ensino fundamental de 9 anos

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189 Ensino fundamental de nove anos: aspectos legais e didático-pedagógicos 1 Marilda Pasqual Schneider * Zenilde Durli ** Resumo O texto trata da ampliação do ensino obrigatório para nove anos de duração, conforme regulamentado pela Lei Federal, exarada pelo Presidente da Repúbli- ca, em seis de fevereiro de 2006. Primeiramente, apresenta-se o contexto histó- rico, no qual a promulgação da referida Lei esteve inserida. Em um segundo mo- mento, analisam-se os documentos exarados pelo MEC no sentido de orientar o processo de implantação do Ensino Fundamental de Nove Anos e discutem-se posicionamentos de educadores e pesquisadores sobre o tema. Por fim, apon- tam-se os principais desafios a ser enfrentados pelos sistemas de ensino e pelas escolas de educação básica no sentido de construir coerentemente uma proposta que possa, de fato, promover a melhoria da qualidade educacional brasileira. Palavras-chave: Ensino Fundamental de Nove Anos. Aspectos político-legais. Desafios didático-pedagógicos. 1 INTRODUÇÃO A promulgação da Lei Federal n. 11.274, em 6 de fevereiro de 2006, tornou obrigatória a oferta de nove anos de ensino fundamental para todas as escolas de educação básica situadas no território nacional. Segundo os órgãos oficiais bra- sileiros, o Ensino Fundamental de Nove Anos (EF9A) emerge como resposta * Doutora em Educação; professora da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Uno- esc); [email protected] ** Doutora em Educação; professora da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Uno- esc); Rua Getúlio Vargas, 2125, Bairro Flor da Serra, 89600-000, Joaçaba (SC); zenilde. [email protected] Roteiro, Joaçaba, v. 34, n. 2, p. 189-214, jul./dez. 2009

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    Ensino fundamental de nove anos: aspectos legais e didtico-pedaggicos1

    Marilda Pasqual Schneider*

    Zenilde Durli**

    Resumo

    O texto trata da ampliao do ensino obrigatrio para nove anos de durao, conforme regulamentado pela Lei Federal, exarada pelo Presidente da Repbli-ca, em seis de fevereiro de 2006. Primeiramente, apresenta-se o contexto hist-rico, no qual a promulgao da referida Lei esteve inserida. Em um segundo mo-mento, analisam-se os documentos exarados pelo MEC no sentido de orientar o processo de implantao do Ensino Fundamental de Nove Anos e discutem-se posicionamentos de educadores e pesquisadores sobre o tema. Por fim, apon-tam-se os principais desafios a ser enfrentados pelos sistemas de ensino e pelas escolas de educao bsica no sentido de construir coerentemente uma proposta que possa, de fato, promover a melhoria da qualidade educacional brasileira.Palavras-chave: Ensino Fundamental de Nove Anos. Aspectos poltico-legais. Desafios didtico-pedaggicos.

    1 INTRODUO

    A promulgao da Lei Federal n. 11.274, em 6 de fevereiro de 2006, tornou obrigatria a oferta de nove anos de ensino fundamental para todas as escolas de educao bsica situadas no territrio nacional. Segundo os rgos oficiais bra-sileiros, o Ensino Fundamental de Nove Anos (EF9A) emerge como resposta

    * Doutora em Educao; professora da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Uno-esc); [email protected]

    ** Doutora em Educao; professora da Universidade do Oeste de Santa Catarina (Uno-esc); Rua Getlio Vargas, 2125, Bairro Flor da Serra, 89600-000, Joaaba (SC); [email protected]

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    necessidade de melhoria desse nvel de escolaridade, considerando a posio indesejvel que o Brasil ocupa na classificao organizada pelo Programa Inter-nacional de Avaliao Escolar (Pisa) 39o lugar entre 40 pases (PISA, 2001).

    A implantao do EF9A produziu impactos no cotidiano das escolas e na vida das famlias com filhos em idade escolar. Especialmente em relao s esco-las, possvel verificar mudanas nos aspectos estruturais, relacionados sua or-ganizao, ao seu funcionamento e nas propostas pedaggicas. Essas mudanas mobilizaram escolas, professores e gestores escolares no sentido de compreen-der e atender s determinaes constantes da ampliao da durao da escolari-dade obrigatria no Brasil.

    Considerando esses aspectos, procurou-se verificar como est ocorrendo o processo de implantao do EF9A nas escolas pertencentes s redes municipal e estadual de ensino. Na investigao, foram tomados como ponto de partida o contexto poltico-legal, no qual a ampliao do ensino fundamental esteve pau-tada, e os impactos dessa mudana nas escolas municipais e estaduais de abran-gncia da Universidade do Oeste de Santa Catarina.

    Pelas limitaes de espao, neste trabalho, optou-se por discutir apenas al-guns aspectos sobre os quais esta anlise incidiu. Dessa forma, o texto trata das de-terminaes legais, histricas e organizacionais implicadas no EF9A, consoante os dados obtidos na pesquisa bibliogrfica e documental. Primeiramente, identi-ficou-se o contexto poltico-legal, no qual a promulgao da referida Lei esteve in-serida. Em um segundo momento, apresentou-se o estudo realizado sobre alguns documentos exarados pelo MEC no sentido de orientar o processo de implanta-o do EF9A e discutiram-se alguns posicionamentos de educadores e pesquisa-dores sobre o tema, consequncias e desafios no campo didtico-pedaggico.

    2 ASPECTOS POLTICO-LEGAIS DO EF9A

    A despeito da Lei que tornou obrigatria a oferta do EF9A a todas as es-colas do territrio nacional ter sido homologada apenas em 6 de fevereiro de 2006, existem sinalizaes que apontam o interesse de antecipao da idade para a alfabetizao da criana e de obrigatoriedade do tempo de escolarizao b-sica ainda no incio do sculo XX. No obstante, a preocupao com o tempo

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    de durao da educao obrigatria no se seguiu, idealmente, uma discusso a respeito das questes de qualidade.

    A legislao de ensino evoluiu de forma desordenada no Brasil, sendo di-fcil estabelecer marcos precisos do processo de escolarizao obrigatria. No entanto, documentos e textos disponibilizados no stio do MEC evidenciam que a ampliao do ensino fundamental para nove anos de durao ocorreu de modo processual, seguindo marcos de ordenamento legal. Entre os ordenamentos poltico-legais definidos nos textos publicados, encontram-se citados: a Lei n. 4.024/61, a qual estabeleceu quatro anos como escolarizao bsica obrigatria; o Acordo em Punta Del Este e Santiago, realizado em 1962, no qual o governo brasileiro assumiu o compromisso de ampliar para, no mnimo, seis anos a du-rao do ensino obrigatrio; a promulgao da Lei n. 5.692, em 11 de agosto de 1971, que estendeu a escolarizao bsica para oito anos e, por fim, a Lei n 9.394, de 20 de dezembro de 1996, a qual sinalizou para um novo aumento da durao do ensino obrigatrio no pas.

    Diante do exposto, incontestvel a afirmao de que tanto a expanso do tempo de durao da escolarizao bsica quanto a antecipao da entrada da criana na escola regular compem o iderio das polticas educacionais muito antes da aprovao da Lei do EF9A. Resta indagar a que interesses respondem ao intento governamental de ampliao da escolarizao bsica das crianas e quais mudanas podem ser vislumbradas no processo ensino-aprendizagem nessa faixa escolar, a partir do aumento do tempo de escolarizao obrigatria.

    2.1 AS LEIS DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAO NACIONAL

    Atentos s controvrsias a respeito de qual teria sido, efetivamente, a pri-meira Lei de Diretrizes e Bases da Educao (doravante, LDB), optou-se por se-guir alguns apontamentos feitos por autores renomados no campo da histria da educao brasileira, especialmente Saviani (1998) e Ghiraldelli Jnior (2008). Com base nesses dois escritores, considerou-se a datao de 1961 como a de implantao da primeira LDB.

    Entre os anos 50 e 60, o crescimento expansivo da rede pblica de ensino mdio suscitava contendas poltico-ideolgicas pertencentes a diferentes corren-

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    tes de pensamento e voltadas a interesses igualmente diversos (GHIRALDELLI JNIOR, 2008). Impulsionado pelo fortalecimento da viso que apontava a ne-cessidade de crescimento econmico a partir do investimento humano, em de-zembro de 1961, entrou em vigor, no Brasil, a primeira LDB, Lei n. 4.024/61.

    Essa Lei tramitou durante 13 anos no Congresso e foi aprovada para um Brasil industrializado e com ampla demanda educao bsica. Com a sua pro-mulgao, foram estabelecidos quatro anos de ensino primrio, a partir dos sete anos de idade. Apesar da previso de quatro anos de durao, foi dada aos siste-mas de ensino liberdade de estender a sua durao at seis anos, adiantando o acordo que seria selado um ano depois, em Punta Del Este e Santiago.

    Os ventos do nacionalismo desenvolvimentista impulsionavam mudanas educacionais compatveis s necessidades dos modos vigentes de produo ca-pitalista. Contudo, a ruptura poltica levada a efeito pelo golpe militar de 1964, considerada necessria pelos setores economicamente dominantes em vista da premncia de se assegurar a continuidade do projeto socioeconmico, enseja-va ajustes na organizao do ensino. Esses ajustes objetivavam dar respostas ao novo quadro poltico que se desenhava.

    A Lei n. 5.692, implantada em 11 de agosto de 1971, fixou as diretrizes e bases do ensino de primeiro e segundo grau. O primeiro grau, entendido como ensino primrio, compreendia de 1 a 8 srie, vigorando, a partir de ento, com matrcula obrigatria a partir dos sete anos de idade. J o segundo grau, com-preendido como ensino mdio, correspondia etapa complementar ao ensino primrio, com trs anos de durao.

    A Lei 5.692/71 determinou oito anos de durao para o ensino de 1 grau, resultante da fuso do ensino primrio com o ginasial, abrangendo as oito pri-meiras sries. No artigo 19 da Lei 5.692/71, estava determinado que [...] para o ingresso no ensino de 1 grau, dever o aluno ter a idade mnima de sete anos. No pargrafo primeiro, atribua-se a cada sistema a competncia de elaborar normas que dispusessem [...] sobre a possibilidade de ingresso no ensino de primeiro grau de alunos com menos de sete anos de idade. (BRASIL, 1971). Assim, cabia aos sistemas de ensino regular sobre a idade de entrada das crianas no ensino regular.

    Ao considerar em suas disposies transitrias a possibilidade de inser-o das crianas de seis anos no ensino fundamental, a legislao evidencia a

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    intencionalidade governamental de construir condies necessrias efetivao da ampliao da escolaridade obrigatria. A abertura prevista na legislao foi aplicada especialmente em escolas particulares, nas quais a matrcula de crianas com seis anos de idade na primeira srie do ensino fundamental de 8 anos se tornava prtica comum.

    Nascida no bojo da ditadura militar, essa Lei concebia a educao como prioritria na formao de tcnicos necessrios ao desenvolvimento de uma eco-nomia voltada aos moldes internacionais. Desse modo, consolidam-se as ideias de formao bsica em consonncia aos interesses do desenvolvimento econ-mico e de base tcnica.

    As mudanas realizadas reforaram a ideia de uma educao alicerada nos ditames do mercado capitalista, com nfase em aspectos da quantidade. No obstante, a ampliao da obrigatoriedade escolar de quatro para oito anos ps em evidncia reclames de organismos internacionais que pressionavam os pa-ses menos desenvolvidos a aumentar o tempo de durao da oferta da educao fundamental, tendo em vista lograr maior desenvolvimento econmico.

    O discurso do Brasil-potncia, fortemente veiculado na poca, e o acordo en-tre MEC e United States Agency Internacional for Development (USAID) apon-tavam como indesejveis ao progresso econmico no s o analfabetismo, mas tambm a baixa mdia de permanncia do aluno na escola, o que era entendido como sinnimo de baixa escolaridade. Igualmente, os altos ndices de reprovao eram apontados como fatores desencadeadores de desistncia dos alunos da esco-la e, portanto, responsveis pelos baixos ndices de escolarizao dos brasileiros.

    A partir de 1985, com o fim da Ditadura Militar, inicia-se no Brasil um novo perodo de transio poltica. Vrias denncias sobre a situao crtica do ensino brasileiro ganham espao no cenrio nacional. Por determinao prpria da atual Constituio, em 20 de dezembro de 1996, aprovada uma nova Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional, a LDB n. 9.394. Por essa lei, o ensino fundamental, com durao mnima de oito anos, tornou-se obrigatrio e gratui-to nas escolas pblicas (BRASIL, 1996).

    Movida pelo impulso democrtico que eclodia no pas, com o movimento das Diretas J, a promulgao da Constituio de 1988 e o fim do militarismo, a perspectiva de oferta de um ensino pblico e gratuito anunciada na referida Lei reuniu defensores com interesses diversos, mas convergentes nesse aspecto. A

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    meno de durao mnima de oito anos, explicitada no artigo 32, seo III do captulo II, favoreceu que, em termos de tempo de durao do ensino obrigat-rio, fosse iniciada nova discusso, agora voltada oferta de nove anos de escola-rizao obrigatria.

    Atrelada a um movimento que vinha ganhando espao no contexto mun-dializado, por impor compensao de defasagem a alunos brasileiros que dese-jassem dar continuidade a seus estudos em pases estrangeiros, a discusso em torno da ampliao do EF9A ganha fora.

    O Plano Nacional de Educao, aprovado em 2001 por meio da Lei n. 10.172, coloca, entre os objetivos e metas para o ensino fundamental o de Am-pliar para nove anos a durao do ensino fundamental obrigatrio com incio aos seis anos de idade, medida que for sendo universalizado o atendimento na faixa de 7 a 14 anos. (BRASIL, 2001). A aprovao desse Plano desaguou na liberao do Governo Federal para que as redes de ensino adotassem o ensino fundamental com nove anos de durao e matrcula antecipada para as crianas de seis anos de idade, por iniciativa do respectivo sistema de ensino.

    No ano de 2003, havia 11.510 escolas de educao bsica que ofertavam o EF9A. Consoante destacado no documento publicado pelo INEP/MEC, apenas seis unidades da Federao Acre, Mato Grosso do Sul, Rio Grande do Norte, Rondnia, Roraima, Sergipe no apresentavam nenhum tipo de ampliao do ensino fundamental at 2003 (BRASIL, 2004a).

    Em 16 de maio de 2005, a Lei n. 11.114 alterou os artigos 6, 30, 32 e 87 da Lei n. 9.394/96, estabelecendo como obrigao dos pais ou responsveis a matrcula das crianas no ensino fundamental a partir dos seis anos de idade. Contudo, foi mantida a durao de oito anos para a integralizao dessa etapa da escolarizao obrigatria.

    Finalmente, em 6 de fevereiro de 2006, foi aprovada a Lei n. 11.274, a qual instituiu o ensino fundamental de nove anos de durao, com incluso de crianas de seis anos de idade na educao obrigatria. Ao alterar a redao dos artigos 29, 30, 32 e 87 da Lei n. 9.394/96, instituiu-se a obrigatoriedade de ma-trcula das crianas de seis anos de idade no ensino regular, ampliando essa etapa da escolarizao para nove anos de durao.

    A promulgao da Lei n. 11.274/06 desaguou na aprovao de vrios pa-receres, os quais orientam e ordenam o processo de implantao de ambas as

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    Leis. No Parecer CNE/CEB n. 39, de 8 de agosto de 2006, que trata de uma con-sulta feita sobre situaes relativas matrcula de crianas de seis anos no ensino fundamental, destacado o fato de certas escolas estarem desconsiderando a fai-xa etria da educao infantil (seis anos completos at 1 de maro). Consoante o relator do Parecer, esse descaso fragilizaria o direito da criana que, nessa fase (cinco anos), teria direito educao infantil.

    No Parecer CNE/CEB n. 41, de 9 de agosto de 2006, atribuda aos pais ou responsveis incumbncia de efetuar a matrcula dos menores no ensino fun-damental, a partir dos seis anos de idade. Com isso, fica institudo que as crianas de seis anos, completos ou a completar at o incio do ano letivo, devero ser matriculadas no primeiro ano do ensino fundamental de nove anos.

    O Parecer CNE/CEB n. 4, de 20 de fevereiro de 2008, orienta sobre os trs anos iniciais do EF9A. Conforme destacado no documento, os trs anos de-vem voltar-se alfabetizao e ao letramento. Por isso, impe-se como necessria uma ao pedaggica que assegure, nesse perodo, [...] o desenvolvimento das diversas expresses e o aprendizado das reas de conhecimento estabelecidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental. (BRASIL, 2008, p. 2).

    Assim entendida, a alfabetizao do aluno dever ocorrer nos trs anos iniciais do ensino fundamental. A avaliao, constituda como um momento necessrio de construo de conhecimentos, assumir forma processual, parti-cipativa, formativa, cumulativa e diagnstica, sendo redimensionadora da ao pedaggica (BRASIL, 2008).

    Especificamente no estado de Santa Catarina, a Resoluo CEE/SC n. 110/2006, expedida pelo Conselho Estadual de Educao, normatiza a oferta do ensino de nove anos no estado. Amparada nas Leis Federais n. 11.114 e n. 11.274, essa Resoluo estabelece que, em Santa Catarina, o ensino fundamen-tal ter durao de nove anos, com matrcula obrigatria a toda criana a partir dos seis anos de idade (art.1); o ensino dessa etapa de escolarizao ser or-ganizado em cinco anos nas sries iniciais e quatro anos nas sries finais. Para a organizao de srie anual, determina-se que a nomenclatura adotada seja [...] de 1 a 5 srie e de 6 a 9 srie. (SANTA CATARINA, 2006a).

    O Decreto n. 4.804, de 25 de outubro de 2006, determina que a implanta-o do EF9A na rede pblica estadual de Santa Catarina seja de forma gradativa,

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    a partir do ano de 2007, com ingresso na 1 srie, para crianas a partir dos seis anos de idade completos (SANTA CATARINA, 2006b).

    Como se v, h um longo percurso poltico-legal sucedido por inmeros pareceres, leis e resolues, os quais buscam legitimar, regular e ordenar o pro-cesso de implantao do EF9A no Brasil. No obstante, os interesses alinhados s orientaes legais parecem seguir os ordenamentos de leis anteriores, que as-sociavam o processo de escolarizao bsica do aluno melhoria das condies de desenvolvimento econmico, principalmente no que se refere s possibilida-des de domnio de competncias bsicas, necessrias ao setor produtivo.

    De fato, questo Por que o ensino fundamental de seis anos, o Ministrio da Educao (MEC), mediante a Secretaria de Educao Bsica (SEB), responde:

    Conforme recentes pesquisas, 81,7% das crianas de seis anos esto na escola, sendo que 38,9% frequentam a Educao Infan-til, 13,6% as classes de alfabetizao e 29,6% j esto no Ensino Fundamental (IBGE, Censo Demogrfico 2000). Esse dado refora o propsito de ampliao do Ensino Fundamental para nove anos, uma vez que permite aumentar o nmero de crianas includas no sistema educacional. Os setores populares devero ser os mais beneficiados, uma vez que as crianas de seis anos da classe mdia e alta j se encontram majoritariamente incor-poradas ao sistema de ensino na pr-escola ou na primeira s-rie do Ensino Fundamental. A opo pela faixa etria dos 6 aos 14 e no dos 7 aos 15 anos para o Ensino Fundamental de nove anos segue a tendncia das famlias e dos sistemas de ensino de inserir progressivamente as crianas de 6 anos na rede escolar. A incluso, mediante a antecipao do acesso, uma medida contextualizada nas polticas educacionais focalizadas no Ensi-no Fundamental. Assim, observadas as balizas legais constitu-das desde outras gestes, como se pode verificar no item 1, elas podem ser implementadas positivamente na medida em que podem levar a uma escolarizao mais construtiva. Isto porque a adoo de um ensino obrigatrio de nove anos iniciando aos seis anos de idade pode contribuir para uma mudana na estru-tura e na cultura escolar. (BRASIL, 2004b, p. 17).

    Como se pode verificar, a questo central de aproveitamento de uma de-manda j existente na educao infantil e que poder ser contabilizada nas estats-ticas que visam ampliar a cobertura de alunos na etapa de educao obrigatria.

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    Incontestavelmente, a oferta do EF9A no visa to somente atender a uma agenda nacionalmente estabelecida. Na Declarao do Mxico, em 1979, os pa-ses signatrios comprometeram-se a oferecer uma educao geral mnima de 8 a 10 anos antes de 1999. Naquela declarao, resultante da reunio, da qual participaram 37 pases, incluindo representantes da Amrica Latina e do Caribe (NETO; RODRIGUEZ, 2007), foi acordada uma proposta de democratizao educativa e social que continha o grmen de, praticamente, todas as agendas educativas da regio dos anos 80 e 90 (UNESCO; OREALC, 2001).

    Concebida a educao como chave para a soluo dos problemas sociais, a partir da Reunio Regional Intergovernamental realizada no ano de 1981 em Quito, a efetivao de mecanismos capazes de promover a expanso da cober-tura da educao bsica passa a compor um dos objetivos especficos do Projeto Principal de Educao (PPE).

    Esse projeto foi elaborado pela Unesco a pedido dos ministros da educa-o e de planificao econmica da Amrica Latina e do Caribe, no encontro realizado no Mxico, em 1979. No encontro, o compromisso de oferta de uma educao geral mnima de 8 a 10 anos, expresso na forma de um dos objetivos do PPE, esteve orientado, principalmente, pela necessidade de cobertura da educa-o formal e regular em vista dos deficits existentes na poca, com a expectativa de crescimento econmico sustentvel nos pases signatrios do PPE.

    A despeito de no haver definio nica e coincidente entre os pases da regio sobre a concepo de educao bsica, em geral, o seu conceito est asso-ciado educao considerada obrigatria. Nos pases do Caribe, a obrigatorie-dade relaciona-se idade dos alunos, ao passo que nos pases da Amrica Latina ela se vincula ao nmero de sries que o aluno deve cursar.

    No Relatrio Delors, elaborado a partir da Conferncia de Jomtien, 1990, a educao bsica refere-se [...] educao inicial (formal ou no formal) que vai, em princpio, desde cerca dos trs anos de idade at aos doze, ou menos um pouco. (DELORS, 2003, p. 125). As atividades educativas destinam-se a satisfazer as necessidades bsicas de aprendizagem. No Brasil, a educao bsica compreende trs etapas: educao infantil, ensino fundamental e ensino mdio.

    Tendo em vista ordenamentos comuns, no documento do PPE, o termo educao bsica refere-se educao geral mnima obrigatria. Consoante do-cumento produzido pela Unesco em 2001, o qual faz um balano dos 20 anos

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    do Projeto Principal de Educao na Amrica latina e no Caribe (UNESCO; OREALC, 2001), entre os anos de 1980 a 2000, o objetivo de oferta de uma educao bsica de 8 a 10 anos foi perseguido pelos pases da regio. Vejam-se os dados no quadro seguinte.

    Pases 1980* 2000Antgua e Barbuda 11 11Antillas Holandesas s/inf. 9Argentina 7 10Aruba s/inf 9Bahamas 10 12Barbados 9 11Belice 8 9Bermuda 11 11Bolvia 8 8Brasil 8 8Chile 8 8Colmbia 5 11Costa Rica 8 10Cuba 9 9Dominica 10 10Equador 6 10El Salvador 9 11Granada 8 9Guatemala 6 9Guiana 8 8Haiti 6 9Honduras 6 9Ilhas Caiman 8 11Ilhas Turcas e Caicos 9 11Ilhas Virgens 10 11Jamaica 10 10Mxico 6 9Nicargua 6 9

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    Ensino fundamental de nove anos: aspectos legais e didtico-pedaggicos

    Panam 9 11Paraguai 6 9Peru 6 11Repblica Dominicana 8 10So Kitts e Nevis 9 11So Vicente e Granadinas 10 10Santa Lucia 10 10Suriname 6 9Trinidad e Tobago 7 7Uruguai 9 10Venezuela 10 12Mdia de anos 8.10 9.79Total pases 37** 39

    Quadro 1: Anos de educao obrigatria nos sistemas educativos da Amrica Latina e do Caribe, em 1980 e em 2000

    Fonte: Miller (apud UNESCO; OREALC, 2001).Nota: *Nesses dados esto includas as mudanas ocorridas entre os anos 1980 e 1990.

    **Sem informao referente aos anos de 1980.

    Como se pode observar, a durao da educao bsica varia segundo os pases. Na dcada de 80, a educao mnima exigida das crianas e jovens no Caribe era de 9 anos, enquanto na Amrica Latina era de 7 anos. Com a intensifi-cao de reformas educativas, nos anos de 1990 essa situao muda. A mdia de escolaridade para o conjunto da regio ascende de 8 para 9,7 anos. Enquanto nos pases do Caribe a mdia sobe de 9 para 10 anos, nos pases da Amrica Latina ela passa de 7 para 9,6 anos.

    Dos 19 pases latino-americanos, 15 aumentaram os anos de escolaridade durante os anos 80 e 90 e quatro se mantiveram estveis, trs com uma educao de oito anos (Bolvia, Brasil e Chile) e um com educao de nove anos (Cuba). Em alguns casos, a ampliao foi mais significativa. Colmbia, por exemplo, pas-sou a escolaridade obrigatria de 5 para 11 anos.

    Atualmente, a mdia da escolaridade considerada bsica nos pases da Amrica Latina e do Caribe varia entre 9 e 11 anos. Apenas Bahamas e Venezue-la adotam 12 anos de escolaridade mnima. Conforme apresentado na Tabela 1, o Brasil um dos pases nos quais o nmero de anos de educao obrigatria

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    permaneceu inalterado nas duas ltimas dcadas (de 1980 at 2000), ficando abaixo da mdia da Regio.

    Obviamente, a obrigatoriedade legal no assegura que todas as crian-as em idade escolar tenham acesso educao e possam concluir o ciclo obrigatrio. De igual forma, o aumento da escolarizao obrigatria no se traduz, necessariamente, em melhoria da qualidade de ensino. No entanto, a ampliao da durao da escolaridade obrigatria considerada pela Unesco uma medida promissora para elevar o nvel de formao dos estudantes e me-lhorar a aprendizagem das crianas e jovens da regio (UNESCO; OREALC, 2001).

    O Censo Escolar (Educacenso), realizado pelo Inep em 2007, retrata a realidade estatstico-educacional da educao bsica no Brasil. Os dados coleta-dos apontam que, em 2007, havia 53.028.928 alunos matriculados na educao bsica, distribudos conforme Tabela 1:

    Tabela 1: Alunos matriculados na educao bsica por dependncia administrativa Dependncia administrativa Nmero de alunos matriculados Percentual

    Federal 185.095 0,4Estadual 21.927.300 41.3

    Municipal 24.531.011 46,3Privada 6.385.522 12

    Total 53.028.928 100Fonte: adaptada de Educacenso (2008).

    Em 2007, o nmero de alunos matriculados no Ensino Fundamental de 8

    Anos (EF8A) correspondia a 55,7% do total de matrculas dessa etapa de esco-larizao. J o EF9A ficou com 44,3% do total de alunos matriculados no ensino fundamental. Os sistemas municipais concentram o maior percentual de alunos matriculados nesse modelo (60,9%), seguidos pelos sistemas estaduais (com 27,4%) e pelas redes privadas (11,7%) (EDUCACENSO, 2008).

    Embora seja possvel constatar plena sintonia entre a proposio da am-pliao dessa etapa de escolarizao com as polticas emanadas das reformas ini-ciadas na dcada de 1990, no mbito do projeto hegemnico em andamento, as implicaes mais diretas para a criana, a escola, os professores e o currculo, so

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    Ensino fundamental de nove anos: aspectos legais e didtico-pedaggicos

    discusses ainda em curso. Em face disso, e por se tratar de processo recente, os estudos e pesquisas sobre a temtica ainda so incipientes.

    3 EF9A: DO PROCLAMADO AO REALIZVEL

    O processo pouco democrtico instaurado na implantao do EF9A de-mandou a produo de textos e documentos oficiais, com o objetivo de dar legitimidade e orientar professores e gestores no momento da transio, espe-cialmente no que se refere s implicaes pedaggicas, a exemplo dos pareceres emanados da Cmara de Educao bsica j citados. Entre os textos produzidos, ganhou relevncia a publicao do livro Orientaes para a incluso da criana de seis anos de idade: + 1 ano fundamental (BRASIL, 2006a), de ora em diante denominado Documento 1.

    Os nove captulos que o compem destacam: a infncia como eixo pri-mordial para a compreenso da nova proposta pedaggica; a brincadeira con-templada na reestruturao do currculo no somente para o primeiro ano como para todo o ensino fundamental; a importncia das diversas expresses para o desenvolvimento da criana, de modo que a escola garanta tempos e espaos para o movimento, a dana, a msica, a arte, o teatro, etc.; a acolhida das crianas na escola; as reas do conhecimento entre si em uma perspectiva de menor frag-mentao dos saberes no currculo escolar; a importncia da relao das crianas com o mundo da escrita e uma perspectiva de avaliao voltada observao, o registro e reflexo sobre os processos de ensino-aprendizagem. Cumpre obser-var o mrito do documento medida que apresenta alguns eixos orientadores como subsdio ao planejamento da prtica.

    Nesse documento, os fatores mobilizadores utilizados pelo Ministrio da Educao para a ampliao do ensino fundamental esto anunciados como: a necessidade de o Brasil aumentar a durao da escolaridade obrigatria, consi-derando a universalizao do acesso a essa etapa de ensino; a incluso de maior nmero de crianas no sistema educacional brasileiro, especialmente aquelas pertencentes aos setores populares, uma vez que as crianas de seis anos de idade das classes mdia e alta j se encontram, majoritariamente, incorporadas ao siste-ma de ensino; a ideia de que, quando as crianas ingressam na instituio escolar

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    Marilda Pasqual Schneider, Zenilde Durli

    antes dos sete anos de idade, apresentam, em sua maioria, resultados superiores em relao quelas que ingressam somente aos sete anos (BRASIL, 2006a).

    Consoante o documento, o objetivo declarado o de [...] assegurar a to-das as crianas um tempo mais longo de convvio escolar com maiores oportu-nidades de aprendizagem. (BRASIL, 2006a). Em face desse objetivo, pode-se considerar a ampliao do ensino fundamental como uma poltica afirmativa, benfica no sentido da oportunidade de mais vagas, da facilidade do acesso e da ampliao da obrigatoriedade.

    No obstante, atentando para a predominncia das orientaes dos orga-nismos internacionais no delineamento de polticas educativas no pas, pode-se ponderar sobre essa ampliao como resultado da forte tendncia focalizao dos recursos na escolaridade bsica, em detrimento de maiores investimentos na educao infantil, conforme admite o prprio MEC/SEB: A incluso, mediante a antecipao do acesso, uma medida contextualizada nas polticas educacio-nais focalizadas no Ensino Fundamental. (BRASIL, 2004b, p. 17).

    Segundo proclamado no Documento 1, a poltica de ampliao do ensino fundamental de oito para nove anos exige [...] aes formativas da opinio p-blica, condies pedaggicas, administrativas, financeiras, materiais de recursos humanos, bem como acompanhamento e avaliao em todos os nveis da gesto educacional. (BRASIL, 2006a, p. 7). Contudo, nele esto priorizadas orienta-es que focalizam as condies pedaggicas, abordadas em textos organizados por autores bastante conhecidos na rea da educao. Considera-se, no entanto, que elas no so e no foram suficientemente claras no tratamento das questes concernentes ao currculo e alfabetizao.

    Outro documento importante para a anlise das orientaes emanadas do MEC denomina-se Ensino fundamental de nove anos: perguntas mais frequentes e respostas da Secretaria de Educao bsica, de ora em diante, Documento 2. Apre-senta, em sntese, um conjunto de questionamentos e as respectivas respostas s inquietaes e dvidas de professores e gestores, contemplando desde aspectos legais at os pedaggicos e da infraestrutura fsica e de materiais.

    Em relao ao currculo, tema no qual se concentram as dvidas mais recor-rentes, a Secretaria de Educao bsica (SEB) informa que o contedo a ser traba-lhado na primeira srie do EFNA no nem aquele pertencente ao ltimo ano da educao infantil nem mesmo aquele da primeira srie do EF8A. Orienta primeiro,

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    Ensino fundamental de nove anos: aspectos legais e didtico-pedaggicos

    no sentido de que a educao infantil tem objetivos prprios de desenvolvimento infantil [...] respeitando, cuidando e educando crianas no tempo singular da pri-meira infncia [...] (BRASIL, 2006b, p. 6). Em segundo, que no caso do primeiro ano do ensino fundamental, [...] a criana de seis anos, assim como as demais de sete a dez anos de idade, precisam de uma proposta curricular que atenda suas caractersticas, potencialidades e necessidades dessa infncia. (BRASIL, 2006b). Observa-se, assim, tendncia ruptura dos trabalhos de uma etapa para a outra, e no uma orientao baseada na direo do entendimento de que a aprendizagem e o desenvolvimento infantil implicam uma noo de continuidade.

    Ainda, nesse documento, as respostas e orientaes relativas aos questio-namentos sobre a organizao curricular reportam-se ao Documento 1 (BRASIL, 2006a), considerado o principal subsdio aos sistemas de ensino na elaborao da proposta pedaggica e do currculo para essa nova realidade do ensino funda-mental, ou seja, prevalece uma orientao bastante genrica. Essa forma de orien-tao dificulta s escolas a construo de uma proposta pedaggica coerente, re-sultando como consequncia na falta de unidade entre os sistemas de ensino.

    Outra questo bastante relevante refere-se alfabetizao e sua obriga-toriedade aos seis anos de idade. No Documento 1 est dito que cabe [...] ins-tituio escolar, responsvel pelo ensino da leitura e da escrita, ampliar as expe-rincias das crianas e dos adolescentes de modo que eles possam ler e produzir diferentes textos com autonomia. (BRASIL, 2006a, p. 70). Diz ainda que [...] do ponto de vista escolar, espera-se que a criana de seis anos possa ser iniciada no processo formal de alfabetizao, uma vez que possui condies de compre-ender e sistematizar determinados conhecimentos. (BRASIL, 2006a, p. 87). O Documento 2 expressa que esse primeiro ano [...] constitui uma possibilidade para qualificar o ensino e a aprendizagem dos contedos da alfabetizao e do le-tramento. (BRASIL, 2006b, p. 6). Ressalta, por fim, que [...] a alfabetizao no deve ocorrer apenas no segundo ano do ensino fundamental uma vez que acesso linguagem escrita um direito de todas as crianas. (BRASIL, 2006b, p. 6).

    Tais orientaes no deixam dvidas: o primeiro ano do EF9A deve con-siderar como sua finalidade principal a alfabetizao das crianas em um pro-cesso sistematizado. Conforme se salientou, o que no se percebe com clareza a direo que deve tomar a prtica pedaggica, quais os procedimentos mais adequados ao aprendizado dos alunos nessa faixa etria.

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    Teme-se que a sistematizao dos processos de alfabetizao e letramento leve ao descuido das especificidades da infncia. As crianas de seis anos, antes atendidas por instituies de educao infantil voltadas s atividades do brincar, tpicas da infncia, podem ser massacradas por prticas descontextualizadas e voltadas exclusivamente s atividades de leitura e escrita. necessrio considerar, que embora no pertencendo mais etapa da escolaridade da educao infantil, migrando para o ensino fundamental, essa criana no deixou de ter seis anos.

    Se as orientaes sobre os encaminhamentos pedaggicos necessrios ampliao deixaram a desejar, inclusive porque as Diretrizes Curriculares Na-cionais para a educao infantil e o ensino fundamental, homologadas em 1999, ainda no foram revisadas, aquelas relativas s condies administrativas, de for-mao de recursos humanos e recursos financeiros para a adequao dos espaos pedaggicos que abrigariam essas crianas, foram ainda mais precrias. Espera-se que as aes do MEC no se limitem s orientaes mais ou menos genricas para a conduo das prticas. Salienta-se, pois, a necessidade de um aporte finan-ceiro adequado a processos de acompanhamento, estudo e debate dessa poltica que torna a criana de seis anos de idade um sujeito de escolaridade obrigatria.

    Uma educao de qualidade no se faz somente pela via das orientaes, mas est profundamente articulada a questes mais amplas, por exemplo, s con-dies de trabalho e, de modo ainda mais acentuado, s condies de formao inicial e continuada dos profissionais da educao.

    3.1 IMPLICAES DA AMPLIAO DO ENSINO FUNDAMENTAL PARA NOVE ANOS

    Embora os estudos sobre os efeitos e as consequncias da ampliao do ensino fundamental para nove anos ainda sejam incipientes, procedendo a um levantamento em peridicos e anais educacionais dos ltimos anos, encontram-se relatos de algumas pesquisas j desenvolvidas, nas quais possvel identificar posicionamentos, consensos e dissensos a respeito da temtica.

    No entendimento de Gorni (2007), por exemplo, tal proposio pode encerrar duas tendncias: uma positiva, no sentido da existncia de um movi-mento de busca e aprimoramento do processo e outra apenas como uma ao

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    Ensino fundamental de nove anos: aspectos legais e didtico-pedaggicos

    pontual, com vistas a introduzir uma mudana na organizao dessa etapa de escolarizao, em nada interferindo na qualidade da educao ofertada. A autora afirma que o desenvolvimento de uma ou de outra tendncia se associa ma-neira [...] como a proposta chegue s escolas e seja nelas apreendida, analisada e, em decorrncia, implementada. (GORNI, 2007, p. 69). Pressupe, ainda, o envolvimento dos professores como um dos fatores preponderantes na direo de produzir o diferencial necessrio concretizao da proposta.

    No caso da afirmao da primeira tendncia, a mudana reduziria-se an-tecipao de um ano na escolarizao obrigatria e no ingresso das crianas de 6 anos no ensino fundamental. Significaria, ento, [...] a supresso de uma etapa de trabalho importante, que hoje se realiza no mbito da educao infantil (EI) e que focaliza o desenvolvimento da criana enquanto indivduo e ser social. (GORNI, 2007, p. 70). Alm disso, provavelmente se manteria inalterada a atual situao de aprendizagem e aproveitamento existente nas escolas pblicas do pas. Os objetivos, considerados apenas aqueles proclamados por essa poltica, no se realizariam.

    Como elemento diferencial para a concretizao da segunda tendncia anunciada por Gorni (2007, p. 70) est a [...] priorizao do componente pe-daggico e a construo de uma base de sustentao slida. A materializao da proposta no mbito da escola o grande problema evidenciado pela autora, pois requer debates, estudos e discusses intra e interetapas de escolarizao, diagnsti-cos da realidade institucional, avaliao das condies e proviso delas no proces-so de implantao. Na exposio de tais argumentos, evidencia-se a postura crtica da autora em relao s possibilidades de concretizao de uma proposta capaz de alterar o atual quadro de evaso, repetncia e aproveitamento nas sries iniciais.

    Para Saveli (2008), a incluso de crianas mais novas na escola obrigatria exige o tratamento poltico, administrativo e pedaggico da questo. No aspecto poltico, destaca o aumento do nmero de crianas includas no sistema educacio-nal, enfatizando os benefcios concernentes quelas oriundas das classes popula-res. Em relao ao aspecto administrativo, refere-se necessidade de incremento nos investimentos em diversos setores: na formao inicial e continuada, na ade-quao dos espaos fsicos, na aquisio de materiais, entre outros. No aspecto pe-daggico, ressalta a necessidade de reorganizao do currculo e dos projetos pe-daggicos, de tal modo que assegurem o desenvolvimento [...] fsico, psicolgico,

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    lingustico, intelectual, social e cognitivo [...] (SAVELI, 2008, p. 6) da criana. De modo geral, a autora mostra-se bastante confiante em relao s implicaes e aos resultados da ampliao do ensino fundamental de oito para nove anos.

    Estudos de Santos e Vieira (2006) demonstram que a ampliao da esco-laridade no estado de Minas Gerais ocorreu, oficialmente, ainda em 2004, com a inteno manifesta de [...] repensar a cultura pedaggica da alfabetizao no ensino fundamental e reverter resultados negativos evidenciados nas avaliaes do Sistema Mineiro de Avaliao da Educao Pblica (Simave) e do Sistema Nacional de Avaliao da Educao bsica (Saeb). (SANTOS; VIEIRA, 2006, p. 776). Tambm esteve associada disponibilidade criada na rede estadual, em termos de salas vagas e de professores sem classe, em decorrncia da diminuio das matrculas no ensino fundamental.

    Segundo as autoras, essa medida mobilizou dirigentes, professores e fa-miliares, suscitando dvidas e possibilitando entendimentos diversificados, no sendo desprezvel seu efeito indutor de aes e decises nas redes de ensino municipais e seu impacto na organizao das idades no ensino fundamental e na educao infantil (SANTOS; VIEIRA, 2006, p. 779). Sintetizando, apontam quatro razes que levaram o governo mineiro deciso de implementao do EF9A: demogrficas, financeiras, polticas e pedaggicas e educacionais. Para as autoras, a antecipao do ingresso integrou, poca, um rol de medidas, com a justificativa de que entrando mais cedo na escola obrigatria a criana teria mais tempo para aprender, o que aumentaria suas chances de permanncia na escola.

    De acordo com Barbosa (2003, p. 96), do ponto de vista terico, no h posio hegemnica sobre se deve ou no matricular as crianas aos 6 anos de idade na escola fundamental. Considera que a idade para comear o ensino fun-damental [...] basicamente uma prtica social que se institui em um determi-nado contexto, e no uma verdade cientificamente estabelecida. Alerta sobre a ausncia de estudos longitudinais sobre o sucesso de alunos que ingressaram com 6 anos ou de acompanhamento das diferentes prticas de incluso das crian-as nos sistemas educacionais brasileiros, inviabilizando uma tomada de posio mais referenciada cientificamente.

    Posiciona-se, favoravelmente, quanto ao incio da alfabetizao aos 6 anos, pois no considera isso uma novidade e, nem mesmo, uma iniciativa prejudicial s crianas. Argumenta que o processo de letramento das crianas pequenas se ini-

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    Ensino fundamental de nove anos: aspectos legais e didtico-pedaggicos

    cia muito antes dos 6 anos, sendo comum quelas que vivem em meios urbanos e com famlias que tm experincias com aes cotidianas de leitura e escrita.

    Segundo a mesma autora, o fracasso das crianas na alfabetizao atinge, sobretudo, s crianas mais pobres que, em geral, no frequentaram nenhum tipo de instituio educativa prvia ao ingresso na primeira srie, sendo provenientes de famlias pouco escolarizadas. Alm disso, considera as concepes de alfabe-tizao antiquadas e as metodologias incuas para produzir leitores e produtores de textos. Para a autora, [...] colocar as crianas de camadas populares na escola de ensino fundamental aos 6 anos sem uma proposta pedaggica adequada sig-nifica apenas antecipar o fracasso escolar. (BARBOSA, 2003, p. 37).

    Das concordncias e discordncias anunciadas, o posicionamento de Bar-bosa (2003) parece constituir, no mbito da prtica pedaggica, a dimenso mais preocupante. A mobilizao nacional para o EF9A esteve, em grande medida, sustentada pela ideia de que preciso superar o fracasso da alfabetizao, hoje vi-venciado no pas e comprovado pelo desempenho dos estudantes nas avaliaes de larga escala, tanto nacionais quanto internacionais. Contudo, a insero das crianas de 6 anos no ensino fundamental ocorre no mesmo modelo educacio-nal responsvel pela produo desse fracasso.

    Ao analisar os posicionamentos assumidos nesses estudos e considerar o acompanhamento do processo de implantao do EF9A, pode-se afirmar que a forma um tanto abrupta pela qual a ampliao chegou ao conhecimento dos sistemas de ensino e dos profissionais da educao tem dificultado aes no sen-tido de construir um planejamento curricular mais orgnico entre as etapas de escolaridade que compem a educao bsica. Tais rupturas podem constituir fatores promotores de insucesso escolar, pois o aluno passa de uma escola ou classe com uma organizao centrada nas singularidades das necessidades infan-tis e no direito brincadeira e produo cultural diretamente para um ensino fundamental, no qual as escolas ou classes esto mais centradas nos processos de alfabetizao e letramento.

    Sobre essa temtica, Kramer (2006, p. 811) defende que:

    [...] as crianas devem ser atendidas nas suas necessidades (a de aprender e a de brincar) e que tanto na educao infantil quan-to no ensino fundamental sejamos capazes de ver, entender e lidar com as crianas como crianas e no s como alunos.

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    A autora sustenta, ainda, que a incluso de crianas de 6 anos no ensino fundamental requer dilogo entre a educao infantil e o ensino fundamental; um dilogo institucional e pedaggico, na escola, entre as escolas, entre os siste-mas que congregam as escolas no esforo de construir alternativas curriculares que superem a problemtica atual do fracasso escolar (KRAMER, 2006).

    em face da necessidade de constituio de uma proposta curricular orgni-ca entre as etapas da escolaridade bsica que se considera o processo de implanta-o do EF9A precipitado e abrupto. A implantao antecedeu formao dos pro-fissionais envolvidos e, desse modo, no houve tempo para planejar a transio.

    Uma proposta educativa coerente para essa ampliao implica pensar a formao permanente dos profissionais que nela atuam. Conforme questiona Kramer (2001, p. 11), Como podem os professores/educadores se tornar cons-trutores de conhecimentos quando so reduzidos a meros executores de propos-tas e projetos de cuja elaborao no participaram e que so chamados apenas a implantar?. Isso significa que, alm das condies materiais concretas que asse-gurem processos de mudana, necessrio que os professores tenham acesso ao conhecimento produzido na rea da educao para repensarem sua prtica no sentido de adequ-la ao contexto da ampliao do EF9A.

    4 CONCLUSO

    Da incurso aos resultados das pesquisas concernentes temtica da am-pliao da escolaridade obrigatria no Brasil, emergem trs grandes focos de pre-ocupao: a questo da ruptura com a concepo de infncia sustentada pelas prticas na educao infantil; a questo da ruptura com o currculo vivenciado na educao infantil e a questo da formao dos professores para a atuao com as crianas de seis anos que ingressam na escolaridade obrigatria.

    A delimitao de um conceito e do tempo da infncia para as escolas brasi-leiras h muito est atrelada aos documentos oficiais. At a ampliao da escola-ridade obrigatria, a legislao considerava a etapa de 0 a 6 como a infncia que deveria ser atendida pela educao infantil. Os documentos orientadores das pr-ticas nas escolas pblicas, entre eles, os Referncias Curriculares Nacionais para a Educao Infantil (RCNEIs), estiveram pautados nessa mesma lgica e em uma

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    Ensino fundamental de nove anos: aspectos legais e didtico-pedaggicos

    acepo de indissociabilidade entre o cuidar e educar. Muitas escolas e sistemas de ensino construram suas propostas pedaggicas ancoradas nessa acepo.

    No momento da transio, sem o tempo necessrio discusso e cons-truo de outra proposta pedaggica mais adequada s mudanas requeridas pela insero da criana de seis anos no ensino fundamental, parece que tanto os fatores de homogeneizao, que assinalam os elementos de homogeneidade da infncia de 0 a 6 anos, quanto aqueles de diferenciao e heterogeneidade, que caracterizam as crianas, foram desconsiderados. A preponderncia dos fatores estatsticos sobre os pedaggicos coloca em risco a construo de alternativas capazes de superar a problemtica da evaso e da repetncia nos anos iniciais do ensino fundamental, to anunciada pelos rgos oficiais nos ltimos tempos.

    Delinear propostas articulando contedos e metodologias s necessida-des, interesses e especificidades das crianas tanto da educao infantil de 0 a 5 anos quanto do EF9A no foi um desafio devidamente enfrentado nem pelas po-lticas educacionais, nem pelos rgos oficiais antes do processo de ampliao. Espera-se, no entanto, que seja enfrentado pelos professores no prprio proces-so de implementao, porm, e mais uma vez, sem as condies materiais ne-cessrias sua efetivao. Esquece-se, assim, que o desempenho dos professores e o resultado da ao pedaggica so variveis dependentes de um conjunto de fatores, entre os quais esto os incentivos, os recursos, a carreira e a formao.

    Outro aspecto importante diz respeito formao dos professores. Na atualidade, as polticas de formao dos profissionais da educao advogam a necessidade de uma profunda reforma, apontando um profissional ideal, que na realidade no existe. Ainda que evoquem esse professor ideal, em sua aplicao, no se adotam medidas capazes de realizar tal intento. O equvoco maior reside no entendimento de que a mudana educativa pode ser obtida pelo esforo r-pido e curto, podendo ser, simplesmente, decretada. No estabelecimento de po-lticas educativas, no percebida a mudana educativa como resultante de um processo de longo prazo, que exige esforos polticos, pedaggicos e materiais.

    Pensar uma proposta pedaggica que vise melhoria das condies de ensino requer uma escola comprometida com a produo de saberes e com uma proposta curricular realmente transformadora; o que nem sempre possvel diante dos inmeros desafios e das imensas dificuldades a que a escola se v sub-metida em tempos atuais. A escassez de recursos e a perspectiva de autogesto,

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    sem oferecer escola condies necessrias para o desenvolvimento de propos-tas curriculares adequadas nova identidade do aluno na faixa etria dos 6 aos 14 anos, ocasionam incertezas quanto eficcia da nova Lei.

    Entre os desafios a ser enfrentados pelos sistemas de ensino para a adequa-o do EF9A, est a promoo de espaos amplos de discusso sobre a funo da educao escolarizada no processo de formao do sujeito aprendente e sobre os conhecimentos necessrios a esse sujeito. Ainda, estudos concernentes base curricular, que considerem a criana do EF9A e o interesse do Governo Federal em instituir o ensino obrigatrio de 14 anos (dos 4 aos 17 anos de idade). O enfrentamento dessas questes tem a ver com a no subsuno dos aspectos da qualidade educacional aos da quantidade.

    Basic education of nine years: legal and didactic-pedagogical aspects

    Abstract

    The text deals with the obligatory educations increasing from eight to nine years of duration, as regulated for the Federal Law engraved by the Republics President in the sixth of February of 2006. First, we present the historical context in which the promulgation of the related Law was inserted. In a second moment, we analyze some documents engraved by the MEC with the objective of guiding the process of EF9As implantation and argue about some points of view of educators and researchers on the subject. Finally, we point some challenges to be faced by the systems of education and the Basic Educations schools as a way to construct coherently a proposal that can, in fact, promote improvements in the quality of Brazilians education.Keywords: Basic education of nine years. Political-legal aspects. Didactic-pedagogical challenges.

    Nota explicativa

    1 O texto parte de uma investigao realizada, com o intuito de verificar o processo de implantao do ensino fundamental de nove anos na regio de abrangncia da Unoesc.

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    Ensino fundamental de nove anos: aspectos legais e didtico-pedaggicos

    A pesquisa contou com Bolsa do PIBIC, artigo 170, e a participao de duas bolsistas: Jackeline Panceri, do Campus de Videira, e Francieli Da Caz, do Campus de Joaaba. O detalhamento completo da investigao e os resultados obtidos esto publicados no Rela-trio de pesquisa A implantao do ensino fundamental de nove anos na regio de abrangncia da Unoesc, disposio dos interessados no setor de Pesquisa, Ps-graduao e Extenso dos Campi de Videira e de Joaaba.

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    Recebido em 5 de fevereiro de 2009Aceito em 14 de abril de 2009