educomunica 04 - 2011
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Durante a produção desta edição do Educomunica, notamos que a maioria das matérias está relacionada com a qualidade do ensino.TRANSCRIPT
EDUCOMUNICA
Intercom reúne profissionais da área da comunicaçãoO Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom - aconteceu em Recife (PE), entre os dias 2 e 6 de setembro. O tema deste ano foi “Quem tem medo da pesquisa empírica?”. O evento contou com a participação de docentes e alunos da UFU. Página 7
Comissão reestrutura ementas do curso de Jornalismo Página 8
LIBRAS será obrigatório em Licenciaturas até 2015Página 11
CAS tem aluna aprovada no vestibular UFU 2011-2O pré-vestibular para alunos surdos, oferecido pela FACED, tem aluna apro-vada no último vestibular da UFU. Sa-rah Juliana conquistou uma vaga no curso de Matemática e no seu primeiro período está sem intérprete nas aulas. O cursinho iniciou suas atividades há sete anos e é coordenado pelo CEPAE.Página 5
Rodas de conversa e mesas redondas revivem culturas populares Página 9
Projeto de Extensão deve ampliar acesso à ciênciaPágina 4
UFU registra aumento em graduação à distânciaA UFU registra aumento de 12% na procura por Pedagogia à distância. Os alunos que recorrem a esse formato de ensino são aqueles com a intenção de suprir a falta de tempo para cum-prir a carga horária de um curso pre-sencial. O coordenador do curso, Eucí-dio Arruda, esclarece as diferenças a respeito da educação à distância em faculdades públicas e particulares e ressalta as qualidades da modalidade.Página 10
‘Xadrez das cores’ instiga debate sobre racismoPágina 3
‘Cadernos de História da Educação’ representa a FACED internacionalmente
Da educação 1.0 às mídias eletrônicas empregadas na sala de aula. O periódico aborda a história do ensino em artigos de pes-quisadores brasileiros e estrangeiros e sua implicação atual. O ‘Cadernos de História da Educação’ recebeu o segundo maior es-trato pelo Qualis/CAPES e o auxílio parcial para editoração e im-pressão da revista pela agência de fomento FAPEMIG. A cada edi -ção são publicadas cerca de 30 trabalhos e a circulação média da edição impressa é de 300 exemplares. A revista também pode ser acessada na internet. Página 6
Periódico possui acordo com instituições da Europa e América
Ano III – nº 4 - outubro, 2011
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Plataforma moodle é utilizada para atividades online
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Aluno de intercâmbio compara Brasil e JapãoEm entrevista ao Educomunica, o inter-cambista Ryoto Nakakura fala das dife-renças culturais entre os países. Nakakura analisa as distintas práticas jornalísticas do Japão e do Brasil e expõe suas im-pressões sobre cultura, mídia e educação nesses países.Página 12
Ryoto ressalta liberdade de expressão em sala de aula
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EDUCOMUNICA Ano III – n° 4 UFU
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Editorial
“Um bem público a serviço do Bra-sil”. Ensino, pesquisa e extensão são bases fundamentais para atestar a competência das universidades bra-sileiras. Elas tem, por dever, integrar a sociedade à educação de qualida-de. Por obrigação e respeito, também devem levar os resultados de seus trabalhos à comunidade como forma de resposta à confiança depositada na instituição.
Tendo em vista essa via de mão dupla “sociedade-universidade”, apresentamos nesta edição o caso de cidadãos cujas capacidades físi-cas não os desmotivam em estudar e que almejam serem integrados à uni-versidade. Com o auxílio de um cur-so preparatório especial para pessoas surdas dentro da UFU, eles têm condições de fazer parte desse bem público.
Somado a isso, a FACED exporta seu nome para diversos países atra-vés do periódico “Cadernos de Histó-ria da Educação” que chega aos dez anos e consolida a cada edição posi-ção de destaque no meio acadêmico. Esse intercâmbio e troca de experi-ências entre as universidades é que nos permite cruzar com um aluno de outra parte do globo. Nesta edição, conversamos com o aluno Ryoto Nakakura sobre suas experiências culturais.
No âmbito do conhecimento cientí-fico, o Pop Ciência aproxima esse saber produzido pelos professores da UFU à comunidade externa com uma linguagem fácil de se compreender. Criado pela coordenadora de Jorna-lismo, Adriana Omena, mostra que é possível comunicar, e não inferiori-zar, as pesquisas científicas ao se-rem divulgadas. Ela também é a tutora do PET Conexões, responsá-vel por promover eventos à comuni-dade externa produzidos pelos petianos.
A terceira turma de Jornalismo de-seja que você, leitor, adquira novas informações nesta quarta edição do Educomunica. Boa leitura!
Crônica
Cada macaco no seu galhoDaniela Ávila Malagoli
Quando me foi dada a tarefa de escre-ver uma crônica, de imediato pensei: Vou sair, vou ao shopping me distrair, isso me parece muito complicado. Bom, e foi du-rante esse passeio ao centro do consumis-mo, promotor de uns instantes de felicidade incomuns, que eu observei, de maneira inédita, algo digno de ser aqui re-latado. Quando você vai a algum lugar onde há mesas e cadeiras, já reparou como as pessoas se localizam espacial-mente? Pois, passe a olhar ao seu redor! Arranje um tempo! Se achar conveniente encontrar esse tempo, por sinal pequenís-simo (se é que ele existe) na caixa dos seus afazeres intermináveis, para refletir sobre o que lhe pergunto, você verá que as pes-soas evitam sentar ao seu lado. O que que-ro dizer a você é que constatei algo que eu mesma me vejo fazendo desde que me en-tendo por ser humano. Em geral, há sem-pre um espaço entre as pessoas, uma ou mais mesas. Só quando não há mais op-ções, aí sentamos (temos que fazer isso, na verdade) ao lado de alguém. Creio que você não achou isso um absurdo... nem eu. Quando cheguei à praça de alimenta-ção, pedi um Burger King, sem dúvida a melhor opção para me abster, por alguns momentos, da tacocracia que me acompa-nha todos os dias. Meu acompanhante e eu procuramos, sem sequer nos comuni-carmos verbalmente, uma mesa isolada, sem quase ninguém por perto. Acomoda-mo-nos de forma que não houvesse nin-guém ao nosso lado. Aí sim. Durante os meus minutos de extrema alegria, sabore-ando o BK, olhei ao meu redor e comecei a reparar os meus semelhantes. Inúmeras pessoas se cruzando, com o olhar fixo, mas nelas mesmas. Um senhor de barba grande e espumada sentado em um canto, sozinho, tomando uma cerveja; em outro canto um casal e seus três filhinhos inquie-tos fazendo um super lanche. Mais à fren-te, um grupo de amigos jogando conversa
fora. E por aí vai... Cada um vivendo o seu momento, das mais variadas maneiras. Mas uma observação: todos no seu canto; cada macaco no seu galho. E aí, eu me per-guntei: Por que tanto medo, tanto repú-dio? As pessoas se evitam. Existe, entre nós, um receio mútuo e recíproco que per-meia as relações sociais, se é que isso pode ser chamado de relação. Enquanto eu pen-sava sobre tal situação, que por acaso cau-sou-me uma indignação profunda, meu acompanhante diz em tom brando: “Va-mos, já vai encher bastante aqui”. Levan-tei daquela praça recheada de grupos fechados e cantos peculiares e fui para casa. Minha casa é em um condomínio fe-chado. Fechado não só para a rua, mas para os meus vizinhos... Com alguns eu troco mínimas palavras. Aquele “bom dia” amarelo dentro do elevador, conhece? Ou então um “Parece que vai chover, não acha?” para não falar que não disse nada. Outros eu nem cheguei a co-nhecer. E no momento, sinto muito, mas não tenho tal interesse. Não porque eu não goste deles... isso nem é possível, se é que me entende. Tempos modernos, no-vas tecnologias, pessoas mais afastadas... é, os tempos mudaram e muito. E os dita-dos populares também. De “um por todos e todos por um” para “cada um por si e Deus por todos”. Isso nos parece muito fa-miliar... Não acha? E sabe qual é o maior desejo da maioria de nós? Ir, nas nossas férias, para uma ilha paradisíaca, isolada, longe de tudo e de todos. Que maravilha! Enfim, só. De aldeia global, não temos nada. Gostamos mesmo é de ficar nas nossas cadeiras. Multidões de solitários... É um paradoxo que ainda não consegui compreender. Eu complementaria um trecho de Mário Sergio Cortella, que diz que é preciso mais espanto diante das tecnologias e inovações que aparecem di-ante de nós. Eu diria que é necessário menos espanto entre as pessoas. C
EXPEDIENTEO jornal EDUCOMUNICA é uma produção experimental dos alunos do 2º período do Curso de Comunicação Social: Habilitação em Jor-nalismo da Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU), desenvolvida no Projeto Interdisciplinar em Comunicação II, sob orientação do Prof. Dr. Gerson de Sousa. Planejamento Gráfico e Editoração: Ricardo Ferreira de Carvalho. Bolsista: Sabrina Tomaz. Coordenadora do curso de Comunicação Social: Profa. Dra. Adriana Cristina Omena dos Santos. Diretora da FACED: Profa. Dra. Mara Rúbia Alves Marques. Tiragem: 250 exemplares. Impressão: Agência de Notícias – Jornalismo/UFU.
UFU Ano III – n° 4 EDUCOMUNICA
Sob o slogan de “Curta o choque”,
na primeira edição do Choque Cine-
matográfico foi exibido “O xadrez das
cores”, cuja temática central é o pre-
conceito racial. O evento, organizado
pelo Programa de Educação Tutorial
(PET) Conexões de Saberes: Educo-
municação, em parceria com o PET
das Ciências Sociais, foi aberto à parti-
cipação da comunidade interna e exter-
na e aconteceu no dia 27 de agosto, no
Campus Santa Mônica da Universida-
de Federal de Uberlândia (UFU).
Após a exibição do filme foi rea-
lizado um amplo debate que contou
com a participação de todos os pre-
sentes no evento e de convidados
como a professora Vania Aparecida
Martins Bernardes, que participa do
NEAB, e a primeira presidente da
Comissão da Igualdade Racial da
OAB, doutora Selma Aparecida
Santos.
A bolsista do PET Conexões, Su-
sana Arantes, esclarece que “a pro-
posta do choque é promover debates
sobre temas do cotidiano pra fugir
um pouco dos temas padrões acadê-
micos”. Outra integrante do grupo,
Valquíria Amaral, ressalta a impor-
tância de levar os temas ao público
externo. “Às vezes ficamos muito fe-
chados no meio acadêmico e o co-
nhecimento que a gente produz aqui
quase nunca é levado pra fora dos
muros da UFU,” completa.
Para Selma Aparecida, o modo
como o evento foi realizado, sem
compor a mesa formal, facilitou a in-
teração no debate entre os participan-
tes. Selma sugere que seja
aprofundada a questão do preconcei-
to racial para esclarecer sua origem.
“Porque é só através do conhecimen-
to que nós conseguimos quebrar os
pré-conceitos”, afirma.
Segundo a tutora do PET Cone-
xões, Adriana Omena dos Santos, a
primeira edição do evento superou ex-
pectativas. A quantidade de pessoas
que estava presente dobrou, em rela-
ção a outras atividades organizadas
pelo PET, mesmo tendo uma divulga-
ção mínima. Além disso, a interação
entre os convidados foi um fator im-
portante para a construção do debate.
“Houve uma participação muito legal
da mesa e do público”, diz.
Carmelita da Silva, participante do
evento, afirma que não tinha conheci-
mento prévio do tema abordado. “Eu
nem imaginava que o preconceito esti-
vesse presente dentro de um espaço
acadêmico, teoricamente ocupado por
pessoas intelectuais. Este hábito ruim
parece estar enraizado na nossa socie-
dade.” O estudante africano, em mo-
bilidade, Edmilson Rodrigues, afir-
mou que é importante participar de
discussões desse gênero para conhecer
diferentes opiniões. O universitário
completa dizendo que entendeu como
o tema é visto no Brasil. “Não esta-
mos longe do racismo, vivemos em
uma sociedade racista sim e hoje fize-
mos aqui esse reconhecimento”, co-
menta. C
3
PET Conexões Educomunicação debate racismoParticipantes discutem tema polêmico a partir da exibição de curta-metragem
Eric Dayson – Kênia Leal – Letícia Daniela – Monique França
Evento reúne cerca de 40 pessoas, entre estudantes e comunidade
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EDUCOMUNICA Ano III – n° 4 UFU
O projeto de extensão
“Ciência/UFU – A Agência de No-tícias e a web rádio do curso de Jor-nalismo/UFU a serviço da Difusão e Popularização”, desenvolvido pelo curso de Comunicação Social: habili-tação em Jornalismo em conjunto com professores do curso de Pedago-gia da UFU, tem o objetivo de reco-lher as informações científicas produ-zidas na universidade e repassar à comunidade de forma mais acessível. A proposta do projeto é desenvolver uma web rádio e produzir programas para a Rádio Universitária e para a TV universitária.
O projeto prevê a capacitação dos professores de ciência nas escolas por meio de uma cartilha, juntamente com um DVD, que incluirá o áudio produzido pela web rádio e os filmetes
exibidos na televisão. O material pro-duzido levará informações de projetos desenvolvidos na UFU.
De acordo com Adriana Omena dos Santos, coordenadora do curso de jornalismo, o projeto é um ganho aca-dêmico e profissional para os graduan-dos. “Os alunos estão preparados para fazer a cobertura da notícia, mas o jor-nalismo especializado exige que você tenha algum conhecimento da área, ou seja, o aluno é o mediador entre o que está acontecendo e a sociedade”, explica.
O principal foco do projeto é o jor-nalismo científico. A aluna do quarto período e voluntária do Pop Ciência, Ana Beatriz Camargo Tuma, 20, afir-ma que o projeto propõe facilitar a compreensão da comunidade em rela-ção às pesquisas publicadas. “O jorna-
lismo científico é voltado pra divulga-ção e disseminação do conhecimento científico como um todo”, comenta a aluna. “Tudo o que é produzido na Universidade, o jornalismo científico procura divulgar através da ‘tradução’ dos termos técnicos para uma lingua-gem mais acessível à população”, es-clarece a voluntária.
Para a diretora de Extensão Uni-versitária Geni de Araújo Costa, 54, os projetos são um conhecimento que ele (o aluno) põe em prática. “Quem fica na teorização, não consegue en-xergar a realidade”, afirma. A direto-ra ressalta a oportunidade de crescimento acadêmico e profissional oferecidos pelos projetos. “Muitos alunos se importam com o beneficio material que as bolsas oferecem e dei-xam de pensar em outros ganhos, principalmente o ganho profissional.”, declara.
Geni ainda diz que “ao confrontar os dados coletados com a realidade, ele vê o objetivo, o ideal acadêmico e o ideal para determinada comunidade. Então ele pode ser mais crítico, mais reflexivo, mais transformador, portan-to, um profissional diferenciado.”
Os estudantes interessados em par-ticipar do projeto devem procurar a coordenadora Adriana Omena dos Santos ou um dos professores envolvi-dos: Web Rádio - profª Sandra Sueli Garcia; Minuto Ciência UFU (TV) - profª Mônica Nunes Vieira; Ciência em Pauta (impresso) - profª Ana Cris-
tina Spanemberg. C
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Cursos da FACED inovam com proposta educativaProjeto de extensão constitui-se de trabalhos de formação e produção do conhecimento
Fabiane de Souza – Isabella Carvalho – Lucas Tondini
Geni acredita que os projetos são um ganho para a Universidade, para a comunidade e para os alunos
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UFU Ano III – n° 4 EDUCOMUNICA
A estudante Sarah Juliana, aprovada no vestibular 2011-2 da Universidade Federal de Uberlân-dia (UFU), conquistou uma vaga no curso de Matemática. Para essa conquista, contou com o auxílio dos voluntários do Cursinho Al-ternativo para Alunos Surdos (CAS).
A aluna fez parte do CAS duran-te quatro anos: três dedicados ao Programa de Ação Afirmativa de Ingresso no Ensino Superior (PAA-ES) e um preparando-se para o ves-tibular.
As atividades do projeto tiveram início há sete anos e são coordena-das pelo Centro de Ensino, Pesqui-sa, Extensão e Atendimento em Educação Especial (CEPAE).
Sarah estudou em escola pública e necessitou de intérpretes ao longo de sua formação. A estudante en-frentou dificuldades na aprendiza-gem devido à metodologia utilizada pelos professores. “Alguns não sa-bem como lidar nestes casos. Mui-tos colegas também se afastaram, pois não sabiam como se comunicar comigo”, revela.
Sinval Fernandes é intérprete da Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS), ministra aulas de quí-mica e acompanha o desenvolvi-mento dos alunos. O professor, apesar de não ser contratado pela Universidade, auxilia Sarah nas aulas do curso de Matemática. O voluntário encontra dificuldade ao fazer interpretação: localizar sinô-nimos do português na língua de sinais. Segundo ele, para a estu-dante o ideal seria uma pessoa for-mada em Matemática que conheça
os termos específicos da área.
A professora Eliamar Godoi au-xilia na coordenação do cursinho desde agosto de 2010. Para Elia-mar, a aprovação de Sarah significa a realização de um objetivo que to-dos os alunos tem buscado. No in-tuito de melhorar o trabalho do CAS na UFU, Eliamar pretende oferecer bolsas para professores. “Isso atrairá mais profissionais para ministrar aulas”, diz. Além das bol-sas, pretende criar cursos de exten-são para intérpretes. Esses cursos poderão suprir a carência desses profissionais que é muito grande no Brasil, pois a profissão só foi regu-lamentada em 2005. Outra possibi-lidade é de a própria Sarah ministrar aulas no CAS, iniciando com uma bolsa de monitoria de 12
horas semanais. C
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Aluna de cursinho para surdos ingressa na UFUSarah Juliana, estudante do CAS há quatro anos, frequenta o 1º período de Matemática
Carlos Gabriel Ferreira – Isley Borges – Lívia Rodrigues – Raissa Dantas
Sarah Juliana, ex-aluna do CAS, fala sobre o pré-vestibular
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Saiba mais sobre o CASO material didático utilizado no Cursinho é formulado pelo grupo docen-
te voluntário. Os professores tentam deixá-lo mais atrativo e didático. Os equipamentos para a realização das aulas, como data show e computador, são fornecidos pelo CEPAE e o material entregue aos alunos baseia-se em exercícios focados nos processos seletivos da UFU. Neste semestre o proje -to contempla nove estudantes.
EDUCOMUNICA Ano III – n° 4 UFU
O periódico Cadernos História da Educação comemora, este ano, uma década de publicações com resultados expressivos. Desde o ano passado, a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) promove o custeio de editoração e im-pressão. O impresso obteve em 2008 estrato A2 (o segundo mais elevado) pelo Qualis/CAPES, por quesitos como periodicidade, presença de resu-mos em língua estrangeira, existência de versão eletrônica, volume de circu-lação, captação de artigos do exterior e conselho editorial. Estima-se que a revista em papel tenha circulação mé-dia, por edição, de 300 exemplares.
O veículo de divulgação em pes-quisas na área de História da Educa-ção teve seu primeiro volume no ano de 2002. Devido ao aumento de tex-tos de qualidade recebidos para sub-missão e ao crescente interesse de pesquisadores, alcançou em 2009 a marca de duas edições anuais. Gran-de parte dos trabalhos publicados é
escrito por pesquisadores de outras instituições nacionais e estrangeiras. Os investigadores da própria Univer-sidade Federal de Uberlândia (UFU) são vinculados, em sua maioria, ao Núcleo de Estudos e Pesquisas em História e Historiografia da Educa-ção (NEPHE).
O primeiro volume publicado pouco dispunha da estrutura encon-trada hoje. “No início, a revista era feita quase que de modo artesanal. Alguns professores e eu fazíamos a captação de textos e não havia sequer revisores. Nós mesmos desempenhá-vamos esse papel. Hoje, ao contrário, existem revisores escolhidos para isso e a revista é acessada internacional-mente”, afirma Carlos Henrique de Carvalho, um dos criadores do perió-dico e membro de seu conselho edito-rial. “Quando a revista começou, tinha que buscar publicação. Hoje, as duas edições (anuais) não suprem a grande quantidade de materiais que recebemos”, completa. A qualidade da revista pode ser analisada pelo re-cente apoio financeiro de uma impor-tante agência de fomento. “Somente bons periódicos recebem o apoio da FAPEMIG e nós somos um desses”, assegura o conselheiro.
Apesar das novas metodologias de ensino digitais, a revista trata do passado da transmissão de saber e o expõe na atualidade por meio de seus artigos para outros pesquisadores. “Desde a constituição do campo pe-dagógico, atribui-se importância ao
conhecimento do passado educacio-nal nos processos de formação de professores”, analisa Décio Gatti, cri-ador do Cadernos de História da Educação e presidente da Comissão Editorial. “Acredito que esse raciocí-nio ainda tenha validade, pois apesar das críticas recebidas pela escola, ela é uma instituição forte e que se en-contra, nas suas diferentes formas, presente em todo mundo”, conclui Gatti.
A revista é armazenada no Sistema Eletrônico de Editoração de Revistas (SEER) da UFU e pode ser acessada gratuitamente (http://www.seer.ufu.-br/index.php/che/). O internauta pode se cadastrar e receber aviso por e-mail quando uma nova edição esti-ver disponível. Já a edição impressa pode ser lida na maioria das bibliote-cas universitárias de todo o Brasil e em universidades estrangeiras parcei-ras em países como Portugal e França.
No SEER os pesquisadores têm à disposição os critérios necessários para enviar online seu texto à submis-são. “Claro que existem muitos arti-gos bons, mas também recebemos outros tantos artigos ruins. Isso não é exclusivo do Caderno, todos os perió-dicos enfrentam isso”, afirma Carlos de Carvalho. A revista somente publi-ca textos na íntegra e produzidos por titulados com mestrado, no mínimo. Por ano são publicados cerca de 30 ar-tigos e estima-se que 35% do total re-cebido é recusado após análise dos
pareceristas. C
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CAPES e FAPEMIG atestam qualidade de periódicoPublicação, que celebra 10 anos, obteve o segundo melhor conceito pelo Qualis/CAPES
Debora Bringsken - Hugo de Sousa - Isabela Paranatinga - Neimar Alves
Carlos Henrique, um dos fundadores do periódico
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UFU Ano III – n° 4 EDUCOMUNICA
“Quem tem medo da pesquisa empírica?” foi o principal tema dis-cutido por pesquisadores da área de Comunicação Social no XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, Intercom 2011. O co-lóquio sobre o futuro do rádio e a oficina de literatura são pontos des-tacados pelos participantes da Uni-versidade Federal de Uberlândia, (UFU). O congresso aconteceu na cidade de Recife, em Pernambuco, entre os dias 2 e 6 de setembro e reuniu professores e alunos de todo o país.
A professora do Curso de Jorna-lismo da UFU, Sandra Garcia, par-ticipou do colóquio “Futuro do rádio”, como parte do grupo de rá-dio de mídias sonoras. A importân-cia da discussão, declara Sandra, está relacionada ao debate sobre a história e o futuro do rádio. Para a docente, o conhecimento deve ser o
foco do aluno da área de Ciências Humanas. “O Intercom é o mais importante congresso da área de comunicação e propicia ao aluno ter contato direto com autores e pensadores da área, ampliando as-sim seu conhecimento e sua visão de mundo”.
Elisa Chueiri, estudante do 6º período de Jornalismo da UFU, apresentou o artigo “A teoria na
prática do Informativo Faced”. Elisa assistiu a uma oficina sobre a im-portância do corte e da edição do ci-nema, tema de seu interesse. “O professor que ministrou a oficina deu muitos exemplos e fez um apa-nhado geral sobre a história do cine-ma”, explica. “O Intercom é essencial, tanto para a formação universitária, quanto para a carreira profissional”, complementa. C
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Pesquisa empírica instiga debate no Intercom 2011Evento em Recife promove integração e amplia o conhecimento no campo da Comunicação
Daniela Malagoli – Laura Junqueira – Letícia França – Mariana Marques
Mesa redonda com José Marques de Melo
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Oficina de Jornalismo Literário motiva estudante a produzir monografiaA aluna da 1ª turma de Jornalismo da UFU Diélen Borges revela que as discussões no Intercom são muito interessan -
tes. “Você encontra pessoas de todo o país que pesquisam e possuem os mesmos interesses que você”. A estudante ex -plica que o congresso ofereceu a oficina de Jornalismo Literário, de seu interesse, e que não consta como optativa pela UFU. O interesse pelo tema levou Diélen a produzir sua monografia. “O curso de Comunicação é muito amplo, e essas oportunidades te possibilitam um direcionamento específico para sua área de interesse”.
Diélen explica que apresentou um artigo sobre telenovela, “Infidelidade televisionada: A apologia à traição conjugal na telenovela ‘Viver a Vida’”; o qual recebeu críticas e sugestões de profissionais da área. “É um encontro com pessoas do campo em que você tem interesse em pesquisar. Participei de um VT de telenovela e encontrei autores de livros que eu lia para escrever sobre o assunto”.
EDUCOMUNICA Ano III – n° 4 UFU
Professores e alunos da Faculda-
de de Educação (FACED) presentes
na última assembleia do curso de
Comunicação Social/Jornalismo,
dia 30 de maio deste ano, discutiram
a reestruturação do projeto pedagó-
gico. O principal assunto foi a mu-
dança nas ementas de algumas
disciplinas, entre elas a área de ciên-
cias sociais.
Uma das mudanças pretende ade-
quar a teoria proveniente dos pensa-
dores clássicos das Ciências Sociais à
realidade do estudante e às atuais con-
dições da sociedade brasileira. “É im-
prescindível a abordagem de temas
que insiram o estudante no contexto
da atualidade, trazer a discussão de te-
mas correntes.” afirma Lucas Felipe
Jerônimo, 22, cursando o 6º período
de Comunicação Social. “É preciso
debater o que está sendo veiculado co-
tidianamente na mídia, que é a futura
ferramenta de trabalho e expressão
desse aluno”, sugere.
Rodrigo Ribeiro, professor da ma-
téria de Sociologia no curso de Jorna-
lismo, afirmou que os alunos
participam dos debates ocorridos du-
rante as aulas, demonstrando dinamis-
mo em relação ao conteúdo. “Espero
que o trabalho desenvolvido tenha
permitido aos alunos o domínio de
habilidades conceituais e analíticas
provenientes da Sociologia”, explica
Rodrigo. “Creio que este trabalho
inaugurou um canal de comunicação
entre os alunos do curso e o corpo do-
cente das Ciências Sociais”.
Segundo o aluno Rinaldo Augus-
to, cursando o 4° período de Jornalis-
mo, o conteúdo é suficiente para
despertar pensamento crítico. “Come-
cei a enxergar muitas coisas de manei-
ras diferentes depois que comecei a
estudar mais a fundo cultura e políti-
ca”, conta.
Outra questão discutida na reestru-
turação do projeto pedagógico é o di-
ferencial do curso, que pretende
formar um profissional ligado à área
da educação. A mudança geral na
ementa das matérias permite aos alu-
nos visionarem esse propósito. “Na
atual grade esta formação não é clara,
por isso, com o novo desenho curricu-
lar do curso, isso ficará mais evidente,
pois haverá mais disciplinas que li-
guem a comunicação à educação”, re-
vela Sandra Garcia, professora do
curso e presidente da comissão de
reestruturação do projeto pedagógico
do curso. C
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Ementa reforça formação de jornalista educadorMudanças nas disciplinas de ciências sociais ligam a teoria ao cotidiano do jornalista
Igor Miranda – Laura Máximo – Maria Luiza Soares – Túlio Calegari
Mudança aproximará teoria clássica das Ciências Sociais ao cotidiano do estudante
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Como funciona o processo de mudança da ementaAs modificações estão a cargo da comissão de reestruturação do projeto pedagógico, constituída pelos professores
Adriana Omena dos Santos, Ana Spannenberg, Marcel Mano, Robson de França e pela representante discente Daniela Ávila. A presidência é de Sandra Garcia. Todas as propostas são analisadas pelos integrantes da comissão.
UFU Ano III – n° 4 EDUCOMUNICA
O Encontro Nacional de Pesqui-
sadores (as) em Educação e Cultu-
ras Populares (ENPECPOP),
realizado no campus Santa Mônica
da Universidade Federal de Uber-
lândia (UFU), teve como tema cen-
tral “Educação e culturas
populares: produção de conheci-
mento e superação das desigualda-
des no Brasil”. O encontro ocorreu
nos dias 16 e 17 de setembro e con-
tou com cerca de 500 participantes
e 10 rodas de conversa.
O evento é uma atividade do
GPECPOP – Grupo de Pesquisa em
Educação e Culturas Populares –
que incentiva a divulgação e debate
das pesquisas realizadas pelo grupo.
Na roda de conversa “Educação e
culturas populares na atualidade”,
os participantes discutiram sobre
educação ambiental popular, as dife-
renças entre educação popular e não
popular; e valores ou crenças agrega-
dos a fatos cotidianos passados pelas
gerações.
Para o policial militar, José Val-
dinei Martins, graduando do curso
de História da UFU e participante
da roda de conversa, a educação am-
biental é importante para o ensino
infantil. “A criança tem o poder de
ensinar os adultos e cobrá-los acerca
da educação ambiental. Um adulto
não iria querer desobedecer ao ensi-
namento de um filho”.
A docente no curso de graduação
de matemática da UFU e coordena-
dora da roda de conversa “Educação
e culturas populares na atualidade”,
Cristiane Coppe, explica que o even-
to é uma ação para fortalecer o estu-
do das culturas populares. “Essa
questão é bastante trabalhada nas
comunidades marginalizadas e deve-
ria ser mais trabalhada nas universi-
dades”, analisa.
As relações de gênero, de etnias e
de classes sociais nos processos edu-
cacionais foram temas discutidos da
roda de conversa “Educação popu-
lar: Etnociências”. A palestrante
convidada para esta roda foi a pro-
fessora doutora Gelsa Knijnik, da
Universidade do Vale do Rio dos Si-
nos (UNISINOS). Gelsa Knijnik ex-
plica que estudos realizados com
moradores de acampamentos sem-
terra, mostram que pessoas de baixa
instrução conseguem realizar opera-
ções de difícil conclusão por meio de
culturas populares.
O coordenador do ENPECPOP,
Benerval Santos, avalia que a impor-
tância do encontro não se resume a
discussão do tema. “A proposta do
ENPECPOP é mobilizar o campo
acadêmico em prol de ações nessa
área”, explica. O encontro contou
com a participação de graduandos,
pós-graduandos, doutores, mestres e
pesquisadores da área de Pedagogia
e Educação. C
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Pesquisadores debatem educação e culturas popularesTema deste ano instiga a produzir conhecimento e superar as desigualdades no Brasil
Caio Nunes – Guilherme Gonçalves – Emílio Lins – Verônica Jellifes
Debate em mesa redonda do ENPECPOP discute educação e culturas populares na atualidade
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EDUCOMUNICA Ano III – n° 4 UFU
O curso de Pedagogia à distância,
oferecido pela Universidade Federal de
Uberlândia (UFU), teve um aumento
de 12% em sua procura no período de
dois anos. Ao todo são 567 alunos ma-
triculados atualmente, divididos em
duas turmas, em comparação aos 267
da primeira turma de 2009. O perfil
dos graduandos que buscam a Educa-
ção à Distância (EaD) é obter um título
de graduação e compensar a indisponi-
bilidade para cumprir a carga horária
exigida nos cursos presenciais. Alunos
e professores entrevistados analisam
que essa modalidade de ensino exige
maturidade e disciplina nos estudos
por não contar com a presença do pro-
fessor.
A proposta da graduação é inte-
grar os profissionais da área de educa-
ção sem acesso ao ensino superior.
Com o apoio da Universidade Aberta
do Brasil (UAB), o curso se divide en-
tre encontros presenciais esporádicos e
atividades à distância, realizadas por
meio de computador, internet e apos-
tilas para estudo por conta do próprio
aluno.
Os cursos de EaD podem ser en-
contrados tanto em faculdades públi-
cas quanto em particulares. “A
faculdade privada precisa trabalhar
com a figura do tutor, mas tem enfren-
tado questões de ordem trabalhista,
porque o tutor nessa instituição é re-
conhecido como professor”, explica
Eucídio Arruda, coordenador da Pe-
dagogia à distância. “Na UAB é dife-
rente, nós temos a figura do tutor
presencial e tutor à distância. Eles tra-
balham no apoio ao docente, mas não
são docentes da disciplina.”, compara.
Eliamar Godoi, aluna do curso,
afirma que apesar das constantes me-
lhorias, a graduação, nesta modalida-
de, deixa a desejar em alguns quesitos.
“Um curso à distância não consegue
suprir necessidades básicas de infor-
mação, interação e de acompanha-
mento efetivo do desempenho dos
alunos”, diz Eliamar.
Graduada pelo Projeto Veredas,
precursor do ensino de pedagogia à dis-
tância na UFU, Jorcelita Alvim ressal-
ta pontos positivos do seu processo. “O
material didático era ótimo e a dinâmi-
ca do curso com os encontros mensais
era excelente. Nos encontros cada um
levava suas práticas, de sala de aula,
positivas e negativas e compartilhava,
era muito boa essa troca”, pontua.
Eucídio Arruda afirma que depois
de formado, as projeções obtidas no
mercado de trabalho são as mesmas
de um profissional graduado presenci-
almente. “Não pode vir no diploma
que a formação foi à distância”, afir-
ma o coordenador. Ele diz que esta
nova modalidade veio para ficar e em
alguns anos o termo EaD não existirá
mais. “Futuramente acredito que te-
nhamos modelos semelhantes às uni-
versidades europeias em que metade
das aulas ocorra presencialmente e
metade à distância, e não se fale mais
em distinções entre modalidades”,
completa. C
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Pedagogia à distância surge como tendência de ensinoEncontros presenciais promovem troca de experiências entre alunos
Aline Pires – Ana Luiza Honma – Isabel Gonçalves – Taís Bittencourt
Eucídio Arruda, coordenador do curso: 567 alunos matriculados em duas turmas
Ali
ne P
ires
UFU Ano III – n° 4 EDUCOMUNICA
O curso de bacharelado em Co-municação Social discute a necessi-dade de implantação do ensino da Língua Brasileira de Sinais (LI-BRAS) na estrutura curricular do curso. A disciplina, atualmente op-tativa, possibilita uma comunica-ção especial para os futuros jorna-listas. A Faculdade de Educação (FACED) da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) promoveu um planejamento para integralizar a matéria, até 2015, nos currículos da licenciatura.
A coordenadora do curso de Jor-nalismo, Adriana Omena dos San-tos, embora sem posicionamento do colegiado em relação à obrigatorie-dade da disciplina no curso, ressalta a importância de um jornalista con-seguir conversar com o surdo. “Se você for realmente seguir carreira de repórter, se o seu contato for direto com o entrevistado, saber LIBRAS é imprescindível. Você precisa saber conversar a língua que os surdos usam”, reforça.
O estudante de Comunicação Social Guilherme Gonçalves, ao analisar a obrigatoriedade no curso de Jornalismo, considera a Língua Brasileira de Sinais como mais uma forma de comunicação que pode se tornar um diferencial na profissão. “Como jornalista é preciso se comu-
nicar com todas as pessoas”.
A Profª Mara Rúbia Alves Mar-ques, diretora da FACED, afirma que o projeto prioriza os cursos de Pedagogia e Letras. A oferta de 15 turmas em diferentes horários su-perou as 12 que estavam previstas para 2011. A Língua Brasi-leira de Sinais é lecionada nas graduações pre-senciais, virtuais e de Educação Es-pecial da universidade.
A preocupação do Governo Fe-deral quanto à obrigatoriedade do ensino nos cursos de licenciatura consiste no vínculo destes com a formação de professores. Os docen-
tes entrarão em contato direto com a Educação Básica que recebe estu-dantes carentes dessa comunicação especial.
A FACED oferece curso de LI-BRAS desde 2009. A disciplina tor-nou-se obrigatória nos cursos de li-
cenciatura em 2006 e a faculda-de iniciou inves-timentos para possibilitar sua
implantação. O corpo docente da disciplina totaliza, após dois anos de atuação, o número de seis profes-sores exclusivos, senso quatro destes surdos. O curso, em 2009, contava com apenas uma professora surda,
sem intérprete. C
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Jornalismo discute obrigatoriedade de LIBRASCoordenação do curso destaca importância da especialidade no exercício profissional
Isadora Menezes – Juliana Gaspar – Marília Coelho – Thiago Lima
Professora Eliamar Godoi leciona em uma das 15 turmas em andamento
Thi
ago
Lim
a
“Como jornalista é preciso se comunicar com todas as
pessoas”. - Guilherme Gonçalves
EDUCOMUNICA Ano III– n° 4 UFU
“Jornalistas são muito importantes para escrever o que é verdade e o que é mentira, mas parece que a situação não é perfeita, por isso eu queria ver a condição dos jornalistas de outros países”. A frase é de Ryoto Nakakura, 23 anos, natural de Tokyo no Japão. Em Uberlândia des-de 9 de agosto passado, Nakakura cursa Teorias da Comunicação I, Leitura e Produção de Texto II, Ciência Política e Comunicação e Antropologia Cultural no curso de Jornalismo da UFU. O obje-tivo é aperfeiçoar a língua portuguesa e agregar conhecimentos culturais sobre o país. Graduando do curso de Cultura e Línguas no Japão, Nakakura veio ao Bra-sil e ficará por seis meses.
EDUCOMUNICA: Por que você es-colheu jornalismo?
Ryoto Nakakura: Porque é muito inte-ressante. No Japão meus professores da es-cola me falaram que o jornalismo é recente e os jornalistas não são tão bons. Quando o terremoto aconteceu (março de 2011), o go-verno disse muitas coisas, mas pensamos que algumas partes são mentira, por exem-plo, sobre a radioatividade. Jornalistas são
muito importantes para escrever o que é ver-dade e o que é mentira, mas parece que a si-tuação não é perfeita, por isso eu queria ver a condição dos jornalistas de outros países.
EDUC.: Quais as semelhanças e di-ferenças entre os jornalistas do Brasil e do Japão?
R.N.: Para mim jornalistas do Brasil fa-lam mais diretamente o que querem falar, enquanto no Japão algumas vezes os jorna-listas escrevem pensando que terão proble-mas. Não só os jornalistas, mas no Japão não falamos diretamente.
EDUC.: Como a cultura japonesa in-fluencia na mídia?
R.N.: No Japão, quando políticos falam oficialmente, a mídia japonesa precisa de um cartão para estar lá e perguntar. Por isso, jor-nalistas que escrevem mal sobre políticos não podem entrar da próxima vez. A situa-ção da mídia para mim é muito ruim e nem sempre fala só a verdade.
EDUC.: Qual a diferença de ensino entre o curso de cultura e línguas do Japão e o curso de Jornalismo aqui na UFU?
R.N.: Agora, no Brasil, estou apren-dendo outras maneiras de olhar o Jornalis-mo. Por exemplo, no Japão só o professor fala e os alunos escutam e escrevem. Aqui temos muitos debates durante a aula, fala-mos o que pensamos. No Japão os profes-sores dizem que podemos perguntar durante a aula, mas minha cultura não é como aqui: por isso ninguém fala durante a aula. Acredito que para ser bom jornalista é muito importante perguntar quando outra pessoa esta falando, é muito importante fa-lar o que você pensa.
EDUC.: Como as pessoas do Japão vêem o curso de Jornalismo?
R.N.: Na minha universidade no Japão chamada Sophia, existem muitos professores famosos e também pessoas que estudam jor-nalismo muito inteligentes. Mas algumas pessoas pensam que a mídia no Japão não é muito boa. Por isso não entendem porque eles querem ser jornalistas, não entendem porque eles trabalham para a mídia.
EDUC.: O que você observa no Brasil que já tinha aprendido no seu curso de Cultura e Línguas no Japão?
R.N.: Quando estava no Japão estudava alguns casos do Brasil, por exemplo, as fave-las. Pensava que só negros moravam lá, mas uma amiga me falou que também moram ja-poneses, brancos. Quando estudava no Ja-pão usávamos estereótipos, só uma parte de um todo. Também estudei sobre a segurança no Brasil, e muitas pessoas diziam que aqui é muito perigoso, que existem muitos casos sobre roubos, mortes, mas parece que não é como eu imaginava. Por exemplo, eu não trouxe minha câmera porque algumas pesso-as me falaram que é perigoso usar câmera na rua, especialmente turistas. Mas eu não pa-reço turista na rua, porque aqui tem muitos japoneses. Então o que eu estudava é um pouco diferente do mundo real.
EDUC.: No Brasil, a internet está se tornando importante fonte de informa-ção. E no Japão?
R.N.: Muitas pessoas assistiam televisão e liam revistas para saber informações, mas recentemente não, porque podemos ver na internet. Também no Japão muitas pessoas pensam que a televisão, muitas vezes, não fala só verdade. O problema é quando algu-ma pessoa mente e outras acreditam. Para mim parece um pouco perigoso porque você nunca sabe quem fala a informação. Mas o ponto positivo é que na internet podemos fa-lar com outras pessoas para ganhar muitos tipos de informações, você também pode fa-lar o que você sabe.
EDUC.: Você pensa em atuar na área jornalística? Por quê?
R.N.: Até agora é muito interessante, mas tenho medo de ser jornalista, porque eles sempre estão em situações perigosas. Por exemplo, se você precisar escrever algu-ma coisa sobre políticos ou sobre máfias. Eu gosto de ler artigos de jornalistas, sempre quero saber a verdade e também quero mu-dar a situação do Japão, mas eu não queria
ser jornalista. C
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‘No Japão, só o professor fala e os alunos escrevem’O intercambista revela diferenças entre a cultura, mídia e educação no Brasil e Japão
Ana Gabriela Faria – Michelle Júnia Soares - Priscila Mendonça – Rassendil Barbosa
Ryoto: intercâmbio para agregar conhecimentos culturais
Ana
Gab
riel
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aria