editorial escritores neorrealistas. -...
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EDITORIAL
O Nº 3 do boletim da BE é todo ele dedicado aos nossos
escritores neorrealistas.
Comemora-se durante o ano de 2011 centenário do
nascimento de grandes vultos da literatura portuguesa: Afonso
Ribeiro, Manuel da Fonseca e Alves Redol. Todos eles escritores
neorrealistas.
Nenhum deles é vivo, mas deixaram-nos a sua obra e como diz
Camões ficaram imortais porque “por obras valerosas/ Se vão da lei
da Morte libertando”.
BOAS LEITURAS
Colheita de Café, de Cândido Portinari
NEORREALISMO
CONTEXTO HISTÓRICO E SOCIAL
Aparece nos anos 30 do século XX;
A corrente ideológica mais em voga era o
marxismo;
Os ideais socialistas/ comunistas estavam a
implementar-se na Europa – Rússia e na América
do Sul;
Dá-se a crise económica de 1929;
Inicia-se a 2ª Guerra Mundial em 1938 – 1945;
Aparecem, em alguns países da Europa poderes
totalitários, como é o caso de Portugal com o
Estado Novo e Salazar;
O neorrealismo surge neste contexto, e procura colocar a
arte ao serviço do homem, cujo protagonista é o
proletariado. A temática é a exploração, a verdade e a
justiça.
Caracteriza-se por estar do lado dos oprimidos, dos mais
fracos, dos explorados e dos que não têm voz.
Para os neorrealistas a arte em geral, e sobretudo a
literatura, deve servir para denunciar o que está mal e
servir para consciencializar o povo. Estes colocam de um
lado os grandes senhores das terras, os poderosos em
oposição aos trabalhadores e operários.
Um pouco por todo o mundo surgem figuras que defendem
esta ideia. Desde Zola, que fala do povo e do socialismo;
Gorki que defende os humildes e oprimidos; Hemingway e
Steinbeck que mais uma vez denunciam a exploração dos
trabalhadores; Jorge Amado que fala do sertão e da
pobreza que aí existe ou Graciliano Ramos, com a
exploração dos trabalhadores da cana do açúcar.
Não só na literatura esta corrente teve adeptos, mas
também no cinema, por exemplo em Itália; na pintura com
os movimentos artísticos da América do Sul inspirados nos
ideais comunistas e assim surge o muralismo mexicano,
com as obras de Orozco, Rivera e Siqueiros e a obra de
Portinari (murais, preocupação social: lavradores de café),
em Portugal com Vespeira ( Apertado pela Fome), Júlio
Pomar ( Farrapeira), entre outros.
Na literatura o tema mais frequente é o mundo rural. Para
os neorrealistas o que interessa é o homem que aí vive e o
seu sofrimento e não a descrição da paisagem idílica dos
clássicos. Procuram denunciar a miséria moral dos
proprietários, que vejam o mundo rural não como o
paraíso, mas sim falar dos sentimentos dos trabalhadores
rurais, das suas angústias e das suas tristezas. O espaço
rural não é só o espaço físico, a paisagem é, também, o
espaço social. O que fica da ficção rural neorrealista é a
visão crua da pobreza, da fome, da carência, da angústia,
da revolta, da opressão, da prepotência, tudo o que
representa um país pobre e carenciado.
Quando o espaço é o citadino é também o operário fabril, o
abandono das crianças e a sua exploração que está
representada.
Os neorrealistas desenvolveram mais a prosa: contos e
romances em que procuram relatar a realidade tal como
era, por isso utilizam uma linguagem objetiva, sem
artificialismo, para que fosse melhor compreendida pelo
povo, porque esta é do povo e para o povo.
Quanto à poética esta rompe com todo o formalismo, e
procura denunciar, sem que a sua expressão linguista seja
um obstáculo.
NEORREALISMO em Portugal:
Surge depois da crise económica de 1929 e está associada à
resistência democrática ao Estado Novo e a Salazar.
Aponta-se o ano de 1940 como o aparecimento oficial do
neorrealismo na literatura, com a publicação da obra
GAIBÉUS de Alves Redol. Este, na sua obra, fala dos
trabalhadores rurais ribatejanos e durienses, dos
pescadores e avieiros explorados e miseráveis. Mas já antes
tinham surgido obras e escritores a versarem a temática do
neorrealismo, entre eles está Afonso Ribeiro, que fala da
guerra em “Sinfonia de Guerra”, ou da miséria e
degradação moral em “Aldeia”, “O Pão da Vida” que são
mais ou menos de 1938. T
temos ainda Manuel da Fonseca que retrata a vida do
Alentejo; Fernando Namora, Carlos de Oliveira, Soeiro
Pereira Gomes ou o poeta João José Cochofel e Mário
Dionísio e, até, Vergílio Ferreira, na sua 1ª fase de escritor.
Todos eles fazem uma crítica social à realidade viva e
humana da época.
Defendem uma arte de intervenção social e política, que
fale do povo e para o povo, como dizia Avelino Cunhal.
«POVO: gente que trabalha, gente que luta também.
POVO: miséria, desamparo, lágrimas, sofrimento.
POVO: camada social esmagada sob o peso de uma vida
amarga e injusta»
In POVO, Contos de Afonso Ribeiro
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Neorrealismo - Pintura
"O alvo da minha pintura é o sentimento. Para mim, a técnica é meramente um meio. Porém,
um meio indispensável." (Portinari)
Portinari foi um pintor muralista.
Painéis do mural guerra e paz de Portinari
Marcelino Vespeira foi um dos principais cultores do Neorrealismo na pintura portuguesa, de
1945 a 1957, seguindo por outros caminhos, em épocas posteriores. "
Apertado pela fome, 1945
Pintura Óleo sobre Tela
Os primeiros anos da obra de Júlio Pomar estão ligados, a partir de 1945, à afirmação do
movimento neorrealista e marcam a inicial especificidade deste no contexto europeu, até se lhe imporem as
pressões ideológicas próprias do início da Guerra Fria.
A Farrapeira de Júlio Pomar
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Afonso Adelino R. de Ribeiro,
1911, Moimenta da Beira-1993,
Cascais.
Autor pioneiro do movimento
neorrealista, Afonso Ribeiro
colaborou com publicações onde
este movimento estético se gerou
como Altitude e Sol Nascente. Este
papel de precursor desenvolveu-se
tanto na polémica contra
presencistas, nas páginas de
publicações como Sol Nascente,
como na recensão a romancistas
brasileiros cujo modelo narrativo
influenciaria a emergência da
prosa neorrealista, como ainda no
domínio da ficção, sendo os dois
últimos contos incluídos em Ilusão
da Morte (1938) considerados por
Alexandre Pinheiro Torres (O
Movimento Neorrealista em
Portugal na sua Primeira Fase,
Lisboa, 1977, p. 72) como uma das
primeiras realizações da nova
corrente. Professor primário em
zonas rurais, o contacto com as
desigualdades sociais e com as
carências das classes
desfavorecidas inspira uma prosa
atenta à verosimilhança da fala das
personagens, aos seus problemas e
escravidões.
Biografia
Afonso Ribeiro
Ilusão da Morte
(contos), Lisboa,
1938;
Plano Inclinado,
s/l, 1941;
Aldeia, Porto,
1943;
Trampolim
(romance), Porto,
1944;
Escada de Serviço
(romance,
primeiro volume
da trilogia Maria),
Porto, 1946;
Povo (romance),
Porto, 1947; O Pão
da Vida (romance)
(segundo volume
da trilogia Maria),
Lourenço
Marques, 1956;
O Caminho da
Agonia (terceiro
volume da trilogia
Maria), Lourenço
Marques, 1959;
Da Vida dos
Homens, Beira,
1963;
A Árvore e os
Frutos, Lisboa,
1986;
Três Setas
Apontadas ao
Futuro, Lourenço
Marques, 1959.
Bibliografia
Reclamando desde os seus
primeiros escritos a falsidade de
qualquer visão idílica sobre o
homem do campo, denuncia a
miséria moral de proprietários e
trabalhadores, proclamando a
necessidade de olhar para o
mundo rural com olhos diferentes
dos que tinham habituado o leitor
a ver na ficção campestre o
casticismo, a vida sadia ou a
sobrevivência de valores
decaídos: "Falar do homem do
campo, do trabalhador da terra e
esquecer as suas angústias
inconfessadas, os seus músculos
doridos, o seu olhar triste - da
tristeza horrível que nada aguarda,
nada! - parece-me feio embuste"
(Ribeiro, Afonso cit. in TORRES,
Alexandre Pinheiro - O
Movimento Neorrealista em
Portugal na sua Primeira Fase,
Lisboa, 1977, p. 73).
Marques, 1959.
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A Câmara Municipal de Moimenta da Beira quer republicar a obra (ou parte dela) do escritor Afonso Ribeiro,
um dos precursores do neorrealismo em Portugal, nascido há 100 anos no concelho (Vila da Rua). O desejo foi
expresso pelo presidente da autarquia, José Eduardo Ferreira, na cerimónia pública de homenagem ao autor de “Ilusão
na Morte”, cujo tributo maior decorreu na Escola Profissional Tecnológica e Agrária de Moimenta da Beira no dia do
centenário do seu nascimento, 7 de Janeiro.
O autarca, que pretende ainda dar o nome do escritor ao auditório da Biblioteca Municipal Aquilino Ribeiro e
criar na Vila da Rua um espaço dedicado ao neorrealismo, que emergiu em Portugal no fim dos anos 30 do século
passado, justifica a vontade na importância que Afonso Ribeiro teve no meio literário português como um dos
pioneiros daquela nova corrente literária onde se destacaram também Alves Redol, Manuel da Fonseca, Soeiro Pereira
Gomes, Fernando Namora, entre outros. “Ele é um dos nossos maiores e merece por isso ser reconhecido e
perpetuado”, fundamentou o presidente da autarquia.
Na casa onde Afonso Ribeiro nasceu, a 7 de Janeiro de 1911, em Vila da Rua, foi descerrada uma placa
evocativa na presença da filha, Lígia Ribeiro, e de outros familiares, e ainda de inúmeras pessoas, entre convidados e
população da aldeia.
O Agrupamento de Escolas de Moimenta da Beira e a Biblioteca Escolar não quiseram deixar de
participar na homenagem a Afonso Ribeiro que o concelho de Moimenta da Beira prestou a propósito do
centenário do seu nascimento. Essa homenagem decorreu nos dias 6 e 7 de Janeiro de 2011.
Também o museu do neorrealismo em Vila Franca de Xira, lhe prestou homenagem a 15 de Outubro,
numa sessão evocativa.
Dr. José Eduardo (Presidente da Câmara Municipal de Moimenta da Beira)
e
Lígia Ribeiro (Filha de Afonso Ribeiro)
http://cmmoimenta.dev.wiremaze.com/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=27594¬iciaId=34916&pastaNoticiasReqId=27575
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Obras:
Povo de Afonso Ribeiro
Editora: Ibérica
Local/Ano de Publicação: Porto- 1947
Paginação: 267 p.
Contos / Fábulas
Localização: Biblioteca Municipal Aquilino Ribeiro
Os “casos” que Afonso Ribeiro nos revela através das páginas deste livro, têm o
mérito de nos transportar às realidades de uma Vida que nem sempre apreciamos
com aquele sentido de observação que só temperamentos especiais, invulgarmente penetrantes, podem
captar. De um humanismo profundo, os contos estão escritos de maneira a fazer-nos sentir os sofrimentos e
a ansiedade dos seus personagens, produtos de uma amarga e miserável existência.
Escada de serviço de Afonso Ribeiro
Editora: Ibérica
Local/Ano de Publicação: Porto- 1957
Paginação: 471 p.
Romance
Localização: Biblioteca Municipal Aquilino Ribeiro
É um dos mais apreciáveis romances da literatura portuguesa contemporânea.
Revelando um profundo estudo dos carácteres humanos, a leitura de ESCADA DE
SERVIÇO proporciona o grande prazer espiritual de saborear-se um trabalho da mais intensa expressão
romanesca.
Aldeia de Afonso Ribeiro
Editora: Livraria Progredior
Local/Ano de Publicação: Porto- 1943
Paginação: 302 p
Romance
Localização: Biblioteca Municipal Aquilino Ribeiro
“A aldeia ergue-se no fundo de um vale. Vale pequeno. Também é a aldeia é
pequena: cinquenta e um fogos. Nem mais um.
As casas alinham-se ao longo da estrada de macadame. Além desta rua a aldeia
conta duas ruelas e um quelho. O quelho, de inverno, é coberto de mato.
No topo norte do povo fica a igreja há um largozito. (…).”
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Trampolim de Afonso Ribeiro
Editora: Livros horizonte
Local/Ano de Publicação: Lisboa- 1985
Paginação: 302 p
Romance
Localização: Biblioteca Municipal Aquilino Ribeiro
“ A dúvida é um terrível sentimento, bem sei que sim… Determinadas
circunstâncias existem, contudo, em que a certeza o é muito mais, ainda. Quando a certeza representa inapelável condenação pessoal, nada existe que
se lhe compare. Se pensarmos bem, a essência da dúvida é a própria esperança. De qualquer modo, a esperança cabe bem na dúvida. Na certeza, porém, não há lugar para mais nada. A possibilidade de duvidar, traduz por si mesma uma hipótese de salvação. Barrando o caminho à dúvida, foi como se antecipasse a hora do meu fim.” Afonso Ribeiro
A Árvore e os Frutos de Afonso Ribeiro
Editora: Livros Horizonte
Local/Ano de Publicação: Lisboa – 1986
Paginação: 157 p
Localização: Biblioteca Municipal Aquilino Ribeiro
Romance
Ao certo, porém, não sabia nada de concreto. Pelo pouco que o marido
dera a entender, tratar-se-ia de uma concessão de terras, um nunca mais
acabar de terras, das melhores ao sul de Lourenço Marques, destinadas
pelo que julgava ter percebido, a uma plantação de cana-de-açúcar,
criação de gado e não sabia mais quê. Mas a tal concessão envolveria o desalojamento de centenas
e centenas de famílias indígenas, ignorava quantas, das suas machambas, das suas palhotas, para
algures, não sabia onde, nem, pensava, ninguém sabia.
Isso naturalmente, ia, ou podia vir a degenerar num escândalo público.
Afonso Ribeiro in A ÁRVORE E OS FRUTOS
Nota: Apesar das obras, acima referidas, pertencerem à biblioteca Municipal estão disponíveis na biblioteca escolar.
9
BiografiaManuel Lopes Fonseca, mais conhecido como
Manuel da Fonseca foi um escritor (poeta, contista,
romancista e cronista) português e um dos principais
autores do Neorrealismo Português.
Manuel da Fonseca nasceu em 15 de Outubro
de 1911, em Santiago do Cacém. Aqui se manteve até
completar a instrução primária. Desde muito cedo, por
influência do pai, iniciou-se no mundo da leitura. Na
escola, cultivou a sua paixão pela escrita. A
continuação dos estudos levou-o a Lisboa onde
frequentou o colégio Vasco da Gama, o Liceu Camões e
a Escola Lusitânia e, mais tarde, a Escola de Belas
Artes. Na cidade de Lisboa dava longos passeios, a vida
nocturna fascinava-o. Encontrou os seus primeiros
empregos no comércio e na indústria. Apesar de muito
ocupado, encontrou tempo para o toureio e o desporto
- jogou futebol, interessou-se pela espada e florete
e chegou mesmo ganhar um campeonato de boxe. Em
1925 publicou num semanário de província os seus
primeiros versos e narrativas. Foi habitual colaborador
em revistas literárias, como O Pensamento, Vértice, Sol
Nascente e Seara Nova. Contestatário e observador por
natureza, a sua escrita era seguida de perto pela
censura.
Faleceu em 11 de Março de 1993, com 81 anos.
Ansiedade
Quero compor um poema
onde fremente
cante a vida
das florestas das águas e dos ventos.
Que o meu canto seja
no meio do temporal
uma chicotada de vento
que estremeça as estrelas
desfaça mitos
e rasgue nevoeiros — escancarando sóis!
Manuel da Fonseca, in "Poemas Dispersos"
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Obras:
Poesia
Rosa dos ventos – 1940 - Edição do autor
Planície – 1941
Poemas dispersos – 1958
Poemas completos – 1958
Obra poética
O Largo
Contos
O Retrato - 1953
Aldeia Nova – 1942
O Fogo e as cinzas – 1953 - Edição Três Abelhas
Um anjo no trapézio – 1968
Tempo de solidão – 1973
Tempo de solidão - Edição especial dos
Estúdios Cor (edição limitada e oferecida pela
editora no Natal de 1973).
Romance
Cerromaior – 1943 Editorial Inquérito
Seara de vento – 1958
Jornais e revistas onde colaborou
Afinidades
Árvore
Vértice
Altitude
O Diabo
O Diário
O Pensamento
Sol Nascente
Seara Nova
BiografiaAntónio Alves Redol nasceu em Vila Franca de
Xira no dia 29 de Dezembro de 1911 e faleceu em Lisboa
no dia 29 de Novembro de 1969. Filho de um
comerciante modesto, trabalhou como operário em
Angola durante alguns anos.
Quando regressou a Portugal em 1936, juntou-se
ao movimento que se opunha ao Estado Novo, tornando-
se militante do Partido Comunista. Dedica-se à ficção
tornando-se um dos principais romancistas de tendência
neorrealista.
Convive com escritores e artistas nacionais e
estrangeiros, tendo assumido o cargo de secretário-geral
da Secção Portuguesa do Pen Club, em 1947 e integrado,
em 1948, a delegação portuguesa que participou no
Congresso dos Intelectuais para a Paz, realizado na
Polónia.
Com o romance Horizonte Cerrado (escrito em
1949), o primeiro da série Port-Wine, é-lhe atribuído, o
Prémio Ricardo Malheiros, em1950.
A sua vasta produção literária integra ainda
peças teatrais, literatura infantil, contos, traduções e
estudos diversos. Alguns dos seus romances estão
traduzidos em várias línguas.
Alves Redol morreu em 1969.
“Não é difícil entender-se o que
escrevo e porque escrevo. E também para
quem escrevo.
Daí o apontarem-me como um
escritor comprometido. Nunca o neguei;
é verdade.
Mas também é verdade que todos os
escritores o são."
do livro " FANGA ", 7ª edição, pag 11
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Para finalizar a homenagem aos escritores/ poetas neorrealistas fica um poema de Manuel da Fonseca
Os olhos do poeta
O poeta tem olhos de água para refletirem todas as cores do mundo, e as formas e as proporções exatas, mesmo das coisas que os sábios desconhecem. Em seu olhar estão as distâncias sem mistério que há entre as estrelas, e estão as estrelas luzindo na penumbra dos bairros da miséria, com as silhuetas escuras dos meninos vadios esguedelhados ao vento. Em seu olhar estão as neves eternas dos Himalaias vencidos e as rugas maceradas das mães que perderam os filhos na luta entre as pátrias e o movimento ululante das cidades marítimas onde se falam todas as línguas da terra e o gesto desolado dos homens que voltam ao lar com as mãos vazias e calejadas e a luz do deserto incandescente e trémula, e os gestos dos pólos, brancos, brancos, e a sombra das pálpebras sobre o rosto das noivas que não noivaram e os tesouros dos oceanos desvendados maravilhando com contos-de-fada à hora da infância e os trapos negros das mulheres dos pescadores esvoaçando como bandeiras aflitas e correndo pela costa de mãos jogadas pró mar amaldiçoando a tempestade: - todas as cores, todas as formas do mundo se agitam e gritam nos olhos do poeta. Do seu olhar, que é um farol erguido no alto de um promontório, sai uma estrela voando nas trevas tocando de esperança o coração dos homens de todas as latitudes. E os dias claros, inundados de vida, perdem o brilho nos olhos do poeta
que escreve poemas de revolta com tinta de sol na noite de angústia que pesa no mundo.
Manuel da Fonseca, Poemas completos
A informação utilizada para elaborar este boletim foi retirada da : http://pt.wikipedia.org
http://www.cm-vfxira.pt/PageGen.aspx?WMCM_PaginaId=66462 – Museu do Neorrealismo em Vila Franca de Xira,
recomendamos uma visita ao site.
Dicionário de Literatura – Direção de Jacinto Prado Coelho, Editora Figueirinhas
Dicionário da Literatura Portuguesa - José Correia do Souto, Marujo Editora
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Concurso Nacional de Leitura 2011/12
Este concurso é promovido pelo Plano Nacional de Leitura e divide-se em 3 fases:
A 1ª fase é da responsabilidade da escola/ biblioteca escolar;
A 2ª fase é a fase Distrital, da responsabilidade de uma biblioteca Municipal do
distrito;
A 3ª fase é a nível nacional e é a equipa do PNL que organiza.
Existe um regulamento do concurso que pode ser consultado em:
http://www.planonacionaldeleitura.gov.pt/Concursos/upload/ficheiros/cnlregula2012.pdf
A 1ª Fase do Concurso Vai decorrer na Biblioteca Escolar no dia 15 de Dezembro.
Este ano lectivo o júri da 1ª Fase do Concurso Nacional de leitura seleccionou as seguintes obras:
SECUNDÁRIO:
A Escrava de Córdova (eBook e livro)
de Alberto S. Santos
Edição/reimpressão: 2011
Editor: Porto Editora
ISBN: 978-972-0-68008-2
Idioma: Português
Localização: Biblioteca Escolar (Sala Luís Veiga Leitão)
Conseguirá o amor vencer as barreiras da religião?
A Escrava de Córdova segue a vida de Ouroana, uma jovem cristã em demanda pela liberdade e pelo seu
lugar especial no mundo. Confrontada com as adversidades do tempo em que lhe foi concedido viver, e em
nome do coração, a jovem terá de questionar a educação, as convicções e a fé que sempre orientaram a sua
existência. Será, por entre a efervescência das mesquitas e o recato das igrejas graníticas da sua terra, que a
revelação por que tanto almeja a iluminará.
Uma história inolvidável de busca de felicidade que tem lugar nos séculos X-XI, numa época pouco tratada
pela Historiografia oficial e mesmo pela ficção romanceada. Um pretexto para uma brilhante explicação
sobre o caldo cultural e civilizacional celto - muçulmano dos actuais povos peninsulares e uma profunda
explanação sobre as origens, fundamentos e consequências da conflituosidade étnico-religiosa que hoje, tal
como no distante ano 1000, ainda grassa no mundo.
Alberto S. Santos, com rigor histórico e descrições impressivas, revela-nos a mentalidade, a geografia, o quotidiano
urbano, as concepções religiosas, a fremente História do dobrar do primeiro milénio, e, sobretudo, a intensidade
com que se vivia na terra onde, mais tarde, nasceram Espanha e Portugal. Dá-nos ainda a conhecer o ângulo mais
brilhante, mas também o mais duro e cruel, da civilização muçulmana do al-Andalus.
Prefaciado por José Rodrigues dos Santos e com revisão científica do arabista Rui Santos e do escritor Adalberto
Alves, especialista em cultura árabe.
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Tempo de solidão
De Manuel da Fonseca
ISBN: 9789722315708
Editora: Presença
Nr. de páginas: 111
Localização: Biblioteca Escolar (Sala Luís Veiga Leitão)
Ao analisarmos os contos de "Tempo de Solidão", vamos encontrar um Manuel da Fonseca
totalmente urbano, perdido no progresso rápido da tecnologia, inserido no dia a dia da
cidade e nas latitudes suburbanas ao redor dos grandes centros. Devemos analisar com a visão da mudança dos
tempos, pois o conto “Tempo de Solidão” foi editado pela primeira vez em 1969. Nele vamos encontrar a solidão de
um casal, separado pelo dia a dia, pelo trabalho na cidade. Os despojos do dia, os acessórios do quotidiano, a casa
no subúrbio, a creche do filho, o telefone, a secretária, os escritórios; enfim, um mundo de transição entre o fim do
regime salazarista e das mudanças contidas pré-1974.
3º CICLO:
Sexta-Feira ou a vida selvagem
De Michel Tournier
Edição: 2008
ISBN: 9789722315708
Editora: Presença
Nr. de páginas: 111
Localização: Biblioteca Escolar (Sala Luís Veiga Leitão)
Robinson não poderá nunca voltar ao mundo que deixou. Então, palmo a palmo, edifica o seu
pequeno reino. Tem uma casa, fortalezas para se defender e um criado, Sexta-Feira, que lhe é dedicado de alma e
coração. Tem mesmo um cão, que envelhece calmamente ao sol de Speranza. A ilha é um pequeno baluarte de
civilização e tudo parece ir pelo melhor. A verdade é que todos três se aborrecem. Sexta-Feira nada compreende da
organização, das leis, dos rituais que tanto agradam a Robinson. Escapa-lhe a razão de ser dos campos cultivados,
dos rebanhos, das fortalezas. Mas então dá-se um acontecimento inesperado… Esta obra é uma versão adaptada de
Vendredi ou Les Limbes du Pacifique, do mesmo autor....
Constantino guardador de vacas e de sonhos
De Alves Redol
ISBN: 9722105507
Editora: Caminho
Nr. de páginas: 116
Localização: Biblioteca Escolar (Sala Luís Veiga Leitão)
Com doze anos, o Constantino ainda não deitou corpo, mas lá esperteza não lhe falta. O pior
é a escola: gosta mais de andar aos peixes e aos pássaros. E acabou por apanhar uma raposa sem sequer ir à caça.
Enquanto guarda as vacas, o Constantino sonha é em ser serralheiro de navios e fazer um barco que o leve até
Lisboa. Amanhã mesmo deita mãos à obra.
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A equipa da Biblioteca Escolar deseja a todos os
participantes no Concurso Nacional de Leitura BOA SORTE e BOAS
LEITURAS.
Este boletim será publicado na página da internet da escola:
http://escolasmoimenta.pt/
Ficha Técnica:
Propriedade: Biblioteca Escolar do Agrupamento de Escolas de Moimenta da Beira, Rua
Dr. João Lima Gomes, nº3, 3620-360 Moimenta da Beira, Telef. 254520110, Fax:
254520118, E-mail: [email protected] e da biblioteca: [email protected] ; Edição-
Bibler Nº2; responsáveis: Equipa da BE e professora bibliotecária - Estela Almeida