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MARCOS JOSt MACHADO
Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de
Oxidases em Neurospora crassa
Tese apresentada 'ao Departamento de Bioquímica da Universidade f,ederal do Paraná, para obtenção do título de Mestre em Bioquímica.
CURITIBA 1989
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Tese orientada pela
Dra. GLACI THEREZINHA ZANCAN
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"Tudo é possível àquele que crê!"
(Me 9,23b).
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A Deus por ter criado o céu e a
terra, o animal e o vegetal, a
bactéria e o fungo.
À Dra. Glaci Zancan, por ter mos
trado que era possivel, pela de
dicação a ciência, pela nobreza
de caráter, pelos exemplos de vida.
À Márcia Helena Mendonça, por sua
mágica em me fazer sorrir e crer.
Aos meus pais, Estelita e Milton,
pêla alegria de ser vosso filho.
Com amor esta tese vos pertence.
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AGRADECIMENTOS
À Dra. Glaci Therezinha Zancan, pela orientação desta tese.
Ao Dr. Shigehiro Funayama, pela leitura critica desta tese,
pelas sugestões apresentadas, pelo empréstimo de equipamentos, e
por sua humildade, um exemplo de vida.
À Dra. Liu Un Rigo, pelas informações e sugestões recebidas
pelo empréstimo de equipamentos, e por sua amizade durante o curso.
Ao Dr. Fábio o. Pedrosa, pelas sugestões recebidas, pelo e~
préstimo de equipamentos e reativos, e por seu criticismo, um exem
plo profissional.
À Dra. Déa Amaral do Amaral, pelas sugestões e contribuições
no desenvolvimento da tese, pelo empréstimo de reativos e equipamen
tos, e por sua candura durante a realização dos experimentos.
Ao Dr. Annibal de Paiva Campello e Dr. Marcello Iacomini,c~
ordenadores do curso de pós-graduação em Bioquímica durante a reali
zação do curso, pelo apoio e atenção dispensados.
Ao Dr. José Domingos Fontana, chefe do departamento de Bio
química, por sua solidariedade, e por sua perseverança, um exemplo
profissional.
Aos demais professores do departamento de Bioquímica que
transmitiram a mágica do conhecimento.
À Doroty Kubicki, Mestre em Bioquimica, funcionária do de-
,partamento de Bioquimica, por suas valiosas contribuições,
fisiologia dos microrganismos e por sua amizade.
sobre
Ao amigo Geraldo Picheth, mestrando em Bioquimica, por seu
companherismo, e por suas sugestões durante a realização do curso.
À Márcia e à Iara, colegas de laboratório e curso, pela ami
zade e auxílios nos experimentos; ao Hidevaldo, Emanuel, Jaísa, Cida,
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Eneida, Berenice, Alice, lIma, Marcelo, Elisa, Nina, Maria Célia,
Aneli, Nancy, lvone, Angelita, Sérgio, Roberto,Geny, Maria Helena,
Renato, Nilce, e demais colegas de curso pelo companherismo.
À sra. Julieta Pie, e à sra. Marilza D. Lamour, e demais
funcionários do departamento e curso de pós-graduação em Bioquím!
ca, pela solidariedade e ajuda demonstradas.
À d. Zulmira e à d. Margar~da, por manterem a vidraria limpa.
Ao Dalton, pela confecção dos gráficos.
Aos Farmacêuticos-bioquímicos, proprietários do"Paranálize",
Laboratório de análises, Jussara, Luiz Ernani e Luiz Emiliano, pe
la valiosa ajuda na época de inscrição no curso,eipela·á.mizade.
À Bernadete Zucco, mestranda em Lingüística, por sua atenção
na correção da língua portugesa desta tese, e por uma longa amizade
de coração.
Aos diretores da "Parsec- materiais de laboratório", Albino,
Mauro e Rubens, pelo apoio na época de inscrição no curso.
As minhas irmãs, Clarice, datilógrafa desta tese, e Clarete,
pelas muitas alegrias e apoio durante a realização do curso.
À minha avó Sebastiana, e ao Marcelo, Toni,Cida, Rubens, Cla
rice, Marcial, Gina, Júnior e Liz, meus irmãos, cunhadas e sobrinhos
pelo estímulo e apoio durante o curso.
Aos meus grandes amigos, Luiz, Rosinete, Maike, Dimas, Karin e
Mi~da, por estarem sempre no meu caminho, sorrindo.
À minha primeira professora, Srta. Elza Lira, por me ensinar
o "abc" e amar os livros.
À Universidade Federal do Paraná.
Ao CNPq. pelo suporte financeiro durante o período de curso.
À Deus por sua sempre presença no meu caminho.
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1.
1.1.
1. 2.
2.
2.1.
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2.3.
2.3.1.
2.3.2.
2.4.
2.4.1.
2.4.2.
2.4.3.
2.4.4.
2.4.5.
2.4.6.
2.4.6.1.
2.4.6.2.
SUMÁRIO
SUMÁRIO. ......................................... LISTA DE TABELAS. · .............................. . LISTA DE FIGURAS. • •••••••••••••••••••••••••••••• ao
RESUMO .••••••.•.. · .............................. .
INTRODUÇÃO. . . . . . . . . . . . ........................... OBJETIVOS DO TRABALHO • . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO DAS ENZIMAS DO METABOLISMO
NITROGENADO EM Neurospora crassa •
MATERIAIS E MÉTODOS ••••••••
. . . . . . . . . . . . . . . .
REAGENTES ••••• . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . MICRORGANISMO.
MEIO DE CULTIVO.
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
página
vii
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Meio N de Vogel. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • r
11
11
12
Meio de indução ................................. .
CONDIÇÕES DE MANUTENÇÃO E CULTIVO DE Neurospora
crassa .................. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . Conservação das amostras •••••••••••••••••••••••••
Obtenção de conidios ••••••••••••••.••••••••••••••
Contagem de conídios ••••••••••••••••• . . . . . . . . . . . . Condições de germinaçao dos conídios .••••••••••••
Obtenção da suspensão de células •••••.••.•••••••
Indução de enzimas em células não proliferantes.
Meio mínimo livre de
Meio mínimo contendo
íons
íons
amônio •.
amônio.
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15
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2.4.7.
2.5.
2.6.
2.6.1.
2.6.2.
2.6.3.
2.7.
2.8.
2.9.
2.10.
2.11.
2.12.
2.13.
2.14.
2.15.
2.16.
2.17.
3.
3.1.
3.1.1.
3.1.2.
3.1.3.
pãgina
Ajuste da tensão de oxigênio na fase gasosa .••••••
DETERMINAÇAO DA VARIAÇÃO DA MASSA MICELIAL ••••••••
PREPARO DO EXTRATO LIVRE DE CtLULAS .••.••...•••.• ~
Para a enzima L-aminoácido oxidase .••.••.•.••.•..•
Para a enzima urato-oxidase .•.•••••••.••..••••••••
Para a determinação dos níveis internos de amônio
16
16
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17
17
e aml.nas •••••••••.•••••••••.•••••••• ·••.••••••••••• 18
DETERMINAÇÃO DA L-AMINOÁCIDO OXIDASE •....•.•.....•
'DETERMINAÇÃO DA URATO-OXIDASE .•..•.•..............
DETERMINAÇÃO DE PROTEíNAS •••..•..•..•............•
DETERMINAÇÃO DE SACAROSE NO MEIO DE CULTIVO •..•..•
DETERMINAÇÃO DE
DETERMINAÇÃO DE
DETERMINAÇÃO DE
AMINAS ••••••••••••••••.••••••••••• ,.
AMONIO •••••••••••••••••••••••• ' •••• , , ACrDO URICO •••••••••••••••••••••••
DETERMINAÇÃO DE PEROXIDASE NOS EXTRATOS LIVRE DE ,
18
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20
20
21
CELULAS. • . • . . • • . . . • . . . • • . • • . . • . . • • • • . • . • . . • • • . • • . • 21
DETERMINAÇÃO DO pH NO MEIO DE CULTIVO ...••...•.••.
DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO •.•.••••
NÚMERO DE EXPERIMENTOS REALIZADOS •••.•.••••..•.•..
RESULTADOS •••• ' • •••••••••••• ' ••• ' ••••••••••••••••••••
ESTUDOS COM A LINHAGEM SELVAGEM .•••••.••••••.••...
Cin~tica de induçao ••.••• ~ ..•...••• ~ ••.•.•••• ~ •.• ~
Efeito da tensio de oxig~nio na expressio das enz!
21
22
22
23
23
23
mas ••••••••••••••.•••••••••••• '. • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 24
Induçio em presença de lons amônio .••....•.••••••. 25
3.1.3.1. Efeito da concentração de arnônio.................. 25
3.1.3.2. Cinética de indução em presença de íons amônio.... 26
3.2. ESTUDOS COM A LINHAGEM MUTANTE ntt-2 .•...•......•. 27
vi-ii
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página
3.3. ESTUDOS COM A LINHAGEM MUTANTE nit-4 •.•••••••••••. 28
3.4. ESTUDOS COM AS LINHAGENS MUTANTES gln-lb, nmr-l(
alelos V2M304 e MS5) e en(arn) 1. ••••••••••••••••••• 29
4.
5.
6.
DISCUSS~O •••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
-CONCLUSOES ••••••••••••••• ' ••••••••••••••••••••••••.
REFERENCIAS BIBLIOGRÃFICAS •.•••.••. ~~ ••.• ~ •• ~ •.••.
ix
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I
LISTA DE TABELAS
EFEITO DO OXIGENIO SOBRE OS NÍVEIS DE ATIVIDADE
DA L-AMINOACIDO OXIDASE EM CONDIÇÕES DE REPRES-
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SÃO EM LINHAGENS DE Neurospora crassa.......... 32
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1.
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10.
LISTA DE FIGURAS
página
Regulação da expressão dos genes responsáveis pela
síntese das enzimas do metabolismo nitrogenado em
Neurospora crassa................................. 10
Cinética de indução da L-aminoácido oxidase em di
ferentes tensões de oxigênio - Linhagem selvagem.. 33
Cinética de indução da urato-oxidase em diferentes
tensões de oxigênio - Linhagem selvagem........... 34
Efeito da tensão de oxigênio sobre os níveis de
atividade da L-aminoácido oxidase em condições de
indução - Linhagem seI vagem. • . . • . . • . • • . • • • . • . • . . • • 35
Efeito da concentração de íons amônio sobre os ní-
veis de atividade da L-aminoácido oxidase em dife
rentes tensões de oxigênio- Linhagem selvagem..... 36
Efeito da concentração de íons amônio sobre os ní-
veis de atividade da urato-oxidase em diferentes
tensões de oxigênio - Linhagem selvagem........... 37
Cinética de indução da L-aminoácido oxidase em di
ferentes tensões de oxigênio em condições de repr~s
slo- Linhagem selvagem............................ 38
Cinética de indução da urato-oxidase em diferentes
tensões de oxigênio em condições de repressão
Linhagem selvagem................................. 39
Cinética de indução da L-aminoácido oxidase em di
ferentes tensões de oxigênio - Mutante nit-2...... 40 ! .
Cinética de indução da urato-oxidase em diferentes
tensões de oxigênio - Mutante nit-2.............. 41
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página
11. Cinética de indução da L-aminoácido oxidase a 0,2
e 0,8 atm. de oxig@nio - Mutante nit-4........... 42
12. Efeito da tensão de oxig@nio sobre os niveis de
atividade da L-aminoácido oxidase em condições de
indução - Mutante nit-4.......................... 43
13. Cinética de indução da urato-oxidase a 0,2 e 0,8
atm. de oxig@nio - Mutante nit-4 ••..•..•.•..•....
14. Cinética de indução da L-aminoácido oxidase a 0,2
e 0,8 atm. de oxig@nio em condições de repressão
44
- Mutante ni t-4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ~·5
15. Cinética de indução da urato-oxidase a 0,2 e 0,8
atm. de oxig@nio em condições de repressão - Mu-
tante ni t-4. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 46
16. Cinética de indução da L-aminoácido oxidase a 0,2
e 0,8 atm. de oxig@nio - Mutante gln-1b ••••..•.•
17. Cinética de indução da L-aminoácido oxidase a 0,2
e 0,8 atm. de oxig@nio - Mutante nmr-1 (. .alelo
47
V2M304) ••••••••• ..•••••••••• " •••••••••••••• 0. • • • • • • • 48
18. Cinética de indução da L-aminoácido oxidase a 0,2
e 0,8 atm. de oxig@nio - Mutante nmr-1(alelo MS5).
19. Efeito da tensão de oxig@nio sobre os niveis de
atividade da L-aminoácido oxidase em condições de
49
indução - mutante nmr-1 (alelo MS5).............. 50
20. Cinética de indução da L-aminoácido oxidase a 0,2
e 0,8 atm. de oxig@nio - Mutante en(am) 1. .•..••. 51
xii
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RESUMO
Usando células não proliferantes de Neurospora crassa, li
nhagem selvagem, demonstrou-se que os níveis de atividade da L-ami
noácido oxidase e da urato-oxidase eram~duas vezes maiores a 0,8
atm do que a 0,2 atm de oXigênio, em condições de indução. ° efei-
to repressor dos íons amônio foi menor a 0,8 atm de oxigênio
do que a 0,2 atm, quando se mediu os níveis de atividade da L-ami~
noácido oxidase e da urato-oxidase.
° efeito do oxigênio, também foi observado sobre os níveis
de atividade da L-aminoácido oxidase nas linhagens mutantes-: nit-4,
gln-lb e nmr-l(alelos V2M304 e MS5)~ de Neurospora crassa, em con-.
dições de indução e de repressão. Em ambas as condições verificou
se o efeito do oxig~nio sobre os níveis de atividade da urato-oxi
dase em linhagem mutante nit-4.
A ·linhagem mutante en(am)l não apresentou efeito do oxigê
nio sobre os níveis de atividade da L-aminoácido oxidase em condi
ções de indução e de repressãõ.
A linhagem mutante nit-2 apresentou o efeito do oxigênio
apesar dos baixos níveis de atividade enzimática observados em
condições de indução.
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1. INTRODUÇÃO
Em decorrência das múltiplas variações ocorridas no meio
ambiente, os vários seres vivos necessitam de versatilidade adap
tativa para poderem sobreviver. É através da existência de um di
versificado sistema metabólico que os seres vivos conseguem supor
tar a adaptação exigida pelo meio.
Os microrganismos durante o processo evolutivo aumentaram
suas possibilidades de sobrevida incrementando seus sistemas fi
siológicos diante das condições nutricionais oferecidas por seus
vários "habitats". Os nutrientes essenciais para a vida, carbono,
nitrogênio, fósforo, enxofre e oxigênio, forçaram o processo ada,E
tativo (63).
Os microrganismos apresentam diferentes graus de reação
ao oxigênio molecular. Os aeróbios estritos mostram uma depend@n
cia absoluta dele, enquanto que os anaeróbios estritos não o po
dem tolerar. Determinados anaeróbios estritos podem, no entanto,
suportar pequenas concentrações, enquanto que o crescimento dos
aeróbios estritos e o das bactérias facultativas é inibido pelo
excesso de oxigênio. A variação na concentração de oxigênio leva
a mudanças fisiológicas dos organismos possibilitando sua adapta
ção (63).
A concentração de oxigênio no ar atmosférico é de 21 % (
v/v), enquanto sua solubilidade em âgua, dependente de temperatu-
ra, é extremamente baixa, 230 I-LM a 27!3C (33)-. Assim, culturas
dos vários microrganismos podem sofrer constantes variações nas
concentrações deste el~mento durante o crescimento, acarretando i
mudanças no metabolismo das células (63).
O consumo de oxigênio pode ser restringido em baixas con-
centrações, por sua difusão at~avés do material celular, do mesmo
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02
modo, em altas concentrações, pelos sistemas transportadores de e
létrons que limitam sua utilização (36).
Linnane, Vitols e Nowland (38) submeteram o fungo Torulo
psis utilis a crescimento anaeróbico e observaram ausência de mi
tocôndrias e citocromos, demonstrando a necessidade de oxigênio
para a formação destas estruturas. Jã, Pbl~skis, Bartley e Meek
(48) demonstraram que conforme as condições de crescimento, Sac -
charomyces cerevisiae apresenta sistemas enzimãticos e desenvolvi
mento de organelas específicas. Quando Saccharomyces cerevisiae é
crescida em meio com galactose como única fonte de carbbno, em a
naerobiose, não ocorre a síntese de enzimas repiratórias. Mínimas
contaminações por oxigênio induzem a biossíntese destas enzimas ,
sugerindo uma alta sensibilidade desta levedura à indução de sis
temas respiratórios pelo oxigênio (56).
Em E.coli, organismo aeróbio facultativo, adaptações ocoE
rem conforme as condições nutricionais. Há tendência em terem pa
drões metabólicos característicos de anaeróbios estritos ou de ae
róbios esttitos, conforme a disponibilidade de oxigênio (64).
A biossintese das enzimas do ciclo de Krebs em E.coli é
também influenciada tanto pela concentração de oxigênio como pelo
balanço metabólico, resultante de seu estado nutricional, além da
repressão catabólica por glucose~ Estes fatos indicam cont~ole
por vãrios mecanismos distintos, mas interrelacionados para as en
zimas de um sistema anfibólico (65).
Oxigênio em excesso pode ser tóxico aos organismos (19) .
Wimpenny (63) define como excesso de oxigênio, a concentração do
elemento superior àquela que permita a velocidade máxima de cres
cimento. O efeito inibitório do excesso de oxigênio varia confor
me o tipo.'de organismos e de seu estãgio de desenvolvimento(29,34).
Sordaria fimicola e Aspergillus niger têm seu crescimento
suprimido quando submetidos a pressões de 10 atm de oxigênio
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03
Este efeito é reversível mesmo após 14 dias sobre esta pressão
Quando estes mesmos organismos, são expostos a uma pressão de 10,
5 atm com apenas 2 % de oxig~nio, por 120 horas, não há inibição.
do crescimento, portanto acredita-se ser a concentração excessiva
de oxigênio a causa da inibição e não a pressão do ar (05).
Certas bactérias graro negativas, patogênicas, apresenta -
raro também reversibilidade no crescimento após: terem sido subr.1eti
das a altas pressões de oxigênio (26).
De acordo com Fridovich (19), a toxicidade do oxigênio é
devido aos intermediários da redução do oxigênio, tais como, íon
superóxido, radical hidroxil e ao peróxidO de hidrogênio. As enzi
mas superóxido dismutase, catalase e peroxidase aparentemente com
põem um elaborado sistema de defesa contra esses metabólitos.
Em conformidade com o grau de tolerância do microrganismo
ao oxigênio, a superóxido dismutase, catalase e peroxidase podem
apresentar maior ou menor atividade, ou mesmo estar presentes ou
ausentes. 'Assim, Streptococcus sanguis quando crescido aerobica -
mente produz de cinqüenta a cem vezes mais superóxido
do que quando em anaerobiose (19).
di smu;tase
O crescimento de fungos aquáticos, anaeróbios facultativos
e anaeróbios aerotolerantes é inibido por oxigênio hiperbárico
sendo as atividades de superóxido dismutase, cata1ase e peroxida
se mais baixas do que as observadas com as espééies fortemente 0-
xidativas (44).
Anaeróbios estritos morrem muito mais rapidamente que ae
róbios estritos, possivelmente devido à ausência de enzimas como
superóxido dismutase, peroxidase e catalase. A patogenia dos mi
crorganismos poderia ter relação direta com a capacidade de pro
duzirem e/ ou sec~etarem tais enzimas (03).
Bactérias 'que vivem em águas do lago Hoare da ~:A~tãrtida
com altas concentrações de ox~gênio dissolvido, possuem diversos
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04
mecanismos de adaptação que lhes permitem sobreviver nestas águas.
Dentre os grupos isolados, quatro apresentavam atividade de supe
róxido dismutase elevada quando cultivadas em meio com altas con
centrações de oxigênio dissolvido (42).
A produção de pigmentos fotos sintéticos é inibida pelo o
xigênio em culturas de Chromatium um anaeróbio estrito, fototrófi
co (34), e o mesmo ocorrendo para Rhodobacter capsulatus (67). De
acordo com Wimpenny (63), a supressão da produção destes cromató
foros bacterianos estaria relacionada com o potencial redox inte~
no da célula. Elevando o potencial redox interno, o oxigênio pro
vocaria uma diminuição nos níveis dos pigmentos anaerobicamente
induzíveis. No entanto, Zhu et al . (67) observaram que em R.cap
sulatus a inibição da biossintese das estruturas fotosslntéticas
ocorreria a nível de transcrição de mRNAs, estando estes 'níveis
sujeitos a controle por oxigênio.
Goldberg e Hanau (25) mostraram que a expressão de histi
das e em Klebsiella pneumoniae é dependente de oxigênio, mesmo em
condições de desrepressão por limitação de nitrogênio (amanio) e
sugerem que o mecanismo pelo qual o oxigênio altera a expressão
de genes relacionados com o metabolismo nitrogenado seja
específico.
operon
O oxigênio induz urna maior formação de sistema lignolít~
de Phanerochaeta chrysosporium. Quando culturas deste fungo - são
expostas a altas tensões de oxigênio, um aumento na velocidade de
degradação de lignina é observado (02).
Em E.coli o oxigênio bloqueia a síntese de nitrato redut~e
a nível de transcrição e em algum passo final da formação da enzi
ma (37). O produto do gene fnr tem um papel regulatório positivo
sobre a expressão desta enzima, e o oxigênio diminui a quantidade
do produto deste gene (55, 35).
Yamamoto e Droffner (66) estudaram em diferentes linhagens
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05
de Salmonella typhimurium (linhagem selvagem, mutante aeróbio es
trito e mutante anaeróbio estrito) o efeito do oxigênio sobre os
n1veis de DNA-girase, topoisomerase I, catalase e de superóxido
dismutase. Os nlveis de DNA-girase eram muito baixos quando a li
nhagem selvagem era submetida a aerobiose, ou quando esta ativida
de era dosada em mutantes aeróbios estritos. Quando a linhagem sel
vagem era submetida a crescimento anaeróbico, a atividade de top~
isomerase I não era encontrada e a atividade de DNA-girase era
normal. Observações idênticas foram obtidas para as mutantes anae
róbicas estritas. Os autores sugerem que as atividades das enzimas
topoisomerase I e DNA-girase são necessárias para a expressão de
genes responsáveis pela adapatação ao crescimento em anaerobiose
e aerobiose.
Oxigênio e amônia regulam a síntese do complexo nitrogen~
se em bactérias fixadoras de nitrogênio, aeróbicas e anaeróbicas
facultativas. Na bactéria anaeróbica facultativa Klebsiella pneu-
moniae os genes envolvidos na regulação da síntese do complexo
são os genes nifL e nifA. Enquanto o produto do gene nifA ativa a
transcrição de todos os outros genes nif, o produto do nifL blo
queia a ação do produto do nifA na presença de oxigênio ou amônia
(06). De acordo com Hill et al~(31), os genes estruturais da ni
trogenase(operom nifHDK) são mais sensíveis a repressão por oxigê
nio do que os genes nifA e nifL.
Verificou-se que nas bactérias anaeróbicas, Streptococcus
mutans e S.sanguis, o oxigênio aumentava a produção de ácido acé
tico e fórmico, possivelvmente por afetar a síntese de enzimas
como piruvato oxidase, NADH-oxidase e NADH-peroxidase (04).
Pseudomonas aeruginosa, uma bactéria desnitrificante, tem
seu consumo de 'nitrato prejudicado por oxigênio. O efeito inibit~
rio na respiração de nitrato por oxigênio é imediato e reversível.
Desde que a respiração aeróbica do ponto de vista energético
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06
é mais rendosa do que a anaer6bica, um mecanismo de controle no
consumo de nitrato, conforme as tensões de oxigênio,
vantagens econ8micas para a bactéria (30).
representa
Em Aspergillus nidulans a síntese da timina-7-hidroxilase
é reprimida por nitrogênio e oxigênio. A síntese desta enzima é
controlada pelo gene areA, que é similar ao gene nit-2 de N.cras
sa (11, 61). Acreditando-se assim, que a expressão do gene areA
possa mediar também a repressão por oxigênio (53, 54). Em Neuros
pora crassa a síntese de timina-7-hidroxilase também sofre repre~
são por amônio (27).
Os níveis de galactose-oxidase intra e extracelular de D.
dendroides sofreram aumentos significativos quando o fungo foi
submetido a tensões variáveis de oxigênio (zero a 100 %). Os 11111-
veis de catalase e superóxido dismutase .. também sofreram um incre
mento positivo nestas condições (45).
Em Mycobacterium phlei o oxigênio induz a sIntese de enzi
mas respiratórias, observando-se atividades 2 a 20 vezes maiores
do que as observadas em anaerobiose (24).
Dactylium dendroides crescido em meio contendo n-butilami . ~ ( na como unica fonte de carbono e nitrogenio apresentou n1veis de
amino oxidase 186 vezes maior': do que quando o fungo foi crescido
em meio. contendo Ions amônio como fonte de nitrogênio. O aumento
da concentração de oxigênio na fase gasosa aumentou a sIntese de
amino-oxidase somente com a presença do indutor, n-butilamina. O
efeito era também observado na presença de repressor portanto, a
síritese . de amino oxidase é regulada por repressão 1 por,metabóli
tos do nitrogênio e por um sistema específico de indução. O efei
to do oxigênio sobre a síntese de;amino oxidase não foi observauo I
em presença de inibidor de síritese pro~éíca, indicando que o oxi-
gênio estaria afetando a síntese ~lde,.lriovo" da enzima (07).
Os níveis de mRNA do g&ne pet494, gene regulatório da ex-
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... pressao da enzima citocromo"c"oxidase de Saccharomyces cerevisiae
hão sofrem variação com aumentos na tensão de oxigênio. Já os ní
veis de atividade desta enzima são cinco vezes maiores em aerobio
se do que em anaerobiose, isto sugere 'que a regulação por oxig@
nio ocorra a nível de tradução do produto deste gene (40).
07
Portanto, em microrganismos, o oxigêniO parece estar afe
tando a síntese de enzimas do metabolismo de maneira distinta. No
caso de Aspergillus nidulans, o oxig@nio reprime a síntese da di~
oxigenase timina-7-hidroxilase (54), enquanto que, em Saccharomy
ces cerevisiae (40), e Dactylium dendroides (07) provoca a indução
de oxidases. A repressão em A.nidulans (53) parece estar associada
ao gene regulador areA; já, em S.cerevisiae a indução está asso
ciada com a tradução do gene pet494 (40), também regulador, e em
D.déndrbides (07), a indução da amino oxidase parece ter relação
tanto com a transcrição, quanto com a tradução de genes específi
cos ou regulatórios.
1.1 OBJETIVOS DO TRABALHO
As evid@ncias sugerem um papel do oxig@nio na indução da
síntese de enzimas pelos vários microrganismos. Esta biossíntese.
pode estar relacionada ou não com a proteção do microrganismo
frenbe a toxicidade do oxigênio, ou com uma maneira de melhor a~
proveitar certos nutrientes.
Com a intenção de elucidar o papel do oxigênio na síntese
de enzimas do metabolismo nitrogenado, propõe-se estudar o efe!
to de diferentes tensões de oxigênio sobre a expressão das enzi~ }
mas oxidativas reguladas por nitrogênio, a L-aminoácido oxidase
e a urato-oxidase, sob condições de indução (aminoácidos ou ácido
úrico) e repressão por nitrogênio (íons amônio) no fungo Neurospo-
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08
ra crassa. Com este intuito, além da linhagem selvagem, o estudo
serâ realizado em linhagens mutantes em genes regulat6rios do
circuito do metabolismo do nitrogênio ( nit-2, nit-4, gln-lb, en
(am)1 e nmr-1 (al'elos V2M304 e MS5).
1.2 REGULAÇÃO DA EXPRESSÃO DAS ENZIMAS DO METABOLISMO NITROGENADO
EM Neurospora crassa.
Neurospora crassa apresenta um conjunto de genes regulató
rios para o controle da expressão dos genes estruturais de enzimas
envolvidas no metabolismo do nitrogênio (41). Sob condições de I!
mitação das fontes preferenciais de nitrogênio ( amônio, glutama
to ou glutamina), e em presença de fontes alternativas deste ele
mento ( nitrato, purinas, aminoâcidos e outras) enzimas responsâ
veis pela utilização destas fontes podem ser expressas através da
participação deste controle genético ( 13,14,20,21,22,23,41,43,51,
60).
° gene nit-2 de N.crassa, um gene regulatório, tem papel
central no controle da expressão de enzimas do metabolismo nitro
genado~ Ele codifica uma: pro,tef.narde 21.900 Daltons (20, 28,·57 )
responsâvel pela ativação dos promotores dos genes estruturais de
diversas enzimas do metabolismo nitrogenado, como a L-aminoâcido
oxidase (52, 47), urato oxidase (60), histidase (14), nitrato e
nitrito redutase (14, 47). A glutamina é sugerida como o efetor
chave da repressão por amônio, promovendo a transformação da for
ma ativa da proteína NIT-2 para sua forma inativa, impedindo, a
ativação dos genes estruturais das enzimas alternativas para o u
so do nitrogênio (22, 23, 28, 41,61). o gene gln-l (alelos a ou
b) deste fungo é responsâvel pela ,expressão da enzima glutamina
sintetase. Mutantes neste locus não sofrem repressão por amônio
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09
ou glutamato para as enzimas alternativas do metabolismo nitrogen~
do (17,22).
Al~~ da ~articipaçio do gene nit-2 para a expres~io das
enzimas do metabolismo nitrogenado, outros genes específicos para
a indução por determinados substratos são necessârios. Assim, o g~
ne nit-4 estâ relacionado com a indução das enzimas nitrato e ni
trito redutase pelo nitrato (08,22,41). Mutantes nestes genes são
desprovidas de tais atividades enzimáticas. Chambers e Marzluf(OB)
sugerem a participação de um sinal mais específico na indução da
enzima L-aminoâcido oxidase, possivelmente outro gene. Eles levan
tam a possibilidade do gene en(am)1 de fenótipo complexo fazer pa~
te de um sistema indutor ou mesmo repressor para esta enzima.
Outro gene regulatório é conhecido em N.crassa por partic!
par no controle genético do metabolismo nitrogenado, o gene nmr-l(
alelos V2M304 e MS5). Mutantes neste gene apresentam atividades de
enzimas alternativas para o uso do nitrogênio, em condições de in
dução específica e de repressão por catabólitos de am6nio (14,18,
22,49). Fu e Marzluf (23) indicam que o gene nmr-1 não controla di
retamente a transcrição do gene nit-2, mas codifica uma proteína
regulatória que em presença de glutamina ligar-se-ia a próteína
NIT-2 e assim prOmoveria a repressão das enzimas do metabolismo p~
ra o uso de fontes alternativas de nitrogênio.
A figura 1 apresenta um esquema da participação dos \genes
do circuito regulatório do nitrogênio em Neurospora crassa no con
trole das enzimas a serem estudadas.
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FIGURA 1 - Regulação da expressão dos genes responsáveis pela sín-
tese das enzimas do metabolismo nitrogenado em Neurospo-
ra crassa
GS- enzima glutamina sintetase; gln- glutamina; NIT-2Í- proteína
NIT-2 em sua forma inativa; NIT-2a- proteína NIT-2 em sua forma
ativa; uox- gene estrutural para a enzima urato-oxidase; lao- gene
estrutural para a enzima L-aminoácido oxidase; nit 1,3,6,8,9,-
genes repontáveis pelas enzimas nitrato e nitrito redutase; os de-
mais símbolos correspondem aos genes (letras minúsculas) e seus
pordutos (letras maiúsculas) descritos no texto.
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2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1. REAGENTES
Ácido glutâmico, albumina bovina, catalase de fígado bovi
no duas vezes cristalizada, L-glutamina e L-leucina foram obtidas
da Sigma Chemical Company. Oxigênio e nitrogênio eram provenientes
da White Martins. Ácido úrico foi obtido da Mann Research Laborato
ries. O 2,4 dinitrofluorbenzeno foi gentilmente fornecido pelo
prof. Dr. Hérnan Chaimovich do Pepartamento de Bioquímica da USP.
As demais substâncias utilizadas eram da Merck A.G. Darms
tadt e pró-análise.
2.2. MICRORGANISMO
Neurospora crassa,linhagem selvagem 74-0R-23-lA (FGSC:987
A), linhagem mutante nit-2 (FGSC 2698) e linhagem mutante nit-4 (
FGSC 2993) foram gentilmente cedidas pelo prof. Dr. Héctor Terensi
do Departamento de ~iologia da F.F.C.L.R.P. de Ribeirão Preto, SP.
As linhagens mutantes nmr-l ( alelos V2M304!; e MS5), gln-lb (
FGSC 4536) e en(am)l foram gentilmente cedidas pelo Prof. Dr. GeoE
ge A. Marzluf do flepartamento de IHoquímica da Univ\ersidade ~:Esta
dual de Ohio, E.U.A.
2.3. MEIO DE CULTIVO
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2.3.1. Meio N de Vogel
Para o cultivo do fungo utilizou-se o meio descrito por
Vogel (59) com a seguinte composição:
Citrato trisódico bihidratado 3,00 g.
Fosfato monobásico de potássio 5,00 g.
Nitrato de arnônio 2,00 g
Sulfato de magnésio heptahidratado 0,20 g
Cloreto de cálcio bihidratado 0,10 g
Solução de biotina 0,10 rnl
Solução de oligoelement'os 0,10 rnl.
Água destilada q.s.p. 1000 ml
O meio apresentava pH final de 5,8 e era esterilizado por
autoclavação a uma atmosfera de· pressão por 20 minutos.
sição:
A solução de oligoelementos apresentava a seguinte compo-
Ácido cítrico monohidratado
Sulfato de zinco heptahidratado
Sulfato de ferro amoniacal hexahidratado
Sulfato de cobre pentahidratado
Sulfato de manganês monohidratado
Ácido bórico
Molibdato de s6dio trihidratado
Água destilada q.s.p.
5,00 g
5,00 g.
1,00 g
0,25 g
0,05 g
0,05 g
0,05 g.
100 ml
A solução de biotina apresentava a concentração de 5 mg %
em etanol-água 50 % (v/v).
Corno fonte de carbono e energia utilizou-se sacarose na
concentração final de 2 %. A solução de sacarose foi esterilizada
separadamente em vapor fluente por 30 minutos e adicionada assép
ticarnente ao meio •.
Para a obtenção de meio sólido acrescentava-se ao meio N
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13
de Vogel agar na concentração final de 2 % durante o seu preparo.
Para o crescimento das mutantes auxotr6ficas gln-lb e
en(am)l, o nitrato de amônio foi substituido por L-g1utamina 25
mM e inosito1 50 ~g/m1. (17), e ácido glutâmico 25 mM (09), resp~c
tivamente.
2.3.2. Meio de indução
o meio de indução para as enzimas consistia do meio N de
Voge1 isento de nitrato de amônio. As soluções com as fontes ni
trogenadas eram adicionadas assepticamente ao meio de cultivo ·no
inicio de cada experimento.
Para a indução da enzima L-aminoácido oxidas.e foi utiliza
da L-1eucina como fonte de nitrogênio~ A solução de L-1eucina era
autoc1avada em vapor fluente por 30 minutos e adicionada ao meio
de indução na concentração final de 5 mM (52).
Para a indução da enzima urato-oxidase, ácido úrico foi
utilizado como indutor, sua solução.·era esterilizada em vapor f1u
ente por 30.minutos e adicionado assepticamente ao meio de ·.indu
ção na concentração final de 2 mM (43).
2.4. CONDIÇÕES DE MANUTENÇÃO E CULTIVO :IDE Neurospora crassa
2.4.1. Conservação de amostras
As amostras de Neurospora crassa eram cultivadas em meio
N de Voge1 s61ido com a fonte nitrogenad~ apropriada, a 28 o C
por 3 a 5 dias, sendo estocadas a seguir a 4 oCo Transferências
trimestrais eram feitas.
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14
2.4.2. Obtenção de conidios
Neurospora crassa era cultivada em garrafas de Roux com
meio N de Vogel sólido por 10 dias em estufa a 28~C. Esterilmente
adicionava-se, à garrafa, água destilada estéril. Procedia-se a
homogeneização e a solução contendo os conidios era filtrada em
lã de vidro. Efetuava-se a contagem de conidios por leituva de
turbidez da solução diluída.
2.4.3. Contagem de conidios
A turbidez da solução contendo os conidios era medida em
um espectrofotômetro Coleman Júnior tipo 6-A a 420 nm. A densida
de ótica obtida era convertida em conidios/ml-, pela leitura em
curva de calibração previamente estabelecida. A quantidade de co
nidios da curva de calibração foi monitorada por contagem em câma
ra de Neubauer.
2.4.4. Condições de germinação d~conidios (crescimento)
O crescimento de N~crassa foi efetuado, em erlen~eyers de
2 litros com 400 ml. de meio N de Vogel liquido contendo sacarose
58,5 mM e a fonte nitrogenada especifica, na concentração Ide 25
mM. 2 X 109 conidios foram inoculados assépticamente. :para cada
frasco contendo o meio de cultivo. O crescimento foi efetuado por
24 horas em agitador rotatório a 110·rpm., mantido a 28 o;-Q·C.· Uma
relação 1:5 entre,volume de meio e do frasco foi mantida constan
te em todos os cultivos e experimentos realizados durante o traba
lho.
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15
2.4.5. Obtenção da suspensão de células
Os micélios eram colhidos na fase exponencial de crescimen
to por filtração em papel Wheaton, lavados com água destilada es
téril e ressuspensos em m~io de indução em concentração final de,
2 g de peso úmido por 100 ml de meio livre de fonte nitrogenada.
2.4.6. Indução de enzimas em células não proliferantes
2.4.6.1. Meio livre de ions amônio
A diversos frascos contendo 50 ml da suspensão de células
foi adicionado 2,5 ml de solução de L-Ieucina (100 mM) ou ácido ú
rico para a concentração final de 2,0 mM conforme o experimento
visava o estudo da L-aminoácido oxidase ou da urato-oxidase. Como
fonte de carbono e energia foi utilizada sacarose a 2% (58,5 mM).
Os frascos foram vedados com rolha de borracha e a tensão de oxi-
gênio da fase gasosa foi ajustada. A troca de gases e monitoração
do oxigênio levava cerca de trinta minutos. A adição da fonte de
carbono e de nitrogênio era sempre a última etapa e correspondia
ao inicio do experimento (tempo zero). Os frascos eram então in
cubados a 28 0C sob agitação continua (110 rpm) por 8 horas.
Nos respectivos \tempos de incubação procedia-se a coleta
de aliquotas das cultura~ para a determinação de peso seco~ Os mi
célios restantes eram filtrados, lavados com água destilada e ar\ \
mazenados em freezer a -lv 0C para posterior obtenção de extrato
livre de células. Aliquot~s do meio de cultivo, livre de micélio,
eram congeladas a -17 °c para as determinações de pH, teor de sa
carose, aminas ou de ácido úrico.
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16
2.4.6.2 Meio mínimo contendo íons amônio
o procedimento era similar ao descrito anteriormente apenas,
nitrato de amônio na concentração de 0,5 mM foi acrescido ao meio de
indução, no caso da L-aminoácido oxidase e de 2,5 mM para a 'urato
oxidase. O teor de amônio foi determinado nas alíquotas colhidas
do meio de cultivo.
As concentrações acima indicadas de íons amônio fora~ esta
belecidas através de curva de concentração do referido repreesor,
com tempo de incubação de 6 horas para a L-aminoácido oxidase e 8
horas para a urato-oxidase.
2.4.7 Ajuste da tensão de oxigênio na fase gasosa
A concentração de oxigênio era monitorada por cromatografia
gasosa, de acordo com Pedrosa e Zancan (45), utilizando-se o Croma
tógrafo Varian 1240 com detector de condutividade térmica, com colu
molecular Sieve 5A(MS-5A), de 3 pés por 1,8 polegadas, tendo argônio
como gás de arraste num fluxo de 25 ml/min~ A temperatura do inje-o tor e da coluna era de 70 C, e do detector 120 oCo
i
A concentração de oxigênLo na f~se gasosa era calculada por
comparação com a altura do pico dos pad~õ~s utilizados ( oxigênio
puro e ar atmosférico).
2.5. DETERMINAÇÃO DA MASSA MICELIAL
A determinação de peso seco do micélio foi utilizada para
medir a variação da massa micelial. Dez (10) mililitros do meio
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17
de cultivo eram filtrados através de papel Wheaton de peso conhe
cido, adaptado a aparelho de filtração Milipore. O papel de fil
tro contendo o micélio era seco em estufa a 60 OC até peso cons
tante. Por diferença calculava-se os pesos secos dos micélios.
2.6. PREPARO DE EXTRATOS LIVRE DE CÉLULAS
2.6.1. Para a enzima L-aminoácido oxidase
° procedimento descrito a seguir é o descrito por Sikora
e Marzluf (52) com algumas modificações. A precipitação com sulf~
to de amônio conforme sugerido pelos autores não modificou o per
fil dos experimentos optando-se por utilizar o extrato livre de 1
células como fonte de enzimas. Ensaioos preliminares foram feitos I
empregando-se tampão fosfato 50 mM pH 6,0, não observando-se dife
rença com o tampão a pH 7,5 contendo EDTA 0,5 mM.
Os micélios congelados eram triturados em gral de porcel~
na, em banho de gelo, com igual peso em areia de vidro previaman
te lavada com áéido nítrico e suspensos em dois volumes de tampão
fosfato 50 mM pH 7,5 com EDTA 0,5 mM. A suspensão obtida era cen
trifugada a 15.780 g (14.000:rpm) por 15 minutos a 40 C, em cen
trífuga refrigerada Beckman modelo J-21B. A fração sobrenadante
era' dializada contra 250 volumes do mesmo tampão a 4 °c por 3
horàs. O dializado era utilizado como fonte de enzima.
2.6.2. Para a enzima urato-oxidase
Os micélios congelados eram triturados em gral de porce
lana em banho de gelo com igual peso em areia de vidro e suspen-
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sos com 5 volumes de tampão Tris-HCl 50 mM pH 7,2. O : homogenato
era centrifugado a 15.780 g (14.000 rpm) por 15 minutos a 4°~. Os
ensaios enzimáticos eram feitos com a solução sobrenadante (60).
Para a determinação do teor de proteínas a solução sobre-
nadante era dializada contra 250 volumes do mesmo tampão
por 3 horas.
2.6.3. Para a determinação dos níveis internos de amônio e aminas
O procedimento era similar aos detritos nos ítens 2.6.2 e
2.6.1 variando conforme o tipo de experimento, e substituindo a
solução tampão por ácido perclórico 10% (p/p). Após centrif~gação
o sobrenadante era neutralizado com KOH 1 N, deixado em repouso
por 15 minutos e em seguida centrifugado a 7.000 rprn em centrifu
ga clínica por 5 minutos. As determinações eram feitas com a solu
ção sobrenadante (50).
2.7. DETERMINAÇÃO DA L-AMINOÁCIDO OXIDASE
L-aminoácido + 02
A determinação da L-aminoácido oxidase foi realizada me
dindo-se a formação de a -cetoácido em presença de catalase.
-O sistema de incubação, descrito por Sikora e Marzluf(52)
continha: 60 ~moles de tampão fosfato pH 7,6; 0,6 ~moles de L-leu
cina; 10 UI de catalase; extrato livre de células e água destila
da q.s.p. 0,3 ml. b inicio da reação ocorria com a adição de ex
trato livre de células. O sistema era incubado a 37~~ por tempos
variáveis, acrescentando-se ao final 0,3 ml de uma solução O,l%de
2,4-dinitrofenilhidrazina. Após 5 minutos de repouso 2,2 ml de
etanol e 0,4 ml de solução 10 N de NaOH eram adicionados. A colo-
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ração desenvolvida era medida a 520 nm em espectrofot8metro Beckman
DU-2 utilizando uma curva tendo âcido pirúvico como padrão.
Curvas de concentração de enzima foram feitas para cada a
mostra analisada. Controles sem extrato livre de células e ; I':, sem
substratos foram realizados durante a determinação de atividade en
zimâtica.
A unidade de L-aminoâcido oxidase foi definida como a qua~
tidade de enzima que cataliza a liberação de 1 nmol de~-cetoâcido
por minuto. A atividade específica foi definida como a razão entre
unidade de enzima e miligrama de proteína.
Em ensaios preliminares foram determinados, o pH ótimo(7,6)
e o o Km (0,28 mM) e a reação era linear até 60 minutos.
2.8. DETERMINAÇAO DA URATO-OXIDASE
Acido úrico + O2
.:------i~ .. Alantoína + CO 2
A atividade de urato-oxidase foi monitorada pelo decrésci
mo de absorbância do sistema de incubação em 290 nm resultante da
transformação de âcido úrico em alantoína (60).
° sistema de reação apresentava 290 ~moles de tampão Tris
HCL pH 8,6; 0,29 ~moles de âcido úrico e extrato livre de célula
em um volume final de 3,0 ml. A reação era acompanhada em espectr~
fotômetro Beckman DU-2 com registrador.
° coeficiente de extinção do âcido úrico a 290 nm é de
1,22 X 104 M-1cm-1 •
A unidade de urato-oxidase foi definida como a quantidade
de enzima que cataliza a oxidação de 1 nmol de ácido úrico por mi
nuto. A atividade específica foi definida como a razão entre a uni
dade de enzima e miligrama de proteína.
Controles sem extrato livre de células e sem substrato fo-
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ram realizados. A reação era linear por 20 minutos. O Km previa
mente )determinado foi 0,012 mM e o pH ótimo de 8,6. Para cada en
saio foi realizada uma curva de concentração de enzima.
2.9. DETERMINAÇÃO DE PROTEíNAS
As proteínas foram dosadas pelo método proposto por Lowry
e colaboradores (39), utilizando-se como padrão a soroalbumina bo
vina.
2.10. DETERMINAÇÃO DE SACAROSE NO MEIO DE CULTIVO
Consumo da fonte de carbono e energia foi monitorado. a
través da determinação de sacarose residual no meio de cultivo p~
lo método do fenol-sulfúrico (16) utilizando a própria ... sacarose
como padrão.
2.11. DETERMINAÇÃO DE AMINAS
As concentrações de amina residual no meio de cultivo . e
interna dos mlcélios, foram determinadas pela técnica do 2,4-din~
trofluorobenzeno proposto por Dubin (15), tendo como padrão L-leu
cina.
2.12. DETERMINAÇÃO DE AMÔNIO
Os~niveis de .íons.amônio presentes nos micélios e os rema
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21
nescentes nes meies de cultive feram determinades pela técnica de
indel-fenel medificade por Chaney e Marbach (10), utilizando - se
nitrate de amônie cerne padrãe.
2.13. DETERMINAÇÃO DE ÁCIDO ÚRICO NO MEIO DE CULTIVO
O ácide úrice presente ne meie de cultive era monitorado
utilizando-se seu ceeficiente de extinçãe a 290 nm de 1,22 X 104
M-1cm-1 • Alíquotas de meio eram diluídas em taQpão Tris-HCl pH
8,6 50 mM, e sua densidade ótica a 290 nm era determinada. Centro
les cem meie de cultivo isente de ácide úrice feram realizados
não 'observando-se interferências nas determinações.
2.14. DETERMINAÇÃO DE PEROXIDASE NOS EXTRATOS LIVRES DE CÉLULAS
A determinaçãe de atividade de perexidase fei feita pele
métede de Aisaka e Terada (01), utilizande-se peróxide de hidreg!
nie cerne substrate. O sistema apresentava: 50 ~meles de tampãe
fesfate pH 7,0 ; 1,2 ~meles de 4-aminoantipirina; 21 ~meles de fe
nel~ 3,6 ~meles de peróxide de hidregênie; extrate livre de célu-\
las 'ou meie de cultive e cempletade para um velume de 3,0 ml. com
água\destilada. O sistema era incubade a 30ºC e após 15 minutes a
coloração desenvolvida era medida a 500 nm em espectro~otômetro
Beckman DU-2.
2.15. DETERMINAÇÃO DO, pH DO MEIO DE CULTIVO
,O pH final de meio de cultive livre de micélie, de tedas
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as amostras, foi medido em potenciômetro Metrohm Herisau E 520.
2.16. DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NOMEIO DE CULTIVO
As atividades de L-aminoácido oxidase e urato-oxidase fo
ram determinadas nos meios de cultivo de todas as amostraa confor
me descrito anteriormente (ítens 2.8 e 2.7).
2.17. NÚMERO DE EXPERIMENTOS REALIZADOS
Cada experimento foi realizado em duplicata e os. resulta
dos correspondem à média de diferentes experimentos realizados.
O núnmero de experimentos é indicado na legenda das figuras e
simbolizado por n.
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23
3. RESULTADOS
3.1. ESTUDOS COM A LINHAGEM SELVAGEM
3.1.1. Cinética de indução
A linhagem selvagem de Neurospora crassa, crescida em
meio de Vogel que contém íons amônio na concentração de 25 mM,apr~
senta níveis não detectáveis da L-aminoácido oxidase. Quando os
micélios foram colocados por 6 horas em meio isento de fonte nitro
genada, os níveis de atividade enzimática foram de 0,274 ~ 0,025 -1 -1 nmoles min mg . A adição de L-leucina ao meio resul tou em ',,1 'um
aumento de 38 vezes nos níveis de enzima. Os dados da figura 02
mostram que os níveis de indução da enzima eram 2,2 vezes superi~
res quando os micélios foram expostos a 0,8 atm de oxigênio. No
decorrer do experimento não houve variação significativa na massa
micelial. ° consumo de L-leucina e de oxigênio aumentaram com a ~ levação da tensão de oxigênio na fase gasosa. As células expostas
a tensão de 0,2 atm de oxigênio consumiram 32% a mais de sacarose
do que aquelas submetidas a 0,8 atm em função da variação de mas
sa micelial. A retirada de sacarose do meio não alterou os níveis
básais de enzima em ambas as tensões de oxigênio. Nas condições
de ensaio não houve variação significativa no pH dos meios de cul
tiVo. Não foi detectada, nas condições ensaiadas, a presença de
ati~idade enzimática no meio de cultivo. ,
Procedeu-se à determinação de atividade de peroxidase em
todos os meios de cultivo e extratos livre de células. Não seni
do detectado qualquer atividade nos sistemas ensaiados.
Com a finalidade de verificar se o efeito do oxigênio era
observado na síntese de outras oxidases em N. crassa, os ensaios
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foraQ repetidos determinando-se a atividade de urato-oxidase. Es
ta enzima é também induzida pela presença de substrato no meio de
cultivo(60). Em células incubadas por 8 horas em meio isento de ni -1
trogênio os níveis de urato-oxidase eram de 3,66.± 0,25 nmoles min -1 mg . Os dados da figura 03 mostram que os níveis de urato-oxidase
aumentaram 5,2 vezes em presença do indutor a 0,2 atm. de oxigênio.
Quando a tensão de oxigênio na fase gasosa foi elevada para 0,8atm
os níveis da enzima duplicaram. A semelhança do que ocorreu com os
experimentos anteriores, o consumo de sacarose foi 30% maior a
0,2 atm de oxigênio. O consumo de oxigênio e a variação da massa
micelial apresentaram também o mesmo perfil observado no no expe
rimento em que se mediu a iridução da L-aminoácido oxidase. No ca
so do consumo do substrato, no entanto, o ácido úrico foi exauri
do mais rapidamente em altas tensões de oxigênio do que a L-leuci
na no experimento anterior. A cinética de indução realizada em
condições de troca gasosa com ar atmosférico mantiverano mesmo
perfil verificado co~ a tensão de 0,2 atm de oxigênio.
3.1.2. Efeito da tensão de oxigênio na expressão das enzimas
° efeito da concentração de oxigênio sobre a expressão da
L-aminoácido oxidase, em células não proliferantes de N.crassa, é \ \ ,
apresentado na figura 04. iA analise dos dados demonstra que houve
um aumento de 21 vezes nos', níveis de atividade enzimática, quando
a concentração variou de z~ro a 0,8 atm. Nestas condições não hou \
ve variação significativa d~ massa micelial. O consumo de oxigênio \
foi proporcional à sua concentração. O consumo de L-leucina aumen-
tou em 20% e o de sacarose diminuiu e~ 30%(dados n;o mostrados).
Na ausência de L-leucina não"houve aumento nos níveis de L-aminoá
cido oxidase, indicando que o oxigênio por si só n;o atua como in
dutor da enzima.
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3.1.3. Indução em presença de íons amônio
3.1.3.1. Efeito da concentração de amônio
Como no caso da amino oxidase de D.dendroides o efeito do
oxigênio foi observado tanto em condições de repressão quanto de
desrepressão (07), ensaios foram realizados para avaliar o efeito
do oxigênio sobre os níveis de atividade da L-aminoácido oxidase
e da urato oxidase.em N.crassa, em condições de repressão.
Experimentos de indução, semelhantes aos anteriormente ci
tados, foram realizados em presença de concentrações crescentes
de íons amônio a 0,2 e 0,8 atm de oxigênio. A 0,2 atm. de oxigê~
nio, concentrações de amônio superiores a 1,0 mM provocaram a re
pressão da síntese da enzima conforme se pode verificar na figura
05, enquanto que.a 0,8 atm. de oxigênio foram necessárias concen
trações 4 vezes maiores para se obter o mesmo efeito. A 0,8 ~tm
de oxigênio em presença de 0,5 mM de amônio os níveis de ativida
de enzimática praticamente mantiveram os mesmos valores ( 22,85 -1 -1
+ 2,23 nmoles min mg ) obtidos com ausência de amônio, enquanto
a 0,2 atm. apenas 3,9 % dos valores correspondentes ( 9,78 .±. 0,74 -1 -1
nmoles min mg ) foram obtidos. ° consumo de amônio pelo .'. f\mgo
foi similar nas duas tensões de oxigênio até uma concentração de
2,5 mM de íons amônio. Acima dessa concentração observou-se a sa
turação do consumo pelos micélios expostos a 0,2 atm de oxigênio,
enquanto nos micélios submetidos a 0,8 atm o consumo de. àmônio
foi proporcional à sua concentração no meio. ° consumo'lde L-Ieuci
na decresceu em funç,ão da concentração de amônio no meio em ambas
tensões de oxigênio.
Experimentos similares foram r~alizados em corípições .. de
indução da urato-oxidase. Como se pode verificar na figura 06,',
houve decréscimo nos níves de atividade enzimática a partir de
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concentrações superiores a 1,5 mM de íons amônio a 0,2 atm de 0-
xig@nio, enquanto que a 0,8 atm. os níveis começaram a decrescer
significativamente a concentrações superiores a 2,5 mM. ° consumo
de am8nio apresentou perfil semelhante àquele observado quando se
mediu a L-aminoácido oxidase. Quanto ao consumo de ácido úrico
não houv,e variações com a variação da tensão de oxigênio, decres.,..
cendo o consumo em função do aumento de amônio no meio de cultivo.
3.1.3.2. Cinética de indução em presença de íons amônio
Para confirmar o efeito do oxigênio em condições de ,re
pressão, os ensaios de cinética de indução da L-aminoácido oxida
se foram realizados em presença de 0,5 mM de íons amônia, determi
nando-se os níveis intra e extracelulares deste íon.
Conforme se pode observar os níveis da L-aminoácido oxida
se a 0,8 atm. de oxigêniO (figura 07) atingiram os mesmos níveis
de indução daqueles obtidos em condições de desrepressão. No "en~
tanto a 0,2 atm. de oxigênio praticamente não houve indução da en
zima, embora o indutor estivesse presente. ° amônio do meio extra
celular foi exaurido após 2 horas de incubação em ambas ,tensões
de oxigênio, enquanto que os níveis de amônio intracelulares ,au
mentaram em f,unção do tempo e eram maiores nos micélios exposto a '. . .
0,8 atm,' de oJ:cigênio. ° consumo de L-leucina foL 'retardado em pr~
sença de íons \amônio na cultura, sendo maior a 0,8 atm de oxigê
nio. Os níveis intracelulares de aminas não variaram significati
vamente com a v,ariação da tensão de oxigênio.
Quando bs mesmos experimentos foram repetidos, medindo-se
a indução da urato-oxidase em presença de 2,5 mM de íons amôni (
figura OS), os níveis de atividade enzimática a O,S'atm. de oxigê
nio foram semelhantes aos obtidos em condições de desrepressão. A
0,2 atm, de oxigênio, no entanto, os níveis foram 50 % inferiores.
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Os níveis intracelulares de amanio foram maiores a 0,8 atm. de 0-
xigênl1o, assim como, o consumo de amanio e de ácido úrico.
3.2. ESTUDOS COM A LINHAGEM MUTANTE nit-2
De acordo com Marzluf e colaboradores (23,28,41,57), o g~
ne nit-2 é o principal gene regula~or da expressão de enzimas do
metabolismo nitrogenado em Neurospora crassa. Em Aspergillus nidu
lans, o gene regulador correspondente é o gene areA. Estudando a
expressão da timina-7-hidroxilase e de outras enzimas do metabo-
lismo nitrogenado, Shaffer et alI. (54) observaram que q gene
are A estar.ia envolvido tanto na repressão por metab6litos do . ni
trogênio como pela repressão pelo oxigênio. Para verificar a par
ticipação do gene nit-2 na expressão da L-aminoácido oxidase e da
urato-oxidase em função da tensão de oxigênio, experimentos simi
lares aos realizados com a linhagem selvagem, foram feitos com a
linhagem mutante nit-2. Os dados da figura 09, mostram que a velo
cidade de indução foi 31vezes inferior à observada com a linhagem
selvagem nas mesmas condições para a L-aminoácido oxidase.~pe
sar disso, o aumento da tensão de oxigênio duplicou os níveis de
atividade enzimática. A L-Ieucina foi exaurida do meio ao mesmo
tempo em ambas as condições. Os demais parâmetros fisiol6gicos m~
nitorados apresentaram o mesmo perfil obtido com a linhagem selva
gemo
No caso da urato oxidase o que se observou foi um aumento , das atividades em ambas as tensões de oxigênio, em níveis duas ve
zes inferiores àqueles obtidos com a linhagem selvagem, não se ob
servando efei to significativo do ox1.g@nio. '0 consumo de .:.'ácido úri
co foi idêntico em ambas as tensões. de oxigênio e com uma veloci
dade de consumo distinta da linhagem selvag,m (figura 10).
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28
3.3. ESTUDOS COM A LINHAGEM MUTANTE nit-4
° gene nit-4 é também considerado um gene regulador da ex
pressão da enzimas do metabolismo nitrogenado em N.crassa (41).
No entanto, a sua participação está bem caracterizada apenas na
expressão da nitrato e nitrito redutases (21).
Com a finalidade de verificar a participação do gene nit-4
na expressão da L-aminoácido oxidase e da urato-oxidase em diferen
tes tensões de oxigênio, os ensaios de cinética de indução em con
dições de repressão e desrepressão foram repetidos com a mutante
nit-4, bem como o efeito do oxigênio foi estudado em ambos os
casos.
Em condições de desrepressão, os níveis de L-aminoácido o
xidase (figura 11) a 0,2 atm eram 82 %.inferio~es aos da linhagem
selvagem, mantendo-se"praticamente constantes durante o experime~
to. Em 0,8 atm de oxigênio os níveis da L-aminoácido Gxidase eram
27,5 % inferiores aos da linhagem selvagem. A L-leucina foi mais
rapidamente consumida por esta mutante do que pelo tipo selvagem,
devido a maior massa micelial da mutante. Os demais parâmetros fi
siológicos medidos apresentaram o mesmo perfil do tipo selvagem.
Quando o efeito da:tensão de oxigênio foi determinado so
bre os níveis da L-aminoácidooxidase (figura 12) observou-se que
o efeito não é proporcional à tensão Ide oxigênio como ocorre com
a linhagem selvagem, assim como os níveis atingidos são "inferio-
res.
Com relação à urato-oxidase (f~gura 13), os níveis de ati
vidade enzimática foram equivalentes aos da linhagem selvagem a
0,2 atm de oxigênio. Um aumento de 25% nos níveis de enzima foi
observado quando os micélios da mutante ' nit-4 foram expostos a
0,8 atm de oxigênio.
A incubação dos micélios em meio contendo 0,5 mM de íons
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29
amônio e L-leucina (figura 14) não afetou o perfil de ;J.fidução
~~~dO comparado· com o experimento semelhante em condições de
desrepressão. Apenas o consumo de aminas foi alterado, àliás, co
mo já haviâ sido observado com a linhagem selvagem. Os demais pa
râmetros fisio16gicos determinados apresentaram o mesmo perfil da
linhagem selvagem, quando submetida às mesmas condições.
O comportamento da mutante nit-4 com relação à expressão
da urato-oxidase em presença de 2,5 mM de íons amanio é semelhan
te ao tipo selvagem quando submetida às mesmas condições (figura
15) •
3.4. ESTUDOS COM AS LINHAGENS MUTANTES gln-lb, nmr-l
~/~2M304 e MS5) e en (am) 1
( alelos
O efeito do oxig@nio sobre os níveis da ·L~amínoácido
oxidase e da urato-oxidase poderia ser explicado pelo aumento do
consumo de glutamina em altas tensões de oxig@nio, reduzindo a re
pressão, já que se admite que a glutamina é o catab6lito do meta
bolismo nitrogenado que participa do mecanismo de repressão (28).
Para testar esta possibilidade, os ensaios foram repetidos com a
mutante gln-lb que é incapaz de si~tetizar a glutamina sintetase
em forma ativa (46).
Os dados da figura 16 mostr\am o efeito do oxigênio sobre
a cinética de indução da L-aminoácido oxidase na mutante gln-lb •
Conforme se pode observar, os níveis de atividade enzimática são
68 % jinferiores ao da linhagem selvàgem a 0,2 atm de oxig@nio •
O efeito do oxig@nio também foi observado, embora os níveis de in
dução fossem inferiores àqueles da linhagem selvagem nas ·~mesmas
condições.
O gene nmr-l é o gene responsável pela regula~ão negativa
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30
da expressão das enzimas do metabolismo nitrogenado (23). 'Outra
possibilidade para explicar o efeito do oxig@nio em condições de
repressão seria que o pro?~to d~ gene nmr-l não estivesse dispon!
velo Para testar esta possibilidade, mutantes defectivas no gene
nmr-l foram submetidas às mesmas condições de indução da linhagem
selvagem. Conforme se pode verificar na figura 17, a velocidade
de indução da L-aminoácido oxidase na mutante nmr-l (aleloV2M304)
é 2,78 vezes maior quando a tensão de oxig@nio aumentou de 0,2
0,8 atm. Deve ser salientado que a mutante' apl"fesenta:níveis' :<; (~de
atividadé enzimática altos na aus@ncia de indutor.
Com a mutante nmr-l (alelo MS5), figura 18, o efeito indu
tivo foi menor, mas ainda assim o efeito do oxigênio foi observa
do. Quando se variou a tensão de oxigênio (figura 19), os niveis
da L-aminoácido oxidase aumentaram proporcionalmente à tensão de
oxigênio, o que não ocorre quando o indutor está ausente.
De acordo com Chambers e Marzluf (08) a expressão da L
aminoácido oxidase estaria regulada pelo gene en(am)l. Por este
motivo o efeito do oxigênio sobre a indução da L-aminoácido oxida
se foi analisado na mutante en(am)l em duas tensões de oxigênio.
Conforme se pode verificar na figura 20, os níveis de atividade
enzimática correspondentes àqueles obtidos com a linhagem selva
gem a 0,2 atm. de oxigênio, apresentaram a mesma velocidade de in
dução. No entanto, o aum~nto da tensão de oxigênio não provocou \
aumentos nos níveis ,de atividade enzimática como ocorreu com a li
nhagem selvagem e as demais mutantes estudadas. , ,
O efeito do oxigê~io sobre a a~ntese ',' da L-aminoácido 0-\
xidase em condições de rep'ressão por 0,5 mM de am8nio foi estuda-\
do em todas as mutantes, e os resultados estão apresentados na t~
belaIL Conforme se observa" os níveis de atividade enzimática, a
0,2 atm" de oxigênio, foram '., inferiores àqueles obtidos com a li
nhagem selvagem na ausência de íons am8nio, em todas as mutantes,
![Page 44: Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de Oxidases em ... · PDF file... funcionária do de-,partamento de Bioquimica, ... DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO ... Efeito da](https://reader031.vdocuments.pub/reader031/viewer/2022030401/5a757d4a7f8b9a93088c6ada/html5/thumbnails/44.jpg)
31
exceto na mutante en(am)l.O efeito do oxigênio foi observado,t~
bém nas mutantes gln-lb e nmr-l(alelos V2M304 e MS5). O efeito o~
servado foi inferior ao verificado com a linhagem selvagem e mu
tante nit-4, em idênticas condições. A mutante en(am)l não aprese~
tou o efeito do oxigênio.
![Page 45: Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de Oxidases em ... · PDF file... funcionária do de-,partamento de Bioquimica, ... DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO ... Efeito da](https://reader031.vdocuments.pub/reader031/viewer/2022030401/5a757d4a7f8b9a93088c6ada/html5/thumbnails/45.jpg)
32
TABELA I - Efeito do oxigênio sobre os níveis de atividade da L-aQi
noácido oxidase em condições de repressão em linhagens
de Neurospora crassa
LINHAGEM ATIVIDADE ENZIMATICA*
0,2 ATM de O2 0,8 ATM
Selvagem(740R231A) -.0,38· .:t. 0,03 22,78 +
nit-4 .0,00 + 0,00 16,46 +
gln-1b 4,·15 + - 0,33 6,83 +
en(aQ)l 10,25 + 0,35 11.02 + -nmr-1(V2M304) 8,70 + 0,23 11,00 +
nmr-1(MS5) 4,82 + 0,01 5,72 +
-1 -1 * Atividade está expressa em: nmoles de piruvato min mg
Tempo de incubação: 6 horas
Fontes de nitrogênio: L-leucina 5: jnM
Íons amônio 0,5 mM
de O2
2,20
1,51
0,25
0,73
0,62
0,30
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FIGURA 02 - Cinética de indução da L-aminoácido oxidase em di-
tensões de oxigênio - Linhagem Selvagem
Um grama de mic~lio crescido em meio de Vogel foi ressuspenso
em 50 ml de meio de indução e submetidos a tensões de 0,2(sim
bolos aber,tos) ou 0,8 (símbolos fechados) atrn de oxigênio, con
forme descrito em Materiais e Métodos. Os experimentos foram
iniciados pela adição de L-leucina 5 mM e de sacarose 58,5 mM
e o material foi incubado a 28 0C por diferentes tempos. Nos
tempos indicados procedeu-se a coleta das amostras para as de
terminações ~e ~ atividade enzimática (O +); sacarose (O.); L
leucina (o .),; massa micelial (A Â) e oxigênio (c:!> • ) •
Os valores representam a média dos resultados com seus desvios
(n=4).
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FIGURA 03 - Cinética de indução da urato-oxidase em diferentes
tensões de oxigênio - Linhagem selvagem
Uo grama de micélio crescido em meio de Vogel foi ressuspenso
em 50 ml de meio de indução e submetido a tensões de 0.2 (si~
bolos abertos) ou 0,8 (símbolos fechados) atm de oxigênio, con , -
forme descrito em Materiais e Métodos. Os experimentos foram
iniciados pela adição de ãcido 6rico 2 mM e de sacarose 58,5mM
e o material foi incubado a 28 ?C por diferentes tempos. Nos
tempos indicados procedeu-se a coleta das amostras para as de
terminações de: atividade enzimãtica (O.); sacarose (O .);ãc!
do 6rico (o .); massa micelial (f1 .Â.) e oxigênio Ec:I> .) •
Os valores representam a média dos resultados com seus desvios
(n=2) •
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FIGURA 04 - Efeito da tensão de oxig~nio sobre os níveis de at!
vidade da L-aminoácido oxidase em condições de indu
ção - Linhagem selvagem .
Um grama de micélio.crescido em meio de VQg~l fo'i ressuspenso
em 50 ml de meio de indução e submetido a concentrações cresce~
tes de oxig~nio ( zero a 0,8 atm) conforme descrito em Materiais
e Métodos. Os experimentos foram iniciados pela adição de L-leu
cina 5mM e de sacarose 58,5 mM (símbolos abertos) ou somente sa
carose 58,5 mM (símbolos fechados), e incubados a 28 OC por. 6
horas, finalido o qual, coletou-se amostras para as determina
ções de: atividade enzimática (O.); massa micelial' ( 11) e oxi
gênio ( o ).
Os valores representam a média e o desvio padrão de cada resul
tado (n=2).
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FIGURA 05 - Efeito da concentração de íons amônio sobre os rií
de atividade da L-aminoácido oxidase em diferentes
tensões de oxigênio - Linhagem selvagem
Células não proliferantes, obtidas conforme descrito em Materiais
e Métodos foram ressuspensas em meio de indução, contendo L-le~
cina 5 mM e sacarose 58,5 mM e íons amônio em concentrações que
variararm de zero a 5 mM, e expostos a tensões de 0,2 atm (sím
bolos abertos) ou 0,8 atm (símbolos feChados) de oxigênio. Após
6 horas de incubação a 28~oC procedeu-se a coleta das amostras
para as determinações de : atividade enzimática (O. ) j amônio
(11 • ) j i3.minas ( o • ) j massa micelial (O.).
100% de atividade corresponde para 0,8 atm 22,85 + 2,23 e para -1 -1 0,2 atm 9,78 ~ 0,78 nmoles de piruvato min mg .
Os valore.s representam a média de cada resultado com o seu des
vio padrão (n=2) .
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FIGURA 06 - Efeito da concentração de tons amônio sobre os ní
veis de urato-oxidase eQ diferentes tensões de oxi
gênio - Linhagem selvageQ
Células não proliferantes, obtidas conforme descrito eQ Mate~c
riais e Métodos, foram ressuspensas em meio de indução, · .. con
tendo ácido úrico 2 mM, sacaroses 58,5 mM, e íons amônio.. em
concentrações que variaram de zero a 5 mM, e expostos a tensões
de 0,2 (símbolos abertos) e 0,8 (símbolos feChados) atm de oxi
gêniO. Após 8 horas de incubação a 28 oC procedeu-se a coleta
das amostras para as deterQinações de: atividade enzimática( O • ); amônio (I::. Â); ácido úrico (o.); massa micelia (O .).
100% de atividade corresponde para 0,8 atm a 39,40 ~ 3,33 e
para 0,2 atm a 19,10 ~ 1,75 nmoles de ácido úrico min-1mg-1 .
Os valores representam a média e o desvio padrão de cada resul
tado(n=2).
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FIGURA 07 - Cinética de indução da L-aminoácido oxidase em ... dife
rentes tensões de oxigênio em condições de repres
são - Linhagem selvagem
Um grama de micélio crescido em meio de Vogel foi ressuspenso
em 50 ml de meio de indução e submetido a tensões de 0,2 (simb~
los abertos) ou 0,8 (símbolos fechados) atm de oxigênio, confor
me descrito em Materiais e Métodos. Os experimentos foram inicia
dos pela adição de L-leucina 5 mM, sacarose 58,5 mM e íons amô
nio 0,5 mM. ° material foi incubado a 28 °Cpor diferentes tem
pos. Nos tempos indicados procedeu-se a coleta das amostras pa
ra as deter~inações de: atividade enzimática (O.); níveis in
tracelulares de aminas (V ... ); ar.1inas (o .); amônio (<1>.) e ní
veis intracelulares de amônio (~.). Os valores representam a
média e o desvio padrãb de cada resultado (n=2).
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FIGURA 08 - Cinética de indução da urato-ocidase em diferentes
tensõàs de oxigênio em condições de repressão - Li
nhagem selvagem
Um grama de micélio crescido em meio de Vogel foi ressuspenso
em 50 ml de meio de indução e submetido a tensões de 0,2 (sím
bolos abertos) ou 0,8 (símbolos fechados) atm de oxigênio, co~
forme descrito em Materiais e Métodos. Os experimentos foram
iniciados pela adição de ácido úrico 2 mM, sacarose 58,5 mM e
íons amônio 2,5 mM. O material foi incubado a 28 °c por dife
rentes tempos. Nos t'empos indicados procedeu-se a coleta das a
mostras para as determinações de: atividade enzimática (O.)
nlveis intracelulares de amônio (~.); ~cido úrico (o .); amô
nio (<t> • ). Os valores representam a média e o desvio padrão i
de cada resultado (~=2). !
![Page 59: Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de Oxidases em ... · PDF file... funcionária do de-,partamento de Bioquimica, ... DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO ... Efeito da](https://reader031.vdocuments.pub/reader031/viewer/2022030401/5a757d4a7f8b9a93088c6ada/html5/thumbnails/59.jpg)
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FIGURA 09 - Cinética de indução da L-aminoácido oxidase em diferen
tes tensões de oxigênio - Mutante nit-2
As condições experimentais e os símbolos correspondem àqueles des
critos na figura 02. Os valores representam a média e o desvio pa
drão de cada resultado (n=2).
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TempoJhoras) FIGURA 10 - Cinética de indução da urato-oxidase em diferentes ten
sões de oxigênio - Mutante nit-2
As condições experimentais e os símbolos co,rrespondem àqueles des
critos na figura 03. Os valores representam a média e o desvio p~
drão de cada resultado (n=2).
![Page 62: Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de Oxidases em ... · PDF file... funcionária do de-,partamento de Bioquimica, ... DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO ... Efeito da](https://reader031.vdocuments.pub/reader031/viewer/2022030401/5a757d4a7f8b9a93088c6ada/html5/thumbnails/62.jpg)
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FIGURA 11 - Cinética de indução da L-aminoácido oxidase em diferen
tes tensões de oxigênio - mutante nit-4
As condições experimentais e os simbolos correspondem àqueles des
critos na figuara 02. Os valores representam a média e o desvio p~
drão de cada resultado (n=2).
![Page 63: Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de Oxidases em ... · PDF file... funcionária do de-,partamento de Bioquimica, ... DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO ... Efeito da](https://reader031.vdocuments.pub/reader031/viewer/2022030401/5a757d4a7f8b9a93088c6ada/html5/thumbnails/63.jpg)
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FIGURA 12 - Efeito da tensão de oxigênio sobre os níveis de ativi
dade da .L-aminoácido oxidase em condições de induçã
Mutante nit-4
As condições experimentais e os símbolos correspondem àqueles des
critos na figura 04. Os valores representam a média e o desvio pa
drão de cada resultado (n=2).
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FIGURA 13 - Cinética de indução da urato-oxidase em diferentes ten
sões de oxigênio - mutante nit-4
As condições experimentais e os simbolos correspondem àqueles des
critos na figura 03. Os valores representam a média e o desvio pa
drão de cada resultado (n=2).
![Page 65: Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de Oxidases em ... · PDF file... funcionária do de-,partamento de Bioquimica, ... DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO ... Efeito da](https://reader031.vdocuments.pub/reader031/viewer/2022030401/5a757d4a7f8b9a93088c6ada/html5/thumbnails/65.jpg)
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FIGURA 14 - Cinética de indução da L-aminoácido oxidase em difere.!}
tes tensões de oxig@nio em con~ições de repressão - Mu
tante nit-4
As condições experimentais e os símbolos correspondem àqueles des
critos na figura 07. Os valores representam a média e o desvio p~_
drão de cada resultado (n=2).
![Page 66: Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de Oxidases em ... · PDF file... funcionária do de-,partamento de Bioquimica, ... DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO ... Efeito da](https://reader031.vdocuments.pub/reader031/viewer/2022030401/5a757d4a7f8b9a93088c6ada/html5/thumbnails/66.jpg)
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46
FIGURA 15 - Cinética de indução da urato-oxidase em diferentes ten
sões de oxigênio em condições de repressão _
nit-4
Mutante
As condições experimentais e os símbolos correspondem àqueles des
critos na figura 08. Os valores representam a média e o desvio p~
d~ão dé cada resultado (n=2).
![Page 67: Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de Oxidases em ... · PDF file... funcionária do de-,partamento de Bioquimica, ... DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO ... Efeito da](https://reader031.vdocuments.pub/reader031/viewer/2022030401/5a757d4a7f8b9a93088c6ada/html5/thumbnails/67.jpg)
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FIGURA 16 - Cinética de indução da L-aminoáéido oxidase em diferen
tes de oxigênio - Mutante gln-1b
As condições experimentais e os símbolos correspondem àqueles des
critos na figura 02. Os valores representam a média e o desvio pa
drão de cada resultado (n=2).
![Page 68: Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de Oxidases em ... · PDF file... funcionária do de-,partamento de Bioquimica, ... DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO ... Efeito da](https://reader031.vdocuments.pub/reader031/viewer/2022030401/5a757d4a7f8b9a93088c6ada/html5/thumbnails/68.jpg)
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FIGURA 17 - Cinética de indução da L-aminoácido oxidase em diferen
tes tensões de oxigênio - Mutante nmr-l (alelo V2M304)
As condições experimentais e os símbolos correspondem àqueles des
critos na figura 02. Os valores representam a média e o desvio p~
drão de cada resultado ( n=2).
![Page 69: Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de Oxidases em ... · PDF file... funcionária do de-,partamento de Bioquimica, ... DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO ... Efeito da](https://reader031.vdocuments.pub/reader031/viewer/2022030401/5a757d4a7f8b9a93088c6ada/html5/thumbnails/69.jpg)
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FIGURA 18 - Cinética de indução da L-aminoácido oxidase em diferen
tes tensões de oxigênio - Mutante nrnr-l (alelo MS5).
As condições experimentais e os símbolos correspondem àqueles des
critos na figura 02. Os valores representam a média e o desvio pa
drão de cada resultado (n=2).
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FIGURA 19 - Efeito da tensão de oxigênio sobre os níveis de ativi
dade da L-aminoácido oxidase em condições de indução -
Mutante nmr-l (alelo MS5)
As condições experimentais e os símbolos correspondem àqueles des
critos na figura 04. Os valores representam a média e o desvio pa~ drão de cada resultado (n=2).
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FIGURA 20 - Cinética de indução da L-aminoácido oxidase em diferen
tes tensões de oxigênio - Mutante en(am)l
As condições experimentais eos símbolos correspondem àqueles des
critos na figura 02. Os valores representam a média e o desvio pa
drão de cada resultado (n=2).
![Page 72: Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de Oxidases em ... · PDF file... funcionária do de-,partamento de Bioquimica, ... DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO ... Efeito da](https://reader031.vdocuments.pub/reader031/viewer/2022030401/5a757d4a7f8b9a93088c6ada/html5/thumbnails/72.jpg)
52
4. DISCUSS~O
Quando células de Neurospora crassa linhagem selvagem,
crescidas em meio mínimo de Vogel com 25 mM de íons amônio foram
ressuspensas em meio de cultivo contendo L-leucina ou ácido úrico
como única fonte de nitrogênio, sendo a concentração de oxigênio
0,2 atm., observou-se um aumento gradativo nas atividades de L
aminoácido oxidase e urato-oxidase. Em 6 horas de indução a L-ami
noácido oxidase atingiu seus níveis máximos, enquanto que para a
urato-oxidase o mesmo ocorreu em 8 horas. A indução destas enzi
mas, nestas condições foi semelhante àquela observada por Sikora
e Marzluf (52) e Wang e Marzluf (60), respectivamente.
Aumentando a concentração de oxigênio na fase gasosa para
0,8 atm foi observado um aumento de 2,2 vezes nos níveis de ati
vidade da L-aminoácido oxidase na linhagem selvagem. Igualmente os
níveis de atividáde da urato-oxidase sofreram aumentos de 2,0 ve
zes, quando comparados aos níveis observados a 0,2 atm na linha
gem selvagem. Aumentos nos níveis de atividade enzimática decor
rentes de maior concentração de oxigênio na fase gasosa foram re
latados em bactérias ( 04,24,26,42,63,65), leveduras ( 40,48, 56)
e fungos (02~05,44).
Ao se variar a concentração de oxigênio na fase gasosa de
zero a 0,8 atm., observou-se elevação nos níveis de atividade da
L-aminoácido oxidase de 21,42 vezes para a linhagem selvagem (fi-
gura 04). Este aumento é compatível com aqueles observados para
as enzimas respiratórias de Micobacterium phlei de 2 a 20 vezes
(24), ou para a citocromo "c" oxidase de Saccharomyces cerevisiae
de 5 veses(40), ou ainda para a galactose oxidase de D.dendroides
de 10,4 vezes (45), ou mesmo para as enzimas do sistema lignolítl
co de Phanerochaete chrysosporium (02). Mas são menores do que os
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53
observados com a amino oxidase de D.dendroides de 196 vezes. O me
nor aumento com a L-aminoácido oxidase talvez seja decorrente da
não utilização da L-leucina como fonte de carbono em presença de
sacarose pelo N.crassa(52), o que ocorre com a n-butilamina pelo
D.dendroides (07).
A possibilidade do aumento dos níveis de atividades enzi
máticas ser devido a melhoria nas condições fisiológicas do fungo,
considerando que o consumo de fontes nitrogenadas, L-leucina e
ácido úrico, e o de oxigênio foi também maior, pode ser minimiza
da, já que nas condiições ensaiadas não houve variação significa
tiva da massa micelial.
Os níveis de atividade de L-aminoácido oxidase permanece
ram constantes quando as células plenamente induzidas foram trans
feridas para meio isento de indutor, a 0,2 ou 0,8 atm de oxigênio
e mantidas nestas tensões por 6 horas. Estes dados descartam a po~
sibilidade do efeito do oxigênio sobre os níveis de atividade enzi
mática ser decorrente da proteção da inativação desta enzima ín vivo.
Ressuspendendo células de N.crassa em meio de indução
contendo concentrações crescentes de íons amônio (zero a 5 mM), ou
em meio com concentrações fixas de íons amônio, por diferentes
tempos, observou-se decréscimos ou mesmo ausência dos níveis de a
tividade enzimática em micélios expostos a 0,2 atm de oxigênio. A
repressão da síntese da L-aminoácido oxidase e urato-oxidase em
presença de fontes preferenciais de nitrogênio (amônio, glutamato
ou glutamina) já havia sido descrita anteriormente por Sikora e
Marzluf (52) e Wang e Marzluf (60).
Nas condições de repressão, descritas acima, maiores ní
veis de atividade enzimática foram detectados em micélios expos
tos a tensões de 0,8 atm de oxigênio (figuras 5-8). A análise do
consumo de íons amônio pelas células, e dos seus níveis intracel~
lares, parece indicar não serem as maiores atividades enzimáticas
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54
observadas, decorrentes de ausência do repressor. Os mesmos dados
sugerem a existência de dois sistemas transportadores para o amô
nio, sendo um dependente de oxigênio.
Em condições de repressão (figura 05 e 06), observou-se
uma diminuição no consum de L-leucina e de áciod úrico proporcio
nal ao aumento da concentração de ions amônio no meio de cultivo.
Este dado está de acordo com o que se conhece sobre transporte de
aminoácidos e purinas em Neurospora crassa. O fungo apresentea
três sistemas de transportadores de aminoácidos, os quais são con
trolados pelo nível intracelular de aminoácidos e reprimidos por
amônio (12, 62). Para o transporte de purinas, este ascomiceto,,'
apresenta uma permease igualmente reprimida por amônio, mas que
não sofre indução por substrato (58).
Quando células de mutante nit-2 (figuras 09 e 10) foram
colocadas em condições de indução, aparentemente não se observou
variações significativas nos níveis de atividade de L-aminoácido
oxidase e urato-oxidase. Estes resultados confirmam a importância
do gene nit-2 para a expressão destas enzimas (20, 23, 41, 57
60). O oxigênio aumentou a velocidade de síntese da enzima, suge
rindo que ele poderia estar ativando um sistema de desrepressão.
Os dados ainda sugerem que o oxigênio por si só, não exerce efei
to indutivo sobre a síntese das enzimas.
Os resultados observados em condições de repressão com a
linhagem selvagem sugerem que o oxigênio poderia estar dificultan
do a ligação entre o catabólito repressor efetivo (glutamina) e a
proteína NIT-2, visto ser esta proteína necessária para a expres
são dos genes estruturais da L-aminoácido oxidase e urato-oxidase
(23, 52).
O efeito do oxigênio sobre a velocidade de indução nas m~
tantes defectivas do gene nmr-1 foi semelhante ao observado com a
linhagem selvagem. Como estas mutantes não têm o controle negati-
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55
vo para a expressão da L-aminoácido oxidase, o efeito do oxigênio
condições de desrepressão foi menor do que o tipo selvagem. Assim
possivelmente o efeito do oxigênio seria explicado, em parte, pe
la inativação do produto do gene nmr-l, ou mesmo por alteração de
sua transcrição. Esta possibilidade foi aventada pelo fato do ge
ne nrnr-l provavelmente codificar uma proteína, que associada à
glutamina, inativaria a proteína NIT-2 (23).
Quando se compara a cinética de indução a 0,2 atm de oxi
gênio em condições de indução, da linhagem selvagem com a da mu
tante gln-lb observa-se que os níveis de atividade da L-aminoáci-
do oxidase são mais baixos do que se esperaria. Esta observação
poderia indicar que a glutamina sintetase facilitaria a expressão
do gene nit-2 como sugere Fu e Marzluf (20). Os níveis de ativid~
de enzimática são três vezes superiores nos micélios expostos a
0,8 atm. de oxigênio do que a 0,2 atm descartando-se assim a po~
sibilidade do efeito do oxigênio ser devido a um decréscimo nos
níveis intracelulares de glutamina.
° fato de,não haver variação nos níveis de atividade da
L-aminoácido oxidase em mutante en(am)l em presença de amônio (t~
bela 11) sugere a ausência de um sistema repressor atuante nesta
mutante, como já postulado por Chambers et. alI. (08) • Támbém,
não se observa alterações nos níveis de atividade com o aumento
da tensão de oxigênio~ em condições de indução. Assim, a mutação
no gene en(am)l torna a síntese da L-aminoácido oxidase insen
sível à repressão por amônio e à ativação por oxigênio, sugerindo
que este gene deve ser sensível a ambos os sinais.
Como era esperado, o comportamento da mutante nit-4 foi
semelhante áquele observado no tipo selvagem, frente ao oxigênio
em condições de indução (figuras 11 e 13) e mesmo em presença de
repressor ( figuras 14 e 15),para as duas enzimas. Os níveis de
atividade enzimática a 0,2 atm . de oxigênio foram 82 % inferiores
![Page 76: Efeito do Oxigênio sobre a Expressão de Oxidases em ... · PDF file... funcionária do de-,partamento de Bioquimica, ... DETERMINAÇÃO DE ENZIMAS NO MEIO DE CULTIVO ... Efeito da](https://reader031.vdocuments.pub/reader031/viewer/2022030401/5a757d4a7f8b9a93088c6ada/html5/thumbnails/76.jpg)
56
aos obtidos com a linhagem selvagem, em condições de desrepressão,
sugerindo que o gene nit-4 estâ envolvido na expressão desta enz!
ma como estâ para as enzimas nitrato e nitrito redutases (41).
Isto não ocorre no caso da urato-oxidase, logo, o gene nit-4, po
deria não controlar a expressão da urato-oxidase.
As razões de indução da L-aminoâcido oxidase mais elevadas
com a mutante nit-4, em presença de 0,8 atm de oxigênio, poderiam
ser explicadas pelo fato da velocidade de indução a 0,2 atm ser
muito baixa. A curva sigmoidal observada, quando se variou a ten
são de oxigênio (figura 12) poderia indicar que a molécula do
indutor não estivesse prontamente disponível, no entanto o consu
mo de L-Ieucina é similar ao da linhagem selvagem. Uma outra pos
sibilidade seria que uma segunda enzima passasse a ser sintetiza
da em altas tensões de oxigênio, o que pode ser excluido visto que
se obteve umà:ún.ica banda de atividade da L-aminoâcido oxidase,
tanto na mutante nit-4 quanto na linhagem selvagem, a 0,2 e 0,8
atm de oxigênio( dados não mostrados). Sikora e Marzluf (52) jâ
havia constatado apenas uma atividade da L-aminoâcido oxidase em
extrato livre de células da linhagem selvagem.
° efeito indutor do oxigênio sobre as duas oxidases de N.
crasSà estudadas, é compartilhado por outras oxidases de outros
fungos ( 07, 40, 47). Como o oxigênio é substrato para as oxida
ses, u~a explicação seria que ele induziria a síntese de oxidases ,
em fungos. ° mecanismo molecular pelo qual ele afetaria a expres
são de oxidases poderia ser via um controle genético específico •
Assim, algum gene, responsâvel pela indução de oxidases, seria e~
presso quando este elemento estivesse presente. ° produto deste
gene favoreceria a expressão dos genes estruturais para as enzimas,
ou mesmo genes regulatórios destes genes regulatórios de~tes genes
estruturais. Uma outra possibilidade talvez fosse a sugerida
por Yamamoto et aI. (66) segundo a qual, maiores níveis da enzima
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57
topoisomerase r, são observados em aerobiose, em Salmonella
thyphimurium. Assim, maiores concentrações de oxigênio resultaria
em maior atividade de topoisomerase r, favorecendo a exposição
dos promotores do genes estruturais para que as proteínas regula
tórias, no caso de N.crassa, a NIT-2, os reconhecessem com maior
facilidade, resultando assim, em maior número de moléculas de en-
zimas.
Os dados aqui apresentados sugerem que as oxidases estud~
das estariam, também, sobre o controle do circuito do nitrogênio,
o que já é conhecido (41), e isto não permite descartar a possib!
lidade do oxigênio participar do controle destes genes. Nas mutan
tes testadas o efeito do oxigênio foi verificado, com exceção da
mutante en(am)l. Ao lado do gene nit-2, este gene deve ter parti
cipação na indução da L-aminoácido oxidase. O gene en(am)l pode
ria estar sendo ativado por oxigênio e reprimido por metabólitos
de nitrogênio, como ocorre com a expressão do operom hut em Kleb
siella pneumoniae (25). O que é distinto do observado em A.nidu
lans para a expressão da timina-7-hidroxilase (53) e para a ni
trogenase deK. pneumoniae (32), ambas reprimidas por oxigênio e
catabólitos de nitrogênio.
Outras possibilidades sobre o efeito do oxigênio na ex
pressão da L-aminoácido ,oxidase e urato-oxidase não podem ser des
cartadas. Assim, o oxigênio poderia estar afetando a transcrição
de genes específicos, como no caso do gene fnr em E.coli (55), ou
alterando a estabilidade dos transcritos, conforme verificado na
biossíntese de carotenóides em R.capsulatus (67), ou ainda a tra-
dução destes transcritos de acordo com o observado em S.cerevi-
siae, onde a tradução do gene pet494 está sendo afetada por oxig~
nio (40).
Os estudos até agora realizados não permitem postular o
mecanismo pelo qual o oxigênio estaria afetando a expressão das
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58
oxidases, embora se possa admitir que ele atue em mais de um lo
cal. Assim, o isolamento de transcritos dos genes envolvidos nes
te circuito estudado, bem como sua tradução "in vitro" poderiam ~
lucidar o real efeito do oxigênio. O estudo com mutantes anaeróbi
cas facultativas deste fungo, isoladas por Howell como descrito
por Perkins et all. (46), poderia contribuir nesta elucidação.
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1 •
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5. CONCLUSÔES
A exposição dos micélios de Neurospora crassa a
tensões variáveis de oxigênio, em presença , do
indutor, provoca um aumento nos niveis de· ativ!
dade de L-aminoácido oxidase e urato-oxidase.
O efeito repressor dos ions amônio foi menor a
0,8 atm de oxigênio do que a 0,2 atm, quando se
mediu os niveis de atividade da L-aminoácido 0-
xidase e urato-oxidase.
Mutações nos genes nit-2, gln-lb e nmr-l (alelos
V2M304 e MS5) não impedem o efeito do oxigênio
sobre os niveis de atividade da L-aminoácido oxi
das e em condições de indução.
Mutação no gene nit-4 não elimina o efeito do
oxigênio sobre a variação dos niveis de ativida
de das enzimas estudadas em condições de indu -
ção e de repressão.
O efeito do oxigênio sobre os niveis de ativida
de da L-aminoácido oxidase das mutantes gln-lb
e nmr-l é diminuido em presença de 0,5 mM . de
ions amônio.
Mutação no gene en(am)l elimina o efeito do oxi
gênio sobre os hiveis de atividade da L-aminoá
cido oxidase em condições de indução e de repre~
são.
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