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EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃOFACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO SUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO
PROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL
AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS CAUSADOS PELA PRODUÇÃO AGRÍCOLA MODERNA EM FIGD´OESTE - DISTRITO DE ENGENHEIRO BELTRÃO
ANGELINA MARIA MARIOTI FELI
SECRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃOFACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS
DE CAMPO MOURÃO – FECILCAMPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
EDUCACIONAL
SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO – SEEDSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃO – SUED
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS FACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO
FECILCAMPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO EDUCACIONAL -
AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS CAUSADOS PELA PRODUÇÃO AGRÍCOLA MODERNA EM FIG
DISTRITO DE ENGENHEIRO BELTRÃO
ANGELINA MARIA MARIOTI FELICIO
Artigo Final apresentado à Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão – FECILCAM Secretaria de Estado da Educação do Paraná como requisito para conclusão da participação no Programa de Desenvolvimento Educacional orientação da Professora Ms. Cláudia Chies
CAMPO MOURÃO2012
CRETARIA DE ESTADO DE EDUCAÇÃOSUPERINTENDÊNCIA DA EDUCAÇÃOFACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS
FECILCAMPROGRAMA DE DESENVOLVIMENTO
DIRETORIA DE POLÍTICAS E PROGRAMAS EDUCACIONAIS – DPPEFACULDADE ESTADUAL DE CIÊNCIAS E LETRAS DE CAMPO MOURÃO –
PDE
AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS CAUSADOS PELA PRODUÇÃO AGRÍCOLA MODERNA EM FIGUEIRA
DISTRITO DE ENGENHEIRO BELTRÃO - PR.
Artigo Final apresentado à Faculdade Estadual de FECILCAM – e à
Secretaria de Estado da Educação do Paraná – SEED, para conclusão da participação no
Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE, sob Cláudia Chies.
AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS PROBLEMAS CAUSADOS PELA PRODUÇÃO AGRÍCOLA MODERNA EM FIGUEIRA D´OESTE - DISTRITO DE ENGENHEIRO
BELTRÃO - PR
Autora: Angelina Maria MariotiFelicio1
Orientadora: Cláudia Chies2
Resumo
Este trabalho apresenta os resultados obtidos na aplicação do projeto de intervenção pedagógica desenvolvido no Programa de Desenvolvimento Educacional – PDE (2011/2012). A proposta consistiu em disponibilizar aos alunos da 7ª série A, da Escola Estadual Getúlio Vargas - Ensino Fundamental, no distrito de Figueira D´Oeste, município de Engenheiro Beltrão – Paraná, informações acerca dos principais problemas causados pela produção agrícola moderna. Com isto, objetivou-se conceituar os defensivos agrícolas, a caracterização, o uso e a aplicação dos mesmos, bem como enfocar os problemas da contaminação da água e do solo causados pelo uso de agrotóxicos, com enfoque na dinâmica local. Entende-se que o estudo sobre o uso de agrotóxicos nas lavouras do referido distrito, tornou-se necessário, tendo em vista a mudança na forma de produção adotada pelos agricultores da área, e por consequência, o surgimento de implicações geradas por esse modelo produtivo. Neste contexto, surge a necessidade de adotar modelos alternativos de produção, a partir da compreensão e da conscientização de que as implicações pelo uso excessivo de agrotóxicos são bastante graves. O desenvolvimento do projeto se deu com atividades em sala de aula, laboratório de informática e aula de campo, fazendo uso de instrumentos como leituras, pesquisas, músicas, palestra, fotografias, utilização de linguagem cartográfica, relacionando teoria e prática, assegurando, dessa forma, que a aprendizagem realmente acontecesse. Como resultado obteve-se aulas mais dinâmicas e motivadoras, despertando no aluno o interesse para a aprendizagem significativa, promovendo a compreensão da realidade local como reflexo do global, além de promover melhorias na qualidade de vida da população local.
Palavras-chave:Agricultura moderna; Agrotóxicos; Impactos ambientais; Qualidade de vida.
1. INTRODUÇÃO 1 Pós-graduada em Geografia pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão. Graduada em Geografia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Jandaia do Sul – FAFIJAN. Professora da Rede Pública Estadual do Paraná.2 Mestre em Geografia pela Universidade Estadual de Maringá – UEM. Graduada em Geografia pela Faculdade Estadual de Ciências e Letras de Campo Mourão – FECILCAM. Professora Assistente da Universidade Estadual do Paraná UNESPAR/FECILCAM – Campus de Campo Mourão - Paraná.
O presente artigo tem por objetivo apresentar reflexões sobre a realidade do
Distrito de Figueira D´Oeste, no município de Engenheiro Beltrão-Pr, a partir da
investigação e avaliação dos principais problemas causados pela produção agrícola
moderna, apontando alternativas quanto a este processo, a fim de promover mais
qualidade do ensino que impacte na melhoria da qualidade de vida da população
local. O referido estudo constitui-se como atividade integrante do Programa de
Desenvolvimento Educacional – PDE, que faz parte da política de formação
continuada para professores da Secretaria de Estado de Educação do Paraná. Foi
elaborado dentro dos conteúdos estruturantes das Diretrizes Curriculares,
contemplando a Dimensão Socioambiental.
A dimensão socioambiental da geografia permite abordagem complexa do
temário geográfico, porque não se restringe aos estudos da flora e da fauna, mas à
interdependência das relações entre sociedade, elementos naturais, econômicos,
sociais e culturais (SEED, 2008).
O artigo descreve o desenvolvimento da implementação do projeto de
intervenção pedagógica na escola, a forma como foi aplicado, os métodos e
materiais utilizados. O desafio deste trabalho foi despertar a curiosidade e
provocarmotivação inicial, levando o aluno a perceber uma realidade até então não
questionada. O envolvimento dos alunos ocorreu em diversas formas de pesquisas:
em sala de aula, laboratório de informática e estudo do meio, a fim de constatar
problemas relacionados à modernização da agricultura, fazendo uso de instrumentos
como leituras, músicas e palestras.
A proposta de trabalho leva em consideração a realidade vivenciada pelo
aluno em seu cotidiano. Neste sentido tem-se por objetivo conceituar os defensivos
agrícolas, caracterizando o uso e aplicação dos mesmos, bem como enfocar os
problemas da contaminação da água e do solo causados pelo uso dos mesmos, a
partir da investigação do processo de modernização da agricultura. Desta forma foi
possível apontar problemas e alternativas quanto a este processo. Com esta prática
objetivou-se também proporcionar aulas mais dinâmicas e interessantes para que o
aluno consiga relacionar o conteúdo à sua vivência.
Neste sentido, a razão pela qual se optou por enfatizar o espaço agrário do
distrito, foi seguramente o fato de que a temática diz respeito às experiências vividas
no dia a dia dos alunos. Deu-se ênfase ao histórico do processo de modernização
da agricultura, aos produtos agrícolas locais, seu destino, aos indicadores do uso do
solo, como área ocupada com lavouras permanentes, temporárias, pastagens e uso
de agrotóxicos. As análises foram complementadas com a discussão acerca da
inserção do distrito no paradigma da produção tecnificada, materializada na
introdução de insumos químicos e equipamentos modernos no campo, sem
descuidar-se das suas implicações quanto às relações de produção, de trabalho e
meio ambiente.
A transição do padrão técnico na agricultura, com a intensificação do uso do
solo, associado à expansão da monocultura, aumentou os impactos ambientais,
especificamente a degradação da flora, destruição da fauna, contaminando os
recursos hídricos, devido à crescente mecanização e utilização massiva de
agrotóxicos. Todas estas questões possibilitaramreflexão entre vivências e olhares
que, devidamente contextualizados, culminaram na compreensão dos assuntos
abordados.
2. A NECESSIDADE DE DISCUTIR A AGRICULTURA MODERNA E O USO DE
AGROTÓXICOS NO DISTRITO DE FIGUEIRA D´OESTE COM OS ALUNOS DA
ESCOLA ESTADUAL GETÚLIO VARGAS
A Escola Estadual Getúlio Vargas – Ensino Fundamental, localizada no
distrito de Figueira D´Oeste, no Município de Engenheiro Beltrão – Pr., se insere em
uma área tipicamente agrícola, baseado no cultivo de soja, milho, trigo e cana-de-
açúcar, predominando grandes propriedades com emprego expressivo de máquinas
e insumos de origem industrial. Vale ressaltar que o público atendido pela escola
são filhos de agricultores que vivenciam o cotidiano das atividades agrícolas e sendo
assim, a discussão se torna fundamental. As características da agricultura do distrito
foram problematizadas, como forma de extrapolar escalas, permitindo que se
compreenda sua relevância para a economia local, estadual e nacional.
O distrito de Figueira D´Oeste localiza-se no município de Engenheiro
Beltrão, no Centro Ocidental Paranaense, na região Sul do Brasil, com latitude de
23º4' Sul e longitude 52º15' Oeste. Figueira D´Oeste está às margens da rodovia
PR-082, que liga Engenheiro Beltrão a Terra Boa. O distrito possui uma área de
aproximadamente 5 Km² e está distante de Engenheiro Beltrão cerca de 13 Km a
oeste e a 520 metros acima do nível do mar (REVISTA HISTÓRIA, PIONEIROS,
ATUALIDADES, ENGENHEIRO BELTRÃO, 1985 ).
O relevo da região é plano com pouca declividade. Predomina o solo de
terra roxa, apropriado para a agricultura. No distrito encontra-se ainda o ponto
culminante do relevo do município de Engenheiro Beltrão: Serra da Figueira, com
630 metros de altitude.A cobertura vegetal, que antes do desmatamento era uma
densa floresta, com árvores que alcançavam 35 metros, hoje possui poucas áreas
de matas nativas. O clima é do tipo subtropical úmido mesotérmico (REVISTA
HISTÓRIA, PIONEIROS, ATUALIDADES, ENGENHEIRO BELTRÃO, 1985 ).
A ocupação da área de Figueira D’Oeste, com objetivos de colonização e
progresso regional, ocorreu no final da década de 1940 e início da década de 1950.
Está ligada ao processo de (re) ocupação do sertão paranaense, efetuada por uma
empresa privada, a Sociedade Técnica e Colonizadora Engenheiro Beltrão Ltda, que
nos anos anteriores a 1950, adquiriu vasta área de terras situada na região leste do
Município de Peabiru, nordeste de Campo Mourão (REVISTA HISTÓRIA,
PIONEIROS, ATUALIDADES, ENGENHEIRO BELTRÃO, 1985).
Até 1975, predominava na região a cultura de café e produtos para
subsistência como: milho, feijão, arroz e algodão. A colheita era manual e com a
utilização da tração animal, necessitava de muita mão-de-obra, pois a cultura
oferecia trabalho do plantio à colheita em toda época do ano, assim, a população do
distrito aumentou consideravelmente nessa época.
Os anos se passaram e diversos fatores, tais como: geadas, pragas e
doenças que afetavam os cafezaise a mudança na estrutura produtiva para a
produção de grãos, a partir da política de modernização agrícola, com a utilização de
técnicas modernas, que reduz significativamente a mão de obra no campo,levaram
ao desestímulo da cultura do café e à diminuição da população do distrito de
Figueira D’Oeste.
O processo de modernização da agricultura no Brasiltem origem na década
de 1950, com as importações de meios de produção mais avançados. No entanto, é
só na década de 1960 que esse processo vai se dar concretamente, com a
implantação no país de um setor industrial voltado para a produção de
equipamentos e insumos para a agricultura. A partir do final da década de 1960 e
com maior vigor durante a de 1970, a agricultura paranaense se moderniza
(MARTINE, 1990).
O Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social – IPARDES
– define a modernização agrícola como:
O conjunto de mudanças na base técnica da produção e maior controle das condições do solo e dos produtos, cujos indicadores mais comuns são o uso de tratores, adubos químicos, defensivos e sementes selecionadas, entre outros indicam o processo de modernização (IPARDES, 1981, p. 51).
A modernização agrícola é avaliada a partir dos seguintes aspectos:
mecanização, eletrificação, irrigação e conservação do solo, uso de fertilizantes e
agrotóxicos, além de outros, peculiares a certas culturas (MORO, 1991).
Observando a tabela 01, pode-se ter consciência do grau tecnológico no
estado do Paraná, na década de 1970, havendoaumento substancial no número de
máquinas agrícolas e insumos modernos. As lavouras permanentes foram reduzidas
em contraposição às lavouras temporárias, sobretudo pela cultura associada da soja
e trigo. Essas questões refletiram profundamente na estrutura agrária no Paraná
(MORO, 2001).
INDICADORES 1970 1980 % 1985 % 1996 %
Arados - Tração animal 283.215 289.122 2.0 306.617 6.0 200.195 -34.7Arados - Tração mecânica 90.526 379.4 97.570 7.8 99.032 1.5Máq. de plantio e colheita 19.719 87.838 345.4 96.607 9.9 106.482 10.2Tratores 18.619 81.727 338.9 100.919 23.4 130.828 29.6Fertilizantes 56.424 207.011 266.9 229.143 10.7 221.754 -7.4Defensivos - 336.664 - 340.245 1.0 326.284 -13.9
Quadro 01 – Indicadores da modernização agrícola no ParanáFonte: IBGE. Org.: FELICIO, 2011
O processo de modernização agrícola aumentou a produtividade das
lavouras, mas causou impactos ambientais sérios. Os problemas ambientais mais
frequentes pelo mau uso do solo foram: destruição das florestas e da biodiversidade
genética, a erosão dos solos e a contaminação da água e dos alimentos pelo uso
abusivo de agrotóxicos.
Neste contexto, o distrito de Figueira D’Oeste também sofreu os impactos e
as consequênciasdos fatores de desestímulo da cafeicultura levando os agricultores
a arrancarem os cafezais e substituirem por culturas temporárias como a soja, o
milho e o trigo. Segundo Moro (2000), este foi o momento que mais se mecanizou a
agricultura no Paraná. No segundo semestre de 1975, a Transparaná, (uma das
principais revendedoras de maquinário agrícola) bateu recorde nas vendas de
tratores.
O setor da economia mais importante hoje no distrito continua sendo a
agricultura, composta por inúmeras propriedades rurais, predominando as culturas
de soja, milho, trigo, cana-de-açúcar, seguidas do cultivo de feijão, mandioca e
aveia.
A modernização agrícola da região em estudo, também foi fruto da política
da modernização brasileira: conservadora e dolorosa. Houve extrema concentração
da renda no meio rural e da propriedade da terra provocando a expulsão de
trabalhadores do campo. De acordo com o censo de 2010, realizado pelo IBGE, o
distrito possui 891 habitantes, sendo 629 habitantes na área urbana e 262
habitantes na área rural.
As formas modernas de produção agrícola implantadas no distrito de
Figueira D’Oeste,fez com que aumentasse o do consumo de agrotóxicos, trazendo
sérias preocupações quanto a qualidade de vida da população local.
Os defensivos agrícolas ou agrotóxicos constituem uma categoria especial
de insumos. Promovem benefícios indiretos à produtividade, uma vez que o objetivo
de sua utilização é o de evitar a perda nas safras, causadas pelo ataque prejudicial
de pragas e doenças às culturas. Distribuem-se em três grandes grupos, de acordo
com a sua destinação específica de uso: inseticidas, que controlam as pragas;
fungicidas que controlam doenças fúngicas e herbicidas, para o controle de ervas e
outras plantas consideradas invasoras (RÜEGG, 1986).
Durante os anos setenta, o Banco Central facilitou a obtenção de crédito aos
agricultores reduzindo custos dos empréstimos para a compra de insumos,
chegando a dar isenção total de encargos bancários. Algumas resoluções do início
da década de 1980 obrigavam o agricultor a utilizar parte do financiamento para
compra de insumos modernos (RÜEGG, 1986).
O conceito de agrotóxicos existente na Lei Federal nº 7802, de 11/07/89,
regulamentada pelo Decreto nº 98816, no seu artigo 2, inciso I, é :
Produtos e componentes de processos químicos ou biológicos destinados ao uso nos setores de produção, armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na proteção de florestas nativas ou implantadas e de outros ecossistemas e também em ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição da flora e da fauna, a fim de preservá-la da ação danosa de seres vivos considerados
nocivos, bem como substâncias e produtos empregados como desfolhantes, dissecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.
Segundo a ANVISA – Agência Nacional de Vigilância Sanitária, mesmo em
pequena quantidade, o agrotóxico traz prejuízos para o solo e para as pessoas.
No Brasil, de acordo com o Decreto nº. 98.816/90, os agrotóxicos podem ser
classificados conforme sua classe toxicológica, em: classe I – extremamente tóxicos
(faixa vermelha); classe II – altamente tóxicos (faixa amarela); classe III –
mediamente tóxicos (faixa azul); classe IV – pouco ou muito pouco tóxicos (faixa
verde).
GRUPOS DL50 DOSE MORTAL(*)Extremamente tóxico 5m/kg 1 pitada-algumas gotas
Altamente tóxicos 5-50 Algumas gotas-1 colher de cháMedianamente tóxicos 50-500 1 colher de chá-2 colheres de sopa
Pouco tóxicos 500-5000 2 colheres de sopa-1 copoMuito pouco tóxicos 5000 ou mais 1 copo- litro
Quadro 2 - Classificação toxicológica dos agrotóxicos segundo DL50Fonte: extraído de TRAPÉ (1993). op.cit.
DL50 = Dose necessária para matar metade das cobaias testadas.(*) Dose capaz de matar uma pessoa adulta.
Os agrotóxicos são os principais poluentes do modelo agrícola industrial e
não se limitam a um determinado local, apesar de serem aplicados numa área,
deslocam-se por vários caminhos. A translocação das substâncias tóxicas pode se
realizar por meio biológico, pelos processos físicos e químicos, por meio da
atmosfera, do solo, das águas subterrâneas e superficiais.
A contaminação de alimentos, poluição de rios, erosão de solos e
desertificação, intoxicação e morte de agricultores e extinção de espécies animais,
são algumas da mais graves consequências da agricultura química industrial e do
uso indiscriminado de agrotóxicos largamente estimulados nos últimos 25 anos.
O convívio com agrotóxicos está incluído na rotina diária da população rural
e da população urbana, que consome muitas vezes inconscientemente alimentos e
água com os resíduos destes produtos (RÜEGG, 1986).Devido a seu aspecto tóxico,
regras básicas de segurança são estabelecidas para seu uso adequado e
compreendem a utilização do receituário agronômico, cuidados no transporte,
armazenamento, manuseio, aplicação e o uso de Equipamento de Proteção
Individual (EPI) (NISHIYAMA, 2001).
No distrito de Figueira D´Oeste não é diferente. O uso de agrotóxicos nas
lavouras é bastante acentuado, como
feitos com agricultores locais. Os resultados obtidos foram sistematizados em
tabelas e gráficos a fim de contribuir para melhor entendimento do assunto em
debate, na aplicação do projeto de intervenção com os alun
Diretrizes Curriculares do Paraná
podem ser apenas ilustrativos para os alunos. Esses recursos devem ser a
mediação para o melhor entendimento dos conteúdos geográficos e,
consequentemente, irão contribuir para a aquisição de conhecimentos.
Com a finalidade de fazer um diagnóstico da situação atual dos agricultores
e da produção agrícola no distrito de Figueira D’oeste, foi realizada pesquisa de
campo com agricultores locais
no gráfico 01 e se refere à forma como os agricultores se classificam.
Gráfico 01 – Classificação dos agricultores do distrito de Figueira D´Oeste,município de Engenheiro Beltrão
Conforme o gráfico 01, pode
mãos de poucos. Cerca de 56% se classificaram como empresários rurais, pois
possuem acima de 30 alqueires de terras. Neste sentido, a concentraçãoda posse
da terra pode ser confirmada como um dos principais efeito
capitalismo. Verifica-se que até a década de 1970, antes da implantação do pacote
tecnológico na agricultura, predominavam as propriedades inferiores a 50 ha.
Entretanto, à medida que o capitalismo se acentua no campo, o quadro se reverte.
43.75%
AGRICULTOR FAMILIAR
100.00% 100.00%
No distrito de Figueira D´Oeste não é diferente. O uso de agrotóxicos nas
lavouras é bastante acentuado, como foi constatado por meio de levantamentos
feitos com agricultores locais. Os resultados obtidos foram sistematizados em
tabelas e gráficos a fim de contribuir para melhor entendimento do assunto em
debate, na aplicação do projeto de intervenção com os alunos. De acordo com as
Diretrizes Curriculares do Paraná – DCEs(2006, p. 48), os gráficos e as tabelas não
podem ser apenas ilustrativos para os alunos. Esses recursos devem ser a
mediação para o melhor entendimento dos conteúdos geográficos e,
consequentemente, irão contribuir para a aquisição de conhecimentos.
Com a finalidade de fazer um diagnóstico da situação atual dos agricultores
e da produção agrícola no distrito de Figueira D’oeste, foi realizada pesquisa de
campo com agricultores locais. O primeiro levantamento realizado está representado
no gráfico 01 e se refere à forma como os agricultores se classificam.
Classificação dos agricultores do distrito de Figueira D´Oeste,município de Engenheiro Beltrão - Pr.
Fonte: Pesquisa de campo, 2011
Conforme o gráfico 01, pode-senotar que há a concentração de terras nas
mãos de poucos. Cerca de 56% se classificaram como empresários rurais, pois
possuem acima de 30 alqueires de terras. Neste sentido, a concentraçãoda posse
da terra pode ser confirmada como um dos principais efeitos do avanço do
se que até a década de 1970, antes da implantação do pacote
tecnológico na agricultura, predominavam as propriedades inferiores a 50 ha.
ntretanto, à medida que o capitalismo se acentua no campo, o quadro se reverte.
43.75%56.25%
AGRICULTOR FAMILIAR EMPRESARIO RURAL
CLASSIFICAÇÃO DOS AGRICULTORES
100.00% 62.50% 87.50% 100.00%
MÁQUINAS E IMPLEMENTOS AGRÍCOLAS
No distrito de Figueira D´Oeste não é diferente. O uso de agrotóxicos nas
foi constatado por meio de levantamentos
feitos com agricultores locais. Os resultados obtidos foram sistematizados em
tabelas e gráficos a fim de contribuir para melhor entendimento do assunto em
os. De acordo com as
os gráficos e as tabelas não
podem ser apenas ilustrativos para os alunos. Esses recursos devem ser a
mediação para o melhor entendimento dos conteúdos geográficos e,
consequentemente, irão contribuir para a aquisição de conhecimentos.
Com a finalidade de fazer um diagnóstico da situação atual dos agricultores
e da produção agrícola no distrito de Figueira D’oeste, foi realizada pesquisa de
. O primeiro levantamento realizado está representado
Classificação dos agricultores do distrito de Figueira D´Oeste,
notar que há a concentração de terras nas
mãos de poucos. Cerca de 56% se classificaram como empresários rurais, pois
possuem acima de 30 alqueires de terras. Neste sentido, a concentraçãoda posse
s do avanço do
se que até a década de 1970, antes da implantação do pacote
tecnológico na agricultura, predominavam as propriedades inferiores a 50 ha.
ntretanto, à medida que o capitalismo se acentua no campo, o quadro se reverte.
100.00%
Gráfico 02 – Máquinas e implementos agrícolas utilizados do distrito de Figueira D´Oeste, município de Engenheiro Beltrão - Pr.
Fonte: Pesquisa de campo, 2011Quanto a estes índices, no que se refere à Figueira D’oeste, a pesquisa
apontou, como mostra o gráfico 02, que o número de máquinas e implementos
agrícolas utilizado pelos agricultores do distrito é alto. Dentre os 16 agricultores
entrevistados, todos (pequenos, médios e grandes) possuem tratores, colheitadeiras
e arados, 37,5% não possuem semeadeiras e apenas 12,5% não possuem
pulverizadores. Verificou-se ainda que, quando o agricultor não possui maquinário
para trabalhar, o mesmo é alugado de outros agricultores. Vale lembrar que à
medida em que aumenta o número de máquinas e implementos agrícolas, se reduz
o número de empregos no campo.
Conforme análise dos dados do gráfico 03, e a partir das informações
levantadas na pesquisa, constatou-se que a partir da década de 1980 houve
redução da área das pequenas e médias propriedades e aumento das grandes
propriedades. A concentração da terra reduziu a diversificação das culturas levando
à diminuição das lavouras de subsistência, principalmente nas áreas mecanizadas,
fortalecendo a monocultura da soja.
Gráfico 03 - Concentração de terras no distrito de Figueira D´Oeste,municípiode Engenheiro Beltrão – Pr.
Fonte: Pesquisa de campo, 2011.
A maioria dos agricultores entrevistados, começou a trabalhar na agricultura
a partir da década de 1970, mostrando com isso, um alto percentual de agricultores
jovens, e todos os entrevistados sabem por meio da família, que antes de 1960, já
se utilizava agrotóxicos nas lavouras de café para combater a broca e a ferrugem.
Com a mecanização da agricultura, as lavouras temporárias tiveram suas
áreas ampliadas com soja, milho, trigo e ainda a cultura permanente da cana-de-
açúcar, e paralelamente houve o aumento do consumo de fertilizantes químicos.
Conforme representado no gráfico 04, no distrito em estudo, as culturas da
soja e do milho ocupam lugar de destaque entre os agricultores, pois todos os
produzem. Já o trigo é cultivado por 68% dos entrevistados. A mandioca, a aveia e o
feijão são os menos representativos e juntos perfazem 56.25%.
Gráfico 04 – Tipos de culturas produzidas pelos agricultores entrevistados no distrito de Figueira D´Oeste,
Com isso, constata
mecanização, facilita a incorporação da modernização e das tecnologias acelerando
o crescimento das monoculturas da soja e do milho
capital na agricultura.
Na região em estudo, é muito comum a presença de grandes barracões
construídos nos quintais, ao lado das residências para armazenar produtos e
máquinas agrícolas. É também cena comum, principalmente em épocas de plantio,
pulverização e colheita, a circulação dos tratores, colheitadeiras, plantadeiras,
pulverizadores e outros, nas ruas do distrito. Estas cenas chamam
crianças, provavelmente futuros agricultores.
Da mesma forma, a lavagem dos maquinários muitas vezes é fe
ou no poço artesiano, construído ao lado da rodovia, nas proximidades do conjunto
habitacional que é utilizado para abastecer os tanques dos pulverizadores. O local
não possui instalações adequadas para a lavagem dos maquinários. Desta forma, a
água que escorre a céu aberto, exala mau cheiro.
A área urbana do distrito de Figueira D´Oeste abriga a maioria da população.
Nas lavouras próximas praticamente não há moradores, issodemonstra que os
100.00% 100.00%
SOJA MILHO
TIPOS DE CULTURAS DE FIGUEIRA D' OESTE
Conforme representado no gráfico 04, no distrito em estudo, as culturas da
soja e do milho ocupam lugar de destaque entre os agricultores, pois todos os
produzem. Já o trigo é cultivado por 68% dos entrevistados. A mandioca, a aveia e o
são os menos representativos e juntos perfazem 56.25%.
Fonte: Pesquisa de campo,2011
Tipos de culturas produzidas pelos agricultores entrevistados no distrito de Figueira D´Oeste,município de Engenheiro Beltrão – Pr.
Fonte: Pesquisa de campo, 2011.
Com isso, constata-se que o relevo plano da localidade, propício à
mecanização, facilita a incorporação da modernização e das tecnologias acelerando
o crescimento das monoculturas da soja e do milho, o que demonstra o avanço do
Na região em estudo, é muito comum a presença de grandes barracões
construídos nos quintais, ao lado das residências para armazenar produtos e
máquinas agrícolas. É também cena comum, principalmente em épocas de plantio,
e colheita, a circulação dos tratores, colheitadeiras, plantadeiras,
pulverizadores e outros, nas ruas do distrito. Estas cenas chamam
crianças, provavelmente futuros agricultores.
Da mesma forma, a lavagem dos maquinários muitas vezes é fe
ou no poço artesiano, construído ao lado da rodovia, nas proximidades do conjunto
habitacional que é utilizado para abastecer os tanques dos pulverizadores. O local
não possui instalações adequadas para a lavagem dos maquinários. Desta forma, a
água que escorre a céu aberto, exala mau cheiro.
A área urbana do distrito de Figueira D´Oeste abriga a maioria da população.
Nas lavouras próximas praticamente não há moradores, issodemonstra que os
100.00%
68.75%
25.00% 18.75%
MILHO TRIGO MANDIOCA AVEIA
TIPOS DE CULTURAS DE FIGUEIRA D' OESTE
Conforme representado no gráfico 04, no distrito em estudo, as culturas da
soja e do milho ocupam lugar de destaque entre os agricultores, pois todos os
produzem. Já o trigo é cultivado por 68% dos entrevistados. A mandioca, a aveia e o
Tipos de culturas produzidas pelos agricultores entrevistados no distrito de Figueira
se que o relevo plano da localidade, propício à
mecanização, facilita a incorporação da modernização e das tecnologias acelerando
o que demonstra o avanço do
Na região em estudo, é muito comum a presença de grandes barracões
construídos nos quintais, ao lado das residências para armazenar produtos e
máquinas agrícolas. É também cena comum, principalmente em épocas de plantio,
e colheita, a circulação dos tratores, colheitadeiras, plantadeiras,
pulverizadores e outros, nas ruas do distrito. Estas cenas chamam à atenção das
Da mesma forma, a lavagem dos maquinários muitas vezes é feita na rua,
ou no poço artesiano, construído ao lado da rodovia, nas proximidades do conjunto
habitacional que é utilizado para abastecer os tanques dos pulverizadores. O local
não possui instalações adequadas para a lavagem dos maquinários. Desta forma, a
A área urbana do distrito de Figueira D´Oeste abriga a maioria da população.
Nas lavouras próximas praticamente não há moradores, issodemonstra que os
12.50%
FEIJÃO
agricultores guardam seus maquinários e insumos agrícolas muito próximos de suas
residências.
Vale ressaltar que um problema na aplicação de agrotóxicos na atualidade é
a prática de aplicação aérea. Como aponta Rocha e outros (1973), as aplicações
aéreas de pesticidas, efetuadas sem os cuidados necessários, poluem gravemente o
ar e afetam as populações das áreas próximas às culturas tratadas.
Em Figueira D’Oeste a pulverização das lavouras é feita com a utilização de
pulverizadores tratorizados, tipo barra. Além disso, a pulverização é também feita
por pequenas aeronaves que realizam vôos rasantes durante a aplicação, passando
várias vezes sobre o distrito, o que causa risco à população. Em relação ao uso de
agrotóxicos e aos riscos, todos os entrevistados na pesquisa disseram que utilizam
agrotóxicos na lavoura e conhecem os males que causam.
Devido à proximidade das lavouras, em época de pulverização a população
local sofre com o mau cheiro dos agrotóxicos, pois o distrito é uma ilha cercada de
lavouras por todos os lados.
É bastante frequente entre os agricultores, a falta de cuidados básicos para
lidarem com os produtos. Dentre as variáveis para caracterizar a exposição
exacerbada aos agrotóxicos, o uso de equipamentos de proteção individual (EPI) e a
ocorrência de intoxicações na população são bastante descritas (MOREIRA et al,
2002).
Destaca-se que o agrônomo tem grande importância na escolha dos
produtos e são responsáveis pelo cálculo da dosagem dos agrotóxicos.
Quadro 03 – Uso de produtos fitossanitários por agricultores do distrito de Figueira D’Oeste, município de Engenheiro Beltrão – Pr.
Fonte: Pesquisa de campo. Org. FELICIO, 2011
Cond. do agric.
Uso deAgrotóxicos
TrípliceLavagem
Uso doEPI
Receituário agronômico
nº de intoxicações
Empr.Rural
sim 9 56.25%
Sim 9 56.25%
sim 9 56.25%
sim 9 56.25%
sim 0 -
não 0 - não 0 - não 0 - não 0 - não 9 56.25%
Agric. Fam.
sim 7 43.75%
sim 6 37.5% sim 5 31.25%
Sim 6 37.5% sim 1 6.25%
não 0 - não 1 6.25% não 2 12.5%
não 1 6.25% não 6 37.5%
Nº de agric. Entrev
16 100% 100% 100%
100% 100%
De acordo com a tabela 02, apenas um, ou seja, 6,25% dos entrevistados
não faz uso do receituário agronômico, justificando que utiliza pouco, por isso
compra de terceiros.Quanto ao descarte das embalagens vazias de agrotóxicos, a
tabela 02 mostra que, dos dezesseisagricultores entrevistados, todos fazem uso de
agrotóxicos na lavoura, sendo que 37.5% disseram executar corretamente a tríplice
lavagem, 6.5% executam apenas parte do procedimento, ou seja, apenas lavam,
mas não furam o vasilhame.
Durante a aplicação dos agrotóxicos, os EPIs (Equipamento de Proteção
Individual), são pouco utilizados pelos agricultores. Dos dezesseis agricultores
entrevistados, somente nove ou 56.25% responderam que utilizam equipamentos de
proteção individual, justificando que têm medo que o agrotóxico venha trazer algum
risco à saúde no futuro. Os outros sete (4,75%), responderam que não usam o
equipamento completo, justificando que o equipamento de proteção é incômodo e
que quando usado provoca desconforto, ocasionando transpiração excessiva e
abafamento do corpo de quem está fazendo uso. Também responderam que não é
obrigatório o uso dos mesmos. Entre os equipamentos mais utilizados,destacam-se
a bota, as luvas e a máscara.
Dos dezesseis agricultores entrevistados, o número de intoxicações é de
6.25%, mas segundo relatos, na década de 1970 houve muitos casos de
envenenamento e alguns óbitos devido à incorreta manipulação e também pelo uso
de pulverizadores costais.
Quando questionados, com relação ao destino das embalagens dos
agrotóxicos vazias e que cuidados tinham com as mesmas, responderam que fazem
a lavagem das embalagens, e depois as guardam num local apropriado, para mais
tarde levarem até a cooperativa onde o produto foi adquirido.
Tanto na cultura do milho como da soja, cabe destacar que o inseticida que
pertence ao grupo químico dos organosfosforados são apontados como os mais
utilizados pelos agricultores. O número médio de aplicações é de duas ao ano.
De modo geral, percebe-se que o uso de agrotóxicos é muito comum entre
os agricultores do distrito de Figueira D’oeste. Evidencia-se que, tal uso traz riscos
tanto aos produtores como à população local e que estes de maneira geral, têm
conhecimento, ao menos em parte, destes riscos. No entanto, constata-se que não
são tomados todos os cuidados necessários para pelo menos amenizar os
problemas oriundos do uso dos agrotóxicos. Neste sentido vale ressaltar a
necessidade de debates, orientações, e ainda a divulgação de formas de produção
alternativas e menos ofensivas ao meio ambiente e a saúde dos seres humanos
para a comunidade local.
3. IMPLEMENTAÇÃO DO PROJETO "AVALIAÇÃO DOS PRINCIPAIS
PROBLEMAS CAUSADOS PELA PRODUÇÃO AGRÍCOLA MODERNA EM
FIGUEIRA D´OESTE - DISTRITO DE ENGENHEIRO BELTRÃO - PR.", NA
ESCOLA ESTADUAL GETÚLIO VARGAS
Levando em conta a realidade econômica vivenciada no distrito de Figueira
D’Oeste na qual está inserida a Escola Estadual Getúlio Vargas, propôs-se a
aplicação do projeto intitulado: “Avaliação dos principais problemas causados pela
produção agrícola moderna em Figueira D´Oeste - distrito de Engenheiro Beltrão -
Pr.”
O projeto teve por objetivo compreender a realidade do Distrito de Figueira
D´Oeste, município de Engenheiro Beltrão-Pr, a partir da investigação do processo
de modernização da agricultura, apontando problemas e alternativas quanto a este
processo, a fim de promover mais qualidade do ensino que impacte na melhoria da
qualidade de vida da população local.
Como resultado do aprofundamento teórico e metodológico realizado nos
cursos e orientações, produziu-se um material didático-pedagógico que foi
implementado no ambiente escolar da Escola Estadual Getúlio Vargas – Ensino
Fundamental, localizado no distrito de Figueira D´Oeste, no Município de Engenheiro
Beltrão, Pr.
As atividades foram realizadas com a turma de alunos da 7ª série A, (2011)
e com professores que participaram do curso GTR (Grupo de Trabalho em Rede)
pela plataforma Moodle, do site diaadiaeducacao.pr.gov.br. O principal objeto de
estudo pedagógico foram as lavouras do distrito de Figueira D´Oeste, município de
Engenheiro Beltrão-Pr.
Algumas práticas pedagógicas para a disciplina de geografia, atreladas aos
fundamentos teóricos das Diretrizes Curriculares tornam-se importantes
instrumentos para a compreensão do espaço geográfico, dos conceitos e das
relações socioespaciais nas diversas escalas geográficas (SEED, 2008).
Os conteúdos da geografia devem ser trabalhados de forma crítica e
dinâmica, considerando o conhecimento espacial prévio dos alunos para relacioná-lo
ao conhecimento científico no sentido de superar o senso comum (CAVALCANTI,
1998).
Nas atividades realizadas em sala de aula, buscou-se alguns conhecimentos
prévios, necessários para dar início aos trabalhos sobre o tema em estudo.
Segundo Gasparin (2003), a prática social inicial é o momento da aula onde
se faz a abordagem inicial de um assunto, se questiona o conhecimento prévio dos
alunos a respeito do tema a ser tratado. Ainda conforme Gasparin:
A Prática Social Inicial é sempre uma contextualização do conteúdo. É um momento de conscientização do que ocorre na sociedade em relação aquele tópico a ser trabalhado, evidenciando que qualquer assunto a ser desenvolvido em sala, já está presente na prática social, como parte constitutiva dela (GASPARIN, 2005, p.24).
A introdução do tema para a turma com a qual foi realizada a implementação
do projeto, ocorreu com a realização de reflexão oral com os questionamentos:Será
que sabemos o que comemos?Quais alimentos você consome no seu dia a dia?
Você sabe a origem desses alimentos? Como você acha que ocorre a produção
desses alimentos? Você conhece a área de cultivo desses alimentos?
A partir das discussões, percebeu-se que a maioria dos alunos conhece a
origem e a área de cultivo dos alimentos que consomem. Quanto à questão sobre
como ocorre a produção dos alimentos, a maioria afirmou saber, inclusive
descreveram todo o processo. Alguns alunos tiveram dúvidas e dificuldades em
relatar o processo, mas houve a intervenção da professora e a colaboração dos
demais alunos para o entendimento, chegando-se assim à conclusão sobre a
questão proposta.
Na etapa seguinte, ocorreu a realização desondagem por escrito e individual
com a participação dos alunos, para avaliar o conhecimento quetinham sobre
agrotóxicos, tendo em vista a intensidade das informações através dos meios de
comunicação e seus impactos ambientais e na qualidade de vida. A preocupação foi
respeitar e valorizar o conhecimento por eles já adquirido. Sobre isto, Gasparin
enfoca:
O interesse do professor por aquilo que os alunos já conhecem é uma ocupação prévia sobre o tema que será desenvolvido. É um cuidado preliminar que visa saber quais as “pré-ocupações” que estão nas mentes e nos sentimentos dos escolares. Isso possibilita ao professor desenvolver um trabalho pedagógico mais adequado, a fim de que nas fases posteriores do processo, os educandos, apropriem-se de um conhecimento significativo para suas vidas (GASPARIN, 2005, p.16).
Para realizar o levantamento prévio sobre o conhecimento dos alunos com
relação aos impactos causados pelos agrotóxicos, foram aplicadas as seguintes
questões: Você sabe o que são agrotóxicos? Que outros nomes são dados aos
agrotóxicos? Onde são usados os agrotóxicos? Quem está exposto aos
agrotóxicos? Como os agrotóxicos afetam o meio ambiente? Você conhece algum
tipo de agrotóxico? Qual ou quais? Como os agrotóxicos podem afetar a sua saúde?
Os agrotóxicos são tóxicos só para as pragas da lavoura ou também para o homem?
Você sabe o que é agricultura sustentável? Você acha que é possível produzir sem
o uso de agrotóxicos?
Ao analisar a sondagem, percebeu-se que os alunos do sexo masculino
tinham grande conhecimento sobre agrotóxicos, inclusive nomes, indicação,
dosagens e períodos de aplicação, pois parte dos alunos do sexo
masculino,acompanham os pais nos trabalhos da lavoura, sendo que alguns deles
até já operam máquinas agrícolas. Já as alunas,tinham alguma noção ou já tinham
ouvido falar sobre o assunto pelos meios de comunicação, mas não sabiam explicar.
Foi questionado também o uso de venenos para fins domésticos para exterminar
ratos, baratas, aranhas e mosquitos, sendo que a maioria deles disse ter tais
produtos em casa.
Constatou-se pelas respostas, que os alunos têm consciência de que os
agrotóxicos afetam o meio ambiente, e também que afetam não apenas as pessoas
que lidam diretamente com eles, mas, indiretamente também os que consomem
produtos onde são usados. Percebe-se que possuem poucas informações sobre
agricultura sustentável, consideram quase impossível produzir sem agrotóxicos e
demonstram consciência da importância da redução do uso desses produtos
químicos.
Na sequência, buscou-se cativá-los com o uso de uma música ligada ao
tema da produção dos alimentos, através dos ciclos da natureza (semear, germinar,
colher) e o uso pelo ser humano.Para tanto, trabalhou-se com a música Cio da
Terra, cantada por Milton Nascimento, sendo possível perceber que a dinâmica
utilizada mostrou-se positiva, uma vez que os alunos demonstraram grande
interesse pela mesma, tanto no desenvolvimento das atividades individuais, como
em dupla. Foi possível constatar que grande parcela dos alunos apropriou-se dos
conhecimentos necessários sobre a produção, origem, comercialização e tecnologia
aplicadas na produção agrícola do município.
Os alunos questionaram quanto ao título da música, a relação com a vida do
ser humano. Desta forma pode-se perceber que atividades musicais estimulam a
criatividadee despertam a sensibilidade dos alunos levando-os a terem mais
concentraçãoe, ao mesmo tempo, estarem mais atentos. Os alunos reconheceram
que, “o cio da terra” mostra o respeito que o agricultor tem, ou deveria ter, com a
terra onde planta e da qual tira o sustento.
O próximo passo foi ministrar aulas expositivas e dialogadas, com uso de
textos presentes no material didático, destacando conceitos e chegando à realidade
dos alunos, mostrando o grande surto da produção cafeeira paranaense no século
passado e a representatividade do café para a economia do Estado do Paraná.
Textos sobre as geadas branca e negra e a ferrugem do café, que colaboraram para
a destruiçãodos cafezais, complementaram as atividades.
Para enriquecer o conhecimento dos alunos, os mesmos foram submetidos
à pesquisa orientada, a partir da utilização de textos diversos, com abrangências
locais e globais (para se sentirem parte do todo e dando importância à sua
localidade, destacando fatos de resgate histórico da ocupação do espaço geográfico
e das alternâncias que nele aconteceram, conforme os interesses de cada época).
Depois de apresentados os textos e discutidos, os alunos pesquisaram
respostas para as questões sobre os estágios da atividade agrícola, as atividades
agrícolas desenvolvidas no município e porque a Revolução Verde não acabou com
a fome. O objetivo dessas atividades foilevar os alunos a conhecerem as atividades
agrícolas e perceber que a modernização da agricultura provocou uma complexa
problemática agrária, que modificou profundamente as relações socioeconômicas no
campo, no que diz respeito à ocupação, produção e organização do espaço agrário
brasileiro.
A pesquisa bibliográfica é fundamental para que o aluno possa descobrir
informações, (re)significar o conhecimento, aprofundar o que conhece parcialmente,
sendo, portanto, essas práticas, essenciais na construção efetiva do conhecimento.
Outra atividade importante foi a apresentação de dois vídeos para debate. O
primeiro tinha como tema: “Agrotóxicos podem causar doenças como depressão,
câncer e infertilidade”, o qual encontra-se disponível em:
http://www.youtube.com/watch?v=Qpo1uUIpp80. O segundo: “Uso abusivo de
agrotóxicos: ameaça à saúde e ao meio ambiente”, disponível
em: http://www.youtube.com/watch?v=hgdhIBwOpk4.
Os vídeos exibidos mostraram a ameaça ao meio ambiente e à saúde dos
agricultores com o uso abusivo de agrotóxicos. No Paraná, o aumento da
produtividade nas lavouras de soja esconde um perigo, o descontrole nas aplicações
de agrotóxicos. Esclareceram ainda, que a cada ano aumentam as pulverizações e o
risco no campo, aparecem pragas diferentes e para cada praga há um produto
diferente.
De acordo com um programa de TV (Globo Repórter, exibido em 25/03/11),
nos últimos nove anos, o uso de defensivos quase dobrou no Paraná. Antes eram
duas aplicações em média por safra e agora chegam a quatro. Na plantação de soja,
o abuso é ainda maior, são oito aplicações. A venda de agrotóxicos aumentou 140%
em dez anos. Trata-se de um crescimento maior que o da produção de grãos, que
ficou em 75%.
A apresentação dos vídeos aos alunos teve como objetivo, levá-losà reflexão
objetiva sobre a questãodo uso indiscriminado de agrotóxicos. Durante a exibição
dos vídeos, os alunos contaram fatos sobre pessoas que haviam sido contaminadas
por agrotóxicos e de algumas pessoasque foram a óbito. Contaram também que
muitas vezes já sentiram gosto de veneno em legumes, frutas e verduras.
Após a apresentação dos vídeos, proporcionou-se discussão com
questionamentos acerca do tema apresentado, e em seguida foram propostas as
seguintes questões para que respondessem de forma escrita: a) Qual é a finalidade
do uso de agrotóxicos? E as consequências? b) Quais doenças para o homem o
acúmulo de agrotóxicos pode provocar? c) Compare no vídeo 1 e 2 as formas como
as pessoas aplicam os agrotóxicos?
O resultado das questões apresentadas foram as seguintes: todos os alunos
responderam que os agrotóxicos são usados para controlar pragas ou doenças que
prejudicam as plantações, e, portanto, sem o uso dos mesmos não se poderia
produzir. As consequências para a saúde humana e animal com o uso excessivo de
agrotóxicos citadas foram: a intoxicação das pessoas, que ficam expostas ao
contato direto com os venenos, a morte de predadores naturais, e as consequências
para o meio ambiente como: contaminação do solo, da água,de plantações vizinhas,
florestas e áreas urbanas.
Quanto à questão sobre as doenças causadas por agrotóxicos, foram
citadas o câncer, alergias, problemas no fígado, dor de cabeça, tontura, enjoo,
vômito, desorientação, dificuldade respiratória, tumores malignos, hepatite e dor de
estômago. Os alunos escreveram que muitas dessas doenças levam à morte. Um
dos alunos relatou que um conhecido da família morreu com cirrose aos 52 anos,
porque quando era jovem, pulverizava a lavoura de café com um pulverizador costal
sem equipamento de proteção individual.
Em relação à comparação sobre as formas de aplicação dos agrotóxicos
apresentadas nos dois vídeos, foram: no primeiro vídeo, a aplicação era feita com
um pulverizador costal, mas com EPI, já no segundo vídeo, a pulverização era feita
com pulverizadores tratorizados, do tipo barra. Concluiu-se que as duas formas de
aplicação são prejudiciais, se não forem utilizados os EPIs.
A etapa seguinte aconteceu no laboratório de informática com pesquisa
sobre a classificação toxicológica dos agrotóxicos, bem como seu uso e
aplicação.Utilizou-se a internet para pesquisas referentes ao assunto em questão, a
TV pendrive para exibição de filmes e músicas.Vale ressaltar que os recursos
audiovisuais e o laboratório de informática são grandes aliados no processo de
ensino-aprendizagem. Em todos os setores da sociedade se observam mudanças
em função do uso das novas tecnologias. A educação também tem experimentado
mudanças na sua forma de organização e produção, fazendo surgir novas formas de
ensino-aprendizagem, também pela inserção de novas tecnologias nas escolas
(SEED, 2007).
Segundo Moran (2000, p.12) “ensinar e aprender são os desafios maiores
que enfrentamos em todas as épocas e particularmente agora em que estamos
pressionados pela transição do modelo industrial para o da informação e do
conhecimento”. O uso das novas tecnologias também propiciam um processo de
transformação constante tanto na vida social quanto na educacional, modificando
ainda os espaços de ensinar e aprender. Para Moran:
[...] a educação escolar precisa compreender e incorporar mais as novas linguagens, desvendar os seus códigos, dominar as possibilidades de expressão e as possíveis manipulações. É importante educar para usos
democráticos, mais progressistas e participativos das tecnologias que facilitem a educação dos indivíduos (MORAN,2000, p. 36).
A partir dessa atividade notou-se que o uso das novas tecnologias
aproximao aluno do assunto em debate. Mesmo com problemas que se tem
enfrentado nas escolas públicas coma utilização de tais metodologias como o mau
funcionamento dos equipamentos e a lentidão na conexão com a internet, os alunos
trabalham com prazer.
Durante a pesquisa no laboratório, os alunos disseram que a classificação
dos agrotóxicos por cor é conhecida, masnão tinham conhecimento da toxicologia e
dosagens letais, e se surpreenderam com o perigo das dosagens.
A atividade que se seguiu foi a preparação para a saída de campo. Esta foi a
atividade mais esperada pelos alunos, mesmo sendo a área a ser visitada,
conhecida pela maioria deles. Neste sentido, destaca-se a importância da aula de
campo no ensino da geografia, pois é no campo que o aluno pode desenvolver sua
visão crítica/cidadã do mundo onde vive, correlacionando teoria e prática.
De acordo com Santos (1996), o espaço deve ser considerado como um
conjunto indissociável de objetos geográficos naturais e sociais, e, também, a vida
que os preenche e os anima, ou seja, a sociedade em movimento. A sociedade não
é independente dos objetos geográficos, pois o espaço é um conjunto de formas
contendo cada qual, frações da sociedade em movimento.
Para que a aula de campo não se torne um mero passeio, alguns
passosdevem ser seguidos, bem como ter os objetivos bem definidos. Deve-se levar
em conta o planejamento das atividades: “observação sistemática orientada,
descrição, seleção, ordenação e organização de informações; registro das
informações de forma criativa (croquis, maquetes, desenho, produção de texto,
fotos, figuras etc.” (SEED 2008, p.46).
Sendo assim, para a saída de campo pelas áreas rurais do distrito, foi
elaborado um roteiro de estudo com itens que os alunos deveriam seguir durante a
visita às propriedades, objetivando a preparação do estudo in loco.
A – Fotografar o local a ser estudado: lavouras próximas, mananciais, rios,
bem como descrever todos os aspectos da produção que tragam informações
representativas no local; B – Fazer um relatório sobre as observações da aula de
campo; C – Assinalar no mapa local os principais pontos de observações; D –
Construir um mapa de localização de áreas de risco de contaminação das águas e E
– Elaborar dicas de produção agrícola a partir do conceito de sustentabilidade.
Durante a visita nas lavouras, os alunos perceberam que o relevo local é um
fator facilitador para a contaminação das águas por agrotóxicos. Perceberam
também que os agricultores locais estão preservando a mata ciliar. Visitou-se em
uma das lavouras do distrito uma grande erosão que serve de escoadouro das
águas da chuva e que deságua próxima ao manancial que abastece o distrito.
Enquanto caminhou-se pelas lavouras observou-se alguns agricultores pulverizando
a soja. Os alunos puderam observar que os mesmos não usavam EPI (Equipamento
de Proteção Individual). Observou-se também mamoeiros com as folhas queimadas
pelas aplicações do agrotóxico.
A visita às propriedades foi muito proveitosa. Após a aula de campo, os
alunos montaram relatório, seguindo o roteiro propostoe suas impressões sobre a
aula e os principais conceitos ressaltados. Também foram expostas fotografias feitas
durante a aula de campo. Houve um debate sobreo tema, reforçando os diversos
aspectos e conceitos apresentados. O uso de mapas foiferramenta muito importante
para a localização dos pontos visitados, localização dos rios e mananciais e,
portanto, para o estudo do espaço geográfico.
O conteúdo estudado previamente em sala de aula permitiu que no campo
os alunos envolvidos tivessem a oportunidade de (re) conhecer uma área conhecida
por eles, mas pouco explorada. Essa aula também despertou o interesse em
compreender a história do lugar, bem como permitiu o contato com o real,
despertando o senso crítico e investigador.
Outra etapa importante do trabalho se constituiu em palestra para a
comunidade escolar, ministrada pelo engenheiro agrônomo da localidade, o
Sr.Marlon Francis Zeferino, cujo tema foi: “A forma de produção local, os impactos
causados e possíveis alternativas”.
Reforçou-se, durante a palestra, a sustentabilidade na
agricultura,ressaltando que, adotando práticas preocupadas com a sustentabilidade,
os agricultores poderão manter a biodiversidade nas áreas agricultáveis e impedir o
ataque constante de pragas, que, por sua vez, reduzirá o uso de inseticidas
poderosos. Todos os questionamentos colaboraram para enriquecer os trabalhos. O
esclarecimento sobre a atual forma de produção agrícola e possíveis mudanças,
buscando a sustentabilidade na agricultura, estimulou os alunos a fazerem
perguntas, mostrando dessa forma o nível de aprendizado já adquiridos.
Os alunos mostraram-se disciplinados, interessados e participativos,
resultando numa ampliação das informações sobre o assunto em debate.
4. AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS DA APLICAÇÃO DO PROJETO
O aprendizado adquirido nos cursos do Programa de Desenvolvimento
Educacional(PDE) e o Grupo de Trabalho em Rede (GTR), com os professores da
Educação Básica foram fundamentais para a realização deste trabalho, pois a
partirdas atividades realizadas, foi possível entrar em contato com referências,
material didático, informações e troca de experiências com outros profissionais,
permitindo a discussão e a socialização de ideias, experiências em sala de aula e
materiais didáticos produzidos durante o curso.
O estudo do espaço do distrito de Figueira D`Oeste,com os alunos da 7ª
série A da Escola Estadual Getúlio Vargas, foi um recurso pedagógico muito rico
para se trabalhar com a Geografia, complementado por pesquisas, leituras, música,
vídeos e pelos recursos cartográficos. A aula de campo motivou e contribuiu
grandemente para a aprendizagem, pois além de proporcionar a discussão sobre as
inter-relações dos elementos do ambiente, enriqueceu o conhecimento sobre
aspectos físicos relacionando-os com a exploração do espaço do distrito, sob a
perspectiva econômica e social. Os alunos foram motivados a reflexões sobre as
responsabilidades quanto à qualidade de vida local.
Com a realização das atividades, percebeu-se que os alunos oriundos do
meio rural apresentam-se mais concentrados e interessados por assuntos
relacionados à agricultura, o que facilitouo aprendizado. Outro fato relevante foi o
interesse dos professores e alunos das demais turmas que assistiram à palestra, ao
indagar sobre as formas de contaminações e doenças causadas por agrotóxicos.
Ao apresentar seus trabalhos diante de toda a comunidade escolar, notou-se
que os alunos foram capazes de refletir sobre seus conhecimentos, levando a uma
mudança nas ideias e atitudes diante do tema. O trabalho foi capaz de despertar o
interesse dos demais alunos e mantê-los atentos durante as explicações dos
colegas e à comunidade.
Com o projeto mostrou-se aos alunos a importância do comprometimento e
participação na preservação do meio ambiente, e também na transmissão dos
conhecimentos adquiridos formando dessa forma, uma rede de agentes
multiplicadores e buscando um ambiente saudável e consequentemente, a melhoria
de qualidade de vida para a população local e regional.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar este trabalho compreende-se que a escola deve proporcionar
instrumentos para que o aluno compreenda o mundo em que vive, sendo capaz de
atuar sobre o mesmo, exercendo seus deveres, exigindo direitos, tomando decisões,
provocando mudanças sociais, revendo conceitos, tornando-se crítico e capaz de
atuar na sociedade, poisa aquisição de conhecimentos científicos/formais deve ser o
principal objetivo da educação escolar. Assim, o Programa de Desenvolvimento
Educacional (PDE) cumpriu seu objetivo ao proporcionar aos professores uma
formação continuada de qualidade, dando oportunidade e disponibilidade para o
estudo, pesquisa e elaboração de materiais, dentro de um contexto acadêmico
diferenciado, a universidade.
O programa tem como objetivo, a construção de uma mentalidade voltada
para a ressignificação dos conteúdos trabalhados em sala de aula, resultado do
crescimento pessoal e intelectual, do desenvolvimento de um olhar geográfico que
só a pesquisa poderia permitir. O Grupo de trabalho em Rede (GTR), com os
professores, permitiu a discussão e a socialização de ideias, experiências em sala
de aula e materiais didáticos produzidos durante o curso. As diversas atividades do
Programa de Desenvolvimento Educacional serviram como um laboratório de ensino
e pesquisa.
O material didático produzido ofereceu aos alunos e professores dados e
análises sistematizadas do distrito de Figueira D’Oeste, objeto de análise, que
dificilmente poderiam ser encontrados na literatura oficial. Esta ação permitiu
também ampliar conhecimentos sobre a geografia do distrito, desde o início de sua
ocupação e inserção no modelo capitalista econômico brasileiro e mundial,
auxiliando na compreensão do desenvolvimento da economia local, configurando
características sociais, políticas e culturais específicas, permitindo, dessa maneira,
resignificar o processo de ensino/aprendizagem ao confrontar o conhecimento
científico com o dia a dia do aluno.
Com isto, priorizou-se a qualidade de ensino na formação básica, voltada
para a construção do cidadão crítico, para a educação sedimentada no aprender a
conhecer, aprender a fazer, aprender a conviver, aprender a ser e para as novas
necessidades do conhecimento. Foi uma experiência muito valiosa realizar esse
trabalho com os alunos e proporcionar a eles, a vivência da realidade dos temas
discutidos em sala de aula, possibilitando um novo olhar, ou um olhar crítico sobre a
realidade local, regional e global, resultanteescolares desempenhadas no dia a dia
do trabalho escolar.
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