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ANO 15 N o 182 DEZEMBRO 2009 R$ 9,90 AN O 1 5 N o 1 8 2 DEZEMBR O 2009 R$ 9,9 0 www.empreendedor.com.br EMPREENDEDOR – O SABOR DAS OPORTUNIDADES – ANO 15 N o 182 DEZEMBRO 2009 ISSN 1414-0152 O sabor das oportunidades Um quarto dos empreendedores brasileiros são jovens, e a maioria não faz isso por necessidade, mas porque identifica um bom ensejo de negócio ENTREVISTA: ROBERTO ALVAREZ, DA ABDI, FALA DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS Anna Kaebisch, da Kaebisch Schokoladen

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Edição n. 182 da revista Empreendedor, de dezembro de 2009

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ANO 15 No 182 DEZEMBRO 2009 R$ 9,90 ANO 15 No 182 DEZEMBRO 2009 R$ 9,90

www.empreendedor.com.br

EMPREENDEDOR – O SABOR DAS OPORTUNIDADES – ANO 15 N o 182 DEZEM

BRO 2009

ISSN

141

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O sabor das oportunidades

Um quarto dos empreendedores brasileiros são jovens, e a maioria não faz isso por necessidade, mas porque identifica um bom ensejo de negócio

ENTREVISTA: ROBERTO ALVAREZ, DA ABDI, FALA DE INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

Anna Kaebisch, da Kaebisch Schokoladen

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L E I A T A M B É M

NÃO DURMA NO PONTOPRODUTOS E SERVIÇOSLEITURA

66061

8 | ENTREVISTA

Roberto dos Reis AlvarezO gerente de projetos da Agência Brasileira de De-

senvolvimento Industrial (ABDI) fala sobre internacio-nalização de empresas, favorecidas pelo bom momen-to econômico do País, e apresenta os programas da instituição voltados a pequenas e médias empresas.

N E S T A E D I Ç Ã O

DINÂMICA AGENDAANÁLISE ECONÔMICA

626364

GERAÇÃOEMPREENDEDORA

10

O Brasil já é o terceiro país do mundo em quantidade de jovens empreendedores. Entre as pessoas na faixa etária de 18 a 24 anos, 15% empreendem, um contingente que representa um quarto do total de empreendedores brasileiros. E o mais importante é que quase 70% deles empreendem por oportunidade, e não por necessidade. A falta de experiência é compensada por muita vontade de aprender e de crescer, como nos casos apresentados na matéria de capa desta edição.

16 DANILO IACOVONE, DA O PEDAÇO DA PIZZA20 DAVID RECK, DA ENKEN24 LEANDRO MESQUITA DE MORAIS, DA B2ML28 LUIZ HENRIQUE BONATTI, DA SEGWARE 32 MARIANA SANTORO, DA INSIDE RIO TOURS36 PAULA BRANDÃO, DA BALUARTE PRODUÇÕES 40 RAFAEL CORDEIRO, DA ENOX44 RODRIGO VELOSO, DA O.N.E. DRINKS48 VINÍCIUS MONTEIRO, DA LEMON PUBLICIDADE52 WILLIAM RIBEIRO, DA RW TECNOLOGIA

CASA

DA

PHOT

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A Revista Empreendedor é uma publicaçãoda Editora Empreendedor Diretor-Editor: Acari Amorim [[email protected]]

Diretor de Comercialização e Marketing:Geraldo Nilson de Azevedo[[email protected]]

Redação Editor-Executivo: Alexsandro Vanin [[email protected]] – Repórteres: Beatrice Gonçal-ves, Cléia Schmitz e Mônica Pupo – Repórteres co-laboradores: Fábio Almeida e Marlon Aseff – Edição de Arte: Gustavo Cabral Vaz – Projeto Gráfico: Oscar Rivas – Fotografia: Andrea Marques/Fotonauta, Ar-quivo Empreendedor, Casa da Photo, Lio Simas, PhotosToGo e Tomas May – Foto da capa: Divulgação – Revisão: Lu Coelho

Sedes

São Paulo Gerente Comercial: Fernando Sant’Anna Bor-ba – Executivos de Contas: Ana Carolina Canton de Lima e Osmar Escada Jr – Rua Sabará, 566 – 9º andar – conjunto 92 – Higienópolis – 01239-010 – São Pau-lo – SP – Fone: (11) 3214-1020/2649-1064/2649-1065 [[email protected]]

Florianópolis Executiva de Atendimento: Joana Amorim [[email protected]] – Av. Osmar Cunha, 183 – Ed. Ceisa Center – bloco C – 9º andar – 88015-900 – Centro – Florianópolis – SC – Fone: (48) 2106-8666

Escritórios Regionais

Rio de Janeiro Triunvirato Desenvolvimento Empresarial Ltda – Milla de Souza [[email protected]] – Rua São José, 40 – sala 31 – 3º andar – Centro – 20010-020 – Rio de Janeiro – RJ – Fone: (21) 2611-7996/3231-9017/9607-7910

Brasília Ulysses Comunicação Ltda [[email protected]] – Fone: (61) 3367-0180/9975-6660 – Condomínio Ville de Montagne, Q.01 – CS 81 – Lago Sul – 70680-357 – Brasília – Distrito Federal

Paraná Merconeti Representação de Veículos de Comunicação Ltda – Ricardo Takiguti [[email protected]] – Rua Dep. Atílio Almeida Barbosa, 76 – conjunto 1 – Boa Vista – 82560-460 – Curitiba – PR – Fone: (41) 3079-4666

Rio Grande do Sul Flávio Duarte [[email protected]] – Rua Silveiro, 1301/104 – Morro Santa Teresa – 90850-000 – Porto Alegre – RS – Fone: (51) 3392-7767

Pernambuco HM Consultoria em Varejo Ltda – Hamilton Marcondes [[email protected]] – Rua Ribeiro de Brito, 1111 – conjunto 605 – Boa Viagem – 51021-310 – Recife – PE – Fone: (81) 3327-3384

Minas Gerais SBF Representações – Sérgio Bernardes de Faria [[email protected]] – Av. Getúlio Var-gas, 1300 – 17º andar – conjunto 1704 – 30112-021 – Belo Horizonte – MG – Fones: (31) 2125-2900/2125-2927

Assinaturas Serviço de Atendimento ao Assinante – [[email protected]] – O valor da assinatura anual (12 edições mensais) é de R$ 118,80. Aproveite a promoção especial e receba um desconto de 20%, pagando somente R$ 95,04. Estamos à sua disposição de segunda a sexta-feira, das 8h às 18h30.

Produção Gráfica Impressão e Acabamento: Coan Gráfi ca Editora CTP – Distribuição: Distribuidora Magazine Ex-press de Publicações Ltda – São Paulo

Empreendedor.com http://www.empreendedor.com.brEditora: Carla Kempinski – Repórter: Raquel Rezende

OBrasil é o terceiro país do mundo em quantidade de jovens empre-endedores. Segundo dados da pesquisa Global Entrepreneurship Monitor (GEM 2008), 15% das pes-

soas na faixa etária de 18 a 24 anos empre-endem, ou seja, 3,82 milhões de indivíduos. Esse contingente representa um quarto dos empreendedores brasileiros – e se a faixa etária fosse a mesma adotada pela ONU (até 30 anos), o número seria ainda maior. O que mais importa, no entanto, não é a quantidade, e sim a qualidade destes jovens empreendedores. Quase 70% deles empre-endem por oportunidade, e não por neces-sidade. Em geral, eles estão envolvidos em negócios inovadores, o que é muito posi-tivo, pois a mesma pesquisa aponta que a

inovação ainda está longe de se tornar uma realidade nas empresas brasileiras.

Se as novas gerações trazem consigo a cultura do empreendedorismo, dada a as-piração por independência e liberdade, as escolas e faculdades ainda não incorporaram em sua fi losofi a o estímulo e desenvolvimen-to de competências empreendedoras entre seus alunos. Essas habilidades, aliadas à ousa-dia típica dos jovens e à vontade de aprender – e vencer –, ajudariam a superar a falta de experiência. Essa é uma falha grave de nosso sistema educacional, e que compromete o aumento não só do número de empreende-dores mas também da empregabilidade e da qualidade e saúde dos negócios.

Alexsandro Vanin

CEDOC – O Centro de Documentação (Cedoc) da Editora Empreendedor disponibiliza aos interessa-dos fotos e ilustrações que compõem o nosso banco de dados. Para mais informações, favor entrar

em contato pelo telefone (48) 2106-8666 ou pelo e-mail [email protected]

E D I T O R I A L

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consistente, capaz de resolver problemas.Nos negócios existe uma frase muito an-

tiga que diz: “Quem não tem competência, não se estabeleça”. Competência é, então, pré-requisito para que alguém empreen-da. Implica conhecer o negócio, o setor de atuação, o mercado. Antes de ser um ator criativo, Yves Montand passou pelo estágio precedente de ser um ator competente. Teve de construir uma consistente exper-tise em interpretação, com conhecimentos e habilidades em dramaturgia, incluindo a performance teatral, para só depois ser re-conhecido como o genial ator, criador do seu próprio estilo e arte. Quem é compe-tente faz o esperado, quem é criativo faz o inesperado. Quem é competente resolve o problema. Quem é criativo surpreende, oferecendo uma solução que vai muito além do problema.

Em busca do fio da meada

Talvez a diferença principal entre os estágios da competência e da criatividade esteja naquele ensinamento do bruxo, de Carlos Castañeda: “Caçador não é aquele que sabe fazer a armadilha. É aquele que sabe sobre o hábito da caça”. Trazendo para o mundo dos negócios, competente é aque-

N Ã O D U R M A N O P O N T O

Uma vez perguntaram ao famoso ator e cantor francês Yves Montand o que faz o sucesso. O consagrado artista respondeu prontamente: centelha! Aquilo me chamou tanto a atenção que fiquei refletindo sobre a resposta. Afinal, centelha não é uma palavra muito usada em nosso cotidiano. Ao buscar uma definição no Aurélio, encontrei algo como inspiração, brilho, lampejo. Deduzi então que, para Yves Montand, o sucesso provém da criatividade.

Nesse sentido, o sucesso é consequência de uma boa ideia, de uma luz que se acen-de inesperadamente, de um insight, de uma grande sacada. Tudo isso me pareceu razoá-vel, mas me deixou com um sentimento de acaso, de espera, de algo que pode acontecer a qualquer momento sem que nos demos conta. Penso que criatividade seja uma parte

importante da resposta, mas não explica o todo. Mas se admitimos que é, mesmo, uma parte legítima da resposta, podemos então continuar a investigação questionando: afi -nal, o que gera a criatividade?

Existe algo que precede a criatividade e esse algo é conhecido como competência. E o que é mesmo a competência? Desenvolver uma área de domínio, em que conhecimentos e habilidades se juntam para formar um todo

DO QUE É FEITO O SUCESSOle que sabe fazer a armadilha, uma metáfora para o arranjo de produtos e serviços de de-terminada empresa. O hábito da caça pode ser tomado como uma referência ao cliente. Competente é quem conhece os artefatos, criativo é quem conhece os usuários.

Mas precisamos continuar puxando o fi o da meada, pois se a competência precede a criatividade, algo precede a competência. E esse algo parece ser muito determinante na composição da receita do que faz o sucesso. Afi nal, conhecemos pessoas para quem tudo parece dar certo: o trabalho, os negócios, a vida conjugal, a família, etc. Serão elas com-petentes e criativas? Ao examinar sua traje-tória, tudo parece comprovar a existência de algo que antecede os estágios da compe-tência e da criatividade. Muitas delas sequer aparentam uma inteligência suprema ou ge-nialidade capaz de explicar o sucesso na vida pessoal e profi ssional. Para compreender melhor o que acontece com elas, vamos para a outra ponta do sucesso, examinando pes-soas para quem tudo parece dar errado. Cos-tumam, por exemplo, dizer frequentemente frases como: “não fi z”, “deixei pela metade”, “desisti”, “voltei ao que era”. A palavra que distingue as pessoas para quem tudo parece dar certo das pessoas para quem tudo parece dar errado chama-se disciplina. Entenda por disciplina a ação perseverante e orientada para determinado propósito.

Conseguimos, então, um enredo que explica o sucesso: com disciplina, desenvol-vemos a competência; com competência, alcançamos o estágio da criatividade; com criatividade, conquistamos o sucesso.

Isso é tudo?

Embora o trinômio disciplina/compe-tência/criatividade explique o sucesso de forma mais ampla, ainda não parece ser tudo. Existe algo mais, além das três pala-vras irrefutáveis. Assim, de bate-pronto,

Quem é competente faz o esperado, quem é criativo faz o inesperado. Quem é competente resolve o

problema. Quem é criativo surpreende, oferecendo uma solução que vai muito além do problema

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esse algo pode ser compreendido como sorte. Afinal, todos nós conhecemos pes-soas esforçadas e, portanto, supostamente disciplinadas, que não alcançaram o suces-so. Também conhecemos pessoas inteli-gentes e competentes, peritas naquilo que fazem, mas que também não chegaram lá. E quem não conhece pessoas geniais, com a criatividade à flor da pele, caminhando a esmo de lá para cá e de cá para lá?

Caminhar a esmo dá a pista para o que ainda falta nessa abordagem e esse algo é o propósito. Está lá, no parágrafo em que tratamos de disciplina.

O propósito dá a direção, o sentido para onde devemos canalizar a ação disci-plinada, as competências e as ideias. Sem um propósito, Yves Montand teria sido um ator mambembe. Da mesma forma, sem um propósito, seremos empreendedores, em-

presários e líderes mambembes. É preciso definir uma direção, um sentido, um norte. Mas que tudo isso não venha apenas de um desejo pessoal ou profissional. O desafio é encaixar o propósito pessoal e profissional no propósito dos acontecimentos. Ou seja, é preciso que o propósito de uma empresa seja compatível com os propósitos revela-dos pelas tendências, pelo fluxo do merca-do, pelos comportamentos dos clientes.

O que chamamos de sorte, na maioria das vezes, nada tem a ver com sorte. É sa-ber compatibilizar o propósito pessoal com o propósito dos acontecimentos. E isso não elimina o exercício da disciplina, capaz de desenvolver competências e de despertar o

talento criativo. E isso tudo é que constitui, que constrói o sucesso!

Mas será que é tudo, mesmo? Fica no ar a indagação, que nos inspira a continuar pensando nesse tema, tão intrigante. Refle-tir é uma boa ideia para acender luzes so-bre algumas sombras. E, quem sabe, para chegar ao amplo sentido daquela centelha a que se referiu o artista de tanto sucesso Yves Montand.

por Roberto Adami TranjanEducador da Cempre

Conhecimento & Educação Empresarial(11) 3873-1953/www.cempre.net

[email protected]

O propósito dá a direção, o sentido para onde devemos canalizar a ação disciplinada, as competências e as ideias. Sem um propósito, seremos empreendedores,

empresários e líderes mambembes

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E N T R E V I S T A

por Beatrice Gonç[email protected]

Os avanços econômicos e sociais registra-dos no País nos últimos anos fizeram com que o Brasil se tornasse mais competitivo no cenário internacional. Mesmo durante a crise, o País passou a ser o quinto maior mercado em ven-das de carros, enquanto o comércio mundial de veículos registrou queda de 38%. Para Roberto dos Reis Alvarez, da Agência Brasileira de De-senvolvimento Industrial (ABDI), entidade ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, a posição alcançada pelo País permite que ele expanda sua atuação no cenário internacional em diferentes mercados.

À frente da gerência de projetos da ABDI, Al-varez trabalha para promover a política industrial do Brasil no exterior. Por meio de projetos como o Programa de Apoio à Inserção Internacional de Pequenas e Médias Empresas (Paiipme), assinado com a União Europeia, e do acordo comercial fir-

mado com a Suécia, ele busca inserir pequenas e médias empresas no cenário internacional.

Alvarez explica que não há um único merca-do-alvo para as empresas brasileiras. Por isso, orienta os empresários a investir nos mercados emergentes, principalmente o africano e o lati-no-americano – que são os que mais crescem –, e a procurar expandir os negócios nos Estados Unidos e na Europa. “Pudemos perceber este ano que o Brasil ficou em excelente condição de adquirir operações na Europa ou mesmo nos Estados Unidos porque o país mostrou que é uma economia forte ao passar bem pela crise.”

Qual tem sido o foco da Agência Brasileira de De-senvolvimento Industrial (ABDI) para promover a internacionalização das empresas brasileiras?

Roberto dos Reis Alvarez – Interna-cionalização ainda é um tema novo para as empresas brasileiras no geral. Mas já pode-

mos perceber um movimento crescente em que mais empresas estão investindo em ex-pansão no exterior. O esforço para interna-cionalização faz parte de um processo de in-vestimento externo direto brasileiro, tanto para deter o controle de fábricas, de centros e operações de serviços ou mesmo para ex-portar. As grandes empresas brasileiras, em geral, vão para o exterior por conta própria. O governo tem um papel fundamental nes-se processo, mas elas vão por conta própria. A questão-chave para a atuação pública é no meio da economia em desenvolver mecanis-mos para ajudar pequenas e médias empre-sas no processo de internacionalização.

Como a ABDI tem trabalhado para estimular a internacionalização das pequenas e médias em-presas brasileiras?

Roberto Alvarez – Há duas instâncias nas quais nós atuamos diretamente neste assunto. A primeira e principal delas é o

Brasil supera bem o período de crise mundial, o que permite a empresas de

diferentes áreas expandir atuação no comércio

internacional

Roberto dos Reis Alvarez

EM BOASCONDIÇÕES

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em termos sociais quanto econômicos. O mundo olha para o Brasil nesse momen-to em que o País passa bem pela crise. O Brasil se tornou o quinto maior produtor mundial de carros, enquanto que as vendas de veículos lá fora despencaram 38%. A me-lhora na distribuição de renda e as políticas econômicas implementadas mais recente-mente fizeram com que aumentasse o cres-cimento do consumo interno, e isso tem um impacto positivo na economia em geral. Foi o aumento do consumo que fez o País passar bem pela crise e isso tem chamado a atenção da comunidade internacional.

Empresas de que áreas devem se destacar nes-se novo cenário?

Roberto Alvarez – Acredito que um se-tor estratégico para a construção do futuro do País é o formado por pequenas e médias empresas intensivas no conhecimento de tecnologia. Com melhores mecanismos pú-blicos podemos dar mais espaço para essas empresas e assim ter uma densidade em-presarial muito maior que tínhamos no pas-sado. Tem gente que já criou uma empresa, faliu, aprendeu, criou outra, saiu, vendeu, comprou outra. Isso é novo no Brasil e é altamente positivo.

Como você vê a entrada do Brasil no conselho de doadores do Banco Mundial para a Infodev e o pa-pel que o País está desempenhando no cenário mundial ao receber eventos como o Global Fórum, que foi realizado em Florianópolis, e é o primeiro evento da InfoDev realizado fora da Índia?

Roberto Alvarez – Eu acho que esse é um evento positivo e central para o Brasil e para Florianópolis. Este é o momento do Bra-sil se mostrar como um país que tem gente competente, tem conhecimento, empresas de base tecnológica e ambição de mostrar isso para o mundo. Creio que esse evento está alinhado a esse espírito; esse é um tipo de evento de um Brasil que tem missão.

Este é o momento do Brasil se mostrar como um país

que tem gente competente, tem conhecimento, empresas de base

tecnológica e ambição de mostrar isso para o mundo

LINHA DIRETA

Roberto dos Reis Alvarez: www.abdi.com.br

Programa de Apoio à Inserção Internacio-nal de Pequenas e Médias Empresas (Paiip-me), resultado de um ajuste complementar de cooperação entre a União Europeia e o Brasil. Esse é o maior projeto de coopera-ção com a União Europeia na América Lati-na. É um projeto recebido pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, e a unidade gestora é a ABDI. Nós somos responsáveis pela implementação desse projeto. Uma das ações do Paiipme foi realizada durante o Global Fórum Info-dev, realizado em Florianópolis. Foi uma rodada de negócios que teve a participação de 50 empresas europeias e de outras 150 empresas brasileiras. O segundo conjunto de ações desenvolvidas pela ABDI diz res-peito especialmente à internacionalização das empresas brasileiras nos mercados da América Latina e da África. A ABDI coorde-na o programa de integração produtiva do Brasil com a América Latina e com a Áfri-ca. Um dos principais componentes desse programa é levar empresas brasileiras para esses mercados para que elas identifiquem oportunidades e possam iniciar operações nesses países.

Quais foram os motivos que levaram o governo brasileiro a investir nesses mercados?

Roberto Alvarez – Existem diferentes focos de atuação. Isso depende do tipo de negócio e do estágio da empresa. Não exis-te um único caminho. O importante é notar que os mercados que mais crescem são os de países emergentes, principalmente os do sul. É por isso que nós temos programas de integração com a América Latina e com a África. Por outro lado, pudemos perceber este ano que o Brasil ficou em excelente condição de adquirir operações na Europa ou mesmo nos Estados Unidos porque o País mostrou que é uma economia forte ao passar bem pela crise.

Vocês têm trabalhado para a construção de par-ques tecnológicos brasileiros fora do País?

Roberto Alvarez – Nós temos um di-álogo de inovação com os Estados Unidos e temos outro que é uma cooperação in-dustrial em setores de conhecimento e tec-nologia com a Suécia. Esse diálogo de ino-vação Brasil e Estados Unidos conta com a participação da Associação Nacional de En-

tidades Promotoras de Empreendimentos Inovadores (Anprotec). Nós realizamos ao longo deste ano seis encontros, que cha-mamos de laboratórios de inovação, onde reunimos representantes de universidades, empresas e de governos para trocar ideias, discutir temas relacionados à inovação e identificar projetos que possam ser desen-volvidos em conjunto. Uma das medidas que está sendo discutida é de coincubação entre os países. A proposta está sendo estu-dada pela Anprotec e por parceiros ameri-canos na Califórnia e no Arizona. Nós deve-mos começar esse tipo de discussão com a Suécia. Em outubro foi assinado um acordo complementar entre os dois governos que estabelece uma cooperação em pesquisa e conhecimento coordenado no Brasil pelo Ministério das Relações Exteriores, Minis-tério do Desenvolvimento, Indústria e Co-mércio Exterior e pela ABDI.

Como você avalia a participação do Brasil no mercado internacional?

Roberto Alvarez – O Brasil tem se des-tacado principalmente pelos avanços que conseguiu realizar na última década tanto

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Anna Kaebisch abriu a Kaebisch Schokoladen aos 30 anos

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É crescente o número de jovens empreendedores no Brasil, e 70% deles abrem uma empresa por identificar uma boa oportunidade de mercado

por Cléia [email protected]

Nos tempos da resistência à ditadura mi-litar no Brasil, o movimento estudantil de-fendia que a revolução viria necessariamen-te da força dos jovens, aqueles que ainda têm tudo a conquistar e nada a perder. “Não confie em ninguém com mais de 30”, se di-zia então. Hoje essa ideia pode ser trans-portada para o mundo dos negócios, onde cada vez mais jovens com cara, coragem e ideias inovadoras na cabeça respondem por negócios que estão revolucionando o jeito de se fazer as coisas. No Brasil, eles já são 25% do total de empreendedores, segundo a pesquisa Global Entrepreneurship Moni-tor (GEM) de 2008. Mas o que chama aten-ção nesse estudo é que cerca de 70% desses jovens decidiram abrir um negócio não por mera necessidade, mas por perceber uma oportunidade de mercado.

Seja no Brasil ou no mundo, o universo da internet parece ser uma fonte inesgotá-vel de oportunidades para jovens empreen-dedores. Com apenas 19 anos de idade, o norte-americano Mark Zuckerberg criou o site de relacionamento Facebook e, hoje, aos 25, comanda um negócio com mais de 250 milhões de usuários ativos. Em 2009, entrou na lista Forbes dos 400 mais ricos da América. Por aqui, os fundadores do Buscapé, serviço de busca de produtos e pesquisa de preço, anunciaram em setem-bro a venda de 91% do negócio à Naspers. Valor pago: US$ 342 milhões. É um volume considerável, mas surpreende ainda mais se levarmos em conta que a empresa foi criada há 10 anos por quatro jovens universitários (Romero Rodrigues, Rodrigo Borges, Ronal-do Morita e Mario Letelier) que, na época, tinham 20 e poucos anos e investiam cerca de R$ 100 mensais no negócio.

Histórias como essas povoam o imaginá-

rio de muitos jovens, que sonham em criar novas minas de dinheiro. Mas o mundo real é feito mesmo de casos como o de Anna Kaebisch. Em 2007, aos 30 anos, ela abriu as portas de sua primeira loja de chocolates artesanais sofisticados, a Kaebisch Schoko-laden. Um sonho de quem aos dez anos já fazia seu próprio brigadeiro e, aos 15, ven-dia ovos de Páscoa e bombons para festas de amigas. Hoje a empresa tem duas lojas em Brasília, prepara-se para abrir a tercei-ra unidade na cidade e estuda a expansão para o Estado de São Paulo em 2010. “Para mim, o segredo continua sendo aquele que sempre ouvi dos mais velhos: quando você trabalha no que gosta a chance de dar certo é muito maior porque você faz com empe-nho e dedicação”, afirma Anna.

A paixão pelo chocolate levou a em-presária a investir em cursos na França e na Bélgica. Hoje ela é uma chef choco-latier que não abre mão de fazer cada um dos produtos vendidos na Schokoladen. Tanta dedicação faz sentido, afinal, “é pelo estômago” que Anna conquista seus clien-tes. Quem compra indica para os amigos, transformando o sobrenome Kaebisch em marca de chocolate de primeira linha. Aliás, é a preocupação com a qualidade que tem segurado a expansão da marca. “Quando resolvi abrir a loja, queria oferecer ao con-sumidor um chocolate tratado como uma joia”, informa Anna, que importa a matéria-prima da Bélgica. A empresária conta que já recebeu muitas propostas para abertura de franquias, inclusive de Portugal, mas antes quer formatar muito bem o negócio para ter certeza de que vai continuar oferecendo os mesmos produtos de hoje.

“Ao contrário do que muita gente pensa, o jovem é disciplinado e obstinado quando quer alcançar o sucesso”, afi rma Marcus Riz-zo, especialista em franquia. O consultor é autor de uma pesquisa divulgada neste segundo semestre que mostra um cresci-mento de 17% no número de franqueados brasileiros com menos de 25 anos. São 12 mil jovens – 16,10% do total de franquea-dos. Se depender da vontade desse grupo, o percentual deve continuar aumentando. O índice de jovens que declararam ter vontade de abrir uma franquia aumentou 50,55% em relação ao estudo feito no ano anterior. Três razões foram apontadas na pesquisa: o de-sejo de sucesso rápido, a segurança do em-

preendimento e a possibilidade de entrar no negócio sem experiência prévia.

Para Rizzo, apesar de contraditório – quem quer segurança abre mão do sucesso rápido e quem quer sucesso abre mão da se-gurança – esse resultado mostrou uma ansie-dade tipicamente apresentada por jovens. O consultor ressalta ainda que estudar e buscar um emprego defi nitivamente deixou de ser a única alternativa. “Muitos jovens entram na faculdade já com o desejo de montar um negócio próprio e, nesta condição, as fran-quias passaram a ser um objeto de desejo”, avalia Rizzo. Para ele, o sistema de franchi-sing tem muito a ganhar com o crescimento de franqueados jovens. “Se por um lado as franquias operadas por jovens perdem pela falta de maturidade, especialmente de vida para lidar com situações complexas, ganha-rão em vitalidade para fazer acontecer cada negócio”, afi rma Rizzo.

A ousadia costuma ser uma marca bem forte de quem empreende cedo. E esse é um dos motivos que faz com que a empre-sária Leiza Oliveira, proprietária da rede de franquias Minds Idiomas, dê preferência a candidatos jovens na seleção de seus fran-queados. “Eles não têm medo de romper barreiras e se esforçam muito para alcançar resultados e superar metas”, justifica. Entre

Pesquisa Global Entrepreneurship

Monitor – GEM 2008

25% dos empreendedores brasileiros são jovens

Brasil é o terceiro no ranking mundial de jovens empreendedores, atrás de Irã e Jamaica

15% dos jovens brasileiros entre 18 e 24 anos empreendem, um total de 3,82 milhões de pessoas

68% dos jovens brasileiros que empreendem o fazem por oportunidade e 32% por necessidade

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as 18 franquias da rede, 13 são gerenciadas por jovens com idade entre 23 e 28 anos. Leiza ressalta que, no caso do sistema de franchising como da Minds, a experiência não é tão importante porque a rede faz um treinamento específico para os franque-ados. “Às vezes é até melhor que o candi-dato nunca tenha trabalhado numa escola de idiomas para não chegar cheio de vícios. Para nós, o importante é que ele tenha per-fil empreendedor”, afirma a empresária.

Mas será que é possível realizar o desejo de empreender se tornando um franqueado? Para Marcus Rizzo, a resposta é não. “Um em-preendedor deve montar seu próprio negócio porque um franqueado não inventa nada, compra tudo pronto e testado”, argumenta. Na opinião do consultor, um empreendedor é corajoso, independente, visionário e, em geral, corre muitos riscos. Em contrapartida, um franqueado tem que ser mais cauteloso, aberto para ser dirigido, mais metódico e cor-re menos riscos. “Se você tiver experiência em determinado negócio, nem pense numa franquia. Certamente a sua experiência vai entrar em choque com a experiência do franqueador. Você estará comprando a curva de aprendizagem de um negócio pronto e anteriormente testado e de sucesso compro-vado”, conclui Rizzo.

Geração Y

O especialista João Marcos Varela, con-

sultor da DBM, lembra que a aspiração por independência e liberdade é uma das prin-cipais características da chamada geração Y, denominação dada pela sociologia para aque-les que nasceram depois da década de 1980. Isso faz com que o empreendedorismo seja uma opção bastante considerada por esses jovens. “Ter o próprio negócio é visto como um mecanismo para realizar o sonho de ser livre”, afi rma Varela. Na opinião de Renato Fonseca, consultor do Sebrae de São Paulo, o crescimento do número de jovens empreen-dedores também é resultado de uma transfor-mação cultural. “Existe todo um trabalho de difusão de cultura empreendedora que vem contribuindo para dar condições aos jovens de pensar num potencial negócio.”

Criada no ano 2000, a Confederação Nacio-nal de Jovens Empreendedores (Conaje) tem grande participação nessa história. Hoje a en-tidade representa 20 mil jovens empresários e

João Luiz Perez abriu a rede de lojas de surfwear

Overboard aos 23 anos

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A falta de experiência é um dos maiores desafi os dos jovens que decidem montar seus próprios negócios. De acordo com Eduardo Vilas Boas, sócio da consultoria Empreenda, para preencher essa lacuna é preciso muita vontade de aprender. Ele sabe bem do que está falando porque também começou a em-preender antes dos 30 anos e, hoje, atua como instrutor na área de empreendedorismo. “Es-tude o mercado, atualize-se em negócios, conheça experiências de outros empreende-dores”, sugere o consultor, coautor do livro 101 maneiras – Empreenda antes dos 30. Para Renato Fonseca, aprender com os mais velhos é uma forma de acelerar o aprendiza-do. “É importante também conhecer casos de sucesso e de insucesso para haver um amadu-recimento como empreendedor”, recomenda o consultor do Sebrae/SP.

O ponto-chave é admitir as próprias li-mitações. Quem afi rma é o consultor Varela,

há 21 anos na área de empreendedorismo. “Muitas vezes o empreendedor domina o processo mas não domina o mercado, ou vice-versa. O problema é que ele acaba trans-ferindo essas limitações para a empresa e, então, começam os problemas que não vão permitir o desenvolvimento do negócio”, explica Varela. Para resolver essa questão, o consultor recomenda que se busque a com-plementação necessária, seja capacitação própria ou a contratação de uma consultoria, de um empregado ou até mesmo de um só-cio. “O que não pode acontecer é a empresa deixar de ter sua necessidade atendida. Por isso é tão importante planejar o negócio em vez de entrar de cabeça numa aventura.”

Vencer limitações foi um desafi o pronta-mente aceito por João Luiz Perez no início de sua carreira como empreendedor. Há 20 anos, quando tinha 23, ele criou a rede de lojas de surfwear Overboard, presente na Grande São Paulo e em Campinas. Graduado em Ciências Contábeis e Economia, Perez já contava com rica experiência em grandes empresas como Sadia, Unibanco e Sharp. Por isso, a gestão fi -nanceira não foi um problema quando ele de-cidiu tirar seu sonho da gaveta. “Meus maiores desafi os eram as áreas de marketing e de qua-lidade do serviço”, conta. Hoje pode-se dizer que do limão ele fez uma limonada. O diferen-cial da Overboard em relação aos concorren-tes é justamente a qualidade de suas ações de marketing e dos serviços que oferece ao clien-

trabalha com foco em três frentes: representa-tividade nas decisões políticas e econômicas, capacitação para empreender e relacionamen-to entre os associados com objetivo de fechar negócios. O presidente da Conaje, Eduardo Augusto Machado, afi rma que ainda há muitos empresários que iniciam uma empresa sem se preparar para administrá-la. “Muitos abrem um negócio sob a ótica do cliente, ou seja, montam um bar porque gostam de sentar à mesa e tomar uma cerveja com os amigos”, exemplifi ca. Mas, segundo o empresário, as barreiras burocráticas, especialmente com relação à carga tributária, ainda são o maior desafi o de quem começa a empreender.

Para Machado, o Brasil pode ganhar com-petitividade a longo prazo se estimular o em-preendedorismo jovem. Na opinião de Fon-seca, há dois requisitos essenciais aos novos negócios para que os jovens realmente façam a diferença em relação às gerações anteriores. São eles: postura de sustentabilidade e investi-mentos em inovação. “O empreendedorismo é uma via de desenvolvimento e uma oportu-nidade de distribuição de renda, mas ele será melhor se for inovador e, ao mesmo tempo, tiver a consciência de obter lucro sem com-prometer a preservação do meio ambiente e do próprio ser humano”, defende o consultor. Segundo Fonseca, ser empreendedor também requer duas características, independente da faixa etária: conhecimento do negócio e ousa-dia com risco calculado.

“O que não pode é a empresa deixar de ter sua necessidade atendida. Por isso é importante planejar em vez de entrar de cabeça numa aventura”, diz Varela

Fonseca, do Sebrae/SP: “É importante conhecer casos de sucesso e de insucesso para amadurecer”

Machado, da Conaje: barreiras burocráticas são o maior desafio de quem começa a empreender

João Marcos, da DBM: “Negócio próprio é mecanismo para realizar o sonho de ser livre”

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Conaje: (21) 8777-0001 Eduardo Vilas Boas: (11) 2649-4603João Marcos Varela: (11) 5503-3500 Kaebisch Schokoladen: (61) 3340-6301Marcus Rizzo: (11) 4022-7345 Minds English School: (44) 2101-7850 Overboard: (11) 2973-8124Renato Fonseca: 0800 570 0800

Negócios inspiradores

Volta e meia a história se repete. Um jovem universitário tem uma ideia de negócio na internet que, em pouco tempo, o torna milio-nário. Aconteceu com os criadores do Google, com o fundador do Facebook e com os ideali-zadores do YouTube, só para citar alguns dos cases mais famosos do universo on-line. “O que não podemos esquecer é que para um que chegou lá tem mil que ficaram no caminho. A história é sempre dos vencedores e nunca dos perdedores”, ressalta João Marcos Varela, consultor de empreendedorismo da DBM.

Google – Sergey Brin e Larry Page, os funda-dores do Google, já ocupam a 11ª posição da lista Forbes dos 400 mais ricos da América. Aos 36 anos, cada um deles tem um capital de US$ 15,3 bilhões. Oficialmente, tudo começou em 1998, quando os dois amigos da Universidade de Stanford decidiram formalizar o site de buscas.

Facebook – Mark Zuckerberg criou o Face-book em 2004, aos 19 anos de idade. Aluno de Harvard, ele queria fazer uma rede de relacionamento para os 6 mil estudantes da escola. Dois anos depois abriu o site e, hoje, tem mais de 250 milhões de usuários ativos.

YouTube – Fundado por Chad Hurley, Steve Chen e Jawed Karim em 2005, o site de repro-dução de vídeos teve um sucesso avassalador. Tanto que, um ano depois, foi adquirido pelo Google por US$ 1,65 bilhão.

Microsoft – Bill Gates tinha 19 anos quando fundou a Microsoft, em 1975, em parceria com Paul Allen. Desde 1995 figura entre os primei-ros no ranking Forbes de mais ricos do mundo.

te. No ano passado, por exemplo, a estratégia promocional de Natal foi responsável por um crescimento de 50% nas vendas.

Perez também sempre procurou inovar em estratégias de fi delização do consumidor. Um bom exemplo é a van do surfe, um serviço que ele oferece aos clientes fi éis que pegam onda no Guarujá (SP). Além do transporte, os surfi s-tas têm direito a um banho de água doce num hotel parceiro da Overboard. Na mesma praia, a rede mantém uma escola de surfe junto com o bicampeão brasileiro Jojó de Olivença. “Para aprender o esporte, o cliente não precisa nem mesmo levar equipamento”, destaca Perez. Criado há quase dez anos, o cartão de fi delidade da Overboard tem cadastrado 260 mil clientes. Segundo o empresário, é a maior ferramenta de alavancagem de vendas da rede e, por isso, a maior preocupação é oferecer benefícios reais. “Criamos o cartão porque precisávamos esta-belecer diferenciais que nos distanciassem da concorrência”, explica Perez.

Expansão

Hoje ele tem certeza que conseguiu seu ob-jetivo. No ano passado, o faturamento da rede aumentou 50,51% em relação a 2007. A previ-são de crescimento para 2009 é de 40%. A par-tir de 2010, a Overboard entra numa nova fase de expansão através do sistema de franchising, adotado em 2008. A meta é abrir cinco novas franquias nos próximos 12 meses, com possibi-lidade de chegar a outros estados. É uma con-quista e tanto para quem não poupou sacrifícios para conseguir empreender. Nos dois primeiros anos do negócio, Perez acumulou o trabalho na Overboard com o emprego na Sadia. “Eu não dormia mais de cinco horas por noite”, lembra. Para conseguir dinheiro, vendeu o carro e pe-diu ajuda ao “tio Paulo” (Paulo Aparecido Perez

Martins, sócio da empresa). “Quando pedi um empréstimo, ele me propôs sociedade e disse: ‘Se der certo, ganhamos juntos, se der errado, perdemos juntos’.”

Perez recorda que um dos maiores pro-blemas foi a falta de crédito de confi ança do mercado. No início, as grandes marcas de surfwear não queriam vender para a Overbo-ard. Hoje são grandes parceiras. “O proble-ma não era nem tanto eu ser jovem, mas des-conhecido no segmento”, explica. Por isso, o empresário acredita que a persistência é uma das maiores virtudes de um empreen-dedor e que, nessas horas, o apoio da famí-lia é fundamental. Ele conta que seus pais fi caram receosos no começo, mas um ano e meio depois sua mãe foi trabalhar na Over-board, onde fi cou 11 anos. “Quem tem um sonho deve realizá-lo, mas tem que fazer isso com os dois pés no chão. É claro que o risco sempre vai existir, mas ele precisa ser dosado para que tudo dê certo”, ensina Perez.

Mas e qual será a vantagem de se come-çar jovem? Para Eduardo Vilas Boas, é vanta-joso na medida em que se aprende mais ao longo da vida. “A tendência é que no futuro tenhamos empreendedores bem mais prepa-rados”, acredita. Na opinião de Varela, a vanta-gem é que o jovem tem mais tempo de errar e corrigir seus erros. “Em muitos casos, eles empreendem com dinheiro da família, o que permite quebrar e começar de novo, exerci-tando o empreendedorismo.” Segundo Vare-la, um diferencial da geração Y é a facilidade de adaptação, característica importante numa economia muito mais dinâmica. Mudar tudo de uma hora para outra com a proposta de se adaptar ao mercado não é problema para eles, acostumados a acompanhar de perto as constantes transformações tecnológicas. Que se faça a revolução.

“Quem tem um sonho deve realizá-lo, mas tem que fazer isso com os dois pés no chão. Risco sempre vai existir, mas ele precisa ser dosado”, ensina Perez

Mark Zuckerberg criou o Facebook

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Idade: 27 anos Local de nascimento: São PauloFormação: Engenharia de Produção, com pós-graduação em Gestão FinanceiraEmpresa: O Pedaço da PizzaAno de fundação: 1998Ramo de atuação: AlimentaçãoCidade-sede: São PauloNúmero de funcionários: 40Sócios: Silvio Iacovone (25) e Pedro Morganti (27) Faturamento: NIIdade com que iniciou o empreendimento: 26 anos

Danilo Iacovone

Danilo Iacovone com os sócios

Pedro Morganti e Silvio Iacovone

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gásNovo

Danilo e seus sócios viram oportunidade em pizzaria estabelecida e, além de mudanças, conferiram ao negócio a motivação necessária para crescer

por Marlon [email protected]

Até pouco tempo atrás, a rede de pizzarias O Peda-ço da Pizza desfrutava uma confortável posição na prefe-rência do consumidor paulistano. Depois de 11 anos de atuação no exigente mercado da maior cidade do País, a fórmula que unia uma operação ágil, com qualidade de produto, preço atrativo e ambiente agradável atraía cada vez mais o público para as descoladas lojas da Augusta ou do Itaim Bibi. Mas algo não estava condizente com o espírito “pra cima” que um empreendimento desse porte exige. O antigo proprietário acostumara-se ao sucesso e não planejava uma expansão ou o incremento de novos produtos. Foi quando entraram na história os irmãos Da-nilo e Silvio Iacovone que, junto com o amigo de infância Pedro Morganti, adquiriram a rede, em 2008.

Todos com menos de 30 anos, os novos donos da O Pedaço da Pizza entraram com o gás novo que a rede pre-cisava para crescer e melhorar ainda mais. O primeiro im-pacto da mudança, conforme Danilo, foi a reação do grupo de funcionários, que já vivia um clima de pouca motivação. “Eles não acreditavam no que estava acontecendo e se mostraram muito abertos para recomeçar, como se fosse em um negócio novo”, relembra. Para Danilo, o primeiro momento da reformulação do negócio exigiu humildade para aprender com os funcionários. “Ficamos um ano só aprendendo com os colaboradores para depois começar as mudanças”, diz. O novo momento da pizzaria exigiu um esforço extra por parte da equipe. “Conseguimos demons-trar que a fi losofi a da empresa seria mantida, mas com um forte objetivo de crescimento, maior exposição da marca e fl exibilidade, para que possamos nos adaptar a novos momentos da economia e novas exigências por parte dos clientes”, adianta o empresário. Segundo ele, a humildade e o reconhecimento de que muitos colaboradores sabem muito sobre o processo é fundamental para os pequenos e grandes ajustes serem feitos sem que o negócio pare de andar. “A determinação também é fundamental quando é preciso fazer um projeto interno que demanda muito tem-po e com certo grau de difi culdade, mas que trará frutos a longo prazo”, ensina Danilo.

Ao contrário de grandes redes que penaram bastante para emplacar no exigente mercado paulistano, a pizzaria de Iacovone e companhia nasceu pequena, consolidou-se no mercado da capital e agora parte para uma expansão natural. O negócio inspira-se no modelo nova-iorquino, de autosserviço, onde se pega a bebida no freezer e se faz o pedido diretamente ao pizzaiolo ou no caixa. Para facilitar a vida da freguesia, não tem garçom, nem talheres ou pra-tos. O estilo atrai o público jovem e baladeiro, que pode pedir os pedaços de pizza que preferir até as 5h. Ainda assim, outros perfi s de clientes também colaboram para que pelo menos 47 mil pedaços de pizza por mês saiam dos fornos das unidades. Para reestruturar a rede, já con-

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A expansão planejada da rede e que conferiu um novo impulso para o negócio começou em julho deste ano e deve alçar a pizzaria paulistana a nova vedete entre a concorrência nos próximos anos. O plano de franquia já se iniciou, com a execução da primeira etapa, que contou com a exe-cução de um minucioso plano de negócios. A ideia é abrir 10 lojas franqueadas em São Paulo até 2010. Depois o foco deve recair em capitais como Rio de Janeiro, Vitória e Salvador. De acordo com Iacovone, a fran-quia é um caminho natural para a rede. “Queremos fazer a marca crescer e para isso existe a opção da loja própria ou franquia. No caso da loja própria exige-se um capi-tal maior e a velocidade é bem mais lenta. Já no caso das franquias buscam-se novos parceiros com os mesmos ideais e filosofia da empresa, com seus capitais próprios”, define Iacovone. De qualquer forma, a rede que serve pedaços em fatias quer expandir seus domínios na cidade que só não come mais pizzas que Nova York.

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Danilo Iacovone: www.opedacodapizza.com.br

solidada mas que exigia mudanças, os sócios contaram com uma ajuda familiar de peso. Danilo e Silvio são fi lhos do executivo Dante Iacovone, que já presidiu empresas como a BCP, Motorola, Gradiente e Laureate. Como se esse currículo fosse pouco, Dante também foi proprietário de uma pizzaria e sócio do conceituado restaurante japonês Akamari. “Quando temos alguma dúvida, ao invés de pedirmos pistas para os universitários, vamos direto na fonte”, brinca Danilo. Pedro Morgan-ti, por sua vez, é fi lho de Francisco Morganti, outro executivo de sucesso, que já atuou na Prensas Schuler, Barbela e SMS-Demag.

Atribuições definidas

As atribuições dos novos proprietários da pizzaria estão bem defi nidas e cada um atua em sua área de especialização. Danilo, dire-tor-geral da rede, é formado em Engenharia de Produção com pós-graduação em Gestão Financeira. Além disso, atuou na Ogilvy In-teractive, Banco Safra e Unilever América Latina. Silvio Iacovone, diretor comercial, é formado em Administração e conhece de perto a área gastronômica, graças à atuação desde cedo no restaurante Akamari. Pedro Morganti completa o quadro afi nadíssimo de administração da rede, agregando a experi-

ência de administrador de empresas, com passagens pelo Unibanco AIG e uma carreira de gastronomia, temperada na cozinha da rede hoteleira Grand Hyatt São Paulo.

A cargo de Pedro está todo o processo de novos produtos que serão desenvolvidos pela rede, cujo objetivo é diversifi car o portfólio e conferir mais opções aos clientes. Dentro desse conceito, o mais novo produto desen-volvido pela pizzaria é uma marca própria de sorvetes, que deve agregar mais qualidade e exclusividade aos produtos comercializados. Também novos sabores, desenvolvidos com exclusividade, como a pizza de chocolate com banana, e a de morango, e novas alternativas de fast-food, como os calzones, lançados há quatro meses. Outra inovação é o cartão fi de-lidade, que funciona aos moldes dos outros cartões de serviços, oferecendo vantagens. Dentro desses quesitos de inovação, recente-mente a rede inaugurou o sistema de delivery, conferindo mais um conforto ao cliente. Da-nilo Iacovone brinca que o delivery de pizza aos pedaços está redemocratizando a venda. “Agora, qualquer um pode comer o pedaço que escolher, sem ser obrigado a comer as pizzas que não lhe agradam, além da comodi-dade que se oferece ao cliente, quando todo mundo vive correndo e comendo em escritó-rios ou em casa”, garante.

Pelo menos 47 mil pedaços de pizza saem dos fornos da rede por mês

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digitalGeração

A troca de um videogame por um computador, há 16 anos, abriu caminho para uma promissora trajetória profissional, hoje representada pela agência de comunicação Enken

por Mônica [email protected]

Ter uma empresa sempre fez parte dos pla-nos do paulistano David Reck. Descendente de uma família de empreendedores, ainda criança ele adorava ouvir as histórias dos pais e tios, donos de restaurantes e lojas. Negociante nato, quando trocou um videogame pelo primeiro computador aos 12 anos, logo encontrou um jeito de ganhar dinheiro com a web – que, na época, se resumia às extintas comunidades BBS. E aos poucos – fazendo diagramação de traba-lhos escolares, cartões de visita e manutenção de computadores – construiu a base de uma promissora trajetória profi ssional. A afi nidade com a tecnologia o conduziu à faculdade de En-genharia da Computação e, hoje, aos 28 anos, David Reck está à frente da Enken, agência espe-cializada em comunicação digital, que possui en-tre seus clientes companhias como Kraft Foods, Gafi sa, Michelin e Trifi l.

Quando inaugurou a Enken, David já tinha sete anos de experiência em uma empresa de soluções digitais – a primeira e única vez que atuou como empregado. Começou como es-tagiário aos 17 anos, enquanto ainda cursava o ensino médio. Cinco anos depois já tinha alcan-

çado o topo do organograma, chefi ando a área comercial. A dedicação, segundo o empresário, refl etia o perfi l empreendedor. “Eu me dedicava ao trabalho como se fosse sócio. Ninguém pediu isso, mas nunca soube agir diferente”, diz.

E foi justamente por ter ascendido de forma tão rápida que David percebeu que ali não havia mais oportunidade de crescimento. Disposto a não se acomodar, pediu demissão, sem saber ainda o que faria na sequência. Além disso, uma de suas metas era abrir o próprio negócio antes de casar, e como já namorava há algum tempo, “o casamento não podia mais esperar”. “Uma hora eu teria que tomar a difícil decisão de lar-gar tudo – um bom salário e uma posição estável – para me arriscar sem nenhuma garantia.” Pen-sou em abrir uma franquia, ou investir no mer-cado de capitais, mas decidiu criar um negócio novo a partir da experiência que havia adquirido em projetos para internet. Assim, dois meses de-pois, inaugurou a Enken em parceria com um ex-colega de trabalho, Leandro Villani.

A opção por um mercado ao qual já estava familiarizado se mostrou certeira. Apesar da es-trutura reduzida e das difi culdades iniciais, com apenas dois dias de funcionamento a Enken já havia conquistado a conta de uma grande multi-nacional, a Kraft Foods – até hoje presente na car-

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Idade: 28 anos Local de nascimento: São Paulo Formação: Engenharia da ComputaçãoEmpresa: Enken Ano de fundação: 2004Ramo de atuação: Comunicação digitalCidade-sede: São Paulo Número de funcionários: 30 Faturamento: NIIdade com que iniciou o empreendimento: 24 anos

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teira de clientes. “Conseguimos nosso primeiro contrato antes mesmo de ter sido fi nalizada a constituição da empresa”, relembra David. A empresa fechou o primeiro ano com 50% de crescimento e cinco contas ativas, conquistadas através de contatos pessoais, indicações de co-legas e muita prospecção no mercado.

Aproveitar o momento certo para abrir a empresa também foi fator determinante para o sucesso. Inaugurada em 2004, a Enken surgiu justamente no período “pós-bolha” e se bene-fi ciou da fase em que as empresas passaram a acreditar – e a investir – cada vez mais no meio digital, mas de forma consistente e sem a euforia de antes. Prevendo o crescimento do mercado pontocom, David construiu um modelo de negócio que une planejamento, tecnologia e criação, oferecendo serviços digi-tais de ponta a ponta. “Muitas empresas eram apenas tecnológicas ou apenas criativas, e nós queríamos unifi car tudo isso, com um modelo de contratação diferenciado”, conta.

Mas se arrumar os primeiros clientes foi rela-tivamente simples, para ajustar a operação David teve que se desdobrar. Como se já não bastasse acumular diversas funções, o empresário ainda se viu sozinho quando o sócio desistiu da par-ceria, logo no segundo ano da Enken. “Foi um período muito difícil, pois eu não queria desistir e todos apoiavam a continuidade, inclusive o Le-andro, que até hoje participa de alguns projetos da empresa, mas não como sócio.”

Feitos os ajustes necessários, a Enken não parou mais de crescer. Só no ano passado a

empresa cresceu 85%. Em 2009, a despeito da crise econômica mundial, que afetou em cheio o mercado de comunicação, David espera um aumento no faturamento de aproximadamente 50%. Sem citar números, o empresário revela que “já faz tempo que superamos, em venda de serviços, o número cabalístico de R$ 1 milhão”.

Se para algumas pessoas a pouca idade é um empecilho ao desenvolvimento profi ssio-nal, no caso de David foi o contrário. O fato de ser jovem fez com que ele buscasse a supe-ração constante, como forma de provar que competência não tem a ver com faixa etária. Para lidar com o receio de alguns – principal-mente no início, quando a Enken não possuía grandes referências –, David apostou na qua-lidade dos serviços oferecidos. “Tinha gente que desconfi ava pelo fato de ser uma empresa nova, pequena, com pessoas muito jovens à frente. Porém, quando os trabalhos eram en-tregues todos fi cavam satisfeitos.”

Mas o objetivo do empresário não era sa-tisfazer apenas os clientes. Sabendo como é estar do outro lado, David também quis inovar na relação com os funcionários, implantando ações com as quais sempre havia sonhado nos tempos em que era empregado. Por isso, seus atuais 30 colaboradores contam com partici-pação nos resultados, avaliação 360˚ com bo-nifi cação anual e coaching com os líderes.

Para David, a principal vantagem de ser um jovem empreendedor é que, pelo fato de ter menos obrigações fi nanceiras e familiares, sobra tempo, espaço e coragem para ousar. “Por outro

lado, geralmente se tem menor experiência pro-fi ssional e de vida em lidar com situações adver-sas e pessoas”, avalia. Segundo o empresário, é preciso ainda ter maturidade para compreender que, principalmente no início da empreitada, “a maior receita virá no patrimônio que se está cons-truindo, e não mais em forma de salário”. David diz isso com conhecimento de causa. Quando inaugurou a Enken, com um investimento de R$ 80 mil, ele fi cou mais de um ano sem receber salário, como forma de garantir o reinvestimento desse dinheiro no negócio.

Misto de agência de publicidade on-line, produtora e consultoria de e-business, a Enken está em constante evolução. Há alguns meses a empresa trouxe para o Brasil uma plataforma inédita de e-commerce, que já está sendo utiliza-da pelas lojas Trashchic e Sacaria Ouro Branco. A médio prazo, a ideia é criar uma empresa à parte especializada em soluções para o comércio ele-trônico. Outros projetos em desenvolvimento envolvem a publicidade em jogos eletrônicos, a chamada advergame. “Projetos não faltam, o que falta são pessoas para executá-los”, diz David. Para concretizar os planos futuros, o empresário prefere contratar pessoas em quem identifi ca o perfi l empreendedor. “Buscamos formar futuros sócios para os novos negócios, a oportunidade que eu não tive e fui buscar sozinho.”

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David Reck: (11) 3283-0183

Colaboradores contam com participação nos resultados, bonificação anual e

coaching com os líderes

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Esforço de Leandro e seus sócios fez da B2ML Sistemas referência no sul de Minas e campeã de prêmios nacionais

por Beatrice Gonç[email protected]

No último ano da faculdade de Engenharia da Com-putação na Universidade Federal de Itajubá (Unifei), em Minas Gerais, Leandro Mesquita de Morais e mais quatro amigos decidiram inovar. Ao contrário da maioria dos alu-nos, que costumam procurar estágios ou vagas de trainee em grandes empresas, eles resolveram abrir o próprio negócio. Fizeram um estudo de mercado e perceberam que havia poucas soluções em plataforma Java, linguagem computacional que permite desenvolver aplicativos. Em 2006, antes mesmo de se formar, eles montaram a B2ML Sistemas, empresa de tecnologia da informação especia-lizada em desenvolver soluções personalizadas em Java. O trabalho começou na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica (Incit) de Itajubá, onde a empresa fi cou incu-bada por dois anos.

Na época, Leandro de Morais tinha 23 anos e viu no negócio a sua primeira grande oportunidade de trabalho. Filho de funcionários públicos, ele foi o primeiro da famí-lia a investir em um negócio próprio. “Eu morei em Santa Rita do Sapucaí, uma cidade mineira que vive em função do empreendedorismo, e desde aquela época já pensava em empreender. Depois, quando entrei na faculdade, pas-sei por um processo de ‘evangelização’ em que os profes-sores nos estimulavam a empreender”, conta.

No começo, foram mais de 12 horas diárias de traba-lho e, muitas vezes, foi preciso virar a noite em frente ao computador para desenvolver soluções para clientes e para programar os produtos da B2ML. Os engenheiros de computação desenvolveram o B2ML Project para ajudar as empresas na gestão de projetos; o B2ML Varejo, que possibilita ao lojista o controle fi nanceiro e de estoque; e o B2ML Portal, um software gestor de conteúdo, em que o cliente pode criar uma página na web e atualizá-la sozinho. Através de uma parceria com a empresa Iopen Desenvolvimento Empresarial, a B2ML desenvolveu ainda o Empreenda, software de negócios que guia o empreen-dedor na hora de criar o plano de negócios, de marketing e fi nanceiro. “É um programa bem didático, em que cada tópico descreve como traçar o perfi l dos clientes e dos concorrentes, e, no fi m, ele faz cálculos de retorno do investimento, indicadores de rentabilidade e mostra a via-bilidade do negócio.”

Além da atividade de gerenciamento e programação de softwares, Morais teve que se especializar em outras

Idade: 26 anos Local de nascimento: Conceição do Araguaia (PA) Formação: Engenheiro de computação pela Universidade Federal de Itajubá (Unifei) Empresa: B2ML Ano de fundação: 2006 Ramo de atuação: Desenvolvimento de softwares Cidade-sede: Itajubá (MG) Número de funcionários: 27 Sócios: Marcos Paulo Monferidini Gabrioti (27), Bernardo Vasconcelos de Carvalho (26), Allan Raymond Simonelli Mobley (27) e Bruno Martins Lino (26) Faturamento: R$ 500 milIdade com que iniciou oempreendimento: 23 anos

Leandro Mesquita de Morais

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funções. A B2ML precisava de alguém que se dedicasse à administração da empresa, cuidas-se do planejamento dos custos e das estraté-gias de marketing, e como eles tinham poucos recursos para contratar alguém da área, ele foi o escolhido para exercer a função. “O que mais me ajudou foram os cursos oferecidos pela incubadora junto com a experiência prá-tica que eu adquiri com a empresa. Sempre tento ler algo sobre o assunto, conversar com pessoas e buscar ajuda de consultores.”

Referência nacional

Os esforços dos jovens engenheiros fi ze-ram com que a B2ML se tornasse referência na cidade e ganhasse o título de melhor empresa incubada de Itajubá em 2006 e 2007. Destaque também entre as empresas incubadas do País, a B2ML foi convidada, em 2007, para participar do “Empreender é Show”, um reality show para mostrar o dia a dia de empresas incubadas, or-ganizado pela Associação Nacional das Entida-des Promotoras de Empreendimentos Inova-dores (Anprotec), em parceria com o Sebrae. No “Empreender é Show”, a B2ML precisou elaborar estratégias para conquistar parceiros, divulgar seus serviços na web e fazer demons-trações de produtos. A empresa venceu a com-petição e os sócios ganharam uma viagem para prospectar clientes no exterior.

Morais explica que os prêmios os aju-daram a conquistar credibilidade no merca-do. Durante os nove meses em que a B2ML participou do reality show, as visitas ao site aumentaram 20%. “Um dos nossos primeiros

clientes foi uma associação de engenheiros formada por profi ssionais aposentados que já tinham sido gestores de grandes empre-sas. No primeiro encontro, eles fi caram surpresos com a nossa idade, mas o que os tranquilizou e fez com que eles contratassem nosso serviço foi a credibilidade da incuba-dora à qual estávamos associados e os prê-mios que tínhamos ganho.”

Mesmo com as difi culdades no início do negócio, o engenheiro diz não se arrepender de ter aberto a empresa tão jovem. “Nós não tínhamos nada a perder, não tínhamos carreira ainda. O jovem tem essa vantagem de poder arriscar mais e, com isso, ter mais retorno.” Além do espírito empreendedor, Morais ex-plica que foram fundamentais para o negócio a dedicação de todos os sócios e a amizade entre eles. “A gente gosta muito do que faz e o legal é que em uma turma de amigos um está sempre ajudando o outro.”

A B2ML tem hoje 70 clientes e registra cres-cimento anual de quase 100%. Para este ano a empresa deve faturar R$ 500 mil e a previsão para o ano que vem é chegar a R$ 1 milhão. Re-ferência entre as empresas de tecnologia da in-formação, a B2ML é uma das fi nalistas do MPE Brasil 2009, prêmio de competitividade para micro e pequenas empresas. A premiação é organizada anualmente pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC), Sebrae, Fundação Nacio-nal da Qualidade (FNQ) e Gerdau, e conta com o apoio da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Petrobras e governo federal.

O sucesso do negócio e a visibilidade na-cional da empresa mudaram ainda mais a ro-

tina de Morais. Além do serviço na B2ML, ele recebe convites para ministrar palestras e falar sobre o case da empresa. “Geralmente eu vou a incubadores e universidades para falar sobre empreendedorismo, o trabalho da B2ML e o de gestão do conhecimento, que é a área que defendi meu mestrado.”

Os negócios da empresa fi zeram Morais mudar de cidade. Em novembro deste ano, ele e o sócio Allan Mobley foram morar em Campinas (SP), cidade distante 250 quilôme-tros de Itajubá, para gerenciar a primeira fi lial da B2ML. “Nós percebemos que 35% dos nos-sos clientes são de São Paulo e, por isso, resol-vemos aumentar a nossa atuação no estado.”

Os sócios da B2ML investem também em outros nichos de mercado no setor de tecno-logia da informação. Eles abriram outras duas empresas este ano que oferecem soluções que complementam os serviços oferecidos pela B2ML. Uma delas é a Mútuos, que ofere-ce tecnologia da informação para centrais de negócios com foco em logística e tem como um dos seus produtos uma solução para mi-cro e pequenas empresas que fazem compras conjuntas. A outra empresa do grupo é a Web-de-resultados, especializada em comércio ele-trônico para o varejo, que oferece uma solu-ção de e-commerce terceirizado para auxiliar clientes que querem vender pela internet.

LINHA DIRETA

Leandro Mesquita de Morais: www.b2ml.com.br

Leandro e os sócios Allan, Bernardo, Bruno e Marcos Paulo: “Nós não tínhamos nada a perder. O jovem tem essa vantagem de poder arriscar mais”

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Empresa que responde por 70% do mercado nacional de sistemas de segurança eletrônica não é motivo para Bonatti deixar de empreender

Idade: 26 anosLocal de nascimento: Rio do Sul (SC)Formação: Graduação em Ciências da Computação (Univali) e MBA em Gestão Empresarial (FGV) Empresa: Segware do Brasil Ano de fundação: 2002 Ramo de atuação: Segurança eletrônica Cidade-sede: Florianópolis Número de funcionários: 12 Faturamento: NI Idade com que iniciou o empreendimento: 21 anos

Luiz Henrique Bonatti

Segurode si

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por Cléia [email protected]

O empresário Luiz Henrique Bonatti nem completou 30 anos e já responde por 70% do mercado nacional de sistemas de segurança eletrônica com o software Sigma. A Segware, empre-sa que comprou com 21 anos, tem crescido num ritmo intenso. Desde que adquiriu a marca, há cinco anos, Luiz Henrique au-mentou o faturamento em 100 vezes e conquistou mais de 1 mil clientes, empresas especializadas em monitoramento de alar-mes. Hoje, aos 26, ele diz que sua carreira como empreendedor está só começando.

O projeto para 2010 é lançar o Sigma no mercado externo e num prazo de quatro anos abrir o capital da Segware na Bolsa de Valores para se fortalecer fi nanceiramente e gerar mais negócios. “Infelizmente como cidadão, mas felizmente como empresário, a demanda por segurança eletrônica só cresce”, afi rma. O em-presário sabe muito bem do que está falando. Ele convive com o segmento desde que nasceu. A mãe é uma das herdeiras do maior grupo de prestação de serviços de segurança e vigilância de Santa Catarina, a Back. O pai é assessor administrativo da empresa.

Aos 14 anos, o próprio Luiz Henrique bateu à porta da Back pedindo emprego. “Eu queria independência fi nanceira”, lembra. Curiosamente, sua função era operador de monitoramento de alarmes, área de atuação da Segware. Só saiu da empresa aos 17 anos para se dedicar ao vestibular. Em 2001, começou a cursar Ciências da Computação. Já no segundo semestre da faculdade voltou à Back, desta vez para atuar na área comercial. Inquieto, na metade da faculdade Luiz Henrique foi para os Estados Unidos fazer um intercâmbio de trabalho de seis meses.

Na volta, começou um estágio na Segware. A empresa ti-nha dois anos de vida e menos de 50 clientes na época, mas um potencial de crescimento que não passou despercebido aos olhos de Luiz Henrique. Depois de seis meses, ele dei-xou de ser estagiário para ser dono da empresa. Com o apoio da família, inclusive financeiro, o jovem diz que em nenhum momento teve medo e dúvida em relação ao negócio. “Com 21 anos eu pensava: se não der certo, tento outra coisa. Além disso, eu sabia que pior do que estava a Segware não ficaria. A empresa estava sem direção”, conta.

Luiz Henrique confessa que, no início, chegou a mentir a ida-de em alguns contatos que fez com clientes. Temia que hesitas-sem fazer negócios com um jovem de 21 anos que sequer tinha concluído a faculdade. “A falta de credibilidade pode ser uma das desvantagens do empreendedor jovem”, acredita. Para ele, feliz-mente essa situação está mudando. Com um número cada vez maior de cases de sucesso de empresas comandadas por profi s-sionais com menos de 30 anos, o mercado está se acostumando com as caras novas e confi ando mais em suas ousadias.

“A maior vantagem de começar cedo é justamente poder ou-sar, enfi m, ter tempo para errar”, afi rma Luiz Henrique. Mas ele próprio só coleciona acertos, embora admita que teve difi culda-des inicialmente com as áreas de gestão fi nanceira e de recursos humanos. O pai o ajudou, mas ele também se debruçou em livros e pesquisas na internet para aprender a administrar uma empre-

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sa. Nos últimos quatro anos também frequen-tou cursos do Sebrae e do Senai e fez um MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getu-lio Vargas. “Além disso, aprendi muito com a prática”, destaca.

Universidades sem visão

Segundo Luiz Henrique, na faculdade, como é de costume na maioria das universi-dades brasileiras, a formação visava o emprego e não o empreendedorismo. Os professores pouco falavam do mercado. Muitos colegas que sonhavam com um negócio próprio se es-pelhavam em grandes cases como os criadores do Google e do Facebook. “Acabaram frustra-dos esperando ter uma ideia mirabolante que os tornassem milionários. Como eu tinha o exemplo da minha família, sabia que era preci-so trabalhar muito”, conta Luiz Henrique.

E foi o que fez. As primeiras férias que o empresário tirou desde que comprou a Seg-ware foram em novembro deste ano. Uma semana nos Estados Unidos sem notebook, mas com celular. “Tentei deixar, mas não con-segui”, admite. Por ironia do destino, perdeu o aparelho na viagem. Luiz Henrique diz que algumas vezes sentiu inveja de quem tem car-

teira assinada, tem 13º e sai às 18h na sexta-feira sem uma dezena de coisas para resolver no fi m de semana e um celular que não para de tocar. “Na época dos meus avós devia ser mais fácil ser empreendedor. Hoje somos es-cravos, temos que viver sempre conectados.”

Luiz Henrique reclama, mas não para de empreender. Em 2009, em meio à crise econô-mica, montou uma academia de ginástica com duas sócias e virou acionista da Seventh Visual Control, empresa de Florianópolis que atua no desenvolvimento de produtos nas áreas de circuito fechado de TV digital. No segundo caso, o objetivo foi consolidar a parceria que a Segware já tinha com a Seventh, aprovei-tando que as soluções desenvolvidas por elas são complementares dentro do mercado que atuam. Hoje, as duas empresas funcionam no mesmo prédio e estão separadas por uma sala de reunião de uso comum.

No caso da academia de ginástica, a ideia surgiu quando a Segware se mudou para novo endereço, um centro empresarial recém-lan-çado em Florianópolis. “Eu era frequentador de uma academia e vi ali uma boa oportunida-de de negócio”, resume Luiz Henrique. Além do próprio público que trabalha no complexo, o empresário quer atrair os moradores da re-

LINHA DIRETA

Luiz Henrique Bonatti: www.segware.com.br/(48) 3231-0000

gião norte da Ilha, a mais populosa da capital catarinense. É cedo para falar do desempenho do novo empreendimento, mas se depender da dedicação de Luiz Henrique, é melhor apostar no seu sucesso.

Ao multiplicar uma centena de vezes o fa-turamento da Segware, o jovem provou seu talento para os negócios. Certo do potencial do Sigma, Luiz Henrique tratou de agregar valor à solução, que na época se resumia a um único produto. Hoje são cinco módulos que atendem diferentes demandas. Agora, ele quer se asso-ciar a outras empresas com produtos que têm o mesmo mercado como destino. A proposta, levantada pela Associação Catarinense de Em-presas de Tecnologia (Acate), é se fortalecer para exportar e também se preparar para aten-der o mercado interno, especialmente para as demandas da Copa do Mundo, em 2014, e das Olimpíadas do Rio de Janeiro, em 2016. Como bom empreendedor, Luiz Henrique não quer perder a oportunidade.

Em cinco anos, Luiz Henrique multiplicou o faturamento por 100 e conquistou mais de mil clientes, empresas de monitoramento de alarmes

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bagagemPouca

Mariana compensou a falta de experiência com muita vontade de aprender e o máximo de atenção aos pedidos de seus clientes, jovens mochileiros em viagem ao Rio

por Fábio Almeida

Transformar uma cliente em rainha de bateria de escola de samba do Rio de Janeiro foi um dos pou-cos pedidos que a empresária Mariana Santoro, de 27 anos, ainda não conseguiu realizar. Mas a atenção a solicitações fora do padrão foi a mola propulsora da Inside Rio Tours, empresa criada em 2006 pela profi ssional, então recém-formada em Turismo. Na época, Mariana trabalhava em um albergue e perce-beu uma demanda de passeios turísticos voltados especifi camente para o viajante mais conhecido como mochileiro. “Este hóspede quer conhecer a cidade como todos os outros, mas prefere roteiros mais livres e normalmente quer começar o passeio às 13h, pois costuma sair à noite.”

Estas diferenças, no entanto, não signifi cam ro-teiros exóticos. “Cerca de 80% de nossos passeios são para o Cristo Redentor e o Pão de Açúcar”, con-ta a empresária, que também oferece opções para praias e festas da noite do Rio de Janeiro. “Outra diferença está na linguagem. Jovens gostam de leve-za. Por isso, passamos o conteúdo, mas sem sobre-carregá-los com datas e nomes”, revela Mariana.

A empresária conta que existe ainda outra se-melhança entre o mochileiro e o turista atendido pelas empresas tradicionais: a disposição de gas-tar na cidade. “Viajar de mochila não é, necessa-

Idade: 27 anosLocal de nascimento: Rio de JaneiroFormação: TurismólogaEmpresa: Inside Rio ToursAno de fundação: 2006Ramo de atuação: Turismo receptivoCidade-sede: Rio de JaneiroNúmero de funcionários: 5Sócio: Rafael Oliveira (29)Faturamento: R$ 700 milIdade com que iniciou o empreendimento: 24 anos

Mariana Santoro

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riamente, uma opção de quem tem pouco dinheiro. Para os europeus, por exemplo, é uma opção para quem quer conhecer a cidade mais diretamente.”

Plano de negócios

Mas para atender a uma demanda tão for-te, a ousadia da empresária não era sufi ciente. Em 2007, ela participou do projeto Iniciativa Jovem, que ajuda jovens a projetar ou orga-nizar empreendimentos, oferecendo aulas de administração, recursos humanos e contabili-dade, entre outros assuntos. Um ano depois, Mariana concluiu o curso com um plano de negócios destinado a fortalecer a operação da Inside Tours, inclusive, prevendo a manuten-ção do negócio fora da alta temporada. Fazem parte do planejamento o controle fi nanceiro, o foco na qualidade de atendimento e, prin-cipalmente, criação de novos produtos. “O planejamento diminui 90% dos riscos do ne-gócio”, acredita.

Para a empresária há outra ajuda muito importante prestada pelo Iniciativa Jovem: “O apoio psicológico ao empreendedor, que tem que lidar com a concorrência por vezes desleal. Também é preciso saber lidar com conselhos desanimadores de parentes próximos”. Este foi o caso de Rafael Olivei-

ra, 29 anos, marido e sócio de Mariana. Ele conta que nos primeiros meses da empresa seus familiares o aconselhavam a não em-preender. “Você está louco. Vá estudar ou trabalhar!”, ouvia Oliveira.

E foi trabalhando na Inside Tours que ele percebeu a necessidade de criar um di-ferencial. Organizou, então, uma rede espe-cial de motoristas de vans para atender aos passeios. O perfil do profissional procurado por Rafael é de estudantes universitários, que aguentem o pique dos turistas e falem inglês para estabelecer uma relação mais es-treita com os passageiros. Simples, mas difí-cil de ser encontrado. “Conhecemos muitos sem instrução nenhuma ou excessivamente qualificados, que acabam seguindo para outros trabalhos”, diz Rafael. “Na faculdade de Turismo mesmo poucos falavam inglês e vários não conheciam o Pão de Açúcar”, completa Mariana, que se formou pela Fa-culdade Estácio de Sá.

Este público que opta por albergues na hora de viajar, que até 2006 era marginaliza-do, hoje tem várias opções além da Inside Tours. “Nós trabalhamos um mercado que ninguém queria e agora temos cada vez mais concorrentes”, diz Mariana. E como a marca registrada da Inside é a inovação, a empresária tem três novas empresas em

LINHA DIRETA

Mariana Santoro: (21) 3253-4886

vista com propostas diferentes. A primeira delas é a Inside Carnaval, exclusivamente idealizada para atender quem procura um dos principais eventos do Rio de Janeiro. A proposta da empresa é oferecer, num só pacote, transporte, venda de ingressos, participação em ensaios de escola de sam-ba e venda de fantasias. Os acessos ao site de lançamento da Inside Carnaval já servem como termômetro do sucesso da nova em-presa: “Já alcançamos 8 mil acessos diários”, comemora Mariana.

As outras duas empresas ainda estão em fase de elaboração, e a empresária não dá muitos detalhes para não atiçar a concor-rência. Apenas adianta que uma será de ro-teiros personalizáveis pelo próprio turista e a outra terá ligação com marketing. Ambas terão uma vantagem em relação à Inside pioneira. “Já começaremos com um plano de negócios para cada uma e com um gran-de benefício em relação ao da Inside Tours: a experiência que agora temos como em-presários”, conclui Mariana.

Mariana e Rafael, marido e sócio: marca registrada da

Inside Tours é a inovação

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Defensora daPaula e sua sócia comandam a Baluarte, agência de produções que busca a formação de público e a universalização do acesso à cultura

Idade: 27 anosLocal de nascimento: Rio de JaneiroFormação: Produção CulturalEmpresa: Baluarte Agência de Projetos CulturaisAno de Fundação: 2005Ramo de atuação: Produção CulturalCidade-sede: Rio de JaneiroNúmero de funcionários: 7Sócios: Fabiana Costa (29)Faturamento: R$ 351,8 milIdade com que iniciou o empreendimento: 23 anos

Paula Brandão

por Fábio Almeida

Mudar de um canto na sala da casa de uma das sócias para um escritório próprio no Centro do Rio de Janeiro foi a mais evidente, mas está longe de ser a única conquista da Baluarte Produções nos últimos três anos. Fundada em 2005 por três formandas em Produção Cultural pela Universidade Fede-ral Fluminense (UFF), a Baluarte seguiu um rumo incerto nos primeiros anos. Naquele início, a fi nalidade da empresa era unicamen-te dar legalidade aos projetos individuais das sócias. “Nós não tínhamos foco em uma área de atuação. Havia espaço para trabalhar e nós íamos trabalhando. A ideia era fazer tudo que havíamos aprendido na faculdade”, afi r-ma Paula Brandão, uma das sócias.

Este começo incerto, segundo Paula, é fruto da falta de disciplinas sobre empreende-dorismo na faculdade. E foram duas cursadas: Produção Cultural na Universidade Federal Fluminense e Relações Públicas na Universi-dade Federal do Rio de Janeiro. “Essa é uma das minhas críticas, especialmente ao curso de Produção Cultural, visto que neste ramo profi ssional cada projeto é um novo empre-endimento”, afi rma Paula.

Após cerca de 18 meses, com o aumento de trabalho e a experiência adquirida, duas das três sócias decidiram tornar a produtora uma empresa de fato. Logo em seguida, uma delas, Paula Brandão, foi selecionada para participar do projeto Iniciativa Jovem, bancado na época pela petrolífera Shell. O curso teve duração de um ano e, neste período, a empreendedora foi capacitada nas áreas gerencial, administrativa, contábil e jurídica. Com tantas novidades, elas decidiram restringir o foco de atuação, dei-xando de lado, por exemplo, o agenciamento de artistas. “Descobrimos que era um modelo de negócio muito diferente do trabalho de produção cultural, que passaria a ser nosso principal produto”, admite Paula.

A mudança de foco veio junto a um plano

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de negócios, o primeiro da Baluarte, quando se estruturou a empresa e foram criados pro-cedimentos nos diversos setores. Outra no-vidade foi a contratação de uma equipe fi xa, independente das necessidades específi cas de cada projeto. “Fizemos isso para garantir uma resposta rápida, mas principalmente para assegurar a qualidade do nosso trabalho. Com a equipe fi xa e treinada, sabemos que pode-mos confi ar”, diz Paula. Além das sócias Paula Brandão e Fabiana Costa, hoje trabalham na Baluarte três produtoras, um gerente comer-cial e um auxiliar administrativo.

Ideais da empresa

A resposta a esta estruturação veio na sequência. O projeto Concertos Didáticos – Quarteto Radamés Gnattali é o atual pupilo da empresa. O trabalho leva a música clás-sica executada por instrumentos de cordas para colégios da rede pública de ensino. E tudo isso utilizando o método criado pelo compositor Heitor Villa-Lobos em 1932, o

Guia Prático. Em 2008, com patrocínio da Fundação Votorantim, o quarteto já se apre-sentou em colégios de 15 pequenas cidades brasileiras e bem longe do Rio de Janeiro. Foram aulas-show em municípios do interior de Mato Grosso, Piauí e Acre. “Gostamos tanto deste projeto por representar alguns dos ideais da empresa, como a formação de público e a universalização do acesso à cul-tura”, conta Paula. Todo o relato da aventura pode ser acompanhado no endereço http://concertos-didaticos.blogspot.com/.

Ainda em 2009 a Baluarte produziu ou-tros dez projetos. Entre eles o Relendo o Choro (série musical sobre o choro no Cen-tro Cultural Banco do Brasil), o Conexões Musicais França-Brasil (em comemoração ao Ano da França no Brasil) e o Sementei-ra – Sons da Percussão (com participações de Naná Vasconcelos, Marcos Suzano, Caito Marcondes e Coração Quiáltera).

E é a continuidade destes projetos que movimenta a empresa neste final de 2009, já que a Baluarte vive de ciclos anuais. “Os

projetos devem ser elaborados com bastan-te antecedência para que seja viável a apro-vação nas leis de incentivo, havendo assim tempo hábil para fechar as parcerias e pa-trocínios dentro de um prazo razoável para sua realização. Muitas vezes em junho já estamos trabalhando nos projetos do próxi-mo ano”, afirma a proprietária. O Relendo o Choro, por exemplo, inicialmente previsto para ser realizado em 2007, só foi sair do papel no início de 2009. Outros projetos acabam gerando desdobramentos, como é o caso do Sementeira – Sons da Percussão, que em 2010 terá um CD gravado. Os demais projetos culturais para o ano que vem ela não revela, mas entre os objetivos da empre-sa está uma mudança para uma sala maior e a contratação de mais funcionários.

LINHA DIRETA

Paula Brandão: (21) 3553-0818

Atual pupilo da Baluarte, projeto Concertos Didáticos leva a música clássica executada por instrumentos de cordas para colégios da rede pública de ensino

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entre amigosSonho de ter o próprio negócio se concretizou, com muito trabalho, e hoje Rafael é sócio do maior grupo de mídia indoor do Brasil

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por Mônica [email protected]

Apesar de formado em Administração de Empresas, o curitibano Rafael Cordeiro sempre gostou mesmo foi da área de comu-nicação. Aos 17 anos começou a vida profis-sional como estagiário em uma agência de publicidade. Lá passou por todos os setores e se apaixonou pelas áreas de mídia e cria-ção. Três anos depois embarcou para a Aus-trália, onde fez faculdade de Design Gráfi-co. Quando voltou, dois anos mais tarde, decidiu que era hora de montar sua própria empresa. Para ajudar, reuniu os três me-lhores amigos de infância e, juntos, deram início a um negócio inovador, mas que co-meçou de forma despretensiosa. Hoje, aos 28 anos, ele é um dos diretores da Enox, considerado o maior grupo de mídia indoor do Brasil, com 21 filiais, 200 funcionários e mais de 5 mil estabelecimentos parceiros. Entre seus clientes estão empresas como Unilever, Fiat e L’Oréal.

Ter o próprio negócio já era um sonho antigo, mas foi durante a faculdade que o simples desejo se tornou uma meta a ser alcançada – e de preferência em curto prazo. Descontente com a perspectiva de trabalhar como empregado, Rafael Cordei-ro percebeu que a única saída estava em empreender. “As faculdades não formam em-preendedores, e sim executivos para trabalhar em grandes multinacionais. Eu nunca quis me formar para trabalhar para os outros, mas sim para ser meu próprio chefe”, conta. Sonho compartilhado com os amigos – e sócios – Gustavo Gasparin, Ernesto e Bernardo Ville-la, com quem Rafael fundou a empresa. Na época, todos eram recém-formados e tinham entre 22 e 27 anos.

E não é só a direção da Enox que é jo-vem. A faixa etária média dos colaboradores não ultrapassa os 25 anos. Segundo Rafael, a opção pelos jovens é uma forma de asse-gurar a cultura de inovação que caracteriza a empresa. “Damos preferência aos jovens justamente para manter esse DNA criativo e evitar pessoas que já tenham assimilado os vícios do mercado.”

Quando inaugurou, em 2003, a Enox era uma agência de publicidade comum. Mas isso durou pouco. Com apenas dois meses de funcionamento, os sócios perceberam

Idade: 28 anos Local de nascimento: Curitiba Formação: Administração de Empresas e Design Gráfico Empresa: Enox Ano de fundação: 2003 Ramo de atuação: Mídia indoor, publicidade Cidade-sede: São Paulo Número de funcionários: 200 Sócios: Bernardo Villela (29), Ernesto Villela (32), José Pires (32), Gustavo Gasparin (29) e Patrick Parker (29) Faturamento: NI Idade com que iniciou o empreendimento: 22 anos

Rafael Cordeiro que seria difícil se destacar em um mer-cado dominado por grandes players inter-nacionais. “Notamos logo de cara que não adiantava fazer o que todo mundo estava fazendo; era preciso inovar, senão seríamos apenas mais um em um mercado de gente grande”, afirma Rafael.

A solução surgiu por acaso, a partir de um encontro informal. Foi durante um bate-papo numa mesa de bar que os três amigos tiveram a ideia de focar no segmen-to de mídia indoor, à época uma novidade no País. A proposta era transformar espaços físicos amplamente disponíveis – e pouco explorados pelo marketing – em veículos de comunicação. Até então, anunciar em locais como bares, danceterias, lan houses, academias de ginástica e salões de beleza era algo incomum no Brasil.

Assim como Rafael, Gustavo e Bernar-do tinham experiência apenas em agências de publicidade, sempre como funcionários. Por isso, na hora de elaborar o plano de ne-gócios, os empresários de primeira viagem pediram ajuda ao também amigo Ernesto Villela, irmão de Bernardo e o mais velho do grupo, hoje com 32 anos. Administrador formado pela Fundação Getulio Vargas, Er-nesto havia sido dono de um bar e, por isso, já tinha ideia do que era comandar uma empresa. “Nossa parceria deu certo porque cada sócio complementa a deficiência do outro”, avalia o empresário.

Atualmente comandando filiais em 21 cidades brasileiras, sendo 16 capitais, Rafa-el diverte-se ao relembrar o início da Enox, em 2003. Para montar o primeiro escritório, em Curitiba, ele e os amigos apostaram as próprias economias. “Cada um depositou R$ 5 mil em uma conta e, para não ter des-pesa com aluguel, trabalhávamos em um imóvel emprestado da família, com os com-putadores que levamos de casa”, conta. Nos primeiros seis meses de empresa, e sem nenhum funcionário para ajudar, os sócios tiveram que se desdobrar para dar conta de todas as tarefas. Esse “envolvimento total”, segundo Rafael, foi fundamental para o sucesso do negócio que, só nos primeiros dois anos, cresceu 800%.

Mas, apesar do crescimento vertiginoso, a Enox levou três anos para conquistar a es-trutura que tem hoje. Cautelosos, os sócios esperaram o momento certo para expandir,

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o que aconteceu de fato em 2006, com a mudança da sede para São Paulo. “Ficamos durante dois anos estruturando as fi liais em outras cidades, para não correr o risco de errar quando entrássemos no principal mercado do País.” Para facilitar a operação da empresa no concorrido eixo Rio-São Pau-lo, dois novos sócios uniram-se ao grupo: o carioca Patrick Parker, de 29 anos, e o paulis-tano José Pires, 32.

Vencer a desconfiança No início, o fato de ser uma empresa

nova, com uma proposta inédita – e ainda por cima capitaneada por jovens – desper-tava a desconfi ança dos comerciantes e pos-síveis anunciantes. “Percebemos que, mais do que uma nova empresa, o que estava se formando era uma nova indústria, um veícu-lo de comunicação inédito. Até o surgimento da Enox, as grandes empresas e as agências de publicidade não tinham quem contratar para fazer propaganda dentro de estabeleci-

mentos comerciais”, avalia Rafael. “Quebra-mos muitos paradigmas, porque muita gente nem sequer pensava nas possibilidades da mídia indoor”, completa.

Outra difi culdade enfrentada por Rafael – dessa vez de ordem pessoal – foi aprender a vender. “Sempre gostei da área de criação e planejamento, não pensei que pudesse ser um bom vendedor”, conta. “Mas aí percebi que não existe vendedor nato. Vender é algo que se aprende e, a partir do momento em que adquiri segurança naquilo que estava oferecendo, os negócios começaram a acon-tecer para mim também.”

Famosa pelos painéis afi xados em ba-nheiros públicos, com o tempo a Enox de-senvolveu outras formas de abordagem, enfatizando a experiência com as marcas. Atualmente a empresa também é especialista em ações de trade marketing e está amplian-do a atuação na área de TV corporativa e mí-dia digital no ponto de venda. “Hoje em dia a mídia em banheiro corresponde a apenas 2% da nossa operação. Costumo dizer que

entramos nos estabelecimentos pela porta do banheiro e, aos poucos, dominamos toda a casa”, diverte-se.

Apesar da crise – que causou retração principalmente no mercado publicitário –, a Enox cresceu 65% em 2009. Entre as razões do sucesso, Rafael destaca a gestão participativa, que estimula os colaborado-res a buscarem sempre a melhor negocia-ção possível com os clientes. Além de bo-nificações anuais – que podem chegar a até nove vezes o valor do salário –, os funcio-nários também recebem comissões a cada campanha contratada. “Negociamos ponto a ponto e, quanto mais trabalho, mais re-sultado individual. Dos diretores aos super-visores de manutenção, todos ganham se a empresa ganha”, afirma.

LINHA DIRETA

Rafael Cordeiro: www.enox.com.br/(11) 3044-1798

Rafael Cordeiro com os sócios Ernesto

Villela e José Pires: apesar da crise, Enox

cresceu 65% em 2009

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por Cléia [email protected]

No primeiro ano como empresário ele já conseguiu seu primeiro milhão. Quatro anos depois, espera faturar nada menos que 20 mi-lhões. De dólares! Essa é a história de Rodrigo Veloso, 29 anos, mineiro de Belo Horizonte que em 2005 se mudou para Los Angeles, na Califórnia (EUA), disposto a convencer os nor-te-americanos a beberem muita água de coco. Hoje, a O.N.E. Drinks – One Natural Experience é uma das empresas de bebida que mais cres-ce no mundo e tem um mix de produtos que, além do Coconut Water (água de coco), inclui sucos feitos à base de açaí, caju, acerola e até mesmo de café. Tudo bem brasileiro e com um marketing certeiro, focado nas propriedades funcionais dessas frutas.

Veloso começou a desenhar o esboço da O.N.E. em 2005, durante um MBA com foco em empreendedorismo feito na Fundação Getulio Vargas (FGV ), em São Paulo. O empresário lem-bra bem quando o professor José Augusto Cor-rêa pediu aos alunos que fi zessem um plano de negócios de uma empresa exportadora de pro-dutos brasileiros. “Ele foi categórico: o trabalho deveria ser feito com a convicção de que não seria apenas um exercício acadêmico.” Veloso levou o conselho ao pé da letra e junto com um colega de turma norte-americano montou o plano de negócios da O.N.E. Resultado: no mesmo ano venceu um concurso de empreen-dedorismo da FGV.

O prêmio lhe deu a confi ança que faltava. Não contou tempo e inscreveu o projeto na etapa latino-americana do Moot Corp, tradi-cional concurso de planos de negócios, liga-do à Universidade do Texas (EUA). Mais uma vez o projeto da O.N.E. saiu vencedor, o que o credenciou a participar da etapa global do concurso. Veloso não ganhou a competição, mas a participação já tinha lhe garantido os contatos necessários para tirar a O.N.E. do pa-pel. Com aporte de capital de um investidor e ajuda fi nanceira de amigos, familiares e de suas próprias economias, aos 25 anos Veloso arrumou as malas e foi para os Estados Unidos fundar sua empresa.

Levou junto grandes expectativas. “Desde que escrevi o plano de negócios, nunca enxer-

guei a O.N.E. como uma empresa pequena e de nicho. Sempre a vi como uma marca glo-bal”, afi rma o empresário. Um olhar estran-geiro de quem viveu quase dez anos fora do Brasil foi fundamental para que ele percebes-se a oportunidade de negócios. Veloso fez o terceirão nos Estados Unidos e se graduou em Economia em Estocolmo, na Suécia. Sempre que voltava ao Brasil se deliciava com os sucos de frutas tropicais que não encontrava lá fora. “Eu fi cava fascinado e me perguntando por que esses sabores ainda eram desconhecidos da maioria dos estrangeiros.”

Mas essa não era a única interrogação de Veloso. Ele também não se conformava com a condição de subproduto de muitas frutas bra-sileiras – por exemplo, na cultura do caju, em que ainda é comum aproveitar só a castanha. “Os Estados Unidos são os maiores consumi-dores mundiais de castanha de caju, mas é co-mum encontrar pessoas que nem sabem que se trata de uma fruta”, conta o empresário. Segun-do ele, em países como Filipinas e Indonésia a água do coco é 100% desperdiçada porque só a fruta tem valor comercial. Veloso está disposto a mudar essa situação, assim como aconteceu com o açaí, que durante anos teve seu poten-cial ignorado em detrimento do palmito. Hoje, a O.N.E. já importa água de coco da Indonésia.

Para Veloso, essa questão não é apenas co-mercial. Na sua visão, desperdício não combina com um mundo que está disposto a viver apoia-do em responsabilidade social e ambiental. “Queremos benefi ciar toda a cadeia envolvida, desde o produtor que terá maior valor agregado em seus produtos até o consumidor, benefi cia-do com produtos naturais e funcionais para sua saúde”, afi rma Veloso, que faz parte da direção da Global Innovations for Fair Trade (GIFFT), organização para comércio justo. “O comércio justo é muito importante para a O.N.E. Doamos todo o lucro que temos com a venda de água mineral porque acreditamos que água é um di-reito humano e não apenas uma necessidade. Não queremos ter lucro vendendo água.”

Veloso também é um entusiasta das pro-priedades funcionais das bebidas comerciali-zadas pela O.N.E. E sempre que pode acom-panha as degustações feitas nos pontos de venda da marca. “O açaí é praticamente um tratamento estético, pois contém antioxidan-

Idade: 29 anos Local de nascimento: Belo Horizonte Formação: Graduação em Economia (Estocolmo, Suécia) e MBA Empreendedorismo (FGV) Empresa: ONE – One Natural ExperienceAno de fundação: 2005 Ramo de atuação: Bebidas funcionais Cidade-sede: Los Angeles, Califórnia (EUA) Número de funcionários: 40 Faturamento: US$ 10 milhões (2008)/US$ 20 milhões (previsão 2009) Idade com que iniciou o empreendimento: 25 anos

Rodrigo Veloso O brasileiro Rodrigo fez de um trabalho de MBA uma empresa prestes a se tornar global e com faturamento de US$ 20 milhões

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tes que ajudam a combater radicais livres. A água de coco é um ótimo isotônico natural, hidrata e ainda evita cãibras por causa do alto teor de potássio. O suco de caju tem mais vi-tamina C que a laranja e a metade da acidez”, ensina o empresário. Uma de suas inovações é o Coffee Fruit, bebida que mistura a fruta do café, purê de acerola e de pitanga e suco de uva. “É a primeira bebida do mundo feita com a fruta do café.”

Suporte familiar

Filho de funcionários públicos, Veloso nunca teve contato direto com o mundo dos negócios. A própria faculdade na Suécia não estimulava o empreendedorismo entre seus alunos. “Meus pais achavam muito arriscado, mas sempre me deram suporte emocional e também fi nanceiro”, conta o empresário. Hoje, ele diz que tem muito orgulho de tudo que já conquistou e está certo de que a O.N.E. tem um longo caminho pela frente até chegar a ser uma empresa global, meta prevista pelo próprio plano de negócios. “Estou extremamente otimista. Nem come-çamos a arranhar o potencial do mercado norte-americano”, afi rma Veloso.

O sucesso da O.N.E. já chamou a aten-ção de gigantes como a Pepsi Botting Group (PBG), o maior produtor, vendedor e distri-buidor mundial de bebidas Pepsi-Cola. No último dia 22 de outubro, a PBG anunciou a assinatura de um acordo com a O.N.E. para a distribuição de produtos no sul da Califórnia e da Flórida. Em parceria com a Catterton Partners, um dos maiores fundos de participação norte-americano com foco no mercado de consumo, a PBG também fez um aporte de capital na O.N.E., cujos valores não foram revelados. “Este acordo nos dá acesso a uma marca forte com potencial de crescimento atraente no mercado emergente de água de coco”, declarou, na ocasião, Rob King, presidente da PBG North America.

Para Veloso, a parceria traz para a O.N.E. as condições necessárias para que a empre-sa lidere o avanço do mercado de água de coco. Vale destacar que a negociação com a PBG durou cerca de um ano e, nesse tempo, a Pepsi adquiriu a Amacoco, empresa brasi-leira fornecedora de água de coco da O.N.E. Com o acordo, Veloso quer ampliar a campa-nha de educação sobre os benefícios de suas bebidas. Com campanhas de degustação em grandes redes de supermercados, ele conse-

guiu fazer com que a venda de água de coco deixasse de ser restrita a lojas especializadas em produtos naturais ou étnicos. São mais de 100 degustações por semana, além do pa-trocínio de eventos, conscientização de pro-fi ssionais da saúde e promoção em mídias digitais como Twitter e Facebook.

Essas estratégias e os recentes acordos co-merciais também vão pautar a expansão dos mercados da empresa. Veloso quer entrar no mercado europeu ainda em 2010 e, em cur-to prazo, também no Japão. O Brasil terá que esperar por motivos óbvios. “A concorrência seria muito maior”, explica. Por outro lado, 90% das bebidas comercializadas pela O.N.E. são envasadas no Brasil. “No mundo inteiro as pessoas estão cada vez mais conscientes de que a saúde depende de uma nutrição por meio de alimentos saudáveis. Tenho a convic-ção de que, dentro de um curto prazo, só o mercado global de água de coco vai chegar a US$ 1 bilhão”, estima Veloso.

LINHA DIRETA

Rodrigo Veloso: www.onedrinks.com

Rodrigo fez com que a venda de água de coco deixasse de ser restrita a lojas especializadas e colocou o produto em redes de supermercados

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Trioperseverante

Vinícius Monteiro entre os sócios

Leandro Martins e Marcelo Souza

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por Marlon [email protected]

A empresa de publicidade carioca Lemon Publicidade é uma estrela em ascensão no mundo da propaganda brasileira. Uma ini-ciativa que deu certo mesmo com a pouca experiência que seus proprietários possuíam quando decidiram abrir o negócio. Hoje a Lemon tem sete anos de mercado e uma car-teira de clientes de peso, como a Embratel, Net Rio, IBM Brasil, Gras Drywall e Petrobras. Os jovens publicitários Vinícius Monteiro, 28 anos, Marcelo Souza e Leandro Martins, ambos com 29 anos, mantêm um portfólio 360˚, oferecendo uma variedade de ferra-mentas aos clientes, da publicidade à pro-moção. Em função da grande procura por soluções rápidas que otimizem tempo e via-bilizem todo um mix de ações, a agência ado-ta um perfi l de multiplicidade de produtos e serviços, que facilitam e agilizam o processo de comunicação, e com isso o aumento do faturamento da agência. Além da propagan-da, estão na cartela de opções da agência, de forma integrada, soluções em planejamento, promoção, branding, projetos editoriais e, principalmente, web.

De acordo com Vinícius Monteiro, o iní-cio foi difícil, mas a aposta no empreende-dorismo valeu aos sócios uma compreensão gradual do mercado e os desafi os que viriam pela frente. “Começamos com trabalhos para-lelos, mas o envolvimento com os clientes nos deu vontade de passar a ser empresários. O atendimento externo começou a dar certo e decidimos apostar no trabalho. Tínhamos 21 anos quando montamos a empresa, ainda sem conhecer o outro lado do mercado”, lembra o publicitário. Amigos desde o segundo grau, o trio se conheceu em uma escola técnica de comunicação e passou a trabalhar em agên-cias de publicidade, conhecendo o dia a dia

Idade: 28 anosLocal de nascimento: Rio de JaneiroFormação: PublicidadeEmpresa: Lemon Publicidade LtdaAno de fundação: 2002Ramo de atuação: ComunicaçãoCidade-sede: Rio de JaneiroNúmero de funcionários: 12Sócios: Marcelo Souza (29) e Leandro Martins (29)Faturamento: NIIdade com que iniciou o empreendimento: 22 anos

Vinícius Monteiro

Vinícius e seus dois sócios mantiveram-se firmes nos momentos de dificuldade para uma empresa nascente e hoje colhem os frutos de uma estratégia bem-sucedida

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da publicidade carioca em trabalhos pontuais. Naquele momento, a ideia de abrir uma agên-cia própria ainda estava distante.

Ousadia

Depois de iniciado o negócio, muitos fo-ram os momentos de hesitação e crise, mas a perseverança – uma das qualidades do bom empreendedor – manteve o trio no caminho, até criar a Lemon, em 2002. Hoje eles co-lhem os frutos e reconhecem que o esforço deu certo. “Se pensarmos bem, nós fomos loucos em empreender, pois não éramos ex-perientes, não tínhamos uma rede de relacio-namentos muito grande, o que é importante nesse ramo. Por outro lado, a vontade jovem de empreender é mais forte, pois queríamos fazer sucesso, e crescer”, reconhece Montei-ro. A ousadia dos amigos consolidou a em-presa, que começou em um quarto da casa de Monteiro, com os computadores pessoais, as impressoras e o material em comum. “Se parássemos para analisar o momento, não montaríamos o negócio. A cobrança da família para fazer concurso público, e tantas questões familiares que pesam nessa hora. Mas o sonho de realizar foi maior.”

O início da Lemon foi difícil, e problemas como a elaboração de uma planilha fi nanceira foram se sucedendo. “Após seis meses perce-bemos que não era simplesmente montar a empresa e atender o cliente, mas muitas ou-tras coisas. Buscamos nos aperfeiçoar através de programas do Sebrae, e hoje o panorama é diferente. Temos que crescer, mas sabemos os caminhos para crescer. Antes estávamos no escuro, não tínhamos nada, apenas uma logo-marca e um cartão de visita”, recorda Vinícius Monteiro. O panorama da agência começou a mudar depois da elaboração de um plano de negócios e a adoção de uma consultoria de análise fi nanceira, com o amparo do progra-ma de empreendedorismo Iniciativa Jovem, apoiado por companhias como Dialog e Shell. “As difi culdades, cobranças e incertezas foram enormes, mas a perseverança, que é a maior característica do empreendedor, também”, ensina o publicitário.

No início da operação, a Lemon estava foca-da na transformação de pequenos anunciantes em grandes clientes. Isso, porém, se mostrou inviável. Os sócios perceberam com o tempo

que não era só a comunicação que ia mudar a vida daquela empresa, mas a superação de graves problemas de administração. A saída foi mudar o foco e começar a atender clientes grandes, atuando onde grandes agências não conseguiam. Agilidade e inovação foram trun-fos que a equipe passou a usar, fora do padrão das grandes agências. Foi quando chegaram as grandes contas, como a Petrobras, Embratel e outras empresas de destaque. Segundo Mon-teiro, a proximidade com o cliente foi funda-mental. Um dos trabalhos que marcou a Lemon foi realizado para a Petrobras em 2004, quando a equipe virou noites para entregar o material em um prazo muito reduzido. No fi nal, houve o reconhecimento do envolvimento e dedica-ção. O atendimento prioritário fez com que os clientes se ampliassem. Recentemente a agên-cia fechou contrato de atendimento para todo o Brasil com a IBM.

A criatividade sempre foi um dos pontos altos da Lemon, e cada vez mais a empresa é desafi ada a manter o nível de realizações, em campanhas que incluam, além de programas de fi delização, pacotes que agreguem cada vez mais serviços ao público-alvo. Hoje, a res-ponsabilidade social e o marketing de relacio-namento, sempre focados nas demandas do consumidor, são ingredientes fundamentais das ações de comunicação.

O futuro da empresa, atestam os sócios, é a transformação da agência de publicidade em uma grande empresa de comunicação. Isto signifi ca escritórios em Nova York, Londres e outros grandes centros. O grande desafi o, segundo Monteiro, será manter o espírito de agilidade que formou o conceito com o qual a agência se consagrou no mercado. Agora, a Lemon alça voos arrojados. Para 2010, o obje-tivo é aumentar as operações no mercado de São Paulo. “Nossa meta é conquistar ainda este ano mais dois clientes de grande porte que nos possibilite a ampliação da equipe e a atuação em outras praças fora do Rio de Janeiro, prin-cipalmente na capital paulista”, defi ne Vinícius Monteiro. Ao que tudo indica, a Lemon já está preparada para alçar voos mais altos.

LINHA DIRETA

Vinícius Monteiro: www.lemonpublicidade.com.brCampanhas da Lemon: futuro da agência

é tornar-se empresa de comunicação

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caseiraInspiração

Conceitos de eletrônica e empreendedorismo ensinados pelo pai motivaram William a abrir a RW Tecnologia, que briga por um lugar entre os principais players do mercado

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por Beatrice Gonç[email protected]

Foi vendo o pai trabalhar em casa que William e o irmão Bruno Ribeiro aprenderam os primeiros concei-tos de eletrônica. Na época, José Carlos Ribeiro, técnico em eletrônica e administrador, se preparava para abrir a empresa Enterplak, prestadora de serviços de montagem de placas, produtos eletrônicos e protótipos. Além da in-fluência do pai, os meninos cresceram ouvindo falar em empreendedorismo e inovação no colégio e em todos os lugares da cidade onde vivem. Moradores de Santa Rita do Sapucaí, em Minas Gerais, região conhecida como Vale da Eletrônica, os irmãos aprenderam cedo a im-portância de empreender. Aos 18 anos, William já sabia qual carreira queria seguir e o irmão Bruno, de 17, tam-bém. Os dois estudaram na Escola Técnica de Eletrônica Francisco Moreira da Costa e em 2000 abriram a própria empresa, a RW Tecnologia, especializada em sistemas de segurança, linhas de ponto e acesso para aplicações resi-denciais, comerciais e industriais.

A ideia foi investir em serviços que pudessem comple-mentar o trabalho do pai. Como a Enterplak só oferecia serviços de montagem e testes de equipamentos, William investiu na produção e criação de produtos. Através de uma pesquisa de mercado percebeu que havia poucas so-luções em relógios de ponto eletrônico e controladores de acesso e resolveu investir nessa área. “Na época não existiam soluções completas no mercado nacional envol-vendo hardware e software de controle de ponto e acesso de baixo custo”, explica.

No começo o trabalho não foi fácil. Eles não tinham dinheiro em caixa, não recebiam salários e nem tinham plano estratégico para a empresa. Precisaram do apoio do pai e de muita paciência. “Aprendi muita coisa com a prática, com erros e acertos no dia a dia da RW.” Como não dependiam do dinheiro investido na empresa a curto prazo, eles se esforçavam para gastar pouco. “Para nós foi importante abrir a empresa cedo, porque ainda não tínha-mos obrigações muito complexas. Quando se é jovem, a chance de você se recuperar é bem maior”, comenta. No dia a dia dos negócios, a referência foi o pai e o modelo de gestão de empresa foi a Enterplak.

William explica que o primeiro produto da RW custa-va o dobro do preço do que é vendido atualmente e não possuía tantas funcionalidades. “Obviamente este produto não seria viável hoje, pois a concorrência é muito mais acirrada e nos obriga a ser mais competitivos.” Mas na época a solução apresentada pela RW Tecnologia era uma das únicas no mercado brasileiro.

Para conquistar os primeiros clientes, a estratégia dos irmãos foi fazer demonstrações dos produtos da RW nas empresas. “O cliente tinha 30 dias de teste. Essa foi a for-ma que encontramos para entrar no mercado, até porque éramos muito jovens.” William conta que muitas empresas

Idade: 26 anos Local de nascimento: São José dos Campos (SP) Formação: Técnico em Eletrônica e Engenharia da ComputaçãoEmpresa: RW TecnologiaAno de fundação: 2000 Ramo de atuação: EletrônicaCidade-sede: Santa Rita do Sapucaí (MG) Número de funcionários: 20 Faturamento: R$ 2,5 milhõesSócio: Bruno Ribeiro (25)Idade com que iniciou o empreendimento: 18 anos

William Ribeiro

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William entre o irmão Bruno e o pai José Carlos

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colocavam o relógio de ponto na parede e quando viam que poderiam economizar, compravam o equipamento.

Evolução

Em nove anos de trabalho, muita coisa mudou na RW Tecnologia. Durante esse tem-po William cursou faculdade de Engenharia da Computação e Bruno fez Administração para poder cuidar do gerenciamento do ne-gócio. A RW comercializa hoje seus produtos em mais de 80 revendas e atinge cerca de 5 mil clientes. “A comercialização dos produ-tos através de revendas é estratégica para a empresa, porque garante a instalação ime-diata dos produtos e treinamento in loco dos clientes”, afi rma.

No portfólio da RW estão fechaduras eletromagnéticas para uso em portões, fe-chos para automatização de portas, senso-res infravermelhos, linhas de acesso e de ponto. Um dos produtos mais vendidos é a catraca Cygnus. O equipamento não utiliza cartões magnéticos nem códigos de barras, só identificadores únicos impossíveis de serem copiados que permitem apenas a entrada de funcionários devidamente iden-tificados. O aparelho conta com o software de gerenciamento ILC Explorer que con-trola em tempo real todos os eventos do sistema, enviando ou não a autorização do acesso para cada controlador. Outra novi-dade desenvolvida pela RW Tecnologia é o

PointLine PEN, relógio de ponto que pode ser instalado em locais remotos porque não precisa de cabos de comunicação. O produ-to tem um cartucho USB removível onde os pontos são armazenados e depois podem ser descarregados em um computador.

A empresa tem 20 funcionários que tra-balham no desenvolvimento dos produtos e a fabricação dos equipamentos é terceirizada. Isso para que a RW foque seus esforços em ati-vidades de engenharia, vendas e acompanha-mento de seus clientes. À medida que os pro-jetos de produtos da RW fi cam prontos, são enviados à Enterplak, onde são montados. Em todo esse processo, 20 funcionários da RW e 100 da Enterplak são envolvidos no trabalho de criação e de montagem dos produtos.

O faturamento da empresa em 2009 deve ser de R$ 2,5 milhões e William está otimista: espera dobrar esse valor a cada ano. Para colo-car os planos em prática, a RW Tecnologia tem hoje o apoio da Fundação Dom Cabral, que dá consultoria aos sócios no gerenciamento do negócio. “Cremos que a RW Tecnologia pos-sui plenas condições para crescer ainda mais, fi rmando-se como um dos maiores fornece-dores de soluções de ponto e acesso para o mercado nacional.” Para crescer ainda mais, os sócios investem no desenvolvimento de novas soluções para o setor. No momento, os engenheiros da RW trabalham no estudo de dois projetos que foram premiados a fundo perdido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (Fapemig) – um

LINHA DIRETA

William Ribeiro: www.rwtech.com.br

de controle de acesso para hotéis e outro para locais de alta segurança.

A história de William e Bruno é parecida com a de muitos moradores de Santa Rita do Sapucaí. A região conhecida como Vale da Eletrônica é um dos principais polos de desenvolvimento do País. A Escola Técnica Francisco Moreira da Costa, onde os garotos estudaram, foi fundada em 1958 e é a primei-ra a oferecer ensino de eletrônica em nível médio na América Latina.

No município de 30 mil habitantes exis-tem mais de 140 empresas de inovação de pequeno e médio portes que faturam cerca de R$ 1 bilhão nos ramos de eletrônica e de telecomunicações. Santa Rita do Sapu-caí tem ainda localização privilegiada: fica a 220 quilômetros de São Paulo, 400 quilôme-tros do Rio de Janeiro e 430 quilômetros de Belo Horizonte. William conta que a cidade “respira” eletrônica. “Aqui tem uma piada que diz que uma faxineira foi limpar um quarto e falou para o dono da casa que ele tinha deixado cair o diodo, um componente eletrônico. Esse é um exemplo que os mo-radores daqui usam, só para mostrar que até as faxineiras de Santa Rita do Sapucaí também entendem de eletrônica.”

A RW desenvolve soluções de acesso e controle de ponto, como

fechaduras eletromagnéticas, sensores infravermelhos e catracas

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‘Cidades Sustentáveis’ é o tema do evento que aborda a questão do desenvolvimento territorial no meio urbano

Agentes locais, gestores de polí-ticas públicas e especialistas brasi-leiros e estrangeiros em Desenvol-vimento Local reuniram-se em São Paulo, entre os dias 25 e 27 de no-vembro, para debater avanços, re-trocessos e novos desafi os da área no Brasil e no exterior. A 8ª Expo

Empreender Informe do Sebrae Dezembro

Brasil Desenvolvimento Local con-tou com cerca de 3 mil pessoas e 50 sessões entre palestras, painéis temáticos, ofi cinas e minicursos, bem como uma ampla feira de pro-jetos, produtos e serviços associa-dos ao desenvolvimento local.

A opção pela realização da edi-

São Paulo sedia 8ª Expo Brasil Desenvolvimento Local

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ção de 2009 em São Paulo se deve à ênfase dada à questão do desen-volvimento territorial no meio ur-bano, tendo ‘Cidades Sustentáveis’ como tema de destaque. A Confe-rência Magna ‘Mudança de rumos: um novo padrão civilizatório’ foi proferida na tarde do dia 25 pelo economista franco-polonês Ignacy Sachs, pioneiro da ecossocioeco-nomia e diretor do Centro de Pes-quisas do Brasil Contemporâneo na Escola de Altos Estudos de Ciências Sociais (Paris).

Outro assunto em evidência este ano foi a ‘Construção de novos ru-mos face à atual crise sistêmica no padrão de desenvolvimento’, arti-culando as dimensões econômica, política, cultural e ambiental. In-clusão socioprodutiva, governança democrática em bases territoriais e compromisso ambiental, ten-do cultura e comunicação como dimensões transversais, perma-

necem como eixos temáticos cen-trais da Expo Brasil. “O evento é, sobretudo, uma oportunidade de aprendizagem compartilhada, tendo como referência o impulso ao de-senvolvimento de base territorial como caminho de superação das desigualdades”, explica o sociólo-go e coordenador do encontro Caio Silveira. As iniciativas locais foram apresentadas por gestores de proje-tos e lideranças comunitárias, abran-gendo diferentes referências quanto ao desenvolvimento local em micro e mesorre giões, bacias hidrográfi cas, pequenos e médios municípios, gran-des cidades e áreas metropolitanas.

As sete primeiras edições da Expo Brasil Desenvolvimento Local, realizadas em 2002 (Brasília), 2003 (Belo Horizonte), 2004 (Olinda/PE), 2005 (Fortaleza), 2006 (Salvador), 2007 (Natal) e 2008 (Cuiabá), reu-niram 700 diferentes instituições e redes envolvidas com o tema desen-

Dezembro Informe do Sebrae Empreender

cidades sustentáveis

Edição de 2009 foi em São Paulo devido à ênfase dada à questão do desenvolvimento territorial no meio urbano

Serviço:8ª Expo BrasilDesenvolvimento Local De 25 a 27 de novembro de 2009 Palácio das Convenções do Anhembi (SP) Outras informações no site www.expobrasil.org.br Sebrae/SP: (11) 3177-4500

volvimento territorial e mais de 2 mil pessoas em cada edição.

Entre os parceiros desta edição estão o Sebrae, a Petrobras, o Cen-tro de Estudos e Pesquisas de Ad-ministração Municipal do governo do Estado de São Paulo (Cepam) e o Banco do Nordeste, além de diversos ministérios, prefeituras, entidades da sociedade civil, fun-dações e universidades.

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Faturamento bilionário

Acessórios exclusivos

Cargas fracionadas

A JadLog, rede de transporte de cargas expressas fracionadas, preten-de ampliar o número de unidades fraqueadas. A marca espera fechar 2009 com 410 unidades e com fatura-mento de R$ 105 milhões, um valor que corresponde a um incremento de 80% com relação ao ano passado. Para 2010, a JadLog quer superar a marca de 500 unidades e registrar um faturamento médio de R$ 156 milhões. www.jadlog.com.br

A Carol Gregori, rede especializada em acessórios femininos, abriu sua quarta unidade. A loja fica em Santo André (SP). Está prevista a abertura da quinta unida-de em março de 2010 em São Caetano. A estratégia da marca é ampliar sua atuação

no Estado de São Paulo e em grandes ca-pitais. A taxa inicial de franquia é de R$ 18 mil mais R$ 8 mil de capital de giro. Todas as peças da Carol Gregori são exclusivas e são desenvolvidas no ateliê em Moema. www.carolgregori.com.br

A Wizard Idiomas cresceu 24% em 2009 e atingiu R$ 1,1 bilhão de faturamento global. Em número de alunos, a rede chegou à mar-ca de 500 mil. A rede ampliou também a sua

participação no cenário internacional. Abriu cinco unidades no México, uma na Colômbia e nove unidades devem ser abertas na Chi-na. Para 2010, a Wizard pretende ampliar sua

participação no continente americano e tem como mercado-alvo os países de El Salvador, Guatemala, Honduras e Panamá. www.wizard.com.br

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PA- PROJETO ARQUITETÔNICO, PM- PROJETO MERCADOLÓGICO, MP- MATERIAL PROMOCIONAL, PP- PROPAGANDA E PUBLICIDADE, PO- PROJETO DE OPERAÇÃO, OM- ORIENTAÇÃO SOBRE MÉTODOS DE TRABALHO, TR- TREINAMENTO, PF- PROJETO FINANCEIRO, FI- FINANCIAMENTO, EI- ESCOLHA DE EQUIPAMENTOS E INSTALAÇÕES, PN- PROJETO ORGANIZACIONAL DA NOVA UNIDADE, SP- SOLUÇÃO DE PONTO

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P R O D U T O S E S E R V I Ç O STapete para umidade

O tapete 3M para áreas úmidas é um produto higiênico e seguro, ideal para uso em cozinhas indus-triais, supermercados, banheiros e ao redor de piscinas. O produto é formado por filamentos de vinil trançado ZWeb (vazado) que permi-te o escoamento de água, não pro-paga chamas e é resistente a fungos, óleos, gorduras e mofo. Pode ser usado em temperaturas que variam de -29˚ a 60˚C. www.3m.com.br

Sempre on-lineA BenQ apresenta o Joybook Lite U102, net-

book com processador Intel Atom e com disco rígido de 160 GB. O equipamento pesa um quilo, tem retro-iluminação Led, tela de dez polegadas, três portas USB 2.0 e webcam integrada de 1.3 me-gapixels. O Joybook foi desenvolvido sob o con-ceito de estar sempre conectado e por isso utiliza o Wi Fi 802.11b/g para acesso a banda larga em qualquer lugar. O netbook é distribuído pela All Nations, Mazer, Aldo e Houter, e o preço sugeri-do é de R$ 1.199. www.benqbrasil.com.br

Parede interativaA Festo lança parede interativa que

pode ser programada para se mover de forma regular, como uma onda, ou se relacionando com o ambiente atra-vés das vibrações das pessoas que se aproximam do objeto. A parede tem mais de 5 metros de altura, cerca de 50 centímetros de espessura e é compos-ta por sete módulos independentes. A inovação faz parte do Bionic Learning Network, um núcleo de pesquisas da Festo que, em conjunto com universi-dades e com a Didactic, braço educacio-nal da empresa, aplica o conhecimento da engenharia em diversos projetos de robótica. www.festo.com

Personalização e economia

A Dell lança o desktop OptiPlex 780, modelo da linha OptiPlex com memória DDR3 1066 MHz. O equipa-mento tem baixo consumo de energia e oferece várias opções de configura-ção, proporcionando aos clientes a criação de uma solução personaliza-da ao seu próprio negócio, incluindo necessidades de segurança e produ-tividade. O computador emprega ainda a tecnologia Intel vPro™, que contribui para reduzir os custos de gerenciamento de TI. O OptiPlex 780 está disponível a partir de R$ 3.043. www.dell.com.br

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O segredo das boas vendas

Fundador das editoras Makron Books e M.Books, Milton Assumpção é considera-do um especialista em marketing editorial. Em 30 anos de carreira, já editou mais de 2 mil títu-los de autores nacionais e estrangeiros e é o respon-sável pelo lançamento de best-sellers como Marke-ting de guerra, de Al Ries. Reconhecendo os livros como produtos singulares – ainda mais em um país de poucos leitores –, o executivo consagrou-se ao adaptar as principais fer-ramentas de marketing ao mercado editorial.

Em O vendedor de li-

vros, Milton Assumpção revela os insights, as estratégias e, principalmente, os resul-tados por trás dos cases que marcaram sua

carreira e que servem de inspiração para exe-cutivos de todas as áre-as. Entre outros casos, conta como foi pioneiro em lançar livros técni-cos que aproveitaram a revolução do computa-dor pessoal no Brasil, além de relatar a razão do sucesso de projetos desafiadores, como uma obra em homenagem aos 450 anos da cidade de São Paulo e uma bio-grafia de Pelé.

O vendedor de livrosMilton AssumpçãoEditora M.Books – R$ 49

Um dos mais conceituados editores brasileiros conta sua experiência, uma inspiração para executivos de todas as áreas “Se você é pequeno, invista em projetos

comunitários. Desse modo, sua pequena contribuição vai se tornar importante para essa comunidade. Ou seja, invista diversificadamente em meio ambiente e em responsabilidade social, de acordo com seu potencial de contribuição, e divulgue as ações. Não tenha receio de divulgá-las. E faça que seus funcionários participem. Eles se sentirão muito orgulhosos de trabalhar na empresa.”

“Agir é transformar o pensar estratégico em uma ação efetiva, prática. Não adianta ter conhecimentos, pensar estrategicamente e ficar só no planejamento. Em um sistema de competição, vão estar à frente os profissionais que captarem primeiro as informações úteis e transformarem em ações práticas e produtivas para si e suas empresas.”

Como se tornar um campeão de vendasAllan Pease – Editora Sextante R$ 19,90

O livro destaca a impor-tância de investir numa ten-dência que vem crescendo em todo o mundo: o marke-ting de rede, o sistema de vendas diretas realizado por distribuidores independen-tes. Além disso, Allan Pease – coautor do best-seller Desvendando os segredos da lingua-gem corporal – oferece dicas para o vendedor causar boa im-pressão, melhorar a apresentação dos produtos e interpretar os sinais dos interlocutores.

Venda, venda, vendaCiro BottiniEditora Thomas Nelson Brasil R$ 29,90

O comunicador Ciro Bot-tini ganhou fama nacional como um dos maiores ven-dedores de produtos pela televisão. Em Venda, venda, venda ele relata sua traje-tória – desde o início como office-boy – e mostra como é possível criar uma marca pes-soal e prosperar no concorrido mercado de vendas. Defendendo a tese de que “você é o seu melhor produto”, Bottini oferece ainda 13 dicas práticas para fechar uma venda com sucesso.

L E I T U R A

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cala que se refere ao modo que as pessoas decidem. E traremos mais algumas informa-ções sobre os tipos e como interferem nas decisões dos Clientes.

É significativo ressaltar que a tipologia não deve ser usada para rotular ou criar estereótipos (“Ih! Já vem o extrovertido fa-lante.” “Ah! Olha o mudinho introvertido.”). Bem como não deve ser usado como um instrumento que divida as pessoas, mas como uma ajuda para compreendermos as variações individuais. Bom trabalho! Bus-que a força que reside nas diferenças.

D I N Â M I C A E M P R E E N D E D O R A

dá signifi cado às suas percepções com tama-nha rapidez que, muitas vezes, não consegue separar suas interpretações conscientes dos dados sensoriais brutos obtidos.

O tipo Intuitivo pode se tornar impor-tante para formular a estratégia e o planeja-mento empresarial. Analisar cenários futuros e tendências emergentes. O tipo Sensação pode contribuir oferecendo a contrapartida da realidade atual e dos resultados pragmá-ticos que devem ser alcançados. E também lidam melhor com todos os tipos de crises e emergências. Numa analogia, o primeiro tem capacidade de ver a fl oresta e o segundo de ver as árvores. Isto inclusive podendo gerar confl itos se não desenvolverem a capacidade de integrar estas duas perspectivas: o todo na parte e a parte no todo.

A abordagem dos tipos tem relevância no manejo de confl itos dentro do ambiente or-ganizacional, mas podem se estender para as relações com os Clientes. Consumidores Sen-sitivos enxergam o objeto na hora de comprar e tendem a lidar efi cientemente com os as-pectos negativos. Os consumidores Intuitivos interpretam o objeto, processam informações em termos de experiência passada, objetivos futuros e processos inconscientes. Por exem-plo: um cliente intuitivo tende a não se apegar aos detalhes, ele está interessado num concei-to global. Um vendedor que sabe disso pode mudar a abordagem da venda.

A identifi cação do perfi l dos clientes ain-da ajuda no momento direto das vendas: um intuitivo, mais atento ao “todo” do que a cada parte, tende a se comportar na compra de um carro como alguém que não quer ouvir sobre o motor ou o consumo de combustível, mas, sim, sobre um conceito global. Se o vendedor souber disso antes, ou conseguir identifi car no contato inicial, poderá mudar a forma de abordagem e fazer com que aumentem as chances do negócio.

Refl ita como é importante que os vendedo-res também conheçam suas preferências tempe-ramentais. Um cliente preocupado com a situa-ção concreta do aqui e agora pode pensar que o vendedor está divagando ao falar do genérico.

No próximo artigo abordaremos a es-

Nos dois artigos anteriores exploramos aspectos da psicodinâmica em negócios a partir da abordagem dos tipos psicológicos junguianos. Vimos uma explicação sobre as escalas e aprofundamos a polaridade Extro-versão-Introversão. Neste artigo veremos as-pectos referentes à Sensação-Intuição que é a função psíquica que corresponde à forma como as pessoas apreendem a informação, no que elas prestam atenção.

Segundo Jung, a Sensação (S-sensing) diz respeito a perceber a realidade (interna e exter-na) de forma sensorial, por meio dos sentidos. É a experiência concreta e tem sempre priorida-de sobre a discussão ou a análise da experiên-cia. A Intuição (N-intuition) capta a realidade de um modo global. As implicações da experiência (o que poderia acontecer, o que é possível) são mais importantes do que a experiência real por si mesma. Jung considerou-as como funções “não-racionais”, na medida em que dão origem ao conhecimento que não pode ser reduzido a qualquer outro modo de compreensão.

As pessoas com preferência pela Intuição ocupam-se mais com abstrações, associações, teorias e possibilidades que não dependem diretamente dos sentidos. Elas dão direção em suas vidas através da imaginação e insights intuitivos. Em contrapartida, para quem tem predominância da função Sensação percebe-se a valorização da praticidade, da experiência atual. Ainda demonstram observação aguçada, memória para fatos e detalhes e capacidade de ver o mundo como ele é.

O tipo Sensação prefere atividades onde possa aplicar soluções já conhecidas, trabalhar com coisas e situações concretas, lidar com o aqui e agora e usar modelos já testados. Sua confi ança é baseada na experiência, preferin-do iniciar pelo que é conhecido e real e avan-çar passo a passo, testando cada nova etapa de acordo com sua relevância na prática. O tipo Intuição tem capacidade para ver possibilida-des futuras, relações teóricas, abstratas e sim-bólicas. Sua atitude demonstra confi ança na inspiração, interesse nas novas experiências e relações criativas. Ele se estimula mais pelo desafi o intelectual do que pelos eventos do cotidiano. Um indivíduo fortemente intuitivo

A força das diferenças

por Luiz Fernando GarciaConsultor especialista em manejo

comportamental e empreendedorismoem negócios. Fone: (48) 3334-5585

www.rendercapacitacao.com.br

A identificação do perfil dos clientes ajuda no momento

direto das vendas. Se o vendedor conseguir identificar no contato

inicial, poderá mudar a forma de abordagem e fazer com que

aumentem as chances do negócio

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De 19 a 21/01/2010 34ª FIT 0/16 – Feira Internacional do Setor Infanto-Juvenil Expo Center Norte – São Paulo – SP www.fit016.com.br

A FIT é a maior feira têxtil do setor infan-to-juvenil e bebê da América Latina. Nesta edi-ção, mais de 320 marcas apresentam as ten-dências para o outono/inverno de 2010. São esperados mais de 12 mil visitantes.

De 2 a 5/03/2010 5ª F+M+U – Feira e Congresso de Ferramentaria, Modelação e Usinagem do Brasil Complexo da Expoville – Joinville – SC www.eurofeiras.com.br

A feira reúne mais de 180 expositores, entre fabricantes de máquinas, equipamentos industriais, modelação e usinagem. São espe-rados mais de 23 mil visitantes.

De 9 a 12/03/2010 5ª Kitchen e Bath Expo – Feira Internacional de Produtos e Acessórios para Cozinha e BanheiroTransamérica Expo Center – São Paulo – SP www.kitchenbathexpo.com.br

A Kitchen e Bath Expo apresenta as últi-mas tendências em produtos, ideias, soluções e serviços em cozinhas e banheiros. O even-to reúne designers, arquitetos, decoradores, engenheiros, consultores e lojistas. Durante a feira é realizado o Fórum Internacional de Arquitetura e Construção. São esperados mais de 17 mil visitantes de mais de 40 países.

De 6 a 9/04/2010 5ª PlastShow Expo Center Norte – São Paulo – SP www.arandanet.com.br

Fabricantes e distribuidores de resinas e formulações plásticas apresentam soluções tecnológicas para o setor. A PlastShow fi ca aberta das 12h às 20h e a entrada é franca.

De 13 a 16/04/2010 4ª Feeai – Feira Eletroeletrônica + Automação IndustrialComplexo da Expoville – Joinville – SC www.eurofeiras.com.br

A feira traz novidades em produtos e servi-ços do setor pneumático, hidráulico, de infra-estrutura e automação industrial, e reúne en-genheiros, fornecedores e desenvolvedores de softwares. Durante o evento é realizado o quarto seminário de automação, instrumenta-ção e sistemas.

De 13 a 16/04/2010 FIQ 2010 – Feira Internacionalda Qualidade em Máquinas, Matérias-Primas e Acessórios para a Indústria MoveleiraExpoara Centro de Evento – Arapongas – PR www.fiq.com.br

A FIQ é considerada uma das principais feiras do setor moveleiro do País. O evento reúne mais de 180 fabricantes de máquinas, matérias-primas, acessórios, componentes, empresas de logísticas e de softwares para o setor. Durante o evento são realizados a quar-ta edição do Projeto de Inovação da Indústria Moveleira e o Congresso Moveleiro. São espe-rados mais de 25 mil visitantes.

De 16 a 17/04/2010 33ª Aviestur – Feira de Turismo da Associação das Agências de Viagens Independentes do Interiordo Estado de São Paulo (Aviesp) Campos do Jordão Convention Center Campos do Jordão – SP www.aviesp.org.br

Pela primeira vez, Campos do Jordão é sede da 33ª Feira de Turismo da Associação das Agências de Viagens Independentes do Interior do Estado de São Paulo (Aviesp). O município é a sexta cidade paulista a receber a feira desde que ela foi criada, em 1989. A Aviestur é voltada para agentes de viagens e profi ssionais ligados à área de turismo.

Até 15/12/2009 Trainee Yamana 2010 www.yamana.com.br

A Yamana, empresa produtora de ouro com sede no Canadá, abriu inscrições para o programa de trainees. Os interessados devem ter concluído a graduação entre dezembro de 2007 e dezembro de 2009 em engenharia, geo-logia ou administração. Também é preciso ter inglês fl uente e é desejável ter conhecimentos em espanhol. Os selecionados poderão traba-lhar no escritório central da empresa, em São Paulo, ou em uma das três minas da Yamana no Brasil, localizadas na Bahia e em Goiás.

Dezembro 2009 Trainee Makro 2010 www.makro.com.br

A rede atacadista Makro está com as ins-crições abertas para o programa de trainees. Podem participar do processo universitários recém-formados dos cursos de exatas e huma-nas. É preciso ter inglês fl uente, conhecimen-tos avançados de um terceiro idioma e domí-nio de informática. Serão realizadas provas de inglês, raciocínio lógico, conhecimentos gerais, espanhol e português. O programa de trainee terá duração de 18 meses.

De 20 a 21/01/2010 Première Vision Brasil – Primeiro Salão Latino-Americano de Tecidos de Vestuário Transamérica Expo CenterSão Paulo – SP www.premierevisionbrasil.com.br

O Primeiro Salão Latino-Americano de Tecidos de Vestuário do Brasil segue os padrões do Première Vision fran-cês, considerado o maior evento do segmento têxtil realizado em Paris. Na edição latino-americana são apresenta-dos tecidos nobres e tecnológicos e as tendências para o verão 2010/2011.

Para mais informações sobre feiras e outros eventos comerciais, acesse a seção Agenda do site Empreendedor: www.empreendedor.com.br

A G E N D A

TECIDOS E TENDÊNCIAS

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de 4% do PIB e cumprindo a meta fi scal, mas olhando para 2010 temos uma meta de 3,3%, e mesmo retirando o plano piloto de inves-timentos, difi cilmente cumpriremos a meta – as projeções do mercado hoje estão mais para 1,5% do PIB. E até o mês de novembro o governo tinha uma queda leve na arrecadação acumulada, enquanto as despesas com gastos subiram mais de 12%.

O governo deve administrar seus gastos como uma dona de casa: só se pode gastar o que se tem em caixa. Caso ocorra o descon-trole dos mesmos, a dona de casa certamen-te entrará no cheque especial, aumentando assim sua dívida. Infelizmente, o fato de termos eleições diretas para presidente no ano que vem deve eliminar qualquer possi-bilidade de medidas de contenção de despe-sas, com o objetivo de melhorar os números fi scais. Se o governo utilizar os gastos como objetivo de alavancar sua candidata, teremos uma enorme probabilidade de elevação dos juros, e perderemos a oportunidade de fi nal-mente alcançar indicadores econômicos de primeiro mundo no médio prazo.

to; cortes de impostos no setor produtivo fo-ram fundamentais para trazer a economia do País de volta aos trilhos.

O que os economistas e analistas questio-nam é o erro do governo em não retirar os incentivos no momento certo. Sabemos que, para o desenvolvimento de uma economia, o investimento privado é fundamental, dado que nenhuma economia sobrevive somente com o dinheiro público, vide experiências como Cuba e Venezuela.

Olhando os números com mais atenção e mesmo excluindo os anos de 2008 e 2009 (por estarem no período da crise) vemos uma rápida deterioração do lado fi scal, com au-mento de gastos permanentes e diminuição

da arrecadação; e se não fossem os juros no menor patamar da história recente do Brasil, já estaríamos com défi cit nominal insustentável. Iniciamos o ano de 2009 com a dívida pública equivalente a 38,8% do PIB, e hoje já estamos próximos dos 45%. Tanto em 2007 quanto em 2008 tivemos um superávit primário perto

A N Á L I S E E C O N Ô M I C A

As preocupações com os gastos do gover-no começam a aparecer nas manchetes e nas análises dos principais economistas do País, e realmente merecem ser aprofundadas. No início do segundo semestre de 2008 o mundo foi atingido por uma crise sem precedentes, cujo epicentro foi nos Estados Unidos, decor-rente da alavancagem do setor imobiliário. A crise foi de tal intensidade que estrangulou o crédito para todas as economias do mundo, inclusive do Brasil, que possuía uma situação econômica confortável – vide infl ação dentro da meta, reservas internacionais num volume recorde, números fi scais e de contas externas muito bons e com um crescimento sustenta-do do PIB na ordem de 4,5%.

Naquele momento o governo tomou uma atitude muito coerente, efetuando uma me-dida anticíclica nos seus gastos, substituindo desta forma o crédito privado, que desapare-ceu momentaneamente. Apesar de ter sido criticado, é por causa desta medida que a eco-nomia brasileira em 2009 terá um crescimen-

Atenção aos gastos públicos

Se o governo utilizar os gastos para alavancar sua candidata, teremos uma enorme probabilidade de

elevação dos juros, e perderemos a oportunidade de alcançar indicadores econômicos de primeiro mundo

Há uma rápida deterioração do lado fiscal, com aumento de gastos permanentes e diminuição da arrecadação, o que poderia gerar um déficit nominal insustentável

por Paulo Fernando PetrassiSócio-gestor da Leme Investimentos

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Carteira Teórica Ibovespa

All Amer Lat UNT N2 1,40 18,9 57,9Ambev PN 1,07 4,6 70,1B2W Varejo ON 0,57 -6,8 101,1BMF Bovespa ON 3,97 4,2 102,7Bradesco PN 3,85 2,1 58,1Bradespar PN 1,22 6,6 107,5Brasil Telec ON 0,09 10,1 -48,4Brasil Telec PN 0,67 18,1 29,8Brasil ON 2,20 9,1 122,5Braskem PNA 0,42 0 110,8BRF Foods ON 1,88 -5,4 35,8CCR Rodovias ON 0,60 3,4 60,5Celesc PNB 0,09 -0,3 8,2Cemig PN 1,55 5,4 20,6Cesp PNB 0,73 4,4 43,9Comgas PNA 0,08 -2,1 4,7Copel PNB 0,66 12,4 49,1Cosan ON 0,46 9,7 81CPFL Energia ON 0,45 6,6 16,2Cyrela Realty ON 1,22 8,2 168,3Duratex ON 0,45 14,5 269,8Eletrobrás ON 0,83 10,8 12,4Eletrobrás PNB 0,80 9,5 8,3Eletropaulo PNB 0,63 10,8 71,4Embraer ON 0,54 -2,3 -0,9Fibria ON 1,61 12,1 -Gafi sa ON 1,04 8,9 174,2Gerdau Met PN 0,95 4,9 67,8Gerdau PN 3,96 7,9 89Gol PN 0,72 23,8 128Ibovespa 100,00 7,8 76,6Itausa PN 2,42 10,2 61,4ItauUnibanco PN 5,62 10,8 60JBS ON 0,66 -2,3 94Klabin S/A PN 0,43 12,8 45,3Light S/A ON 0,28 0,8 24,9Lojas Americ PN 1,00 18,5 120,7Lojas Renner ON 0,91 18 134,4MMX Miner ON 0,87 1,6 324,2Natura ON 0,70 6 86Net PN 0,84 9,1 80,8P. Açúcar-CBD PNA 0,57 2,4 78Petrobras ON 10,57 9,8 139,6Petrobras ON 3,31 8,4 63,2Petrobras PN 15,53 9,9 73,2Redecard ON 1,45 0,2 8,5Rossi Resid ON 0,55 16,2 269,7Sabesp ON 0,33 -2,1 22,3Sid Nacional ON 3,16 3,3 121,9Souza Cruz ON 0,51 2,4 57,9Tam S/A PN 0,65 13,3 49,8Telemar N L PNA 0,31 18,7 27,1Telemar ON 0,31 8,6 31,3Telemar PN 1,03 11,5 39,5Telesp PN 0,18 1,1 4,2Tim Part S/A ON 0,15 13,1 26,7Tim Part S/A PN 0,81 7,2 57,1Tran Paulist PN 0,35 4,1 31Ultrapar PN 0,51 6,5 65,2Usiminas ON 0,65 12,2 93,9Usiminas PNA 2,95 7,4 90,9Vale ON 3,97 8,6 80,3Vale PNA 13,52 7,7 83,2Vivo PN 0,75 14,1 81,1

Infl ação (%)

Índice Outubro Ano

IGP-M 0,05 -1,55IGP-DI -0,04 -1,40IPCA 0,28 3,50IPC - Fipe 0,25 3,16

Juros/Aplicação (%)

Outubro Ano

CDI 0,69 8,07Selic 0,69 8,48Poupança 0,50 5,83Ouro BM&F 3,22 -7,27

Indicadores Imobiliários (%)

Outubro Ano

Juros/Crédito (%)

20/Novembro 19/Novembro

Desconto 1,64 1,64Factoring 3,81 3,81Hot Money 3,18 3,18Giro Pré (taxa mês) N/D 3,80

Câmbio

Mercados Futuros

Cotação

Dólar Comercial Ptax R$ 1,7356 Euro US$ 1,4865 Iene (US$ 1,00) $ 88,9465

Dólar R$ 1.735,13 R$ 1.746,36 R$ 1.756,86Juros DI 8,60% 8,64% 8,66%

Contratos mais líquidos Ibovespa Futuro 66.327

Nome Ação Tipo Ação Participação Bovespa Novembro Variação % Ano

Até 19/11

CUB SP -0,02 4,46TR 0,00 0,66

Dezembro Janeiro Fevereiro

Até 19/11

Até 19/11

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CICLISTA LEGAL É CICLISTA CONSCIENTE.

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USE EQUIPAMENTOSDE SEGURANÇA E ANDESEMPRE NO SENTIDO DO TRÂNSITO.

No trânsito é preciso ter sempre em mente o perigo

que você pode causar aos outros e a si mesmo.

Use capacete, campainha, sinalização noturna,

retrovisor esquerdo e trafegue sempre no sentido

do trânsito. Pedale com consciência.

www.eusoulegalnotransito.com.br

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