eficácia de inseticidas utilizados no controle de lagartas...
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CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA CURSO DE AGRONOMIA
Eficácia de inseticidas utilizados no controle de lagartas desfolhadoras e impacto na
artropodofauna da soja RR
THIAGO DANIELI
Ribeirão Preto, SP 2010
CENTRO UNIVERSITÁRIO MOURA LACERDA CURSO DE AGRONOMIA
Eficácia de inseticidas utilizados no controle de lagartas desfolhadoras e impacto na
artropodofauna da soja RR
THIAGO DANIELI
Orientador: Prof. Dr. Alexandre de Sene Pinto
Trabalho apresentado ao Centro Universitário Moura Lacerda, como exigência para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo.
Ribeirão Preto, SP
2010
ii
A Deus e aos meus pais José
Francisco Danieli e Venilde Danieli e
aos meus familiares que me
apoiaram
DEDICO
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus, por me ajudar, iluminar e me proteger,
durante todo o curso de Agronomia. Por ter me dado saúde, força e dedicação.
É graças a ele que consegui vencer todos os obstáculos e conquistei todos meus
objetivos durante a faculdade. Aos meus Pais José Francisco Danieli e Venilde
Danieli, pelo carinho, confiança, incentivo e condições financeiras para me
manter na faculdade. A minha irmã Tais Danieli que me ajudou, me incentivando
para que eu passasse por todas as barreiras.
A minha namorada Bruna Lays Nascimento Camargo, um obrigado em
especial e agradeço por ela estar sempre ao meu lado nos momentos mais
difíceis, me apoiando, incentivando, me ajudando e vivenciando todos os
momentos nesta etapa de minha vida.
Ao meu orientador Prof. Dr. Alexandre de Sene Pinto, pelo excelente
profissional, que me espelho e orgulho muito de ser orientado, por ter me
ajudado para realização deste trabalho e de muitos outros, por estar sempre à
disposição para esclarecer eventuais dúvidas, por me ensinar a trabalhar de
maneira correta e honesta, por ser um grande amigo de muitos momentos de
alegria, por aprender ensinamentos que levarei por toda minha vida.
Agradeço aos Professores e Funcionários do Centro Universitário
Moura Lacerda, em especial ao Cássio Luis Silva, Otávio Corrêa Lemos e Valmor
Cláudio Raizaro que colaboraram muito para meu aprendizado e se tornaram
excelentes amigos.
iv
Agradeço aos grandes amigos que fiz nestes anos de faculdade,
principalmente aos membros do grupo G.bio: Athos Andrade Lemos Gomes,
Eduardo Augusto Fonseca Ivan, Fábio Silva Garcia de Figueiredo, Fábio Luiz
Silva Canini, Guilherme dos Reis Vasconcelos, Vinícius Lourenço Lopes e
Vinícius Pedrão, companheiros de trabalhos científicos, viagens, futebol e
momentos engraçados.
A todos meus amigos de turma que foram importantes durante essa
jornada, em especial ao Danilo Barroso Vercesi e Thiago Henrique Peres, que
foram verdadeiros companheiros de trabalhos, seminário e viagens.
Agradeço as empresas envolvidas, e que forneceram condições para
que esse trabalho fosse realizado. A BUG agentes biológicos S/A, por fornecer
as armadilhas aéreas, ovos e agentes biológicos utilizados ao longo do trabalho,
e a Monsanto do Brasil Ltda., por ter patrocinado todo o trabalho, dando
melhores condições para o bom desenvolvimento dos trabalhos, em especial ao
Eng. Agro. Edson Corbo e Dr. Marcelo Nishikawa.
Agradeço a Esalq, especialmente ao Prof. Dr. José Roberto Postali
Parra, por me receber tantas vezes no seu laboratório, me deixando a vontade
com as pesquisas conduzidas, e pelos ensinamentos e contribuição às
pesquisas do Brasil.
Agradeço aos membros da banca de defesa de meu trabalho, pela
disposição e contribuições.
v
SUMÁRIO
PÁGINA
RESUMO .................................................................................. vii
SUMMARY ............................................................................... viii
1 INTRODUÇÃO .......................................................................... 1
2 REVISÃO DE LITERATURA .................................................... 3
2.1 Pragas da cultura da soja .......................................................... 3
2.1.1 Lagartas desfolhadoras ............................................................. 5
2.1.1.1 Distribuição e aspectos bioecológicos de P. includens .............. 5
2.1.1.2 Distribuição e aspectos bioecológicos de A. gemmatalis ........... 7
2.1.2 Percevejos ................................................................................ 9
2.1.2.1 E. heros .................................................................................... 9
2.1.2.2 N. viridula .................................................................................. 9
2.1.2.3 P. guildinii .................................................................................. 10
2.1.2.4 D. furcatus e D. melacanthus .................................................... 11
2.1.2.5 E. meditabunda ......................................................................... 11
2.1.2.6 Acrosternum spp. ...................................................................... 12
2.1.2.7 N. parvus ................................................................................... 12
2.1.3 Mosca-branca ........................................................................... 13
vi
PÁGINA
2.1.4 Ácaros ....................................................................................... 14
2.2 Principais inimigos naturais ....................................................... 16
2.3 Efeitos de agrotóxicos sobre inimigos naturais .......................... 20
3 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................... 27
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................ 37
4.1 Eficiência de inseticidas no controle de lagartas desfolhadoras 37
4.2 Impacto do método convencional e do manejo integrado de
pragas sobre outros insetos-praga da parte aérea da soja ........ 45
4.3 Seletividade de inseticidas utilizados no controle de lagartas
desfolhadoras para predadores na parte aérea da soja ............ 55
4.4 Impacto de inseticidas utilizados no controle de lagartas
desfolhadoras sobre artrópodos avaliado em armadilhas de solo
................................................................................................... 66
4.5 Produtividade da soja após a aplicação de diferentes inseticidas
utilizados no controle de lagartas desfolhadoras ........................ 80
5 CONCLUSÕES ......................................................................... 82
6 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ......................................... 85
vii
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivo avaliar a eficácia dos principais inseticidas utilizados no controle de Anticarsia gemmatalis e Pseudoplusia includens e seus efeitos sobre outras pragas e conhecer o impacto desses inseticidas sobre artrópodos benéficos na cultura da soja. O experimento foi instalado em Ribeirão Preto, SP, em dezembro de 2008, utilizando soja de variedade comercial M–SOY 7908 RR. O delineamento experimental foi de blocos ao acaso, onde dez tratamentos foram repetidos 3 vezes (parcelas de 225 m2). Os tratamentos foram: diflubenzurom, 0,045; metamidofós, 0,8; triflumurom, 0,05; teflubenzuron, 0,08; permetrina, 0,1; lufenuron + profenofós, 0,25; metomil, 1,0; lambda-cialotrina, 30 ml i.a. ha-1 ; Bacillus thuringiensis, 0,5 g i.a. ha-1 + Telenomus podisi e Trissolcus basalis, 5.000 adultos ha-1 e testemunha. Foram utilizadas armadilha de solo (4/parcela), batidas de pano (3/parcela), placas amarelas adesivas (2/parcela), observação direta de plantas para visualização de danos (2 pontos/parcela, com 10 plantas em cada) e cartelas contendo ovos de Anagasta kuehniella (traça) e de percevejos para medir o parasitismo natural (7 cartelas/parcela), para avaliar os artrópodos presentes no local. Pôde-se verificar que para controle de A. gemmatalis, metomil foi o mais eficiente para lagartas pequenas, enquanto que para P. includens, B. thuringiensis foi o mais eficiente para lagartas pequenas. Em baixas infestações das duas lagartas nenhum dos inseticidas foi eficaz. As populações de percevejos fitófagos aumentaram com o uso de metamidofós, assim como de Lagria villosa, que também aumentou com metomil e teflubenzurom. Os parasitoides de ovos não foram afetados pelos inseticidas, mas os percevejos predadores, especialmente Geocoris spp., e as aranhas, os predadores mais sensíveis, foram afetados. As avaliações em armadilhas de solo mostraram a influência de inseticidas nas populações de insetos. Os inseticidas não afetaram a produção.
Palavras-chave: controle biológico, seletividade, Glycine max, impacto ambiental
viii
SUMMARY
Efficiency of pesticides used to control defoliating caterpillars and impact on arthropods in Roundup Ready (RR) soybean.
This study aimed to evaluate the effectiveness of the main pesticides used to control Anticarsia gemmatalis and Pseudoplusia includens and its effect on other pests and know the impact of pesticides on beneficial arthropods in RR soybean crop. The experiment was conducted in Ribeirão Preto, Brazil, in December 2008, using commercial soybean variety M-SOY 7908 RR. The experimental design was randomized blocks, where ten treatments were repeated three times (plots of 225 m2). The treatments were: diflubenzuron, 0.045, methamidophos, 0.8; triflumuron, 0.05; teflubenzuron, 0.08, permethrin, 0.1; lufenuron + profenofos, 0.25, methomyl, 1.0, lambda-cyhalothrin 30 mL ai ha-1, Bacillus thuringiensis, 0.5 g ai ha-1 plus Telenomus podisi and Trissolcus basalis, 5,000 adults ha-1 and control. We used pitfall traps (4/plot), beat cloth method (3/plot), yellow sticky boards (2/plot), direct observation of plants for viewing damage (2 points per plot with 10 plants each) and cards with Anagasta kuehniella (moth) and stink bug eggs glued to measure the parasitism (7 cards/plot) to evaluate the arthropods present on the site. It was verified that for control of A. gemmatalis, methomyl was the most efficient for small larvae, whereas for P. includens, B. thuringiensis was more efficient for small larvae. At low infestation of caterpillars none of the two insecticides was effective. The populations of phytophagous stink bugs increased with the use of methamidophos, as well as Lagria villosa, which also increased with methomyl and teflubenzuron. The egg parasitoids were not affected by insecticides, but the predator bugs, especially Geocoris spp., and spiders, predators more sensitive, were affected. The assessments in pitfall traps showed the influence of pesticides on insect populations. The insecticides did not affect production.
Key words: biological control, selectivity, Glycine max, environmental impact.
1 INTRODUÇÃO
A cultura da soja [Glycine max (L.) Merril], originária da China, é uma
leguminosa rica em óleo e proteína, sendo cultivada desde tempos imemoriais
no Extremo Oriente. No Brasil, foi introduzida no século XIX e atualmente
classifica o Brasil como segundo maior produtor de soja do mundo (FNP
CONSULTORIA & AGROINFORMATIVOS, 2007), com produção superior a 50
milhões de toneladas por ano.
Com a globalização da economia, tem ocorrendo profundas mudanças
na agricultura sendo muitas destas, estão atreladas às medidas de controle de
pragas adotadas. O custo de produção com tais práticas, principalmente com a
utilização de inseticidas, sem muitas vezes apresentar resultados positivos no
controle, o que tem deixado o produto brasileiro menos competitivo no mercado
internacional. Para o controle de pragas, diante deste quadro, deve-se optar por
uma visão inter e multidisciplinar integrando-se diversos métodos de controle
menos prejudiciais ao homem e ao ambiente. Neste contexto, a adoção de
táticas complementares para o êxito no controle de insetos-pragas pode ser
incorporada no sistema, dentro da filosofia de Manejo Integrado de Pragas (MIP).
São várias as pragas que atacam a cultura da soja, sendo as lagartas
desfolhadoras e os percevejos, considerados os mais importantes (pragas-
chave). Dentre as lagartas, a lagarta-da-soja, Anticarsia gemmatalis, e a lagarta-
falsa-medideira, Pseudoplusia includens (Lepidoptera: Noctuidae), são as mais
importantes, e dentre o complexo de percevejos, o percevejo-marrom,
Euschistus heros, tem aparecido em destaque, o percevejo-verde, Nezara
2
viridula, e o percevejo-verde-pequeno, Piezodorus guildinii (Hemiptera:
Pentatomidae) (EMBRAPA, 2006; PINTO; PARRA; OLIVEIRA, 2008).
Uma das táticas que tem mostrado bons resultados no controle de
pragas, principalmente da Ordem Lepidoptera (PARRA; ZUCCHI; SILVEIRA
NETO, 1987), é a utilização do controle biológico aplicado, por meio de
liberações inundativas de inimigos naturais, e a consequente redução da
população das pragas para um nível inferior ao nível de dano econômico, de
forma análoga ao uso de agroquímicos.
São vários os inimigos naturais que ocorrem naturalmente na cultura da
soja (MORAES; LOECK; BELARMINO, 1991; EMBRAPA, 2000; THOMAZINI,
2001; BELORTE; RAMIRO; FARIA, 2004; PINTO; PARRA; OLIVEIRA, 2008),
merecendo destaque: os carabídeos, os percevejos predadores, os parasitoides
de ovos, lagartas e de pupas de percevejos, as aranhas, o fungo Nomuraea rileyi
e o vírus Baculovirus anticarsia (AgMNPV).
O impacto que os inseticidas podem causar na artropofauna benéfica
deve ser conhecido, objetivando criar mecanismos que visem minimizar os seus
efeitos colaterais. Por esse motivo, esse trabalho teve por objetivos: (i) avaliar a
eficácia dos principais inseticidas utilizados no controle de A. gemmatalis e P.
includens e seus efeitos sobre outras pragas que ocorreram na safra 2008/2009,
e; (ii) conhecer o impacto desses inseticidas sobre artrópodos benéficos na
cultura da soja.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Pragas da cultura da soja
Dentre as principais pragas que ocorrem na cultura da soja, as lagartas
desfolhadoras, especialmente a lagarta-da-soja, Anticarsia gemmatalis e a
lagarta falsa-medideira, Pseudoplusia includens e os percevejos, principalmente
Nezara viridula, Piezodorus guildinii e Euschistus heros, são consideradas as
pragas-chave (EMBRAPA, 2006). Outras lagartas como Spodoptera spp.,
Omiodes indicatus (lagarta-enroladeira), Urbanus proteus (lagarta-cabeça-de-
fósforo) e geometrídeos (mede-palmo) também causam a desfolha da soja e
podem atingir níveis populacionais prejudiciais à cultura.
Pragas secundárias podem também causar prejuízos esporádicos ou
regionais à cultura, como os ácaros Tetranychus urticae (ácaro-rajado) e
Polyphagotarsonemus latus (ácaro-branco), as lagartas de solo Elasmopalpus
lignosellus (elasmo), Agrotis ipsilon (lagarta-rosca), Epinotia aporema (broca-
das-axilas), as vaquinhas Diabrotica speciosa (brasileirinho ou patriota),
Cerotoma arcuatus, Colaspis spp., dentre outras, os besouros Phyllophaga
cuyabana (coró-da-soja), Sternechus subsignatus (tamanduá-da-soja ou
bicudo), Myochrous armatus (cascudo) e Aracanthus mourei (torrãozinho), os
percevejos de solo Scaptocoris castanea e S. carvalhoi (percevejo-castanho), os
percevejos Dichelops melacanthus, D. furcatus, Acrosternum hilare, Edessa
meditabunda, Neomegalotomus parvus (formigão), dentre outros e mosca-
4
branca (Bemisia tabaci), dentre outras (EMBRAPA, 2006; PINTO; PARRA;
OLIVEIRA, 2008).
Em muitas regiões a lagarta-falsa-medideira era considerada de menor
importância, controlada naturalmente por parasitoides e fungos
entomopatogênicos. Entretanto, entre as safras de 2003/2004 a 2007/2008
vários surtos foram constatados em diversos estados brasileiros (MS, GO, SP e
PR), ocorrendo isoladamente ou associados à lagarta-da-soja, devido
principalmente ao uso crescente e indiscriminado de agroquímicos na lavoura
(BUENO, 2008).
O controle químico dessa lagarta, é a principal tática de controle utilizada
pelos agricultores, não tem sido eficaz em algumas regiões, principalmente pelo
hábito do inseto em permanecer na porção inferior da planta, dificultando o
inseticida atingir o alvo. Desta forma, o controle exige o uso de produtos em
doses elevadas, o que diminui ainda mais a população dos inimigos naturais que
permanecem na cultura. Como consequência deste desequilíbrio biológico, a
lagarta-falsa-medideira, que sempre teve importância secundária na cultura,
agora está se tornando um grande problema à produtividade da soja (MOLINA,
2007).
Para o controle de pragas, diante deste quadro, deve-se optar por uma
visão inter e multidisciplinar integrando-se diversos métodos de controle menos
prejudiciais ao homem e ao ambiente. Neste contexto, a adoção de táticas
complementares para o êxito no controle de insetos-pragas pode ser incorporada
no sistema, dentro da filosofia de Manejo Integrado de Pragas (MIP). Uma das
táticas que tem mostrado bons resultados no controle de pragas, principalmente
da Ordem Lepidoptera (PARRA; ZUCCHI; SILVEIRA NETO, 1987), é a utilização
do controle biológico aplicado, que apresenta alto potencial de sucesso, por meio
de liberações inundativas de inimigos naturais, pois se pode reduzir a população
das pragas para um nível inferior ao nível de dano econômico, de forma análoga
ao uso de agroquímicos.
5
2.1.1 Lagartas desfolhadoras
2.1.1.1 Distribuição e aspectos bioecológicos de P. includens
A subfamília Plusiinae compreende espécies que são importantes
pragas agrícolas, sendo que das lagartas que atacam a soja, P. includens é a
espécie mais abundante. Sua distribuição é restrita ao hemisfério ocidental,
ocorrendo desde o norte dos EUA até o sul da América do Sul (ALFORD;
HAMMOND JUNIOR, 1982; EICHLIN; CUNNINGHAM, 1978).
A sua importância é ressaltada pelo grande número de hospedeiros, que
pode podem chegar a 73 espécies de plantas, pertencentes a 29 diferentes
famílias e de importância econômica, como a soja, algodoeiro, feijoeiro, fumo,
girassol, hortaliças (HERZOG, 1980; EICHLIN; CUNNINGHAM, 1978).
Apesar de recentimente ter assumido P. includens importância na cultura
da soja no Brasil, P. includens é considerado praga chave da cultura nos EUA
há muito tempo. Seus danos geralmente são elevados, exigem medidas de
controle em várias épocas durante todo o ciclo da planta (KOGAN;
TURNPSEED, 1987).
P. includens é um inseto que se alimenta de folhas localizadas no terço
inferior da planta. As lagartas, nos primeiros ínstares, selecionam as folhas mais
tenras, se alimentando daquelas com pequena quantidade de fibra (KOGAN;
COPE, 1974), tornando-se menos exigentes à medida que vão se
desenvolvendo. Até o terceiro ínstar, as lagartas deixam intactas regiões da
epiderme; entretanto, a partir do quarto ínstar, consomem grandes áreas,
mantendo, porém, íntegras as nervuras principais, o que confere um aspecto
rendilhado característico às folhas atacadas (HERZOG, 1980).
Em trabalhos realizados na Geórgia, EUA, P. includens apresentou
duração do período de desenvolvimento lagarta-adulto de 26,5 e 31,7 dias,
quando alimentada com folhas de soja e algodoeiro, respectivamente. A maior
6
duração do desenvolvimento em folhas de algodoeiro foi atribuída à presença de
gossipol nas folhas da planta (MITCHEL, 1967).
O tempo de desenvolvimento, massa das pupas e consumo de área
foliar de soja, foram estudados na Flórida, EUA, por Reid e Greene (1973), em
laboratório mantido a 29oC e com 14 h de fotofase. A duração da fase larval foi
de 13,7 dias, com total de seis ínstares larvais. O peso das pupas com 24 h de
idade, foi de 193,4 mg, similar ao obtido quando os insetos foram criados em
dieta artificial (183,3 mg), porém, ambos menores do que aquele obtido quando
as pupas eram coletadas no campo (214 mg).
No Brasil, em criações de laboratório foi observado que o ovo de P.
includens é depositado de forma isolada, com diâmetro de 0,52 mm a 0,53 mm,
de cor amarela brilhante com 31 a 33 costas radiais e distintas costas
transversais, sendo que a dieta pode alterar a coloração dos ovos. Não existem
sinais de desenvolvimento embrionário até, aproximadamente, 36 h após a
oviposição. O período de incubação, a 25oC, é sempre de três dias. A viabilidade
dos ovos pode variar de 39,7 a 100%, sendo estas diferenças, relacionadas
principalmente às metodologias utilizadas nas pesquisas (YOUNG; YEARIAN,
1982; JENSEN; NEWSOM; GIBBENS, 1974; MITCHEL, 1967; BEACH; TOOD,
1985).
O início para transformação em pré-pupa é visualizado por uma
acentuada mudança de coloração. No entanto, esta transformação em pré-pupa
envolve alterações no sistema hormonal, envolvendo: parada na alimentação,
mudança para coloração verde amarelada uniforme, liberação do último “pellet”
fecal de coloração amarelo brilhante, início da construção do casulo, perda de
mobilidade e transformação em pupa (VÁZQUEZ, 1986).
No campo, para transformar-se em pupa, P. includens geralmente
enrola-se nas folhas e tece um fino casulo de seda (SHOREY; ANDRES; HALE,
1962). A pupa é de coloração verde clara brilhante, mantendo esta coloração até
48 horas antes da emergência, quando adquire a coloração marrom escura,
vendo-se por transparência as estruturas do adulto (VÁZQUEZ, 1986).
7
A longevidade dos adultos também é muito variável podendo variar de
9,8 até 18,2 dias (MASON; MACK, 1984). O número total médio de ovos pode
variar de 144 a 1953 ovos, sendo que 80 a 90% do total de ovos são colocados
até o sétimo dia (VÁZQUEZ, 1986).
2.1.1.2 Distribuição e aspectos bioecológicos de A. gemmatalis
A lagarta-da-soja, A. gemmatalis é uma espécie de clima tropical e sub-
tropical e ocorre desde o sul dos EUA até a Argentina (KING; SAUNDERS,
1985). Também é considerada a principal praga desfolhadora da soja nos EUA,
México, Colômbia, Venezuela e Argentina. No Brasil, esta praga pode ocasionar
reduções significativas na produção, com infestações desde Goiás e Mato
Grosso até o Rio Grande do Sul (PANIZZI, 1990, PANIZZI; CORRÊA-
FERREIRA, 1997).
Com a rápida expansão da cultura da soja para outros estados
brasileiros na década de 60, novas cultivares foram desenvolvidas. Atualmente
são poucos os estudos que apontam os reais prejuízos causados por A.
gemmatalis. O desfolhamento em cultivarem anteriormente utilizados demonstra
que a praga pode reduzir até 100% da área foliar, com reduções de 33% na
produção (RAMIRO; OLIVEIRA, 1975). Entretanto não há dados de prejuízos
ocasionados por essa praga nas cultivares plantadas atualmente.
A importância da lagarta-da-soja é ressaltada principalmente na cultura
da soja, mas apesar de não apresentar grande número de hospedeiros,
eventualmente pode ocorrer nas culturas do amendoim, alfafa e girassol,
principalmente se tais culturas forem plantadas posteriormente à colheita da
soja. Com a eliminação da planta preferencial, os insetos passam a atacar
plântulas de outros hospedeiros podendo também causar sérios danos a tais
culturas (EMBRAPA, 2000).
8
O adulto de A. gemmatalis é uma mariposa de coloração cinza, marrom
ou bege e na maioria das vezes apresenta uma linha transversal na parte
superior das asas que pode ser notada quando as mariposas estão na posição
de repouso. O tamanho das mariposas pode variar, mas em média apresenta 40
mm de envergadura (EMBRAPA, 2000).
Os ovos são depositados isoladamente na parte inferior das folhas, no
caule, nos ramos e nos pecíolos com maior concentração nos terços médio e
inferior das plantas. Os ovos apresentam coloração verde clara assim que
depositados e, com o desenvolvimento do embrião, tornam-se acinzentados e,
próximos à eclosão passam à coloração marrom escuro. O período embrionário
é de aproximadamente, três dias e cada fêmea tem capacidade de colocar até
1.000 ovos, sendo que cerca de 80% são depositados nos primeiros oito a dez
dias de vida. A longevidade das fêmeas é de, aproximadamente, 20 dias
(EMBRAPA, 2000).
Nos dois primeiros ínstares, as lagartas, em média, medem 3 e 9 mm,
respectivamente, e apresentam os dois primeiros pares de falsas pernas. A
locomoção de lagartas de primeiro e segundo instar é medindo palmos, o que
pode causar confusão com a lagarta-falsa-medideira P. includens. Lagartas de
primeiros ínstares iniciam a alimentação como raspagem do parênquima foliar
principalmente em folhas mais tenras imediatamente após a eclosão, e somente
a partir do terceiro instar conseguem perfurar as folhas. A fase larval tem duração
de 12 a 15 dias e as lagartas em altas infestações podem causar danos de até
100% de área foliar consumida. A lagarta apresenta coloração esverdeada, com
5 estrias longitudinais brancas sobre o dorso (GALLO et al., 2002). Em condições
de alta população, ou escassez de alimento, a lagarta torna-se escura, mantendo
as estrias brancas. Possui quatro falsas pernas no abdômen, e passa por seis
instares larvais, podendo atingir 40 mm de comprimento. Ao final da fase larval,
a lagarta cessa a alimentação e passa à fase de pré-pupa que pode variar de
um a dois dias. A lagarta pupa no solo, numa profundidade de até 2 cm e
apresenta coloração marrom escura e brilhante. A fase de pupa apresenta
duração de nove a dez dias em temperatura de 25ºC e após esse período ocorre
a emergência das mariposas (EMBRAPA, 2000).
9
2.1.2 Percevejos
2.1.2.1 E. heros
O percevejo-marrom, E. heros, espécie rara nos anos 70, é hoje o mais
abundante. Nativo da Região Neotropical tem como seu hospedeiro principal a
soja. Possui boa adaptabilidade às regiões mais quentes, é mais abundante do
Norte do Estado do Paraná ao Centro Oeste Brasileiro. As fêmeas ovipositam
massas com 5 a 7 ovos amarelados nas folhas (CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI,
1999) e também nas vagens (HOFFMANN-CAMPO et al., 2000). As ninfas
recém eclodidas permanecem sobre os ovos, mudando para o segundo ínstar
ao iniciarem o processo alimentar. São mais ativas a partir de terceiro ínstar,
quando iniciam a dispersão e tornam-se mais vorazes. Os adultos apresentam
longevidade média de 116 dias, podendo viver por mais de 300 dias (CORRÊA-
FERREIRA; PANIZZI, 1999).
Apesar de ser referido como espécie de clima quente, hoje se encontra
até no Rio Grande do Sul (PINTO; PARRA; OLIVEIRA, 2008).
2.1.2.2 N. viridula
O percevejo-verde, N. viridula, originário do Norte da África, tem
distribuição mundial, sendo mais adaptado às regiões mais frias do Brasil
(Região Sul), onde é mais abundante (CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI, 1999).
Devido à sua menor adaptação a climas mais quentes, não se expandiu para a
Região Central com a mesma intensidade que E. heros e P. guildinii
(HOFFMANN-CAMPO et al., 2000). É extremamente polífago e, diferentemente
10
do percevejo marrom, mantém sua atividade o ano todo nas regiões onde as
temperaturas mais amenas, como o Norte do Paraná, quando se reproduz por
um período mais longo, podendo completar até seis gerações por ano
(CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI, 1999).
O adulto é totalmente verde medindo de 12 a 15 mm, podendo
sobreviver até 70 dias. Os ovos são amarelos e depositados, normalmente, na
face inferior das folhas, em massas regulares de 50-100 ovos semelhantes a
colméias, ou hexágonos. As ninfas só causam danos a partir do 3° instar, com
intensidade crescente até o 5° e último instar, quando atinge a fase adulta,
podendo durar a fase ninfal de 20 a 25 dias (HOFFMANN-CAMPO et al., 2000).
2.1.2.3 P. guildinii
O percevejo-verde-pequeno, P. guildinii, tem ampla distribuição
geográfica, ocorrendo na região tradicional de cultivo da soja (RS, SC e PR) e
nas regiões de expansão recente do Norte e Nordeste do País. O adulto é um
percevejo de até 10 mm de comprimento, e de cor verde amarelada,
apresentando uma listra transversal marrom avermelhada na parte dorsal
próxima da cabeça (pronoto). Os ovos são bem característicos, pretos,
colocados em fileiras pareadas, geralmente em número de 10 a 20 por postura.
Os ovos podem ser depositados na face ventral ou dorsal das folhas, no caule e
nos ramos, mas preferencialmente nas vagens (HOFFMANN-CAMPO et al.,
2000).
As ninfas recém-eclodidas medem apenas 1 mm, possuem
comportamento gregário, permanecendo próximas à postura. Os danos
causados pelas ninfas aumentam de intensidade com o desenvolvimento do
inseto, prejudicando a soja do 3° ao 5° ínstar. Estudos sugerem que o percevejo-
verde-pequeno prejudica mais a qualidade das sementes e causa mais retenção
11
foliar à soja do que os demais percevejos, apesar de ser menos polífaga que N.
viridula (HOFFMANN-CAMPO et al., 2000).
Na região de Ribeirão Preto, SP, é referida como a principal espécie de
percevejo atacando a soja (LIMA, 2003).
2.1.2.4 D. furcatus e D. melacanthus
Os percevejos barrigas-verdes são espécies neotropicais que ocorrem
na soja em número menor. Os adultos medem de 9 a 11 mm e sua coloração
varia entre castanho amarelado ao acinzentado, apresentando o abdome verde.
A cabeça é típica, terminando em duas projeções pontiagudas e o pronoto com
margens anteriores denteadas e expansões laterais espinhosas (CORRÊA-
FERREIRA; PANIZZI, 1999).
2.1.2.5 E. meditabunda
E. meditabunda é também uma espécie neotropical. É um percevejo
polífago, alimentando-se da seiva de diversas plantas cultivadas e silvestres,
particularmente, solanáceas. Ocorre em populações baixas na soja.
Ocasionalmente causam danos significativos no Rio Grande do Sul e no Centro-
Oeste Brasileiro. Por se alimentarem também de caules, originando lesões
escuras, seus danos tendem a ser menores do que os efetuados pelas espécies
que se alimentam exclusivamente das sementes. Os adultos chegam a medir 13
mm, sua coloração é verde e as asas são marrons escuras. A parte ventral do
corpo é amarela escura brilhante, assim como antenas e pernas. Seus ovos de
cor verde-claro são colocados em geral nas folhas em número de 14 por postura,
distribuídos em duas fileiras (CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI, 1999).
12
2.1.2.6 Acrosternum spp.
Percevejos de coloração verde, que ocorrem esporadicamente em soja.
Espécies deste gênero são semelhantes ao percevejo verde N. viridula;
difereciam-se por apresentar antenas com segmentos de coloração escura (em
N. viridula são avermelhados) e espinho ventral no abdome (em N. viridula não
ocorre espinho ventral). Alimentam-se dos grãos de soja, causando danos
semelhantes aos demais percevejos fitófagos (CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI,
1999).
2.1.2.7 N. parvus
Percevejo nativo do Brasil, pertencente à família Alydidae, ocorre em
diferentes regiões, sendo comum da região Norte do Paraná até o Brasil Central,
especialmente durante o período de maturação da soja (CORRÊA-FERREIRA;
PANIZZI, 1999). Lima (2003) encontrou esse percevejo predominantemente no
início da fase reprodutiva da cultura, em Ribeirão Preto, SP.
Os adultos medem cerca de 10 mm de comprimento. O macho é
marrom, com manchas claras nas laterais do corpo; as fêmeas são escuras com
abdome maior, sendo menos móveis; as formas jovens mimetizam formigas. N.
parvus é um inseto sugador de sementes já formadas, por isso não afeta o
rendimento, mas podem reduzir a qualidade dos grãos quando ocorrem
populações elevadas no final do ciclo da soja (CORRÊA-FERREIRA; PANIZZI,
1999).
13
2.1.3 Mosca-branca
Moscas-brancas (Hemiptera: Aleyrodidae) são insetos que sugam a
seiva do floema das plantas hospedeiras, tanto na fase imatura como na adulta,
podendo causar danos diretos e indiretos, além de transmitir viroses.
Atualmente, é considerado um grupo importantíssimo em âmbito mundial,
veiculando mais de 40 fitoviroses diferentes, sendo as únicas transmissoras de
geminivírus (BROWN; BIRD, 1992). O dano indireto é causado tanto pelos
adultos como pelas ninfas, que elimina “honeydew”, com consequente formação
de fumagina (COSTA; COSTS; SAUER, 1973) quando o ataque é intenso.
Uma das espécies mais importantes é Bemisia tabaci, hoje considerada
um complexo (BROWN; FROLICH; ROSELL, 1995), com amplo espectro de
hospedeiras, criando-se em mais de 500 espécies de plantas, pertencentes a 74
famílias botânicas (GREATHEAD, 1986). Dependendo da cultura, época e nível
de infestação, entre outros fatores, os prejuízos causados por essa mosca
branca podem variar entre 20 e 100% (BROWN; BIRD, 1992).
Sua metamorfose, embora incompleta, compreende as fases de ovo,
ninfa e adulto, sendo a fase de ninfa subdividida em ninfa I, ninfa II, ninfa III e
ninfa IV, sendo esta última também chamada de pupa ou pseudopupa (VILLAS
BÔAS et al., 1997).
Várias diferenças biológicas têm sido atribuídas aos dois biótipos de
Bemisia. O biótipo B coloca significativamente mais ovos (COSTA; BROWN,
1991), ingere maior quantidade de seiva da planta e excreta maior volume de
“honeydew” (BYRNE; MILLER, 1990), além de possuir maior gama de
hospedeiros quando comparado ao biótipo A (BEDFORD et al., 1994).
No Brasil, B. tabaci biótipo B foi introduzida no início da década de 1990.
A partir de 1991, esta espécie de mosca-branca passou a ser importante devido
às altas infestações em plantas de interesse econômico. Lourenção e Nagai
(1994) verificaram altas populações do biótipo B no Estado de São Paulo, na
região de Campinas.
14
O controle de moscas-brancas tem sido feito quase que exclusivamente
por inseticidas e por tratos culturais. Prabhaker, Coudriet e Meyerdirk (1985)
mencionaram, entretanto, que características biológicas e comportamentais de
B. tabaci como rápido desenvolvimento, alta fecundidade e grande capacidade
de dispersão são fatores que aumentam a probabilidade de aparecimento de
resistência aos inseticidas comerciais de diferentes grupos químicos
(PRABHAKER; TOSCANO; COUDRIET, 1989; DITTRICH et al., 1990).
2.1.4 Ácaros
Os ácaros são considerados pragas secundárias em soja. Durante
alguns anos, foram observados surtos de ácaros, principalmente do ácaro-
branco e do ácaro-rajado, em lavouras de soja, mas raramente chegaram a
causar prejuízos econômicos. A maioria dos casos tem ocorrido em áreas onde
haviam sido realizadas aplicações de inseticidas piretróides ou próximas a áreas
cultivadas com outros hospedeiros de ácaros, como algodão, café, plantas
hortícolas etc (GALLO et al., 2002; SISTEMA DE ALERTA, 2004; MORAES;
FLECHTMANN, 2008).
O ácaro-branco, P. latus, mede cerca de 0,14 a 0,17mm de
comprimento. A fêmea tem coloração branca à amarelada-brilhante. Não tecem
teias. O ataque se dá nas folhas mais novas, ocorrendo inicialmente um
escurecimento. O dano pode evoluir para folíolos com aspecto brilhante e
bronzeado na face inferior da folha, enrolamento dos bordos das folhas para
baixo e rasgaduras; quando este sintoma se manifesta, em geral, os ácaros
não estão mais presentes nos folíolos. Pode atacar também os ponteiros da
soja. Ataques intensos causam a seca e queda das folhas. É favorecido por
temperatura e umidade elevadas (SISTEMA DE ALERTA, 2004). No campo,
geralmente não é problema (MORAES; FLECHTMANN, 2008).
15
O ácaro-vermelho, Tetranychus ludeni ou T. desertorum, mede cerca de
0,26 a 0,5mm de comprimento. As fêmeas são de cor vermelha intensa; já os
machos e as formas jovens são amarelo-esverdeados. Ovos amarelados
ou vermelho-opacos. Formam colônias densas na página inferior das folhas
(preferência pelos folíolos do ponteiro ou da região mediana). As folhas ficam
amareladas e caem prematuramente. T. ludeni predomina no início da cultura,
até janeiro, enquanto que T. desertorum tem maior incidência a partir de janeiro
(SISTEMA DE ALERTA, 2004; MORAES; FLECHTMANN, 2008).
O ácaro-rajado, T. urticae, mede entre 0,25 a 0,46 mm comprimento.
Todas as fases ativas são esverdeadas e as fêmeas apresentam manchas
verde-escuras no dorso. Formam compactas colônias na parte inferior dos
folíolos, que recobrem com teias. Sugam a seiva, principalmente da face inferior
das folhas novas e têm preferência pela região mediana da planta. Folíolos
atacados ficam inicialmente amarelos e posteriormente apresentam manchas
branco-prateadas, na face inferior, e áreas cloróticas, ou com aspecto bronzeado
(avermelhado) na face superior. Ataques intensos causam a seca e queda
de folhas. Temperaturas elevadas e baixas precipitações favorecem o seu
aumento populacional (SISTEMA DE ALERTA, 2004; MORAES;
FLECHTMANN, 2008). Sua importância vem aumentando nos últimos anos
(MORAES; NAVIA; GUEDES, 2006).
Moraes e Flechtmann (2008) citam ainda os ácaros Mononychellus
planki (ácaro-verde) e Tetranychus gigas (ácaro-vermelho) ocorrendo em soja
no Brasil.
O controle do ácaro-rajado é mais difícil, pois este desenvolve
rapidamente resistência aos produtos químicos, já as outras espécies, em geral,
são controladas por inseticidas aplicados para controle de outras pragas na
cultura. Os demais geralmente são controlados com outras pragas (SISTEMA
DE ALERTA, 2004).
2.2 Principais inimigos naturais
16
Dentre os grupos de inimigos naturais que ocorrem sobre A. gemmatalis
estão referidos os predadores Orius sp. (Hemiptera: Anthocoridae), Nabis sp.,
Tropiconabis sp. (Hemiptera: Nabidae), Geocoris sp. (Hemiptera: Lygaeidae),
Calosoma granulatum, Lebia sp., Callida sp. (Coleoptera: Carabidae), Podisus
sp. (Hemiptera: Pentatomidae), Eriopis sp. (Coleoptera: Coccinellidae),
Chrysopa sp. (Neuroptera: Chrysopidae) e Doru lineare (Dermaptera:
Forficulidae), os parasitoides P. similis, Euplectrus chapadae (Hymenoptera:
Eulophidae), Microcharops spp. (Hymenoptera: Ichneumonidae), e os
entomopatógenos representados principalmente por baculovírus (vírus de
poliedrose nuclear – AgMNPV) e pelo fungo Nomuraea rileyi (EMBRAPA, 2000).
Diversos são os agentes de controle biológico que estão associados à
P. includens. Entre os dípteros, estão presentes os taquinídeos Patelloa similis,
Voria ruralis e Lespesia sp. (Diptera: Tachinidae); entre os himenópteros, os
iquineumonídeos Microcharops bimaculata e Campoletis grioti (Hymenoptera:
Ichneumonidae), os braconídeos Meteorus sp., Apanteles marginiventris
(Hymenoptera: Braconidae) e o encirtídeo Litomastix sp. (Hymenoptera:
Encyrtidae) (MORAES; LOECK; BELARMINO, 1991). Zachrisson e Parra (1998)
destacam a importância de Trichogramma pretiosum no controle de ovos de A.
gemmatalis e Bueno (2008) complementou esse conhecimento, incluindo
informações importantes para o controle biológico de ovos de P. includens.
Belorte, Ramiro e Faria (2004) destacam os seguintes inimigos naturais:
Anthocoridae, Callida pallidipennis, Callida scutelaris, Callida sp., Chrysopidae,
Chrysoperla externa, Ceraeochrysa cubana, Ceraeochrysa sp., Cycloneda
sanguinea, Dermaptera, Exochomus bimaculosus, Formicidae, Geocoris sp.,
Lebia concina, Leptotrachelus sp., Nabis sp., Orius sp., Ploiariidae, Podisus sp.,
Reduviidae, Scymnus sp., Staphilinidae e aranhas. Não houve diferenças
estatísticas entre os tratamentos.
Thomazini (2001) destaca como principais insetos ocorrendo na soja no
Acre o crisomelídeo Cerotoma tingomarianus, principal desfolhador, e os
percevejos P. guildinii e E. heros. Os principais predadores foram Callida sp.,
17
Lebia concinna (Coleoptera, Carabidae) e Tropiconabis sp. e o principal
parasitoide de ovos de percevejos foi Telenomus podisi.
Alguns deles são eficientes e produzidos comercialmente para
liberações inundativas, como é o caso de Trichogramma spp. (Hymenoptera:
Trichogrammatidae) (ZACHRISSON; PARRA, 1998; BUENO, 2008), para o
controle de ovos de lagartas desfolhadoras, Trissolcus basalis e T. podisi
(Hymenoptera: Scelionidae) (CORRÊA-FERREIRA, 2002; POLANCZYZ et al.,
2006), para o controle de ovos de percevejos, e o nucleopoliedrovírus (AgMNPV)
B. anticarsia (MOSCARDI, 1999; POLANCZYZ et al., 2006), para o controle da
lagarta-da-soja.
Os parasitoides de ovos são considerados, em vários países, como os
principais inimigos naturais dos percevejos da família Pentatomidae. São
reconhecidos, em muitos casos, como os mais importantes agentes de
mortalidade desse grupo de insetos (UNDERHILL, 1934; HOKYO et al., 1966;
BUSCHMAN; WHITCOMB, 1980). Moreira e Becker (1986 a,b) avaliaram,
respectivamente, o ataque de parasitoides e a predação em posturas de N.
viridula na cultura da soja, verificando-se a interação predador-parasitoide-
hospedeiro. Ao comparar a mortalidade ocasionada pelos parasitoides a N.
viridula com a contribuição relativa dos predadores à mortalidade do hospedeiro
e à dos parasitoides no período de pré-emergência, os autores demonstraram
que T. basalis constitui-se na principal causa de mortalidade para N. viridula no
estágio de ovo e que os predadores representam um importante fator de
mortalidade para os parasitoides no período de pré-emergência. Embora a
contribuição dos parasitoides de ovos para o controle dos percevejos seja
significativa em áreas onde o controle de pragas é feito de maneira criteriosa, na
maioria das vezes, esse controle não é suficiente para conter o aumento
populacional dessas pragas. Uma das medidas a ser utilizada para a
implementação do controle natural destes percevejos, é a liberação em campo
de parasitoides criados no laboratório (CALTAGIRONE, 1981; CLARKE, 1990;
CORRÊA-FERREIRA, 1993). Essa técnica vem sendo utilizada com sucesso em
lavouras do Sul do Brasil, em que a espécie liberada é T. basalis. Apesar de T.
basalis ter preferência pó N. viridula, que é o percevejo mais importante no Sul
18
do país, ele apresenta comportamento generalista, atacando ovos de diversos
hospedeiros (CORRÊA-FERREIRA, 1986; 1993).
A preferência demonstrada pelo parasitoide T. podisi por E. heros, em
parasitismo natural, indica o possível uso desse agente em liberações,
juntamente com o parasitoide de ovos T. basalis, buscando-se manter a
população dos percevejos abaixo do nível de dano econômico no período mais
crítico de ataque (CORRÊA-FERREIRA, 1993).
O sucesso do parasitismo depende da procura e da localização do
hospedeiro pelos parasitoides envolvendo processos complexos, onde o
parasitoide utiliza toda informação possível, para se orientar até o hospedeiro
(WAAGE; GREATHEAD, 1986). Hoje a informação química tem sido destacada
como muito importante na orientação de parasitoides. Estudos com parasitoides
de ovos demonstraram respostas a substâncias químicas liberadas pelo
hospedeiro (cairomônios), tanto pelos ovos como pelos adultos (STRAND;
VINSON, 1983; ALDRICH et al., 1993).
O parasitoide de ovos T. basalis foi registrada pela primeira vez no Brasil
por Ferreira (1980) ocasionando 23% de parasitismo em ovos do percevejo-
verde em campos de soja no Estado do Paraná. Desde então, alguns autores se
preocupam em registrar a ocorrência de parasitoides, com o propósito de
identificar espécies que possam ser usadas como agentes de controle biológico
dos percevejos da soja (FERREIRA, 1986; FOERSTER; QUEIROZ, 1990;
FERREIRA; MOSCARDI, 1995; KISHINO; ALVES, 1994). Kishino e Alves
(1994), fazendo levantamentos na região Centro-Oeste, registraram seis
espécies como parasitoides de ovos de percevejos-da-soja: T. basalis, T.
scuticarinatus, T. mormideae, Telenomus sp., Anastatus sp. e Neorileya sp.
Trabalhos recentes mostram que a liberação de T. basalis em soja de ciclo curto
plantada como cultura-armadilha quando os percevejos iniciam a colonização
pode ser uma tática importante no manejo integrado de pragas nesta cultura
(FERREIRA; MOSCARDI, 1996). No triângulo Mineiro, em levantamentos
realizados no período de 1993 a 1995, em áreas sem controle de pragas, o
principal parasitoide encontrado em ovos de P. guildinii e E. heros foi T. podisi,
19
com porcentagem de parasitismo variando de 31 a 72% (VENZON; VIRÍSSIMO,
1995).
Corrêa-Ferreira (1993) observou que a espécie T. podisi, juntamente
com T. basalis, que ocorre em grande abundância em lavouras de soja na
Região Norte do Paraná, vem adquirindo importância, especialmente pelas
elevadas populações de seu hospedeiro preferencial E. heros presentes na
cultura da soja. Também na Região Sul do Paraná, Foerster e Queiróz (1990)
constataram como sendo este o principal parasitoide em ovos de P. guildinii, D.
furcatus e E. heros, ocorrente em mais de 805 dos ovos parasitados. Yeargan
(1979), estudando os parasitoides de ovos de Euschistus servus, Euschistus
variolarious, A. hilare e Podisus maculiventris, constatou que T. podisi foi a
espécie predominante, com nível de parasitismo natural de 83%.
O conhecimento da taxa reprodutiva dos inimigos naturais é fundamental
para a avaliação do seu potencial como agentes de controle, Poonsavasde e
Sukonthabhirom (1990), na Tailândia, verificaram que, em ovos de Piezodorus
hybneri, espécies do gênero Telenomus parasitam duas vezes mais que as do
gênero Trissolcus e que fêmeas de Telenomus sp., em laboratório, à temperatura
de 29°C, apresentaram alto número de descendentes, porém pequeno tempo de
vida. Orr e Boethel (1990), estudando o potencial reprodutivo de Telenomus
cristatus e T. podisi em ovos de P. maculiventris em campos de soja na
Louisiana, EUA, verificaram que fêmeas de T. cristatus vivem mais do que
fêmeas de T. podisi, quando foi permitido a ambas ovipositar livremente.
Segundos os autores, a diferença foi devida ao maior período de pós-oviposição
verificando para T. cristatus. Constataram, ainda, que o pico de produção de
progênie foi dois dias após a emergência dos adultos e que T. podisi produziu
2,5 vezes mais descendentes que T. cristatus em todo seu período reprodutivo,
apresentando uma proporção de fêmea/macho de 4,4:1 e 15,8:1,
respectivamente.
2.3 Efeitos de agrotóxicos sobre inimigos naturais
20
As populações de pragas, em níveis que causam dano econômico às
culturas, podem exigir o aumento do número de aplicações de agroquímicos nos
agroecossistemas e prejudicar o controle biológico natural ou o inundativo. Para
reduzir os efeitos causados sobre os inimigos naturais, a determinação da
seletividade dos produtos utilizados é de grande importância (GRAVENA; LARA,
1976; CARVALHO et al., 1994; CARVALHO; PARRA; BAPTISTA, 2001a;
CARVALHO; PARRA; BAPTISTA, 2001b; FALEIRO et al., 1995).
Uma das estratégias disponíveis para primar pela compatibilidade do
agente de controle biológico com a utilização dos agroquímicos, é o uso de
produtos seletivos para inimigos naturais. Porém as diferentes metodologias
impossibilitam a comparação dos resultados (GRAVENA et al., 1988; GRAVENA
et al., 1992; SANTOS; GRAVENA, 1995; 1997).
Assim, estudos sobre seletividade de agroquímicos a inimigos naturais
de pragas devem ser realizados com o intuito de gerar informações que possam
auxiliar na tomada de decisão em programas de Manejo Integrado de Pragas
(MIP) e na manutenção desses organismos nos agroecossistemas, de modo que
os mesmos atuem na regulação de populações de pragas (MOURA;
CARVALHO; RIGITANO, 2005).
Para garantir algum sucesso nas liberações de agentes de controle
biológico são necessários testes padronizados de seletividade, com base nas
normas da “International Organization of Biological Control” – IOBC (HASSAN,
1992). Esses estudos comparam a relativa toxicidade de agroquímicos, incluindo
inseticidas, fungicidas e herbicidas, com vistas à indicação dos produtos mais
seletivos em casos de liberação de parasitoides, como exemplo (HASSAN et al.,
1998; LI et al., 1993; DEGRANDE et al., 2002; FOERSTER, 2002).
O termo seletividade possui uma conotação relativa, e depende da
toxicidade intrínseca do inseticida, de sua forma de aplicação e da comunidade
onde vai atuar. Além da seletividade de um inseticida, seu manejo pode
determinar um padrão de uso mais seletivo, com o objetivo de reduzir sua
toxicidade sobre os agentes de controle biológico. Os principais fatores que
21
podem ser manipulados pelo produtor são: frequência de uso, dose, época de
aplicação e técnica de aplicação (SANTOS; BUENO; BUENO, 2006).
Os estudos de seletividade de inseticidas vêm ganhando impulso nos
últimos anos e especial atenção tem sido dedicada a parasitoides de ovos, com
ênfase a Trichogramma, existindo um volume satisfatório de estudos sobre o
impacto de inseticidas a esses insetos (JACOBS; KOUSKOLEKAS; GROSS,
1984; SUH; ORR; van DUYN, 2000; HOHMANN, 1991; 1993; CARVALHO et al.,
1994; 2001ab; CAÑETE, 2005; GIOLO et al., 2005; CÔNSOLI; BOTELHO;
PARRA, 2001; BUENO, 2008).
Bueno (2008) afirmou que os inseticidas, herbicidas e fungicidas
utilizados na cultura da soja afetaram diferentemente o parasitismo e a
viabilidade de T. pretiosum linhagem Rio Verde (RV), sendo classificados desde
seletivos até nocivos.
O estudo da seletividade de inseticidas à fase de ovo de T. pretiosum
linhagem RV demonstra que: os produtos clorfluazuron 10,0 e 35,0 (g ou mL ou
L/ha); methoxyfenozide 19,2; clorpirifós 240,0 e teflubenzuron 7,5 são inócuos;
alfacipermetrina 10,0; zetacipermetrina 10,0; metonil 86,0; lufenuron 7,5;
teflubenzuron 12,0 e endosulfan 525,0 são levemente nocivos; triflumuron 14,4
e 24,0; metomil 322,5; endosulfan 875,0 são moderamente nocivos e
lambdacialotrina 3,75; tiodicarbe 56,0; esfenvalerate 7,5 e espinosade 24,0 são
nocivos (BUENO, 2008). Para a fase de larva: os produtos clorfluazuron 10,0 e
35,0; zetacipermetrina 10,0; methoxyfenozide 19,2; lufenuron 7,5 são inócuos;
alfacipermetrina 10,0; lambdacialotrina 3,75; metomil 86,0; tiodicarbe 56,0;
clorpirifós 240,0; teflubenzuron 7,5 e 12,0 são levemente nocivos; metomil 322,5;
endosulfan 525,0 e 875,0 são moderamente nocivos; triflumuron 14,4 e 24,0;
esfenvalerate 7,5 e espinosade 24,0 são nocivos (BUENO, 2008). Para a fase
de pupa: os produtos clorfluazuron 10,0; triflumuron 14,4; alfacipermetrina 10,0;
zetacipermetrina 10,0; methoxyfenozide 19,2; teflubenzuron 7,5 e 12,0;
endosulfan 525,0 são inócuos; clorfluazuron 35,0; triflumuron 24,0;
lambdacialotrina 3,75; metomil 86,0; metomil 322,5; tiodicarbe 56,0; clorpirifós
22
240,0; lufenuron 7,5 são levemente nocivos; endosulfan 875,0 é moderamente
nocivo; esfenvalerate 7,5 e espinosade 24,0 são nocivos (BUENO, 2008).
Para herbicidas, Bueno (2008), em estudo da seletividade à fase de ovo
de T. pretiosum linhagem RV, demonstra que: os produtos lactofen 165;
fomesafen 250; fluazifop 125; glyphosate 960; glyphosate 960 (Roundup
Transorb®) são inócuos; glyphosate 960 (Roundup Original®) é levemente
nocivo; clorimuron 20; glyphosate 972 são nocivos. Para a fase de larva de T.
pretiosum linhagem RV demonstra que: os produtos lactofen 165; fomesafen
250; fluazifop 125; glyphosate 960; glyphosate 960 (Roundup Transorb®);
glyphosate 960 (Roundup Original®); clorimuron 20 são inócuos; glyphosate 972
é levemente nocivo BUENO, 2008). Para a fase de pupa, Bueno (2008)
demonstra que todos os produtos testados, lactofen 165; fomesafen 250;
fluazifop 125; glyphosate 960; glyphosate 960 (Roundup Transorb®); glyphosate
960 (Roundup Original®); clorimuron 20; glyphosate 972, são inócuos.
E finalmente para fungicidas, Bueno (2008) demonstra, para a fase de
ovo de T. pretiosum linhagem RV, que: os produtos azoxistrobina 60,0 +
ciproconazol 24,0; azoxistrobina 50; miclobutanil 125 são inócuos; tebuconazol
200 + trifloxistrobina 100 é nocivo. Para a fase de larva: os produtos
azoxistrobina 60,0 + ciproconazol 24,0; azoxistrobina 50; miclobutanil 125 são
inócuos; tebuconazol 200 + trifloxistrobina 100 é levemente nocivo (BUENO,
2008). Para a fase de pupa de T. pretiosum, Bueno (2008) demonstra que todos
os produtos testados, azoxistrobina 60,0 + ciproconazol 24,0; azoxistrobina 50;
miclobutanil 125; tebuconazol 200 + trifloxistrobina 100), são inócuos.
O fungicidas pyraclostrobin + epoxiconazole (Opera, 600 mL.ha-1),
tebuconazole (Folicur 200 EC, 500 mL.ha-1), tetraconazole (Eminent 125 EW,
500 mL.ha-1), tiofanato metílico + flutriafol (Celeiro, 600 mL.ha-1), azoxystrobin +
ciproconazole (Priori Xtra, 300 mL.ha-1), ciproconanazole (Alto 100, 300 mL.ha-
1) e flutriafol (Impact, 600 mL.ha-1) foram seletivos, em laboratório, para T. basalis
(ESQUESÁRIO, 2007).
Estudos de seletividade de inseticidas usados no algodão mostram alfa-
cipermetrina, carbosulfan, deltametrina, endosulfan, profenofos e
23
cypermethrinwere zeta altamente nocivos ao parasitoide, reduzindo o
parasitismo e a porcentagem de emergência de T. pretiosum, quando em contato
com sustâncias químicas (BASTOS; ALMEIDA; SUINAGA, 2006). Porém os
ingredientes ativos: monocrotofós, lufenuron, clorfluazurom, diafentiurom,
diflubenzuron, trifenil hidróxido de estanho, cloreto de mepiquat, novalurom
tiaclopride, triflumuron e Bacillus thuringiensis foram inócuos (BASTOS;
ALMEIDA; SUINAGA, 2006; VIANNA et al., 2009).
Para cultura do tomate, Cônsoli, Parra e Hassan (1998) mostraram que
os inseticidas cartap e phenthoate foram nocivos, lambda-cialotrina e
abamectina tiveram ação intermediária, já tebufenozide e teflubenzuron foram
seletivos para levemente nocivos, durante as fases de desenvolvimento de T.
pretiosum.
Na cultura da soja, Carmo et al. (2009) estudaram a seletividade de
inseticidas, herbicidas e fungicidas, para o parasitoide T. remus, nas fases de
larva e pupa e observaram que os inseticidas, acefato 525; diflubenzurom 20;
flufenoxuron 10; imidacloprido 100 + beta-ciflutrina 12,5; metoxifenozido 21,6;
clorpirifós; spinosad, os herbicidas, 2,4-D 1209; dicloreto de paraquate 600;
dicloreto de paraquate 600 + diurom 300; flumioxazina 60; glyphosate 2592
(Roundup Transorb ®); S-metolacloro 1920; imazethapyr e os fungicidas,
azoxistrobina 60 + ciproconazole 24; carbenzadim 250; flutriafol 60 + tiofanato-
metílico 300 e trifloxistrobina 60 + tebuconazole 120, são seletivos às fases de
larva e pupa de T. remus e podem ser utilizados dentro do MIP (CARMO;
BUENO; BUENO, 2010).
A bactéria entomopatogênica Bacillus ssp. (Bt) é um bioinseticida usado
para o controle de lagartas desfolhadoras da soja e sua atividade tóxica para
insetos está relacionado com a presença de cristais (BOBROWSKI et al., 2002).
Portanto as proteínas cry1 produzidas através de isolados de B. thuringiensis,
têm atividade inseticida e são altamente específicas para certos insetos e não
são tóxicas para outros insetos, plantas e vertebrados (BOBROWSKI et al.,
2001). Fernandes et al. (2007), em Borborema, SP, e Uberlândia, MG,
observaram que os híbridos de milho geneticamente modificados expressando
24
as proteínas inseticidas Cry1A(b) e VIP 3A não causam impacto nas populações
dos inimigos naturais, como predadores e parasitoides. A proteína Cry3Bb1 não
oferece risco de toxidade a O. insidiosus (DUAN et al., 2008). Para Chrysoperla
carnea (Neuroptera: Chrysopidae) as proteínas Cry provenientes de B.
thuringiensis não causam efeitos negativos em seu desenvolvimento de larva
(LAWO; ROMEIS, 2008).
Folhagem tratada com B. thuringiensis, tinha uma baixa toxicidade de
contato para hemípteros predadores, quando comparados a permetrina,
parathion e clorfenapir, que foram nocivos aos mesmos na cultura da soja
(BOYD; BOETHEL, 1998).
Na cultura da soja, Oliveira et al. (1988) estabeleceram que endosulfam,
triclorfom, carbaril e diflubenzurom apresentavam menor impacto sobre
predadores, utilizando como indicadores aracnídeos e espécies de nabídeos e
geocorídeos. De acordo com Davis e Hoyt (1979) e Costa e Link (1989), mesmo
produtos comprovadamente não-seletivos, como paration metílico, devido ao
seu poder residual muito baixo, têm seu efeito reduzido, permitindo rápida
recolonização da lavoura.
De acordo com Corso, Gazzoni e Nery (1999), os inseticidas utilizados
para lagarta-da-soja em Londrina, PR, não tiveram impacto nas populações de
predadores, himenópteros e dípteros. Verificou-se também que não houve
fenômenos de ressurgência de pragas secundárias. Porém, estudos realizados
na cultura da soja com quimigação mostrou que metomil e tiodicarbe não
causaram impacto no predador Geocoris puntipes (CHANDLER; SUMNER;
1993).
Os produtos ecdisteróides não-esteroidais, como o tebufenozide,
induzem uma ecdise prematura e letal, agindo diretamente sobre os receptores
de ecdisteróides, em especial nos lepidópteros (MONTHEAN; POTTER, 1992;
SMAGGHE; DEGHEELE, 1992; 1994), e que também afetam a reprodução dos
sobreviventes (HAGEDORN, 1985). Smagghe e Degheele (1995) afirmam não
haverem sido observados efeitos adversos deste inseticida sobre os predadores
Podisus nigrispinus e P. maculiventris.
25
Em relação o diflubenzurom, a maioria dos autores concorda com a sua
inocuidade em relação à artrópodos predadores como ácaros (HASSAN et al.,
1987; RIEDL; SHEARER, 1988), coleópteros coccinelídeos (WESTIGARD et al.,
1986) ou carabídeos (PASINI; FOERSTER, 1994), neurópteros (ABLES et al.,
1977), hemípteros (HOYING; RIEDLL, 1980; CIGLAR; CVETOVIK, 1987),
dermápteros (DRUKKER; BLOM, 1985) ou parasitoides como himenópteros
(HOUSE et al., 1980; NAVARAJAN, 1988) ou dípteros (HASSAN et al., 1987).
Para Copidosoma floridanum em seu hospedeiro P. includens, diflubenzuron não
apresentou efeitos deletérios (WILLRICH; BOETHEL, 2001). Entretanto, alguns
autores referem impactos como mortalidade ou distúrbios de desenvolvimento
ou reprodução em Amblyseius gossipi (EL–BANHAWY; REDÁ, 1988), Chrysopa
carnea (HASSAN et al., 1987; ZAKI; GESRAHA, 1987), Deraecoris brevis e
Anthocoris nemoralis (BURTS, 1983), e Cirrospilus vitratus (MEY, 1988). Efeitos
subletais como normalidades morfológicas e redução do peso corpóreo e da
mobilidade foram observadas como efeito do diflubenzurom em Forficula
auricularia por Sauphanor et al. (1993).
Em relação a lambda-cialotrina, esse tem efeito inócuo para predadores
de afídeos (OHNESORG; JOHNSON; O’NEAL, 2009). Porém para hemípteros
predadores, G. punctipes e T. capsiformis tem efeito nocivo (BAUR et al., 2003).
No controle biológico do ácaro-vermelho, o fungo entomopatogênico
Neozygites floridana, de ocorrência natural, é pouco afetado pelos inseticidas
metomil e abamectina, enquanto o inseticida lambda-cialotrina e os fungicidas
captan e mancozeb são nocivos, reduzindo a esporulação e germinação do
fungo (WEKESA; KNAPP; DELALIBERA, 2008).
Vadekerkhove e De Clercq (2004) avaliaram o efeito de lambda-
cialotrina sobre P. maculiventris e verificaram que para o quarto ínstar do
predador a DL50 foi 30-190 vezes maior que a DL50 para N. viridula quando estes
foram contaminados via água ingerida e 3-13 vezes maior quando foram
contaminados por meio de contato residual.
Dada a sua capacidade de regular a população de outros insetos, muitas
espécies de himenópteros parasitoides são utilizadas no controle de pragas
26
agrícolas, tanto de forma natural ou através de introduções (PERIOTO, 2000). A
exploração do potencial representado por este grupo de insetos está diretamente
relacionada ao uso racional de inseticidas, preferencialmente, seletivos, que
mantenham a sobrevivência destes insetos (TONET, 1995).
Salerno et al. (2002) estudaram o efeito da deltametrina no
comportamento de parasitismo de T. basalis em ovos de N. viridula e verificaram
que as fêmeas tratadas diminuíram a velocidade de caminhamento quando
comparadas com as não tratadas e DL25 foi estimada em 0,065 mL L-1.
3 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi instalado no campus do Centro Universitário Moura
Lacerda, em Ribeirão Preto, SP, utilizando a soja de variedade comercial M-SOY
7908RR, de hábito de crescimento determinado e ciclo precoce (Figura 1). A
semeadura foi realizada em 9 de dezembro de 2008, com espaçamento de 0,5
m entre linhas e 14 sementes por metro linear. A adubação de semeadura foi
com a formulação de NPK 0-20-20, na dosagem de 490 Kg ha-1.
Para controle das plantas daninhas foram feitas duas aplicações aos 26
e 71 dias após a semeadura, do herbicida Roundup Original, na dosagem de 3,3
L ha-1, e um volume de calda de 120 L ha-1. Para o controle da ferrugem-asiática,
foram feitas três aplicações do fungicida sistêmico Priori Extra, na dosagem de
0,2 L ha-1, com espalhante adesivo, na dosagem de 0,5%, utilizando um volume
de calda de 200 L ha-1. As aplicações de fungicida foram realizadas em área
total, aos 52, 62 e 71 dias após a semeadura da cultura.
O delineamento experimental utilizado foi o de blocos ao acaso, com dez
tratamentos e três repetições. As parcelas foram demarcadas com estacas de
madeira (Figura 1 C), constituindo 30 fileiras de plantas de soja por 15 metros de
comprimento, totalizando 225 m2. Os tratamentos constaram de diferentes
inseticidas aplicados para o controle das lagartas desfolhadoras presentes na
área (Tabela 1). A aplicação dos inseticidas foi realizada através de pulverizador
costal pressurizado de gás carbonico, equipado com pontas de pulverização do
tipo leque (Figura 2 A), utilizando um volume de calda de 200 L ha-1 sob pressão
em torno de 20-30 psi.
28
Figura 1. Desenvolvimento da soja (Glycine max) (A-H) semeada para a condução do experimento. Ribeirão Preto, SP, 2008/2009.
29
A primeira pulverização dos inseticidas foi realizada no final período
vegetativo (Tabela 2), em 1 de fevereiro de 2009, com temperatura média de
25,4ºC e uma precipitação de 16,4 milimetros no final da tarde. Já a segunda
aplicação foi realizada no início do período reprodutivo, em 19 de fevereiro de
2009, com temperatura média de 25,9ºC, não havendo registro de precipitação
pluviométrica(Figura 2 B).
Tabela 1. Inseticidas utilizados no controle de Anticarsia gemmatalis e Pseudoplusia includens em soja, utilizados no experimento.
Trata-mento
Inseticida/produto biológico
Ingrediente ativo Dose (p.c. L ou
kg ha-1)
1 Dimilin 80 WG diflubenzurom 0,045
2 Tamaron BR metamidofós 0,8
3 Certero triflumurom 0,05
4 Nomolt 150 teflubenzurom 0,08
5 Talcord 250 permetrina 0,1
6 Curyom 550 CE lufenurom + profenofós 0,25
7 Lannate BR metomil 1
8 Karate Zeon 250 CS lambda-cialotrina 30
9 MIP (Dipel +
agentes biológicos)
Bacillus thuringiensis e Telenomus podisi ou
Trissolcus basalis
0,5 (Dipel) e 5.000 adultos de parasitoides ha-1
10 Testemunha - -
No tratamento MIP, para o controle de percevejos fitófagos, foram
realizadas duas liberações de parasitoides durante o ensaio (Figura 3 A). O
parasitoide Telenomus podisi foi liberado um dia após a segunda aplicação de
inseticidas contra as lagartas desfolhadoras, e o parasitoide Trissolcus basalis,
sete dias após a segunda pulverização. Os parasitoides foram obtidos da criação
massal (Figura 3 B) da Bug – agentes de controle biológico S/A – de Piracicaba,
SP.
30
Figura 2. Pulverizador utilizado na aplicação dos inseticidas nas parcelas experimentais (A) e no momento da aplicação (B).
Tabela 2. Estádios fenológicos em que se encontravam as plantas de soja nas datas de avaliação.
Estádio fenológico Data de
avaliação Estádio fenológico
Data de avaliação
Semeadura 09/12/2008 R11 05/02/2009
V11 18/12/2008 R2 11/02/2009
V2 20/12/2008 R3 19/02/2009
V3 28/12/2008 R4 26/02/2009
V4-5 07/01/2009 R5 06/03/2009
V6 15/01/2009 R6 12/03/2009
V7 21/01/2009 R7 18/03/2009
V8-9 29/01/2009 R7 26/03/2009
R8 02/04/2009
R8 09/04/2009
R9 16/04/2009
1 Classificação dos estádios fenológicos da soja baseado em Fehr e Caviness (1977) e Embrapa (2006).
Para garantir uma alta população de lagartas na área experimental,
foram realizadas duas infestações artificiais com lagartas de segundo ou terceiro
ínstar de Anticarsia gemmatalis (75.000 e 125.000 ha-1 na primeira e segunda
31
infestação, respectivamente). As lagartas foram criadas em laboratório pelo
método proposto por Parra (2001), em dieta artificial a base de germe-de-trigo,
caseína e levedura de cerveja (GREENE et al., 1976). Elas foram levadas ao
campo, onde foram inoculadas, com o auxílio de um pincel, sobre os folíolos da
soja, antes das aplicações dos inseticidas.
Figura 3. Cápsulas de liberação de parasitoides de ovos de percevejos (A) e criação, em pequena escala, de Telenomus podisi em laboratório (B).
Uma das infestações foi realizada aos 38 dias (24/12/2008) antes da
primeira aplicação de inseticidas (01/02/2009), onde foram liberados dois copos
de lagartas na região central de cada parcela. A outra infestação foi realizada
aos seis dias (13/02) antes da segunda aplicação de inseticidas (19/02), onde se
liberou três copos de lagartas por parcela (Figura 4).
32
Figura 4. Infestação artificial da área experimental com lagartas de A. gemmatalis, mostrando copos deixados no solo para identificação dos pontos onde as lagartas foram inoculadas.
As avaliações do número de lagartas vivas, de tamanho pequeno (menor
que 1,5 cm) ou grande (maior que 1,5 cm de comprimento), foram realizadas
semanalmente. Somente após a aplicação dos inseticidas, as amostragens
foram realizadas em mais vezes durante uma mesma semana. As amostragens
foram realizadas em três pontos ao acaso por parcela, utilizando-se o método do
pano de batidas (SHEPARD; CARNER; TURNIPSEED, 1974) (Figura 5 A,B),
onde as lagartas eram identificadas e quantificadas.
33
Figura 5. Pano de batida utilizado para amostrar as pragas e inimigos naturais (A) e amostragem (B).
As avaliações da mosca-branca foram realizadas semanalmente,
durante o período vegetativo, pelo método de placas adesivas amarelas (Figura
6 A). Pela manhã, em cada parcela eram colocadas duas armadilhas adesivas
amarelas (25 x 10 cm) no ponto central da área, presas a uma estaca de madeira,
pouco acima da altura das plantas. No final do dia, as cartelas eram removidas
e o número de moscas-brancas anotado.
As avaliações de ácaros foram realizadas semanalmente durante o
período vegetativo, pelo método descrito em Gallo et al. (2002), ou seja,
anotando-se a porcentagem de plantas com sintomas de ataque do ácaro-
branco, Polyphagotarsonemus latus, e do ácaro-rajado, Tetranychus urticae. Em
cada parcela foram avaliados dois pontos com dez plantas cada.
34
Figura 6. Armadilha adesiva amarela fixada em estaca na cultura da soja para a amostragem de moscas-brancas (A) e cartelas contendo ovos de traça, fixadas às folhas da soja, para a amostragem de parasitoides de ovos de lepidópteros (B).
O parasitismo natural de ovos de lepidópteros foi avaliado pelo
parasitismo de ovos da traça Anagasta kuehniella, criada em laboratório (Bug –
agentes de controle biológico S/A), na área experimental. Semanalmente, do
final do período vegetativo até o final do reprodutivo da cultura soja, eram
colocadas em cada parcela, ao acaso, cinco cartelas de papelão (5 x 1 cm)
contendo ovos da traça colados na ponta (1 x 0,5 cm), presas aos folíolos da
soja (Figura 6 B). As cartelas eram colocadas no início da manhã e retiradas no
final da tarde, sendo anotado o período de permanência destas no campo. O
material recolhido era identificado e levado ao laboratório, onde cada cartela era
individualizada em tubos de vidro (10 x 2 cm), fechados com filme plástico, que
por sua vez eram mantidos em câmara climatizada a 25±1ºC, 70±10% de
umidade relativa do ar e 14 horas de fotofase, para a observação do parasitismo.
Após seis dias do parasitismo, os ovos eram avaliados para a contagem
daqueles que se tornaram enegrecidos, caracterizando o parasitismo
(CÔNSOLI; ROSSI; PARRA, 1999).
Os predadores de solo foram avaliados por meio de armadilhas de solo,
onde a primeira avaliação foi realizada no final do período vegetativo e,
posteriormente, a cada quinze dias até o final da fase reprodutiva. Em cada
35
parcela experimental foram instaladas quatro armadilhas de solo, do tipo “pitfall”.
Com o auxílio de um trado, foi introduzido no solo um cilindro de PVC com 19
cm de diâmetro e 20 cm de altura, deixando uma borda externa a 1 cm da
superfície do solo (Figura 7 A). Dentro de cada tubo de PVC foi introduzido um
copo plástico de 200 mL, contendo solução de formol a 1% e detergente neutro.
Em cada parcela apenas o conteúdo de duas armadilhas era avaliado, sendo
descartado aquele das demais. Os copos eram trocados quinzenalmente e o
conteúdo destes era colocado em recipientes plásticos contendo álcool 70%, que
eram então identificados e levados para o laboratório. As espécies coletadas
foram identificadas quanto à Ordem, quando possível quanto à Família e,
eventualmente, quanto ao gênero e à espécie (Figura 7 B).
Figura 7. Armadilha de solo tipo “pitfall”, de PVC, para a captura de artrópodos de solo ou caídos sobre ele (A) e bandeja contendo exemplares coletados, separados para a identificação e contagem (B).
Os percevejos foram avaliados semanalmente pelo método do pano de
batidas, onde foram contados e identificando o número de ninfas e adultos
existentes. Os artrópodos benéficos existentes na parte aérea das plantas foram
amostrados da mesma forma que para os percevejos e lagartas. Somente após
36
a aplicação dos inseticidas, as amostragens foram realizadas com freqüência
maior durante a mesma semana. As amostragens foram realizadas em três
pontos ao acaso dentro de cada parcela.
Logo após a segunda pulverização dos inseticidas foram iniciadas as
avaliações de parasitismo de ovos de percevejos. Pela manhã, eram colocadas
duas cartelas de papelão (10 x 1 cm) contendo posturas de Nezara viridula
coladas na ponta, ao acaso, na região central de cada parcela experimental
(semelhante a Figura 6 B). No final da tarde, as posturas eram retiradas e
levadas ao laboratório, onde eram individualizadas em placas acrílicas (9 cm de
diâmetro e 2 cm de altura), com papel-filtro umedecido ao fundo, e mantidas em
câmara climatizada a 25±1ºC, 70±10% de umidade relativa do ar e 14 horas de
fotofase, para a observação do parasitismo (na emergência dos parasitoides).
Essas avaliações foram realizadas até o final do período reprodutivo. As posturas
do percevejo foram obtidas da criação massal da Bug – agentes de controle
biológico S/A.
A avaliação da produtividade de grãos foi determinada colhendo-se dois
pontos de cinco metros lineares da região central de cada parcela. Assim foi
contabilizado o número de plantas colhidas por parcela e em seguida os grãos
foram debulhados por uma debulhadeira de grãos. Após serem debulhados,
foram contabilizadas as massas de grãos no laboratório e determinação de
umidade.
Os dados obtidos foram analisados e submetidos ao teste de
homocedasticidade, para a determinação da melhor forma da análise das
médias, e essas foram comparadas entre si pelo teste de Tukey, 5% e de
Duncan, 5%, pelo programa Statisca for Windows 5.1 (STATSOFT, 1996).
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Eficiência de inseticidas no controle de lagartas desfolhadoras
A lagarta-da-soja, Anticarsia gemmatalis, não atingiu níveis
populacionais que necessitassem controle (> 40 lagartas por pano de batida)
(EMBRAPA, 2000/2001), não ultrapassando 20 lagartas pequenas, menores que
1,5 cm de comprimento (Figura 8), e duas lagartas grandes por pano de batida
(2 metros lineares) (Figura 10). A infestação artificial realizada em 13/02/2009
parece não ter incrementado a população dessa lagarta (Figuras 8 e 10).
O pico de ocorrência de lagartas pequenas de A. gemmatalis foi em
30/01 e o de lagartas grandes, em 06/02/2009, decrescendo a partir daí até
27/02, quando a soja estava no estádio reprodutivo R4, voltando a aumentar em
seguida e atingindo novo pico em 12/03, porém menor (Figuras 8 e 10).
Alguns dos inseticidas, após as pulverizações, se destacaram por
controlar o baixo nível populacional de A. gemmatalis, ocorrendo diferenças
significativas entre os tratamentos (Duncan, 5%) (Figuras 9 e 11).
38
Figura 8. Número médio de lagartas de Anticarsia gemmatalis pequenas (< 1,5 cm) por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Infestações
artificiais em 24/12 e 13/02 e pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Figura 9. Correção (HENDERSON; TILTON, 1955) da porcentagem média de redução de lagartas de Anticarsia gemmatalis pequenas (< 1,5 cm) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não
diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Após dois dias da primeira pulverização, o inseticida Lannate (metomil)
mostrou a maior porcentagem média de redução corrigida (fórmula de
0
20
40
60
80
100
2 4 14 1 3 7 13 20 28
Dias após a pulverização
% d
e r
ed
uçã
o
Dimilin
Tamaron BR
Certero
Nomolt 150
Talcord 250
Curyom 550
Lannate BR
Karate Zeon
Dipel
a
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ab
ab
ab
ab
ab
ab
ab
ab
ab
a
b
b
b
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0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
22/01 30/01 03/02 06/02 16/02 21/02 23/02 27/02 05/03 12/03 20/03
N. la
ga
rta
s p
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ue
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s/2
mDimilin
Tamaron BR
Certero
Nomolt 150
Talcord 250
Curyom 550
Lannate BR
Karate Zeon
Dipel
Testemunha
a
b
b
ab
ab
ab
ab
ab
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ab
a
c
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c
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bc
bc
ab
ab
ab
c
b
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ab
aa
aa
a ab
b
c
b
a
abc
abc
ab
a
b
ab
ab
abab
abab
39
HENDERSON; TILTON, 1955) de lagartas pequenas de A. gemmatalis, diferindo
significativamente do inseticida Certero (triflumurom) e do bioinseticida Dipel
(Bacillus thuringiensis), que apresentaram os menores valores (Figura 9). Os
demais tratamentos não diferiram entre si e daqueles que apresentaram a maior
e menor redução do nº de lagartas de A.gemmatalis. (Figura 9).
Aos quatro dias após a primeira pulverização, o inseticida Lannate
continuou mostrando controle de lagartas pequenas de A. gemmatalis, mas não
houve diferença significativa entre os tratamentos, permanecendo assim até os
20 dias após a segunda pulverização (Figura 9). Para lagartas grandes, o
inseticida Tamaron BR (metamidofós) apresentou o maior valor de porcentagem
média de redução da população, diferindo significativamente de quase todos os
tratamentos, exceto de Certero e Karate Zeon 250 CS (lambda-cialotrina) (Figura
11).
Figura 10. Número médio de lagartas de Anticarsia gemmatalis grandes (> 1,5 cm) por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Infestações
artificiais em 24/12 e 13/02 e pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Ainda para lagartas pequenas de A. gemmatalis, após 28 dias da
segunda pulverização, o inseticida Nomolt 150 (triflubenzurom) apresentou a
melhor eficácia, diferindo significativamente de Dimilin 80 WG (diflubenzurom),
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
22/01 30/01 03/02 06/02 16/02 21/02 23/02 27/02 05/03 12/03 20/03
N. la
ga
rta
s g
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m
Dimilin
Tamaron BR
Certero
Nomolt 150
Talcord 250
Curyom 550
Lannate BR
Karate Zeon
Dipel
Testemunhab
ab
aa a a
b
ab
ab
ab
ab
ab
a
a
b
40
Tamaron, Certero e Talcord 250 (permetrina) (Figura 9). Os demais tratamentos
não diferiram de todos (Figura 9).
Nas demais datas após as duas pulverizações não ocorreram diferenças
significativas entre os tratamentos, tanta para as lagartas pequenas, quanto para
as grandes (Figuras 9 e 11).
Figura 11. Correção (HENDERSON; TILTON, 1955) da porcentagem média de redução de lagartas de Anticarsia gemmatalis grandes (> 1,5 cm) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não
diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
As populações da lagarta-falsa-medideira, Pseudoplusia includens,
foram menores que as de A. gemmatalis, não superando o valor de uma lagarta
pequena ou duas grandes por pano de batida (Figuras 12 e 14). O pico de
lagartas pequenas ocorreu em 05/03, diminuindo a partir daí (Figura 12). O pico
de lagartas grandes de P. includens ocorreu em 21/02, diminuindo a partir dessa
data (Figura 14).
Os inseticidas não foram eficientes no controle da lagarta-falsa-
medideira em baixa população e, portanto, não houve diferenças significativas
entre os tratamentos para lagartas pequenas (Figura 13) e grandes.
0
20
40
60
80
100
2 4 14 1 3 7 13 20 28
Dias após a pulverização
% d
e r
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uçã
o
Dimilin
Tamaron BR
Certero
Nomolt 150
Talcord 250
Curyom 550
Lannate BR
Karate Zeon
Dipel
a
b
ab
b b
ab
41
Figura 12. Número médio de lagartas de Pseudoplusia includens pequenas (< 1,5 cm) por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Infestação artificial em 24/12 e pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Figura 13. Correção (HENDERSON; TILTON, 1955) da porcentagem média de redução de lagartas de Pseudoplusia includens pequenas (< 1,5 cm) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Não houve diferenças significativas entre as médias pelo teste
de Duncan, 5%.
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Figura 14. Número médio de lagartas de Pseudoplusia includens grandes (> 1,5 cm) por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Infestação
artificial em 24/12 e pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Também ocorreram nas parcelas experimentais as lagartas Spodoptera
eridania, S. frugiperda, Urbanus proteus, Urbanus spp., Omiodes indicatus e
algumas espécies de geometrídeos (Figura 15 e Tabela 3).
O pico populacional de espécies de Spodoptera spp. ocorreu em
21/02/2009, não chegando a uma lagarta por pano de batida (Figura 15),
diminuindo a partir dessa data.
Não houve diferenças significativas entre os tratamentos quanto à
porcentagem média de redução populacional corrigida das lagartas de
Spodoptera (Figura 16). Também não houve diferença estatística entre os
tratamentos quanto ao número médio de lagartas de outras lagartas por pano de
batida (Tabela 3).
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Figura 15. Número médio de lagartas de Spodoptera spp. por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02
e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Figura 16. Correção (HENDERSON; TILTON, 1955) da porcentagem média de redução de lagartas de Spodoptera spp. após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Não houve
diferenças significativas entre as médias pelo teste de Duncan, 5%.
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Tabela 3. Número médio de outras lagartas desfolhadoras (Urbanus spp., Omiodes indicatus, geometrídeos etc.) por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009.
Tratamentos 22/01 30/01 03/02 06/02 16/02 21/02 23/02 27/02
Dimilin 0,00 0,00 0,00 0,30 0,00 0,00 0,00 0,15
Tamaron BR 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,04 0,00 0,00
Certero 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,15 0,15
Nomolt 150 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,04 0,00 0,30
Talcord 250 0,00 0,04 0,00 0,00 0,00 0,00 0,15 0,00
Curyom 550 0,00 0,00 0,00 0,15 0,00 0,00 0,00 0,30
Lannate BR 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Karate Zeon 0,00 0,00 0,15 0,00 0,00 0,00 0,15 0,19
Dipel 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,04 0,00
Testemunha 0,00 0,15 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,30
Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Não houve diferenças significativas entre as médias pelo teste de Duncan, 5%.
Apesar de todos os inseticidas terem apresentado a mesma eficácia no
controle de lagartas de A. gemmatalis, o inseticida metomil (Lannate) foi o melhor
para lagartas pequenas, em populações maiores, causando mortalidade de
quase 100% aos dois dias após a pulverização e mais de 80% aos quatro dias.
Em populações menores, metomil também foi um dos melhores produtos, com
mortalidade ao redor de 60% até os 7 dias após a pulverização (Figura 9). O
mesmo ocorreu para as lagartas grandes, sem destaque para nenhum dos
inseticidas (Figura 11).
Os resultados concordam parcialmente com Silva, Costa e Boss (2003),
que verificaram controle eficiente de A. gemmatalis, aos 4 dias após a aplicação,
com os inseticidas lufenurom e teflubenzurom. Entretanto, nesse ensaio, o
Curyom 550 CE (lufenurom + profenofós) apresentou resultados satisfatório no
segundo dia após a pulverização, assim como o teflubenzurom (Nomolt) (Figura
9).
45
No controle da lagarta-falsa-medideira, o bioinseticida B. thuringiensis
(Dipel) foi o único que mostrou resultados, porém com eficácia de redução da
praga menor que 40% (Figura 13).
4.2 Impacto dos inseticidas utilizados no controle de lagartas
desfolhadoras sobre outros insetos-praga da parte aérea da soja
O número médio de adultos de Diabrotica speciosa (Coleoptera:
Chrysomelidae) por pano de batida foi superior na testemunha, metomil
(Lannate), teflubenzurom (Nomolt) e lufenurom + profenofós (Curyom) aos 5 dias
após a aplicação dos inseticidas (Figura 17). Após quadro dias da segunda
pulverização, o número de adultos da vaquinha foi significativamente superior no
tratamento B. thuringiensis (Dipel), seguido por lambda-cialotrina (Karate Zeon)
e metamidofós (Tamaron) (Figura 17).
Figura 17. Número médio de adultos de Diabrotica speciosa por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02
e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
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Em 27/02, o número médio da vaquinha foi estatisticamente superior no
tratamento metamidofós, não diferindo apenas do diflubenzurom (Dimilin)
(Figura 17). Já em 12/03, apenas houve vaquinhas no tratamento teflubenzurom
(Figura 17).
Apesar da diferença estatística entre os tratamentos em algumas datas,
depois de corrigida a porcentagem de redução, nenhum dos inseticidas foi
eficiente ou diferiu um do outro (Duncan, 5%) no controle de D. speciosa (Figura
18).
Figura 18. Correção (HENDERSON; TILTON, 1955) da porcentagem média de redução de adultos de Diabrotica speciosa após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Não houve
diferenças significativas entre as médias pelo teste de Duncan, 5%.
Entretanto, com relação às outras espécies de vaquinhas desfolhadoras
da soja, houve diferenças significativas entre os tratamentos quanto à
porcentagem média de redução da população.
Houve diferenças significativas entre os tratamentos quanto ao número
médio de vaquinhas por pano de batida nas datas 03/02, 16/02, 21/02 e 05/03
(Figura 19). Na maioria dessas datas, o inseticida metamidofós foi um dos
tratamentos com menores quantidades dessas vaquinhas (Figura 19), o que não
foi confirmado quando a porcentagem média de mortalidade corrigida foi
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calculada (Figura 20). Pela fórmula, os inseticidas teflubenzurom e lufenurom +
profenofós foram os mais eficáfes (Duncan, 5%), aos 7 dias após a segunda
pulverização, e permetrina, após 28 dias (Figura 20).
Figura 19. Número médio de adultos de outras vaquinhas (Cerotoma, Colaspis etc. – Chrysomelidae) por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas
pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Figura 20. Correção (HENDERSON; TILTON, 1955) da porcentagem média de redução de outras vaquinhas (Chrysomelidae) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
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Não ficou evidente algum desequilíbrio causado pelos inseticidas
testados nas populações de vaquinhas.
Quanto às moscas-brancas, aos 9 dias após a primeira pulverização o
tratamento triflumurom (Certero) apresentou o maior número médio de adultos
capturados por armadilha amarela adesiva, não diferindo significativamente de
todos, exceto de metamidofós (Tamaron), que apresentou o menor número
(Figura 21). Em 27/02 (8 dias após a segunda pulverização), o tratamento
permetrina apresentou o maior número de moscas-brancas, diferindo
significativamente apenas de metomil (Lannate) e lambda-cialotrina (Karate
Zeon) (Figura 21).
Também não ficou evidente algum desequilíbrio causado pelos
inseticidas nas populações de moscas-brancas, apesar do maior número nas
parcelas onde foram aplicados triflumurom e permetrina.
Figura 21. Número médio de moscas-brancas por armadilha adesiva amarela após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas
seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Não houve diferenças significativas entre os tratamentos quanto ao
número médio de plantas com sintomas de ataque do ácaro-branco,
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1,00
1,50
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2,50
3,00
3,50
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24/01 29/01 04/02 10/02 17/02 27/02
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Polyphagotarsonemus latus (Figura 22), e ácaro-rajado, Tetranychus urticae
(Figura 23).
Figura 22. Número médio de plantas por parcela com sintomas de ataque do ácaro-branco, Polyphagotarsonemus latus, após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Não houve diferenças significativas entre as médias pelo teste de Duncan, 5%.
Figura 23. Número médio de plantas por parcela com sintomas de ataque do ácaro-rajado, Tetranychus urticae, após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Não houve diferenças significativas entre as médias pelo teste de Duncan, 5%.
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Dimilin 80 WG Tamaron BR
Certero Nolmot 150
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Quanto aos percevejos fitófagos, não houve diferenças significativas
entre os tratamentos para o formigão, Neomegalotomus parvus (Figura 24), e
para o percevejo-verde-pequeno, Piezodorus guildinii (Figura 26), espécie
predominante na área, concordando com Lima (2003) e Nocera (2006).
Figura 24. Número médio de ninfas e adultos do formigão, Neomegalotomus parvus, por pano de batida (2 metros lineares), após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Não houve diferenças significativas entre as médias pelo teste de Duncan, 5%.
Por outro lado, em 21/02 (2 dias após a segunda pulverização), o
tratamento metamidofós (Tamaron) apresentou a maior quantidade média de
ninfas e adultos do percevejo-marrom, Euschistus heros, que diferiu
estatisticamente dos demais tratamentos, que foram nulos (Figura 25).
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Figura 25. Número médio de ninfas e adultos do percevejo-marrom, Euschistus heros, por pano de batida (2 metros lineares), após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Figura 26. Número médio de ninfas e adultos do percevejo-verde-pequeno, Piezodorus guildinii, por pano de batida (2 metros lineares), após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP’, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Não houve diferenças
significativas entre as médias pelo teste de Duncan, 5%.
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Dimilin Tamaron BR
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Quanto aos demais percevejos que ocorreram, como Edessa sp.,
Acrosternum sp., Dichelops sp., dentre outros, houve diferenças significativas
entre os tratamentos (Tabela 4). Em 06/02, o tratamento metamidofós
apresentou o maior valor de número médio de outros percevejos por pano de
batida, não diferindo significativamente apenas dos tratamentos diflubenzurom
(Dimilin), metomil (Lannate) e lambda-cialotrina (Karate Zeon) (Tabela 4).
Tabela 4. Número médio de outros percevejos pentatomídeos (Edessa, Acrosternum, Dichelops etc.) por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009.
Tratamentos 22/01 30/01 03/02 06/02 16/02 21/02 23/02 27/02
Dimilin 0,00 0,00 0,00 0,22 ab 0,11 0,22 0,11 0,22
Tamaron BR 0,00 0,00 0,00 0,67 a 0,00 0,33 0,00 0,67
Certero 0,00 0,00 0,00 0,00 b 0,33 0,00 0,33 0,00
Nomolt 150 0,00 0,00 0,00 0,00 b 0,22 0,11 0,00 0,00
Talcord 250 0,00 0,00 0,00 0,00 b 0,33 0,00 0,00 0,00
Curyom 550 0,00 0,00 0,00 0,00 b 0,33 0,00 0,00 0,00
Lannate BR 0,00 0,00 0,00 0,11 ab 0,11 0,00 0,22 0,22
Karate Zeon 0,00 0,00 0,00 0,33 ab 0,33 0,00 0,33 0,67
Dipel 0,00 0,00 0,00 0,00 b 0,00 0,00 0,33 0,00
Testemunha 0,00 0,00 0,00 0,00 b 0,00 0,11 0,00 0,33
Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Houve diferenças significativas entre as médias na data 06/02 (não há diferenças entre as médias seguidas pelas mesmas letras) e não houve nas demais pelo teste de Duncan, 5%.
A pulverização com metamidofós aumentou a população da maioria dos
percevejos fitófagos logo após a sua aplicação. Esse inseticida precisa ser mais
bem estudado quanto a esse resultado.
O besouro idiamim, Lagria villosa, ocorreu na área experimental e
apresentou picos populacionais em 06/02 e 05/03 (Figura 27). Em 21/02, o
tratamento B. thuringiensis (Dipel) apresentou o maior número médio de insetos
por pano de batida, diferindo significativamente dos demais, exceto de lufenurom
53
+ profenofós (Curyom), que por sua vez diferiu de metamidofós (Tamaron). Em
23/02, teflubenzurom foi o que apresentou os maiores valores, não diferindo
estatisticamente apenas de lambda-cialotrina (Karate Zeon). Em 12/03, o
metomil (Lannate) apresentou o maior valor, diferindo significativamente dos
demais, seguido por metamidofós, que diferiu de diflubenzurom (Dimilin),
teflubenzurom, lufenurom + profenofós e testemunha, que apresentaram os
menores valores (Figura 27).
Figura 27. Número médio de Lagria villosa por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Infestações artificiais em 24/12 e 13/02 e pulverizações dos
inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Após a primeira pulverização, aos 4 e 14 dias, o tratamento lufenurom +
profenofós foi o único que reduziu a população do idiamim, diferindo
significativamente dos demais, que foram nulos (Figura 28). Um dia após a
segunda pulverização, o tratamento metamidofós foi o que mais reduziu a
população do besouro, diferindo estatisticamente do teflubenzurom e lufenurom
+ profenofós, que apresentaram os piores resultados (Figura 28).
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54
Figura 28. Correção (HENDERSON; TILTON, 1955) da porcentagem média de redução de Lagria villosa após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Colunas seguidas pelas
mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Tabela 5. Número médio de outros insetos, não pragas, por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009.
Tratamentos 22/01 30/01 03/02 06/02 16/02 21/02 23/02 27/02
Dimilin 0,11 0,00 0,00 0,00 b 0,00 0,15 0,15 0,00 b
Tamaron BR 0,11 0,11 0,00 0,00 b 0,00 0,00 0,00 0,00 b
Certero 0,00 0,00 0,00 0,00 b 0,00 0,00 0,00 0,00 b
Nomolt 150 0,11 0,00 0,00 0,00 b 0,00 0,00 0,00 0,00 b
Talcord 250 0,22 0,00 0,00 0,00 b 0,00 0,00 0,00 0,00 b
Curyom 550 0,11 0,00 0,00 0,00 b 0,00 0,04 0,00 0,00 b
Lannate BR 0,22 0,00 0,00 0,00 b 0,00 0,00 0,00 0,00 b
Karate Zeon 0,33 0,00 0,00 0,00 b 0,07 0,00 0,00 0,00 b
Dipel 0,11 0,00 0,00 0,19 a 0,00 0,00 0,00 0,15 a
Testemunha 0,15 0,00 0,00 0,04 ab 0,00 0,15 0,00 0,00 b
Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Houve diferenças significativas entre as médias na data 06/02 e 27/02 (não há diferenças entre as médias seguidas pelas mesmas letras) e não houve nas demais pelo teste de Duncan, 5%.
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Não ficou caracterizado um inseticida que tenha causado desequilíbrio
na população de L. villosa, mas teflubenzurom, metomil e metamidofós precisam
ser mais bem investigados quanto aos possíveis desequilíbrios que possam
causar, pois aumentaram a população do besouro nas parcelas onde foram
aplicados.
4.3 Seletividade dos inseticidas utilizados no controle de lagartas
desfolhadoras para predadores na parte aérea da soja
Os predadores mais abundantes na área experimental foram Geocoris
spp., carabídeos (especialmente Calosoma spp. e Lebia spp.), joaninhas
(especialmente Cycloneda sanguinea), percevejos predadores e aranhas.
O percevejo-olhudo, Geocoris spp., apresentou picos populacionais em
03/02 e 20/03, ocorrendo em todas as datas de avaliação (Figura 29). Em 03/02,
a testemunha e os tratamentos triflumurom (Certero) e permetrina (Talcord)
apresentaram os maiores valores de número médio de insetos por pano de
batida, diferindo significativamente de diflubenzurom (Dimilin), metamidofós
(Tamaron), metomil, (Lannate) e lambda-cialotrina (Karate Zeon) (Figura 29).
Em 21/02, os tratamentos que apresentaram as menores quantidades
de Geocoris, mas não se diferiu significativamente da testemunha, foram
metamidofós, teflubenzurom (Nomolt), lufenurom + profenofós (Curyom),
lambda-cialotrina e B. thuringiensis (Dipel). Em 23/02, o tratamento lambda-
cialotrina apresentou o maior número médio de insetos por pano de batida,
diferindo significativamente de diflubenzurom, que por sua vez diferiu dos demais
que não tiveram coleta desses predadores, incluindo a testemunha (Figura 29).
Apesar de lambda-cialotrina causar a diminuição do número de Geocoris
na área, a recuperação desse predador foi rápida (Figura 29).
56
Figura 29. Número médio de Geocoris spp. por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02.
Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
O tratamento diflubenzurom mostrou a maior porcentagem média de
redução corrigida da população de Geocoris em duas datas seguidas. Aos 7 dias
após a segunda pulverização, diflubenzurom diferiu significativamente de
metamidofós, teflubenzurom, lufenurom + profenofós, metomil, lambda-cialotrina
e B. thuringiensis, que não causaram redução do predador (Figura 30). Aos 13
dias, diflubenzurom ainda mostrou a maior redução, diferindo estatisticamente
dos demais (Figura 30). Dessa forma, o inseticida diflubenzurom foi o único que
afetou negativamente o predador Geocoris spp.
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Figura 30. Correção (HENDERSON; TILTON, 1955) da porcentagem média de redução de Geocoris spp. após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Colunas seguidas pelas
mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Ocorreu um pico populacional de carabídeos em 03/02 (Figura 31). Os
carabídeos da parte aérea da soja foram afetados pelos inseticidas aplicados no
ensaio. Em 22/01, 03/02 e 12/03, a maioria dos inseticidas mostrou populações
maiores ou iguais do que aquela observada na testemunha (Figura 31). Nessas
datas se destacaram triflumurom (Certero), permetrina (Talcord), lufenurom +
profenofós (Curyom) e lambda-cialotrina (Karate Zeon) (Figura 31). Em 16/02,
quase todos os tratamentos mostraram número médio de carabídeos por
amostragem significativamente menor que a testemunha, exceto triflumurom
(Figura 31). Por outro lado, nenhum dos inseticidas se destacou quanto à
porcentagem média de redução corrigida das populações de carabídeos no
experimento (Figura 32).
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Figura 31. Número médio de carabídeos por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas
seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Figura 32. Correção (HENDERSON; TILTON, 1955) da porcentagem média de redução de carabídeos após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Não houve diferenças significativas
entre as médias pelo teste de Duncan, 5%.
Quanto às joaninhas, em 16/02, o tratamento teflubenzurom (Nomolt)
mostrou o maior número médio de insetos por pano de batida, diferindo da
testemunha e de outros inseticidas (Figura 33). Em 12/03, quase todos os
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b
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tratamentos apresentaram valores de insetos por pano de batida
significativamente inferior ao da testemunha, exceto diflubenzurom (Figura 33).
Quase todos os inseticidas causaram redução na população de joaninhas, mas
nenhum deles se destacou (Figura 34). O pico populacional desse grupo ocorreu
em 03/02 (Figura 33).
Figura 33. Número médio de joaninhas (principalmente Cycloneda sanguinea) por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas
letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
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Figura 34. Correção (HENDERSON; TILTON, 1955) da porcentagem média de redução de joaninhas (principalmente Cycloneda sanguinea) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Não houve diferenças significativas entre as médias pelo teste de
Duncan, 5%.
Os percevejos predadores das famílias Reduviidae e Nabidae ocorreram
na área experimental e o pico populacional desse grupo foi em 20/03 (Figura 35).
Em 05/03, os tratamentos metamidofós (Tamaron), triflumurom (Certero),
teflubenzurom (Nomolt), lufenurom + profenofós (Curyom), metomil (Lannate) e
lambda-cialotrina (Karate Zeon) apresentaram os menores valores de número
médio de percevejos predadores por pano de batida, diferindo significativamente
da testemunha, que apresentou o maior valor (Figura 35). Entretanto, somente
a permetrina (Talcord) causou redução na população desse grupo, não diferindo
estatisticamente dos demais tratamentos (Figura 36).
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Figura 35. Número médio de percevejos predadores por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02
e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Figura 36. Correção (HENDERSON; TILTON, 1955) da porcentagem média de redução de percevejos predadores após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Não houve
diferenças significativas entre as médias pelo teste de Duncan, 5%.
As aranhas foram bem afetadas pelos inseticidas, apresentando picos
populacionais em 06/02 e 20/03, ocorrendo em todas as datas de avaliação
(Figura 37).
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Em 03/02, somente os tratamentos B. thuringiensis (Dipel) e metomil
(Lannate) não diferiram significativamente da testemunha, que foi o tratamento
que apresentou o maior valor (Figura 37). Na data seguinte, em 06/02, o
tratamento triflumuron (Certero) apresentou o maior número médio de aranhas
por pano de batida, não diferindo da testemunha, mas diferindo do diflubenzurom
(Dimilin) e B. thuringiensis, que apresentaram os menores valores, ficando
teflubenzurom (Nomolt) em situação intermediária (Figura 37).
Em 16/02, novamente a testemunha apresentou o maior valor, diferindo
significativamente apenas de metamidofós (Tamaron), que apresentou o menor
valor (Figura 37). O inverso ocorreu em 12/03, quando a testemunha apresentou
o menor valor, diferindo estatisticamente apenas do tratamento lambda-cialotrina
(Karate Zeon), que apresentou o maior valor (Figura 37). Em 20/03, O maior
número médio de aranhas por pano de batida foi observado no tratamento
permetrina (Talcord), que não diferiu significativamente da testemunha, mas
diferiu dos tratamentos metomil e lambda-cialotrina, que apresentaram os
menores valores (Figura 37).
Figura 37. Número médio de aranhas por pano de batida (2 metros lineares) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas
seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
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Aos 14 dias após a primeira pulverização, o tratamento metamidofós
mostrou a maior porcentagem média de redução corrigida das populações das
aranhas, diferindo significativamente do diflubenzurom, triflumurom e lufenurom
+ profenofós (Curyom), que foram nulos (Figura 38).
Aos 7 dias após a segunda pulverização, o tratamento diflubenzurom
mostrou a maior redução da população de aranhas, diferindo estatisticamente
de B. thuringiensis, que foi nulo (Figura 38).
Figura 38. Correção (HENDERSON; TILTON, 1955) da porcentagem média de redução de aranhas após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Colunas seguidas pelas mesmas
letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
As aranhas da parte área parecem ser os artrópodos mais sensíveis aos
agroquímicos aplicados na cultura da soja, podendo ser bons bioindicadores de
desequilíbrios ecológicos nesse agroecossistema.
Os inseticidas que mais afetaram negativamente as aranhas na soja
foram metamidofós, diflubenzurom e permetrina, seguidos por teflubenzurom,
lambda-cialotrina e metomil. Todos os inseticidas tiveram as populações de
aranhas restabelecidas logo após o impacto (diflubenzurom) ou algum tempo
depois (permetrina, metomil, lambda-cialotrina e metamidofós) (Figuras 37 e 38).
Os tricogramatídeos (Hymenoptera: Trichogrammatidae), importantes
parasitoides de ovos de lepidópteros, não foram influenciados pelos inseticidas,
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apesar da ocorrência de maior número médio de ovos parasitados ocorrer em
quase todas as datas de avaliação no tratamento MIP (Dipel), sem diferenças
estatísticas (Figura 39).
Figura 39. Número médio de ovos de Anagasta kuehniella parasitados por tricrogramatídeos após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02
e 19/02. Não houve diferenças significativas entre as médias pelo teste de Tukey, 5%.
A porcentagem média de parasitismo de ovos de percevejos, após a
liberação de Telenomus podisi e Trissolcus basalis (Hymenoptera: Scelionidae),
não foi afetada pelos inseticidas (Figura 40).
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Figura 40. Porcentagem média de parasitismo de ovos de Euschistus heros ou Nezara viridula após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02
e 19/02. Não houve diferenças significativas entre as médias pelo teste de Tukey, 5%.
De uma forma geral, os predadores foram afetados por quase todos os
inseticidas, mas ocorrendo uma rápida recuperação da população da maioria
deles, exceto em aranhas, que pareceram ser bons bioindicadores de
desequilíbrios causados por agroquímicos. Os parasitoides de ovos não foram
afetados pelos inseticidas.
O inseticida diflubenzurom afetou a população de Geocoris spp. Os
carabídeos foram pouco afetados pelos inseticidas, sendo triflumuron o mais
seletivo dentre os testados. As joaninhas e os percevejos predadores foram
afetados por todos os inseticidas testados, mas a recuperação desses grupos foi
rápida.
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Dias após a última pulverização
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Talcord 250 Curyom 550 CE
Lannate BR Karate Zeon
MIP Testemunha
66
4.4 Impacto dos inseticidas utilizados no controle de lagartas
desfolhadoras sobre artrópodos avaliado em armadilhas de solo
Apesar das aranhas terem sido consideradas boas bioindicadoras de
desequilíbrios causados por inseticidas na cultura da soja, em armadilhas de
solo tipo “pitfall” não ocorreu o mesmo. Não houve diferenças significativas entre
os tratamentos quanto ao número médio de aranhas coletadas em duas
armadilhas de solo (Figura 41).
Figura 41. Número médio de aranhas por duas armadilhas de solo em três datas diferentes, após a pulverização de inseticidas contra lagartas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e
19/02. Não houve diferenças significativas entre as médias pelo teste de Duncan, 5%.
Por outro lado, o número médio de outros carabídeos (exceto Calosoma
spp. e Lebia sp.) coletados por duas armadilhas foi afetado pelos tratamentos.
Em 20/02, a quantidade coletada em armadilhas no tratamento lambda-cialotrina
(Karate Zeon) foi significativamente superior aos tratamentos metamidofós
(Tamaron), teflubenzurom (Nomolt) e B. thuringiensis (Dipel), que apresentaram
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os menores valores, mas não diferiu da testemunha e dos demais tratamentos
(Figura 42). Na data seguinte (06/03), teflubenzurom continuou apresentando
baixos valores (nulo), agora não diferindo estatisticamente de lufenurom +
profenofós (Curyom) e dos demais tratamentos, incluindo a testemunha, mas
diferindo de permetrina, que apresentou o maior valor (Figura 42). Apesar das
diferenças, os inseticidas não afetaram as populações de outros carabídeos.
Figura 42. Número médio de outros carabídeos (Coleoptera: Carabidae) por duas armadilhas de solo em três datas diferentes, após a pulverização de inseticidas contra lagartas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Os cicindelídeos (Coleoptera: Cicindelidae) foram afetados pelos
tratamentos apenas após a segunda pulverização. Em 20/02, triflumuron
(Certero) mostrou o maior número médio de cicindelídeos coletados por duas
armadilhas, que diferiu significativamente de diflubenzurom, metamidofós e
metomil (Lannate), mas não diferiu dos demais, incluindo a testemunha (Figura
43). Também não ficou caracterizado um efeito deletério dos inseticidas sobre
os cicindelídeos.
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Figura 43. Número médio de cicindelídeos (Coleoptera: Cicindelidae) por duas armadilhas de solo em três datas diferentes, após a pulverização de inseticidas contra lagartas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Os percevejos cidnídeos (Hemiptera: Cydnidae) (exceto Scaptocoris
spp.), em 05/02, tiveram o maior número médio coletado em duas armadilhas de
solo no tratamento lambda-cialotrina, que diferiu significativamente de quase
todos os tratamentos, incluindo a testemunha, mas não diferindo de
metamidofós, profenofós + lufenurom e metomil (Figura 44). Esse resultado
indicou um leve desequilíbrio causado por lambda-cialotrina nas populações
desse grupo, que contem insetos-praga. Porém, o desequilíbrio causado não
persistiu em avaliações posteriores, devendo ser mais estudado em outros
experimentos.
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Figura 44. Número médio de cidnídeos (Hemiptera: Cydnidae) por duas armadilhas de solo em três datas diferentes, após a pulverização de inseticidas contra lagartas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Apesar da grande quantidade coletada de formigas, incluindo as
desfolhadoras (Atta spp. e Acromyrmex spp.) e as predadoras, não houve
diferenças significativas entre os tratamentos (Figura 45). Isso pode ser
explicado pela grande variância das médias obtidas, pois houve grande
discrepância nos valores observados. As armadilhas poderiam estar instaladas
ao lado de um formigueiro, o que aumentava o número de insetos coletados
nesses locais.
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Figura 45. Número médio de formigas (Hymenoptera: Formicidae) por duas armadilhas de solo em três datas diferentes, após a pulverização de inseticidas contra lagartas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Não houve diferenças significativas entre as médias pelo teste de Duncan, 5%.
Existiu uma grande quantidade de espécies de himenópteros
(Hymenoptera) coletadas nas armadilhas (excluíndo Apis mellifera, Apidae,
Formicidae, Mutilidae, Pompilidae e Vespidae, que foram tratadas à parte). Em
05/02, o tratamento metomil apresentou o maior número médio de insetos
coletados por duas armadilhas que diferiu significativamente apenas de
diflubenzurom e triflumurom (Figura 46). Em 20/02, a testemunha apresentou o
maior valor, diferindo significativamente de quase todos os tratamentos, que
apresentaram valores baixos, exceto de profenofós + lufenurom e B.
thuringiensis (Figura 46). Em 06/03, o tratamento permetrina que apresentou o
maior valor, não diferindo estatisticamente da testemunha, mas diferindo de
lambda-cialotrina e diflubenzurom, que apresentaram os menores valores
(Figura 46).
Todos os inseticidas, exceto lufenurom + profenofós e B. thuringiensis,
afetaram negativamente os imenópteros em geral, com restabelecimento rápido
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das populações para a maioria deles, exceto para diflubenzurom e lambda-
cialotrina.
Figura 46. Número médio de outros himenópteros (Hymenoptera) por duas armadilhas de solo em três datas diferentes, após a pulverização de inseticidas contra lagartas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
O besouro idiamim, L. villosa (Coleoptera: Lagriidae) foi afetado pelos
tratamentos. Em 05/02, o tratamento metomil apresentou o maior número médio
de insetos coletados por duas armadilhas, não diferindo significativamente da
testemunha, B. thuringiensis e metamidofós (Figura 47). Em 06/03, metamidofós
apresentou o maior valor, diferindo significativamente apenas de triflumuron, que
foi nulo (Figura 47). Entretanto, de uma forma geral, não ficou caracterizado o
impacto negativo de nenhum dos inseticidas testados sobre o idiamim.
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Figura 47. Número médio de idiamim, Lagria villosa (Coleoptera: Lagriidae), por duas armadilhas de solo em três datas diferentes, após a pulverização de inseticidas contra lagartas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Foram coletadas muitas lagartas (Lepidoptera) de noctuídeos
(Noctuidae) nas armadilhas de solo. Em 20/02, o tratamento diflubenzurom teve
o maior número médio de lagartas coletadas em duas armadilhas de solo, não
diferindo estatisticamente da testemunha, mas diferindo de metamidofós e
metomil, que foram nulos (Figura 48). Em 06/03, foi o tratamento B. thuringiensis
que apresentou o maior valor, inclusive diferindo significativamente da
testemunha e dos demais tratamentos, exceto de lambda-cialotrina (Figura 48).
Esses resultados indicam que bem depois da segunda pulverização (15
dias), o inseticida biológico B. thuringiensis e lambda-cialotrina continuaram
controlando as lagartas desfolhadoras, pois essas caíram em maior quantidade
nas armadilhas de solo. Esses resultados coincidem com a maior redução de
lagartas pequenas de P. includens aos 13 dias após a segunda pulverização de
B. thuringiensis (Figura 13) e mediana redução de lagartas pequenas de A.
gemmatalis por lambda-cialotrina dos 13 aos 28 dias após a segunda
pulverização (Figura 9).
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Figura 48. Número médio de lagartas (Lepidoptera) por duas armadilhas de solo em três datas diferentes, após a pulverização de inseticidas contra lagartas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos
inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Os ligaeídeos (Hemiptera: Lygaeidae) tem representantes predadores
de insetos e fitófagos. Em 20/02, logo após a segunda pulverização, o tratamento
teflubenzurom apresentou o maior número médio de insetos coletados em duas
armadilhas, não diferindo significativamente da testemunha, lambda-cialotrina,
metomil e metamidofós (Figura 49). Em 06/03, somente foram coletados
ligaeídeos nas armadilhas do tratamento diflubenzurom, que diferiu
estatisticamente dos demais (Figura 49). Não ficou caracterizado o efeito
deletério dos inseticidas testados sobre populações de ligaeídeos.
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Figura 49. Número médio de ligaeídeos (Hemiptera: Lygaeidae) por duas armadilhas de solo em três datas diferentes, após a pulverização de inseticidas contra lagartas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Os ortópteros (Orthoptera) foram afetados pelos inseticidas e são
representados por grande quantidade de espécies fitófagas. Em 20/02, a
testemunha apresentou o maior número médio de insetos coletados em duas
armadilhas, diferindo significativamente apenas de lambda-cialotrina (Figura 50).
Em 06/03, o tratamento permetrina que apresentou o maior valor, diferindo
significativamente apenas de metamidofós e teflubenzurom (Figura 50). Não
ficou evidente qualquer desequilíbrio causado pelos inseticidas testados nesse
ensaio.
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Figura 50. Número médio de ortópteros (Orthoptera) por duas armadilhas de solo em três datas diferentes, após a pulverização de inseticidas contra lagartas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos
inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Os escarabeídeos (Coleoptera: Scarabaeidae), com muitos
representantes pragas agrícolas, quase não foram afetados pelos inseticidas
aplicados. Somente em 06/03 houve diferenças significativas entre os
tratamentos (Figura 51). Nessa data, o tratamento permetrina apresentou o
maior número médio de insetos coletados em duas armadilhas de solo, diferindo
significativamente de teflubenzurom, que foi nulo (Figura 51).
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Figura 51. Número médio de escarabeídeos (Coleoptera: Scarabaeidae) por duas armadilhas de solo em três datas diferentes, após a pulverização de inseticidas contra lagartas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Colunas seguidas pelas mesmas letras ou sem elas não diferem entre si pelo teste de Duncan, 5%.
Ainda foram coletados diversos outros artrópodos de diferentes
espécies, gêneros, famílias, ordens e classe nas armadilhas de solo, mas em
menor quantidade e não houve diferenças significativas entre os tratamentos
(Tabelas 6, 7 e 8). Os dípteros foram abundantes nas armadilhas, mas muito
foram perdidos durante a conservação em álcool 70%, se desfazendo nesse
líquido; por isso, não foram analisados e somente foram quantificados nas
tabelas para se ter uma ideia da sua ocorrência. O mesmo ocorreu com
lepidópteros na fase adulta.
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Tabela 6. Número médio de outros artrópodos coletados em duas armadilhas de solo por parcela em 05/02/2009 (primeira avaliação), após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009.
Artrópodos (espécie, gênero, família, ordem ou classe)
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Astyllus spp. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00
Apidae 0,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,33 0,00
Apis mellifera 0,00 0,67 0,67 0,00 0,00 0,00 0,67 0,33 0,33 0,00
Asilidae 0,67 0,00 0,00 0,00 0,33 0,33 0,00 0,00 0,67 0,00
Calosoma spp. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00
Cercopidae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00
Chrysomelidae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00
Cicadellidae 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 0,00 0,00
Diabrotica sp. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00
Diplopoda 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00
Diptera 1,33 0,00 0,67 0,67 0,00 0,00 1,33 0,00 1,00 0,33
Elateridae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Hemiptera 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00
Isoptera 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,33 0,00 0,00
Lepidoptera (adulto) 0,33 0,33 0,67 0,00 0,33 0,33 1,33 0,33 0,33 0,67
Lepidoptera (pupa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Melyridae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33
Mutilidae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,33 0,00 0,00 0,00
Staphilinidae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00
Syrphidae 0,33 0,00 0,33 0,33 0,33 0,67 0,00 0,33 0,33 0,00
Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos pelo teste de Duncan, 5%.
78
Tabela 7. Número médio de outros artrópodos coletados em duas armadilhas de solo por parcela em 20/02/2009 (segunda avaliação), após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009.
Artrópodos (espécie, gênero, família, ordem ou classe)
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Apis mellifera 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 1,00 0,33 0,00
Asilidae 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33
Blattodea 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 1,00
Calosoma sp. 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Cerotoma spp. 0,33 0,00 0,00 1,67 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,33
Chrysomelidae 1,00 0,33 1,33 0,00 0,00 0,00 0,67 0,67 0,67 0,00
Cicadelidae 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 0,00 0,00 0,00
Coccinellidae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00
Colaspis sp. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33
Coleoptera 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00
Curculionidae 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Diabrotica sp. 0,33 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,67 0,00 0,00 0,00
Diplopoda 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 1,33 0,00 0,33 0,33 0,00
Diptera 0,67 0,33 1,00 1,33 0,33 1,67 3,33 0,67 0,67 0,00
Euschistus heros 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00
Galerita sp. 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Hemerobiidae 0,00 0,00 0,00 0,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Lebia sp. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Lepidoptera (adulto) 0,33 0,67 0,33 0,00 0,00 0,33 0,67 0,33 0,00 0,33
Lepidoptera (pupa) 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Melyridae 0,00 0,00 0,33 0,33 0,00 0,67 0,33 0,67 0,00 0,33
Membracidae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67
Mutilidae 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,33
Pompilidae 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Scaptocoris spp. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00
Staphilinidae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 0,33 0,00
Syrphidae 0,67 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Vespidae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos pelo teste de Duncan, 5%.
79
Tabela 8. Número médio de outros artrópodos coletados em duas armadilhas de solo por parcela em 06/03/2009 (terceira avaliação), após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009.
Artrópodos (espécie, gênero, família, ordem ou classe)
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Agridae 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Astyllus sp. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00
Apis mellifera 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00
Asilidae 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Blattodea 0,00 0,00 0,67 0,33 0,33 0,00 0,33 0,00 0,00 0,33
Calosoma spp. 0,00 0,33 0,00 0,00 0,67 0,00 0,00 0,33 0,00 0,67
Chilopoda 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,67 0,00 0,67 0,00 0,00
Chrysomelidae 0,00 0,00 0,00 0,33 0,33 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00
Cicadelidae 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 1,33 0,00 0,00
Colaspis sp. 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Coleoptera 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,67 0,00 0,00
Dermaptera 0,67 0,00 0,67 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Diabrotica sp. 1,33 1,00 0,00 0,67 0,33 0,67 0,67 0,00 0,33 0,33
Diplopoda 0,00 0,00 0,33 0,33 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,33
Diptera 1,67 1,00 4,33 3,00 0,67 2,00 0,67 0,33 2,33 0,00
Edessa sp. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00
Elateridae 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Euschistus heros 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,33 0,33 0,33 0,33 0,00
Galerita sp. 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00
Hemiptera 0,00 0,00 0,00 1,00 0,33 0,00 1,00 0,00 0,00 0,33
Lepidoptera (adulto) 2,00 2,67 0,00 2,00 1,67 3,00 1,67 1,00 1,33 2,00
Mutilidae 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,33 0,33 0,00 0,00 0,00
Passalidae 0,33 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,67 0,00 1,00 0,00
Pentatomidae 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00
Reduviidae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Syrphidae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00
Vespidae 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,00 0,33 0,00
Pulverizações dos inseticidas em 01/02 e 19/02. Não houve diferenças significativas entre os tratamentos pelo teste de Duncan, 5%.
80
4.5 Produtividade da soja após a aplicação de diferentes inseticidas
utilizados no controle de lagartas desfolhadoras
Quanto à produtividade média por parcela, o tratamento lambda-
cialotrina (Karate Zeon) apresentou o maior valor, diferindo significativamente
(Duncan, α = 0,0252) apenas de lufenurom + profenofós, que apresentou o
menor valor (Figura 52). Se o nível de significância do teste Duncan for
aumentado, o tratamento lambda-cialotrina difere estatisticamente dos
tratamentos diflubenzurom (Dimilin) (α = 0,138), metamidofós (Tamaron) (α =
0,176), triflumurom (Certero) (α = 0,108), permetrina (Talcord) (α = 0,163),
lufenurom + profenofós (Curyom) (α = 0,025**) e metomil (Lannate) (α = 0,188),
não diferindo de teflubenzurom (Nomolt) (α = 0,268), B. thuringiensis (Dipel) (α =
0,244) e testemunha (α = 0,471).
Figura 52. Produtividade média de grãos da soja RR (kg por parcela de 5 m2) após a pulverização com diferentes inseticidas em soja RR. Ribeirão Preto, SP, 2009. Colunas seguidas pelas mesmas letras não diferem entre si
pelo teste de Duncan, 5%.
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
Dim
ili 80
WG
Tamar
on B
R
Cer
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Nol
mot
150
Talco
rd 2
50
Cur
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CE
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ha
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so
po
r p
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(kg
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ab
ab
ab
abab
b
ab
a
abab
81
De qualquer forma, o melhor tratamento não é significativamente diferente
da testemunha, nem em valores de α elevados, o que sugere que, nas baixas
populações dos lepidópteros que ocorreram, nenhum dois inseticidas garantiram
uma melhor produção. Por isso, fica claro que a amostragem populacional de
pragas, como componente essencial de um programa de manejo integrado de
pragas, auxilia o agricultor com a economia de pulverizações desnecessárias e
evitando desequilíbrios ambientais com a utilização de agroquímicos.
Mas em muitas vezes, a aplicação dos inseticidas é realizada de forma
inadequada, seja através de aplicações preventivas, junto com o dessecante ou
com o herbicida pós-emergente ou mesmo com as aplicações de fungicidas.
Essas práticas são bastante comuns hoje nas lavouras de soja, visando o
aproveitamento de operações, aliado às aplicações frequentes de produtos de
amplo espectro de ação, sobretudo na fase inicial do desenvolvimento da soja e
o não uso das amostragens de pragas com o método do pano, tem levado a um
grande desequilíbrio nas lavouras de soja acarretando sérios problemas como,
por exemplo, a eliminação do complexo de inimigos naturais. Na ausência do
controle biológico natural, pragas, normalmente consideradas sem importância
econômica, vêm causando preocupações aos sojicultores, com necessidade,
muitas vezes, de controle. Além disso, pragas principais vêm ocorrendo em
níveis populacionais muito elevados, além da ocorrência de populações de
insetos resistentes aos inseticidas químicos (SOSA-GÓMEZ; CORSO;
MORALES, 2001; SOSA-GÓMEZ et al., 2003; 2009), tudo isso levando a um
maior custo de produção e consequências drásticas de poluição ambiental.
5 CONCLUSÕES
Baseado nas condições em que o ensaio foi conduzido, pode-se concluir
que:
a) o inseticida metomil (Lannate BR) foi o mais eficiente no controle de
lagartas pequenas de Anticarsia gemmatalis, em baixas e altas
infestações (> 40 lagartas maiores que 1,5 cm por 2 metros lineares);
b) nenhum dos inseticidas testados são eficazes no controle de lagartas
grandes de A. gemmatalis em baixas infestações;
c) o inseticida biológico Bacillus thuringiensis (Dipel) foi o produto mais
eficaz no controle de lagartas pequenas de Pseudoplusia includens em
baixas infestações, confirmado pelas amostragens de solo, onde são
encontradas lagartas mortas;
d) os inseticidas testados não afetam as populações de Diabrotica speciosa
e outros crisomelídeos (Cerotoma spp., Colaspis etc.), moscas-brancas,
ácaro-rajado, Tetranychus urticae, ácaro-branco, Polyphagotarsonemus
latus, e formigão, Neomegalotomus parvus;
e) os percevejos fitófagos Piezodorus guildinii, Euschistus heros e demais
percevejos têm as populações aumentadas logo após a pulverização com
metamidofós (Tamaron BR);
f) os inseticidas metamidofós, metomil e teflubenzurom (Nomolt 150)
aumentam as populações do besouro idiamim, Lagria villosa;
83
g) o predador percevejo-olhudo, Geocoris spp., é afetado negativamente
pelo inseticida lambda-cialotrina (Karate Zeon 250 CS), com rápida
recuperação, e por diflubenzurom (Dimilin 80 WG), sem rápida
recuperação;
h) o inseticida triflumurom (Certero) é o mais seletivo para Geocoris spp.
i) os percevejos predadores das famílias Reduviidae, Pentatomidae,
especialmente Podisus spp., e Nabidae, especialmente Nabis sp.
(Hemiptera) são afetados negativamente pelo inseticida permetrina
(Talcord 250);
j) os predadores carabídeos (Coleoptera: Carabidae), especialmente Lebia
spp., e joaninhas (Coleoptera: Coccinellidae), especialmente Cycloneda
sanguinea, são afetados pelos inseticidas testados, mas têm rápida
recuperação;
k) as aranhas (Aranea) são os artrópodos mais sensíveis aos inseticidas
testados;
l) os inseticidas que mais afetam negativamente as aranhas na soja são
metamidofós, diflubenzurom e permetrina, seguidos por teflubenzurom,
lambda-cialotrina e metomil;
m) as populações de aranhas se restabelecem logo após o impacto causado
por diflubenzurom ou depois de um tempo pouco maior, quando os
inseticidas são permetrina, metomil, lambda-cialotrina e metamidofós;
n) os parasitoides de ovos de lepidópteros tricogramatídeos (Hymenoptera:
Trichogrammatidae) e de ovos de percevejos, especialmente os
escelionídeos (Hymenoptera: Scelionidae), não são afetados pelos
inseticidas testados;
o) baseado em amostragens realizadas com armadilhas de solo, os
inseticidas não afetaram negativamente os predadores aranhas,
carabídeos e cicindelídeos (Coleoptera: Cicindelidae);
p) os cidnídeos (Hemiptera: Cydnidae) tem sua população aumentada em
locais onde é aplicado o inseticida lambda-cialotrina;
84
q) as formigas são os artrópodos mais comuns em armadilhas de solo, mas
não são afetadas negativamente pelos inseticidas testados;
r) todos os inseticidas testados, exceto lufenurom + profenofós (Curyom 550
CE) e B. thuringiensis, afetam negativamente os imenópteros em geral,
com restabelecimento rápido das populações para a maioria deles, exceto
para diflubenzurom e lambda-cialotrina;
s) os ligaeídeos (Hemiptera: Lygaeidae), ortópteros (Orthoptera) e os
escarabeídeos (Coleoptera: Scarabaeidae) não são afetados pelos
inseticidas testados;
t) os inseticidas testados não garantem maior produtividade da cultura
quando aplicados contra lagartas desfolhadoras em baixa intensidade de
infestação.
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