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JORNAL TRIMESTRAL DOS TRABALHADORES DAS INDÚSTRIAS ELÉCTRICAS Nº 26 (V série) • Julho a Setembro 2005 • Distribuição gratuita aos sócios dos sindicatos filiados na FSTIEP/CGTP-IN EDITORIAL A política errada do Governo do PS sente-se nas indústrias eléctricasDirector: José Machado Políticas de direita perdem nas urnas Os resultados das eleições autárquicas permitem afirmar que os portugueses disseram, mais uma vez, um claro «não» às políticas de direita de sucessivos governos. Pág. 5 CCTV FMEE A ANIMEE mantém o bloqueio. A FSTIEP e os sindicatos vão exigir a revisão antecipada dos aumentos salariais para 2006. Pág. 3 Anúncios Ficou concluída a revisão do CCT do sector de anúncios luminosos. Pág. 4 Yazaki Em Serzedo e em Ovar a multinacional promove ataques aos trabalhadores. Pág. 10 EDP No local do 3.º «Encontro», a FSTIEP e os sindicatos denunciaram a contradição entre o discurso da administração e o resto... Pág. 13 Vitórias Os tribunais vêm confirmar que vale a pena resistir e não desistir. Pág. 11 www.fstiep.pt A federação na Internet Avança a preparação Congresso da FSTIEP em Fevereiro O sítio Internet da FSTIEP contém a edição digital d’ O Electrão e muita informação de interesse para todos os trabalhadores do sector. Pág. 15 No dia 10 de Fevereiro de 2006, no Porto, vai realizar-se o 6.º Congresso da FSTIEP. As iniciativas preparatórias já estão a decorrer. Págs. 7 a 9 Para fazer frente às políticas que ameaçam a estabilidade e o nível de vida dos trabalhadores e das suas famílias, a CGTP-IN apela ao desenvolvimento da luta nas empresas e sectores, convergindo para a jornada nacional de dia 10 de Novembro. Pág. 16 CONCENTRAÇÕES LISBOA 15 horas, no Rossio PORTO 15 horas, na Praça da Batalha Só pela luta

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JORNAL TRIMESTRAL DOS TRABALHADORES DAS INDÚSTRIAS ELÉCTRICAS

Nº 26 (V série) • Julho a Setembro 2005 • Distribuição gratuita aos sócios dos sindicatos filiados na FSTIEP/CGTP-IN

EDITORIAL

� A política errada

do Governo do PS

sente-se nas

indústrias

eléctricas�

Director: José Machado

Políticasde direita perdemnas urnasOs resultados daseleiçõesautárquicaspermitem afirmarque os portuguesesdisseram, mais umavez, um claro «não»às políticas dedireita desucessivosgovernos.

Pág. 5

CCTVFMEEA ANIMEE mantémo bloqueio.A FSTIEP e ossindicatos vãoexigir a revisãoantecipada dosaumentos salariaispara 2006.

Pág. 3

AnúnciosFicou concluída arevisão do CCT dosector de anúnciosluminosos.

Pág. 4

YazakiEm Serzedo e emOvar amultinacionalpromove ataquesaos trabalhadores.

Pág. 10

EDPNo local do 3.º«Encontro», aFSTIEP e ossindicatosdenunciaram acontradição entre odiscurso daadministração e oresto...

Pág. 13

VitóriasOs tribunais vêmconfirmar que valea pena resistir enão desistir.

Pág. 11

www.fstiep.pt

A federaçãona Internet

Avança a preparação

Congressoda FSTIEP emFevereiro

O sítio Internet da FSTIEP contém a ediçãodigitald’ O Electrão e muitainformaçãode interessepara todos os trabalhadoresdo sector.

Pág. 15

No dia 10 de Fevereiro de 2006,no Porto, vai realizar-se o 6.ºCongresso da FSTIEP.As iniciativas preparatórias jáestão a decorrer.

Págs. 7 a 9

Para fazer frente às políticas que ameaçam a estabilidade e o nível de vida dos trabalhadores e das suas famílias, a CGTP-IN apela ao desenvolvimento da luta nas empresas e sectores, convergindo para a jornada nacional de dia 10 de Novembro.

Pág. 16 CONCENTRAÇÕES

LISBOA

15 horas, no Rossio

PORTO

15 horas, na Praça da Batalha

Só pela luta

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Na ocasião da passagemdo 35.º aniversário da

nossa CGTP-IN, os trabalha-dores portugueses estão con-frontados com uma situaçãomuito difícil, resultante dapolít ica antilaboral e anti-social do Governo do PS, quenos vai obrigar, conformeor ientação def in ida pe laCGTP-IN, a desenvolver umaforte luta sindical a partir dasempresas e sectores, comexpressão nacional, na gran-

de jornada nacional de luta,marcada pelo plenário de sin-d ica tos para o d ia 10 deNovembro.

Exigia-se do Governo do PSque não prosseguisse a

orientação do anterior Executivode direita, de Santana e Portas.Afinal, o que se vê é que adiferença das políticas nãoexiste, já que o Governo, coma sua maioria parlamentar,favorece os grandes grupos

económicos e vira as costasàs reivindicações dos traba-lhadores, levando assim aoaumento da precariedade doemprego, à manutenção dosbaixos salários – com recusade aumentos salariais justos –e ao crescente desequilíbriona distribuição do rendimentonacional, em desfavor dostrabalhadores, acentuando asdificuldades sociais.Os trabalhadores exigem doGoverno uma po l í t ica deesquerda, que vá ao encontrodos anse ios das massaspopulares; uma reforma fiscalque assegure a solidariedadecomo valor e compromisso detodos os cidadãos, comba-tendo fortemente a evasãofiscal, tributando a riqueza deforma efectiva; a defesa daSegurança Social, obrigandoao pagamento das dívidasdas empresas e garantindo amelhoria das pensões e pres-tações, de forma a acabarcom as injustiças existentes.É preciso melhorar o ServiçoNacional de Saúde, acabandocom o aumento dos medica-mentos e a redução da com-participação do Estado, ren-tabilizando os recursos huma-nos, materiais e financeiros,eliminando as listas de espe-ra e pondo termo à promiscui-dade existente entre o sectorpúblico e privado.Não pode continuar a fragili-zação dos sistemas públicosda Saúde, Educação e Segu-rança Social.É preciso acabar com a des-truição do aparelho produtivo,que leva ao aumento descon-t ro lado do desemprego ,criando mais pobreza e mar-ginalização social.

Apolítica errada do Gover-no do PS sente-se nas

indústrias eléctricas, com oagravamento da situaçãolaboral nas empresas do sec-tor dos FMEE, através do

aumento dos despedimentosindividuais e colectivos, docrescimento brutal da preca-riedade do emprego, da ame-aça de encer ramento deempresas, em parte ou notodo (designadamente algu-mas multinacionais, que ame-açam deslocalizar-se, apósterem recebido volumosossubsídios e benefícios fiscaisdo Estado português, com ocompromisso de criarem maisemprego).Impõe-se que o Governoenfrente o poder das multina-cionais, defendendo a econo-mia nacional, o emprego e osdireitos dos trabalhadores.Também no sector da energiase verifica a degradação dasituação laboral, já que oGrupo EDP aprofundou o pro-cesso de reestruturação, fra-gilizando os vínculos laborais,através da redução do empre-go, com rescisões de contra-tos e pré-reformas.A EDP deixou de ser umaempresa pública, devido adecisões políticas irresponsá-veis e lesivas do interessenacional, tomadas por gover-nos do PS, PSD e CDS. Tam-bém este Governo anuncioujá que pretende concretizaruma nova fase de privati-zação da empresa.

Éneste quadro que os tra-balhadores portugueses

têm de estar atentos e acti-vos, o que passa por umagrande adesão à luta nacionalde 10 de Novembro, dirigidapela CGTP-IN, exigindo ver-dadeiras políticas alternativasque garantam um efectivodesenvolvimento económicoe social de Portugal.Mas, para tal, é necessárioque a luta não pare. Está nasnossas mãos a possibilidadede contribuirmos decisiva-mente para que Portugalcaminhe na senda do pro-gresso e da justiça social.

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NACIONAL

Jornaldos trabalhadores das indústriaseléctricasN.º 26 (V série)Jul./Set. de 2005PropriedadeFederação dos Sindicatos dos Trabalhadores dasIndústrias Eléctricas de Portugal –FSTIEP/CGTP-INSedeR.dos Douradores, 1601100-207 LISBOATelefones: 218818500 e 218818560Fax: 218818584www.fstiep.ptDirectorJosé MachadoDirectores-adjuntosManuel CorreiaDaniel SampaioAntónio CoelhoRedacçãoDomingos MealhaGrafismoJorge CariaPaginação e impressãoHeskaPortuguesa, SACampo Raso2710-139 SINTRATiragem25 500 exemplaresDepósito legalN.º 2971/85Registo ICSN.º 123255

******Sindicatosfiliados naFSTIEP/CGTP-INSindicato das IndústriasEléctricas do Sule Ilhas (SIESI)Av. AlmiranteReis, 74G-4.º1150-020 LISBOATelefones: 218161590Fax: [email protected] dos Trabalhadoresdas IndústriasEléctricas do Norte(STIEN)Rua Padre AntónioVieira, 1954300-071 PORTOTelefones: 225198600Fax: [email protected] das IndústriasEléctricas do Centro(SIEC)Rua Simõesde Castro, 159-1.º3000-388 COIMBRACODEXTelefones: 239820660e 239820177Fax: [email protected] SerpaPinto, 17-1.º sala D3880-137 OVARTelefone: [email protected]

Sindicato dosTrabalhadores doSector de EnergiaEléctrica da RA daMadeira (STEEM)Av. do Mar, 329050-029 FUNCHALTelefone: 291221187Fax: 291211454

“Impõe-se queo Governoenfrente opoder das

multinacionais,defendendo a

economianacional, o

emprego e osdireitos dos

trabalhadores”

Trabalho numa empresa em que, antesde o sindicato organizar os trabalha-

dores, praticamente não existiam direitos.Mas tudo começou anos antes, com umasituação em que a empresa só aplicava osalário mínimo nacional... e com a tenta-tiva de enganar os trabalhadores, conver-tendo o subsídio de alimentação em salá-rio, para desta forma encobrirem a retri-buição que estava prevista no contratocolectivo de trabalho.Esta situação levou-me a pedir a inter-venção da Inspecção de Trabalho. Estaintervenção resultou em que todos os tra-balhadores fossem aumentados em cercade oito contos por mês.Mais tarde senti necessidade de estarorganizada sindicalmente, para poder

saber quais os meus direitos e dos meuscolegas de trabalho.Desde que o STIEN está na empresa,muitos direitos passaram a ser respeita-dos, tais como:- assistência à família- direito das grávidas a consultas pagas- pagamento do subsídio de alimentação,quando da utilização do direito à ama-mentação- horas de compensação do trabalhosuplementar- direitos dos trabalhadores-estudantes.Estes são alguns, mas há outros.Foi constituída a Comissão Sindical, pas-sámos a realizar plenários e a poder exer-cer a actividade sindical no local de tra-balho.

Com o sindicato, foi possível exigir àempresa a aplicação do contrato colectivode trabalho do material eléctrico, em vez docontrato da metalurgia, situação que aindanão está resolvida pela empresa e que seencontra na fase de ir para julgamento.Também do ponto de vista pessoal, estaactividade enriqueceu os meus conheci-mentos e permitiu-me olhar para o mundode uma forma diferente.Sem a participação activa do sindicato eno sindicato, nunca teria podido ir tãolonge na defesa dos interesses dos tra-balhadores.É necessário continuar a participar, inter-vir e a resolver os problemas, que entre-tanto se irão continuar a colocar a todosquantos trabalhamos.

Todos ganhamos com o sindicato

EDITORIAL

Ana Paula SimõesTrabalhadora daMotometer edirigente do STIEN

Setembro de 2005

Razão, força e determinação

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3Setembro de 2005

CONTRATAÇÃO

Reconhecidos na EDAmais 3 dias de férias

A Inspecção Regional do Trabalho deu razão aoSIESI, que exigiu a majoração das férias em mais trêsdias, como determina a lei.

Após a publicação da revisão do Acordo de Empre-sa da Electricidade dos Açores, a empresa veio defen-der, sem apresentar fundamento, que, aos 24 dias úteisprevistos no AE, acresceria mais um, em determinadascondições relacionadas com o absentismo. O sindica-to solicitou a intervenção da Inspecção Regional doTrabalho, afirmando ser claro que a majoração de trêsdias, constante da Lei 99/2003 (Código do Trabalho),incide sobre os 24 dias (e não sobre os 22 que vigoramnoutros sectores), pelo que o período máximo de fériasserá de 27 dias úteis.

A posição da IRT corroborou a interpretação sindical,aguardando-se, agora, a decisão daqueles serviços, nasequência dos contactos estabelecidos com a EDA.

Por mais justiça na Otis

Os trabalhadores da Otis, empresa de elevadores eescadas rolantes, com sede em Mem Martins, Sintra,apresentaram um caderno reivindicativo à adminis-tração, exigindo aumentos salariais de 5 por cento e acorrecção de diversas distorções salariais existentes.

Entre várias outras reivindicações, os trabalhadoresreclamam uma gratificação anual de montante igual aum mês de vencimento, a ser atribuída em Agosto, e oalargamento do seguro de saúde a várias especialida-des actualmente não abrangidas.

Pelo menos 45 eurosna Visteon

No caderno reivindicativo dos trabalhadores da Visteon,empresa de componentes electrónicos e compressorespara a indústria automóvel, localizada em Palmela, exige-se 5 por cento de aumento salarial, a partir de Janeiro dopróximo ano, com atribuição de uma subida de venci-mento de 45 euros para os trabalhadores classificadoscomo operadores especializados.

Os trabalhadores reivindicam também a gratuitidade dasrefeições servidas no refeitório e 25 dias úteis de férias.

Para o pessoal afectado por doença profissional,exige-se que a redução do tempo de actividade sejadistribuída, através de pequenas pausas, ao longo dajornada de trabalho. Esta é uma reclamação com par-ticular importância, pois na empresa verifica-se um altoíndice de tendinites.

Greve na Central de Setúbalchega ao sétimo mês

Os trabalhadores da Central Termoeléctrica de Setú-bal entraram no sétimo mês consecutivo de greve aotrabalho suplementar. A CPPE recusa-se a pagar otempo de trajecto, no trabalho suplementar prestadoem dias de descanso semanal e feriados. Baseando-senuma interpretação abusiva do ACT do Grupo EDP, aempresa pretende efectuar aquele processamentoapenas quando os trabalhadores são chamados nopróprio dia.

Foram esgotadas as vias internas de discussão, asquais, no entanto, levaram a administração a ter dealterar a posição inicial. Passou a reconhecer que édevido o pagamento sempre que o trabalhador sejachamado fora do seu período normal de trabalho, o queevidencia que não existe qualquer consistência na suaargumentação, nota o SIESI.

O processo aguarda intervenção da Inspecção Geraldo Trabalho.

Considerando que a situação continua a justificar agreve, os trabalhadores decidiram mantê-la, deixandoclara a sua disponibilidade para, sempre que os seusdireitos sejam postos em causa, tomarem as medidasmais adequadas.

Na EDP Distribuição, com particu-lar incidência na Área de Rede daGrande Lisboa e com particularexpressão nos locais de intervençãode determinada hierarquia intermé-dia, raro é o dia que o ACT não con-hece uma nova «interpretação»,denuncia o SIESI, que aponta váriosexemplos. Desde as mudanças defaixa, com os tempos de descansoda responsabilidade da empresa aserem trocados por folgas dos tra-balhadores, até aos prolongamentosem terceiro turno por trabalhadoresque estão adstritos ao regime de

dois turnos, passando por anteci-pações em locais que não aqueles aque os trabalhadores estão adstri-tos, tudo vale para esconder os errosde gestão decorrentes das sucessi-vas reestruturações.

O sindicato tem intervindo juntodo Departamento de RecursosHumanos, a exigir a reposição doquadro regulamentar. Comprovadaa razão que lhe assiste, verifica, noentanto, uma tentativa de criar difi-culdades na correcção das situa-ções, elucidativa da falta de autori-dade ou da tentativa de diluir as

situações, como forma de tentarfazer passar a mensagem de quenão vale a pena reclamar.

Mas, contrapõe o SIESI, os tra-balhadores envolvidos sabem quenão é assim, tendo em conta osresultados obtidos.

Para alargar o conhecimento dassituações existentes, os contactoscom o sindicato e delegados sindi-cais são fundamentais, tendo emvista acabar com prepotências eilegalidades que vão grassando nas«quintas e quintarolas» que aindapor aí há.

Bloqueio na revisão do CCTV FMEE

Resposta de luta

ACT é para respeitar também na Distribuição

A FSTIEP e os sindicatosdevem avançar rapidamentecom um processo derevisão antecipada dosaumentos salariais para2006, mobilizando ostrabalhadores para ajornada nacional de 10 deNovembro e lançando umamplo processo deesclarecimento.

Na negociação da revisão docontrato colectivo de trabalho

(vertical) do sector FMEE, a asso-ciação patronal manteve uma atitu-de bloqueadora, recusando intran-sigentemente avançar, a não serque a FSTIEP aceitasse a propostasobre «vigência e denúncia». Osrepresentantes patronais querem,para o CCTV, um tempo de vidamáximo de 5 anos, o que é inacei-tável para os trabalhadores. Estamensagem foi levada em mão àsede da ANIMEE, por dirigentes edelegados sindicais, em duas con-centrações ali realizadas, a 24 deMaio e 17 de Junho.

A FSTIEP sugeriu que se pas-sasse à negociação do clausula-

do, dando pr ior idade à nego-ciação dos salários, enquanto seprocuraria criar condições paraabordar a «vigência e denúncia».No entanto, esta disponibilidadenegocia l não fo i cons ideradapela ANIMEE.

Os representantes dos trabalha-dores do sector FMEE, reunidos dia18 de Outubro, em Coimbra, repu-diaram o comportamento da ANIMEE,que, ao bloquear o processo nego-cial, mais não pretende do queforçar, sem base legal, a caducida-de do CCTV, o que os trabalhado-res não permitirão.

Como forma de compensar asperdas salariais dos últimos anos eo aumento brutal do custo de vida,a FSTIEP e os sindicatos devemavançar rapidamente com um pro-cesso de revisão antecipada dosaumentos salariais para 2006, apre-sentando propostas (que, depoisde aprovadas pelos trabalhadores,serão entregues à ANIMEE e àsadministrações das empresas) epreparando uma forte acção reivin-dicativa.

Foi declarado apoio à jornadanacional de luta, convocada pelaCGTP-IN para 10 de Novembro,para a qual vão ser mobilizados ostrabalhadores, procurando que

integrem as concentrações em Lis-boa e no Porto;

Para organizar a luta, ficou deci-dido iniciar, desde já, um amploprocesso de esclarecimento emobilização dos trabalhadores.

As decisões foram fundamenta-das em vários factos, enumeradosna moção aprovada no plenário deCoimbra, nomeadamente:

- o processo negocial do CCTVFMEE continua bloqueado, devidoao comportamento intransigente daANIMEE e à grande incapacidadedo Ministério do Trabalho para alte-rar a posição patronal, tanto na fasede conciliação como de mediação;

- a situação criada pela asso-ciação patronal é muito grave, jáque impõe um vazio negocial, vio-lando a Lei e não deixando aos tra-balhadores do sector outro camin-ho que não seja a luta sindical;

- os trabalhadores do sector viramos seus salários duramente desgasta-dos pelas perdas verificadas nos últi-mos anos, situação agravada peloaumento brutal do custo de vida;

- o Governo, confirmando a suafraqueza face ao patronato, fezalterações ao Código do Trabalhoque mais não fazem que dar forçaao patronato para bloquear a con-tratação colectiva.

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Apolítica reivindicativa da CGTP-INpara 2006 foi apresentada no

final de Agosto e serve de base geralàs reivindicações a apresentar nasempresas e sectores nos próximosmeses, ressalvando a central que ésempre necessário ter em conta asdiferentes situações concretas.

Não foi apresentado, por exemplo,um referencial para a actualização

dos salários. A central reclama «umamais equilibrada repartição do rendi-mento, entre o trabalho e o capital,devendo ser assegurada a pro-gressão real dos salários, tendo-seem conta o agravamento do custode vida, a produtividade e a aproxi-mação à média da UE15».

No documento da Comissão Exe-cutiva da CGTP-IN são ainda referi-dos outros dados, que importa terem conta, ao definir as reivindi-cações salariais.

Entre 1998 e 2005, é estimada em5,5 por cento a diferença acumuladaentre a inflação verif icada e ainflação prevista (pelos governos).

O salário mínimo nacional, nosúltimos três anos, perdeu poder decompra, enquanto está em cresci-mento o número de trabalhadores a

que ele se aplica (já são mais de 200mil). O salário mínimo foi aumentadode apenas 2,5 por cento, em 2003 eem 2004, enquanto no conjunto dospaíses da UE teve uma subida médiade 5,9 por cento, em 2003, e de 6,2por cento, em 2004. O seu valorafasta-se cada vez mais do deEspanha, onde teve um aumento de6,8 por cento, no ano passado, eonde está em aplicação um progra-ma plurianual de valorização, demodo a alcançar 600 euros em 2008.O mesmo acontece em relação àGréc i a , onde o SMN teve umaumento de 6 por cento, em 2004.

Para valorização do salário míni-mo, a CGTP-IN defende que ele sejade 400 euros a partir de 1 de Janei-ro de 2006.

No que diz respeito à actividadesindical na presente situação, aCGTP-IN refere, entre as principaisprioridades:

- a revisão dos instrumentos decontratação colectiva,

- a revogação das normas doCódigo de Trabalho que põem emcausa o dire i to de contrataçãocolectiva,

- a utilização de todos os instru-mentos que evitem a caducidadedas convenções colectivas;

- que o patronato respeite o acor-do sobre a dinamização da contra-tação colectiva.

Problemase responsáveis

Políticas de direita da responsabi-lidade de sucessivos governos, alia-das à ineficiência do sector empre-sarial privado, conduziram o País a

uma situação de profunda crise,com maiores desequilíbrios econó-micos e sociais – afirma a CGTP-IN.

Em vez do déf ice nas contaspúblicas e dos limites impostos porBruxelas, a central realça que osmais graves problemas da econo-mia nacional residem na baixa pro-dutividade e nas perdas de compe-titividade. O País tem-se afastadoda média europeia e esta tendênciapode continuar a ocorrer nos próxi-mos anos.

O agravamento do déf ice dabalança comercial e o aumento dodesemprego, os despedimentoscolectivos (em regra, por via de res-cisões «amigáveis») e as deslocali-zações de empresas são outrosdados preocupantes.

As orientações de política econó-mica e social do Governo não cons-tituem a resposta necessária aosproblemas do País.

Um pa í s ma i s desenvo l v idoexige um Estado mais interventivono apo io a uma es t ra tég ia dedesenvolvimento, o aperfeiçoa-mento do Estado Social, serviçospúb l i cos de qua l i dade e umaAdministração Pública eficiente.Mas não se tem caminhado nestesentido.

Mantém-se uma política de priva-tizações que conduziu ao quasecompleto desmantelamento do sec-tor empresarial do Estado e à perdade centros de decisão estratégicos.A «redefinição do papel do Estado»é o novo chavão para camuflar oobjectivo de abrir ao mercado activi-dades como a saúde, a SegurançaSocial, a educação, a justiça e aágua.

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CONTRATAÇÃO

Setembro de 2005

No dia 12 de Julho, em reunião de conci-liação, foi assinado o acordo de revisão doCCTV do sector de anúncios luminosos.

O acordo para o ano de 2005, com efeitos a1 de Janeiro, consagra aumentos nas tabelassalariais que variam, nos diversos graus, de2,53 a 2,71 por cento (com um aumento médiode 2,66 por cento). O valor do subsídio de ali-mentação passou para 5,55 euros, o que repre-senta um aumento de 6,7 por cento. Levandoem conta os aumentos da remuneração base edo subsídio de refeição, o aumento médio pon-derado cifra-se em 3,36 por cento.

Foram igualmente revistos os valores míni-mos diários e os valores dos seguros de aci-dentes em regime de deslocação.

Ficou ainda acordado que as tabelas deremuneração mínimas e as cláusulas deexpressão pecuniária poderão ser revistasanualmente, vigorando de 1 de Janeiro a 31 deDezembro.

Foram actualizadas também as cláusulasrelativas a deslocações e subsídio de refeição.Assim, nas grandes deslocações no Continen-

te, o subsídio passou para o valor mínimo de5,10 euros (o que representa um aumento de6,3 por cento) e o seguro de acidentes pesso-ais foi actualizado para o valor de 54 mil euros(mais 5,9 por cento). Nas deslocações em terri-tório não continental e estrangeiro, o subsídiotem, em 2005, o valor mínimo de 9,00 euros(aumento de 5,9 por cento) e o seguro de aci-dentes pessoais foi actualizado para 54 mileuros (subindo 9,9 por cento).

A grave crise económica e social do Paísexige uma estratégia de desenvolvimento,que deve dar prioridade ao sectorprodutivo, ao emprego e aos salários,dinamizar a contratação colectiva evalorizar os direitos dos trabalhadores, econcretizar políticas sociais avançadas,que reduzam as desigualdades sociais.

Política reivindicativa da CGTP-IN para 2006

Desenvolver o Paíscom emprego, direitos e salários justos

Concluída revisãonos anúncios luminosos

Depois da EDP Distribuição sercondenada em tribunal, num proces-so que englobou alguns trabalhado-res, o SIESI procura alargar a classifi-cação como Técnicos (Nível 4), para oque se têm realizado plenários emvários locais de trabalho.

A existência de um trabalhador deNível 4 nos piquetes de reparação deavarias é uma realidade já com algunsanos, por força dos processos de lutadesenvolvidos principalmente naagora denominada Área de Rede daGrande Lisboa (Lisboa, CarenqueOeiras e Sintra).

No entanto, ao longo dos tempos,sempre o sindicato foi procurandoque esta realidade fosse transpostapara todos os locais onde existemserviços com as mesmas atribuiçõese responsabilidades.

Numa fase, iniciada no ano de 2003,avançou com um conjunto de proces-sos para o Tribunal de Trabalho, englo-bando trabalhadores dos piquetes doBarreiro e do Laranjeiro. No Tribunal deTrabalho de Lisboa a empresa foi con-denada a classificar os trabalhadorescomo Técnicos (Nível 4). Mas – numatentativa desesperada, própria dequem procura, recorrendo aos meiosque for necessário, manter os enqua-dramentos o mais baixos possível –, aEDP recorreu para o Tr ibunal daRelação, o qual veio a considerarimprocedente o recurso, confirmando asentença proferida.

No final do mês de Agosto a situaçãodaqueles trabalhadores já estava regula-rizada, quer quanto à atribuição do novoperfil, quer no que toca ao pagamentodos retroactivos, informou o sindicato.

SIESI vai reivindicar Nível 4 em todos os piquetes de avarias

Pelos justos objectivos, definidos na política reivindicativa para 2006, é necessário que os trabalhadoresdesenvolvam a luta

Grau Valor Grau Valor0 771,00€ 7 457,00€

1 723,00€ 8 417,00€

2 675,00€ 9 388,00€

3 628,00€ 10 382,00€

4 584,00€ 11 311,00€

5 539,00€ 12 309,00€

6 498,00€ 13 307,00€

Tabela Salarialcom efeitos a 1 de Janeiro de 2005

Nota: À remuneração mínima acordada para os graus 9 a 13sobrepõe-se o valor do salário mínimo nacional a vigorar em 2005.

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Na Proposta de Lei queesteve em discussão públicadurante o mês de Outubro, oGoverno e a maioriaparlamentar não alteramaquilo que criticaramenquanto o PS estava naoposição e até conseguempiorar os graves efeitos doCódigo do Trabalho paratodos os trabalhadores.

As propostas do Governo, que naConcertação Social tiveram o

apoio das confederações patronaise da UGT (em termos que evidencia-vam negociatas prévias entre eles,como a CGTP-IN denunciou na tri-buna pública que realizou em Lisboa,a 27 de Julho) mantêm o conteúdo do«pacote laboral» do PPD-PSD e doCDS-PP nas matérias que os traba-lhadores e o movimento sindical uni-tário mais contestaram.

Permanece a redacção do artigo4.º do Código, que subverte o prin-cípio do tratamento mais favorável epermite que as convenções colec-tivas de trabalho disponham deforma mais desfavorável que a leigeral, fragilizando, ainda mais, apos ição dos t raba lhadores narelação laboral.

Renega, assim, os compromissosassumidos pelo PS na campanhaeleitoral, que iam no sentido de reporo princípio de que a lei geral devegarantir direitos mínimos, cabendoàs convenções colectivas de traba-lho funcionar como instrumentos deprogresso económico e social, con-templando direitos que vão alémdesse patamar mínimo, em resulta-do da luta dos trabalhadores e da

negociação com o patronato.A 13 de Abril deste ano, o actual

ministro do Trabalho reconheceu naAR, a crise da contratação colectivae que esta tinha como causa o Códi-go do Trabalho. Mas o Governo aca-bou por manter o princípio da cadu-cidade das convenções colectivas(artº.557), colocando nas mãos dopatronato um instrumento paraaumentar a chantagem sobre os tra-balhadores e para generalizar o boi-cote à contratação colectiva.

Na proposta que está na AR, ficouconsagrada uma interpretação que,contrariando um acórdão do TribunalConstitucional, reduz os direitos dotrabalhador que vigoram mesmoem caso de caducidade do con-trato colectivo de trabalho.

Actuaçãoreprovável

A CGTP-IN, que dinamizou umprocesso de esclarecimento e deaprovação de pareceres condenadoesta revisão do Código do Trabalho,considera que o Governo procedeude forma politicamente reprovável,não assumindo os compromissosexpressos nas propostas apresenta-das pelo PS, quer na AR enquantooposição, quer no seu programaeleitoral, assumindo.

A actuação do Executivo de JoséSócrates, em todo este processo,constitui uma inadmissível cedênciaàs pressões do patronato e é umafraude política, afirma a central. Erecorda que, apesar de ter dado oseu acordo às últimas propostas doGoverno, o patronato, sentindo queeste cedia às suas chantagens, nãose mostra ainda satisfeito e já está aapresentar novas exigências.

Em simultâneo, e de forma articu-

lada com estas propostas de fragili-zação dos direitos contratuais dageneralidade dos trabalhadores, oGoverno prossegue um violento ata-que aos direitos dos trabalhadoresda Administração Pública.

Para a CGTP-IN, em respeitopelos princípios que sempre enfor-maram o Direito do Trabalho, querno Portugal democrático, quer emnormas internacionais, deve ser for-

malmente garantido o princípio dotratamento mais favorável, nãopodendo ser impostas condições detrabalho abaixo dos mínimos da leigeral.

Por outro lado, a central salientaque os contratos colectivos têm valorde lei, não devendo ocorrer a suacaducidade sem estar assegurada asubstituição por outro instrumento deregulamentação do trabalho.

5Setembro de 2005

NACIONAL

Contra promessas e compromissos

A alteração dasgraves disposiçõesdo Código foiexigida pelostrabalhadores eprometida peloPS, na oposição

Governo do PS cede no Código

Votos condenam as políticas de direita

Num primeiro comentário, no diaseguinte às eleições, a CGTP-INconsidera que os resultados obtidospelos diversos partidos e forças polí-ticas permitem afirmar que os portu-gueses disseram, mais uma vez, umclaro «não» às políticas de direita,que vêm sendo seguidas pelossucessivos governos.

Contrariamente ao que os prin-cipais responsáveis dos partidosda direita pretendem fazer crer,estes resultados não legitimam osseus objectivos estratégicos, jáque, para obterem votos, se dis-tanciaram das políticas seguidaspelos seus próprios governos.

A política do PS no Governo épenalizada pelos votos nas urnas,confirmando-se – apenas seis mesesdepois da sua maioria absoluta – anecessidade de romper com as polí-ticas seguidas, tal como a CGTP-INtem vindo a reclamar.

O sentido de voto dos trabalha-dores confirma que é preciso rom-

per com o ciclo desastroso e des-mobilizador que tem sido seguido eredobrar os esforços pelo desen-volvimento do sector produtivo,contra o desemprego, os encerra-mentos de empresas e despedi-mentos selvagens e pela criação deemprego com qualidade.

O Governo não pode deixar detirar as ilações devidas destesresultados, salienta a central, rea-firmando que os trabalhadores e aCGTP-IN saberão estar à alturadas suas responsab i l idadessociais.

Depois de lembrar que só pela par-ticipação os trabalhadores eviden-ciarão a sua razão e a sua força, aCGTP-IN apelou à participação mas-siva dos trabalhadores portuguesesna manifestação nacional dos trabal-hadores da Administração Pública, a20 de Outubro, em Lisboa, e na Jor-nada Nacional de Luta do próximodia 10 de Novembro, em Lisboa e noPorto.

Crescimento do desempregotem razões e soluções

A situação do desemprego em Portugal agra-vou-se em Setembro, com mais 588 desempre-gados por dia. Com efeito, no final do mês ante-rior, havia 482 548 desempregados, o que repre-sentava um aumento de 3,8 por cento face aAgosto e 3,4 por cento em relação a Setembrode 2004.

Esta evolução, segundo a CGTP-IN, deve--se,quer ao número dos que já estavam inscritosnos centros de emprego e que não encontraramtrabalho até ao final de Setembro, quer a mais68 770 pessoas que, ao longo do mês, se diri-giram àquele serviço à procura de emprego,aumentando estas 62 por cento, face ao verifi-cado em Agosto.

Grande parte do aumento mensal do desem-prego deve-se à falta de soluções adequadas eatempadas para o problema do emprego nosector da educação, responsabilidade desucessivos governos e também do GovernoPS/Sócrates.

Na comparação com o ano anterior, verifica--se que prossegue a destruição do emprego nossectores mais fragilizados e expostos à con-corrência internacional, como as indústrias dovestuário e do calçado. Também há agravamen-to significativo do desemprego na indústria têx-til, na agricultura, pecuária, caça, silvicultura epesca, e na hotelaria e restauração.

Para a CGTP-IN, este agravamento dodesemprego é o resultado das políticas econó-micas seguidas pelos sucessivos governos eque estão na origem da estagnação económica,da redução dos salários, do acentuar das desi-

gualdades e injustiças sociais (Portugal é o paísda UE onde é maior o fosso entre os mais ricose os mais pobres).

Para evitar o crescimento do desemprego, aCGTP-IN considera como prioridades funda-mentais:

- a defesa dos postos de trabalho, travando osencerramentos de empresas e as deslocali-zações;

- a modernização da estrutura produtivanacional, o aproveitamento dos nossos recursosnaturais e a valorização externa das nossas pro-duções;

- a definição e aplicação de uma políticaindustrial;

- o reforço do investimento produtivo;- o combate à economia clandestina e à infor-

malidade;- o desenvolvimento da formação inicial e con-

tínua, respeitando o direito de cada trabalhador aomínimo anual de formação certificada;

- a promoção do emprego estável e de quali-dade, através do combate ao trabalho nãodeclarado ou ilegal, da revisão das normas doCódigo de Trabalho penalizadoras da estabilida-de do emprego (incluindo a revogação da normasobre a contratação a prazo de jovens e dedesempregados de longa duração), de umapolítica de prevenção, do reforço da protecçãodos trabalhadores em regime de turnos envol-vendo a prestação de trabalho nocturno;

- a melhoria dos salários, incluindo a valorizaçãodo salário mínimo, e uma mais equilibrada repar-tição do rendimento entre trabalho e capital.

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6

NACIONAL

Setembro de 2005

A baixa eficiência com que é utilizadaa energia em Portugal é um dosproblemas estruturais da economia. É causa e consequência dedistorções que persistem nela e nãotem merecido a atenção dossucessivos governos, incluindo oactual.

Para produzir um euro de riqueza (PIB), gasta--se cá 2,47 vezes mais energia que em França;

2,4 vezes mais que na Áustria; 2,3 vezes mais quena Alemanha; 2,1 vezes mais que na Finlândia;1,68 vezes mais que na Irlanda; 1,54 vezes que naBélgica; 1,49 vezes mais que na Espanha. Mesmopaíses que entraram para a União Europeia emMaio de 2004, como a Polónia, têm uma eficiên-cia energética superior à de Portugal.

A factura energética do País – que importacerca de 88 por cento da energia primária con-sumida – é extremamente pesada e aumenta deforma vertiginosa. De acordo com o INE, oaumento do custo das importações de «com-bustíveis minerais» (ou seja, petróleo e deriva-dos), entre 2004 e 2005, foi superior a 38 porcento. Em 2004, em cada 100 euros importadosdos países extra-comunitários, 30 eram de«combustíveis minerais». Um ano depois, arelação já é de 38 euros em cada 100.

Em Portugal, entre 1994 e 2005, o preço daelectricidade para os consumidores industriaisdiminuiu cerca de 15,7 por cento, enquanto paraos consumidores domésticos aumentou 4,5 porcento. Em 2005, o preço da electricidade para osconsumidores industriais é superior ao preçomédio comunitário em 5,9 por cento; para os con-sumidores domésticos, é superior ao preço médiocomunitário em cerca de 20 por cento.

Preços de energia eléctrica muito superioresao preços médios comunitários, associados auma baixíssima eficiência energética, tornam afactura da energia extremamente pesada, querpara as empresas, quer para os consumidoresdomésticos, e contribuem para o agravamentoda crise.

Um sector onde a ineficiência energética éextremamente elevada é o dos transportes.Portugal é o país da União Europeia onde otransporte individual tem crescido mais, emprejuízo do transporte colectivo (nas áreasmetropolitanas de Lisboa e do Porto, entre1991 e 2001, a utilização do transporte indi-vidual aumentou de 24 para 46 por cento). Otransporte rodoviário de mercadorias temaqui o peso mais elevado, em prejuízo dotransporte ferroviário e marítimo.

Portugal, apesar de ser um país com reduzi-dos recursos, nomeadamente energéticos, é opaís da UE que utiliza da forma mais ineficientee irracional a energia, um bem escasso e depreço cada vez mais elevado.

A profunda distorção que se verifica, a nívelda economia, na utilização da energia é conse-quência da ausência de qualquer política sériapara alterar as profundas distorções verificadasneste campo, que fragilizam a economia e asociedade. O governo actual parece não teraprendido a lição, ao avançar com os mega-projectos do TGV e do aeroporto na Ota.

Aumentar a baixíssima eficiência energética ecorrigir as graves distorções nos modos detransporte devia ser um objectivo prioritário daacção do Governo.

Ineficiênciaenergética

agravaa crise

Eugénio Rosa(Economista da CGTP-IN)

Sobre o medicamento, umbem social imprescindível, oGoverno tem vindo a lançarmedidas e a anunciarpropostas. A CGTP-INconsidera essas medidasextremamente preocupantes.

Em nota à comunicação social,divulgada no final de Setembro, a

central recorda que, primeiro, foiadmitida a possibilidade dos medi-camentos de venda l ivre seremcomercializados fora das farmácias.Ora, a questão que se coloca, se nãofor um profissional de saúde a dis-pensar os medicamentos, é se odeveriam ser todos os medicamen-tos abrangidos na lista divulgada.

Em segundo lugar, com a aboliçãoda bonificação de 10 por cento nopreço dos genéricos, a pol í t icaseguida é para condenar estes medi-camentos, dado que os seus preçospassarão a ser muito próximos dospreços dos medicamentos de marca.Esta atitude do Governo vem, clara-mente, numa linha de cedência aosque sempre combateram os medica-mentos genéricos.

Em terceiro, veio a retirada de 5 porcento da comparticipação nos medi-camentos comparticipados na ínte-gra. Trata-se de medicamentos con-siderados essenciais mas que são,em muitos casos, dispendiosos. Éum aumento de encargos para aspessoas que deles dependem paraterem uma qualidade de vida míni-ma. Os diabéticos, por exemplo,passam a ter que custear 5 por centodas despesas.

Quanto aos reformados, levantam--se várias interrogações sobre estacomparticipação, dado que hoje,para os rendimentos mais baixos, há

uma redução de 15 por cento. Comoé que esta se ajusta com a prova derendimentos, a realizar para ficaremisentos do pagamento dos 5 porcento?

Em quarto lugar, o Governo dizque, para atenuar estas medidas,reduziu os preços dos medicamen-tos em 6 po r cen to . . . Mas oscidadãos que deles necessitamsaem prejudicados.

O Governo quer ir mais longe eadmite descomparticipar os medi-camentos e os métodos contra-ceptivos, com o argumento fala-cioso de que a maioria das mulhe-res não os compra com receitamédica. Para a CGTP-IN é inacei-táve l que estes de ixem de sercomparticipados, tanto mais quesomos um país cheio de fragilida-des ao nível de planeamento fami-

l iar, nomeadamente dos jovens(somos o 2.º país europeu comocorrência da gravidez na ado-lescência) e das pessoas maiscarenciadas e vulneráveis.

Também já referiu o Governo quepretende alterar o quadro geral dascomparticipações.

A C G T P - I N c o n s i d e r a q u e oGoverno devia claramente dar aconhecer a sua es t ra tég ia emrelação à política do medicamento,e não seguir o método de política aconta-gotas, onde intercala as notí-cias, pretendendo atenuar umascom outras, para dar ao cidadão aideia de que todos os interessesnesta área vão ser penalizados,nomeadamente o económico ecomercial, quando o grande atingi-do é, de facto, a maioria da popu-lação.

Em Setembro, o PCP entregou noParlamento um projecto de reso-lução a recomendar ao Governo quecrie condições para que a pílulaabortiva, conhecida por RU486,possa ser uma opção nos hospitais,em casos de aborto legal.

Bernardino Soares, presidente doGrupo Parlamentar comunista, expli-cou na altura aos jornalistas que estainiciativa não tem nada a ver com adespenalização do aborto. Deve serpossível recorrer a esta pílula, comoalternativa à intervenção cirúrgica,nos casos em que o aborto é hoje

legal, até porque as mulheres portu-guesas são vítimas de várias obs-truções, relativamente à aplicação dalei que legalizou o aborto em certascondições.

Os ensaios e estudos realizadosaté agora – refere-se na proposta –evidenciam as reais vantagens doaborto medicalizado relativamenteao aborto cirúrgico, nomeadamente:

- uma eficácia elevada, chegandoa atingir 98,6 por cento;

- dispensa a anestesia que o abor-to cirúrgico exige;

- tem tido uma grande aceitação;

- não tem riscos de infecções oude perfurações;

- não produz esterilidade secundária;- permite que a interrupção da gra-

videz seja feita mais cedo;- garante a privacidade da mulher;- dá à mulher uma maior capaci-

dade de decisão, pois há menordependênc ia re la t ivamente aomédico.

As recomendações para utilizaçãodeste medicamento vêm igualmenteda Organização Mundial de Saúde,que em Março deste ano o incluiu nalista dos medicamentos essenciais.

Medidaspreocupantesna política do medicamento

Pílula abortiva pode ser opção

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7Setembro de 2005

EM FOCO

No dia 10 de Fevereiro de 2006, noPorto, vai realizar-se o 6.º Con-

gresso da FSTIEP.Ao convocar o órgão máximo da

federação, a Direcção Nacional teveem consideração que a sua prepa-ração iria decorrer num período difí-cil para os trabalhadores. Grandesquestões – como o emprego e osdireitos, a contratação colectiva e ossalários, o reforço da organizaçãosindical – serão objecto de análise edecisão no congresso; mas elas exi-gem também a atenção, o empenha-mento e a mobilização da estrutura edos trabalhadores no dia-a-dia, pararesponder à forte ofensiva do patro-nato, que continua a contar com oestímulo do Governo.

Em Janeiro, n’ «O Electrão» e nosít io Internet da federação, serádivulgado o projecto de Programa deAcção, para debate nos sindicatos.

Desde Setembro, a federação e ossindicatos estão a levar a cabo ini-ciativas nacionais temáticas (for-mação sindical, igualdade e juventu-de, segurança, higiene e saúde notrabalho) e sectoriais (instaladoras,FMEE e energia).

Nestas páginas, damos conta dasprincipais conclusões das reuniõesnacionais realizadas até ao final deOutubro (sobre formação sindical esobre igualdade entre mulheres ehomens e juventude trabalhadora) ea realizar até ao fim de Novembro(sobre segurança, higiene e saúdeno trabalho).

Avança a preparação da reunião magna da federação

2.º Encontro de Formação Sindical

Formar para o presente e o futuro

Congresso da FSTIEP em Fevereiro

A formação sindical é umaacção estratégica paraqualificação e renovaçãodos quadros, melhorando aintervenção e reforçando aorganização, com vista amelhorar a capacidade dedefesa colectiva dosinteresses dostrabalhadores.

No dia 22 de Setembro, nas ins-talações do SIESI em Lisboa,

teve lugar o 2.º Encontro de For-mação Sindical da FSTIEP, que reu-niu dirigentes e quadros e monito-res do sector. Participaram igual-mente o camarada João Silva, da

Comissão Executiva da CGTP-IN, eÁlvaro Cartas, formador-monitor daCGTP-IN.

Um dos objectivos do encontrofoi, a partir do debate realizado,definir as estratégias a propor ao6.º Congresso, sintetizadas numdocumento-base, em que se atribuià formação um lugar de especialdestaque na actividade sindical.

A formação sindical é uma áreaindispensável para assegurar ofuturo do movimento sindical, mastambém é um instrumento fulcralpara o desenvolvimento, o reforço ea inovação da acção sindical.

É necessário um plano de for-mação direccionado ao jovens qua-dros sindicais, contemplando maté-rias como a história do movimentosindical e das lutas dos trabalhado-

res, antes e depois do 25 de Abril, arealidade económica e social do sec-tor, a organização sindical, a igualda-de de oportunidades.

Se os sindicalistas se confrontamhoje com novos fenómenos, nomundo do trabalho, torna-se neces-sário encontrar na formação sindicalespaços para a sua abordagem.

Os direitos e as condições de tra-balho têm, inegavelmente, a vercom problemas como a globali-zação capitalista e as deslocali-zações ou o impacto das novastecnologias na saúde dos trabalha-dores e das trabalhadoras – saúdefísica (doenças músculo-esqueléti-cas) ou psicológica (depressão,stresse e perturbações psicosso-máticas).

Dado o peso da mão-de-obrafeminina no sector, deve haver umapreocupação com a temática daigualdade de género, para alterarcomportamentos e eliminar estere-ótipos, ainda existentes, sobre opapel da mulher na sociedade e notrabalho, e para estimular as mulhe-res a participarem na actividadesindical e nos centros de decisão.

A formação sindical não se limitaaos cursos, é um processo contí-nuo, concretizado também noutrostipos de actuação, como seminário,debates, a «pasta sindical» e outrasiniciativas, ditadas por necessida-des concretas.

Tarefa prioritária

Com vista a posicionar a formaçãosindical como tarefa prioritária navida sindical, são indicadas algumasorientações e metas, assentes num

plano anual, integrado no Plano eOrçamento da federação.

Em cada ano, pretende-se que60 por cento, pelo menos, dosmembros da estrutura de cada sin-dicato passem por acções de for-mação. Todos os elementos daestrutura que ainda não tenham fre-quentado as acções de formação-base e de leg is lação labora l ,deverão frequentá-las até Abril.

Logo após a eleição de delega-dos sindicais, estes deverão fre-quentar uma acção de formação,especialmente definida para estasituação.

A todos os representantes eleitospara a Saúde, Higiene e Segurançano Trabalho deverá ser proporcio-nada a frequência de uma acção deformação, no total de 48 horas, aser ministrada pelo Instituto Bentode Jesus Caraça.

A FSTIEP deverá ficar dotada deum corpo de formadores, que asse-gure o desenvolvimento desta fren-te sem interrupções.

No plano de actividades de for-mação para os próximos 12 meses,as iniciativas previstas, a decorrerem vários distritos do Continente,além da formação-base de delega-dos sindicais, da legislação laboralpara delegados sindicais e da for-mação para representantes naSHST, abordam temas como aintervenção junto da Inspecção doTrabalho, técnicas de negociação ede comunicação, doenças profis-sionais, planificação individual ecolectiva, igualdade de género, glo-balização, organização e inter-venção no local de trabalho, acçãoreivindicativa, acção jurídica.

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A intervenção sindical deveter por base uma acçãopermanente nos locais detrabalho, envolvendo ostrabalhadores e astrabalhadoras através doesclarecimento emobilização para umaatitude reivindicativa,combatendo ocomportamento dageneralidade dasmultinacionais, que nãocumprem a lei e o CCTV eviolam importantes direitos.

No Porto, dia 13 de Outubro,nas instalações do STIEN,

decorreu uma reunião nacionalde dirigentes e activistas sindi-cais, que debateu as questõesda igualdade de oportunidadesentre mulheres e homens e dajuventude trabalhadora. Com 40participantes, representando ost rês s ind icatos federados doContinente, a reunião abriu comuma intervenção de Irene Xavier,responsável na FSTIEP pela áreada igualdade. A encerrar, inter-

ve io o coordenador da fede-ração, José Machado.

O d e b a t e a p ro f u n d a d o , a olongo do dia, a partir da realida-de das empresas, permitiu aper-feiçoar o documento-base, quefoi transformado em conclusõese aprovado por unanimidade,para integrar o projecto de Pro-grama de Acção, a apresentar aoCongresso.

Confirmadoo diagnóstico

Na generalidade das multina-cionais, que predominam no sec-tor de fabr icação de mater ia leléctrico e electrónico, são des-respeitados importantes direitosde igualdade entre mulheres ehomens, nos salários, na carreiraprof iss ional e nos d i re i tos dem a t e r n i d a d e e p a t e r n i d a d e .Como se conf irmou durante odebate, também os direitos dosjovens trabalhadores e trabalha-doras do sector são desprezadospelo patronato, abusando da pre-cariedade dos vínculos laborais epraticando baixos salários. Estesassentam numa geralmente fracaqualificação, que resulta muitasvezes da baixa escolaridade e dainexistência de acções de apren-

dizagem e formação profissional.Nalguns casos, não são respeita-dos também os direitos dos tra-balhadores-estudantes.

O d e b a t e r e a f i r m o u q u e aempresa é o local privi legiadopara a part icipação e a acçãoorganizada das mulheres e dosjovens trabalhadores do sector,em defesa dos seus direitos edos postos de trabalho, e pelasreivindicações laborais, desper-tando a sua consciência de clas-se para o cerne da discriminaçãode que, muitas vezes, são alvo.

As mulheres são as primeiras víti-mas do desemprego e da precarie-dade de emprego. Estão na primei-ra linha da ameaça capitalista neo-liberal, que, de novo, as procurareconduzir à actividade doméstica.

As mulheres trabalhadoras dasindústrias eléctricas – que são,na maioria, jovens – não abdicamdo direito ao trabalho, nem alie-nam o seu direito à participaçãoe à igualdade noutros patamaresda vida em sociedade. Esta justaat i tude tem de se traduzir emacção e luta contra o comporta-mento do patronato e, designa-damente, das grandes multina-cionais do sector FMEE.

A inaceitável discriminação dasmulheres trabalhadoras neste sec-tor ficou comprovada no estudocomparativo de categorias profis-sionais e salários, entre homens emulheres do sector, na base de

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EM F

Setembro de 2005

Reunião nacionalsobre igualdade e juventude

Base permanente para a defesa dos direitos

Linhas de acçãoA reunião apontou um vasto leque de

orientações de trabalho, para dar seguimen-to prático ao debate. Por exemplo:

- combater as discriminações das trabalha-doras nos FMEE e agir, ao nível da empresae sectorial, no plano reivindicativo e tambémrecorrendo à IGT e à Comissão para a Igual-dade no Trabalho e no Emprego.

- combater a prática dos prémios, comoforma de condicionar o exercício dos direitose de discriminar as trabalhadoras,

- fazer o levantamento, ao nível de cadaempresa, das violações patronais da Lei e doCCTV e das situações de precariedade e desubcontratação,

- concretizar o levantamento, ao nível deempresa, dos trabalhadores(as) que adquiriramou estão em risco de adquirir a doença múscu-lo-esquelética tendinite, e actuar na exigência demedidas de prevenção e reparação, até à recon-versão profissional, sem perda de direitos dequem tenha contraído incapacidade,

- planificar campanhas de sindicalizaçãode trabalhadoras e em empresas com eleva-da percentagem de jovens,

- aumentar a participação e a represen-tação das mulheres a todos os níveis daestrutura sindical,

- realizar um Encontro Nacional de trabal-hadoras do sector FMEE e um EncontroNacional de jovens, até ao final de 2006,

- actuar pela redução da carreira profissio-nal do Operador Especializado para cincoanos e meio,

- constituir comissões de jovens trabalha-dores(as) na federação e nos sindicatos, com

objectivos bem definidos,- promover acções de formação sindical

dirigidas a jovens dirigentes e delegados sin-dicais,

- exigir, nas empresas, formação profissio-nal de jovens, incluindo jovens sem a escola-ridade mínima, com obrigatoriedade de for-mação no período laboral.

Congresso da FST

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9Setembro de 2005

FOCO

Encontro sobre segurança, higiene e saúde no trabalho

Organizarpara agir

e reivindicarNa área da segurança, higiene esaúde no trabalho – a par dadefesa do emprego – encontram--se hoje os principais problemasque justificam o recurso regulardos trabalhadores aos sindicatos.No encontro marcado para o finalde Novembro, dirigentes edelegados sindicais do sector vãoanalisar esta realidade,procurando potenciar a acçãosindical numa posturareivindicativa.

As doenças músculo-esqueléticas têmregistado um crescimento exponencial,

em virtude do agravamento das péssimascondições de trabalho no ramo de activida-de – recorda-se no projecto de resoluçãodo encontro, que é o documento-base dadiscussão.

O inquérito realizado recentemente pelaFSTIEP no sector FMEE veio confirmar queo patronato não investe nas condições detrabalho. Dos 2 572 trabalhadores inquiri-dos em 24 empresas, houve 2 229 (87 porcento) que consideraram o ritmo de trabal-ho excessivo. E 45,4 por cento (1 167 res-postas) afirmaram que laboram debaixo deamplitudes térmicas insuportáveis.

Ex is te uma base c ient i f icamentedemonstrativa de que a forma, o tempo eas condições de exposição ao risco, bemcomo o ambiente de trabalho, são os fac-tores que mais concorrem para a con-tracção de doença profissional e a ocorrên-cia de acidentes de trabalho.

Constitui grande apreensão o facto demais de metade dos trabalhadores que res-ponderam ao inquérito (1 367, equivalendoa 53,1 por cento) serem prováveis portado-res de doença profissional músculo-esque-lética. Tratando-se apenas de uma amos-tragem, certamente que a verdadeiradimensão do problema será ainda maisgrave, afirma-se no documento.

Para alémda tendinite

Sendo as doenças músculo-esqueléticaso principal problema de saúde ocupacionalnas indústrias eléctricas, outras doençasprofissionais começam a ganhar relevo,inclusivamente no Grupo EDP/REN.

No sector da energia, com particularincidência no Grupo EDP, começam a sur-gir situações de doença profissional recon-hecida, o que foi também confirmado peloinquérito nacional aos trabalhadores daEDP/REN.

Os casos detectados não se apresentamainda como um problema grave de saúdeocupacional. No entanto, surgem patolo-gias como asma, tendinite, doenças do foropsíquico, hérnias discais, problemas devisão e auditivos... Este facto não deixadúvidas quanto ao alheamento da Adminis-tração do Grupo EDP/REN, através dosserviços competentes, relegando a maioriados casos para patologias decorrentes defactores externos ao exercício da activida-de profissional.

Prioridadeno dia-a-dia

As questões da segurança, higiene esaúde no trabalho representam tarefaspr ior i tár ias no quot id iano s indical ,defende-se no projecto de resolução.Pelas repercussões que têm na vida dostrabalhadores, os problemas devem sertratados com a dimensão que efectiva-mente apresentam.

É necessário acompanhar com rigortodo o percurso do trabalhador, desde aprevenção à confirmação da doença, àreparação da saúde, passando peloregresso do trabalhador ao local de tra-balho em condições dignas. No projectode resolução refere-se que tal atitudecredibiliza a acção sindical e facilita aresposta organizada dos trabalhadores.

O reforço da organização é considera-do de importância vital, na medida emque a intervenção mais especializadanesta frente terá mais eficácia e resulta-dos com representantes eleitos e capa-zes de intervir de forma qualificada, peloque todos os processos de eleiçãodevem ser precedidos de formação sin-dical, tendo presente a realidade ao níveldo local de trabalho.

Os representantes dos trabalhadoresna área de SHST, que devem actuar arti-culadamente com a organização sindical

de empresa, são representantes maisespecializados, que , através de umaintervenção activa, procuram dar res-posta às deficientes condições de tra-balho impostas pelo patronato.

No actual momento político, alerta-se no projecto de resolução, o Gover-no PS aprofunda políticas restritivas eant i -socia is que v isam colocar emcausa importantes funções sociais doEstado.

Aos trabalhadores e aos activistas sin-dicais não resta outro caminho que nãoseja potenciar a acção reivindicativa,para defender os direitos dos portadoresde doença profissional consagrados nalei e na contratação colectiva. Assimserá possível travar as iniciativas doGoverno para destru i r importantesmecanismos legais (caso do DL 248/99),que, embora não respondam em pleno àverdadeira dimensão do problema,ainda assim desempenham um papelimportante na reparação da saúde dostrabalhadores.

A luta contra a destruição dos instru-mentos legais existentes não deve inibiros sindicatos e a federação de reivindi-carem a cr iação de leg is lação queimplemente medidas de protecção dosmembros superiores, fundamental paraerradicar o grave problema de saúdeocupacional existente no sector.

dados fornecidos pelo Ministério doTrabalho, abrangendo 509 empre-sas e um total de 22 925 mulherese 18 867 homens (noticiado n’ OElectrão N.º 24).

Esse estudo confirmou, de formainequívoca, que há discriminaçãoem todos os grupos profissionais,apurando que, nos anos 2000 e2002 , as mu lhe res ganharammenos 40 por cento que os homens(quer na remuneração-base, querno ganho médio), situação inadmis-sível que exige intervenção sindical– começando po r uma sé r i areflexão política e sindical, designa-damente no quadro dos trabalhos edas deliberações do 6.º Congressoda FSTIEP, tendo por base as inter-venções que a federação e os sindi-catos fizeram durante a 4.ª Con-ferência da CGTP-IN sobre a igual-dade entre mulheres e homens.

Outros problemas graves afectamas mulheres e os jovens do sector.Destacam-se as questões relacio-nadas com a Segurança, Higiene eSaúde no Trabalho.

Ao inquérito realizado pela fede-ração sobre esta matéria responde-ram 2 572 trabalhadores e trabal-hadoras de 24 empresas do sectorFMEE, maioritariamente mulheres(70 por cento) e jovens entre 18 e 35anos (49 por cento). Das respostaspode-se concluir que 53 por centodas pessoas que trabalham no sec-tor são prováveis portadoras dedoença profissional (tendinite).

Mas apenas 15 por cento (209respostas) afirmam ter feito a parti-c ipação da doença ao CentroNacional de Protecção contra Ris-cos Profissionais. Isto significa que1341 trabalhadores e trabalhado-ras, representando mais de metadedos que responderam ao inquérito,continuam a trabalhar com sinto-mas de doença e com elevados rit-mos de trabalho.

A gravidade da situação, queatinge maioritariamente mulheres ejovens, implica que desde já a fren-te de trabalho da Igualdade e dosJovens trabalhadores(as) seja con-siderada como uma prioridade daacção de toda a estrutura sindicalno sector.

Outro problema grave, a exigiruma actuação muito cuidada, é asistemática violação dos direitos dematernidade e paternidade, queafecta, uma vez mais, predominan-temente as mulheres jovens – comoficou confirmado no levantamentoefectuado pelo STIEN em algumasempresas prioritárias.

No encontro serão debatidas orien-tações para a acção sindical na área dasegurança, higiene e saúde no trabalho,que depois integrarão o projecto de Pro-grama de Acção do 6.º Congresso dafederação. Essas linhas de intervençãodesenvolvem-se em quatro momentos:a organização dos trabalhadores, a pre-venção de doenças e acidentes profis-sionais, a reparação da saúde e o retor-no ao trabalho.

Propõe-se, por exemplo:- eleger representantes para SHST nas

empresas onde ainda não há organi-zação que responda a esta frente de tra-balho;

- assegurar uma estreita ligação entreos representantes e as comissões sindi-cais e intersindicais;

- em todas as empresas de risco, ela-borar programas de saúde e segurançae realizar campanhas de informaçãosobre potenciais riscos para a saúde esobre a detecção precoce das lesões;

- exigir do Ministério do Trabalho quese empenhe numa campanha de infor-mação e prevenção de doenças profis-sionais músculo-esqueléticas;

- implementar uma política de medici-na preventiva, através dos serviços desaúde ocupacional; - adequar os postosde trabalho aos trabalhadores, do pontode vista ergonómico;

- instituir pausas horárias de 10 minu-tos, nas áreas da produção, possibilitan-

do ao trabalhador fazer exercícios leves;- reduzir o horário semanal para 35

horas, reduzindo assim em mais de 10por cento os gestos e movimentos queoriginam lesões;

- reduzir os ritmos de trabalho paraníveis aceitáveis, devendo o balancea-mento das linhas de montagem ser con-trolado pelos representantes dos trabal-hadores e autoridades de saúde;

- exigir do Governo legislação queestabeleça as medidas preventivas daslesões por esforços repetitivos e que cri-minalizem as entidades patronais quenão as adoptem;

- acelerar o processo de confirmaçãode doença profissional;

- pôr fim aos inadmissíveis atrasos nopagamento da primeira indemnizaçãopor incapacidade temporária absoluta ealargar o período de pagamento para 60meses;

- rever urgentemente a tabela nacionalde incapacidades;

- exigir que os serviços de medicina detrabalho respeitem as indicações dosmédicos do SNS relativas à situação clí-nica dos trabalhadores, no regresso àlaboração;

- revogar as normas do Código do Tra-balho que determinam a redução doperíodo de férias e do respectivo subsi-dio, quando os trabalhadores regressamde períodos de convalescença.

Orientações e propostas

TIEP em Fevereiro

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FMEE

Setembro de 2005

A Direcção de RecursosHumanos da Yazaki Saltanodescobriu, este Verão,durante as férias, uma novaforma de tentar afastartrabalhadores da fábrica deOvar. Mas sem sucesso.

ADRH enviou cartas registadas,com aviso de recepção, para

casa de trabalhadores, determinan-do que «deverá permanecer em casaapós o período de férias em que seencontra, só regressando à empresacaso seja solicitado para esse efei-to». Isto, porque «infelizmente, aempresa não tem, neste momento –e, verdadeiramente, não tem pers-pectivas de vir a ter – ocupação paralhe oferecer» e «vê-se obrigada adispensar a sua presença nas insta-lações fabris a partir desta data».

Naturalmente, os trabalhadorescontactaram o sindicato, no sentidode responder a esta atitude dos RHda Yazaki. O SIEC recomendou quese apresentassem ao trabalho, apósterminado o período de férias, comose nada se tivesse passado.

Os trabalhadores continuaram alaborar normalmente, mas esperandoque a administração venha comoutras manobras, pois a pressão paraos afastar da empresa continua.

A Yazaki Saltano, que tem feito alivárias tentativas para que os traba-lhadores tomem a iniciativa de res-cindir os contratos de trabalho «pormútuo acordo», recorrendo porvezes à ameaça de despedimentocolectivo ou extinção de postos detrabalho.

Trocar por fériaso trabalho extra

A estrutura do STIEN na Yazaki deSerzedo manifestou preocupaçõesface a um conjunto de ocorrênciasverificadas, destacando os contac-tos que a empresa tem desenvolvidojunto dos trabalhadores dos váriosturnos de laboração, para não pagaro trabalho realizado aos sábado.

Através das pressões exercidas enuma clara violação dos direitoscontratuais e da lei, tentou imporalterações ao plano de férias de2005, trocando o trabalho efectuadonum conjunto de sábados por diasacrescidos de férias, a gozar poste-riormente, segundo o interesse daempresa.

Já não é a primeira vez que oplano de férias é sujeito a modifi-cações, sempre na linha de interes-se da empresa, indiferente aos pre-juízos que possam resultar para ostrabalhadores e que, em tempooportuno, a comissão sindical e o

ST IEN denunc ia ram, ped indomesmo a intervenção da IGT.

A pretensão da empresa foi muitocontestada e foi recusada pelos tra-balhadores do segundo turno. Infe-lizmente, não foi esta a posição damaioria dos trabalhadores do primei-ro turno, com a exclusão honrosados membros da comissão sindicaldo STIEN.

Em processos semelhantes, nou-tras empresas, IGT deu pareceresdesfavoráveis a soluções deste tipo,pois, para além de prejudicarem ostrabalhadores na organização da suavida familiar e privada, prejudicamtambém, seriamente, os interessesda Segurança Social.

O STIEN pondera recorrer à IGT,caso a Yazaki venha a exigir a pres-tação do trabalho, nos mesmos mol-des, para os trabalhadores que nãoaceitam aquela proposta.

Ritmosinadmissíveis

Ultimamente, e com a saída demuitos trabalhadores e trabalhado-ras das linhas de montagem, por rei-terada prática das rescisões de con-trato, a produção na fábrica de Ser-zedo tem funcionado com menospessoal, mas mantendo-se a veloci-dade imprimida ao funcionamentodas linhas de montagem. Isto leva a

que nessas linhas os trabalhadoresse vejam sujeitos a ritmos de traba-lho violentos, que podem provocarum exponenc i a l aumen to dedoenças profissionais.

O sindicato afirma ainda que, nes-sas mesmas linhas de montagem,trabalham pessoas em «bicos-de--pés», concluindo serem estes traba-lhadores duplamente sacrificados ereclamando que a esta situação sejaposto cobro, imediatamente. Paratanto, o STIEN iniciou um conjuntode diligências em que exige a repo-sição das condições de ergonomianormais. A empresa, depois de reu-nir com o sindicato, aceitou tomarmedidas para ultrapassar a situação,mantendo-se o sindicato atento àconcretização do compromisso.

Continua a saída acentuada detrabalhadores, através da rescisãopor «mútuo acordo», o que podeser a comprovação da saída demais três linhas de montagem paraparte incerta, com uma redução deemprego ainda mais acentuada.Tais suspeitas, a serem verdadei-ras, exigem de todos os trabalha-dores tomadas de posição imedia-tas, para que possam defender ospostos de trabalho em risco e pararos planos da multinacional japone-sa abandonar Portugal, atirandopara o desemprego os seus traba-lhadores.

Após um merecido período deférias, realizou-se recentementemais uma reunião de ORTs do com-plexo Grundig, englobando asempresas Blaupunkt, Delphi e FCL.

Na primeira l inha de preocu-pação dos representantes dos tra-balhadores, destaca-se a paragemde linhas de laboração na Blau-punkt, ao mesmo tempo que severifica a admissão de trabalhado-res de empresas alugadoras demão-de-obra. Verifica-se ainda umcorte no período de férias a trabal-hadores com baixa médica por aci-dente de trabalho, o que constituiuma violação grosseira da lei.

Relativamente à Delphi/Grundig,a direcção da empresa em Portugaldeclarou ao STIEN que não haveriaque temer repercussões da possí-vel falência do grupo americano,noticiada no início de Setembro.Naturalmente que o sindicato nãofica descansado com esta afir-mação e continuará atento aosdesenvolvimentos.

No que concerne à FCL, conti-nua a paga r os sa lá r i os comalgum atraso, depois de os trabal-hadores agirem para obrigar aempresa a cumprir essa obr i-

gação. A FCL tem tomado medi-das que põem em causa direitosde trabalhadores, tais como ocorte do subsídio de transporte,por alegada «crise». Ao mesmotempo, continua a penalizar umconjunto de faltas, que por lei nãodeviam prejudicar a atribuição demajoração das férias (aceita ape-nas as faltas ao abrigo da mater-nidade/paternidade).

A estrutura sindical está atenta atodos os desenvolvimentos verifi-cados nesta empresa e continua aintervir rapidamente na resoluçãodos problemas que afectam os tra-balhadores. Exemplo disso é oacompanhamento que está a serfeito à contestação dos trabalhado-res à qualidade da cantina e à faltade qualidade das refeições.

Salientando a necessidade derespostas concretas para defesada contratação colectiva do sectorFMEE, os representantes dos tra-balhadores das empresas do com-plexo Grundig estão empenhadosna informação dos trabalhadores ena sua mobilização, para que osdireitos dos trabalhadores nãorecuem mais de 30 anos, comoquer a associação patronal.

Ataques aos direitos em Ovar e em Serzedo

Yazaki mandou ficar em casa

Esclarecere mobilizar no complexo Grundig Os trabalhadores da Univer-

sal Motors (ex-Efacec), emOvar, viram confirmada a sen-tença do Tribunal de Ovar, quedecretou a falência da empresa.

A partir de Julho, 95 trabal-hadores foram para o desem-prego, engrossando o já altoíndice de desemprego que seregista no concelho.

A história de luta destes tra-balhadores é longa, árdua,com um final amargo, mas degrande valor. Estiveram emregime de suspensão da pres-tação de trabalho (lay-off),desde Maio de 2004, cumprin-do, à porta da empresa, ohorário normal de trabalho,com o intuito de defenderemos seus direitos, a laboração eo patr imónio da empresa.Tiveram sempre os saláriosem atraso, pagos a 70 porcento, e não receberam subsí-dios de Natal e de férias.

Houve tentativas de encerra-mento (lock-out) e de rescisãodos contratos de trabalho pormútuo acordo, a troco de valo-res irrisórios e sem garantias depagamento em 36 prestações;houve uma providência caute-lar, para expulsar os trabalha-dores da empresa; houve tenta-tivas de roubo de matéria-

prima; foram contratados segu-ranças privados para impedi-rem os trabalhadores de entra-rem nas instalações; a políciafoi chamada várias vezes pelaempresa contra os trabalhado-res; ocorreram assaltos às ins-talações fabris e roubo dedocumentos; houve mudançase abandonos de admin is-trações... Os trabalhadoresresistiram, firmes, a tudo.

Em todas as sessões do tri-bunal de Ovar, estiveram pre-

sentes todos os trabalhadoresda Universal Motors, acom-panhando o desenrolar doprocesso.

A falência acabou por serdecretada pelo Tribunal, pordecisão dos principais credo-res, entre eles e à cabeça, aEfacec.

Os trabalhadores não consi-deram que esta fosse uma lutainglória e reconhecem a juste-za da direcção da luta porparte do seu sindicato, o SIEC.

Tribunal encerrou Universal Motors

Os trabalhadores e as trabalhadores travaram uma luta de grande valor

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No seguimento da acçãosindical e da luta dostrabalhadores, as batalhasjurídicas nestas trêsempresas vêm confirmar quevale a pena resistir e nãodesistir.

OTribunal de Trabalho de Gaiaobrigou recentemente o patrão

da ex-Cambalacho a pagar asindemnizações às trabalhadorasdespedidas.

A decisão era aguardada há muitotempo. As trabalhadoras da ex--Cambalacho, empresa a trabalharpara a multinacional Yazaki Saltano,foram vítimas de um processo frau-dulento que acabou por vir a originaro encerramento da empresa, em2003. Aguardaram muito tempo queo tribunal competente decidisse oencerramento daquela unidadefabril, o que veio a acontecer depoisde o STIEN ter apresentado umapetição a solicitar a declaração defalência, por abandono de funçõesdo único sócio-gerente (situação ori-ginou a falta de condições de labo-ração e a acumulação de salários ematraso às trabalhadoras).

As cerca de oitenta trabalhadorastudo fizeram para defenderem ospostos de trabalho e os salários,contando desde a primeira hora comtodo o apoio do sindicato, cujoacompanhamento da situação levoua que, na altura, tenha ocorrido umprocesso massivo de sindicalização.Apesar de várias acções de grandeimpacto travadas pelas trabalhado-ras (com destaque para várias vigí-lias à porta da empresa), nenhumorganismo foi capaz de solucionar oproblema. As trabalhadoras acaba-ram por ficar no desemprego, semse vislumbrar uma possibilidade de

receber as indemnizações a que tin-ham direito, assim como apoio efec-tivo no desemprego.

Por ser desconhecido o seu para-deiro, o patrão da ex-Cambalachofoi julgado à revelia. O tribunal pen-horou os bens da empresa, e o ges-tor judicial que foi nomeado recon-heceu o direito aos créditos reclama-dos pelas trabalhadoras.

Após esta decisão, o sindicatoaccionou o recurso, junto da Segu-rança Social, para que as trabalha-doras beneficiassem do Fundo deGarantia Salarial. O subsídio está aser-lhes pago, esperando o sindica-to que o processo continue a desen-volver-se com a celeridade desejá-vel, para que as trabalhadoras pos-sam receber todos os va lo resreclamados e a que têm direito.

Delegada sindicalreintegrada

Na sequência de um acórdão do Tri-bunal da Relação de Évora, retomou otrabalho na Tyco uma delegada sindi-cal do SIESI, suspensa pela adminis-tração em Novembro de 2002.

A administração da Tyco, empresafabricante de material eléctrico deÉvora, tinha suspendido a trabalha-dora, grávida na altura, no âmbito deum p rocesso d i sc ip l i na r comin tenção de desped imento . AComissão para a Igualdade no Tra-balho e no Emprego, em parecerentão emitido, considerou não exis-tirem fundamentos para o despedi-mento. Ainda assim, a administraçãorecorreu ao Tribunal de Trabalho, nosentido de conseguir uma decisãofavorável. Não o conseguiu e, emOutubro de 2004, o próprio Tribunaldo Trabalho de Évora proferiu sen-tença, a considerar o despedimentoimprocedente e a ordenar a reinte-gração da trabalhadora.

A administração decidiu recorrerpara o Tribunal da Relação que, numacórdão do passado mês de Julho,pôs cobro a esta saga persecutória;a IGT, por seu turno, impôs à admi-nistração a obrigação de pagar inte-gralmente à trabalhadora a retri-buição correspondente a todo operíodo da longa e injustificada sus-pensão a que foi sujeita.

Messa pagaapós 20 anos

Finalmente chegou ao fim o proces-so da ex-Messa, empresa cuja insta-lações se situavam em Mem-Martins(Sintra). Foi adquirida por Rocha deMatos, que em 1987 a levou à falên-cia, ficando a dever aos seus 500 tra-balhadores cerca de 500 mil contos,de salários e indemnizações.

Este processo correu nos tribunaisdurante quase 20 anos. Muitas lutasforam travadas pelos trabalhadores,

com o apoio do SIESI, no sentido deacelerar o desfecho.

Por acção do sindicato, os traba-lhadores vão receber, a curto prazo,quase 520 mil euros (104 mil contos,que valem hoje muito menos do quehá duas décadas).

No plenário realizado a 1 de Outu-bro, dia do 35.º aniversário da CGTP-IN, participaram mais de 300 pessoas,o que veio confirmar uma vez mais aconfiança que os trabalhadores sem-pre depositaram no sindicato. A gran-de maioria dos participantes foramtrabalhadores que já se encontramreformados. Outros estiveram emrepresentação de familiares, que jánão puderam deslocar-se ou que jánão se encontram entre nós.

Este é mais um exemplo da moro-sidade da justiça. Há que continuar aexigir maior celeridade na justiça,porque, com tanta demora, os direi-tos de todos os cidadãos ficam cer-ceados ou por cumprir.

11Setembro de 2005

FMEE

Tyco, Messa e ex-Cambalacho

Vitórias na barra dos tribunais

Em Julho, a Sociedade de Compo-nentes Bobinados de Ovar (Philips)despediu os mais de 150 trabalhado-res afectos à produção.

A empresa – re latou Amér icoRodrigues, dirigente do SIEC – apre-sentou à Comissão de Trabalhadoresum projecto de reestruturação, fun-damentado objectivamente por fac-tores económicos (redução de cus-tos), que previa despedir os traba-lhadores da produção.

Logo após o conhecimento desteprocesso, e lamentavelmente, oselementos da Comissão de Trabal-hadores, que foram os primeiros anegociarem, nas costas de quem oselegeu, a resolução dos seus contra-tos de trabalho por mútuo acordo,deram a mesma orientação, em ple-nário, aos restantes trabalhadores.Ocorreu assim um despedimento

colectivo por rescisão «amigável»,pois os trabalhadores aceitaram arescisão dos seus contratos.

A SCBO mantém a laborar, comas mesmas máquinas e a mesmaprodução, cerca de 200 trabalha-dores da empresa de subcontra-tação CEML, que substituíram osdespedidos. Esta empresa, paraalém de não cumprir o CCTV FMEE,tem várias irregularidades face aostrabalhadores ao seu serviço (unsestão a receber subsídio de desem-prego, outro de baixa, não são fei-tos descontos obrigatórios, há tra-b a l h a d o re s e s t r a n g e i ro s e msituação irregular).

A IGT de Ave i ro fo i pos ta aocorrente da situação por iniciativa doSIEC, prevendo-se que as empresasem questão estejam a ser alvo degrandes inspecções.

SCBO despede em Ovar 150 trabalhadores

A Nexans, de Viana do Castelo, tem tenta-do nos últimos tempos criar o que designapor um «banco de horas». Segundo os tra-balhadores, tal é devido a um aumento detrabalho, que em algumas secções chega aser alucinante.

Tal ideia tem a ver com a pretensão dereduzir o recurso ao trabalho extraordinárioque, segundo a empresa, tem-se situado emvalores elevados.

A criação do «banco» tem motivado descon-tentamentos generalizados no seio dos trabal-hadores, já que a solução apontada pelaempresa prejudica os seus interesses, ao tro-car trabalho extraordinário por flexibilidadehorária. Desta forma os ganhos dos trabalha-

dores acabariam por reverter na sua totalidadepara a empresa, o que seria injusto.

Os trabalhadores admitem recorrer a for-mas de luta para defenderem os seus direi-tos. Em plenário, procurarão encontrar a res-posta mais ajustada, caso a empresa nãoreconsidere a sua posição.

Esta situação não é nova. Noutra altura, ostrabalhadores tomaram posições de forçaque obrigaram a empresa a desistir.

A comissão sindical do STIEN, que está aliderar o processo de luta, confia que os tra-balhadores vão acabar por conseguir atingiros seus objectivos, já que o espírito de uni-dade que se vive na empresa é extremamen-te favorável.

Contra «banco de horas»na Nexans

No plenário da ex-Messa, dia 1 de Outubro,participarammais de 300trabalhadorese familiares

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ENERGIA

Setembro de 2005

Areunião teve lugar a pedido dosindicato e na sequência dos

contactos que já vinham existin-do, no quadro anterior à venda.

O SIESI registou a abertura daempresa para prosseguir uma prá-tica de encontros regulares, nosentido de se abordar questõesde âmbito laboral, e corroborouaquela intenção, considerandoainda que tal deverá constituir,essencialmente, uma possibilida-de de eleição para se encontraremrespostas que correspondam àsexpectativas dos trabalhadores.

Matérias abordadas

Conhecendo a informação queconsta do «União» (N.º 17, de 22de Setembro), é necessário quefique claro quais foram as maté-rias alvo de abordagem. Se outrasexistem, o sindicato aguarda quelhe sejam comunicadas.

As únicas situações transmiti-das e que estariam em fase finalde desenvolvimento, integrandoas medidas que, na opinião daempresa, visam uniformizar pro-ced imentos , resumi ram-se aosubsídio de alimentação (de valorún ico , sendo remet ido para are m u n e r a ç ã o o re s t a n t e , n o scasos em que o valor seja maise l e v a d o ) e à c o r r e c ç ã o d esituações criadas anteriormente(estando a ser estudado um qua-d ro a l t e r na t i vo e enquadradolegalmente), referentes a paga-mentos em «géneros», a tentar«compensar» as pressões queforam feitas para reduzir remune-

rações, nalgumas empresas douniverso Edinfor.

As iniciativas em curso, e quepretenderão equiparar práticas,não são consideradas pelo SIESIcomo negativas, tendo por base oconhecimento de que no universodas empresas existiam os maisvariados procedimentos – desdeque, como é óbvio, não se regis-tem prejuízos e situações que nãopassem pelo acordo dos trabalha-dores e discussão com o sindica-to.

É de registar a afirmação de quenão existem intenções de pôr emcausa direitos, o que, no entanto,implica um acompanhamento per-m a n e n t e d a s i t u a ç ã o e u m aligação ao sindicato, de forma aserem prontamente detectadaseventuais violações. É possívelapontar, desde já, s i tuações acarecerem de aprofundamento aonível da IT-LOG, relacionadas comas garant ias dadas quando dapassagem da EDP.

Unilateral e subjectivo

O sindicato expressou o seuprotesto contra uma política vira-da para práticas assentes em cri-térios unilaterais e análises sub-jectivas.

O aumento salarial, com efeitosa Julho – dado que a adminis-tração entende que os saláriosdevem vigorar entre Julho e Junho–, assenta numa matriz de apre-ciação de desempenho unilaterale de contornos desconhecidos e,como em todos estes processos,de objectividade, muitas vezes,quase nula e conducente a trata-mentos d iscr iminatór ios. Paraagravar, acresce a intenção deuma média de 2,5 por cento deactualização, mas com a possibi-l idade de ex is t i rem aumentos

entre um e dez por cento – o queo SIESI considera elucidativo!

Mais: os trabalhadores rece-berão a informação por carta indi-vidual, como convém, para tentarev i ta r comparações e , conse-quentemente, descontentamen-tos.

Os trabalhadores não devemp a c t u a r c o m e s t a p re t e n s ã o ,devendo criar um clima de diálogoe t ransparênc ia que cr ie con-dições para que este processovingue, agora e no futuro.

O sindicato não concorda comesta f i losofia, defendendo umatabela de valor universal e nego-ciada entre as partes, cujo aumen-to consagre uma recuperação depoder de compra para todos ostrabalhadores.

Ao longo dos últimos anos, nal-guns casos, os aumentos nãoexist i ram ou foram pontuais e,noutros casos, desde o úl t imoa u m e n t o d e c o r re r a m d e z o i t omeses – lembra o SIESI.

Para os t rabalhadores da IT-LOG que transitaram da EDP, nascondições conhecidas, e a quemé assegurado o aumento negocia-d o p a r a o s t r a b a l h a d o re s d oGrupo EDP, nem sequer existiráqualquer aumento, contrariando oassumido aquando da passagemdestes profissionais.

Mais preocupante se torna ofuturo, quando idêntica política secoloca a todos os níveis de gestãode pessoal. A administração assu-me a inexistência de carreiras ouenquadramentos prof issionais,sendo sempre as estritas decisõesda empresa que poderiam alterara posição do trabalhador. No casodos bónus anuais, a «avaliação dedesempenho» também contariapara determinar o valor a atribuir.

Foram, ainda, abordadas diver-sas situações, que já decorriam

de reuniões anteriores e que nãoo b t i v e r a m q u a l q u e r re s p o s t a(como as respeitantes ao f inis-hing), e outras relacionadas comempresas do grupo, como é ocaso da IT-LOG.

Informar o sindicato

Q u a n t o a e s t a s ú l t i m a squestões, o sindicato ficou de ela-borar rapidamente um documentoque caracter ize as si tuações aserem alvo de correcção, indivi-dual e colectivas, para que possaobter, em tempo útil e sem maispretextos para demoras, as devi-das respostas.

Embora haja um conhecimentob a s t a n t e a p r o f u n d a d o d a ssituações, existirão, com certeza,várias que não nos foram transmi-tidas. Nesse sentido, os trabalha-dores que tenham casos a apre-sentar deverão contactar o sindi-c a t o , o m a i s u r g e n t e m e n t epossível.

O SIESI irá promover, a breveprazo, reuniões para esclarecer eaprofundar estes e outros assun-tos, pe lo que quaisquer in for-mações que se mostrem necessá-rias devem ser obtidas junto dos ind icato . Este entende comoajustada a solicitação de uma reu-nião à EDP (que manteve na Edin-for uma participação accionista de40 por cento), no sentido de abor-dar as garantias dadas quando dapassagem EDP/IT-LOG.

O sindicato afirma ter a noçãode que existem condições paraque as relações de trabalho nouniverso da agora Edinfor Logi-caCMG conheçam um novo rumo,onde a d isc r im inação e ac tospuramente de gestão sejam subs-tituídos por regulamentação ajus-tada ao quadro de direitos que sepretende assegurar.

Primeira reunião após a venda

Motivos de preocupação na Edinfor

Singelas e nomeações na CPPE evoluem em resultado da acção

A primeira reunião da empresa com oSIESI, após a venda pela EDP de 60 porcento do capital à LogicaCMG, realizou-sedia 22 de Setembro, deixando contornospreocupantes.

Após uma demora incompreensí-vel e depois das sucessivas insistên-cias do SIESI – que colocou mesmoa hipótese de accionar a execuçãojudicial da sentença, indicando bensà penhora –, a CPPE (Grupo EDP)confirmou a aplicação pecuniáriados valores correspondentes àshoras pagas como singelas e devi-das como extraordinárias, no venci-mento de Setembro.

Este processo resulta de umaacção em tribunal, abrangendo tra-balhadores da Central de Sines, apropósito do processo das «singe-las», que ficou conhecido devido àluta desenvolvida, a qual se consu-mou com a assinatura do «Protoco-lo de Turnos», em Fevereiro de 1999.

Esta situação, que já era do con-hecimento dos trabalhadores, irámerecer uma análise, com todos osenvolvidos, no sentido de que osresultados desta decisão judicial,confirmando a razão que nos assis-tia, sejam aplicados universalmente.De acordo com o compromissoentão assumido pela EDP, esta res-peitaria um parecer oficial que secomprometeu a pedir.

No entanto, tal parecer nuncateve qualquer decisão quanto aesta matéria, o que já não se podedizer da sentença proferida peloTribunal de Trabalho. Para o SIESI,outro entendimento quanto a estaquestão terá de ter a resposta ajus-tada.

Reconhecimento?

A propósito das recentes nome-ações para ECCTs, a empresa, atra-vés de uma carta que o SIESI classi-fica como inqualificável e inadmissí-ve l , ve i o i n fo rma r ace rca dacolocação, como se de um favor setratasse, em função de um «desem-penho reconhecido». Não ficou clarose seria apenas incompetência, ouse se tratava de uma tentativa dedesregulamentação.

O sindicato exigiu, de imediato, ocumprimento do ACT, de acordocom o qual as únicas figuras demovimentação que poderiam ser uti-lizadas eram as do concurso ou danomeação.

Pelo procedimento informado, aempresa procurava passar os tra-balhadores na horizontal, subver-tendo o direito da subida de BRno caso de o trabalhador ter, nomínimo, um ano no grau de ori-gem. Salienta o sindicato que esta«interpretação» não foi exclusivad a C P P E , p o i s e x i s t i u q u e m ,dizendo representar trabalhado-res, a tenha corroborado – factoque constitui mais uma nota parareflexão!

Confirmando que a defesa dosdireitos é algo que nunca podemosescamotear, a CPPE confirmou queiria corrigir as situações existentes,de acordo com o reclamado, no mêsde Outubro.

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13Setembro de 2005

ENERGIA

Ameaças de retrocessoexigem resposta na CRH

Discriminaçãocondenada na GDL

Acção sindical com resultadosnas empresas prestadoras de serviços

«Encontro» da EDPcom protesto sindical

Num passado recente, aintervenção do SIESI ao nívelda CRH (Call Center da EDP),quer directamente, quer atra-vés da Inspecção de Trabalho,permitiu a resolução de diver-sos problemas, sendo desalientar a passagem a efecti-vos de quase três centenas detrabalhadores que estavamcontratados a termo.

No entanto, começam a serconhecidas pelo sindicatodiversas s i tuações quecorrespondem a um agrava-mento substancial das con-dições de trabalho. É notada,em particular, uma ofensivadirigida aos efectivos, procu-rando criar condições para oretorno à contratação a termo,como forma de precarizar asrelações de trabalho.

Recentemente foram inten-tados processos disciplinaressobre vários trabalhadores doCall Center, a propósito deuma pseudo-recusa de trabal-ho suplementar. As condiçõesde trabalho agravam-se(casas de banho, cozinha,ambiente). Surgem, ainda,indicações de ritmos violentosde trabalho, consubstancia-dos em pressões e intimi-

dações, bem como possibili-dades de não estar a ser cum-prida a lei quanto ao trabalhosuplementar (pagamento edescanso compensatório).

Acrescem, ainda: umapolítica salarial de miséria ediscriminatória; alteraçõesde horário e de local de tra-balho; imposição de regi-mes de disponibilidade e deuso e abuso de alteraçõesde categorias, sendo muitasas situações em que não aempresa paga de acordocom as responsabilidadesque exige.

O sindicato alerta para anecessidade de, urgentemen-te, encontrar as soluções queresolvam o conjunto de pro-blemas que afectam os trabal-hadores da CRH, contribuindopara a melhoria das suas con-dições de vida e de trabalho, oque passa, ainda, pelo reforçoda organização sindical naempresa. Nesse sentido, oSIESI está a desenvolver asacções necessárias para rea-lizar, a curto prazo, um plená-rio com os trabalhadores, paraaí traçar um quadro corres-pondente às necessidades dotrabalho a desenvolver.

À porta do 3.º Encontro da EDP, aFSTIEP e os sindicatos distribuíramum comunicado a denunciar acontradição entre o discurso daadministração e o resto...

Adistribuição foi feita nos dias 11 e 12 deOutubro, em Lisboa, à porta das insta-

lações onde se realizou mais um «encontro»promovido pelo Conselho de Administração,que «convidou» os trabalhadores para umalmoço, a fim de, como tem sido hábito,ouvirem o presidente a apresentar a situaçãoe os resultados da empresa, a ouvir pergun-tas dos presentes e a responder apenas àsque decide escolher.

«Bem discursa o CA EDP… O pior é oresto!», intitulava-se o comunicado sindical,lembrando alguns factos que preocupam ostrabalhadores, «independentemente do quefoi e vai ser dito» pela administração:

- a redução de mais de dois mil trabalhado-res, em grande parte pressionados;

- o recurso cada vez maior à contratação demão-de-obra exterior, com baixos salários e

sem formação adequada, o que se reflecte naqualidade do serviço e na má imagem da EDP;

- o agravamento das condições de traba-lho, com exigências e ritmos acrescidos ecom pressões para abdicação de direitos;

- a criação e encerramento de empresas noGrupo EDP, sem respeito pela dignidade dostrabalhadores e com a consequente instabi-lidade laboral e social;

- ataques a direitos dos trabalhadores,como baixas por doença, subsídio de estu-do, propinas e aplicação ilegal das taxasmoderadoras;

- piores condições de Assistência Médicae Medicamentosa, consignada no ACT;

- anúncio da 6.ª fase de privatização, pros-seguindo uma política que já provou nãocorresponder aos interesses do País, dosconsumidores e dos trabalhadores.

«Face a esta situação, apelamos a todos ostrabalhadores do Grupo EDP para que semantenham atentos e mobilizados, na even-tualidade de terem que lutar para defender osseus direitos no plano mais geral, em que adefesa dos postos de trabalho assume impe-riosa actualidade» – concluía-se no comuni-cado.

A discriminação de um tra-balhador da Gás de Lisboa eassociado do SIESI, na atri-buição do denominado «pré-mio GALP», em resultado deuma alegada situação deinactividade – que fora pro-vocada pela empresa, duran-te o processo de reestrutu-ração –, levou à interposiçãode uma acção em Tribunal deTrabalho.

No final do julgamento, asentença não deixa lugar adúvidas: a discriminaçãoexistiu e o trabalhador temde ser ressarcido do valorreclamado.

O sindicato salienta queesta é mais uma situaçãoque demonstra que valesempre a pena reclamar eagir, pelos meios que se con-siderem mais adequados.

Centenas de trabalhadores estãoenvolvidos em processos de orga-nização e de luta pelo trabalho comdireitos e os resultados estão àvista.

Correspondendo a uma decisãoque se impunha, o SIESI tem vindo aalargar a sua intervenção numa áreaestritamente ligada ao sector daenergia, nomeadamente do GrupoEDP. A organização é hoje um facto,na maioria das empresas prestado-ras de serviços, assumindo a defesados postos de trabalho e a melhoriados direitos a primeira linha da luta.As condições são extremamenteadversas, devido à proliferação deautênticos «novos negreiros», apoia-dos nas premissas que a lei e oGoverno lhes conferem e contando,na maior parte dos casos, com aconivência da EDP.

Sindicalizaçãoquase total

Com uma sindicalização a cerca de 98por cento, na maioria das empresas quehoje prestam serviços nas centrais deSines, Setúbal, Barreiro, Pego e Termo-eléctrica do Ribatejo e, ainda, em algu-mas co-gerações (ATM, Manindústria,Tergen, OMCC, Alstom, Zilmo, Engigás,Nervion, etc.), a constante rotação detrabalhadores nos postos de trabalho,rescindindo contratos de qualquer formae por qualquer motivo, é algo que aca-bou. Quando da celebração de novoscontratos, por força dos concursoslançados, é sempre prioridade a manu-tenção dos postos de trabalho.

As relações de trabalho foram pro-fundamente alteradas, passando a umquadro de regulamentação, resultantede processos de negociação assentes

na mobilização e participação dosenvolvidos.

Neste momento, dois processosassumem particular expressão:

- a ATM, detentora do contrato daságuas das centrais do Barreiro, Carre-gado e Setúbal, onde se conseguiu umaumento salarial em Outubro e se pre-para um conjunto de reivindicações;

- a operação e manutenção docarvão de Sines, pois terminado o con-trato com a MCT em 30 de Setembro,a nova empresa (Manindústria) nãocelebrou novos contratos, dado que ascondições exigidas não foram satisfei-tas, o que envolve cerca de 50 trabal-hadores. Saliente-se, ainda, a propósi-to deste contrato, que foram satisfeitastodas as reivindicações apresentadas(aumento salarial, reclassificações,etc.), faltando, para que o processo sepossa consumar, a resposta quanto ao

aumento do subsídio de turno.O sindicato, neste contexto, consegue

obrigar as empresas a manterem um diá-logo sobre as situações colectivas, evi-tando a possibilidade de tratamento iso-lado, campo de excelência para o surgi-mento de pressões e ilegalidades.

A greve e outras formas de luta pas-saram a ser um direito, independente-mente do vínculo laboral, por serementendidas como a única forma degarantir os direitos dos trabalhadores eos postos de trabalho.

Chega-se a um ponto em que a polí-tica que determinou a entrega de acti-vidades ao exterior está constantemen-te posta em causa, quer pelo aumentode custos, quer porque os consórciosestabelecidos com aquele objectivo eassentes em relações empresariais nãose podem agora desenvolver numalógica de «terra queimada».

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NACIONAL

Setembro de 2005

HORIZONTAIS: 1 - Aparelhopara medir a resistência eléctricaem ohms; depurava. 2 - Camadasuperior de rocha da crosta terres-tre, de 50 a 100 km de espessura,constituída principalmente porrochas de natureza granítica, ricasem s i l íc io e a lumín io ; red. demaior. 3 - Elevação; usado naexpressão cré com cré, - com -:cada qual, com seu igual. 4 - Pref.de origem grega que exprime aideia de pr ivação, separação;oersted (símbolo físico); fruto daateira. 5 - Que atingiu a maiorida-de legal; pátria (fig.). 6 - Relativo aelectrões. 7 - Garupas; para barla-vento. 8 - O m.q. diário; peça paraderivação e para colher electrici-dade; remoinho de água. 9 - Antesde Cristo (abrev.); contr. da prep. acom o art. def. o; igreja episcopal;ósmio (s. q.). 10 - Naquele lugar;diferença de potencial ou a forçaelectromotriz expressa em volts.11 - Argola; pedestal; o espaçoaéreo; rezar. 12- Níquel (s. q.);constante pró-pria de um cir-cuito eléctrico,q u e d e p e n d eexclusivamenteda sua d ispo-sição geométri-ca e do meio emque está mer-g u l h a d o . 1 3 -Suaviza; causa;r i o s u í ç o q u ebanha a cidadede Berna.

VERTICAIS:1 - Q u a l q u e raparelho que sedestina a ilumi-nar. 2 - Génerode car n ívorosd i g i t í g r a d o sque tem o portede um grandecão; b icar. 3 -Engodo que sep õ e n o a n z o lp a r a p e s c a r ;tecido forte delinho grosso. 4 -

Fur ioso; levantai ; Inst i tuto deCamões (abrev.). 5 - Rente. 6 - Om. q. leste; vaso sanguíneo quetransporta o sangue da periferiado organismo ao coração. 7 -Irmã do pai ou da mãe; relativo asoro. 8 - Ramagem; adoçadacom mel. 9 - O m. q. olá; reboca;imitat iva do som de queda ouexplosão (interj.). 10 - Laçada; faza doação de ; cont r. do pron .pess. compl. te com o pron. dem.o . 11 - I ns t rumento co r tan tesemicircular; estado da Índia,c u j a c a p i t a l é P a n g i m . 1 2 -Moeda de prata da antiga Índiainglesa equivalente à 16.ª parteda rup ia ; par te dos membrosinferiores do corpo humano entrea coxa e o pé. 13 - Amerício (s.q. ) ; gra inha seca; espécie depadiola para transporte de doen-tes. 14 - Forma internacional devóltio; regaço; sorrir. 15 - Cober-to de areia; protecção (fig.).

Palavras Cruzadas

O aparecimento da electricidadeé, com certeza, o factor que maistem contribuído para o desenvol-vimento da humanidade.

O homem, tomando conheci-mento dos efeitos da electricida-de, tem vindo a desenvolvê-los demodo a proporcionar uma melhorqualidade de vida.

Dos efeitos da elec-tricidade (luminoso,químico, calorífico emagnético) é de certoo magnético aqueleque mais tem contri-buído para o desen-volvimento da huma-nidade e do seu bemestar.

Por certo, haverámuitos homens e mu-lheres, ligados à áreada e l ec t r i c idade eelectrónica, que nãodominam os efeitos daelectricidade.

Sabem s im que ,quando ligam um inte-rruptor, uma lâmpadailumina (efeito lumino-so); quando ligam umcalorífero, ele fornececalor (efeito calórico);quando ligam um rádio portátil, eledá som através do efeito químicodas pilhas; quando ligam umabatedeira ou motor, por maispotente que ele seja, aí está pre-sente o efeito magnético...

Para todos aqueles que descon-hecem estes efeitos, iremos abor-dar, nesta e nas próximas edições,o efeito do magnetismo.

Porventura não será uma expo-sição aturada, mas uma forma

simples e que pretendemos defácil compreensão para todosaqueles que não dominam estamatéria.

O íman

Por certo, quase toda a genteteve algum dia um íman na mão ecom ele se divertiu a apanharpeças, que por acção do íman,eram atraídas.

Na verdade, se colocarmos umíman em cima duma bancada e

sobre ele começarmos a deixarcair limalhas, verificamos que asmesmas são atraídas para ambosos pólos do íman (figura 1).

O íman tem a propriedade deatrair partículas de ferro. A essamanifestação se dá o nome demagnetismo.

A força atractiva manifesta-sepor igual por todo o corpo doíman? Não. Na verdade, a acçãoatractiva manifesta-se mais forte-

mente nas duas extremidades doíman, a que damos o nome depólos do íman.

A zona que separa os pólos eque praticamente não atrai partí-culas de ferro chama-se zona neu-tra (fig. 1A).

Se tivermos um íman móvel emtorno de um eixo (agulha magnéti-ca ou bússola), verificamos que omesmo se orienta sempre no sen-tido Norte-Sul geográfico.

Na agulha magnética há umaponta escura e outra mais clara. Aponta mais escura indica aproxi-madamente o Norte geográfico.

Por convenção, decidiu-se quea extremidade que se dirige para onorte geográfico será designadapor pólo Norte. A outra é o póloSul (fig. 2).

O S T I E N t e m a g e n d a d a seleições dos representantes dost raba lhadores para a área daSaúde, Higiene e Segurança noTrabalho nas multinacionais Lear(Valongo), Valeo Cablinal Portu-guesa e Nexans (ambas em Vianado Castelo).

Na Nexans, pela primeira vezse e l ege rep resen tan tes . NaValeo e na Lear trata-se de umareeleição, por término dos man-datos.

As di l igências necessárias àprossecução do processo deeleição incluem o envio ao Minis-tério do Trabalho das convocató-rias para as referidas empresas,a da r con ta do p ropós i t o daestrutura sindical para a referidaeleição.

Considerando cada vez maisimportante a intervenção organi-

zada dos trabalhadores na pre-venção de doenças profissionaise acidentes de trabalho, no sec-tor das cablagens, o sindicatoprocura manter uma dinamizaçãoconstante, que faça entender, atodos os envolvidos e interessa-dos, o dever de contr ibu í rempara a melhoria das condiçõesde trabalho.

O STIEN está a programar for-mação adequada para os novosele i tos, que será dada logo aseguir à eleição, de modo a con-tr ibui r para que seja possívellevar à prát ica os propós i tosagora enunciados.

O u t r a s e m p re s a s s e s u c e -derão, nas atenções imediatasdo sindicato nesta linha de inter-venção, na permanente defesados valores da saúde ocupacio-nal dos trabalhadores.

Introduçãoao magnetismo

Prosseguemeleiçõespara SHST

João PintoSTIEN

Figura 1

Figura 1A

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

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2

3

4

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SOLUÇÃO:HORIZONTAIS:1 - Ohmímetro; coava. 2 - Sial; mor. 3 - Levanta-mento; lé. 4 - An; Oe; ata. 5 - Maior; lar. 6 - Electrónico. 7 - Ancas;aló. 8 - Dial; tomada; ola. 9 - AC; ao; sé; Os. 10 - Ali; voltagem.11 - Aro; pé; ar; orar. 12 - Ni; indutância. 13 - Amacia; azo; Aar.VERTICAIS:1 - Lâmpada. 2 - Hiena; nicar. 3 - Isca; lona. 4 -Irado; alai; IC. 5 - Rés. 6 - Este; veia. 7 - Tia; seroso. 8 - Rama;melada. 9 - Olé; atoa; truz. 10 - Nó; doa; to. 11 - Cutelo; Goa. 12- Aná; perna. 13 - Am; arilo; maca. 14 - Volt; colo; rir. 15 - Area-do; asa.

INFO

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Figura 2

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15Setembro de 2005

NACIONAL

Vítima de doença prolongada, fale-ceu a 21 de Julho o associado doSIESI Carlos Lopes, técnico de labora-tório na Pegop e pessoamuito estimada na empre-sa, assim como na EDP,onde também trabalhou,designadamente na Cen-tral Térmica do Carregado.

Carlos Lopes deixoumulher e dois filhos e a suamorte causou viva cons-ternação no Tramagal,onde residia. Igualmentemuito sentida foi a dor de

colegas, ex-colegas e dos muitosamigos, pois o extinto era uma pessoade trato agradável, de grande humani-

dade e popularidade.A nível sindical, deixa

saudades a sua posturainterveniente, lutadora esolidária.

O SIESI expressou osmais sentidos pêsames àfamília enlutada e lamentaa perda de um grandecompanheiro, que perdu-rará na nossa memória,como um exemplo.

O Inovinter, centro de formação einovação tecnológica criado na basede protocolo entre o IEFP e a CGTP-IN, tem abertas inscrições parareconhecimento, validação e certifi-cação de competências, no âmbitodo «Processo RVCC». Este possibili-ta o aumento das qualificações aca-démicas a quem não possui a esco-laridade mínima obrigatória, atravésda valorização das competências edos saberes que adquiriu ao longoda vida, de modo a que possacorresponder a um dos requisitosessenciais para acesso ao empregoe à formação profissional.

Para, por esta via, um trabalhadorou uma trabalhadora obter certifi-cação escolar ao nível do 4.º, 6.º ou9.º ano de escolaridade, é apenas

necessário ter mais de 18 anos,não possui r a inda o 9.º ano edemonstrar que possui competên-cias em 4 áreas: Linguagem ecomunicação, Matemática para avida, Tecnologias de informação ecomun icação , e C idadan ia eempregabilidade.

A duração do processo de certifi-cação varia, conforme as com-petências, o ritmo e a disponibilida-de de cada um. O Inovinter prevê12 sessões, de 2 a 3 horas cada,uma vez por semana, em horário aacordar caso a caso.

Mais informações podem serobtidas nos sindicatos ou na Inter-net, em www.inovinter.pt, ondetambém estão disponíveis modelosde fichas de inscrição.

Está on-line, desde asegunda semana deSetembro, o sítio Internetda FSTIEP, que contém aedição digital d’ O Electrãoe outra informação deinteresse para todos ostrabalhadores do sector.

Asomar ao jornal O Electrão, o siteserá mais um importante instru-

mento para o trabalho sindical no sec-tor, nomeadamente para uma infor-mação mais actual e que também podeser mais desenvolvida.

O conteúdo do site continua a ser enriqueci-do, à medida que mais informações vão sendodigitalizadas e publicadas, na base de um pro-jecto, cujas linhas gerais são já visíveis.

Sendo um sítio «institucional» – da federação–, contém motivos de interesse para todos ostrabalhadores das indústrias eléctricas.

Um importante peso, na utilização do site,deverá caber à divulgação de notícias. Daí, orealce que elas assumem, apresentando-se logona página de abertura um espaço com as infor-mações mais recentes, da federação e dos sin-dicatos. Para posterior consulta, as notíciasmenos recentes ficam disponíveis num arquivocronológico. Este, como todo o site, pode serobjecto de pesquisa por palavras-chave.

Através da inscrição numa lista de assinan-tes (mailing list), os visitantes do site podemreceber notícias da federação por correioelectrónico e podem partilhar informações eopiniões com os restantes subscritores.

Um destaque especial vão ter as matériasrelacionadas com o 6.º Congresso daFSTIEP, marcado para 10 de Fevereiro. Nosítio Internet da federação serão publicadosos documentos de conclusões das reuniões

pre-paratórias e o pro-

jecto de Programa de Acção,bem como outras informações que sejamconsideradas relevantes.

O Electrão é disponibilizado em ficheiro .pdf(reproduzindo a edição impressa) e em ediçãoelectrónica, de mais fácil manuseamento naInternet. Além do último número, ficarão dispo-níveis números anteriores, em arquivo.

A História e o Movimento Sindical, comosecção autónoma, dará acesso aos artigosde Francisco Canais Rocha, que colabora hávários anos com o nosso jornal.

Outro tipo de informação importante, é aapresentação da FSTIEP e dos sindicatosfiliados: breve caracterização e história, con-tactos e horário dos serviços, estatutos, cor-pos sociais... No caso do SIESI, que disponi-bil iza esta informação no seu sít io, emwww.siesi.pt, foi incluída uma ligação (link).

No sítio da FSTIEP será também possível,a um trabalhador ou uma trabalhadora quenão faça parte de qualquer sindicato, iniciaro seu processo de inscrição.

O capítulo da actividade sindical abre com acontratação colectiva. Estão publicados osinstrumentos de regulamentação colectiva emvigor: o ACT da EDP, o CCTV do sector FMEE,o CCT do sector de anúncios luminosos.

O SIESI estabeleceu um protoco-lo de cooperação com o InstitutoSuperior de Línguas e Adminis-tração (ISLA Lisboa), que irá resul-tar numa significativa redução nocusto das propinas dos vários cur-sos aí ministrados – à semelhançado que já aconteceu com a EscolaSuperior de Tecnologia de Setúbal,como referimos no último número.

Os descontos praticados no ISLAserão de: 25 por cento,

em qualquer dos cursos de licen-ciatura; 15 por cento, nas pós-gra-duações; 20 por cento, nos cursosde preparação a exames ad-hoc; e10 por cento, nos cursos de for-mação não financiados e nos cur-sos de formação de formadores.

Informação mais detalhada sobreeste protocolo está disponível naInternet, em www.siesi.pt.

O SIESI realizou, de 29 de Agostoa 2 de Setembro, mais uma acção deformação, tendo por objectivo a pre-paração de profissionais electricistascandidatos às provas especiais deavaliação para técnicos responsá-veis de instalações eléctricas na áreade execução.

Participaram 23 profissionais nareferida acção, que contou, comosempre, com a colaboração do téc-nico José Reis, sócio do sindicato etrabalhador da CPPE. Só 3 dos par-ticipantes é que não obtiveramsucesso, enquanto 4 ainda nãoforam prestar provas.

Além do aspecto formativo e devalorização profissional, estas ini-ciativas têm constituído um proces-so de ligação desses profissionaisao seu sindicato.

Os participantes na acção de pre-paração para as provas manifestaramgrande satisfação e solicitaram a con-tinuação desta iniciativa, mesmo forado quadro de preparação das provas,como meio de troca de informações eexperiências, dada a nova realidade,que, a curto ou a médio prazo, se vaicolocar aos profissionais, com a pre-visível (mais do que certa) entrada emvigor das regras técnicas.

Protocolocom o ISLA

Disponível em www.fstiep.pt

Inovintervalida competências

Preparação para provasde técnicos de instalações

Faleceu Carlos Lopes

Sítioda federação na Internet

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OPlenário Nacional de Sindica-tos comemorat ivo dos 35

anos da CGTP-IN, realizado a 30de Setembro em Lisboa, decidiu:

· exortar a estrutura a um forteimpulso da acção e da luta atodos os níveis, em todos os secto-res de actividade, privado e público,em todas as regiões e no máximode locais de trabalho, informando,esclarecendo, divulgando as reivin-

dicações da CGTP-IN, mobilizan-do, unindo e organizando os traba-lhadores e as trabalhadoras emtorno de objectivos comuns:

· empenhar-se fortemente naacção re i v i nd i ca t i va , pa raobtenção dum crescimento realdos salários, e na defesa e me-lhoria dos direitos, assumindo a

contratação colectiva como ins-t r umen to de p rog resso nasrelações laborais;

· redobrar os esforços pelodesenvolvimento do sector produti-vo, contra o desemprego, o ence-rramento de empresas e os despe-dimentos selvagens e pela criaçãode emprego com qualidade;

· fortalecer a organização sindicalde base, articuladamente com aacção reivindicativa, a contrataçãoe a defesa concreta dos direitos;

· afirmar a sua solidariedade e ape-lar à intensificação da luta dos traba-lhadores e trabalhadoras do sectorprivado e da Administração Pública;

· intervir activamente na dis-cussão do Orçamento de Estadopara 2006, por forma a que este

não seja mais um pacote de sacri-fícios para os trabalhadores e astrabalhadoras, mas sim um instru-mento de desenvolvimento maissolidário e de mudança profunda.

Para a CGTP-IN, o País não sedesenvolve com mais cortes nosinvestimentos, mais privatizaçõese mais restrições das funções

sociais do Estado, penalizandoos trabalhadores e as trabalha-doras e as classes mais desfavo-recidas, e com políticas que tor-nam cada vez mais injusta a distri-buição da riqueza.

Objectivos justos

A jornada nacional de luta con-vergente, envolvendo os diferen-tes sectores de actividade e par-tindo da acção nas empresas eserviços, para culminar nas con-centrações em Lisboa e no Porto,tem objectivos que justificam ple-namente a sua realização e umaforte participação dos trabalhado-res das indústrias eléctricas.

Vamos defender a contrataçãocolectiva, as convenções colecti-vas dos diversos sectores deactividade e os direitos nelasconsagrados, combatendo omau exemplo que o Governo dáao patronato, com a sua políticade ataque aos trabalhadores daAdministração Pública!

Vamos reclamar o aumento real

dos sa lár ios ecombater a carestia de vida!

Vamos exigir a revogação dasnormas gravosas do Código doTrabalho e vamos protestar contraos conteúdos negativos da pro-posta que o Governo levou àAssembleia da República e quemantém a caducidade dos contra-tos colectivos de trabalho!

Vamos exigir medidas para pro-mover o emprego de qualidade epara combater o desemprego e aprecariedade, medidas para parar oencerramento de empresas e a fugadas multinacionais, e medidas paradefesa do sector produtivo.

Vamos exigir uma política quepromova a justiça no trabalho, ocumprimento das leis e a contra-tação colectiva, o respeito dos direi-tos, a redução das custas judiciais ea garantia de acesso à justiça detodos os que necessitem.

Para fazer frente às dificuldades e àspolíticas que ameaçam a estabilidade e onível de vida dos trabalhadores e das suasfamílias, a CGTP-IN apelou a que todosparticipem em massa nas movimentaçõese lutas laborais, convergindo para ajornada nacional de dia 10 de Novembro.

16

EM FOCO

Setembro de 2005

CGTP-IN comemora 35 anos chamando para a luta

Matérias da maior importância para ostrabalhadores estão a ser decididas nestesmeses. É imperioso manter a mobilização econtinuar a luta, como milhares de trabal-hadores de diferentes sectores de activida-de têm feito recentemente.

Lembremos algumas dessas lutas, oco-rridas no mês de Outubro:

- dia 4, concentração dos trabalhadoresda Parque Expo, junto à CM Lisboa

- dias 6 e 7, greve dos trabalhadores daex-Covina

- dia 7, concentração de trabalhadoresabusivamente despedidos da Prosegur,junto à sede da empresa

- dia 10, jornada internacional do sectordos transportes rodoviários

- dias 12 e 13, greve nacional dos enfer-meiros

- dia 19, concentração dos trabalhadoresda Transdev, em S. João da Madeira (junto

à sede do grupo, que integra a Caima, aRodoviária de Entre-Douro-e-Minho e aRodoviária da Beira Litoral)

- dia 20, concentração nacional e grevede trabalhadores da Administração Pública,em Lisboa, com desfile até à AR

- dia 26, concentração de activistas sin-dicais do sector da metalurgia, frente àassociação patronal, em Lisboa

- dia 26, greve dos trabalhadores da Scoturb- dia 27, greve nacional dos trabalhado-

res das pedreiras, com concentração fren-te à AR

- dia 26, greve no Ministério da Justiça(incluindo os funcionários judiciais)

- dias 26 e 27, greve dos trabalhadoresdos registos e notariado, com concen-tração no Terreiro do Paço

- dias 25 e 26, greve dos magistrados doMinistério Público

- dias 26 e 27, greve dos juizes.

O Governo PS anunciou a con-cretização da 6.ª fase de privati-zação da EDP, até ao final doano. O plenário de delegados edirigentes das estruturas sindi-cais da EDP e da REN lembrouos malefícios desta política erenovou o apelo à luta dos tra-balhadores.

Na moção aprovada em Coim-bra, no dia 17 de Outubro, recor-da-se que a privatização da EDPe a sua transformação em grupoimpuseram uma dinâmica cegade redução de custos , paraobtenção de cada vez ma islucros, os quais não são postosao serviço dos superiores interes-ses do País, antes servem paraengordar os interesses do capital,nomeadamente o f inanceiro,actual detentor da maioria doGrupo EDP.

O processo de privatização daEDP, nas cinco fases já decorri-das, foi marcado pelo encerra-mento de centenas de locais detrabalho e pela redução de milha-res de postos de trabalho.

Quem se manteve na empresa,tem sofrido o agravamento dascondições de trabalho, os atenta-dos à dignidade dos trabalhado-res e aos direitos consignados noACT (nomeadamente, baixas pordoença, subsídio de estudo, pro-pinas e aplicação ilegal das taxasmoderadoras).

Por outro lado, ao contrário doafirmado, os consumidores nãoviram melhorada a qualidade doserviço público que a empresaestá obrigada a prestar.

Também diziam, os defensoresda política de privatização, que aconcorrência traria vastos benefí-cios para os consumidores, mas averdade é que o tarifário não párade aumentar.

Contestar e lutar

São estes pressupostos quelevaram os participantes no plená-rio a manifestarem «o seu mais vivorepúdio pelas políticas desenvolvi-das pelos sucessivos governoscontra a EDP, e de que é exemploo recente anúncio do Governo PSde concretizar esta nova fase deprivatização».

Os dirigentes e delegados sindi-cais apelam a todos os trabalhado-res para que mostrem, tambémneste aspecto, a sua contestação àpolítica desenvolvida pelo Governoe defendam a EDP, empresa públi-ca, como única forma de veremgarantida a qualidade da prestaçãode serviço.

Por fim, o plenário decidiu «con-vocar todos os trabalhadores quecontestem estas políticas, partici-pando empenhadamente na jorna-da nacional de luta de 10 de Novem-bro, promovida pela CGTP-IN.

CONCENTRAÇÕES

LISBOA

15 horas, no Rossio

PORTO

15 horas, na Praça da Batalha

Jornada nacional a 10 de Novembro

Plenário na EDP contesta 6.ª fase

Contra a política da privatização

Impõe-se continuar a luta

Prosseguindo amesma política dedireita, o Governo

merece a mesmaresposta de luta