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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
INSTITUTO COPPEAD DE ADMINISTRAÇÃO
HENRIQUE HERMONT BARBOSA
EFEITO HALO NA AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
Rio de Janeiro
2016
HENRIQUE HERMONT BARBOSA
EFEITO HALO NA AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto
COPPEAD de Administração, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos
necessários à obtenção do título de Mestre em
Administração.
ORIENTADOR: Marcos Gonçalves Avila
Rio de Janeiro
2016
HENRIQUE HERMONT BARBOSA
EFEITO HALO NA AVALIAÇÃO DE PROJETOS DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO
Dissertação de Mestrado apresentada ao Instituto COPPEAD de Administração, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Administração.
Aprovada por:
_________________________________________________ Prof. Marcos Gonçalves Avila, Ph.D. - Orientador
Instituto COPPEAD de Administração - UFRJ
_________________________________________________ Prof. Vicente Antônio de Castro Ferreira, D. Sc. Instituto COPPEAD de Administração - UFRJ
_________________________________________________ Prof. Denizar Leal, D. Sc.
Departamento de Ciências Contábeis - UFES
À minha família e aos meus amigos, pela
confiança, apoio e ajuda; e a tudo mais
que conspirou para que essa iniciativa se
concretizasse.
AGRADECIMENTOS
Ao professor Marcos Avila, meu orientador, pela paciência e confiança.
À equipe do COPPEAD, pelo serviço de educação de alto nível oferecido para a
sociedade.
Aos meus colegas de trabalho, por me ajudarem no levantamento de dados e na
realização dos estudos, e por se desdobrarem durante minha ausência.
À empresa onde trabalho, principalmente ao Fernando de Castro Sá, pela confiança,
incentivo e apoio à iniciativa de fazer este mestrado.
Aos amigos e à minha família, pelo incentivo e motivação.
RESUMO
BARBOSA, Henrique. Efeito halo na avaliação de projetos de pesquisa e
desenvolvimento. 2016. 81f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Instituto
COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2016.
Esta dissertação investigou a presença de um viés que vem sendo discutido na
literatura desde o início do século XX – o efeito halo. O objetivo deste estudo foi
apurar se o efeito halo se configura no processo de avaliação técnica de propostas
de projetos de pesquisa e desenvolvimento de uma relevante empresa brasileira do
setor energético. Para isso, técnicos da área de pesquisa e desenvolvimento da
empresa estudada foram solicitados a avaliar uma proposta de projeto de pesquisa e
desenvolvimento, por meio da resposta a um questionário – alguns avaliadores
receberam um questionário sem a informação halo (grupo de controle), enquanto
outro grupo avaliou uma proposta contendo a suposta informação halo. O halo
testado foi a informação de que o projeto seria executado em parceria com uma
instituição de pesquisa. A análise das médias das notas dos dois tipos de
questionários e o resultado dos testes estatísticos (paramétricos e não paramétricos)
sugerem a não configuração do efeito halo.
Palavras-chave: efeito halo, projetos de pesquisa e desenvolvimento, P&D, vieses cognitivos.
ABSTRACT
BARBOSA, Henrique. Efeito halo na avaliação de projetos de pesquisa e
desenvolvimento. 2016. 81f. Dissertação (Mestrado em Administração) - Instituto
COPPEAD de Administração, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de
Janeiro, 2016.
This study investigated the occurrence of a bias which has been present in the
academic literature since the beginning of the 20th century – the halo effect. This
widely witnessed effect is characterized by the influence of a general impression of
an object in the judgment of its categories. A field experiment was conducted aimed
at verifying whether the halo effect occurs in the process of executing technical
evaluation of research and development project proposals in a relevant Brazilian
corporation in the energy sector. For such, researchers were asked to evaluate a
research and development project proposal by responding to a questionnaire – some
researchers received a questionnaire without the presumed halo (control group),
while others evaluated a proposal in which the halo was included. The analysis of the
average grades of the two types of questionnaire, as well as the results of the
statistical tests (both parametric and nonparametric) suggest the inexistence of the
halo effect.
Keywords: halo effect, research and development projects, R&D, cognitive biases.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 Influência do contexto na interpretação .......................... 25 Figura 2
Desdobramento da estratégia aos projetos de P&D ....... 32
Figura 3
Processo de proposição e aprovação de projetos de P&D na EMPRESA ......................................................... 33
Figura 4
Regressão linear media das notas das PPP em função de ser ou não em parceria .............................................. 46
Figura 5
Teste da diferença entre PPP interna e externa ............. 47
Figura 6
Regressão linear da nota do projeto em função do percentual de seus gastos junto a IC .............................. 51
Figura 7
Regressão linear media da nota da pergunta 2 da PPP em função de ser ou não em parceria com IC ................ 70
Figura 8
Regressão linear media da nota da pergunta 3 da PPP em função de ser ou não em parceria com IC ................ 71
Figura 9
Regressão linear media da nota da pergunta 4 da PPP em função de ser ou não em parceria com IC ................ 72
Figura 10
Regressão linear media da nota da pergunta 5 da PPP em função de ser ou não em parceria com IC ................ 73
Figura 11
Regressão linear media da nota da pergunta 6 da PPP em função de ser ou não em parceria com IC ................ 74
Figura 12
Regressão linear media da nota da pergunta 7 da PPP em função de ser ou não em parceria com IC ................ 75
Figura 13
Regressão linear media da nota da pergunta 8 da PPP em função de ser ou não em parceria com IC ................ 76
Figura 14
Regressão linear media da nota da pergunta 9 da PPP em função de ser ou não em parceria com IC ................ 77
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 Histograma para todos os tipos de PPP ............................ 45 Gráfico 2
Histograma para PPP interna ............................................ 45
Gráfico 3
Histograma para PPP externa ........................................... 45
Gráfico 4
Curva teórica da relação nota do projeto concluído em função do percentual dos gastos investido com IC ........... 49
Gráfico 5
Notas das PPP em função do percentual dos gastos realizado com parceiros ..................................................... 50
LISTA DE QUADROS
Quadro 1
Obrigação de investimento em P&D gerada por ano (em R$) ..................................................................................... 16
Quadro 2
Descrição das seções de uma proposta preliminar de projeto ................................................................................ 34
Quadro 3
Previsão de gastos em PPP conduzida internamente (PPP interna) ..................................................................... 38
Quadro 4
Previsão de gastos em PPP com IC (PPP externa) .......... 39
Quadro 5
Perguntas, pontuação e peso das respostas das PPPs .... 40
Quadro 6
Resultado da aplicação do questionário de avaliação da PPP .................................................................................... 42
Quadro 7
Avaliação de PPPs por avaliadores com NENHUMA familiaridade ....................................................................... 44
Quadro 8
Avaliação de PPPs por avaliadores com POUCA familiaridade ....................................................................... 44
Quadro 9
Avaliação de PPPs por avaliadores com MUITA familiaridade ....................................................................... 44
Quadro 10
Relação entre o percentual dos gastos do projeto que foi aplicado em IC com a nota do desempenho do projeto .... 79
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 Resultado do teste não paramétrico (Teste das Somas de Wilcoxon) para as respostas ao questionário .................... 78
LISTA DE ABREVIATURAS
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANP Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis
CEO Chief Executive Officer
CTE Comitê tecnológico estratégico
CTO Comitê tecnológico operacional
HH Homem-hora
IC Instituição credenciada pela ANP
P&D Pesquisa e desenvolvimento
PPP Proposta preliminar de projeto
SMS Segurança, meio ambiente e saúde
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................ 13
1.1 PROBLEMA DE PESQUISA ................................................................... 14
1.2 RELEVÂNCIA .......................................................................................... 16
1.3 ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO ........................................................... 18
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................... 20 2.1 CARACTERIZAÇÃO DO EFEITO HALO ................................................ 20
2.2 O EFEITO HALO NO MUNDO CORPORATIVO .................................... 25
2.3 MODELOS DESCRITIVOS DO EFEITO HALO ...................................... 27
2.4 FONTES DO EFEITO HALO ................................................................... 29
2.5 MÉTODOS DE DETECÇÃO E DE REDUÇÃO DO HALO ...................... 31
3 A SISTEMÁTICA DE APROVAÇÃO DE PROJETOS DE P&D DA EMPRESA ............................................................................................... 32
3.1 O CICLO DE DIRECIONAMENTO TECNOLÓGICO .............................. 32 3.2 O PROCESSO DE PROPOSIÇÃO E PRIORIZAÇÃO DE PROJETOS .. 33 3.3 A ESTRUTURA DA PROPOSTA PRELIMINAR DE PROJETO ............. 34 4 EXPERIMENTO PARA ANALISAR A EXISTÊNCIA DO EFEITO
HALO NA AVALIAÇÃO TÉCNICA DAS PPPS .................................................. 36 4.1 METODOLOGIA DO EXPERIMENTO .................................................... 36 4.2 RESULTADO DO EXPERIMENTO ......................................................... 41 5 ESTUDO 2 – SURVEY ........................................................................................ 48 5.1 METODOLOGIA DA SURVEY ................................................................ 48 5.2 RESULTADO DA SURVEY ,,,,,................................................................ 49 6 DISCUSSÃO ........................................................................................... 52 6.1 DELIMITAÇÕES ...................................................................................... 54 7 CONCLUSÃO ......................................................................................... 55 7.1 SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS ........................................ 55 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................... 57
ANEXO A - A OBRIGAÇÃO DE INVESTIMENTO EM P&D IMPOSTA PELA ANP .............................................................................................. 62
ANEXO B - ESTRUTURA DA PROPOSTA PRELIMINAR DE PROJETO (PPP) ..................................................................................... 64
ANEXO C - RESULTADO DOS TESTES ESTATÍSTICOS .................... 70
13
1. INTRODUÇÃO
Projetos de pesquisa e desenvolvimento (P&D) possibilitam que empresas
inovem, o que lhes confere vantagem competitiva no seu campo de atuação. A
escolha de projeto de P&D deve levar em conta o potencial deste em atender, no
todo ou em parte, uma estratégia previamente estabelecida na empresa. As
organizações normalmente possuem mais propostas de projeto do que recursos
disponíveis, o que as força a determinar, periodicamente, quais serão iniciados,
continuados e encerrados.
Embora a realização de projetos de P&D ocorra por iniciativa das organizações,
uma vez que estes lhes provêm a oportunidade de alcançar benefícios econômicos,
algumas empresas brasileiras são obrigadas por agências reguladoras a investir um
percentual mínimo de seu faturamento em P&D. No caso de empresas do setor
elétrico e de energia, que tipicamente apresentam faturamentos significativos, o
valor mínimo a ser investido em P&D é em geral bastante alto, o que resulta no
desafio de se selecionar, executar e gerir uma enorme quantidade de projetos.
Mais especificamente no caso de empresas do setor de óleo e gás, a Agência
Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) estabelece que no
mínimo metade do investimento total em P&D das companhias deve ser feito em
projetos em parceria com instituições credenciadas (IC) pela ANP. As ICs são
geralmente universidades brasileiras, embora possam ser também centros de P&D,
desde que também brasileiros. O restante do montante pode ser investido em
projetos de P&D a serem executados pela própria empresa, que serão referidos
como projetos internos. O detalhamento dessa regra está disponível no Anexo A.
É importante ressaltar a especial dificuldade que as empresas de óleo e gás têm
em realizar, no âmbito das ICs, todo o investimento previsto. Isso se dá devido à
magnitude do valor a ser investido. Além disso, o número de pesquisadores nas ICs
altamente qualificados é, com frequência, insuficiente, há limitação de
coordenadores de projeto nas próprias empresas, e a gestão de projetos em
parceria e a prestação de contas destes perante a ANP são bastante complexos.
Uma possível consequência da obrigação de se investir de forma tão significativa
em parcerias com ICs é a de se criar uma avaliação (inconsciente) diferenciada e
seguindo determinado padrão (viés), conforme será indicado adiante. O objetivo
deste trabalho é investigar essa hipótese.
14
Assume-se, nesta pesquisa, que o processo de avaliação de projetos de P&D
segue critérios técnicos e é realizado por profissionais qualificados e isentos.
Entretanto, segundo a literatura sobre tomada de decisão, é real a possibilidade da
existência de vieses atuando no nível do inconsciente, os quais exercem influência
significativa no processo de avaliação.
1.1. PROBLEMA DE PESQUISA
Este trabalho consiste na realização de um estudo que tem por objetivo avaliar a
existência de vieses cognitivos no processo decisório de aprovação de projetos de
P&D em uma multinacional brasileira do setor de óleo e gás, que será referida aqui
como EMPRESA.
A possibilidade de haver um viés de avaliação a favor da aprovação de projetos
em parcerias com IC surge como uma hipótese a ser investigada neste trabalho em
razão da vasta literatura sobre tomada de decisão que sugere que o julgamento
sobre atributos de um objeto pode ser influenciado, sem que haja consciência de tal
influência, por alguma impressão prévia que se tenha a respeito desse objeto. Essa
impressão prévia é denominada de “halo”, e o viés cognitivo resultante é
denominado “efeito halo”. O efeito halo é definido de forma geral como a influência
de uma avaliação inicial sobre determinado objeto (uma pessoa, uma empresa ou
um projeto de P&D) na avaliação de atributos específicos desse objeto (NISBETT;
WILSON, 1977). O efeito halo tem sido caracterizado como capaz de alterar
percepções, inclusive de atributos relativamente não ambíguos e sobre os quais o
avaliador tenha suficiente informação para exercer um julgamento independente e
de qualidade (NISBETT; WILSON, 1977).
Asch (1946) sugere que o efeito halo se relaciona à teoria de dissonância
cognitiva. De acordo com essa teoria, as pessoas são usualmente motivadas a
reduzir ou evitar inconsistências psicológicas (PLOUS, 1993) e, como afirma
Festinger (1957), tentamos, sempre que possível, reduzir dissonâncias cognitivas.
Isso é feito de diversas formas, e o efeito halo é descrito como uma dessas formas
(ASCH, 1946). Uma vez formada a impressão sobre algum objeto foco de atenção,
novas informações que sirvam para testar a validade dessa impressão, caso tenham
características subjetivas e, portanto, ambiguidade em termos de como podem ser
interpretadas, recebem a interpretação que as torna consistentes com a impressão
15
inicial (ASCH, 1946; FESTINGER, 1957; KAHNEMAN, 2012). Em outras palavras, o
contexto decisório resolveria as ambiguidades. O efeito halo é, nessa linha de
pensamento, um viés de supressão de ambiguidades (em direção à impressão inicial
que exerce o papel de halo).
Projetos de P&D em parceria com ICs (projetos externos) têm que ser aprovados
(em determinado número), conforme indicado. É, sem dúvida, natural e esperado
que esse fato não passe despercebido pelos avaliadores de propostas preliminares
de projetos. Na medida em que a cultura da organização seja a de somente executar
projetos de boa qualidade, pode criar-se um “desejo” de que a proposta preliminar
seja de boa qualidade, ou seja, gera-se um pensamento do tipo “espero que essa
proposta preliminar de projeto seja boa; assim cumprimos as determinações
existentes sem violarmos os padrões de qualidade dos projetos sob
responsabilidade desta organização”. Este estudo se concentra no processo de
avaliação técnica das propostas de projeto de P&D. Essa avaliação, conforme será
mostrado, inclui majoritariamente critérios subjetivos, aos quais são atribuídos
pesos. Parece razoável, em consequência, assumir, como hipótese, a existência de
um efeito halo no processo.
Em face de tais especulações, tendo como referência o que dispõe a literatura
especializada, a pergunta de pesquisa que se pretende responder é: Existe um viés
(efeito halo) na avaliação técnica das propostas de projetos de P&D, em razão de
estes serem fruto de parceria com alguma instituição credenciada?
O que motivou tal estudo, conforme já mencionado, foi a constatação da
dificuldade da EMPRESA em investir o montante destinado a P&D em parceria com
ICs, o que poderia estar induzindo a um halo: se o projeto for ser realizado em
parceria, então ele passa a ser visto como mais atraente. Tal halo poderia estar
atuando, ainda que em nível inconsciente, no momento de avaliação técnica das
propostas de projeto, levando à composição de uma carteira de projetos subótima.
Esta dissertação incluiu um segundo estudo. Uma possível decorrência da
necessidade de se cumprir a exigência de investimento em P&D, imposta pela
agência reguladora, é a existência de uma carteira de projetos de P&D não
otimizada, composta por projetos que não são os de maior atratividade técnica para
a EMPRESA. Uma maneira de se buscar avaliar a concretização dessa hipótese é
por meio da comparação do desempenho dos projetos internos com o desempenho
daqueles que foram realizados com IC. O segundo estudo, focado nessa
16
comparação, foi realizado junto a gestores de projetos já concluídos, na forma de
uma survey, visando-se a quantificar o resultado de tais projetos, por meio da
atribuição de uma nota. Isso permitiu comparar a nota recebida de cada projeto e o
percentual de seus gastos realizados junto a IC. É importante lembrar que, quando
um projeto é realizado em parceria com IC, ainda assim parte de seus gastos é
interna (gastos com gestão, pesquisadores da própria EMPRESA, entre outros). O
percentual de gastos de um projeto junto a IC pode variar entre zero, no caso de
projetos internos, a cem, no caso hipotético em que todos os gastos fossem junto a
ICs (o que não ocorre na prática, pois sempre há gastos com atividades de gestão,
que são declarados à ANP como passíveis de cumprimento da obrigação de
investimento em projetos internos).
Esta dissertação inclui, portanto, dois estudos, que se complementam. O
primeiro, um experimento, buscou indícios da ocorrência do efeito halo no momento
em que os pesquisadores avaliam as propostas de projeto de P&D da empresa. O
segundo, uma survey, buscou verificar se a possível tendência de se avaliarem os
projetos em parceria com IC de forma mais benevolente– mesmo aqueles com
menor mérito técnico – vem impactando a qualidade dos resultados desses projetos.
1.2. RELEVÂNCIA
A EMPRESA estudada é de grande porte e possui um relevante centro de
pesquisa e desenvolvimento, cujo objetivo maior é disponibilizar soluções
tecnológicas para a companhia. Em 2014, o montante gasto com P&D ultrapassou 1
bilhão de reais, o que evidencia a relevância do processo de aprovação de projetos.
O Quadro 1 exibe os valores, em reais, a serem despendidos pela EMPRESA e por
outras concessionárias com P&D entre 1998 e 2014, como decorrência da obrigação
contratual imposta pela ANP.
Quadro 1: Obrigação de investimento em P&D gerada por ano (em R$)
Ano EMPRESA Outras Concessionárias Total
1998 1.884.529 1.884.529
1999 29.002.556 29.002.556
17
2000 94.197.339 94.197.339
2001 127.274.445 127.274.445
2002 263.536.939 263.536.939
2003 323.299.906 323.299.906
2004 392.585.953 11.117.686 403.703.639
2005 506.529.318 2.279.136 508.808.454
2006 613.841.421 2.547.915 616.389.336
2007 610.244.146 6.259.121 616.503.267
2008 853.726.089 7.132.144 860.858.233
2009 633.024.264 5.858.020 638.882.284
2010 735.337.136 11.579.885 746.917.021
2011 990.480.683 41.416.212 1.031.896.895
2012 1.148.763.766 77.922.924 1.226.686.690
2013 1.161.786.262 98.080.694 1.259.866.956
2014 1.246.469.446 161.095.784 1.407.565.230
TOTAL 9.731.984.197 425.289.522 10.157.273.719
Dentre as possíveis consequências decorrentes do possível viés a ser avaliado
neste trabalho destacam-se: projetos cujos objetivos previstos não se alinhem
plenamente aos desafios estratégico-tecnológicos da companhia; execução de
projetos com grupos de pesquisadores de ICs que não sejam os mais qualificados
para tal; seleção de projetos com escopo e prazo inadequados; rigor insuficiente no
acompanhamento dos projetos por apresentarem baixa expectativa de retorno; e
grande número de projetos a se gerir (tamanho do portfolio).
É plausível supor que essas implicações indesejadas possam ocorrer em outras
empresas do setor com atividades no Brasil, sujeitas à mesma obrigação perante a
ANP. Tal efeito também poderia ocorrer com empresas sujeitas a obrigações
18
semelhantes de investimento em P&D, impostas por outras agências reguladoras,
como a ANEEL, de modo que os resultados deste trabalho podem interessar a
essas instituições. Sob uma óptica ainda mais ampla, uma eventual constatação do
efeito halo na avaliação de propostas de projetos de P&D pode servir como alerta
para o processo de seleção de projetos de qualquer empresa.
Cabe ressaltar finalmente que, conforme será discutido no capítulo seguinte, o
efeito halo pode ocorrer de forma inconsciente, principalmente onde houver
ambiguidades, incerteza sobre o significado das categorias avaliadas, e não
expertise sobre o conteúdo avaliado. O esforço de se tentar detectá-lo deve, pois,
passar pelo procedimento científico, com o desenho de um experimento,
levantamento dos dados, avaliação e publicação dos resultados. Apesar de a
medição do efeito halo nem sempre ser imediata, ela é fundamental em algumas
situações. No caso deste trabalho, o montante envolvido no aporte em projetos de
P&D, anualmente, gira em torno de 1 bilhão de reais, conforme citado. Sabe-se que,
no mínimo, metade desse valor é investido em projetos em parceria com IC. Caso o
processo de aprovação das propostas desses projetos esteja sujeito a vieses, os
impactos à EMPRESA podem ser de imensa relevância.
Embora este trabalho não foque a estimativa dos tipos desses impactos, nem
sua quantificação, a metodologia de medição de halo aqui adotada pode ser
replicada em outros processos da EMPRESA, e também em processos semelhantes
de outras organizações.
1.3. ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO
O restante do trabalho está organizado da seguinte forma: no Capítulo 2, o efeito
halo será discutido – conceito, aplicações em diversos contextos e formas de
medição. No Capítulo 3, explicar-se-á como a estratégia da EMPRESA se desdobra
em metas e projetos de P&D. Também nesse capítulo será descrito o procedimento
de criação, avaliação e aprovação das propostas de projeto de P&D na EMPRESA.
No Capítulo 4 será apresentada a metodologia de pesquisa adotada para a
realização do experimento em que se testou o efeito halo, assim como os resultados
obtidos. O Capítulo 5 apresenta a metodologia usada para quantificar o resultado de
projetos de P&D concluídos, por meio da survey, assim como seus resultados. No
Capítulo 6, discutem-se os resultados obtidos, e apresentam-se as limitações do
19
trabalho. Por fim, o Capítulo 7 apresenta a conclusão do trabalho, com a sugestão
de estudos subsequentes.
20
2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1. CARACTERIZAÇÃO DO EFEITO HALO
Ainda que sem usar o termo “efeito halo”, Wells (1907) constatou um “erro
constante” na avaliação do mérito literário de dez autores, em dez categorias e em
um item global. Ele identificou a tendência, por parte dos examinadores, de
avaliarem atributos sob a influência de uma percepção geral, principalmente para as
categorias mal definidas.
Thorndike (1920) descreveu o efeito halo, ou “erro do halo”, como a tendência de
se pensar que um indivíduo é, de uma forma geral, bom ou mau, superior ou inferior,
e de se efetuarem julgamentos sobre suas qualidades sob a influência de tal
tendência. Logo, o termo “halo” foi empregado para se referir ao erro constante
verificado nos resultados de estudos de avaliação de indivíduos, os quais mostraram
correlação bastante elevada entre seus atributos. Em um estudo mencionado por
Thorndike (1920), em que se avaliaram militares quanto a quatro atributos –
inteligência, aspectos físicos, personalidade e liderança –, frisou-se aos oficiais que
considerassem cada característica de forma independente das demais. Mesmo
assim, a correlação entre os atributos avaliados foi superior à suposta correlação
real. Um dos avaliadores avaliou 137 cadetes de aviação supervisionados por ele. A
correlação do atributo inteligência com os atributos aspectos físicos, liderança e
caráter foi de 0,51, 0,58 e 0,64, respectivamente. Segundo Thorndike, os pares
inteligência e caráter, e inteligência e liderança, deveriam ter correlação três vezes
mais próxima do que a correlação entre inteligência e aspectos físicos.
Ainda na primeira metade do século XX, Newcomb (1929, 1931) documentou e
anteviu problemas advindos do efeito halo: em sua pesquisa, ele constatou que
quando campistas eram avaliados ao final do verão, as correlações entre categorias
eram bem superiores às correlações derivadas de observações diárias, o que
sugere que lapsos na memória, sobre determinadas características, seriam supridos
pela disponibilidade de informação a respeito do indivíduo sendo avaliado, conforme
será detalhado mais adiante neste capítulo.
Diversos estudos subsequentes apontaram para a presença do efeito halo no
processo de avaliação de indivíduos. Dion et al. (1972) publicaram um artigo
bastante citado, cujos resultados apontam para a tendência de se formarem
estereótipos a partir de aspectos físicos, principalmente a aparência do rosto.
21
Indivíduos fisicamente atraentes são vistos como tendo personalidades mais
desejáveis socialmente, e lhes é atribuída maior chance de sucesso em diversas
dimensões.
Cada um dos 60 estudantes participantes da pesquisa de Dion et al. (1972),
metade de cada sexo, recebeu três envelopes, cada um contendo uma foto de uma
pessoa de idade próxima à do avaliador. Uma das fotos era de um indivíduo
atraente, outra era de um indivíduo de atração média, e a terceira foto era de
indivíduo não atraente. Para cada envelope, os estudantes foram instruídos a avaliar
27 traços de personalidade da pessoa da foto, listados em ordem aleatória (altruísta,
convencional, estável, genuíno, sensitivo, sociável, competitivo, entre outros).
Posteriormente, receberam uma lista com outros cinco traços de personalidade, para
responderem qual das três pessoas das fotos mais e menos provavelmente
apresentaria cada um deles. As cinco características eram: afabilidade, entusiasmo,
atratividade física, postura social e confiabilidade. Os estudantes também foram
solicitados a apontar qual dos três avaliados teria mais e menos chance de vivenciar
alguns tipos de experiência. Esses tipos de experiência compuseram índices de
felicidade em quatro áreas: vida conjugal, paternidade, social/profissional, e
felicidade geral (soma dos anteriores). Por fim, foram orientados a classificar o nível
de status profissional de cada individuo fotografado.
Os resultados obtidos mostraram alta correlação entre atratividade do indivíduo e
as características sociais desejáveis. A única característica que se apresentou
inferior para as pessoas mais atraentes foi a competência para ser pai ou mãe.
Homens e mulheres mais atraentes são vistos como mais prováveis de ter
profissões de maior prestigio, casamentos mais felizes e maior realização social.
Na tentativa de avaliar se a aparência física é levada em conta na avaliação de
outros atributos, Landy e Sigall (1974) solicitaram a alunos universitários do sexo
masculino que lessem um texto elaborado por uma aluna, para, em seguida, avaliar
a qualidade da redação, assim como diversas habilidades da escritora. Havia duas
versões de texto: uma de melhor e outra de pior qualidade. Para cada uma das
versões, o texto foi acompanhado: ou de uma foto de uma mulher atraente, ou de
uma foto de uma mulher não atraente, ou de nenhuma foto. De uma forma geral, os
textos com mais qualidade foram mais bem avaliados que os de pior qualidade.
Tanto para a redação de maior quanto para a de menor qualidade, os textos
acompanhados de foto da mulher atraente foram mais bem avaliados que os textos
22
sem foto, que por sua vez foram mais bem avaliados que os textos com fotos de
uma mulher não atraente. O impacto da atratividade foi mais acentuado na avaliação
da redação de qualidade inferior.
O efeito halo também foi estudado no campo da política. Olivola e Todorov
(2010) mostraram que a aparência do candidato está correlacionada com sua
probabilidade de ser eleito, e que tal relação é especialmente marcante quando não
há percepção sólida quanto à competência do candidato. Verhulst et al. (2010)
utilizaram os dados do estudo de Olivola e Todorov (2010) para sugerir que a
percepção de atratividade e de familiaridade atuam diretamente no processo de
determinação da competência do candidato, assumindo, assim, papel ainda mais
importante na probabilidade de sua eleição.
No Brasil, são raras as menções ao efeito halo como a fonte de vieses em
julgamentos e processos decisórios no cenário doméstico. A maioria da literatura
brasileira que trata do efeito halo não o faz como tema central de estudo. Ele é
mencionado como possível ocorrência na realização de avaliações, notadamente de
indivíduos e de produtos, principalmente em publicações na área de marketing, mas
também na área médica e em estudos de internacionalização de produtos (BREI;
ROSSI, 2005; DOMINGUES; AMARAL; ZEFERINO, 2007; GIRALDI; CARVALHO,
2004; GIRALDI; IKEDA; CARVALHO, 2008; LOTTA, 2002; URDAN, 2004).
Contudo, existem menções ao efeito halo relacionadas aos negócios. A revista
Época, em 2008, descreve alguns exemplos do viés em julgamentos associados a
questões políticas:
Com a economia brasileira em alta, o presidente Lula bateu recordes de popularidade, mesmo durante o escândalo político do mensalão. Nos Estados Unidos, logo após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, quando um sentimento de união tomou conta do país, o presidente Bush foi bem avaliado em pesquisas sobre sua política econômica. Inversamente, quando as críticas à invasão do Iraque aumentaram, os americanos avaliaram sua conduta da economia como ruim. (COHEN, 2008).
Diniz (2014) sugere que evidências de incidência do efeito halo acompanharam o
noticiário sobre o desempenho das empresas de Eike Batista a partir de 2012. Em
junho de 2012, a mídia tornou público o baixo desempenho financeiro e operacional
da holding EBX. A partir desse momento, argumenta Diniz, as avaliações
supostamente neutras, por parte da mídia, sobre as estratégias e liderança de Eike
Batista, até então descritas como visionárias e de execução impecável, passaram a
23
ser totalmente diferentes. Alguns exemplos de informações sobre Eike Batista antes
de junho de 2012:
• A revista Carta capital declarou, em 2011: “Entre os líderes
empresariais, Eike Batista, o homem mais rico do País e homem-forte do Grupo
EBX, é considerado o empresário mais respeitado do Brasil em 2011” (CAPITAL,
2011).
• Em janeiro de 2012, a revista Veja dedicou ao empresário a capa "Eike Xiaoping"
e afirmou (na carta ao leitor) que o empresário seria a cara de um Brasil que
"trabalha muito, compete honestamente, orgulha-se de gerar empregos e não se
envergonha da riqueza" (CARVALHO et al., 2012, p.77). A capacidade para atrair
executivos de sucesso era exaltada: Sua “voracidade pelos melhores talentos”
garantiu “nacos inteiros de equipes de suas principais concorrentes, incluindo
Petrobras e Vale” (FRANÇA; SOARES, 2008).
A partir do segundo semestre de 2012, o padrão das reportagens se alterou, de
forma imediata. Alguns exemplos, conforme assinala Diniz (2014):
• No segundo semestre de 2012, a revista Época, em reportagem ainda em tom
parcialmente elogioso ao empresário, usa uma linguagem mais ambígua ao
descrevê-lo: “Ousado” ou “temerário”? “Oportunista” ou “empreendedor”?
(NEGÓCIOS, 2014).
• A revista Veja, em 2013, afirma que “Eike foi vítima de Eike, da arrogância, da
megalomania” (CONSTANTINO, 2013a).
• A ousadia e o otimismo, antes elogiados, agora são apresentados como “excesso
de confiança”, e sua genialidade se limitava a vender projetos (FIGUEIRA, 2013).
• O sucesso de Eike havia se dado muito mais a fatores externos do que a mérito
pessoal (CONSTANTINO, 2013b). A revista Exame, em 2013, apontou os sete
24
erros de Eike. Dentre eles, fragilidade em definir estratégias, inabilidade em definir
políticas de bonificação de executivos, promoção somente de otimistas, e
confusão entre ambição e pressa (JUBILONI, 2013).
Em outro estudo brasileiro, Santos Junior (2015) apresenta uma descrição e
análise penetrantes sobre a possibilidade de vieses cognitivos terem influenciado o
processo decisório associado a tragédia do voo 655 da Iran Air, com 290 pessoas a
bordo, abatido pelo USS Vincennes em 1988. O Airbus 300 foi confundido com um
F-14 iraniano. É nítido o descompasso entre a reconstrução dos fatos a partir dos
dados gravados a bordo do navio e a interpretação desses mesmos dados pelos
seus tripulantes – segundo Santos Junior (2015): “Enquanto os dados gravados
mostravam que se tratava de uma aeronave comercial, a mesma era percebida pela
tripulação como um F-14 iraniano na eminência de um ataque ao navio”.
Embora Santos Junior não cite diretamente o efeito halo como o viés cognitivo
em ação no caso, a caracterização do viés como uma manifestação do efeito halo é,
acredita-se, justificada e consistente. O cenário no USS Vincennes, nas três horas
que antecederam a decisão de lançamento dos dois mísseis, é descrito como de alta
tensão (havia um engajamento em curso entre o Vincennes e lanchas iranianas, e
havia a presença de uma aeronave P-3 iraniana no local). Por uma infeliz
coincidência, naquele exato momento, o navio acabou posicionado sob a aerovia
que minutos depois seria utilizada pela aeronave comercial iraniana. Esse contexto,
cuja tensão fica acentuada por eventos pontuais (ver Santos Junior, 2015) nos
momentos que antecederam a tragédia, levou, presumivelmente, a uma
interpretação de informações inconclusivas (e envolvendo algum grau de
ambiguidade), recebidas nos instantes daquela manhã de 3 de julho de 1988,
consistente com a impressão geral predominante no navio naquele momento. Esse
é exatamente o efeito halo em ação. Como afirma Kahneman, ao comentar sobre a
interpretação dada aos elementos da Figura 1 (onde o símbolo 13 pode ser
interpretado tanto como o número 13 quanto como a letra B, e a palavra “Banco”
pode se referir a um “prédio com caixas e dinheiro” ou a algo diferente, se você
estiver pensando, por exemplo, em “praças”):
O contexto todo ajuda a determinar a interpretação de cada elemento. A forma é
ambígua, mas você tira uma conclusão precipitada sobre sua identidade e não toma
consciência da ambiguidade que foi resolvida. (KAHNEMAN, 2012 p. 104).
25
Figura1 – Influência do contexto na interpretação (KAHNEMAN, 2012, p. 104)
2.2. O EFEITO HALO NO MUNDO CORPORATIVO
A ocorrência do efeito halo no ambiente corporativo tem sido amplamente
estudada. Em um trabalho relacionado à teoria da atribuição, que busca
compreender como as pessoas atribuem causalidade a eventos observados, Staw
(1975) realizou uma pesquisa com 60 alunos do curso de graduação em
administração de empresas da universidade de Illinois, que foram divididos em
grupos de três pessoas. Cada grupo recebeu informação financeira sobre uma
empresa de médio porte, não muito conhecida, da área de eletrônicos, e foi
solicitado a projetar seu lucro por ação para o ano seguinte, em 30 minutos. Feito
isso, o aplicador do experimento aleatoriamente disse a alguns grupos que eles
tinham feito projeções muito precisas, e que estavam entre os 20% melhores; para
outros grupos, foi dito o contrário. Em seguida, cada grupo se reuniu para preencher
um questionário sobre seu desempenho, com perguntas sobre coesão do grupo,
influência, comunicação, motivação, entre outros. Ainda que não tenha havido
diferença no desempenho entre os grupos rotulados como sendo de alto e de baixo
desempenho, os resultados mostraram que os grupos aleatoriamente caracterizados
como de alto desempenho se autoavaliaram de forma mais positiva que os grupos
de suposto baixo desempenho. A avalição do desempenho de colegas do próprio
grupo seguiu o mesmo padrão.
Posteriormente ao trabalho de Staw (1975), McElroy e Downey (1982) decidiram
replicar o mesmo experimento, utilizando os mesmos dados, porém com
respondentes que tinham um histórico de atuação em conjunto. Além disso, foi-lhes
concedido maior tempo para estimativa do parâmetro. Mesmo com tais
modificações, o efeito da atribuição se configurou de forma semelhante à do estudo
anterior.
Os resultados dos estudos citados acima são importantes, pois mostram que os
processos de avaliação de desempenho, bem como os de autoavaliação, são
passíveis de distorção quando se tem informação sobre o resultado do trabalho, o
que ocorre comumente nas organizações. Outro trabalho relevante a respeito de
26
vieses relacionados a julgamentos, nesse caso sobre o desempenho de
organizações, é o de Rosenzweig (2007). Segundo ele, erros de atribuição ocorrem
frequentemente porque muitos conceitos de gestão e negócios, tais como liderança
e cultura corporativa, são ambíguos e difíceis de definir. Com isso, nossa percepção
de tais conceitos fica baseada em outros que parecem mais concretos e tangíveis,
notadamente o desempenho financeiro das corporações.
Como exemplo de seu argumento, Rosenzweig (2007) cita o caso da empresa
Dell Computer. Em fevereiro de 2005, a empresa foi considerada a mais admirada
do mundo pela revista Fortune. Porém, dois anos depois, diante de uma forte queda
em seus resultados, seu presidente foi retirado, no intuito de se recuperar a
companhia. Rosenzweig (2007) critica a atitude da mídia e de especialistas, que
atacaram o modelo de negócio da empresa, acusaram-na de ter-se acomodado, e
atribuíram seu fracasso à sua liderança e a questões culturais. O autor mostra
diversas ações da empresa que contrariam tais acusações: a aquisição da
ConvergeNet, a redução de custos e a expansão de sua manufatura para produtos
relacionados.
Rosenzweig (2007) defende que o desempenho de uma empresa cria uma
impressão geral na forma como percebemos sua estratégia, liderança, seus
empregados, cultura e outros elementos. Quando uma empresa vivencia um
momento próspero, com aumento de vendas e valorização de suas ações,
observadores naturalmente inferem que essa empresa possui uma estratégia
eficiente, uma liderança visionária, empregados motivados, foco no cliente, cultura
vibrante, e assim por diante. É até mesmo comum atribuir-se relação de
causalidade: as características da empresa, quando esta desempenha bem, seriam
causas de seu sucesso. Mas quando, pouco tempo depois, essa mesma empresa
sofre um declínio, atribui-se o pior desempenho às mesmas características que
outrora foram consideradas causa do seu sucesso. Segundo Kahneman (2012,
p.212), “devido ao efeito halo, compreendemos a relação causal do modo inverso:
ficamos inclinados a acreditar que a empresa fracassa porque seu CEO é inflexível,
quando a verdade é que o CEO parece inflexível porque a empresa está indo mal”.
27
2.3. MODELOS DESCRITIVOS DO EFEITO HALO
Na visão de Kahneman (2012, p.85), “o efeito halo é uma das maneiras pelas
quais a representação do mundo que o Sistema 1 gera é mais simples e mais
coerente do que a coisa real”. Os termos “Sistema 1” e “Sistema 2” fazem referência
a dois sistemas na mente, tendo sido cunhados pelos psicólogos Stanovich e West
(2000). Kahenman (2012) refere-se ao Sistema 1 e ao Sistema 2 para descrever a
vida mental com a metáfora de dois agentes que produzem, respectivamente, o
pensamento rápido e o lento. Enquanto este opera de maneira ágil e automática,
requerendo pouco esforço, aquele requer atenção para a realização de operações
mais complexas. Detectar que um objeto está mais distante que outro, orientar-se
em relação à fonte de um som repentino e detectar hostilidade em uma voz são
atividades que acionam o Sistema 1, enquanto manter-se no lugar para o tiro de
largada numa corrida, concentrar-se na voz de determinada pessoa em uma sala
cheia e barulhenta, contar as ocorrências da letra “a” numa página de texto e
verificar a validade de um argumento lógico complexo são atividades demandantes
do Sistema 2 (KAHNEMAN, 2012). Ainda segundo o autor, embora o Sistema 1
provenha respostas ágeis, que não requerem muito esforço, seu uso na resolução
de determinados problemas pode levar a erros sistemáticos que se repetem de
forma previsível, denominados vieses (KAHNEMAN, 2012).
Além da visão de que o efeito halo é causado por uma impressão geral do
avaliador acerca do objeto avaliado (THORNDIKE, 1920; WELLS, 1907), o
fenômeno também é entendido como o resultado da influência de alguma dimensão
avaliada sobre as demais. Tal entendimento é conhecido como modelo da dimensão
saliente. Num experimento em que alunos formaram impressões sobre pessoas, a
partir de uma pequena lista de características, Asch (1946) notou que algumas
características eram centrais para a formação da impressão, e que a interpretação
de um traço de personalidade variava em decorrência do contexto de outros traços,
o que mostra a influência de um atributo na avaliação dos demais.
De forma semelhante, Fisicaro e Lance (1990) descrevem três modelos que
explicam a ocorrência do efeito halo: o modelo da impressão geral, o modelo da
dimensão significativa e o modelo de discriminação inadequada. No primeiro
modelo, o efeito halo é visto como “a tendência de um avaliador permitir que
impressões gerais de um indivíduo influenciem o julgamento do desempenho
28
daquele indivíduo ao longo de diversas dimensões quase-independentes de
desempenho no trabalho” (KING et al., 1980, p.507), ou como “a influência de uma
avaliação global em avaliações de atributos individuais de uma pessoa” (NISBETT;
WILSON, 1977, p.250). Essa visão coincide com a daqueles que iniciaram o uso do
termo “efeito halo”, como Wells (1907) e Thorndike (1920), conforme exposto no
início deste capítulo.
No modelo da dimensão significativa, o efeito halo é visto como “a tendência de
um avaliador em permitir que a avaliação de um determinado atributo de um
indivíduo influencie sua avaliação de outros atributos daquele indivíduo” (ROBBINS,
1989). Essa visão coincide com a exemplificada por meio do trabalho de Asch
(1946), citado acima. Kahneman (2012), ao alegar que o efeito halo contribui para a
coerência porque nos inclina a equiparar nossa visão de todas as qualidades de um
determinado objeto com nosso julgamento de um único atributo que nos seja
relevante, está apresentando uma interpretação de efeito halo sob a óptica do
modelo da dimensão significativa. Ao entender o efeito halo como tendência de se
proceder à avaliação baseando-se em um só traço, Robbins (1989) também
apresenta uma visão associada a esse modelo.
No modelo de discriminação inadequada, o efeito halo é conceituado como “o
fracasso do avaliador em discriminar aspectos distintos e potencialmente
independentes do comportamento do avaliado” (SAAL et al., 1980, p.413). O uso,
por parte do avaliador, da heurística da representatividade (TVERSKY; KAHNEMAN,
1974), em que a semelhança entre atributos é confundida com covariância entre
eles, ilustra a ocorrência do efeito halo sob a óptica do modelo da discriminação
inadequada.
Lance et al. (1994) realizaram um estudo visando a determinar se as condições
de avaliação poderiam ser manipuladas de tal forma a ocasionar as diferentes
formas de erro de avaliação propostas por Fisicaro e Lance (1990), ou se o erro
previsto no modelo da impressão geral ocorre independentemente do contexto de
avaliação. Os resultados mostraram que o erro relacionado ao modelo da impressão
geral ocorre mesmo quando as condições experimentais são projetadas para induzir
outras formas de erro do efeito halo, o que sugere que “o erro do avaliador é um
fenômeno unitário que deve ser definido como a influência da impressão geral de um
avaliador nas avaliações de qualidades específicas do avaliado” (LANCE et al.,
1994, p.332).
29
2.4. FONTES DO EFEITO HALO
Os estudos relatados até aqui realçam o ato humano de se julgar atributos de
forma melhor ou pior, em função de alguma impressão sobre o que está sendo
avaliado. É marcante que tal fenômeno ocorra mesmo quando se explicita ao
avaliador que ele deve se atentar para apenas o atributo que estiver sendo avaliado.
Como a mente funciona nesse processo de julgamento? Quão consciente somos
dos processos cognitivos que ocorrem na formulação de um julgamento?
Nisbett e Wilson (1977) avaliaram a capacidade de acesso introspectivo a
processos cognitivos. Eles constataram que, ocasionalmente, as pessoas não têm
ciência da existência do estímulo que influencia uma determinada resposta de
maneira significativa; às vezes nem mesmo se dão conta da existência do estímulo.
Às vezes são incapazes de detectar a existência de respostas a estímulos, e outras
vezes não se dão conta da ocorrência de um processo de inferência. Os autores
também verificaram que, quando as pessoas avaliam algum processo cognitivo
empregado na elaboração de alguma resposta, o fazem não a partir de um ato de
introspecção, mas com base em teorias causais implícitas estabelecidas a priori. A
terceira e última conclusão do trabalho de Nisbett e Wilson (1977) é que nos casos
em que os relatos dos processos mentais ocorridos na elaboração da resposta são
reportados corretamente, o sucesso se dá em razão da aplicação de teorias causais
implícitas incidentalmente corretas, e não por causa de um acesso ao introspectivo.
Cooper (1981) avaliou diversos estudos sobre o efeito halo, com a finalidade de
identificar possíveis fontes do fenômeno. Um aspecto importante sobre o efeito halo
é que nem sempre ele ocorre por falha do avaliador. Os comportamentos
observados podem ser de fato correlacionados, ou as categorias a serem avaliadas
podem ser redundantes, casos em que há um halo verdadeiro, conforme
apresentado por Bingham (1939). Cooper (1981) argumenta que as habilidades
requeridas para o desempenho de atividades de algum trabalho normalmente
presumem alguma correlação entre categorias, o que torna as avaliações de
comportamento no trabalho um caso típico de constatação do halo verdadeiro. Há,
contudo, casos em que o halo oriundo da avaliação supera o halo verdadeiro – esse
é o halo ilusório, cujas possíveis fontes serão discutidas em seguida.
A primeira fonte do halo ilusório ocorre, segundo Cooper (1981), quando o
avaliador tem amostra insuficiente do comportamento avaliado, ficando passível de
30
maior influência da impressão geral e de observações relevantes e irrelevantes
sobre as categorias. Outra fonte do halo ilusório seria o entendimento, por parte do
avaliador, de que as categorias covariam com a impressão geral ou com a dimensão
saliente, atribuindo maior covariância às categorias. A terceira fonte é a concretude
insuficiente, em que categorias a serem avaliadas não são descritivas o bastante,
nem são devidamente específicas ou concretas, o que leva o avaliador a agregar
informações sobre as categorias, utilizando erradamente informação de uma
categoria na avaliação de outra – a avaliação final das categorias fica redundante e
sobreposta. Ainda segundo Cooper (1981), quando o avaliador apresenta
conhecimento e motivação insuficientes, ou distorções cognitivas, o halo ilusório
tende a se configurar.
Como se pode notar, as fontes do halo ilusório se baseiam na teoria de que
avaliadores são influenciados pela semelhança aparente entre categorias ou
atributos, o que os leva a estimar erradamente sua covariância. Isso se relaciona à
heurística da representatividade (TVERSKY; KAHNEMAN, 1974), evocada,
tipicamente, quando se pretende avaliar alguma destas probabilidades: de um objeto
A pertencer a uma classe B, do evento A ser originado do processo B, e do processo
B gerar o evento A. Segundo Tversky e Kahneman (1974), a heurística se concretiza
quando as probabilidades são avaliadas com base em quanto A é representativo de
B, ou seja, pelo quanto A se assemelha a B.
Cooper (1981) explorou os motivos que levariam os avaliadores a atribuir
equivocadamente a covariância dos atributos, tendo concluído que há quatro
processos geradores dessa tendência. O primeiro é a tendência das pessoas em
ignorar taxas de acerto, de modo a se lembrarem de previsões corretas e de se
esquecerem das erradas. Quando acertamos alguma previsão, reforçamos nossa
teoria, sem antes verificarmos qual é de fato nosso índice de acerto. O segundo
processo, descrito por Tversky (1977), é a tendência de vermos similaridades, como
prestar mais atenção aos fatores comuns de um estímulo, ao se fazer julgamentos
de similaridade. A terceira causa seria o viés da confirmação no teste de hipótese,
segundo o qual tendemos a testar hipóteses na tentativa de confirmá-las, em vez de
procurarmos tanto confirmá-las quanto negá-las. Segundo Tversky e Kahneman
(1971), um pequeno número de confirmações pode ser suficiente para reforçar a
ilusão de validade. O quarto motivo seria a propensão a desconsiderarmos
31
informação inconsistente com a impressão que temos do objeto em análise, ou de
algum de seus atributos.
Cooper (1981) apresenta uma visão resumida do processo de criação do halo. O
halo verdadeiro, que tende a ser alto para avaliações de domínios homogêneos, é
acrescido do halo ilusório, quando as categorias são conceitualmente similares, ou
devido a uma série de outros fatores: propensão a ver similaridade e consistência, o
fracasso em nos lembrarmos das taxas de acerto, o viés da confirmação e a
propensão a desconsiderar informação inconsistente com a impressão.
2.5. MÉTODOS DE DETECÇÃO E DE REDUÇÃO DO HALO
Cooper (1981) identifica alguns métodos de detecção do efeito halo. O primeiro,
utilizado por Thorndike (1920), baseia-se no cálculo da correlação entre categorias e
na comparação com o que seria a correlação verdadeira. O segundo método
consiste em computar a variância entre as categorias de cada avaliado e comparar
seu valor ao da variância esperada. Também pode-se identificar a estrutura do fator
entre as categorias e, por fim, é possível avaliar o efeito de categorias manipuladas
em avaliações de categorias não manipuladas, o que permite realizar inferências
sobre o halo ilusório.
Cooper (1981) também aponta métodos de redução do halo: (i) aumentar a
familiaridade do avaliador com o avaliado, (ii) utilizar a avaliação média de diversos
avaliadores, (iii) avaliar categorias irrelevantes (ao avaliar o comportamento
profissional com base na impressão de beleza, por exemplo, poder-se-ia incluir a
categoria ‘beleza’, porque, ao avaliá-la explicitamente, o avaliador teria menos
chance de transpor sua visão desse quesito na avaliação de outras categorias), (iv)
remover componentes globais estatisticamente, (v) avaliar a partir da exposição
atual, dada a tendência a menor halo para observações mais recentes, (vi) avaliar
todos os avaliados em uma categoria, em vez de avaliar todas as categorias de um
mesmo indivíduo ou objeto, (vii) treinar avaliadores para aumentar motivação e
conhecimento, (viii) envolver avaliadores na construção da escala de avaliação, e
(ix) utilizar escalas melhoradas.
32
3. A SISTEMÁTICA DE APROVAÇÃO DE PROJETOS DE P&D DA EMPRESA
3.1. O CICLO DE DIRECIONAMENTO TECNOLÓGICO
A EMPRESA dispõe de uma metodologia que auxilia desde a formulação de sua
estratégia até o desdobramento dessa estratégia em projetos de P&D. Por questões
de confidencialidade, tal metodologia será descrita de forma sucinta, mas ainda
assim suficiente para se entenderem os antecedentes do processo de aprovação de
projetos de pesquisa, que é o foco deste trabalho.
O Plano Estratégico contém os direcionadores e metas de longo prazo, por área
de negócio da EMPRESA. A partir dele determina-se o Direcionamento Tecnológico
Corporativo, que identifica os desafios e objetivos da função tecnologia. A
periodicidade de avaliação do Plano Estratégico e do Direcionamento Tecnológico
Corporativo é de dois anos.
Uma vez definidos esses direcionadores, um Comitê Tecnológico Estratégico
(CTE) define, também bienalmente, os desafios tecnológicos, os programas e áreas
tecnológicas, com seus respectivos objetivos e prazos (metas). Um programa
tecnológico agrupa projetos que têm como objetivo superar demandas identificadas
nos planos de negócio da EMPRESA. As áreas tecnológicas, por sua vez, têm
carteiras de projetos predominantemente disciplinares e voltadas para as
competências essenciais da indústria de energia.
Também a cada dois anos, os comitês tecnológicos operacionais (CTO) se
reúnem para priorizar projetos de pesquisa e desenvolvimento a serem executados
no período. Esses projetos pertencem a algum programa ou área tecnológica, logo
estão também alinhados a algum desafio tecnológico, e seu objetivo é auxiliar no
cumprimento das metas. Os CTOs são agrupados por segmentos: gás e energia,
exploração e produção, abastecimento e transversal.
Figura 2 – Desdobramento da estratégia aos projetos de P&D
33
3.2. O PROCESSO DE PROPOSIÇÃO E PRIORIZAÇÃO DE PROJ ETOS
Ao identificar alguma meta ainda não plenamente atingida, um gestor de carteira
de projetos de P&D da EMPRESA pode enviar uma solicitação de elaboração de
uma proposta preliminar de projeto (PPP) a algum pesquisador de sua equipe. O
pesquisador cria a PPP por meio do preenchimento de um formulário de
detalhamento, que fica disponível em um sistema da EMPRESA. Enquanto a PPP
se encontra em fase de rascunho, o pesquisador que a criou, também conhecido
como proponente da PPP, pode enviá-la a colegas, para que estes a critiquem. Uma
vez finalizado o preenchimento da PPP, o seu proponente a submete para a
avaliação técnica, por meio do sistema. Ao ser notificado sobre o recebimento de
uma PPP para análise, o técnico avaliador, que é um pesquisador bastante
experiente, emite um parecer técnico. Tal parecer passa a fazer parte da PPP, que é
enviada pelo seu proponente para o comitê tecnológico operacional (CTO)
pertinente ao tema. A figura abaixo resume esse processo.
Figura 3 – Processo de proposição e aprovação de projetos de P&D na EMPRESA
Na reunião bienal do CTO, avaliam-se as diversas PPPs que foram submetidas
ao longo do período, tomando-se como base as avaliações técnicas realizadas.
Embora a decisão do CTO não deva ser vinculada à avaliação técnica, esta exerce
influência considerável naquela. A decisão do CTO sobre uma PPP pode ser de
recusa ou aprovação, sendo as aprovadas caracterizadas como: nova atividade de
um projeto existente, pré-projeto ou novo projeto, a depender de sua robustez.
Para este trabalho, o processo crítico a ser estudado é a avaliação técnica da
PPP, pois é justamente nesse momento que se pretende avaliar se existe alguma
influência que possa caracterizar o efeito halo. Conforme será apresentado a seguir,
a avaliação técnica é realizada a partir do preenchimento de um questionário que
contém oito perguntas. Embora nenhuma dessas oito perguntas avalie a
34
participação ou não de uma IC como parceira, espera-se apurar se essa informação
interfere ou não na avaliação do questionário.
A avaliação técnica é importante, pois serve de input para a tomada de decisão
do CTO quanto à aprovação ou não da PPP. Este trabalho não tem a intenção de
apurar a existência do halo na fase de aprovação das PPPs no CTO, visto que é de
fato esperado que o CTO leve em conta o fato de a proposta referir-se ou não a um
projeto em parceria.
3.3. A ESTRUTURA DA PROPOSTA PRELIMINAR DE PROJETO
Uma PPP contém diversas seções: Identificação, Detalhamento, Estimativas,
Direcionamento Estratégico e Avaliação de Atratividade (questionário). Os campos
dessas seções estão apresentados no Quadro 2 – a estrutura completa da PPP está
disponível no Anexo B.
Quadro 2 – Descrição das seções de uma proposta preliminar de projeto
Seção da PPP Itens da seção
Identificação • CTO pertinente ao tema da PPP • Número da PPP • Título • Dados do proponente: nome, matrícula, lotação
Detalhamento • Objetivo do projeto proposto • Classificação (pesquisa básica, pesquisa aplicada) • Ambiente de aplicação • Histórico • Resultados e produtos esperados • Justificativa e benefícios esperados • Projeto de SMS (campo ‘Sim’ ou ‘Não’) • Duração estimada • Início previsto • Data limite para término • PPP oriunda de pré-projeto (campo ‘Sim’ ou ‘Não’) • PPP de disponibilização de tecnologia (campo ‘Sim’ ou ‘Não’) • Anexos
Estimativas • HH (horas) • Materiais (R$) • Serviços não ANP e ANEEL (R$) • Encargos (R$) • Serviços com instituições credenciadas com a ANP (R$) • Serviços com instituições credenciadas com a ANEEL (R$) • Entidades envolvidas
35
Direcionamento Estratégico
• Programa tecnológico ou área tecnológica vinculados • Desafios tecnológicos aos quais a PPP vai atender
Avaliação de Atratividade
Questionário contendo perguntas sobre: • Benefício potencial do projeto • Criticidade do desafio tecnológico correspondente • Abrangência de aplicação da tecnologia • Custo do projeto • Impacto no atendimento aos requisitos de SMS • Incorporação de conceitos de eficiência energética • Risco tecnológico • Risco de implantação
As seções da PPP mais relevantes para este trabalho são as de Estimativas e a
de Avaliação de Atratividade. É justamente na seção de Estimativas que o
proponente da PPP indica se o projeto será em parceria ou não. Como se pode
perceber, essa seção do documento é justamente onde estaria a causa do efeito
halo, e é onde se fizeram as manipulações que permitiram inspecionar sua
existência, conforme será descrito no capítulo seguinte. A seção de Avaliação da
Atratividade também é importante porque é nela que se manifestaria o viés advindo
da informação sobre o projeto ser ou não em parceria com IC.
36
4. EXPERIMENTO PARA ANALISAR A EXISTÊNCIA DO EFEITO HALO NA
AVALIAÇÃO TÉCNICA DAS PPPS
4.1. METODOLOGIA DO EXPERIMENTO
O primeiro estudo se constituiu em um experimento de campo em que se
investigou a existência do efeito halo no processo de avaliação técnica de PPPs na
EMPRESA. Conforme discutido no Capítulo 2, existem diversos modelos que
explicam a ocorrência do efeito halo (FISICARO; LANCE, 1990). O modelo que se
entendeu mais adequado para descrever o suposto efeito halo a ser avaliado pelo
estudo de campo é o da impressão geral, pelos motivos expostos a seguir.
Os pesquisadores que realizam as avaliações técnicas das propostas de projeto
de P&D sabem do grande número de projetos que deve ser aprovado anualmente,
especialmente aqueles junto a IC. Quando avaliam propostas de alta qualidade,
alinham a perspectiva de bons projetos ao cumprimento da obrigação de
investimento em P&D – nesses casos, o processo funciona adequadamente.
Quando o avaliador sabe que o projeto ocorrerá em parceria com IC, surge a
possibilidade de uma dissonância cognitiva, que a ação do efeito halo ajudaria a
neutralizar. Projetos de P&D em parceria com ICs (projetos externos) têm que ser
aprovados e, conforme sugerido na Seção 1.1 deste trabalho, esse fato não irá
passar despercebido pelos avaliadores, atuando como um possível “halo”, no
sentido de uma expectativa (desejo) de que a proposta de projeto seja de boa
qualidade (e assim possam-se cumprir as “regras do jogo” sem se violarem os
padrões técnicos de avaliação). A avaliação do questionário inclui, majoritariamente,
critérios subjetivos. Qualquer ambiguidade, lacuna de conhecimento para avaliação,
ou qualquer dúvida concernente às categorias de avaliação tenderiam a ser
resolvidas sob a influência do alerta, na mente do avaliador, de que se trata de uma
PPP em parceria com IC –esse contexto poderia induzi-lo a avaliá-la de forma mais
positiva.
É importante lembrar que a informação sobre o projeto ser ou não em parceria
com IC é um item presente no formulário da proposta de projeto, que o avaliador lê
antes de preencher o questionário de avaliação. Tal informação não está listada
como um atributo específico do questionário a ser avaliado, o que exclui a
possibilidade de visualizar o halo como sendo resultante da influência de uma
categoria nas demais – modelo da dimensão significativa.
37
Outro motivo para a adoção do modelo da impressão geral decorre do estudo de
Lance et al. (1994), que constatou que a ocorrência do halo por causa da impressão
geral se dá mesmo quando o experimento é elaborado de forma a induzir o avaliador
a focar em determinada categoria a ser avaliada, o que sugere que a impressão
geral sobre o objeto avaliado deve sempre ser considerada como possível fonte do
efeito halo.
O experimento foi realizado a partir da aplicação de uma PPP a diversos técnicos
do centro de P&D da EMPRESA. A PPP utilizada nesse estudo já havia sido
formulada, mas, até então, não tinha sido submetida para avaliação técnica. O
conteúdo da PPP, que não será publicado integralmente por questões de
confidencialidade (estrutura da PPP disponível no Anexo B), é relacionado à área de
manutenção e inspeção em ambientes de unidades marítimas de produção de óleo
e gás. O fato de ter sido utilizada uma PPP real no experimento permitiu aproximá-lo
da realidade.
A hipótese nula do experimento foi que os avaliadores não incorreriam no viés,
ou seja, agiram de forma totalmente racional, não sendo influenciados pela
informação de que o projeto se daria em parceria com IC (halo). A hipótese
alternativa é que o efeito halo estaria presente na avaliação técnica das PPPs.
H0: avaliação isenta de halo (a média das PPPs é igual)
H1: avaliação enviesada (a média das PPPs externas é superior)
A variável independente do experimento é se a PPP é em parceria ou não. A
variável dependente é sua atratividade. Para se caracterizar a variável independente
do experimento, deve-se retomar o conteúdo da seção de Estimativas da PPP. Nela,
o proponente informa diversas categorias de dispêndios previstos: gasto com
homem-hora (essa estimativa é feita na unidade HH), gasto com a aquisição de
materiais (por exemplo, para a realização de experimentos químicos nos
laboratórios), encargos, serviços não ANP e ANEEL, e serviços com instituições
credenciadas com a ANP. Esses dois últimos campos são fundamentais, pois é
neles que se fez a manipulação da variável independente. Um dos campos se refere
ao montante que será gasto internamente, pela EMPRESA, na realização do projeto.
O outro campo diz respeito ao valor a ser aportado junto à universidade ou centro de
pesquisa parceiro, podendo, dessa forma, auxiliar no cumprimento da obrigação de
38
investimento junto a IC. O campo ‘Entidades envolvidas’ também é importante, pois
contém o nome da instituição parceira, quando for o caso.
Duas versões de PPP foram criadas. Em uma das versões, foi previsto o
dispêndio de R$ 1.000.000 como ‘Serviços não ANP e ANEEL’. Os campos
‘Serviços com instituições credenciadas com a ANP’ e ‘Entidades envolvidas’ foram
deixados em branco. Como se pode notar, o objetivo desse tipo de PPP (a ser
denominada PPP interna) foi comunicar ao avaliador que se tratava de um projeto a
ser executado internamente, ou seja, pelo próprio centro de P&D da EMPRESA.
Essa versão de PPP foi adotada como o grupo de controle do experimento. O
Quadro 3 mostra como tal manipulação se refletiu na PPP interna.
Quadro 3 – Previsão de gastos em PPP conduzida internamente (PPP interna)
Seção de Estimativas da PPP Valores atribuídos à PPP Interna
HH (horas): 800
Materiais (R$): 400.000
Serviços não ANP e ANEEL (R$): 1.000.000
Encargos (R$): -
Serviços com instituições credenciadas com a ANP (R$): -
Serviços com instituições credenciadas com a ANEEL (R$): -
Entidades Envolvidas: -
Na outra versão de PPP, o campo ‘Serviços não ANP e ANEEL’ ficou em branco.
Dessa vez, o montante de R$ 1.000.000 foi alocado no campo ‘Serviços com
instituições credenciadas com a ANP’, e a Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) foi listada no campo ‘Entidades envolvidas’, por se tratar de uma
universidade comumente envolvida em parcerias com a EMPRESA. A finalidade
desse tipo de PPP (denominada PPP externa) foi comunicar a seus avaliadores que
se tratava de um projeto em parceria com uma IC, logo possível de abatimento da
desafiadora obrigação de investimento em P&D junto a IC. O Quadro 4 mostra como
tal manipulação se refletiu na PPP externa.
39
Quadro 4 – Previsão de gastos em PPP com IC (PPP externa)
Seção de Estimativas da PPP Valores atribuídos à
PPP Externa HH (horas): 800
Materiais (R$): 400.000
Serviços não ANP e ANEEL (R$): -
Encargos (R$): -
Serviços com instituições credenciadas com a ANP (R$): 1.000.000
Serviços com instituições credenciadas com a ANEEL (R$): -
Entidades Envolvidas: UFRJ
A manipulação supracitada foi a única diferença entre as PPPs – todo o restante
das duas versões de documento permaneceu idêntico. Dessa forma, caracterizou-se
a variável independente do experimento: PPP em parceria (ou não) com IC (cujo
valor pode ser ‘sim’ ou ‘não’). É importante notar que o custo total previsto para a
realização dos dois tipos de PPP é o mesmo, o que foi propositalmente feito para
evitar diferentes avaliações quanto a esse quesito.
Uma vez que se deseja avaliar se o fato da PPP ser ou não em parceria com IC
impacta na avaliação técnica do questionário das PPPs, a variável dependente do
experimento foi definida como a atratividade da PPP. A medição da atratividade
depende da resposta dos técnicos ao questionário disponibilizado na seção de
Avaliação de Atratividade da PPP. A nota de cada avaliação da PPP é a soma da
nota atribuída a cada pergunta, ponderada por seu peso, conforme será explicado
no item seguinte. Essa nota varia de 0,2 a 1,0, sendo o projeto tão mais atrativo
quanto maior for sua nota. A existência do efeito halo fica caracterizada caso a
atratividade média das PPPs em parceria com IC for estatisticamente diferente da
atratividade média da outra versão da PPP – a de um projeto a ser executado
internamente.
As perguntas do questionário, suas possíveis respostas, as notas
correspondentes a cada opção de resposta e sua ponderação estão listadas no
Quadro 5. A primeira pergunta, que trata de familiaridade do avaliador com o tema, é
a única que não consta no questionário padrão de uma PPP real. O objetivo de tal
inclusão foi viabilizar a análise de ter havido ou não diferenças no padrão de
respostas em razão do domínio que o avaliador respondeu ter a respeito do assunto.
É importante ter em mente que todos os respondentes são gestores de projetos e/ou
40
técnicos que rotineiramente avaliam propostas de projetos. Esses respondentes
foram selecionados por atuarem em áreas do conhecimento diretamente
relacionadas, ou no mínimo correlatas, ao tema da PPP utilizada.
Quadro 5 – Perguntas, pontuação e peso das respostas das PPPs
Item do
questionário
Respostas
possíveis Notas Peso Critério Peso total
1 - Familiaridade
do avaliador
com o tema
Nenhuma Pergunta incluída pelo autor – não faz parte da PPP
real e não foi levada em conta no cálculo da nota da
avaliação do questionário.
Pouca
Muita
2 - Benefício
potencial do
projeto
Pequeno 0,2
25%
Resultado 50%
Moderado 0,6
Elevado 1,0
3 - Criticidade do desafio tecnológico correspondente
Importante 0,2
10% Muito importante
0,6
Crítico 1,0
4 - Abrangência
de aplicação da tecnologia
Pequena 0,2
15% Moderada 0,6
Elevada 1,0
5 - Custo do projeto
Alto 0,2
20% Custo 20% Médio 0,6
Baixo 1,0
6 - Impacto no
atendimento aos requisitos
de SMS
Negativo 0,2
5% Segurança,
Meio
Ambiente e Saúde (SMS)
10%
Não influencia 0,6
Positivo 1,0
7 - Incorporação de conceitos de
eficiência energética
Negativo 0,2
5% Não influencia 0,6
Positivo 1,0
8 - Risco
Tecnológico
Alto 0,2
10%
Risco 20%
Médio 0,6
Baixo 1,0
9 - Risco de
Implantação
Alto 0,2
10% Médio 0,6
Baixo 1,0
O experimento contou com 58 respondentes. Destes, metade avaliou a versão
interna da PPP, enquanto a outra metade avaliou a proposta de projeto em parceria
com a UFRJ.
41
A aplicação dos questionários foi realizada pelo autor deste trabalho. Não houve
qualquer reforço verbal, por parte do aplicador do questionário, no sentido de
chamar a atenção para a informação-halo. Assim como ocorre na prática, não foi
estipulado limite de tempo nem para a leitura da PPP, nem para a resposta do
questionário.
Embora na situação real os respondentes utilizem o computador para acessar a
PPP, ler seu conteúdo e responder ao questionário, optou-se pela aplicação
presencial e em papel. Essa distorção da forma padrão teve a desvantagem de
afastar o respondente da situação real, mas trouxe, em contrapartida, diversos
benefícios. A aplicação presencial garantiu que cada respondente realizasse a
análise individualmente, sem consultar colegas. Além disso, após a leitura da PPP
em papel e o preenchimento do questionário, tanto o texto da PPP quanto o
questionário foram devolvidos ao aplicador, sem que os avaliadores pudessem
comparar a diferença das PPPs e intuir qual era a intenção do estudo, o que poderia
comprometer avaliações seguintes, caso tal diferença fosse divulgada. Por fim, a
presença do aplicador aumentou a taxa de resposta.
Cada avaliador leu apenas um tipo de PPP e respondeu ao questionário apenas
uma vez. Como não havia avaliadores suficientes na gerência de origem da PPP, foi
solicitado a pessoas de outras gerências que avaliassem a PPP. Buscou-se aplicar
um número aproximado de cada versão de PPP para cada gerência, de modo a se
reduzirem riscos de distorções oriundas por eventuais vieses inerentes a cada
gerência. O período de realização deste experimento foi de 22/06/2015 a
15/10/2015.
4.2. RESULTADO DO EXPERIMENTO
As 58 respostas aos questionários foram computadas, transformadas em uma
pontuação e depois ponderadas, em conformidade com o procedimento adotado na
EMPRESA, e como já foi apresentado no Quadro 5 (ver Seção 4.1).
As análises realizadas excluíram as respostas à primeira pergunta, que tratava
sobre a familiaridade do avaliador com o tema da PPP, visto não ser esta uma
pergunta do questionário-padrão. As respostas referentes a esse item foram
consideradas em algumas análises específicas, a serem descritas mais adiante.
42
O Quadro 6 apresenta a totalidade das respostas obtidas no experimento. A
primeira coluna indica se o projeto foi ou não realizado em parceria com alguma IC.
As colunas seguintes apresentam a nota correspondente à resposta dada, já
ponderada pelo seu peso. A última coluna mostra a média da nota ponderada, ou
seja, a nota que a PPP recebeu daquela avaliação.
Quadro 6 – Resultado da aplicação do questionário de avaliação da PPP
Familiaridade Resultado Custo SMS Risco
1 2 3 4 5 6 7 8 9
Ponderação
PPP
Externa? Familiaridade 25% 10% 15% 20% 5% 5% 10% 10%
Média da
nota
ponderada
NÃO Muita 0,15 0,02 0,09 0,04 0,03 0,03 0,1 0,1 0,56
NÃO Muita 0,25 0,02 0,15 0,2 0,05 0,03 0,1 0,1 0,9
NÃO Muita 0,15 0,02 0,09 0,2 0,05 0,05 0,1 0,1 0,76
SIM Muita 0,05 0,02 0,09 0,12 0,03 0,03 0,1 0,06 0,5
SIM Muita 0,25 0,02 0,09 0,12 0,03 0,03 0,1 0,1 0,74
SIM Muita 0,15 0,02 0,09 0,12 0,03 0,03 0,1 0,1 0,64
SIM Pouca 0,25 0,02 0,09 0,2 0,05 0,03 0,1 0,1 0,84
SIM Nenhuma 0,05 0,02 0,15 0,04 0,03 0,03 0,1 0,06 0,48
NÃO Pouca 0,15 0,02 0,03 0,2 0,03 0,03 0,1 0,06 0,62
NÃO Pouca 0,15 0,06 0,09 0,2 0,05 0,05 0,1 0,02 0,72
SIM Pouca 0,15 0,02 0,09 0,2 0,03 0,03 0,06 0,06 0,64
SIM Pouca 0,15 0,02 0,15 0,12 0,03 0,03 0,1 0,1 0,7
SIM Pouca 0,15 0,02 0,09 0,12 0,03 0,03 0,1 0,02 0,56
SIM Pouca 0,05 0,02 0,09 0,12 0,03 0,03 0,1 0,1 0,54
NÃO Muita 0,15 0,02 0,15 0,04 0,03 0,03 0,1 0,1 0,62
NÃO Pouca 0,15 0,06 0,09 0,2 0,05 0,03 0,1 0,06 0,74
NÃO Pouca 0,25 0,06 0,15 0,12 0,05 0,05 0,1 0,1 0,88
SIM Pouca 0,25 0,02 0,15 0,2 0,03 0,03 0,1 0,02 0,8
SIM Pouca 0,25 0,02 0,15 0,12 0,05 0,05 0,06 0,1 0,8
SIM Muita 0,25 0,02 0,15 0,12 0,03 0,03 0,1 0,1 0,8
NÃO Pouca 0,15 0,02 0,15 0,04 0,03 0,03 0,02 0,02 0,46
NÃO Nenhuma 0,15 0,02 0,09 0,12 0,03 0,03 0,02 0,02 0,48
NÃO Nenhuma 0,25 0,06 0,09 0,04 0,03 0,03 0,02 0,02 0,54
NÃO Pouca 0,05 0,02 0,15 0,12 0,05 0,03 0,02 0,1 0,54
SIM Nenhuma 0,05 0,02 0,09 0,04 0,05 0,01 0,06 0,02 0,34
SIM Pouca 0,15 0,02 0,09 0,12 0,05 0,05 0,06 0,06 0,6
SIM Nenhuma 0,15 0,1 0,09 0,12 0,03 0,03 0,02 0,02 0,56
NÃO Pouca 0,25 0,06 0,15 0,12 0,05 0,03 0,06 0,1 0,82
SIM Pouca 0,15 0,02 0,15 0,04 0,03 0,03 0,02 0,06 0,5
43
SIM Pouca 0,15 0,1 0,15 0,04 0,05 0,03 0,1 0,1 0,72
NÃO Pouca 0,15 0,02 0,09 0,12 0,03 0,03 0,06 0,06 0,56
SIM Pouca 0,15 0,1 0,15 0,04 0,03 0,03 0,1 0,06 0,66
NÃO Muita 0,15 0,02 0,09 0,12 0,03 0,03 0,06 0,06 0,56
SIM Pouca 0,05 0,1 0,15 0,12 0,05 0,03 0,1 0,06 0,66
SIM Pouca 0,15 0,02 0,03 0,12 0,05 0,03 0,06 0,1 0,56
NÃO Nenhuma 0,25 0,06 0,15 0,2 0,05 0,03 0,1 0,1 0,94
NÃO Pouca 0,15 0,02 0,15 0,12 0,05 0,03 0,1 0,1 0,72
NÃO Nenhuma 0,15 0,02 0,09 0,12 0,05 0,03 0,06 0,06 0,58
SIM Pouca 0,05 0,02 0,15 0,12 0,05 0,03 0,1 0,1 0,62
NÃO Nenhuma 0,15 0,02 0,15 0,12 0,05 0,03 0,1 0,06 0,68
NÃO Nenhuma 0,05 0,02 0,03 0,12 0,03 0,03 0,06 0,06 0,4
SIM Nenhuma 0,15 0,06 0,15 0,12 0,05 0,05 0,06 0,1 0,74
SIM Muita 0,05 0,02 0,15 0,04 0,03 0,03 0,1 0,1 0,52
SIM Pouca 0,15 0,02 0,09 0,2 0,05 0,03 0,02 0,02 0,58
NÃO Pouca 0,15 0,06 0,09 0,2 0,03 0,03 0,1 0,06 0,72
NÃO Pouca 0,15 0,06 0,15 0,12 0,05 0,03 0,1 0,1 0,76
NÃO Nenhuma 0,15 0,02 0,09 0,2 0,05 0,03 0,06 0,06 0,66
SIM Pouca 0,15 0,02 0,15 0,12 0,03 0,03 0,1 0,1 0,7
NÃO Nenhuma 0,05 0,02 0,09 0,2 0,05 0,03 0,06 0,1 0,6
NÃO Muita 0,25 0,1 0,15 0,12 0,05 0,05 0,1 0,1 0,92
NÃO Nenhuma 0,25 0,1 0,15 0,2 0,05 0,05 0,1 0,1 1
SIM Muita 0,05 0,1 0,15 0,2 0,03 0,03 0,1 0,1 0,76
SIM Pouca 0,25 0,06 0,15 0,12 0,03 0,03 0,1 0,06 0,8
NÃO Pouca 0,15 0,02 0,15 0,04 0,05 0,05 0,06 0,06 0,58
SIM Pouca 0,05 0,06 0,09 0,04 0,03 0,03 0,02 0,02 0,34
SIM Pouca 0,05 0,02 0,09 0,2 0,05 0,03 0,1 0,1 0,64
NÃO Pouca 0,15 0,02 0,15 0,2 0,05 0,03 0,1 0,1 0,8
NÃO Nenhuma 0,05 0,02 0,03 0,04 0,03 0,03 0,1 0,06 0,36
A nota média de todas as avaliações foi 0,6521 (serão utilizadas 4 casas
decimais). A média das avaliações das PPPs externas foi 0,6324, enquanto a média
das avaliações das PPPs internas foi 0,6717. A aplicação do teste t (apresentado na
Figura 4, mais adiante nesta seção) mostra que a diferença entre as notas médias
dos dois grupos não foi estatisticamente significante (p-valor do teste foi de 31,84%).
Portanto, a hipótese nula de pesquisa não pode ser rejeitada e não se pode afirmar
ter existido um viés de avaliação em relação aos projetos em parceria com ICs.
As médias das avaliações das PPPs internas e externas foram comparadas com
base na segregação pela familiaridade do avaliador com o tema, obtida por meio da
Pergunta 1 do questionário. Em todos os casos, ou seja, nos casos de “nenhuma”,
44
“pouca” e “muita” familiaridade com o tema, a média das PPPs internas foi também
superior à das PPPs externas.
Quadro 7 – Avaliação de PPPs por avaliadores com NENHUMA familiaridade
NENHUMA familiaridade
Respon-dentes
Item do questionário Média da nota
ponderada 2 3 4 5 6 7 8 9
Média PPP Externa
4 0,1000 0,0500 0,1200 0,0800 0,0400 0,0300 0,0600 0,0500 0,5300
Média PPP Interna
10 0,1500 0,0360 0,0960 0,1360 0,0420 0,0320 0,0680 0,0640 0,6240
Total 14 0,1357 0,0400 0,1029 0,1200 0,0414 0,0314 0,0657 0,0600 0,5971
Quadro 8 – Avaliação de PPPs por avaliadores com POUCA familiaridade
POUCA familiaridade
Respon-dentes
Item do questionário Média da nota
ponderada 2 3 4 5 6 7 8 9
Média PPP Externa
19 0,1447 0,0368 0,1184 0,1242 0,0395 0,0321 0,0789 0,0705 0,6453
Média PPP Interna
13 0,1577 0,0385 0,1223 0,1385 0,0438 0,0346 0,0785 0,0723 0,6862
Total 32 0,1599 0,0411 0,1197 0,1284 0,0420 0,0335 0,0720 0,0729 0,6581
Quadro 9 – Avaliação de PPPs por avaliadores com MUITA familiaridade
MUITA familiaridade
Respon-dentes
Item do questionário Média da nota
ponderada 2 3 4 5 6 7 8 9
Média PPP Externa
6 0,1333 0,0333 0,1200 0,1200 0,0300 0,0300 0,1000 0,0933 0,6600
Média PPP Interna
6 0,1833 0,0333 0,1200 0,1200 0,0400 0,0367 0,0933 0,0933 0,7200
Total 12 0,1592 0,0547 0,1169 0,1278 0,0360 0,0337 0,0848 0,0611 0,6447
O fato de as médias das PPPs internas (grupo de controle) terem sido superiores
às médias das PPPs externas sugere que a informação prévia sobre a execução do
projeto em parceria com instituição credenciada não induz o efeito-halo na avaliação
técnica das PPPs.
A partir disso, há resultados possíveis e, portanto, merecedores de apuração:
poderia haver indiferença diante do fato de se tratar ou não de uma proposta de
projeto em parceria com IC, ou os projetos internos podem de fato ser preferidos
pelos técnicos, por motivos ainda não especulados neste trabalho. A fim de se
verificar se a avaliação das PPPs internas foi significativamente maior que a das
externas, foram realizados alguns testes estatísticos, apresentados a seguir.
45
Primeiramente, um histograma para as notas das avaliações sugere uma
distribuição não normal, tanto para cada tipo de PPP, como para a combinação
delas.
Gráfico 1 – Histograma para todos os tipos de PPP
Gráfico 2 – Histograma para PPP interna
Gráfico 3 – Histograma para PPP externa
Por causa do tamanho relativamente pequeno da amostra e da incerteza quanto
à normalidade da população, foram realizados testes paramétricos e não
paramétricos.
46
O teste paramétrico foi feito no software GRETL. O método adotado foi o dos
mínimos quadrados (OLS). Foi realizada uma regressão linear utilizando-se como
variável dependente a média da avaliação do projeto, denominada ‘media’. Foi
utilizada como variável independente (regressor) uma variável binária DummyANP,
que assumiu valor 0 para as PPPs internas, e 1 para as PPPs externas. Também foi
usada como regressor uma constante (const). O resultado dessa regressão
encontra-se na Figura 4.
Figura 4 – Regressão linear media das notas das PPP em razão de ser ou não em parceria
O p-valor da variável DummyANP foi 31,84%, o que não nos permite rejeitar a
hipótese nula, de que a média para os tipos de projeto é igual. Testes semelhantes
foram realizados, trocando-se a variável dependente pelas perguntas do
questionário. Naturalmente, o objetivo era avaliar uma possível correlação entre a
avaliação daquele item do questionário com o fato de a PPP ser ou não em parceria
com IC. Em todos os casos, o p-valor foi bastante alto. Apenas para a pergunta 6 do
questionário, obteve-se um p-valor de 6,79%. Tal pergunta diz respeito ao impacto
47
da PPP no atendimento a requisitos de SMS. O resultado das regressões lineares
realizadas tendo como variável dependente a nota dada para cada pergunta do
questionário está disponível no Anexo C.
O teste não paramétrico também foi realizado no software GRETL. O método
adotado foi o Teste Ordinal da Soma de Wilcoxon, que consiste na elaboração de
ranque das médias dos dois tipos de PPP conjuntamente, da menor para a maior, e
da posterior soma dos ranques de cada tipo de PPP. A hipótese-nula do teste é que
as amostras são retiradas de populações com a mesma mediana. O resultado do
teste encontra-se na Figura 5, e o resultado detalhado está disponível no Anexo C.
Figura 5 – Teste da diferença entre PPP interna e externa
O p-valor unilateral (mediana das avaliações das PPPs internas superiores à das
externas) foi de 21,84%, e o p-valor bilateral foi de 43,68%. Assim como no teste
paramétrico, o resultado deste teste sugere que as avaliações dos dois tipos de PPP
não foram divergentes.
48
5. ESTUDO 2 - SURVEY
5.1. METODOLOGIA DA SURVEY
O segundo estudo foi uma survey, conduzida junto a gestores de projetos de
P&D concluídos, com o intuito de quantificar o resultado desses projetos para,
posteriormente, investigar se existe alguma correlação entre o resultado desses
projetos e o fato de ele ter sido ou não realizado em parceria com IC.
Buscou-se investigar também se projetos em parceria com IC trazem resultados
inferiores, segundo as percepções dos gestores desses projetos. Conforme foi
discutido em seções anteriores deste documento, a necessidade de se executar
tantos projetos em parceria com ICs, somada à possível limitação de grupos de
pesquisa altamente qualificados nas ICs, poderia estar levando a EMPRESA a
realizar projetos cujos resultados poderiam estar aquém do desejado. Para isso, foi
solicitado, entre 20 e 24 de junho de 2016, que 45 gestores de projetos avaliassem o
resultado de projetos de P&D concluídos a partir de 2010 (alguns gestores avaliara
mais de um projeto). Feito isso, seria avaliada a correlação entre o resultado
percebido do projeto e o percentual dos gastos do projeto passível de abatimento da
obrigação contratual de investimento em P&D junto a IC.
Optou-se por quantificar o resultado dos projetos por meio da atribuição de uma
nota única, a ser fornecida pelo seu gestor. Para isso, o autor do trabalho perguntou
ao gestor de cada projeto, por telefone, entre 20 e 24 de junho de 2016, que nota ele
daria ao projeto, em uma escala de 1 a 10, sendo 10 o melhor resultado possível.
Como muitos gestores associam o sucesso do projeto à aplicação ou não da
tecnologia, embora diversos projetos não tenham esse objetivo, poderia haver uma
discrepância nas notas dadas considerando-se o estágio da tecnologia pesquisada.
Para reduzir essa possível distorção, foi solicitado aos gestores dos projetos que
avaliassem os resultados em relação a seus objetivos.
Foram obtidas 92 respostas (notas aos projetos). A nota recebida para cada
projeto foi inserida numa tabela obtida de uma base de dados da EMPRESA,
contendo o percentual dos gastos passível de cumprimento da obrigação de
investimento em P&D junto às ICs. Essa tabela está disponível no Anexo C.
49
5.2. RESULTADO DA SURVEY
Se os resultados de projetos fossem tão melhores quanto menor a proporção de
seus gastos efetuada com ICs, o gráfico da nota do projeto em razão do percentual
dos seus gastos aportado em ICs teria o comportamento parecido ao do Gráfico 4.
Gráfico 4 – Curva teórica da relação nota do projeto concluído em função do percentual dos
gastos investido com IC
Dos 92 projetos avaliados, 47 não tiveram qualquer valor aportado em parcerias
com instituições credenciadas, ou seja, tratou-se de projetos internos. Dos 45
restantes, o que teve o maior percentual aplicado em parceria com ICs atingiu
97,45%. O Gráfico 5 exibe os resultados obtidos. A tabela a partir da qual o gráfico
foi elaborado encontra-se no Anexo C.
50
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
0,00% 20,00% 40,00% 60,00% 80,00% 100,00%
Nota
% investido em parceria com Instituição Credenciada
Avaliação de Projetos Concluídos
Gráfico 5 – Notas das PPP em razão do percentual dos gastos realizado com parceiros
A regressão linear foi realizada no software GRETL, tendo como regressores
uma constante (const) e a variável dependente ANP (percentual dos gastos do
projeto passível de abatimento da obrigação de investimento em P&D junto às ICs).
A variável dependente foi a nota dada pelo gestor do projeto (Notaprojeto). O
resultado da regressão, mostrado na Figura 6, não permite depreender a existência
do comportamento teórico descrito, visto que o p-valor da variável %ANP foi de
61,30%. Em outras palavras, o resultado da regressão sugere que os projetos
internos não são melhores que os projetos em parceria com ICs.
51
Figura 6 – Regressão linear da nota do projeto em razão do percentual de seus gastos junto a IC
52
6. DISCUSSÃO
O resultado do experimento de campo realizado neste trabalho aponta para a
não existência do efeito halo oriundo da detenção da informação sobre a proposta
do projeto de P&D ser ou não em parceria com uma IC, no momento de sua
avaliação técnica. A survey, por sua vez, sugere não haver distinção no resultado
dos projetos concluídos pelo fato de terem sido realizados ou não em parceria com
ICs.
Aparentemente, o processo atual de avaliação de PPPs na EMPRESA não se
torna mais frágil quando seus avaliadores técnicos sabem como os gastos
influenciarão o abatimento da obrigação de investimento em P&D, uma vez que os
avaliadores parecem se vincular mais ao conteúdo técnico do projeto proposto do
que a outras questões. De fato, ao aplicar os questionários, o autor do trabalho
percebeu que alguns respondentes não leram com muita atenção as informações
sobre os custos e a presença de parceiros, na seção de Estimativas da PPP. Isso
sugere que, assim como já ocorre, tal informação não precisa ser omitida desses
avaliadores na PPP.
A revisão da literatura verificou que estudos anteriores mostraram maior
propensão à influência de halos em casos de menor expertise sobre o conteúdo
avaliado. No caso do experimento ora realizado, conforme apresentado nos
resultados, não houve maior vulnerabilidade ao halo manipulado por parte daqueles
que declaram possuir pouca ou nenhuma familiaridade com o tema, o que pode ser
interpretado positivamente pela EMPRESA – a mesma pode contar, em tese, com
um leque maior de avaliadores de PPP do que apenas aquelas pessoas altamente
familiarizadas com o tema.
Os resultados deste estudo, no entanto, não permitem concluir que não há
impactos decorrentes do fato de o avaliador saber se a PPP é ou não em parceria
com IC.
Um aspecto importante a ser considerado é que a aprovação das PPPs nos
CTOs leva em conta seu potencial de abatimento da dita obrigação. Conforme já foi
discutido neste documento, tal consideração é de fato relevante e razoável, porque,
se não fosse feita, a EMPRESA poderia não cumprir a obrigação prevista num
determinado período, ficando obrigada a fazê-lo no período seguinte, incorrendo
também em multas, em alguns casos. Isso faria com que os gastos com P&D
53
fossem ainda maiores, o que extrapolaria o orçamento da EMPRESA para fins de
pesquisa e desenvolvimento tecnológico.
Com relação ao resultado do segundo estudo, a survey, pode-se afirmar que este
também se apresentou consistente com a inexistência de vieses nas avaliações de
projetos na EMPRESA, tendo em vista que não houve correlação significativa entre
a nota do projeto e o fato de este ser ou não em parceria com IC. No entanto, antes
de se aceitar esse resultado, deve-se ter em mente os seguintes pontos.
Em primeiro lugar, a nota de cada projeto concluído foi definida por apenas uma
pessoa, que foi justamente seu gestor. É razoável esperar algum viés nesse
julgamento. De fato, alguns chegaram a manifestar surpresa ao serem solicitados a
avaliar os projetos que haviam sido geridos por eles mesmos. Este aspecto pode ser
aprofundando em outros estudos: possivelmente existe um fator cultural associado a
esse estranhamento; mais ainda, os gestores podem ter confundido a noção de
resultado do projeto com seu próprio desempenho como gestor. O importante, para
fins deste trabalho, é que essa forma de avaliação pode não ter sido traduzida na
nota mais apropriada ao projeto.
Outro aspecto relevante, ainda relacionado à avaliação dos projetos concluídos,
diz respeito aos parâmetros de avaliação. Enquanto alguns gestores prontamente
atribuíram uma nota aos projetos, outros demonstraram desconforto em quantificar
os resultados. Para dirimir esse empecilho, o entrevistador solicitou aos gestores
que julgassem a qualidade dos resultados do projeto com base nos seus objetivos
propostos. Essa base de comparação apresentou a vantagem de permitir que
projetos de P&D de tecnologias em diversos níveis de maturidade pudessem ser
comparados de forma mais equilibrada, pois supõe-se haver uma tendência de se
avaliarem como mais bem-sucedidos os projetos que resultaram na implantação de
tecnologias. Ao comparar o resultado de cada projeto com seu objetivo, o grau de
maturidade da tecnologia fica expurgado.
Por outro lado, o objetivo do projeto pode ter sido propositalmente diminuto
desde sua proposição, em razão de se saber que aquele projeto seria proposto em
parceria com alguma IC, para ajudar no cumprimento da obrigação imposta pela
ANP. Nesse caso, julgar o projeto com base em seu objetivo poderia resultar numa
percepção mais positiva, como decorrência de uma baixa expectativa desde o início,
sem ter havido, necessariamente, resultados efetivos.
54
Por fim, é importante frisar que o objetivo deste estudo não foi verificar os prós e
os contras da obrigação de investimento mencionada; mas apenas verificar seu
potencial impacto na avaliação técnica de propostas de projetos de pesquisa e
desenvolvimento junto a instituições credenciadas, e no resultado desses projetos.
6.1. DELIMITAÇÕES
Embora a PPP usada seja uma proposta real de projeto de P&D, conforme
detalhado na seção de METODOLOGIA deste trabalho, a manifestação do efeito
halo pode ter sido atenuada ou intensificada pelo fato de se tratar de uma situação
experimental, em que os avaliadores não estiveram sob estímulos idênticos da
situação real.
Esse fenômeno poderia ter seu impacto reduzido se fosse realizada uma análise
a partir das PPPs reais que foram efetivamente avaliadas. O desafio vinculado a
essa alternativa é que cada PPP sofre um número pequeno de avaliações técnicas,
logo ter-se-ia que comparar as poucas avaliações feitas para cada uma de diversas
PPPs diferentes, o que traria a necessidade de se expurgarem das avaliações as
distorções inerentes às diferenças técnicas de cada PPP. Uma vez que o
procedimento atual de avaliação de PPPs é recente, não há dados suficientes para a
manipulação e a análise das avaliações reais já realizadas.
Um aspecto que deve ser levado em conta neste trabalho é que a ANP publicou
um novo regulamento durante o período de realização deste trabalho - Regulamento
Técnico ANP Nº 3/2015, aprovado pela Resolução Nº 50, de 25 de novembro de
2015, Seção 1, página 101. Em razão das alterações impostas no novo
regulamento, considerou-se mais prudente interromper o processo de aplicação de
questionários, para evitar possíveis distorções nas respostas, tendo em vista
eventuais dúvidas que os respondentes poderiam apresentar com relação à
alteração das regras de investimento em P&D. No entanto, é importante notar que a
relevância deste trabalho persiste, visto que o novo regulamento também prevê a
obrigação de significativa parte dos recursos em projetos em parceria com
instituições credenciadas.
55
7. CONCLUSÃO
Devido ao alto valor investido na área de P&D da EMPRESA, e dada a
relevância dos projetos de P&D na superação dos desafios tecnológicos, é
importante, estrategicamente, que a EMPRESA tenha uma carteira de projetos tão
otimizada quanto possível. Nesse cenário, a identificação de eventuais vieses
cognitivos é, sugere-se, de significativa relevância. Acrescente-se o fato de a
literatura de tomada de decisão chamar a atenção para o fato de que vieses
cognitivos atuam de forma silenciosa. Ou seja, temos pouca (ou nenhuma, em
muitos casos) consciência de que eventuais vieses influenciam, de forma
sistemática, nosso julgamento. Como afirma Kahenman (2012, p.10): "O trabalho
mental que gera impressões, intuições e diversas decisões ocorre silenciosamente
em nossa cabeça".
Este trabalho testou especificamente a possibilidade da existência de um dos
vieses considerados de maior relevância na avaliação de decisões organizacionais –
o efeito halo (ROSENZWEIG, 2007). Os resultados não apontaram para a existência
desse viés na avaliação técnica de propostas de projetos de P&D da EMPRESA, o
que representa uma informação positiva para a organização, já que a avaliação
técnica não sofre influência de uma informação presente no formulário de avaliação,
e que supostamente seria causadora de um viés. Dessa forma, o procedimento
avaliado não precisa sofrer alterações, no que diz respeito a evitar tal halo.
Por fim, independentemente do resultado específico em relação à EMPRESA,
esta dissertação delineou uma proposta para a investigação da incidência do efeito
halo em outras categorias de projetos e em iniciativas similares, no ambiente
organizacional. Destaca-se a aplicabilidade da metodologia no cenário brasileiro,
onde o efeito halo, apesar da importância ressaltada na literatura internacional, tem
sido objeto de limitada atenção em pesquisas.
7.1. SUGESTÕES PARA PESQUISAS FUTURAS
Estudos subsequentes podem ser realizados na tentativa de verificar como as
PPPs internas que foram rejeitadas pelo CTO seriam reavaliadas pelos técnicos,
caso fossem alteradas de modo que grande parte de seus gastos fosse junto a ICs.
Outra oportunidade de estudo seria a determinação das relações entre o número de
propostas de cada tipo de projeto (interno ou externo) e seus índices de aprovação e
56
rejeição, de modo a se poder avaliar se tem havido propensão a aprovar (ou negar)
um determinado tipo de PPP. Os dois estudos realizados neste trabalho - o
experimento e a survey – levaram em conta apenas o percentual dos gastos do
projeto aportado junto à IC. Logo, estudos subsequentes poderiam avaliar também
se o montante a ser investido no projeto causa o efeito halo.
Pesquisas futuras poderiam também buscar avaliar os impactos da obrigação de
investimento em P&D, imposta pela ANP, nas empresas de óleo e gás atuantes no
Brasil. Outro fator que pode ser abordado é a avaliação do efeito halo em diversos
processos de avaliação, tanto da EMPRESA, quanto de outras organizações,
potencialmente utilizando-se a abordagem deste trabalho.
57
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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62
ANEXOS
ANEXO A - A OBRIGAÇÃO DE INVESTIMENTO EM P&D IMPOST A PELA ANP
A Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) é uma
entidade integrante da Administração Federal Indireta, submetida ao regime
autárquico especial, vinculada ao Ministério de Minas e Energia, instituída pela lei
9.478, de 6 de agosto de 1997. Segundo a mesma lei, a finalidade da ANP é
promover a regulação, a contratação e a fiscalização das atividades econômicas
integrantes da indústria do petróleo, do gás natural e dos biocombustíveis, cabendo-
lhe, entre outros, estimular a pesquisa e a adoção de novas tecnologias na
exploração, produção, transporte, refino e processamento.
O Regulamento ANP nº 5/2005, aprovado pela Resolução ANP Nº 33 , de
24.11.2005 – Diário Oficial da União de 25.11.2005 -, define as normas referentes à
realização, no Brasil, dos investimentos em P&D e à elaboração do relatório
demonstrativo a que se refere a Cláusula de Investimentos em Pesquisa e
Desenvolvimento dos Contratos de Concessão. Esse regulamento é o que estava
vigente no momento de realização de aplicação dos questionários para a realização
deste trabalho.
Os contratos de concessão são parte dos editais de licitações e estabelecem que
“caso a Participação Especial seja devida para um Campo em qualquer trimestre do
ano calendário, o Concessionário será obrigado a realizar Despesas Qualificadas
com Pesquisa e Desenvolvimento em valor equivalente a 1% (um por cento) da
Receita Bruta da Produção para tal Campo.”
• O termo “Participação Especial” refere-se ao valor devido pelo Concessionário
nos casos de grande volume de produção ou de grande rentabilidade. Essa
participação é aplicada sobre a receita bruta da produção, deduzidos os
royalties, os investimentos na exploração, os custos operacionais, a
depreciação e os tributos previstos na legislação em vigor.
• O termo “Campo” refere-se a “Campo de Petróleo” ou “Campo de Gás
Natural”, conforme definido na Lei do Petróleo, qual seja, “área produtora de
petróleo ou gás natural, a partir de um reservatório contínuo ou de mais de
um reservatório, a profundidades variáveis, abrangendo instalações e
equipamentos destinados à produção”.
63
• O termo “Concessionário” refere-se à empresa petrolífera que firmou o
contrato com a ANP.
• O termo “Despesas Qualificadas com Pesquisa e Desenvolvimento” significa
despesas com atividades de Pesquisa e Desenvolvimento relativas a serviços
de tecnologia relacionados à descoberta, teste ou uso de novos produtos,
processos ou técnicas no setor de Petróleo e Gás Natural, ou à adaptação de
produtos, processos ou técnicas existentes para novas circunstâncias no
setor de Petróleo e Gás Natural.
Os Contratos de Concessão também estabelecem que “até 50% (cinquenta por
cento) das Despesas Qualificadas com Pesquisa e Desenvolvimento poderão ser
realizadas através de atividades desenvolvidas em instalações do próprio
Concessionário ou suas Afiliadas, localizadas no Brasil, ou contratadas junto a
empresas nacionais, independentemente do fato destas envolverem ou estarem
relacionadas às Operações deste Contrato. O restante deverá ser destinado à
contratação dessas atividades junto a universidades ou institutos de pesquisa e
desenvolvimento tecnológico nacionais que forem previamente credenciados para
este fim pela ANP, independentemente do fato destas envolverem ou estarem
relacionadas às Operações deste Contrato”.
Caso em um determinado período a empresa não realize integralmente o
investimento em P&D previsto pela ANP, ao montante não investido aplicam-se juros
de mora e multa, o que não cessa a obrigação de investimento de tal montante em
P&D.
O regulamento que prevê tal obrigação foi alterado durante a realização do
trabalho, tendo sido mantida a obrigação de investimento de grande montante em
projetos de P&D com ICs. Embora sua essência tenha sido mantida para fins desse
trabalho, optou-se por cessar a aplicação de questionários após disponibilização do
novo regulamento.
64
ANEXO B – ESTRUTURA DA PROPOSTA PRELIMINAR DE PROJE TO (PPP)
Parte do conteúdo foi removida por questões de confidencialidade.
PPP – versão projeto interno (PPP interna)
Proposta Preliminar de Projeto
Contextualização A seguinte PPP ainda não foi apresentada ao CTO. Independentemente disso vir a ocorrer ou não, a presente avaliação não será usada como input para encaminhamento ao CTO. Ainda assim, solicito que avalie esta proposta preliminar de projeto supondo que a mesma esteja sendo avaliada para que se decida sobre sua aprovação. Peço que realize esta avaliação independentemente do grau de familiaridade que tenha com o assunto.
Identificação CTO: * Manutenção, Inspeção (E&P-CORP/PROM)
Ano Zero:
No PPP:
2015
CM-CENPES-028
Título: * Soluções para Tubings de Instrumentação em Plataformas Marítimas
Proponente:
Chave: Matrícula: *
Gerência: CENPES/PDEP/TMEC
Detalhamento Objetivo: *
Classificação: * PA - Pesquisa aplicada
Este é um estudo de Julgamento e Tomada de Decisão. O tempo estimado de resposta é de 15 minutos. Agradeço desde já sua participação.
65
Ambiente de Aplicação: Tubings de instrumentação e de injeção química em unidades marítimas de produção.
Histórico: *
Resultados e Produtos Esperados: * Apresentar alternativas mais robustas aos materiais atualmente empregados nos tubings de instrumentação e de injeção química em unidades marítimas de produção.
Justificativa e Benefícios Esperados: *
É um projeto de SMS? Não Duração Estimada: * 24 meses
Início Previsto (mês/ano): 03/2016
Data Limite para Término (mês/ano): 03/2018
Há pré-projeto que tenha originado a PPP? * Não
É uma PPP de disponibilização de tecnologia?* Não
Anexar Arquivo(s):
Estimativas HH (horas): 800
Materiais (R$): 400.000
Serviços não ANP e ANEEL (R$): 1.000.000
Encargos (R$): -
Serviços com instituições credenciadas com a ANP (R$): -
Serviços com instituições credenciadas com a ANEEL (R$): -
Entidades Envolvidas: -
Direcionamento Estratégico Programa / Área Tecnológica: Procap
66
Quantos Desafios Tecnológicos a PPP irá atender?
1 - Integridade, segurança e confiabilidade
1 – Familiaridade do avaliador com o tema.
� Muita
� Pouca
� Nenhuma
2 - Benefício potencial do projeto.
� Pequeno
� Moderado
� Elevado
3 - Criticidade do desafio tecnológico correspondente.
� Importante
� Muito importante
� Crítico
4 - Abrangência de aplicação da tecnologia.
� Pequena
� Moderada
� Elevada 5 – Custo do projeto.
� Alto
� Médio
� Baixo
6 - Impacto no atendimento aos requisitos de SMS.
� Negativo
� Não influencia
� Positivo
7 - Incorporação de conceitos de eficiência energética (EE).
� Negativo
� Não influencia
� Positivo 8 - Risco Tecnológico. Avalia a incerteza em relação ao sucesso do projeto, em função da maturidade e complexidade da tecnologia. � Alto
� Médio
� Baixo
9 - Risco de Implantação. Avalia a dificuldade de implementação dos resultados do projeto em função das limitações operacionais, logísticas e orçamentárias.
� Alto
� Médio
� Baixo
67
PPP – versão projeto em parceria com IC (PPP externa)
Proposta Preliminar de Projeto
Contextualização A seguinte PPP ainda não foi apresentada ao CTO. Independentemente disso vir a ocorrer ou não, a presente avaliação não será usada como input para encaminhamento ao CTO. Ainda assim, solicito que avalie esta proposta preliminar de projeto supondo que a mesma esteja sendo avaliada para que se decida sobre sua aprovação. Peço que realize esta avaliação independentemente do grau de familiaridade que tenha com o assunto.
Identificação CTO: * Manutenção, Inspeção (E&P-CORP/PROM)
Ano Zero:
No PPP:
2015
CM-CENPES-028
Título: * Soluções para Tubings de Instrumentação em Plataformas Marítimas
Proponente:
Chave: Matrícula: *
Gerência: CENPES/PDEP/TMEC
Detalhamento Objetivo: *
Classificação: * PA - Pesquisa aplicada
Ambiente de Aplicação: Tubings de instrumentação e de injeção química em unidades marítimas de produção.
Este é um estudo de Julgamento e Tomada de Decisão. O tempo estimado de resposta é de 15 minutos. Agradeço desde já sua participação.
68
Histórico: *
Resultados e Produtos Esperados: * Apresentar alternativas mais robustas aos materiais atualmente empregados nos tubings de instrumentação e de injeção química em unidades marítimas de produção.
Justificativa e Benefícios Esperados: *
É um projeto de SMS? Não Duração Estimada: * 24 meses
Início Previsto (mês/ano): 03/2016
Data Limite para Término (mês/ano): 03/2018
Há pré-projeto que tenha originado a PPP? * Não
É uma PPP de disponibilização de tecnologia?* Não
Anexar Arquivo(s):
Estimativas HH (horas): 800
Materiais (R$): 400.000
Serviços não ANP e ANEEL (R$): -
Encargos (R$): -
Serviços com instituições credenciadas com a ANP (R$): 1.000.000,00
Serviços com instituições credenciadas com a ANEEL (R$): -
Entidades Envolvidas: UFRJ
Direcionamento Estratégico Programa / Área Tecnológica: Procap
Quantos Desafios Tecnológicos a PPP irá atender?
1 - Integridade, segurança e confiabilidade
69
1 – Familiaridade do avaliador com o tema.
� Muita
� Pouca
� Nenhuma
2 - Benefício potencial do projeto.
� Pequeno
� Moderado
� Elevado
3 - Criticidade do desafio tecnológico correspondente.
� Importante
� Muito importante
� Crítico 4 - Abrangência de aplicação da tecnologia.
� Pequena
� Moderada
� Elevada
5 – Custo do projeto.
� Alto
� Médio
� Baixo
6 - Impacto no atendimento aos requisitos de SMS.
� Negativo
� Não influencia
� Positivo 7 - Incorporação de conceitos de eficiência energética (EE).
� Negativo
� Não influencia
� Positivo
8 - Risco Tecnológico. Avalia a incerteza em relação ao sucesso do projeto, em função da maturidade e complexidade da tecnologia.
� Alto
� Médio
� Baixo 9 - Risco de Implantação. Avalia a dificuldade de implementação dos resultados do projeto em função das limitações operacionais, logísticas e orçamentárias. � Alto
� Médio
� Baixo
70
ANEXO C – RESULTADO DOS TESTES ESTATÍSTICOS
ESTUDO 1 - EXPERIMENTO
Regressões lineares para cada pergunta (Perg 2 até Perg 9) do questionário da PPP
como variável dependente. A variável independente nas regressões foi Projeto em
Parceria (“sim” ou “não”).
Figura 7 – Regressão linear media da nota da pergunta 2 da PPP em função de ser ou não em
parceria com IC
71
Figura 8 – Regressão linear media da nota da pergunta 3 da PPP em função de ser ou não em
parceria com IC
72
Figura 9 – Regressão linear media da nota da pergunta 4 da PPP em função de ser ou não em
parceria com IC
73
Figura 10 – Regressão linear media da nota da pergunta 5 da PPP em função de ser ou não em
parceria com IC
74
Figura 11 – Regressão linear media da nota da pergunta 6 da PPP em função de ser ou não em
parceria com IC
75
Figura 12 – Regressão linear media da nota da pergunta 7 da PPP em função de ser ou não em
parceria com IC
76
Figura 13 – Regressão linear media da nota da pergunta 8 da PPP em função de ser ou não em
parceria com IC
77
Figura 14 – Regressão linear media da nota da pergunta 9 da PPP em função de ser ou não em
parceria com IC
78
Tabela 1 – Resultado do teste não paramétrico (Teste das Somas de Wilcoxon) para
as respostas ao questionário
Teste da diferença entre Interno e Externo
Teste das Somas de Wilcoxon
Hipótese nula: as duas medianas são iguais
value rank group
0,34 1 b
0,34 2 b
0,36 3 a
0,4 4 a
0,46 5 a
0,48 6 b
0,48 7 a
0,5 8,5 b
0,5 8,5 b
0,52 10 b
0,54 11 a
0,54 12 b
0,54 13 a
0,56 14 b
0,56 17 a
0,56 17 a
0,56 17 a
0,56 17 b
0,56 17 b
0,58 21 a
0,58 21 a
0,58 21 b
0,6 23 a
0,6 24 b
0,62 25 b
0,62 26 a
0,62 27 a
0,64 28 b
0,64 29 b
0,64 30 b
0,66 31 b
0,66 32,5 b
0,66 32,5 a
0,68 34 a
0,7 35,5 b
0,7 35,5 b
0,72 37 a
0,72 38,5 b
0,72 38,5 a
0,72 40 a
0,74 41,5 b
0,74 41,5 a
0,74 43 b
0,76 45 a
0,76 45 b
79
0,76 45 a
0,8 48 b
0,8 48 a
0,8 48 b
0,8 50,5 b
0,8 50,5 b
0,82 52 a
0,84 53 b
0,88 54 a
0,9 55 a
0,92 56 a
0,94 57 a
1 58 a
n1 = 29, n2 = 29
w (soma de postos, amostra 1) = 905,5
z = (905,5 - 855,5) / 64,3033 = 0,777565
P(Z > 0,777565) = 0,218413
Valor p bilateral = 0,436826
ESTUDO 2 - SURVEY
Quadro 10 – Relação entre o percentual dos gastos do projeto que foi aplicado em
IC com a nota do desempenho do projeto
Percentual dos gastos passíveis de abatimento da obrigação de investimento em P&D junto a ICs Nota dada pelo gestor do projeto
0,00% 3
0,00% 5
0,00% 6
0,00% 7
0,00% 7
0,00% 7
0,00% 7
0,00% 7
0,00% 7
0,00% 7
0,00% 8
0,00% 8
0,00% 8
0,00% 8
0,00% 8
0,00% 8
0,00% 8
80
0,00% 8
0,00% 8
0,00% 8
0,00% 8
0,00% 8
0,00% 9
0,00% 9
0,00% 9
0,00% 9
0,00% 9
0,00% 9
0,00% 9
0,00% 9
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,00% 10
0,04% 8
1,00% 10
2,97% 10
3,18% 10
4,88% 10
5,00% 5
5,03% 10
5,50% 9
7,71% 8
8,82% 10
9,88% 8
9,89% 10
10,58% 10
12,13% 10
14,14% 9
81
14,24% 10
15,34% 5
16,30% 10
16,55% 9
17,92% 8
19,02% 3
19,14% 8
19,88% 10
20,60% 9
20,83% 9
23,80% 7
25,33% 7
26,49% 8
27,78% 7
29,83% 7
31,63% 8
33,28% 7
34,00% 9
37,80% 4
48,75% 10
49,62% 7
49,78% 9
54,02% 10
55,20% 10
56,97% 10
59,69% 8
61,74% 9
67,74% 8
79,62% 10
97,45% 7