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Educação sofre com 4 anos sem reajuste e más condições de trabalho A rede estadual de educação sofre com o desca- so do governo Pezão e do secretário Wagner Victer, enfrentando condições cada vez mais precárias de trabalho e falta de valorização. Desde o início da sua gestão, o governador Pezão vem dando continuidade à política de destruição da escola pública estadual que já vinha sendo implementada pelo seu antecessor e patrono, Sérgio Cabral – condenado por corrupção e formação de quadrilha e cumprindo pena no presí- dio de Bangu 8 (veja neste boletim: Pezão também foi preso por corrupção). Após quatro anos sem qualquer reajuste, a cate- goria ainda sofre com a mudança no calendário de pagamento e o aumento da alíquota previdenciária, fatores que contribuem ainda mais para a perda do poder aquisitivo dos salários já minguados. Falta tudo nas escolas de Pezão e Victer A falta de investimento em manutenção e infra- estrutura prejudica o funcionamento das escolas, colocando em risco a vida dos profissionais e alu- nos. Faltam materiais básicos para o cotidiano es- colar e os serviços ficam a cada dia mais precariza- dos. Como se não bastasse a falta de investimento na Educação, Pezão e Victer ainda tentam a todo cus- to fechar escolas ou promover a reestruturação das unidades, acabando com turnos e turmas. Dados de um levantamento realizado até 2016 mostram que 49 escolas – a maioria de ensino noturno – já foram fechadas neste governo. Outro fator que demonstra a inexistência de uma política pública para a educação estadual é a carên- cia de professores e funcionários nas escolas. Sem concurso público para funcionários há vários anos, a falta de pessoal de portaria, inspetores e secretários escolares torna mais difícil o funcionamento das unidades da rede estadual (veja matéria sobre o nú- mero de exonerações de professores e funcionários). Informativo do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro Edição fechada em 3 de dezembro de 2018 Alerj aprovou carga horária de 30 horas para os inspetores de alunos Os deputados estaduais aprovaram, dia 14 de novembro, em segunda e definitiva discussão, o projeto de lei 2.053/16, que adiciona os inspetores de alunos da rede estadual à categoria de pessoal adminis- trativo educacional, passando a cumprir 30 horas de trabalho por semana. A lei ainda não foi sancionada pelo governador em exercício, Francisco Dornelles. De autoria dos deputados Comte Bit- tencourt (PPS), Flávio Serafini (PSOL), Waldeck Carneiro (PT) e Tio Carlos (SD), a proposta altera a Lei 1.348/88, que regula- menta o quadro de funcionários da Secreta- ria de Estado de Educação (SEEDUC). A equiparação é uma vitória da mobili- zação dos inspetores que, após a aprova- ção da lei que instituiu a carga horária de 30 horas para os funcionários administra- tivos, mas deixou de fora este segmento, procuraram o Sepe e participaram de todo o processo de mobilização e negociações com o governo do estado e com os deputa- dos na Alerj para corrigir a distorção. Alerj derruba veto de Pezão à lei que impede fechamento e transferência de escolas Os deputados estaduais derrubaram, no dia 27/11, o veto do governador Pezão ao projeto de lei nº 2.963/17, dos deputa- dos André Ceciliano (PT) e Flávio Serafini (PSol), que estabelece regras para o fecha- mento e a transferência de escolas sob ad- ministração estadual - inclusive os colégios técnicos. O texto determina que sejam ela- borados pareceres do Conselho Estadual de Educação e do respectivo Conselho Escola Comunidade para o fechamento ou trans- ferência das unidades educacionais. Tam- bém foi derrubado o veto de Pezão ao proje- to de lei 1.940/16, que altera a Lei 6.720/14, reduzindo de 40 para 30 horas semanais a carga horária dos servidores da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio (Faetec). A autoria dessa proposta é dos de- putados Comte Bittencourt (PPS), Flávio Se- rafini (PSol), Waldeck Carneiro (PT), Mar- tha Rocha (PDT) e Edson Albertassi (MDB). PEZÃO FOI PRESO NO DIA 29/11 POR ORDEM DO STJ O governador Pezão foi preso no dia 29/11, por ordem do ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A prisão dele e de outras oito pessoas tem a ver com as delações dos cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), em março do ano passado. Depois de ver o seu antecessor Sérgio Cabral condenado por lavagem de dinheiro e corrupção e pre- so na penitenciária Bangu 8, Pezão, que in- tegrava a cúpula do governo anterior, vinha enfrentando uma série de denúncias sobre corrupção e lavagem de dinheiro. Enquanto mantinha a política de Cabral de arrochar salários e não investir em se- tores como Educação, Saúde e Segurança, além de implementar uma série de medidas que penalizavam a população e os servido- res públicos estaduais e falir a já combalida economia do Rio de Janeiro, o governador preso hoje manteve em funcionamento o es- quema de corrupção no governo do Estado, embolsando milhões de reais ao longo dos últimos anos, segundo a procuradora geral Raquel Dodge e denúncias de políticos já presos pela Operação Lava Jato. Atual (16h/22h) Tabela Mãe

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Page 1: Educação sofre com 4 anos sem reajuste e más condições de … · 2019-01-31 · ral e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96), além de atentar contra a dignidade

Educação sofre com 4 anos sem reajuste e más condições de trabalho

A rede estadual de educação sofre com o desca-so do governo Pezão e do secretário Wagner Victer, enfrentando condições cada vez mais precárias de trabalho e falta de valorização. Desde o início da sua gestão, o governador Pezão vem dando continuidade à política de destruição da escola pública estadual que já vinha sendo implementada pelo seu antecessor e patrono, Sérgio Cabral – condenado por corrupção

e formação de quadrilha e cumprindo pena no presí-dio de Bangu 8 (veja neste boletim: Pezão também foi preso por corrupção).

Após quatro anos sem qualquer reajuste, a cate-goria ainda sofre com a mudança no calendário de pagamento e o aumento da alíquota previdenciária, fatores que contribuem ainda mais para a perda do poder aquisitivo dos salários já minguados.

Falta tudo nas escolas de Pezão e Victer A falta de investimento em manutenção e infra-

estrutura prejudica o funcionamento das escolas, colocando em risco a vida dos profissionais e alu-nos. Faltam materiais básicos para o cotidiano es-colar e os serviços ficam a cada dia mais precariza-dos. Como se não bastasse a falta de investimento na Educação, Pezão e Victer ainda tentam a todo cus-to fechar escolas ou promover a reestruturação das unidades, acabando com turnos e turmas. Dados de um levantamento realizado até 2016 mostram que

49 escolas – a maioria de ensino noturno – já foram fechadas neste governo.

Outro fator que demonstra a inexistência de uma política pública para a educação estadual é a carên-cia de professores e funcionários nas escolas. Sem concurso público para funcionários há vários anos, a falta de pessoal de portaria, inspetores e secretários escolares torna mais difícil o funcionamento das unidades da rede estadual (veja matéria sobre o nú-mero de exonerações de professores e funcionários).

Informativo do Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação do Rio de Janeiro

Edição fechada em 3 de dezembro de 2018

Alerj aprovou carga horária de 30 horas para os inspetores de alunos

Os deputados estaduais aprovaram, dia 14 de novembro, em segunda e definitiva discussão, o projeto de lei 2.053/16, que adiciona os inspetores de alunos da rede estadual à categoria de pessoal adminis-trativo educacional, passando a cumprir 30 horas de trabalho por semana. A lei ainda não foi sancionada pelo governador em exercício, Francisco Dornelles.

De autoria dos deputados Comte Bit-tencourt (PPS), Flávio Serafini (PSOL), Waldeck Carneiro (PT) e Tio Carlos (SD),

a proposta altera a Lei 1.348/88, que regula-menta o quadro de funcionários da Secreta-ria de Estado de Educação (SEEDUC).

A equiparação é uma vitória da mobili-zação dos inspetores que, após a aprova-ção da lei que instituiu a carga horária de 30 horas para os funcionários administra-tivos, mas deixou de fora este segmento, procuraram o Sepe e participaram de todo o processo de mobilização e negociações com o governo do estado e com os deputa-dos na Alerj para corrigir a distorção.

Alerj derruba veto de Pezão à lei que impede fechamento e transferência de escolas

Os deputados estaduais derrubaram, no dia 27/11, o veto do governador Pezão ao projeto de lei nº 2.963/17, dos deputa-dos André Ceciliano (PT) e Flávio Serafini (PSol), que estabelece regras para o fecha-mento e a transferência de escolas sob ad-ministração estadual - inclusive os colégios técnicos. O texto determina que sejam ela-borados pareceres do Conselho Estadual de Educação e do respectivo Conselho Escola Comunidade para o fechamento ou trans-

ferência das unidades educacionais. Tam-bém foi derrubado o veto de Pezão ao proje-to de lei 1.940/16, que altera a Lei 6.720/14, reduzindo de 40 para 30 horas semanais a carga horária dos servidores da Fundação de Apoio à Escola Técnica do Estado do Rio (Faetec). A autoria dessa proposta é dos de-putados Comte Bittencourt (PPS), Flávio Se-rafini (PSol), Waldeck Carneiro (PT), Mar-tha Rocha (PDT) e Edson Albertassi (MDB).

PEZÃO FOI PRESO NO DIA 29/11 POR ORDEM DO STJO governador Pezão foi preso no dia

29/11, por ordem do ministro Felix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça (STJ). A prisão dele e de outras oito pessoas tem a ver com as delações dos cinco conselheiros do Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ), em março do ano passado. Depois de ver o seu antecessor Sérgio Cabral condenado por lavagem de dinheiro e corrupção e pre-so na penitenciária Bangu 8, Pezão, que in-tegrava a cúpula do governo anterior, vinha enfrentando uma série de denúncias sobre corrupção e lavagem de dinheiro.

Enquanto mantinha a política de Cabral de arrochar salários e não investir em se-tores como Educação, Saúde e Segurança, além de implementar uma série de medidas que penalizavam a população e os servido-res públicos estaduais e falir a já combalida economia do Rio de Janeiro, o governador preso hoje manteve em funcionamento o es-quema de corrupção no governo do Estado, embolsando milhões de reais ao longo dos últimos anos, segundo a procuradora geral Raquel Dodge e denúncias de políticos já presos pela Operação Lava Jato.

Atual (16h/22h)

Tabela Mãe

Page 2: Educação sofre com 4 anos sem reajuste e más condições de … · 2019-01-31 · ral e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96), além de atentar contra a dignidade

Saída de professores e funcionários deixa alunos sem aulas e escolas funcionando de forma precária

Desmotivados por causa dos baixos salários e das condições de trabalho, cada vez mais professores e funcioná-rios deixam a rede estadual e aumen-tam a carência de profissionais nas es-colas. No mês de novembro, cerca de 1.200 professores foram exonerados da rede por causa do cruzamento para o levantamento do número de matrícu-las realizado pelo Tribunal de Contas do Estado junto à prefeituras e gover-no estadual. A este número devem ser agregados o quantitativo de profissio-nais de educação que saem da rede por causa dos pedidos de aposentadoria e exonerações a pedido ou ex-ofício.

Em 2017, 1.411 professores se aposen-taram, 722 foram exonerados a pedido e 11 exonerados ex-ofício. No mesmo pe-ríodo, 573 funcionários administrativos se aposentaram e 61 foram exonerados a pedido. Os números de 2018 (ver tabela)

ainda estão sendo computados a partir de consultas junto ao Diário Oficial do Estado, mas com as 1.200 exonerações por causa do número de matrículas, mais de dois mil professores terão deixado os quadros do estado por aposentadorias ou exonerações.

As chamadas de concursos antigos, já que o governo não realiza novos concur-sos há muitos anos, não conseguem repor o número de saídas e, hoje, calcula-se que exista uma carência de mais de sete mil professores. A carência de funcionários é ainda maior, cerca de 12 mil funcionários administrativos, entre serventes, meren-deiras, porteiros, inspetores de alunos e pessoal de secretaria. Em setembro, a im-prensa noticiou que a SEEDUC pretende abrir um concurso para professor da rede estadual com cerca de 1.200 vagas, mas este número não será suficiente para co-brir o déficit nas escolas.

Escola sem Partido já ameaça escolasLogo após o resultado das eleições de outubro,

uma candidata a deputada estadual Ana Carolina Campagnolo (PSL), eleita por Santa Catarina, di-vulgou nas redes um chamado para que alunos fil-massem os docentes e fiscalizassem as aulas caso houvesse “algum tipo de conteúdo político”. Os ata-ques vêm aumentando e até mesmo o novo minis-tro da Educação, anunciado pelo presidente eleito, se declarou um defensor do projeto que censura os professores em sala de aula e atenda contra a liber-dade de expressão dos profissionais de educação.

Mesmo com a condenação de parte da socieda-de, dos meios acadêmicos e, até mesmo de ministros do STF, que está para julgar a constitucionalidade da lei do Escola sem Partido aprovado no estado de Alagoas (lei suspensa por força de liminar), o avan-ço dos ataques ao direito constitucional da liberda-de de cátedra está se tornando uma realidade que assusta a sociedade e representa uma séria ameaça ao livre pensar e à discussão crítica e democrática na escola.

No dia 25 de novembro, o deputado federal eleito pelo Rio de Janeiro, Daniel Silveira (PSL), ameaçou a diretora do Colégio Estadual Pedro II (CENIP), em Petrópolis. O motivo do ataque, segundo ele, foi por ela ter “retaliado” funcionários que permitiram

a sua entrada – indevida – na unidade. Sobre isso, leia trechos da nota conjunta do Sepe Petrópolis e do Sepe Central contra o ataque à diretora do CE-NIP (a nota está disponível no site do Sepe Central).

“Diante deste fato, a Direção do Sindicato Es-tadual dos Profissionais da Educação (SEPE/RJ), Núcleo Petrópolis, vem, através desta, repudiar a postura e o conteúdo do vídeo, reafirmando o seu compromisso com a defesa dos direitos dos profis-sionais da educação; do pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; da autonomia profissional de docentes e gestores; da liberdade de expressão; e da educação direcionada à formação humana e ao pensamento crítico.

“É evidente, portanto, o despreparo e desco-nhecimento do recém-eleito quanto às suas futu-ras atribuições como deputado federal, bem como quanto ao papel da educação e a realidade das unidades escolares no estado do Rio de Janeiro, sendo certo que suas declarações e ameaças ferem diretamente as garantias fundamentais e liberda-des democráticas previstas na Constituição Fede-ral e na Lei de Diretrizes e Bases da Educação (Lei 9.394/96), além de atentar contra a dignidade da diretora citada e os princípios norteadores do Es-tado Democrático de Direito.”

Tabela de exonerações de 2018 (D.O. RJ)

Veja o que fazer para garantir a liberdade de cátedra na sua escola:

- exigir a presença de testemunhas em casos deste tipo e recorrer ao sindicato imediatamente;

- a entrada de terceiros nas unidades só pode ocorrer com a autorização prévia do professor, ninguém pode invadir a sala de aula; Caso o invasor force a entrada, acione a polícia;

- caso alguém grave vídeos, o docente pode entrar com um processo por difa-mação, calúnia e uso indevido de ima-gem;

- em caso de ofensas e ameaças diante dos alunos, peça para registrarem o epi-

sódio, reúna duas testemunhas e acione o sindicato.

- ninguém pode entrar no local de traba-lho do professor de modo a constrangê-lo ou censurá-lo. Isso configura ameaça e assédio ao servidor público, crime passível de pena.

- solicite ajuda jurídica ao sindicato para denunciar as postagens em redes sociais. Reúna um grupo de professores que tam-bém forem difamados e ou ameaçados e entre com um processo coletivo pedindo indenização por danos morais.

- O Manual de Defesa Contra a Censura na Escola está disponível no site do Sepe.