de dados no CIS-IUL (ex., pedido de
consentimento para gravação áudio da entrevista; disponibilidade para devolver a
informação no final do estudo). Assim, os resultados apresentados neste capítulo não
permitem a identificação dos entrevistados, sendo apenas apresentada a caracterização
geral das entidades que participaram neste estudo (natureza, área(s) de atuação, e tipo de
apoio prestado; Estudo 2), bem como uma caracterização geral dos participantes do Estudo
3 (p. ex., perfil profissional, etário, e de género).
Procedimento de análise
Num primeiro momento, foi feita a transcrição de todas as entrevista efetuadas
(verbatim). Após a leitura integral de cada uma delas foi feita uma análise temática indutiva
(Braun & Clarke, 200631), ou seja, baseada nos dados. As unidades de análise escolhidas
correspondem a unidades semânticas, i.e., unidades de texto (palavras ou frases) com
conteúdo semântico (fazendo referência ao mesmo tema). Por sua vez, estas unidades
foram agrupadas em temas-chave, que visam captar os principais aspetos encontrados, de
forma transversal, nas várias entrevistas efetuadas, quer entre as entidades, por um lado,
quer entre os imigrantes, por outro (Braun & Clarke, 2006). Estes temas-chave encontram-se
descritos nos Resultados (referenciados em itálico).
O processo de análise foi sendo discutido com outros elementos da equipa sempre que
considerado relevante.
Resultados
Os resultados serão apresentados seguindo três pontos essenciais: 1) necessidades
e/ou problemas com os quais os imigrantes se deparam; 2) de que modo é que esses
problemas são colmatados; 3) sugestões a contemplar num plano de integração (PMII).
A situação legal em Portugal é um dos temas centrais que emerge das entrevistas
conduzidas em ambos os Estudos (estudo 2 e estudo 3):
31
Braun, V. and Clarke, V. (2006) Using thematic analysis in psychology. Qualitative Research in Psychology, 3 (2). pp. 77-101. ISSN 1478-0887
34
“…Emigram a maior parte das vezes com um visto que não é para trabalho, um visto turístico
e vão ficando. Portanto logo aí coloca-se o primeiro problema: estão em situação ilegal”(E1).
“Primeiro de tudo é documento” (I21).
Aos custos elevados associados à regularização [“regularização dispendiosa”(E22)]
acresce a “burocratização excessiva” (E22) inerente a este processo e que foi referida por
algumas entidades [“não tem havido facilidades, antes pelo contrário, cada vez há mais
dificuldades para eles conseguirem tratar da documentação, isso é uma realidade” (E15)].
Para alguns imigrantes (Estudo 3), acresce ainda o facto de considerarem que a informação
que é dada por parte das entidades responsáveis pela legalização é, muitas vezes,
contraditória:
“O meu problema... eu até agora meti a minha nacionalidade, e não saiu até agora não sei
porquê. A dificuldade que estou a passar é a dificuldade do meu documento” (I6).
“Olhe eu acredito que é a informação, quando estamos numa situação irregular e queremos
estar regular, então as informações, eu acho que elas são muito contraditórias. Porquê, pois
para você estar regular a primeira coisa que eles pedem é que você tenha um trabalho com
contrato, e as empresas por si pedem que você esteja regular para lhe poder dar esse
contrato. Então isso para mim é muito confuso, são duas coisas que não casam, eu vejo a
coisa muito por aí” (I49).
Apenas uma entidade refere a falta de informação dos técnicos - desconhecimento
da língua de origem de alguns imigrantes, ao nível da informação que é prestada (“direitos e
deveres” E12), sem preparação para acolher imigrantes.
A situação legal no país tem um efeito spill over nos vários domínios da vida dos
imigrantes: no (acesso) emprego, habitação e saúde:
“Existem situações de falta de cumprimento na vigilância da saúde” (E2)).
“ Sabe porque eu também tinha médico familiar (....) nunca foi ao médico há 14 anos. Então quando cheguei foi para lá, e dizem que não tenho medico, tiraram-me o médico, fiquei sem médico. Estou cá há 23 anos, tudo fiz aqui, desconto aqui, durante 23 anos estou a descontar aqui. E tiraram-me o médico, não capaz de me dar um outro médico, então fiquei à espera. Essa é uma preocupação, saúde e teto. Agora a minha preocupação é só essa” (I6).
“Quando se fala na integração estamos a falar em diversas coisas, não é? (…) Que é as que
precisam de se legalizar para primeiro emprego e trabalhar (…) ter um médico de saúde,
habitação não se fala. Não vais arrendar hoje uma casa sem um contrato de arrendamento e
para ter um contrato de arrendamento é preciso ter muitos dos outros documentos de que já
falei” (I12).
“Há aqui tanta gente (…)E não há trabalho (…)É mesmo complicado, não há trabalho. (…)
Aqui não tem saúde nenhum! Onde é que está centro de saúde?”(I3)
35
“Não tendo documento não se pode fazer nada, perde-se o emprego epá é preciso o número
de contribuinte o número de finanças em dia, número de identificação fiscal. Chegas aí para
pedir o número de identificação fiscal e ia ao secretariado da segurança social é preciso para
ter trabalho, então para ter trabalho os patrãozitos, o segundo para teres não te dão
trabalho porque quanto mais pessoas terem empregado mais dinheiro tem que deixar nas
finanças, então sendo assim aquela pescadinha rabo na boca vai ficando, tens que ficar
no anonimato e pedindo, por exemplo para trabalhar tens que pedir um documento
emprestado do ano passado a trabalhar a nome daquele fulano que tem documento” (I9).
“Primeiro a documentação e depois emprego”; “não tem rendimento não tem rumo, não
tem nada, fica tudo empatado”; “as pessoas precisam de se legalizar para primeiro emprego
e trabalhar, na consulta médica, ter médico de família, habitação nem se fala (…) para ter
contrato de arrendamento é preciso ter muitos outros documentos de que já falei (I6).
Algumas entidades fazem também referência ao facto de existir um desconhecimento,
por parte dos imigrantes sobre os mecanismos e entidades de apoio a imigrantes e, muitas
vezes, um receio em estabelecer esses mesmos contactos, tendo em conta a sua situação de
vulnerabilidade social. Este ponto é também reconhecido por alguns dos imigrantes
(“quando não sabem não se informam, e depois vão pelo que o amigo/vizinho diz e depois dá
tudo errado e nada fica resolvido”(I16) e constatado aquando das entrevistas conduzidas no
Estudo 3: mais de 60% dos participantes imigrantes, “não conhece” ou “não sabe” da
existência dessas estruturas de apoio. Dos que dizem conhecer, apenas alguns dão exemplos
claros, sobretudo de entidades sediadas na Quinta do Mocho/Terraços da Ponte (“o Sr.
Camilo”; “a Casa da Cultura”):
“As pessoas não têm muita informação sobre os recursos que existem, e às vezes andam um
bocado perdidas” (E14).
“Eu nunca foi.. eu não sabia que está lá em Loures. Eu pensava que era só em Lisboa, a casa
do imigrante, como ali como disse em Arroios, que é...há uma em Lisboa que eu sei, mas
nunca lá fui” (I6).
“Serviço de emigrante, como eu estava a dizer não tou muito bem informado, tenho obtido
muita pouca porta nesse aspeto” (I9).
“Por acaso eu não conheço, já ouvi dizer que tem, mas eu não conheço (I18)”.
Associado aos constrangimentos laborais com que os imigrantes se deparam, surgem
constrangimentos financeiros. A falta de oportunidades de trabalho e a sua precariedade (e,
neste sentido, a dificuldade em conseguir um contrato de trabalho) estão, na maior parte
das vezes, na base desta questão. Tal como é referido por uma das entidades:
36
“No meu entender, os imigrantes quando chegam a Portugal, vêm com expectativas de uma
vida melhor e com a ideia que conseguem sobreviver através de alguns apoios sociais até
conseguirem algum emprego que lhes permita ter a regularização no país. A realidade é
outra” (E2).
“Não tendo documentos, não podem ter acesso aos subsídios do Estado Português” (E2).
As situações de carência alimentar parecem ser, então, cada vez mais frequentes:
“Temos muita gente, neste momento, a ser beneficiário das cantinas sociais (…) que estão
inseridas no Plano de emergência social” (E19).
Um outro tema que emerge nas entrevistas efetuadas, sobretudo às entidades,
remete para constrangimentos linguísticos, educacionais e formativos. As barreiras
linguísticas são um obstáculo na comunicação com os serviços e consequentemente na
resolução da sua situação:
“Temos tido constrangimentos linguísticos, constrangimentos de âmbito social (dificuldades
financeiras) e de resolução de situações mais complexas, daí que muitas vezes seja
necessário o reencaminhamento para outras entidades que ainda assim não resolvem a
questão da regularização” (E7).
“Eu aquilo que vejo, aquilo que vejo tem a ver com a linguagem e a documentação. O
primeiro impacto é poder falar como deve ser e estar informado sobre o que é que há pelas
redondezas de Loures, e acho que as pessoas normalmente não sabem. E a linguagem é a
primeira…” (E3).
“…Dificuldade de comunicação que eles têm, mesmo ao nível da inscrição para o emprego,
às vezes eles não nos conseguem entender e nós não os conseguimos entender a eles” (E22)
Sobre este tema, apenas uma minoria dos participantes (n =1) fazem referência
explícita a constrangimentos linguísticos (p. ex., uma entrevista a um imigrante chines),
apesar deste ponto ter sido notório aquando da condução das entrevistas.
Ainda, a baixa escolaridade/qualificação agrava a situação de procura de emprego e
de procura de soluções para o seu problema. O processo de capacitação é longo e as
formações efetuadas não dão equivalência escolar, o que muitas vezes se traduz na
manutenção de um processo de habilitações não reconhecido. Novamente a situação da
regularização no país agrava algumas das situações.
37
Apesar da baixa escolarização não ser uma questão emergente nas entrevistas dos
imigrantes, alguns deles apontam dificuldades no acesso ao mercado formativo associado ao
seu estatuto de imigrante, que consideram ser percecionado como sendo visto de forma
negativa (“ninguém quer fazer contrato porque é estrangeiro”I15). Acresce o facto de em
situações de crise como a que se vive atualmente esta perceção ser maior.
Ainda, na área da habitação, em particular, a situação é precária (condições sociais
precárias/habitação precária) se num primeiro momento vêm muitas vezes para casa de um
familiar (“… a permanência de imigrantes em casa de familiares e amigos, porque a despesa
com a renda da casa é menor…”E5), com o tempo, esta situação torna-se incomportável.
“Há pessoas que não têm lugar para ficar, há outros que até conseguem logo, mas passado
um tempo são despejados, há outros que passam fome, tenho muitas amigas que já
passaram por isso e que já sofreram muito, eu nunca passei por isso”(I18)
Neste sentido, o acesso a habitação é, em alguns casos, feita “ao abrigo de protocolos de
cooperação no âmbito da saúde” ou em casos de extrema vulnerabilidade “e/ou se
recenseados no Programa Especial de Realojamento, processa-se ao realojamento da família
ou pessoa isolada” (E19). No entanto algumas entidades apontam como desafios e
obstáculos nesta área “a falta de medidas estatais no âmbito das políticas de habitação
social, a insuficiência de fogos municipais face à procura, e os preços elevados do mercado
de arrendamento livre”; “efetivamente a habitação é uma necessidade que ainda não está
de todo a ser preenchida para as necessidades das pessoas”E19).
A questão da habitação é também mencionada pelos imigrantes que apontam algumas
limitações aos espaços que lhe são dados, ainda que valorizem esta questão:
“..Porque a Câmara fizeram esta casa social, apoiar muito o imigrante (…). Eles é que deram
à gente.. eu moro ali em baixo.. eles é que fizeram aquele bairro social. Mas também está
muito mal assim, porque quando no primeiro dia que estão a entregar a chave eu disse ele
"têm o meu filho e tem a minha esposa que um dia chegou… como vou fazer na casa
solteiro? estamos juntos". Isso também para mim ficou mal, e eu estou a pedir, pronto..
tentei pedir a eles para me cambiar de casa…”(I6)
Em algumas das entrevistas com imigrantes é, ainda, apontado um outro problema:
o do choque cultural no processo de integração (“a integração é difícil, logo que nós
chegamos, estar a lidar com a cultura portuguesa, porque nós viemos de países que têm
culturas diferentes”E3). Este aspeto é também mencionado por algumas entidades (“…eles
já chegaram à conclusão de que uma coisa é falar o português, outra coisa é entender a
cultura portuguesa que é uma coisa completamente diferente e isso acontece
particularmente em relação aos brasileiros”E3).
Relativamente ao ponto dois, i.e., ao modo como as necessidades/problemas estão a ser
colmatados, as entidades fazem referência às ações levadas a cabo por cada uma delas, o
que remete para aspetos como: acompanhamento e aconselhamento individualizado (p. ex,
“Levar ao SEF para as questões da legalização”; “Levar á embaixada”), que muitas vezes se
traduz em apoio informativo (ex., reconhecimento da carta de condução) e apoio jurídico;
38
encaminhamentos para serviços adequados aos problemas e necessidades das pessoas (p.
ex., CNAI; CLAI, IEFP, Segurança Social, SEF); a existência do CLAI itinerante e o MISP
(Mediação Intercultural em Serviços Públicos); contactos com o mercado de trabalho; apoio
alimentar, apoio domiciliário, apoio linguístico (ações de aprendizagem da língua
portuguesa). A criação de unidades de residência temporárias ou de fogos para ocupações
temporárias, para apoio aos imigrantes “até se autonomizarem no seu projeto de vida”.
Algumas comunidades religiosas parecem também ter um papel importante na
divulgação de oportunidades de emprego. Algumas entidades procuram estágios
remunerados, ou desenvolver planos de voluntariado como estratégia de primeiro contacto
com o tecido empresarial. Na área dos media a entidade entrevistada refere ter uma
preocupação em noticiar aspetos positivos (“o Bairro i o mundo por exemplo”), e das a
conhecer as comunidades imigrantes do concelho.
Finalmente, em termos de estratégias gerais a contemplar num plano de integração, as
entidades sugerem: uma maior aposta na inserção profissional; formações mais próximas
das pessoas; mais ações de aprendizagem da língua portuguesa (cursos) podendo fazê-lo
através de um maior envolvimento da comunidade escolar; uma maior aposta ao nível da
informação prestada pelos serviços (p. ex., sensibilização para os direitos dos trabalhadores
que não são portugueses; uniformização da informação prestada); criação de incentivos à
contratação de imigrantes de países terceiros e, neste sentido, uma maior sensibilização dos
empresários. Finalmente, ações de promoção de contacto entre imigrantes e a sociedade de
acolhimento e a manutenção de algumas atividades que já são levadas a cabo,
particularmente em contexto escolar. A possibilidade de diversificar as famílias (“trazer
famílias de classe média”) em alguns dos bairros do concelho, é apontada como uma outra
possibilidade.
Apostar em recursos humanos e financeiros nestas diferentes entidades é também
importante, para a maior parte das entidades entrevistadas:
“Mais recursos financeiros e técnicos, prolongados no tempo para darmos respostas efetivas às pessoas, ou seja, poder auxiliar as pessoas nos primeiros passos da sua integração na comunidade local, equipar e formar ao longo da vida as famílias imigrantes. Este é um trabalho que requer um investimento prolongado no tempo e daí a necessidade de uma intervenção continuada e não pontual” (E7).
Para os imigrantes, as estratégias a contemplar no Plano supracitado passam por dar
mais voz às diferentes comunidades de imigrantes, promover debates/tertúlias, eventos que
promovam a interculturalidade, e ações de esclarecimento sobre diferentes temas:
39
Por último, e não menos importante, algumas entidades destacam
-
EM SUMA, as necessidades apontadas quer pelas entidades que atuam em diferentes áreas
no concelho, quer pelos imigrantes são, na sua grande maioria, transversais e remetem
sobretudo para:
• A situação legal no país, que tem implicações claras noutras esferas da vida dos
imigrantes (emprego, saúde, habitação, sustentabilidade financeira).
• O desconhecimento pelas estruturas de apoio ao imigrante, que são referidas nas
entrevistas com as entidades e evidenciam-se nos discursos da maior parte dos
imigrantes.
• Os constrangimentos laborais e consequentemente os financeiros e sociais com que
grande parte dos imigrantes se deparam.
• As condições de vida precárias sobretudo em termos de habitação (mais destacadas
no Estudo 3/imigrantes).
• Os constrangimentos linguísticos, educacionais e formativos, é um tema que emerge
sobretudo nas entrevistas às entidades (Estudo 2) e que se constitui como um
obstáculo na procura de emprego.
• As barreiras linguísticas, em particular, são um obstáculo na comunicação com os
serviços e consequentemente na resolução da sua situação (Estudo 2).
• A dificuldade no acesso a serviços públicos muitas vezes derivada do isolamento
geográfico de alguns territórios, também se constitui como um obstáculo na
integração socioprofissional dos imigrantes.
• Algumas das estratégias usadas pelas entidades para colmatar algumas das
necessidades dos imigrantes, passam sobretudo por um encaminhamento e apoio
personalizado para serviços específicos, mesmo não sendo, muitas vezes essa a sua
função (procura de soluções á medida) Algumas associações religiosas e culturais
procuram prestar um apoio mais alargado que ultrapassa a sua própria missão
também.
• As estratégias a integrar no Plano passam, para muitos dos imigrantes, por dar voz às
próprias comunidades e pela uniformização da informação que lhes é prestada; para
as entidades destaca-se o investimento em respostas prolongadas no tempo com
apoios de continuidade.
40
Capítulo 3: Levantamento da opinião da população não-imigrante (Estudo 4)
Este capítulo apresenta os resultados do Estudo 4: Levantamento da opinião da
população não-imigrante, que pretendem dar conta do objetivo 7 do Diagnóstico Local.
Os resultados do Estudo 4 serão apresentados em três secções:
• Na primeira secção é apresentada uma revisão de literatura sobre as atitudes dos
Portugueses, nos últimos 10 anos, face aos grupos de imigrantes, descendes de
imigrantes e minorias étnicas que vivem em território nacional;
• Na segunda secção é apresentada uma análise da comunicação social sobre as
representações que os media têm transmitido sobre a imigração e os imigrantes em
geral (dados nacionais) e os imigrantes residentes no concelho de Loures (dados
locais de 2010 a 2015).
• Na terceira secção é apresentada a análise das resposta ao questionário aplicado a
residentes e/ou trabalhadores do concelho de Loures.
3.1. Levantamento da opinião da população não-imigrante: Revisão de literatura
Nesta secção é abordada a problemática dos estereótipos. É, primeiramente,
apresentado um enquadramento geral acerca deste fenómeno, seguindo-se um resumo dos
principais estereótipos – identificados na literatura – dos portugueses em relação aos
imigrantes e minorias étnicas.
Sendo os humanos seres gregários, a pertença a grupos é parte fundamental da vida
social. Assim, também as ideias que os indivíduos formam acerca dos grupos sociais são
muito relevantes para uma melhor compreensão do modo como os membros de diferentes
grupos se relacionam entre si. Essas ideias são muitas vezes designadas por estereótipos. Os
estereótipos são características, frequentemente percebidas como negativas, atribuídas a
membros de um grupo social, que se acredita serem verdadeiras32. Pensando em termos de
atitudes face a diferentes grupos, os estereótipos constituem-se como a componente
32
Stangor, C., & O’Brien, T. (2010). Stereotyping. In J. Levine & M. Hogg (Eds). Encyclopedia of group processes and intergroup relations (Vol 2). CA: Sage.
41
cognitiva, que serve de racionalização ao preconceito (componente afetiva) e à
discriminação (componente comportamental)33.
Os estereótipos são uma ferramenta aparentemente útil pois melhoram a capacidade
de prever o comportamento dos outros e de evitar situações potencialmente perigosas.
Contudo, como são generalizações, têm também o potencial de influenciar o julgamento
acerca dos outros de maneira injusta. A mera presença de um membro do grupo visado é
suficiente para ativar os estereótipos, influenciando as interações entre pessoas/grupos de
forma crítica. Os estereótipos podem ser positivos ou negativos, mas aqueles cujas
consequências são mais devastadoras para a relação entre diferentes grupos sociais são os
negativos. É, pois, nesses que a análise seguinte se foca.
Quando o grupo em questão é uma minoria (p. ex. imigrantes), mais facilmente ainda
se formam estereótipos negativos: uma vez que a ocorrência de eventos negativos e a
existência de minorias sociais são ambos salientes, tende-se a sobrestimar a relação entre
ambos (correlações ilusórias34).
Os estereótipos desenvolvem-se quando se categorizam outras pessoas como
membros de determinados grupos ou categorias sociais (p.ex. etnia) e se julgam essas
pessoas com base nessa pertença grupal, e são expressos em elementos culturais diversos,
tais como em conversas, no humor e nos media. Uma vez formados, além de se tornarem
rapidamente acessíveis em memória, os estereótipos são também difíceis de suprimir e de
mudar, uma vez que os indivíduos tendem a distorcer os factos a que têm acesso de modo a
confirmar as suas crenças (enviesamentos confirmatórios).
Ao longo da sua História, Portugal tem sido, sobretudo, um país de emigração. Só no
final dos anos 80 do século passado a imigração se tornou um fenómeno significativo. Desde
esse período, não só aumentou o número de imigrantes (p. ex., Africanos, Brasileiros,
Chineses, Indianos), como também se diversificou a origem dos fluxos migratórios,
sobretudo a partir dos anos 2000 (Europeus de Leste – p. ex. Ucranianos –, nova vaga de
Brasileiros, Cabo-verdianos, Angolanos, Guineenses). Note-se que, independentemente das
suas habilitações académicas, os imigrantes vieram, na sua maioria, ocupar funções de baixa
qualificação. Note-se ainda que, exceção feita aos imigrantes de Leste, que estão
representados um pouco por todo o território nacional, os restantes grupos de imigrantes
concentraram-se, sobretudo, na região da Grande Lisboa, fruto de um maior leque de
oportunidades de trabalho e de uma maior rede de suporte35.
3.1.1. Discursos sobre imigrantes: uma análise qualitativa
Dada a atenção científica que esta temática tem recebido, começamos por enquadrá-
la em termos de resultados anteriores, recorrendo ao trabalho de análise de discurso 33
Fiske, S. T. (1998). Stereotyping, prejudice and discrimination. In D. T. Gilbert, S. T. Fiske, & G. Lindzey (Eds.), Handbook of social psychology (4
th ed., Vol. 2, pp. 357–414). New York: McGraw-Hill.
34 Hamilton, D. L., & Sherman, S. J. (1989). Illusory correlations: Implications for stereotype theory and research.
In D. Bar-Tal, C. F. Graumann, A. W. Kruglanski, & W. Stroebe (Eds.), Stereotyping and prejudice (pp. 59-82). New York: Springer New York. 35
Rosário, E., Santos, T., & Lima, S. (2011). Discursos do racismo em Portugal: Essencialismo e inferiorização das minorias. Lisboa: ACIDI.
42
desenvolvido por Rosário e colaboradores em 2011. O trabalho diz respeito à realização de
grupos focais (focus groups), conduzido na área da Grande Lisboa e com a participação de
entrevistados de quatro classes sociais diferentes (estatuto médio-alto, estatuto médio-
médio e estatuto médio-baixo), que identificaram os grupos imigrantes que consideraram
mais significativos e os estereótipos a eles associados.
Nas tabelas que se seguem é apresentado um resumo de alguns resultados deste
trabalho, indicando-se, também, a valência (positiva, negativa ou neutra/ambígua) dos
estereótipos mencionados.
43
TABELA 8. GRUPO DE IMIGRANTES IDENTIFICADOS POR PORTUGUESES DE ESTATUTO MÉDIO-ALTO, E RESPETIVOS ESTEREÓTIPOS, POR VALÊNCIA: + (POSITIVA), – (NEGATIVA) OU
TABELA 4.1. 1~ (NEUTRA/AMBÍGUA). FONTE: ROSÁRIO ET AL. (2011)
Chineses Africanos Imigrantes de Leste Indianos Brasileiros Imigrantes em
geral
- Fazem as coisas como querem, mesmo quando há um protocolo: fazem como acham que deve ser feito e não como foi imposto naquele caso
- São uma ameaça
- Difícil comunicação
~ Linguagem corporal diferente
~ São escravos do trabalho
- Fazem-nos sentir invadidos
- Pouco instruídos
- Sem gestão de tempo
- Lentos
+Têm alegria de viver
+ Têm ritmo no corpo
- Causam problemas
- Não queremos os nossos filhos em escolas com muitas crianças negras
+ Bem integrados + Percebem de informática e de matemática
+ Falam muitas línguas
~ Têm muitas religiões
- Fazem-nos sentir distantes e pequenos profissionalmente
- Matreiros, sacanas
~ Só festa
- Indisciplinados
~ São crianças adultas
- Têm ressentimentos em relação a nós, colonizadores
+ Alegres
- Frívolos
- Trazem criminalidade
- São uma praga, estão em todo o lado
+ Trazem coisas boas
+ Gostam de agradar
- Competitividade (vs. cooperação)
- Maior criminalidade
- Imigração é sempre um problema
44
TABELA 9. GRUPOS DE IMIGRANTES IDENTIFICADOS POR PORTUGUESES DE ESTATUTO MÉDIO-MÉDIO (ADULTOS), E RESPETIVOS ESTEREÓTIPOS, POR VALÊNCIA: + (POSITIVA), –
(NEGATIVA) OU ~ (NEUTRA/AMBÍGUA). FONTE: ROSÁRIO ET AL. (2011)
Africanos/Negros Chineses Brasileiros Imigrantes de Leste
(Ucranianos)
Indianos Romenos Imigrantes em geral
- Envolvidos em crimes (assaltos, violações)
- A juventude não respeita nem os próprios negros
- Racistas
- Desconfiados
+ Fortes
~ Vítimas de racismo
~ Só trabalham
- Desconfiados
- Pouco sociáveis
+ Alegres, divertidos, festivos
- Não gostam de trabalhar
- Fingidos
- Não respeitam as nossas regras
- Põem a música em altos berros
+ Trabalhadores
+ Fáceis de relacionamento
~ Não são considerados brancos
+ Esforçados
- Desconfiados
- Não falam português
- Fechados
- Traidores
- Pedinchões
~ Suscitam pena
- Vieram para cá criar mais miséria
~ Ramificação dos ciganos
- Mendigos
- Tiram emprego aos nacionais (preços mais baixos)
- Como não há emprego, vêm para roubar
- São uma ameaça aos valores culturais
45
TABELA 10. GRUPOS DE IMIGRANTES E MINORIAS ÉTNICAS IDENTIFICADOS POR PORTUGUESES DE ESTATUTO MÉDIO-BAIXO, E RESPETIVOS ESTEREÓTIPOS, POR VALÊNCIA: + (POSITIVA),
– (NEGATIVA) OU ~ (NEUTRA/AMBÍGUA). FONTE: ROSÁRIO ET AL. (2011)
Africanos Ucranianos Moldavos Indianos Brasileiros Chineses Romenos Imigrantes em geral
- Arrogantes
~ Menos contratados por causa da cor da pele (racismo)
- São racistas
+ Vistosos
~ Vaidosos
- Exibicionistas
- Fechados entre eles
- Não gostam de trabalhar
~ Recebem menos que os outros
+ Estão a sair-se bem
- Frios
- Sem sentimentos nem expressão
+ Trabalhadores
~ Muito baratos
+ Estão a sair-se bem
- Não falam a língua
- Fechados
- Muçulmanos (fanatismo, terrorismo)
- Acham-se superiores
~ Trabalham muito na restauração
- Falsos
- Traidores
- Mentirosos
- “chupistas” – só querem tirar coisas às outras pessoas
+ Alegres
~ Festivos
+ Mulheres – exuberantes e sedutoras,
- Mulheres - roubam os maridos com dinheiro
- Fechados
+ Saem-se bem economicamente
- Desconfiados
- Língua complicada
~ Trabalhadores demais
+ Educados
- Como os ciganos, mas piores
- Parasitas da sociedade
- Agressores
- Burlões
- Ladrões
- Ameaça e competição
- Tiram o trabalho aos portugueses
- Fazem baixar os vencimentos dos portugueses
- Recebem regalias sociais que os próprios Portugueses não recebem
46
Os resultados de Rosário e colaboradores (2011), apresentados acima permitem-nos
identificar as semelhanças e as diferenças entre os discursos de entrevistados de diferentes
estratos sociais. Assim, verificou-se que uma não diferenciação entre países de origem era
comum a todos os entrevistados. Mais concretamente, e por exemplo, a categoria “Africanos”
foi entendida como uma categoria abrangente, não havendo distinção entre as diferentes
nacionalidades, mas estando implícita uma circunscrição aos PALOP36.
Verificou-se também que, para os entrevistados de estatuto médio-alto, o contacto
intergrupal era diferenciado, qualitativa e quantitativamente, face aos restantes participantes.
Mais precisamente, os entrevistados de estatuto médio-alto reportavam menos contacto com
imigrantes em geral: o contacto com minorias étnicas não acontecia na sua esfera de
sociabilidade (amizade, parentesco), mas antes na esfera laboral, nomeadamente em contexto
de negócios, e muitas vezes fora de Portugal. Já os entrevistados de estatuto médio-médio e
médio-baixo referiram laços de parentesco, vizinhança e o contacto em transportes públicos.
De notar que, em termos da literatura da Psicologia Social, o contacto (com minorias) tem sido
mencionado como um dos fatores que pode melhorar significativamente as relações
intergrupais37.
Verificou-se ainda que as perceções acerca do grupo que se estava a integrar melhor na
sociedade Portuguesa também variaram consoante o estatuto dos entrevistados: os
entrevistados de estatuto médio-alto entendiam a integração como uma questão de
adaptação e elegeram os imigrantes de Leste como os melhor integrados; já os entrevistados
de estatuto médio-médio e médio-baixo viam na prosperidade económica o indício de
integração e elegeram os Chineses como os imigrantes melhor integrados.
Por fim, verificou-se que entrevistados de estatuto médio-alto reportaram maior
abertura à imigração e os entrevistados de estatuto médio-baixo foram os que apresentam
menor abertura à imigração, mencionando, sobretudo, uma competição crescente por
recursos escassos (emprego)38 e o facto de receberem menos apoios do Estado que os
imigrantes (p. ex. arrendamento, subsídios)39.
3.1.2. Atitudes dos portugueses sobre imigrantes em Portugal
36 Esta não diferenciação presente nos resultados do trabalho de Rosário et al. (2011) pode estar associada a um
fenómeno psico-sociológico denominado por homogeneização do exogrupo, ou seja, a perceção de maior homogeneidade entre membros do exogrupo (grupo ao qual o “eu” não pertence) do que entre membros do endogrupo (grupo ao qual o “eu” pertence), que são percebidos como mais heterogéneos. O fenómeno de homogeneização do exogrupo está muitas vezes presente em discursos como “eles são todos iguais” (cf. Linville, P. W. (1998). The heterogeneity of homogeneity. In J. M. Darley & J. Cooper (Eds.), Attribution and social interaction: The legacy of Edward E. Jones (pp. 423-462). Washington, DC: American Psychological Association Books Division). 37
Hipótese do contacto (cf. Allport, G. (1954) The nature of prejudice, MA: Addison-Wesley.). 38
Interpretamos esta ideia de competição mencionada por Rosário et al. (2011) como um caso prático da Teoria do Conflito Realista de grupos (cf. Sherif, M. (1966) In common predicament: Social psychology of intergroup conflict and cooperation, Boston: Houghton-Mifflin). 39
Interpretamos este sentimento mencionado por Rosário et al. (2011) como um exemplo do descrito em termos da Teoria da Privação Relativa (cf. Walker, I. and Pettigrew, T. F. (1984). Relative deprivation theory: an overview and conceptual critique. British Journal of Social Psychology, 23, 301-310.).
47
De forma a dar conta de uma perspetiva mais geral das atitudes dos Portugueses face aos
imigrantes, recorremos ao trabalho coordenado por António e Policarpo (201140), e que
consistiu na aplicação de inquéritos por questionário a uma amostra representativa da
população Portuguesa. Este trabalhou contou com uma amostra total de 1830 cidadãos
Portugueses, 33% dos quais residentes na área de Lisboa.
De seguida são apresentados os resultados mais relevantes para a caracterização das
atitudes e estereótipos dos portugueses face a diversos grupos de imigrantes em Portugal.
No que se refere aos estereótipos face a grupos específicos de imigrantes, verificou-se
que, e à exceção do fator sociabilidade para os Brasileiros, os Portugueses eram percebidos
como mais sérios e honestos, e mais competentes e cumpridores do que qualquer grupo
imigrante.
No que diz respeito às atitudes face ao impacto dos imigrantes, foi notória a
preocupação com os benefícios em termos de Segurança Social: 45% dos respondentes
concordam e 15% concordam totalmente que os imigrantes recebem mais do que contribuem.
Contudo, os participantes deste estudo consideraram, de modo geral, que os imigrantes
enriquecem a vida cultural do país, são fundamentais para a economia, sendo também os mais
afetados pelo desemprego. Em relação à existência de conflitualidade entre Portugueses e
imigrantes, apenas 3% dos respondentes concordou totalmente com essa afirmação.
É de notar que, de forma geral, os indivíduos não tendem a expressar abertamente o
preconceito racial em respostas a inquéritos. Desde as declarações da UNESCO sobre
igualdade racial, nos anos 50 e 70, que a norma de anti-racismo “assente no valor da igualdade
como organizador das relações sociais” (Lopes e Pereira, 201141, p.170) se tornou amplamente
defendida e difundida. Esta norma prescreve que não é socialmente aceite que se expressem
atitudes negativas face a outras pessoas com base na sua “racialização” e/ou “etnização”42,
facto que tem consequências para a expressão aberta do preconceito. Os indivíduos foram,
assim, criando formas mais veladas e subtis de expressar as suas opiniões/atitudes,
continuando, desta forma, a obedecer à norma anti-racista aquando da expressão públicas das
suas atitudes. É neste sentido que vários investigadores têm apontado distinções teóricas
entre formas de racismo mais explícito (clássico, flagrante), e formas mais veladas e/ou
ambíguas (moderno, aversivo, simbólico, subtil) de expressar o preconceito, sendo o
importante a reter o facto de ter havido um decréscimo do racismo mais explícito e flagrante,
por via da maior pressão social, e a emergência de formas mais veladas e subtis de expressar o
racismo43.
Relativamente às perceções de racismo, o estudo de António e colaboradores (2011)
revelou que, entre 2004 e 2010, os Portugueses, tendencialmente, percecionavam os
imigrantes em geral como culturalmente muito diferentes dos Portugueses. No caso das
40
António, J., & Policarpo, V. (Coord.) (2011). Os Imigrantes e a Imigração aos Olhos dos Portugueses: Manifestações de preconceito e perspectivas sobre a inserção de imigrantes. Lisboa: Gulbenkian. 41
Lopes, R., & Pereira, C. (2011). O papel da norma anti-racista nas respostas a inquéritos sobre preconceito. In J. António & V. Policarpo (Coord.), Os Imigrantes e a Imigração aos Olhos dos Portugueses: Manifestações de preconceito e perspectivas sobre a inserção de imigrantes (pp.167-188). Lisboa: Gulbenkian. 42
Uma vez que a Organização das Nações Unidas não encontrou base científica para justificar o conceito de raça, o fenómeno de categorização das pessoas em termos raciais é entendido como uma construção puramente social (Pereira & Lopes, 2011). 43
Pettigrew, T. F., & Meertens, R. W. (1995). Subtle and blatant prejudice in Western Europe. European Journal of Social Psychology, 25, 57-75.
48
perceções relativamente aos imigrantes Africanos, em 2004 eram vistos como o grupo mais
diferente, mas tal indicador desceu em 2010. Já os Europeus de Leste passaram a ser vistos
como mais diferentes em 2010. Relativamente às perceções dos imigrantes Brasileiros, o
indicador manteve-se em valores mais baixos do que os dos dois outros grupos, embora a
perceção de diferença tivesse aumentado. Estes resultados revelam a presença de uma forma
de racismo subtil44 que se traduz em perceções de diferenças culturais (ver Figura 1).
FIGURA 1. PERCEÇÃO DE DIFERENÇAS CULTURAIS ENTRE PORTUGUESES E IMIGRANTES: USOS E COSTUMES
(PERCENTAGEM DE INQUIRIDOS QUE CONSIDERA OS IMIGRANTES “MUITO DIFERENTES”).FONTE: ANTÓNIO
(2011, P. 60)
No que diz respeito à expressão de formas de racismo flagrante (Vala et al., 1999), pode
verificar-se a sua existência através de uma medida que inclui reações a casamentos mistos,
ter os filhos numa escola com maioria de crianças de cada um dos grupos imigrantes e reações
a ter um patrão de cada um desses grupos de imigrantes. De acordo com esses indicadores, o
grupo alvo de maior preconceito foi o dos Imigrantes de Leste, seguido de perto pelos
Africanos e, por último, os Brasileiros (ver Figura 2).
FIGURA 2. MÉDIA DE RESPOSTAS A RACISMO FLAGRANTE. FONTE: ANTÓNIO (2011, P.65)
44
Vala, J., Brito, R., & Lopes, D. (1999). Racismo Subtil e Racismo Flagrante em Portugal. In J. Vala (Ed.), Novos racismos . Oeiras: Celta.
49
Esta secção procurou dar conta da temática dos estereótipos, recorrendo à revisão dos
mais recentes resultados científicos disponíveis que abordaram esta temática na população
Portuguesa. Neste sentido, foram apresentados dois trabalhos. Primeiramente, o trabalho de
Rosário e colaboradores (2011), com recurso a entrevistas focais, permitiu a realização de um
levantamento dos estereótipos relativos a imigrantes. Já o trabalho de António e
colaboradores (2011), recorrendo a um inquérito a uma amostra representativa da população
Portuguesa, forneceu um retrato sobre o preconceito face aos imigrantes e à imigração.
Através dos dados apresentados nesta secção, pudemos verificar que existem alguns
estereótipos transversais aos diferentes estratos socioeconómicos da sociedade Portuguesa,
cristalizados maioritariamente em torno de alguns grupos de imigrantes (Africanos, Brasileiros,
Chineses e Imigrantes de Leste). Assim, e apesar da variabilidade em termos dos estereótipos
identificados, foram também identificadas semelhanças nos estereótipos expressos pelos
membros dos vários estratos sociais: são perceções consensuais que os imigrantes de Leste e
os Chineses são trabalhadores e aqueles que melhor se têm integrado; e que tanto Brasileiros
como Africanos são pouco trabalhadores, barulhentos e alegres, embora se acrescente aos
Brasileiros uma dimensão de falsidade.
Os imigrantes são, ainda, percebidos como contribuindo para a vida económica do país,
apesar da perceção partilhada de que recebem mais da segurança social do que aquilo que
contribuem. Existe, ainda, algum racismo por parte dos Portugueses, expresso de forma subtil
através da indicação da existência de diferença em termos culturais e, expresso de forma mais
flagrante, por exemplo, pela não concordância com casamentos mistos. Enquanto os níveis de
racismo flagrante são idênticos para Africanos, Brasileiros, e imigrantes de Leste, o racismo
subtil é menos direcionado para os Brasileiros. Estes níveis de racismo direcionados para os
imigrantes de Leste podem ser interpretados como um reflexo da não existência deste grupo
no referente Histórico nacional, ao contrário dos outros dois grupos, com quem Portugal já
teve extenso contacto, dado o seu passado colonial.
EM SUMA, os resultados da revisão dos mais recentes estudos sobre estereótipos face aos
imigrantes revelam:
• que existem alguns estereótipos transversais aos diferentes estratos económicos da
sociedade portuguesa, especialmente face aos imigrantes Africanos, Brasileiros,
Chineses e de Leste: os imigrantes de Leste e os Chineses são percebidos como
trabalhadores e como aqueles que melhor se têm integrado; enquanto que tanto os
Brasileiros como os Africanos são vistos como pouco trabalhadores, barulhentos e
alegres.
• os imigrantes são percebidos como contribuindo para a vida económica do país, apesar
da perceção partilhada de que recebem mais da segurança social do que aquilo que
contribuem;
• existe algum racismo por parte dos Portugueses, expresso de forma subtil através da
indicação da existência de diferenças entre imigrantes e Portugueses em termos
culturais.
50
3.2. Levantamento da opinião da população não-imigrante: Análise da comunicação social
Nesta secção é apresentada uma análise da comunicação social sobre as
representações que os media têm transmitido sobre a imigração e os imigrantes em geral
(dados nacionais) e os imigrantes residentes no concelho de Loures (dados locais de 2010 a
2015).
Em primeiro lugar serão apresentados os dados nacionais.
3.2.1. A representação de imigrantes pelos media portugueses
Uma vez que um dos meios privilegiados de expressão de estereótipos é a informação
veiculada pelos meios de comunicação social, importa realizar um breve enquadramento dos
media e a forma como noticiam ou retratam os imigrantes e minorias étnicas. Para tal,
recorremos ao trabalho de Cunha, Santos, Filho, e Fortes (2008)45.
Os resultados deste estudo revelaram que no período considerado (2005-2007), do total
nacional de 2624 peças de imprensa, 12 (0.5%) referiam-se a Loures em particular. Em termos
nacionais gerais, os temas mais frequentemente representados nas peças foram
“clandestinidade” (22.6%), “crime” (22.5%), seguidos pelos temas “legislação” (12.4%),
“discriminação” (12.1%) e “integração/direitos”(8.5%), tal como demonstra a Tabela 11.
45
Cunha, I., Santos, C., Filho. W., & Fortes, I. (2008). Media, Imigração e Minorias Étnicas – 2007. Lisboa: ACIDI.
51
TABELA 11. TEMAS IDENTIFICADOS NAS PEÇAS DE IMPRENSA. FONTE: CUNHA ET AL. (2008, PP . 20-21)
52
Verificou-se também que, em termos da referência aos protagonistas das peças,
quando indicado, a maioria recaía sobre os Brasileiros (12.8%), os Ciganos (9.7%), os
Ucranianos (3.3%) e os Romenos (3.2%), tal como demonstra a Tabela 12.
TABELA 12. PROTAGONISTAS DAS PEÇAS DE IMPRENSA POR NACIONALIDADE/ETNIA. FONTE: CUNHA ET AL.
(2008, P.17)
Verificou-se ainda que quando a temática das peças se referia a criminalidade, na
maioria das vezes os imigrantes eram reportados como os autores dos crimes (Tabela 13).
TABELA 13. SITUAÇÃO DO IMIGRANTE QUANDO O TEMA IDENTIFICADO É CRIME. FONTE: CUNHA ET AL. (2008,
P.22)
53
A análise de Cunha e colaboradores (2008) também englobou peças televisivas: 237
peças televisivas em 2007 e 795 no período compreendido entre 2005 e 2007. No período
entre 2005 e 2007, 0.8% das peças referiam-se a Loures, embora nenhuma destas peças de
referisse ao ano de 2007 (0% com referência a Loures).
No panorama nacional, verificou-se que a maior percentagem de peças sobre
imigrantes/imigração com identificação dos protagonistas, recaiu sobre os Brasileiros (17%), os
imigrantes de 2ª geração (8.8%) e os cidadãos de países de Leste (8.1%; ver Tabela 14).
TABELA 14. REGISTOS DE PEÇAS (TV) SOBRE IMIGRANTES E MINORIAS ÉTNICAS. FONTE: CUNHA ET AL. (2008,
P. 39)
Verificou-se ainda que, em 2007, os temas mais frequentemente abordados foram a
“clandestinidade” (11.0%), a “prostituição” (7.2%), a “legalização” (6.8%) e, em ex aequo, a
“discriminação” e a “expulsão” (6.3%), tal como apresentado na Tabela 15.
54
TABELA 15. TEMAS (TV) DO ANO 2007. FONTE: CUNHA ET AL. (2008, P .43)
É ainda de referir que, nas peças consideradas, o tom utilizado foi,
predominantemente neutro, mas que, quando tal não acontecia, o tom era mais
frequentemente negativo do que positivo, tal como demonstra a Tabela 16.
TABELA 16. PEÇAS (TV) DE 2008 POR TOM. FONTE: CUNHA ET AL. (2008, P. 59)
55
Segundo os autores parece verificar-se alguma “invisibilidade” dos imigrantes e minorias
étnicas nos media, uma vez que os principais temas das peças estavam ligados a transgressões
sociais, e, ao mesmo tempo, eram omissos temas que seriam pertinentes para uma visão mais
completa da realidade da imigração, tais como: condições de trabalho, dificuldades de
inserção e racismo subtil. Os autores alertaram ainda para o facto de que, no caso de crimes,
os media continuavam a identificar a nacionalidade dos intervenientes, quando esta não era
importante para a compreensão da história (contrariando, assim, uma recomendação
adiantada pelo ACM – então Alto Comissariado para a Imigração e Diálogo Intercultural e,
atualmente, Alto Comissariado para as Migrações –, já em 2005).
Esta secção procurou complementar a informação apresentada na secção anterior,
alargando a forma como se pode dar conta da temática dos estereótipos. Assim, o trabalho de
Cunha e colaboradores (2008) apresenta resultados referentes à imagem sobre imigrantes e
minorias étnicas que tem sido veiculada nos media em Portugal. Mais concretamente, e apesar
dos dados se cingirem a 2005-2007, verificou-se que os meios de comunicação social podem
também veicular estereótipos: na realidade Portuguesa, a referência a imigrantes tem tido
associada a temas que, de alguma forma, remetem para transgressões sociais (p. ex. crime).
EM SUMA, os resultados da análise da comunicação social nacional revelam:
• que a apresentação seletiva de mensagens neutras ou negativas tende a perpetuar a
representação social dos imigrantes como elementos negativos da sociedade e a
perpetuar estereótipos também eles negativos,
• que os meios de comunicação social podem também veicular estereótipos: na realidade
Portuguesa, a referência a imigrantes tem tido associada a temas que, de alguma
forma, remetem para transgressões sociais.
56
3.2.2. A representação de imigrantes pelos media locais de Loures
Após a apresentação dos dados nacionais referentes ao modo como os imigrantes são
representados pelos media, passamos à apresentação dos resultados do estudo efetuado com
base na informação divulgada entre 2010 e 2015 nos media locais de Loures.
Método
Procedimento
A análise documental realizada teve como objetivo proceder a um levantamento de
notícias na imprensa escrita local, sobre as representações que a imprensa tem transmitido
sobre a imigração e os imigrantes residentes no concelho de Loures, nos últimos anos, mais
concretamente entre os anos de 2010 e 2015.
Note-se que, de forma a dar conta deste objetivo, foi recolhida uma amostra não
aleatória: não se procurou alcançar a representatividade de todos os meios de comunicação e
de todas as notícias nestes anos, mas sim obter a máxima representatividade ao nível dos
temas associados à imigração e os imigrantes, tendo por base o máximo de diversidade
possível em termos de notícias e de meios de comunicação.
Fontes de informação e critérios de extração das notícias
No que se refere às fontes de informação, a recolha incidiu junto dos seguintes jornais
locais: Jornal de Camarate, Loures Jornal Municipal, e Loures.com. A pesquisa foi realizada no
website dos respetivos jornais com recurso a palavras-chave previamente selecionadas pela
equipa de investigação, com base nos conceitos mais frequentes na literatura relevante:
estrangeiros, imigração, imigrantes, migrantes, preconceito, discriminação, racismo, africanos,
leste, inclusão, exclusão.
Em termos gerais, a extração decorreu de acordo com a metodologia descrita por Castro e
colaboradores (2006)46. Assim, além da identificação das palavras-chave, foram também
considerados os detalhes da notícia (e.g., sexo, idade, e nacionalidade dos alvos da notícia,
citações dos intervenientes, identificação do problema), o tipo de imagem associada à notícia
e os comentários dos cidadãos à notícia – quando essas informações estavam presentes. Cada
notícia foi armazenada na sua versão integral num ficheiro Word, tendo a posterior análise
quantitativa e qualitativa sido realizada com recurso ao software Nvivo (QSR INternational,
201447).
Critérios de classificação da frequência e valência das palavras
De forma a realizar a análise quantitativa do conteúdo das notícias extraídas, procedeu-se
à análise da frequência de palavras. Tal análise teve como objetivo contabilizar aquelas que
mais co-ocorriam com as palavras-chave selecionadas para a extração das notícias, bem como
classificar a sua valência (i.e., classificá-las como palavras positivas ou negativas). O cálculo
46
Castro, P., Correia, R., & Lima, M. L. (2006). A double pattern of representation in the Portuguese press – not all work accidents are equal.Proceedings of the European Safety and Reliability Conference 2006, ESREL 2006 - Safety and Reliability for Managing Risk, 277-283. 47
QRS International. NCapture for NVivo 10. Disponível em: http://www.qsrinternational.com/products_nvivo_add-ons.aspx.
57
destas frequências foi realizado tendo em conta diferentes níveis: para cada notícia
individualmente, para cada jornal individualmente, e para todos os jornais em conjunto. Para
tal, utilizou-se o critério das 1000 palavras mais frequentes, com extensão mínima de 3 letras.
Para a classificação da valência das palavras mais frequentes, recorreu-se ao trabalho de
Garcia-Marques (2003)48, no qual é apresentada uma listagem de palavras que foram
classificadas por uma amostra de estudantes universitários em termos de negatividade e
positividade, sendo as respostas dadas numa escala de 1 (negativas) a 7 (positivas). Assim, as
palavras classificadas no estudo original entre 1 e 3 foram codificadas na presente análise
como “negativas”; as classificadas como 4 foram codificadas como “neutras”; e as palavras
classificadas entre 5 e 7 foram codificadas como “positivas”. Uma vez que a listagem de
palavras apresentada no estudo original não abrangia todas as palavras presentes nas notícias
em análise, tornou-se necessário criar uma quarta categoria nomeada de “não classificável”.
Assim, e de acordo este sistema classificativo mais alargado, as palavras-chave orientadoras
desta pesquisa49 são “não classificáveis”.
A análise qualitativa das notícias extraídas implicou uma análise temática de conteúdo:
tendo por base a co-ocorrência de palavras identificadas na análise quantitativa, foram
determinados os temas mais recorrentes nas várias notícias.
Amostra
Foram recolhidas um total 53 notícias (Tabela 17): 32 notícias foram recolhidas junto do
Jornal de Camarate, 9 junto do Loures Jornal Municipal, e 11 junto do jornal Loures.com50. Em
termos da data de publicação, o maior número de notícias recolhidas refere-se ao ano de 2010
(15 notícias), seguindo-se o ano de 2014 (13 notícias), e os anos de 2012 (10 notícias) e 2013 (8
notícias). Já os anos de 2011 (4 notícias) e de 2015 (3 notícias) são os que apresentam um
menor número de notícias extraídas. Em termos das palavras-chave mais frequentes, verifica-
se que “estrangeiros”, “imigração” e “imigrantes” foram as palavras-chave mais frequentes no
caso do Jornal de Camarate (9, 7 e 6, respetivamente); “inclusão” foi a mais frequente no caso
do Loures Jornal Municipal (3 vezes); e as palavras “inclusão” e “exclusão” foram as mais
frequentes no caso do Loures.com (3 e 2, respetivamente). Note-se ainda que a palavra-chave
Leste (termo popularmente usado para referir imigrantes do Leste Europeu) não devolveu
qualquer resultado em nenhum dos jornais considerados.
Na tabela que se segue encontram-se as frequências absolutas por ano e por fonte
(jornal), tendo em conta as diferentes palavras-chave usadas na extração51.
48
Garcia-Marques, T. (2003). Avaliação da familiaridade e da valência de palavras concretas e abstractas em língua portuguesa. Laboratório de Psicologia, 1(1), 21 - 44. 49
As palavras-chave usadas para a extração das notícias foram as seguintes: estrangeiros, imigração, imigrantes, migrantes, preconceito, discriminação, racismo, africanos, leste, inclusão, exclusão. 50
De acordo com o método de extração usado, foi ainda identificada uma notícia no website do Boletim Moscavide e Portela, que não foi incluída da análise dada a disparidade numérica em relação aos restantes jornais considerados. 51
Optou-se por não incluir na tabela as palavras-chave que não devolveram nenhum resultado nos diferentes anos, para cada um dos jornais em análise (p. ex, “migrantes” e “preconceito” no caso do Jornal de Camarate; “imigração” e “racismo” no caso do Loures Jornal Municipal; e “migrantes” e “Africanos” no caso do Loures.com).
58
TABELA 17. FREQUÊNCIA DE NOTÍCIAS SEGUNDO OS JORNAIS LOCAIS, ANO E PALAVRAS-CHAVE
Jornais locais 2010 2011 2012 2013 2014 2015 Total
Jornal de Camarate
Imigração 5 1 1 7
Imigrantes 1 2 2 1 6
Estrangeiros 5 3 1 9
Inclusão 3 1 4
Exclusão 2 2
Africanos 1 1 2
Discriminação 1 1
Racismo 1 1 2
Total 15 3 7 2 5 1 32
Loures Jornal Municipal
Migrantes 1 1
Estrangeiros 1 1
Inclusão 2 1 3
Exclusão 1 1
Africanos 1 1
Preconceito 1 1
Discriminação 1 1
Total 7 2 9
Loures.com
Imigração 1 1
Imigrantes 1 1
Estrangeiros 1 1
Inclusão 1 2 3
Exclusão 1 1 2
Preconceito 1 1
Discriminação 1 1
Racismo 1 1
Total 1 3 6 1 11
Total 15 4 10 8 13 3 53
59
Resultados por fonte de informação
Jornal de Camarate
No que se refere ao Jornal de Camarate (ver Tabela 18), tendo em conta as 32 notícias
extraídas, no total foram identificadas 105 palavras-chave, 78 (61.9%) palavras positivas e 48
(38.1%) palavras negativas.
Em termos gerais, verificou-se que algumas das palavras mais frequentes (e.g., “SEF”,
“ilegal”, “investigação”, e “operação”) parecem, de algum modo, remeter para um contexto de
desvio. Nesse sentido, e mais concretamente, é possível verificar que as palavras-chave que se
relacionavam com notícias de teor negativo, remetiam para descrições semelhantes à
seguidamente exemplificada: “O Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF) anunciou hoje a
detenção de um homem suspeito de auxílio à imigração ilegal e casamentos de conveniência,
no rescaldo de uma operação em Odivelas e Loures” (2010). Neste excerto podem ser
identificadas como palavras mais frequentes: SEF, operação, ilegal; e palavras negativas
frequentes tais como: suspeito, associadas à palavra-chave “imigração”.
Por outro lado, neste jornal também podemos encontrar notícias de teor positivo,
como a apresentada no seguinte excerto: “O dia 1 de junho foi dia de estreia dupla para o
Teatro IBISCO: espetáculo “Mais fortes do que o medo” e projeto educativo IBISKODÉ. Foi
desta forma que a Associação Teatro IBISCO – Teatro Inter Bairros para a Inclusão Social e
Cultura do Otimismo, se lançou a mais um trabalho, onde a Arte e a Pedagogia permitem que
as crianças dos nossos bairros tenham uma infância digna. Kodé significa “puto” em crioulo.”
Neste excerto podem ser identificadas como palavras mais frequentes: bairros; e palavras
positivas frequentes tais como: crianças, associadas à palavra-chave “inclusão”.
Na tabela que se segue podem ser identificadas as palavras mais frequentes em geral,
bem como as palavras positivas e negativas mais frequentes, em co-ocorrência com algumas
das palavras-chave.
60
TABELA 18. FREQUÊNCIA DE PALAVRAS, VALÊNCIA E FREQUÊNCIA DE PALAVRAS-CHAVE DO JORNAL DE
CAMARATE
Jornal de Camarate
Palavras mais frequentes Palavras-chave Palavras positivas Palavras negativas
SEF 63 Estrangeiros 49 46.7% Crianças 24 19% Suspeitos 12 9.5%
Loures 52 Imigrantes 20 19% Casas 13 10.3% Prisão 9 7.1%
Estrangeiros 49 Imigração 15 14.3% União 8 6.3% Suspeito 8 6.3%
Rede 39 Inclusão 6 5.7% Dinheiro 7 5.5% Zona 7 5.5%
País 35 Racismo 5 4.7% Casa 6 4.7% Arma 5 4%
Bairro 33 Africanos 4 3.8% Presente 3 2.3% Suspeita 4 3.2%
Pessoas 31 Estrangeiro 4 3.8% Presentes 3 2.3% Ferida 3 2.3%
Ilegal 30 Exclusão 2 1.9% Comunitário 2 1.6%
Investigação 27 Criança 2 1.6%
Operação 25 Domicílio 2 1.6%
Facilidade 2 1.6%
Identidade 2 1.6%
Identidades 2 1.6%
Jogo 2 1.6%
Total 105 78 48
61
Loures Jornal Municipal
Num total de 9 notícias extraídas, foram identificadas 100% de palavras positivas (n = 20)
e, consequentemente, 0% de palavras negativas, tendo as palavras-chave sido identificadas 19
vezes (Tabela 19). Neste jornal, é ainda comum encontrar como ilustração das notícias a arte
desenvolvida no concelho, nomeadamente no âmbito das atividades levadas a cabo pelo
projeto “Bairro i o Mundo” na Quinta do Mocho. Assim, a palavra “arte” apresenta-se até
como uma das palavras mais frequentes (n = 10) nas notícias divulgadas por este jornal.
Em termos gerais, a análise das palavras mais frequentes parece indicar um esforço, por
parte do concelho, em envolver os bairros, os concelhos, a câmara, etc., nos seus projetos
sociais, bem como um apelo à população não residente do concelho a que visite Loures, a
pretexto dos seus trabalhos artísticos.
O teor positivo das notícias divulgadas por este jornal encontra-se exemplificado nos
excertos que se seguem: “O Bairro i o Mundo é um parceria entre a Câmara Municipal de
Loures e a Associação Artística Teatro Ibisco, que teve início no Bairro da Quinta da Fonte, na
Apelação, e que este ano se estendeu aos Terraços da Ponte (antiga Quinta do Mocho), em
Sacavém, com o objetivo de promover a inclusão social através da arte”; “(…) a comitiva [do
projeto C4i] visitou a Quinta do Mocho, em Sacavém, para ver o resultado do projeto O Bairro i
o Mundo, uma iniciativa que serviu de evento de lançamento do projeto C4i no concelho de
Loures e que pretendeu, através da intervenção artística, quer seja a street art, a música, o
teatro ou a dança, mudar a imagem do bairro, derrubar preconceitos e afastar rumores
negativos acerca dos bairros municipais.”
Na tabela abaixo podem ser identificadas as palavras mais frequentes em geral, bem
como as palavras positivas e negativas mais frequentes, em co-ocorrência com algumas das
palavras-chave.
TABELA 19. FREQUÊNCIA DE PALAVRAS, VALÊNCIA E FREQUÊNCIA DE PALAVRAS-CHAVE DO LOURES JORNAL
MUNICIPAL
Loures Jornal Municipal
Palavras mais frequentes Palavras-chave Palavras positivas Palavras negativas
Loures 49 Inclusão 5 26.3% Casa 4 20%
Bairro 20 Preconceito 5 26.3% Iniciativa 4 20%
Social 18 Discriminação 2 10.5% Crianças 3 15%
Municipal 17 Exclusão 2 10.5% Benefício 2 10%
Projeto 15 Preconceito 2 10.5% Comunidade 2 10%
Mundo 14 Africanos 1 5.3% Comunidades 2 10%
Concelho 11 Migrante 1 5.3% Higiene 2 10%
Arte 10 Migrantes 1 5.3% Identidade 1 5%
Câmara 10
Visita 10
Total 19 20 0
62
Loures.com
No caso das 11 notícias extraídas do Loures.com, foram identificadas 100% de palavras
positivas (n = 31), tendo as palavras-chave sido identificadas 19 vezes (Tabela 20) Em termos
gerais, e à semelhança do observado para o Loures Jornal Municipal, parece existir uma
tendência para o envolvimento em projetos sociais e uma forte presença da arte. Esta questão
parece também estar espelhada nalgumas das palavras positivas identificadas em co-
ocorrência com as palavras-chave (e.g., “iniciativa”, “debate”, “conservação”), na medida em
que parecem indicar algum grau de proatividade. Também à semelhança do que se verificou
no caso do Loures Jornal Municipal, não foi identificada qualquer palavra negativa em co-
ocorrência com as palavras-chave.
O teor positivo das notícias divulgadas por este jornal encontra-se exemplificado nos
seguintes excertos: “O projeto municipal distinguido – Centro UNESCO – A Casa da Terra – foi
o primeiro centro UNESCO nacional de iniciativa municipal, está instalado no Centro
Comunitário da Apelação, numa freguesia de elevado índice de população imigrante, mas
abrange todo o território de Loures. Destina-se à criação de sistemas de comunicação entre as
comunidades mais diversas, de modo a realçar a importância da cultura como grande chapéu
de uma inclusão partilhada e abrangente.”; “O Teatro IBISCO promove o 2.º encontro
subordinado ao tema “Artistas do Bairro, Artistas do Mundo”, numa iniciativa apoiada pela
Câmara Municipal de Loures, no âmbito do desenvolvimento de projetos de integração social.”
Na tabela que se segue podem ser identificadas as palavras mais frequentes em geral,
bem como as palavras positivas e negativas mais frequentes, em co-ocorrência com algumas
das palavras-chave.
63
TABELA 20. FREQUÊNCIA DE PALAVRAS, VALÊNCIA E FREQUÊNCIA DE PALAVRAS-CHAVE DO LOURES.COM
Loures.com
Palavras mais frequentes Palavras-chave Palavras positivas Palavras negativas
Loures 47 Inclusão 4 21% Casa 6 19.3%
Centro 15 Estrangeiros 3 15.8% Comunitário 6 19.3%
Municipal 13 Imigrantes 3 15.8% Iniciativa 6 19.3%
Projeto 13 Exclusão 2 10.5% Comunidades 3 9.7%
Social 13 Africana 1 5.3% Comunidade 2 6.4%
Apelação 10 Discriminação 1 5.3% Debate 2 6.4%
Bairro 10 Imigrante 1 5.3% Debates 2 6.4%
Câmara 10 Imigração 1 5.3% Conservação 1 3.2%
Mundo 9 Preconceito 1 5.3% Liberdade 1 3.2%
Artistas 8 Preconceitos 1 5.3% Presentes 1 3.2%
Ibisco 8 Racismo 1 5.3% Comunitária 1 3.2%
Total 19 31 0
64
Análise comparativa de todos os jornais
Quando analisamos a frequência de palavras dos jornais em conjunto (Tabela 21),
verificamos que as palavras mais frequentes são bastante diversificadas, havendo, no entanto,
um conjunto delas que parecem estar associadas a um contexto de desvio (e.g., “SEF”, “ilegal”,
“investigação”), tornando-se esta constatação mais evidente e concreta quando consideradas
as palavras negativas (e.g., “suspeitos”, “prisão”).
Por outro lado, a dimensão “relacional/social” parece estar também em evidência nas
notícias extraídas, tanto em termos das palavras mais frequentes (e.g., “bairros”, “social”,
“redes”), como das palavras positivas (e.g., “comunidade(s)”, comunitário(s)”).
Foram identificadas, para um total de 53 notícias, 72,1% (n = 132) de palavras positivas e
27,9% (n = 51) de palavras negativas, tendo as palavras-chave sido identificadas 138 vezes.
Assim, podemos verificar que houve uma clara maioria de palavras positivas a co-ocorrer com
as palavras-chave.
As palavras-chave mais frequentes relacionam-se com a imigração propriamente dita
(estrangeiros, imigrantes, e imigração), bem como com a inclusão. Já as palavras negativas
mais frequentes remetem para: suspeito(s), zona e prisão. Por fim, as palavras positivas mais
frequentes remetem para: criança, iniciativa, casa(s), comunitário e comunidade(s). No
entanto, é importante notar que, apesar de positivas, estas palavras eram, por vezes, utilizadas
em contextos potencialmente negativos. No entanto, não nos foi possível codificar tais
contextos em termos da sua valência, dado o número limitado de palavras constante da
listagem usada por Garcia-Marques (2003) no estudo que serviu de base à análise da valência
aqui apresentada. Por outro lado, é igualmente relevante mencionar que o mesmo se verificou
para contextos potencialmente positivos, especialmente no caso do Loures Jornal Municipal e
do Loures.com. Assim, também não foi possível codificar sistematicamente contextos
potencialmente positivos em termos da sua valência dado, mais uma vez, o número limitado
de palavras usadas na listagem supramencionada. Assim, palavras que, em termos de senso
comum seriam classificadas como positivas (e.g., cooperação, diversidade, integração), foram
consideradas “não classificáveis” de acordo com a abordagem metodológica adotada.
65
TABELA 21. FREQUÊNCIA DE PALAVRAS, VALÊNCIA E FREQUÊNCIA DE PALAVRAS-CHAVE DE TODOS OS JORNAIS
LOCAIS EM CONJUNTO
Todos os jornais locais em conjunto
Palavras mais frequentes
Palavras-chave Palavras positivas Palavras negativas
Loures 148 Estrangeiros 53 38.4% Crianças 27 14.7% Suspeitos 12 6.6%
Bairro 63 Imigrantes 23 16.7% Iniciativa 19 10.4% Zonas 10 5.5%
SEF 63 Imigração 16 11.6% Casa 16 8.7% Prisão 9 4.9%
Estrangeiros 53 Inclusão 15 10.9% Casas 13 7.1% Suspeito 8 4.4%
Social 49 Exclusão 6 4.3% Dinheiro 8 4.4% Arma 5 2.7%
Rede 42 Preconceito 6 4.3% Comunitário 7 3.8% Suspeita 4 2.2%
Municipal 40 Racismo 6 4.3% Comunidades 5 2.7% Ferida 3 1.6%
Pessoas 39 Africanos 5 3.6% Encontro 5 2.7%
Câmara 38 Discriminação 4 2.9% Presentes 5 2.7%
País 36 Estrangeiro 4 2.9% Comunidade 4 2.2%
Centro 33 Legal 4 2.2%
Ilegal 30 Presente 4 2.2%
Crianças 27 Debate 3 1.6%
Investigação 27 Debates 3 1.6%
Serviço 27 Identidade 3 1.6%
Benefícios 2 1.1%
Comunitários 2 1.1%
Criança 2 1.1%
Total 138 132 51
66
Em suma, com recurso ao motor de busca dos diferentes jornais, foram extraídas diversas
notícias, variando estas em número e tipologia o que dificultou o processo de análise e seleção
de notícias relevantes. Apesar disso, pode verificar-se que, no geral, as notícias identificadas
nos meios de comunicação locais com recurso às palavras-chave selecionadas, parecem, por
um lado, remeter para uma componente mais avaliativa e negativa, ligada ao desvio e, por
outro, para uma dimensão mais descritiva e, neste caso, relacional.
É de notar que se verifica um desfasamento significativo entre o número de notícias
obtidas no Jornal de Camarate (n =32) relativamente às restantes fontes (ns = 9 e 11 para o
Loures Jornal Municipal e o Loures.com, respetivamente). Neste sentido, e tendo em conta o
diferencial no volume de notícias extraído nas diferentes fontes, o Jornal de Camarate é
também o jornal que apresenta maior frequência de palavras-chave (105 palavras vs. 19
palavras tanto no caso do Loures Jornal Municipal, como do Loures.com). Tendo ainda em
conta este diferencial, verifica-se que o jornal que apresenta mais palavras positivas e
negativas é o Jornal de Camarate (78 palavras positivas e 48 negativas); enquanto que tanto o
Loures Jornal Municipal, como o Loures.com não devolveram qualquer palavra negativa.
Finalmente, e em termos das palavras mais frequentes, verifica-se que para o Jornal de
Camarate a palavra-chave mais frequente foi “estrangeiros”, enquanto que para os jornais
Loures Jornal Municipal e Loures.com a palavra-chave mais frequente foi “inclusão”.
Tendo em conta a análise conjunta de todos os jornais, é possível verificar que as
palavras-chave (n = 138) co-ocorreram mais frequentemente com palavras positivas (n = 132)
do que com negativas (n = 51).
Verificou-se ainda que, em todos os jornais considerados, muito dificilmente se
encontram notícias em que é identificada a nacionalidade ou etnia dos alvos da notícia, sendo
este facto ainda mais evidente no caso do Loures.com. De facto, apenas se mencionam
“estrangeiros”, “imigrantes” ou “imigração”. E mesmo quando estas palavras não são
explicitamente mencionadas, tanto o “tom” da notícia, como eventuais imagens que a
acompanhem, permitem interpretar a notícia como fazendo referência a não-nacionais.
É ainda relevante mencionar que, relativamente ao intervalo de tempo considerado, a
opção por recolher notícias entre 2010 e 2015, foi uma estratégia pensada com o intuito de
aumentar a amostra de notícias a analisar. Esta estratégia parece ter sido especialmente
frutífera no caso do Jornal de Camarate, uma vez que o maior número de notícias extraídas se
refere a 2010 (n = 15). Já o Loures Jornal Municipal apresenta apenas notícias referentes aos
anos 2014 e 2015; enquanto o Loures.com parece ser aquele que apresenta um número mais
homogéneo de notícias ao longo do período considerado.
Por fim, identificamos como uma das limitações do presente estudo o método seguido
para a codificação da valência das palavras. Mais concretamente, dada a ocorrência de
palavras não listadas no trabalho de Garcia-Marques (2003), verificou-se uma dificuldade
acrescida na contextualização mais profunda e completa das notícias analisadas. Assim, e por
exemplo, muitas palavras classificadas como positivas em função da lista (e.g., dinheiro, casa)
estão associadas a palavras percebidas como negativas (e.g., ilegal) que não se encontram na
lista. Ou, por outro lado, encontramos a palavra positiva “presente” (no artigo provavelmente
associado a recompensa ou associado à dimensão temporal) que no contexto da notícia
remete para um contexto técnico, uma vez que se refere a “presente em tribunal”. Além do
mais, verificou-se também que, muitas palavras que, de acordo com o senso comum seriam
potencialmente positivas, foram, de acordo com a abordagem usada, consideradas “não
67
classificáveis”. Desta limitação decorre alguma ambiguidade na interpretação dos resultados,
ambiguidade esta que se procurou ultrapassar com recurso às palavras mais frequentes.
Contudo, é importante referir que esta lista representa o único trabalho do género
existente em Portugal e como tal, é a que permite uma maior objetividade na análise.
EM SUMA, os resultados da análise da comunicação local revelam:
• a análise conjunta dos três jornais considerados permite verificar que as palavras-chave
co-ocorreram mais frequentemente com palavras positivas do que com negativas.
NO ENTANTO ... verifica-se também:
• que as notícias identificadas com recurso às palavras-chave selecionadas parecem, por
um lado, remeter para uma componente mais avaliativa e negativa, ligada ao desvio e,
por outro, para uma dimensão mais descritiva e, neste caso, relacional.
• que os media locais analisados são muito distintos na sua abordagem ao tema, quer na
frequência com que o abordam, quer no foco dado. Como exemplo, se no caso do
Jornal de Camarate a palavra-chave mais frequente foi “estrangeiros”, já no caso dos
jornais Loures Jornal Municipal e Loures.com a palavra-chave mais frequente foi
“inclusão”.
68
3.3. Levantamento da opinião da população não-imigrante: Análise das respostas ao questionário
Esta secção apresenta os resultados do questionário utilizado para o levantamento da
opinião da população não-imigrante que mora e/ou trabalha no concelho de Loures face à
população imigrante que também mora/e ou trabalha no concelho de Loures.
O questionário foi construído com base em três elementos principais: i) os objetivos
últimos do PMII; ii) os objetivos do Diagnóstico Local; e iii) instrumentos existentes na
literatura científica sobre atitudes, preconceito e discriminação, mais concretamente na área
científica da Psicologia Social.
Para a construção do questionário, a equipa de investigação do CIS-IUL selecionou um
conjunto de indicadores que avaliam as perceções e atitudes dos participantes em relação aos
imigrantes do concelho de Loures. Os indicadores usados resultam, em grande medida, de
instrumentos validados e bem-estabelecidos na área científica da Psicologia Social, em
particular no estudo das relações intergrupais e do preconceito. É ainda de referir que as
medidas de atitudes face aos imigrantes incluídas no questionário contemplam as três
componentes das atitudes52 – cognitiva, emocional e comportamental. Assim, as medidas que
pretendem aceder aos rumores referem-se à componente cognitiva e constituem-se como
medidas de preconceito flagrante; as medidas de distância social, ameaça intergrupal, hetero-
etnicização, infra-humanização e emoções visam captar níveis de preconceito mais subtil e
focam-se sobretudo na componente emocional das atitudes; e, finalmente, as questões
referentes ao contacto intergrupal e ação coletiva centram-se na componente
comportamental das atitudes.
Método
Instrumentos O questionário construído para o levantamento da opinião da população não-imigrante
é constituído por 38 questões que, globalmente, pretendem aceder às perceções e atitudes
dos moradores e/ou trabalhadores de Loures sobre os imigrantes do concelho53.
De seguida, são apresentadas as várias áreas temáticas e respetivas questões incluídas
no questionário, de acordo com a seguinte estrutura:
• Indicadores de caracterização sociodemográfica e socioeconómica dos
participantes;
• Indicadores de carácter geral;
• Indicadores de carácter específico.
52
Rosenberg, M. J., & Hovland, C. I. (1960). Cognitive, Affective and Behavioral Components of Attitudes. In M. J. Rosenberg, C. I. Hovland (Eds.), Attitude Organization and Change: An Analysis of Consistency Among Attitude Components. New Haven: Yale University Press. 53
O questionário completo encontra-se no Anexo III.
69
Indicadores de caracterização sociodemográfica e socioeconómica Os indicadores para a caracterização dos participantes, em termos sociodemográficos e
socioeconómicos, incluídos no questionário englobaram vários itens, nomeadamente:
• Idade dos participantes, aferida em cinco categorias (p. ex. 18-25 anos, >65
anos);
• Sexo;
• Nível educacional (p. ex. Não sabe ler nem escrever/sem grau de ensino,
Doutoramento);
• Situação profissional (p. ex. Estudante, Reformado)
• Profissão;
• Duração do exercício da profissão.
De forma a obter mais informação sobre as características sociodemográficas dos
participantes, a equipa de investigação do CIS-IUL optou por diferenciar os estatutos de
habitante e de trabalhador no concelho de Loures. Desta forma, foi incluída uma questão
sobre a relação dos participantes com Loures (residente, trabalhador(a) ou ambos), a
identificação da freguesia em que os participantes habitavam e/ou trabalhavam e há quanto
tempo (anos) é que habitavam e/ou trabalhavam no concelho de Loures.
Finalmente, para facilitar a identificação de potenciais participantes imigrantes ou
descendentes de imigrantes, a equipa de investigação incluiu ainda questões sobre o país de
origem e nacionalidade dos participantes, bem como dos seus progenitores.
Indicadores de carácter geral
De seguida, apresentam-se cada uma das questões de carácter geral incluídas no
questionário.
Perceções espontâneas sobre imigrantes
Esta questão pretende aceder às perceções mais espontâneas que os inquiridos
associam aos imigrantes. Para tal, pediu-se aos participantes que indicassem, em resposta
aberta, o seguinte: “Quando pensa em Imigrantes, o que lhe vem em primeiro lugar à
cabeça?”.
Frequência de interação
A frequência de interação dos participantes com a população imigrante foi acedida
através da questão: “Com que frequência interage – isto é, comunica, trabalha, partilha os
tempos livres, etc. – com Imigrantes?”. A questão era respondida numa escala de 7-pontos, de
1= esta afirmação para mim é irrelevante; 2= algumas vezes por ano a 7= todos os dias 54.
Contacto intergrupal
O contacto intergrupal tem sido apontado na literatura da Psicologia Social como um
dos fatores mais importantes para a promoção de relações intergrupais positivas (p. ex.
54
Todas as escalas de 5-pontos, de 6-pontos e de 7-pontos utilizadas no questionário são escalas tipo Likert.
70
Allport, 195455; Pettigrew & Tropp, 200656). Além da quantidade de contacto intergrupal
(frequência de interação), a qualidade do contacto é também uma variável crucial para o
desenvolvimento de relações intergrupais positivas. Também a amizade, enquanto uma forma
específica de contacto intergrupal tem, igualmente, mostrado ser um fator bastante relevante
para explicar o desenvolvimento de relações intergrupais harmoniosas.
A medida de contacto intergrupal utilizada neste questionário foi adaptada de Binder e
colegas (2009)57 e de Swart e colegas (2011)58 e inclui duas questões sobre o nível de contacto
(frequência de interação) dos participantes com imigrantes (escala de 5-pontos: 1=raramente
a 5= frequentemente) e a qualidade dessa interação (escala de 5-pontos: 1=muito negativas a
5= muito positivas), bem como duas questões sobre as relações de amizade entre os
participantes e imigrantes. Estas últimas questões referem-se ao número de amigos dos
participantes que são imigrantes e à frequência de contacto com estes amigos (escala de 5-
pontos: 1= raramente a 5= frequentemente).
Proximidade/identificação grupal
A identificação grupal tem também sido apontada na literatura da Psicologia Social
como um dos fatores mais determinantes das relações intergrupais (p. ex., Tajfel & Turner,
197959). A identificação parece estar relacionada com as emoções relativas ao próprio e a
outros grupos e, por sua vez, as emoções parecem estar relacionadas com comportamento
exibido face ao próprio e outros grupos. Assim, e por exemplo, uma forte identificação com o
próprio grupo tende a conduzir a expressões de raiva face a outro grupos (p. ex., Smith &
Mackie, 201060) e as expressões de raiva parecem conduzir a comportamentos negativos (p.
ex., Mackie et al., 200061).
A medida identificação grupal utilizada foi adaptada dos trabalhos de Schubert e Otten
(2002)62 e trata-se de uma medida pictórica em que se apresentam 7 pares de círculos: um
círculo mais pequeno que representa o próprio participante (“Eu”) e um círculo maior que
representa um grupo (no caso, Imigrantes e Portugueses). Os 7 pares de círculos são
apresentados verticalmente aos participantes: os círculos na parte superior estão separados
por alguma distância, e, à medida que se progride para a parte inferior, essa distância vai
diminuindo, até o círculo mais pequeno estar completamente incluído na área central do
55
Allport, G. W. (1954). The nature of prejudice. Cambridge, MA: Addison-Wesley. 56
Pettigrew, T. F., & Tropp, L. R. (2006). A meta-analytic test of intergroup contact theory. Journal of Personality and Social Psychology, 90(5), 751-783. 57
Binder, J., Zagefka, H., Brown, R., Funke, F., Kessler, T., Mummendey, A., Maquil, A., Demoulin, S., & Leyens, J. P. (2009). Does contact reduce prejudice or does prejudice reduce contact? A longitudinal test of the contact hypothesis among majority and minority groups in three European countries. Journal of personality and social psychology, 96(4), 843-856. 58
Swart, H., Hewstone, M., Christ, O., & Voci, A. (2011). Affective mediators of intergroup contact: a three-wave longitudinal study in South Africa. Journal of personality and social psychology, 101(6), 1221-1238. 59
Tajfel, H., & Turner, J. C. (1979). An integrative theory of intergroup conflict. In W. G. Austin, & S. Worchel (Eds.), The social psychology of intergroup relations (pp. 33–47). Monterey, CA: Brooks & Cole. 60
Smith, E. R., & Mackie, D. M. (2010b). Intergroup emotions theory. In J. M. Levine, & M. A. Hogg (Eds.), Encyclopedia of group processes and intergroup relations (pp. 473–475). California, CA: Sage Publications. 61
Mackie, D. M., Devos, T., & Smith, E. R. (2000). Intergroup emotions: Offensive action tendencies in an integroup context. Journal of Personality and Social Psychology, 79(4), 602–616.. 62
Schubert, T., & Otten, S. (2002). Overlap of self, ingroup, and outtgroup: Pictorial measures of self-categorization. Self and identity, 1, 353–376.
71
círculo maior (último par). É pedido aos participantes que usem a medida duas vezes, sendo-
lhes pedido que escolham o par de círculos que melhor representa a proximidade que sentem
com o exogrupo (Imigrantes) e o endogrupo (Portugueses).
Atitudes de aculturação
As atitudes de aculturação têm sido amplamente estudadas no campo das ciências
sociais, e nomeadamente na Psicologia Social, pois, num mundo cada vez mais globalizado, a
forma como a cultura das sociedades receptoras e a cultura das recém-chegadas são afectadas
e se afectam mutuamente é cada vez mais relevante. É exactamente destas eventuais
mudanças que a aculturação – “fenómeno que ocorre quando grupos de pessoas com
diferentes culturas passam a ter um contacto directo e contínuo, com mudanças subsequentes
nos padrões culturais originais de uma ou ambas as culturas” (Redfield, Linton, & Herskovits,
1936, p.149, cit. António, 2011) – trata.
As atitudes de aculturação podem ser estudadas tanto do ponto de vista dos recém-
chegados, como da sociedade receptora. Tendo em conta este último ponto de vista, tem-se
também estudado o impacto das atitudes de aculturação noutras variáveis como, por
exemplo, a aceitação/oposição à imigração. Mais concretamente, um estudo de António
(201163) revelou que, no caso de participantes portugueses, quanto mais positiva a atitude
para com a manutenção da cultura de origem por parte dos imigrante, menor a oposição à
imigração. Assim, e seguindo a abordagem de António (2011), focamo-nos também nas
atitudes de aculturação da sociedade de acolhimento – os Portugueses. Ou seja, pretendemos
aceder às avaliações dos Portugueses acerca de como deve ser a relação dos imigrantes com
as culturas de origem e com a cultura Portuguesa. Para tal, recorremos às 4 questões usadas
por António (2011), duas delas acedendo à (não) manutenção da cultura de origem – “É
importante que os imigrantes mantenham a sua cultura de origem”; “Os imigrantes devem
poder manter o seu modo de vida” –, e duas delas acedendo à (não) adoção da cultura da
sociedade de acolhimento – “É importante que os imigrantes aprendam a cultura portuguesa”;
“É importante que os imigrantes adotem a cultura portuguesa” -, sendo as respostas dadas
numa escala de 5 pontos (1 = discordo totalmente a 5 = concordo totalmente).
Indicadores de carácter específico
Atmosfera de coexistência
Esta área é composta por três questões sobre o peso da população imigrante no
concelho de Loures, os seus países de origem e a qualidade da relação entre a população local
e os imigrantes. Uma questão avaliava a qualidade percebida da relação entre a população
local e os imigrantes em Loures, numa escala de 5-pontos (1= muito má a 5= excelente). Outra
questão focava-se numa estimativa por parte dos participantes sobre a percentagem da
63
António, J. H. C. (2011). Atitudes face à imigração e aos imigrantes em Portugal. In J. António & V. Policarpo (Coord.), Os Imigrantes e a Imigração aos Olhos dos Portugueses: Manifestações de preconceito e perspectivas sobre a inserção de imigrantes (pp.39-71). Lisboa: Gulbenkian.
72
população imigrante no concelho de Loures. A última questão incidia sobre a identificação das
principais nacionalidades dos imigrantes de Loures.
Medida geral de avaliação
De forma a aceder à avaliação geral face aos imigrantes, foram incluídas três questões: a
primeira diz respeito à favorabilidade da opinião da maioria da população de Loures face aos
imigrantes (sendo a resposta dada numa escala de 1= nada favorável a 10= muito favorável), a
segunda refere-se a negatividade da opinião da maioria da população de Loures face aos
imigrantes (sendo a resposta dada numa escala de 1= muito positiva a 10= muito negativa), e a
terceira remete para os sentimentos da maioria da população de Loures face aos imigrantes
(sendo a resposta dada numa escala de 1= não gosta nada deles a 10= gosta muito deles).
Perceções sobre rumores partilhados
Recorrendo a uma questão de resposta aberta, foi pedido aos participantes que
indicassem “quais os principais “rumores” que ouve em Loures sobre os Imigrantes que aí
residem e/ou trabalham.
Medida geral de atitudes
De forma a aceder às atitudes gerais face aos imigrantes, foi usada uma escala em
formato de termómetro. Este tipo de escala é comummente usado na área científica da
Psicologia Social para aceder aos sentimentos dos participantes face a diferentes grupos
sociais (p. ex., imigrantes), estabelecendo uma equivalência entre os sentimentos/atitudes dos
participantes e os valores do termómetro: valores mais elevados indicam calor, denotando
sentimentos (e, consequentemente, atitudes) positivos; e valores mais baixos indicam frio,
denotando sentimentos e atitudes negativas. Assim, e de forma a evitar a desejabilidade social
nas respostas dadas, foi pedido aos participantes que indicassem, numa escala de 0º
(frio/sentimentos negativos) a 10º (calor/sentimentos positivos), “como se sente, em geral, a
maioria da População de Loures em relação aos Imigrantes”.
Distância social
A distância social entre diferentes grupos tem sido uma medida vastamente utilizada na
Psicologia Social e, mais especificamente, nos estudos que abordam as relações intergrupais e
o preconceito (p. ex. Bogardus, 192764). Esta medida avalia a distância percebida entre um
grupo (p. ex. população local de Loures) em relação a determinado grupo-alvo (p. ex.
imigrantes), e em diferentes tipos de relação que implicam um crescente grau de
proximidade/intimidade. A medida de distância social utilizada neste questionário foi adaptada
de Binder e colegas (200965) e de Swart e colegas (201166), e avalia o grau em que os
64
Bogardus, E. S. (1927). Race friendliness and social distance. Journal of Applied Sociology, 11, 272-287. 65
Binder, J., Zagefka, H., Brown, R., Funke, F., Kessler, T., Mummendey, A., Maquil, A., Demoulin, S., & Leyens, J. P. (2009). Does contact reduce prejudice or does prejudice reduce contact? A longitudinal test of the contact hypothesis among majority and minority groups in three European countries. Journal of personality and social psychology, 96(4), 843.
73
participantes pensam que a maioria da população de Loures é favorável a ter imigrantes como:
colegas de turma ou trabalho, professores, vizinhos, hóspedes, sogros e patrões, sendo a
resposta dada numa escala de 5-pontos (1= nada favorável a 5= muito favorável).
Ameaça intergrupal
O conceito de ameaça intergrupal remete para o facto de membros de um determinado
grupo social (p. ex. população local de Loures) sentirem que outro grupo (p. ex. imigrantes)
está numa posição que os pode, de alguma forma, prejudicar. Esta perceção de ameaça pode
incidir tanto sobre recursos materiais (p. ex. emprego, dinheiro, privilégios), como sobre
aspectos simbólicos (p. ex. sistema de valores, cultura e tradições; Stephan, Ybarra &
Morrison, 200967). A literatura científica tem mostrado que a ameaça intergrupal está
fortemente associada ao preconceito: assim, uma maior perceção de ameaça encontra-se
frequentemente associada a atitudes mais negativas em relação ao grupo-alvo (p. ex. Riek,
Mania & Gaertner, 200668).
A medida de ameaça intergrupal usada no presente questionário foi adaptada dos
trabalhos de van Acker e van Beselaere (2011)69 e avalia o grau de concordância da maioria da
população de Loures, numa escala de 5-pontos (1= discorda totalmente a 5= concorda
totalmente), com as seguintes afirmações:
• “A presença de imigrantes ameaça a cultura e tradições Portuguesas”
• “Os imigrantes ameaçam o emprego dos Portugueses”
• “A maioria dos imigrantes está aqui porque quer beneficiar do sistema de
Segurança Social”
• “A presença de imigrantes faz os Portugueses sentirem-se inseguros”
• “No geral, não se pode confiar nos imigrantes”
Hetero-etnicização
O conceito de hetero-etnicização, i.e., o processo através do qual uma cultura diferente
é percebida como característica de um grupo minoritário (p. ex., imigrantes) e, implicitamente,
definida como inferior, tem sido estudado enquanto expressão indireta de preconceito e
discriminação (p.ex., Vala, Lopes, Lima & Brito, 200270). Estas expressões indiretas de
preconceito e discriminação, porque mais veladas, são especialmente difíceis de detetar,
sendo, frequentemente, tidas como não-discriminatórias. Assim, torna-se particularmente
relevante aceder a este tipo de perceções, uma vez que, apesar de veladas, têm também
impacto nos comportamentos face aos grupos visados. A medida de hetero-etnicização usada
66
Swart, H., Hewstone, M., Christ, O., & Voci, A. (2011). Affective mediators of intergroup contact: a three-wave longitudinal study in South Africa. Journal of personality and social psychology, 101(6), 1221. 67
Stephan, W. G., Ybarra, O., & Morrison, K. R. (2009). Intergroup threat theory. In Todd D. Nelson (Ed.), Handbook of Prejudice, Stereotyping and Discrimination (pp. 43-59). New York, NY, US: Psychology Press. 68
Riek, B. M., Mania, E. W., & Gaertner, S. L. (2006). Intergroup threat and outgroup attitudes: A meta-analytic review. Personality and Social Psychology Review, 10(4), 336-353. 69
van Acker, K., & van Beselaere, N. (2011). Bringing together acculturation theory and intergroup contact theory: Predictors of Flemings’ expectations of Turks’ acculturation behavior. International Journal of Intercultural Relations, 35(3), 334-345. 70
Vala, J., Lopes, D., Lima, M., & Brito, R. (2002). "Cultural differences and hetero-ethnicization Portugal: The perceptions of white and black people", Portuguese Journal Of Social Sciences, 1, 2: 111 - 128.
74
neste questionário foi adaptada dos trabalhos de Vala, Lopes e Brito (1999)71 e avalia a
perceção de diferença entre os Portugueses e os imigrantes, numa escala de 7-pontos (1=
muito semelhantes a 7= muito diferentes), nas áreas que se seguem:
• “Nos valores que ensinam aos filhos”
• “Nas crenças e práticas religiosas”
• “Nos valores e comportamentos sexuais”
• “Na preocupação com o bem-estar da família”
Infra-humanização
À semelhança do conceito de hetero-etnicização, também o conceito de infra-
humanização tem sido estudado enquanto expressão indireta de preconceito e discriminação.
A infra-humanização é entendida como o processo através do qual são negadas a um
exogrupo, i.e., a um grupo ao qual não pertencemos (p. ex., imigrantes), em maior ou em
menor grau, determinadas características tipicamente humanas, e pode ser analisada tendo
em conta três níveis: a) enquanto uma menor atribuição de sentimentos, b) enquanto uma
menor atribuição de traços culturais, e c) enquanto despersonalização (p. ex., Lima & Vala,
200572). Assim, quanto menor a atribuição de sentimento, de traços culturais e quanto maior a
despersonalização, maior a tendência para exibir preconceito e discriminação face aos
membros do grupo visado. Para efeitos do presente questionário, foi usada uma medida de
infra-humanização adaptada dos trabalhos de Correia, Brito, Vala e Pérez (2001)73 e que,
incidindo sobre a dimensão dos traços culturais, avalia a atribuição de seis traços culturais (p.
ex., inteligentes, falsos) e 6 traços naturais (p. ex., alegres, impulsivos) a imigrantes, numa
escala de 7-pontos (1= nada característico a 7= muito característico).
Emoções intergrupais
O questionário incluiu ainda um conjunto de itens acerca das emoções da maioria da
população de Loures em relação aos imigrantes no concelho de Loures. A literatura tem
mostrado que as pessoas experienciam um conjunto de emoções diferenciadas em relação a
pessoas que consideram que pertencem a exogrupos (ex., imigrantes, por oposição ao grupo
de Portugueses) e estas emoções, por sua vez, influenciam a forma como as mesmas se
comportam em contextos de interação intergrupal (com membros de outros grupos sociais).
Nesse sentido, as emoções intergrupais são uma variável importante a considerar, uma vez
que a literatura tem mostrado que estas estão fortemente associadas ao preconceito e à
71
Vala, J., Lopes, D., Lima, M., & Brito, R. (1999). "A construção social da diferença: Racialização e etnicização de minorias". In J. Vala (ed). Novos dos racismos: Perspectivas comparativas. Lisboa: Celta. 72
Lima, M., & Vala, J. (2005). A cor do sucesso: efeitos da performance social e econômica no branqueamento e na infra-humanização dos negros no Brasil. Psicol. USP [online], 16(3), pp. 143-165. 73
Correia, I., Brito, R., Vala, J., & Pérez, J. (2001). Normes antiracist es et persistance du racisme flagrant: analyse comparative des attitudes face aux Tziganes et face aux noirs au Portugal (Centro de Investigação e Intervenção Social do ISCTE). (Manuscrito não publicado). .
75
discriminação (p. ex., Smith & Mackie, 200674). A medida de emoções intergrupais utilizada foi
adaptada dos trabalhos de Mackie e colegas (2000)75 e inclui os seguintes itens:
• Gosta deles
• Sente-se incomodado(a)
• Sente desprezo
• Confia neles
• São-lhe indiferentes
• Sente-se irritado(a)
• Sente medo
• Admira-os
• Empatiza com eles
Para cada emoção, os participantes respondiam usando uma escala de 5-pontos (1=
nada a 5= muito).
Ação coletiva
Esta medida refere-se à disposição para levar a cabo ações com o objetivo de melhorar
as condições, o estatuto, o poder ou a influência de um grupo-alvo (Tajfel & Turner, 1979)76.
Para efeitos deste questionário, a medida de ação coletiva utilizada teve por base várias
medidas já existentes na literatura (Simon et al., 200877; van Zomeren et al., 2008a78; van
Zomeren et al., 2008b79), tendo estas sido adaptadas ao contexto local do concelho de Loures.
Era pedido aos participantes que indicassem o seu grau de concordância com cinco
afirmações, numa escala de 5-pontos (1= discordo totalmente a 5= concordo totalmente):
• “Eu faria alguma coisa em conjunto com outras pessoas para promover a não
discriminação de imigrantes”
• “Eu participaria em reuniões sobre a diversidade cultural em Loures”
• “Eu assinaria uma petição a favor dos direitos dos imigrantes”
• “Não me consigo imaginar a participar em atividades locais que a câmara ou a
minha junta de freguesia promovam sobre diversidade intercultural”
• “Tenho intenção de ajudar/colaborar (com) associações locais que trabalham
com diferentes grupos de imigrantes
74
Smith, E. R., & Mackie, D. M. (2006). Agression, hatred and other emotions. In J. F. Dovidio, P. Glick, and L. A. Rudman (Eds.), On the Nature of Prejudice: Fifty years after Allport (pp. 361-376), Malden, MA, US: Blackwell Publishing Ltd. 75
Mackie, D. M., Devos, T., & Smith, E. R. (2000). Intergroup emotions: explaining offensive action tendencies in an intergroup context. Journal of personality and social psychology, 79(4), 602-616. 76
Tajfel, H., & Turner, J. C. (1979). An integrative theory of intergroup conflict. In W. G. Austin, & S. Worchel (Eds.), The social psychology of intergroup relations (pp. 33–47). Monterey, CA: Brooks & Cole. 77
Simon, B., & Ruhs, D. (2008). Identity and politicization among Turkish migrants in Germany: The role of dual identification. Journal of Personality and Social Psychology, 95(6), 1354-1366. 78
van Zomeren, M., Spears, R., & Leach, C. W. (2008a). Exploring psychological mechanisms of collective action: Does relevance of group identity influence how people cope with collective disadvantage? British Journal of Social Psychology, 47(2), 353-372. 79
van Zomeren, M., Postmes, T., & Spears, R. (2008b). Toward an integrative social identity model of collective action: A quantitative research synthesis of three socio-psychological perspectives. Psychological Bulletin, 134(4), 504-535.
76
Questões de controlo
Ainda com o objetivo de obter uma compreensão o mais completa possível do contexto
em que os participantes responderam ao questionário, foram ainda incluídas duas questões de
controlo no final do questionário. A primeira pretendia aferir a existência de um grupo-alvo
imigrante, mais concretamente, era perguntado se durante o preenchimento do questionário
os participantes tinham pensado em algum grupo específico de imigrantes e, em caso
afirmativo, deveriam também identificar esse(s) grupo(s) (segunda questão).
Procedimento de recolha
De forma a facilitar a recolha de dados, o questionário para o levantamento da opinião
da população não-imigrante foi desenvolvido e aplicado em dois suportes distintos –
questionário online e questionário em versão papel – sendo o conteúdo do mesmo totalmente
idêntico. O questionário online foi construído com recurso ao software Qualtrics.
Para efeitos do presente relatório, a segunda fase de recolha de dados decorreu entre 4
e 26 de maio de 2015. Para tal, foram utilizadas duas abordagens distintas, tendo em conta o
suporte do questionário (online ou papel):
• Para a divulgação do questionário online foram utilizadas diversas abordagens.
Assim, a divulgação foi realizada através de páginas oficiais e não oficiais de
entidades presentes no concelho de Loures (p. ex., "Mais Moscavide", "Santa
Casa da Misericórdia de Moscavide", "JI Anjos Camarate"80) registadas no
Facebook. Recorreu-se também ao envio de e-mails convidando à participação
no questionário a várias entidades da rede social de Loures. Finalmente, a
equipa de investigação enviou também, via e-mail ou através de páginas
pessoais do Facebook, um convite à participação neste estudo.
• No que se refere ao questionário em versão papel, foi divulgado e aplicado por
vários membros da equipa de investigação que, deslocando-se a vários locais
públicos no concelho de Loures (p. ex. centro da cidade, centros comerciais),
convidaram presencialmente várias pessoas a participar na recolha de dados.
Em ambos os casos, os dados foram recolhidos de forma anónima e os resultados
individuais são de carácter confidencial, uma vez que os dados são analisados de forma
agregada, não permitindo, assim, a identificação dos participantes.
Participantes
Participaram neste questionário um total de 211 pessoas; no entanto, 70 foram
excluídas da análise: 51 por apenas terem preenchido uma pequena parte do questionário, e
80
Sempre que necessário, foi solicitada uma autorização prévia para a divulgação do estudo nas páginas do Facebook das entidades em questão.
77
19 por não terem a nacionalidade portuguesa ou por serem descendentes de imigrantes (a
designada “segunda geração”). Assim, a amostra válida considerada para análise foi de 141
indivíduos. Destes, 80 preencheram o questionário via online, e 61 na versão em papel.
Em termos da relação com Loures, 36,2% da amostra residia e trabalhava no concelho,
39,7% dos participantes residia e 24,1% trabalhavam no concelho.
No que se refere à cobertura das diferentes freguesias do concelho, verificou-se, em
termos gerais, uma distribuição dos participantes pelas várias freguesias, tanto em termos
daqueles que residiam, como daqueles que trabalhavam no concelho (ver Figuras 3 e 4),
apesar do número elevado de não-respostas em ambas as questões. As freguesias de Lousa,
Sacavém, Prior Velho, e Loures foram as mais nomeadas em termos de residência; as
freguesias de Loures e Sacavém e Prior Velho foram as mais mencionadas em termos de
trabalho.
FIGURA 3. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS PARTICIPANTES PELAS FREGUESIAS DO CONCELHO DE LOURES (RESIDÊNCIA)
10,6%
0,7%
0,7%
17,7%
21,3%
5,7%
18,4%7,8%
1,4%
11,3%
23,4%
Camarate, Unhos e Apelação
Bucelas
Fanhões
Loures
Lousa
Moscavide e Portela
Sacavém e Prior Velho
78
FIGURA 4. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA DOS PARTICIPANTES PELAS FREGUESIAS DO CONCELHO DE LOURES
(TRABALHO)
A maioria dos inquiridos indicou trabalhar (7,1%) e/ou morar (22,7%) no concelho há
pelo menos 21 anos; 2,1% dos participantes eram moradores e 5,7% eram trabalhadores
recentes no concelho (até três anos); 2,8% da amostra residia e 8,5% trabalhava em Loures
entre 4 a 15 anos.
No que respeita às características sociodemográficas dos participantes, verificou-se que
59,6% da amostra era do sexo feminino e 40,4% do sexo masculino, e que a grande maioria
(83,7%) dos inquiridos se encontra empregada. Já em termos etários, o escalão com maior
representatividade na amostra de participantes foi aquele entre os 26 e os 35 anos (ver Tabela
22). No que se refere ao nível de escolaridade (ver Tabela 22), a maioria dos participantes
(30,5%) tinha o 12º ano.
5,7%
33,3%
3,5%14,2%
2,8%
0,7%
1,4%
38,3%
Camarate, Unhos e Apelação
Loures
Moscavide e Portela
Sacavém e Prior Velho
Santa Iria de Azóia, São João daTalha e Bobadela
Santo Antão do Tojal e SãoJulião do Tojal
Santo António dos Cavaleiros eFrielas
Não-resposta
79
TABELA 22. DISTRIBUIÇÃO DOS PARTICIPANTES PELOS ESCALÕES ETÁRIOS
Escalões etários Percentagem Níveis de escolaridade Percentagem
18-25 5,7% 4º ano (ou menos) 2,8%
26-35 40,4% 6º ano 1,4%
36-45 30,5% 9º ano 9,9%
46-65 19,9% 12º ano 30,5%
> 65 3,5% Licenciatura 16,3%
Não-respostas 0% Mestrado 8,5%
Doutoramento 0%
Não-respostas 30,5%
Finalmente, e em termos de atividades profissionais, a amostra caracteriza-se por uma
grande diversidade. Exemplos das áreas de atividade profissional da amostra incluem o sector
da saúde (p. ex. psicólogos), da educação (p. ex. professores), do comércio (p. ex. gerente de
loja), as tecnologias de informação, engenharia, entre outros.
Resultados
Esta secção apresenta os resultados do questionário, analisados com recurso ao
software de análise estatística IBM SPSS versão 20. Os resultados serão apresentados de
acordo com as seguintes seções:
• Numa primeira secção, irão apresentar-se os resultados globais do questionário
e das suas várias áreas temáticas, comummente designadas por estatísticas
descritivas;
• Numa segunda seção, serão detalhadas as principais relações de associação
entre as variáveis em estudo.
Resultados globais
De seguida, serão apresentados os principais resultados do questionário, de acordo com
as áreas temáticas apresentadas na secção referente aos instrumentos, e agrupadas da
seguinte forma:
1. Perceções espontâneas
2. Frequência de interação
3. Contacto intergrupal
4. Proximidade/identificação grupal
5. Atmosfera de coexistência
6. Medida geral de avaliação
7. Perceções sobre rumores partilhados
8. Medida geral de atitudes
80
9. Distância social
10. Ameaça intergrupal
11. Hetero-etnicização
12. Infra-humanização
13. Emoções intergrupais
14. Ação coletiva
15. Questões de controlo
Perceções espontâneas
Em termos gerais, uma análise temática das respostas dadas à questão sobre a
primeira ideia acerca de imigrantes, permite verificar que os participantes referem aspetos
diversos, nomeadamente (e por ordem de expressividade): a procura de melhores condições
de vida
(n = 29 verbalizações); a condição de se ser estrangeiro, que engloba a condição de refugiado
(n = 19 verbalizações); a diversidade cultural e religiosa (n = 15 verbalizações); a referência a
grupos específicos (n = 15 verbalizações), sobretudo PALOP/ de origem africana, de países de
Leste, e refugiados; aspetos negativos associados aos imigrantes (n = 13 verbalizações),
nomeadamente ilegalidade (habitacional), precariedade (laboral), crime, guetização, falta de
integração, e o aproveitamento dos recursos existentes; referências ao impacto da imigração
na economia portuguesa (n = 9 verbalizações), tanto em termos positivos (p. ex.,
oportunidades de desenvolvimento), como negativos (p. ex., mais desemprego); e referências
às dificuldades de se ser imigrante (n = 9 verbalizações).
Mais especificamente, temos como exemplo da procura de melhores condições de
vida, a seguinte verbalização: “penso que tiveram de mudar de país à procura de uma vida
melhor”; e como exemplo dos aspetos negativos associados aos imigrantes, a seguinte
verbalização: “que vêm tirar postos de trabalho aos de cá, e dependendo da sua origem
poderão trazer distúrbios”.
Frequência de interação
A Figura 5 ilustra os resultados referentes à questão acerca da frequência de interação
entre a população de Loures e os imigrantes, revelando que os níveis de interação são
significativos: mais de metade dos inquiridos indicou interagir com imigrantes algumas vezes
por semana (27,7%) ou mesmo todos os dias (34,7%).
81
FIGURA 5. FREQUÊNCIA DE INTERAÇÃO: COM QUE FREQUÊNCIA É QUE INTERAGE – ISTO É, COMUNICA , TRABALHA,
PARTILHA OS TEMPOS LIVRES, ETC. – COM IMIGRANTES?
Contacto intergrupal
Em termos de contacto intergrupal, avaliou-se frequência de contacto direto com
imigrantes. Avaliou-se ainda a qualidade desse contacto, bem como um tipo particular de
contacto intergrupal: as relações de amizade. Relativamente à questão sobre a frequência de
contacto com imigrantes (“Com que frequência interage diretamente com imigrantes?”),
verificou-se que, à semelhança da medida de frequência de interação (Figura 5), a grande
maioria dos participantes (83,7%) indicou interagir com imigrantes com alguma frequência, i.e.
de “ocasionalmente” até “frequentemente”. No que se refere à qualidade deste contacto,
46,1% dos participantes indicaram ser “positiva” ou “muito positiva”; 46,8% dos inquiridos
preferiu não se posicionar claramente escolhendo a categoria “nem negativas nem positivas”;
e 2,1% dos participantes avaliaram as suas interações com imigrantes como “muito negativas”.
Relativamente ao número de amigos imigrantes, verificou-se que a grande maioria dos
participantes tem pelo menos um amigo imigrante (ver Figura 6): 32,6% dos inquiridos indicou
ter entre um a três amigos imigrantes, e 12,1% indicou ter 10 ou mais amigos imigrantes.
Cerca de três em cada dez inquiridos revelou não ter nenhum amigo imigrante (31,2%).
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Esta afirmação para…
Algumas vezes por ano
Uma vez por mês
Algumas vezes por mês
Uma vez por semana
Algumas vezes por…
Todos os dias
82
FIGURA 6. NÚMERO DE AMIGOS IMIGRANTES: QUANTOS DOS SEUS AMIGOS SÃO IMIGRANTES?
Finalmente, e no que respeita à frequência de interação dos participantes com os seus
amigos imigrantes, os resultados espelham, de algum modo, os resultados obtidos na questão
sobre a frequência de interação com imigrantes: 59,6% dos inquiridos disse passar pelo menos
algum tempo com os seus amigos imigrantes (categorias de “ocasionalmente” até
“frequentemente”), com 17% destes a indicar que interage frequentemente com os seus
amigos imigrantes. No entanto, 16,3% dos inquiridos referiu interagir com amigos imigrantes
apenas raramente.
Proximidade/identificação grupal
No que se refere à proximidade/identificação grupal, verifica-se um padrão de respostas
bastante diferenciado consoante a questão se refira aos imigrantes (exogrupo) ou aos
Portugueses (endogrupo). Assim, se por um lado os participantes parecem sentir graus
bastante diferenciados de proximidade em relação aos imigrantes (57,5% dos inquiridos usou
os pontos intermédios da escala para indicar a proximidade sentida em relação aos imigrantes,
revelando pouca a moderada aproximação); por outro, a maioria dos participantes (44,7%)
indica claramente sentir muita proximidade em relação ao endogrupo (ver Figura 7).
83
FIGURA 7. PROXIMIDADE GRUPAL: ASSINALE O NÚMERO QUE MELHOR REPRESENTA A PROXIMIDADE QUE VOCÊ
SENTE COM OS IMIGRANTES/COM OS PORTUGUESES.
Atmosfera de coexistência
Relativamente à temática da atmosfera de coexistência, foram três as questões
colocadas aos participantes: uma incidiu sobre a qualidade da relação entre a população de
Loures e os imigrantes; outra incidiu sobre a percentagem de imigrantes residentes no
concelho; e uma última visava aceder às perceções acerca das principais nacionalidades dos
imigrantes de Loures.
Em termos da questão em que se pedia aos participantes que caracterizassem a
qualidade da relação entre a população de Loures e os imigrantes, os resultados mostraram
que 80,1% dos participantes avaliou a qualidade da relação como positiva (categorias
“satisfatória” e “boa”), com a maioria dos participantes (56,7%) a caracterizar a relação como
“satisfatória”. É ainda importante notar que 17% dos inquiridos caracterizou a relação entre a
população de Loures e os imigrantes como negativa (i.e., “muito má” ou “má”) e nenhum dos
participantes avaliou essa mesma relação como “excelente” (ver Figura 8).
0%
20%
40%
60%
80%
100%
1. Muitopouca
proximidade
3 5 7. Muitaproximidade
ProximidadeImigrantes
ProximidadePortugueses
84
FIGURA 8. QUALIDADE PERCEBIDA DA RELAÇÃO ENTRE A POPULAÇÃO DE LOURES E IMIGRANTES: COMO
CARACTERIZARIA A RELAÇÃO ENTRE A POPULAÇÃO DE LOURES E OS IMIGRANTES EM LOURES?
No que se refere à questão acerca da percentagem de imigrantes em Loures, os
resultados, ilustrados na Figura 9, revelam alguma dificuldade dos inquiridos em estimar a
proporção de imigrantes no concelho, sendo que as não-respostas rondam os 41%. De entre os
inquiridos que apontaram um valor, a maioria dos participantes (42,3%) estimou a proporção
de imigrantes no concelho como sendo de até 30%, e destes, 12,8% estimou que essa
percentagem se encontraria abaixo dos 11%. Assim, apenas uma pequena parte da amostra de
inquiridos parece ter uma perceção acerca da proporção de imigrantes no concelho que se
encontra próxima da proporção real: segundo dados do Censos 2011, a percentagem de
cidadãos com nacionalidade estrangeira no concelho rondava os 8% do número total de
habitantes no concelho81.
81 Fonte: INE http://www.ine.pt/xportal/xmain?xpid=INE&xpgid=ine_destaques&DESTAQUESdest_boui= 150126943&DESTAQUESmodo=2
2,84%
14,18%
56,74%
23,40%
0,00%2,80%
Muito má
Má
Satisfatória
Boa
Excelente
Não-resposta
85
FIGURA 9. PERCENTAGEM ESTIMADA DE IMIGRANTES EM LOURES: NA SUA OPINIÃO, QUAL A PERCENTAGEM DE
POPULAÇÃO IMIGRANTE EM LOURES?
Por último, foi ainda pedido aos participantes que indicassem quais as principais
nacionalidades dos imigrantes residentes no concelho de Loures. As respostas refletem uma
grande variedade de origens: PALOPs (Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Angola, Moçambique, São
Tomé e Príncipe), Brasil e países de leste (Roménia, Ucrânia, Moldávia, Croácia, Bulgária,
Eslavos). Outros países indicados pelos participantes incluíram a Rússia, e também alguns
países da Ásia (Paquistão, índia, China, Síria, Bangladesh), bem como o Senegal. Finalmente,
foram ainda mencionados europeus, espanhóis e a comunidade cigana. Assim, as respostas
dos inquiridos refletem, em grande parte, as nacionalidades ou países de origem mais
representados em Loures. Mais concretamente, e de acordo com o Censos 2011, os imigrantes
com maior representatividade no concelho são oriundos dos PALOP (58%, em especial de
Cabo-Verde e Angola), do continente Americano (19%, em especial do Brasil), da Europa (18%,
em especial Roménia e Ucrânia), e da Ásia (5%)82.
Avaliação geral
Esta área temática foi medida com recurso a três questões que visavam aceder à
favorabilidade e à negatividade da opinião da maioria da população de Loures face aos
imigrantes, bem como aos sentimentos da maioria da população de Loures face aos
imigrantes.
A análise dos resultados revelou que estes três aspetos se organizam numa única
dimensão, que se denominou de avaliação geral83. Assim, a análise dos resultados relativos a
82 Rede Social de Loures (2014). Atualização do Diagnóstico Social do Concelho de Loures. 83 Este resultado foi obtido após a realização de uma análise factorial (solução de um factor, com total de variância explicada de 90,92%) e confirmado através de uma análise de consistência interna (alpha de Cronbach = .95).
12,77%
19,15%
10,64%12,77%
2,84%0,71%
41,13%
>11%
11-20%
21-30%
31-40%
41-50%
>51%
86
esta área temática será apresentada em função de uma única dimensão84, com valores que
variam entre 0 (avaliação negativa) e 10 (avaliação positiva).
Os resultados revelaram que, em média, mas de forma pouco homogénea85, os
participantes expressam uma avaliação geral dos imigrantes tendencialmente neutra (média
de 4,8). De forma a ilustrar mais claramente estes resultados, os dados foram reorganizados
em três categorias – “avaliação negativa”, “avaliação neutra (nem positiva, nem negativa)” e
“avaliação positiva”, e podem ser observados na Figura 10.
FIGURA 10. AVALIAÇÃO GERAL DOS PARTICIPANTES (ÍNDICE CONSTITUÍDO PELOS ITENS FAVORABILIDADE ,
NEGATIVIDADE E SENTIMENTOS FACE AOS IMIGRANTES)
Perceções de “rumores” partilhados
Sobre os principais “rumores” acerca dos imigrantes, uma análise temática das respostas revela que o mais expressivo remete para o crime/desvio (n = 45 verbalizações; p. ex., “normalmente são associados com criminalidade no concelho”), seguindo-se outros, nomeadamente: o serem sem regras/problemáticos (n =20) (Ex., “Alguns são conflituosos e com ausência de regras”); o aproveitamento dos recursos existentes (p. ex., subsídios e “roubo” de trabalho aos portugueses; n = 19 verbalizações); atributos pessoais negativos (n = 10 verbalizações), como a desconfiança/enganam; o facto de elicitarem reações negativas (n =14 verbalizações), como não serem bem-vindos ou alvo de preconceito; e o não quererem trabalhar (n = 7 verbalizações).
Medida geral de atitudes
A atitude geral face aos imigrantes foi medida com recurso a uma escala em formato de
termómetro que equiparava os graus do termómetro às atitudes (sentimentos) dos inquiridos.
De forma semelhante ao descrito para a avaliação geral dos imigrantes, os resultados da
análise da questão relativa às atitudes gerais face aos imigrantes revelaram que, em média,
mas de forma pouco homogénea86, os participantes expressam uma atitude geral face aos
84
Foi construído um índice – avaliação geral – que resulta da média aritmética das respostas dadas às três questões mencionadas (favorabilidade da opinião, negatividade da opinião, e sentimentos face aos imigrantes) 85
Desvio-padrão = 1,61 86
Desvio-padrão = 1,78
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60%
Avaliação negativa
Avalição nem negativa,nem positiva
Avaliação positiva
87
imigrantes tendencialmente neutra (média de 4,4). No sentido de permitir uma melhor
compreensão e visualização dos resultados desta medida, os dados foram reorganizados em
três categorias – “atitude negativa”, “atitude neutra (nem positiva, nem negativa)” e “atitude
positiva”, e podem ser observados na Figura 11.
FIGURA 11. ATITUDE GERAL DOS PARTICIPANTES: COMO SE SENTE, EM GERAL, A MAIORIA DA POPULAÇÃO DE
LOURES EM RELAÇÃO AOS IMIGRANTES?
Distância social
A medida de distância social visava aceder à distância percebida entre a população local
e os imigrantes de Loures, com recurso a vários itens referentes a relações e interações sociais
(p. ex. colegas de turma/trabalho, vizinhos). Os resultados revelaram que, em geral, os
participantes optaram por não se posicionar nem favorável nem desfavoravelmente (ver
Figura 12) nos diferentes itens apresentados. Assim, e mais concretamente, a percentagem de
participantes que escolheu a categoria “nem favorável nem desfavorável” variou entre os
29,1% e os 41,1%. É ainda de notar que, no caso de algumas das relações consideradas,
verifica-se que uma percentagem ainda significativa de participantes se mostrou “nada
favorável” a ter imigrantes como sogros (17%), patrões (18,4%), ou hóspedes (22,7%). No
entanto, a percentagem de inquiridos que se mostrou “muito favorável” a estabelecer
qualquer tipo de relações com imigrantes foi bastante diminuta.
O item referente a ter imigrantes como “colegas de turma ou trabalho” foi aquele que
elicitou respostas mais positivas por parte dos inquiridos, com 41,1% de respostas favoráveis
ou muito favoráveis. Já os itens que remetiam para relações que implicam um maior grau de
intimidade, como hóspedes e vizinhos ou relações familiares como sogros, foram os que
elicitaram menor favorabilidade, com, respetivamente, 53,9%, 47,5% e 46,8% dos inquiridos a
revelarem-se nada ou pouco favoráveis a este tipo de interação.
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70%
Não-resposta
Atitude negativa
Atitude nem negativa,nem positiva
Atitude positiva
88
FIGURA 12. DISTÂNCIA SOCIAL: INDIQUE ATÉ QUE PONTO A MAIORIA DA POPULAÇÃO DE LOURES É FAVORÁVEL A
TER IMIGRANTES COMO …
Ameaça intergrupal
No que se refere às questões usadas para aceder às perceções de ameaça intergrupal,
verificou-se que, em geral, os participantes mostraram concordar ou concordar totalmente
com os diferentes tipos de ameaça considerados, exceção feita aos itens “A presença de
imigrantes ameaça a cultura e tradições Portuguesas.” (com 48,9% dos inquiridos a discordar
ou discordar totalmente) e “No geral, não se pode confiar nos imigrantes.” (com 41,8% dos
inquiridos a discordar ou discordar totalmente, e 31,9% dos inquiridos a não concordar, nem
discordar; ver Figura 13). Os itens que elicitam maior perceção de ameaça são os que se
referem ao emprego (com 58,1% dos participantes a concordarem ou concordarem
totalmente), à insegurança (com 48,9% dos inquiridos a concordarem ou concordarem
totalmente), e à segurança social (com 43,1% dos inquiridos a concordarem ou concordarem
totalmente).
0% 50% 100%
Colegas turma/trabalho
Professores
Vizinhos
Hóspedes
Sogros
Patrões
Nada favorável
Pouco favorável
Nem favorável nemdesfavorávelFavorável
89
FIGURA 13. AMEAÇA INTERGRUPAL: INDIQUE ATÉ QUE PONTO A MAIORIA DA POPULAÇÃO DE LOURES CONCORDA
COM AS SEGUINTES AFIRMAÇÕES …
Hetero-etnicização
Esta área temática foi medida com recurso a quatro questões, que visavam aceder às
perceções de semelhança entre a população de Loures e os imigrantes, em termos de crenças,
valores e comportamentos.
Os resultados revelaram que estes diferentes aspetos se organizam numa única
dimensão, que se denominou de hetero-etnicização87. Desta forma, os resultados relativos a
esta área temática serão apresentados em função de uma única dimensão88, com valores que
variam entre 1 (baixa hetero-etnicização, i.e., perceções de semelhança) e 7 (alta hetero-
etnicização, i.e., perceções de diferença).
Os resultados revelaram que, em média, mas de forma pouco homogénea89, os
participantes expressam uma hetero-etnicização dos imigrantes tendencialmente neutra
(média de 3,87), não os considerando nem semelhantes, nem diferentes da população de
Loures. De forma a facilitar a visualização e compreensão destes resultados, os dados foram
reorganizados em três categorias – “baixa hetero-etnicização”, “hetero-etnicização neutra
(nem baixa, nem alta)” e “alta hetero-etnicização”, e podem ser observados na Figura 14.
87
Este resultado foi obtido após a realização de uma análise factorial (solução de um factor, com total de variância explicada de 60,78%) e confirmado através de uma análise de consistência interna (alpha de Cronbach = .78). 88
Foi construído um índice – hetero-etnicização – que resulta da média aritmética das respostas dadas às três questões mencionadas (crenças, valores, e comportamentos) 89
Desvio-padrão = 1,32
0% 50% 100%
A presença de imigrantes ameaça acultura e tradições Portuguesas.
Os imigrantes ameaçam o empregodos Portugueses.
A maioria dos imigrantes está aquiporque quer beneficiar do sistema
de segurança social.
A presença de imigrantes faz osPortugueses sentirem-se inseguros.
No geral, não se pode confiar nosimigrantes.
Discordatotalmente
Discorda
Não concorda,nem discorda
Concorda
Concordatotalmente
90
FIGURA 14. HETERO-ETNICIZAÇÃO DOS IMIGRANTES (ÍNDICE CONSTITUÍDO PELOS ITENS SEMELHANÇA ENTRE
CRENÇAS , VALORES E COMPORTAMENTOS DA POPULAÇÃO DE LOURES E DOS IMIGRANTES)
Infra-humanização
Tal como referido aquando da descrição do questionário, para aceder às perceções de
infra-humanização, foram considerados 12 itens:
• Inteligentes
• Sábios
• Solidários
• Falsos
• Ignorantes
• Infantis
• Alegres
• Espontâneos
• Espertos
• Impulsivos
• Agressivos
• Descontrolados
Uma vez que, em termos teóricos, os itens supramencionados são, usualmente,
organizados em quatro dimensões, recorreu-se ao mesmo procedimento na presente análise.
Assim, foram criadas as seguintes dimensões90: cultura positiva, que compreende traços
tipicamente humanos de valência positiva “inteligentes”, “sábios”, e “solidários”; cultura
negativa, que compreende os traços tipicamente humanos de valência negativa “falsos”,
“ignorantes”, e “infantis”; natura positiva, que compreende os traços humanos e não-humanos
de valência positiva “alegres”, “espontâneos”, e “espertos”; e natura negativa, que
compreende os traços humanos e não-humanos de valência negativa “impulsivos”,
“agressivos”, e “descontrolados” (ver Tabela 23).
90
A validade deste procedimento foi confirmada através de uma análise de consistência interna (alpha de Cronbach para a dimensão cultura positiva= .71; alpha de Cronbach para a dimensão cultura negativa= .65; alpha de Cronbach para a dimensão natura positiva= .65; e alpha de Cronbach para a dimensão cultura negativa= .90).
0% 10% 20% 30% 40% 50%
Não-resposta
Baixa hetero-etnicização
Hetero-etnicização nembaixa, nem alta
Alta hetero-etnicização
91
TABELA 23. DISTRIBUIÇÃO DOS TRAÇOS PELAS DIMENSÕES “CULTURA POSITIVA”,”CULTURA NEGATIVA”,
“NATURA POSITIVA” E “NATURA NEGATIVA”
Nota: campos marcados a cor diferente dizem respeito a traços incluídos em diferentes dimensões.
Neste sentido, a análise dos resultados relativos à infra-humanização será apresentada
em função das quatro dimensões criadas91, com valores a variarem entre 1 (nada
característico) e 7 (muito característico).
Em termos da atribuição de traços de cultura positivos e negativos a imigrantes, os
resultados revelaram que, em média, e de forma relativamente homogénea92, os participantes
expressam uma infra-humanização dos imigrantes tendencialmente neutra (médias de 3,79 e
3,77, respetivamente), considerando, assim, este tipo de traços nem muito, nem pouco
característico dos imigrantes. No que se refere à atribuição de traços de natura positivos e
negativos, os resultados revelaram-se semelhantes: em média, e de forma relativamente
homogénea93, os participantes também expressam uma infra-humanização dos imigrantes
tendencialmente neutra (médias de 4,5 e 4,4, respetivamente), embora, como indicado pelas
médias mais elevadas, tendessem a considerar este tipo de traços um pouco mais
característico dos imigrantes do que os traços de cultura.
De forma a ilustrar mais claramente o significado destes resultados, os dados foram
reorganizados em três categorias – “nada a pouco característico”, “nem muito, nem pouco
característico” e “característico a muito característico”, apresentadas na Figura 15.
91
Foram construídos 4 índices – cultura positiva, cultura negativa, natura positiva e natura egativa – que resultam da média aritmética dos itens que constituem cada factor (cf. Tabela 23). 92
Desvios-padrão = 0,9 e 1, respetivamente. 93
Desvios-padrão = 0,8 e 1,22, respetivamente.
Cultura positiva Cultura negativa Natura positiva Natura negativa
Inteligentes Sábios Solidários Falsos Ignorantes Infantis Alegres Espontâneos Espertos Impulsivos Agressivos Descontrolados
92
FIGURA 15. INFRA-HUMANIZAÇÃO DOS IMIGRANTES – CULTURA POSITIVA, CULTURA NEGATIVA , NATURA
POSITIVA E NATURA NEGATIVA
Mais concretamente, os resultados revelam que a maioria dos participantes optou por
não se posicionar em relação à atribuição de traços de cultura positivos (34,7%), traços de
cultura negativos (39,7%), e traços de natura positivos (41,1%), escolhendo a opção neutra
“nem muito, nem pouco característico”, tendência essa que não se verificou no caso da
atribuição de traços de natura negativos. Neste último caso, verificou-se que os inquiridos
escolheram a opção “característico-totalmente característico” mais frequentemente (37,6%).
É ainda de notar que, não só a proporção de inquiridos que considera os traços de
cultura (positivos e negativos) característicos dos imigrantes é mais reduzida (14,2% e 11,3%,
respetivamente), como também é reduzida a proporção de participantes que considera os
traços de natura (positivos e negativos) como nada ou pouco característicos dos imigrantes
(5,7% e 12,1%, respetivamente).
Emoções intergrupais
Tal como referido anteriormente na secção dos instrumentos, para avaliar as emoções
dos participantes em relação aos imigrantes foram considerados nove itens:
• Gosta deles
• Sente-se incomodado(a)
• Sente desprezo
• Confia neles
• São-lhe indiferentes
• Sente-se irritado(a)
• Sente medo
• Admira-os
• Empatiza com eles
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Cultura positiva
Cultura negativa
Natura positiva
Natura negativaNada-poucocaracterísticso
Nem muito, nem poucocaracterístico
Característico -totalmentecaracterístico
93
Também no que se refere às emoções, é usual a organização deste construto em termos
de valência, pelo que, comummente, as emoções são apresentadas de acordo com duas
dimensões. Assim, e de forma a recorrer a um procedimento corrente na presente análise,
foram criadas as seguintes dimensões94: emoções positivas, que compreende as emoções de
valência positiva “gosta deles”, “confia neles”, e “admira-os” e “empatiza com eles”; e
emoções negativas, que compreende as emoções de valência negativa “sente-se
incomodado”, “desprezo”, “são-lhe indiferentes” e “medo” (ver Tabela 24).
TABELA 24. DISTRIBUIÇÃO DAS EMOÇÕES PELAS DIMENSÕES “EMOÇÕES POSITIVAS” E “EMOÇÕES NEGATIVAS”
Nota: campos marcados a cor diferente dizem respeito a emoções incluídas em diferentes dimensões.
Desta forma, a análise dos resultados relativos à área temática das emoções será
apresentado em função da dimensão emoções positivas95 e da dimensão emoções negativas,
com os resultados para ambas as dimensões a variarem entre 1 (nada) e 5 (muito).
Relativamente às emoções, os resultados revelaram que, em média, e de forma
homogénea96, os participantes expressam, de algum modo, “ausência” de sentimentos (média
de 1,8 para as emoções positivas, e de 1,9 para as emoções negativas) relativamente aos
imigrantes, não expressando nem emoções negativas, nem emoções positivas face aos
imigrantes.
De forma a ilustrar mais claramente o significado destes resultados, os dados foram
reorganizados em três categorias – “nada/pouco”, “nem muito, nem pouco” e “moderado-
muito”, podendo ser consultados na Figura 16.
94
A validade deste procedimento foi confirmada através de uma análise de consistência interna (alpha de Cronbach para a dimensão emoções positivas= .79; alpha de Cronbach para a dimensão emoções negativas= .75). 95
Foram construídos dois índices – emoções positivas e emoções negativas – que resultam da média aritmética dos itens que constituem cada factor (cf. Tabela 24). 96
Desvios-padrão = 0,43 e 0,39, respetivamente.
Emoções positivas Emoções negativas
Gosta deles Confia neles Admira-os Empatiza com eles Sente-se incomodado(a) Sente desprezo São-lhe indiferentes Sente-se irritado(a) Sente medo
94
FIGURA 16. SENTIMENTOS EM RELAÇÃO AOS IMIGRANTES – EMOÇÕES POSITIVAS E NEGATIVAS
Os resultados revelam ainda que a maioria dos participantes optou por não se
posicionar, escolhendo a opção neutra “nem muito, nem pouco”, tanto em relação às
emoções positivas (73,8%), como em relação às emoções negativas (80,8%). É ainda de notar
que 22% dos inquiridos revelou ter nenhumas ou poucas emoções positivas em relação aos
imigrantes, e que apenas 0,7% dos inquiridos exibiu emoções moderadamente ou muito
positivas. Por outro lado, 12,8% dos participantes revelaram nenhumas ou poucas emoções
negativas face aos imigrantes, embora 2,8% tenham revelado ter emoções moderadamente ou
muito negativos face aos imigrantes.
Ação coletiva97
Os resultados da análise das cinco questões incluídas na área temática da ação coletiva
são apresentados na Figura 17. Em geral, os participantes revelaram-se de moderadamente a
bastante disponíveis para se envolverem nos diferentes tipos de ação coletiva considerados,
em especial no que se refere a “não participar em atividades sobre a diversidade cultural”
(com 80,3% dos inquiridos a discordarem ou discordarem totalmente), “assinar uma petição a
favor dos imigrantes” (com 71,4% dos participantes a concordarem ou concordarem
totalmente), e “participar em reuniões sobre a diversidade cultural” (com 62,5% dos inquiridos
a concordarem ou concordarem totalmente).
97
A medida de ação coletiva foi apenas incluída na primeira vaga de recolha de dados (i.e., até à entrega do relatório preliminar), pelo que apresenta um número mais reduzido de respostas (n = 55) do que o número total de respondentes ao questionário (n = 141).
0% 20% 40% 60% 80% 100%
Emoçõespositivas
Emoçõesnegativas
Nada - pouco
Nem muito,nem poucoModerado -muitoNão-resposta
95
FIGURA 17. AÇÃO COLETIVA A FAVOR DOS IMIGRANTES: POR FAVOR INDIQUE QUAL O SEU GRAU DE
CONCORDÂNCIA COM AS SEGUINTES AFIRMAÇÕES …
Uma proporção razoável de participantes optou também por não se posicionar
claramente nas questões referentes à ação coletiva, com a categoria de resposta “não
concordo nem discordo” a variar entre os 10,7% e os 28,6%. É ainda de mencionar que os
níveis de não-adesão aos vários tipos de ação coletiva registaram valores bastante baixos, com
as categorias de resposta “discordo totalmente” e “discordo” (ou no caso do item “não
participar em atividades que sobre a diversidade cultural”, as categorias de resposta
“concordo totalmente” e “concordo”) a variarem entre os 3,6% e os 5,4%.
Atitudes de aculturação98
No que se refere às atitudes de aculturação, e como referido anteriormente, focámo-
nos nas atitudes de aculturação dos portugueses (sociedade de acolhimento), recorrendo a 4
questões: duas delas acedendo à (não) manutenção da cultura de origem, e duas delas
acedendo à (não) adoção da cultura da sociedade de acolhimento.
Os resultados revelaram que, em média, mas de forma pouco homogénea99, os
participantes tendem a ser mais favoráveis à adoção da cultura portuguesa (médias de 4,2 e de
3,3), do que à manutenção da cultura do país de origem (médias de 3,6 e de 3) por parte dos
imigrantes.
98
A medida de aculturação aqui descrita foi apenas incluída na segunda vaga de recolha de dados (i.e., depois da entrega do relatório preliminar), pelo que apresenta um número mais reduzido de respostas (n = 84) do que o número total de respondentes ao questionário (n = 141). 99
Desvios-padrão = 0,88 e 1,06 para as questões relativas à adopção da cultura portuguesa e de 1,09 e 1,17 para as questões relativas à manutenção da cultura de origem, respetivamente.
0% 50% 100%
Eu faria alguma coisa em conjunto comoutras pessoas para promover a não
discriminação de imigrantes
Eu participaria em reuniões sobre adiversidade cultural em Loures
Eu assinaria uma petição a favor dosdireitos dos imigrantes
Não me consigo imaginar a participar ematividades locais que a câmara ou aminha junta de freguesia promovam…
Tenho intenção de ajudar/colaborar(com) associações locais que trabalham
com diferentes grupos de imigrantes
DiscordototalmenteDiscordo
Não concordo,nem discordoConcordo
ConcordototalmenteNão-resposta
96
De forma a analisar as respostas dos participantes de forma mais sistemática, baseámo-
nos nos pressupostos do modelo bi-dimensional de aculturação (Berry, 1999, 1997, cit.
António, 2011100), segundo o qual a consideração simultânea das atitudes face à cultura de
origem e face à cultura da sociedade de acolhimento permite a elaboração de uma tipologia
de orientações de aculturação, com quatro perfis: Integração, Assimilação, Separação e
Marginalização. Enquanto a integração pressupõe a adoção de ambas as culturas, a
marginalização pressupõe a rejeição (não adoção) de ambas as culturas. Já a separação
pressupõe a adoção da cultura de origem, mas não da cultura de acolhimento, e a assimilação
pressupõe a aceitação da cultura de acolhimento, mas não da cultura de origem (ver Tabela
25).
TABELA 25. MODELO BI-DIMENSIONAL DE ORIENTAÇÕES DE ACULTURAÇÃO.
Manutenção da Cultura de Origem?
Sim Não
Adopção da Cultura Portuguesa?
Sim Integração Assimilação
Não Separação Marginalização
Assim, e tendo em conta o exposto, foram criados quatro perfis de orientação de
aculturação101: integração, assimilação, separação, e marginalização.
Relativamente aos perfis de orientação de aculturação, os resultados mostraram que a
maioria dos participantes (19,1% e 18,4%, respetivamente) revelou um perfil de orientação de
assimilação, sendo favoráveis à adoção da cultura portuguesa e à não-manutenção da cultura
de origem por parte dos imigrantes; e de marginalização, não sendo favoráveis nem à adoção
da cultura portuguesa, nem à manutenção da cultura de origem por parte dos imigrantes
(Tabela 26).
TABELA 26. DISTRIBUIÇÃO DAS ATITUDES DE ACULTURAÇÃO DOS RESPONDENTES (%) PELOS QUADRANTES DO
MODELO BI-DIMENSIONAL DE ORIENTAÇÕES DE ACULTURAÇÃO.
100
António, J. H. C. (2011). Atitudes face à imigração e aos imigrantes em Portugal. In J. António & V. Policarpo (Coord.), Os Imigrantes e a Imigração aos Olhos dos Portugueses: Manifestações de preconceito e perspectivas sobre a inserção de imigrantes (pp.39-71). Lisboa: Gulbenkian.. 101
Para criar estes perfis, seguimos as recomendações de António (2011), e recorremos a um corte no ponto 3,5 da escala de resposta (que varia entre 1 e 5). Assim, de acordo com este procedimento, serão considerados como tendo um perfil de integração os participantes que responderam >3,5 nas 4 questões colocadas; serão considerados como tendo um perfil de marginalização, os participantes que responderam <3,5 nas quatro questões; serão considerados tendo um perfil de assimilação os participantes que responderam >3,5 nas questões referentes à manutenção da cultura portuguesa e <3,5 nas questões referentes à cultura de origem; e serão considerados como tendo um perfil de separação os participantes que responderam <3,5 nas perguntas referentes à manutenção da cultura portuguesa e >3,5 nas perguntas referentes à cultura de origem.
97
Manutenção da Cultura de Origem?
Sim Não
Adoção da Cultura Portuguesa?
Sim Integração – 13,5% Assimilação – 19,1%
Não Separação – 8,5% Marginalização – 18,4%
Questões de controlo
Foram ainda incluídas duas questões de controlo: a primeira visava perceber se os
participantes tinham pensado em algum grupo específico de imigrantes durante o
preenchimento do questionário, e uma segunda visava aceder à respetiva identificação do
grupo de imigrantes.
Relativamente à primeira questão, 53,2%, dos participantes indicaram não ter pensado
em nenhum grupo de imigrantes específico durante o preenchimento do questionário, e 46,1%
dos inquiridos respondeu afirmativamente a esta questão. Destes, e em termos da segunda
questão, cerca de 36,5% mencionou ter pensado em imigrantes de origem africana, sendo os
PALOP em geral Angola e Cabo-Verde, em particular, os países mais frequentemente referidos.
Cerca de 10,5% dos inquiridos referiu ter pensado em imigrantes de Leste, com especial
referência a Romenos, durante o preenchimento do questionário. Cerca de 9% dos
participantes mencionou ter pensado em imigrantes de origem africana e brasileira durante o
preenchimento do questionário. Índia, Brasil e Irlanda foram outros dos países mencionados,
embora em grau bastante mais reduzido. Alguns dos inquiridos referiram ainda ciganos.
Finalmente, cerca de 30% dos participantes indicou ter pensado em mais o que um grupo de
imigrantes durante o preenchimento do questionário, nomeadamente, refugiados e
requerentes de asilo; cabo-verdianos e indianos; e angolanos, guineenses, romanis e indianos.
Associações entre as variáveis em estudo
Nesta secção apresentamos as associações102 entre as diferentes variáveis incluídas no
questionário, procurando dar particular ênfase às variáveis mais relacionadas com as questões
do preconceito subtil e da discriminação face aos imigrantes.
Assim, num primeiro momento analisaram-se as associações entre variáveis de contexto
(frequência de interação, frequência e qualidade de contacto, número de amigos imigrantes, e
proximidade sentida face a imigrantes e a portugueses) e as diferentes variáveis usadas para
aceder às perceções, atitudes e comportamentos face aos imigrantes (avaliação geral, medida
geral de atitudes, distância social, ameaça intergrupal, hetero-etnicização, infra-humanização,
emoções, atitudes de aculturação e ação coletiva). No que se refere a este primeiro conjunto
de análises, os resultados revelaram que, quanto maior a frequência de interacção, menor a
102
Para a análise das associações foi utilizado o coeficiente de correlação de Pearson; o nível de significância considerado estatisticamente significativo foi de p ≤ 0,05.
98
atribuição de traços de natura tanto negativos como positivos aos imigrantes (i.e., menor
infra-humanização dos imigrantes).
Já no que se refere à frequência de contacto, verificou-se que, quanto maior a
frequência de contacto, maior a atribuição de traços de natura tanto negativos como positivos
aos imigrantes (i.e., maior infra-humanização dos imigrantes); mas também maior exibição de
emoções positivas face aos imigrantes.
Em termos da qualidade de contacto, verificou-se que, quanto melhor a qualidade do
contacto, mais positiva a avaliação geral dos imigrantes; mais positivas as atitudes gerais face
aos imigrantes, maior a favorabilidade em ter imigrantes como colegas de turma/trabalho,
vizinhos, ou patrões (i.e., menor distância social face aos imigrantes); menores as perceções de
que os imigrantes são uma ameaça para a cultura portuguesa, e de que só querem beneficiar
da segurança social (i.e., menor ameaça intergrupal percebida em relação aos imigrantes); e
maior a atribuição de traços de cultura negativos aos imigrantes (i.e., menor infra-
humanização dos imigrantes). Contudo, os dados também mostraram que, quanto melhor a
qualidade do contacto, menor a favorabilidade em ter imigrantes como hóspedes (i.e., maior
distância social face aos imigrantes).
Verificou-se ainda que, quanto maior o número de amigos imigrantes por parte dos
participantes, maior a atribuição de traços de natura negativos aos imigrantes (i.e., maior
infra-humanização dos imigrantes).
No caso da proximidade sentida face aos imigrantes, quanto maior essa proximidade,
maior a favorabilidade em ter imigrantes como vizinhos (i.e., menor distância social face aos
imigrantes), e maior a intenção para colaborar com associações de imigrantes (i.e., maior
disposição para ação coletiva a favor dos imigrantes).
Finalmente, verificou-se que, quanto maior a proximidade sentida em relação aos
portugueses, menor a intenção de assinar petições a favor dos imigrantes (i.e., menor
disposição para ação coletiva a favor dos imigrantes).
Num segundo momento, analisaram-se as associações entre variáveis mais gerais
usadas para aceder às perceções e atitudes face aos imigrantes (avaliação geral, medida geral
de atitudes, hetero-etnicização, infra-humanização, emoções, e atitudes de aculturação) e as
variáveis mais específicas usadas para aceder às perceções, atitudes e comportamentos face
aos imigrantes (distância social, ameaça intergrupal, e ação coletiva). Assim, e em termos da
avaliação geral dos imigrantes, os resultados revelaram que, quanto mais positiva a avaliação
geral dos imigrantes, maior a favorabilidade face a ter imigrantes como colegas, professores,
vizinhos, hóspedes, sogros, e patrões (i.e., menor a distância social face aos imigrantes); e
menores as perceções de que os imigrantes ameaçam a cultura portuguesa, de que só querem
beneficiar da segurança social, de que os portugueses se sentem inseguros em relação aos
imigrantes, e de que não se pode confiar nos imigrantes (i.e., menor ameaça intergrupal
percebida em relação aos imigrantes).
No que se refere à medida geral de atitudes, verificou-se que, quanto mais positivos os
sentimentos face aos imigrantes, maior a favorabilidade face a ter imigrantes como colegas,
professores, vizinhos, hóspedes, sogros, e patrões (i.e., menor a distância social face aos
99
imigrantes); menores as perceções de que os imigrantes ameaçam a cultura portuguesa, de
que tiram empregos aos portugueses, de que só querem beneficiar da segurança social, de que
os portugueses se sentem inseguros graças aos imigrantes, e de que não se pode confiar nos
imigrantes (i.e., menor ameaça intergrupal percebida); e maior a intenção para se envolver em
atividades que promovam a não-discriminação de imigrantes (i.e., maior disposição para ação
coletiva a favor dos imigrantes).
No caso da hetero-etnicização, os resultados revelaram que, quanto maior a disposição
para considerar os imigrantes diferentes dos portugueses (i.e., hetero-etnicizar os imigrantes),
menor a favorabilidade face a ter imigrantes como colegas, professores, vizinhos, hóspedes,
sogros, e patrões (i.e., maior a distância social face aos imigrantes); e maiores as perceções de
que os imigrantes ameaçam a cultura portuguesa, de que tiram empregos aos portugueses, de
que só querem beneficiar da segurança social, de que os portugueses se sentem inseguros
graças aos imigrantes, e de que não se pode confiar nos imigrantes (i.e., maior ameaça
intergrupal percebida em relação aos imigrantes).
Em termos dos traços de cultura positiva, uma maior atribuição destes traços aos
imigrantes (i.e., uma menor infra-humanização dos imigrantes) está associada a uma maior a
favorabilidade face a ter imigrantes como colegas, professores, vizinhos, hóspedes, sogros, e
patrões (i.e., menor a distância social face aos imigrantes); e menores as perceções de que os
imigrantes ameaçam a cultura portuguesa, de que tiram empregos aos portugueses, de que só
querem beneficiar da segurança social, de que os portugueses se sentem inseguros graças aos
imigrantes, e de que não se pode confiar nos imigrantes (i.e., menor ameaça integrupal
percebida). Já no que se refere à atribuição de traços de cultura negativos, uma maior
atribuição destes traços (i.e., uma menor infra-humanização dos imigrantes) encontra-se
associada a uma menor favorabilidade face a ter imigrantes como patrões (i.e., maior distância
social face aos imigrantes); e a uma maior perceção de que os portugueses se sentem
inseguros graças aos imigrantes, e de que não se pode confiar nos imigrantes (i.e., maior
ameaça integrupal percebida). Este padrão de resultados é semelhante ao encontrado no caso
da atribuição de traços de natura negativos. Assim, quanto maior a atribuição destes traços
(i.e., maior infra-humanização dos imigrantes), menor a favorabilidade face a ter imigrantes
como professores, vizinhos, hóspedes, sogros, e patrões (i.e., maior a distância social face aos
imigrantes); maiores as perceções de que os imigrantes tiram empregos aos portugueses, de
que só querem beneficiar da segurança social, de que os portugueses se sentem inseguros
graças aos imigrantes, e de que não se pode confiar nos imigrantes (i.e., maior ameaça
integrupal percebida); e maior a intenção para colaborar com associações de imigrantes (i.e.,
maior disposição para ação coletiva a favor dos imigrantes). Por fim, no que diz respeito à
atribuição de traços de natura positivos aos imigrantes, os resultados revelaram que esta
variável não se correlaciona significativamente com as variáveis mais específicas usadas para
aceder às perceções, atitudes, e comportamentos face aos imigrantes (distância social, ameaça
intergrupal, e ação coletiva).
No caso das emoções, verificou-se que os resultados apresentam um padrão oposto,
consoante se trate das emoções positivas ou das emoções negativas. Mais concretamente,
enquanto uma maior exibição de emoções positivas face aos imigrantes está associada a uma
maior a favorabilidade face a ter imigrantes como colegas, professores, vizinhos, hóspedes
sogros, e patrões (i.e., menor a distância social face aos imigrantes); a exibição de emoções
100
negativas está associada a uma menor favorabilidade face a ter imigrantes como colegas,
vizinhos, hóspedes, sogros, e patrões (i.e., menor a distância social face aos imigrantes).
Enquanto uma maior exibição de emoções positivas está associada a menores as perceções de
que os imigrantes tiram empregos aos portugueses, de que só querem beneficiar da segurança
social, de que os portugueses se sentem inseguros graças aos imigrantes, e de que não se pode
confiar nos imigrantes (i.e., menor ameaça intergrupal percebida); uma maior exibição de
emoções negativas está associada a maiores perceções de que os imigrantes ameaçam a
cultura portuguesa, de que tiram empregos aos portugueses, de que só querem beneficiar da
segurança social, de que os portugueses se sentem inseguros graças aos imigrantes, e de que
não se pode confiar nos imigrantes (i.e., maior ameaça intergrupal percebida). Por último, uma
maior exibição de emoções negativas está ainda associada a uma menor a intenção de assinar
petições a favor dos imigrantes (i.e., menor disposição para ação coletiva a favor dos
imigrantes).
Finalmente, no que se refere às atitudes de aculturação, não se verificaram quaisquer
relações significativas entre esta e as variáveis mais específicas usadas para aceder às
perceções e atitudes face aos imigrantes (distância social e ameaça intergrupal).
EM SUMA, os resultados do questionário utilizado para o levantamento da opinião da
população não-imigrante revelam:
• um não-posicionamento dos inquiridos face aos imigrantes, sendo frequente a escolha
pelo ponto médio das escalas de resposta (“não concordo, nem discordo”, “nem muito,
nem pouco”, “nem favorável, nem desfavorável”)
NO ENTANTO … é possível identificar alguns padrões de resposta que parecem sugerir
atitudes mais negativas face aos imigrantes, nomeadamente em medidas mais subtis, que
revelam que os respondentes:
101
• não se mostraram especialmente favoráveis a ter imigrantes como colegas de
trabalho/turma, professores, vizinhos, hóspedes, sogros e patrões (medidas de
distância social);
• expressam uma baixa preponderância de emoções positivas face aos imigrantes;
• expressam atitudes que indicam uma preferência para que os imigrantes adotem a
cultura portuguesa em detrimento da sua cultura de origem (assimilação); ou pela não-
adoção da cultura portuguesa e pela não-manutenção da cultura de origem por parte
dos imigrantes (i.e., marginalização).
Ainda,
• quanto mais positivos os sentimentos face aos imigrantes, menor é a perceção de
distância social face aos imigrantes; menores as perceções de que os imigrantes
ameaçam a cultura portuguesa (ex., tiram empregos aos portugueses); e maior a
intenção para se envolver em atividades que promovam a não-discriminação de
imigrantes
102
II. Conclusões e Recomendações Neste relatório procurou dar-se conta dos principais resultados do Diagnóstico Local no
âmbito da Ação 4, PMII. Mais especificamente, neste relatório foram apresentados os
resultados dos quatro estudos conduzidos de forma a dar conta dos objetivos do Diagnóstico
Local.
Assim, neste relatório deu-se conta dos resultados referentes:
• à recolha documental e estatística com vista à caracterização sociodemográfica da
população imigrante do concelho de Loures (Estudo 1);
• às entrevistas e focus groups com representantes e funcionários de entidades que
atuam no concelho de Loures em áreas como a saúde e a cultura (Estudo 2);
• às entrevistas realizadas a representantes de associações de imigrantes e à população
imigrante em geral (Estudo 3);
• à revisão de literatura sobre as atitudes dos Portugueses, à representação que a
imprensa escrita tem construído e transmitido sobre a imigração e os imigrantes, e as
representações que os residentes e/ou moradores de Loures têm acerca dos imigrantes de
países terceiros (Estudo 4).
Os resultados do Estudo 2 – realizado com o intuito de caracterizar os recursos/serviços de apoio e suporte oferecidos aos imigrantes do concelho de Loures – resultaram da análise das entrevistas conduzidas (presencialmente, de forma individual ou em grupo) a um grupo heterogéneo de participantes, mais concretamente a representantes de associações de áreas distintas.
No âmbito do Estudo 3, e com o levantamento da opinião dos imigrantes sobre as entidades que atuam no concelho, foram também conduzidas entrevistas (presencialmente, de forma individual) a um grupo heterogéneo de participantes, dado terem diferentes nacionalidades.
A condução destes dois estudos – quer com entidades, quer com imigrantes – permite ter uma visão mais abrangente da realidade do território, construída de forma participada, ou seja, numa lógica bottom-up, com as pessoas e para as pessoas.
Os resultados dos Estudos 2 e 3 dão conta de alguns constrangimentos com que se
deparam os imigrantes que residem no concelho: a situação legal no país é o ponto de partida
para muitos dos constrangimentos com que se deparam, sobretudo os laborais e
consequentemente os financeiros e sociais (p. ex., habitacionais). Estes resultados vão ao
encontro das prioridades já apontadas pelo Concelho de Loures, aquando do seu Diagnóstico
Social, atualizado em 2014: o acesso ao emprego por parte de população imigrante, como
principal área de intervenção na área da imigração no concelho. Segundo o mesmo
documento, as maiores dificuldades a combater são a baixa escolaridade dos imigrantes do
concelho e o não reconhecimento da escolaridade acreditada pelos países de origem – este é
um outro aspeto que emerge das entrevistas feitas quer às entidades, quer aos imigrantes (p.
ex., baixas qualificações; formações não reconhecidas em Portugal).
103
A estes constrangimentos associam-se por exemplo os da língua, que se tornam um
obstáculo na procura de emprego, mas também na própria resolução dos seus problemas (p.
ex., a procura de informações para resolver a sua situação legal no país)
Um dos focos de intervenção passa pelo desenvolvimento de projetos de
empregabilidade; pela formação e apoio ao empreendedorismo; pela promoção de legalização
e regularização pelos empregadores; pelo estímulo das oportunidades de
emprego/contratação de imigrantes legais; pela dinamização do micro-empreendedorismo
imigrante e pela promoção de políticas de fixação das pessoas nos territórios103. Importa
contudo referir que a situação de regularização no país assume aqui um papel fulcral para o
desenvolvimento de muitas destas medidas. Apesar desta matéria ser objeto de medidas de
intervenção do Estado, e não locais, a Câmara e outras entidades poderão exercer um papel
junto deste.
Este relatório apresenta ainda os resultados do Estudo 4, referentes ao levantamento
das representações dos habitantes/trabalhadores do concelho de Loures sobre os imigrantes.
Numa primeira secção, foi apresentada uma revisão de literatura sobre as atitudes dos
Portugueses sobre a imigração; numa segunda secção, foi apresentada uma análise da
comunicação social sobre as representações que os media têm transmitido sobre a imigração e
os imigrantes em geral (dados nacionais) e os imigrantes residentes no concelho de Loures em
particular (dados locais); e, numa terceira secção, foram apresentados os resultados do
questionário aplicado aos residentes/trabalhadores do concelho de Loures.
Assim, os resultados da análise de comunicação social parecem convergir, em certa
medida, com os dados da revisão de literatura referentes a estudos nacionais sobre as atitudes
dos portugueses acerca dos imigrantes e, neste sentido, reforçam a importância do papel dos
media na disseminação das representações acerca dos imigrantes. Mais concretamente, tanto
no que se refere aos dados resultantes da revisão de literatura, como aos resultados da análise
da comunicação social (tanto nacional, como local) é aparente a associação entre imigrantes e
questões relacionadas com a criminalidade/desvio. Nomeadamente, e recorrendo aos
resultados da análise dos media locais, verifica-se uma associação entre imigração e imigrantes
à temática do desvio: não só palavras como “SEF” e “ilegal” são bastante frequentes nas
notícias analisadas, como as palavras de valência negativa “suspeitos” e “prisão” co-ocorreram
frequentemente com as palavras-chave (p. e.x., “estrangeiros”, “imigrantes”, “imigração”)
usadas para extrair as notícias. Por outro lado, e divergindo dos dados resultantes da revisão
de literatura e da análise dos media nacionais, os resultados da análise dos media locais
também sugerem uma preocupação com a dimensão relacional: não só “inclusão” foi uma das
palavras-chave mais frequentes, como as palavras de valência positiva “iniciativa”, e
“comunitário” co-ocorreram frequentemente com esta e outras palavras-chave usadas na
extração de notícias.
No âmbito do Estudo 4, foi ainda construído um questionário com o objetivo de avaliar
as principais atitudes e perceções dos residentes e/ou trabalhadores do concelho de Loures
face aos imigrantes. Este instrumento foi desenvolvido com base nos objetivos do Diagnóstico
Local com recurso a medidas e instrumentos usados para a aceder às questões do preconceito
103
Rede Social de Loures (2014). Atualização do Diagnóstico Social do Concelho de Loures.
104
e discriminação na área científica da Psicologia Social. O questionário, disponibilizado em duas
versões – online e em papel – contou com a participação válida de 141 inquiridos.
Em termos dos resultados, verificou-se que, não só os inquiridos apresentam elevados
níveis de interação com imigrantes (mais de metade dos inquiridos indicou interagir com
imigrantes algumas vezes por semana (27,7%) ou mesmo todos os dias (34,7%); como a
maioria dos participantes tem pelo menos um amigo imigrante (68,1%). Além do mais, os
inquiridos tendem, não só a avaliar positivamente o contato que estabelecem com imigrantes
(46,1% dos participantes indicaram ser “positiva” ou “muito positiva”), como a considerar
positivamente a coexistência com imigrantes no concelho de Loures (80,1% dos participantes
avaliou a qualidade da relação como positiva (categorias “satisfatória” e “boa”). Contudo, e
apesar da elevada frequência em termos de interação/contacto, este parece não ter impacto
claro noutros campos, parecendo mesmo contribuir para o reforço de eventuais estereótipos
negativos. Mais concretamente, quanto maior a frequência da interação com imigrantes,
menor a atribuição de traços de natura positivos e negativos a imigrantes (i.e., menor infra-
humanização dos imigrantes); quanto maior a frequência de contacto, maior a exibição de
emoções positivas face aos imigrantes; e quanto melhor a qualidade do contacto, mais positiva
a avaliação geral dos imigrantes, mais positivas as atitudes gerais face aos imigrantes, e maior
a favorabilidade em ter imigrantes como colegas, vizinhos e patrões (i.e., menor distância
social face aos imigrantes). Contudo, por outro lado, quanto maior a frequência de contacto,
maior a atribuição de traços de natura positivos e negativos aos imigrantes (i.e., maior infra-
humanização dos imigrantes); e quanto melhor a qualidade do contacto, maiores as
percepções de que os imigrantes ameaçam a cultura portuguesa, e de que só querem
beneficiar da segurança social (i.e., maior ameaça intergrupal percebida em relação aos
imigrantes), e menor a favorabilidade em ter imigrantes como hóspedes (i.e., maior distância
social face aos imigrantes). Assim, e embora de forma limitada, estes resultados parecem
corroborar a tese de que, para ser eficaz na desconfirmação de estereótipos, permitindo a
redução do preconceito e discriminação, o contacto deve preencher alguns pré-requisitos.
Mais especificamente, por forma a conduzir a relações intergrupais mais harmoniosas, o
contacto deve ser positivo, i.e., deve acontecer entre indivíduos de igual estatuto, com
objetivos comuns, deve fomentar a cooperação entre os indivíduos, ter o apoio de alguma
autoridade e envolver interações pessoais (e.g., Allport, 1954104).
No que se refere a medidas para aceder às perceções mais gerais acerca dos imigrantes,
verificou-se que, tanto em termos da avaliação geral, como em termos da medida geral de
atitudes, os inquiridos optaram por se posicionar de forma neutra: 49,6% expressam uma
avaliação dos imigrantes “nem positiva, nem negativa”, e 58,2% exibem atitudes “nem
positivas, nem negativas” face aos imigrantes. Além do mais, os participantes tendem também
a considerar os imigrantes “nem semelhantes, nem diferentes” dos portugueses (i.e., uma
hetero-etnicização dos imigrantes “nem alta, nem baixa”; 42,5%), tendem a considerar que os
atributos de cultura e de natura positivos e negativos não são “nem muito, nem pouco
característicos dos imigrantes” (i.e., uma infra-humanizaçãos dos imigrantes “nem alta, nem
baixa”; entre 31,2% e 41,1%), e sentir “nem muitas, nem poucas” emoções positivas (73,8%) e
negativas (80,8%) face aos imigrantes. Ainda em relação à infra-humanização, é de notar que
enquanto 22,7% dos participantes consideram que os traços de cultura positiva são
104
Allport, G. W. (1954). The nature of prejudice. Cambridge, MA: Perseus Books.
105
“nada/pouco característicos” dos imigrantes, e 24,1% dos participantes consideram que os
traços de cultura negativa são também “nada/pouco característicos dos imigrantes”; uma
percentagem considerável dos inquiridos considera que os traços de natura positivos (32,6%) e
os traços de natura negativos (37,6%) são “característicos/totalmente característicos” dos
imigrantes, tendência esta que pode ser interpretada como uma forma também ela subtil de
exibir preconceito via infra-humanização dos imigrantes, uma vez que se negam traços de
cultura (tipicamente humanos) – mas não os traços de natura (característicos de não-humanos
e humanos) – como característicos dos imigrantes.
No que concerne a exibição de emoções, é ainda de mencionar o facto de virtualmente
nenhum participante (0,7%) ter indicado que sente emoções positivas “moderadas/muitas”
face aos imigrantes, e que 2,8% dos participantes tenham reconhecido sentir
“moderadas/muitas” emoções negativas face aos imigrantes. Este resultado é especialmente
relevante quando se tem em conta a relação que se supõe existir entre emoções (intergrupais)
e comportamento (intergrupal), com as primeiras a precederem e motivarem o segundo (e,
assim, emoções positivas a elicitarem comportamentos positivos; e emoções negativas a
elicitarem comportamentos negativos). Além do mais, estes resultados parecem ainda ir de
encontro aos descritos na literatura (p. ex. Mummendey et al., 1992)105: a eventual
demonstração de preconceito em relação a membros de outro grupo (p. ex., imigrantes) não
passa, necessariamente, pela atribuição de dimensões de avaliação negativa, mas também
pela negação ou fraca atribuição (ou em níveis relativamente mais baixos) de características
positivas. Os resultados referentes à área temática das emoções intergrupais ilustram
precisamente esta dicotomia – a fraca exibição de emoções negativas em relação aos
imigrantes (mesmo apesar do reconhecimento por parte de alguns inquiridos de que as
sentem “moderadamente/muito”), mas também, e especialmente, a relativa baixa
preponderância de emoções positivas.
Curiosamente, e apesar da tendência dos inquiridos para se posicionarem de forma
neutra em relação a estas variáveis mais gerais, a avaliação geral, a medida geral de atitudes, a
hetero-etnicização, a infra-humanização e as emoções parecem estar associadas a outras
variáveis mais específicas também incluídas no questionário. Desta forma, uma avaliação geral
mais positiva, uma atitude geral mais positiva, uma maior atribuição de traços de cultura
positivos (i.e., uma menor infra-humanização dos imigrantes), e uma maior expressão de
sentimentos positivos estão associadas a uma menor distância social (i.e., maior favorabilidade
em ter imigrantes como colegas de trabalho, vizinhos, etc) e a uma menor perceção de ameaça
intergrupal (i.e., menor perceção de imigrantes como uma ameaça para a cultura e o emprego,
etc). Por outro lado, uma maior hetero-etnicização (i.e., uma maior perceção de que os
imigrantes são diferentes em termos de cultura, valores e comportamentos), uma maior
atribuição de traços de natura negativos (i.e., uma maior infra-humanização), e uma maior
exibição de emoções negativas estão associadas a uma maior distância social e a uma maior
perceção de ameaça intergrupal em relação aos imigrantes.
Outra das medidas usada no questionário visava aceder à distância social entre a
população de Loures e os imigrantes. Os resultados revelaram, mais uma vez, que uma
105
Mummendey, A., Simon, B., Dietze, C., Grünert, M., Haeger, G., Kessler, S., Lettgen, S., & Schaferhoff, S. (1992). Categorization is not enough: Intergroup discrimination in negative outcome allocation. Journal of Experimental Social Psychology, 28, 125-144.
106
proporção significativa dos inquiridos optou por não se posicionar, preferindo escolher o
ponto médio da escala (a percentagem de participantes que se mostrou “nem favorável, nem
desfavorável” a ter imigrantes como colegas, vizinhos, etc variou entre os 32,6% e os 41,1%).
No entanto, e apesar da favorabilidade face a ter imigrantes como colegas de turma/trabalho,
(41,1% dos respondentes indicaram ser “favoráveis/muito favoráveis”), no que se referiu a
relações que implicam maior proximidade/intimidade, verificaram-se os níveis mais altos de
distância social (53,9%, 47,5% e 46,8% dos inquiridos mostraram-se “nada/pouco favoráveis” a
ter imigrantes, respetivamente, como hóspedes, vizinhos, e sogros). É ainda de notar que, não
só uma percentagem ainda considerável de participantes se mostrou “nada favorável” a
estabelecer estes tipos de relação social com imigrantes, como a percentagem de inquiridos
que se mostrou “muito favorável” a estabelecer esse mesmo tipo de relações com imigrantes
foi diminuta. Desta forma, os resultados também não permitem concluir que existe uma
motivação clara para estabelecer estes diferentes tipos de relação/interação social com
imigrantes.
Curiosamente, no que concerne à medida usada para aceder às perceções de ameaça,
o padrão de respostas revelou-se menos “neutro” do que padrões de resultados até agora
descritos: em geral, os participantes mostraram concordar ou concordar totalmente com os
diferentes tipos de ameaça considerados, especialmente no que dizia respeito ao emprego
(com 58,1% dos participantes a concordarem ou concordarem totalmente), à insegurança
(com 49,9% dos inquiridos a concordarem ou concordarem totalmente), e à segurança social
(com 43,1% dos inquiridos a concordarem ou concordarem totalmente). Ainda assim, os itens
referentes à ameaça à cultura (com 48,92% dos inquiridos a discordar ou discordar
totalmente) e ao facto de não se poder confiar nos imigrantes (com 41,8% dos inquiridos a
discordar ou discordar totalmente, e 31,9% dos inquiridos a não concordar, nem discordar)
foram os que elicitaram menos ameaça.
Em termos mais comportamentais, verificou-se uma disposição moderada a elevada
para aderir a várias formas de ação coletiva com vista a beneficiar os imigrantes, com os itens
referentes à não participação em atividades que promovam a diversidade intercultural (com
80,3% dos inquiridos a discordarem/discordarem totalmente) e à assinatura de petições (com
71,4% dos participantes a concordarem/concordarem totalmente) como os que granjearam
maior percentagem de adesão. Apesar dos níveis elevados de adesão, esta variável mostrou,
em geral, não se encontrar significativamente associada a outras variáveis. Ainda assim, e
revelando um padrão interessante, verificou-se que, por um lado, quanto maior a proximidade
sentida em relação aos portugueses, menor a intenção de assinar petições a favor dos
imigrantes (i.e., menor disposição para ação coletiva a favor dos imigrantes); e, por outro,
quanto maior a proximidade sentida face aos imigrantes, maior a intenção para colaborar com
associações de imigrantes (i.e., maior disposição para ação coletiva a favor dos imigrantes).
Verificou-se ainda que, quanto mais positiva a atitude geral face aos imigrantes, maior a
intenção para se envolver em atividades que promovam a não-discriminação de imigrantes
(i.e., maior disposição para ação coletiva a favor dos imigrantes).
No que diz respeito às atitudes aculturação, verificou-se que a maioria dos participantes
revelou um perfil de orientação de assimilação e de marginalização (19,1% e 18,4%,
respetivamente). Assim, enquanto os primeiros são favoráveis à adoção da cultura portuguesa
e à não-manutenção da cultura de origem por parte dos imigrantes; os segundos não são
107
favoráveis nem à adoção da cultura portuguesa, nem à manutenção da cultura de origem por
parte dos imigrantes. Este resultado parece evidenciar uma preferência pela cultura
portuguesa em detrimento das culturas de origem dos imigrantes, tendência esta que também
pode ser interpretada como uma forma mais velada de preconceito e discriminação face aos
imigrantes.
Finalmente, verificou-se que, quando questionados acerca da proporção de imigrantes
no concelho de Loures, os resultados parecem revelar, por um lado um lado, algum
desconhecimento sobre a proporção de imigrantes no concelho – ou a dificuldade em estimá-
la – e, por outro lado, alguma sobre-estimação desta proporção, uma vez que 46% dos
inquiridos indicou que a percentagem de imigrantes se situava entre os 11% e os 51%. No
entanto, e de acordo com os dados do Censos 2011, a população imigrante em Loures
representava, naquela data, cerca de 8% do total de habitantes no concelho106. É de referir que
este resultado – a sobre-estimação do número de imigrantes numa dada comunidade ou país –
tem também sido encontrado noutros estudos sobre a imigração, sendo um dos fatores que
aparece associado a atitudes mais negativas em relação a imigrantes (p. ex. Sides & Citrin,
2007107; Duffy & Frere-Smith, 2014108).
Tendo em conta o atrás exposto, as recomendações da equipa de investigação do CIS-
IUL focam-se em duas áreas de atuação:
1) recomendações que visam diretamente a população imigrante
2) recomendações que visam a população não-imigrante e, desta forma,
relacionam-se com a população imigrante de forma mais indireta.
No que se refere ao ponto 1, enquadrando os resultados dos Estudos 1, 2 e 3, a equipa
de investigação do CIS-IUL apresenta as seguintes recomendações:
- no âmbito da análise documental e estatística (Estudo 1), destaca-se a necessidade
de investir num estudo mais aprofundado de caracterização da população imigrante do
concelho, de forma a monitorizar o perfil dos imigrantes em Loures e em que medida o
concelho se reveste ou não de algumas particularidades que devem ser tidas em conta,
quando comparados com o perfil do imigrante nacional;
- no âmbito da informação recolhida junto dos imigrantes e entidades presentes no concelho
(Estudos 2 e 3), a equipa de investigação sublinha a necessidade de simplificar e clarificar
procedimentos relacionados com a integração dos imigrantes numa perspetiva local (i.e., junto
dos imigrantes e numa lógica de proximidade) e direta (i.e., apresentação da informação de
forma gráfica, passo a passo, sequencial). A equipa de investigação sugere ainda a
disponibilização de kits informativos, elaborados nas línguas de origem dos imigrantes com
106
Rede Social de Loures (2014). Atualização do Diagnóstico Social do Concelho de Loures. 107
Sides, J., & Citrin, J. (2007). European opinion about immigration: The role of identities, interests and information. British Journal of Political Science, 37(3), 477-504. 108
Duffy, B., & Frere-Smith, T. (2014). Perceptions and reality: Public attitudes to immigration. Ipsos Mori, Social Research Institute.
108
uma representação mais significativa no concelho109, onde as principais entidades presentes
no concelho são apresentadas e todos os processos relevantes são descritos passo a passo.
Sugere-se ainda que as estratégias para a integração dos imigrantes se foquem em três pontos
essenciais: o facto de que existe um processo simples, claro, igual para todos os imigrantes, e
de fácil acesso, para a resolução dos seus problemas; o facto de que as entidades relevantes
estão presentes no concelho e de que os apoios existem, sendo o objetivo geral apoiar os
imigrantes; e o facto de que os imigrantes têm a possibilidade e capacidade de resolver as
dificuldades com que se deparam ao chegar a Portugal em geral, e ao concelho em específico,
numa lógica de capacitação, cooperação e trabalho conjunto. Sugere-se, ainda, a criação do
papel de facilitadores comunitários, em diferentes territórios e pertencentes às diferentes
comunidades imigrantes que se sintam capacitados para prestar apoios no processo de
integração dos seus pares, que permitam colaborar de forma estreita com as entidades que,
como se destaca dos resultados do Estudo 2, acabam por fazer um acompanhamento
personalizado a muitos dos seus utentes.
No que se refere ao segundo ponto das recomendações – recomendações que visam a
população não-imigrante – parece-nos que este é também um ponto extremamente relevante.
Mais concretamente, consideramos que a plena integração dos imigrantes passará não só por
medidas que os visem diretamente, mas também por medidas que visem a população não-
imigrante, na medida em que as perceções e atitudes desta em relação aos imigrantes
também contribuirão para a sua (não) integração.
Neste sentido, e tendo por base os resultados do Estudo 4 – Levantamento da opinião
da população não imigrante – parece-nos relevante que:
- se sensibilize os media locais para o seu papel na construção social da representação
que a população não-imigrante tem dos imigrantes em Loures, bem como da importância do
seu contributo no sentido de evitar a perpetuação de estereótipos negativos associados à
imigração e aos imigrantes.
- se considerem medidas que, não só contribuam para a perceção da diversidade da
população portuguesa, como também contribuam para a perceção de semelhança entre a
população imigrante e não-imigrante. De facto, os resultados do Estudo 4 revelam que
algumas perceções e atitudes mais negativas face aos imigrantes ainda persistem, e que estas
se manifestam especialmente quando se recorrem a medidas subtis.
- Mais concretamente, verifica-se que aqueles os participantes no questionário não se
mostram especialmente favoráveis a ter imigrantes como colegas, vizinhos, hóspedes, sogros e
patrões, não exibem emoções positivas face aos imigrantes, tendem a considerar que os
imigrantes não são nem semelhantes, nem diferentes dos portugueses, e tendem a considerar
que os imigrantes devem adotar a cultura portuguesa e não manter a cultura de origem A
aposta em ações que promovam tanto a consciencialização da diversidade da população
portuguesa, como a semelhança entre imigrantes e não-imigrantes, poderá ter um impacto
positivo em todas estas dimensões, conduzindo a maior favorabilidade em ter imigrantes
109
Tendo em conta o número elevado de nacionalidades representadas no concelho, bem como os procedimentos logísticos implicados na disponibilização de estruturas nas inúmeras línguas de origem de todos os imigrantes, sugere-se que tal esforço se concentre nas línguas de origem dos imigrantes mais representados no concelho.
109
como colegas, vizinhos, etc.; mais sentimentos positivos face aos imigrantes; maior perceção
de semelhança entre portugueses e imigrantes; e uma maior aceitação da manutenção da
cultura de origem por parte dos imigrantes.
Por outro lado, a criação de mais ações que procurem fomentar a interação entre
diferentes comunidades é uma outra recomendação a destacar. As ações que decorreram no
âmbito do Projeto C4i – Communication for Integration – refletem já um conjunto de boas
práticas que têm vindo a ser desenvolvidas e que importa continuar. A visibilidade que é feita
a muitas destas ações, através dos media e pelos próprios Organismos públicos com poder de
decisão, continua a ser um importante veículo de promoção de atitudes mais positivas, e neste
sentido de redução dos “rumores” existentes, e de criação de normas socias externas
reguladoras de valores da equidade e da justiça.
Ainda neste âmbito, apesar de alguns dos imigrantes (Estudo 3) fazerem referência ao
facto dos técnicos sobretudo da área da saúde estarem sensíveis a questões interculturais,
importa promover e apoiar, de forma sistemática, formações neste âmbito dirigidas a técnicos
de diferentes áreas de atuação (incluindo a polícia para um policiamento de proximidade de
maior qualidade, e técnicos do SEF).
Por último, tendo em conta que a criação de oportunidades de emprego e de
empregabilidade parece ser premente (Estudos 2 e 3), no seguimento daquilo que vindo a ser
desenvolvido pelo ACM, sugere-se a criação de um selo de diversidade cultural nas empresas –
semelhante ao que existe nas Escolas e que premeie as que empregarem ou que
proporcionarem estágios e/ou formações para população imigrante, podendo este estar
englobado naquilo que é a própria responsabilidade social das empresas. A criação de um
conjunto de sinergias a este nível que envolva o tecido empresarial, entidades locais e as
próprias comunidades de imigrantes, poderá ser uma estratégia promotora de uma integração
de maior qualidade.
110
III. ANEXOS
ANEXO 1
Guião da entrevista às entidades
111
Guião
A Câmara de Loures é uma das câmaras do país que pretende implementar o que se designa
por Plano Municipal para a Integração dos imigrantes de países terceiros. Trata-se de uma
ação financiada pelo Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países Terceiros. Para
levar esse Plano a cabo é primeiramente necessário fazer diagnóstico em áreas tão diversas
como a saúde, a cultura, o emprego, a educação, a religião, a participação cívica, entre outras.
O mesmo está a ser feito por uma equipa de investigadores independente do CIS-IUL (Centro
de investigação e intervenção social) do ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa.
É neste contexto que considerámos essencial contactar a vossa entidade.
Gostávamos, assim de obter, da vossa parte alguns esclarecimentos, sabendo que a
informação aqui recolhida não identificará em momento algum a vossa instituição nem os
técnicos que aqui trabalham. Estamos interessados em recolher opiniões gerais sobre estas
temáticas. Pedimos autorização para gravar a entrevista por forma a tornar o processo de
recolha mais eficaz. Após as transcrições as gravações serão apagadas. Aceita participar?
(aguardar pelo ok - consentimento oral - para prosseguir) (aguardar pelo ok para prosseguir)
PARTE 1 – informação inicial
Antes de iniciar a entrevista gostava apenas de registar informação geral sobre si.
Sobre a entidade/associação/instituição….
1. Qual a natureza da vossa entidade? (pública/privada; IPSS?)
2. Quais as vossas áreas de atuação? (da entidade)
3. Que tipo de apoio prestam e a que tipo de população imigrante?
PARTE 2 – Diagnóstico propriamente dito
1. Quais consideram ser, do vosso ponto de vista, as principais necessidades com as quais os
imigrantes se deparam quando chegam ao nosso país e aqui ao concelho de Loures em
particular?
2. Em geral, de que forma estão estas necessidades a ser colmatadas aqui no concelho?
3. Em geral, quais as necessidades que ainda não estão a ser colmatadas, e como acha que se
deveria proceder para mudar esta situação?
4. Em geral, de que modo a vossa atuação tem contribuído ou não para a integração de
imigrantes de países terceiros? Existem sinergias/articulação com outras entidades? Existem
sobreposições de competências? E noutras entidades que não a vossa? Existem
articulações/sinergias?
112
5. Quais consideram ser as vossas boas práticas
6. O que falta fazer na vossa área de atuação? Que prioridades podem identificar que
pudessem estar incluídas num plano de integração de imigrantes a médio e a longo prazo?
7. Com que constrangimentos (problemas) se têm deparado? Estes têm sido uma constante ou
têm variado ao longo do tempo? (explicar como ultrapassaram esses constrangimentos e dar
exemplos de situações; quem deve estar envolvido, ou seja, quem são os profissionais (ou
valências) que devem cooperar
10. Que oportunidades têm existido para uma melhoria dos serviços que prestam?
Tendo em conta a área de atuação de cada entidade, perguntar ainda e em função da
entidade…
Área Pergunta específica
Mercado de trabalho e empreendedorismo Capacitação e formação Ex., IEFP, Prog Escolhas
Que apostas tem havido para imigrantes em termos de formação em áreas que sejam facilitadoras da empregabilidade? Que apostas tem havido em termos de ações/oportunidades de aprendizagem formal ? Desafios e obstáculos específicos à execução dessas ações? Identificação de boas práticas?
Serviços de acolhimento e integração EX, CNAI; CLAI Centro de Refugiados (Bobadela)
Em que medida têm apostado em serviços personalizados de acolhimento e integração? Em que medida estes se adeqúem às necessidades e disponibilidades dos imigrantes e das suas famílias? Desafios e obstáculos específicos à execução dessas ações? Identificação de boas práticas?
Urbanismo e habitação Que estratégias de realojamento tem havido e como avaliam essas mesmas estratégias? Desafios e obstáculos específicos à execução dessas ações? Identificação de boas práticas?
Educação e língua? Ex.Agrupamentos
Que ações de aprendizagem formal da língua portuguesa têm existido? Em que medida considera que se tem potenciado o capital de qualificações de que podem ser portadores os imigrantes? Desafios e obstáculos específicos à execução dessas ações? Identificação de boas práticas?
Cultura
Que iniciativas multiculturais se têm levado a cabo designadamente ao nível da infância e juventude?
113
Ex. Teatro Ibisco Desafios e obstáculos específicos à execução dessas ações? Identificação de boas práticas?
Saúde Ex., Centros de saúde, hospital
Em que medida se tem apostado em iniciativas de formação de capacitação dos profissionais em matérias associadas à multiculturalidade? (se tem havido uma aposta dar exemplos de ações concretas) Desafios e obstáculos específicos à execução dessas ações? Identificação de boas práticas?
Solidariedade e resposta social Em que medida se tem apostado em iniciativas de formação de capacitação dos profissionais em matérias associadas à multiculturalidade? (se tem havido uma aposta dar exemplos de ações concretas) Desafios e obstáculos específicos à execução dessas ações? Identificação de boas práticas?
Cidadania e participação cívica Ex, Prog. Escolhas
Em que medida têm existido iniciativas formativas de cariz informal dirigidas aos líderes de associações? Desafios e obstáculos específicos à execução dessas ações? Identificação de boas práticas?
Media e sensibilização da opinião pública Em que medida os media locais têm procurado divulgar iniciativas de imigrantes? (listar exemplos) Que tipo de argumentos são dados caso não exista uma aposta nestas iniciativas? É dada alguma visibilidade aos imigrantes? Em geral, qual o conteúdo das notícias focadas nos imigrantes/imigração?
Racismo e discriminação Que ações têm levado a cabo que procure combater estereótipos em relação aos imigrantes/ações de sensibilização das realidades socioculturais do conselho? Desafios e obstáculos específicos à execução dessas ações? Identificação de boas práticas?
Relações internacionais Que ações têm sido levadas a cabo que permitam reforçar relações bilaterais entre o município de Loures e os municípios dos países de origem dos imigrantes Desafios e obstáculos específicos à execução dessas ações? Identificação de boas práticas?
Religião Que ações têm procurado desenvolver que permitam sensibilizar a comunidade para a diversidade de cultos religiosos existentes? Desafios e obstáculos específicos à execução dessas ações? Identificação de boas práticas?
114
PARTE 3 - finalização
Da nossa parte julgamos ter já recolhido informação importante.
Pedia-lhe só se não se importa de me facultar alguma informação pessoal geral:
1. Que funções exerce nesta instituição/associação/entidade? Anos de serviço? Idade (se me é
permitido perguntar)
2. Quer colocar alguma pergunta ?
3. Gostaria de acrescentar alguma informação, comentário?
Obrigada pela sua colaboração!
(deixar contacto caso as pessoas queiram saber mais – [email protected]) ou deixar
contacto para dar informação depois do diagnóstico estar concluído.
115
ANEXO 2
Guião da entrevista aos imigrantes
116
Guião imigrantes
A Câmara Municipal de Loures é uma das câmaras do país que pretende implementar o que se
designa por Plano Municipal para a Integração dos imigrantes de países terceiros. Trata-se de
uma ação financiada pelo Fundo Europeu para a Integração de Nacionais de Países Terceiros.
Para levar esse Plano a cabo é primeiramente necessário fazer um diagnóstico de necessidades
em áreas tão diversas como a saúde, a cultura, o emprego, a educação, a religião, a
participação cívica, entre outras. Este diagnóstico está a ser feito por uma equipa de
investigadores independentes do CIS-IUL (Centro de investigação e intervenção social) do
ISCTE- Instituto Universitário de Lisboa.
É neste contexto que considerámos essencial saber a sua/vossa opinião. A informação aqui
recolhida não o/a/vos identificará em momento algum. Estamos interessados em recolher
opiniões gerais sobre este assunto.
Pedimos autorização para gravar a entrevista por forma a tornar o processo de recolha mais
eficaz. Após as transcrições as gravações serão apagadas.
(aguardar pelo ok para prosseguir)
Anotar se se trata de:
Entrevista individual? S__ N___
Entrevista de grupo? S__ N___ Quantas pessoas?____________________________________
PARTE 1: Informação inicial
1. Há quanto tempo está em Portugal?
2. Qual o seu país de origem? Nacionalidade?
3. Qual a sua idade? (Registar também o sexo)
4. Com quem vive?
5. Qual a sua situação em termos de ocupação? (está a trabalhar?)
6. Qual a sua profissão?
PARTE 2 – Diagnóstico propriamente dito
1. Quais as principais necessidades que um imigrante encontra quando chega a Portugal? E ao
Concelho de Loures?
2. Como acha que são vistos os imigrantes em Portugal? E no concelho de Loures?
3. Existem no concelho estruturas de apoio para os imigrantes? Quais? (E respondendo por
áreas?)
117
4. Como classificaria, em geral, as estruturas de apoio aos imigrantes disponíveis no Concelho?
5. Até que ponto pensa que as entidades que refere respondem às necessidades dos
imigrantes?
6. Que estruturas parecem funcionar melhor? (detalhar/porquê?)
7. E as que parecem funcionar pior? (detalhar/porquê?)
8. De que forma os serviços existente podiam ser melhorados? Se lhe pedissem a sua opinião,
que sugestões daria? (por grandes áreas ? Emprego/mercado de trabalho, saúde, educação,
habitação)
(ou Num mundo ideal, quais seriam e como funcionariam os serviços direccionados aos
imigrantes?)
9. Pensando nas ações levadas a cabo aqui no concelho, acha que tem existido uma
preocupação com a promoção da multiculturalidade? (religiosa? Cultural)?
10. Considera que os técnicos (de saúde, da área social) têm formação na área da
multiculturalidade? Dê exemplos
11. Como poderia a multiculturalidade ser promovida no Concelho?
12. Em que medida é dada voz aos líderes de associações de imigrantes? Em que áreas? Tem
havido algum apoio por parte dos media locais/da comunicação social?
PARTE 3 – finalização
Da nossa parte terminámos. Quer colocar alguma pergunta?
Gostaria de acrescentar alguma informação, ou fazer algum comentário?
Obrigada pela sua colaboração!
(deixar contacto caso as pessoas queiram saber mais – [email protected]) ou deixar
contacto para dar informação depois do diagnóstico estar concluído.
118
ANEXO 3
Questionário à população não-imigrante
119
No âmbito do Plano Municipal para a Integração dos Imigrantes (PMII) que a Câmara Municipal de Loures pretende implementar, está a ser conduzido um estudo sobre as principais ideias partilhadas acerca do concelho e dos seus habitantes. Este estudo consiste na aplicação de um questionário conduzido por uma equipa de investigadores independentes do Centro de Investigação e Intervenção Social (CIS-IUL) do ISCTE-Instituto Universitário de Lisboa. A sua colaboração no preenchimento deste questionário é, por isso, fundamental. A sua participação neste questionário é voluntária e poderá interrompê-la se e quando o desejar. O CIS-IUL e a equipa de investigação garantem a confidencialidade da informação prestada. Nenhuma entidade pública ou privada receberá qualquer informação individual. A análise das respostas será feita de forma global e os resultados a divulgar serão apresentados de forma agregada, procurando mostrar as ideias e os resultados comuns nos vários questionários e não permitindo, em momento algum, a identificação dos participantes.
Se concordar em participar, ser-lhe-á pedido que responda a um conjunto de questões. A participação
completa levará, em média, 11 minutos.
Agradecemos a sua colaboração!
Equipa de Investigação CIS-IUL
� Aceito participar neste questionário � Não aceito participar neste questionário
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Pedimos que responda às perguntas que se seguem tendo em conta que não existem respostas certas ou erradas para aquilo que perguntamos. Relembramos que neste estudo pretendemos analisar as principais ideias partilhadas acerca do concelho de Loures e dos seus habitantes.
Tenha em conta que estamos a estudar o modo como certos subgrupos sociais são percebidos pela Sociedade Portuguesa. Isto significa que não estamos interessados nas suas crenças pessoais, mas no modo como acha que maioria das pessoas em Loures pensa sobre estes assuntos.
Assim, nas perguntas que se seguem serão mencionados Imigrantes e Portugueses. Quando falamos de Imigrantes, referimo-nos apenas a pessoas de origem estrangeira a viver e/ou trabalhar em Loures e mais especificamente, a pessoas oriundas dos países que não fazem parte da União Europeia, ou seja, de Países Terceiros.
Quando falamos de População de Loures, referimo-nos a pessoas sem origem estrangeira, que nasceram e/ou que têm nacionalidade Portuguesa e que vivem e/ou trabalham em Loures.
Q1. Qual a sua "relação" com Loures?
� Resido � Trabalho � Ambos
Q2. Se reside, em que freguesia de Loures mora?
� Camarate, Unhos e Apelação
� Bucelas � Fanhões
� Loures � Lousa � Moscavide e Portela � Sacavém e Prior Velho � Santa Iria de Azóia, São
João da Talha e Bobadela � Santo Antão do Tojal e
São Julião do Tojal � Santo António dos
Cavaleiros e Frielas
Q2.1. Há quanto tempo mora em Loures? _____________________________________
Q3. Se trabalha, em que freguesia de Loures trabalha?
� Camarate, Unhos e Apelação
� Bucelas � Fanhões
� Loures � Lousa � Moscavide e Portela � Sacavém e Prior Velho � Santa Iria de Azóia, São
João da Talha e Bobadela � Santo Antão do Tojal e
São Julião do Tojal � Santo António dos
Cavaleiros e Frielas
Q3.1. Há quanto tempo trabalha em Loures? _____________________________________
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Começamos por lhe fazer um conjunto de perguntas gerais.
Q4. Quando pensa em Imigrantes, o que lhe vem em primeiro lugar à cabeça?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
Q5. Com que frequência interage - isto é, comunica, trabalha, partilha os tempos livres, etc.- com Imigrantes?
� Todos os dias � Algumas vezes por semana � Uma vez por semana � Algumas vezes por mês � Uma vez por mês � Algumas vezes por ano � Esta afirmação para mim é irrelevante
Q6. Com que frequência interage diretamente com Imigrantes?
� (1) Raramente � (2) � (3) Ocasionalmente � (4) � (5) Frequentemente
Q6.1. As interações que tem com Imigrantes são, em geral...
� (1) Muito negativas
� (2) � (3) Nem negativas nem positivas
� (4) � (5) Muito positivas
Q6.2 Quantos dos seus amigos são Imigrantes?
� 0 � 1-3 � 4-6 � 7-9 � 10 ou mais
Q6.3. Com que frequência passa tempo com eles?
� (1) Raramente � (2) � (3) Ocasionalmente � (4) � (5) Frequentemente
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Q7. Observe as imagens que se seguem. Imagine que o círculo grande representa os Imigrantes. E que o círculo pequeno o representa a si. Olhando para as várias opções, escolha a imagem que, na sua opinião, melhor representa a proximidade que
você sente com os Imigrantes. Faça um X no quadrado junto da imagem que escolher.
“Eu” Imigrantes
“Eu” Imigrantes
“Eu” Imigrantes
“Eu” Imigrantes
“Eu” Imigrantes
“Eu” Imigrantes
“Eu” Imigrantes
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Q8. Observe as imagens que se seguem. Imagine que o círculo grande representa os Portugueses. E que o círculo pequeno o representa a si. Olhando para as várias opções, escolha a imagem que, na sua opinião, melhor representa a proximidade que
você sente com os Portugueses. Faça um X no quadrado junto da imagem que escolher.
“Eu” Portugueses
“Eu” Portugueses
“Eu” Portugueses
“Eu” Portugueses
“Eu” Portugueses
“Eu” Portugueses
“Eu” Portugueses
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De seguida vai encontrar um conjunto de perguntas que remetem para o contexto de Loures, em particular.
Q9. Como caracterizaria a relação entre a População de Loures e os Imigrantes em Loures?
� Muito má � Má � Satisfatória � Boa � Excelente
Q10. Qual acha que é a opinião da maioria da População de Loures sobre os Imigrantes em Loures?
Nada
favorável
Nem favorável
nem desfavorável
Muito
favorável
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Muito
negativa
Nem positiva
nem negativa
Muito
postiva
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Não gosta
nada deles
Nem gosta
nem desgosta
Gosta
muito deles
0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
Q11. Quais os principais “rumores” que ouve em Loures sobre os Imigrantes que aí residem e/ou trabalham?
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
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Q12. O termómetro abaixo apresenta uma série de valores: valores mais altos (perto de 10) representam calor e sentimentos mais positivos, e valores mais baixos (perto de zero) representam frio e sentimentos mais negativos.
Como acha que se sente, em geral, a maioria da População de Loures em relação aos Imigrantes?
(Por favor faça um círculo à volta do número que melhor representa a sua resposta)
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
Q13. Pense naquilo que às vezes ouve e indique até que ponto a maioria da População de Loures é favorável a ter
imigrantes como:
Nada favorável
Pouco favorável
Nem favorável nem desfavorável
Favorável Muito favorável
Colegas de turma ou trabalho � � � � �
Professores � � � � �
Vizinhos � � � � �
Hóspedes � � � � �
Sogros � � � � �
Patrões � � � � �
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Q14. Continuando a pensar naquilo que às vezes ouve, indique até que ponto a maioria da População de Loures
concorda com as seguintes afirmações:
Discorda totalmente
Discorda Não concorda nem discorda
Concorda Concorda totalmente
A presença de imigrantes ameaça a cultura e tradições Portuguesas. � � � � �
Os imigrantes ameaçam o emprego dos Portugueses. � � � � �
A maioria dos imigrantes está aqui porque quer beneficiar do sistema de
segurança social. � � � � �
A presença de imigrantes faz os Portugueses sentirem-se inseguros � � � � �
No geral, não se pode confiar nos imigrantes. � � � � �
Q15. Continuando a pensar naquilo que às vezes ouve, indique em que medida a maioria da População de Loures
considera os Imigrantes semelhantes ou diferentes dos portugueses em cada um dos aspetos a seguir referidos.
Assinale o número que melhor representa a sua opinião.
1 São muito
semelhantes
2 3 4 5 6 7 São
muito diferentes
Nos valores que ensinam aos filhos � � � �
� � �
Nas crenças e práticas religiosas � � � �
� � �
Nos valores e comportamentos sexuais � � � �
� � �
Na preocupação com o bem-estar da família � � � �
� � �
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Q16. Até que ponto os traços que se seguem são vistos pela maioria da População de Loures como característicos dos Imigrantes? Assinale a opção que melhor representa a sua opinião.
Nada característico
Muito pouco característico
Pouco característico
Nem muito nem pouco
característico Característico
Bastante característico
Totalmente característico
Inteligentes � � � � � � �
Sábios � � � � � � �
Solidários � � � � � � �
Ignorantes � � � � � � �
Infantis � � � � � � �
Falsos � � � � � � �
Alegres � � � � � � �
Espertos � � � � � � �
Espontâneos � � � � � � �
Agressivos � � � � � � �
Descontrolados � � � � � � �
Impulsivos � � � � � � �
Q17. Em geral, quais acha que são os sentimentos da maioria das pessoas de Loures em relação aos Imigrantes?
Assinale a opção que melhor representa a sua opinião.
Nada Nem Pouco Nem Muito
Muito
Gosta deles � � � � �
Sente-se incomodado(a) � � � � �
Sente desprezo � � � � �
Confia neles � � � � �
São-lhe indiferentes � � � � �
Sente-se irritado(a) � � � � �
Sente medo � � � � �
Admira-os � � � � �
Empatiza com eles � � � � �
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Q18110. Por favor indique qual o seu grau de concordância com as seguintes afirmações?
Discordo
totalmente Discordo
Não concordo
nem discordo
Concordo Concordo totalmente
Eu faria alguma coisa em conjunto com outras pessoas � � � � �
Eu participaria em reuniões sobre a diversidade cultural � � � � �
Eu assinaria uma petição a favor dos direitos dos � � � � �
Não me consigo imaginar a participar em atividades � � � � �
Tenho intenção de ajudar/colaborar (com) associações � � � � �
Q18111. Por favor indique até que ponto a maioria da População de Loures concorda com as seguintes
afirmações:
Discordo
totalmente
Concordo totalmente
É importante que os imigrantes mantenham a sua cultura � � � � �
Os imigrantes devem poder manter o seu modo de vida � � � � �
É importante que os imigrantes aprendam a cultura � � � � �
É importante que os imigrantes adotem a cultura � � � � �
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Relembramos que a medida que visava aceder à ação colectiva a favor dos imigrantes foi apenas incluída na primeira vaga de recolha de dados (i.e., até à entrega do relatório preliminar). 111
Relebramos que a medida de que visava aceder às atitudes de aculturação foi apenas incluída na segunda vaga de recolha de dados (i.e., depois da entrega do relatório preliminar).
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Q19. Tem algum comentário acerca da relação entre a População de Loures e Imigrantes em Loures?
_______________________________________________________________________________________________
______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
_______________________________________________________________________________________________
Q20. Na sua opinião, qual a percentagem de população Imigrante em Loures? _______
________________________________________________________________________________________
Q20.1. Quais são, de acordo com o seu conhecimento, as principais nacionalidades dos Imigrantes que vivem e/ou
trabalham em Loures?
Q21. Durante o preenchimento do questionário pensou em algum grupo de Imigrantes em particular?
� Sim � Não
Q21.1. Se sim, por favor, indique em que grupo ou grupos de Imigrantes pensou:
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De seguida pedimos-lhe que nos forneça alguma informação pessoal geral.
Q22. Idade:
� 18-25 � 26-35 � 36-45 � 46-65 � >65
Q23.Sexo:
� Masculino � Feminino
Q24.Escolaridade:
� Não sabe ler nem escrever/sem grau de ensino
� 4º ano (ou menos)
� 6º ano � 9º ano � 12º ano � Licenciatura
� Mestrado � Doutoramento
Q25. Situação profissional:
� Estudante
� Empregado(a) � Desempregado(a) � Reformado(a)
Q26. Se trabalha, indique a sua profissão:________________________________________________________
Q26.1. Se trabalha, indique há quanto tempo exerce esta função? ____________________________________
Q27. País onde nasceu: _______________________________________________________________________
Q28. Nacionalidade: __________________________________________________________________________
Q29. Nacionalidade do pai: ____________________________________________________________________
Q30. Nacionalidade da mãe: ____________________________________________________________________
Obrigada pela sua participação!
Se tiver alguma dúvida ou questão, por favor contacte a equipa de investigação através do email:
ANEXO À PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO n.º 413/2015
Regulamento de Prevenção e Deteção
do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias
em Meio Laboral
PROJETO
REGULAMENTO DE PREVENÇÃO
E
DETEÇÃO DO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL
E
OUTRAS SUBSTÂNCIAS EM MEIO LABORAL
REGULAMENTO DE PREVENÇÃO E DETEÇÃO DO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS EM MEIO LABORAL
Responsável pelo tratamento: Câmara Municipal de Loures Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
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Nota Justificativa
O uso/abuso de substâncias psicoativas como o álcool e outras drogas não é um aspeto particular de uma realidade laboral, mas antes um fenómeno social com uma abrangência que transcende o local, com inúmeras implicações e mutações como, por exemplo, o surgimento de novas drogas, novos padrões de consumo do álcool, o aumento dos policonsumos, entre outros. Trata-se, por isto, de uma realidade à qual não se pode ficar alheio e em que as consequências se fazem sentir com particular acuidade e preocupação, no domínio do trabalho. Entende-se que os vários tipos de consumo nas atividades/funções consideradas de risco podem provocar danos de saúde e socioprofissionais, com custos para a organização. De acordo com as Linhas Orientadoras para Intervenção em Meio Laboral, IDT/ACT 2010, cerca de 70% das pessoas com problemas ligados ao consumo de álcool e 62% com problemas associados ao consumo de outras substâncias psicoativas estão inseridas profissionalmente. Citando ainda o mesmo documento, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em dados reportados a 2003, indica que:
“Os trabalhadores que consomem substâncias ilícitas têm maior probabilidade de ocorrência de acidente de trabalho que a população geral; Até 40% dos acidentes de trabalho envolvem ou estão relacionados com o consumo do álcool; Os trabalhadores que consomem substâncias psicoativas tendem a ausentar-se mais frequentemente do trabalho; (---) Os trabalhadores que consomem substâncias psicoativas apresentam mais comportamentos de risco para a segurança (intoxicação, negligência e diminuição da capacidade de julgamento) do que a população geral; (---)”
Estudos indicam que empresas e organizações que implementam medidas dirigidas ao consumo de substâncias psicoativas, apesar da difícil quantificação ao nível dos resultados, apresentarão sempre benefícios na consolidação da promoção da segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores, com claros ganhos.
O Município de Loures, consciente da sua responsabilidade, tem sido pioneiro ao nível da intervenção em meio laboral, dirigida aos seus trabalhadores, no que concerne à problemática do consumo de álcool e outras substâncias, tanto na perspetiva da prevenção, como do tratamento e reintegração profissional. Procura desde 1990 intervir de forma sistematizada através de ações de sensibilização e de informação a trabalhadores e chefias, divulgação de materiais, acompanhamento individual de casos, grupos de apoio e articulação com entidades externas. Para complementar esta intervenção, levada a cabo por equipa pluridisciplinar, composta
REGULAMENTO DE PREVENÇÃO E DETEÇÃO DO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS EM MEIO LABORAL
Responsável pelo tratamento: Câmara Municipal de Loures Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
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pelas áreas da medicina, enfermagem, psicologia e serviço social, surge o regulamento de prevenção e deteção do consumo excessivo de álcool e outras substâncias em meio laboral.
É neste contexto que se equaciona a deteção como parte de um modelo de intervenção mais vasto em meio laboral, no tratamento e acompanhamento de trabalhadores afetados com problemas de álcool e/ou outras substâncias. A intervenção nesta matéria tem como pressuposto a participação e o envolvimento de todos os intervenientes, no sentido de uma maior eficácia, no contexto de uma responsabilidade social transversal a toda a organização.
Assenta nos seguintes princípios norteadores:
• Prevenção, através de ações de sensibilização/informação, visando alertar a população laboral para as consequências nefastas do uso/abuso de substâncias que provocam dependência física e psicológica;
• Deteção, pela aplicação do Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo
Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral objetivando a referenciação de casos. A deteção, enquanto medida de responsabilização individual, aliada a uma perspetiva de prevenção poderá assumir-se como um meio dissuasor ou redutor do consumo em meio laboral;
• Tratamento, possibilitando o apoio e acompanhamento dos casos detetados com a
finalidade da recuperação dos mesmos, da prevenção de recaída e da consequente reintegração laboral.
O Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral que se apresenta, apenas tem sentido como instrumento de deteção, no plano desta intervenção integrada, aliando preocupações de segurança e saúde, em que as ações desenvolvidas se regem pelo respeito e direitos individuais, nomeadamente a possibilidade de apoio e tratamento adequado e a reinserção profissional e social. Crê-se, desta forma, obter claros ganhos no âmbito da prevenção do risco profissional e da promoção da saúde e bem-estar.
A aplicação do presente regulamento será acompanhada de ações de sensibilização, informação e formação sobre os efeitos nefastos do consumo de álcool e outras substâncias psicoativas, a todos os trabalhadores ao serviço da Câmara Municipal de Loures, como tem sido prática. Na sua conceção estiveram subjacentes os seguintes diplomas e orientações: • Decreto-Lei 442/91, de 15 de novembro – aprova o Código do Procedimento
Administrativo (CPA); • Lei 67/98, de 26 de outubro - Lei da Proteção de Dados Pessoais;
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Responsável pelo tratamento: Câmara Municipal de Loures Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
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• Decreto-Lei 503/99, de 20 de novembro – define o regime jurídico dos acidentes em serviço e das doenças profissionais ocorridos ao serviço da Administração Pública;
• Decreto-Lei 9/2002, de 24 de janeiro – implementa o Plano de Ação Contra o Alcoolismo;
• Portaria 390/2002, de 1 de abril – estabelece as prescrições mínimas de segurança e saúde em matéria de consumo, disponibilização e venda de bebidas alcoólicas nos locais de trabalho da Administração Pública;
• Lei 59/2008, de 11 de setembro – aprova o Regime do Contrato Trabalho em Funções Públicas e respetivo Regulamento, atualmente Lei 35/2014, de 20 de junho – LTFP, Lei 7/2009, de 12 de fevereiro – Código do Trabalho e Legislação complementar;
• Decreto-Lei 04/2015, de 07 de janeiro – aprova o novo Código do Procedimento Administrativo (CPA), entrado em vigor a 07 de abril de 2015;
• Portaria 71/2015, de 10 de março – aprova o modelo de ficha de aptidão, a preencher pelo médico do trabalho;
• Plano Nacional Contra a Droga e as Toxicodependências 2005-2012; • Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho 2008-2012 (Resolução do
Conselho de Ministros 59/2008); • Plano Nacional para a Redução dos Problemas Ligados ao Álcool 2010-2012; • Segurança e Saúde no Trabalho e a Prevenção do Consumo de Substâncias
Psicoativas: Linhas Orientadoras para Intervenção em Meio Laboral, IDT/ACT 2010; • Deliberação 890/2010, da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD). O presente regulamento é elaborado ao abrigo no disposto no artigo 241.º da Constituição da Republica Portuguesa, da alínea g) do n.º 1 do artigo 25.º conjugado com a alínea k) do n.º 1 do art.º 33.º ambos da Lei 75/2013, de 12 de setembro, na LTFP aprovada pela Lei 35/2014, de 20 de junho, nos artigo 281.º e 284.º do Código do Trabalho, aprovado pela Lei 7/2009, de 12 de fevereiro e na Lei 102/2009, de 10 de setembro, que estabelece o Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho. O respetivo projeto foi objeto de apreciação pública, pelo período de 30 dias úteis, para apresentação de sugestões, observações ou propostas de alteração por qualquer entidade, tendo ainda sido notificados para o mesmo efeito os representantes dos trabalhadores para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho da Câmara Municipal e dos Serviços Municipalizados, o SINTAP- Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública, o STAL – Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local, o STE- Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado e de Entidades com Fins Públicos e o STFPSA – Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores. Foi notificada a Comissão Nacional de Proteção de Dados – CNPD que concedeu a Autorização 2340/2014, de 25 de fevereiro.
REGULAMENTO DE PREVENÇÃO E DETEÇÃO DO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS EM MEIO LABORAL
Responsável pelo tratamento: Câmara Municipal de Loures Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
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Artigo 1.º Objeto
O presente regulamento define as normas sobre a prevenção e deteção do consumo excessivo de álcool, anfetaminas, canabinóides, cocaína e opiáceos, em meio laboral.
Artigo 2.º Âmbito
1- Podem ser submetidos a deteção de alcoolemia e consumo de anfetaminas, canabinóides, cocaína e opiáceos sem exceção, todos os trabalhadores em exercício de funções públicas na Câmara Municipal de Loures (CML) cujo posto de trabalho exija elevada precisão ou que envolva riscos consideráveis para os próprios ou para terceiros. 2– Para efeitos do disposto no número anterior, considera-se que exigem elevada precisão ou que envolvem riscos consideráveis para os próprios ou para terceiros, as carreiras e atividades/funções identificadas no anexo I deste Regulamento.
Artigo 3.º Modo de deteção
1– A deteção do consumo de álcool é efetuada através de teste para determinação da Taxa de Álcool no Sangue (TAS), mediante utilização de equipamento de sopro, certificado pelo Instituto Português da Qualidade, que avalia a quantidade de álcool no ar expirado. 2– A deteção do consumo de anfetaminas, canabinóides, cocaína e opiáceos, substâncias também adiante designadas por psicoativas, é efetuada através de teste de saliva e/ou de urina.
Artigo 4.º Sujeitos a testes
Estão sujeitos a testes de determinação da TAS e de consumo de anfetaminas, canabinóides, cocaína e opiáceos: a) Os trabalhadores identificados por sorteio aleatório realizado de acordo com o disposto no artigo seguinte; b) Os trabalhadores indicados pelo médico do trabalho.
Artigo 5.º Sorteio
1 – Para realização dos testes de determinação de TAS e de consumo de anfetaminas, canabinóides, cocaína e opiáceos, os trabalhadores são designados por sorteio aleatório mensal, sendo este sorteio gerido pelo serviço de segurança e saúde no trabalho (SST).
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Responsável pelo tratamento: Câmara Municipal de Loures Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
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2 – O programa informático utilizado no sorteio contempla: os horários e locais de trabalho, os setores de atividade, as funções efetivamente exercidas pelos trabalhadores, respetivos nomes, categorias ou carreiras. 3 – O sorteio é efetuado informaticamente, em programa específico para o serviço de segurança e saúde no trabalho, designando 16 trabalhadores, em que os 8 primeiros são efetivos e os restantes suplentes. 4– Em casos de ausência dos efetivos, os suplentes são chamados a realizar os testes, segundo a ordem do sorteio. 5 – O sorteio é realizado no serviço de segurança e saúde no trabalho na presença de um representante da administração da CML e de um elemento dos representantes dos trabalhadores para a segurança e saúde no trabalho. 6 - Do sorteio é elaborada ficha, por cada trabalhador designado e assinada por todos os presentes, conforme modelo que faz parte integrante do presente regulamento como Anexo II. 7 - As fichas do resultado do sorteio são entregues, em envelope fechado assinado por cada um dos elementos presentes no sorteio, ao responsável do serviço de segurança e saúde no trabalho. 8- Aquando da realização dos testes é entregue cópia ao trabalhador da respetiva ficha de sorteio.
Artigo 6.º Realização dos testes
1 - Os testes de determinação de TAS e de consumo de anfetaminas, canabinóides, cocaína e opiáceos são de realização e acesso restrito ao médico do trabalho ou, sob sua direção e controlo, a outros profissionais de saúde obrigados a sigilo profissional e com formação para a utilização dos equipamentos. 2 - Os testes são realizados em dia e hora a definir, sob a máxima discrição e privacidade, no Serviço de Saúde Ocupacional e durante o tempo de trabalho. 3 - Considera-se tempo de trabalho qualquer período durante o qual o trabalhador está a desempenhar a atividade ou permanece adstrito à realização da prestação, bem como as interrupções e os intervalos previstos na LTFP e no CT. 1 4 - O momento da realização dos testes é comunicado, no próprio dia e em tempo útil, ao superior hierárquico do trabalhador designado, sem que a este se indique o motivo, e/ ou, ao próprio trabalhador a fim de que este compareça para realizar o teste. 5 - O trabalhador pode, no momento da realização do teste, apresentar testemunha que a presencie, tendo para o efeito 15 minutos para a apresentar caso não se faça acompanhar da mesma. O uso de tal faculdade determina o preenchimento do Anexo III-A, que integra este regulamento. 6 - Os trabalhadores têm o dever de cooperar na realização dos testes e, salvo motivo justificado, não podem recusar a sua realização, sob pena de violação de deveres gerais. 7 - Ao trabalhador são prestadas as informações constantes no artigo 10.º, da Lei n.º 67/98 de 26 de outubro. 1 Lei 35/2014 – aprova a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas e Lei 7/2009 – aprova o Código do Trabalho.
REGULAMENTO DE PREVENÇÃO E DETEÇÃO DO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS EM MEIO LABORAL
Responsável pelo tratamento: Câmara Municipal de Loures Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
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Artigo 7.º Resultado dos testes
1- Sem prejuízo do disposto no n.º 3, do artigo 8.º do presente regulamento: a) É considerado resultado positivo o teste cuja TAS seja igual ou superior a 0,5 g/l; b) Tratando-se de condutor de veículo de socorro ou de serviço urgente, de transporte coletivo de crianças e jovens até aos dezasseis anos, de automóveis pesados de passageiros ou de mercadorias ou de transporte de mercadorias perigosas, é considerado resultado positivo o teste cuja TAS seja igual ou superior a 0,2 g/l; c) É considerado resultado positivo o teste que revele presença de qualquer das restantes substâncias psicoativas. 2- A ficha de aptidão conterá apenas os elementos da ficha de aptidão para o trabalho, conforme modelo legalmente aprovado, atualmente pela Portaria 71/2015, de 10 de março. 3- O resultado obtido é confidencial, estando todos obrigados ao dever de sigilo, bem como o tratamento de dados observa o disposto nos artigos 14.º e seguintes “Segurança e
confidencialidade do tratamento” da Lei 67/98, de 26 de outubro.
Artigo 8.º Comunicação de resultados
1 - É obrigatório o preenchimento de ficha de registo do teste, modelo próprio que faz parte do presente regulamento como Anexo III, visada por quem o realiza. 2 - Concluído o teste o trabalhador toma conhecimento do resultado obtido recebendo cópia do Anexo III. 3 – O médico do trabalho elabora ficha de aptidão da qual entrega cópia ao trabalhador. 4 – A cópia da ficha de aptidão é ainda remetida ao superior hierárquico do trabalhador.
Artigo 9.º Contraprova
1 – Em caso de não concordância com o resultado obtido, ao trabalhador assiste o direito de realizar novo teste, logo após o conhecimento do resultado, sem prejuízo de requerer contraprova. 2 – A contraprova é efetuada através do método que se mostre adequado, nomeadamente análise de sangue ou de urina, a realizar em laboratório de referência toxicológica. 3 – A contraprova é realizada perante declaração do trabalhador nesse sentido, prestada nos termos do Anexo IV que integra este regulamento.
REGULAMENTO DE PREVENÇÃO E DETEÇÃO DO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS EM MEIO LABORAL
Responsável pelo tratamento: Câmara Municipal de Loures Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
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Artigo 10.º Intervenção sobre os casos detetados
1 – Os trabalhadores que apresentem resultados positivos podem ser apoiados no âmbito de uma intervenção integrada das áreas de medicina do trabalho, enfermagem, medicina curativa, psicologia e serviço social, conforme modelo de intervenção no âmbito do consumo excessivo de álcool e outras drogas em meio laboral. 2 – No âmbito da intervenção integrada é definido o plano de recuperação do trabalhador, cuja aplicação depende da sua anuência. 3 – Os serviços têm o dever de colaborar na aplicação de medidas de apoio que sejam definidas para o trabalhador, sem prejuízo de quaisquer direitos deste.
Artigo 11.º
Dever de sigilo
Todos os intervenientes no âmbito do presente regulamento, à exceção do trabalhador sujeito ao teste, estão obrigados a dever de sigilo, assim garantindo a respetiva confidencialidade, sob pena de infração disciplinar, punida nos termos do Estatuto Disciplinar aplicável.
Artigo 12.º
Direito de acesso
O trabalhador titular dos dados tem direito de acesso, de acordo com o previsto na Lei 67/98, de 26 de outubro, sendo exercido junto do médico do serviço de medicina do trabalho, por intermédio de médico escolhido pelo titular dos dados e mediante solicitação escrita ao responsável do serviço de SST.
Artigo 13.º
Fases de operacionalização
A aplicação do disposto no presente regulamento é acompanhada da promoção e divulgação de ações de prevenção de dependências em meio laboral e de campanhas de sensibilização para as consequências negativas do consumo excessivo de álcool e uso de outras substâncias psicoativas.
Artigo 14.º
Reavaliação
O presente Regulamento é objeto de reavaliação, no prazo máximo de 3 anos, a contar da data da sua entrada em vigor.
Artigo 15.º Entrada em vigor
O presente Regulamento entra em vigor 30 dias após a sua publicação no Diário da República.
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Responsável pelo tratamento: Câmara Municipal de Loures Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
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Anexo I (a que se refere o n.º 2 do artigo 2.º deste Regulamento)
Câmara Municipal de Loures
Carreira Atividades / Funções
Ambiente - cantoneiro de limpeza
Ambiente – coveiro
Ambiente - encarregado
Ambiente – encarregado geral
Ambiente - jardineiro
Ambiente – operador de crematório
Ambiente - remoção de viaturas
Ambiente - sapador florestal
Ambiente – tratador e apanhador de animais
Ambiente – vigilante de parque
Ambiente - viveirista
Construção civil - asfaltador
Construção civil - calceteiro
Construção civil - canalizador
Construção civil - cantoneiro de arruamentos
Construção civil - carpinteiro limpos
Construção civil - carpinteiro toscos
Construção civil - eletricista
Construção civil - encarregado
Construção civil - encarregado geral
Construção civil - estofador
Construção civil - montador eletricista
Construção civil - pedreiro
Construção civil - pintor
Construção civil - serviços auxiliares
Educação - auxiliar de ação educativa s Educação - encarregado
Educação - encarregado geral
Geral - carregador
Geral - montagem/desmontagem de equipamentos desportivos
Informação - Impressor de artes gráficas
Serviço Municipal de Proteção Civil - piquete
Transportes e Oficinas – bate-chapa
Transportes e Oficinas – condutor de máquinas pesadas e veículos especiais Transportes e Oficinas - eletricista auto
Assistente Operacional
Transportes e Oficinas - encarregado
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Câmara Municipal de Loures
Carreira Atividades / Funções
Transportes e Oficinas - encarregado geral
Transportes e Oficinas - lubrificador
Transportes e Oficinas - mecânico
Transportes e Oficinas - motorista
Transportes e Oficinas - pintor auto
Assistente Operacional
Transportes e Oficinas - vulcanizador
Construção civil – fiscalização/acompanhamento de obra
Construção civil - topógrafo Assistente Técnico
Educação - assistente de ação educativa
Fiscal de obras
Fiscal municipal Fiscalização
Polícia municipal Agente da Polícia Municipal
Construção civil – fiscalização/acompanhamento de obra (engenheiro, engenheiro técnico e arquiteto)
Cultura - arqueólogo
Saúde - enfermeiro
Técnico superior
Veterinário – médico veterinário
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Anexo II (a que se refere o n.º 6 do artigo 5.º deste Regulamento)
Deteção de Álcool e Outras Substâncias Psicoativas
Ficha de Sorteio
No dia __, do mês de _______________, do ano de _______, no serviço de segurança
e saúde no trabalho, foi sorteado1 o/a seguinte trabalhador/a:
Nome ________________________________________________________________
Carreira __________________________ Serviço ______________________________
Área funcional _____________________ Horário de trabalho _____________________
N.º de ordem no sorteio: ___.
O/a referido/a trabalhador/a deve submeter-se2, em dia e hora a definir, no serviço de
segurança e saúde no trabalho, a testes de deteção de consumo de álcool e outras
substâncias, de acordo com o Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo
Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral.
No sorteio estiveram presentes os seguintes elementos que vão assinar a ficha:
_________________________________________ ( ___________________________) _________________________________________ ( ___________________________) Tomei conhecimento e recebi cópia,
Loures, ___de________ de ____
O/a trabalhador/a _____________________________________________________
1 Sorteio realizado através do programa informático de segurança e saúde no trabalho.
2 Não podendo recusar a sua realização conforme artigo 6.º deste Regulamento
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Anexo III (a que se refere o n.º 1 do artigo 8.º deste Regulamento)
Deteção de Álcool e Outras Substâncias Psicoativas Ficha de Registo
Nome: ________________________________________________________________
Carreira: __________________ Área Funcional ______________________________ Data __ /__ / ____ Hora ___:___ Método: _________________
Sem testemunha � Com testemunha � (Neste caso implica Anexo III-A, n.º 5 do art.º 6.º deste regulamento)
Resultados
Deteção de taxa de álcool no sangue
Deteção de Drogas
TAS ___
Positivo (≥0,5g/l) □ Positivo (≥0,2g/l) □ Negativo □
Anfetaminas □
Canabinóides □
Cocaína □
Opiáceos □ Repetição de Testes
TAS ___
Positivo (≥0,5g/l) □ Positivo (≥0,2g/l) □ Negativo □
Anfetaminas □
Canabinóides □
Cocaína □
Opiáceos □ Nesta data está a tomar medicação?
Não □ Sim □ Qual? __________________ Contraprova
Não □ Sim □ Efetuada em __ / __ / ____ por ________________________
Médico/a do trabalho ______________________
Foram-me explicitadas as condições de realização dos testes, tendo tomado conhecimento do resultado dos mesmos. Foi-me entregue uma cópia do artigo 10.º da lei n.º 67/98 de 26 de Outubro – direito de informação.
O/a trabalhador/a _______________________________________________________
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Anexo III –A (a que se refere o n.º 5 do artigo 6.º deste Regulamento)
Realização de teste com presença de testemunha
______________________________________________________________________,
trabalhador/a de _____________________________, n.º informático __________ , no
uso da faculdade prevista no número 5 do art.º 6.º do presente regulamento, apresenta
a testemunha __________________________________________________________ ,
portadora do BI/CC _______________________, para presenciar a realização dos
testes declarando que a testemunha: -----------------------------------------------------------------
a) Presencia sem tomar conhecimento dos resultados � ------------------------------------------
b) Presencia e toma conhecimento dos resultados � ------------------------------------------------
Assinatura do/a trabalhador/a: _____________________________________________
Assinatura da testemunha: _________________________________________________
Assinatura de quem realiza os testes: ________________________________________
Data: ____________________
Notas: 1.- Caso a testemunha não esteja presente no momento da realização dos testes, o trabalhador dispõe de 15 minutos para a apresentar. Decorrido este período de tempo sem que a testemunha se mostre presente a realização dos testes prossegue sem a presença desta. ------- 2.- A opção a) ou b) tem de ser sinalizada. Mas, na falta de qualquer sinalização, não há lugar à comunicação dos resultados à testemunha, tendo esta de se retirar antes da comunicação dos resultados ao trabalhador. ------.
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Anexo IV
( a que se refere o n.º 3 do artigo 9.º deste Regulamento)
DECLARAÇÃO
_____________________________________________________________________,
trabalhador/a de ____________________________, n.º informático __________ venho,
ao abrigo do disposto no art.º 9.º do Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo
Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral, em vigor na Câmara
Municipal de Loures, declarar que pretendo realizar contraprova para determinação de
consumo de álcool ou outras substâncias psicoativas, após sujeição aos respetivos
testes e não concordância com o resultado dos mesmos.
Mais declaro ter conhecimento das condições de realização da contraprova.
Loures, ___de________de ____
O/a trabalhador/a
_______________________________
ANEXO À PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO n.º 414/2015
Regulamento de Prevenção e Deteção
do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias
em Meio Laboral
REGULAMENTO DE PREVENÇÃO E DETEÇÃO DO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS EM MEIO LABORAL
Responsável pelo tratamento: SIMAR Loures e Odivelas Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
Projeto
Regulamento de Prevençâo e Deteção
do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral
REGULAMENTO DE PREVENÇÃO E DETEÇÃO DO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS EM MEIO LABORAL
Responsável pelo tratamento: SIMAR Loures e Odivelas Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
Nota Justificativa
O uso/abuso de substâncias psicoativas como o álcool e outras substâncias não é um aspeto particular de uma realidade laboral, mas antes um fenómeno social com uma abrangência que transcende o local, com inúmeras implicações e mutações como, por exemplo, o surgimento de novas drogas, novos padrões de consumo do álcool, o aumento dos policonsumos, entre outros. Trata-se, por isto, de uma realidade à qual não se pode ficar alheio e em que as consequências se fazem sentir com particular acuidade e preocupação, no domínio do trabalho. Entende-se que os vários tipos de consumo nas atividades/funções consideradas de risco podem provocar danos de saúde e socioprofissionais, com custos para a organização. De acordo com as Linhas Orientadoras para Intervenção em Meio Laboral, IDT/ACT 2010, cerca de 70% das pessoas com problemas ligados ao consumo de álcool e 62% com problemas associados ao consumo de outras substâncias psicoativas estão inseridas profissionalmente.
Citando ainda o mesmo documento, a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em dados reportados a 2003, indica que:
“Os trabalhadores que consomem substâncias ilícitas têm maior probabilidade de ocorrência de acidente de trabalho que a população geral; Até 40% dos acidentes de trabalho envolvem ou estão relacionados com o consumo do álcool; Os trabalhadores que consomem substâncias psicoativas tendem a ausentar-se mais frequentemente do trabalho; (---) Os trabalhadores que consomem substâncias psicoativas apresentam mais comportamentos de risco para a segurança (intoxicação, negligência e diminuição da capacidade de julgamento) do que a população geral; (---)”
Estudos indicam que empresas e organizações que implementam medidas dirigidas ao consumo de substâncias psicoativas, apesar da difícil quantificação ao nível dos resultados, apresentarão sempre benefícios na consolidação da promoção da segurança, saúde e bem-estar dos trabalhadores, com claros ganhos.
O Município de Loures, onde se incluem os Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos dos Municípios de Loures e Odivelas, consciente da sua responsabilidade, tem sido pioneiro ao nível da intervenção em meio laboral, dirigida aos seus trabalhadores, no que concerne à problemática do consumo de álcool e outras substâncias, tanto na perspetiva da prevenção, como do tratamento e reintegração profissional. Procura desde 1990 intervir de forma sistematizada através de ações de sensibilização e de informação a trabalhadores e chefias, divulgação de materiais, acompanhamento individual de casos, grupos de apoio e articulação com entidades externas. Para complementar esta intervenção, levada a cabo por equipa pluridisciplinar, composta pelas áreas da medicina, enfermagem, psicologia e serviço social, surge o regulamento de prevenção e deteção do consumo excessivo de álcool e outras substâncias em meio laboral.
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Responsável pelo tratamento: SIMAR Loures e Odivelas Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
É neste contexto que se equaciona a deteção como parte de um modelo de intervenção mais vasto em meio laboral, no tratamento e acompanhamento de trabalhadores afetados com problemas de álcool e/ou outras substâncias. A intervenção nesta matéria tem como pressuposto a participação e o envolvimento de todos os intervenientes, no sentido de uma maior eficácia, no contexto de uma responsabilidade social transversal a toda a organização.
Assenta nos seguintes princípios norteadores:
• Prevenção, através de ações de sensibilização/informação, visando alertar a população laboral para as consequências nefastas do uso/abuso de substâncias que provocam dependência física e psicológica;
• Deteção, pela aplicação do Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo Excessivo de
Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral objetivando a referenciação de casos. A deteção, enquanto medida de responsabilização individual, aliada a uma perspetiva de prevenção poderá assumir-se como um meio dissuasor ou redutor do consumo em meio laboral;
• Tratamento, possibilitando o apoio e acompanhamento dos casos detetados com a finalidade
da recuperação dos mesmos, da prevenção de recaída e da consequente reintegração laboral. O Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral que se apresenta, apenas tem sentido como instrumento de deteção, no plano desta intervenção integrada, aliando preocupações de segurança e saúde, em que as ações desenvolvidas se regem pelo respeito e direitos individuais, nomeadamente a possibilidade de apoio e tratamento adequado e a reinserção profissional e social. Crê-se, desta forma, obter claros ganhos no âmbito da prevenção do risco profissional e da promoção da saúde e bem-estar.
A aplicação do presente regulamento será acompanhada de ações de sensibilização, informação e formação sobre os efeitos nefastos do consumo de álcool e outras substâncias psicoativas, aos trabalhadores dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos dos Municípios de Loures e Odivelas (SIMAR). Na sua conceção estiveram subjacentes os seguintes diplomas e orientações: • Decreto-Lei n.º 442/91, de 15 de novembro – aprova o Código do Procedimento Administrativo
(CPA); • Lei n.º 67/98, de 26 de outubro - Lei da Proteção de Dados Pessoais; • Decreto-Lei n.º 503/99, de 20 de novembro – define o regime jurídico dos acidentes em serviço
e das doenças profissionais ocorridos ao serviço da Administração Pública; • Decreto-Lei n.º 9/2002, de 24 de janeiro – implementa o Plano de Ação Contra o Alcoolismo; • Portaria n.º 390/2002, de 1 de abril – estabelece as prescrições mínimas de segurança e saúde
em matéria de consumo, disponibilização e venda de bebidas alcoólicas nos locais de trabalho da Administração Pública;
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• Lei n.º 59/2008, de 11 de setembro – aprova o Regime do Contrato Trabalho em Funções Públicas e respetivo Regulamento, atualmente Lei n.º 35/2014, de 20/06 – LTFP, Lei n.º 7/2009 – Código do Trabalho e Legislação complementar;
• Decreto-Lei n.º 04/2015, de 07 de janeiro – aprova o novo Código do Procedimento Administrativo (CPA), entrado em vigor a 07 de abril de 2015;
• Portaria n.º 71/2015, de 10 de março – aprova o modelo de ficha de aptidão, a preencher pelo médico do trabalho;
• Plano Nacional Contra a Droga e as Toxicodependências 2005-2012; • Estratégia Nacional para a Segurança e Saúde no Trabalho 2008-2012 (Resolução do
Conselho de Ministros n.º 59/2008); • Plano Nacional para a Redução dos Problemas Ligados ao Álcool 2010-2012; • Linhas Orientadoras para Intervenção em Meio Laboral, 2010; • Deliberação n.º 890/2010, da Comissão Nacional de Proteção de Dados (CNPD). Este regulamento é elaborado em conjunto com a Câmara Municipal de Loures – Divisão de Higiene e Segurança, Saúde Ocupacional e Apoio Social, entidade que fará o tratamento dos dados decorrentes de controlos de alcoolémia ou de consumes de outras substâncias, uma vez que é esta, que assegura a vigilância de saúde ocupacional aos trabalhadores dos SIMAR e que detém a autorização n.º 2340/2014 da Comissão Nacional de Proteção de Dados para tratamento de dados pessoais com a finalidade de medicina preventiva no âmbito do consume de substâncias psicoativas. O presente regulamento é elaborado ao abrigo no disposto no artigo 241.º da Constituição da República Portuguesa, da alínea g) do n.º 1 do artigo 25.º conjugado com a alínea k) do n.º 1 do art.º 33.º ambos da Lei n.º 75/2013, de 12 de setembro, na LTFP aprovada pela Lei n.º 35/2014, de 20 de junho, nos artigo 281.º e 284.º do Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.º 7/2009, de 12 de fevereiro e na Lei n.º 102/2009, de 10 de setembro, que estabelece o Regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho. O respetivo projeto foi objeto de apreciação pública, pelo período de 30 dias úteis, para apresentação de sugestões, observações ou propostas de alteração por qualquer entidade, tendo ainda sido notificados para o mesmo efeito os representantes dos trabalhadores para a Segurança, Higiene e Saúde no Trabalho dos SIMAR, o SINTAP- Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública, o STAL – Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local, o STE- Sindicato dos Quadros Técnicos do Estado e de Entidades com Fins Públicos e o STFPSA – Sindicato dos Trabalhadores da Função Pública do Sul e Açores. Atentas as atualizações requeridas – decorrentes de alterações entretanto ocorridas, designadamente de âmbito legal e pela criação destes SIMAR – ao referido projeto, foi este objeto de audiência dos interessados pelo período de 10 dias úteis, tendo sido notificados para o efeito os representantes dos trabalhadores para a Segurança e a Saúde no Trabalho, as associações sindicais suprerreferidas. Foi notificada a Comissão Nacional de Proteção de Dados – CNPD que concedeu a Autorização 3808/2015, de 21 de abril.
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Artigo 1.º Objeto
O presente regulamento define as normas sobre a prevenção e deteção do consumo excessivo de álcool, anfetaminas, canabinóides, cocaína e opiáceos, em meio laboral.
Artigo 2.º Âmbito
1- Podem ser submetidos a deteção de alcoolemia e consumo de anfetaminas, canabinóides, cocaína e opiáceos sem exceção, todos os trabalhadores em exercício de funções públicas nos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos dos Municípios de Loures e Odivelas (SIMAR) cujo posto de trabalho exija elevada precisão ou que envolva riscos consideráveis para os próprios ou para terceiros. 2– Para efeitos do disposto no número anterior, considera-se que exigem elevada precisão ou que envolvem riscos consideráveis para os próprios ou para terceiros, as carreiras e atividades/funções identificadas no anexo I deste Regulamento.
Artigo 3.º Modo de deteção
1– A deteção do consumo de álcool é efetuada através de teste para determinação da Taxa de Álcool no Sangue (TAS), mediante utilização de equipamento de sopro, certificado pelo Instituto Português da Qualidade, que avalia a quantidade de álcool no ar expirado. 2– A deteção do consumo de anfetaminas, canabinóides, cocaína e opiáceos, substâncias também adiante designadas por psicoativas, é efetuada através de teste de saliva e/ou de urina.
Artigo 4.º Sujeitos a testes
Estão sujeitos a testes de determinação da TAS e de consumo de anfetaminas, canabinóides, cocaína e opiáceos: a) Os trabalhadores identificados por sorteio aleatório realizado de acordo com o disposto no artigo seguinte; b) Os trabalhadores indicados pelo médico do trabalho.
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Responsável pelo tratamento: SIMAR Loures e Odivelas Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
Artigo 5.º Sorteio
1 – Para realização dos testes de determinação de TAS e de consumo de anfetaminas, canabinóides, cocaína e opiáceos, os trabalhadores são designados por sorteio aleatório mensal, sendo este sorteio gerido pelo serviço de segurança e saúde no trabalho (SST) da Câmara Municipal de Loures (CML). 2 – O programa informático utilizado no sorteio contempla: os horários e locais de trabalho, os setores de atividade, as funções efetivamente exercidas pelos trabalhadores, respetivos nomes, categorias ou carreiras. 3 – O sorteio é efetuado informaticamente, em programa específico para o serviço de segurança e saúde no trabalho, designando 16 trabalhadores, em que os 8 primeiros são efetivos e os restantes suplentes. 4– Em casos de ausência dos efetivos, os suplentes são chamados a realizar os testes, segundo a ordem do sorteio. 5 – O sorteio é realizado no serviço de segurança e saúde no trabalho da Câmara Municipal de Loures na presença de um representante da administração e de um elemento dos representantes dos trabalhadores para a segurança, higiene e saúde dos SIMAR. 6 - Do sorteio é elaborada ficha, por cada trabalhador designado e assinada por todos os presentes, conforme modelo que faz parte integrante do presente regulamento como Anexo II. 7 - As fichas do resultado do sorteio são entregues, em envelope fechado assinado por cada um dos elementos presentes no sorteio, ao responsável do serviço de segurança e saúde no trabalho. 8- Aquando da realização do teste é entregue cópia ao trabalhador da respetiva ficha de sorteio.
Artigo 6.º Realização dos testes
1 - Os testes de determinação de TAS e de consumo de anfetaminas, canabinóides, cocaína e opiáceos são de realização e acesso restrito ao médico do trabalho ou, sob sua direção e controlo, a outros profissionais de saúde obrigados a sigilo profissional e com formação para a utilização dos equipamentos. 2 - Os testes são realizados em dia e hora a definir, sob a máxima discrição e privacidade, no Serviço de Saúde Ocupacional e durante o tempo de trabalho. 3 - Considera-se tempo de trabalho qualquer período durante o qual o trabalhador está a desempenhar a atividade ou permanece adstrito à realização da prestação, bem como as interrupções e os intervalos previstos na LTFP e no CT. 1 4 - O momento da realização do teste é comunicado, no próprio dia e em tempo útil, ao superior hierárquico do trabalhador designado, sem que a este se indique o motivo, e/ou, ao próprio trabalhador a fim de que este compareça para realizar o teste. 5 - O trabalhador pode, no momento da realização do teste, apresentar testemunha que a presencie, tendo para o efeito 15 minutos para a apresentar caso não se faça acompanhar da mesma. O uso de tal faculdade determina o preenchimento do Anexo III-A, que integra este regulamento.
1 Lei n.º 35/2014 – aprova a Lei Geral do Trabalho em Funções Públicas e Lei n.º 7/2009 – aprova o Código do Trabalho.
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Responsável pelo tratamento: SIMAR Loures e Odivelas Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
6 - Os trabalhadores têm o dever de cooperar na realização dos testes e, salvo motivo justificado, não podem recusar a sua realização, sob pena de violação de deveres gerais. 7 - Ao trabalhador são prestadas as informações constantes no artigo 10.º, da Lei n.º 67/98 de 26 de outubro.
Artigo 7.º Resultado dos testes
1- Sem prejuízo do disposto no n.º 3 do artigo 8.º do presente regulamento: a) É considerado resultado positivo o teste cuja TAS seja igual ou superior a 0,5 g/l; b) Tratando-se de condutor de veículo de socorro ou de serviço urgente, de transporte coletivo de crianças e jovens até aos dezasseis anos, de automóveis pesados de passageiros ou de mercadorias ou de transporte de mercadorias perigosas, é considerado resultado positivo o teste cuja TAS seja igual ou superior a 0,2 g/l; c) É considerado resultado positivo o teste que revele presença de qualquer das restantes substâncias psicoativas. 2- A ficha de aptidão conterá apenas os elementos da ficha de aptidão para o trabalho, conforme modelo legalmente aprovado, atualmente pela Portaria n.º 71/2015, de 10 de março. 3- O resultado obtido é confidencial, estando todos obrigados ao dever de sigilo, bem como o tratamento de dados observa o disposto nos artigos 14.º e seguintes “Segurança e confidencialidade do tratamento” da Lei n.º 67/98, de 26 de outubro.
Artigo 8.º Comunicação de resultados
1 - É obrigatório o preenchimento de ficha de registo do teste, modelo próprio que faz parte do presente regulamento como Anexo III, visada por quem o realiza. 2 - Concluído o teste o trabalhador toma conhecimento do resultado obtido recebendo cópia do Anexo III. 3 – O médico do trabalho elabora ficha de aptidão de que entrega cópia ao trabalhador. 4 – A cópia da ficha de aptidão é ainda remetida ao superior hierárquico do trabalhador.
Artigo 9.º Contraprova
1 – Em caso de não concordância com o resultado obtido, ao trabalhador assiste o direito de realizar novo teste, logo após o conhecimento do resultado, sem prejuízo de requerer contraprova. 2 – A contraprova é efetuada através do método que se mostre adequado, nomeadamente análise de sangue ou de urina, a realizar em laboratório de referência toxicológica. 3 – A contraprova é realizada perante declaração do trabalhador nesse sentido, prestada nos termos do Anexo IV que integra este regulamento.
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Responsável pelo tratamento: SIMAR Loures e Odivelas Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
Artigo 10.º Intervenção sobre os casos detetados
1 – Os trabalhadores que apresentem resultados positivos podem ser apoiados no âmbito de uma intervenção integrada das áreas de medicina do trabalho, enfermagem, medicina curativa, psicologia e serviço social, conforme modelo de intervenção no âmbito do consumo excessivo de álcool e outras drogas em meio laboral. 2 – No âmbito da intervenção integrada é definido o plano de recuperação do trabalhador, cuja aplicação depende da sua anuência. 3 – Os serviços têm o dever de colaborar na aplicação de medidas de apoio que sejam definidas para o trabalhador, sem prejuízo de quaisquer direitos deste.
Artigo 11.º Dever de sigilo
Todos os intervenientes no âmbito do presente regulamento, à exceção do trabalhador sujeito ao teste, estão obrigados a dever de sigilo, assim garantindo a respetiva confidencialidade, sob pena de infração disciplinar, punida nos termos do Estatuto Disciplinar aplicável.
Artigo 12.º Direito de acesso
O trabalhador titular dos dados tem direito de acesso, de acordo com o previsto na Lei n.º 67/98, de 26 de outubro, sendo exercido junto do médico do serviço de medicina do trabalho, por intermédio de médico escolhido pelo titular dos dados e mediante solicitação escrita ao responsável do serviço de SST da CML.
Artigo 13.º Fases de operacionalização
A aplicação do disposto no presente regulamento é acompanhada da promoção e divulgação de ações de prevenção de dependências em meio laboral e de campanhas de sensibilização para as consequências negativas do consumo excessivo de álcool e uso de outras substâncias psicoativas.
Artigo 14.º Reavaliação
O presente Regulamento é objeto de reavaliação, no prazo máximo de 3 anos, a contar da data da sua entrada em vigor.
REGULAMENTO DE PREVENÇÃO E DETEÇÃO DO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS EM MEIO LABORAL
Responsável pelo tratamento: SIMAR Loures e Odivelas Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
Artigo 15.º
Entrada em vigor
O presente Regulamento entra em vigor 30 dias após a sua publicação no Diário da República.
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Responsável pelo tratamento: SIMAR Loures e Odivelas Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
Anexo I (a que se refere o n.º 2 do artigo 2.º deste Regulamento)
Carreira Atividades / Funções
Abastecimento água - canalizador
Abastecimento água - cabouqueiro
Abastecimento água – operador de estações elevatórias
Abastecimento água – encarregado geral operacional
Abastecimento água – encarregado operacional
Exploração águas residuais – limpa-coletores
Exploração águas residuais – pedreiro
Exploração águas residuais – encarregado geral operacional
Exploração águas residuais – encarregado operacional
Remoção de resíduos – cantoneiro de limpeza
Remoção de resíduos urbanos – condutor de máquinas pesadas e veículos especiais
Remoção de resíduos urbanos – motorista de pesados
Remoção de resíduos urbanos – encarregado geral operacional
Remoção de resíduos urbanos – encarregado operacional
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – asfaltador
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – pedreiro
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – jardineiro
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – mecânico
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – calceteiro
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – soldador
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – serralheiro
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – vulcanizador
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – marteleiro
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – pintor
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – eletricista
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – motorista de pesados
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – condutor de máquinas pesadas e veículos especiais
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – encarregado geral
Assistente Operacional
Gestão equipamentos, transportes e oficinas – encarregado operacional
Assistente Técnico Abastecimento água – técnicos analistas
Chefe de Serviço Remoção de resíduos urbanos – chefe de serviços de higiene e limpeza
Fiscalização – fiscal de serviços de água e saneamento Fiscais
Gestão comercial – fiscal de leituras e cobranças
Abastecimento água – fiscalização/acompanhamento de obra
Exploração águas residuais – fiscalização/acompanhamento de obra
Saúde – Enfermeiro
Técnico Superior
Fiscalização – fiscalização/acompanhamento de obra
REGULAMENTO DE PREVENÇÃO E DETEÇÃO DO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS EM MEIO LABORAL
Responsável pelo tratamento: SIMAR Loures e Odivelas Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
Anexo II (a que se refere o n.º 6 do artigo 5.º deste Regulamento)
Deteção de Álcool e Outras Substâncias Psicoativas
Ficha de Sorteio
No dia __, do mês de _______________, do ano de _______, no serviço de segurança e
saúde no trabalho da CML, foi sorteado2 o/a seguinte trabalhador/a:
Nome ________________________________________________________________
Carreira __________________________ Serviço ______________________________
Área funcional _____________________ Horário de trabalho _____________________
N.º de ordem no sorteio: ___.
O/a referido/a trabalhador/a deverá submeter-se3, em dia e hora a definir, no serviço de
segurança e saúde no trabalho da CML, a testes de deteção de consumo de álcool e
outras substâncias, de acordo com o Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo
Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral.
No sorteio estiveram presentes os seguintes elementos que vão assinar a ficha:
_________________________________________ ( ___________________________) _________________________________________ ( ___________________________) Tomei conhecimento e recebi cópia,
Loures, ___de________ de ____
O/a trabalhador/a _____________________________________________________
2 Sorteio realizado através do programa informático de segurança e saúde no trabalho da CML.
3 Não podendo recusar a sua realização conforme artigo 6.º deste Regulamento
REGULAMENTO DE PREVENÇÃO E DETEÇÃO DO CONSUMO EXCESSIVO DE ÁLCOOL E OUTRAS SUBSTÂNCIAS EM MEIO LABORAL
Responsável pelo tratamento: SIMAR Loures e Odivelas Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
Anexo III (a que se refere o n.º 1 do artigo 8.º deste Regulamento)
Deteção de Álcool e Outras Substâncias Psicoativas Ficha de Registo
Nome: ________________________________________________________________
Carreira: __________________ Área Funcional ______________________________ Data __ /__ / ____ Hora ___:___ Método: _________________
Sem testemunha � Com testemunha � (Neste caso implica Anexo III-A, n.º 5 do art.º 6.º deste regulamento)
Resultados
Deteção de taxa de álcool no sangue Deteção de Drogas TAS ___
Positivo (≥0,5g/l) □ Positivo (≥0,2g/l) □ Negativo □
Anfetaminas □
Canabinóides □
Cocaína □
Opiáceos □ Repetição de Testes
TAS ___
Positivo (≥0,5g/l) □ Positivo (≥0,2g/l) □ Negativo □
Anfetaminas □
Canabinóides □
Cocaína □
Opiáceos □ Nesta data está a tomar medicação?
Não □ Sim □ Qual? __________________ Contraprova
Não □ Sim □ Efetuada em __ / __ / ____ por ________________________
Médico/a do trabalho ______________________
Foram-me explicitadas as condições de realização dos testes, tendo tomado conhecimento do resultado dos mesmos. Foi-me entregue uma cópia do artigo 10.º da lei n.º 67/98 de 26 de Outubro – direito de informação.
O/a trabalhador/a _______________________________________________________
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Responsável pelo tratamento: SIMAR Loures e Odivelas Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
Anexo III –A (a que se refere o n.º 5 do artigo 6.º deste Regulamento)
Realização de teste com presença de testemunha
______________________________________________________________________,
trabalhador/a de ____________________________, n.º informático __________ , no uso
da faculdade prevista no número 5 do art.º 6.º do presente regulamento, apresenta a
testemunha ____________________________________________ , portadora do BI/CC
__________________________, para presenciar a realização dos testes declarando que
a testemunha: -----------------------------------------------------------------
a) Presencia sem tomar conhecimento dos resultados � ------------------------------------------
b) Presencia e toma conhecimento dos resultados � ------------------------------------------------
Assinatura do/a trabalhador/a: _____________________________________________
Assinatura da testemunha: _________________________________________________
Assinatura de quem realiza os testes: ________________________________________
Data: ____________________
Notas: 1.- Caso a testemunha não esteja presente no momento da realização dos testes, o trabalhador dispõe de 15 minutos para a apresentar. Decorrido este período de tempo sem que a testemunha se mostre presente a realização dos testes prossegue sem a presença desta. 2.- A opção a) ou b) tem de ser sinalizada. Mas, na falta de qualquer sinalização, não há lugar à comunicação dos resultados à testemunha, tendo esta de se retirar antes da comunicação dos resultados ao trabalhador.
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Responsável pelo tratamento: SIMAR Loures e Odivelas Finalidade do tratamento: Medicina Preventiva no âmbito do controlo de Alcoolemia/Estupefacientes e Substâncias Psicotrópicas.
Anexo IV ( a que se refere o n.º 3 do artigo 9.º deste Regulamento)
DECLARAÇÃO
_____________________________________________________________________________,
trabalhador/a de _________________________________, n.º informático ___________ venho,
ao abrigo do disposto no art.º 9.º do Regulamento de Prevenção e Deteção do Consumo
Excessivo de Álcool e Outras Substâncias em Meio Laboral, em vigor nos Serviços
Intermunicipalizados de Água e Resíduos dos Municípios de Loures e Odivelas, declarar que
pretendo realizar contraprova para determinação de consumo de álcool ou outras substâncias
psicoativas, após sujeição aos respetivos testes e não concordância com o resultado dos
mesmos.
Mais declaro ter conhecimento das condições de realização da contraprova.
Loures, ___de________de ____
O/a trabalhador/a
_______________________________
ANEXO À PROPOSTA DE DELIBERAÇÃO n.º 445/2015
Plano de Ação dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos (SIMAR) de Loures e Odivelas,
para cumprimento do PERSU 2020
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PAPERSU SIMAR
Plano de Ação dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos (SIMAR) de Loures e Odivelas, para cumprimento do PERSU 2020
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ÍNDICE
1. Introdução e enquadramento histórico.
2. O Município – caracterização e modelo técnico atual
3. Estratégia de apoio ao cumprimento das metas estabelecidas no PERSU2020
3.1. Objetivos e metas
3.2. Medidas e Investimentos
3.3. Investimentos e calendarização
3.4. Reporte de informação
4. Conclusões
ANEXO I – INVESTIMENTO PREVISTO POR TIPOLOGIA DE DESPESA
ANEXO II - INVESTIMENTO PREVISTO POR MEDIDA
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1. Introdução e enquadramento histórico
Os Serviços Municipalizados de Loures foram criados em 1950, visando a exploração das redes de água e eletricidade, para 50 mil habitantes do município de Loures.
Em 1994 concretiza-se a municipalização do serviço de remoção, tratamento e destino final dos resíduos sólidos urbanos do município de Loures, que passa a ser integrado nos Serviços Municipalizados de Loures.
Em 1998 verifica-se a adesão do município de Loures ao sistema multimunicipal para tratamento e valorização de RSU de Lisboa Norte a Valorsul.
Com a criação do município de Odivelas, em 1998, os Serviços Municipalizados da Câmara Municipal de Loures passam a ser a entidade gestora do serviço de remoção e deposição de resíduos sólidos urbanos no município de Loures, bem como responsáveis pela prestação do mesmo serviço na área do município de Odivelas.
Em 2014, conforme acordado pelos executivos das Câmaras Municipais de Loures e de Odivelas concretiza-se a criação dos Serviços Intermunicipalizados de Águas e Resíduos de Loures e Odivelas (SIMAR).
Os SIMAR têm por missão garantir a recolha e transporte de resíduos urbanos, nos concelhos de Loures e Odivelas, abrangendo um total de 349.603 habitantes (censos 2011). Os resíduos recolhidos são encaminhados para as plataformas da Valorsul – Valorização e Tratamento de Resíduos Sólidos das Regiões de Lisboa e do Oeste, SA., empresa responsável pelo tratamento e valorização de resíduos urbanos (RU) produzidos em 19 municípios da grande Lisboa e da Região do Oeste.
O Plano de Ação dos SIMAR de Loures e Odivelas (PAPERSU) que é apresentado no presente documento toma como referência a concretização das diretrizes constantes no Plano Estratégico para os Resíduos Sólidos Urbanos (PERSU 2020), aprovado pela Portaria n.º 187-A/2014, publicada em DR (I Série) n.º 179, de 17 de setembro de 2014.
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2. Os Municípios – caracterização e modelo técnico atual
Os SIMAR são responsáveis pela recolha e transporte dos RU produzidos nos municípios de Loures e Odivelas, servindo uma população de 349.603 habitantes, o que representa cerca de 3,4% da população nacional. Abrange uma área de 195 km2, constituída por 14 freguesias/uniões de freguesia de características bastantes heterógenas, e densidades populacionais muito variáveis, algumas com características mais rurais, e outras mais urbanas, densamente povoadas e com grande prevalência de comércio e serviços.
Para garantir a recolha e transporte dos RU produzidos na sua área de intervenção (128.605 toneladas, em 2014), os SIMAR asseguram a gestão de um sistema que se encontra organizado de acordo com o seguinte modelo:
Recolha seletiva multimaterial de resíduos recicláveis
A recolha seletiva de resíduos recicláveis em Loures e Odivelas teve início por intermédio da Câmara Municipal de Loures, com a recolha de vidro na via pública. Em 1994, quando se verificou a municipalização do serviço de recolha de resíduos, a recolha seletiva era assegurada através de um sistema bifluxo, com recolha de papel e cartão e vidro.
Em 1995 implementou-se a recolha seletiva porta-a-porta de papel e cartão na freguesia da Portela (habitação em alto Porte) e em 1996 em estabelecimentos de ensino. Em finais de 1996 implementaram-se os primeiros 5 ecopontos baseados em sistema de deposição trifluxo (na altura para recolha de papel e cartão, vidro e metal).
Foi em 1997, com o desenvolvimento do Plano de Acão para as Recolhas Selectivas (PARS) que se iniciou a implementação do sistema de recolha seletiva multimaterial trifluxo de papel e cartão, vidro e outras embalagens. Em 1999 implementou-se a recolha seletiva multimaterial em Ecopontos de 1.100 L e 2.500 L na generalidade dos municípios e porta-a-porta na freguesia da Portela (habitação em alto porte). Em 2000 deu-se início à recolha seletiva porta-a-porta em zonas de habitação de baixo-porte (São João da Talha, Santa Iria de Azóia, Bobadela), em cestos de 35 L. Em Março de 2013 iniciou-se a recolha seletiva em Ecopontos de recolha lateral.
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Atualmente os SIMAR contam com uma rede de deposição seletiva multimaterial na via pública com cerca de 962 Ecopontos, que asseguram um grau de cobertura de 330 habitantes por Ecoponto. Cerca de 32.000 (9,1% da população servida) habitantes são abrangidos por recolha porta-a-porta, dos quais 54% residem em habitação de baixo porte e 46% em habitação de alto porte.
A atividade de recolha seletiva multimaterial decorre em 3 turnos de laboração, nos períodos da manhã (6h às 13h), tarde (13h às 20h) e noite (23h às 6h) e encontra-se organizada em 60 circuitos de recolha de frequências variáveis, nomeadamente:
13 circuitos de Ecopontos 2.500L (frequência bissemanal, no caso do papel e cartão e outras embalagens; semanal, no caso do vidro)
14 circuitos de Ecopontos 1.100L (frequência trissemanal, no caso do papel e cartão; bissemanal no caso das outras embalagens; semanal, no caso do vidro)
6 circuitos de recolha lateral, com Ecopontos 3.200L (papel e cartão e outras embalagens) e 2.400L (vidro) (frequência bissemanal, no caso do papel e cartão e outras embalagens; semanal, no caso do vidro)
21 circuitos de recolha porta-a-porta (3 dos quais em habitação de alto porte e os restantes em moradias) (frequência semanal);
2 circuitos de recolha de papel e cartão em empresas (frequência semanal)
4 circuitos de recolha porta-a-porta em escolas (frequência mensal, no caso do papel e cartão e quinzenal, no caso das outras embalagens)
Os resíduos recicláveis, provenientes da recolha seletiva multimaterial (embalagens de vidro, papel/cartão, plástico e de metal) são encaminhados para Triagem, no Centro de Triagem e Ecocentro (CTE) da Valorsul (Lumiar), para preparação e posterior encaminhamento para a indústria recicladora.
Recolha seletiva de pilhas
A recolha seletiva de pilhas teve início em 2001 e é atualmente assegurada pela colocação e substituição, a pedido, de caixas fornecidas pela entidade gestora deste fluxo de resíduos.
Recolha seletiva de resíduos urbanos biodegradáveis
A recolha seletiva de resíduos urbanos biodegradáveis (RUB) teve início em 2005, ao abrigo de um protocolo estabelecido entre os SIMAR e a Valorsul, no âmbito do Programa
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+Valor (programa de recolha seletiva de matéria orgânica para valorização na área metropolitana norte de Lisboa).
Abrangeu em 2014 cerca de 450 grandes produtores (restaurantes, cantinas, hotéis, mercados e supermercados) e 233 edifícios de produtores domésticos (Urbanização da Portela e Quinta do Almirante).
Para tal, os SIMAR contam com 3 circuitos de recolha porta-a-porta, realizados diariamente (6 dias por semana), em período noturno (23h às 6h), de Domingo a 6ªF. A frequência de recolha em cada estabelecimento é estabelecida em acordo com o mesmo, enquanto que a recolha nos produtores domésticos tem uma frequência trissemanal.
Os RUB recolhidos seletivamente são encaminhados para valorização orgânica, na Estação de Tratamento e Valorização Orgânica (ETVO) da Valorsul (Amadora).
Recolha indiferenciada
Os resíduos provenientes da recolha indiferenciada são encaminhados para valorização energética, na Central de Tratamento de Resíduos Sólidos Urbanos (CTRSU) da Valorsul (São João da Talha).
A atividade de recolha indiferenciada decorre em 3 turnos de laboração, nos períodos da manhã (6h às 13h), tarde (13h às 20h) e noite (23h às 6h) e encontra-se organizada em 54 circuitos de recolha com frequências variáveis, nomeadamente:
41 circuitos de recolha na via pública, 27 dos quais em contentores de 1.100L, 7 em contentores de recolha lateral e 7 em contentores semi-enterrados (frequência maioritariamente diária);
12 circuitos de recolha porta-a-porta, um dos quais em edifícios de alto porte e 11 em moradias (frequência trissemanal);
1 circuito de recolha por substituição (frequência diária).
Estes circuitos asseguram a recolha de uma rede de deposição com cerca de 20.240 contentores.
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Os resíduos que não podem ser valorizados energeticamente, nomeadamente objetos domésticos volumosos fora de uso (monos) são encaminhados para o aterro sanitário de Mato da Cruz (ASMC), da Valorsul (Vila Franca de Xira).
Para toda a atividade de remoção de RU (indiferenciada, seletiva multimaterial e de RUB, pilhas e monos) os SIMAR dispõem de uma frota com 91 viaturas de recolha.
Como atividades complementares, os SIMAR asseguram a lavagem de contentores e ainda a gestão do equipamento de deposição, nomeadamente, a sua distribuição e reparação, dispondo de 6 viaturas para o efeito (4 viaturas de lavagem e 2 viaturas afetas à gestão de equipamento). A lavagem de contentores decorre nos 3 turnos de laboração, ou seja, nos períodos da manhã (6h às 13h), tarde (13h às 20h) e noite (23h às 6h), enquanto que a gestão de equipamento se realiza em 2 turnos, de manhã (6h às 13h) e de tarde (13h às 20h).
Quantidades recolhidas
Em 2014, recolheram-se 111.424 toneladas de resíduos indiferenciados. Recolheram-se seletivamente 7.914 toneladas de resíduos recicláveis, (taxa de desvio de recicláveis de 6,2%) e 1.798 toneladas de RUB, o que correspondeu a uma taxa de desvio de 7,6%.
Na figura 1 apresenta-se a evolução das quantidades recolhidas seletivamente nos últimos 10 anos, verificando-se uma diminuição de 2009 a 2012 e um ligeiro acréscimo em 2013 e 2014.
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Figura 1 - Evolução das quantidades recolhidas seletivamente nos últimos 10 anos
Na figura 2 apresenta-se a evolução das quantidades recolhidas de forma indiferenciada nos últimos 10 anos, verificando-se uma tendência decrescente, com exceção de 2014.
Figura 2 - Evolução das quantidades recolhidas de forma indiferenciada nos últimos 10 anos
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3. Estratégia de apoio ao cumprimento das metas estabelecidas no PERSU2020
A portaria n.º 187-A/2014, de 17 de Setembro (Anexo I), que aprova o Plano Estratégico para os Resíduos Urbanos (PERSU 2020), define metas específicas para cada sistema de gestão de RU que visam assegurar, no seu todo, o cumprimento nacional das metas comunitárias.
O PERSU 2020 estabelece a visão, os objetivos, as metas globais e as metas específicas por Sistema de Gestão de RU, as medidas a implementar no quadro dos resíduos urbanos no período 2014 a 2020, bem como a estratégia que suporta a sua execução.
3.1. Objetivos e metas
Para o cumprimentos das metas previstas no PERSU 2020, em particular da referente ao aumento da preparação para reutilização, da reciclagem e da qualidade dos recicláveis, foi definido entre a VALORSUL e os munícipios da região de Lisboa, atingir os seguintes valores de recolha em 2020 (ver Quadro 1):
Quadro 1 – Metas de recolha seletiva estabelecidas para os municípios da região de Lisboa
As medidas propostas pretendem contribuir para os seguintes objetivos do PERSU 2020:
Objetivo 1 – Prevenção da produção e perigosidade dos RU
Âmbito e estratégia: As medidas associadas a este objetivo visam contribuir diretamente para o cumprimento da meta nacional de prevenção de resíduos urbanos e destinam-se a reduzir a quantidade de resíduos produzidos, os impactes negativos no ambiente e na
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saúde resultantes dos resíduos produzidos ou o teor de substâncias nocivas presentes nos materiais e nos produtos.
Objetivo 2 - Aumento da preparação para reutilização, da reciclagem e da qualidade dos recicláveis
Âmbito e estratégia: As medidas associadas a este objetivo visam aumentar as quantidades recolhidas e contribuir para o cumprimento das metas nacionais, bem como para as metas específicas por sistema de gestão de resíduos urbanos, relativas à preparação para reutilização e reciclagem e à retoma de resíduos de recolha seletiva, definidas para 2020, nomeadamente:
Meta de preparação para reutilização e reciclagem de resíduos urbanos, (inclui papel,
cartão, plástico, vidro, metal, madeira e resíduos urbanos biodegradáveis) para a Valorsul:
taxa de reciclagem de 42%;
Meta de retomas da recolha seletiva (inclui materiais de embalagem e não embalagem de
papel e cartão, plástico, metal, vidro e madeira) para a Valorsul: capitação de 49
kg/hab.ano.
Com as medidas propostas pretende-se alargar a recolha seletiva (reforço de contentorização, e meios de recolha); explorar o potencial da recolha porta-a-porta e das zonas de maior densidade populacional; aumentar e melhorar a rede de recolha seletiva e reforçar os meios de recolha.
Meta SIMAR: Aumentar a recolha seletiva de recicláveis de 7.936 ton (2013) para 12.914 ton, em 2020, o que implica um aumento de 4.978 ton de resíduos recicláveis recolhidos (62,7%). Este esforço traduz-se em passar de uma taxa de desvio de recicláveis de 6,3%, em 2013, para 11%, em 2020.
Objetivo 6 – Incremento da eficácia e capacidade institucional e operacional do setor
Âmbito e estratégia: Este objetivo visa criar condições para capacitar os seus agentes, institucionais e empresariais, a montante e a jusante, envolvendo-os, articulando-os e comprometendo-os na evolução do setor. O papel dos sistemas de gestão de resíduos urbanos e dos municípios e a articulação entre si é fundamental para a operacionalização e concretização dos objetivos e medidas previstas no PERSU 2020. Assume particular
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relevo neste contexto a recolha seletiva de resíduos, que carecerá de um esforço significativo com vista ao cumprimento das metas estabelecidas e em que o papel dos municípios é essencial, designadamente no que respeita à proximidade e interface com o utilizador, sensibilização, gestão e conhecimento do território (PERSU 2020).
Objetivo 8 – Aumento do contributo do setor para outras estratégias e planos nacionais
Âmbito e estratégia: O setor de gestão de resíduos urbanos é um setor relevante na concretização de outras estratégias e planos nacionais relacionados com o ambiente e a “Economia Verde”. Este objetivo visa contribuir para o cumprimento de várias metas e estratégias ambientais nacionais, nomeadamente a redução da emissão de gases com efeito de estufa (GEE).
As medidas associadas a este objetivo pretendem contribuir para a mobilidade sustentável no setor, promovendo a otimização da recolha e transporte de resíduos e incentivando a utilização de combustíveis alternativos nas frotas de RU. Podem concretizar-se através de: introdução de novas tecnologias no sistema de gestão de remoção e contentorização de resíduos e de gestão de frotas; reforço de viaturas de recolha e adequação da frota à necessidade das diferentes tipologias de resíduos; melhorias no sistema de gestão da informação e eficácia de operacionalidade.
3.2. Medidas e Investimentos
Considerando que só será possível atingir as metas de recolha seletiva, previstas para 2020, com o reforço e a otimização de meios de deposição, recolha e transporte, acompanhadas de uma forte componente de sensibilização do cidadão, e tendo em conta o contexto atual dos SIMAR, apresentam-se as medidas a implementar, bem como uma estimativa de resultados a alcançar, investimento previsto e respetiva calendarização.
M1. Alargamento da rede de recolha seletiva, com a criação de 3 novos circuitos (papel/vidro/embalagens) de recolha em Ecopontos de 2.500L.
Prevê-se a colocação de 57 Ecopontos completos, em zonas densamente povoadas, e a restruturação / otimização dos circuitos existentes atualmente nessa área geográfica.
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L0284-1
M2. Reforço da capacidade de deposição, em 6 circuitos de recolha seletiva (papel/vidro/embalagens), por alteração de recolha de Ecopontos de 1.100L para 2.500L
Pretende-se substituir 160 Ecopontos de 1.100 L, atualmente existentes em zonas densamente povoadas, por Ecopontos de 2.500 L, mantendo a frequência de recolha.
M3. Reforço da capacidade de deposição, em 6 circuitos de recolha seletiva (papel/vidro/embalagens), por alteração de recolha de Ecopontos de 2.500L para Ecopontos de recolha lateral e alargamento da rede em 3 circuitos já existentes.
Pretende-se substituir 230 Ecopontos de 2.500 L, atualmente existentes em zonas densamente povoadas, por Ecopontos de recolha lateral (3.200 L para papel e cartão e outras embalagens e 2.400L para vidro), mantendo a frequência de recolha.
M4. Alargamento da rede de recolha seletiva, com a criação de 3 novos circuitos (papel/vidro/embalagens) de recolha em Ecopontos de 1.100L.
Prevê-se a colocação de 120 Ecopontos completos, em zonas de baixa densidade populacional e a restruturação / otimização dos circuitos existentes atualmente nessa área geográfica.
M5. Reforço da capacidade de deposição em 18 circuitos de recolha seletiva (papel/vidro/embalagens), por alteração de recolha de Cestos de 35L para Ecopontos 120L (papel e embalagens) e Ecopontos 1.100L (vidro).
Pretende-se substituir os cestos de 35 L, atualmente existentes em 7.200 habitações de baixo porte, por:
contentores de 120 L, no caso do papel e cartão e outras embalagens, mantendo a recolha
porta-a-porta e a frequência de recolha;
90 vidrões de 1.100 L, com recolha na via pública.
Esta medida pressupõe uma colaboração com as juntas de freguesia na divulgação do projeto e implica a conceção e implementação de uma campanha de sensibilização porta-a-porta dirigida às 7.200 famílias abrangidas.
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M6. Alargamento da recolha de papel em empresas de 2 para 5 dias por semana, abrangendo as áreas de Loures e Odivelas com maior concentração de atividades comerciais.
Esta medida pressupõe uma colaboração com as juntas de freguesia na divulgação do projeto e implica o contacto e sensibilização porta-a-porta de potenciais alvos de recolha.
M7. Dinamização e otimização dos circuitos de recolha seletiva de recicláveis existentes.
Esta medida pressupõe o cumprimento rigoroso da frequência de recolha planeada, otimização dos circuitos existentes, colaboração com as juntas de freguesia na divulgação do projeto. Implica também a conceção e implementação de uma campanha de sensibilização porta-a-porta dirigida a alvos específicos, nomeadamente canal HORECA, instituições de solidariedade social, escolas e utilizadores domésticos.
M8. Dinamização e otimização dos circuitos de recolha seletiva de resíduos orgânicos existentes.
Esta medida pressupõe o cumprimento rigoroso da frequência de recolha planeada, otimização dos circuitos existentes, colaboração com as juntas de freguesia na divulgação do projeto e o contacto e sensibilização porta-a-porta de potenciais alvos de recolha, de forma a angariar 133 novos utilizadores.
M9. Implementação de sistema de gestão de remoção de resíduos urbanos, com módulo de otimização de circuitos (aplicação a frota de 70 viaturas e equipamento de deposição).
Instalação de sistema de localização geográfica em 70 viaturas de recolha de resíduos urbanos, associado a software de gestão e monitorização da atividade, o que permitirá a otimização do sistema de deposição seletiva implantado.
No Quadro 2 e 3 apresenta-se um resumo das medidas propostas.
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Quadro 2 – Medidas que visam contribuir diretamente para a meta dos SIMAR
Medidas Resultado estimado (ton/ano)
Esforço em relação 2013
(%)
Investimento previsto (€)
M1. Alargamento da rede de recolha seletiva, com a criação de 3 novos circuitos (papel/vidro/embalagens) de recolha em Ecopontos de 2.500L
410,14 5,2 % 270.000
M2. Reforço da capacidade de deposição, em 6 circuitos de recolha seletiva (papel/vidro/embalagens), por alteração de recolha de Ecopontos de 1.100L para 2.500L
1.352,24
17,0 % 609.000
M3. Reforço da capacidade de deposição, em 6 circuitos de recolha seletiva (papel/vidro/embalagens), por alteração de recolha de Ecopontos de 2.500L para Ecopontos de recolha lateral e alargamento da rede em 3 circuitos já existentes.
359,22 4,5 % 890.309
M4. Alargamento da rede de recolha seletiva, com a criação de 3 novos circuitos (papel/vidro/embalagens) de recolha em Ecopontos de 1.100L
432,85 5,5 % 276.300
M5. Reforço da capacidade de deposição em 18 circuitos de recolha seletiva (papel/vidro/embalagens), por alteração de recolha de Cestos de 35L para Ecopontos 120L (papel e embalagens) e Ecopontos 1.100L (vidro)
1.272,36 16,0 % 1.001.200
M6. Alargamento da recolha de papel em empresas de 2 para 5 dias por semana, abrangendo as áreas de Loures e Odivelas com maior concentração de atividades comerciais
165,45 2,1 % 218.350
M7. Dinamização e otimização dos circuitos de recolha seletiva de recicláveis existentes: cumprimento rigoroso da frequência de recolha planeada, otimização de circuitos, campanhas de sensibilização dirigidas a alvos específicos.
985,65 12,4 % 80.000
TOTAL 4.946,32 62,7% 3.345.159
Nota: As medidas M1 a M6 incluem reforço dos meios de recolha ao nível da aquisição de viaturas. As medidas M1 a M5 incluem reforço dos meios de recolha ao nível da aquisição de equipamento de deposição.
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As medidas M5, M6 e M7 incluem a conceção e implementação de campanhas de sensibilização, no sentido de acautelar o sucesso dos projetos a implementar e promover um elevado nível de recolha seletiva de recicláveis, (recolha porta-a-porta, desvio de resíduos recicláveis dos indiferenciados).
Quadro 3 – Medidas complementares e de apoio à concretização da meta dos SIMAR
Medidas Resultado estimado (ton/ano)
Esforço em relação 2013
(%)
Investimento previsto
(€)
M8. Dinamização e otimização dos circuitos de recolha seletiva de resíduos orgânicos existentes: cumprimento rigoroso da frequência de recolha planeada, otimização de circuitos, campanhas de sensibilização dirigidas a alvos específicos.
465,65 29,2% 45.600
M9. Implementação de sistema de gestão de remoção de resíduos urbanos (frota e equipamento de deposição) com otimização de circuitos (70 viaturas / 60 meses).
-- -- 460.000
TOTAL 465,65 29,2% 505.600
Nota: A medida M8 inclui reforço dos meios de recolha ao nível da aquisição de equipamento de deposição e a conceção e
implementação de campanhas de sensibilização.
No Anexo I apresenta-se os cálculos que serviram de base à estimativa de investimento necessário para implementar o presente plano. No Anexo II apresenta-se um resumo do investimento, por medida proposta.
3.3. Investimentos e calendarização
Para concretizar este plano prevê-se um investimento total de 3.850.759€
Foi estabelecida a seguinte proposta de calendarização dos investimentos necessários, os quais devem ser concretizados durante os anos de 2015 a 2020 (ver Quadro 4).
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Quadro 4 – Calendarização do investimento previsto (€)
MEDIDA 2015 2016 2017 2018 2019 2020
M1 270.000€
M2 609.000€
M3 890.309€
M4 276.300€
M5 1.001.200€
M6 218.350€
M7 80.000€
M8 45.600€
M9 360.472€ 24.882€ 24.882€ 24.882€ 24.882€
3.4. Reporte de informação
Os SIMAR reportam anualmente os dados necessários ao preenchimento do Mapa Integrado de Registo de Resíduos – MIRR, à Agência Portuguesa do Ambiente. Expressamos o compromisso de reportar demais informação que nos seja solicitada pelo SGRU e demais autoridades de resíduos.
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4. Conclusões
Os SIMAR de Loures e Odivelas reportaram, em 2015, para o indicador de qualidade do serviço relativo à acessibilidade física ao serviço de recolha seletiva e indiferenciada o valor de 94% e 96%, respetivamente, o que se traduz numa avaliação boa. Estes valores traduzem que cerca de 94% dos alojamentos se encontram a uma distância máxima de 200 m do sistema de deposição seletiva e que 96% dos alojamentos se encontram a uma distância inferior a 100 m do sistema de deposição indiferenciada.
O indicador referente à recolha seletiva traduz que os SIMAR dispõem de uma rede de deposição seletiva acessível ao utilizador, o que à partida poderia ser catalisador da concretização dos desígnios e metas nacionais.
O reconhecimento desta entidade relativamente ao potencial que as áreas mais densamente povoadas apresentam em termos de desvio de materiais para o sistema de deposição seletiva, leva a que os critérios adotados em termos de distâncias aos ecopontos se aproximem dos adotados para os equipamentos de deposição indiferenciada.
A necessidade de reconverter sistemas implantados há mais de uma década, em novos sistemas, capazes de captar mais utilizadores e materiais recicláveis, apresenta também um elevado potencial de contribuição para que as metas do PERSU2020 sejam atingidas.
Importa realçar que para a implementação das medidas apresentadas, sem as quais não será possível atingir os objetivos, é necessário um elevado investimento, só possível com recurso a financiamento externo, bem como a contratação de efetivos ao nível operacional para a constituição de equipas de recolha.
O elevado afastamento relativamente às metas preconizadas neste plano, relativamente ao ano de 2013, a grande dependência relativamente a fatores externos, não totalmente controláveis, como a adesão da população, a recuperação económica, o desvio de materiais por agentes não autorizados, entre outros, poderá em certa medida constituir um obstáculo para que as metas sejam atingidas.
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Para o cumprimento da meta de recolha seletiva não basta realizar investimentos em equipamentos de deposição e transporte. O grau de adesão da população será um fator determinante para o sucesso no cumprimento desta meta, para o que será fundamental acompanhar o investimento com campanhas e ações de sensibilização, identificando a melhor forma de obter essa adesão.
Considera-se também que não é possível determinar com a melhor exatidão o momento em que se considera que os investimentos consigam ter retorno em termos de material desviado, principalmente no que se refere aos investimentos efetuados mais próximo do ano 2020.
Considera-se por último que a eventual não aprovação dos montantes de investimento identificados neste Plano, em sede de candidatura a financiamento, condiciona o cumprimento dos objetivos considerados pelos SIMAR para 2020.
Contentores
Equipamento Quant Preço unit (C/IVA) Custo total
Eco 2500 litros 171 500 € 85.500 €
85.500 €
Equipamento Quant Preço unit (C/IVA) Custo total
Eco 2500 litros 480 500 € 240.000 €
240.000 €
M3 - Novos circuitos de lateral e alargamento do existente
Equipamento Quant Preço unit (C/IVA) Custo total
Eco papel 3200 litros 230 950 € 218.500 €
Eco embalagens 3200 litros 230 950 € 218.500 €
Eco vidro 2200 litros 230 750 € 172.500 €
609.500 €
M4 - Novos circuitos de 1100 litros
Equipamento Quant Preço unit (C/IVA) Custo total
Eco papel 1100 litros 120 255 € 30.600 €
Eco embalagens 1100 litros 120 255 € 30.600 €
Eco vidro 1100 litros 120 255 € 30.600 €
91.800 €
M5 - Substituição dos cestos por contentores 120 litros e eco 1100 litros (vidro)
800 habitações por circuito
9 circuitos
Total de habitações 7200
Equipamento Quant Preço unit (C/IVA) Custo total
Eco papel 120 litros 7200 28 € 201.600 €
Eco embalagens 120 litros 7200 28 € 201.600 €
Eco vidro 1100 litros 90 255 € 22.950 €
426.150 €
M8 - Dinamização e otimização dos circuitos de recolha seletiva resíduos orgânicos existentes
Equipamento Quant Preço unit (C/IVA) Custo total
Cont Resíduos orgânicos 120 litros 200 28 € 5.600 €
5.600 €
TOTAL EQUIPAMENTO 1.458.550,00 €
ANEXO I
INVESTIMENTO PREVISTO POR TIPOLOGIA DE DESPESA
M1 - Novo circuito de Eco 2.500 L
TOTAL
TOTAL
M2 - Subst dos eco 1100 litros por 2500 litros
TOTAL
TOTAL
TOTAL
TOTAL
Viaturas
Tipo Quant Preço unit (C/IVA) Custo total Medida abrangida
15 m3 4 178.350 € 713.400 € M5 e M6
grua e compressão 3 246.000 € 738.000 € M1, M2 e M4
Lateral 1 280.809 € 280.809 € M3
1.732.209 €
TOTAL VIATURAS 1.732.209,00 €
Campanhas de Sensibilização
Âmbito e público alvo Quant Preço unit (C/IVA) Custo total Medida abrangida
Alteração do sistema de recolha Porta-a-
Porta (7.200 famílias)1 40.000 € 40.000 €
M5
Alargamento da recolha de papel em
empresas1 40.000 € 40.000 €
M6
Dinamização da recolha seletiva de
recicláveis (atividades comerciais, canal
Horeca, famílias)
1 80.000 € 80.000 €
M7
Dinamização da recolha seletiva de
resíduos orgânicos (canal Horeca)1 40.000 € 40.000 €
M8
200.000 €
TOTAL SENSIBILIZAÇÃO 200.000,00 €
Sistema de Gestão de Remoção RU
Módulo Meses Viaturas Custo total
Sistema de Gestão de Resíduos Urbanos 60 70 460.000 €
460.000 €
TOTAL SISTEMA GESTÃO 460.000 €
TOTAL INVESTIMENTO 3.850.759 €
TOTAL
TOTAL
TOTAL
Equipamento Viaturas Sensibilização
Sistema Gestão
Remoção TOTAL
M1 - Novo circuito de Eco 2.500 L 85.500 € 184.500 € - € - € 270.000 €
M2 - Subst dos eco 1100 litros por 2500
litros 240.000 € 369.000 € - € - € 609.000 €
M3 - Novos circuitos de lateral e
alargamento do existente 609.500 € 280.809 € - € - € 890.309 €
M4 - Novos circuitos de 1100 litros 91.800 € 184.500 € - € - € 276.300 €
M5 - Substituição dos cestos por
contentores 120 litros e eco 1100 litros
(vidro) 426.150 € 535.050 € 40.000 € - € 1.001.200 €
M6 - Alargamento da atividade de
recolha de papel em empresas - € 178.350 € 40.000 € - € 218.350 €
M7 - Dinamização e otimização dos
circuitos de recolha seletiva recicláveis
existentes - € - € 80.000 € - € 80.000 €
M8 - Dinamização e otimização dos
circuitos de recolha seletiva resíduos
orgânicos existentes 5.600 € - € 40.000 € - € 45.600 €
M9 - Implementação sistema gestão
remoção RU (70 viaturas / 60 meses) - € - € - € 460.000 € 460.000 €
TOTAL 1.458.550 € 1.732.209 € 200.000 € 460.000 € 3.850.759 €
INVESTIMENTO PREVISTO POR MEDIDA
ANEXO II