ensaio sobre a netnografia

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 Ens a io Sobre a Netnografia Aplicada em Comunidades Soc iais Virtua is  Rosien e Marques Vieira *  Resumo: Discorre sobre as ferramentas metodológicas adotadas para a Análise em Comunidades Virtuais. A Netnografia é apontada como sendo uma subespecialidade da Etnografia, pois esta também é uma ramificação da Antropologia e valida os estudos acerca das informações contidas nesses espaços colaborativos. Apresenta uma revisão de literatura sobre o pesquisador virtual, atuante no ciberespaço que este é holisticamente considerado um lugar antropológico, onde se pode exercer a observação dos atores envolvidos através do compartilhamento de informações. Palavras-chave: Netnografia; Ciberantropologia; Comunidades Virtuais, Técnica do Incidente Crítico . Abstract: Discusses the methodological tools adopted for the analysis in Virtual Communities. The Netnografia is identified as a subspecialty of ethnography, as this is also a branch of anthropology and the study validates the information contained on these collaborative spaces. Presents a review of research literature on the virtual operating in cyberspace as it is holistically considered an anthropological place where you can exercise the observation of stakeholders by sharing information.  Keywords: Netnography; Cyberantropology, Virtual Communities, Critical Incident Technique.  2011 *Graduada em Biblioteconomia  pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL [email protected] [email protected] Twitter: @rosebiblio 

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Ensaio Sobre a Netnografia Aplicada 

em Comunidades Sociais Virtuais  

Rosiene Marques Vieira*  Resumo: Discorre sobre as ferramentas metodológicasadotadas para a Análise em Comunidades Virtuais. ANetnografia é apontada como sendo umasubespecialidade da Etnografia, pois esta também é umaramificação da Antropologia e valida os estudos acercadas informações contidas nesses espaços colaborativos.Apresenta uma revisão de literatura sobre o pesquisadorvirtual, atuante no ciberespaço já que este éholisticamente considerado um lugar antropológico,onde se pode exercer a observação dos atores envolvidosatravés do compartilhamento de informações.

Palavras-chave: Netnografia; Ciberantropologia;Comunidades Virtuais, Técnica do Incidente Crítico.

Abstract: Discusses the methodological tools adopted forthe analysis in Virtual Communities. The Netnografia is

identified as a subspecialty of ethnography, as this isalso a branch of anthropology and the study validatesthe information contained on these collaborative spaces.Presents a review of research literature on the virtualoperating in cyberspace as it is holistically consideredan anthropological place where you can exercise theobservation of stakeholders by sharing information. Keywords: Netnography; Cyberantropology, VirtualCommunities, Critical Incident Technique. 

2011 

*Graduada em Biblioteconomia  pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL [email protected] [email protected] 

Twitter: @rosebiblio 

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CONSIDERAÇÕES INICIAIS

“Não há objeto nobre nem objeto indigno da ciência.”  Franz Uri Boas (1858-1942) 

tilizando-se das palavras de Ortega (2007) A biblioteconomia

apresenta uma longa história de atividades de organização e

conservação de documentos desde o início da escrita até a época

moderna, no século XV, quando recebeu novos insumos em função da

invenção da imprensa por Gutenberg e do Renascimento científico e

cultural.

Nos anos de 1990 ocorre uma mudança de paradigma da

biblioteconomia no que concerne ao objeto “documento” para a

“informação” com as Tecnologias de Informação e comunicação –  TIC.

Portanto nos dias de hoje o bibliotecário é também conhecido como um

Profissional da Informação e conceituado esse termo, Santos (1996)

aponta que são considerados assim todos aqueles que de uma forma ou

de outra

Fazem da informação o seu objeto de trabalho, entre osquais os arquivistas, museólogos, administradores,

analistas de sistemas, comunicadores, documentalistas ebibliotecários, além dos profissionais ligados à informática eas telecomunicações. (SANTOS, 1996, p.5)

Atenta-se para o fato que a Biblioteconomia não é uma ciência

isolada, ela possui conexão com a Ciência da Informação, Psicologia,

Informática, Tecnologia da Informação, entre outras. Com a expansão

das redes sociais, criaram-se vários nichos para a pesquisa mediante a

observação do comportamento dos atores em comunidades virtuais.Com isso mais um campo onde o bibliotecário pode atuar como

pesquisador. Esse nicho é muito interessante para os profissionais que

atua em bibliotecas que adicionam redes sociais em seus sites, como os

blogs por exemplo. “O ciberespaço possibilita o acesso e uso de fontes

de informação, a troca intensa de informação, seja em ambientes da

 web colaborativos síncronos ou assíncronos” (BLATTMANN, 2011,

P.160).

U

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Para tanto o observador virtual se utiliza de metodologias

consolidadas na Antropologia e Etnografia, criado assim o

Ciberantropólogo e o Netnógrafo. No presente artigo dar-se-á ênfase a

Netnografia e como trata-se apenas de um ensaio, discorre somente

sobre a teoria desses estudos. Para adentrar-se na discussão dessas

práticas metodológicas, principalmente da Netnografia é preciso antes

mergulhar ao menos um pouco nas ciências que serve de base para

essas ramificações que são a Antropologia e a Etnografia.

ANTROPOLOGIA E ETNOGRAFIA

É considerado que a Antropologia surgiu no século V a.C. e que o

grego Heródoto de Halicarnasso fora o pai da Antropologia antiga. Outro

antropólogo muito conceituado do século XX e igualmente citado na

literatura da área é o francês Claude Lévi-Strauss. Já o pai da

Antropologia Moderna seria outro francês Franz Boas (1858-1942), um

dos pioneiros na arte de etnografar, Franz Boas foi o professor formador

dos primeiros etnógrafos americanos, que inclusive é citado e

referendado por Lévi-Strauss.Os autores Marconi & Presotto (1985)  empregam a derivação

etimológica da palavra Antropologia (anthropus = homem; logos =

estudo) que vem do grego e significa estudo do homem ou “ciência que

estuda o homem, suas produções e seu comportamento”. A Etnografia

(ethnos = povo; graphein = escrever) também vem do grego e significa o

conjunto dos escritos sobre os povos no tocante as suas culturas, raças,

credos e etc. Na Antropologia a cultura é concebida no seu sentido maisamplo por englobar os modos comuns aprendidos da vida, que são

transmitidos pelos indivíduos e grupos em sociedade. A Antropologia é

a ciência da humanidade e da cultura, pois abrange espacialmente toda

a terra habitada e as sociedades organizadas, segundo Marconi &

Presotto (1985).

O conceito de cultura cunhado por Edward Tylor foi formulado a

partir de duas palavras distintas e de origens diferentes, o vocábuloCulture  (inglês) deriva do termo Kultur  (germânico) que simbolizava os

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O autor descreve ainda que, passando esse tempo de

impregnação é inevitável que o pesquisador se afaste do seu objeto de

estudo, pois é uma prática pertinente da linguagem científica. Portanto

na antropologia todo e qualquer mínimo detalhe deve ser observado,

assim

De um lado, o menor fenômeno deve ser apreendido namultiplicidade de suas dimensões (todo comportamentohumano tem um aspecto econômico, político, psicológicosocial, cultural...). De outro, só adquire significaçãoantropológica sendo relacionado à sociedade como um todona qual se inscreve e dentro da qual se constitui um sistemacomplexo. (LAPLANTINE, 2003, p.156).

APLICAÇÃO DA NETNOGRAFIA

O termo Netnografia foi cunhado na década de 1980 por Robert V.

Kozinets, ressignificando uma abordagem da Etnografia. A idéia de

Netnografia pode ser aplicada nas pesquisas que contemplem os

estudos comportamentais de usuários em ambientes virtuais (PINTO

et.al 2007). Conforme esses autores a Etnografia pode se estender

também aos territórios-rede, pois constitui-se também como

comunidades organizadas virtualmente.

Para tanto é preciso que o Netnógrafo segundo Kozinets atente

para o conceito do que é público e do que é privado, agindo com ética e

sempre informando ao observado que está realizado estudo nos

conteúdos por ele produzidos. E que nesses territórios a comunicação

possui caráter assíncronico onde os participantes se comunicam em

tempos diferentes. Assim como acontece nas interações através de

comentários nos  posts  dos blogs por exemplo. Sobre a ética no

ciberespaço Blattmann (2011) afirma que

Os princípios éticos aplicados na vida social e profissionalvisam ampliar e fortalecer as relações humanas [...] énecessário observar e principalmente manter o cuidado nas

manifestações orais, escritas e também na hipermídia (nohipertexto) (BLATTMANN, 2011, p.160-161).

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O Netnógrafo tem ainda que ser discreto no tocante a privacidade

e a confidencialidade do indivíduo, esses são os pontos éticos da

observação. No que concernem os pontos técnicos é preciso que seja

observada a familiaridade entre os membros das comunidades virtuais,

como é por eles compartilhada a linguagem, as normas e os símbolos

específicos, revelação das identidades e a manutenção dos componentes

e preservação do grupo pelos participantes.

A observação direta e participativa dentro da comunidadepermite ao etnógrafo desenvolver uma percepção acurada eextremamente sensível às variações comportamentais nasrelações entre os membros de comunidades digitais

(LEMOS, 2010, p.227).

Segundo Silva (2004) já que o ciberespaço é frequentado por

 personas, essa análise é voltada para a compreensão das peculiaridades

constituídas no interior dessas comunidades, desses grupos virtuais.

Então essa observação pode ser desenvolvida em dois níveis: o interno e

o externo, logo

O interno considera o Ciberespaço como um "nível" derealidade substancialmente específico e diverso dosrestantes, dentro do qual se desenvolvem fenómenospeculiares, que devem ser abordados com um referencialteórico adequadamente desenvolvido ou adaptado. O externoconsidera-o como mais um aspecto da culturacontemporânea estando nela inserido e confrontando areflexão antro-pológica com o mesmo tipo de problemas.Assim, a abordagem externa efectua a Antropologia do  Ciberespaço considerando-a como mais um aspecto deoutras realidades, enquanto que a abordagem interna tentaestabelecer uma Antropo-logia no  Ciberespaço, umaCiberantropologia . (SILVA, 2004, p.4)

Um ponto mais que positivo para o estudo das comunidades

virtuais é o distanciamento já mencionado aqui segundo Laplantine

(2003), pois além do Netnógrafo se embriagar dos seus objetos de

estudo, mantém naturalmente a distância necessária para uma análise

imparcial desse objeto. Assim o autor acerta que “O olhar distanciado,

exterior, diferente, do estranho, é inclusive a condição que torna

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possível a compreensão das lógicas que escapam aos atores sociais.” As

autoras abaixo trazem essa corroboração para salientar a pertinência

da netnografia como ferramenta metodológica.

[...] ela pode ser utilizada amplamente, em listas dediscussão, chats, mIRC, e nessas redes temáticasespecíficas é possível aplicar análise de discurso nasmensagens trocadas pelos indivíduos. Portanto, é possívelnetnografar com entrevistas mediadas por programasvariados, como o MSN, ou analisar narrativas contidas emblogs. (HERRERA e PASSERINO 2008).

Para destacar o emprego da netnografia nas comunidades

virtuais, Montardo & Passerino (2006) destacam três formas para aaplicação dessa metodologia segundo Kozinets (1997). 1 - Como

ferramenta metodológica para estudar comunidades virtuais puras,

aquelas em que as relações são estabelecidas somente na Comunicação

Mediada por Computador  –  CMC. 2 - Como ferramenta metodológica

para estudar comunidades virtuais derivadas, aquelas que transpõem

às relações no Ciberespaço, ou seja, as relações se estabelecem também

no meio tradicional e real. 3 - Como ferramenta exploratória paradiversos assuntos. Destacam também que para o etnógrafo obter

resultados fenomenológicos que concernem na concepção dos

participantes sobre o mundo, a melhor técnica de observação é a

observação direta, participante e crítica.

Assim, a partir de um determinado entendimento inicial,observamos a netnografia como um dos métodos

qualitativos que amplia o leque epistemológico dos estudosem comunicação e cibercultura. (AMARAL, NATAL & VIANA,2008, p.35)

Nesse paradigma epistemológico surgi não só uma nova área

como um novo pesquisador nesse campo inovador que é a figura do

Netnógrafo como salientam, “O pesquisador quando vestido de

netnográfico, se transforma num experimentador do campo, engajado

na utilização do objeto pesquisado enquanto o pesquisa.” KOZINETS

(2007 apud Amaral, Natal e Viana, 2008, p.36). E essas pesquisas

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netnográficas realizadas em campo virtual, “podem variar ao longo de

um espectro que vai desde ser intensamente participativa até ser

completamente não- obstrutiva e observacional” Kozinets (2007 apud

Amaral, Natal e Viana, 2008, p.37) .

 Já Montardo & Passerino (2006) apontam que segundo Kozinets

(1997) no que concerne a coleta de dados “as notas de campo das

experiências no ciberespaço que devem ser combinadas com os

“artefatos da cultura ou comunidade, como download de arquivos de

postagens de newsgroups [...]. Esses autores dizem ainda que existem a

forma de observação Sistemática (observação por um determinado

período de tempo) e que se divide como, sistemática direta (presencial) e

sistemática indireta (realizada por terceiros).

E existe ainda a Observação Participante, nessa observação o

pesquisador deve permanecer em campo num tempo maior que na

observação sistemática, devido o mesmo ser imparcial para não

prejudicar o resultado final e que o seu instrumento principal de

trabalho é o seu diário de campo, mas deve-se também lançar mão de

outras ferramentas como fotografias, gravações e filmes para completar

as informações.

Para Rousseau (1783 apud Lévi-Strauss, 2007) “quando se quer

estudar os homens, é preciso olhar para perto de si; mas, para estudar

o homem, é preciso aprender a vista para longe; é primeiro observar as

diferenças para descobrir as propriedades.” Como constatado também

por Laplantine. Para a coleta de dados nas comunidades virtuais, copia-

se os dados originados dos diálogos produzidos pelos membros dessa

comunidade que está sendo analisada. Essa coleta feita nessas listas de

discussões é muito genuína, pois a transcrição é feita automaticamente

Pinto et.al (2007).

Esses autores apontam para a diferença existente na coleta de

dados feita na netnografia, enfatizando seus pontos positivos, por

exemplo, na netnografia a comunicação é mediada por computador,

está publicamente disponível, é produzida no formato de texto escrito,

fazendo com que não haja falsas interpretações do pesquisador. Na

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Netnografia também se poderá efetuar o estudo Netnolinguístico dos

blogueiros e twitteiros, no casa da pesquisa ser feita em ambientes

como blogs e microblogs, analisando-se o “internetês”, as gírias da

atualidade, a fluência da comunicação entre os pares e outros aspectos

afins.

De acordo com Laplantine (2003) a linguagem é parte do

patrimônio cultural de uma sociedade, através do estudo da língua

compreendem-se as categorias psicoafetivas e psicossomáticas,

compreendendo assim a etnolinguística. O autor também enfatiza que a

etnolinguística alcança as áreas de comunicação em massa (como é o

caso do ciberespaço) e cultura do audiovisual. (grifo da autora do 

artigo). 

TÉCNICA DO INCIDENTE CRÍTICO

Outro método não muito difundido é a Técnica do Incidente

crítico, que de acordo com Flanagan (1973), surgiu a partir de estudos

no Programa de Psicologia da Aviação da Força Aérea dos Estados

Unidos na II Grande Guerra como procedimento para a seleção e

classificação de tripulações. O Incidente crítico é uma técnica que

Consiste em um conjunto de procedimentos para a coleta deobservações diretas do comportamento humano, de modo afacilitar sua utilização potencial na solução de problemaspráticos e no desenvolvimento de amplos princípiospsicológicos, delineando também procedimentos para a

coleta de incidentes observados que apresentem significadosespeciais e para o encontro de critérios sistematicamente

definidos. (FLANAGAN, p. 99) 

Para o autor é bastante claro que essa técnica é um procedimento

essencial para reunir fatos específicos relacionados com o

comportamento humano em situações definidas. Enfatiza ainda que a

técnica do Incidente crítico é constituída de normas flexíveis para a

coleta de dados. “[...] o pesquisador é responsável pelo comportamento

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não somente das limitações, mas, também, do grau de credibilidade e

valor dos resultados finais obtidos” (FLANAGAN, 1973, p. 136).

A técnica do Incidente Crítico não é por si só, a solução para os

problemas detectados nos campos de pesquisa, mas é extremamente

eficaz para se estabelecer padrões, nas determinações de exigências, ou

avaliação de resultados, ou seja, “a técnica do incidente crítico, ao invés

de coletar opiniões, “palpites” e estimativas, obtém o registro de

comportamentos específicos para fazer observações e avaliações

necessárias” (FLANAGAN, 1973, p. 136).

Na conclusão do seu artigo o autor encerra com a seguinte fala:

“Espera-se que a técnica do incidente crítico e desenvolvimentos

relacionados forneçam fundamento estável para procedimentos em

muitas áreas da psicologia”. 37 anos depois adota-se a Técnica do

Incidente crítico nas mais diversas áreas e estudos distintos, como por

exemplo nas análises de comunidades sociais virtuais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A Netnografia assim como a Ciberantropologia se faz necessáriasimplesmente pelo fato de que trançando-se uma analogia, a web

configura o mundo por meio de comunidades sociais virtuais de um

modo em geral.

Os espaços antropológicos são mundos de significações enão categorias reificadas partilhando entre si objetoscorporais: um fenômeno qualquer pode se desenvolver emvários espaços ao mesmo tempo (LÉVY, 1994, p.129-130).

A análise netnográfica é primordial no ciberespaço, pela riqueza da

miscigenação encontrada nas várias formas de representação da

cultura, do pluralismo de crenças e etc. “[...] os conhecimentos vivos, os

savoir  –  faire e competências dos seres humanos estão prestes a ser

reconhecidos como fonte de todas as riquezas” (LÉVY, 1998, p.25).

Sabe-se que a pertinência de estudos pautados em análises

netnográficas se fortalece pelas relações extra-virtuais, pois através das

relações online criam-se laços também nas relações presenciais. Mas

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tem-se sentido fortemente que as comunidades virtuais possibilitam

laços sem fronteiras, que só são possíveis nesse meio digital.

Não obstante, o Ciberespaço reúne pessoas de várias partesdo mundo, que nunca se encontrariam a não ser nestelugar. Esse facto, por si só, é suficiente para alterar muitasdas acções territoriais os ciberespaços são excelentes pontosde encontro para os cidadãos se encontrarem, para debaterassuntos de interesse público, para criar negócios, parapartilhar informações. Tudo se resume a um processo decomunicação que vai desencadear acções. (RODRIGUES,2010).

Portanto, as redes sociais sejam elas virtuais ou não são

comunidades onde a “inteligência e o savoir-faire humanos sempre

estiveram no centro do funcionamento social” (LÉVY, 1998, p.24). A

diferença é que nos tempos atuais, esse know holl  encontra respaldo

nas Tecnologias da Informação e comunicação – TIC.

O crescimento dessa imensa teia de redes sociais é contínuo, logo

os estudos que abordam as ferramentas de análise netnográfica

também tende a evoluir. O método de investigação seja netnográfica ou

ciberantropológica se faz necessária em redes sociais, pois estasvalidam os estudos acerca das informações contidas nos diversos meios

de comunicação online.

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