edificios de escritorios na cidade de sao paulo (1)
TRANSCRIPT
-
ROBERTO NOVELLI FIALHO
Edifcios de escritrios na cidade de So Paulo
Tese apresentada FAUUSP para obteno do ttulo de doutor
rea de concentrao: Projeto de Arquitetura
Orientador: Prof. Dr. Rafael A. C. Perrone
SO PAULO
2007
-
AUTORIZO A REPRODUO E DIVULGAO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO, POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRNICO, PARA FINS DE ESTUDO E PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
ASSINATURA: E-MAIL: [email protected]
Fialho, Roberto Novelli F438e Edifcios de escritrios na cidade de So Paulo / Roberto Novelli Fialho. - - So Paulo, 2007. 385 p. : il. Tese (Doutorado rea de Concentrao: Projeto de Arquitetura) FAUUSP. Orientador: Rafael Perrone. 1.Edifcios de escritrios 2.Projeto de arquitetura I.Ttulo CDU 725.23(816.11)
-
Agradecimentos
A minha famlia, pela compreenso irrestrita e apoio
incondicional em todos os momentos, pelas alegrias e tristezas
que enfrentamos juntos, sempre.
Aos professores que contriburam para o
desenvolvimento deste trabalho, especialmente Rafael Perrone,
Lus Antonio Jorge e Carlos Alexandre, pela ateno,
comentrios e sugestes.
Ao Marcinho, pela reviso e pelos palpites.
A companheira de sempre Valria, por tudo.
-
Resumo
O trabalho se prope a compilar material de referncia e registrar
a produo de edifcios destinados ao trabalho burocrtico (de escritrio)
na cidade de So Paulo, dos primeiros, datados do incio do sculo XX,
at aqueles recentemente construdos. Entre as questes discutidas
esto: as implicaes da legislao; as relaes entre dimenses do lote,
legislao e viabilidade econmica; a identificao de uma distribuio
espacial na cidade refletindo momentos especficos desta produo; as
configuraes espaciais mais freqentes e a influncia das inovaes
tecnolgicas no desenvolvimento dos projetos estudados. Em seu
contedo, discorre brevemente sobre a histria da torre de escritrios,
identificando origens e aspectos fundamentais de sua evoluo, e aborda
aspectos da urbanizao relacionados verticalizao da cidade. A partir
deste contexto, apresenta, num relato cronolgico, os edifcios pioneiros
desta trajetria, os desenvolvidos sob a influncia do movimento moderno
a partir da dcada de 1940 e, a seguir, a produo do perodo iniciado em
1972, com a substituio do Cdigo de Obras Arthur Saboya pela Lei de
Zoneamento. O resultado final da pesquisa apresenta, alm deste
panorama geral, com aproximadamente 200 obras registradas, o estudo
detalhado de 100 edifcios, que tem como objetivo identificar as diferentes
tipologias implantadas na cidade e a diversidade de configuraes e
combinaes possveis a partir de opes de partido arquitetnico,
sistema estrutural, condicionantes de legislao, localizao geogrfica,
sistema construtivo e tipo de uso. Estes estudos de caso esto
organizados em 5 percursos - Centro, Paulista, Faria Lima, Berrini e Itaim
- que os agrupam geograficamente e explicitam a distribuio espacial de
diferentes momentos de verticalizao da cidade. Complementa este
conjunto um grupo formado por 11 edifcios isolados, significativos por
compreenderem uma diversidade de solues que exemplificam a
heterogeneidade da ocupao fsica a partir do uso do solo. Em suas
concluses, o trabalho discute a influncia decisiva da legislao sobre a
configurao dos edifcios e sua viabilidade, a localizao dos
empreendimentos na cidade, sua relao com o delineamento de vetores
de expanso, sua influncia na alterao das infra-estruturas urbanas e,
ainda, o uso e influncia dos componentes tecnolgicos no projeto dos
edifcios. Finalmente, identifica a crescente opo por construes
flexveis, a busca pelo aproveitamento mximo de rea til dos
empreendimentos e a valorizao do conceito de edifcio inteligente.
Complementando o contedo, esto includos no trabalho 3 anexos: o
anexo I apresenta um resumo visual da evoluo dos edifcios de
escritrios que faz um contraponto entre a experincia internacional e os
principais edifcios construdos na cidade (linha do tempo); o anexo II, um
diagrama comparativo da volumetria dos edifcios analisados, tambm
organizados cronologicamente; e o anexo III, ndices organizados por
data, autor e edifcio, para facilitar a consulta isolada das diversas obras
apresentadas no trabalho.
Palavras chave: arquitetura, edifcios de escritrio, projeto.
-
Abstract
The research sets a compilation of reference material and
registers the production of office buildings in the city of So Paulo, from
the first ones dated from the beginning of the 20th century, to those
recently built. Among the discussed issues are: legislative implications;
the relations between plot dimensions, legislation and economical
feasibility; the identification of a spatial distribution in the city according to
specific moments of the production; the most common spatial
configurations and the influence of technological innovations in the
projects' development. In its content there is an overview on the history of
the office tower, identifying its origins and fundamental aspects of its
evolution and it analyses aspects of urbanism related to the city's
verticalization. From this context, it presents in a chronological line the
pioneer constructions, then the ones developed from the 1940's under the
influence of the modern movement and, finally, the production after 1972,
when the Arthur Saboya Building Code was substituted by the Zoning
Law. Besides this general background with approximately 200 buildings
registered, the research presents a detailed survey of 100 buildings,
aiming the identification the different typologies developed in the city and
the diversity of possible configurations and combinations derived from the
options on architectural conception, structural system, legislation issues,
geographic situation, building system and use type. These case studies
are organized in 5 itineraries - Center, Paulista, Faria Lima, Berrini and
Itaim - that sets a geographical organization and shows the spatial
distribution of the city's different growth phases. In addition to this, there is
another group formed by 11 isolated buildings that become meaningful as
a sample of the diversity of solutions obtained from the physical
occupation of the city. In its conclusion, the research deals with the
decisive influence of the legislation over the buildings' configuration and
its viability, the location of investments within the city, its relation with the
setting of growth vectors, its influence on the alteration of urban
infrastructures, as well as the use and influence of technological
components in the buildings projects. Finally, it identifies the tendency of
choice for flexible constructions, the search for maximum use of floor area
rates and the valuation of the concept of intelligent buildings. As a
complement, there are three appendixes: the first one presents a timeline
as a visual summary of the office tower's evolution, establishing a
counterpoint between the international experience and the most important
buildings in the city; the second one is a comparative diagram of the
analyzed building's mass also in chronological order; the third one
comprehends indexes organized per time, author and building, in order to
make the data search easier.
Key-words: architecture, office buildings, project.
-
Lista de figuras Captulo 2 01. Galleria degli Uffizi - Florena (1565) ( pg.025) (www.abcfirenze.com) 02. First Leiter Building (1879) (pg.026) (www.ou.edu/class/arch4443/Skyscraper) 03. Maison du Peuple Bruxelas (pg.026)
(http://commons.wikimedia.org/wiki/Image:20051004MaisonDuPeuple.jpg) 04. Guaranty Building (pg.027) (www.buffalohistoryworks.com) 05. Rookery Building ( pg.028) (www.hellochicago.com) 06. Reliance Building ( pg.028) (www.ci.chi.il.us) 07. Wainwright Building ( pg.029) (www.takotron.com) 08. Equitable Life Insurance (pg.030) (www.ou.edu/class/arch4443/Skyscraper) 09. Flatiron Building ( pg.030) (www.nyc-architecture.com) 10. Singer Building and Tower ( pg.031) ( www.wikipedia.org) 11. Chicago Tribune Tower: projetos de Gropius e Hood and Howells (pg.031)
(JONG, C.; MATTIE, E. Architectural Competitions: 1792 Today. Benedikt Taschen.1994)
12. Chanin Building ( pg.033) ( www.bc.edu) 13. Chrysler e o Empire State (pg.034) ( www.wikipedia.org) 14. Rockfeller Center (pg.034) ( www.wikipedia.org) 15. Cena do filme the Fountainhead (Vontade Indmita 1949) (pg.035)
(www.trondheim-filmklubb.no) 16. Desenho da Ville Radieuse (pg.036) ( www.thigsmagazine.net) 17. Larkin Building (1904) e Johnson Wax Company (1936) (pg.038) (HASCHER,
R. JESKA, S. KLAUCK, B. Atlas de edifcios de oficinas. Gustavo Gili. Barcelona. 2002.)
18. Columbushaus ( pg.039) (www.essential-architecture.com) 19. Palcio Capanema ( pg.040) (www.vitruvius.com.br) 20. Lever House ( pg.041) (www.thecityreview.com) 21. Seagram Building ( pg.043) (www.skyscraper.org) 22. Torre Pirelli , Milo ( pg.044) (www.xtec.es) 23. Equitable Life Insurance (pg.045) ( www.wikipedia.org) 24. Railway Exchange Building ( pg.046) (www.skyscraper.org) 25. Daily News Building (pg.046) (www.skyscrapercity.com) 26. Lever House ( pg.047) (www.skyscraper.org) 27. AT&T Building (pg.047) ( www.achpaper.com) 28. Hong Kong Shangai Bank ( pg.048) (www.fosterandpartners.com) 29. Interior e planta do Edifcio Larkin (pg.050) 30. Interior do Edifcio Johnson Wax (pg.051) 31. Exemplo de organizao espacial por cubculos (pg.052)
(Figs 29 a 31: HASCHER, R. JESKA, S. KLAUCK, B. Atlas de edifcios de oficinas. Gustavo Gili. Barcelona. 2002.) Captulo 3 32. Calado da Rua Boa Vista (pg.067) (www.prodam.sp.gov.br) 33. Palcio das Indstrias e Vale do Anhangaba (pg.068) (www.mosteiro.org.br) 34. O conjunto nacional na Avenida Paulista (pg.069) (www.ccn.com.br) 35. Edifcio Sampaio Moreira (pg.070) (www.piratininga.org) 36. Edifcio Martinelli (pg.071) (www.piratininga.org) 37. Edifcio Mackenzie (pg.072) (www.piratininga.org) 38. Banco Francs e Italiano ( 1919) (pg.074) (www.piratininga.org) 39. O antigo (1923) e o novo Viaduto do Ch (1940) (pg.076)
(www.aprenda450anos.com.br) 40. Edifcio Saldanha Marinho e Edifcio Joo Brcola (pg.077)
(www.vivaocentro.org.br) 41. Detalhe do Edifcio Banco de So Paulo (pg.078) (www.vivaocentro.org.br) 42. Edifcio Sulacap So Paulo (pg.078) (www.novomilenio.inf.br) 43. Edifcio Anhumas e Edifcio Jaragu (pg.080) (Revista Acrpole n34 e 40) 44. Edifcio Matarazzo (pg.080) (www.skyscrapercity.com) 45. Edifcio Banespa Praa Antonio Prado (pg.081) ( Revista Acrpole n116) 46. Edifcio Esther (pg.082) (CORONA, E.; LEMOS, C.; XAVIER, A. Arquitetura
Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) 47. O edifcio Vicente Filizola (pg.083) (www.arcoweb.com.br) 48. Edifcio O estado de So Paulo (pg.084) ( Revista Acrpole n181) 49. Edifcio Jaatuba (pg.085) (www.vitruvius.com.br) 50. Edifcio Gibraltar (pg.085) (CORONA, E.; LEMOS, C.; XAVIER, A.
Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) 51. Maquete do edifcio do IAB (pg.086) (Revista Acrpole n121) 52. Edifcio Esplanada-CBI (pg.087) (CORONA, E.; LEMOS, C.; XAVIER, A.
Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) 53. Edifcio da Mesbla (pg.089) (Revista Acrpole n33) 54. Edifcio Lenidas Moreira (pg.089) (Revista Acrpole n53) 55. Edifcio da Secretaria da Fazenda (pg.089) (Revista Acrpole n33) 56. Edifcio Central (pg.090) (Revista Acrpole n47) 57. Edifcio Souto de Oliveira (pg.090) (Revista Acrpole n89) 58. Edifcio dos Andradas (pg.090) (Revista Acrpole n95) 59. Edifcio Cofermat (pg.091) (Revista Acrpole n102) 60. Edifcio Severo Vilares (pg.091) (Revista Acrpole n97) 61. Edifcio Cavaru (pg.091) (Revista Acrpole, maio de 1947) 62. Edifcio Praa das Bandeiras (pg.092) (Revista Acrpole n123) 63. Edifcio Thomas Edison (pg.092) (Revista Acrpole n121) 64. Edifcio de escritrios Rua 7 de abril (pg.092) (Revista Acrpole, set.1947)
-
65. Banco Paulista de Comercio (pg.098) (CORONA, E.; LEMOS, C.; XAVIER, A.
Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) 66. Edifcio Banco do Brasil (pg.098) (Revista Acrpole n 201) 67. Edifcio Itlia (pg.099)(Revista Acrpole n 210 e www.piratininga.org.br) 68. Banco London e South Amrica (pg.099) (CORONA, E.; LEMOS, C.;
XAVIER, A. Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) 69. Edifcio Conde Prates (pg.101) (www.vitruvius.com.br) 70. Edifcio Baro de Iguape (pg.102) (CORONA, E.; LEMOS, C.; XAVIER, A.
Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) 71. Palcio do Comrcio (pg.102) (Revista Acrpole n 224) 72. Conjunto Nacional (pg.103) (Revista Acrpole n 222) 73. Edifcio Quinta Avenida (pg.104) (CORONA, E.; LEMOS, C.; XAVIER, A.
Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) 74. Edifcio Naes Unidas (pg.105) (Revista Acrpole n 262) 75. Galeria R. Monteiro (pg.105) 76. Galeria Metrpole (pg.106)
(Figs 75 e 76: CORONA, E.; LEMOS, C.; XAVIER, A. Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) 77. Edifcio Banco de Boston (pg.106) (Revista Acrpole n 269) 78. Emissoras Associadas (pg.107) (Revista Acrpole n 271) 79. Edifcio Plavinil Elclor (pg.107) (CORONA, E.; LEMOS, C.; XAVIER, A.
Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) 80. Edifcio Wilton Paes de Almeida (pg.108) (CORONA, E.; LEMOS, C.;
XAVIER, A. Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) 81. Edifcio e garagem Bolsa de Cereais (pg.108) (Revista Acrpole n 275) 82. Edifcio Andraus (pg.108) (Revista Acrpole n 283) 83. Banco do Estado de So Paulo projeto original e edifcio executado
(pg.109) (Revista Acrpole n 283 e foto do autor) 84. Sede do Sindicato (pg.109) (Revista Acrpole n 298) 85. Edifcio Wilson Mendes Caldeira (pg.109) (Revista Acrpole n 299) 86. Banco Lar Brasileiro (pg.109) (Revista Acrpole n 304) 87. Edifcio Nestl (pg.110) (Revista Acrpole n 315) 88. Edifcio Avenida Paulista (pg.110) (Revista Acrpole n 320) 89. Banco Amrica do Sul (pg.111) (CORONA, E.; LEMOS, C.; XAVIER, A.
Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) 90. Edifcio Sulamericano (pg.112) (www.vitruvius.com.br, foto: Nelson Kon) 91. Banco Portugus do Brasil (pg.112) (Revista Acrpole n 355) 92. Edifcio sede da CBPO (pg.113) 93. Edifcio sede da FIESP- configurao original (pg.113) 94. Edifcio sede da IBM (pg.114) 95. Edifcio sede da TELESP (pg.114)
(Figs. 92 a 95: CORONA, E.; LEMOS, C.; XAVIER, A. Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.)
96. Cia. Paulista de Fora e Luz (pg.115) (Revista Acrpole n 387) 97. Edifcio Parque Iguatemi (pg.115) 98. Edifcio Torre do Espigo (pg.116)
(Figs. 97 e 98: CORONA, E.; LEMOS, C.; XAVIER, A. Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) Captulo 4 99. Edifcio Barros Loureiro (pg.119) 100. Edifcio Capitnea (pg.120) 101. Edifcio Asahi (pg.120) 102. Sindicatos de hotis (pg.121) 103. Edifcio Josepha Daccache (pg.121) 104. Edifcio Rizkallah (pg.122)(Revista AU n 56) 105. Edifcio Saint James Park (pg.122) 106. Edifcio Morumbi (pg.123) 106a. Edifcio Naes Unidas (pg.123) ( foto do autor) 107. Edifcio Acal (pg.124) 108. Edifcio Concorde (pg.124) 109. Centro do Professorado Paulista (pg.125) 110. Centro Operacional do Ita (pg.125)
(figs 99 a 103 e 105 a 110: CORONA, E.; LEMOS, C.; XAVIER, A. Arquitetura Moderna Paulistana . Ed. Pini. So Paulo. 1983.) 111. Edifcio Alpargatas (pg.126) (Revista Projeto n 26) 112. Citicorp Center Citibank (pg.126) (Revista Projeto n 78 e 97) 113. Ita Lapa (pg.127) (Revista Projeto n 70) 114. Grupo Volkswagen (pg.127) (Revista Projeto n 64) 115. Philips do Brasil (pg.128) (Revista Projeto n 62) 116. Sindicato da Indstria da construo (pg.128) (Revista Projeto n 65) 117. Banco Exterior de Espanha (pg.129) (Revista Projeto n 63) 118. Sede da ECT (pg.129) (Revista Projeto n 71) 119. Banca Commerciale (pg.130) (Revista Projeto n 78) 120. BCN Higienpolis (pg.130) (Revista Projeto n 97) 121. Centro Administrativo do Po de Acar (pg.131) (Revista Projeto n 85) 122. Terra Brasilis (pg.000) (Revista Projeto n 106) 123. Edifcio Brasilinterpart (pg.131) (Revista Projeto n 103) 124. Edifcio Oswaldo Bratke (pg.132) (Revista Projeto n 103) 125. Edifcio Uchoa Borges (pg.133) (Revista Projeto n 103) 126. Banco Mitsubishi (pg.133) (Revista Projeto n 106) 127. Centro Comercial Vergueiro (pg.134) (Revista AU n 56) 128. Sudameris (pg.134) (Revista Projeto n 78) 129. Ncleo empresarial Faria Lima (pg.135) (Revista Projeto n 95) 130. Ita Conceio (pg.135) (Revista Projeto n 110)
-
131. Centro Empresarial do Ao (pg.136) (www.bottirubin.com) 132. Condomnio So Luis (pg.136) (Revista Projeto n 123) 133. Edifcio Keiralla Sarhan (pg.137) (Revista Projeto n 132) 134. Centro Empresarial Transatlntico (pg.137) (Revista Projeto n 139) 135. Edifcio Porto Seguro (pg.138) (www.arcoweb.com.br) 136. Edifcio Atrium (pg.138) (Revista Projeto n 139) 137. Corporate Plaza (pg.139) (Revista Projeto n 148) 138. Casa das Rosas (pg.139) (Revista Projeto n 148) 139. ITAUSA (pg.140) (Revista Projeto n 150) 140. Deutsche Bank (pg.140) (Revista Projeto n 153) 141. Banespa Praa da Repblica (pg.141) (Revista Projeto n 158) 142. Crystal tower (pg.141) (Revista Projeto n 164) 143. Edifcio Alameda Santos (pg.142) (Revista Projeto n 164) 144. Delta Plaza (pg.143) (Revista Projeto n 164) 145. Philips Centro Administrativo (pg.143) (Revista Projeto n 139) 146. Aurlia Office Tower (pg.144) (Revista Projeto n 177) 147. Centro Empresarial Iudice (pg.144) (Revista Projeto n 139) 148. Centro Empresarial do Morumbi (pg.145) (Revista Projeto n 177) 149. Executive Tower (pg.145) (Revista Projeto n 181) 150. Torres do Ibirapuera (pg.146) (Revista Projeto n 174) 151. Morumbi Square (pg.146) (Revista Projeto n 173) 152. Edifcio Davilar (pg.147) (foto do autor) 153. Conselho de Contabilidade de So Paulo (pg.147) (Revista Projeto n 192) 154. Edifcio Bandeirantes (pg.148) (Revista Projeto n 186) 155. Edifcio CBS (pg.148) (Revista Projeto n 193) 156. Edifcio Atrium III (pg.149) (Revista Projeto n 201) 157. Parque Paulista (pg.149) (Revista Projeto n 193) 158. Paulista Boulevard (pg.150) (Revista Projeto n 196) 159. Plaza Centenrio (pg.151) (Revista Projeto n 193) 160. World Trade Center (pg.152) (Revista AU n 53) 161. Birmann 21 (pg.152) (Revista Projeto n 205) 162. Berrini Lavras (pg.153) (Revista Projeto n 204) 163. Bolsa de Imveis (pg.154) (Revista Projeto n 204) 164. Birmann 11 e 12 (pg.154) (Revista Projeto n 205) 165. Faria Lima Business Center (pg.155) (Revista Projeto n 209) 166. gua Branca edifcio concludo( pg.156) ( www.aflaloegasperini.com.br) 167. Edifcio Princeton (pg.156) (Revista Projeto n 223) 168. Centro Empresarial Naes Unidas (pg.157) ( www.bottirubin.com.br) 169. Sede do Sebrae (pg.158) (Revista Projeto n 235) 170. Edifcio So Luis Gonzaga (pg.158) (Revista Projeto n 244) 171. Edifcio nix (pg.159) (Revista Projeto n 204) 172. America business Park (pg.160) ( www.bottirubin.com.br) 173. International Trade Center (pg.160) (Revista Projeto n 252)
174. Office Tower Itaim (pg.161) (Revista Projeto n 252) 175. Times Square Cosmopolitan Mix (pg.161) (Revista Projeto n 252) 176. Attilio Tinelli (pg.162) (Revista Projeto n 252) 177. Edifcio Tomie Ohtake (pg.162) (Revista Projeto n 259) 178. JK Financial Center (pg.163) (Revista Projeto n 259) 179. Conselho Regional de Qumica (pg.163)(Revista Projeto n 269) 180. Central Towers Paulista (pg.164) (Revista Projeto n 271) 181. Head Office (pg.164) (Revista Projeto n 272) 182. JBG Building (pg.165) (Revista Projeto n 272) 183. Edifcio New Century (pg.165) (Revista Projeto n 279) 184. Higienpolis Classic Work (pg.166) (Revista Projeto n 279) 185. Birmann 31 (pg.166) (Revista Projeto n 283) 186. Edifcio Maria Ceclia Lara Campos (pg.167) (Revista Projeto n 283) 187. Faria Lima Financial Center (pg.167) (Revista Projeto n 283) 188. Edifcio Ronaldo Sampaio Ferreira (pg.168) (Revista Projeto n 283) 189. Torre CYK (pg.168) (Revista Projeto n 283) 190. Torre Eudora (pg.169) (Revista Projeto n 283) 191. Brascan Century Plaza (pg.170) (Revista Projeto n 285) 192. Edifcio Axis (pg.170) (Revista AU n 113) 193. Vila Nova Building (pg.171) (Revista AU n 112) 194. Duquesa de Gois (pg.171) (Revista AU n 120) 195. Edifcio Maria Santos (pg.172) (Revista Projeto n 295) 196. Millenium Office (pg.172) (Revista Projeto n 295) 197. Continental Square Faria Lima (pg.173) (Revista Projeto n 299) 198. Frum Trabalhista de So Paulo (pg.174) (Revista Projeto n 291) 199. Federao do Comrcio de So Paulo (pg.174) (Revista Projeto n 122) 200. Edifcio Mineapolis (pg.175) (Revista AU n 132) 201. Edifcios Plaza I e II (pg.175) (Revista Projeto n 306) 202. Edifcio Atrium VI (pg.176) (Revista Projeto n 299) 203. Centro Empresarial JDA (pg.177) (Revista Projeto n 309) 204. E Tower (pg.178) (Revista Projeto n 311) 205. Quadra Hungria (pg.178) (Revista Projeto n 315) 206. Edifcio Paddock 1 (pg.179) (Revista Projeto n 315) Captulo 5
Neste captulo as figuras (fotos, desenhos e diagramas) no
recebem numerao seqencial e esto identificadas ( legendas e fontes
no prprio corpo das fichas de trabalho.
-
Grficos e Tabelas 1. Nmero de edifcios publicados por dcada ( grfico) (pg.180) 2. Distribuio geogrfica dos edifcios por regies (1972/2005) ( tabela)
(pg.180) 3. Distribuio geogrfica dos edifcios por regies (1972/2005) (grfico)
(pg.181) 4. Nmero de pavimentos dos edifcios (pg.181) 5. rea construda (pg.182) 6. Grfico 6: volumetria dos edifcios ( configuraes da base e torre)
(pg.182) 7. Tipo de planta (pg.183) 8. Ocupao dos espaos (pg.183) 9. Tipo de planta e ocupao dos espaos (pg.183) 10. Tipo de planta e ocupao dos espaos (pg.183) 11. Materiais e revestimentos das fachadas (pg.184) Mapas 1. Centro (pg.199) 2. Paulista (pg.233) 3. Faria Lima (pg.259 4. Berrini (pg.275) 5. Itaim (pg.293)
-
SUMRIO
Captulo 1 Introduo 1.1 Justificativas e contexto ...............................................017
1.2 Contedo ......................................................................019
Captulo 2 Preliminares 2.1 Sobre a evoluo da torre de escritrios ......................025
2.2 O espao de trabalho nos edifcios de escritrios.........048
Captulo 3 Preldio 3.1 Aspectos da verticalizao da cidade de So Paulo ....065
3.2 Os pioneiros .................................................................070
3.3 Os edifcios de escritrios e o movimento moderno em
So Paulo: 1940 1950 ........................................................................082
3.4 Expanses: a verticalizao em So Paulo entre 1950 e
1960 .......................................................................................................093
3.5 Edifcios 1960/1972 ......................................................106
Captulo 4 Panorama 4.1 A legislao de 1972 ....................................................119
4.2 Edifcios 1972 / 1980 ....................................................119
4.3 Edifcios 1980 / 1990 ....................................................126
4.4 Edifcios 1990 / 2000 ....................................................136
4.5 Edifcios 2000/2005 ......................................................158
4.6 Grficos ........................................................................179
Captulo 5 Percursos 5.1 Sobre a organizao dos percursos .............................187
5.2 Centro ...........................................................................197
5.3 Paulista ........................................................................ 231
5.4 Faria Lima ................................................................... 257
5.5 Berrini ...........................................................................173
5.6 Itaim ............................................................................. 291
5.7 Edifcios Isolados ........................................................ 307
Captulo 6 Concluses ......................................................................................323
Bibliografia Livros............................................................................ 331
Peridicos..................................................................... 334
Outras fontes ............................................................... 334
Anexos
I Linha do tempo ............................................................ 337
II Diagrama ..................................................................... 347
III ndices ..........................................................................369
-
Captulo 1 Introduo
-
Captulo 1
16
-
Introduo
17
1.1 Justificativas e contexto:
Os museus e centros culturais so encargos exigentes e de
prestgio, os estdios esportivos e os hospitais esto reservados a
especialistas, at mesmo a construo de habitaes exige certo
potencial criativo, que em alguns casos esbarra no experimental e se
configura como tema de prestgio, objeto de estudos e reflexes e
encargos desejados pelos profissionais.
Os edifcios de escritrios, aqueles em que passamos grande
parte de nossas vidas, com freqncia recebem escassa ateno
arquitetnica e por muitas vezes os profissionais que a eles se dedicam
so citados, pejorativamente, como arquitetos do mercado. Essa
inverso de valores extremamente prejudicial e totalmente
injustificada, pois o tema do edifcio de escritrios oferece
desdobramentos to ricos quanto qualquer outro no campo da
arquitetura.
Se, infelizmente, boa parte da produo direcionada para este
mercado tem visto seus padres de qualidade diminuir progressivamente,
sobretudo em nossas metrpoles, principalmente porque justamente as
questes arquitetnicas perderam sua fora mediante fatores de carter
financeiro extremamente imediatistas.
Leon Krier dizia que o problema dos edifcios de escritrios no
era a altura das torres, mas o nmero de pavimentos, e que seria
possvel construir bons edifcios de quase qualquer altura, contando que
o nmero de pavimentos fosse exatamente o mesmo (seis). A evidente
provocao do autor chamou ateno a um aspecto constrangedor do
projeto para edifcios de escritrios: a tirania e monotonia da repetio
vertical, que combinada ainda com a adoo de p-direito mnimo entre
pavimentos-tipo para reduo de custos, diminui drasticamente a
qualidade dos edifcios e seus espaos.
Por certo, a banalidade dominante na arquitetura comercial tem
deixado o tema de fora de discusses mais srias no meio especializado,
sendo esta produo tratada como fenmeno de razes
predominantemente financeiras, resultado de foras determinantes do
mercado e, portanto, de menor interesse nos meios acadmicos.
Ainda assim, os escritrios configuraram-se como o espao de
trabalho do sculo XX, da mesma forma que as fbricas marcaram o
sculo XIX. Estas eram tambm vistas como banais por diversos autores,
com raras excees, mas recentemente encontraram posio de
destaque na histria da arquitetura.
Do ponto de vista ambiental, muitos edifcios duraram um perodo
bastante curto de tempo, consumindo energia em excesso e revelando
serem inadequados a adaptaes bem sucedidas. As regras da
construo leve, com mxima eficincia estrutural e mnimos volumes,
falharam em produzir edifcios flexveis, adaptveis e duradouros. Os
mesmos tornam-se descartveis, bem como a energia neles
desperdiada.
Apesar de a energia ser atualmente um elemento de
preocupao real, preciso levar em considerao a utilizao de
pavimentos mais profundos que requerem solues mais criativas e
servios de qualidade no comumente encontrados em muitos edifcios.
-
Captulo 1
18
No basta mais dirigir os projetos baseados apenas na penetrao da luz
natural e na otimizao da ocupao do espao por ilhas de trabalho.
Entretanto, parece haver um novo esprito no desenho de
escritrios, em resposta a idias em transformao sobre o que fazemos
quando "vamos para o trabalho". Os melhores projetos recentes, alguns
combinando paisagismo com solues de projeto mesclando interior e
exterior, criam ambientes agradveis, onde o trabalho pode adquirir
diversas formas.
Mesmo que os ocupantes entupam a rea disponvel com
estaes de trabalho buscando o mximo aproveitamento possvel, h
ainda possibilidade de melhoramento posterior, sobretudo se o projeto
arquitetnico for desenvolvido com critrios apurados e competncia
tcnica.
A histria do escritrio como um tipo de edificao
verdadeiramente fascinante e os captulos agora sendo escritos merecem
ateno pelo que se espera que sero os motivos ambientais e
experimentais corretos. Da a importncia em se debruar sobre o tema,
entender a evoluo do processo que envolve a produo destes
edifcios, suas finalidades, usurios e nveis de produtividade alcanados,
entre outros aspectos.
Neste contexto, esta pesquisa se prope a compilar material de
referncia e registrar a produo de edifcios destinados ao trabalho
burocrtico (de escritrio) na cidade de So Paulo, desde os pioneiros
edifcios implantados na cidade com esta funo, nas primeiras dcadas
do sculo XX, at os dias de hoje (2006).
O olhar sobre esta especfica produo, possibilita a discusso
de algumas questes fundamentais, que sero aprofundadas no
desenvolvimento do presente trabalho, so elas:
Quais as implicaes da legislao no desenvolvimento dos
projetos dos edifcios de escritrios na cidade de So Paulo? Em que
momentos esta interferncia se deu de maneira mais contundente?
possvel identificar uma distribuio espacial na cidade,
refletindo segmentos e momentos especficos desta produo ou, ainda,
existe a possibilidade de se encontrar num mesmo recorte territorial
diversos momentos retratados lado a lado?
Existe a predominncia de algum tipo de volumetria em
detrimento das outras, ou estas so adotadas como conseqncia do que
determina a relao lote x legislao x viabilidade?
Quais as configuraes espaciais mais freqentes neste tipo de
edifcio e de que forma interagem e influenciam no uso dos espaos
propostos?
Qual a influncia das inovaes tecnolgicas no desenvolvimento
dos projetos estudados?
Procedimentos:
O desenvolvimento do trabalho se apoiou na coleta,
sistematizao e anlise do material publicado sobre edifcios de
escritrios construdos na cidade de So Paulo, elegidos a partir de
critrios de relevncia, abrangncia e temtica. Outro critrio adotado
-
Introduo
19
para incluso dos edifcios neste levantamento foi a publicao dos
mesmos em revistas ou compndios de arquitetura editados no Brasil,
dentro do limite temporal estabelecido.
A pesquisa se deu a partir da coleta de informaes nos
peridicos especializados publicados no perodo, complementada ainda
pela consulta bibliografia existente (livros e outros trabalhos
acadmicos) e ainda, por vezes, pela visita aos edifcios. As principais
fontes de coleta de dados utilizadas foram o acervo da Revista Acrpole
(publicada de 1939 a 1977), as revistas Projeto (posteriormente Projeto
Design) e AU Arquitetura e Urbanismo, ambas editadas em So Paulo),
e ainda, um roteiro de arquitetura, o livro Arquitetura Moderna Paulistana,
de CORONA , LEMOS e XAVIER.
Os dados levantados inicialmente foram organizados em fichas
de pesquisa contendo dados de identificao (data de construo,
autores, fontes consultadas), tipolgicos e quantitativos (nmero de
pavimentos, subsolos, elevadores e escadas), desenhos e fotos
disponveis e, ainda, observaes gerais sobre o edifcio.
Este levantamento inicial objetivava sistematizar referncias
sobre o perodo de estudo especfico da pesquisa e serviu de base para o
desenvolvimento e organizao do material aqui apresentado.
O resultado final da pesquisa apresenta um panorama geral dos
edifcios de escritrios na cidade, com aproximadamente 200 obras
catalogadas. A partir do registro desta produo e da sistematizao dos
dados colhidos, o trabalho partiu para sua etapa analtica, na qual elegeu
como estudos de caso 100 edifcios.
Para a eleio das obras estudadas, foram levadas em
considerao caractersticas que conferissem ao edifcio notoriedade e
relevncia em relao produo de edifcios de escritrio na cidade no
momento especfico de sua implantao, levando em considerao sua
posio geogrfica e participao na conformao dos vetores de
expanso e verticalizao da cidade, sua importncia como exemplo da
mudana na legislao em determinado perodo e as questes
tecnolgicas envolvidas em sua concepo, entre outros aspectos.
A classificao destes edifcios tem como objetivo identificar e
relacionar as diferentes tipologias de edifcios de escritrios implantadas
na cidade, assim como identificar a diversidade de configuraes e
combinaes possveis a partir de um leque de opes de partido
arquitetnico, sistema estrutural, condicionantes de legislao,
localizao geogrfica, sistema construtivo, tipo de uso e outros fatores
subseqentes.
1.2 Contedo
Em sua introduo, o trabalho define objetivos, justificativas e
apresenta as hipteses levantadas, assim como seu encaminhamento,
trata do material estudado e dos procedimentos adotados para tanto e
discorre sobre o tratamento do material coletado, desde os critrios para
eleio dos estudos de caso at o mtodo de anlise pretendido.
O captulo 2 discorre brevemente sobre a evoluo da torre de
escritrios e caracteriza o objeto de estudo a partir da identificao de
suas origens e dos aspectos fundamentais de sua evoluo. Ainda neste
-
Captulo 1
20
captulo o trabalho aborda a configurao do espao de trabalho nos
edifcios de escritrios, discutindo aspectos da ocupao dos espaos e a
relao com a evoluo das relaes produtivas e de diviso de tarefas
ocorridas em diversos momentos histricos.
O captulo 3 apresenta e discute aspectos da verticalizao da
cidade de So Paulo. Inicialmente, trata dos aspectos da urbanizao
relacionados verticalizao da cidade e da influncia da legislao, do
desenvolvimento da infra-estrutura urbana, dos eixos de ocupao
delineados em perodos especficos do desenvolvimento da cidade e
demais fatores relevantes para a implantao de edifcios de escritrios.
A partir deste contexto, apresenta, num relato cronolgico, os edifcios
pioneiros desta trajetria, para depois se debruar sobre os edifcios
desenvolvidos sob a influncia do movimento moderno nas dcadas de
1940 e 1950, assim como aqueles construdos entre as dcadas de 1950
e 1960. Deste perodo, ainda so destacados as leis e empreendimentos
que influenciariam o processo de verticalizao da cidade. Neste contexto
destacam-se a conformao do eixo da Avenida Paulista e a construo
dos grandes conjuntos realizados sob forte influncia dos princpios
corbusianos e do International Style.
O captulo 4 discute a produo do perodo iniciado a partir de
1972, com a substituio do antigo Cdigo de Obras Arthur Saboya pela
Lei de Zoneamento. O captulo se organiza a partir de um relato
cronolgico, no qual so tecidos comentrios sobre os edifcios
relevantes implantados no perodo. Finalizando este captulo os dados
so organizados em uma srie de grficos e tabelas que sistematizam as
informaes coletadas, como nmero de edifcios publicados por dcada;
distribuio geogrfica dos edifcios por regies, nmero de pavimentos
dos edifcios; rea construda dos empreendimentos, classificao da
volumetria e configuraes da base e torre dos edifcios; tipo de planta e
ocupao dos espaos; materiais mais utilizados nas construes.
A partir do relato elaborado nos captulos 2, 3 e 4 e dos dados
colhidos neste panorama, o trabalho parte para os estudos de caso,
desenvolvidos no captulo 5, que trata da identificao e classificao das
solues adotadas nos edifcios, em seus aspectos espaciais, funcionais,
formais e tecnolgicos, entre outros, e discute a evoluo da tipologia do
edifcio de escritrios na cidade a partir da organizao de percursos que
agrupam geograficamente as experincias mais relevantes. Elege, para
tanto, 100 edifcios, apresentados em fichas resumo e divididos em 5
percursos: Centro, Paulista, Faria Lima, Berrini e Itaim. Acrescenta ainda
a esta leitura 11 exemplos isolados, considerados significativos por
apresentarem uma diversidade de configuraes espaciais e solues
tecnolgicas que, mesmo no fazendo parte de um percurso adensado,
expem a heterogeneidade da ocupao espacial a partir do uso do solo
na cidade. Aborda, desta maneira, a distribuio espacial dos diferentes
momentos de verticalizao na cidade.
O rebatimento dos dados obtidos na pesquisa global e a
distribuio dos edifcios na malha urbana indicaram as manchas que
configuraram os percursos que tm como objetivo facilitar a leitura da
evoluo da tipologia a partir de uma srie de passeios pela cidade e
permitem ao leitor / observador uma viso crtica das diferenas
existentes em cada conjunto de edifcios. A possibilidade de visualizao
dos percursos nos mapas e as informaes contidas nas fichas compem
-
Introduo
21
um sistema de informao que permite o trato comparativo em diversos
aspectos.
Em suas concluses (captulo 6) o trabalho busca a resposta s
argumentaes iniciais. Discute a influncia decisiva da legislao sobre
a configurao dos edifcios e sua viabilidade, assim como o rebatimento
na localizao dos edifcios na cidade e no delineamento de vetores de
expanso. Ainda sobre a localizao dos empreendimentos estabelece
relaes entre a oferta de novos espaos e o rebatimento na alterao
das infra-estruturas urbanas. Discute ainda o uso e influncia dos
componentes tecnolgicos no projeto dos edifcios, identificando
materiais e processos construtivos mais freqentes, assim como discute
o porqu de determinadas opes serem mais freqentes que outras,
refletindo sobre herana projetual e tradio construtiva.
Finalmente, discute a evoluo dos espaos criados identificando
a crescente opo por edifcios flexveis e a busca pelo aproveitamento
mximo de rea til dos empreendimentos. Ainda neste escopo identifica
a crescente valorizao dos conceitos de edifcios eficientes e
inteligentes e que, de certa maneira, vem trazendo para o mercado
profissional, cada vez mais, a participao de profissionais estrangeiros,
que, em parceria com escritrios nacionais, trabalham na incorporao de
conceitos globalizados para os edifcios.
Complementando o contedo o trabalho so apresentados 3
anexos. O anexo I apresenta um resumo visual da evoluo dos edifcios
de escritrios elaborado a partir dos dados coletados, no qual aborda a
questo a partir de edifcios emblemticos organizados cronologicamente
dentro do perodo elegido e, faz um contraponto entre a experincia
internacional e os principais edifcios construdos na cidade de So Paulo
dados organizados na forma de uma "Linha do Tempo". O anexo II
apresenta um diagrama comparativo da volumetria dos edifcios
estudados, tambm organizados cronologicamente. O anexo III apresenta
ndices organizados por data, autor e edifcio, para facilitar a consulta
isolada aos diversos edifcios apresentados no trabalho.
-
Captulo 2 Preliminares
-
Captulo 2
24
-
Preliminares
25
2.1 Sobre a evoluo da torre de escritrios
Um dos primeiros registros escritos relacionados arquitetura
dos edifcios de escritrios aparece em uma correspondncia de Giorgo
Vasari, na qual ele descreve a encomenda feita pelos Medici de Florena
para a Galleria degli Uffizi, um edifcio destinado a treze magistrados civis
de sua cidade. (FUJYOKA, 1996)
Galleria degli Uffizi - Florena (1565) ( fig.01)
Sua posterior transformao em museu no surpreende, pois o
edifcio estava projetado para receber generosas ventilao e iluminao
naturais, para atender s necessidades dos amplos sales de escritrios.
O novo conjunto arquitetnico gerava tambm um contexto urbano de
grande impacto ao criar uma nova via definida pelas elevaes dos dois
edifcios, proporcionando um respiro fsico e visual entre a Piazza Della
Signoria e a margem do rio.
Se o edifcio de escritrio para a administrao comercial surgiu
como consequncia da revoluo mercantilista, a torre verticalizada de
escritrios pode ser considerada um produto da necessidade de
centralizao administrativa da produo e gerenciamento de servios
criados pela Revoluo Industrial e pelo advento do capitalismo moderno.
A escola de Chicago:
Os primeiros prdios comerciais de escritrios e sedes
administrativas surgiram nos pases europeus, pioneiros da
industrializao, mas a torre vertical de escritrios s apareceria de fato
nos Estados Unidos, aps a Guerra de Secesso. O cenrio de sua
concepo Chicago, durante o boom de expanso da cidade para o
Oeste, seguindo o caminho aberto pelas estradas de ferro, que forjaram
uma ligao continental permanente entre a costa do Atlntico e a do
Pacfico. O stio era ideal para que a cidade se convertesse em centro de
trfego rural, lacustre e, mais tarde, ferrovirio e, portanto, ideal para o
desenvolvimento dos edifcios dedicados ao trabalho burocrtico.
A cidade, por volta de 1870, j contava com 300.000 habitantes e
exercia importante papel como terminal de comrcio internacional,
sobretudo devido presena de uma eficiente rede ferroviria que fazia
chegar cidade toda a colheita de cereais do Meio-Oeste, que ali se
armazenavam em silos beira do Lago Michigan e dali eram
transportados pelo Rio So Loureno, pelo qual alcanavam o Atlntico e
as cidades da Costa Leste dos EUA, Inglaterra e a Europa Continental. A
pradaria convidava ao arruamento em retcula quadriculada, que poderia
ser ampliada indefinidamente. O Grande Incndio de 1871 destruiu todo o
bairro comercial, preservando apenas os poucos prdios construdos com
-
Captulo 2
26
paredes externas de alvenaria, com os pilares e vigas de ferro fundido
revestidos de concreto e gesso, marcando um caminho lgico a ser
seguido no futuro.
Com o First Leiter Building (1879), de William LeBaron Jenney
(1832-1957), inicia-se um perodo de prolfica inovao arquitetnica,
conhecida como Escola de Chicago. Uma parcela das cargas das
paredes externas descarregada nos elementos de ferro fundido, quase
maneira de um esqueleto estrutural. As janelas e os fechamentos em
alvenaria tm o mesmo desenho a cada piso, indicando a natureza
repetitiva da arquitetura do pavimento-tipo e do sistema estrutural
independente, em oposio ao sistema tradicional de paredes portantes,
no qual as paredes tornam-se mais espessas perto do solo.
First Leiter Building (1879), de William LeBaron Jenney ( fig.02)
A introduo sistemtica do elevador, igualando os preos do
metro quadrado dos andares-tipo dos edifcios comerciais, anulou de uma
vez os valores econmicos consolidados. Criou-se, assim, novas e
excepcionais formas de renda.
A Escola de Chicago constitui uma vertente arquitetnica
essencial para a compreenso da arquitetura vertical do sculo XX, e em
particular, para o estudo da primeira fase de verticalizao de So Paulo.
Colin Rowe destaca uma citao de Louis H. Sullivan na qual fica claro
que a revoluo estrutural deflagrada pelo Chicago Frame foi concebida
sem maiores suportes tericos, ao contrrio, por exemplo, de
experimentos como a Maison du Peuple, em Bruxelas, de Victor Horta
(1897).
Maison du Peuple Bruxelas ( fig.03)
"A atividade de Chicago em erigir edifcios altos (de alvenaria macia)
finalmente atraiu a ateno dos gerentes de venda local dos moinhos do Leste.
Foram estes gerentes que conceberam a idia do esqueleto estrutural portante,
que sustentaria toda a carga do edifcio, a partir de suas experincias na
construo de silos e galpes. A evoluo do steel frame era apenas uma
questo de viso em salesmanship, baseado em engenharia imaginativa e
-
Preliminares
27
tcnica. Desta maneira, a idia do steel frame foi apresentada aos arquitetos de
Chicago, tendo em vista a necessidade de amplos espaos iluminados e
ventilados e o custo do terreno". (ROWE)
Os arquitetos de Chicago aceitaram estas exigncias impostas
pelo especulador sem alternativas tendo em vista a concorrncia, o
aspecto competitivo entre os escritrios de projeto e a necessidade de
manter uma reputao de arquiteto "pragmtico". Os profissionais em
atividade na cidade tinham conscincia de que o arquiteto de Chicago
que sacrificasse a rea til de um piso em funo de exigncias
assumidas de arquitetura, como ocorria em Nova York, dificilmente
obteria outra encomenda de edifcio comercial. Os clientes no estavam
preparados para fazer qualquer tipo de sacrifcio por um conceito
espacial. No requeriam o tipo flagrante de simbolismo arquitetnico que
os arranha-cus de Nova York comeavam a manifestar, como
expresso das linguagens das Beaux-Arts.
O esqueleto de metal ou de concreto viria a se tomar a imagem
definitiva da arquitetura moderna. A natureza neutra de uma grelha
tridimensional estabelece relaes, define uma disciplina, gera forma e
abre todo um leque de novas possibilidades de arranjos espaciais. A
estrutura torna-se catalisadora da arquitetura e torna-se tambm
arquitetura e o espao construdo contemporneo quase inconcebvel
na ausncia da estrutura independente.
Os resultados construdos da Escola de Chicago ainda hoje so
insuperveis pela economia e elegncia. Sem dvida, o processo de
design visava a atender necessidades funcionais, com espaos racionais
e a construo industrializada. Mas, ao contrrio dos racional-
funcionalistas e outros grupos do sculo XX, os edifcios contm pouca
retrica ideolgica, mesmo no caso dos edifcios de Sullivan, em que
realmente existe uma tentativa de se criar algo novo.
Guaranty Building, Buffalo, NY. Projeto de Louis Sullivan ( fig.04)
Os edifcios da Escola de Chicago surpreendem o observador
pela economia de elementos e consistncia de temas. Apresentam uma
superfcie trabalhada, exibindo uma estrutura racionalmente integrada e
bem-proporcionada. A estrutura no consistia necessariamente em um
veculo para expresso espacial tal como a entendemos hoje (como
arquitetura de Oscar Niemeyer ou do International Style). No entanto,
eles tambm estavam abertos s inovaes tecnolgicas de uma poca
revolucionria.
-
Captulo 2
28
O Rookery Building, projeto de Burham and Root (1885/86), pode
ser considerado um dos primeiros edifcios a alojar um misto de lojas e
escritrios, ao redor de uma praa interna semi-coberta. O edifcio se
caracteriza como um palimpsesto de tcnicas construtivas no qual
elementos de pocas distintas podem ser lidos, incluindo inovaes
tcnicas, como o skeleton framing, elevadores, revestimento prova de
fogo, combinados ao uso tradicional de paredes portantes de pedra e
alvenaria de tijolo aparente. Suas paredes externas so portantes, mas
um esqueleto estrutural foi utilizado no trio central, aberto para permitir
aberturas nas paredes internas dos pavimentos-tipo para iluminao e
ventilao naturais. A estrutura metlica consistia em colunas de ferro
fundido, com vigas arqueadas, vazadas, de ferro batido e alumnio. Vigas
de ao foram usadas para sustentao de pisos e paredes divisrias
internas.
Rookery Building ( fig.05)
O Reliance Building, tambm de Burham and Root (1895),
considerado por Benvolo como o mais belo arranha-cu da Escola de
Chicago, pelas inovaes tcnicas e pelo desenho das fachadas,
destacando o efeito multiplicador de vidraas contnuas e faixas
horizontais decoradas, no havendo tentativa de forar uma gradao de
perspectiva no sentido vertical, com larga proporo de superfcies
envidraadas em relao aos cheios, quase caracterizando um curtain-
wall. Os panos de vidro e as bay windows tornaram-se uma necessidade
bsica de projeto, para captar o mximo de luz das estreitas ruas de
Chicago.
Reliance Building ( fig.06)
O elevado nvel de tecnologia e industrializao dos EUA j
permitia a aplicao de alguns processos industriais e um mnimo de
-
Preliminares
29
racionalizao da produo no canteiro de obras, configurando o
progresso que faria do pas o mais avanado e inovador no setor da
indstria da construo civil. As novas tcnicas proporcionavam maior
rapidez e preciso de execuo, implicando prazos menores e reduo
do custo total da obra.
Em seu ensaio The Tall Building Artistically Considered (1986),
Louis H. Sullivan criticou o maneirismo classicista com que muitos
arquitetos, especialmente em Nova York, abordavam o problema da
arquitetura dos arranha-cus. Sullivan defendia a adoo de uma
linguagem arquitetnica prpria para um momento novo da arquitetura e
da tcnica. O arranha-cu americano representava a aplicao de uma
nova era industrial e democrtica arquitetura e, portanto, necessitava
de uma linguagem prpria ao invs de adaptar estilos especficos
construo em pedra ou alvenaria, como era o caso das torres nos estilos
dos revivals (gtico e clssico) que proliferavam em Nova York.
Os edifcios de escritrios de Sullivan no se destacam por uma
expresso sofisticada da planta, j que o programa requeria apenas um
mnimo de planejamento dos espaos internos, com ateno particular
quanto a iluminao e ventilao naturais de ambientes, circulao, WC,
elevadores e escadas de emergncia. Neste contexto, a estrutura
metlica realmente se apresentaria como soluo estrutural ideal para um
programa bsico simples. O processo de projeto era racionalizado, com
mximo aproveitamento de rea til de escritrio por janela, circulao e
expresso arquitetnica das fachadas. Rowe tambm atribui s poucas
oportunidades de projeto o fato dos arquitetos de Chicago no
desenvolverem todas as possibilidades espaciais oferecidas pela
estrutura independente, que seriam exploradas pela avant-garde do
Movimento Moderno.
A primeira grande torre de escritrios de Louis Sullivan/ Adler and
Sullivan Architects, o Wainwright Building (1890/91), no foi construda
em Chicago, mas em St. Louis, Missouri. Um edifcio composto de trreo,
sobreloja, 7 andares-tipo, cobertura e 4 elevadores. Frank Lloyd Wright,
projetista-chefe do escritrio entre 1887/93, descreve a manh em que
Sullivan adentrou a sala de desenho, com a soluo desenhada, como o
momento em que surgiu o verdadeiro skyscraper. Sullivan procurava
deixar explcito na fachada o carter vertical e independente do esqueleto
de ao, no suavizando a verticalidade por meio de faixas horizontais
reminiscentes de uma estrutura tradicional "empilhada", criando um efeito
espetacular de perspectiva.
Wainwright Building ( fig.07)
-
Captulo 2
30
Manhattan:
A conformao do arranha-cu nova-iorquino do sculo XIX foi
resultado da grelha ortogonal de ruas e avenidas definido pelo primeiro
plano urbanstico de Manhattan (consolidado entre 1773 e 1811), que
dividiu a parte habitada da ilha em retngulos delimitados, no sentido do
comprimento por avenidas, que cruzavam do sul para o norte, e no
sentido da largura, por ruas, em quadras que se subdividiram em lotes de
8x30m. O primeiro edifcio com elevadores, em Manhattan, foi o Equitable
Life Insurance, projeto de George H. Post, concludo entre 1868 e 1870.
Equitable Life Insurance, George H. Post, 1868/70. (fig.08)
O exemplar mais antigo de arranha-cu de Nova York, ainda de
p, o Flatiron Building (1902), projeto de Daniel H. Burham,
originalmente denominado The Fuller Building, ganhou este nome devido
volumetria conformada pelos ngulos das ruas que criam uma
perspectiva dramtica, lembrando um ferro de passar. O edifcio com
estrutura de ao, como a maioria dos prdios pblicos aps a Exposio
Mundial de Chicago 1893, apresenta fachadas com um tratamento em
estilo Renascena Florentina, bem resolvido nas escalas do pedestre e
da paisagem urbana e foi revestido de calcrio detalhado maneira de
um palazzo florentino, com as pilastras ornamentadas com basties
(baixo-relevos com representaes de animais) e uma cornija saliente de
coroamento.
Flatiron Building (fig.09)
Entre os projetos mais interessantes desta primeira fase de
verticalizao da cidade, est o Singer Building and Tower (projeto de
Ernest Flagg, 1908) com 180m de altura, 47 andares.
-
Preliminares
31
Singer Building and Tower ( fig.10)
Art Dco
Em 1922, Chicago foi palco de um polmico concurso
internacional de arquitetura para a sede do Chicago Tribune Tower.
Gropius e Adolf Meyer concorrem com um belo edifcio de estrutura de
ao, no qual a volumetria proposta procura quebrar a monotonia da
grelha com balces e terraos, criando efeitos de luz, sombra e textura,
organizado por uma planta rigorosamente dimensionada e funcional. O
desenho desta proposta influenciaria toda a arquitetura de arranha-cus
aps a Segunda Guerra Mundial at os anos 80.
As diversas propostas apresentadas serviram de combustvel
para o debate sobre o futuro da arquitetura vertical nos anos seguintes.
Porm, as idias da vanguarda europia no sensibilizam o pblico ou
mesmo o jri, que declara vencedor o projeto de uma torre neogtica do
escritrio nova-iorquino Hood and Howells, e em segundo lugar premia a
proposta escalonada e romntica do finlands Eliel Saarinen, que
tambm obteve bastante divulgao.
O debate sobre o concurso Chicago Tribune levou mais tarde ao
consenso de que o edifcio de escritrios moderno seria um dos
elementos-base da cidade proposta pelo Movimento Moderno.
Chicago Tribune Tower: projeto apresentado por Gropius no concurso e o projeto
vencedor de Hood and Howells ( fig.11)
Raymond M. Hood (1881-1934) foi um dos maiores arquitetos de
arranha-cus do perodo entre guerras, junto com o escritrio Holabird
-
Captulo 2
32
and Root de Chicago. Ambos passariam do perodo do Classic and
Gothic Revival para o Art-Dco, nos anos 20/30.
Apesar da leve inspirao gtica, os arquitetos perceberam que o
design heterodoxo liberava o arranha-cu da estrita obedincia aos
estilos/ histricos e sugeria uma alternativa de volumes mais limpos e
simples, com ornamentao mais sutil e discreta, antevendo as
possibilidades plsticas estudadas pelo Art-Dco .
Eva Weber, em seu levantamento Art-Dco in Amrica (Exeter
Books, Nova York, 1983), considera que a forma dos arranha-cus do
Art-Dco e outros estilos nos anos 20/30 foi determinada por dois valores:
a proposta de Eliel Saarinen para o Chicago Tribune e o cdigo de
zoneamento da cidade de Nova York de 1916, que ordenava o
escalonamento dos andares superiores conforme a largura da rua.
Nova York foi a primeira cidade dos EUA a adotar uma legislao
de zoneamento, que permaneceria em vigor at os anos 60, e
influenciaria regulamentos similares em vrias outras cidades, da a
importncia em mencionarmos aqui alguns de seus condicionantes.
Conforme Muhlstein, estas regras definiam que:
- A cidade seria dividida em zonas ou distritos de uso comercial,
industrial ou residencial.
- A classificao determinaria o tipo de atividade ou edifcio autorizado
no setor;
- A altura do prdio obedeceria a um conjunto de prescries. Portanto,
em certos bairros, a altura do prdio no poderia ultrapassar a largura
da rua defronte ao lote. Em outros bairros, seria permitido construir
duas vezes e meia esta dimenso. Em alguns casos, uma vez
atingida esta altura, o arquiteto deveria criar recuos para no privar
de luz as construes vizinhas. Em outra regra especfica, se o
edifcio, graas a estes recuos ocupasse apenas um quarto da
projeo de sua rea construda no solo, poderia crescer sem mais
nenhuma limitao. Como regra geral o volume em metros cbicos
de um prdio no poderia ultrapassar em doze vezes sua superfcie
em metros quadrados.
O Art-Dco tambm foi influenciado pelos conceitos de
arquitetura e ornamentao de Louis Sullivan e pelos desenhos do
arquiteto Hugh Ferriss, cujas perpectivas visionrias com tratamento
grfico abstrato e romntico de edifcios, ajudavam a vender projetos
para clientes e influenciavam a aceitao de conceitos arquitetnicos de
vanguarda, popularizando-os atravs de jornais e revistas. Exerceu papel
importante sobretudo na primeira fase de verticalizao de So Paulo, e
portanto, vale discutir aqui, brevemente, alguns de seus aspectos.
Segundo Weber (2003), genericamente, pode ser dividido em trs
vertentes principais:
- Zigzag Moderne: Procura abstrair e recombinar motivos decorativos
do imaginrio da era industrial e da arte primitiva egpcia, oriental e
pr-colombiana, interpretadas por arquitetos treinados pela cole des
Beaux Arts. Influncias da Exposition des Arts Dcoratifs (Paris,
1925), da Wiener Werkstatte, e da arquitetura e dos cenrios
cinematogrficos do expressionismo alemo.
-
Preliminares
33
- Classical Moderne: Combina formas classicistas simplificadas com
uma ornamentao interna e externa mais abstrata. Foi influenciada
por JosefHoffinann, Peter Behrens e Sir Edwin Lutyens.
- Streamlined Moderne: Caracteriza-se pela inspirao mecanicista-
expressionista, com nfase nas curvas, coberturas planas, tijolos de
vidro, caixilharias de motivos nuticos, superfcies lisas e estriadas,
cores fortes. Recebe influncia de Antonio Sant'Elia e dos
expressionistas alemes.
Os edifcios destacam-se pelo cuidado com que eram projetados
os espaos de convvio coletivo, como os halls de circulao, lobbys de
elevadores e corredores. Tanto as fachadas quanto os lobbys recebiam
uma ornamentao altamente elaborada e todo este conjunto procurava
exaltar com otimismo a imagem do homem, seu lugar no universo e sua
confiana no controle da mquina e eram executados lanando mo de
uma grande variedade de revestimentos. Novos materiais foram
utilizados, como vitrolite (painis de esmalte recozido), vidro preto,
alumnio, plsticos e iluminao de neon. Afrescos monumentais,
freqentemente combinados com baixo-relevos e esculturas, cobriam
paredes de dois ou mais ps direitos de altura, com a ornamentao
fazendo parte de um sistema coordenado de design de interiores.
Em Nova York, os trs principais arquitetos do Art-Dco e das
especulaes de vanguarda foram Raymond T. Hood, Ely Jacgues Kahn
e William Van Allen, todos com passagem pela cole des Beaux Arts.
Mas o primeiro arranha-cu em Art-Dco Zigzag Moderne foi o Chanin
Building (1927/29), projeto do escritrio Sloan e Robertson, com 204m de
altura e 56 andares, e considerado por muitos autores como o melhor
exemplar do Art-Dco da cidade.
Chanin Building ( fig.12)
William Van Allen projetou o Chrysler Building (1930), com
319,43m de altura, que foi por alguns meses o mais alto edifcio ento
construdo. O projeto se caracteriza pelo jogo de volumes escalonados,
que correm em uma sucesso de planos verticais at se unirem em uma
seqncia de arcos escalonados, que arrematam a volumetria, em um
coroamento em forma de pinculo. O tratamento decorativo das paredes
de alvenaria varia em cada escalonamento, incluindo grgulas em forma
de tampa de radiador, abstraes com motivos automobilsticos e
padronagens em xadrez, tpicos do Zigzag Moderne. O lobby recebeu
-
Captulo 2
34
tratamento grfico e plstico de ao cromado e mrmore e os arcos de
arremate receberam um revestimento pioneiro de lminas de ao
inoxidvel e janelas triangulares, iluminadas noite por uma coroa
fluorescente.
Concludo poucos meses aps o Chrysler, o Empire State, projeto
do escritrio Shreve, Lamb and Harmon (1931), representou o ltimo
grande momento do Art-Dco em Zigzag Moderne. Planejado durante o
crescimento econmico dos anos 20, foi por muito tempo o mais alto
edifcio construdo, com 381m de altura, 102 andares e 67 elevadores.
O Chrysler e o Empire State ( fig.13)
Raymond T. Hood foi autor, com vrios associados, do projeto de
vrias torres de escritrios do perodo Gothic Revival e Art-Dco em Nova
York, como o American Radiator Building (1924), e o McGraw-Hill
Building (1931) e ainda participou do projeto do Rockfeller Center, que
para muitos constitui um divisor de guas da arquitetura dos edifcios de
escritrios do sculo XX, fruto de uma iniciativa pessoal do magnata do
petrleo John Rockfeller.
Os 21 prdios que compe o conjunto esto organizados em
torno de duas ruas particulares. A primeira, leste-oeste, uma via para
pedestres com canteiro central, terminando no rinque de patinao, no
centro do conjunto; a segunda, norte-sul, paralela s avenidas, interliga
os prdios contguos ao centro. No nvel inferior o conjunto interligado
por galerias subterrneas providas de lojas, bancos, agncias de viagem.
Rockfeller Center ( fig. 14)
-
Preliminares
35
Os empreendedores envolvidos em sua construo acreditavam
que a ornamentao artstica do edifcio deveria servir para atrair o
pblico e ainda fornecer boa publicidade para a empreitada, da parte a
iniciativa de integrar esculturas de Paul Manship e Hildreth Meiere e
afrescos de Jos Maria Sert e Frank Brangwyn. Desde a Segunda Guerra
Mundial, tomou-se o local preferido para exposies e eventos pblicos,
em uma bem-sucedida campanha de relaes pblicas, que o mantm
constantemente em evidncia. Enquanto torre de escritrios, o Rockfeller
Center sempre se esforou para acompanhar os progressos tcnicos,
para impedir qualquer incio de deteriorao, como a adaptao ao uso
de sistema de ar-condicionado e adaptaes nos sistemas de iluminao
das salas.
Muhlstein afirma que o tamanho, apesar de tudo, nunca foi um
elemento de sucesso determinante na cidade de Nova York e coloca que
mesmo no caso do imponente Empire State, se o transeunte no olhasse
para cima, no chegaria a tomar conhecimento de sua presena. Coloca
ainda que a presena do edifcio em nada contribui para impedir a
deteriorao da Fifth Avenue, alm de congestionar o trnsito da rea.
J o Rockfeller Center deve seu xito s qualidades humanas
das vias de circulao, atrao do rinque de patinao e do caf ao ar
livre, escala da rua particular, comodidade de suas lojas, elementos
que favorecem a circulao no de veculos, mas de homens.
Com seu programa de espaos coletivos no nvel do solo o
Rockfeller Center est mais prximo das concepes racional-
funcionalistas da vanguarda europia do que do Art-Dco. At certo
ponto, talvez tenha sido o primeiro grande conjunto da arquitetura
moderna em Nova York.
Este perodo que antecedeu a Segunda Guerra Mundial assistiu
tambm popularizao do tema do arranha-cu no imaginrio popular
norte-americano como smbolo otimista de progresso tecnolgico e
social, mesmo diante da Depresso de 1929 e a prolongada crise
econmica subseqente. Esta popularizao repercutiria em vrios
pases, inclusive o Brasil, atravs do cinema.
J em 1927, o futuro das cidades verticalizadas poderia ser
vislumbrado atravs dos impressionantes cenrios do filme de Fritz Lang,
Metropolis. O arranha-cu e a prpria cidade norte-americana
verticalizada serviriam de cenrio para numerosos filmes dos anos 30/40.
Cena do filme the Fountainhead (Vontade Indmita 1949) (fig.15)
-
Captulo 2
36
O arranha-cu no movimento moderno
O edifcio-torre, tal como proposto por Mies van der Rohe, era
considerado na Europa dos anos 20/30 muito mais como um cone do
que um objeto de uso - um smbolo de uma Amrica otimista que antevia
o seu desenvolvimento futuro; enquanto que para os europeus era um
smbolo de uma sociedade "ideal" apoiada nos benefcios da tcnica.
Enquanto isso, nos EUA, o skyscraper tornava-se um fato das cidades,
em funo de sua realidade econmica e industrial.
Os arranha-cus da avant-garde europia por muito tempo
existiram apenas no papel em funo das dificuldades econmicas do
perodo ps-Primeira Guerra Mundial.
Le Corbusier apresenta em 1922, sua Ville Contemporaine, plano
de cidade para 3 milhes de habitantes, com um ncleo de 24 arranha-
cus de escritrios. Os edifcios de planta cruciforme, utilizada para
permitir um mximo de insolao e ventilao naturais ao ambiente de
trabalho, com ncleo central de circulao e servios, seriam repetidos no
Plano Voisin, para Paris (1922/1930).
Rowe observa que os arranha-cus da Ville Radieuse,
apresentada por Corbusier em L'Urbanisme des Trois Etablissements
Humains , no so resultado de nenhum clculo programtico, mas de
uma mente preocupada com a ordem ideal das coisas. Para a avant-
garde europia o arranha-cu era visto como uma funo abstrata de
uma estrutura, um instrumento da ideologia modernista de salvao
social pela renovao da cidade em crise. Desta maneira, a estrutura
independente passou, de uma resposta para um problema especfico -
escritrios e sedes administrativas - para a soluo de um problema
universal: a prpria arquitetura da cidade industrial.
Desenho da Ville Radieuse (fig.16)
O International Style desenvolveria uma equao entre as
demandas do espao e as da estrutura. No Loop de Chicago o mundo
era aceito tal como era e isto significou o fim da evoluo da Escola, pois
no se propunha nenhuma cidade do futuro, mas a resoluo imediata
das necessidades de uma poca. Assim, o arranha-cu que proliferaria
aps a Segunda Guerra Mundial conceitualmente diferente da tipologia
definida pela Escola de Chicago, pois est inserido nas propostas dos
congressos CIAM 1928/1933 e da Carta de Atenas (1941).
Dentro da viso do CIAM, o arranha-cu faria parte de uma nova
ordem urbana, onde no mais existiria um limite claro entre o pblico e o
privado, semi-pblico ou semi-privado.
O conceito de elevao frontal ou de fundos passa tambm a no
existir, na medida em que a quadra europia fechada tradicional se
-
Preliminares
37
fragmenta, tornando-se um agregado ordenado de volumes
independentes, dispostos ao longo de ruas, espalhados em uma ampla
rea livre e de espaos ajardinados, com caminhos de pedestres e
centros comerciais, teatros e cinemas entre os prdios.
O rompimento com a tradio possibilitou uma sucesso de
experimentalismos formais. O "experimentalismo" do Movimento Moderno
visava libertao da arquitetura do dogma acadmico, mas nunca se
chegou a definir o projeto racionalista como sendo nada alm de cincia
e tcnica. Isto apesar de Hannes Meyer ter definido a arquitetura como
funo x economia, reduzindo-a a um sistema que exclui todos os
valores, a priori, restringindo-se a necessidades de programa que
pudessem ser testados de forma cientfica ou emprica. O
experimentalismo definia que o impulso principal deveria ser uma
abertura para a realidade tcnica e social, com nfase na relao entre
forma e funo e, neste contexto, a arquitetura vertical, em funo de sua
relao dinmica de escala com a paisagem urbana, constitua um objeto
ideal para estas experincias.
No final do sculo XIX, alm do evidente esgotamento dos
estilos, a civilizao industrial comeava a impor a idia de espaos
especializados, o que levaria reformulao do conceito de tipologia
arquitetnica, de equipamento urbano, de prottipo, assim como das
atividades especficas a serem previstas no edifcio.
As transformaes tcnicas e polticas desta movimentada poca
j tinham levado a movimentos to distintos quanto o Ecletismo, o Art-
Nouveau, o Classical and Gothic Revival.
A introduo da estrutura de ao nas torres comerciais de
Chicago, nos 1880s, pode ser considerada a primeira aplicao, em
escala urbana, da pesquisa cientfica emprica do uso de novos materiais.
A importncia desta pesquisa j fora comprovada na obra do Crystal
Palace, de Joseph Paxton (1851) onde, pela primeira vez foi executada
em grande escala um conceito industrial de design, com peas pr-
moldadas em srie, e construo racionalizada. No Chicago Frame, por
sua vez, os elementos construtivos so determinados mais pelas
necessidades de produo do que pela lgica construtiva, com a adoo
um sistema padronizado que minimizava as diferenas, como no caso
das juntas, pontos de conexo, elementos de apoio e sustentao.
As diversas tendncias da avant-garde da transio do sculo j
no aceitavam a interpretao histrica positivista de Viollet-le-Duc,
defendendo um rompimento radical com a Histria, diante da
necessidade de reformular a cidade tradicional, superpopulosa e
sufocada pela industrializao. Nesta nova viso funcionalista, uma
necessidade interna substitui a analogia, como geradora de formas
expressivas, atravs do programa ou do sistema estrutural. Esta
necessidade interna seria uma interpretao "idealista" (abordagem
espiritual voltada para uma causalidade material) ou "cientfica" (causas
eficientes e investigaes empricas).
O edifcio de escritrios, aps a Segunda Guerra, adquiriu como
funo-tipo uma importncia muito maior do que a prevista pelos
vanguardistas. As torres corporativas foram as primeiras a incorporar a
tecnologia desenvolvida durante a guerra e permaneceram, desde ento,
como a vanguarda das solues estruturais na construo civil.
-
Captulo 2
38
A Amrica j dispunha da mais avanada indstria da construo
e racionalizao de canteiro e foi natural que tomasse a dianteira.
Mas as torres comerciais acabaram no assumindo a forma
uniforme, tal como a teoria funcionalista a teria imaginado em suas
propostas, com seus centros de negcios racionalmente segregados. A
uniformidade da cidade racionalista, presente nas vises de Mart Stam,
J.J.P. Oud ou Ludwig Hilberseimer, acabou por no se concretizar, pela
natureza descontnua do empreendimento capitalista, pela variedade de
formas, solues tcnicas, programas e mesmo linguagem.
Frank Lloyd Wright, em Modern Architecture (Princeton University
Press, 1931) afirma, em tom jocoso, que Michelangelo inventou o
primeiro arranha-cu ao jogar o Panteo por cima do Partenon, e o Papa
denominou a obra de So Pedro. o ponto de partida para sua critica
arquitetura norte-americana do Classical e Gothic Revivals, lamentando o
esquecimento no qual caram os inovadores da Escola de Chicago.
Wright construiu poucos edifcios comerciais, em sua prolfica carreira,
com destaque para dois deles: o Larkin Building, em Buffalo, N.Y. (1904)
e o Johnson Wax Company, em Racine, Wisconsin (1936).
Este ltimo, por caracterizar um prdio horizontal com escritrios
e laboratrios, escapa do mbito do estudo das torres de escritrios; mas
o Larkin causa interesse por constituir uma inovao espacial e tcnica,
inclusive rompendo com vrios preceitos da Escola de Chicago.
Larkin Building (1904) e Johnson Wax Company (1936) ( fig.17)
Em Wright, assim como em Le Corbusier, a planta antes de
tudo, geradora de forma. Mas o Larkin, com seus espaos dispostos
como os de uma catedral ou de uma igreja romnica, no explora as
possibilidades da estrutura de ao at as ltimas conseqncias. O
aspecto macio dos volumes do Larkin tem uma finalidade: proteo
contra a elevada poluio sonora e atmosfrica do distrito industrial de
Buffalo. As quatro torres perifricas nos cantos do edifcio, abrigam tubos
pneumticos de comunicao, maquinrio de ar-condicionado e
-
Preliminares
39
aquecimento, bem como as escadas de circulao e fuga; liberando o
andar-tipo para escritrios e reforando a segurana contra incndios.
Uma caracterstica importante no projeto o papel desempenhado pelo
trio central como elemento de ventilao e iluminao natural, um trio
fechado na cobertura por uma iluminao zenital, ao contrrio daquele
visto no The Rookery em Chicago, aberto em relao aos pavimentos-
tipo, cobrindo apenas o pavimento superior do embasamento.
Entre os precursores da torre comercial racionalista, est a
Columbushaus, na Potsdamerplatz, Berlim (1932).
Columbushaus ( fig.18)
Trata-se de um edifcio comercial, com trreo para lojas,
sobreloja e primeiro andar para restaurante, 7 andares-tipo para
escritrios e restaurante panormico, na cobertura, no qual o andar-tipo
concebido como um espao aberto desobstrudo e com mxima
flexibilidade de lay-out, pois no se poderia especificar com antecedncia
as dimenses e programa dos escritrios. Da a utilizao de uma
estrutura de ao, com pilares recuados 1,50m do alinhamento da
fachada, desobstruindo as paredes externas para as vidraas contnuas.
O ritmo das fachadas ditado pelas faixas horizontais dos parapeitos
revestidos de pedra e pelas janelas horizontais. Este grafismo e a leve
curvatura do volume movimentam a composio de maneira mais
tranqila do que as experincias anteriores de Mendelsohn.
A Segunda Guerra Mundial paralisaria as experincias do
Movimento Moderno na Europa e nos EUA e assim, ironicamente, o
primeiro arranha-cu de porte da nova arquitetura, e tambm a primeira
torre de escritrios a seguir os cnones do racional-funcionalismo de
corrente corbusiana, surgiria no Rio de Janeiro, nos anos 40.
Lcio Costa, em entrevista a H.V. Sabbag e A.L. Nobre (Revista
AU, nmero 38, out-nov/91), reafirma ser o Palcio Capanema (sede do
MEC - Ministrio da Educao e Cultura) a primeira torre de escritrios do
Movimento Moderno. Na mesma poca de sua construo no havia
ainda nos Estados Unidos nenhum arranha-cu envidraado, todos
vieram depois que o Ministrio estava em construo, em 1938. Se o
movimento comeou na Europa, foi num pas como o Brasil que surgiu a
possibilidade de concretizar suas idias, e justamente durante o perodo
de guerra, quando toda a tecnologia estava voltada para a destruio,
este prdio otimista, feito por arquitetos jovens e inexperientes, ia se
erguendo no Rio de Janeiro, num pas distante dos centros tradicionais
de irradiao de novas idias.
O MEC no propriamente uma torre comercial de escritrios
pois foi concebido como uma sede institucional, projetado para ser sede
do ento Ministrio de Educao e Sade. A autoria do projeto do
grupo de arquitetos formado por Oscar Niemeyer, Affonso Eduardo
-
Captulo 2
40
Reidy, Carlos Leo, Jorge Machado Moreira e Ernani Vasconcellos,
liderados por Lcio Costa, com consultoria de Le Corbusier, autor do
trao original da primeira fase. Le Corbusier, consultor da fase inicial de
projeto, por muito tempo advogaria para si a autoria do projeto.
O conjunto construdo formado por dois blocos em altura
desigual, em um arranjo em forma de "T', que dividem a quadra em dois
espaos abertos. A perna do "T" o prisma retangular vertical, elevado
sobre pilotis de 10 metros de altura, com 14 pavimentos-tipos de
escritrios. O bloco horizontal abriga o escritrio e o salo de exposies,
parcialmente apoiado em uma colunata de pilotis. O projeto pode ser
descrito, de maneira simplificada, como uma caixa retangular penetrada
por um volume trapezoidal, com o eixo de simetria desse volume
coincidindo com o eixo longitudinal da caixa.
A implantao proposta permite a liberao da quadra fechada do
Plano Urbanstico Agache, criando ao redor do prdio espaos pblicos
amplos, dentro do esprito da Carta de Atenas, rompendo a quadra
tradicional e criando um espao urbano fludo e contnuo ao longo dos
jardins e dos pilotis.
Todo o iderio racional-funcionalista corbusiano aplicado: a
liberao do solo, o terrao-jardim, a cortina de vidro, o brise-soleil, a
planta livre do pavimento-tipo, e a isso se soma a expressividade da
Escola Carioca, presentes nos volumes curvos azuis da cobertura, no
revestimento de colunas e trechos da fachada com granito, nos painis
de azulejos desenhados por Portinari, e nos jardins de Burle-Marx.
Palcio Capanema, Rio de Janeiro ( fig.19)
Com o final da guerra, os imensos meios de produo industrial,
desenvolvidos at os limites no esforo de guerra, foram reconvertidos
para o uso civil. A indstria da construo civil exibia novos materiais,
tcnicas e processos de racionalizao. Os arquitetos europeus da
corrente racional funcionalista, egressos das perseguies nazistas e da
guerra, encontraram no EUA um ambiente propcio pregao
modernista, graas ao parque tecnolgico disponvel, tradicional
vocao americana para a inovao tcnica e ao esprito pragmtico do
investidor, disposto a construir edifcios com o mximo de eficincia,
rapidez e aproveitamento do terreno.
O marketing da arquitetura sempre foi importante na natureza de
toda empreitada imobiliria e a imagem corporativa da empresa estaria
associada de agora em diante tecnologia futurista. Para Amrica dos
anos 50, a tcnica parecia oferecer solues para todos os problemas,
criando-se uma nova iconografia do streamline: avies supersnicos de
asas enflechadas e de fuselagens curvilneas, carros com frisos
-
Preliminares
41
cromados e "rabo de peixe", o uso da energia nuclear e a corrida
espacial. Dentro deste clima otimista, surgiram os trs primeiros arranha-
cus racionalistas em Nova York: a Lever House, o Seagram Building e a
Assemblia Geral da ONU, confirmando a adoo dos norte americanos
ao International Style trazido pelos profissionais egressos da Bauhaus e
de outros movimentos de vanguarda: Mies van der Rohe, Breuer,
Gropius, Schindler e Neutra, entre outros.
Lever House ( fig.20)
A Lever House foi um dos primeiros arranha-cus construdos em
estrutura de ao com curtain wall, com projeto de Gordon Bunshaft e
Skidmore, Owings and Merrill, de 1952. Consiste em uma delgada lmina
vertical de 18 pavimentos-tipo, dois de cobertura destinados maquinaria
do edifcio, um andar de transio e uma lmina horizontal, composta de
trreo e sobreloja com um subsolo.
Grande parte da expressividade do edifcio do MEC advinha do
tratamento sensual dos volumes, com suas mltiplas texturas, cores, e
sombras criadas pelos brises, os azulejos e os volumes curvos e a sua
construo representou ainda o esforo de uma indstria da construo
civil incipiente e da mo-de-obra artesanal em produzir uma arquitetura
de ideologia industrial. J a Lever House, planejada para abrigar 1200
empregados, assume sem esforo sua vocao tecnolgica, pelo uso
adequado da tcnica disponvel no mercado. A composio alcanada
permanece ainda hoje delicada e transparente, com volumes
perfeitamente proporcionados e com seus 24 andares no oprime os
prdios vizinhos. O respiro criado pela lmina horizontal permite que o
edifcio possa ser apreciado tanto na escala do pedestre como na escala
urbana.
O lote de desenho irregular, com abertura para trs ruas, mede
60,96 x 47,24 e 58,62 metros. Se ocupasse toda a projeo do terreno, o
bloco teria oito andares, sem necessidade de escalonamento pois a lei de
zoneamento vigente poca de sua construo permitia que extensas
reas internas de trabalho fossem localizadas longe de janelas, mas isto
implicaria uma diminuio de produtividade e eficincia dos empregados,
porm, altos custos de construo e a possibilidade da construo de um
arranha-cu no lote vizinho que obstruiria a passagem de luz
desencorajavam a adoo deste tipo de soluo e decidiu-se ento tirar
partido de um dispositivo da lei de zoneamento que permitiria a
-
Captulo 2
42
construo de uma torre de qualquer altura, desde que no se ocupasse
mais do que 25% da projeo do lote.
A rea total do edifcio de 26.904,70m, com 12.170,20m de
rea de escritrios e um subsolo que abriga 50 vagas para automveis.
Seu pavimento trreo aberto, com o piso liberado pela colunata de
pilotis, possibilitando ao pedestre um espao de passagem e circulao
por dentro do lote. Um auditrio de 200 lugares, reas de desembarque,
showroom demonstrativo, e lobby envidraado com caixilharia de ao
inoxidvel marcam, nos fundos, a entrada do edifcio. O bloco horizontal
vazado por um trio que prov iluminao natural para os ambientes
internos e para o jardim. O primeiro pavimento abriga o setor recreativo
dos empregados, enfermaria, a sala de correspondncia, a central de
estenografia e uma sala especial para os imensos computadores da
poca. O terceiro pavimento constitui-se do andar de transio entre
lminas horizontal e vertical. O piso abriga uma cafeteria voltada para o
jardim de cobertura do embasamento.
A Lever Brothers considerou o uso comercial do terreno, mas as
lojas exigiriam espaos de armazenagem, como subsolo e sobreloja e,
alm disso, poderiam destruir a elegante impresso de que a lmina
horizontal est flutuando acima do cho.Um recuo em relao ao
alinhamento cria uma faixa sombreada, proporcionando outro efeito de
flutuao, como se o prisma vertical levitasse acima do bloco horizontal.
O ncleo de circulao vertical, com escadas, depsitos e banheiros, est
posicionado nos fundos do lote, com cinco elevadores.
Os regulamentos de incndio da New York Fire Department
exigiram que as escadas de incndio fossem contidas dentro de um shaft
de tijolos, nico elemento de alvenaria macia do prdio.
A estrutura de ao foi pensada de modo a no interromper a
continuidade das superfcies de vidro e, para tanto, as colunas esto
recuadas 45,7cm da linha de janelas da torre, e 30,48m do limite da
lmina horizontal no alinhamento da Park Avenue. Isto significou
considervel reduo de custos na fundao, pois as estacas estariam
fundadas diretamente na rocha, sem interferir na estrutura subterrnea
sob a Park Avenue. Pisos celulares de ao pouparam perto de 30% do
peso do piso sobre outros sistemas convencionais e foram construdos
com maior rapidez. O pavimento-tipo mede 54,86 x 15,24m, tendo 3,76m
de piso a piso e o espao de escritrio foi dimensionado de modo que
nenhuma mesa de trabalho ficasse a mais de 7,62m de uma janela.
O controle acstico foi obtido graas ao uso de forros
absorventes de ladrilhos acsticos, metal perfurado e placas de gesso. O
edifcio completamente selado, dependente de uma rede central de
calefao e ar condicionado do tipo split-system, com unidades
individuais perifricas de gua/ar de alta presso e um sistema de duto
central que distribui o ar por difusores no teto. Os pavimentos-tipo
tambm esto equipados com um sistema de comunicao por tubo de
alta velocidade, ligada ao mail-room do primeiro andar. A curtain-wall
composta de perfis de ao inoxidvel que sustentam pano fixo de vidro
temperado, em tons de verde, selados para evitar qualquer intruso.
Janelas mveis convencionais tornariam os custos de
obra/manuteno/limpeza muito caros em relao ao consumo de
-
Preliminares
43
energia para ar condicionado e calefao em ambiente fechado, segundo
dados da poca. Em cada andar, uma faixa contnua de vidro opaco atua
como spandrel, ocupando mais da metade da altura do p-direito, tendo
sido utilizado um vidro temperado verde-escuro denominado spandralite,
que chega a absorver 45% do calor da luz solar contra 10% do vidro
normal, contribuindo para a diminuio dos custos de ar condicionado.
A Lever House caracterizou uma inovao arquitetnica e urbana
ao dissolver a idia de lote fechado e fragmentar a torre macia em duas
lminas, uma horizontal, e outra, vertical. O projeto introduziu tambm o
conceito de jardim interno aberto ao pblico, que se tomaria uma das
caractersticas dos arranha-cus nova-iorquinos dos anos 60 em diante,
encorajados sobretudo por uma legislao de uso do solo generosa
quanto a criao de espaos pblicos, to raros em Manhattan na poca.
Logo que inaugurada, tornou-se atrao turstica e durante muitos anos,
utilizou-se o termo leverish para designar qualquer coisa que tivesse
uma elegncia sutil, limpa e high-tech.
Se a Lever House marcou poca com este n