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TRANSCRIPT
David Neeleman e as perspectivas da aviação no país
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SERVIÇOS
internacional
Negócios àfrancesa
exportação
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Revista da Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado do Rio Grande do Sul2 0 0 9
mercado
Onde negócios locais eglobais se encontram
Núm
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Maio
2007
SUMÁR IOEXPEDIENTE
14 Abrindo as portas para o mundoCom destaque nas contas nacionais ao longo dos
últimos anos, as exportações não se restringem aos
grandes empreendimentos e se tornaram uma
alternativa também para micro e pequenas empresas
Publicação mensal do Sistema Fecomércio-RS
Federação do Comércio de Bens e de Serviços
do Estado do Rio Grande do Sul
Rua Alberto Bins, 665 – 11º andar – CentroCEP 90030-142 – Porto Alegre/RS – BrasilFone: (51) 3286-5677/3284-2184 – Fax: (51) 3286-2143www.fecomercio-rs.org.br – [email protected]
Presidente: Flávio Roberto Sabbadini
Vice-presidentes: Antônio Trevisan, Flávio José Gomes, Ivo JoséZaffari, João Oscar Aurélio, Joarez Miguel Venço, Jorge LudwigWagner, Júlio Ricardo Mottin, Luiz Antônio Baptistella, Luiz CaldasMilano, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez, Moacyr Schukster,Nelson Lídio Nunes, Olmiro Lautert Walendorff, Renato Turk Faria,Valcir Scortegagna e Zildo De Marchi
Vice-presidentes regionais: Cezar Augusto Gehm, CláudiaMara Rosa, Francisco Franceschi, Hélio José Boeck, IbrahimMahmud, Joel Vieira Dadda, Leonides Freddi, Níssio Eskenazi,Ricardo Tapia da Silva, Sérgio José Abreu Neves e Sérgio Luiz Rossi
Diretoria: Airton Floriani, Alécio Lângaro Ughini, André Arthur K.Dieffenthaler, André Luis K. Piccoli, André Luiz Roncatto, ArnildoEckhardt, Arno Gleisner, Ary Costa de Souza, Carmen Flores,Celso Canísio Müller, Derli Neckel, Edson Luis da Cunha, EugênioArend, Fábio Norberto Emmel, Francisco Amaral, Gerson JacquesMüller, Gilberto Cremonese, Hélio Berneira, Hildo Luiz Cossio,Ildemar José Bressan, Ildoíno Pauletto, Isabel Cristina Vidal Ineu,Itamar Tadeu Barbosa da Silva, Ivanir Gasparin, Ivar Ullrich, JairLuiz Guadagnin, João F. Micelli Vieira, Joel Carlos Köbe, JorgeRubem D. Schaidhauer, José Nivaldo da Rosa, Jovino AntônioDemari, Jovir P. Zambenedetti, Júlio César M. Nascimento, JuremaPesente e Silva, Leonardo Schreiner, Levino Luiz Crestani, LionesBittencourt, Lúcio Gaiger, Luis Fernando Dalé, Luiz Alberto Rigo,Luiz Carlos Dallepiane, Luiz Eduardo Kothe, Luiz HenriqueHartmann, Luiz Roque Schwertner, Marco Aurélio Ferreira,Maria Cecília Pozza, Marice Guidugli, Milton Gomes Ribeiro,Olmar João Pletsch, Paulo Anselmo C. Coelho, Paulo AntônioVianna, Paulo Ganzer, Paulo Renato Beck, Paulo RobertoKopschina, Paulo Saul Trindade de Souza, Régis Feldmann, RenzoAntonioli, Ricardo Murillo, Ricardo Pedro Klein, RobertoSegabinazzi, Rogério Fonseca, Rui Antônio Santos, Silvio HenriqueFröhlich, Sírio Sandri, Susana Fogliatto, Tien Fu Liu, Valdo DutraNunes, Walter Seewald e Zalmir Fava
Conselho Fiscal: Rudolfo José Müssnich, Celso LadislauKassick, José Vilásio Figueiredo, Darci Alves Pereira, SérgioRoberto H. Corrêa, Ernani Wild
Conselho Editorial: Antonio Trevisan, Derly Cunha Fialho,Everton Dalla Vecchia, Flávio Roberto Sabbadini, Ivo JoséZaffari, José Paulo da Rosa, Luiz Carlos Bohn, Manuel Suárez,Moacyr Schukster, Renato Turk Faria e Zildo De Marchi
Assessoria de Comunicação: Aline Guterres, Camila Barth,Catiúcia Ruas, Fernanda Borba, Fernanda Romagnoli, JoséPedro Fontoura, Juliana Maiesky e Simone Barañano
Coordenação Editorial: Simone Barañano
Edição: Fernanda Reche (MTb 9474) e Svendla Chaves (MTb 9698)
Reportagem: Bianca Alighieri, Francine de Souza, Leandro Melo,Patricia Campello
Colaboração: Edgar Vasques, João Satt Filho, Moacyr Scliar,Priscilla Ávila
Revisão: Flávio Dotti Cesa
Edição de Arte: Silvio Ribeiro
Impressão: Nova Prova
Tiragem: 25,5 mil exemplares
É permitida a reprodução de matérias, desde que citada a fonte.Os artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião do veículo.
e x p o r t a ç ã o
FecomércioSERVIÇOSBENS &
Onde local e global se encontramConsolidado o movimento de globalização, os mercados
locais se adaptaram aos novos tempos. Agora, local e
global são forças complementares no cenário mundial
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SUMÁR IO
05FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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e n t r e v i s t a
Dinheiro para investirnas alturasDavid Neeleman, presidente da Azul Linhas Aéreas, faz
o panorama da aviação no Brasil e aponta os
caminhos que a empresa deve adotar nos céus do país
18
l e i g e r a l
Novos personagens daeconomia formalAs novidades na Lei Geral das Micro e Pequenas
Empresas permitem que novas figuras se
enquadrem no mercado formal
42p r o f i s s i o n a l i z a ç ã o
Educação em amplo e restrito sensoA pós-graduação já está incorporada à realidade de muitos
brasileiros, que optam pela formação como alternativa para
agregar conhecimentos e se diferenciar no mercado
e n t r e t e n i m e n t o
Muita cultura à beira-marVerão não é só sinônimo de
sombra e água fresca. O litoral
gaúcho já oferece diversas opções
culturais e de entretenimento no
entorno da praia
40
44i n t e r n a c i o n a l
Comércio com ovelho mundo
França e Brasil intensificam relações
comerciais e culturais, promovendo
novos negócios e o intercâmbio de
conhecimento e informação
p a l a v r a d o p r e s i d e n t e7
v i s ã o p o l í t i c a
m a i s & m e n o s
v i s ã o e c o n ô m i c a47
n o t í c i a s e n e g ó c i o s
s a i b a m a i s32
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17
g u i a d e g e s t ã o12
c r ô n i c a 50
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v e í c u l o s
i n v e s t i m e n t o
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e s t á g i o 34
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D
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f e v e r e i r o
11Rio Grande do PalcoO Grupo Colapso Teatral apresenta
O Patinho Feio, uma comédia musi-
cal. No Teatro do Sesc Vale do
Gravataí, às 21h.
Sesc MúsicaOs músicos Rafa Schuler, Tiago Ferraz
e Paulinho Cardoso apresentam O
Rádio e o Cinema eram assim...
Também no dia 12, às 19h30, no
Teatro do Sesc Caxias do Sul.
13Festa da melanciaAs atividades da 8ª Expofesta Regional
da Melancia se estendem até domingo
(15), na cidade de Pedro Osório.
14Travessia Sesc5ª edição da Travessia Sesc Torres –
Tramandaí. A largada será às 6h,
próximo ao quiosque do Estação
Verão Sesc, em Torres.
6Música GaúchaInício do Circuito Sesc de Música
Gaúcha. Nas cidades de São
Lourenço do Sul, Arambaré,
Capão da Canoa, Capão Novo,
Arroio do Sal e Torres. Sempre às
21h com entrada franca.
Verão para TodosÚltimo dia das atividades
educacionais e culturais do Senac,
em Carazinho. Mas no dia 16, a
cidade recebe novamente o Projeto,
através do Sesc, que leva música,
teatro, dança e literatura, durante
todo o dia. Das 8h às 21h30.
10Carreta OdontoSescLançamento em Fazenda Vila
Nova, no Vale do Taquari. Na Av.
Rio Grande do Sul, 100, às 11h.
FormaturaO núcleo de Aprendizagem
Comercial do Senac Tramandaí
forma turmas de Operador de
Supermercado e Agente Comercial.
No auditório da Prefeitura de
Tramandaí, às 20h30.
Festa de conclusãoFormatura da turma de Análise
de Desenvolvimento de Sistema, da
Faculdade de Tecnologia
Senac Passo Fundo, no Teatro
do Sesc Passo Fundo.
24FenavinhoSenac Bento Gonçalves finaliza suas
atividades na feira de vinho,
onde a instituição montou uma
cozinha para ministrar oficinas
gratuitas de gastronomia.
28Projeto ResistênciaNo município de Santa Rosa, às
20h30, no Teatro do Sesc.
Atividades CulturaisO Verão Band Sesc 2009
chega à reta final. Último dia de
atividades culturais como
exibição de filmes e apresentações
teatrais e musicais, na
Praia de Torres.
Internet grátisApós um mês disponibilizando aos
veranistas acesso gratuito à internet,
a Carreta Senac finaliza suas
atividades na praia de Tramandaí.
Das 9h às 18h.
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Div
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TE
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Flávio Roberto Sabbadini
Presidente do Sistema Fecomércio-RS
uando a globalização emergiu
com mais vigor no final dos
anos 80, acreditava-se que as
relações de consumo de âmbito lo-
cal estariam com os dias contados.
Entretanto, o que de fato se obser-
vou foi a promoção de uma nova con-
figuração do globo, provocada pela
queda de fronteiras virtuais. Com
isso, emergiu um novo modelo de de-
senvolvimento econômico, que está
a favor daqueles que sabem adaptar
os seus negócios aos novos formatos.
A globalização facilitou os cami-
nhos que nos permitem comercializar
produtos importados e vender os
nossos produtos e serviços para o
mundo; agregou conhecimento e di-
minuiu distâncias. Permitiu também
que tivéssemos uma visão de mundo
mais abrangente, retirando do cami-
nho ruídos que não permitiam uma
comunicação plena entre regiões so-
cial e economicamente distintas.
Com isso, as relações comerciais, em
tese, tornaram-se mais transparentes.
Mas a grande mudança provoca-
da por este fenômeno foi o chacoa-
lhar dos antigos modelos de negócio. Para garantirmos o nosso
lugar, fomos forçados a adequar nossas empresas à música
que toca no mundo e a desenvolver novas formas de fazer
comércio, promovendo o fortalecimento das redes de coo-
peração. O associativismo ilumina o setor e revigora as nos-
sas ações. Do interior à capital, o Rio Grande do Sul está
repleto de bons exemplos de empreendimentos econômicos
solidários, que dinamizam localidades que se viram intima-
das pela expansão global da economia.
Por outro lado, a abertura das fronteiras não deve ser en-
carada como uma ameaça; o melhor proveito que podemos
usufruir do processo de globalização é a escolha das alterna-
tivas que surgem diante de nós. Precisamos ser dinâmicos
para dialogar com os fatores externos ao mesmo tempo em
que vislumbramos as potencialidades que se mostram ao nosso
redor. O que significa aceitar que o global e o local não são
grandezas distantes, mas elementos que se inter-relacionam
para promover a ascensão e a sustentabilidade de segmentos
econômicos. Movimentos assim nos tiram da letargia e pro-
movem uma sempre bem-vinda mudança de ponto de vista.
Q
de vistaUm novo ponto
Divulgação/Fecomércio-RS
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E d g a r V a s q u e s
Lei dos ConsórciosEntrou em vigor no início de fevereiro a Lei nº 11.795/2008,
que regulamenta os consórcios no país. Até então o setor re-
cebia normas do Banco Central, com a nova lei há muito mais
garantias jurídicas para o consumidor. Um exemplo é a com-
pra da casa própria através de consórcio imobiliário, em que o
consumidor terá a segurança dessa transação, que está subor-
dinada ao Código de Defesa do Consumidor, deixando mais
fáceis questões como devolução do dinheiro pago em caso de
desistência. A lei também exige a separação, por parte da ad-
ministradora, do que é recurso próprio e o capital dos consor-
ciados, livrando o consumidor de possível prejuízo em caso
de falência da administradora. A expectativa do setor é que as
novas regras atraiam mais consumidores e que promovam um
crescimento de 6% a 8% neste tipo de compra em 2009.
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S
Senac-RS forma bacharéisO dia 17 de janeiro marcou uma das mais importantes etapas
do Senac-RS em sua atuação no Ensino Superior. Em cerimônia
realizada no Centro de Eventos do Hotel Plaza São Rafael, a
Faculdade de Administração Senac (Facad), de Porto Alegre,
formou sua primeira turma do Curso Superior de Bacharelado
em Administração. O evento marcou o fim do curso de 18
estudantes, depois de mais de 3 mil horas de atividades
curriculares desenvolvidas nos últimos oito semestres. Para a
coordenação do curso, o projeto pedagógico é um dos pontos
altos do bacharelado, com princípios e práticas que
fundamentam e sustentam a construção de competências para
o mundo do trabalho.
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Educação Infantil do Sesc chega à Região Metropolitana
Governo poderá negar crédito à empresa que está demitindo
Envio simplificadoCidadãos brasileiros e empresas que precisam transfe-
rir recursos do exterior para o Brasil não precisam mais
se submeter à moeda norte-americana. Brasileiros que
moram no Japão, por exemplo, eram obrigados a con-
verter ienes (moeda japonesa) para dólares e, depois,
os dólares para reais. Para simplificar a transação, o Banco
Central regulamentou medida que permite que o envio
de dinheiro seja feito diretamente em reais, reduzindo
para uma só as operações de câmbio. Com isso, a insti-
tuição financeira diminui os custos da operação e sim-
plifica a vida de empresas e de milhares de cidadãos
brasileiros que moram no exterior.
Impossibilitado de impedir a onda de de-
missões que teve início este ano, o governo
avalia a posibilidade de negar crédito públi-
co à empresa que está demitindo, mas apre-
senta situação financeira saudável. O Minis-
tério da Fazenda pretende definir a real si-
tuação financeira de uma empresa como cri-
tério a ser analisado para garantir o acesso
ao crédito público. Uma equipe técnica já
está envolvida na tarefa de fazer uma radio-
grafia detalhada das grandes empresas que
estão cortando funcionários para checar se
elas estão ou não com problemas financei-
ros, para isso conta com ajuda dos dados do
Cadastro Geral de Empregados e Desem-
pregados (Caged). Segundo a Agência Es-
tado, algumas empresas estão tirando pro-
veito da crise financeira para conseguir mais
vantagens do governo; e ainda assim estão
demitindo funcionários.
As cidades de Alvorada e Cachoeiri-
nha, localizadas na Região Metropoli-
tana de Porto Alegre, passarão a con-
tar, em 2010, com Escolas de Educação
Infantil do Sesc-RS. O acordo para im-
plantação das unidades escolares acon-
teceu no final de fevereiro durante uma
reunião (foto) entre o presidente em
exercício da Fecomércio-RS, Moacyr
Schukster, o diretor regional do Sesc/RS,
Everton Dalla Vecchia, os prefeitos João
Carlos Brum, de Alvorada, e Luiz Vicente
da Cunha Pires, de Cachoeirinha, na sede
do Sistema Fecomércio-RS. As 120 vagas
disponibilizadas para as duas esco-
las serão gratuitas para crianças de
2 anos e 6 meses a 5 anos e 11 me-
ses, cuja renda familiar seja de até
três salários mínimos, e distribuí-
das através de sorteio para o ano
letivo de 2010. As unidades que se-
rão inauguradas em Alvorada e Ca-
choeirinha foram contempladas pelo
Programa de Comprometimento e
Gratuidade (PCG).
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Calote em altaCrescimento do desemprego, menor oferta de crédito e da
expectativa de queda na renda são apontados pela pesquisa
Serasa Experian Expectativa Empresarial como os principais
fatores motivadores do aumento da inadimplência no pri-
meiro trimestre de 2009. Segundo o estudo, 72% das com-
panhias acreditam que o calote vai aumentar. A enquete, de
abrangência nacional, consultou 1.024 empresas do comér-
cio, indústria e serviços, além de instituições financeiras, sen-
do estas últimas as mais pessimistas: 86% dos bancos acredi-
tam no aumento da inadimplência, seguidos pela indústria
(73%), o comércio (70%) e os serviços (71%).
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Artigos de informática e comunicação mantêmacumulado do ano em alta
Fonte: Fecomércio-RS
Variação do Volume das Vendas do ComércioVarejista e Atacadista Segundo Grupos de Atividade - 2008 (%)
Atividades
Comércio
Comércio varejista
Produtos alimentícios,
bebidas e fumo
Combustíveis e lubrificantes
Veículos, motocicletas, partes,
peças e acessórios
Comércio atacadista
Produtos alimentícios,
bebidas e fumo
Combustíveis
Veículos, motocicletas, partes,
peças e acessórios
Out
-1,8
-1,1
-1,7
4,0
-1,8
-2,7
-3,0
-1,7
4,5
Nov
-3,6
-3,4
-2,3
6,3
-10,7
-3,7
-1,4
-4,5
-5,5
MensalOut
5,8
5,8
-0,9
8,4
15,1
5,8
0,0
7,5
16,0
Nov
4,9
4,9
-1,0
8,2
12,4
4,9
-0,1
6,3
13,9
Acum. anoApesar da variação negativa de -3,6% apresentada pelo co-
mércio gaúcho no mês de novembro de 2008 em comparação
com o mesmo período de 2007, no acumulado do ano (perío-
do jan-nov/08) houve uma elevação de 4,9% no volume de
vendas. Ainda segundo o Índice de Vendas do Comércio
(IVC), divulgado em parceria entre a Fecomércio-RS e a FEE,
essa elevação foi promovida, principalmente, pelo setor de Equi-
pamentos e material para escritório, informática e comunicação (26,7%),
no comércio varejista; e pelas Máquinas, aparelhos e equipamentos
(25,6%), no comércio atacadista. A queda de -3,4% no varejo
apresentada em novembro foi acentuada nas vendas de Livros,
jornais, revistas e papelaria (-11,4%). O mesmo ocorreu com o
comércio atacadista, que revelou um decréscimo de 3,7%, sen-
do o setor de matérias-primas agropecuárias o que obteve mai-
or variação positiva (16,1%).
Fecomércio-RS e Famurs assinam termo de cooperaçãoCom o objetivo de impulsionar o turismo receptivo no
Estado, o presidente em exercício da Fecomércio-RS, Mo-
acyr Schukster, e o presidente da Federação dos Municí-
pios do Rio Grande do Sul (Famurs), Elir Domingo Girar-
di, assinaram um termo de cooperação entre as entidades.
O documento prevê o desenvolvimento de ações de infor-
mação, facilitação, capacitação, promoção e desenvolvi-
mento do turismo junto aos sindicatos filiados, às empresas re-
presentadas e às associações regionais. “Dessa forma mais uma
vez estaremos empenhados em buscar soluções para a crise”,
destacou Schukster. Para o presidente da Famurs, a parceria pode
apontar alguns caminhos com um foco em uma gestão munici-
pal cada vez mais aprimorada. A iniciativa foi comandada pelo
Conselho de Turismo e Hospitalidade da Fecomércio-RS.
Seminário destaca moda e belezaO 4° Seminário Moda & Beleza e o 1° Preview de Tendências Internacio-
nais, eventos promovidos pelo Senac Canoas nos dias 6 e 9 de março,
respectivamente, prometem trazer inúmeras novidades e tendências do
setor. As atividades, que incluem previews das próximas estações, irão ocor-
rer no auditório da escola (Rua Mathias Velho, 255) e terão como conteú-
do principal pesquisa realizada por docentes do Senac Canoas em tradicio-
nais semanas de moda de Paris e Milão – além do São Paulo Fashion Week.
As vagas são limitadas e os interessados podem obter informações pelo
telefone (51) 3476-7222 ou pelo e-mail [email protected] estilo criativo e inconfundível da estilista Vivienne Westwood
Márcio Weiss/Senac-RS
NOT ÍC IAS & NEGÓCIOS
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Oficina de culinária na praiaUma parceria entre Sesc-RS, Se-
nac-RS e Programa Social Coma
Bem, da Ceasa, realizou, nas praias
do Litoral Norte gaúcho, o projeto
Estação Verão na Cozinha. A iniciativa
ofereceu oficinas de culinária aos ve-
ranistas, com receitas de pratos eco-
nômicos que valorizam o aproveitamento integral dos alimentos.
As aulas aconteceram em um ônibus da Ceasa totalmente adapta-
do à atividade, que foi ministrada por professores de gastrono-
mia, cozinheiros e nutricionistas das entidades promotoras da ideia.
Em cada oficina foi preparada uma das opções do livro Receitas do
Mesa Brasil, publicado pelo Sesc-RS e que, além de reunir receitas
variadas, retrata o trabalho desenvolvido pelo Programa Mesa Brasil
Sesc no Estado e no Brasil. O Estação Verão na Cozinha aconteceu
nas praias de Capão da Canoa, Tramandaí, Torres e Cidreira; cada
participante doou dois quilos de alimentos não perecíveis.
Agradecemos pelo envio da revista Bens & Serviços
n° 43 e apresentamos nossos cumprimentos
pela excelência da publicação, que veio enriquecer,
complementar e atualizar nosso acervo.
Daiane Carreño
Biblioteca Central Unilasalle - Canoas/RS
Nova tabela previdenciáriaA expectativa de sobrevida da população subiu de 72,3 para
72,6 anos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Es-
tatística (IBGE). A partir desta atualização, o INSS passou
a usar uma nova tabela do fator previdenciário. Os novos
pedidos de aposentadoria por tempo de contribuição já es-
tão sujeitos à nova tabela, que pode diminuir ou elevar o
valor final do benefício. Nas faixas de idade acima de 60
anos a nova tabela do fator previdenciário acrescentou em
média mais 0,1 ano. O fator previdenciário é utilizado obri-
gatoriamente no cálculo das aposentadorias por tempo de
contribuição, entretanto ele não incide sobre as aposenta-
dorias por invalidez e, na aposentadoria por idade, o cálcu-
lo é feito apenas se houver benefício para o segurado.
Melissa Stoffel
GUIA DE GESTÃO
12 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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A garantia da correta prestação de serviço por parte das empresas de segurança privada
começa no momento da contratação. A escolha de uma empresa de segurança é um processo
criterioso que envolve a busca de informações e muita atenção por parte do contratante
bons serviços
riado em 1967 para ajudar a coibir o
aumento de assaltos a bancos, o servi-
ço de segurança privada era fiscalizado
pelos governos estaduais. A atividade só foi
regulamentada dois anos mais tarde. Em 1983,
a legislação estabeleceu novas regras para o
setor, que passou a ter controle do Ministério
da Justiça por meio da Polícia Federal. “O au-
mento da violência contribuiu para uma explo-
são na contratação de segurança privada, espe-
Segurança privada:
cialmente na década de 80. É importante ressaltar, porém,
que nossos serviços são complementares à ação da segu-
rança pública, sempre do portão para dentro. Quem cuida
da rua são as polícias civil e militar”, esclarece José Adir
Loiola, presidente do Sindicato das Empresas de Seguran-
ça Privada, Segurança Eletrônica, Serviços de Escolta e
Cursos de Formação do Estado de São Paulo (Sesvesp).
Hoje os clientes das empresas de segurança concen-
tram-se, em sua maioria, entre condomínios residenciais
e comerciais. Segundo Lucas Vieira, gestor operacional
C
GUIA DE GESTÃO
13FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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2009
da STV, empresa gaúcha que atua na área, o setor é muito
competitivo e teve o crescimento paralisado nos últimos
anos, uma vez que há um grande número de firmas em
atuação e os contratos perduram, não havendo uma mi-
gração de clientes nem novas contratações. “Juntamente
com esse cenário surgiram outros serviços como o ras-
treamento de veículos por satélite, tanto para pessoa ju-
rídica quanto física. Investir nessa área garantiu um novo
fôlego para os negócios.”
As empresas de segurança prestam serviço nas áreas
de vigilância patrimonial, estando restritas aos limites do
terreno do contratante; serviços de escolta armada, quan-
do objetiva proteger o transporte de carga ou de valores;
de segurança pessoal, protegendo os indivíduos; de trans-
porte de valores, utilizando veículos, equipamentos e téc-
nicas para o transporte de numerário, bens ou importân-
cias; e cursos de formação e treinamento, possibilitando
formar, especializar e reciclar os vigilantes do próprio gru-
po ou de outras empresas.
Os fora da lei
Olhando o vigilante na porta do mercado, a postura,
a farda e as armas dão um alerta: o local está seguro.
A força aparente, porém, torna-se vulnerável se a empre-
sa prestadora do serviço não estiver em acordo com a lei
e autorizada a atuar. Segurança não tem preço, e uma das
reivindicações mais ouvidas entre empresários do ramo é
que somado ao crescimento tido como vegetativo, de 5%
ao ano, quem opera dentro da lei não consegue bater os
preços muito menores praticados por quem corre à mar-
gem do mercado.
Empresas regularizadas dispõem de vigilantes treina-
dos, com formação acadêmica e que, consequentemente,
necessitam de remuneração mais elevada. O custo de equi-
pamentos mais eficientes também é contabilizado na ofer-
ta de serviços e geralmente faz a diferença em uma ação
que precisa de eficácia e preparo. “Segurança privada hoje
é muito mais preventiva do que reativa. Até o final da
década de 80, o vigilante entrava em cena para o enfren-
tamento. Nos últimos anos, ele é treinado para perceber
o perigo, calcular o risco e tentar minimizá-lo; se isso não
for possível, só então a força é utilizada. Garantir essa
estratégia e esse preparo tem um preço, e sa-
ímos perdendo frente a quem atua na clan-
destinidade”, explica Loiola, do Sesvesp.
A fim de fortalecer quem anda na linha,
está em tramitação no Congresso Nacional
projeto de lei que qualifica como crime a
contratação de serviço de segurança priva-
da clandestina – patrimonial ou de proteção
pessoal –, além do emprego de vigilantes sem
treinamento ou registro na Polícia Federal.
Vieira, da STV, lembra que os profissionais
devem passar por cursos de reciclagem a
cada dois anos e ter o seu registro renova-
do. “A população também corre risco quan-
do há uma pessoa despreparada e armada na
função de vigilante.”
Manual da contrataçãoVeja algumas dicas para contratar corretamente o serviço de
segurança patrimonial ou pessoal.
Custos X Serviços: Solicite às empresas de segurança uma
planilha detalhada, com informações dos serviços prestados e
dos custos praticados em cada uma. Utilize a tabela para
fazer acompanhamento do serviço prestado, certificando-se
de que todos os valores especificados estejam corretamente
contemplados.
Plano de segurança: Avalie se o contingente destacado é
suficiente ou demasiado para a sua solicitação, ou se os
horários são compatíveis com a sua rotina. O plano ou
projeto de segurança é um mapeamento dos serviços de
segurança que oferece a dimensão do número de pessoal
que estará em ação e as atribuições, funções e jornada diária
de cada trabalhador.
Empresa legal: Certifique-se da idoneidade da empresa a ser
contratada, exigindo a apresentação do registro e autorização
de funcionamento emitidos pela Polícia Federal, obrigatórios
para qualquer serviço dessa natureza, e as certidões
atualizadas de negativa de débito das empresas junto ao
INSS, FGTS, GDF e à Receita Federal, além do comprovante
de recolhimento da Contribuição Sindical do exercício atual
(GRCS). Informações adicionais podem ser obtidas junto a
outros clientes da mesma prestadora.
EXPORTAÇÃON
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14 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Abrindo as portaspara o mundo
MPEs batem recorde de exportações e mostram que um plano de negócios bem estruturado e
focado no mercado internacional é a principal ponte entre o Brasil e o mundo. Ao alcance dos
empresários há uma série de alternativas que direcionam para o comércio exterior
s micro e pequenas empresas (MPEs)
são consideradas o principal pilar de
sustentação da economia brasileira.
Empregam quase 60% das pessoas economi-
camente ativas do país, ou seja, aproximada-
mente, 14,5 milhões de cidadãos. Em 2007, elas
alcançaram mais um patamar na cadeia produ-
tiva ao atingirem o recorde histórico de US$
2,1 bilhões em exportação, uma elevação de
12,4% em relação ao ano anterior, conforme
conclui o estudo Desempenho Exportador –
AMicro e Pequenas Empresas Brasileiras 1998/2007, do Se-
brae Nacional. No Rio Grande do Sul, as MPEs realizaram,
no mesmo período, exportações de US$ 273,3 milhões –
quase 1,8% do total exportado pelo Estado.
Em contrapartida, o mesmo estudo, que foi divulgado
no final do ano passado, mostra virtual estabilidade no nú-
mero de MPEs exportadoras em 2007 com relação a 2006
– 12.986 contra 13.001. Segundo Emanuel Malta, integrante
da Unidade de Gestão Estratégica do Sebrae Nacional, isso
se explica pela continuidade do trabalho de exportação re-
alizado pelas MPEs, ou seja, houve um planejamento dire-
Fotos: Lúcia Simon
15FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
EXPORTAÇÃO
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cionado para este fim. “Muitas empresas exportam espora-
dicamente e não possuem uma estratégia específica para o
mercado externo, por outro lado, há aquelas que definiram
o foco nas exportações e mantiveram o ritmo dos negóci-
os, e foram elas as responsáveis pelos números de 2007.”
Para o sócio-gerente da Exim Serviços de Exporta-
ção, Vanderlei Cardoso, a desburocratização e as estraté-
gias de incentivo do governo foram fatores importantes
para o aumento da participação das MPEs nas exporta-
ções, principalmente nos setores de informática e com-
ponentes eletrônicos. A mesma opinião tem a empresária
Beatriz Willhelm Dockhorn, da Bia Brazil, empresa por-
to-alegrense que exporta há 12 anos roupas para fitness.
“Quando eu comecei a exportar a taxa de câmbio para as
pequenas empresas era a mesma das grandes corporações,
hoje, temos a nosso favor o câmbio simplificado, por exem-
plo”, lembra.
Empregando 42 funcionários, Beatriz exporta 90% da
sua produção – os outros 10% são comercializados na úni-
ca loja da empresa, localizada em São Paulo. “Antes, para o
pequeno empresário participar de uma feira no exterior ti-
nha que desembolsar quase 30 mil reais, hoje, a ApexBrasil
(Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investi-
mentos ) já oferece uma estrutura que reúne várias empre-
sas em um estande brasileiro, o que confere, também, mais
visibilidade ao pequeno exportador”, aponta a empresária.
Um objetivo e vários caminhos
Atuar no cenário internacional é, sem dúvida, um tra-
balho delicado que exige, antes de mais nada, conhecimento
detalhado do mercado em que se deseja entrar. “Uma al-
ternativa para quem não tem experiência em comércio ex-
terior é utilizar as Comerciais Exportadoras”, aconselha
Arno Gleisner, diretor do Conselho de Comércio Exterior
da Fecomércio-RS. Também conhecidas como Trading Com-
panies, as Comerciais Exportadoras são uma terceirização
do serviço de exportação, que além de reduzir custos com
agentes comissionados, por exemplo, retiram do empresá-
rio a carga de tempo e dinheiro com os trâmites burocráti-
cos. Segundo Gleisner, é importante que haja um incenti-
vo para utilização deste canal e que as empresas que o fa-
zem sejam contabilizadas nos estudos sobre o setor.
No Rio Grande do Sul, os incentivos ao
comércio exterior estão reunidos na Sala do
Exportador, que além de orientar as empresas
disponibiliza acesso a serviços importantes ao
empresário, como o Exporta Fácil, dos Cor-
reios e Telégrafos, Banco do Brasil, serviços de
despacho aduaneiro, Trade Point, dentre outros.
O espaço é uma iniciativa da Secretaria do De-
senvolvimento e dos Assuntos Internacionais
(Sedai) e tem como proposta principal fomen-
tar a participação das empresas gaúchas no
comércio internacional, disponibilizando ori-
entações sobre procedimentos, legislação e do-
cumentação do comércio exterior.
Ensinando o bê-á-bá
Em âmbito nacional, iniciativa de destaque
é a da ApexBrasil, que pretende capacitar cer-
ca de 10 mil empresas até 2010 para ampliar as
exportações brasileiras. O foco do Projeto
Extensão Industrial Exportadora (Peiex) nes-
te primeiro momento, conforme explica Tia-
go Terra, coordenador do Peiex, são Estados
que não possuem tradição em exportações,
como a Bahia, onde falta mão-de-obra qualifi-
cada para o comércio exterior. “Vamos traba-
lhar com empresas que já exportam e fazem
parte da Apex, aquelas que já exportam e não
Beatriz Dockhorn, da Bia Brazil, exporta 90% de sua produção para 48 países
EXPORTAÇÃON
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16 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
integram nenhum dos nossos programas, e,
principalmente, as empresas com potencial para
entrar no mercado de exportações”, acrescenta.
Os empresários aprenderão como se tor-
nar mais atraentes em um mercado internaci-
onal bastante competitivo: “Eles vão receber
todo o bê-á-bá para exportar”, conta Terra.
Para tanto, a Apex fará parcerias com univer-
sidades, que serão os núcleos operacionais e
vão disponibilizar professores capacitados
pela Agência para fazer atendimentos indivi-
dualizados dentro das empresas. “Em um pri-
meiro momento, será feito um diagnóstico dos
pontos fracos e fortes dos empreendimentos,
para depois desenvolvermos um plano de ca-
pacitação específico.” O treinamento da pri-
meira equipe aconteceu em janeiro, na cida-
de gaúcha de Lajeado, no Vale do Taquari, e
apesar desses capacitadores começarem os tra-
balhos com as empresas em março, empresá-
rios interessados em participar do Projeto
podem procurar a Apex para se inscrever.
Apesar de alguns entraves, como as lon-
gas filas de espera nos portos, o excesso de
documentação e a precariedade das vias bra-
sileiras de escoamento – como as rodovias e
os sistemas hidroviários –, o governo sabe da
importância desse plano de negócio para a
economia. Em novembro do ano passado, em
meio ao turbilhão da crise financeira mundial,
foi anunciada a liberação de R$ 10 bilhões ao Banco Na-
cional de Desenvolvimento Econômico e Social (BN-
DES), para financiar o capital de giro de empresas e para
empréstimos em linhas de exportação pré-embarque.
Entretanto, o futuro das exportações brasileiras em 2009,
conforme examina Vanderlei Cardoso, está condiciona-
do a dois itens: a manutenção do câmbio favorável ou o
prolongamento da crise. “Vamos ver quem vai reinar”.
Números das MPEs gaúchasConfira a classificação dos ramos de ativida-
de e classe de produtos das empresas exportado-
ras do Rio Grande do Sul, conforme estudo do
Sebrae Nacional.
As microempresas do comércio e a indústria
exportaram US$ 19,6 milhões, em 2007
Nas pequenas empresas, a indústria e o
comércio também foram o destaque, com o
montante de US$ 242,6 milhões em
exportações, em 2007
81% do valor total exportado pelas MPEs do
Estado são oriundos de produtos
manufaturados
Em 2007, calçados, suas partes e componen-
tes responderam por 10,5% do valor total
exportado, ou seja, US$ 2,2 milhões
Entre as pequenas empresas, o principal
destaque nas exportações foi “móveis
e suas partes”, com vendas de US$ 29,6
milhões em 2007
Evolução do número de empresas exportadoras segundo tamanho (1998-2007)
Fontes: Sebrae com dados da SECEX/MDIC, RAIS/MTE e IBGE (PIA e Cadastro Central de Empresas)
OPIN
IÃO
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os mercados financeiros, assim como
em marketing, percepção é realidade.
Os consumidores estão ficando cada
vez mais assustados e pessimistas em relação
às surpresas da economia que estão por vir e
já começam a comportar-se como se estivés-
semos dentro de uma verdadeira recessão, e
estão procurando alternativas para obter se-
gurança em suas compras e investimentos.
Na opinião de alguns profissionais de
marketing, reduzir preços é sempre uma for-
ma de atraí-los. Porém, isto não gera nada além
de margens menores e uma queda brutal no
equity da marca. Ou seja: quanto menor o lu-
cro, menor o valor da marca. A grande ques-
tão é: como adequar nossas marcas para este
novo cenário? Se as marcas de sucesso são
aquelas que geram confiança, segurança e le-
aldade – independentemente dos bons ou
maus momentos –, todas deveriam ser acon-
selhadas a investir no reforço destes atribu-
tos nas suas imagens, justo no momento em
que os consumidores estão mais seletivos em
relação às suas compras.
N
Para medir a performance das marcas nas diferentes
condições econômicas, a agência norte-americana
Young&Rubicam criou o BAV – Brand Asset Valuator,
com um banco de dados integrado por mais de 35 mil
marcas de centenas de países. Nele, concluiu-se que cer-
tos atributos devem ser enaltecidos em períodos de es-
tabilidade, e outros, durante períodos de crise. Isto por-
que o comportamento e a visão do consumidor se modi-
ficam da mesma forma que o corpo de uma mulher grá-
vida, que tem uma carga hormonal distinta. Para dife-
rentes situações, diferentes programas de ação.
A melhor alternativa para as marcas se manterem for-
tes e preferidas está no reforço permanente da confian-
ça e da credibilidade. A conclusão que tiramos é que é
possível, sim, transformar períodos recessivos em opor-
tunidades significativas, desde que as marcas se mostrem
inovadoras nas formas de entregar novos e desejados
valores. Os consumidores querem, de forma crescente,
que as marcas entreguem liderança, performance e visão
na produção de valores. A máxima “não faça nada e corte
preços” não funciona: ao contrário, fragiliza ainda mais as
marcas. Antes de tudo, é recomendável modificar o mo-
delo de operação e a forma de comunicar, pois quanto
maior a entrega de valores, melhores serão as condições
de manter-se no mercado e aumentar a rentabilidade.
Crise pode
fortalecer marcas
*Diretor-presidente da Competence
João Satt Filho*
Divulgação
ENTREV I STA
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ENTREVISTA
David Neeleman
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ENTREV I STA
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B & S A JetBlue, empresa da qual o senhor é fundador,
introduziu um novo conceito na aviação mundial ao
baratear o preço das passagens, permitindo que mais
pessoas tivessem acesso ao transporte aéreo. Um pla-
no de negócios arriscado. Que garantias o senhor ti-
nha, na época, de que sua empresa não iria quebrar
logo nos primeiros anos?
N e e l e m a n Bastante dinheiro. Esta era e continua sendo a me-
lhor garantia que podíamos ter. Quando se abre uma empresa
de aviação ou de qualquer outro ramo, não basta ter um produ-
to bom. É preciso ter pessoas que experimen-
tem o serviço e voltem a utilizá-lo porque gos-
taram. Isso demora. No primeiro mês de voo
da Azul, por exemplo, tínhamos 11 mil passa-
geiros, em janeiro esse número saltou para 20
mil, ou seja, as pessoas precisam de um tempo
para absorver o novo serviço. Por mais inova-
dora que seja a ideia, não se lucra no início, o
que exige muito dinheiro para crescer e aguen-
tar os tempos difíceis.
B & S De que modo a sua receita de bara-
tear serviços sem perder a qualidade pode
ser aplicada nas pequenas empresas?
David Neeleman
O mundo da aviação nunca mais foi o mesmo desde
que David Neeleman, fundador da Azul Linhas
Aéreas, colocou no mercado o e-ticket e o conceito de
qualidade com baixo custo. Apostando pesado no
mercado nacional, Neeleman é contra a privatização
dos aeroportos brasileiros e aposta em uma frota
exclusiva de aviões da Embraer.
Dinheiro para investir
nas alturas
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20 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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capacidade de observar situações e questionar: por que não
fazemos isso de forma mais simples? Por que não fazer dessa
maneira em vez do método atual?. Não existe uma forma úni-
ca de fazer as coisas. Com o passar dos anos nos acostuma-
mos tanto com certas metodologias que muitas atividades fi-
caram mais complexas do que deveriam ser; por isso, sempre
questiono como mudar para oferecer o melhor para nossos
clientes. O questionamento deve ser constante.
B & S Nenhuma empresa está imune a uma crise. Em
2007, a JetBlue sofreu um choque na sua imagem de-
pois que centenas de voos foram cancelados devido a
uma decisão errada durante uma tempestade. Como
se manter em pé depois de uma crise?
N e e l e m a n Como você afirmou, a crise pode atingir qualquer
empresa, mas o modo como o empresário irá agir com seus
públicos durante e depois da crise, explicando o que aconte-
ceu e dando garantias de que não acontecerá novamente, é
que vai garantir a sobrevivência após a crise. Foi o que fize-
mos no caso da JetBlue. Uma atitude que reconquistou a con-
fiança dos nossos clientes a ponto de voltarmos ao normal em
apenas um mês, como se nada tivesse acontecido.
B & S A chegada da Azul ao Brasil foi rodeada por uma
forte ação de marketing, envolvendo, principalmente, a
participação do cidadão. Essa interação com o passa-
geiro será uma constante nos trabalhos da empresa?
N e e l e m a n Acreditamos que a ferramenta de propaganda mais
importante é o boca-a-boca, por isso vamos oferecer sempre
o melhor para que os clientes tenham uma ótima experiência
ao voar na Azul. Queremos que eles saiam das aeronaves e
N e e l e m a n Eu acredito que qualquer empre-
sa, não importa o porto, pode ser a melhor na
sua área de atuação. A receita é aplicável a
muitos ramos, pois não é difícil diferenciar um
serviço e oferecer o melhor ao cliente.
B & S Sua trajetória empresarial é rodeada
de grandes ideias, como a utilização da
internet para a venda de bilhetes, uma
inovação que é aplicada pela maioria
das empresas aéreas do mundo. De onde
vem sua inspiração para os negócios?
N e e l e m a n A essa pergunta eu não saberei
responder. Mas uma coisa é certa, eu tenho a
“Não basta ter um produto bom. É preciso ter
pessoas que experimentem o serviço e voltem a
utilizá-lo porque gostaram.”
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digam: “Puxa, foi tão fácil, barato e confortável viajar por essa
empresa; vamos voar de novo”. Faremos o que for preciso
para ter a satisfação do passageiro.
B & S Quais fatores o motivaram a abrir uma empresa
aérea no Brasil?
N e e l e m a n O Brasil é um país muito interessante e encon-
tra-se em um estágio de bastante desenvolvimento. Obser-
va-se o crescimento de várias cidades e a ascensão de 20
milhões de pessoas para as classes C e D. Diante deste cená-
rio vislumbramos uma oportunidade de negócio, uma vez
que a Gol e a Tam, apesar de serem boas empresas, não pos-
suem rotas muito abrangentes. Como seus aviões são muito
grandes, os passageiros se veem obrigados a realizar muitas
escalas e conexões para chegar ao destino final. Vimos en-
tão uma oportunidade de expandir o mercardo, de dar mais
opções aos clientes não somente em voos, mas em tarifas.
A cidade de Campinas, por exemplo, onde estamos voando
hoje, é uma das maiores do país, mas possuía apenas 14 voos
saindo de lá, ou seja, nossos concorrentes estão forçando as
pessoas a enfrentarem as Marginais Pinheiro e Tietê para
chegar em Congonhas ou Guarulhos na capital paulista. Com
esse inconveniente, as pessoas não viajam tanto quanto gos-
tariam e poderiam.
B & S Como se deu a escolha das primeiras rotas da Azul?
Algum motivo especial para a escolha da cidade de
Porto Alegre?
N e e l e m a n Como nosso objetivo é atender com voos diretos
cidades que não tinham esse serviço, passamos a observar al-
gumas cidades. O mercado entre Salvador e Campinas só
possuía 12 pessoas por dia porque elas eram obrigadas a fazer
conexão; hoje, com a entrada da Azul, nós temos mais de 300
pessoas por dia saindo de Campinas em direção a Salvador. Já
Porto Alegre, uma cidade grande com muitos negócios, care-
ce de serviços diretos: se você quiser sair de Porto Alegre e ir
para algum lugar que não seja São Paulo, Brasília ou Rio de
Janeiro tem que fazer conexão.
B & S Quais parcerias locais a Azul pre-
tende formar para fomentar o turismo
nas cidades em que atua?
N e e l e m a n Os mercados locais já perceberam
que quanto mais pessoas viajam para suas ci-
dades muitas outras pessoas são beneficiadas.
São taxistas, hotéis, restaurantes, locadoras de
automóveis. Muitas cidades estão entrando em
contato conosco para fazermos rotas até elas,
pois sabem que mais viajantes significam mais
lucro. Estamos estudando os pedidos.
“Não existe uma forma única de fazer as coisas.
Muitas atividades ficaram mais complexas do que
deveriam ser.”
ENTREV I STA
22 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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“Os mercados locais já perceberam que quanto mais
pessoas viajam para suas cidades muitas outras
pessoas são beneficiadas.”
B & S Quais fatores foram decisivos para
a escolha dos jatos da Embraer?
N e e l e m a n O tamanho foi sem dúvida o fa-
tor principal. Os jatos com 106 ou 118 são
ideais para voar entre as cidades que não têm
serviço direto. Além disso, eles barateiam os
custos. Nosso custo para voar nessas rotas é
30% menor que o dos concorrentes. Se não
há demanda por uma rota não tem por que
ter um avião grande. Os jatos da Embraer me
surpreenderam quanto ao conforto. Eles não
têm o acento do meio, a janela é maior e as
poltronas são mais largas.
B & S Poucos meses separaram o anúncio
da criação da Azul e o primeiro voo. Po-
demos dizer que a agilidade do gover-
no brasileiro para liberar a documenta-
ção da empresa é um indício de que o mercado da
aviação brasileira carece de novas companhias?
N e e l e m a n O governo sabe que não é bom para o mercado
ter apenas duas empresa fortes como Gol e Tam; e também
sabe que há novas rotas a serem atendidas. Por isso, quando
ouvimos que o Brasil não precisa de uma terceira grande em-
presa, eu concordei, porque a malha aérea dessas companhias é
praticamente a mesma coisa, elas voam para os mesmos lugares.
O que o Brasil precisa é de uma empresa como a Azul e a Ocean
Air, por exemplo, que vão realizar voos entre cidades que não
têm esse serviço. Apesar do diagnóstico, eles não deram ne-
nhuma vantagem para nós. Ajudaram como ajudariam qualquer
outra empresa que quisesse começar suas atividades no Brasil.
B & S Que benefícios o brasileiro pode esperar com a
entrada da Azul no mercado nacional de aviação?
N e e l e m a n Voos entre cidades que não são atendidas pelas
grandes companhias, aeronaves mais confortáveis, tarifas mais
baratas, principalmente se compradas com antecedência. Nos
Estados Unidos são raras as pessoas que fazem longas viagens
de ônibus, porque se você comprar a passagem de avião um
mês antes do embarque o preço se equipara ao de ônibus.
B & S Com apenas um mês de operação o senhor anun-
ciou que pretende colocar a Azul no terceiro lugar no ran-
king do setor aéreo do Brasil. Como pretende fazer isso?
N e e l e m a n Comprando mais aviões e voando para mais cida-
des. Nós temos dinheiro para isso. Vamos investir US$ 1 bi-
lhão na compra de aeronaves, oriundos de recursos próprios,
financiamentos com o BNDES e com outros bancos interna-
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cionais. Além disso, também iremos expandir nosso quadro
de funcionários, que hoje é formado por 700 pessoas.
B & S Durante a crise aérea que atingiu o setor entre
2006 e 2007 questionavam-se as condições de traba-
lho do sistema de tráfego aéreo brasileiro. Este item já
foi superado? O que falta para um cenário ideal?
N e e l e m a n Isso sem dúvida já foi resolvido. Estive com o
tenente brigadeiro Ramon Borges Cardoso – diretor-geral
do Departameto de Controle do Espaço Aéreo (Decea) – e
ouvi seus planos sobre o assunto. Ele tem viajado com
frequência para Estados Unidos e Canadá para conhecer a
dinâmica nesses países. Eu tenho muita confiança na habilida-
de da equipe para expandir o espaço aéreo brasileiro. Sem
dúvida há espaço para isso.
B & S Como o senhor avalia a gestão da Agência Nacio-
nal de Aviação Civil (Anac)?
N e e l e m a n A Anac está fazendo um ótimo trabalho, princi-
palmente no que diz respeito à abertura de mercado e na atra-
ção de mais investimentos para o setor. Vejo com bons olhos
a tentativa de abrir aeroportos centrais como o Santos Dumont,
no Rio de janeiro; e a retirada da tarifa mínima para que as pes-
soas possam voar mais barato nas rotas internacionais.
B & S A privatização dos aeroportos brasileiros é uma
boa alternativa para a modernização?
N e e l e m a n Não. Nos Estados Unidos, por exemplo, nenhum
aeroporto importante é privatizado. Eles pertencem ao Es-
tado ou à cidade onde estão localizados. Não acho que a
privatização dos aeroportos brasileiros seja uma atitude boa
a se tomar, pois vende-se para uma empresa estrangeira que
vai cobrar mais caro e talvez não ofereça um bom serviço.
Além disso, dentro da própria Infraero existem setores e pes-
soas capazes de realizar um bom trabalho nos aeroportos; é
importante que se nomeiem profissionais que saibam tomar
as melhores decisões para os passageiros e não pessoas que
“Dentro da própria Infraero existem
setores e pessoas capazes de realizar um bom
trabalho nos aeroportos.”
apenas façam política. Existem ótimos pro-
fissionais dentro e fora do Brasil que podem
auxiliar na elaboração de um plano de cres-
cimento sem a necessidade de privatização.
B & S Quais são os planos da Azul a curto
e longo prazos? Haverá novas rotas até
o final do ano?
N e e l e m a n Vamos sim expandir nossas rotas,
mas só posso adiantar que haverá mais voos
partindo de Porto Alegre; afinal temos que
fazer surpresa para os nossos concorrentes.
LE I GERAL
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24 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
O ajuste da Lei Geral de Micro e Pequenas
Empresas, que passou a vigorar em janeiro de
2009, oferece condições para desburocratizar e
simplificar a abertura de empresas e a sua
manutenção dentro da formalidade
economia formal
e antes ser pipoqueiro significava ape-
nas colocar o carrinho na rua, agora ele
passa a ter um outro tratamento: a de
Microempreendedor Individual (MEI). Assim,
o vendedor de picolé, a costureira, o artesão
e todos os demais profissionais que contabili-
zam faturamento inferior a R$ 36 mil de re-
ceita bruta anual podem ingressar no merca-
do formal, com uma tributação extremamen-
S
te reduzida. Esta prerrogativa foi garantida com a aprova-
ção, em dezembro passado, da Lei Complementar 128,
que ajusta a Lei Geral de Micro e Pequenas Empresas. Os
artigos sancionados trazem medidas de estímulo ao de-
senvolvimento e à formalização de negócios que estavam
à margem da sociedade.
Quem aderir ao MEI recolhe mensalmente uma par-
cela única de R$ 45,65, mais R$ 1 de ICMS (comércio e
indústria) ou R$ 5 de ISS (serviços). A melhor notícia é
que o empresário não fica sujeito ao pagamento de várias
contribuições, como, por exemplo, o Imposto sobre Pro-
dutos Industrializados (IPI). Em caso de haver colabora-
dores, o MEI retém 8% do salário pago e complementa
com mais 3% para o INSS do trabalhador. De acordo com
Rafael Borin, assessor tributário da Fecomércio-RS, a
criação da nova personalidade jurídica vai contribuir para
Novos personagens da
Lúcia Simon
25FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
LE I GERAL
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que o país tenha controle do número de brasileiros com
empresas em território nacional: “Com este conhecimen-
to, o Brasil terá condições de prever aonde precisará avan-
çar em termos de legislação”.
Sem burocracia
Para facilitar a vida do interessado em se regularizar
como Microempreendedor Individual, o registro terá um
trâmite especial. Tais regras aguardam regulamentação
pelo Comitê para Gestão da Rede Nacional para a Sim-
plificação do Registro e da Legalização de Empresas e
Negócios. “Nos termos da nova lei, o Estado ou municí-
pio deverá adotar os formulários com os requisitos míni-
mos estabelecidos no Código Civil, objetivando agilizar
ainda mais a constituição do MEI”, explica o advogado.
Está prevista a redução a zero do valor das taxas, emolu-
mentos e custos relativos a abertura, inscrição, alvará, li-
cença, cadastro e demais itens referidos na legislação.
A lei ainda estabelece uma outra importante figura
jurídica – a Sociedade de Propósito Específico (SPE).
Trata-se de um tipo societário que permite aos estabele-
cimentos do Simples Nacional se associarem para com-
prar e vender sem sofrer bitributação. “A SPE possui um
regramento específico e minucioso, consistindo como um
diferencial positivo em relação aos consórcios.”
Crédito no caixa
As boas notícias não param por aí. O empresariado
brasileiro poderá respirar mais aliviado em relação a anti-
gos problemas referentes ao ICMS. A nova lei possibilita
a transferência ou aproveitamento de créditos dos tribu-
tos pagos pelos optantes do Simples Nacional, o que an-
tes era expressamente vedado. Conforme o presidente
do Sescon-RS, Luiz Carlos Bohn, cabe ao executivo es-
tadual de cada federação adotar ou não a medida por meio
da edição de um decreto. “Contudo, não é a alíquota nor-
mal de ICMS do produto vendido que poderá ser credi-
tada, mas o valor correspondente à faixa em que a empre-
sa está enquadrada.”
A tabela do Simples Nacional também passou por
mudanças. Houve uma reestruturação de atividades e
anexos principalmente nos setores de prestação de servi-
ços. Os escritórios de contabilidade, por
exemplo, migraram do anexo 5 para o 3, uma
alteração vantajosa por eximir o pagamento
da contribuição previdenciária patronal. Al-
gumas categorias foram incluídas no regime
tributário, como laboratórios de análises clí-
nicas ou de patologia clínica, serviços de to-
mografia, diagnósticos médicos por imagem,
registros gráficos e métodos óticos, ressonân-
cia magnética e serviços de prótese em geral.
O que mudouConfira alguns pontos da Lei Complementar 128, que já estão
valendo desde 1º de janeiro de 2009:
A lei cria duas personalidades jurídicas: Microempreendedor
Individual e Sociedade de Propósito Específico
Houve um ajuste na tabela do Simples Nacional, com novas
categorias tendo a oportunidade de aderir ao regime tributário.
Alguns setores sofreram um remanejo entre os anexos
Os estados e municípios passam a mais autonomia para
conceder incentivos tributários às micro e pequenas empresas
Estabelecimentos com atividades paradas há mais de três anos
terão baixa automática, a pedido do proprietário
Será concedido para ingresso no Simples Nacional
parcelamento, em até 100 parcelas mensais e sucessivas, dos
débitos fiscais de responsabilidade da microempresa ou
empresa de pequeno porte e de seu titular ou sócio, com
vencimento até 30 de junho de 2008
A fim de facilitar as vendas, indústrias do Simples Nacional
poderão transferir créditos de ICMS para grandes clientes
M E R C A D O
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Onde local e globalse encontram
Embora às vezes pareçam mundos distantes, mercados
com características e dimensões diferentes mostram
que não são apenas contradições que marcam sua
relação. Há uma complementação de interesses e uma
corrida para conquistar espaço
á quem diga que o processo de globali-
zação se iniciou com as grandes navega-
ções e as descobertas marítimas nos sé-
culos 15 e 18, quando os europeus
buscaram entrar em contato com po-
vos de outros continentes. O tempo
passou e a ideia de formar uma aldeia
global, com a quebra de barreiras geo-
gráficas e a dinamização do capitalismo,
tomou forma efetivamente na década de 1980. Com um
novo modelo de desenvolvimento econômico, mercados
locais e regionais ganharam a possibilidade de levar seus
produtos e matérias-primas a países de diferentes partes
do mundo, agregar tecnologias importadas e se comunicar
com redes de conexões capazes de aproximar longas dis-
tâncias. Contudo, também houve a necessidade de se or-
ganizarem para não sucumbir ao impacto da competição
internacional. Pequenos e médios negócios precisaram
voltar seu olhar para as potencialidades do seu entorno
sem deixar de dialogar com elementos externos importan-
tes na geração de conhecimento e crescimento.
Mesmo diante desta realidade mundial ins-
taurada há quase três décadas, movimentos da
sociedade vêm fortalecendo as relações soci-
ais e de consumo em âmbito regional. Na ver-
dade, trata-se da simbiose entre o local e o
global, em que aspectos referentes a identida-
de de um bairro, condomínio, cidade ou esta-
do influenciam na vida da comunidade, assim
como recursos advindos da globalização, como
a internet. O consumidor não deixou de pre-
zar pelo varejo próximo a sua casa, gerando
renda naquele circuito e vínculos a partir de
uma ação de compra e venda. Integração essa
que contribui para a sustentabilidade de seg-
mentos econômicos de menor porte. Segun-
do a socióloga e professora do Instituto de
Filosofia e Ciências Humanas da Ufrgs Lorena
Holzmann, a troca consiste em um compo-
nente importante na formação dos contatos
sociais: “Claro que na maioria das vezes são
relações superficiais e pouco duradouras.
H
Por Patricia Campello
MERCADO
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A pessoa que frequenta continuamente o co-
mércio da sua redondeza acaba conhecendo
os atendentes, que, por sua vez, passam a en-
tender os seus gostos. Isso até pode estreitar
laços, mas não a impede de migrar para um raio
maior”. Lorena ressalta que não cabe mais pen-
sar em uma economia fechada e restrita a um
lugar, pois o abastecimento do lojista extrapola
limites territoriais. “Hoje o tecido comercializa-
do na lojinha do bairro vem da Ásia. Os jovens
da periferia vão para a lan house próxima a sua
casa intercambiar informações com culturas e
individuos distantes do seu dia-a-dia.”
Comunidades nem tão distantesSe milhas ou quilômetros os afastam, não
importa. Sem dúvida, estes mundos opostos
se comunicam. Nas grandes cidades, a relação
de convivência dos bairros remonta, em cer-
tos casos, à pacata e nostálgica comunidade
interiorana. O servidor público José Ronaldo
Soares representa um caso típico de quem vive
os dois extremos, aproveitando as facilidades
proporcionadas pelo e-commerce sem abrir mão
de todos os serviços oferecidos no bairro onde
reside, em Porto Alegre: “Dificilmente deixo
de usufruir da infra-estrutura da Zona Sul”. Os
motivos que o tornaram apegado ao bairro tan-
gem tanto questões referentes a comodidade
quanto a confiança adquirida por meio da convivência com
os varejistas locais. “A gente cria amizade por ir sempre na
mesma locadora, restaurante e supermercado e, com cer-
teza, acabamos influenciados por esta ligação afetiva.” Por
outro lado, Soares mantém uma rotina bastante comum no
contexto contemporâneo: compra com assiduidade on-line.
As aquisições vão de produtos hortigranjeiros a equipamen-
tos eletrônicos. “Na verdade, não é um contraponto e sim
uma alternativa a mais para se ter qualidade de vida”, diz.
Assim como Soares, a catarinense Mariana S.Thiago
mantém uma ligação forte com um pedacinho da capital
porto-alegrense: o Bom Fim. A estudante de marketing
mudou-se para o Rio Grande do Sul a fim de concluir os
estudos e desde então não se imagina morando em outra
região da cidade. “Faço tudo no bairro para evitar pegar
ônibus. Quando vou à pizzaria, a funcionária nem pergunta
o meu nome e já sabe o que quero pedir. Inclusive partici-
po da comunidade do Bom Fim no Orkut”, conta; a intera-
ção pela web ajuda a fortalecer o vínculo local. Contudo,
Mariana não dispensa os artifícios inerentes a uma era mo-
derna, sendo uma internauta de “carteirinha”. Pela rede, se
abastece de comida, livros, CDs, DVDs e eletrônicos. Não
sai de casa antes de realizar uma pesquisa virtual dos pro-
dutos que pretende adquirir. De dentro do apartamento
ainda mata a saudade dos amigos radicados em Portugal e
Curitiba através de comunicadores e e-mails. “Acesso o
site da locadora situada na esquina do meu prédio para
avaliar os filmes diponíveis para locação. Não são ‘mundi-
nhos’ à parte, eles se complementam”, analisa.
Contradições e convergênciasSe por um lado brasileiros como Soares e Mariana en-
caram com bons olhos o encontro de mercados ora distan-
tes, ora próximos, por outro há um segmento que vivencia
as contradições de um mundo globalizado. Pequenas e
médias empresas não ficaram imunes à competição inter-
nacional e precisaram adequar sua gestão e melhorar seus
processos produtivos para acompanhar as novas deman-
das. Uma missão nada fácil para estruturas sem o suporte
de megaempreendimentos.
Para o economista Alfredo Meneghetti Neto, hoje exis-
te uma fusão entre o global e o local cercada de muitos
“Temos amor pela
nossa terra e
abraçamos com
sinceridade a causa
de todos aqueles
que diariamente
levantam a sua
bandeira.”
Edson Lessa
Presidente da
Acic de Camaquã
Div
ulga
ção/
Aci
c C
amaq
uã
A moeda social circulante local palmas é aceita em 240
empreendimentos de um bairro da periferia de Fortaleza
Div
ulga
ção/
Ban
co P
alm
as
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conflitos: “O empreendedor tem o desafio permanente da
concorrência mundial. O produtor gaúcho de vinho, por
exemplo, enfrenta o chileno, o californiano e uma infinidade
de nacionalidades”. Meneghetti lembra o fato de a globali-
zação ter mudado a dinâmica da produção, a qual não ocorre
mais localmente e, sim, em qualquer país. “Os empresários
americanos e europeus dispõem de terras extremamente
caras e dispendiosas e, consequentemente, saem à procura
de economias alternativas. O governo da China, por sua vez,
atua no sentido de reduzir custos, não respeitando sequer os
direitos humanos. É uma disputa predatória.”
Já para a socióloga Lorena Holzmann não se trata de
uma relação marcada somente por contradições ou har-
monia. Há uma convergência de interesses, em que sem-
pre existe um “sócio” maior e com poder de decisão. “Este
nunca é o local ou regional, por não possuir o mesmo siste-
ma de poder, circulação e de negociação das grandes cor-
porações”, afirma.
Força na redeImersas em um panorama de negócios globalizados, as
empresas de menor porte tiveram que achar um caminho
para sobreviver; o conceito de rede, tão difundido pelo
mundo www, também encontra bons resultados fora do
computador. Várias iniciativas surgiram com o propósito
de obter vantagens competitivas, como as redes de coo-
peração. Para não atuar de maneira isolada, es-
tabelecimentos de um mesmo setor unem for-
ças regionalmente para garantir espaço no mer-
cado. As organizações setoriais se ajudam por
meio da complementação mútua tanto em as-
pectos técnicos como mercadológicos. “A cri-
atividade do brasileiro não tem limites, haja
vista as formas insistentes de se organizar e
cooperar para dar uma resposta à concorrên-
cia. No Brasil, o cooperativismo ainda é
embrionário, diferentemente do resto da
América Latina”, enfatiza o economista Al-
fredo Meneghetti Neto.
A Associação dos Supermercados da Re-
gião Noroeste e Missões do Estado do Rio
Grande do Sul (Rede CNS) reúne 36 lojas e
exemplifica bem esse movimento que atual-
mente possui adeptos em vários segmentos
econômicos. De acordo com Marco Antônio
Kuhn, presidente da Rede CNS, ao associar-
se muitos lojistas evitaram fechar as portas. A
parceria promoveu o intercâmbio de experi-
ências, informações e uma maior capacidade
de barganhar junto ao fornecedor. “A indústria
não nos enxerga como um cliente pequeno,
mas um grupo com poder de compra.” Com
isso, os estabelecimentos conseguem dispo-
nibilizar itens de qualidade e um mix de pro-
dutos variados. Uma ferramenta importante
para a conquista de bons preços é o site da
rede que funciona como uma espécie de licita-
ção virtual. Os supermercadistas entram no
portal com uma senha, lançam suas necessida-
des e o fornecedor cota os produtos. Quem
fizer o melhor preço, ganha. “A integração de
supermercados nacionais a companhias inter-
nacionais nos inspirou a não trabalhar sozinhos.”
A Rede Tchê também surgiu com o objeti-
vo de superar dificuldades e gerar benefícios
econômicos. Inaugurada em junho de 2002, por
iniciativa de empreendedores de Pelotas, ela
contabiliza 57 farmácias em 26 municípios de
“Há uma
convergência de
interesses entre a
economia global e
local, em que
sempre existe um
‘sócio’ maior e
com poder de
decisão.”
Lorena Holzmann
Socióloga
Lúci
a S
imon
O que é o palmas?rata-se de uma moeda social local circulante
emitida pelo Banco Palmas, o qual foi institui-
do pela Associação dos Moradores do Condomínio
Palmeiras – bairro situado na periferia de Fortaleza,
capital do Ceará. O objetivo é fazer o dinheiro circu-
lar na própria comunidade, assim gerando renda lo-
cal. O banco oferece uma linha de microcrédito (tanto
a consumidores como a empreendedores), moeda pró-
pria, cartão de crédito e alternativas de comercializa-
ção como feiras e lojas solidárias. O palmas é lastrea-
do e indexado ao real. A espécie tem componentes
de segurança como papel moeda, marca d’água, có-
digo de barra e número serial para evitar falsificação.
T
MERCADO
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todo o Estado, criando aproximadamente 280
empregos diretos. Além de obter mercado-
rias com custos acessíveis, a associação em-
placa benefícios imprescindíveis para a divul-
gação dos seus associados, desenvolvendo gra-
tuitamente encartes, propagandas e demais
mídias. “Individualmente fica difícil o varejista
bancar estas despesas”, analisa Adriana Mar-
que Vieira Conceição, gerente-geral da rede.
A executiva explica que participar desta socie-
dade requer a adoção de alguns padrões: “De-
pendendo da localização, o estabelecimento
deve ter um ano de existência, assim como
seguir um layout, usar uniformes e crachás e
demais detalhes para fixar uma identidade”.
Amor geográficoA solidariedade, a integração social e coo-
peração representam um agente de transfor-
mação sócioeconômico de um espaço geo-
gráfico. O amor pelo bairro, o associativismo
e a valorização da produção regional evidenci-
am a preocupação das instituições e da socie-
dade civil em interagir com o seu entorno. Essa
é a luta incessante da Associação Comercial
de Camaquã (Acic), responsável pela promo-
ção de campanhas de incentivo à valorização
de produtos e do comércio local. O presiden-
te da entidade, Edson Lessa, aposta na qualifi-
cação dos lojistas para o fortalecimento do varejo cama-
quense: “Levamos aos associados informações de merca-
do, palestras com profissionais renomados e cursos tanto
para o empresário como para o colaborador”. A saída para
driblar os efeitos da globalização, afirma o empresário, está
justamente em se apropriar de elementos globais para cres-
cer. “Companhias de expressão nacional chegaram ao nos-
so município, com equipes especializadas, e restou aos
micro e pequenos empreendedores se profissionalizar e
reciclar conhecimentos para não perder campo.”
Estratégias simples e com custo zero para cativar o
consumidor são pautas constantes nos encontros da enti-
dade. O atendimento personalizado e o “olho no olho”,
destaca Lessa, caracterizam as relações de consumo no
interior. O contato humano com o cliente conta pontos a
favor. “Os grandes varejistas têm dificuldade neste senti-
do, em função das dimensões do negócio. Observamos
que a população preza a interação com o vendedor ou com
o dono do comércio. Passamos aos lojistas o quanto a
atitude adotada no balcão fideliza.”
A cidade localizada no sul do Estado carrega o título de
Capital Nacional do Arroz Parboilizado. Base econômica
de Camaquã, o cereal recebe um tratamento especial da
Acic, que desenvolve ações com o propósito de cultivar
nos munícipes o hábito de consumir o alimento oriundo
das indústrias conterrâneas. “Semanalmente realizamos reu-
niões-almoço e servimos aos participantes (cerca de cem
empresários) pratos de entrada e sobremesas em que o
arroz da região configura como ingrediente principal.” Re-
centemente, a associação promoveu um desfile de moda
Mariana não vive longe do Bom Fim e tampouco dispensa
todas as facilidades oferecidas pelo mundo virtual
Lúci
a S
imon
Apesar de realizar compras pela internet, José Ronaldo não
dispensa o contato pessoal com os varejistas do seu bairro
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com comerciantes camaquenses, contabilizando um pú-
blico aproximado de 3 mil pessoas. O ingresso equivalia a
um quilo de arroz ou feijão colhido e industrializado regi-
onalmente (posteriormente destinado a entidades caren-
tes). “Temos amor pela nossa terra e abraçamos com sin-
ceridade a causa de todos aqueles que diariamente levantam
a sua bandeira, gerando postos de emprego e contribuindo
para o bem-estar da comunidade”, declara Lessa.
Dois lados da moedaA ideia de fomentar uma economia mais igualitária che-
gou a círculos bem menores do que Camaqüã. A meta não
é diferente daquela determinada pela Acic: destacar-se em
um mercado cada vez mais amplo. Conforme Fábio San-
chez, secretário-adjunto da Secretaria Nacional de Econo-
mia Solidária, existem no país mais de 2 milhões de traba-
lhadores com a renda atrelada a empreendimentos
econômicos solidários (cooperativas, associações e gru-
pos informais). “Uma ação interessante no eixo do acesso
ao capital são os bancos comunitários, entidades que aliam
microcrédito com moedas sociais”, aponta. Em Fortaleza,
por exemplo, os 32 mil habitantes do Condomínio Pal-
meiras vivem uma realidade à parte. Na cartei-
ra, além de real, carregam palmas – um instru-
mento monetário paralelo aceito em 240 co-
mércios do bairro. Emitido pelo Banco Palmas,
instituição de crédito montada pela Associa-
ção de Moradores, o dinheiro (que tem valor
equivalente ao do real) é alternativo e uma for-
ma de a riqueza circular localmente. De acor-
do com Joaquim Melo, coordenador-geral do
banco, enfrentar o desemprego requer iniciati-
vas capazes de dar fôlego aos empregadores:
“No Palmeiras, temos microempresas de vári-
os segmentos. A moeda própria estimula as pes-
soas a comprarem dentro do condomínio. As-
sim, o PIB local aumenta”. Quem utiliza o palmas
recebe benefícios como descontos. O banco
faz o câmbio livremente, segundo a necessida-
de do consumidor ou empreendedor, além de
disponibilizar empréstimos sem juros. “O objeti-
vo foi estabelecer um circuito econômico fecha-
do, mas não isolado. Importamos tecnologias e
insumos. Os mercados se inter-relacionam.”
Mãos unidas, força garantidaO associativismo tem se configurado como a alternativa de alguns segmentos
da economia para driblar os desafios de um mercado globalizado. Entenda o que muda
ao participar de uma rede de cooperação:
Avanço da cultura dos empreendedores e colaboradores que buscam a capacitação
Fortalecimento de uma marca, em função da criação de padrões
Aumento do poder de barganha junto ao fornecedor
Parceria entre fornecedores e varejo que aumenta o mix de produtos a ser oferecido ao consumidor
União entre os participantes
Troca de conhecimentos e experiências
Crescimento conjunto
Compra conjunta
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SA IBA MA IS
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e u r e c o m e n d o
Eu recomendo “Cartas a Nelson
Algren – um amor transatlântico
1947- 1964”, de Simone de
Beauvoir, publicado pela
Editora Nova Fronteira.
O livro com 304 cartas de
Simone para Algren é
maravilhoso. Enquanto nos
presenteava com obras de
referência como O Segundo Sexo
e Os Mandarins, ela escrevia
cartas apaixonadas em que
assinava “sua Simone”,
oferecendo desta forma uma
outra imagem de si mesma. As
cartas de Simone para Nelson
Algren, escritas em inglês,
foram adquiridas pela
Universidade de Columbus,
Ohio, em um leilão.
Sandra de Deus
Pró-reitora de Extensão da UFRGS
Psicologia Antes mesmo de sentir
no bolso, empresários e
profissionais sentem a crise
causar danos em sua mente.
Problemas que variam desde
estresse leve até depressão
profunda podem atacar pessoas
que não estejam preparadas.
Segundo a psicóloga Márcia
Rezende, diretora e
coordenadora do Instituto Saber, a realidade acontece só dentro do cérebro,
o que significa que a informação absorvida é acatada imediatamente. “Se o
profissional não estiver com a sua neurologia preparada, a crise pode se
tornar algo devastador, colocando em risco todo um trabalho.” Márcia
acredita que para escapar dos problemas financeiros globais é preciso
manter atitude positiva e entender quais as mudanças necessárias para o
ambiente de trabalho.
ISO 9001:2008 Desde dezembro do ano
passado está em vigor no Brasil o novo
formato mundial do certificado de
qualidade ISO 9001:2008. De acordo com
o International Accreditation Forum (IAF),
responsável pela reformulação, a partir de
dezembro de 2009 todos os certificados
emitidos devem estar atualizados conforme a versão 9001:2008.
Os certificados ISO 9001:2000 perderão a validade em janeiro de 2011.
As normas da família 9000 garantem ao cliente a qualidade do produto
por meio da implementação dos Sistemas de Gestão da Qualidade, que
consiste no gerenciamento de todos os processos da organização.
INSS Tradicionalmente conhecido por sua lentidão, o
Instituto Nacional de Seguro Social (INSS) promete mudar
sua imagem diante do público a partir da concessão de
serviços a jato. O primeiro deles foi a liberação de
aposentadorias por tempo de contribuição dos trabalhadores
urbanos em 30 minutos. Agora, também em meia hora, as
gestantes brasileiras têm seu salário-maternidade autorizado. A previsão é de que
outros serviços passem a fazer parte deste sistema a partir de março.
Gav
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Sto
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SA IBA MA IS
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e m t e m p o
ncontrar consumidores
desinformados não é mais uma
tarefa fácil. Com o crescente acesso a
informação, os brasileiros passaram a
fazer pesquisas sobre os produtos
desejados antes de ir até a loja efetuar
a compra. Uma das ferramentas mais
presentes nesses estudos pré-compra
é a internet. Basta uma página de
busca e a palavra-chave para que em
um clic se saiba qual a visão do
mercado diante do item desejado.
E
Boca a boca virtual
O boca-a-boca na internet se tornou
tão forte que já existem páginas
virtuais especializadas em coletar as
reclamações e elogios. De acordo com
um estudo da F/Radar, dos 64,5
milhões de brasileiros conectados à
internet, 48% decidem se realizarão a
compra ou não considerando a opinião
de outros usuários publicada em sites.
A pesquisa, que foi realizada
com o apoio do Datafolha, concluiu
também que 51% dos entrevistados
têm na busca de dados a maior
motivação para a navegação. Além
disso, 26% já expuseram sua opinião e
20% fizeram reclamações on-line
relativas a bens de consumo.
Mais informações na edição 40 da B&S
Coaching Prática bastante comum nos países de
Primeiro Mundo e ainda incipiente no Brasil, o
coaching assegura crescimento profissional e pessoal.
Em uma tradução livre para o português, o coach pode
ser comparado a um mentor. As atividades incluem,
basicamente, formular perguntas e estimular as
pessoas a encontrarem as respostas por conta própria.
Segundo o coach executivo Carlos Cruz, seu papel é
estimular as pessoas a obterem melhores resultados
durante os processos que levam ao desenvolvimento
de suas competências pessoais e profissionais. Ainda
de acordo com Cruz, o primeiro coach atuou há
séculos. Aristóteles guiou Alexandre, O Grande, que
a partir dos conhecimentos ensinados pelo seu
mentor construiu impérios.
Empresas As constantes oscilações das bolsas de todo o
mundo causaram queda nos valores das empresas
americanas. De acordo com levantamento realizado pela
consultoria Economática, que analisou 1.888
empreendimentos da América Latina e Estados Unidos,
122 empresas encolheram mais de 80% em 2008. Deste
total, 45 são empreendimentos brasileiros. A Agrenco foi a
empresa nacional mais castigada no ano passado, perdendo
98,3% do seu valor. Outro estudo da Economática
concluiu que 323 empresas de capital aberto na Bolsa de
Valores de São Paulo (Bovespa) tiveram redução de R$ 871
bilhões no seu valor de mercado entre 2007 e 2008.
ESTÁGION
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Frequentadores
assíduos das salas
de aulas, com
informações
fresquinhas e muita
vontade de fazer
acontecer, os
jovens talentos das
universidades
podem, sim, fazer
parte do seu
quadro funcional.
Atuar em
diferentes setores é
a principal isca
oferecida pelas
pequenas empresas
talentosPescando grandes
oda universidade possui em suas salas
de aula grandes talentos; estudantes que
em pouco tempo se tornarão obje-
to de desejo das principais empresas do setor
no qual atuam. Esses jovens profissionais se-
rão cortejados pelo mercado e desde o início
estão predispostos a optar pelas vagas em
grandes empreendimentos, já reconhecidos.
Conforme Carlos Henrique Mencaci, pre-
sidente do Núcleo Brasileiro de Estágios
(Nube), os acadêmicos mais talentosos cos-
tumam participar de diversos processos sele-
tivos e, por isso, podem escolher em qual
empresa irão atuar. “A isca para atraí-los in-
clui benefícios, como salário e auxílio-saúde,
mas o principal é a perspectiva de futuro.”
Aparentemente, empresas de grande porte
Toferecem mais oportunidades para a carreira, devido à
quantidade de níveis hierárquicos que possuem. Em con-
trapartida, em um empreendimento pequeno o jovem ta-
lento pode desenvolver diversas aptidões. “As pequenas
e médias empresas são sempre uma segunda opção para
os estudantes, porém têm um diferencial positivo. A pe-
quena é mais generalista e assim o profissional pode atuar
em várias áreas. Na grande é tudo muito específico e se
torna desinteressante com o tempo”, argumenta Mencaci.
Leis da atraçãoAtrair a atenção do futuro colaborador é o primeiro
passo para, depois, conquistar seu coração. Para Menca-
ci, é preciso divulgar a vaga, utilizar os serviços ofereci-
dos por agentes de integração, mas também ir até as uni-
versidades, colar cartazes, mandar e-mails e noticiar a vaga
inclusive entre os colaboradores, que podem ter uma boa
35FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
ESTÁGIO
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indicação. “O empresário tem que vender o cargo”, des-
taca o presidente do Nube.
A Athena Cargo, empresa porto-alegrense que atua
no setor de despachos aduaneiros, fretes internacionais,
assessoria e projetos especiais, utiliza a estratégia. Com
21 colaboradores e quatro estagiários, a Athena conta com
serviço oferecido por um agente integrador e está sempre
atenta às indicações da equipe. “O site também funciona
como uma ferramenta de atração”, afirma Silvana Truco-
lo, psicóloga do empreendimento. Os benefícios ofereci-
dos pela Athena incluem lanches, ambiente descontraído,
bolsa-auxílio compatível e vale-transporte. “Conversamos
também com os próprios candidatos para termos um re-
torno e, assim, melhorarmos o que for indicado.” Apesar
de ser uma empresa pequena, 80% dos estagiários foram
promovidos. Inclusive, segundo Silvana, os jovens que com
eles trabalham e ainda estão no Ensino Médio acabam se
interessando pelo setor e buscam cursos específicos.
Outro ponto importante na conquista de talentos é a
tradição da empresa. Ex-estagiários têm o hábito de co-
mentar com colegas e amigos os benefícios e os malefícios
de seus trabalhos. “A empresa que não incentiva seus cola-
boradores acaba ficando queimada. É preciso fazer a vaga
de estágio ser desejada para se criar um nome entre os
universitários”, explica Mencaci.
Motivar o aprimoramento dos estudos, promovendo
cursos e treinamentos, ou apenas oportunizar horário di-
ferenciado para quem permanece aperfeiçoando seus co-
nhecimentos também é muito valorizado pelos estudan-
tes. O presidente do Nube destaca que muitos conside-
ram este fator preponderante.
Atrair jovens talentos exige estratégia or-
ganizada; no entanto, depois de contratar o
estudante é iniciada uma nova batalha. Para
Cláudio Inácio Bins, gestor de Relações Ins-
titucionais do Ciee-RS, o grande desafio não
é atrair, mas sim, manter os mais capacitados.
“As dificuldades variam conforme o porte da
empresa.” Nos pequenos e médios empreen-
dimentos a criatividade deve ser a principal
ferramenta de manutenção. Além disso, se-
gundo Bins, garantir a permanência de futu-
ros profissionais acima da média inclui lem-
brar que o jovem é estudante antes de ser es-
tagiário e, por isso, necessita de algumas re-
galias, como carga horária menor, até desen-
volver o espírito empreendedor.
Athena Cargo: ambiente agradável é isca para talentos
Em primeiro lugar, atrair...
Compreender qual é o objetivo do programa de estágio
Preparar o ambiente para receber o estudante, ou seja, definir
atribuições, nomear supervisor, proporcionar treinamentos,
realizar relatórios de desempenho, oferecer a maior bolsa-
auxílio possível, entre outros itens
Ajudar o estagiário a enxergar novos desafios
Em alguns casos, desenvolver potencial empreendedor
... depois, manter
Proporcionar crescimento pessoal e profissional
Identificar objetivos comuns entre a empresa e o estagiário
Tratar os jovens profissionais de forma humana,
sincera e construtiva
Oferecer benefícios atraentes, como vale-refeição, auxílio-
moradia, cursos, participação nos lucros
Pagar remuneração justa, de acordo com o porte e a
rentabilidade da empresa
Esclarecer quais são as atividades do estagiário e o que a
empresa espera dele
Incentivar e ajudar a vencer desafios
Oportunizar o desenvolvimento de habilidades
Abrir espaço para o desenvolvimento da criatividade
Promover a cultura do reconhecimento
Luci
a S
imon
INVEST IMENTO
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36 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
Segurança parainvestir
Mesmo com todo o
medo que está no
ar, a economia
brasileira cresceu
em 2008. Investir
os lucros desse
crescimento de
forma adequada
pode ser a garantia
de vida para as
empresas do país
clima é de insegurança. Por todos os la-
dos só se ouve falar na crise, que deixou
de ser virtual e passou a integrar, de fato,
a vida de muitos brasileiros. Os temores vari-
am desde crescimento desacelerado, ao con-
trário do que vinha acontecendo até então, até
desemprego em massa. Somente em dezem-
bro do ano passado, segundo o Ministério do
Trabalho, o Brasil perdeu mais de 650 mil pos-
tos de trabalho com carteira assinada.
No entanto, apesar de a crise ter estourado
antes da virada do ano, no segundo trimestre
de 2008 o Brasil cresceu 6,1% em comparação
com o mesmo período de 2007. No primeiro
Osemestre do ano passado, de acordo com o IBGE, o Pro-
duto Interno Bruto (PIB) sofreu incremento de 6% em re-
lação aos seis primeiros meses de 2007. Com estes índices
o Brasil alcançou o melhor semestre desde os primeiros
seis meses de 2004, quando o PIB cresceu 6,6%.
Mesmo com toda a turbulência global ocorrida no final
do ano, a economia nacional conseguiu produzir bons fru-
tos para 2009. Para este ano, as expectativas são bem
menos positivas. Durante grande parte do ano passado, o
Banco Central apostou que o PIB cresceria 3,5%, entre-
tanto, a tormenta fez o BC baixar as previsões para 2%.
Por outro lado, de acordo com um estudo realizado pela
Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Eco-
nômico, o Brasil está à frente dos países ricos e das outras
Lucia Simon
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nações que constituem o Bric (Rússia, Índia e China) quan-
do o assunto é perspectiva econômica.
Seguro morreu de velho
Com todas as incertezas que rondam a economia, mais
do que nunca é necessário avaliar bem quais são as opções
de investimentos e depois de muita reflexão optar por
aquela que se adapta melhor a sua realidade. Para o consul-
tor Raphael Cordeiro, diretor da Raphael Cordeiro Con-
sultoria de Investimentos, a recomendação padrão é con-
servadorismo: “O investimento mais conservador é o títu-
lo público”. Segundo o consultor, os títulos públicos po-
dem ser acessados através de fundos DI, que seguem a
taxa Selic ou CDI. “Além disso, estes fundos não possuem
risco de crédito e oferecem liquidez diária.” Uma segunda
opção são os fundos de renda fixa. Porém este formato
possui riscos mais elevados.
Cordeiro destaca que antes de pensar em investir é
preciso fazer um “colchão de liquidez”. “O segundo se-
mestre do ano passado foi bastante difícil e a tendência é
que este seja tão ruim ou pior. Por isso, é preciso ter o
máximo de segurança possível e só depois avaliar qual o
investimento mais adequado.” Aos empresários que já
possuem seu “colchão”, o consultor aconselha a compra
de equipamentos que hoje estão com preços mais bai-
xos. Comprar máquinas agora e fazer a manutenção das já
existentes, explica Cordeiro, fará com que a empresa dis-
pare na frente dos seus concorrentes quando a economia
voltar a aquecer.
Novas contratações não são bem vistas pelo consultor.
“Não é o momento, pois contratar envolve alto custo ope-
racional, que precisa ser muito controlado”, alerta Cordei-
ro. Em contrapartida, este também não é o momento ideal
para demissões. A dica é fazer um pacto com a equipe,
optando pela honestidade e clareza, explicando a situação
da empresa e propondo alternativas, como redução de tur-
no ou até de salário. “Dessa forma, a equipe se une, geran-
do comprometimento entre todos.”
Produto Interno
Já Fernando Montero da Costa, diretor de Operação
da Human Brasil, afirma que investir nos colaboradores é,
sim, uma forma de driblar a crise. “Tradicional-
mente, nesta época as empresas estão com o
orçamento aberto para novos direcionamen-
tos. Por isso, é uma boa ocasião para dar início
a projetos de desenvolvimento e treinamen-
to”, explica Costa.
Na opinião do consultor, isso não se aplica
àquelas empresas que já foram atingidas pela
crise. Para ele, até agora os problemas finan-
ceiros têm alcançado determinados setores, e
aqueles que não foram afetados devem apro-
veitar o momento para investir nas “pratas da
casa”. “Recomendamos que sejam desenvol-
vidas avaliações internas e identificadas as ne-
cessidades dos profissionais. É preciso in-
vestir e corrigir as fraquezas para que a equi-
pe possa proporcionar o seu máximo e assim
ajudar o empreendimento a enfrentar qual-
quer tipo de crise”, salienta o consultor de
RH. Dessa forma, a empresa agregará valor
ao seu produto, além de melhorar a qualidade
e a produtividade.
Investimento Risco
Ações de grandes empresas Médio
Ações small caps Alto
CDB/RDB Muito Baixo
Debêntures Baixo
Derivativos Muito alto
Dólar ou outras moedas Alto
Fundos de ações Médio
Fundos de private equity Alto
Fundos de renda fixa Baixo
Fundos multimercado Médio
Imóveis Baixo
Obras de arte e antiguidades Médio
Ouro Médio
Poupança Muito baixo
Previdência privada Baixo
Títulos públicos Baixo
Principais tipos de investimentos praticadosno Brasil e seus riscos
VE ÍCULOSN
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uando o veículo sai da fábrica, ele está
de acordo com a legislação vigente e o
desenho do projeto original. Mas o gos-
to, a necessidade e a criatividade do novo
dono determinam se ele será mais um nas ruas
ou uma peça completamente diferenciada. “As
pessoas buscam a transformação veicular prin-
cipalmente por economia e personalização:
deixar o carro com a cara do dono”, diz An-
tônio Gaspar de Oliveira, do Sindicato da In-
dústria de Reparação de Veículos e Acessórios
do Estado de São Paulo (Sindirepa-SP).
Do sistema de som até a blindagem, tudo
passa pelo mercado de transformação e mo-
dificação veicular, bastante forte no Brasil.
Dados do Sindirepa-SP apontam um cresci-
mento do número de profissionais na área e
também do faturamento das oficinas, que sal-
tou de R$ 7,1 bilhões em 2005 para R$ 8,3
bilhões em 2007.
Q
Mesmo quem
compra um
automóvel com o
maior número
de acessórios
pode dar um
toque particular
à máquina.
O mercado e
as opções
são amplas e
abrangem
carros, barcos e
outros veículos
Os carros tunning (que podem ser traduzidos como
de “ajuste fino”) são a maior vitrine desse tipo de traba-
lho, capaz de alterar completamente a forma e a funcio-
nalidade de um modelo. O mesmo acontece no setor
náutico, que vem crescendo no país. Na terra ou na água,
os proprietários com disposição para investir em modifi-
cações com quantias bastante superiores ao valor original
do veículo buscam alternativas de cor, formato e muitos
acessórios, que podem melhorar a aerodinâmica, o rendi-
mento e a velocidade.
Sem limites
Mas nem só da estética vive o mercado de transfor-
mações. A necessidade de adaptar um veículo para uma
pessoa com deficiência física, por exemplo, gera negóci-
os para muitas empresas. Ainda nos mares, um grande
destaque é o projeto da USP para competições paraolím-
picas, o Poli 19. Desenvolvido ao longo de dois anos, a
partir de uma solicitação da Federação de Vela feita à Es-
cola Politécnica da USP (Poli/USP), o objetivo era obter
eu queriaNovo e do jeito que
Foto
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Sim
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VE ÍCULOS
39FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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um barco seguro e de bom desempenho para treinar atle-
tas paraolímpicos. Nas competições se utiliza um barco
inglês, com 23 pés, quilha fixa, o que dificulta o transporte,
com um custo médio de US$ 40 mil. Já o Poli 19 tem 19
pés, com excelente desempenho, quilha retrátil, facilitan-
do o transporte, e custo aproximado de R$ 25 mil.
Em casos assim, o que se busca é ergonomia, facilida-
de operacional, conforto e adaptabilidade às restrições
de mobilidade. O mesmo acontece sobre quatro rodas.
No Centro Automotivo Pit Stop, em Porto Alegre, cerca
de 20 carros por mês estacionam nas rampas da oficina
para algum tipo de adaptação. O movimento intenso se
contrapõe à pouca oferta do serviço no Estado; mesmo
assim, a atenção dedicada a cada projeto é fundamental
para garantir melhor dirigibilidade. “Em primeiro lugar,
deve-se levar em conta qual deficiência o cliente apre-
senta. Alguns já trazem na carteira de habilitação ou um
laudo médico, indicando o tipo de adaptação necessária
a ser feita”, explica Ricardo Luiz Rosa, gerente comer-
cial da empresa.
Novo ou usado, qualquer carro pode ser adaptado,
para portadores de deficiência, mas os equipamentos, pe-
ças e acessórios precisam ser regulamentados para ofere-
cer condições seguras para a condução. Os veículos tam-
bém precisam obter autorização do Detran para circular
com as modificações. Os novos já saem da fábrica homo-
logados e com redução de impostos. Já os seminovos pre-
cisam da vistoria de empresas autorizadas pelo Inmetro,
o que também vale para motocicletas.
Pode atirar
Certificação também é palavra de ordem no setor de
blindagem automotiva. A moda pegou no Brasil há 20 anos
e nesse período já ganhou inúmeras inovações e mais adep-
tos. Para se ter uma ideia, um carro chegava a pesar uma
tonelada depois de blindado, lá pelos anos 90. Hoje, o
peso extra chega a 200 quilos. Segundo Bernardo Falla-
vena, representante de grandes empresas do ramo, já na
primeira quinzena de janeiro a procura pelo serviço foi
intensa, superando anos anteriores. Entretanto, o núme-
ro de oficinas clandestinas e de serviços que não garan-
tem a segurança dos usuários aumenta conforme a de-Ricardo Luiz Rosa, da Pit Stop: “Em primeiro lugar, deve-se levar emconta qual deficiência o cliente apresenta”.
Classificação Marca Modelo
1º Toyota Corolla
2º Landrover Freelander
3º Toyota Hillux SW
4º Mitsubishi Pajero Full
5º VW / Honda Jeta / Civic
Carros mais blindados no Brasil
Fonte: Abrablin/2007
2º Semestre de 2007
manda. “Há quem ofereça blindagem parcial,
o que não garante a segurança dos ocupantes
do veículo e não é autorizada. A cobertura
deve ser feita a partir do painel até o banco
traseiro, passando pelas laterais, teto, coluna
e vidros”, alerta. Segundo a Associação Brasi-
leira de Blindagem (Abrablin), antes de con-
tratar uma blindadora é preciso verificar se ela
possui o Certificado de Registro no Exército.
Sem este documento, a empresa não pode atu-
ar no segmento, uma vez que o carro blinda-
do é um produto sob controle. As fornecedo-
ras de materiais utilizados na blindagem tam-
bém devem ser certificadas com testes feitos
pelo Exército. A entidade divulga que em
2007 a produção das blindadoras associadas
representava 70% da produção brasileira, pas-
sando de 5 mil veículos, a um custo unitário a
partir de R$ 50 mil.
ENTRETENIMENTO
40 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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uem tem por hábito passar as férias de
verão no litoral já deve ter percebido
que a diversão não se limita mais ao mer-
gulho no mar ou ao jogo de vôlei de praia.
Para complementar as belezas naturais, que
por si só já atraem milhares de veranistas, as
praias dos litorais Norte e Sul do Estado es-
tão apostando, já há alguns anos, em ativida-
des culturais, que divertem, diversificam e
promovem o turismo local durante o período
Muita cultura à
beira-marAs praias gaúchas oferecem uma ampla
programação de entretenimento para os turistas
que procuram o mar na época mais quente do ano.
As atividades arejam o cotidiano dos veranistas e
aquecem o circuito cultural no Estado
de maior movimento na região. Com isso, além de um
bonito bronzeado é possível pegar também um cinemi-
nha, um teatro, participar de um sarau poético ou de um
show de música contemporânea.
Muitas atrações estão concentradas no Litoral Norte,
mas o sul do Estado também oferece uma programação
cultural diversificada. A principal delas é a Feira do Livro
que acontece entre os meses de janeiro e fevereiro na pra-
ça Didio Duhá, na praia do Cassino. Realizado pela Fun-
dação Universidade Federal do Rio Grande (Furg) com
apoio do Sesc-RS e da Prefeitura Municipal de Rio Gran-
de, o evento está em sua 36ª edição e tem como patrono o
músico e escritor Vítor Ramil. De acordo com a Furg, a
edição de 2009 oferece muito mais que bancas de livros:
dois palcos abrigam shows de artistas locais e estaduais.
Evento homônimo também movimenta as areias de
Tramandaí: o Departamento de Cultura realiza há oito
Q
Divulgação Prefeitura de Torres/Adriano Daca
Vista do Parque da Guarita, na Praia de Torres, que alterou sua programação por sugestão dos veranistas
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ENTRETEN IMENTO
anos a Feira do Livro da cidade. Segundo o administra-
dor do Departamento, Adriano Lima, a feira é um dos
maiores eventos culturais do Litoral Norte do Rio Gran-
de do Sul durante as temporadas de veraneio. “A Feira
do Livro é primordial para a região, por fomentar o tu-
rismo local ao oferecer lazer com cultura.”
O evento também agrega outras atividades além das
tradicionais noites de autógrafos e shows musicais; rea-
liza-se a Mostra de Artes Plásticas de Tramandaí e o pro-
jeto Fazendo arte nas férias – arte reciclada, que ensina
crianças, jovens e adultos a reaproveitar vidros, latas,
jornal e CDs. O público estimado da feira, segundo Lima,
é de cerca de 70 mil pessoas.
Atendendo a pedidos
Na praia de Torres, a agenda cultural durante o ve-
rão foi alterada a pedido dos próprios frequentadores
Circuitos culturais
do local. “Os veranistas não gostavam dos sho-
ws realizados na areia da praia e que se pro-
longavam até tarde da noite”, conta Roniel
Lumertz, secretário municipal de Cultura de
Torres. Motivada por essa solicitação, foi inau-
gurada a Casa de Cultura, um espaço para 300
pessoas, climatizado e com estrutura para pro-
jeções de filmes, apresentações teatrais e ex-
posições. “No início as pessoas ficaram rece-
osas e pouco iam aos eventos promovidos na
Casa de Cultura”, lembra o secretário. Hoje,
o espaço está sempre com lotação máxima,
recebendo 2 mil pessoas por semana. Em Tor-
res, a programação de verão inclui espetácu-
los teatrais, exibição de filmes brasileiros, ita-
lianos, argentinos e uruguaios, shows de
música e feiras de artesanato.
radição nas praias dos litorais
Norte e Sul do Estado, as ati-
vidades culturais promovidas pelo
Sesc já fazem parte do cotidiano dos
veranistas gaúchos. Em 2009 não
podia ser diferente: são diversas
ações de lazer, entretenimento, inte-
gração e aprendizagem. Nas praias de
Cidreira, Tramandaí, Capão da Ca-
noa, Arroio do Sal, Torres, Cassino,
Laranjal e São Lourenço estão insta-
ladas as casas do Estação Verão 2009.
Além de atividades culinárias e de saú-
de, estão à disposição dos veranistas
80 livros em cada casa, para emprés-
timo gratuito de uma semana. Entre
as obras estão: O rumor da casa, de Tel-
ma Scherer; Canalha, de Fabrício Car-
pinejar; Eu sou o mensageiro, de Markus
Zusak; O Crepúsculo, de Stephenie
Meyer; Mais comédias para ler na escola,
de Luis Fernando Verissimo.
Até o dia 28 de fevereiro, o Arte
Sesc – Cultura por toda parte realiza apre-
sentações de grandes nomes da mú-
sica gaúcha em 14 praias do litoral.
Luiz Marenco, Ernesto Fagundes, Cé-
sar Oliveira e Rodrigo Melo, Daniel
Torres, Joca Martins e Renato Bor-
ghetti são alguns dos artistas que es-
tão mostrando seu trabalho durante a
temporada de veraneio. Todas as apre-
sentações são gratuitas.
A programação do Sesc inclui ain-
da a terceira edição do projeto Verão
Band Sesc, na praia de Torres, com di-
versas atividades culturais, que englo-
bam cinema, teatro, literatura e músi-
ca. Tudo organizado pelo Sesc-RS,
através do Arte Sesc – Cultura por toda
parte, e pela Rede Bandeirantes, para
garantir o entretenimento dos vera-
nistas e da comunidade local.
A programação completa das ati-
vidades do Sesc-RS no litoral gaúcho
está no site www.sesc-rs.com.br.
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NALIZAÇÃO
42 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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pós-graduação no Brasil tem pouco mais
de 70 anos, uma história recente em se
tratando de evoluções sociais, mas sufi-
ciente para deixar marcas na cultura da educa-
ção. Das tradicionais salas de aula e pesquisas
em bibliotecas abarrotadas de livros e periódi-
cos até as coleções de frames na tela do com-
putador da educação a distância (EAD), as dis-
ciplinas cursadas após a graduação ganham
espaço e são cada vez mais requisitadas no mer-
cado de trabalho. Já oferecem uma larga esteira
de opções e formatos, que se estendem do de-
sejo de tornar-se um mestre ou doutor, com-
provando dissertações e teses e propondo teo-
rias, até a formação de especialistas em
determinados assuntos.
É preciso, antes de tudo, separar as duas li-
nhas de trabalho existentes. “De forma genéri-
ca, na pirâmide do ensino há duas vertentes de
educação: lato sensu e stricto sensu (do latim: senso
amplo e senso restrito, respectivamente). O
primeiro é mais focado no mercado, com cur-
sos específicos para quem procura especializa-
ção. Já o segundo engloba o mestrado e o dou-
Educação em restrito e
amplo sensoÀ medida que o indivíduo avança em sua
formação acadêmica, fica mais direcionado o foco
dos estudos e do aprimoramento. Nesse trajeto
encontra-se a pós-graduação, como importante
degrau para se obter a titulação desejada
torado para áreas do conhecimento com ênfase no desen-
volvimento de pesquisa”, esclarece Flávia Feitosa Santana,
diretora de Pós-Graduação e Pesquisa do Senac-SP.
Conhecimento renovado
Conforme o Ministério da Educação (MEC), as insti-
tuições credenciadas pelo órgão podem oferecer cursos
de pós-graduação lato sensu sem a necessidade de autoriza-
ção, reconhecimento e renovação de reconhecimento. Essa
determinação impede que se tenha um controle maior so-
bre a oferta de cursos nessa modalidade. Mesmo assim, as
pós lato sensu são submetidas ao processo de supervisão do
MEC, e essa avaliação é levada em consideração para o
recredenciamento da instituição. A legislação que trata do
tema define que o corpo docente de cursos de pós-gradu-
ação lato sensu deve ser constituído por pelo menos 50% de
professores com título de mestre ou de doutor, obtido em
programa de pós-graduação stricto sensu reconhecido. Os cur-
sos devem ainda ter duração mínima de 360 horas. “Para
escolher adequadamente a instituição e o curso, além de ve-
rificar critérios como facilidade de deslocamento e custos é
preciso avaliar os requisitos que atestam a qualidade do en-
sino”, recomenda Adalberto Américo Fischmann, diretor
educacional da Fundação Instituto de Administração (FIA).
As modalidades têm especificação clara. Em geral os
cursos stricto sensu (mestrado acadêmico, mestrado profis-
sionalizante, doutorado e pós-doutorado) são orientados
à formação de professores, acadêmicos e pesquisadores.
A opção entre os mestrados profissionalizante e acadêmi-
co depende da atuação do educando. Ambos necessitam
da elaboração e defesa de dissertação para se obter a titu-
A
43FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
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PROF I SS IONAL IZAÇÃO
lação, mas o primeiro está ligado à prática do mercado,
enquanto o segundo objetiva a produção científica.
O pré-requisito para se ter acesso a uma pós-gradua-
ção é a conclusão do nível anterior, a graduação. Um exa-
me escrito, a prova de língua estrangeira, a análise de cur-
rículo, uma proposta de projeto de pesquisa e a entrevista
pessoal são as etapas para se conseguir o ingresso.
A cada diploma, mais um passo
A aposta na pós-graduação contribui para a formação
de um padrão cultural mais elevado, da pessoa e do país,
acredita o professor Fischmann: “A sociedade também
ganha com isso, não só a pessoa que escolhe esse cami-
nho. Investimentos nessa área ajudam a diferenciar uma
nação, que passa a se destacar pela competência em qual-
quer modalidade do conhecimento”. O incremento na
competitividade se dá pela formação de uma elite de pes-
quisadores e produtores de material científico. No que
se refere às especializações, um maior número de profis-
sionais qualificados e mais bem preparados garante mer-
cado mais sólido e produtivo. “A Coreia do Sul é hoje
uma potência por ter essa visão: cuida da educação supe-
rior e básica com a mesma ênfase. O diferencial é que o
ensino básico é gratuito, enquanto a graduação e a pós-
graduação são pagos pelos usuários.”
Os diferenciais na carreira promovidos por uma pós-
graduação são um consenso geral. O nível de especiali-
zação do candidato a uma vaga de trabalho ou mesmo
para assumir um cargo superior é sempre considerado.
Com uma grande oferta de cursos em todas as áreas, a
educação superior em pós-graduação está disponível em
todo o território nacional em instituições de ensino tra-
dicionais e outras criadas recentemente para atender o
público que demanda estes serviços. “Os alunos não
precisam mais estar na sala de aula. Temos cursos pre-
senciais ou a distância e também elaborados de acordo
com a necessidade de grupos, empresas e outras insti-
tuições. No caso da pós em lato sensu, o importante é
focar na área de conhecimento necessária ao desenvol-
vimento profissional”, finaliza Flávia.
Pós-graduação Senac-RSO Senac-RS oferece diversas opções de cursos de pós-
graduação nas áreas mais requisitadas do mercado. Confira as
oportunidades que esperam por você
Faculdade de Tecnologia Senac Passo Fundo
Especialização em Administração em Banco de Dados
Especialização em Geotecnologias Aplicadas
Especialização em Docência na Educação Profissional – 2ª edição
Faculdade de Tecnologia Senac/RS
Especialização em Moda, Criatividade e Inovação – 3ª edição
Especialização em Gestão, Planejamento e Organização de Eventos
Especialização em Gestão de Vendas
Especialização em Marketing Esportivo
Especialização em Gestão em Gastronomia
Faculdade Senac/RS
Especialização em Gerenciamento de Projetos
Especialização em Administração e Negócios Imobiliários – 2ª Edição
Especialização em Comunicação Estratégica – 3ª Edição
Faculdade de Tecnologia Senac Pelotas
Especialização em Comunicação Integrada de Marketing
Mercado de Capitais: Formação de Operador e Analista
Especialização em Gestão da Logística Empresarial – 2ª Edição
Especialização em Gerenciamento de Projetos – 2ª Edição
Responsabilidade Social: Gestão, Inovação e Estratégias para
Organizações Públicas & Privadas – 2ª Ed.
Especialização em Gestão Hoteleira com Ênfase em Marketing – 2ª Edição
Especialização em Mercado da Moda: Comunicação, Marketing e Estilo
Especialização em Gestão Integrada do Capital Intelectual – 5ª Edição
Senac EAD
Artes
Especialização em Artes Visuais: Cultura e Criação
Gestão e Comércio
Especialização em Gestão Cultural
Especialização em Gestão de Varejo
Meio Ambiente
Especialização em Educação Ambiental
Saúde
Especialização em Gestão da Segurança de Alimentos
Tecnologia da Informação
Especialização em Governança de TI
Tecnologia Educacional
Especialização em Educação a Distância
Especialização em Gestão Educacional
INTERNACIONAL
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44 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
As comemorações pelo Ano da França no Brasil colocam em evidência os números que
mantêm estáveis as relações comerciais entre os dois países. Movido principalmente pelas indústrias
aeronáutica e espacial, o comércio franco-brasileiro atingiu um recorde histórico em 2007
velho mundoComércio com o
m 2009, expressões como merci, s’il vous
plaît e bonjour vão ser tão comuns aos
ouvidos brasileiros quanto obrigado,
por favor e bom dia. Isso porque no dia 21 de
abril iniciam-se as comemorações do Ano da
França no Brasil, que seguem até o dia 15 de
novembro. Em 2005 os franceses conheceram
de perto a diversidade e a riqueza da cultura
brasileira; agora a situação se inverte, é a vez
Eda França mostrar o seu multiculturalismo ao Brasil.
O convite para as festividades já foi distribuído: em de-
zembro, uma publicação especial sobre o Ano da França
no Brasil foi lançada juntamente com a revista Vogue. En-
tretanto, a visita do presidente francês Nicolas Sarkozy
ao país no final do ano passado mostra que as relações
entre as duas nações ultrapassam as passarelas da moda.
O Brasil é hoje o principal parceiro comercial da Fran-
ça na América Latina, desbancando México e Argentina.
Lúcia Simon
45FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
INTERNAC IONAL
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Em 2007, segundo informações da Missão Econômica da
Embaixada da França no Brasil, o intercâmbio comercial
franco-brasileiro se intensificou, estabelecendo um re-
corde histórico acima dos 6 bilhões de euros – 3,1 bi-
lhões referentes às exportações francesas e 3,5 bilhões
oriundos das importações francesas vindas do Brasil –,
uma progressão de 19,9% em relação a 2006. Mais do
que isso, a França foi o sexto investidor no Brasil em 2007
e ocupa a quarta posição quanto ao estoque de investi-
mentos estrangeiros no país, o que significa algo em tor-
no de US$ 15 bilhões. O presidente da regional Rio
Grande do Sul da Câmara de Comércio França-Brasil
(CCFB-RS), Roner Guerra Fabris, enumera alguns dos
motivos que fortaleceram a parceria franco-brasileira nos
últimos anos: “O Brasil tornou-se um país politicamen-
te estável, uma poderosa economia atuante e detentora
de credibilidade que se internaliza, rica em recursos na-
turais e que se firma como um grande parceiro industri-
al e comercial”.
Fabris também destaca um expressivo número de
mudanças ocorridas no Brasil nos últimos anos, favorá-
veis às relações de comércio exterior. “Elas anunciam ten-
dências do ambiente de negócios que a estratégia setorial
francesa não pode ignorar: uma maior aspiração de con-
forto pela classe média que possui uma situação financei-
ra privilegiada; balanço energético excedente; tendências
a uma reestruturação financeira e de estratégias objetivan-
do criar parcerias de porte no cenário internacional; além
de medidas para impulsionar a construção e desenvolvi-
mento de infraestruturas.”
Eles escolheram o Brasil
Nada menos do que 360 filiais francesas estão instala-
das em território brasileiro, empregando mais de 250 mil
pessoas. A presença da França torna-se ainda mais signi-
ficativa quando se identifica que 35 das 40 empresas da
Bolsa de Valores de Paris, principalmente do setor indus-
trial, estão aqui implantadas. Uma delas é o Grupo Actia,
representado pela Actia do Brasil, com sede em Porto Ale-
gre. As duas empresas se juntaram em 1997, quando o
Grupo Actia buscava no Brasil um parceiro que já produ-
zisse mercadorias como as suas, ou seja, produtos e solu-
ções eletrônicas automotivas para veículos co-
merciais. “Parcerias deste tipo permitem a tro-
ca de experiências entre culturas e formas de
trabalho diferentes”, destaca Luís Augusto
Duarte, sócio-proprietário da Actia do Brasil.
Para Fabris, a atração de empresas para o
Rio Grande do Sul figura na capacidade de se
vender o Estado para a França. “Não há seto-
res específicos mais ou menos atraentes. Nos-
sa educação e mão-de-obra qualificada, alia-
das a um custo de implantação, de segurança
e de melhor qualidade de vida, nos conduz a
sermos potencialmente mais atraentes do que
outros estados onde estes fatores estão sen-
do fortemente considerados.” “É preciso aten-
De mãos dadas
A visita do presidente francês, Nicolas Sarkozy, em dezem-
bro do ano passado resultou na assinatura de uma série de acor-
dos entre a França e o Brasil. São eles:
Plano de ação para implementação da parceria estratégica
entre os dois países
Acordo na área da luta contra a exploração ilegal do ouro
em zonas protegidas ou de interesse patrimonial
Protocolo adicional ao acordo de cooperação técnica e
científica entre os dois países para criação do Centro Franco-
Brasileiro da Biodiversidade Amazônica
Protocolo de cooperação para o desenvolvimento sustentável
do bioma amazônico, tanto do lado francês (Guiana
Francesa) como do lado brasileiro
Acordo na área de submarinos
Protocolo sobre cooperação no domínio do ensino profissional
INTERNACIONAL
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46 FECOMÉRCIO – BENS & SERVIÇOS
der às exigências dos franceses”, completa
Roger Aubert, fundador e primeiro presiden-
te da CCFB-RS. A participação francesa no
Estado ocorre em diversos setores, como a
Doux, na área de alimentos; a Kuhn-Metasa,
no setor de máquinas agrícolas; a Chandon,
com os espumantes naturais; e a C-Lines, na
área de estruturas pré-fabricadas.
O carrinho de compras
Produtos da construção aeronáutica e es-
pacial, equipamentos para automóveis e pre-
parações farmacêuticas são os três principais
itens da lista de compras brasileiras, represen-
tando 30%, 10% e 5,8% das importações, res-
pectivamente. No velho mundo, minérios de
ferro, petróleo e resíduos oleaginosos e pro-
dutos da indústria de serraria somam 40,5%
das importações francesas vindas do Brasil.
Segundo Fabris, no primeiro semestre de 2008 a França
exportou para o Brasil um montante aproximado de 1,5
bilhão de euros; no mesmo período, o Brasil exportou
quase 1,9 bilhão em moeda européia.
Na pauta dos investimentos franceses em terras tupi-
niquins observa-se um esforço em larga escala. “Na área
de energia a Tractebel (Energia-Suez) está investido US$
300 milhões na construção de duas unidades e na manu-
tenção dos parques geradores; a Louis-Dreyfus vai inves-
tir até 2010 US$ 310 milhões no setor sucroalcooleiro.
E no setor automobilístico, a Renault está investindo 360
milhões de euros no lançamento de seis novos modelos
no Paraná”, enumera Fabris.
Uma vasta programação foi organizada para comemo-
rar o Ano da França no Brasil: a relação completa está no
site http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br. Entretanto,
esta não é apenas uma oportunidade de conhecer a cultu-
ra francesa, mas de estabelecer parcerias e aproveitar a
ocasião para estreitar laços comerciais.
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crise financeira internacional desem-
barcou no Brasil através do setor in-
dustrial. O dado mais recente, refe-
rente a novembro de 2008, mostra que a pro-
dução de bens da indústria foi 6,2% inferior
àquela observada em novembro de 2007 e
5,2% abaixo da registrada em ou-
tubro de 2008. A redução de pro-
dução observada em novembro
de 2008 foi a mais acentuada des-
de maio de 1995. Infelizmente, a
crise não ficará restrita apenas ao
setor industrial. A queda na pro-
dução industrial, que já gerou fé-
rias coletivas em várias empresas,
vai se traduzir a seguir em elevação da taxa
de desemprego, com efeitos negativos sobre
os setores de comércio e serviços.
A principal correia de transmissão da cri-
se econômica será o mercado de trabalho.
O crédito mais caro atrapalha o comércio,
mas o principal efeito negativo sobre o co-
mércio sempre vem da deterioração do mer-
cado de trabalho. Até dezembro de 2008,
os efeitos da crise econômica sobre o mer-
cado de trabalho têm sido concentrados em alguns se-
tores específicos, sem efeitos generalizados sobre o
mercado de trabalho. A taxa de desemprego de dezem-
bro (6,8%) foi a mais baixa da nova série histórica do
IBGE iniciada em 2002. Na região metropolitana de
Porto Alegre o resultado positivo foi ainda mais expres-
sivo, com o desemprego atingindo apenas 4,7%. Contu-
do, já é claro o efeito da crise sobre o mercado formal de
trabalho. Ao longo dos primeiros meses de 2009 devere-
mos observar uma deterioração no
mercado de trabalho, com efeitos
negativos sobre o setor de comér-
cio de bens e serviços.
Em 2009, a melhor estratégia
para os empresários do setor de co-
mércio e serviços é a prudência.
É preciso cortar custos e ficar ca-
pitalizado, dando prioridade para
as vendas à vista ou de prazo relativamente mais curto.
Uma empresa capitalizada pode não apenas enfrentar os
percalços da crise com maior resistência, mas também
estará preparada para as oportunidades que a crise possa
oferecer. A crise vai enfraquecer ou eliminar as empre-
sas menos preparadas e resistentes, de forma que aque-
las que conseguirem estar capitalizadas e resistir à crise
terão boas oportunidades de expansão no futuro.
A crise vai chegar
no comércio
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* Consultor econômico da Fecomércio-RS
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Marcelo S. Portugal*
Em 2009, a
melhor estratégia para
os empresários
do setor de
comércio e serviços
é a prudência
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es , we can!”, este foi o slogan de Barack
Obama durante o extenso processo elei-
toral americano. Traduz mais do que
a esperança de minorias americanas. Expressa
os anseios de grande parcela da população mun-
dial, que há décadas atribui ao imperialismo
americano as culpas pelas mazelas da
humanidade. Assim como Lula, Oba-
ma é um fenômeno social, e não polí-
tico. Venceu as eleições nos Estados
Unidos apoiado em um discurso oti-
mista e sedutor, mas ao tomar posse
de suas atribuições presidenciais, no
início de janeiro, adotou um discur-
so alicerçado na realidade que o cargo impõe.
Tradicionalmente, discursos de posse apre-
sentam sinais do governo que está por vir.
O de Obama foi realista, e seu governo também
deve ser. Para os que esperam uma maior aten-
ção do governo dos Estados Unidos com a co-
munidade internacional, é necessário lembrar que
Obama é o presidente de um país, e não do
mundo. O “we” (nós) da campanha dizia respei-
to a ele e todos os seus compatriotas, e não ao
resto do planeta. Em sua fala de 18 minutos, o
novo presidente deixou clara sua preocupação
em manter o país que governa na liderança mun-
dial, apesar dos efeitos da crise econômica. Ele governará
para os americanos e atenderá aos anseios desse povo.
Por isso, muitas das mudanças aguardadas pelo resto
do mundo, que espera a ruptura com as políticas de Bush,
podem acontecer, mas o foco continuará a ser o desenvol-
vimento econômico dos Estados Unidos. Exemplo clássi-
co é a guerra do Iraque. Os americanos não querem o fim
da guerra por compaixão aos habitantes que vivem no Ori-
ente Médio, mas sim pela falta de resultados que ela traz ao
seu país. É uma questão de orça-
mento, e não de humanismo. A re-
tirada das tropas do Oriente Mé-
dio não será imediata, e o país ten-
de a aumentar o protecionismo em
suas relações comerciais, principal-
mente em tempos de crise.
Barack Obama não é o herói
que vive no imaginário de boa parte da população mundi-
al, nem promoverá mudanças profundas no modo norte-
americano de fazer política. É jovem, e sua carreira política
tem pouco mais de uma década, mas seus primeiros atos
demonstram cautela e responsabilidade. Formou sua equi-
pe com nomes que estiveram nos governos Bush e Clin-
ton e políticos tradicionais do Congresso. Cerca-se de
políticos com mais experiência, pois sabe que para fazer
um governo responsável precisa manter os aspectos posi-
tivos dos dois governos que sucede, aprender com os er-
ros dos antecessores e manter o apoio popular.
Nóspodemos?
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O foco continuará
a ser o
desenvolvimento
econômico
dos Estados Unidos.
*Cientista político do Sistema Fecomércio-RS
Rodrigo Giacomet
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MAIS & MENOS
Entrave tributário
das 54 empresas do sul do país
entrevistadas pela PricewaterhouseCo-
opers e Amcham-Porto-Alegre
apontaram a carga tributária como
o item que provoca maior impacto
negativo nos negócios
Agências bancárias
é a quantidade de agências
espalhadas na cidade de São
Paulo, segundo um levantamento
realizado pela Federação Brasileira
de Bancos (Febraban). Cerca de
12% das agências do país
2,3 mil
1,8%
Papéis de curto prazo
Segundo a Associação Nacional
dos Bancos de Investimento, em
2008 o volume de notas
promissórias cresceu
161,5%
Ausência parlamentar
Levantamento feito pelo
Congresso em Foco revela que o
índice de ausências dos
senadores nas sessões deliberativas
de 2008 sofreu um aumento
de 8,53% em relação
ao ano anterior, acumulando
1.782 faltas
Dinheiro estrangeiro
bilhões foi o ingresso dos
Investimentos Estrangeiros Diretos
no Brasil em 2008. Cifra que
segundo o Banco Central é o
maior nível desde o início da série
histórica, em 1947
US$ 45,060
Crescimento cooperado
Números da Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB)
apontam um faturamento das
cooperativas do país de
bilhões, em 2008. Um aumento de
15% em relação a 2007
R$ 83
Pirataria
O número de brasileiros que
compram produtos piratas cresceu
no ano passado, segundo pesquisa
da Fecomércio-RJ
8 milhões
Não à fidelidade
Em pesquisa da Fundação
Getulio Vargas,
dos clientes se declararam
infiéis à operadora de
telefonia celular atual
64%
66,7%
Baixo crescimento
A previsão do Fundo Monetário
Internacional (FMI) é de
que a economia brasileira
cresça apenas
em 2009
Benefício ao trabalhador
Segundo o Ministério do Trabalho, o número
de trabalhadores que deram entrada em pe-
didos de seguro-desemprego no país cresceu
em novembro de 2008, na comparação
com o mesmo período de 2007
20%
CRÔNICA
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Grande oupequeno?
Por Moacyr Scliar
o seu País das Maravilhas o escritor in-
glês Lewis Carroll faz Alice encontrar,
sobre uma mesa, um frasco com
um rótulo dizendo: “Bebe-me”. A princípio
desconfiada, a garota experimenta o líquido,
gosta, bebe-o todo, e o resultado é que de
súbito começa a encolher vertiginosamente
até que sua altura fica reduzida a uns vinte
centímetros. Põe-se a chorar, mas então vê,
agora que ficou muito pequena, uma caixa que
está no chão contendo um bolinho e o rótu-
lo: “Come-me”. Come o bolinho, e aí cresce
até ficar gigantesca. No fim, contudo, acaba
voltando ao seu tamanho natural.
A aflição de Alice é experimentada
diariamente por muitas pessoas, empresários
e profissionais principalmente. Ser grande ou
ser pequeno, eis o dilema (mais angustiante,
só o “Ser ou não ser”, de Hamlet). “Pense
grande” é um dos imperativos de nossa épo-
ca globalizada, na qual muitas coisas ocorrem
em escala mundial. “Small is beautiful”, pe-
queno é bonito, garantiu o economista inglês
E.F.Schumacher no título de um livro famoso publicado
em 1973. E aí? Larga escala ou pequena escala? Cliente-
la selecionada ou o mercado planetário?
Uma coisa que ajudou nisto foi o conceito de nicho de
mercado. Nicho, curiosamente, é um termo que designa
uma cavidade ou um vão em parede ou muro. Quem pri-
meiro usou o nicho como a metáfora foi a ecologia, que é
uma disciplina relativamente recente, e que concebe a na-
tureza como um todo ordenado, no qual cada espécie tem
seu lugar bem definido para se relacionar com outras espé-
cies e com o ambiente natural – o nicho ecológico.
A idéia de nicho representa, pois, a resposta para o
dilema de muitas pessoas. Conheço uma professora de
idiomas que criou um método próprio, e muito bem-
sucedido, de ensino. Ficou conhecida por isso e frequen-
temente recebe propostas de pessoas que, em outras
cidades, oferecem-se para reproduzir o curso através de
um sistema de franchising. É tentador, mas a professora
alega que o contato pessoal com seus alunos, e a gratifi-
cação que daí deriva, é fundamental. Prefere, portanto,
ficar em seu nicho.
Mas vale a pena fazer duas considerações a respeito.
Primeiro: no conceito do dicionário, é dito que o nicho
serve para abrigar “estátua, imagem ou qualquer objeto
ornamental”, o que definitivamente é incompatível com a
ideia de um trabalho bem-sucedido; segundo, nicho tam-
bém é conceituado, figurativamente, como “emprego ren-
doso e pouco trabalhoso; sinecura”, o que, de novo, não é
a melhor coisa para quem quer progredir. Portanto, para
não passar pela aflição de Alice, e para não cometer enga-
nos, o nicho tem de estar, em termos de trabalho, bem
definido. No mercado e na cabeça de quem o ocupa.
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