ensino e aprendizagem de leitura · 6 linguagem com o autor do mesmo transformando a escrita em...
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ENSINO E APRENDIZAGEM DE LEITURA – DO CONHECIMENTO PARA A
COMPREENSÃO INTERATIVA DO LEITOR
Rosmari Gnoatto Dal Molin¹
Ari José de Souza²
Resumo
Este trabalho apresenta a produção pedagógica realizada na Escola Estadual Irmão
Isidoro Dumont de Itapejara D’Oeste-PR. Sintetiza o trabalho de pesquisa acerca do
Plano Integrado de Formação Continuada (PDE 2010). O estudo promoveu
reflexões sobre o Ensino e Aprendizagem de Leitura, para tanto, analisamos a
fábula: “Alice no País das Maravilhas”, (Lewis Carroll). A discussão, inicialmente,
envolveu educadores (GTR) que zelam pela leitura da literatura como ingrediente
essencial ao incentivo à formação do aluno leitor, tendo como principal teoria os
estudos de Ângela Kleiman, (2008), Jean Foucambert, (1994), e Isabel Solé, (2008).
Em seguida, realizamos leitura crítica de outras fábulas e, por meio de
interpretações, reflexões e debates, planejamos as histórias e elaboramos a
produção de fábulas em quadrinhos. O estudo foi realizado com os alunos da sexta
série “C” dessa Escola. Por fim, os fabulistas promoveram momentos de
socialização na escola com a noite cultural; realizaram a feira de livros composta de
oficinas literárias criativas voltadas para o fomento e incentivo a leitura. As famílias
marcaram presença na escola nessa noite.
PALAVRAS CHAVES: leitura, fábulas, ensino da literatura
________________ 1- Professora da Rede Estadual do Paraná, participante do Programa de Desenvolvimento Educacional (PDE) 2010
2- Professor Orientador, Mestre em Língua Portuguesa - UNICENTRO
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1 INTRODUÇÀO
O objetivo deste estudo é de tornar público o resultado de um trabalho de
pesquisa realizado acerca do Plano Integrado de Formação Continuada (PDE-
2010). Este texto busca realizar uma reflexão, a fim de sintetizar e analisar a
produção pedagógica de intervenção na Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont de
Itapejara D’Oeste-PR.
O estudo foi realizado ao longo de dois anos de formação continuada da
professora pesquisadora, e a realização e aplicação da intervenção na escola
promoveram e incentivaram discussão entre os educandos envolvidos no presente
estudo. A pesquisa foi realizada com uma prática inovadora capaz de satisfazer as
necessidades dos jovens e adolescentes que buscavam ampliar seus
conhecimentos no contexto educacional e social.
A nossa prática buscou oportunizar aos alunos um contato com o texto
narrativo, mais especificamente com o gênero fábula proporcionando aos alunos um
ambiente agradável e criativo no fascinante mundo da leitura das fábulas, e, desse
modo, lançamos um olhar diferente sobre as características desse gênero. Por meio
de suas leituras, mergulhamos no conhecimento, com o intuito de compreendê-las e
interpretá-las com maior intensidade.
Este projeto procurou enfocar a importância que a literatura infantil e infanto-
juvenil exerce na vida das crianças, adolescentes e jovens, uma vez que ela é
fundamental para a aquisição do conhecimento, da recreação, da informação e da
interação necessárias ao ato de ler. Percebemos que há a necessidade da aplicação
de atividades coerentes que despertem o prazer de ler, na escola, a fim de que a
leitura se torne uma prática constante na vida dos alunos.
Neste estudo, optamos pelo Gênero Fábulas, por serem textos acessíveis na
escola e pela beleza das narrativas capazes de envolver o leitor. São histórias
curtas, com contribuição dos animais falantes que dialogam ao longo do texto e
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preservam as características das narrativas tradicionais. As fábulas são narrativas
que expressam arte e o poder da palavra, partindo do trabalho artístico com a
linguagem, a interpretação crítica dos textos é capaz de denunciar a miséria e as
desigualdades sociais.
Diante disso, não podemos deixar de comentar a importância do
envolvimento dos alunos com narrativas, com as aventuras dos personagens da
literatura infanto-juvenil, mergulhando no mundo da fantasia, proporcionando
reflexão e identificação. Com a literatura, o indivíduo é capaz de revelar ideologias
não retratadas pela classe dominante. Por isso, escolhemos como pr incipal obra
para este estudo, a história de “Alice no País das Maravilhas”, entre outras leituras
de fábulas encantadoras as quais irão divertir e envolver os leitores.
Entendemos que ler implica ter competências para interagir com o texto,
com o autor, ir além do escrito, buscar conhecimento de mundo textual, aceitar o
desafio do texto.
Sabe-se que os alunos enfrentam inúmeras dificuldades em relação à
leitura; talvez isso ocorra devido à rapidez com que as informações circulam, e
essas, geralmente, são associadas à imagem ou à oralidade, o que faz com que o
sujeito não sinta a necessidade de aprofundar naquilo que lhe está sendo
apresentado, causando um distanciamento de leituras da palavra escrita e,
principalmente, do texto literário. Por isso, entendemos que a leitura precisa ser
trabalhada de forma a desenvolver no aluno a capacidade de ler o mundo,
contribuindo com seu crescimento individual e social, pois é por ela que acontece a
transformação e a humanização do homem e da sociedade.
Como docente da Escola Estadual Irmão Isidoro Dumont – Ensino
Fundamental, pretendemos, com o desenvolvimento deste projeto, despertar nos
alunos da sexta série “C”, um maior envolvimento com o texto literário,
oportunizando a eles, o contato com a leitura da literatura, com o objetivo de
despertar o interesse e o prazer pela leitura.
Portanto, seria necessária uma reflexão acerca da leitura literária no
contexto da sala de aula. Porque ela nos fornece instrumentos abrangentes para ir
além da simples leitura. Enfim, alguns questionamentos poderiam nortear o nosso
estudo, quais sejam: O que nós entendemos por leitura? Quais são as maiores
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dificuldades que os alunos enfrentam em relação a ela? De que maneira o trabalho
com fábulas pode contribuir com ensino da leitura? Como a escola pode desenvolver
esse trabalho junto a seus alunos?
Diante disso, entendemos que a nossa responsabilidade é grande.
Poderíamos envolver toda a comunidade escolar num processo coletivo em que os
pais também pudessem encontrar caminhos para transformar o ato de ler e de ouvir
uma leitura, numa atividade que enriqueça as crianças, adolescentes e jovens,
gerando descobertas e questionamentos, oportunizando maior apropriação do
conhecimento.
Pretendemos com esse estudo demonstrar à comunidade escolar sua
relevância na contribuição da formação de leitores, já que a escola exerce grande
influência, se não total, na formação do aluno leitor, e o docente, com a sua
experiência e conhecimento, pode contribuir sobremaneira para que isso aconteça.
Este artigo está estruturado da seguinte forma: inicialmente introdução, a
qual expande uma explicação sobre o tema; em seguida, disserta-se sobre a
importância do estudo das fábulas, na sequência, fizemos um levantamento das
principais teorias acerca do assunto fundamentando o estudo; na terceira parte, são
explicitadas as experiências diante da realidade em estudo e demonstradas a
realidade da escola e sua contextualização, bem como a realidade do campo de
pesquisa no qual acontece a proposta de implementação do trabalho na escola.
Finalmente, são apresentados os resultados do estudo, bem como as considerações
finais.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A LEITURA DA LITERATURA
Os livros que têm resistido ao tempo são os que possuem uma essência
de verdade, capaz de satisfazer a inquietação humana por mais que os
séculos passem.
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(Cecília Meireles)
Os povos da antiguidade deixaram-nos uma vasta herança literária
transmitida de memória em memória, de boca em boca. Podemos dizer que as
lendas, os contos, as narrativas, os mitos, as canções e outras expressões
folclóricas são fontes dessa literatura.
[...] quando se pensa nessas monumentais coleções das Mil e uma noites, do Pantchatantra, e muitas outras que salvaram do esquecimento lendas, histórias, fábulas, canções, adivinhações e provérbios. Não se pode deixar de sentir uma profunda admiração por esses narradores anônimos que com a disciplina da sua memória e da sua palavra salvaram do esquecimento uma boa parte da educação da humanidade. (MEIRELES, 1984, p.48).
Para essa autora, “O gosto de contar, é idêntico ao de escrever”, “o gosto de
ouvir, é como o gosto de ler”. Contudo, as leituras realizadas para este estudo,
afirmam que a literatura oral e ou escrita, são fontes saudáveis que alimentam a
imaginação, e, assim, a literatura dos clássicos resistiu aos tempos por séculos e
convive conosco hoje. É preciso considerar que essa literatura das fábulas, são
leituras prazerosas, que envolvem o ser humano, por isso, elas devem ser
constantes na escola.
Uma obra literária é desafiadora, ela produz serenidade diante da vida, ler
implica competências para interagir com o texto, com o autor e ir além do escrito. É o
desafio de ler, pesquisar, provocar curiosidades, criar expectativas nos leitores.
Nesse sentido, afirma Queirós que a literatura é feita de fantasias. O que move a
gente é o desejo. “Só desejamos o que não temos. Eu nunca vou ser inteiro. Vou
sempre buscar outros pedaços, afinal, é na falta que a gente dialoga, é na falta que
a gente encontra, é na falta que a gente ama.” (QUEIRÓS 2000, p.1).
A leitura, de acordo com Molina é a porta que se abre para a descoberta de
novos conhecimentos; é o desejo de decifrar e interpretar o sentido das coisas que
nos cercam, porque ela está presente em nossas vidas desde o momento em que
começamos a compreender o mundo a nossa volta.
No entanto, é uma arte abrangente que faz parte do nosso dia a dia. Lê-se
para ampliar o próprio conhecimento, na busca de informações complexas e
simples, para buscar descontração, envolvimento, prazer e realização. Ler é
interpretar e compreender além do escrito. Ler é interagir com o texto e se enrolar na
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linguagem com o autor do mesmo transformando a escrita em fala. A arte da leitura
permitirá o despertar da inteligência e o livre voo da imaginação e da criatividade.
Segundo o Dicionário Aurélio, o verbete leitura é tomado como o ato ou
efeito de ler, porém também é arte de decifrar um texto. “Nesse sentido, ensinar
leitura e escrita é desenvolver habilidades de ler, compreender, interpretar diferentes
tipos de textos”. (FERREIRA, 1986, p. 1019.)
Assim sendo, entendemos que é papel da escola ensinar o aluno a pensar
criticamente, compreender e dar respostas significativas, a fim de acessar,
selecionar e utilizar essas informações. No atual contexto, não é mais possível
apenas memorizar conteúdos, fórmulas e técnicas; é preciso então, dar sentido ao
que os educandos fazem na escola. É fundamental reconhecer que a literatura
possui um papel a cumprir no âmbito da escola, com o compromisso de
conhecimento que o saber exige.
Na mesma discussão, Kleiman (1989) sugere que o conhecimento de mundo
seja ativado durante a leitura para chegar ao momento da compreensão. O mero
passar de olhos pelo texto não é leitura. Leitura é a busca de lembranças e
conhecimentos para compreensão de textos que indicam pistas e sugerem
caminhos que nos ajudem e ativem o nosso conhecimento prévio necessário e
coerente para o assunto do texto.
A autora ainda acrescenta:
A compreensão de um texto é um processo que se caracteriza pela utilização de conhecimento prévio: o leitor utiliza na leitura o que ele já sabe o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis, como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. E porque o leitor utiliza justamente diversos níveis de conhecimento que interagem entre si, à leitura é considerado um processo interativo. Pode-se dizer com segurança que sem o engajamento do conhecimento prévio do leitor não haverá compreensão. (KLEIMAN, 1989, p. 13).
Nesse sentido, o leitor utiliza na leitura aquilo que ele já sabe, é o que a
autora define como conhecimento prévio, no entanto, a compreensão de um texto é
um processo com engajamento no conhecimento construído com o passar dos
tempos. E, perante a interação dos conhecimentos: textuais, linguísticos e
conhecimento de mundo, o leitor vai construindo o sentido do seu texto. Ele usa
como recurso os diversos níveis do conhecimento adquirido e esses interagem entre
si. É justamente por essa razão que a leitura é caracterizada como processo
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interativo. Caso esse engajamento prévio não aconteça, podemos dizer que não
houve compreensão do texto, conforme explicação da autora.
Nesta reflexão Solé (2010), afirma que “a leitura é um processo de interação
entre o leitor e o texto; nesse processo, tenta-se satisfazer [obter uma informação
pertinente para] os objetivos que guiam uma leitura”. Esclarece que nesse contexto
é preciso envolver a presença de um lei tor ativo que processa a leitura e examina o
texto nas diferentes possibilidades e limitações oferecidas, ressalta que os objetivos
da leitura devem ser considerados quando se trata de ensinar os alunos a ler e
compreender, visto que sempre se lê para atingir algo.
Ler é, sobretudo uma atividade voluntária que dá prazer e bem estar, e,
quando se ensina a ler, deve-se levar isso em conta. Os alunos e os professores
precisam estar motivados a mergulhar no mundo literário para aprender e ensinar a
ler. Essa leitura deverá ter uma finalidade para que ambas possam compreender e
compartilhar.
Ainda com relação as minhas implicações da minha primeira afirmação sobre o que é ler, gostaria de ressaltar o fato de que o leitor constrói o significado do texto. Isto não quer dizer que o texto em si mesmo não tenha sentido ou significado; felizmente para os leitores, essa condição costuma ser respeitada. Estou tentando dizer, explicar que o significado que um escrito tem para o leitor não é uma tradução ou réplica do significado que o autor quis lhe dar, mas uma construção que envolve o texto, os conhecimentos prévios do leitor que o aborda e seus objetivos. (SOLÉ, 2010, P. 22.).
Nesse sentido, a noção de leitura deve ser ampliada independente do
contexto escolar, porque não se faz leitura somente através dos livros. A
transformação da sociedade causa uma transformação cultural paralela que requer
do indivíduo uma compreensão maior do mundo e do meio em que vive, para que
possa construir sua aprendizagem a partir de suas experiências, interesses e
exigências que lhe são apresentadas.
No entanto, para que isso aconteça, o professor pode e deve motivar os
alunos para o encontro com o texto literário, planejando a tarefa e explicando bem
os objetivos da leitura, selecionando com critério os materiais que serão utilizados
no trabalho de acordo com o interesse e realidade da clientela, promovendo
situações que propiciem incentivos ao gosto pela leitura, respeitando os diferentes
ritmos de aprendizagem, a fim de que cada aluno elabore sua interpretação.
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Foucambert (1994, p.05) define a leitura como atribuição voluntária de um
significado, segundo ele:
Ler não é apenas passar os olhos por algo escrito, não é fazer a versão oral de algum escrito. Ler significa ser questionado pelo mundo e por si mesmo, significa que certas respostas podem ser encontradas na escrita, significa ter acesso a essa escrita, significa construir uma resposta que integra parte das novas informações ao que já se é.
É possível observar que há coerência no posicionamento dos autores, no
que se refere à leitura no âmbito das instituições escolares. Para que a leitura
realmente aconteça, o educador no processo de leitura deve propiciar um trabalho
pedagógico criativo, utilizando de inúmeras formas de mediação, estabelecendo
recursos materiais e metodológicos apropriados, de acordo com o contexto social do
educando, proporcionando interação professor/aluno buscando sempre aprimorar
seus conceitos e conhecimentos.
Diante dessas afirmações, é possível perceber que, por meio da prática da
leitura é que se formam leitores competentes e alunos escritores eficientes e
autônomos. Entretanto, é necessário conduzi-los ao conhecimento e à informação.
Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs 1997), um leitor competente
é alguém que por iniciativa própria, é capaz de selecionar dentre os trechos que
circulam aqueles que podem atender a uma necessidade sua e que esse leitor
consiga utilizar estratégias de leitura adequadas para abordá-los de forma a atender
a essa necessidade.
Nesse sentido, a curiosidade fará com que o aluno, cheio de dúvidas, seja
um ser sedento de conhecimento e assim possa conhecer e reconhecer autores e
textos diversos, compreendendo e construindo seus significados.
Solé lembra ainda que a única condição para se conseguir que a atividade
de leitura seja significativa para os alunos é que corresponda a uma finalidade, que
eles compreendam e compartilhem essas leituras, desenvolvendo um processo de
interação entre o leitor e o texto. Assim ela afirma:
Aprender a ler significa aprender a encontrar sentido e interesse na leitura. Significa aprender a se considerar competente para realização de tarefas de leitura e sentir a experiência emocional gratificante da aprendizagem. Significa aprender a ser ativo curioso e a exercer controle sobre a própria aprendizagem. (SOLÉ 2008, p. 172).
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Sendo assim, a leitura deve ter objetivos, propósitos com finalidades claras;
não se faz leitura por leitura. É importante esclarecer que para muitos alunos, a
leitura não faz sentido. Não basta levá-los à biblioteca, “deixar” livre a escolha de
livros, comentarem sobre o que leram, levar livros para casa, debater, continuar a
história, reestruturar textos, para que sejam leitores. É preciso examinar com os
alunos a essência da leitura da literatura e propiciar a intimidade e a familiaridade
deles com a literatura, com o livro, com os textos.
As palavras da autora reforçam a importância do envolvimento dos
professores nesse processo em discussão, os quais deverão articular com muita
criatividade esse encontro do leitor com a leitura. Vale lembrar ainda que a mesma
autora nos chama a atenção para o ensino da leitura na escola, reforçando que não
é exclusivamente de responsabilidade de um professor, mas de toda a comunidade
escolar. Ressalta a questão de serem elaboradas estratégias de leitura no Currículo
Escolar envolvendo todas as matérias escolares.
Aprende-se a “ler o mundo”, como expressão de Freire, e cada educando
dará sentido diferente ao texto e constrói a sua aprendizagem a partir de seus
interesses e exigências que a realidade lhe apresenta. Portanto, a literatura é a
expressão do próprio homem e a leitura é o espaço da criação, da liberdade de
pensar, da criatividade humana.
Nas palavras de Cosson:
Na escola, a leitura literária tem a função de nos ajudar a ler melhor, não apenas porque possibilita a criação do hábito de leitura ou porque seja prazerosa, mas sim, e, sobretudo, porque nos fornece como nenhum outro tipo de leitura faz os instrumentos necessários para conhecer e articular com proficiência o mundo feito linguagem.(COSSON, 2009, p.30).
Portanto, para esse autor, ensinar a ler é dar condições ao aluno de
apropriar-se do conhecimento de construção e produção, porque o desenvolvimento
da leitura e da escrita na sala de aula deve preparar a formação de indivíduos, para
um mundo exigente, estimulando-os ao pleno exercício dos direitos humanos e suas
habilidades.
Nessa discussão, Kleiman (1989) deixa claro que o conhecimento linguístico
e textual se insere no conhecimento prévio, e ambos devem ser utilizados na leitura
que precisa ser dinâmica, leve e que o aluno valorize e desfrute dela e da escrita,
podendo assim perceber que seu aprendizado e domínio fazem parte de sua prática,
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pois o conhecimento de estruturas textuais e de tipos de discursos é o que
determinará as expectativas do leitor em relação aos textos, uma vez que essas
expectativas exercem um papel importante na compreensão e na formação do
indivíduo enquanto leitor.
Quanto a isso, Solé orienta:
[...] para encontrar sentido no que devemos fazer – neste caso, ler – a criança tem de saber o que deve fazer conhecer os objetivos que se pretende que alcance com sua atuação -, sentir que é capaz de fazê-lo – pensar que pode fazê-lo, que tem os recursos necessários e a possibilidade de pedir e receber a ajuda precisa – e achar interessante o que se propõe que ela faça. (SOLÉ, 2008, p.91).
A autora salienta que os alunos precisam ser orientados e incentivados.
Inicia-se nesse contexto o grande desafio partindo do conhecido para o
desconhecido, ele busca aprimorar conceitos já adquiridos.
É preciso, em parceria com a escola, que o professor crie mecanismos,
para mostrar a importância da leitura literária na formação dos indivíduos. O objetivo
a ser perseguido é fazer com que haja um envolvimento maior de todas as pessoas
envolvidas na escola as quais se identificam com as situações de leitura,
percebendo criticamente como se produzem as práticas cotidianas e como elas
excluem muitos alunos.
Diante dos ensinamentos apresentados pelos estudiosos de leitura,
entendemos que, em primeiro lugar, o professor precisa fazer uma reflexão,
referente à sua postura enquanto leitor e formador de leitores. Isso,
consequentemente, refletirá sobre a sua metodologia docente em relação ao
trabalho com a leitura literária no contexto da sala de aula.
Nesta pesquisa, a ideia foi discutir e refletir sobre as relações estabelecidas
no interior da sala de aula. Assim sendo, as características do campo de pesquisa
serão relatadas a seguir.
Procedimentos metodológicos
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Conforme já dito, a pesquisa foi realizada na Escola Estadual Irmão Isidoro
Dumont Ensino Fundamental, 5ª a 8ª séries, no município de Itapejara D’Oeste-PR.
Essa escola caracteriza-se como uma escola confessional³ sob a tutela da
congregação Marista. Os Maristas iniciaram suas atividades nesse município em
1968, quando se instalaram em busca de vocações para a sua congregação.
Inicialmente, era escola particular, no entanto, em parceria com a Secretaria de
Estado da Educação – SEED, transformou-se, em 1970, em uma escola da rede
pública de ensino. Assim, ela possui características da filosofia marista (Padre
Marcelino Champagnat).
A escola tem uma estrutura física que comporta o atendimento da maioria
dos alunos do município. Atualmente, funciona nos três períodos, manhã, tarde e
noite, atendendo a uma clientela de aproximadamente setecentos alunos. Convém
explicar que 50% destes são moradores da zona rural, e 50%, da zona urbana. São
___________________________ 3- É uma escola em parceria com a mitra que tem suas raízes religiosas, pertence à Filosofia Marista
filhos de famílias de classe média baixa. Muitos trabalham para auxiliar os pais no
sustento da família.
Nesse estabelecimento, atuam 42 docentes da rede pública de ensino,
sendo que a maioria é do regime estatutário. Todos os docentes possuem curso de
especialização “lato sensu”.
No que se refere ao atendimento didático pedagógico, a escola conta com
os seguintes profissionais atuando: Um Diretor, Um Diretor Auxiliar, pedagogos,
somam cem horas. O município de Itapejara D’Oeste localiza-se na região sudoeste
do Paraná, com uma população de aproximadamente dez mil habitantes; a base da
sua economia e subsistência é a agricultura e pecuária com pequenas propriedades
agrícolas, predominando a agricultura familiar.
Para realizar a Intervenção pedagógica nessa escola, optamos pelo Gênero
Fábulas, com a obra “Alice no País das Maravilhas”, planejamos nove encontros em
horário extraclasse com aproximadamente 17 horas/aulas propostas. O cronograma
encontra-se descrito na sequência didática, com uma prática que aborda a literatura
em busca da exploração das potencialidades da linguagem.
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Após a explanação do projeto para a equipe pedagógica da escola, cr iamos
com os alunos um ambiente agradável e decorativo com a beleza das aventuras das
fábulas. Foi um espaço receptivo para a realização das atividades, enfim, o cenário
elaborado. Ele determinou as circunstâncias que deram realidade e verossimilhança
às narrativas.
Nossa expectativa era de que o estudo fosse útil no sentido de fomentar e
fortalecer a leitura da literatura na Educação do Estado do Paraná. A intenção é
cultivar na escola, o tempero essencial e prazeroso de estímulo ao aluno no que diz
respeito à leitura. Contudo, pensamos que será mais uma alternativa de ferramenta
pedagógica, sugestões, para o educador do ensino fundamental da escola pública.
E assim, realizamos a intervenção pedagógica acreditando na escola e na
leitura, como um grande instrumento de superação. E numa sequência didática
descreveremos a Implementação Pedagógica passo a passo, contextualizando e
refletindo a história.
Primeiro Encontro
Iniciamos a nossa caminhada com a explanação do projeto, os alunos da 6ª
série “C” ficaram atentos e curiosos com o trabalho que seria implementado,
questionando sobre o porquê e como seria desenvolvido.
Nesse momento, para que houvesse entrosamento com o projeto, foi feito
uma atividade integradora muito simples “Telefone sem fio”, cujo ob jetivo era fazer
com que eles percebessem que, para estarmos envolvidos com a atividade,
precisávamos de muita concentração para obter resultados. Explicada a atividade e
a frase escolhida pela professora, “É preciso que a leitura seja um ato de amor” de
Paulo Freire, todos estavam prontos e animados a participar. Durante a dinâmica
alguns ficaram muito atentos e esperando a sua vez, outros conversavam com os
colegas em tom moderado e despreocupados. Assim, nessa primeira tentativa o
resultado não foi o esperado, o sentido da frase foi desfeito, dando lugar à outra
frase, não mencionando a leitura. Retomamos a atividade reforçando que
deveríamos permanecer em silêncio, só assim, poderíamos alcançar o objetivo da
dinâmica. Refizemos a atividade a partir da frase “A leitura é a melhor maneira de
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poder viajar”, de Alexandre Boarro, aqui, muitos alunos estavam totalmente
descontraídos e expansivos, mas outros estavam mais retraídos, mostravam-se
inseguros e percebi que tinham medo de errar. Assim, reforcei que se ficássemos
em silêncio e todos prestassem atenção ao que o colega dissesse a dinâmica daria
certo. A atividade na terceira tentativa deu o resultado esperado e a turma
compreendeu que com disciplina e respeito um com o outro é possível realizarmos o
que almejamos.
Este primeiro encontro foi de muita conversa e troca de ideias para que
todos tivessem entendido a proposta do projeto que foi aplicado.
No ambiente, havia fundo musical, música clássica e os alunos
movimentavam-se pela sala observando e comentando parte da ornamentação que
já estava exposta na sala, despertando curiosidade em saber o que faríamos com a
obra de “Alice”.
Nesse dia trabalhamos com a ornamentação da sala, as imagens estavam
prontas, mas os alunos em grupos iam desenhando e recortando as letras para
identificação das cenas. O trabalho foi intenso, muitos alunos participaram
ativamente, outros não, simplesmente circulavam pela sala e observavam o que
estava sendo feito.
Aqui a cesta com muitas fábulas retiradas da internet e a cesta com livros de
fábulas também já estavam presentes na sala, para que se iniciasse o contato com
os textos e a curiosidade fosse aguçada. Assim quem ia concluindo sua parte na
ornamentação, aproximava-se do material das cestas com as histórias, uns
simplesmente manuseando e virando páginas, outros já se interessando pela leitura.
Assim encerramos o encontro ouvindo e cantando a música “Leitura” de Xuxa
que todos acompanharam na TV Pendrive.
Segundo Encontro
O trabalho desse encontro foi iniciado com a nossa proposta de pesquisa e
os alunos foram organizados e orientados do porquê de irmos ao laboratório para
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pesquisarem, ir além do apenas ler, mas entender de que forma e como a leitura
chegou até nós e porque é tão necessária. A partir dos seguintes questionamentos
todos se prepararam para a pesquisa. “Como surgiu a leitura?”, “há quanto tempo
aproximadamente surgiu à leitura?”, “há somente uma forma de leitura?”, “de que
outras maneiras podemos ler?”, “a partir disso você acha que a leitura é importante
para o nosso dia a dia? Por quê?”
Em duplas nos computadores, atentos, com disciplina e respeito
participaram, conversavam com os colegas, chamavam-me para mostrar o que
descobriam, fizeram muitas anotações de tudo que lhes despertava interesse a partir
dos questionamentos sugeridos. Além disso, foram descobrindo outros tipos de
letras e escritos que chamou muito a atenção de todos.
Após todos terem suas anotações, fomos à biblioteca e aprofundamos o
assunto em revistas, jornais, folhetos e livros já selecionados anteriormente,
resultando em maior interação e envolvimento sobre a leitura. Compararam as
frases e as anotações pesquisadas no ambiente virtual com o que iam encontrando
nos livros. A troca de ideias, as informações e as comparações entre eles foi
constante. A cada descoberta de imagens, escritos, informações mostravam a
professora e aos colegas.
Essas duas aulas foram de muita pesquisa e de muitas conclusões, e o mais
importante é que gerou reflexão no grupo e todos foram organizando o que
colocariam no mural sobre a leitura.
Nesse dia, os alunos também tiveram a oportunidade de trocar seu livro de
leitura, pois todos estavam na biblioteca, mas como devem esperar a sua vez para
marcar e desmarcar o livro, foram orientados para que esperassem aproveitando o
momento para compartilharem conhecimentos, folhearam, manusearam os livros,
revistas, jornais, informativos e curiosidades que estavam sobre as mesas também
selecionados anteriormente. Assim foram trocando ideias sobre o que liam enquanto
aguardavam. Após isso, retornaram a sala e montaram o mural com explicações do
surgimento da leitura, as frases sobre o que a leitura representava e o que passou a
representar para cada um a partir daquele momento como: “Ler é entender o
mundo.”, “O conhecimento e a informação é adquirido pela leitura.”, “Com a leitura
despertamos nossa imaginação e criatividade!”, “A leitura nos leva a todas as
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culturas sem sairmos de casa.”, “Ler é vida, sentimento, emoção, surpresa e
encantamento!”
Ao final desse encontro, todos perceberam o quanto foi produtivo esse
momento com relação ao conhecimento e as descobertas adquiridas por meio da
pesquisa, da leitura e da troca de aprendizado entre eles.
Terceiro Encontro
A partir desse envolvimento, foram questionados se todos sabiam o que era
uma fábula, muitos responderam que sim, pois nos anos iniciais já tiveram contato
com esse gênero e gostavam de lê-las. Mesmo assim, mais uma vez deixamos claro
que as fábulas são histórias curtas, fantásticas em que os personagens geralmente
são animais, os quais, nas histórias sentem, agem e pensam como os seres
humanos, e as fábulas por serem uma das formas mais antigas de se contar
histórias apresentam uma norma de conduta (moral da história) para a essência
humana, expressando emoções e sentimentos, criticando os valores da sociedade,
permitindo as mais variadas formas de se abordar determinado assunto.
Iniciamos a leitura das fábulas. Muitos alunos trouxeram fábulas, além das
selecionadas para desenvolvimento do trabalho. Orientados, eles deveriam ler,
durante dez minutos, silenciosamente três fábulas. Em círculo, houve um rodízio das
fábulas para que pudessem entrar em contato com outras fábulas e descobrissem
novas histórias. Concluído o tempo, cada aluno escolheu uma das três fábulas que
leu e contou para os colegas a história que mais chamou sua atenção. Todos
ouviam com muita atenção e iam tecendo comentários sobre a ação dos
personagens nas fábulas.
Desse modo, os alunos foram conduzidos pela professora a refletirem sobre
a moral dessas fábulas, identificando que moral das fábulas ainda pode ser utilizada
para os dias atuais e a moral que está ultrapassada para os valores de hoje. Os
alunos atentos participavam, observavam, e, ao continuarmos com a leitura e os
questionamentos, sempre conduzidos a exporem suas ideias, seus comentários, e
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assim foram percebendo que quem tudo quer tudo pode perder, quem age com
sabedoria e discernimento é bem sucedido e aceito pelos demais, que a ambição
em excesso é um veneno para a maioria e que a melhor maneira de ser bem
sucedido é a ponderação.
Ao final da discussão das dez fábulas que foi o objetivo proposto, e por meio
da intermediação da professora e a contextualização que houve entre as fábulas e
entre o que estamos vivendo hoje, os alunos concluíram que em qualquer situação
devemos sempre pensar antes de agir, estar atento a tudo e a todos, não deixar de
lado a informação, pois no momento que menos esperamos, ela pode nos fazer
falta. Então concluíram que das morais das fábulas são poucas as que podemos
deixar de lado e não contextualizarmos com a atualidade, a maioria delas é profunda
e nos faz refletir sobre quem somos e quem queremos ser.
O trabalho foi muito gratificante, percebemos que alunos gostam de contar
histórias, pois a maioria deles participou ativamente, sentindo-se à vontade para
opinar sobre as colocações dos colegas e juntos chegavam a uma conclusão, e
sempre orientados que devemos sempre respeitar a opinião do outro.
Quarto encontro
Nesse encontro, houve uma pequena parada para conhecermos um pouco
sobre a biografia do autor e de como e porque surgiu a história de “Alice no País das
Maravilhas”. Seu nome verdadeiro era Charles Lutwidge Dodgson, mais conhecido
como Lewis Carroll e que ele nasceu na Inglaterra em 1832 e faleceu com 66 anos
em 1899. Durante esse período ele foi matemático, lógico, fotógrafo e romancista
sendo reconhecido como tal, após o seu sucesso com “Alice no País das
Maravilhas”. Então a história originou-se em 1862, quando Carroll fazia um passeio
de barco no rio Tâmisa com sua amiga Alice Liddell que na época tinha dez anos.
Ele contou a ela uma história de uma menina também chamada Alice e que ia parar
em mundo fantástico, após cair numa toca de um coelho. Diante desse fato, a Alice
da vida real gostou tanto da história que pediu que Carroll escrevesse para ela a
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história. E essa foi a fonte de inspiração que Carroll teve para seu primeiro grande
romance publicado em 1865.
Com essas informações iniciamos o estudo da obra em questão, a
expectativa dos alunos era grande, pois Solé (2008) como atividade prévia orienta
que a leitura deve ser um processo de interação entre o leitor e o texto. Utilizamos
uma aula e meia para assistirmos a oito vídeos retirados da internet que
apresentavam o resumo da obra, pois o filme é muito extenso, assim assistiram
atentamente aos vídeos em sala de aula por meio da TV Pendrive. Ressalto que os
vídeos contemplaram as três partes básicas da obra: introdução, desenvolvimento e
conclusão. Foram relembrados de que deveriam observar muito os personagens e
suas atitudes, porque depois leríamos. Assim, todos, assistimos com muita atenção
aos vídeos de “Alice”. Encerrando assim esse encontro.
Quinto Encontro
Como a proposta foi a de trabalhar com a obra ”Alice no País das
Maravilhas”, Lewis Carroll, a professora propôs a sua leitura, sugerindo brincar com
a linguagem da obra, a ideia era a de seduzir o autor do texto, (dominá-lo com a
nossa intervenção), com a nossa leitura reconhecendo as diversas vozes presentes
no texto e recriá-las.
Queremos lembrar de que os alunos já estavam com a obra de Alice em
mãos a partir do momento em que a Implementação do Projeto havia sido iniciada.
Na biblioteca havia somente duas obras, mas foram feitas cópias e entregues a eles
para que fossem lendo e se entrosando com a história.
As carteiras foram colocadas no fundo da sala, colocamos tapetes e
almofadas para ficarmos bem à vontade. Todos sentados em círculo e preparados
para iniciarmos a leitura que foi delimitada para cada leitor. Aqui os alunos e a
professora liam trechos com muita entonação e expressão e os demais
acompanhavam até que chegasse a sua vez de ler, alguns alunos com extrema
habilidade de leitura e outros com algumas limitações, mas todos participaram.
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Assim, fomos lendo e comentando, fazendo a interpretação da obra e
contextualizando com o histórico da época e com o momento histórico da atualidade.
Depois da leitura seguida de discussões, os alunos foram divididos em dez
grupos formados por três alunos para responderem às questões. O grupo que não
concordasse com a resposta dos colegas poderia se manifestar e fazer as suas
colocações para se chegar a uma conclusão.
Os alunos observaram a personagem “Alice” sendo ela questionadora,
impulsiva, e, ao mesmo tempo apresenta soluções àquilo que gosta e quer.
“Pessoas impulsivas sempre agem assim? Por quê?” Grupo 1 “Sim, pois pessoas
impulsivas não têm paciência e querem que tudo seja resolvido imediatamente e a
seu modo”.
Perceberam que quando a “Alice” vê o coelho, o segue, “ela sabia quem era
ele? O que ela questiona? Agiu certo? E cada um de nós o que faríamos?” Grupo 2
“Não, ela não sabia quem ele era e ficou em dúvida se deveria entrar na toca sim ou
não, mas acabou entrando. Em nossa opinião, ela agiu errado porque não devemos
seguir ninguém sem que conheçamos, pois poderemos ter problemas
desnecessários.”
O momento em que recebe o líquido que a fechadura manda beber, o que
“Alice” fez? Perceberam aqui que “Alice” aconselhou a si mesma que não deveria
beber, mas acaba bebendo. “Como devemos agir numa situação como essa?”
Grupo 3 “Bem, Alice tem um momento de lucidez quando diz que não deveria
beber o líquido, mas como ela é muito curiosa e impulsiva acabou bebendo, assim,
nós achamos que esse líquido jamais deveria ser bebido sem que soubéssemos o
que era e quem estaria oferecendo e o porquê dessa oferta.”
Ao passar pela porta ela continua se questionando sendo que a sua
preocupação maior é seguir o coelho. “É correto seguirmos alguém sem
conhecermos?” Grupo 4 “Não, atender ao chamado de um estranho é estarmos
próximos do perigo, porque não sabemos quais são as verdadeiras intenções dessa
pessoa.”
Ao encontrar os gêmeos eles não querem que ela vá, então, aguçam a sua
curiosidade com a história das ostras. Atentos percebem e ficam surpresos vendo
que as ostras e o carpinteiro são enganados pela foca. “Há pessoas que agem
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assim frequentemente ou não?” Grupo 5 “Sim, muitos são enganados
inocentemente, porque acreditam que todos são do bem como eles, mas o mundo
em que vivemos hoje está doente, pois está repleto de seres que ficam engenhando
como prejudicar o outro.”
A leitura segue com curiosidade e atenção. Quando “Alice” decide seguir seu
caminho, encontra as flores, e pela atitude delas “Alice” conclui que poderiam
aprender boas maneiras... “São importantes para a boa convivência?” Grupo 6
“Com certeza, são muito importantes, porque quem tem e pratica as boas maneiras
deixa claro que sabe respeitar o outro, ser educado, e também sabe ajudar o
próximo.”
Ao encontrar a lagarta, os alunos percebem que “Alice” está desnorteada,
pois a lagarta a questiona e ela diz não saber quem é que não é mais a mesma,
não quer responder aos questionamentos da lagarta, e insiste em saber primeiro
quem é a lagarta. “Às vezes, nós, nossos amigos, as pessoas que convivem em
nosso meio sentem-se assim? Por quê?” Grupo 7 “Sim, todas as pessoas em
algum momento da vida podem sentir-se assim, desnorteadas, não sabendo quem
somos e muitas vezes não medindo a consequência de suas atitudes, isso significa
que estão enfrentando algum problema, principalmente psicológicos.
Alice foge, mas volta porque a lagarta diz que tem algo importante a falar.
Então a lagarta aconselha Alice para ter muita calma e de como ela deve usar o
cogumelo. “O que o cogumelo poderia representar hoje?” Grupo 8 “O cogumelo
pode representar as drogas tão presente em nosso dia a dia, seja com crianças,
jovens e adultos. Segundo o que “nossos pais dizem é o mal mais temido por eles.”
Surge o gato e a deixa confusa, a chama de maluca, irrita-a e diz que não
pode evitar, porque ali tudo é maluco. “No nosso dia a dia o que isso pode
significar?” Alice também analisa o chá do Chapeleiro e da Lebre Maluca, eles a
deixam nervosa e ela percebe que ali tudo é muito bobo. “Esse ritual, pode ter
muitos significados em nosso cotidiano. Quais?” Grupo 9 “O nosso grupo chegou a
conclusão de que isso pode significar a correria, o acúmulo de trabalho, horários de
trabalho diferentes entre pai, mãe e filhos, a falta de convivência entre a família, a
falta de limites, a competição entre as pessoas fazendo com que tudo pareça que
nada pode ser resolvido.”
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A saudade começa a aflorar, pois não sabe onde está, quer voltar e que tudo
seja como antes. “Para os jovens de hoje que escolhem esse caminho de não
saberem onde estão, de estarem sem rumo na vida, conseguem voltar? Como? E
quando não conseguem? Por quê?” Grupo 10 “Muitos conseguem, porque têm uma
família que está ao seu lado para aceitar e ajudar em tudo o que for preciso. Em
primeiro lugar quem não consegue, é porque não quer mudar e em segundo, é
porque a família também desiste, ficando sozinho, sem apoio, sem amigos,
dificilmente dessa forma alguém poderá superar os problemas”.
Então Alice chora e fica só. O mestre gato aparece e ela diz que quer ir
para casa, o gato diz que ela não pode, pois aí tudo é da Rainha. Sabemos que a
Rainha é má. “Quem ou o que ela poderia representar nos dias atuais?” Grande
Grupo “Poderia representar os maus políticos, os que exploram o trabalhador, o
traficante de drogas, os que dominam usando dinheiro, ou seja, toda a forma de
exploração, dominação e imposição que possa existir”.
Assim chegamos ao desfecho da análise da história e vimos que tudo não passava
de um sonho. “E se não fosse um sonho o que aconteceria provavelmente? Como
podemos evitar problemas para as nossas vidas? É possível?”. Grande Grupo “Se
não fosse um sonho talvez Alice estivesse enfrentando muitos problemas, pois já foi
comentado de como é difícil quando nos sentimos sozinhos, abandonados,
enganados, explorados, deixar-se levar pela irresponsabilidade, não ter limites, e
tantas outras situações que hoje estão presentes em nossa vida.” “Sim, é possível
evitarmos muitos problemas, basta estar consciente que tudo depende de cada um,
pois a solução está em nós, porque somos nós quem escolhe o caminho que
queremos seguir.”
Nesse momento, percebemos que as leituras fluíram, as narrativas se
desenlaçaram, e, as interpretações e reflexões afloraram em torno do significado
maior das narrativas. Esse foi o encontro do texto com o seu autor, e, com nossa
leitura da obra foram reconhecidas as diversas vozes presentes no texto.
Após toda essa discussão os alunos receberam imagens na TV Pendrive da
obra estudada para aguçar ainda mais a imaginação e a criatividade, para que
recriassem assim, com muita sabedoria e ousadia alguns acontecimentos da
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história, e a partir disso, entrarem em contato com a escrita, desenvolvendo a
atividade espontaneamente para que não se sentissem pressionados a escrever.
Após os alunos terem terminado essa atividade que foi colocada na TV
Pendrive, foi solicitado que cada aluno fosse lendo o que havia escrito. Apenas
alguns alunos não quiseram ler o que haviam feito, pois anteriormente já havia
percebido que apresentavam dificuldades na leitura e na escrita, então, propus que
apenas comentassem o que eles diriam sobre as imagens, dessa forma
participaram, sendo que alguns alunos colaboraram, afirmando que também haviam
escrito o que eles estavam expondo, com isso sentimos que estavam mais seguros
e enquanto a atividade ia sendo ouvida e comentada, os alunos já estavam mais
participativos e envolvidos com o grupo.
E ao final de mais essa atividade, concluímos juntos que a partilha do
conhecimento e a troca de aprendizado foi dinâmica e muito produtiva.
Sexto Encontro
Enfim, chegamos ao momento de recriar a história da Alice em uma HQ
(História em Quadrinhos) de fábulas. Os alunos se dividiram em duplas e foram
idealizando suas histórias. Essa atividade teve uma participação muito boa.
Trocaram ideias, discutiram, socializaram e chegaram a conclusões para a
produção da história. Rascunho pronto, os alunos leram suas histórias e junto foi
acrescentado ou retirado o que era necessário e o que não era.
No momento seguinte, o da ilustração, percebemos que quem não teve
muito envolvimento com a escrita, participou ativamente na ilustração. Sempre que
surgia dúvida perguntavam e já iam auxiliando os que tinham as mesmas dúvidas.
O trabalho foi intenso e produtivo, pois mesmo aqueles que apresentaram
maiores dificuldade durante a leitura e discussões participaram e sentiram-se
envolvidos com a atividade.
HQ pronta, todos expuseram suas produções no mural e o encantamento
com a criatividade de cada dupla foi surpreendente. Houve uma troca intensa entre
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eles a partir do que haviam recriado e o brilho nos olhos era evidente em cada
detalhe que percebiam nas histórias de todos.
Sétimo Encontro
Nesse dia, fizemos uma confraternização, era o momento de conversar e
também de saborearmos um coquetel muito simples, para maior descontração do
grupo. Ao serem questionados sobre o desenvolvimento do projeto disseram que
gostaram e gostariam que continuasse. Não se sentiram pressionados nas
atividades e alguns deixaram claro que gostam de ler, mas não de escrever e outros
que gostam muito de ler e escrever e entenderam por meio da proposta que quanto
mais motivados, mais atraídos ficam e, quando os professores citam e comentam
livros que já leram, sentem-se atraídos e vão à biblioteca da escola, alguns se
dirigem à biblioteca Municipal para que possam saciar a curiosidade e o prazer de
ler.
Enfim, o resultado foi surpreendente e a troca de experiências entre
professora e alunos foi motivadora, deixando assim, muitas expectativas para outras
atividades integradoras e, consequentemente, resultando em qualidade e
produtividade de ensino.
Oitavo e Nono Encontros
Por fim, para compartilhar e divulgar para a escola o estudo realizado com a
Intervenção Pedagógica promovemos uma feira de livros com acervo bibliográfico
acessível, voltado à literatura infantil e infanto-juvenil. O evento aconteceu em
parceria com a livraria da cidade, e com o auxílio da equipe pedagógica da escola. A
coordenação ficou por conta da professora pesquisadora e dos alunos da 6ª série
”C”, os quais foram os protagonistas da pesquisa e representaram ainda, nesse
evento os personagens da literatura, tudo para aquecer e embelezar o ambiente.
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Como sabemos, a literatura exige uma maior articulação entre escola leitura
família. Nesse dia, tivemos as famílias na escola, elaboramos aulas de leitura com
performance, com reflexões e interpretações das narrativas, envolvendo os demais
alunos da escola. Enfim, podemos dizer que, tudo foi muito bonito, e nessa noite,
aconteceu também uma amostra de trabalhos de ciências, assim, as ideias foram se
propagando e os demais alunos da escola se integrando e querendo também
mostrar seus talentos. E assim, aconteceu.
Pensamos que desse modo cumprimos o nosso propósito neste estudo. A
feira cultural com os livros ocupará um lugar especial no registro das interpretações
da escola e com certeza, a memória de registro dos nossos alunos vai dialogar e
reinventar belas histórias que a vida ou a escola lhe ensinou.
3 Considerações finais
O estudo que planejamos realizar permitiu pesquisas: bibliográfica e de
campo. Ensino e Aprendizagem de Leitura – do Conhecimento para a Compreensão
Interativa do Leitor, proporcionou-nos grande desafio no contato com a linguagem.
Nossos anseios eram contribuir com a escola de Ensino Fundamental atendendo às
demandas existentes tanto de educandos quanto de educadores. A proposta foi
refletir sobre o ensino da literatura na escola. Escolhemos o gênero fábula para
realizar o estudo, como instrumento de superação e transformação social.
Acreditamos que o objetivo foi atingido, visto que a participação e animação
do grupo de alunos foram enriquecedoras. Contudo, sabemos que é apenas uma
semente que poderá germinar na escola de Ensino Fundamental, porém, essa deve
ser regada, e cuidada para gerar mais frutos e alimentar outras crianças com fome
de leitura, muito embora a escola nem sempre perceba isso.
Sabemos que a formação continuada de professores é bastante
diversificada, implica aspectos políticos, culturais e profissionais, contando com os
métodos e concepções. A compreensão dos saberes abarca a experiência, são as
vivências adquiridas ao longo do tempo que nos dão coragem e sabedoria para
inovar, criar e recriar. E desse modo, poderemos auxiliar colegas educadores que
por razões desconhecidas se omitem de trabalhar no coletivo com uma prática de
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leitura literária que busca dar aos alunos condições de tornarem-se críticos,
sensíveis e reflexivos.
Nesse sentido, acreditamos que a proposta inicial foi significativa. Ler,
contar e se divertir com as fábulas e ainda, compartilhar conhecimentos com o autor
e as personagens dos textos e com os colegas. Imaginar personagens, contar
histórias, revelar segredos. Seduzir os ouvintes e convidá-los a se apaixonar pelo
livro são atitudes audaciosas. Neste estudo os alunos viajaram muito com as
personagens nas narrativas. Isso marcou na história de vida da equipe.
Os procedimentos metodológicos adotados atenderam às necessidades do
estudo. E, desse modo, tivemos maior acessibilidade à clientela escolhida e os
resultados foram satisfatórios. Passo a passo, fomos entendendo que, a proposta de
“Ensino e Aprendizagem de Leitura – do Conhecimento para a Compreensão
Interativa do Leitor” mostrou o caminho que é preciso percorrer para que a literatura
na escola atenda às prioridades e necessidades da clientela escolar.
Contudo, a discussão entre os educadores em estudo no (GTR),
compromete a interação e o acesso à leitura da literatura entre professores e
adolescentes, principalmente àqueles que se sentem excluídos na escola, muitas
vezes esquecidos pela família e discriminados pela sociedade. Comprovamos, com
este estudo que o docente, em sala de aula, precisa alimentado, movido pela
curiosidade e pela insistência em conhecer e buscar o desconhecido inserindo-se
numa sociedade justa, digna e livre de preconceitos. Sabemos também que esse
trabalho/pesquisa não esgotou o campo de estudo e há muito ainda que se fazer
para se chegar a um resultado satisfatório nessa área do conhecimento.
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REFERÊNCIAS
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