edi˙ˆo comemorativa - jul / 2004 - Órgˆo informativo da … · uu ma escola que em suas origens...

28
70anos EsACosAAe 1 EDI˙ˆO COMEMORA EDI˙ˆO COMEMORA EDI˙ˆO COMEMORA EDI˙ˆO COMEMORA EDI˙ˆO COMEMORATIV TIV TIV TIV TIVA - JUL / 2004 - RGˆO INFORMA A - JUL / 2004 - RGˆO INFORMA A - JUL / 2004 - RGˆO INFORMA A - JUL / 2004 - RGˆO INFORMA A - JUL / 2004 - RGˆO INFORMATIV TIV TIV TIV TIVO D O D O D O D O DA ESCOLA DE ARTILHARIA DE COST A ESCOLA DE ARTILHARIA DE COST A ESCOLA DE ARTILHARIA DE COST A ESCOLA DE ARTILHARIA DE COST A ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA E ANTIAREA A E ANTIAREA A E ANTIAREA A E ANTIAREA A E ANTIAREA

Upload: others

Post on 31-Jan-2020

2 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 1

EDIÇÃO COMEMORAEDIÇÃO COMEMORAEDIÇÃO COMEMORAEDIÇÃO COMEMORAEDIÇÃO COMEMORATIVTIVTIVTIVTIVA - JUL / 2004 - ÓRGÃO INFORMAA - JUL / 2004 - ÓRGÃO INFORMAA - JUL / 2004 - ÓRGÃO INFORMAA - JUL / 2004 - ÓRGÃO INFORMAA - JUL / 2004 - ÓRGÃO INFORMATIVTIVTIVTIVTIVO DO DO DO DO DA ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA ESCOLA DE ARTILHARIA DE COSTA E ANTIAÉREAA E ANTIAÉREAA E ANTIAÉREAA E ANTIAÉREAA E ANTIAÉREA

Page 2: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia
Page 3: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição,esta representada pela herança da Artilharia de Costa, cujos íconessão as dezenas de fortes e fortalezas eregidos pelo colonizador

português e pelo Brasil independente, na defesa e manutenção de nossasoberania; testemunhas silentes de um passado glorioso. Combina, comodissemos também, modernidade, quando o Centro de Instrução de Artilhariade Costa, já em 1934, incorporava instrutores de uma missão militar dos EUA,em um exército sob a égide do ensino de base francesa. Tal medida mostrou-se acertada dez anos mais tarde, quando os quadros da Artilharia de Costa,familiarizados com topografia e comunicações de origem norte-americana,foram convocados para compor a Bateria Comando da Artilharia Divisionáriada FEB, que combateu na Itália. A modernidade esteve sempre presente emsua outra gênese, a Artilharia Antiaérea que, desde 1939, firmou-se presentena doutrina militar terrestre, trazendo em seu bojo o avanço técnico e táticonecessários ao combate de tão moderna ameaça: o vetor aeroespacial.

Assim, a tríade ENSINO – DOUTRINA – TECNOLOGIA veio consolidar-secomo síntese do trabalho daqueles que vivenciaram suas vidas profissionaisnesta casa, consagrando a atividade-fim desta Escola como um dos centros deexcelência do ensino no Exército.

No momento em que a Artilharia de Costa parece desaparecer comoespecialidade da Arma de Artilharia, temos a firme convicção que a missão dedefesa do litoral continua afeta, também, à Força Terrestre, até porque asgrandes invasões sempre vieram pelo mar como atesta nossa História, em umpaís de mais de 8.000 km de litoral. Esta edição é, dentre outros objetivos, umtributo àquela especialização e nossa origem mais remota.

Parabéns EsACosAAe; parabéns a todos que aqui servem e serviram, àArtilharia de Mallet, ao Exército de Caxias e ao Brasil.

Por oportuno, este Comando agradece o apoio prestado pela Diretoria deAssuntos Culturais (DAC), sem o qual não teria sido possível a publicação destaedição comemorativa.

Esta edição comemorativa vemmarcar os 70 anos de um singularestabelecimento de ensino doExército Brasileiro.

Ten Cel Fernando JoséSoares da Cunha Mattos

Comandante

70anos EsACosAAe 3

Page 4: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

4 EsACosAAe 70anos

SumárioSumário

Revista da

Av. General Benedito da Silveira, 701Vila Militar - Rio de Janeiro - RJ CEP 21615-000

Tel/Fax: 21 2457-4221 - 2457-4865www.esacosaae.ensino.eb.br

DIRETOR DA REVISTA

Ten Cel Art Fernando José Soares da Cunha Mattos

EDITOR RESPONSÁVEL

Cap Art Márcio de Castro Alves

FOTOGRAFIAS

Cap Art Castro Alves, Samuel Carvalho,Cap Art Porto Alegre, 1º Ten Art Matos Junior,

Acervo EsACosAAe, EsSG e 1º GAAAe

PROGRAMAÇÃO VISUAL

Samuel dos Santos Carvalho

EDITORAÇÃO E ARTE

ArtSam - Soluções Gráficas Criativas

IMPRESSÃO

Baum Editora e Gráfica Ltda.

ÓRGÃO INFORMATIVO DA ESCOLA

DA ARTILHARIA DE COSTA E ANTIAÉREA

Capa da edição comemorativa pelos 70 anos de criaçãodo Centro de Instrução de Artilharia de Costa (CIAC),origem mais remota da Escola de Artilharia de Costa eAntiaérea (EsACosAAe).Em segundo plano algumas atividades desenvolvidas,anualmente, pela EsACosAAe, durante ofuncionamento dos diversos cursos e estágios.O reflexo representa o Sol, Centro da Zona de Ação(CZA) do artilheiro antiaéreo.

Entrevista - Impressões de um Ex-Comandante ...............17

Dissuasão - a melhor opção ......................................................18

Concepção Dual da Artilharia ............................................... 20

Mísseis Antinavio ....................................................................... 22

Nosso Estandarte e Distintivo ................................................. 25

Nossa Pinacoteca .......................................................................... 26

Nossa Canção ................................................................................. 27

4 EsACosAAe 70anos

Galeria dosEx-Comandantes

de 13 a 16

Origensda EsACosAAede 5 a 12

UniformeVerde-oliva adotado

pelo EB em 1933

Page 5: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 5

EE m meados de 1934, encetava seus serviçosno Brasil a Missão Militar Norte-Americana(MMNA), contratada para orientar o ensinona Escola Técnica do Exército (ETE), desti-

nada à formação de engenheiros militares e aos estu-dos dos problemas da defesa de costa, com a conse-qüente formação de pessoal habilitado para guarneceras poucas fortalezas existentes ou em construção, usan-do no tiro novos métodos, extensamente praticadosnas organizações similares do país amigo.

O contrato assinado pelo Cel Flávio de Queiroz Nas-cimento, Comandante interino do 1º Distrito de Arti-lharia de Costa (DAC), resultou na criação do Centro deInstrução de Artilharia de Costa (CIAC) cuja atuação, de1934 até os anos imediatamente anteriores à entradado Brasil na Segunda Guerra Mundial, proporcionouanos áureos à Artilharia de Costa Brasileira, tal a novamentalidade progressista desenvolvida em todas as for-tificações e Comandos, no afã de empolgar os novosmétodos de instrução e processos de tiro divulgadospara a real eficiência das unidades.

Para comandar o centro de estudos relacionados coma defesa de costa foi nomeado, em 15 de maio de 1934,o Cel Art Antônio Fernandes Dantas. Em 4 de junho foipublicado o Boletim Escolar nº 1, transcrevendo a Porta-ria Ministerial nº 78, de 30 de janeiro de 1934, que criouo CIAC e a Portaria de 16 de abril que regulava o funci-onamento e a ocupação em caráter provisório de algu-mas instalações da Fortaleza de São João.

Os cursos para oficiais foram, posteriormente, defi-nidos como “de especial ização”, em vista daobrigatoriedade do curso de aperfeiçoamento na Esco-la de Armas ou aperfeiçoamento de oficiais.

Os cursos para graduados seriam de especializaçãoe aperfeiçoamento e, em 1935, começaria a funcionaro de formação de sargentos.

Diplomada a 31 de janeiro de 1935, a primeira tur-ma em solenidade presidida pelo General PantaleãoPessoa, representando o Presidente da República, queassim manifestava seu interesse pelo Centro, foi emabril matriculada a 2ª turma e, em agosto teve início,pela primeira vez, o curso para oficiais superiores (ca-tegoria B), sucedendo-se ano a ano, em abril e agosto,os inícios de cursos, e, em dezembro, nas proximidadesdo Natal, numa regularidade cronológica, os encerra-mentos festivos das atividades do CIAC, com a entregade diplomas, prestigiada sempre com a presença dasaltas autoridades militares e de convidados.

70anos EsACosAAe 5

Escola de Artilharia de Costa

EAC 1942

EsSG 2004

Sala deinstrução EAC

Saguão de entrada EsSG

Instrutores EAC

Page 6: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

6 EsACosAAe 70anos

Com especial destaque o Histórico do CIAC mencionaa visita do Presidente da República Interino Antônio CarlosRibeiro de Andrade, em 31 de maio de 1935, àquele centroacompanhado dos Generais João Gomes Ribeiro Filho,Ministro da Guerra; Raimundo Barbosa, Chefe do Estado-Maior do Exército e José Pessoa Cavalcante, Comandantedo DAC da 1ª RM.

A despeito das perturbações da ordem pública, IntentonaComunista de 1935 e Movimento Integralista de 1938, asatividades escolares desenvolvem-se regularmente, minis-trando aos alunos um perfeito conhecimento teórico e prá-tico sobre técnica e emprego da artilharia de costa, prepara-ção das baterias para o combate, conduta e direção do tirodurante a ação contra belonaves inimigas.

Concomitantemente, estabeleceu-se um plano para aorganização dos comandos de grupo e baterias, bem comoum sistema padrão de comandos e nomenclaturas domaterial heterogêneo que as fortificações possuíam; ins-tituiu-se um sistema de emergência para a abertura defogo no menor tempo com o mínimo de despesa para oerário, que foi objeto de exposição no Forte de Copacabana,em 17 de setembro de 1937, pelo General Comandante doDAC ao Presidente da República, congressistas e generais.Tal sistema de emergência surgiu nas oficinas do Centro,inicialmente a cargo dos próprios instrutores e alunos, aosquais se juntaram os operários do Arsenal de Guerra e daoficina mecânica da Fortaleza de São João.

Concebido pelo Capitão William D. Hohenthal e auxili-ado por oficiais brasileiros, o sistema de direção de tiro foiconstruído nas citadas oficinas e experimentado na exe-cução do tiro real de artilharia de costa sobre alvos reboca-dos com uma das baterias do 2º GACos e Fortaleza de SãoJoão. Naquela oportunidade, as oficinas haviam passado àsubordinação do DAC, para mais tarde se transformaremnas oficinas do Distrito, depois Arsenal da Urca, pelo Avisonº 841, de 6 de abril de 1944.

A predição do tiro, feita em câmaras de levantamentocom seu oportuno desencadeamento depois de manipu-lados os dados iniciais em rudimentares aparelhosconstruídos para atender às características dos variadoscanhões ou obuses das fortificações da barra do Rio deJaneiro, tornou-se oficialmente o Sistema Hohenthal, a 2de janeiro de 1937, por ato do General José Pessoa, Co-mandante do DAC, estendendo sua utilização às demaisfortalezas. A eficiência dos novos métodos de tiro e daaparelhagem foi comprovada em “campanhas anuais detiro real sobre alvos móveis, executado por todas as forta-lezas e fortes como coroamento do ano de instrução, sem-pre prestigiadas pelas autoridades superiores”.

Dentre as publicações feitas, além do folheto Métodosde Instrução, de autoria do General Rodney Smith, o CIACeditou, em 1937, o Manual de Guerra Química, redigidopelos Major John H. Becque e Capitão Manuel C. Assun-ção; em 1938, o Manual de Emprego Técnico da Artilharia

6 EsACosAAe 70anos

Sala dosinstrutores EAC

Saguãodo segundo

pavimento EsSG

Saguão do segundopavimento EAC

Page 7: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 7

de Costa contra Alvos Móveis (1ª parte), organizado peloTenente-Coronel William D. Hohenthal e Capitão Orígenesda Soledade Lima e o Manual de Defesa pela ArtilhariaAntiaérea, os quais continuaram a ser consultados pelajusteza de seus conceitos, e o intitulado Organização Es-tratégica e Tática de Defesa de Costa.

No que diz respeito às instalações do CIAC, seu pres-tígio fez com que lhe fosse concedida verba para a cons-trução de sede própria, no recinto da velha Fortaleza deSão João (onde também tivera início a famosa Escola Mi-litar da Praia Vermelha), providenciando-se, a 22 de janei-ro de 1937, a desocupação das casas fronteiras à praia dedentro (a da ponte metálica), em cujo local seria construídacom a verba inicial de Rs$ 50:000,00. Iniciada a demoliçãoa 31 de maio, teve imediato seguimento a construção donovo edifício de três pavimentos.

Em março de 1936, foi-lhe cedida a escola pública paraa instalação da Sala de Direção de Tiro e nesse mesmo anoimplantaram-se, em outro local, oficinas de produção dosaparelhos das câmaras de tiro (fire-center), inauguradasem 18 de setembro.

Quanto aos cursos, o CIAC não se limitou aos mencio-nados no seu início, pois os novos métodos de tiro impu-seram a criação de cursos de especialização de graduadospara operarem os telêmetros no levantamento de alvos epara elaboração de boletins meteorológicos.

Montado nos anos de 1935 e 1936, começou a funcio-nar em 1937 o curso de telêmetro-esteroscópico, que pro-porcionou estágios de informação a inúmeros subalter-nos do DAC até 1940.

Em outubro de 1935, foi aprovada a proposta do funci-onamento de cursos de meteorologia prática com a pre-paração do Serviço Meteorológico Militar, do Campo dosAfonsos, dando-se início à formação desses especialistaspara o Exército. Em 1938, foi criado o curso especializadosobre aparelhagem de direção de tiro (fire-control).

Com a criação da Inspetoria-Geral de Ensino do Exér-cito, em 18 de janeiro de 1938, o CIAC passou a subordi-nar-se ao novo órgão, cessando sua ligação direta com oEstado-Maior do Exército, ficando esclarecido posterior-mente, em 4 de março de 1939, que o Decreto-Lei nº 1.123,de 27 de fevereiro, subordinou o CIAC à Inspetoria de De-fesa de Costa, exceto no que se referia ao ensino (orienta-ção e apuração de resultados).

Em 27 de maio de 1938, regressaram aos EstadosUnidos o Coronel (com honras de general) Rodney Smithe o Tenente-Coronel Hohenthal, por terminar o prazoconcedido para sua permanência no exterior, sendohomenageados em sua despedida por seus camaradas doExército Brasileiro, ex-alunos e autoridades militares.Renovado o contrato da MMNA, em 19 de julho,apresentavam-se os novos chefes e membros, GeneralAllen Kinberley, Coronel William Sanckville e Major Lowell

70anos EsACosAAe 7

Gabinete doComando EAC

Gabinete dosinstrutores EAC

Laminas de identificação debelonaves EAC

Sala doChefe da MMNA

Page 8: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

8 EsACosAAe 70anos

Elliot, todos do Corpo de Artilharia de Costa do Exército dosEUA, continuando a dar o melhor de seus esforços naorientação do ensino no CIAC.

Em 16 de maio de 1939, o Centro foi visitado peloGeneral George C. Marshall, chefe do EME dos EstadosUnidos. Em 9 de novembro de 1939, o CIAC passou a ter adesignação de Escola de Artilharia de Costa (EAC), emvirtude da Lei do Ensino Militar aprovada pelo Decreto nº1735, de 4 daquele mesmo mês.

Comandaram o CIAC, além do Coronel FernandesDantas, já mencionado, o Tenente-Coronel Carlos GermachPossolo (novembro de 1937 a maio de 1939) e o MajorAlexandrino Pereira da Motta (maio de 1939 até a mudançado nome para EAC). Com a mobilização geral do Exércitonorte-americano, deixaram o Brasil no primeiro semestrede 1940 os membros da MMNA, assumindo o controledaquela missão o Coronel de Engenharia Lehmanm W.Miller, único membro que permaneceu por mais algumtempo colaborando nas atividades relacionadas com oensino nas ETE e EAC.

Em 14 de março de 1940, foi nomeado comandante daEAC o Major Alexandrino Pereira da Motta, que já vinhacomandando o CIAC. No ano letivo de 1941, foram iniciadosem 17 de março os cursos para capitães e tenentes(categoria A) e o de aperfeiçoamento e formação desargentos, e, em 21 de julho, o de oficiais superiores(categoria B), ambos encerrados em 19 de dezembro comsolenidade de inauguração de retratos e entrega dediplomas. Foi o último ano que a Escola, totalmenteentregue a oficiais brasileiros, funcionou em regimenormal, pois a perspectiva de entrada do Brasil na SegundaGuerra Mundial se acentuava.

Quando da chegada dos Canhões 152.4mm VickersArmstrong, ao Brasil, em 1942, a viatura tratora da peçaera o caminhão Moline. Em meados da década de 70, elesforam substituídos pelos possantes e robustos tratoressobre lagartas M4, de origem norte-americana. Como meioauxiliar de instrução a escola possuiu duas peças.

Cada vez menos dependente da Diretoria de Arti-lharia de Costa e a exemplo de outros estabelecimen-tos de ensino militar, a EAC passou a funcionar emdois turnos. Em virtude da convocação de oficiais su-balternos da reserva, oriundos do CPOR, em 18 de maio,foi criado um curso de emergência, com duração detrês meses e meio. Em 1942, a duração dos cursos nor-mais foi abreviada, cujo início deu-se em 2 de feverei-ro e o encerramento a 6 de agosto.

Já em 1943 e 1944, os dois turnos funcionaram re-gularmente, com os cursos normais para o pessoal daativa e os de emergência para os da reserva. Em 1944,foi publicado o Manual de Meteorologia, edição do Ga-binete Fotocartográfico do Ministério da Guerra. Ne-nhum esmorecimento sofreu a cronologia do ensinoministrado na EAC que, ainda nos primeiros dias de

8 EsACosAAe 70anos

Gabinete de meteorologia EAC

Trator M4

Telêmetro Zeiss

Fachadasul EAC

Page 9: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 9

1945, entre 4 e 15 de janeiro, quando já havia prenún-cios do término da guerra na Europa, realizou sua tra-dicional campanha de tiro real, em cooperação com asunidades do Distrito de Defesa de Costa da 1ª RM (jáagora sob o comando do General Anor Teixeira dos San-tos), tendo atirado nos dias 4 e 5 com as Baterias doForte Copacabana, dia 9 com o Forte Duque de Caxias,dia 10 com o Forte Barão do Rio Branco e em 15 com asBaterias da Fortaleza de Santa Cruz, numa demons-tração de sua eficiência e capacidade combativa.

A Diretoria de Ensino do Exército otimizou o funciona-mento dos cursos dos vários estabelecimentos de ensinodo Exército, beneficiando-se a EAC desses avanços queconsagraram, aliás, os métodos de instrução em que oCIAC fora pioneiro, quando da vinda da Missão MilitarNorte-Americana.

O desenvolvimento de cada curso, agora designadospor A, B e D, passou a ter perfeita execução e os princi-pais eventos cronologicamente previstos, tais como: aber-tura de cursos, provas, visitas, estágios, campanhas detiro e encerramento.

O ano de 1946 ficou marcado com a realização em outu-bro, depois da campanha de tiro em que as fortificações dabarra do Rio de Janeiro atiram isoladamente sobre alvosrebocados, de um tiro de grupamento bem sucedido, envol-vendo as Fortalezas de São João, Santa Cruz e Forte da Laje.

Em 1947, em 10 de junho, data do aniversário do Ma-rechal Emílio Luiz Mallet, patrono da Artilharia, o Coman-dante da Escola, Cel Ignácio José Veríssimo, pronunciouuma conferência sobre os Novos Aspectos da Defesa deCosta, onde se fizeram presentes os Generais César Óbino,Chefe do EME; Zenóbio da Costa, Comandante da ZonaMilitar Leste e 1ª RM e Mário Ramos, Comandante da AC/1ª RM. e diversos outros da Armada e Aeronáutica, desper-tando vivo interesse da assistência. No ano seguinte, aEAC, em conjunto com o 8º GACosM, realizou uma Escolade Fogo de Instrução (EsFI) na região de São Conrado, oca-sião em que foram utilizados, para o levantamento dosalvos, os imponentes Telêmetros Zeiss.

Em 22 de janeiro de 1949, assumiu o comando daEscola o Tenente-Coronel Carlos Sayão Dantas que, aindano primeiro semestre, proporcionou um estágio especialde meteorologia para três funcionários do Campo de Pro-vas da Marambaia (CPrM) e em junho cooperou com o 8ºGACosM na execução de tiro real para experimentar umnovo tipo de alvo, além de servir de demonstração para osrecrutas daquela organização militar.

Como novidade aparecem no currículo e são realizadosna Escola de Instrução Especializada (EsIE), em Realengo,estágios de informações sobre algumas especializações aíministradas (guerra química, fotoinformações, manuten-ção etc.) para os cursos A (de 4 a 9 de julho) e D (de 11 a 16 dejulho), os quais foram anualmente repetidos conforme ori-entação dada pela Diretoria de Ensino do Exército.

70anos EsACosAAe 9

Canhão 152.4mm Vickers Armstrong

Sala de guerra química e desenho técnico

EAC 1950

Page 10: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

10 EsACosAAe 70anos

OO

No segundo semestre de 1949 realizou-se a campanhade tiro real iniciada com o 8º GACosM em São Conrado em16 de agosto, para terminar em 14 de novembro, tendo delaparticipado o 1º Grupo de Artilharia de Costa Ferroviário, deNiterói(RJ), que atirou de posições na região de Inoã, nolitoral fluminense, com seus posderosos Canhões sobre pla-taformas Betlhem Steel de 177,8mm (7 polegadas).

No que respeita às instalações materiais da EAC,teve o Tenente-Coronel Sayão Dantas de cumprir asdeterminações ministeriais relacionadas com o funci-onamento da recém-criada Escola Superior de Guerra(EsSG). Pela Nota nº 30, de 8 de fevereiro de 1949, foi-lhe determinada a cessão de salas do edifício-sede daEAC ao novo centro de altos estudos, o que foi possívelcom a mudança de órgãos administrativos da Escolapara algumas das dependências cedidas pelo Coman-do da Fortaleza de São João.

Posteriormente, em outubro, foram cedidas à EACas casas 1, 2 e 3 da Vila Militar da Fortaleza de São Joãoque, devidamente adaptadas, passaram a alojar total-mente a Escola, em virtude da Nota nº 116, de 28 dejaneiro de 1950.

O ano letivo de 1950 foi aberto na nova sede, repe-tindo a rotina dos anos anteriores, só quebrada com apresença da Escola no Primeiro Seminário de Ensino doExército, realizado em junho, em Resende, no qual ins-trutores e alunos fizeram uma demonstração sobre Pro-blema do Tiro de Artilharia de Costa e na Exposição deMostra do Exército, realizada entre 12 e 30 de agosto,por iniciativa da Secretaria-Geral do Ministério da Guerra,em que foi apresentada uma síntese do trabalho silen-cioso e eficiente da EAC em 15 anos de atividade.

ensino da defesa antiaérea iniciou-se na Es-cola de Aviação Militar, situada no Campo dosAfonsos, próximo da Vila Militar, no Rio deJaneiro, em 1927. O Regulamento da Escola

de Aviação Militar, aprovado pelo Decreto nº 22.655, de 20de abril de 1933, estabelecia que a mesma teria por fim,entre outros, especializar oficiais e praças no material dedefesa antiaérea.

Em 1936 e 1937, foram baixadas instruções para ofuncionamento do Curso de Defesa Antiaérea naquelaEscola, com matrícula de sargentos e cabos da 1ª RegiãoMilitar (1ª RM). Porém, em 1938, não sendo possível amatrícula de militares oriundos das demais RM, o Minis-tro da Guerra expediu o Aviso nº 28, de 11 de abril, dirigidoao Inspetor Geral do Ensino do Exército, determinandoque o curso não funcionaria naquele ano e, com o objeti-

Escola de Defesa Antiaérea

10 EsACosAAe 70anos

EsSG 1952 (pintura)

Canhão-metralhador20mm Madsen

Can AAe 88mm

Page 11: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 11

vo de aproveitar o pessoal já especializado, autorizava aorganização provisória de um Núcleo de Bateria de Me-tralhadoras Antiaéreas. O Aviso, em suas disposições fi-nais, estabelecia que este serviria para a organização dofuturo Centro de Instrução de Defesa Antiaérea, conti-nuando, provisoriamente, instalado na Escola de Avia-ção, devendo ser aproveitado, para sua constituição, pes-soal e material já à disposição do curso, ficando subordi-nado à Inspetoria de Ensino e, para efeitos administrati-vos e disciplinares, àquela Escola.

Logo depois, em 30 de janeiro de 1939, o Exmo Sr Minis-tro da Guerra, em nome do Exmo Sr Presidente da Repúbli-ca, resolveu, pela Portaria nº 33, criar o Centro de Instruçãode Defesa Antiaérea (CIDAAe). Pelo Aviso nº 139, de 04 demarço, daquele mesmo ano, o Ministro declarava que opessoal e o material do extinto Núcleo de Bateria de Me-tralhadoras Antiaéreas deveriam ser transferidos para orecém criado Grupamento-Escola de Defesa Contra Aero-naves (GEDCA). Em 25 de maio, ainda de 1939, o Aviso nº215 declarou que o GEDCA ficaria subordinado àquele Cen-tro. Com a aprovação do Regulamento do CIDAAe, atravésda Portaria nº 967, de 27 de maio de 1939, tiveram início asatividades escolares daquele Centro.

Com a extinção do GEDCA em maio de 1941, todoseus integrantes, bem como seus Canhões Antiaéreos88mm C/56 - Mod 18, foram incorporados ao 1º Grupo do1º Regimento de Artilharia Antiaérea (I/1º RAAAe). Aindanaquele mesmo ano, foi criado o Destacamento de Ope-rações Antiaéreas (Dst Op AAe), subunidade orgânica doI/1º RAAAe que prestava apoio direto ao CIDAAe.

Em fins de 1943, o CIDAAe ocupou dois pavilhões doprimeiro lance do quartel da Colina Longa onde estavasediado o I/1º RAAAe e deu-se o recebimento pelo Dst OpAAe de alguns Canhões Automáticos Antiaéreos 37mm,indispensáveis à condução das instruções a serem mi-nistradas por aquele Centro.

Com a aquisição dos Canhões Automáticos Antiaéreos40mm C/60 e das Metralhadoras Múltiplas .50 pelo ExércitoBrasileiro, quatro anos mais tarde, coube, mais uma vez aoCIDAAe atualizar os currículos escolares de seus cursos.

Com a chegada dos Canhões Antiaéreos 90mm, deorigem norte-americana, em meados da década de 50,nova mudança no ensino, agora para atender às de-mandas impostas por um material mais complexo, comelevado índice de equipamentos e componentes ele-trônicos. Neste período, deu-se também o recebimen-to do Preditor de Tiro, de origem italiana, Contraves, doRadar de Tiro Antiaéreo nº3 Mk7 e do Radar de Vigilân-cia Aérea AN/TPS-1D.

A evolução do pós-guerra inicia a corrida arma-mentista, e o Centro tem grande impulso doutrinário atéque, em 27 de agosto de 1955, passa a denominar-seEscola de Defesa Antiaérea (EsDAAe).

70anos EsACosAAe 11

Rdr Tir AAe nº3 Mk7

Can Au AAe40mm C/60

Bia Can AAe 90mm Barra da Tijuca 1970

Can AAe 90mm

UT Msl AAe Roland II

Rdr Vig AN/TPS-1D

Page 12: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

12 EsACosAAe 70anos

EE m 1965, a importância das especialidades deArtilheiro de Costa e Antiaéreo faz surgir peloDecreto nº 57490, de 27 de dezembro de 1965, aEscola de Artilharia de Costa e Antiaérea

(EsACosAAe), com a fusão da EAC e EsDAAe, cujo primeiroComandante foi o Cel Art QEMA Darcy Tavares de Carvalho.

Em outubro de 1977 a Força Terrestre (FT) adquiriu oSistema Antiaéreo 35mm Oerlikon-Contraves, tendo aEsACosAAe recebido basicamente, como meios auxiliares deinstrução, 02 (dois) Canhões Automáticos AntiaéreosGeminados 35mm e 01 (uma) Central de Direção de TiroSuperfledermaus.

Desde o final da década de 60, o EB, em especial os arti-lheiros antiaéreos, já ambicionava o domínio da tecnologia defabricação de mísseis antiaéreos, motivo pelo qual foram ad-quiridos, em 1978, 04 (quatro) Unidades de Tiro (UT) de MísseisAntiaéreos Roland II, montados em viaturas sobre lagartasSPZ MARDER, ficando à cargo da Escola a operação das UT nosinúmeros testes com tiro real efetuados no CPrM.

Com a compra do Sistema Antiaéreo 40mm FILA-Bofors,coube à EsACosAAe o recebimento de 02 (dois) CanhõesAutomáticos Antiaéreos 40mm C/70, em 1983, e de 01 (um)Equipamento de Direção de Tiro FILA, em 1986, este da Avibrás.As aquisições efetuadas pela FT nas décadas de 70 e 80representaram mudanças significativas na direção do ensi-no da EsACosAAe.

Mais recentemente, em 1995, deu-se a aquisição dosMísseis Antiaéreos Portáteis 9K38 IGLA, onde compete exclu-sivamente à EsACosAAe, a habilitação de seus operadores.

Atualmente funcionam, anualmente, os Cursos de Es-pecialização em Artilharia de Costa e Antiaérea para oficiais(ACosAAe) e para sargentos (CEspS/1), ambos com duraçãode 35 semanas, de Operador de Alvos Aéreos (OpAlvoAe)para sargentos, com duração de 9 semanas e de Operador deRadares e Direção de Tiro, também para sargentos, com 16semanas de instrução. Até a presente data, a EsACosAAe jáespecializou 1155 oficiais e 1105 sargentos.

Além dos cursos regulares, funcionam na Escola, a cadadois anos, os Estágios de Operação dos Sistemas Antiaéreos40mm FILA-Bofors, 35mm Oerlikon-Contraves e Igla, bemcomo do material de saturação de área Astros II.

Escola deArtilharia de Costa Antiaérea

O Cel Art R/1 Hugo GuimarãesHugo GuimarãesHugo GuimarãesHugo GuimarãesHugo GuimarãesBorges FortesBorges FortesBorges FortesBorges FortesBorges Fortes possui os cursosmilitares de: Formação de Oficiaisde Artilharia da AMAN (1956),Especialização em Manutenção deViaturas Automóveis da EsMB (1960),Aperfeiçoamento de Oficiais da EsAO(1966) e Comando e Estado-Maiorda ECEME (1971).

12 EsACosAAe 70anos

CDT Superfledermaus

Can Au AAeGem 35mm Oerlikon

EDT FILA

Can Au AAe40mm C/70 Bofors

Sistema de LançadoresMúltiplos de Foguetes Astros II

UT Msl AAe Ptt IGLA E

Page 13: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 13 70anos EsACosAAe 13

Page 14: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

14 EsACosAAe 70anos14 EsACosAAe 70anos

Page 15: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 15 70anos EsACosAAe 15

Page 16: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

16 EsACosAAe 70anos16 EsACosAAe 70anos

Page 17: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 17

ual a importância que VExa atribuiria ao SistemaOperacional Defesa Antiaérea no cenário futuro dos con-flitos bélicos?- A importância da defesa antiaérea está na razão direta do

papel desempenhado pela arma aérea. Nada indica, no futuroprevisível, diminuição do emprego de vetores aéreos no campode batalha. Ao contrário, aeronaves mais sofisticadas e até mes-mo não-tripuladas exercerão papel cada vez mais relevante nasoperações militares, seja no ataque a forças e instalações terres-tres, seja nas funções de transporte e observação. Nenhum exér-cito que se pretende moderno pode ignorar esse fato e abrir mãode eficaz artilharia antiaérea, que continuará a ser parte inte-grante e imprescindível do sistema de apoio de fogo (dos siste-mas operacionais).

Como atual Vice-Chefe do DEP, qual a visão de futuroque VExa projeta para a Escola, no provimento de recursoshumanos para os quadros do Exército Brasileiro?

À Escola continuará a caber o relevante papel de formar espe-cialistas e de se constituir no centro e laboratório do Exército paraa realização de estudos técnicos e doutrinários relacionados à AAAe.Simples em seu enunciado e coincidente com a própria missão daEscola, essa visão deve orientar, permanentemente, o ensino queela ministra. Para alcançá-la, a EsACosAAe já não pode se permitir— como acontecia no passado — ser, essencialmente, uma escolade materiais de artilharia antiaérea; assim como seus diplomadosnão podem se contentar, apenas, com o preparo técnico. À medidaque avança na carreira, o tenente que orgulhosamente recebeunossa “manicaca” se transformará no assessor e no chefe especi-alizado, cada vez mais chamado a opinar e a decidir sobre questõesdoutrinárias e de emprego, e será nele que o Exército Brasileirobuscará respostas para a evolução de nossa artilharia antiaérea.Fundamental se torna, portanto, que a EsACosAAe desenvolva, em

Impressões de umEx-Comandante da EsACosAAe

seus alunos, atributos que estão no âmagodo processo de modernização do ensino: ogosto pelo estudo, o hábito da leitura, a von-tade e a capacidade de contínuo auto-aper-feiçoamento. Somente assim a Escola esta-rá preparando recursos humanos à alturadas necessidades do Exército e das respon-sabilidades do especialista.

Dentre as inúmeras peculiaridades que aEsACosAAe apresenta no âmbito das

Escolas do DEP, quais as que VExa considera ímpares?- A EsACosAAe é a única escola de especialização que, salvo

raríssimas exceções, possui oficiais e sargentos de uma única Arma,em seus quadros docentes e discentes. Ela é, como o próprio nomeindica, uma escola de artilheiros, que já trazem das escolas deformação uma maneira de pensar e de agir comum, padronizada,típica da Arma. Ela se destaca, também, pela estreita e intensaligação com a área de Ciência e Tecnologia, superior, acredito, aoque se observa nos demais estabelecimentos de ensino da linhabélica. Essa parceria com nossos engenheiros militares, intensifi-cada e consolidada nos anos 70 e 80 com os projetos ROLAND eFILA, é imprescindível para o futuro da AAAe, pois somente assimpoderemos pensar no desenvolvimento de armamentos e sensoresantiaéreos brasileiros, capazes de atender aos requisitosoperacionais de nosso Exército. Também merece destaque a liga-ção que nossos alunos, instrutores e monitores mantêm com oscompanheiros da Aeronáutica, seja na área da defesa aeroespacialseja na área do ensino, um aspecto muito benéfico para nossosoficiais e sargentos e para a própria Escola, que muito aprende eensina, nesse freqüente intercâmbio com a Força Aérea.

Que momentos mais marcaram a passagem de VExa noComando da EsACosAAe?

- Desde aspirante-a-oficial — classificado que fui no então 2o

GCan90AAe, atual 2o GAAAe — estive ligado à Artilharia Antiaéreae, por conseguinte, à Escola, à época denominada Escola de DefesaAntiaérea (EsDAAe). Transferido, ainda como 2o tenente, para o 1o

GCan90AAe (atual 1o GAAAe), estreitei definitivamente meus la-ços com a Escola, da qual viria a ser aluno, comandante da Bateriade Comando e Serviço e instrutor. Fiz essa breve reminiscênciapara tentar transmitir a emoção e a vibração com que recebi ohonroso encargo de comandá-la! Não foram poucos, conseqüen-temente, os momentos marcantes daquele que considero um dosperíodos mais felizes e produtivos de minha longa carreira, pois,quer do ponto de vista do ensino, quer sob o aspecto administrati-vo, o exercício do comando da EsACosAAe ofereceu-me inúmerasoportunidades de realização profissional e de satisfação pessoal.Para responder à pergunta, entretanto, em vez de “momentos”selecionaria uma “constatação”: a competência e a dedicação denossos instrutores e monitores superaram minhas melhores ex-pectativas! Não tenho dúvida de que, com recursos humanos tãocapacitados e motivados, a Escola saberá encontrar respostas paraos imensos desafios do presente e do futuro, assegurar a perma-nente evolução da AAAe e firmar-se como centro de excelência noSistema de Ensino do Exército Brasileiro.

70anos EsACosAAe 17

Nesta breve entrevista, o Exmo Sr Gen Div UlissesLisboa Perazzo Lannes, Ex-Cmt da EsACosAAe eatual Vice-Chefe do DEP, brinda-nos com suavisão de profundo conhecedor da especialidadeda arma de Mallet.

Q

Cap Porto Alegreentrevistando o Gen Lannes

E

Page 18: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

18 EsACosAAe 70anos

As HE não serão objeto de análisenesse artigo por razões de segurança;porém, o estudo da história recente nosconduz a algumas conclusões, corrobo-radas pelos investimentos da pesquisa eprojetos de natureza militar nas princi-pais potências mundiais:

- crescente emprego de artefatos não-tripulados em substituição ao elemento

dissuadir:do latim dissuadere.tirar de um propósito;despersuadir;desaconselhar;desistir, despersuadir-se.

estratégia presente da força terrestre oemprego da dissuasão como forma depreservar a eclosão de conflitos mediante

a visualização, pelo possível adversário, decustos proibitivos ou desaconselháveis aoempreender uma ação militar.Tal estratégia, precisa e correta em sua finalidadenecessita, todavia, ser operacionalizada diantedos cenários possíveis e/ou previstos, sob penade estarmos estabelecendo doutrinas em

humano, notadamente na ameaça aeroes-pacial; é fato notório não existir, hoje, ne-nhum projeto de aeronave tripulada, doporte de um caça, nas pranchetas dos pro-jetistas destes países;

- aumento no emprego de muniçõesde precisão;

- modernização dos meios anfíbios, vi-sando uma maior capacidade de projetar

poder sobre terra, necessária em operaçõesde intervenção, quer por razões militares,quer humanitárias.

- maior capacidade de projeção de gran-des unidades, valor brigada ou mesmo divi-são, pela estruturação de forças mais leves,porém dotadas de elevado poder de comba-te, capazes de serem aprestadas e transpor-tadas com maior rapidez e eficiência.

descompasso com nossas necessidades futuras.A tríade doutrinária, emprego (cenário),organização (meios, pessoal, articulação) epreparo (ensino e instrução) deve, portanto,atender àquelas necessidades, constantes dashipóteses de emprego (HE) estabelecidas.qualquer outra abordagem irá conduzir a umcasuísmo desastroso, ainda mais consideradauma realidade de escassez de recursos para oaparelhamento e adestramento.

Cenários 2005-2025

É

Page 19: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 19

Retornando à tríade doutrinária em-prego-organização-preparo, podemosobservar que a atual reestruturação daforça terrestre contempla aspectos favo-ráveis á dissuasão de adversários futuros.destaca-se a nova articulação de elemen-tos blindados ao sul, a prioridade na or-ganização de forças de ação rápida estra-tégicas (FARE) e do posicionamento deunidades, grandes unidades e grandescomandos na área amazônica; todavia, oretorno à análise dos cenários possíveisnos sugere a necessidade de comple-mentarmos nosso nível dissuasório me-diante o acréscimo ou incremento dasseguintes capacidades:

- atuar na defesa aeroespacial, querno teatro de operações (TO), quer naalocação de meios ao COMDABRA; paratal faz-se necessária a adoção de umadoutrina de emprego dual para a arti-lharia antiaérea (AAAe), dando-lhe amodularidade necessária para ser orga-nizada para o combate de acordo coma demanda do cenário enfrentado. As-sim, as OM de AAAe seriam capazes, porsua organização e adestramento, deatuar em proveito de quaisquer órgãos,tropas, áreas ou instalações onde se fi-zer prioritária sua presença. Estudosconduzidos pela EsACosAAe indicam anecessidade de, pelo menos, 02 (dois)comandos de brigada de AAAe, secun-dados por 07 (sete) grupos e (09) novebaterias orgânicas de brigada (estas, dasbrigadas da FARE, blindadas e de selva).A estrutura apresentada, corretamen-te equipada, articulada e adestradapermitiria atender, com economia e

Qual modelo de dissuasão seguir?

enorme flexibilidade de emprego, asameaças presentes e futuras.

- do outro lado do espectro, aameaça ao litoral, uma parcela da for-ça terrestre deveria ter adestrado oseu emprego neste cenário. Conside-rando um comando de divisão de exér-cito (DE) como seu embrião, a arti-lharia divisionária (AD) orgãnica. De-veria, também, possuir os meios ne-cessários a atuar de modo dual, ter-ra-terra ou terra-mar, conferindo-lhea adequada capacidade de dissuasãocombinada com flexibilidade de em-prego e economia de meios. Apenascom exemplo, uma bateria de mísseisde emprego dual, de modelo adequa-do, permite atuar em uma frente deaté 600km de litoral, a mais de 200kmde alcance sobre o mar, tudo isso con-centrado em unidades de tiro inde-pendentes, extremamente fáceis deocultar, criando uma problemática dedifícil solução ao adversário.

ConclusãoDo exposto nesta breve análise pode-

mos inferir que a evolução da Força Ter-restre caminha em boa direção. Cabemapenas alguns necessários ajustes paraque o investimento dos recursos existen-tes seja cuidadosamente direcionadopara os meios que, ainda que de maiorcusto de aquisição, devolvam o valor in-vestido com o desejado lucro no nossonível de dissuasão. O investimento qua-litativo mostra-se, em nossos dias, infi-nitamente superior ao quantitativo.

Da l istagem acima é l íc itodepreender que a dissuasão necessáriaao espectro de ameaças futuras deveconsiderar doutrinas que conduzam àdissuasão voltada para as novas capa-cidades de um provável adversário. Taldissuasão não é baseada apenas em res-postas diretas a cada ameaça, mas tam-bém através de doutrinas que explo-rem as vulnerabilidades do oponente,obrigando-o a retirar-se do territórioocupado, diante de um resultadoinconclusivo e pressionado por baixascrescentes, custos de manutenção ele-vados e opinião pública desfavorável.

Ainda assim, a dissuasão pretendi-da não poderá limitar-se à mera aceita-ção de um combate assimétrico, pois ainexistência de óbices às operações doadversário irá encorajar a ação bélica,pela simples facilidade de executá-la. Éimportante possuir meios que, mesmode maior sofisticação tecnológica pos-sam, por sua presença, criar um proble-ma de difícil solução para o oponente,seja na execução da ação militar, sejana sua manutenção.

Retornando à breve lista apresen-tada anteriormente podemos afirmarque há a necessidade de obter-se umamaior capacidade de atuação contra aameaça aeroespacial, pois esta assume,a cada dia, papel cada vez mais impor-tante no cenário das crises e conflitos.O Brasil possui uma base para assentartal capacidade, pela existência do Co-mando de Defesa Aeroespacial Brasilei-ro (COMDABRA) que, com a implanta-ção do SIVAM, passou a cobrir umaimensa base física, representada peloterritório brasileiro.

Por outro lado, estamos debruçadossobre mais de 8.000km de litoral, por ondecircula mais de 90% do nosso comércioexterior, de onde extraímos a maior partede nossa matriz energética de petróleo,em uma faixa onde estão concentradasas principais cidades e recursos do país. éuma verdadeira “Amazônia Azul”,patrimônio assaz importante e desconhe-cido em seus reais recursos.

O Ten Cel Art Fernando José Soares da Cunha Mattosé Comandante da Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea.Possui os cursos militares de: Formação de Oficiais deArtilharia da AMAN (1982), Especialização em Artilharia deCosta e Antiaérea para Oficiais da EsACosAAe (1986),Aperfeiçoamento de Oficiais da EsAO (1992) e Comando eEstado-Maior da ECEME (1998).

E

Page 20: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

20 EsACosAAe 70anos

foco deste artigo está basicamente apoiado nosaspectos relevantes da “Doutrina Delta”. Tal enfoquejustifica-se pela grande importância do assunto defesa

do litoral na referida doutrina de emprego da Força Terrestre.Isto pode ser explicado por uma rápida verificação das possíveisameaças ao nosso litoral, dentro de cada doutrina:

Considerando-se, na doutrina DELTA, um inimigo capaz deempregar uma unidade anfíbia valor Força Tarefa/Batalhão deFuzileios Navais (FT/Btl Fuz Nav), provavelmente poderíamosesperar uma incursão anfíbia, como a mais provável dentreas operações anfíbias contra o nosso litoral. Soma-se a isso, éclaro, a grande extensão litorânea do País com suas regiõesmais importantes apoiadas justamente sobre o litoral;

Na doutrina GAMA-C, poderemos considerar a defesa dehidrovias interiores no contexto da extensa região amazônica.

Defesa do litoral

No entanto, as próprias características morfoclimáticas da áreadificultam sobremaneira as operações anfíbias nessashidrovias;

Já na doutrina GAMA-R, a defesa de hidrovias interiores ficariapraticamente inviabilizada, tendo em vista que, contra uminimigo incontestavelmente superior, se não bastassem asdificuldades naturais da região, provavelmente nãoconseguiríamos posicionar nossos equipamento sem sermosalvejados pela Força Aérea inimiga que, em princípio, detém asupremacia aérea.

Isto posto, consideraremos como provável, dentro da doutrinaDELTA, a realização de operações anfíbias em nosso território, noTOT apoiado em litoral, particularmente na ZA, com o objetivo deinterromper o fluxo logístico e/ou neutralizar um portoimportante, ou ainda em ponto de interesse estratégico na ZI.

Nas IP 31-10 Operações Contra Desem-barque Anfíbios, defesa do litoral tem aseguinte definição:

“a defesa do litoral é um conjunto deações marítimas, terrestre e áreas que ob-jetiva impedir o inimigo a utilizar a áreamarítima adjacente ao litoral ou projeteseu poder sobre terra, tudo visando a ga-rantir a integridade da faixa terrestre con-tígua ao mar”.

Para otimizar a defesa, é comum seestabelecer áreas costeiras sensíveis, que

contenham portos, áreas marítimas res-tritas ou instalações importantes, como porexemplo aeródromos. Cabe ressaltar que oconceito de defesa de área costeira sensí-vel está contido na defesa do litoral, há noentanto, neste último, maior capacidadede engajar o inimigo o mais longe possívelpara a efetiva capacidade de controlar áreamarítima.

Tendo em vista a grande permea-bilidade do mar e a externa faixa litorâneado país, é provável a ocorrência de opera-

ções anfíbias, num aspecto de guerra con-vencional, mesmo havendo controle daárea marítima adjacente ao litoral. Taiscondições exigirão a atuação conjunta oucombinada das Forças do Teatro de guerrae a participação efetiva, no que diz respei-to a Força Terrestre, da artilharia. Ao men-cionar artilharia, refiro-me a todo e qual-quer meio de apoio de fogo que possa serempregado contra as Op Anf, mesmo aque-les não especializados em alvos navais,como veremos a seguir.

O

Page 21: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 21

Emprego da artilhariana defesa do litoral

Na defesa do litoral, a artilharia, paraser efetiva, deverá ter condições de operarseus subsistemas tanto para emprego con-tra alvos navais, como nas missões tradici-onais de apoio de fogo terrestre.

A linha anterior da área de defesa avan-çada (LAADA) apoiada na linha do litoralimpõe a adoção de uma defesa em posição,sendo a defesa móvel e de área as formasde manobra usuais. No entanto, em funçãoda grande extensão do litoral e da incertezasobre o local de desembarque, o estabeleci-mento de um dispositivo de expectativapode ser crucial para o emprego dos meiosna hora e local mais importantes.

A artilharia dotada de mísseis, foguetes(LMF), obuseiros e canhões ocupa as posi-ção de tiro selecionadas mais à frente, coma finalidade de bater a Força-Tarefa Anfíbia(ForTarAnf) inimiga quando esta ingressarem sua faixa de alcance. Dessa forma, o ini-migo será batido desde o mais longe possí-vel, tendo sua aproximação dificultada.

Com o prosseguimento da ForTarAnfinimiga em direção à praia de desembar-que, todos os meios de apoio de fogo dispo-níveis devem realizar uma intensificaçãode fogos na área do transbordo da tropa edurante o movimento navio-terra(MNT).

Os subsistemasde artilharia na defesa

do litoralBusca de alvos

É fundamental a obtenção de dados econhecimentos sobre a situação do inimigoem todas as etapas do combate. A artilhariadeve atuar integrada e valer-se de todos osmeios orgânicos de busca de alvos (visual,radares e sensores) existentes na busca dedados que possibilitem desencadear fogosprecisos nas embarcações inimigas e nasposições e órgãos desembarcados na cabe-ça de praia(C Pra).

TopografiaPara os alvos em terra, desde que o tem-

po disponível o permita, realiza-se o levan-tamento topográfico buscando-se a máxi-ma precisão. Para os alvos no mar, é im-prescindível o emprego de equipamentos

eletrônicos de localização, como o radar devigilância terrestre da seção radar da Arti-lharia Divisionária(AD) que, normalmentetem condições técnicas de ser empregadono mar, o telêmetro laser para obtenção dadistância e o goniômetro-bússula (GB) paraleitura de ângulos. A utilização desses equi-pamentos permite rapidez e precisão dosfogos tipo eficácia.

ComunicaçõesPredomina o emprego do sistema rádio.

Deve ser integrado a rede da AAe e dasforças singulares para possibilitar a coor-denação. O sistema fio pode ser empregadoquando houver tempo suficiente e nos pe-ríodos que antecedem os fogos defensivos.

Direção e coordenaçãode apoio de fogo

1) Os postos de observação fariam asvezes das estações de levantamento, ali-mentando a central de tiro com ângulos edistâncias para o alvo naval. Tais elemen-tos são fundamentais para a obtenção doponto predito e a respectiva obtenção doselementos de tiro. Em razão da fugacidadedos alvos navais, serão distribuídos setorespara as baterias que utilizarão suas res-pectivas centrais de tiro para o cálculo doselementos de tiro

2) O planejamento deve ser o mais de-talhado possível e integrado aos demaisapoios e forças participantes da operação.

3) A coordenação é fundamental parapermitir a sincronização visando a concen-tração de todo o apoio de fogo disponívelnos locais e momentos decisivos.

4) Para a coordenação, faz-se necessá-rio o estabelecimento de ligação, desde omais cedo possível, do CCAF/Bda ou ECAF/DE (dependendo do escalão que estiver atu-ando), com o Centro de Operações da Arti-lharia (COA), ou seja, a Central de Tiro de

um GAC ou o COT/AD e também a ligaçãocom o órgão/elemento alocado ao Sistemade Defesa Aeroespacial Brasileiro(SISDABRA) ou Sistema de Controle Aéreodo Teatro (SCAT).

5) As medidas de coordenação de fogosmais utilizadas são a linha de segurança deapoio de artilharia (LSAA), a linha de defesade artilharia de costa (LDAC), o corredor desegurança marítimo, a área costeira de fogolivre(ACFL), a área costeira de fogoproibido(ACFP), o espaço aéreo restrito(EAR),o estado de ação e o estado de alerta.

O Cap Art Carlos Braga Durans é Instrutor da Seção de Empre-go Tático da Escola de Artilharia de Costa e Antiaérea. Possui oscursos militares de: Formação de Oficiais de Artilharia da AMAN(1991), Especialização em Artilharia de Costa e Antiaérea paraOficiais da EsACosAAe (1994), Aperfeiçoamento de Oficiais daEsAO (1999) e Expedito de Apoio de Fogo Naval da MB (2002).

ConclusãoAtualmente, a defesa do litoral é reali-

zada em sua plenitude por um esforço con-junto entre as forças singulares, impondo,assim, ações coordenadas e grandeintegração, particularmente nas ações decomando e controle.

Para levar a cabo sua missão, a Artilha-ria de Campanha, principal atuador do sis-tema operacional Apoio de Fogo, deveflexibilizar seus sistemas com a finalidadede cumprir seu emprego dual, atuando con-tra alvos terrestres e navais. Para isso, seuspostos de observação devem ser tambémestações de levantamento; sua central detiro de bateria além de locar alvos terres-tres deve também calcular o ponto preditopara o tiro contra alvos navais; a central detiro de grupo deve atuar como centro deoperações, controlando as baterias de tiro,estabelecendo e difundindo medidas de co-ordenação e sendo o elo de ligação com asoutras forças envolvidas na defesa.

A grande faixa litorânea do país, as-sociada à conseqüente dificuldade emdefendê-la, aponta para soluçõesecléticas, dando grande versatilidade aoemprego da artilharia e ratificando suapresença nos diversos teatros de opera-ções do território nacional. E

Page 22: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

22 EsACosAAe 70anos

s primeiros experimentos com suces-so no lançamento de mísseis balís-ticos datam de 1937 com os alemães.

No final da II Guerra Mundial, a Alemanhautilizou esta arma em escala maciça pormeio de ataques a objetivos civis em cida-des da França e Inglaterra (Política da Coer-ção Terror), e também em alvos estratégi-cos como o Porto de Antuérpia. Em 9 deabril de 1940, o cruzador pesado Blücher,que liderava o 5º Grupo alemão na invasãoda Noruega, foi impedido de prosseguir de-vido às salvas de artilharia de baterias de280mm montadas no extremo do Fiord Oslo.

Os mísseis antinavio foram efetiva-mente empregados em combate pelaprimeira vez em 21 de Outubro de 1967 nosconflitos que precederam a chamadaGuerra dos Seis Dias entre árabes eisraelenses, quando uma lancha lança-mísseis egípcia da classe Osa, russa, disparouum míssil SS-2-N Styx, atingindo ocontratorpedeiro israelense Eliat,afundando-o na Baía de Haifa.

Um míssil não surge de repente, do “diapara a noite”, como uma panacéia ao com-bate do momento e sim nasce de uma onda

de projetos. Equipes de es-pecialistas prevêem cenári-os em horizontes vinte anosà frente, gerentes e enge-nheiros das diversas indús-trias bélicas profetizam ofuturo. Um míssil dispendeem média dez anos para tor-nar-se operacional desdesua criação, até seu teste dehomologação.

Se pararmos para ana-lisar a história dos mísseisno mundo, poderemos ve-rificar que o surgimentodesses notáveis engenhosocorre em épocas distintas de acordo comas suas características: nos anos 50, pós-guerra, surgiam os mísseis anticarros“Command to Line of Sight” (CLOS), coman-dados por linha de visada, como o Cobra eEntac; nos anos compreendidos entre 1967e 1982 nascia a semente dos mísseisantinavio (Harpoon, Otomat, etc), assuntoem pauta neste artigo; e após os anos 80foram sendo imputados os diversos “up gra-des” que a tecnologia conjuntural,

inexoravelmente, proporciona, tais como:utilização de fibra ótica nos sistemas deguiamento, aumento da capacidade dos“boosters” influenciando diretamente noalcance, dentre outros.

Neste artigo pretende-se apresentar, emlinhas gerais, as principais característicasde alguns mísseis antinavio utilizados pordiferentes países, bem como a nova men-talidade de seu emprego, em combate, nocampo de batalha moderno.

Msl RBS 17

O

Page 23: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 23

O Brasil já produz um tipo de míssilar-ar e caminha para a conclusão de doisoutros sistemas (anticarro e antira-diação). Felizmente, já existem estudosdirecionados para a produção de mísseisantinavios, os quais dotam atualmentealgumas belonaves da FFE (Força de Fu-zileiros da Esquadra) e aeronaves de asarotativa da FAeNav (Força Aeronaval)ambas, da Marinha do Brasil.

Tendências atuaisOs mísseis antinavio foram idealiza-

dos, em uma primeira instância, para se-rem lançados de belonaves contra alvosnavais, todavia o avanço tecnológico nasua utilização vem modificando seu focode missões, tradicionalmente desenvol-vidas em “águas azuis”, para outras comoáreas terrestres adjacentes ao litoral ounão, caracterizando assim, o emprego dualdestas armas. Esses mísseis já foram uti-lizados inicialmente contra alvos em ter-ra pela Índia ao atacar bases navaispaquistanesas com mísseis STYX em 1973;pelo Iraque, com o uso de mísseis EXOCET

contra instalações de armazenamento de

O míssil SS (superfície-superfície)MM-40 Exocet compõe o sistema de ar-mas das Fragatas Classe Niterói e dasCorvetas Classe Inhaúma, enquanto omíssil SS MM-38 Exocet dota o sistemade armas das F ragatas C lasseGreenhalgh. Já os helicópteros Sea King(SH-3 A/B) e Super Lynx (AH-11A) po-dem ser configurados para missões dotipo ASuW com o míssil AS (ar-superfí-

MÍSSEIS ANTINAVIO NO MUNDOO quadro abaixo apresenta diversas

características de alguns dos mísseis antinavios em operação no mundo.

óleo iranianos situados próximas ao lito-ral durante a Guerra do Golfo (1980-88); emais recentemente, em 2003, contra al-vos terrestres no Kwait, onde nenhum doscinco mísseis lançados foram intercepta-dos pelas defesas dos EUA.

Caracteristicas geraisdos Misseis dos

AntinavioOs mísseis antinavio são capazes de

selecionar um alvo em águas congestio-nadas; detectar e atingir uma belonaveao redor de ilhas, posicionada contra acosta ou parada em um porto; bem como

atacar alvos em terra, tais como: unida-des de tiro de mísseis costeiras e antiaé-reas, estações de radar, complexos indus-triais, áreas portuárias e bases aéreas. Oseu emprego no litoral portanto, abrangetoda a cabeça de praia bem como a áreaterrestre adjacente.

Os mísseis se valem de velocidadeselevadas, furtividade (tecnologia Stelth)e agilidade para iludir as defesas inimi-gas. São características conflitantes, poisum míssil ao buscar a manobrabilidade ea velocidade elevada provavelmente terádificuldade em voar muito baixo e ser fur-tivo, uma vez que uma velocidade maiordificulta a furtividade, devido aos requisi-

cie) AM-39 Exocet. Os Submarinos daClasse Tupi embora não possuam aindanenhum tipo de míssil em sua dotaçãotêm a capacidade de executar o lança-mento dos mesmos, como o míssil US(submarino-superfície) Sub-Harpoon.Os mísseis Exocet não necessitam demanutenção a bordo. Sua manutençãode 2° e 3° escalões são executadas porórgão competente desta Força.

(1)

DESENVOLVIMENTOSituação dos Misseis Antinavio no Brasil

4,35m

Mísseis AlcanceMáximo

RBS 17

Origem Peso Comprimento Guiamento Velocidade

Russo-indiana

França

EUA

Israel

Noruega

Itália

Suécia

Suécia 48,3Kg

BRAHMOS

EXOCET MM40Block 3

HARPOON Agm-84h

GABRIEL MK3

NSM

OTOMAT MK2

RBS 15

3000Kg

1260Kg

690,8Kg

560Kg

412Kg

770Kg

80Kg

8,10m

6,20m

4,60m

3,75m

3,95m

4,50m

1,63m

Inercial / Atração RadarAtiva e Passiva

Inercial / Atração Radar Ativa

Inercial / Atração Ativa

Atração Radar Ativa/Direção Comandada/Guiamento optrônico

Inercial / Atração Passivapor Infravermelho

Inercial / Atração RadarAtiva e Passiva

Inercial / Atração Radar Ativa

Atração Semi Ativa por Laser

2.8 Mach

0.9 Mach

0.85 Mach

1 Mach

Próximade 1 Mach

0.9 Mach

0.9 Mach

No Máximo1 Mach

300Km

180Km

280Km

37Km

150Km

160Km

200Km

8Km

Page 24: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

24 EsACosAAe 70anos

tos aerodinâmicos e o aumento da assina-tura térmica.

A velocidade subsônica se torna impor-tante nos instantes que antecedem o im-pacto porque propicia mais tempo para abusca de alvos. O vôo nesse período requermuitas vezes o contorno de ilhas e sobrevôode terrenos irregulares que é facilitado atra-vés da manobrabilidade. Os mísseis super-sônicos em geral são caros, maiores e me-lhores empregados em mar aberto.

A manobrabilidade é usada para paramascarar a real posição da plataformalançadora, permitir o ataque sincroniza-do de várias unidades de tiro e realizarmanobras de reataque buscando iludir asdefesas inimigas.

Além da velocidade e manobrabilidade,a existência de recursos de MPE (Medidas deProteção Eletrônicas) no sistema deguiamento dos mísseis tais como: “Off-set”(ângulo obtuso); “Fild Of Vision- FOV” (cam-po de visão) e discriminação espectral, con-tribui sobremaneira para a performance dosdiversos mísseis antinavio no cumprimentode seus objetivos.

ConclusãoComo pudemos constatar, os mísseis

antinavio tornaram-se armas imprescindí-veis para uma força, não só nos teatros deoperações marítimos como também emoutros ambientes de combate ao longo dostempos. Vários países, principalmente os quepossuem litoral em sua configuração geo-gráfica, possuem ou almejam a aquisiçãodestes equipamentos.

O Brasil é uma das nações que mais seadequa à utilização de mísseis antinavio. Aadoção de um sistema de defesa do litoraleficiente e moderno, que ofereça ampla co-bertura ao seu litoral de 9.198 Km de ex-

tensão é irretorquível, isso sem analisar osaspectos político-estratégicos nacionais.

“A extensão da costa brasileira e a cor-respondente Zona Econômica Exclusiva(ZEE), onde o Brasil tem direito de explora-ção de todas as riquezas vivas e não vivas

do solo e subsolomarinhos, constituiuma vulnerabilidadeestratégica que nãopode deixar de serlevada em conside-ração pelos respon-sáveis pelos proble-mas de segurançado País.”(2)

Alguns peritosem conflitos inter-nacionais e reno-mados fabricantes dearmas defendem ateoria de que são

necessários dois mísseis antinavio, no mí-nimo, para que se cause efeitos deneutralização satisfatórios em umabelonave inimiga e, ainda, que a conjuga-ção de mísseis e artilharia de saturação deárea seria bastante efetiva(3). Indubita-

velmente, quanto mais recursos deHardkill (mísseis, canhões e foguetes) umatropa puder empregar, maior será o seupoder de fogo e melhor será seu desem-penho em combate.

A cada dia que passa o avançotecnológico se torna mais surpreendente.Cientistas, engenheiros, enfim, especialis-tas na arte da criação e desenvolvimentodos diversos sistemas de defesa no mun-do superam seus limites a todo o momen-to. As armas vão adquirindo performancesnunca imaginadas, tornando as guerrasvindouras e o futuro do planeta uma gran-de incógnita.

Msl BrahMos

Msl Exocet MM40

O 1° Ten Art David Vieira de Matos Junior é Instrutor daSeção de Artilharia de Costa da Escola de Artilharia de Costa eAntiaérea. Possui os cursos militares de: Formação de Oficiaisde Artilharia da AMAN (1999) e Especialização em Artilharia deCosta e Antiaérea para Oficiais da EsACosAAe (2002).

1. Na Marinha do Brasil o órgão responsá-vel pela manutenção dos mísseis Exocet é oCentro de Mísseis e Armas Submarinas da Ma-rinha (CMASM), localizado na Ilha das Flores,Rio de Janeiro/RJ.

2. Revista Tecnologia & Defesa, Mar-Abr/2004.

3. Em 2000, a 1ª Bda AAAe mobiliou e ope-rou, com sucesso, um Grupo de Artilharia deLançadores Múltiplos de Foguetes (GA LMF) demanobra, por ocasião da Operação Leão, naregião de Marataízes, litoral capixaba. E

Page 25: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 25

Pela participação ativa da EsACosAAe juntoà Força Aérea Brasileira, o Presidente doConselho da Ordem do Mérito Aeronáutico,Ten Brig.-do-Ar Júlio Cesar Moreira lima,Ministro da Aeronáutica, expediu diplomaem cujo texto o Presidente da RepúblicaFederativa do Brasil, Grã-mestre destaOrdem, houve por bem conceder aoestandarte da Escola a insígnia da Ordem.

Realizada em 21 de outubro de 1988, naBase Aérea de Brasília, o Exmo Sr Presiden-te da República em Exercício consolida aInsígnia da Ordem do Mérito Aeronáutico.

Cerimônia realizada em 25 deagosto de 1958, no Campo de São

Cristóvão, por ocasião da entrega daInsígnia da Ordem do Mérito Militar à

Escola de Artilharia de Costa.

70anos EsACosAAe 25

Page 26: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

26 EsACosAAe 70anos

1942Canhões de artilharia de costa Vickers

Armstrong, de 152.4mm, defendem a Ilha deFernando de Noronha contra os alemães, na

Segunda Guerra Mundial.

1915Primeiras adaptações de armamentoterrestre para emprego antiaéreo, com osurgimento do avião em combate, naPrimeira Guerra Mundial.

1945Artilharia antiaérea do I Exército dos EUAdefende a ponte de Remagem, única passagemcontínua sobre o Rio Reno, na Segunda GuerraMundial.

1982Artilharia antiaérea argentina defende, com

sucesso, a pista de pouso em Port Stanley, únicocanal de suprimento para o continente, na

Guerra das Malvinas.

26 EsACosAAe 70anos

Page 27: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia

70anos EsACosAAe 27

ARTILHARIA DE COSTA E ANTIAÉREA!SUA HISTÓRIA E TRADIÇÕESGRAVADAS SEMPRE EM NOSSO DISTINTIVOQUER NO COMBATE, QUER NA PAZ.

TEUS BRAVOS FORTES DA ESCOLA ALTANEIRA,QUANDO A CHAMADA DO RADAR SOAR,QUER NO FORTE, QUER NO CÉU A TRIUNFAR,NOSSOS MÍSSEIS E CANHÕES A DISPARAR.

ARTILHARIA DE COSTA E ANTIAÉREA!SOB ESTE CÉU, A TERRA E O MARDOS TEUS ALUNOS, INSTRUTORES, VIBRAÇÃOTODA GRANDEZA DE UMA NAÇÃO!PRA FRENTE! AVANTE COMPANHEIROS!A PÁTRIA TODOS DEFENDER.ESACOSAAE OS VENCEDORES A LUTAR,PREPARADOS PARA GUERRA ENFRENTAR.

TEUS BRAVOS FORTES DA ESCOLA ALTANEIRA,QUANDO A CHAMADA DO RADAR SOAR,QUER NO FORTE, QUER NO CÉU A TRIUNFARNOSSOS MÍSSEIS E CANHÕES A DISPARAR.

HURRA!

m Portaria nº 03-SGEx, de abril de 1990,a EsACosAAe teve aprovada a sua canção,

de autoria do Cel Art Nelson Roberto Bianco,Ex-Cmt, e 2º Sgt Mus Eugênio José Bernardino.

EE

Page 28: EDI˙ˆO COMEMORATIVA - JUL / 2004 - ÓRGˆO INFORMATIVO DA … · UU ma Escola que em suas origens combina modernidade e tradição, esta representada pela herança da Artilharia