entrevista presidente adefito
TRANSCRIPT
“ Eu tenho comigo essa
competitividade.
Faço de tudo para
demonstrar para os
outros que sou igual ou
melhor que muita gente
tida como normal”.
Como surgiu a ADEFITO? Há quanto tempo a
associação existe?
Surgiu em uma reunião de amigos deficientes com o intuito
de garantir e lutar pelos direitos adquiridos pelos portadores
de necessidades especiais. A Adefito já completou 21 anos
de existência. O objetivo é lutar para garantir que os direitos
das pessoas com deficiência sejam respeitados.
Como você se envolveu nessa causa e se tornou
presidente da associação?
Fui convidada por uma amiga deficiente há 18 anos e fui me
apaixonando pelo grupo e vendo que a classe precisa de
pessoas que gritem pelos seus direitos e então percebi
como essa luta me motiva e faz parte de mim!
Qual é o perfil dos associados?
Pessoas com baixo índice de escolaridade e muito
carentes. São pessoas que muitas vezes pensam que
devem ficar somente em casa. Alguns abandonam os
estudos e até deixam de freqüentar lugares públicos, pois,
sofrem dificuldades em seu cotidiano e não têm apoio ou
não têm convicção para vencer e lutar em favor de si
mesmas.
Fale a respeito do trabalho de conscientização
que é feito junto às empresas e aos empresários
de Teófilo Otoni.
Tentamos mostrar para as empresas que seria de grande
importância nos ajudar a capacitar as pessoas deficientes,
pois eles precisam ter em seu quadro de funcionários
pessoas portadoras de deficiência, mas infelizmente não
veem a real importância disso. Só pensam em ter este
público na empresa para não serem multados pelo
Ministério do Trabalho, pois a Lei 8.213 de 1991 assegura
os direitos aos Portadores de Necessidades Especiais -
PNE, ingressarem no mercado de trabalho.
atiane Nogueira Sant’Anna é portadora de necessidade especial e presidente da Associação de
deficientes físicos da cidade de Teófilo Otoni há seis anos. A partir da sua atuação a Associação Tconquistou a adaptação de veículos de transporte público municipal, a organização da sede e o
apoio para ingresso dos seus associados no mercado de trabalho. Aos 34 anos já venceu muitos
desafios impostos pelo cotidiano urbano repleto de obstáculos e de preconceitos, mas, como mãe de um
menino de um ano e sete meses, realizou seu maior sonho e pretende ir muito além dos limites que sua
condição de portadora de necessidade especial lhe impõem.
Entrevista Oade Andrade
Tatiane teve paralisia infantil com um ano e dois meses de idade. A poliomielite afetou suas duas pernas e ela se locomove com o auxílio de um aparelho ortopédico.
Como você pode citar o preconceito aos
portadores de necessidades especiais
no cotidiano da vida urbana?
O preconceito existiu, existe e sempre existirá,
além dos desafios que aparecem todos os dias,
principalmente quando os direitos adquiridos por
lei são violados.
Como você atua para de fato ter
resultados?
Fazemos reuniões com os comerciantes e a partir
do momento que algum de nossos associados vai
trabalhar em uma empresa também damos total
apoio para a fazer esta adaptação. Vamos até a
empresa e damos palestra aos novos colegas de
trabalho. Aquele portador de necessidade especial
estará ali para fazer uma função que ele dá conta.
Não é para ter dó, para ser um coitadinho, mas, ele
deve ser também cobrado como todos os outros
que estão ali para trabalhar e cumprir com as suas
metas. Isso também é uma forma de preconceito
que as pessoas às vezes não compreendem.
Pode explicar melhor sobre esta forma de
preconceito?
Sim! Para começar eu nem gosto muito do termo
portador de necessidade especial. Na verdade,
quando você porta uma coisa, uma carteira por
exemplo, se você deixar este objeto em algum
lugar você vai deixar de ser portador dela. E no
nosso caso, não tem como deixar de portar nossa
necessidade. É algo que é para sempre e você tem
que aprender a lidar com isso!
Quais são as conquistas que a
associação já alcançou ?
Entre as nossas conquistas destaco primeiro o
reconhecimento da ADEFITO pela comunidade
que fazemos parte. Segundo, a formação do
conselho municipal da pessoa com deficiência,
também o passe livre no transporte público para os
portadores de deficiência e descontos para
participação de eventos em geral.
A que você atribui seu perfil tão
empreendedor e positivo?
Tive uma infância boa. Mesmo com as dificuldades
a minha mãe me ensinou a ser igual às outras
crianças. Se não dava para fazer algo, era simples
encarar que eu só precisava me adaptar. Eu tenho
comigo essa competitividade. Faço de tudo para
demonstrar para os outros que sou igual ou melhor
que muita gente tida como “normal”. Quero que
você coloque isso em destaque! Sei que tenho uma
ou duas dificuldades, mas tento suprir e adaptar as
coisas que fazem parte do meu cotidiano.
Poderia dizer então como foi sua
gravidez e como tem sido a experiência
de ser mãe?
Minha gravidez foi normal e foi um desafio ao
mesmo tempo, pois mostrei para muitas pessoas
que sou normal como as outras mulheres. A
experiência de ser mãe é muito boa!
Principalmente porque Deus me mandou uma
criança que mesmo pequena sabe das minhas
dificuldades e já ajuda a mamãe.
Quais são os seus planos futuros
pessoais e em relação à ADEFITO?
Quero continuar na liderança e entrar na carreira
política. Quero fazer parte desse mundo como
alguém que pode ajudar aos deficientes a ter uma
vida melhor. Quero colaborar na criação de leis que
melhorem nossas vidas. Não é preciso carregar
como que um pesado fardo, as palavras coitadinho
ou aleijado por toda uma vida.
“ O preconceito existiu, existe e sempre
existirá, além dos desafios que aparecem
todos os dias, principalmente quando os
direitos adquiridos por lei são violados”.
A Lei de Cotas reza que as empresas
com 100 ou mais empregados
deverão preencher de 2% a 5% dos
seus cargos com beneficiários
reabilitados ou pessoas PNE, nas
seguintes proporções:
- até 200 funcionários................ 2%
- de 201 a 500 funcionários....... 3%
- de 501 a 1000 funcionários..... 4%
- de 1001 em diante ................... 5%