educação escolar de pessoas com surdez

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Marta Aparecida de Mello Pereira Cursista da Pós Graduação em AEE do Curso AEE2013 T26a MS Campo Grande, oferecido pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com o MEC/SECADI e Universidade Aberta (UAB). EDUCAÇÃO ESCOLAR DE PESSOA COM SURDEZ Marta Aparecida de Mello Pereira 1 Estudando a historia da educação escolar para pessoas com surdez nos reportamos aos sistemas de comunicação que se desenvolveu em diferentes direções, as gestualistas e oralistas, que são propostas que se romperam, pois ao mesmo tempo em que traziam benefícios desvalorizavam a língua natural impedindo o ser com surdez de evoluir no cognitivo, social, afetivo enfim, na aprendizagem. Essas duas vertentes insistiam na discussão de qual língua a pessoa utilizaria, se a oral ou a gestual, e desvalorizava o potencial do aluno e de sua vida social, um contexto importante na sua formação, segundo Kozlowski (1998) “a comunicação não é o único aspecto a ser considerado na educação da criança surda, já que esta deve ser considerada como um indivíduo em todos os aspectos”. Diante desse contexto é que a Política Nacional da Educação Inclusiva propõe mudanças nos sistema de ensino no que diz respeito à inclusão escolar. São novas práticas pedagógicas que estão sendo implantadas na tentativa de minimizar as barreiras existentes no ensino comum promovendo uma educação de qualidade para todos. Muitos desafios precisam ser enfrentados e as propostas educacionais revistas, conduzindo a uma tomada de posição que resulte em novas práticas de ensino e aprendizagem consistentes e produtivas para a educação de pessoas com surdez, nas escolas públicas e particulares. (ALVES, p. 8, 2010). Damázio (2010) reforça que se deve “pensar e construir uma prática pedagógica que se volte para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas com surdez, na escola, é fazer com que essa instituição esteja imersa nesse emaranhado de redes sociais, culturais e de saberes”. As escolas devem organizar os atendimentos ao aluno com surdez com a disposição do AEE nas Salas de Recursos Multifuncionais no contra turno do ensino regular, em que esses alunos terão o contato com a Língua Brasileira de Sinais e a Língua Portuguesa. Para tanto, cada unidade de ensino deverá disponibilizar professores capacitados para esse fim no AEE e também um professor intérprete para mediar à comunicação do aluno com surdez no ensino regular. Esse profissional, de acordo com Damázio (2007, p. 51): (...) deve conhecer com profundidade, cientificidade e criticidade sua profissão, a área em que atua, as implicações da surdez, as pessoas com

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Page 1: Educação Escolar de Pessoas com Surdez

Marta Aparecida de Mello Pereira – Cursista da Pós – Graduação em AEE do Curso AEE2013 T26a MS Campo Grande, oferecido pela Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria com o MEC/SECADI e Universidade Aberta (UAB).

EDUCAÇÃO ESCOLAR DE PESSOA COM SURDEZ

Marta Aparecida de Mello Pereira1

Estudando a historia da educação escolar para pessoas com surdez nos

reportamos aos sistemas de comunicação que se desenvolveu em diferentes

direções, as gestualistas e oralistas, que são propostas que se romperam, pois ao

mesmo tempo em que traziam benefícios desvalorizavam a língua natural impedindo

o ser com surdez de evoluir no cognitivo, social, afetivo enfim, na aprendizagem.

Essas duas vertentes insistiam na discussão de qual língua a pessoa

utilizaria, se a oral ou a gestual, e desvalorizava o potencial do aluno e de sua vida

social, um contexto importante na sua formação, segundo Kozlowski (1998) “a

comunicação não é o único aspecto a ser considerado na educação da criança

surda, já que esta deve ser considerada como um indivíduo em todos os aspectos”.

Diante desse contexto é que a Política Nacional da Educação Inclusiva

propõe mudanças nos sistema de ensino no que diz respeito à inclusão escolar. São

novas práticas pedagógicas que estão sendo implantadas na tentativa de minimizar

as barreiras existentes no ensino comum promovendo uma educação de qualidade

para todos.

Muitos desafios precisam ser enfrentados e as propostas educacionais revistas, conduzindo a uma tomada de posição que resulte em novas práticas de ensino e aprendizagem consistentes e produtivas para a educação de pessoas com surdez, nas escolas públicas e particulares.

(ALVES, p. 8, 2010).

Damázio (2010) reforça que se deve “pensar e construir uma prática

pedagógica que se volte para o desenvolvimento das potencialidades das pessoas

com surdez, na escola, é fazer com que essa instituição esteja imersa nesse

emaranhado de redes sociais, culturais e de saberes”.

As escolas devem organizar os atendimentos ao aluno com surdez com a

disposição do AEE nas Salas de Recursos Multifuncionais no contra turno do ensino

regular, em que esses alunos terão o contato com a Língua Brasileira de Sinais e a

Língua Portuguesa. Para tanto, cada unidade de ensino deverá disponibilizar

professores capacitados para esse fim no AEE e também um professor intérprete

para mediar à comunicação do aluno com surdez no ensino regular. Esse

profissional, de acordo com Damázio (2007, p. 51):

(...) deve conhecer com profundidade, cientificidade e criticidade sua profissão, a área em que atua, as implicações da surdez, as pessoas com

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surdez, a Libras, os diversos ambientes de sua atuação a fim de que, de posse desses conhecimentos, seja capaz de atuar de maneira adequada em cada uma das situações que envolvem a tradução, a interpretação e a ética profissional.

A educação especial na perspectiva inclusiva, com o apoio do

atendimento educacional especializado nas escolas e classes comuns, propõe ao

aluno com surdez possibilidades de crescimento de estudos por meio do bilinguismo

que é Língua de Sinais e a Língua Portuguesa, concomitante, favorecendo a

comunicação, a instrução e a valorização do ser humano. Nessa perspectiva de

inclusão o bilinguismo será algo concreto que leva em consideração as

características do aluno com surdez e será uma fonte de comunicação e instrução

possibilitando ainda a pessoa com surdes a escolha daquela que mais lhe agrada.

A Proposta Bilíngue não privilegia uma língua, mas quer dar direito e condição ao indivíduo surdo de poder utilizar as duas línguas; portanto não se trata de negação mas de respeito: o indivíduo escolherá a língua que irá

utilizar em cada situação linguística em que se encontrar. (KOZLOWSKI, p. 2, 1998).

Essa abordagem bilíngue de educação deve conter os três momentos

didáticos - pedagógicos: O AEE em Libras quem faz toda a mediação do

conhecimento dos diferentes conteúdos curriculares é um professor com surdez de

preferência. Esse tipo de ensino “fornece a base conceitual dessa língua e do

conteúdo curricular estudado na sala de aula comum, o que favorece ao aluno com

surdez a compreensão desse conteúdo”. (DAMÁZIO, p. 29, 2007).

No AEE de Libras a intervenção do conhecimento e aquisição dos termos

científicos é a partir da bagagem que o aluno traz valorizando o saber já adquirido. O

ensino da Língua Portuguesa é realizado por um professor graduado na área de

Língua Portuguesa que tenha conhecimento na linguística. Devem acontecer com

amplo acervo de textos, imagens, entre outros. Segundo Damázio (2007) o ensino

da LP tem como objetivo “desenvolver a competência gramatical ou linguística, bem

como textual, nas pessoas com surdez, para que sejam capazes de gerar

sequências linguísticas bem formadas”.

Para que esse trabalho aconteça com resultados positivos para o aluno com

surdez faz-se necessário um planejamento participativo entre os docentes a fim de

definir objetivos claros de aprendizagem para que o discente se sinta valorizado na

sua língua materna e progrida na aquisição de conhecimento visando sua autonomia

em sala de aula comum e na sociedade como um todo.

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Referências:

Alvez, Carla Barbosa. A Educação Especial na Perspectiva da Inclusão Escolar : abordagem bilíngue na escolarização de pessoas com surdez / Carla Barbosa Alvez, Josimário de Paula Ferreira, Mirlene Macedo Damázio. - Brasília : Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial ; [Fortaleza] : Universidade Federal do Ceará, 2010. DAMÁZIO, Mirlene Ferreira Macedo. Formação Continuada a Distância de Professores para o Atendimento Educacional Especializado: pessoa com Surdez. SEESP / SEED / MEC Brasília/DF – 2007. DAMÁZIO, M. F. M.; FERREIRA, J. Educação Escolar de Pessoas com Surdez-Atendimento Educacional Especializado em Construção. Revista Inclusão: Brasília: MEC, V.5, 2010. p. 46-57. KOZLOWSKI, L. A. Proposta Bilíngue de Educação do Surdo. Revista Espaço. Rio de Janeiro: INES, nº10, p.47-53, dezembro, 1998.