educacao e tecnologia parcerias
TRANSCRIPT
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Organizadores
Giselle Martins dos Santos Ferreira Estrella DAlva Benaion Bohadana
Alberto Jos da Costa Tornaghi
Educao e tecnologia: parcerias
1 EDIO
UNIVERSIDADE ESTCIO DE S Rio de Janeiro 2012
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Dedos quase se tocam no teto da Capela Sistina Na gora, a Grcia se encontrava para conversar, trocar, informar... Como os antigos Trocamos, conversamos, Ensinamos e aprendemos A praa agora maior Vai daqui a todo canto. De todo canto at aqui. Bom para quem quer parcerias
A cincia no se ensina A cincia insemina A cincia em si Arnaldo-antunes in A cincia em si
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III
Universidade Estcio de S
Reitor
Paula Caleffi, DSc
Vice-Reitor de Graduao
Vincius da Silva Scarpi, DSc
Vice-Reitor de Administrao e Finanas
Ablio Gomes de Carvalho Junior, MSc
Vice-Reitor de Relaes Institucionais
Joo Luis Tenreiro Barroso, DSc
Vice-Reitor de Extenso, Cultura e Educao Continuada
Deonsio da Silva, DSc
Vice-Reitor de Ps-Graduao e Pesquisa
Luciano Vicente de Medeiros, PhD
Programa de Ps-Graduao em Educao PPGE-UNESA
Coordenadora
Profa. Dra. Alda Judith Alves-Mazzotti
Coordenadora Adjunta
Profa. Dra. Rita de Cssia Pereira Lima
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Programa de Ps-Graduao em Educao PPGE-UNESA
Linha de Pesquisas em Tecnologias de Informao e Comunicao em Processos Educacionais
TICPE
Alberto Jos da Costa TornaghiEstrella DAlva Benaion Bohadana
Giselle Martins dos Santos Ferreira (Coordenadora)Lcia Regina Goulart Vilarinho
Mrcio Silveira Lembruger
Conselho Cientfico
Andria Inamorato dos Santos (Mackenzie/DigiLearn)Christiana Soares de Freitas (UNB)Eliane Medeiros Borges (UAB/UFJF)
Eva Campos-Domnguez (Universidad de Valladolid)Janete Bolite Frant (UNIBAN)
Nelson De Luca Pretto (UFBA)Panagiota Alevizou (UKOU)
Programa de Ps-Graduao em Educao PPGE-UNESA Av. Presidente Vargas 642, 22 andar
Centro, Rio de Janeiro, RJCEP 20071-001
Telefones: (21) 2206-9741 / 2206-9743Fax: (21) 2206-9751
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Esta obra est sob licena Creative Commons Atribuio 2.5 (CC-By) Mais detalhes em http://www.creativecommons.org/licenses/by-nc-sa/2.5/br/ Voc pode copiar, distribuir, transmitir e remixar este livro, ou partes dele, desde que cite a fonte.
1 edio
Produzido por: Fbrica de Contedo / Estcio
Diretor da rea: Roberto Paes de Carvalho
Projeto grfico e capa: Paulo Vitor Bastos, Andr Lage e Thiago Amaral
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)
Educao e tecnologia: parcerias [livro eletrnico]/organizadores Giselle Martins dos Santos Ferreira, Estrella DAlva Benanion Bohadana e Alberto Jos da Costa Tornaghi.
Rio de Janeiro: Editora Universidade Estcio de S, 2012
2,11 Mb; PDF
ISBN 978-85-60923-04-5
1. Educao 2. Tecnologia educacional I. Ferreira, Giselle Martins dos Santos II. Bohadana, Estrella DAlva Benanion III. Tornaghi, Alberto Jos da Costa
Cludia Alcntara Tinco Furtado CDD 371.339445 CRB7- 4806 E24
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Avaliao do Conselho Cientfico
"Os artigos includos nesse e-book apresentam importantes reflexes sobre temas educacionais contemporneos voltados ao ensino e aprendizagem utilizando as TIC em contextos variados. So resultados de pesquisas contemplando discusses de tutoria online, material didtico, autoria coletiva, mediao e o papel do tutor como docente, e tambm sobre as prticas de produo colaborativa de conhecimento e contedo que o uso das tecnologias educacionais possibilita. O sculo XXI exige um novo olhar sobre as competncias necessrias para o exerccio da autoria online, sobre a riqueza da produo e o uso dos contedos das redes, bem como da necessidade do desenvolvimento do esprito colaborativo que caracteriza o ensino e aprendizagem online. Assim, a apresentao de pesquisas sobre tutoria online e o desenvolvimento do trabalho docente baseados nas novas configuraes dos espaos de aprendizagem que a web e as redes sociais permitem desenvolver bastante apropriada para o atual momento. A cibercultura e os currculos emergentes, o desenvolver do trabalho pedaggico a partir da compreenso dos diversos papis do docente e do discente no mundo virtual, a formao do pedagogo e a necessidade de currculos como instrumento de ao poltica tambm so temas abordados nesse e-book. Todos estes, sem exceo, constituem um conjunto de temas que levam reflexo sobre o papel das TIC no universo do educador e do estudante, e nos levam a refletir sobre sua relevncia no dia-a-dia educacional, seja ele presencial ou a distncia, do qual as TIC fazem parte de uma maneira bastante expressiva. A relevncia desse e-book est principalmente na pluralidade na qual o tema tecnologia educacional tratado. No se limitando apenas a um foco tecnolgico ou educacional, mas explorando suas inter-relaes e dilogos, frutos de pesquisa, o volume induz o pensamento crtico sobre como as prticas de ensino e aprendizagem podem ser informadas a partir de experincias, teorias e reflexes e, a partir disso, reconfiguradas nesse interessante espao social proporcionado pela web."
Profa. Dra. Andria Inamorato dos Santos Mackenzie/DigiLearn
Os artigos que compem o e-book Educao e Tecnologia: parcerias
trazem importantes questes para reflexo. A formao de professores para o uso das tecnologias da informao e comunicao, os resultados das prticas docentes e discentes em ambientes virtuais de aprendizagem e o significado da tutoria na educao a distncia so apenas alguns dos temas fundamentais suscitados a respeito da educao contempornea. A produo compartilhada de conhecimento, em ambientes colaborativos, representa tendncia atual apontada por diversos autores. Uma nova forma de produo e distribuio de informao tambm analisada a partir do momento em que so questionadas as formas de utilizao dos softwares sociais por jovens brasileiros. Vrios artigos desta obra
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revelam que a questo acerca de tantas inovaes constiturem ou no mecanismos que garantem, de fato, uma atuao significativa dos indivduos no processo de transformao social est, ainda, sem resposta. Vantagens e desvantagens so apontadas quando realizadas anlises sobre a introduo de tecnologias da informao e comunicao em diversos cursos no pas, estimulando, muitas vezes, a insero de minorias em ambientes que possuem tais recursos. Alm disso, o e-book reflete sobre questes que transcendem o ambiente das salas de aula e apontam os desafios lanados pelo contexto vivido nas sociedades contemporneas, como os novos padres de sociabilidade construdos e a necessidade de elaborao e implementao de polticas pblicas que realmente atendam s demandas atuais.
Profa. Dra. Christiana Soares de Freitas Departamento de Administrao e Gesto de Polticas Pblicas
Faculdade de Economia, Administrao e Cincias Contbeis Universidade de Brasilia - UnB
O e-book Educao e Tecnologia: parcerias uma iniciativa duplamente feliz da Linha de Pesquisas em Tecnologias de Informao e Comunicao nos Processos Educacionais do Programa de Ps-Graduao em Educao da Universidade Estcio de S. Por um lado, atende a uma demanda cada vez mais intensa quanto divulgao dos trabalhos acadmicos. uma pena que muitos trabalhos de qualidade, aps alguns anos de pesquisa, no tenham a merecida divulgao. Assim, a presente publicao um excelente meio para trazer ao pblico interessado as pesquisas elaboradas. Estimo que tal parceria entre orientadores e orientandos no fique neste primeiro nmero, mas venha a ter uma periodicidade anual. O outro aspecto da parceria entre educao e tecnologia tambm muito bem vinda. Educao a distncia e educao online so modalidades que vieram para ficar. Sua problematizao de fundamental importncia para a superao de posies extremadas que as rejeitam por princpio ou as louvam acriticamente. Nesse aspecto, o livro nos traz diversos relatos de pesquisas apresentando pontos positivos e negativos encontrados. Aborda alguns dos principais pontos em discusso nessa modalidade educacional: desde a mediao pedaggica (com o at hoje to relegado problema da tutoria) incluso digital, passando pelas redes sociais e seu apelo, sobretudo, ao pblico mais jovem. Outro ponto extremamente relevante diz respeito formao de professores na e para a educao a distncia.
Profa. Dra. Eliane Medeiros Borges Faculdade de Educao, Universidade Federal de Juiz de Fora.
Coordenadora do curso de Pedagogia a Distncia UAB/UFJF Lder do grupo de pesquisa Educao, Cultura e Comunicao EDUCCO
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El e-book Educao e Tecnologia: parcerias supone una enriquecedora aportacin a los estudios realizados, hasta la fecha, sobre la educacin en nuevos espacios comunicativos. A travs de trece artculos, esta publicacin ofrece un repaso completo por las cuestiones ms necesitadas de debate y reflexin en el campo de estudio. Es valiosa la combinacin de diferentes enfoques metodolgicos, mediante los cules se sealan cuestiones importantes para su investigacin. Es igual de destacable que abarque diferentes sujetos de estudio docentes y alumnos , as como tambin distintos campos de la docencia presencial, a distancia y virtual. Con todo ello, a travs de anlisis de experiencias concretas realizadas en Brasil, la publicacin supone una importante contribucin en el mbito internacional, en cuanto plantea cuestiones que necesariamente deben ser tenidas en cuenta en las polticas educativas nacionales e internacionales, tales como avanzar en la formacin de los docentes para poder adaptarse a estos nuevos contextos, o tambin disminuir la brecha digital entre aquellos sectores ms desprotegidos en este estudio se estudia, por ejemplo, la educacin en la tercera edad , sin olvidar que no se trata nicamente de dotar de terminales tecnolgicos, sino tambin de cualificar, tanto a docentes como a estudiantes, para que puedan realizar un buen uso de estas tecnologas. Es, tambin, importante la atencin que se presta en este trabajo, no slo a los agentes y a los mtodos docentes, sino a los materiales que nutren estos espacios formativos. En resumen, este completo estudio marca un punto de reflexin en los estudios de educacin y tecnologa, apuntando las cuestiones claves del nuevo escenario educativo y repasando los mtodos, agentes y herramientas a travs de experiencias, que permiten apuntar nuevas lneas de investigacin y reflexin en el mbito acadmico internacional.
O e-book Educao e Tecnologia: Parcerias uma enriquecedora
contribuio para os estudos sobre educao em novos espaos comunicativos, realizados at o momento. Valendo-se de 13 artigos, a publicao fornece uma viso ampla das questes que mais necessitam de discusso e reflexo nesse campo de estudo. Trata-se de uma valiosa combinao de diferentes abordagens metodolgicas, por meio das quais se identificam questes importantes para o universo da investigao. igualmente notvel a maneira como abarca os diferentes sujeitos de estudo docentes e alunos , assim como os distintos campos da docncia presencial, a distncia e virtual. Por meio da anlise de experincias concretas no Brasil, esta publicao se constitui numa importante contribuio para o cenrio internacional, pois prope questes que devem ser necessariamente consideradas nas polticas educacionais em mbitos nacional e internacional. Entre elas, a necessidade de avanar na formao de professores, visando adapt-los aos novos contextos, ou de reduzir a excluso digital entre os setores mais vulnerveis (discute-se, por exemplo, a educao para a terceira idade), sem esquecer que no se trata apenas de fornecer acesso s tecnologias, mas tambm de qualificar professores e alunos para que dela possam fazer bom uso. importante ressaltar que na publicao so valorizados no s os agentes
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e mtodos de ensino, mas os materiais que alimentam esses espaos de formao. Em resumo, este abrangente trabalho marca um momento de reflexo nos estudos de educao e de tecnologia, apontando as questes-chave do novo cenrio educacional, revisitando mtodos, ferramentas e agentes por meio de experincias que permitam indicar novas linhas de pesquisa e anlise no mbito acadmico internacional.
Profa. Dra. Eva Campos-Domnguez Universidad de Valladolid, Espanha
Este e-book, Tecnologia e educao: parcerias, aborda uma ampla gama de temas da rea. Os textos, resultantes de pesquisa de campo, refletem parte significativa da realidade que hoje temos na relao entre educao, tecnologias e mdias seja em instituies voltadas para a educao ou espaos informais. Das redes sociais formao de educadores, do cinema na formao de professores incluso digital na terceira idade, os textos so de interesse a quem pesquisa este tema. Ao apresentar-se como parceria entre educao e tecnologias, o livro se coloca em linha com a perspectiva de que a tecnologia mais do que uma ferramenta inerte: ela traz novas formas de fazer educao, prope e possibilita relaes antes impensveis, ou muito complexas e custosas, entre o saber e o aprender. O livro um convite parceria. Encontre nesta leitura parceiros com quem poder dialogar e produzir novas pesquisas.
Profa. Dra. Janete Bolite UNIBAN
Redes, com o estabelecimento de mltiplas e diversas conexes, sejam elas as tecnolgicas ou as promovidas pelos encontros entre as pessoas. Redes de produo, de produo de contedos e de significados. Elas podem se estabelecer conectando pessoas distantes, pases distintos e lugares separados geograficamente e, tambm, conectando temas s vezes no to prximos. Em outros momentos, conectam tudo isso e creio que o livro Educao e Tecnologia: parcerias um pouco assim, como j dito, inclusive, no prprio ttulo. Em Portugal, na Bahia, na Inglaterra, no Rio de Janeiro; alunos de mestrado, doutorado e pesquisadores seniors; educao a distncia, educao online, tutoria, cibercultura, uso de computadores na escola, nos diversos nveis, so apenas alguns dos temas, pessoas e lugares presentes nos captulos deste livro que est em sua tela. Como dito em muitos dos textos, um importante foco a formao dos professores, justo um dos maiores desafios contemporneos no meu entender da questo. A educao cada dia mais universaliza-se nos primeiros nveis e cresce em termos de oferta e vagas nos nveis superiores, ao mesmo tempo que aumenta a cada segundo a quantidade de informaes disponveis na rede,
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demandando um esforo enorme na busca de identificao e ressignificao do papel da escola nesse mundo repleto de imagens e informaes. Sem dvida esse livro, disponvel em formato digital e licenciado de tal forma a garantir o pleo uso do seu contedo pode se constituir, como os prprios organizadores indicam, espao para o estabelecimento de novas redes. Est a expectativa dos organizadores, autores e tambm a minha que, com muito gosto, analisei previamente o projeto e os textos.
Prof. Dr. Nelson De Luca Pretto UFBA
This e-book brings together important aspects that highlight the role of digital media, ICT and networked culture in educational contexts. Although the chapters focus on specific contexts within the Brazilian education system, the volume offers insights on issues of wider significance within globalised settings where distance education and informal learning exist: a) the socio-technical dimensions of teacher education and the dynamics of online mentoring; b) global social media, social inclusion and critical pedagogy; c) mediated agency for teachers and students; and d) the nuances of co-creation and collaborative knowledge-building in virtual learning platforms. The e-book is timely as it combines cases which showcase emerging educational uses of media that transcend the traditional classroom.
Este e-book rene aspectos importantes que ressaltam o papel das mdias digitais, TIC e cultura da rede em contextos educacionais. Apesar de focalizar, especificamente, o sistema educacional brasileiro, o volume oferece vises acerca de questes significativas em contextos globalizados onde a educao a distncia e a aprendizagem informal se do: a) as dimenses sociotcnicas da formao de professores e a dinmica da tutoria online; b) mdias sociais globais, incluso social e pedagogia crtica; c) agncia mediada para professores e estudantes; e d) as nuances da cocriao e da construo coletiva do conhecimento em plataformas de aprendizagem virtual. O e-book oportuno em apresentar casos que ilustram usos emergentes de mdias para fins educacionais que transcendem a sala de aula tradicional.
Dra. Panagiota Alevizou Senior Research Associate
Faculty of Maths, Computing and Technology The Open University, Reino Unido
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Sumrio
1. CIBERCULTURA, INCLUSO DIGITAL E FORMAO DO PEDAGOGO: DESAFIOS CURRICULARES ....... 11
2. OLHARES E VOZES DE TUTORES SOBRE O SER TUTOR ............................................................................................ 29
3. FORMAO DE PROFESSORES PARA DOCNCIA ONLINE: TUTORIA E MEDIAO ................................... 48
4. A MEDIAO DOCENTE NOS CURSOS PEDAGOGIA UFJF/UAB E CINCIAS DA EDUCAO UAB PORTUGAL ......................................................................................... 71
5. APRENDIZAGEM COLABORATIVA E DOCNCIA ONLINE ............................................................................................ 90
6. PEDAGOGIZAO DOS ARTEFATOS TECNOLGICOS: UMA ANLISE A PARTIR DO PROGRAMA UCA .............................................................................................................. 109
7. O QUE FAZEM OS JOVENS NAS REDES SOCIAIS?: UM ESTUDO SOBRE INCLUSO ................................. 125
8. RELACIONAMENTOS SOCIAIS ONLINE ENTRE JOVENS E SOCIEDADE DO ESPETCULO ..................... 143
9. A INCLUSO DIGITAL EM UMA UNIVERSIDADE ABERTA DA TERCEIRA IDADE: PERSPECTIVAS DISCENTES ..................................................................................................................................................... 156
10. DOCNCIA NA CONTEMPORANEIDADE: PRTICAS E PROCESSOS DA CIBERCULTURA .................. 175
11. NARRATIVAS COM O CINEMA NA FORMAO DE PROFESSORES ................................................................. 189
12. MDIAS NO CURSO DE PEDAGOGIA: A APROPRIAO INSTRUMENTAL E A LEITURA CRTICA NA SALA DE AULA ........................................... 205
13. POSSIBILIDADES DOS PROCESSOS DE AUTORIA NOS MATERIAIS DIDTICOS DO CURSO TECNOLOGIAS NA EDUCAO DO PROINFO INTEGRADO ........................................................... 223
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Por que o e-book?
Nossas palavras iniciais poderiam ter, tambm, o ttulo Dez anos depois.
Isto porque comemoramos o dcimo aniversrio de dois eventos altamente
significativos para a linha TICPE do PPGE/UNESA. Precisamente, o final de 2012,
marca dez anos do reconhecimento de nosso Programa de Ps-Graduao pela
Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES). Vale
ressaltar seu carter pioneiro ao inserir, desde o incio de sua trajetria, uma linha
de pesquisa voltada para as relaes que se estabelecem entre processos
educacionais e tecnologias de informao e comunicao (TIC).
Como se no fosse o bastante, festejamos tambm os dez anos do E-TIC, o
Encontro Educao e Tecnologias de Informao e Comunicao. Realizado
anualmente, permitiu criar um espao de expresso das investigaes
desenvolvidas por mestrandos, doutorandos, mestres e doutores recm formados;
em outras palavras, um evento dedicado a pesquisas desenvolvidas em parceria por
alunos e professores de cursos de ps-graduao stricto sensu na rea de
educao TIC.
Fazendo um balano dessa trajetria, percebemos que o principal, para
alm da realizao dos encontros, foi propiciar trocas de informaes,
experincias e conhecimentos entre professores e seus alunos, no momento em
que, juntos, produziam seus textos para socializ-los. Na consolidao da
parceria pelo esforo autoral, brotam novos significados e motivaes que
extrapolam a apresentao oral das comunicaes e psteres, entre os quais
ressalta a mobilizao em torno da (re)inveno de processos pesquisa com o
concurso das tecnologias digitais e redes sociais.
Assim, nossa maneira de comemorar atravs da edio deste e-book.
Sabendo que as metforas culinrias e gastronmicas so to familiares escrita e
leitura, podemos dizer que ele o bolo do aniversrio de dez anos. Sua palavra-
chave parceria. Desde a que caracteriza nossa linha de pesquisa, com a
interlocuo entre tecnologias e educao, at a que se constitui no processo de
elaborao dos artigos, entre alunos e professores. O impulso que nos moveu em
sua criao foi, sobretudo, o de abrir um canal de divulgao do longo e intenso
esforo de parceria que so nossas orientaes de mestrado e doutorado.
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Mas, podemos dizer tambm que os textos que o constituem so tambm
pretextos, convites para encontros institucionais. Pretendemos estreitar, a partir de
nosso livro, parcerias com pesquisadores de outros programas de ps-graduao.
Manifestamos nosso reconhecimento pela disponibilidade de colegas que nos
brindaram com seus relatos de pesquisa. Confiamos em que, cada vez mais,
consolidaremos essas parcerias. Queremos, ainda, destacar uma importante parceria
de mbito intra-institucional. Nossa publicao uma iniciativa pioneira dentro da
Estcio de trabalho conjunto com a Fbrica de Conhecimento da Diretoria de Ensino.
Que seja, to somente, o primeiro produto de uma frutfera e duradoura convergncia.
Esperamos, por fim, que os leitores o apreciem com o gosto com que foi feito.
Alberto Jos da Costa Tornaghi
Estrella DAlva Benaion Bohadana
Giselle Martins dos Santos Ferreira
Lcia Regina Goulart Vilarinho
Mrcio Silveira Lemgruber
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Apresentao
Com o avano acelerado das Tecnologias da Informao e da Comunicao
(TIC) e a ampla apropriao da rede por mltiplos sujeitos (profissionais, aprendizes e
usurios nativos digitais), presenciamos a rpida expanso da Cibercultura e uma
significativa transformao da inter-relao entre educao e tecnologia. Por um lado,
a convergncia das mdias e a crescente mobilidade esto facilitando processos de
cocriao e interao coletiva, colaborativa e personalizada. Por outro lado, emergem
novas epistemologias e eixos referenciais, incluindo, por exemplo, a inteligncia
coletiva, a nova ecologia dos saberes e as parcerias em rede para abertura de
recursos e prticas. Com isso, potencializam-se novas atitudes mais engajadas com a
autoria e coautoria dos conhecimentos, saberes, ressignificaes e significantes.
Surgem, assim, novas reflexes que podem enriquecer e transformar as prticas
docentes, mas que se constituem, na prtica, em grandes desafios Educao.
Nesse contexto, o e-book Educao e Tecnologia: parcerias rene treze
captulos com abordagens ricas e que contemplam temas fundamentais para a
Educao contempornea. O contedo desta obra o resultado de parcerias entre
coautores professores-orientadores e estudantes-pesquisadores de diferentes
projetos stricto sensu que trazem contribuies significativas para a formao de
professores, para o ensino e para a aprendizagem. As temticas abordadas destacam
a importncia de se propiciar uma aprendizagem significativa condizente com uma era
na qual as tecnologias podem e precisam ser usadas no apenas para informao e
comunicao, mas tambm, para a construo de novos conhecimentos. O volume
evidencia que, atravs de mltiplas coautorias, educadores, aprendizes, formadores,
pesquisadores, tutores e usurios podem se tornar colaboradores e parceiros no
processo de cocriao e compartilhamento de mltiplos saberes.
Fomentando uma discusso reflexiva-crtica, a obra destaca diversos assuntos
essenciais ampliao do dilogo entre coautores, teorias e prticas. Em particular,
os captulos deste livro oferecem uma rica oportunidade para discusso de noes
centrais docncia, trazendo uma reflexo crtica e inovadora sobre o papel da
tecnologia na educao atravs das perspectivas de diversos sujeitos scio-tcnicos
na era das redes digitais e suas implicaes incluso social. O e-book tambm
ilustra uma tendncia interessante na rea: o uso de abordagens qualitativas em
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estudos mais aprofundados, os quais revelam aspectos que tendem a permanecer
obscurecidos em estudos de cunho quantitativo de contextos mais abrangentes.
O captulo de Vilarinho e Martins abre o volume com uma discusso acerca
da formao do pedagogo para o uso das TIC nas situaes de ensino-
aprendizagem, mostrando que, em seu campo de estudo, h um distanciamento
significativo entre aquilo que sugerido nas Diretrizes Curriculares do Curso de
Pedagogia e a formao do licenciando no que tange a sua incluso digital. No
captulo 2, Tavares e Bruno discutem o sentido de ser tutor e o significado da
tutoria segundo os olhares e vozes dos prprios tutores, reiterando seu papel
como protagonistas da ao docente na EaD. Reynaldo e Tornaghi retomam, no
captulo 3, questes relativas formao de docentes, focalizando a formao
para a atuao online. O tema tambm analisado no captulo 4 por Almeida e
Lemgruber, que discutem os achados de uma pesquisa comparativa acerca da
mediao docente conduzida em cursos de formao de professores da UFJF e
da Universidade Aberta de Portugal (UAb), respectivamente. Complementando
essas discusses, Amaral e Bohadana exploram, no captulo 5, questes
relativas aprendizagem colaborativa e a docncia online.
Os captulos 6 a 9 abordam vrios temas pertinentes incluso digital.
Pinheiro, Rosa e Bonilla analisam as aes formativas desenvolvidas em algumas
escolas participantes do Programa Um Computador por Aluno, PROUCA, sugerindo
que, nesse contexto, os artefatos esto submetidos a concepes polticas e
pedaggicas que no privilegiam a liberdade, a colaborao ou a criao. O captulo
7, de Silva e Bohadana, apresenta uma pesquisa que explorou o uso de softwares
sociais por jovens de baixa renda do Rio de Janeiro, concluindo que, para este
pblico, o uso da Internet no garante uma atuao pr-ativa na sociedade. Ferreira
e Vilarinho, no captulo 8, abordam os relacionamentos sociais online entre jovens
da perspectiva da sociedade do espetculo (Guy Debord), enquanto Loreto e
Ferreira analisam, no captulo 9, questes relativas incluso digital da terceira
idade. Esses dois captulos evidenciam formas inusitadas de participao e incluso.
Os captulo 10 a 13 abordam questes relativas formao docente para o
uso das TIC, analisando exemplos e casos de usos destas tecnologias na prtica.
Santos e Santos focalizam, no captulo 10, suas experincias como docentes de
uma disciplina na Pedagogia que aborda, especificamente, o uso da informtica na
educao, enquanto Hoffman, Gatto e Cordeiro analisam, no captulo 11, suas
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experincias em uma disciplina que utiliza o cinema. No captulo 12, de Costa e
Ferreira, a anlise baseada nas noes de uso instrumental e leitura crtica das
mdias, e o texto focaliza as prticas em duas disciplinas que, em duas
universidades diferentes, abordam questes relativas ao uso das mdias na
educao. Por fim, Naves e Tornaghi examinam, no captulo 13, os materiais
didticos de um curso que enfoca o uso das TIC na educao.
Educao e Tecnologia: parcerias um convite para todos os leitores
tornarem-se parceiros em uma ampliao cada vez maior entre educadores e
aprendizes, formao e pesquisa, tecnologia e educao, docncia e tutoria,
mediao e incluso digital.
Dra. Alexandra L. P. Okada Professora e Pesquisadora
Knowledge Media Institute KMI The Open University UKOU
Reino Unido
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Dos autores
Professores-orientadores
Adriana Hoffmann Fernandes ([email protected]). Professora Adjunta da Escola de Educao da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro, UNIRIO,
atuando no Departamento de Didtica e no Mestrado em Educao desta instituio,
onde coordena o grupo de pesquisa CINE NARRRATIVAS com o projeto O cinema
e as narrativas de crianas e jovens em diferentes contextos educativos.
Adriana Rocha Bruno ([email protected]). Professora Adjunta da Faculdade de Educao, FACED, da Universidade Federal de Juiz de Fora, UFJF,
onde atua no Programa de Ps-graduao em Educao. Coordenadora de
Inovao Pedaggica no Ensino Superior, CIAPES-PROGRAD, Coordenadora de
Tutoria a Distncia da FACED-UAB, e lder do Grupo de Pesquisa Aprendizagem em
Rede, GRUPAR. Doutora pela PUC-SP.
Alberto Jos da Costa Tornaghi ([email protected]). Professor Adjunto do Programa de Ps-Graduao em Educao da UNESA, Linha TICPE.
Fsico pela PUC-Rio, fez mestrado e doutorado no Programa de Engenharia e
Sistemas da Universidade Federal do Rio de Janeiro, PESC da UFRJ/COPPE, onde
pesquisou sobre implicaes das tecnologias digitais na rea da educao. Seu foco
de pesquisa atual a escola de educao bsica como espao de autoria.
Edma Oliveira dos Santos ([email protected]). Professora Adjunta da Faculdade de Educao da Universidade do Estado do Rio de Janeiro, UERJ,
atuando no Programa de Ps-Graduao em Educao, ProPEd. Doutora em
Educao pela Universidade Federal da Bahia, UFBA. Ministra a disciplina
Informtica na Educao nos cursos de Pedagogia presencial e a distncia.
Estrella DAlva Benaion Bohadana ([email protected]). Professora Adjunta do Programa de Ps-graduao em Educao da UNESA, Linha TICPE. Professora
Adjunta da UERJ. Fez doutorado em Comunicao na Universidade Federal do Rio
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de Janeiro, na linha de pesquisa Histria dos Sistemas de Pensamento e Mestrado
em Engenharia de Produo na UFRJ/COPPE. Seu foco de pesquisa atual o uso
das redes sociais para fins educativos.
Giselle Martins dos Santos Ferreira ([email protected]). Professora Adjunta do PPGE da UNESA, onde a atual Coordenadora da Linha TICPE.
mestre e ps-doutora em Educao pela Open University do Reino Unido, onde
atuou como professora-pesquisadora por quase 15 anos. Suas pesquisas tratam de
temas relativos ao impacto na educao das tecnologias da Web, e seu foco atual
em Prticas e Recursos Educacionais Abertos.
Lcia Regina Goulart Vilarinho ([email protected]). Docente do Programa de Ps-graduao da UNESA, Linha TICPE. Pedagoga pela PUC-Rio,
mestre e doutora em educao pela Faculdade de Educao, FE/UFRJ. Professora
aposentada da FE/UFRJ. Pesquisa a relao tecnologias de informao e
comunicao - processos educacionais, com centralidade em questes vinculadas
educao a distncia e formao de professores em tempos de cibercultura.
Mrcio Silveira Lemgruber ([email protected]). Professor Adjunto do Programa de Ps-Graduao em Educao da UNESA, Linha TICPE, com foco na
mediao docente na EaD e na educao online. Doutor em Educao pela UFRJ.
Professor Associado aposentado da FACED/UFJF, onde coordenou o Projeto
Veredas e o curso Pedagogia a Distncia UFJF/UAB.
Maria Helena Silveira Bonilla ([email protected]). Pesquisadora e professora do Programa de Ps-Graduao em Educao da Faculdade de Educao da
UFBA, onde lidera o grupo de pesquisa Educao, Comunicao e Tecnologias,
GEC. Doutora em Educao pela UFBA, desenvolve pesquisas nos temas:
formao de professores, incluso digital, software livre e polticas pblicas.
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Orientandos
Daniel Pinheiro. mestrando do Programa de Ps-Graduao em Educao UFBA, onde tambm membro do Grupo de Pesquisa Educao, Comunicao e
Tecnologias, GEC, desde 2008. Pedagogo pela FACED/UFBA, um dos formadores
do Programa Um Computador por Aluno (PROUCA/MEC) no estado da Bahia.
Elisa Sergi Gordilho Loreto. Professora de informtica, pedagoga pela UNESA e Mestre em Educao da linha de pesquisa TICPE do PPGE-UNESA. Dedica-se aos
estudos acerca da incluso digital da terceira idade. Foi bolsista da CAPES.
Erica Alves Barbosa Medeiros Tavares. Professora do curso Pedagogia a Distncia UFJF/UAB. Mestre em Educao pelo PPGE/UFJF e membro do
GRUPAR, UFJF.
rica Rivas Gatto. Professora da Rede Municipal do Rio de Janeiro, articuladora do Projeto Cineclube nas Escolas na escola onde leciona, mestranda em educao na
UNIRIO, integrante do grupo de Pesquisa CINE NARRATIVAS e voluntria no Projeto
REUNI Leituras e narrativas com o cinema: dilogos na formao de professores.
Esther Silva da Costa. Possui Mestrado em Educao pela UNESA na linha TICPE, graduao em Jornalismo pela mesma instituio e especializao em Mdia
e Novas Prticas Educacionais pela PUC-Rio. Atuou como educadora de Informtica
Educativa no DEGASE e dedica-se aos estudos de Mdia-Educao e aos trabalhos
de Assessoria de Comunicao. Foi bolsista da CAPES.
Ftima Ivone de Oliveira Ferreira. Doutoranda do PPGE-UNESA, linha TICPE, pesquisando culturas juvenis na cibercultura e focalizando os usos das redes
sociais online por estudantes da escola bsica. Mestre em Cincias Sociais pelo
IFICS/UFRJ. Bacharel e licenciada em Cincias Sociais pela UERJ. Professora e
chefe do Departamento de Sociologia do Colgio Pedro II.
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Harlei Rosa. Professor do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia da Bahia, IFBA, doutorando do Programa de Ps-Graduao em Educao da UFBA,
onde tambm membro do Grupo de Pesquisa Educao, Comunicao e
Tecnologias, GEC desde 2012. Mestre em Modelagem Computacional pela
Fundao Visconde de Cairu (BA), com pesquisa sobre relaes entre tecnologias
digitais e educao de jovens e adultos.
Kelly Maia Cordeiro. Professora da Rede Municipal de Angra dos Reis-RJ, especialista em educao tecnolgica pelo CEFET/RJ. mestranda em educao na UNIRIO, onde
integrante do grupo de Pesquisa CINE NARRATIVAS e bolsista no projeto REUNI
Leituras e narrativas com o cinema: dilogos na formao de professores.
Maria Aparecida Coelho Naves. Mestre em Educao pela UNESA, especialista em Desenho Instrucional e Gesto Educacional pela Universidade Federal de
Itajub. Graduada em Pedagogia pelo Centro Universitrio de Barra Mansa.
Professora do Centro Universitrio de Barra Mansa e responsvel pela superviso
pedaggica das disciplinas semipresenciais. Foi bolsista do MEC/SEED.
Marta Teixeira do Amaral. Docente do ensino superior Diretora Pedaggica do Colgio Teixeira do Amaral. Graduada em Pedagogia pela Universidade Federal
Fluminense, UFF, ps-graduada em Administrao de Recursos Humanos pela
Universidade Cndido Mendes, UCAM, e mestre em Educao pela UNESA, onde
pesquisou sobre as implicaes da aprendizagem colaborativa para a
docncia online.
Norma Sueli Martins. Doutoranda do Programa de Ps-Graduao em Educao da UNESA, pesquisa a incluso digital na formao de professores em cursos de
Pedagogia oferecidos por universidades pblicas no estado do Rio de Janeiro. Fez
mestrado e especializao na Fundao Getlio Vargas, FGV. Professora Adjunta
da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ. Foi professora
conteudista e coordenadora de curso do Consrcio CEDERJ.
Raquel Lima Piccinini Reynaldo. Professora da rede estadual de educao do Rio de Janeiro e tutora no CEDERJ. graduada em Tecnologia em Processamento de
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Dados na UNIABEU e licenciada em Computao pela UNIG. Fez especializao
em Anlise e Projeto de Sistemas na UNESA e Design Instrucional na UNIFEI.
Mestre em Educao pela UNESA, onde pesquisou sobre a formao de
professores para a docncia online.
Roberta Reis Valle Silva. Professora da Rede Municipal de Educao da cidade do Rio de Janeiro e Coordenadora no Projeto Educacional Espao Criana Esperana,
Rio de Janeiro. Graduada em Educao Fsica pela UNESA, tem especializao em
Psicopedagogia na UCAM. Mestre em Educao na UNESA, onde pesquisou a
utilizao das TIC por jovens, tendo como enfoque a incluso digital.
Rosemary dos Santos. Mestre em Educao pela UERJ e professora da Rede Municipal de Educao de Duque de Caxias. Doutoranda no ProPEd, UERJ.
Wilson dos Santos Almeida. Professor do Instituto Federal de Educao, Cincia e Tecnologia do sudeste de MG, campus de Juiz de Fora. Mestre em Educao pela
UNESA e doutorando do PPGE da UNESA, Linha TICPE. Foi bolsista da CAPES
durante seu estgio sanduche em Portugal.
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1 CIBERCULTURA, INCLUSO DIGITAL E FORMAO DO PEDAGOGO:
DESAFIOS CURRICULARES
Lcia Regina Goulart Vilarinho Norma Sueli Martins
RESUMO O artigo discute a formao do pedagogo para o uso das tecnologias de informao e comunicao (TIC) nas situaes de ensino-aprendizagem a partir de trs questes: (a) que relaes podem ser estabelecidas entre cibercultura, incluso digital e formao de professores? (b) qual a oferta de disciplinas vinculadas relao educao - TIC em cursos de Pedagogia? (c) considerando o currculo como instrumento de ao poltica, que implicaes podem ser extradas sobre o preparo do licenciando para o enfrentamento dos desafios da cibercultura? O teor dessas questes demandou abordagem interpretativa na qual se entrelaou a oferta de disciplinas voltadas para a relao educao-TIC s especificidades da formao de professores em tempos de cibercultura. O processo interpretativo revelou distanciamento entre o sugerido nas Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia e a formao do licenciando no que tange a sua incluso digital. PALAVRAS-CHAVE: Formao do Pedagogo. Cibercultura. Desafios Curriculares
CYBERCULTURE, INCLUSION AND TEACHER TRAINING: CURRICULUM CHALLENGES
ABSTRACT
This article discusses teacher training in respect to the use of information and communication technologies (ICT) with basis on three key questions: (a) what relationships can be established between cyberculture, digital inclusion and teacher training?; (b) what is the range of modules exploring the relationship between education and ICT included in Pedagogy (Education) courses?; (c) considering curriculum as a tool for political action, what conclusions can be drawn about the abilities of the graduates of these courses to face the challenges of cyberspace? The nature of these questions demanded an interpretive approach investigating the offer of disciplines focused on the relationship between ICT and education as well as the specificities of teacher education in times of cyberculture. The interpretive process revealed a significant gap between curriculum guidelines suggested by the National
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Curriculum Guidelines for Pedagogy and the actual training in respect to the digital inclusion of trainees.
KEYWORDS: Educator Training. Cyberculture. Curricular Challenges. CONTEXTUALIZAO DO PROBLEMA
A comunicao de massa ampliada pela convergncia das tecnologias digitais
tornou a recepo das informaes mais interativa. Linguagens distintas se fundiram
em linguagens multimiditicas e a circulao da informao assumiu propores
extraordinrias, potencializando o mundo virtual, sem fronteiras (ZANCHETTA Jr.,
2009).
Santaella, (2004, p.77), ressalta que foi, a partir da cultura de massas, que a
realidade da cultura comeou a se impor at o ponto de sua inflao no espao
social atingir o nvel que hoje vivenciamos [...]. Para esta autora, a cultura de
massas originou-se no jornal com seus coadjuvantes, o telgrafo e a fotografia,
acentuou-se com o surgimento do cinema, uma mdia feita para a recepo coletiva;
mas foi s com a TV que se corporificaram as idias de homem de massa e mass
media. Mais recentemente, com a organizao das tecnologias de informao e
comunicao (TIC) em sistemas de redes digitais (www), verifica-se a conexo
mundial dos computadores, a liberao da palavra, a reconfigurao poltico-social,
em mbito local, regional e planetrio, alicerando os princpios fundamentais da
cibercultura (LEMOS; LEVY, 2010). Constitui-se, ento, a cibercultura uma
formao histrica de cunho prtico e cotidiano, cujas linhas de fora e rpida
expanso esto baseadas nas redes telemticas (RDIGER, 2011, p.7).
bem verdade que a reconfigurao / liberao da palavra e da escrita, no
que se refere apropriao e uso das tecnologias digitais, evoluem de acordo com a
histria, cultura e instituies de cada pas, o que d margem expresso de
diferentes contextos ciberculturais, mas no h dvida de que o mundo est diante
de novas formas de conexo social. Constata-se a expanso de outras perspectivas
de comunicao, fomentadas por blogs, wikis, podcasting, softwares sociais, como
Orkut e aplicativos, que facilitam a troca de informaes de forma rpida,
praticamente instantnea, moldando a opinio pblica a um s tempo, local e
globalmente.
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a emergncia do ciberespao: ambiente de extrema complexidade,
marcado pela comunicao aberta gerada pela interconexo mundial dos
computadores e suas memrias (LVY 2008), possibilitando novos processos e
produtos. possvel comunicar-se de maneira mais colaborativa, plural e aberta
(LEMOS; LEVY, 2010, p.27). Da a urgncia de formar crianas, jovens e adultos
para enfrentarem os desafios dessa nova realidade, preparando-os para o uso
crtico das tecnologias digitais.
A questo tecnolgica e seu domnio so, hoje, fundamentais para a
educao, pois: as novas tecnologias da informao no so simplesmente
ferramentas a serem aplicadas, mas processos a serem desenvolvidos. [...]. O que
pensamos e como pensamos expresso em bens [...], educao ou imagens
(CASTELLS, 2009, p.69).
A relao com a informao vem tomando rumos diferentes com a
convergncia das informaes nas redes, a mobilidade dos equipamentos e o
compartilhamento das informaes. Como consequncia, fortes presses recaem
sobre a Educao Superior, no sentido de se (re)configurar s exigncias da
contemporaneidade, marcada como era da informao; isto implica considerar a
problemtica da incluso digital daqueles que esto em processos de formao para
o magistrio.
Neste cenrio, levantamos a hiptese de que os currculos dos cursos de
Pedagogia, os quais formam docentes para o ensino fundamental e para os cursos
de formao de professores em nvel mdio, desconsideram a expanso/ insero
das tecnologias nos mais diferentes setores da sociedade contempornea e as
implicaes postas educao. Torna-se, pois, indispensvel compreender o
cenrio cibercultural que atravessa a contemporaneidade e seus desdobramentos
na educao. o que tratamos nas duas sees que se seguem.
CIBERCULTURA E FORMAO DE PROFESSORES
Entre os termos criados para dimensionar a sociedade contempornea,
destacamos Cibercultura (LVY, 1999; LEMOS, 2002) por dar realce realidade
social que, a cada dia, se torna mais tecnologizada, trazendo implicaes profundas
nas mais diferentes culturas. Optamos pelo termo cibercultura pois, embora em
construo, se refere a um fenmeno historicamente emergente e transnacional.
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Trata-se de uma formao sociotecnolgica correspondente ao desenvolvimento do
capitalismo tardio, aqui entendido como capitalismo flexvel, que caracteriza o
desenvolvimento industrial aps a obsolescncia dos modelos de produo taylorista
e fordista (FELINTO, 2010). Para este autor, a impreciso do termo cibercultura se
deve ao fato de que o mundo tecnocultural extremamente complexo, o que acaba
por dificultar o entendimento de determinadas palavras.
No recente a tentativa de explicitar o que cibercultura. Em Guimares Jr.
(1997), encontramos uma discusso sobre o significado deste termo, ocasio
relacionada a fenmenos do ciberespao, ou seja, associada s formas de
comunicao mediadas por computadores. Este autor chamava ateno para a
necessidade de clarificar os objetos abrangidos pelo conceito, defendendo a
construo de uma cartografia precisa, tendo em vista o dissenso dos autores. A
cibercultura era, ento, situada como pano de fundo das tecnologias digitais,
vinculada realidade virtual e biotecnologia, ficando implcita sua relao com a
tecnologia intelectual engendrada pelo computador.
Nesta mesma dcada (anos 90), Lvy (1995, 1996), divulga dois livros que se
tornaram referncia no estudo das diferentes dimenses que este campo assume
com a hegemonia do computador e da Internet. No primeiro discute o que chama de
tecnologias da inteligncia, antecipando novas formas de pensamento derivadas da
disseminao da informtica. Sinaliza que a cibercultura provoca mudanas radicais
nas relaes sociais e no imaginrio humano. H, portanto, uma imbricao entre
subjetividade e tecnologia, pois a tecnologia do computador / Internet, ao afetar os
registros da memria coletiva, acaba por engendrar uma tecnologia intelectual, que
passa a ser incorporada por diferentes grupos sociais. Segundo Lvy (idem), as
tecnologias intelectuais na sua relao com a informtica esto consolidando uma
modalidade de pensamento articulada a imagens (pensamento imagtico) e
desterritorializada (pensamento sem fronteiras). Neste sentido, cones e imagens,
caractersticos do pensamento mtico, associados tecnologia intelectual da
oralidade, ganham centralidade.
No segundo, discute o conceito de virtual, situando-o como uma nova
modalidade de ser, admitindo que a sua compreenso depende do entendimento do
processo que o produz: a virtualizao. Para este autor, o virtual distingue-se do
atual na medida em que no contm em si o real finalizado; ele um conjunto de
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possibilidades que, de acordo com as condies e os contextos, ir se atualizar de
maneiras distintas.
As consideraes apresentadas indicam que a instituio escolar no pode
ficar alheia aos acontecimentos que interferem na vida das pessoas e que esto
impregnados de novos significados; isto significa que a questo tecnolgica est
alm das decises poltico-pedaggicas direcionadas formao docente no mbito
do ensino superior.
Observamos, no entanto, que so poucas as aes conduzidas em cursos de
Pedagogia voltadas para a insero de seus alunos no contexto da cibercultura. No
se trata apenas de lev-los ao domnio da navegao na Internet, capacidade de
obter dados na realidade virtual e utiliz-los nas suas tarefas escolares. Trata-se,
sim, de um aprendizado sobre o significado desta cultura (ciber), que vem
dinamizando mudanas significativas nos modos de vida das mais diferentes
sociedades.
O estudo de Gatti e Barreto (2009) muito relevante por sinalizar a diminuta
presena de disciplinas voltadas para a apropriao pedaggica da Informtica na
Educao em currculos do curso de Pedagogia.
Nesta pesquisa as autoras encontraram um quantitativo de 3.513 disciplinas
(3107 obrigatrias e 406 optativas) nas grades curriculares dos 71 cursos de
Pedagogia avaliados. No contexto das disciplinas obrigatrias, foram visualizadas
apenas 22 disciplinas voltadas apara a questo das tecnologias na educao, o que
significa 0,01 % deste elenco. No mbito das optativas, os pesquisadores
identificaram apenas 13 disciplinas, ou seja, 0,03% deste subtotal. Considerando o
total de disciplinas desses cursos (3.513) e o total das atreladas relao educao-
tecnologia (35), surge um percentual de 0,01%, o que significa uma expressiva
desvinculao da formao do pedagogo das questes que envolvem a escola e o
ensino-aprendizagem na era da cibercultura.
Formar docentes no mundo contemporneo um verdadeiro desafio para a
Educao, uma vez que seus formadores pouco ou quase nada usam dos recursos
tecnolgicos nas suas prticas pedaggicas. Costa e Tonus (2010, p.83) discutem
este desafio, esclarecendo que um professor da gerao X, tambm chamado de
baby-boomer (aquele que nasceu imediatamente aps a segunda guerra mundial),
no est em consonncia com a realidade de seus atuais alunos, caracterizados
como gerao Internet. Tapscott (2010) afirma que esta gerao digital impe um
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novo modo de lidar com a informao, tanto nas instituies de ensino, como nas
empresas, o que tem se transformado em um grande problema para a Educao. O
professor da gerao X, de um modo geral, no consegue se apropriar dos vrios
tipos de mdias que esto formatando o novo perfil de aluno que se apresenta em
qualquer modalidade de ensino.
Segundo Tapscott (idem), os jovens da gerao Internet cresceram em um
ambiente digital e esto vivendo no sculo XXI, mas o sistema educacional, em
muitos lugares, est pelo menos cem anos atrasados. O modelo de educao que
ainda prevalece hoje da era industrial, com: foco no professor; aulas padronizadas,
base unidirecional e aluno trabalhando sozinho para absorver o contedo ministrado
pelo professor. Isso pode ter sido bom para a economia de massa, mas no
funciona mais para os desafios da economia digital, ou para a mente da gerao
Internet. Cabe, ento, discutir o que incluso digital e a sua relevncia no contexto
do magistrio.
INCLUSO DIGITAL
No se pode falar de incluso digital sem estabelecer uma relao com
excluso social e excluso digital. Segundo Demo (2001, p. 8), as relaes sociais
so excludentes em termos estruturais e histricos, principalmente por conta de sua
tessitura poltica, ou seja, pessoas, grupos e sociedades no apenas convivem, mas
convivem em ambiente de relativo confronto. A excluso faz parte da histria da
humanidade e os seus motivos variam de acordo com a cultura de cada grupo: os
modos de excluir so diferentes em cada contexto histrico, ora prevalecendo
critrios discriminatrios de mercado, ora simblicos, ora de gnero, todos com raiz
poltica. Para ele, a excluso to histrica e estrutural quanto o poder (p. 9).
Entende que as polticas sociais no tm o poder de acabar com a excluso, por
que no passam de estratgias de confronto interminvel com ela [...] o confronto
com a excluso s pode ser, efetivamente, conduzido pelos excludos, mesmo que
com apoio de outros segmentos sociais (p.11). Afirma que a a excluso mais
radical que a histria conhece a poltica, ou seja, aquela que faz o excludo no
perceber sua excluso, tornando-o objeto dos privilgios e das ajudas (p.11).
Amaro (2004, apud ALMEIDA e PAULA, 2005, p. 57), entende que a excluso
social est relacionada falta de acesso, de oportunidades a serem oferecidas aos
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cidados pela sociedade. Assim, a excluso social pode implicar privao, falta de
recursos ou, de uma forma mais abrangente, ausncia de cidadania. Afirma,
tambm, que preciso a sociedade entender, o mais rpido possvel, os prejuzos
que as excluses trazem para o pas, inviabilizando uma cultura sem fronteiras. Um
pas participativo, colaborativo, fazendo parte da inteligncia coletiva mundial,
depende da incluso social de sua populao.
Esta viso de excluso fundamental na medida em que nos permite
estabelecer uma conexo com os conceitos de excluso/incluso digital. Segundo
Young (2006), a incluso digital pode ser entendida como alfabetizao digital;
trata-se da aprendizagem indispensvel ao homem para poder participar mais
adequadamente da vida em sociedade, o que implica em capacidade de interagir
com as mdias digitais. Tal interao se d na medida em que o sujeito consegue
encontrar as informaes desejadas, sabe qualific-las (avali-las), depurando as
que podem lhe ser teis. Para este autor vivemos em um mundo no qual no basta
apenas possuir as habilidades fundamentais da leitura e da escrita; a estas se
agregam a capacidade de conectar-se em e rede para realizar pesquisas,
trabalhos e ainda desfrutar de possibilidades de lazer.
Nesta comunicao tomamos o termo incluso digital no sentido proposto por
Rondelli (2003); para esta autora s plenamente includo o sujeito que capaz de
ir alm do mero acesso s tecnologias e consumo de informaes. Includo digital
o sujeito capaz de produzir conhecimentos e faz-los circular na rede. Ela esclarece
que a incluso digital depende de 4 passos: (a) acesso s tecnologias de informao
e comunicao, especialmente as digitais; (b) desenvolvimento de um aprendizado
consistente, que permita a transferncia do que foi aprendido a partir dos suportes
tcnicos digitais para as situaes do cotidiano da vida: trabalho, estudo, etc; (c) ser
capaz de propor inovaes baseadas nos usos realizados; e (d) fazer circular na
rede a inovao ou o conhecimento produzido, buscando a renovao. A
perspectiva desta autora explicita bem que no basta o acesso tecnologia para
que uma pessoa possa ser includa; somente quando o sujeito capaz de transferir
conhecimentos, interagindo criticamente com as informaes obtidas, estar
exercendo a sua cidadania.
J Sorj e Guedes (2005) admitem, ainda, que a excluso digital mltipla,
indo alm do nmero de computadores por proprietrios ou de pessoas com acesso
Internet. Para ambos, devem ser tambm acrescentados: o tempo disponvel e a
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qualidade do acesso. Consideram que as polticas de universalizao do acesso s
TIC precisam priorizar os setores mais pobres da populao; porm, o valor efetivo
da informao depende da capacidade dos usurios de interpret-la. Da a
relevncia da escola como espao central na socializao da Internet para as novas
geraes, desde que seus atores sociais tenham uma viso mais aprofundada a
respeito da luta contra a excluso digital. Salientam que a economia globalizada e os
novos empregos (novas modalidades de trabalho) demandam a integrao de
polticas pblicas com diversos setores da sociedade, com vistas incluso scio-
digital; ao mesmo tempo, reconhecem que a rede escolar o nico local onde pode
ser efetivamente atingido o conjunto da populao.
Os pontos aqui levantados evidenciam que a incluso digital transcende o
acesso e o uso do computador e rede, passando necessariamente pelo fato de que
a Internet um ambiente de informao muito complexo para ser apreendido por
quem no tem familiaridade com a busca, depurao e recuperao da informao
(SILVA et al, 2005). A quantidade de informaes existentes na Internet, a
celeridade das mudanas e da insero de novos dados exigem daquele que
navega habilidades especficas, como por exemplo: saber onde adquirir a
informao, determinar a credibilidade e a qualidade da fonte utilizada; ser capaz de
depurar o que realmente interessa de modo a inseri-lo adequadamente no seu
projeto de trabalho.
Assim, cabe defender a necessidade da cultura informacional a ser instituda
nas licenciaturas, especialmente no Curso de Pedagogia buscando expor, de forma
sistemtica, seus atores interao com a informao (obtida tanto em materiais
impressos, como nos virtuais), de modo a torn-los participantes crticos da vida
contempornea. No podemos imaginar os futuros profissionais de ensino formados
na contramo da histria, fora dessa cultura informacional ou, mais
abrangentemente, parte da cibercultura. A RELAO EDUCAO TIC EM CURRCULOS DE PEDAGOGIA
Para confirmar nossa hiptese sobre a existncia de descompasso entre a
formao do pedagogo e o seu preparo para a utilizao pedaggica das
tecnologias digitais, analisamos as estruturas curriculares desse curso, oferecidas
em 7 universidades, sendo 6 pblicas e uma comunitria, todas de renome, situadas
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nos estados do Rio de Janeiro (5) e de So Paulo (2). A anlise, conduzida em
2011, focalizou a presena de disciplinas que tratam da relao educao TIC.
Tais currculos esto disponibilizados online e pertencem s seguintes
universidades: Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ Faculdade de
Educao - campus Maracan; Baixada Fluminense e So Gonalo); Universidade
Federal do Rio de Janeiro (UFRJ Faculdade de Educao); Universidade Federal
Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ Instituto de Educao - campus Seropdica e
Nova Iguau); Universidade Federal Fluminense (UFF - campus Niteri, Angra e
Pdua); Pontifcia Universidade Catlica do Rio de Janeiro (PUC/RJ); Universidade
de So Paulo (USP); e Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Verificamos que o conjunto das 7 instituies oferece um total de 28
disciplinas que apresentam relao com a questo das TIC - educao. Deste total,
8 (28%) so obrigatrias e se inserem nos currculos da PUC/RJ, UERJ (campus
Maracan, Baixada Fluminense e So Gonalo), UFF (campus Angra dos Reis) e
UFRRJ (campus Seropdica e Nova Iguau). De um modo geral, se localizam nos
perodos iniciais de suas estruturas curriculares. Essas disciplinas so: Mdia,
Tecnologias e Educao (PUC-RJ); Tecnologias e Educao; Educao Continuada
e as Perspectivas em Redes de Conhecimento; Informtica em Educao I e II
(UERJ campus Maracan, Baixada Fluminense e So Gonalo); Tecnologias e
Educao e Informtica na Educao (UFRRJ - campus Nova Iguau e Seropdica);
Cotidianos Escolares e Novas Tecnologias (UFF campus Angra dos Reis). Um
olhar mais acurado sobre o conjunto das universidades indica que as disciplinas
obrigatrias esto inseridas nas instituies localizadas no estado do Rio de Janeiro,
sendo que a UERJ se destaca com a oferta de 4 disciplinas.
Em relao s optativas ou eletivas, em um subtotal de 20 (71% do conjunto),
encontramos a seguinte distribuio: Cibercultura e Produo de Subjetividades I;
Cibercultura e Produo de Subjetividades II; Cultura da Interface I; Cultura da
Interface II; Multimdia e Educao I; Multimdia e Educao II; Mdia, cultura e
Subjetividade; Educao & Comunicao: Rdio I; Educao & Comunicao: Rdio
II (UERJ Faculdade de Educao da Baixada Fluminense); Educao a Distncia;
Informtica Aplicada Educao; Educao e Novas Tecnologias (UFRJ / Praia
Vermelha manh); Educao a Distncia; Educao e Novas Tecnologias (UFRJ /
Praia Vermelha tarde); Informtica Educativa (UFF Pdua); Mdia e Educao:
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Debates Contemporneos; Ensino Distncia (USP); Educao e Tecnologias
(UNICAMP).
A relao evidencia a preponderncia de disciplinas optativas e eletivas no
mbito da UERJ Faculdade de Educao da Baixada Fluminense, com a oferta de
9 disciplinas. interessante notar que este campus novo; sua inaugurao data do
ano de 1997 , o que nos leva a supor que nele haja menos preconceito acadmico
em relao s TIC nos processos educacionais. As universidades localizadas no
estado de So Paulo, segundo as estruturas curriculares analisadas, oferecem
poucas opes no mbito da preparao do Pedagogo para o enfrentamento dos
desafios da cibercultura.
Cabe admitir que as optativas e eletivas constituem contedo passvel de
jamais ser visto pelo licenciando deste curso: basta que ele no opte ou no eleja
uma disciplina desta natureza.
A tabela que resume a presena das disciplinas envolvidas com as TIC no
mbito das 7 universidades aqui consideradas apresentada ao final deste artigo,
aps as referncias.
Esta anlise evidencia que ainda incipiente a relao do curso de
Pedagogia com as TIC, quando se trata de institucionalizar no currculo (por meio da
oferta de disciplinas) a discusso a respeito do uso dessas tecnologias nos
processos educacionais. A importncia do preparo do professor em termos de
apropriao das tecnologias digitais se amplia quando se concorda com Castells
(2009, p. 50) ao afirmar que: a tecnologia expressa a habilidade de uma sociedade
para impulsionar seu domnio tecnolgico por intermdio das instituies sociais,
inclusive o Estado. Na afirmativa deste autor se inscreve a formao do educador, o
que est diretamente vinculado questo curricular.
O CURRCULO COMO INSTRUMENTO DE AO POLTICA
O sculo XXI tem na informao a sua grande fonte de desenvolvimento
cientfico, social, econmico e tecnolgico. Hoje, so incontveis as informaes que
circulam nas mais diferentes mdias, nelas inseridas de forma processada. A
centralidade da informao e do conhecimento no mundo contemporneo traz
implicaes para o mbito escolar, especialmente no que se refere organizao
dos currculos dos cursos e elaborao de propostas poltico-pedaggicas a serem
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implementadas pelas instituies de ensino. Currculos e propostas poltico-
pedaggicas podem ser visualizados como o conjunto de experincias de
conhecimento que a escola oferece aos estudantes (SILVA, 1996).
Admitimos que o currculo o canal pelo qual a vida social penetra na escola,
concretizando interesses de grupos e moldando aspectos culturais que se
expressam na sociedade (CASTANHO, 1995). Trata-se, pois, de um instrumento de
ao poltica a partir do qual se d a formao de diferentes geraes, uma vez que
contm em seu bojo concepes de mundo, de homem, de educao, de sociedade.
Ele muito mais que um rol de disciplinas, na medida em que sua corporificao
envolve a relao da escola e de seus docentes com teorias e prticas pedaggicas
baseadas em pressupostos distintos, impregnadas de diferentes vises de mundo.
Segundo Silva (2001), os currculos, na atualidade, se fundamentam em trs
vertentes, a saber: (a) na viso tradicional de escola - onde se valoriza o
planejamento que envolve o ensino, a aprendizagem, as metodologias, a avaliao
e, especialmente, a eficincia na consecuo dos objetivos educacionais; (b) na
perspectiva crtica de sociedade e educao onde h um questionamento contnuo
sobre a insero da escola no mundo capitalista e suas implicaes em termos de
reproduo ideolgica, cultural e social. Neste eixo, o currculo se volta para
discusses sobre poder, classes sociais e relaes sociais de produo, entre
outras; e (c) na concepo ps-crtica na qual afloram as questes das
identidades, dando nfase a discusses sobre alteridade, subjetividade, diferenas,
significados, poder, saber, cultura, gnero, sexualidade, raa, etnia e
multiculturalidade.
A vinculao dos currculos a uma dessas vertentes ir fomentar, nos sujeitos
em formao, diferentes formas de pensar e construir conhecimentos. Assim,
currculos assentados em uma perspectiva de educao tradicional levam os alunos
a uma racionalidade no crtica, isto , reproduo das formas de pensar pelas
quais foi ensinado. Sujeitos que passam pela experincia escolar que se molda por
esta vertente tendem a expressar uma racionalidade instrumental (saber fazer). J
os sujeitos que vivenciam currculos com tnica na crtica social, questionando a
insero do ser humano na sociedade capitalista estruturada em classes sociais,
divididas entre dominadores e dominados, tendem a refletir sobre a sua posio no
mundo, tomando conscincia das opresses que lhe cercam. A reflexo crtica se
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amplia com os subsdios das teorias ps-crticas que vo aprofundar a complexidade
do mundo contemporneo atravessado pela diversidade cultural.
Essas perspectivas apontam para a fora do currculo escolar e nos levam a
indagar os motivos que determinam os cursos de Pedagogia das instituies aqui
consideradas a no oferecerem disciplinas que preparam os futuros docentes para o
desafio da presena das TIC na sociedade, mais especificamente, a
desconsiderarem o devir tecnolgico da humanidade.
Esta indagao se torna mais pertinente quando se compreende que as
cidades esto se transformando, de forma acelerada, em espaos de troca de
informaes digitais, onde se inter-relacionam a cultura urbana e a cibercultura por
meio da gesto dinmica dos processos de comunicao. A cibercultura propicia o
estar em outro lugar dentro de sua prpria casa, oferecendo uma multiplicidade de
vises de mundo. a possibilidade da convivncia do local e do no-local
permanentemente e, o mais importante, simultaneamente (PRETTO, 1996, p. 41).
Hoje, conviver na cidade digital requer o cidado-ciborgue (LEMOS, 2005), aquele
que est em permanente conexo com o ciberespao. Neste espao no basta
apenas o contato com o equipamento; necessria a apropriao da cibercultura.
Isto implica a combinao de vrios modos de comunicao, em diferentes graus de
complexidade, de interatividade, de prticas, de atitudes, de modos de pensamento,
para se aceitar e interagir com o virtual. Com a vivncia de novas prticas
democrticas, com a troca de saberes e a participao em decises polticas, dentre
outras atividades, o cidado-ciborgue acaba incorporando outros modos de
organizar sua vida pessoal, social e poltica. Compreender a complexidade do
mundo contemporneo algo extremamente desafiador, por que passa
necessariamente pelo entendimento das (re)formas que se inscrevem nas
mentalidades dos sujeitos.
, pois, fundamental questionar a desvinculao dos currculos de Pedagogia
desta realidade que j est definitivamente implantada.
CONCLUSO: A FORMAO DO PEDAGOGO ALHEIA PRESENA DAS TIC NO MUNDO CONTEMPORNEO
O Parecer que institui as Diretrizes Curriculares do Curso de Pedagogia, nas
quais foram incorporadas indicaes geradas a partir de consultas e discusses
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23
sobre este curso, considerando um perodo de 25 anos (1980-2005), se ocupa da
relao educao - TIC em diferentes momentos, quando: (a) aponta a necessidade
do pedagogo acompanhar o avano do conhecimento e da tecnologia na rea,
assim como as demandas de democratizao e de exigncias de qualidade do
ensino pelos diferentes segmentos da sociedade brasileira (BRASIL, CNE/CP,
2005, p.5); (b) trata do perfil do Licenciado em Pedagogia, afirmando que este
profissional deve estar apto a relacionar as linguagens dos meios de comunicao
aplicadas educao, nos processos didtico-pedaggicos, demonstrando domnio
das tecnologias de informao e comunicao adequadas ao desenvolvimento de
aprendizagens significativas (BRASIL, CNE/CP, 2005, p.9); e (c) afirma que os
currculos deste curso [...] oferecem diversas nfases nos percursos de formao
dos graduandos em Pedagogia, [...] a educao a distncia e as novas tecnologias
de informao e comunicao aplicadas educao. (BRASIL, CNE/CP, 2005,
p.20). Portanto, neste texto de carter normativo aparece nitidamente a demanda da
insero do licenciado em Pedagogia no universo da cibercultura.
As pesquisas que serviram de base para nossas inferncias indicam uma
marcante distncia entre a formao do pedagogo e a cultura digital. Tanto o estudo
de Gatti e Barreto (2009) como a anlise que conduzimos nos currculos deste
curso, oferecidos por 7 universidades, confirmam este distanciamento.
Sendo o currculo um instrumento poltico-pedaggico cabe indagar o porqu
desta desarticulao. A quem interessa o alheamento do pedagogo em relao a
questes que relacionam cibercultura e educao, entre elas: como levar os alunos
a perceberem o lado iluminado e o lado sombrio das redes sociais? Como
esclarec-los sobre os diferentes tipos de informao que circulam na rede,
ajudando-os a separar a informao confivel das que no possuem valor
educativo? Como obter um trabalho educativo com elevado nvel de interatividade,
apoiado por interfaces disponveis na Internet? Estas so apenas algumas
indagaes que poderiam ser levantadas em um cenrio marcado pela
extensa/intensa presena das tecnologias digitais e que passa a exigir novas formas
de relacionamento, outros valores e prticas educacionais renovadas.
Desde meados dos anos 90 do sculo passado diversos educadores indicam
a necessidade do campo educacional estabelecer, de forma mais concreta, as suas
interfaces com as TIC. Mason (1995, apud STAHL, 1997) sinalizou que a vida
humana est saturada de informao e tecnologia e isto acarreta implicaes na
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educao, a saber: (a) a quantidade de informaes exige novas estratgias de
pesquisa; (b) a aprendizagem do uso das tecnologias deve ser incorporada aos
currculos; e (c) usar a tecnologia para aprender demanda a aprendizagem de novas
habilidades metacognitivas. A prpria Stahl (1997) j preconizava que o processo
ensino-aprendizagem seria online, mediatizado, o que passaria a exigir dos
professores preparao adequada para explorar pedagogicamente as facilidades
tecnolgicas que estaro disposio dos alunos.
Passados 15 anos, nos encontramos quase que na estaca zero. A
preparao que deveria estar inserida nos currculos deste curso praticamente no
existe e quando ocorre vem pela vertente da no obrigatoriedade, ou seja, se
manifesta em disciplinas de carter optativo ou eletivo. Em um mundo onde tudo
acontece de forma acelerada, passar 15 anos sem uma mudana significativa no
currculo de Pedagogia, no sentido de fomentar a preparao para a docncia no
mundo cibercultural, sugere mais que imobilismo e resistncia dos educadores
presena das tecnologias digitais; significa condenar professores e seus alunos
excluso digital no sentido defendido por Rondelli (2003); Sorj e Guedes (2005);
Young (2006).
Retornando a Demo (2001, p. 11), quando diz que a excluso mais radical
aquela que faz o excludo no perceber sua excluso, cabe indagar: ser que os
licenciandos do curso de Pedagogia e seus professores percebem que, pela
negao de um espao claramente demarcado para a discusso crtica do atual
cenrio cibercultural, com a necessria preparao para o domnio instrumental e
crtico-pedaggico das tecnologias digitais, fragiliza-se a possibilidade de incluso
digital?
REFERNCIAS
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TABELA - DISCIPLINAS VINCULADAS RELAO EDUCAO TIC NAS SETE UNIVERSIDADES PESQUISADAS
Instituies
Disciplinas
Obrigatrias
Optativas
Eletivas
Complement
ares
PUC-RJ Mdia, Tecnologias e Educao x -
UERJ Maracan Tecnologias e Educao x -
Educ. Continuada e as Perspec em Redes de
Conhecimento
x -
UERJ
Baixada Fluminense
Cibercultura e Produo de Subjetividades I
-
x
Cibercultura e Produo de Subjetividades II
-
x
Cultura da Interface I - x
Cultura da Interface II - x
Multimdia e Educao I - x
Multimdia e Educao II - x
Mdia, cultura e Subjetividade - x
Educao & Comunicao: Rdio I - x
Educao & Comunicao: Rdio I - x
UERJ So Gonalo Informtica e Educao I
Informtica e Educao II
x
x
-
-
UFRJ 2008 - 1 Manh
Educao a Distncia - x
Informtica Aplicada Educao - x
Educao e Novas Tecnologias - x
UFRJ tarde Praia
Vermelha
Educao a Distncia - x
Educao e Novas Tecnologias - x
UFRJ 2008 - 1 Noite Praia
Verm
Educao a Distncia - x
Educao e Novas Tecnologias - x
UFRRJ - Campus Nova Iguau Tecnologias e Educao x -
UFRRJ - Campus Seropdica Informtica na Educao x -
UFF - Niteri No h - -
UFF - Angra Cotidiano Escolares e Novas Tecnologias x -
UFF - Pdua Informtica Educativa - x
USP
Mdia e Educao: Debates Contemporneos - x
Ensino Distncia - x
UNICAMP Educao e Tecnologias - x
Total de Instituies: 07
Total Disciplinas: 28
Total de
Obrigat: 08
Total de
Optat: 20
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29
2 OLHARES E VOZES DE TUTORES SOBRE O SER TUTOR
Erica Alves Barbosa Medeiros Tavares
Adriana Rocha Bruno
RESUMO
O presente texto apresenta os achados de uma investigao realizada em nvel de mestrado, que teve por objetivo compreender, a partir do olhar do tutor a distncia do curso de Pedagogia UAB/UFJF, o sentido do ser tutor e o significado da tutoria. A pesquisadora e sua orientadora dissertam, neste artigo, sobre o processo da pesquisa qualitativa que, inspirada nos estudos acerca da teoria da multiplicidade, teve o grupo focal como instrumento metodolgico com o intuito de provocar encontros potentes entre os sujeitos da pesquisa (incluso a pesquisadora). Os dados produzidos foram organizados em trs temas/'categorias', que se integram: colaborao, mediao e temporalidade. Os achados revelaram a necessidade de uma formao continuada especfica para se pensar as questes da Educao online no tocante a colaborao, processos de mediao e temporalidade. A pesquisa evidenciou tambm que: 1) o tutor, no curso investigado, desenvolve aes docentes e 2) indicadores para o trabalho em rede do tutor, como profissional da educao, com seus pares em cursos online.
PALAVRAS-CHAVE: Tutor/tutoria online. Universidade Aberta do Brasil. Docncia Online.
VIEWS AND VOICES ON BEING A TUTOR
ABSTRACT
This text presents the findings of an investigation at Masters level that aimed at understanding, with basis on the views offered by distance learning tutors at the Pedagogy (Education) course of the Open University of Brazil, the significance of being a tutor and the meaning of tutoring. The researcher and her supervisor discuss the processes entailed in a piece of qualitative research that, inspired by studies on the theory of multiplicity, had focus groups as a methodological tool to foster compelling meetings amongst research subjects (including the researcher). The data produced were organized into three integrated themes / 'categories': collaboration, mediation and temporality. The findings revealed the need for continuing professional
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education to be specific and consider online education in respect to collaboration, mediation and temporality. The research also revealed: 1) that tutors in the course investigated do carry out teaching actions and 2) indicators for tutors collaborative work with peers, where tutors are viewed as professional educators.
KEYWORDS: Tutor/online tutoring. Open University of Brazil. Online Teaching.
INTRODUO
O presente texto apresenta os achados de uma investigao realizada em
nvel de mestrado, que teve por objetivo compreender, a partir do olhar do tutor a
distncia do curso de Pedagogia a Distncia UAB/UFJF, o sentido do ser tutor e o
significado da tutoria. No fomos, como afirma Freire (1999, p.15), em tempo algum,
observadoras acinzentadamente imparciais, pois por atuarmos como coordenadora
e tutora do curso na poca da pesquisa, estvamos (como ainda estamos)
encharcadas de nossas histrias de vida, que se entrecruzaram com as histrias de
outros: tutores/sujeitos, autores, e interlocutores em outros espaos.
Neste texto trazemos um recorte de nossas reflexes, desta forma
organizarmos este artigo em trs partes: 1) Educao Online e Cibercultura, 2) o
caminho percorrido para realizao da pesquisa e 3) um recorte de uma das
categorias analisadas no texto dissertativo, a mediao.
EDUCAO ONLINE E CIBERCULTURA
A cibercultura a cultura contempornea estruturada pelas tecnologias
digitais que, segundo Santos (2010), vem provendo estas novas formas de interagir,
como tambm novas possibilidades de aprendizagens mediadas pelo ciberespao.
De acordo com a autora, atendendo a especificidade das prticas educacionais, os
processos de ensino e aprendizagem podem ser efetivados pelos ambientes virtuais
de aprendizagem.
A educao composta por vrios elementos que permitem diferentes
modos de comunicao, potencializados a partir de algumas tecnologias digitais e
suas interfaces. Tais elementos podem implicar mudanas diretas no contedo e na
forma das construes educacionais coletivas. Essa comunicao nos cursos online
mediada por Ambientes Virtuais de Aprendizagem (AVA), que potencializam
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comunicaes mltiplas e agregam interfaces que permitem a produo de
contedos e o controle das informaes circuladas no ambiente. Por meio dos
recursos de digitalizao, vrias fontes de informao e conhecimento podem ser
criadas e socializadas atravs de contedos apresentados de forma hipertextual,
mixada, multimdia e com simulaes. Alm do acesso e possibilidades variadas de
leituras, o aprendiz que interage com o contedo digital poder tambm se
comunicar com outras pessoas.
Essa transformao tecnolgica amplia-se de forma efetiva por sua
capacidade de criar uma interface1 entre campos tecnolgicos, usando uma
linguagem digital comum na qual se do todos os processos que dizem respeito
informao (recuperar, armazenar, processar). Os estudos de Santos (2002)
apontam que: Os novos suportes digitais permitem que as informaes sejam manipuladas de forma extremamente rpida e flexvel, envolvendo praticamente todas as reas do conhecimento sistematizado bem como todo cotidiano nas suas multifacetadas relaes. Estamos, efetivamente, vivendo uma mudana cultural (SANTOS, 2002, p. 114).
Neste contexto de transformao tecnolgica, referindo-se ao ciberespao -
um dos locais onde desenvolvida a educao online Lvy o define como o
espao de comunicao aberto pela interconexo mundial dos computadores e das
memrias dos computadores (1999, p.92), e afirma que nele encontramos em graus
de complexidade crescentes os mundos virtuais multiusurios.
Tais reflexes sobre o ciberespao, AVA e sua relao com a educao foram
primordiais para essa pesquisa, na medida em que os sujeitos selecionados, que
atuavam como tutores a distncia, interagiam no ambiente virtual de aprendizagem
(Moodle) e tiveram suas relaes imbricadas s questes da cibercultura, auxiliando
assim a compreenso de aes e concepes de tutoria e do SER TUTOR no curso
de Pedagogia a Distncia UAB/UFJF.
Para esclarecer o entendimento acerca do locus desta investigao, faz-se
importante compreender, assim como afirma Santos (2005), que a educao online
no apenas uma evoluo das geraes da EaD, mas um fenmeno da
cibercultura, que possui: 1Segundo Pierre Lvy (1999): Usamos aqui o termo interfaces para todos os aparatos materiais que permitem a interao entre o universo da informao digital e o mundo ordinrio.
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...aes de ensino e aprendizagem ou atos de currculos mediados por interfaces digitais que potencializam prticas comunicacionais interativas e hipertextuais. Cada vez mais sujeitos e grupos-sujeitos, empresas, organizaes, enfim, espaos multirreferenciais de aprendizagem v lanando mo desse conceito e promovendo a difuso cultural de suas idias, potencializando a democratizao da informao, da comunicao e da aprendizagem entre os indivduos geograficamente dispersos, seja como elemento potencializador da educao presencial e/ou da educao a distancia (SANTOS, 2010, p.37,38).
Nesse vis, Santos (2010) afirma que preciso ter clareza que, apesar da
expresso consolidada ser educao a distncia, a educao online:
Exige metodologia prpria porque o suporte digital online contempla interatividade e multidirecionalidade em tempo sncrono e assncrono. A mediao e o desenho didtico na tela do computador precisar contar com uma potencialidade comunicativa mobilizadora da interlocuo, da docncia e da aprendizagem. Trata-se de uma dinmica favorvel autoria e colaborao nos diversos recursos do ambiente virtual de aprendizagem (SANTOS, 2010, p. 13).
Miranda e Barbosa (2009) apontam que na educao a distncia, mediada
por ambientes virtuais de aprendizagem, redefinem-se as relaes espaos
temporais e institui-se uma prtica educativa pautada na assincronicidade temporal.
Isso significa dizer que o curso ocorre em uma modalidade a distancia, mas no
distante, no sentido de que o contato entre os estudantes, tutores e estudantes,
professores e estudantes ativado pelas interaes processadas pelos sujeitos.
Nesse aspecto, ao nos referirmos ao Curso de Pedagogia da UFJF, optamos
por usar os termos EaD e Educao online. O primeiro por fazer parte do projeto
atual do curso e do cotidiano dos tutores e professores que nele atuam. J, o
segundo termo ratifica nossa compreenso de que cada vez mais caminhamos para
uma docncia online produzida coletivamente e viabilizada pelas prticas
especficas da cibercultura. Seu potencial de interao mediada por computador e
internet, num contexto semitico plural e em rede, comprometidos com a autoria dos
sujeitos no exerccio da docncia online, so ressignificados e ampliados.
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O CAMINHO PERCORRIDO PARA A REALIZAO DA PESQUISA
O lcus desta investigao incidiu sobre o Curso de Pedagogia, licenciatura, a
distncia da Universidade Federal de Juiz de Fora, do Sistema Universidade Aberta
do Brasil, que teve incio em outubro de 2007. O Curso prev a articulao de trs
ncleos: ncleo de estudos bsicos, ncleo de aprofundamento e diversificao de
estudos e ncleo de estudos integradores. Atualmente h trs turmas em curso, que
nomeamos UAB 2, UAB 3 e UAB 4, atendemos a dez polos, distribudos no Estado
de Minas Gerais. Os atores responsveis pelo desenvolvimento do curso so: 08
coordenadores, 17 professores, 96 tutores a distancia, 15 tutores presenciais e
cerca de 738 alunos.
Cada tutor a distancia atende a um nico polo, com o mximo de 50 alunos,
numa determinada disciplina. Desse modo, tais tutores, possuem condies de
mediar o contedo com a qualidade desejada, pois so selecionados a partir da
aderncia (formao inicial, ps-graduao/pesquisa e/ou experincia profissional).
de sua formao e experincia para a rea de conhecimento especfico (BRUNO e
LEMGRUBER, 2009).
A cada incio do semestre, h seleo para novos tutores a distncia, pois no
curso de pedagogia da UFJF o tutor selecionado via edital pblico e deve ter,
como dito anteriormente, aderncia rea de conhecimento da disciplina O curso
no reconhece o tutor como polivalente, que percorre todas as disciplinas do curso,
visto que este profissional da educao atua em uma nica disciplina e em um nico
polo por semestre. Isso se deve ao fato de entendermos o tutor como um professor,
que medeia o conhecimento na disciplina e, para que esta mediao seja de
qualidade, preciso que tenha conhecimento especfico, domnio do c