educação física: valores humanos e o combate à violência ... · bullying, os valores humanos e...
TRANSCRIPT
Educação Física: Valores Humanos e o Combate à Violência Escolar
Autor: Jane Marcia Vercezi1
Orientadora: Rosângela Aparecida Mello2
RESUMO
A prática do ensinar, como também a do aprender é perpassada pela relação afetiva que o indivíduo estabelece em seu meio social, inclui-se aqui a sala de aula. A preocupação com violência na escola, especificamente o Bullying se torna de grande relevância entre educadores, pedagogos, psicólogos, entre outros profissionais que se inserem no contexto escolar. O presente estudo bibliográfico teve com o objetivo discutir sobre a violência escolar com enfoque no fenômeno Bullying, os valores humanos e a relação destes com a Educação Física, contextualizando e buscando conscientizar sobre a importância do exercício dos Valores Humanos no cotidiano dos alunos seja na escola, em casa, enfim no seu meio social. Pretendeu subsidiar profissionais da educação para discussão, reflexão sobre a violência - Bullying e valores humanos contextualizados na disciplina de Educação Física com professores e alunos da 8ª série do Ensino Fundamental do Colégio Estadual Paiçandu. Como metodologia realizamos a implementação em um período de 32 horas, que contemplou exposição oral, textos, pesquisas, exposição de filmes, debates, reflexões, contextualização sobre a Violência Escolar – Bullying: origem, características, causas, consequências, assim como os Valores Humanos: origem e sua prática no contexto escolar, sendo estes vivenciados, discutidos em momentos de reflexão também em aulas práticas junto ao conteúdo estruturante esporte com a modalidade voleibol. A avaliação ocorreu por meio de apresentações de seminários, teatro, textos, organização de eventos, entre outros recursos para a verificação do alcance dos objetivos.
Palavras-chave:Educação Física, Valores Humanos, Violência Escolar - Bullying
1Professora Pós-graduada em Educação Especial. Graduada em Educação Física – UEM. Atua no Colégio Estadual Paiçandu. 2Professora Doutora da Universidade Estadual de Maringá.
1.INTRODUÇÃO
Os questionamentos sobre a proposta do tema de estudo para o PDE
envolveu a minha experiência como pessoa, mesmo antes de escolher a Educação
Física como profissão e antes de me envolver com assuntos sociais como
professora. Foi antes, bem antes, como aluna, adolescente, como alguém que
encontrou na prática do esporte - que não me levou a grandes clubes, grandes
competições, aos Jogos Olímpicos - o despertar na criança, o amor pela partilha.
Encaminhou e fortaleceu a educação que recebi em casa e norteou minhas decisões
profissionais. Por meio do voleibol me tornei professora de Educação Física e
agreguei à minha vida grandes amigos, o caminho reto, a partilha e o bom combate.
Foi pelo “amor” ao voleibol que resolvi estudar o poder deste esporte, como
dos demais, na transformação social. Mas, antes de mais nada, ensinar a identificar
dentro de si os processos da mudança e que todos um dia terão entendimento de
que o que fazemos de bom pode ser transposto para a nossa vida em sociedade,
transformação que o esporte faz tão bem e que a sociedade necessita: educação do
corpo, dos atos, dos seres.
A violência é uma manifestação desta sociedade e nela estão agregados
conceitos construídos em seu cotidiano, norteada pelos aspectos citados
anteriormente.
Em nossa sociedade a violência é pesquisada e discutida por muitos
estudiosos, detentora do maior tempo no noticiário televisivo em todo o mundo. Ela
se apresenta de inúmeras formas, por exemplo, a violência no trânsito, agressões
físicas e morais, depredações do patrimônio público e privado, roubos, estupros,
discriminação, preconceito, entre outras. Contudo os valores humanos também
fazem parte deste cotidiano, construídos no mesmo social, podemos observar
manifestações de solidariedade, cooperação, respeito, responsabilidade entre
outros, porém estes não provocam o impacto que atitudes de violência promovem,
sendo este um dos fatores a que venha sucumbir tais valores a meros figurantes nas
interações sociais na escola..
Observar que o processo de ensino aprendizagem dos alunos sofre grande
interferência da indisciplina e violência é uma realidade hoje já muito estudada e
discutida por pedagogos, educadores, psicólogos, psiquiatras, entre outros, tanto
nacional como internacionalmente. É importante afirmar que a prática do ensinar,
como também a do aprender é perpassada pela relação afetiva que o indivíduo
estabelece em seu meio social, inclui-se aqui a sala de aula. A forma com que o
aluno estabelece vínculo social com as demais pessoas no ambiente escolar reflete
no seu interesse e rendimento no decurso do processo de ensino aprendizagem.
Vale aqui destacar que se o aluno estabelece vínculos, quem o oferece é a figura do
professor.
Constata-se que no meu local de trabalho no período da tarde, as
manifestações de indisciplina e violência são mais evidentes. São situações,
geralmente, construídas devido a fatores vivenciados no cotidiano das crianças,
onde se evidenciam características culturais, maiores transtornos afetivos,
problemas socioeconômicos que muitas vezes afetam seus relacionamentos, sejam
eles de qualquer ordem.
Desta forma, os objetivos formulados foram: - Propor estudos e atividades
com alunos das 8ª séries do ensino fundamental do Colégio Estadual Paiçandu –
Paiçandu – Paraná, que trabalhem os valores humanos contribuindo para o
enfrentamento da violência na escola; - Identificar e analisar como surgem e se
desenvolvem os valores humanos; - Desenvolver estudos, (debates/reflexões) junto
aos alunos de oitava série do ensino fundamental, com o propósito de conceituar e
contextualizar dentro do ambiente escolar a prática dos valores humanos e da
violência escolar; - Oportunizar a prática dos valores humanos por meio do conteúdo
estruturante esporte desenvolvendo atividades na modalidade de voleibol,
contrapondo-se a prática da violência no ambiente escola. Assim, buscando
conscientizar sobre a importância do exercício dos Valores Humanos no cotidiano
dos alunos seja na escola, em casa, enfim no seu meio social.
As estratégias de ação foram realizadas com professores e alunos da 8ª série
do Colégio Estadual Paiçandu – Ensino Fundamental, Médio, Normal e
Profissionalizante, com a carga horária de 32 horas / aulas que contemplarão um
conjunto de ações que serão citadas a seguir:
- Palestra para o corpo docente da instituição sobre violência e valores
humanos, com a utilização de uma hora aula;
- Exploração do material didático junto aos alunos;
- Utilização da exposição oral, textos, pesquisas, debates, exposição de
vídeos (filmes, documentários) sobre o tema proposto;
- Desenvolvimento de atividades práticas, utilizando o esporte voleibol como
ponte para o exercício dos valores humanos, inserindo neste contexto a
desconstrução e construção de conceitos sobre esporte como manifestação da
cultura corporal, conteúdos estruturantes da Disciplina de Educação Física, onde se
deve “considerar os determinantes histórico-sociais responsáveis pela constituição
do esporte ao longo dos anos, tendo em vista a possibilidade de recriação dessa
prática corporal.” (PARANÁ, 2008, p. 63).
Na avaliação utilizamos diversos recursos, como as apresentações de
trabalhos, teatro, seminários, vídeos, textos, entre outros.
2.REVISÃO DE LITERATURA
2.1 VIOLÊNCIA-BULLYING
De acordo com Assis et. al. (2004, p.43) “A violência contra crianças e
adolescentes acompanha a história humana, expressando-se distintamente em cada
cultura”.
Violência é sf (lat violentia). 1 qualidade de violento. 2 Qualidade do que atua com força ou com grande impulso. 3 Ação violenta. 4 Opressão, tirania. 5 Intensidade. 6 Veemência. 7 Irascibilidade. 8 Qualquer força empregada contra a vontade, liberdade ou resistência de pessoa ou coisa. 9 Dir Constrangimento, físico ou moral, exercido sobre alguma pessoa para obrigá-la a submeter-se à vontade de outrem; coação. (http://michaelis.uol.com.br/)
A sociedade brasileira vem presenciando um alarmante número de casos de
violência contra crianças e adolescentes. É só acompanharmos os noticiários, seja
da imprensa falada ou escrita, que constataremos inúmeros fatos, por exemplo,
crianças abandonadas, desaparecidas, encontradas mortas, muitas vezes com
mortes violentas, crianças violentadas por estranhos, por pessoas da própria família
ou de sua convivência. Segundo Claves apud Assis et al.:
No Brasil, a violência alcançou tamanha dimensão que pode ser
considerada como infrapolítica, ou seja, está intimamente ligada ao
momento atual da realidade brasileira, sendo ao mesmo tempo causa
e efeito da conjuntura. (2004, p.43)
No cotidiano escolar presenciamos a violência com formatos diferenciados,
como a depredação da estrutura física, materiais didáticos, agressões físicas e
morais e o Bullying, sendo este muito discutido por diversos segmentos da
sociedade. Contudo, todas estas formas de violência denigrem o bem estar das
relações humanas, seja entre alunos, professores, equipe administrativa e
pedagógica como também as famílias. Permitir que este fenômeno desestruture a
dinâmica do processo de educar, desvie o objetivo maior da educação, a
emancipação humana, o conhecimento científico e as relações sociais ali
estabelecidas é aceitar a degradação social.
A violência atinge diretamente a participação do sujeito na sociedade. Acaba
por formular uma visão distorcida das relações sociais. De acordo com Chauí apud
Schilling:
Violência é um ato de brutalidade, sevícia e abuso físico ou psíquico contra alguém e caracteriza relações intersubjetivas e sociais definidas pela opressão e intimidação, pelo medo e pelo terror. A violência se opõe à ética porque trata seres racionais e sensíveis, dotados de linguagem e liberdade, como se fossem coisas, isto é, irracionais, insensíveis, mudos, inertes ou passivos. (2004, p.38)
Ao se tratar da escola, hoje esse tipo de violência é conhecida como Bullying
que é definido como “um conjunto de atitudes de violência física e/ou psicológica, de
caráter intencional e repetitivo, praticado por bully (agressor) contra uma ou mais
vítimas que se encontram impossibilitadas de se defender”. SILVA (2010, p.21)
Fante (2005, p.27) define bullying como: “palavra de origem inglesa, adotada
por muitos países para definir o desejo consciente e deliberado de maltratar uma
outra pessoa e colocá-la sob tensão; termo que conceitua os comportamentos
agressivos e antissociais, utilizado pela literatura psicológica anglo-saxônica nos
estudos sobre o problema da violência escolar.”
A prática do bullying é muito antiga, porém a sociedade passou a se
preocupar de forma incisiva após ocorrerem diversas atentados em escolas do
mundo todo, inclusive no Brasil. Casos de chacinas dentro de escolas alarmam
autoridades, educadores, famílias e outras instituições para o problema da violência
escolar.
O bullying tem como características insultos, ameaças, intimidações,
depreciação física ou moral da vítima, agressões física e/ou moral, agressão sexual,
difamar, caluniar, expor a vítima em situações vexatórias, constrangedoras quanto à
orientação sexual, situação econômica, familiar, condição de moradia, isolamento
social, entre outras, de forma sistemática.
Afirma Fante (2005, p. 30) que o bullying é “um conceito específico e muito
bem definido, uma vez que não se deixa confundir com outras formas de violência.”
Possui características próprias e a principal dela é a propriedade de causar traumas
psicológicos em suas vítimas.
Difícil aceitar que um comportamento cruel venha do ser humano, porém o
bullying está intrínseco nas relações interpessoais e não só na escola como relata a
autora Fante (2005, p.30), pois é reconhecido em outros contextos como: “nas
famílias, nos condomínios residenciais, nos clubes, nos locais de trabalho, nos asilos
de idosos, nas Forças Armadas, nas prisões, enfim, onde existem relações
interpessoais.”
Silva (2010) coloca que a versatilidade de atitudes maldosas contribui não
somente para a exclusão social da vítima, como também em muitos casos, para a
evasão escolar. Cita as diversas formas que esta violência pode ser realizada: na
forma verbal, físico e material, psicológico e moral, sexual e virtual, este último
chamado ciberbullying.
Ainda, de acordo com Silva (2010), as consequências psíquicas e
comportamentais que o bullying pode acarretar às vítimas são sintomas
psicossomáticos como dor de cabeça, insônia, alergias desmaios entre outros,
contando que estes sintomas interferem de forma qualitativa no rendimento escolar
deste aluno. Também provoca: - Transtorno do Pânico; - Fobia Escolar; - Fobia
Social ( Transtorno de Ansiedade Social – TAS); - Transtorno de Ansiedade
Generalizada (TAG); - Depressão; - Anorexia e Bulimia; - Transtorno Obsessivo –
Compulsivo (TOC); - Transtorno do Estresse Pós-Traumático (TEPT); e menos
frequentes a Esquizofrenia, Suicídio e Homicídio.
Traumas por bullying pode deixar sequelas em suas vítimas que determinarão
o percurso de suas vidas, pois afetam sua auto estima e desencadeiam desordens
neurológicas e no psiquismo que impedem o desenvolvimento sadio de uma pessoa,
afetando seu entendimento sobre valores para uma boa convivência social.
Contudo muitos superam, nas relações interpessoais e valores vivenciados no
seio familiar e que dão subsídios para tais resultados.
Fante (2005, p. 90) diz que “a única forma de obtenção de sucesso na
redução do bullying é a cooperação de todos envolvidos: alunos, professores,
gestores e pais.”
Com toda a predisposição de uma pessoa que sofre o bullying para
desencadear tais problemas, também há pessoas que superam o trauma buscando
ajuda psiquiátrica e outras que possuem uma capacidade de superação única que
Silva (2010) coloca como resiliência, que significa “propriedade pela qual a energia
armazenada em um corpo deformado é desenvolvida quando cessa a tensão
causadora da deformidade”. (p.75).
A preocupação com o bullying se tornou tão vultosa que o Governo do Estado
do Paraná pela Secretaria de Estado da Educação postou em seu site, em 2010,
uma cartilha sobre o tema para que todos os profissionais da educação do Estado
possa se inteirar, conhecer, saber reconhecer este fenômeno e como agir. No ano
de 2009, nos trabalhos e estudos na formação continuada dos grupos temáticos
realizados nas escolas estaduais, um dos temas foi o Enfrentamento à Violência na
Escola, sendo o bullying discutido em um dos encontros.
2.2 BULLYING E AS LEIS.
O Bullying se tornou caso de polícia e a sociedade representada por profissionais comprometidos discute soluções para inibir, frear, interromper a onda de violência nas escolas e em outros contextos. Leis estão em processo de formulação no poder legislativo, porém há leis que podem ser utilizadas para esse fim, que são:
• Artigo 146 - Código Penal Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, ou depois de lhe
haver reduzido, por qualquer outro meio, a capacidade de resistência, é crime de constrangimento ilegal.
• Artigo 147 - Código Penal Ameaçar alguém, por palavra, escrita ou gesto, ou qualquer outro meio
simbólico, também é crime e o autor deverá responder na justiça.
O Estatuto da Criança e Adolescente – ECA, também contribui no sentido de dar parâmetros aos comportamentos e exercício de valores, direitos e deveres, por nossa sociedade em relação às crianças e adolescentes.
• Artigo 5° - Lei 8.069/90 Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de
negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma de lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos seus diretos fundamentais.
• Artigo 17º – Lei 8.069/90O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade física, psíquica
e moral da criança e do adolescente, abrangendo a preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, ideias e crenças, dos espaços e objetos pessoais.
2.3 VALORES HUMANOS
“A intolerância, a ausência de parâmetros que orientem a convivência pacífica e a falta de habilidade para resolver os conflitos são algumas das principais dificuldades detectadas no ambiente escolar. Atualmente, a matéria mais difícil da escola não é a matemática ou a biologia; a convivência, para muitos alunos e de todas as séries, talvez seja a matéria mais difícil de ser aprendida.”CLEO FANTE (2005, p.91)
Ainda que hoje muitos pautem sua existência no acúmulo de riquezas
materiais pode-se reconhecer que muitos seres humanos são pessoas que
valorizam a boa conduta, a honestidade, a solidariedade entre outros valores para
seguirem em frente e educarem os seus filhos tornando um exemplo reconhecido na
sua comunidade.
Vejamos alguns valores que encontramos em nosso cotidiano.
• Cooperação;
• Solidariedade;
• Companheirismo;
• Respeito;
• Empatia;
• Responsabilidade;
• Compromisso;
• Amor próprio;
• Resiliencia;
• Autonomia, entre outros.
Na preparação de uma pessoa como ser social comprometido, livre e justo a
família, a escola possuem papeis insubstituíveis. Portanto, é necessário que pais,
professores e alunos estejam informados, atentos, vigilantes para combatermos a
violência na escola, contribuindo para com o desenvolvimento de seres humanos
mais justos e felizes.
Valor: sm (lat valore) 1 O preço atribuído a uma coisa; estimação, valia. 2 Relação entre a coisa apreciável e a moeda corrente no país, em determinada época e em determinado lugar. 3 Filos Caráter dos seres pelo qual são mais ou menos desejados ou estimados por uma pessoa ou grupo.(...). 9 Coragem, esforço de ânimo, intrepidez, valentia. 10 Paciência, resignação. 11Merecimento, préstimo, valia. 12 Qualidade do que tem força.(...). Juízo de valor: a) Psicol: apreciação subjetiva, que revela as preferências pessoais de cada pessoa, segundo suas tendências e influências sociais a que está submetida; b) em Filosofia, designa os julgamentos não diretamente procedentes da experiência, ou de elaboração pessoal, em oposição aos julgamentos de realidade, próprios do conhecimento objetivo, ou da ciência. (http://michaelis.uol.com.br/)
Humano: adj (lat humanu) 1 Que pertence ou se refere ao homem. 2Humanitário. 3 Bondoso, compassivo, caridoso. sm pl O gênero humano, os homens, os mortais. (http://michaelis.uol.com.br/)
Na perspectiva de elevar a prática dos valores humanos no ambiente escolar
é que buscamos a relevância destes no contexto histórico de nossa sociedade. De
acordo com Tonet:
Os valores são produzidos pelos homens, de modo social, em momentos e locais diferentes da história do ser social. Em última instância, porém, e de modo diferente para cada um deles, todos têm como referência o processo de autoconstrução humana. (2005, p.158)
A influência do sistema capitalista tem modificado valores essenciais à
convivência em sociedade. O fato é que este sistema permeia todas as relações
sociais e culmina na degeneração destes valores, causando o que chamamos de
estranhamento entre pessoas. Promove o individualismo que provoca no ser
humano a procura do imediato, a negação do outro e a consequente animalização
dos atos, não importando o ser, mas sim o ter.
Um sujeito é fruto do seu tempo histórico, das relações sociais em que está inserido, mas é, também, um ser singular, que atua no mundo do modo que o compreende e como dele é possível participar. PARANÁ 2008, p.14
O sistema educacional reproduz o contexto socioeconômico, político e cultural
vigente, colaborando para que as relações sociais vividas dentro da comunidade
escolar sejam o reflexo do caos social que o capitalismo selvagem vem produzindo
através de séculos de aprimoramento do sistema de super valorização do capital.
Leontiev afirma que:
A unidade da espécie humana parece ser praticamente inexistente não em virtude das diferenças de cor da pele, da forma dos olhos ou de quaisquer outros traços exteriores, mas sim das enormes diferenças e condições de modo vida, da riqueza da atividade material e mental, do nível de desenvolvimento das formas e aptidões intelectuais. (...) Ela é produto da desigualdade econômica, da desigualdade de classes e da diversidade consecutiva das suas relações com as aquisições que encarnam todas as aptidões e faculdade da natureza humana, formadas no decurso de um processo sócio-histórico. (...) A divisão social do trabalho tem igualmente como conseqüência que a atividade material e intelectual, o prazer e o trabalho, a produção e o consumo se separem e pertença a homens diferentes. (2004, p. 293 - 4)
Somado a aquisição do saber historicamente produzido, o resgate de valores
humanos é agora também papel da escola em face aos conflitos sociais que fazem
parte do cotidiano das pessoas. “Entende-se a escola como o espaço do confronto e
diálogo entre os conhecimentos sistematizados e os conhecimentos do cotidiano
popular.” PARANÁ (2008, p. 21).
2.4 A EDUCAÇÃO FÍSICA E OS VALORES HUMANOS
A Educação física tem como objeto de estudo a cultura corporal produzida
pela humanidade, sendo o trabalho o eixo norteador da evolução do homem nas
manifestações corporais e culturais.
As Diretrizes propõem a organização de conteúdos para a disciplina de
Educação Física que contemplam: os conteúdos estruturantes: jogos, esporte,
ginástica, dança e lutas que junto aos elementos articuladores: corpo, ludicidade,
saúde, mundo do trabalho, desportivização, técnica e tática, lazer, diversidade e
mídia, formam um acervo que subsidiam o trabalho pedagógico direcionando a
construção do conhecimento de forma reflexiva e contextualizada. Com isso nos
proporciona compreender que “a Educação Física é composta por interações que se
estabelecem nas relações sociais, políticas, econômicas e culturais dos povos.”
(PARANÁ, 2008, p.53).
A proposta curricular para o ensino da Educação física nas Diretrizes
Curriculares da Educação Básica do Paraná constitui como objeto de estudo desta
disciplina a Cultura Corporal que se configuram na forma de conteúdos seus
encaminhamentos metodológicos norteados pela Pedagogia Histórico-Crítica. Nesta
se evidencia o seu papel social e consolida “um novo entendimento em relação ao
movimento humano como expressão da identidade corporal, como prática social e
como forma do homem se relacionar com o mundo”. (PARANÁ. 2008, p.47).
Valoriza a produção histórica e cultural dos povos. Assim, busca contribuir na
formação de um sujeito crítico e reflexivo, que é produto, porém, também é agente
histórico, social, político e cultural. Segundo o Coletivo de Autores:
A expectativa da Educação Física escolar que tem como objeto a reflexão sobre a cultura corporal, contribui para a afirmação dos interesses de classe das camadas populares na medida em que desenvolve uma reflexão pedagógica sobre os valores como solidariedade substituindo o individualismo, cooperação confrontando com a disputa, distribuição confrontando com apropriação, sobretudo enfatizando a liberdade de expressão dos movimentos – a emancipação -, negando a dominação e submissão do homem pelo homem. (1992, p. 40)
2.5 O ESPORTE E OS VALORES
O Esporte é um dos conteúdos estruturantes da Disciplina de Educação
Física nas Diretrizes Curriculares da Educação Básica do Paraná onde afirma que
“em suas várias manifestações e abordagens, pode ser uma ferramenta de
aprendizado para o lazer, para o aprimoramento da saúde e para integrar os sujeitos
em suas relações sociais.” (p.63).
E diante da complexidade deste fenômeno, que possui sentido, significado e
códigos que a sociedade capitalista lhe propicia, atribuindo valor educativo para
justificá-lo no currículo escolar, se faz necessário que na escola se promova o
“resgate dos valores que privilegiam o coletivo sobre o individual, defendem o
compromisso da solidariedade e respeito humano, a compreensão de que o jogo se
faz “a dois”, e de que é diferente jogar “com” o companheiro e jogar “contra” o
adversário.” COLETIVO DE AUTORES (1992, p. 71).
A proposição da prática dos “valores humano” neste projeto de intervenção
pedagógica, por meio do conteúdo estruturante esporte / voleibol, ocorre por
entender que este esporte apresenta em sua essência características que podem
desenvolver: - a cooperação: solidariedade e companheirismo; - o respeito,
responsabilidade, - a autonomia: autoconfiança e auto-estima, entre outros e que
sua prática prima pela coletividade e valorização do outro, “convivência com as
diferenças na formação social crítica e autônoma.” (PARANÁ, 2008, P.63).
Ainda PARANÁ afirma que:
A Educação Física é parte do projeto de escolarização e, como tal, deve estar articulada ao projeto político-pedagógico, pois tem seu objetivo de estudo e ensino próprios, e trata de conhecimentos
relevantes na escola. Considerando o exposto, defende-se que as aulas de Educação Física não são apêndices das demais disciplinas e atividades, nem um momento subordinado e compensatório para as “durezas” das aulas em sala. (2008, p.50)
A Educação física tem como objeto de estudo a cultura corporal produzida
pela humanidade, sendo o trabalho o eixo norteador da evolução do homem nas
manifestações corporais e culturais. Contemplando atividades que desenvolvem
aspectos sociais, afetivos, cognitivos e motores, promovendo a auto estima e
valores como cooperação, respeito, entre outros.
As Diretrizes propõem a organização de conteúdos para a disciplina de
Educação Física que contemplam: os conteúdos estruturantes: jogos, esporte,
ginástica, dança e lutas que junto aos elementos articuladores: corpo, ludicidade,
saúde, mundo do trabalho, desportivização, técnica e tática, lazer, diversidade e
mídia, formam um acervo que subsidiam o trabalho pedagógico direcionando a
construção do conhecimento de forma reflexiva e contextualizada. Com isso, nos
proporciona compreender que “a Educação Física é composta por interações que se
estabelecem nas relações sociais, políticas, econômicas e culturais dos povos.”
(PARANÁ, 2008, p.53).
3. DESENVOLVIMENTO
O projeto de intervenção teve seu início ainda no 2° semestre de 2010, nosso
primeiro período no PDE, quando formulamos nossa intenção de pesquisa e
definimos os orientadores para a construção do projeto de intervenção que se
iniciaria assim que nos encontrássemos.
Com o projeto determinei os procedimentos a serem seguidos para a
conclusão deste estudo que era a implementação na escola.
No segundo período de estudos no PDE e 1° semestre de 2011, entre maio a
agosto produzi uma pesquisa bibliográfica que culminou no material didático que
viria ser utilizado durante a implementação com os alunos da oitava série do ensino
fundamental do Colégio Estadual Paiçandu – Unidade Didática com o título:
Educação Física: Valores Humanos e o Combate a Violência Escolar.
Ao iniciar o 2° semestre de 2011, terceiro período de estudos no PDE. Volto a
integrar o corpo docente do Colégio em que trabalho e, durante a semana
pedagógica apresentei o meu estudo aos demais colegas. No momento de
discussão e reflexão, expuseram suas opiniões sobre a importância de combater a
violência com a vivência dos valores e ressaltaram que a disciplina de educação
física propicia uma maior proximidade nas relações interpessoais e seu conteúdo
trabalha regras e atitudes de companheirismo, solidariedade e respeito.
Preparo a partir de então, a apresentação do projeto de intervenção para os
alunos das oitavas séries, como também as autorizações para que os pais estejam
cientes da participação de seus filhos, com dias e horários já estabelecidos. Assim,
realizo a apresentação e formalizo convite aos alunos a participarem do projeto no
final do mês de agosto.
Formada a turma, iniciamos a implementação no dia 02/09/2011, utilizando
questionamentos para diagnosticar o que os alunos sabiam sobre Bullying e Valores
humanos. Construíram então um texto, onde expuseram seus conceitos e
experiências em relação aos temas propostos. Significativas foram suas
construções, onde muitos depoimentos demonstraram um entendimento razoável
sobre os temas. Relataram que já tinham visto ou ouvido em seu meio e pela mídia.
Partindo de tais relatos expus por meio de slides conceitos, características, causas e
consequências dos temas: Bullying e Valores Humanos. Como estratégia para
assimilação dos conteúdos trabalhados, organizamos dois grupos de trabalho:
Grupo A - com o tema Bullying e Grupo B - com o tema Valores humanos, cada
grupo elaborou várias questões sobre seu tema de estudo e as utilizou na realização
do debate.
O debate evidenciou que o entendimento dos alunos sobre o bullying e
valores humanos repercutiu de forma satisfatória, conseguiram pontuar conceitos,
características, causas e consequências relatando por vezes ações, atitudes vividas
em seu meio, seja na escola, em casa e/ou em outros locais.
Buscando estabelecer vínculos entre a realidade e os temas em estudo,
projetamos um filme chamado “Um Sonho Possível” (baseado em fatos reais), no
qual os alunos deveriam analisar e relatar senas que descrevessem ações e atitudes
de bullying e valores humanos como também tecer suas considerações sobre o
desenrolar da trama do filme. Após discussão e contextualização do filme os alunos
construíram um texto a partir dos questionamentos: O bullying acontece na sua
escola? Você já praticou, presenciou ou sofreu bullying?
Textos construídos. Os relatos nos textos demonstram que muitos
presenciaram, outros em alguns momentos praticaram e outros sofreram, porém se
evidenciou que a violência vivenciada se caracterizava na forma de exposição do
outro ao ridículo, exclusão social. Poucos relatos de agressões físicas.
A atividade seguinte foi construir uma dramatização a cerca dos temas de
estudo, sendo a turma dividida em dois grupos: Grupo A dramatizou o tema Bullying
e o Grupo B dramatizou os Valores Humanos. Nas dramatizações demonstraram
nas senas criatividade, criticidade e coerência com a realidade vivida.
O segundo filme proposto tem por objetivo estabelecer vínculo entre o esporte
e a construção dos valores humanos. Coact Karter – Treino para a vida tendo como
idéia central resgatar vidas por meio do esporte. Esta atividade possui o mesmo
objetivo proposta para o filme “Um Sonho Possível”. Após assistir o filme realizamos
a discussão e contextualização do filme diante da prática da Educação Física na
escola. Ao estabelecer a ponte entre o esporte e a construção dos valores ficou
evidente a importância da disciplina Educação Física e de seus conteúdos para a
construção dos valores nos alunos no período de sua permanência na escola. Para
fechar esta primeira fase, a qual a denominei de Fase Teórica, porém sem deixar de
ser prática, os alunos construíram um texto sobre suas experiências e atitudes que
demonstram valores, seja na escola, em casa e em outros locais.
Na segunda fase, a qual a denominei Fase Prática, sem deixar de ser
também teórica. Utilizo a modalidade de voleibol para a condução das ações junto
aos valores. Todas as atividades são relacionadas à vivência dos valores.
Introduzo a primeira aula na quadra fazendo considerações sobre a
importância da presença de todos durante essa aula e as seguintes. Explico como
serão sistematizadas as aulas relacionando os valores que trabalharemos e que
serão os pilares para o aprendizado das atividades e da modalidade voleibol.
Sistematização das aulas práticas ocorreu da seguinte maneira: o
aquecimento sempre foi realizado com atividades lúdicas as quais incitava à prática
dos valores, exemplo: rela-ajuda, corrente, salve-se com um abraço, entre outras. O
segundo momento era o desenvolvimento de exercícios voltados ao aprendizado da
modalidade de voleibol, exercícios estes que também se vislumbrava o exercício dos
valores. O terceiro e último período da aula era destinado à pratica coletiva, o jogo
de mini voleibol, momento este destinado as interações e assimilação do
conhecimento trabalhado nos exercícios anteriores.
Os valores trabalhados foram: cooperação, respeito, responsabilidade e
autonomia. A cada valor trabalhado foram destinadas entre quatro a cinco aulas.
Contudo mesmo priorizando um dos valores em cada aula, os outros valores
também eram reforçados, discutidos de forma oportuna.
Momentos enriquecedores surgiam, geralmente, na adversidade. Atitudes de
preconceito, discriminação, sarcasmos, entre outros, se tornaram momentos de
discussões e busca de soluções dentro da proposta de exercitar os valores.
Aproximando as últimas aulas e já com o propósito de organizarmos o festival
do amigo de mini volei, organizei o grupo que realizou as inscrições, outro grupo
para fazer as quadras e a rede. Todos contribuíram na arbitragem e marcação dos
pontos.
Participaram do evento dez trios, que eram formados por dois participantes do
projeto e um convidado. Jogaram todos contra todos e a classificação foi definida
por pontos ganhos.
No decorrer da implementação se tornou visível a melhora das relações
interpessoais dos alunos com os alunos e com a professora. Sabe-se o quanto se
faz necessário buscar a essência do humano na realização de trabalho, atividades,
que comprometem a coletividade. Precisamos resgatar os valores humanos. A
escola pode contribuir e muito nesse resgate.
3.2 CONTRIBUIÇÕES DO GTR.
Paralelo a implementação do projeto de intervenção fui tutora de um curso
que faz parte do rol de atividades obrigatórias para a conclusão do PDE, o GTR
(Grupo de Trabalho em Rede). Contudo, para estar apita a exercer esta tutoria foi
ofertado pela SEED – Coordenação do PDE outro curso tendo como tema a EaD
(Educação a Distância), que nos propiciou um amplo conhecimento sobre esta
modalidade de ensino como também, o aprimoramento no uso das tecnologias com
prioridade o computador e suas ferramentas dentro da plataforma utilizada na
realização do curso.
Vivenciei duas modalidades de ensino, a presencial, utilizada para conhecer a
tecnologia e como acessar e trabalhar no ambiente virtual o e a distância curso de
tutoria.
O GTR iniciou com a inscrição do tema de estudo, Educação Física: Valores
Humanos e o Combate à Violência Escolar. Assim inseri o projeto de intervenção e o
material didático e as ações a serem desenvolvidas durante a implementação no
ambiente virtual, cada material ficou destinado a uma etapa do curso: -1ª etapa –
Projeto de Intervenção; - 2ª etapa – Material Didático; - 3ª etapa – Ações da
intervenção.
Realizadas as inscrições dos professores da rede estadual e formou-se o
grupo de trabalho que teve como objetivo fazer a apreciação dos materiais
oferecidos, participar das discussões em torno do tema e tecer suas considerações
sobre a relevância do tema na escola com a possibilidade de implementar as ações
propostas.
A participação dos professores demonstrou que existe uma preocupação dos
educadores de diversas regiões do Paraná com o declínio do exercício dos valores
tanto na escola como em nossa sociedade e a violência tomando seu lugar com
avanços assustadores.
Houve unanimidade quanto a importância de se trabalhar o tema com o intuito
de buscar conscientizar e resgatar os valores humanos para fazer frente a violência
crescente no ambiente escolar. Debate enriquecido em muitos momentos com
pesquisas bibliográficas.
O GTR foi um momento de suma importância que demonstrou que nós
educadores nunca estaremos só na luta por uma escola mais empenhada na
emancipar humana e na construção de uma sociedade mais justa.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A Violência Escolar é um fato assustador dentro dos estabelecimentos de
ensino de todo mundo.
O Bullying é preocupação de diversos segmentos da sociedade. E conter a
evolução deste fenômeno que se alastra causando estragos em muitas vidas é um
desafio.
Estudos mostram que indicadores sócio econômicos, políticos e culturais
exercem influência para a crescente violência que hoje vem sufocar as escolas. A
mídia já expõe com frequência em seu noticiário acontecimentos aterradores, onde
alunos ou ex-alunos são protagonistas.
A preocupação com o bullying se tornou vultosa que o Governo do Estado do
Paraná pela Secretaria de Estado da Educação postou em seu site, em 2010, uma
cartilha sobre o tema para que todos os profissionais da educação do Estado
possam se inteirar, conhecer, saber reconhecer este fenômeno e como agir. No ano
de 2009, nos trabalhos e estudos na formação continuada dos grupos temáticos
realizados nas escolas estaduais, um dos temas foi o Enfrentamento à Violência na
Escola, sendo o bullying discutido em um dos encontros.
Como parar tudo isso? Como trazer a paz de volta ao ambiente escolar?
Trabalhar o oposto, exercitar valores humanos nas ações do cotidiano escolar
pode sensibilizar e modificar a trajetória da história das relações interpessoais da
vida de alunos, professores e comunidade.
A escola representada por seu corpo administrativo, docente discente,
funcionários e pais devem trabalhar juntos no propósito de eliminar quaisquer
manifestações de violência no ambiente escolar, pois com certeza refletirá na vida
de todos.
REFERÊNCIAS
COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino da Educação Física. São
Paulo: Cortez, 1992.
Dicionário on line: Michaelis – Dicionário da língua Portuguesa. http://michaelis.uol.com.br/moderno/portugues/index.php? Acesso em 23/06/2011CÓDIGO PENAL BRASILEIRO. Decreto – Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de
1940. http://www6.senado.gov.br. Acesso em 08/08/2011.
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE – ECA.Lei nº 8.069, de 13 de
julho de 1990. http://www.planaltp.gov.br. Acesso em 08/08/2011.
FANTE. Cléo, Fenômeno Bullying: Como prevenir a violência nas escolas e
educar para a paz. 2ª edição. Campinas, SP: Verus Editora, 2005.
LEONTIEV. Alexis, O Desenvolvimento do Psiquismo. 2ª edição. São Paulo:
Centouro, 2004.
PARANÁ. Secretaria de Estado da Educação. Diretrizes Curriculares da
Educação Básica – Educação Física, 2008.
TONET. Ivo, Educação, Cidadania e Emancipação Humana. Ijuí: Unijuí, 2005.
SCHILLING. Flávia, A Sociedade da Insegurança e a Violência na Escola. São
Paulo: Moderna, 2004.
SILVA. Ana B. B., Bullying: mentes perigosas nas escolas. Rio de Janeiro: Objetiva, 2010.