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(f~7:)E N T REV 1ST A~~!i,f_;;;;,::;;;,:: ::===~===:::===:;::::;::~~:::::=~====;;;:;=====~====::=;::=~=:::=:::=~~Zaida Amaral

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Cidades em transi~aoCresce no Brasil um movimento global que pretende articular as comunidades e torna-Iasmenos vulneraveis as crises externas, regionais, nacionais ou globais. Bairros de Sao Pauloe de Porto Alegre ja estao aplicando 0 programa das "Cidades em Transigao". A arquitetaZaida Amaral, uma das animadoras da iniciativa, considera 0 fortalecimento das comunidadeso fator mais importante para a definigao de um novo modelo de desenvolvimento

'",-o nrovim~ntoTransitionTowns (CidadesemTran-si<;ao),criaao pelo Ingles Rob Hopkins em 2006,busca transfbrmar cidades em modelos de coexis-tenciJ e de produ<;aoautonomos e sustentiveis,menos vulneniveis as crises externas. la existem352 cAdadesdo tipo, espalhadas por 31 palses, e, soutras 362 estiio a caminho da transi<;ao.No Brasil,.Ii

~-"lia",iniciativas no Espirito Santo, em Goias e embairros da Grande Sao Paulo e de Porto Alegre. Aideiae conectar pessoas, comunidades, institui<;oese cidades em programas de longo alcance, fomen-tando a autossuficienciae a "cultura da resiliencia"para tornar as comunidadesmais fortes em termossociais e economicos e resistentes a problemascomo crises de abastecimento, escassez de petra-lea e mudan<;asclimaticas.Saoos proprios nucleoslocais que definem as suas metas.A arquiteta brasileira Zaida Amaral e treina-

dora do Transition USA e da Transition Brasile catalisadora de parcerias com empresas eorganiza<;oes interessadas em dinamizar aideia. Com 25 anos de experiencia em susten-tabilidade, graduada em design pela Funda<;aoFindhorn Ecovillage Training, na Escocia, Zaidae cofundadora de duas ecovilas em processo detransi<;ao: 0 Zialua Ecovilas Albuquerque, noNovo Mexico (Estados Unidos), e a Ecovila deCunha, em Sao Paulo. Para ela, transitar paraurn modelo de cidade menos vulneravel significareconhecer que, "diante da economia mundial ede seus padroes de consumo, se aplicarmos asleis da fisica veremos que 0 crescimento infini-to de urn sistema finito, como 0 planeta Terra,simplesmente nao e possivel". Nesta entrevista,Zaida explica como 0 movimento funciona.

o QUE SAD CIDAOES EM TRANSIIfAO?Trata-se de urn movimento internacio-nal de organiza<;ao da sociedade civil,catalisador de uma transforma<;ao paramelhor. E urn movimento que engaja asociedade sob 0 ponto de vista politico,economico ou religioso, nao desce denenhurna hierarquia para acontecer, edado e colocado na mao do povo e via-vel em qualquer local, rural ou urbano,porque promove a troca de recursosentre as pessoas, incentivando uma in-tera<;aomaior. As mensagens da midiasobre sustentabilidade saG contradito-rias e se nao formos nos a compartilharcom os outros, se nao trocarmos ideiasna pratica, nao saberemos realmente 0que esta acontecendo. A base e trazeras pessoas para promover decisoes,porque todos somos importantes.

QUAL E A RELEVANCIA OESSE MOVIMENTOPARA 0 BRASIL? Iniciei esse trabalhonos Estados Unidos ha quatro anos eem 2009 comecei a me preparar paravir ao Brasil. Percebi que havia urn ma-vimento forte aqui, nao so em termosde quantidade, mas de peculiaridade,pois toma forma com caracteristicas

brasileiras. Tern uma brincadeira coma nossa master, May East, que crioucom 0 pessoal do Transition Brasil urntitulo para a conferencia de 2010 naInglaterra - Transi<;ao no Brasil: seraque vai ser como 0 futebol? Nasce naInglaterra, mas os melhores jogadoressaG do Brasil? 0 titulo chamou a aten-<;ao na conferencia, porque 0 Brasilcome<;oua mostrar uma dinamica pro-pria de movimento, uma capacidade deadaptar e de trazer para sua cultura 0que esta em processo la fora. QuandoRob Hopkins criou 0 Transitions Townsna Inglaterra, ha seis anos, e come<;oua disseminar 0 movimento nos EstadosUnidos, criou-se uma dinamica dedesenvolvimento. Muitas perguntasvoltaram para 0 criador e a equipedo Transition Network, que iniciou 0processo de rede. 0 Brasil adaptou ascaracteristicas do movimento globalao que esta acontecendo em termosde seu crescimento, da sua expansaosocial, politica e economica. Conseguiupegar as ideias de sustentabilidadeexistentes e fazer as coisas a sua moda.Em vez de esperar verba ou uma or-ganiza<;ao para dirigir 0 movimento,

evoluiu exatamente como Rob Hopkinsimaginou, de forma viral. Nos paisescom a<;oes mais estrategicas e focolinear, como Estados Unidos e Canada,a diferen<;:aem rela<;iioa nos e que aquientra a emo<;:ao.Nos introduzimos 0

movimento em processos e a<;5esqueja estavam acontecendo.

POOE OAR EXEMPLOS? Levamos 0

movimento para a Granja Viana, urnbairro de classe media alta na regiaooeste da Grande Sao Paulo, que ja tinhapreocupa<;:oescom sustentabilidade. Ca-talisamos a uniao entre pessoas que jadesenvolviam algum tipo de a<;aoe ofe-recemos mais sustenta<;ao.Sob 0 tituloTransi<;aoGranja Viana, 0 bairro pegouo pessoal que trabalhava com 0 lixo eurn grupo de mulheres fortes - urnaartista, uma sociologa, uma arquiteta -e criou urn programa com logotipo, "DoMeu Lixo Cuido Eu", oferecendo incen-tivos a comunidade, aos catadores e aosmoradores. Criaram uma ecofeira. Osprodutores em volta da Granja iam para-lisar suas atividades porque nao tinhamcomo escoar 0 produto por conta dosproblemas da regulamenta<;:aode orga-nicos e do boicote, nos supermercados,dos produtores tradicionais. Eles cria-ram uma feira que hoje tern 150bancas.Depois, criaram "0 Voto Onde Moro",incentivando os novos moradores quenao votavam la porque nao havia urnase<;aoeleitoral no bairro a se registra-rem. Implantaram uma se<;aoeleitorale incentivaram todos a registrar 0 votoantes das elei<;oese a votar a favor doque queriam para 0 bairro. 0 sucessofoi apenas unir 0 que estava sendo feito,acolher e incluir.

Primeira cidade a adotar 0 programaCidades em Transi~ao, Totnes virou urnsimbolo das comunidades rurais daInglaterra, com tradi~oes preservadase ritmo humano, gra~as a iniciativas defomento da economia local e de energiasrenovaveis. Chegou ate a criar umamoeda alternativa, 0 Totnes Pound.

A GRANJA VIANA E UM BAIRRO DE CLAS-SE MEDIA ARTICULADA. NEM SEMPREHA BOAS CONDIGOES PARA PARTICIPAR.Outro exemplo e Brasilandia, urn bairropaulistano desfavorecido que explodiucom a organiza~ao da comunidade ca-rente e depois se ligou a Transiyao. ]aexistia urna a~ao da Fundac;ao Stickel eda Educayao Gaia que absorveu 0 movi-mento. A Brasilandia lida com uma vastainvasao no Parque da Serra da Cantarei-ra, 0 maior parque urbano do mundo.Ravia urn grupo de pessoas ligadas ascomunidades indigenas trabalhando napreservayao do parque. Eles comec;arama trabalhar em conjunto. Batizaram 0

grupo de "povos da floresta urbana" eentraram no Transic;ao, trabalhando napreservayao das margens da serra, comoguardioes. Em outra cidade, em PortoAlegre, no bairro doViamao, onde fica 0Instituto Caminho doMeio, 0 treinamen-to das Cidades em Transic;aoenvolveu aparticipayao da pr6pria prefeitura.

COMO E 0 MOVIMENTO NA EUROPA ENOS ESTADOS UNIDOS? E muito fortenas cidades rurais da Inglaterra, pe-quenas e dinfunicas, com 2 mil, 5 mile 8 mil habitantes, como Totnes, quefoi a prlmeira a abrac;ar 0 programa,fortalecendo a economia local, redu-zindo 0 custo de vida e ate criando umamoeda alternativa, 0 Totnes Pound.A expansao pelas cidades pequenasmostra bem a caracteristica "viral"do Transic;ao; surge nurn lugarzinhoaqui, noutro ali, comec;a a se expandire se encontra com outras. Nos EstadosUnidos, fiz uma apresentac;ao na igrejade uma cidadezinha do Novo Mexico,Placitas. Eles criaram urn programachamado "Pegada da Comida" (FoodPrints): mapearam a area de produc;aode alimento, criaram urn intercambioentre entregas, caminhoes e produto-res e estabeleceram uma rede de tran-sic;ao entre produzir e distribuir paratornar a circulac;ao mais sustentavel.o Estado do Colorado e considerado

Zaida Amaral••••

DIANTE DA ECONOMIA MUNDIAL E DE SEUSPADRGES DE CONSUMO, SE APLICARMOS AS LEIS

DA FfslCA, VEREMOS QUE 0 CRESCIMENTO INFINITODE UM SISTEMA FINITO, COMO 0 PLANETA TERRA,

SIMPLESMENTE NAo E POSSfVELem transic;ao, mas Boulder (cidade deforte tradic;ao liberal vizinha a capital,Denver), nao, porque nao achou urngrupo capaz de atuar como urn todo.A Universidade Naropa, que fica emBoulder, fundada pelo mestre budistatibetano ChOgyam Trungpa, e umauniversidade em transic;ao.

sAo PAULO E UMA CIDADE EM TRANSIGAO?Ra pessoas em Sao Paulo trabalhandoem documentac;ao e distribuic;ao da co-mida organica e de alimentos em geral,com foco em "relocalizac;ao" e susten-tabilidade, inclusive envolvendo outrospaises, discutindo como redistribuir acomida dentro de megal6poles. 0 fatode haver bairros em Sao Paulo queentraram no processo nao significa quea cidade entrou em transic;ao.Ha locaisque ja fizeram 0 nosso treinamento,mas nao assinaram 0 documento oficial.A transic;ao se completa quando e assi-nado urn documento por urn grupo quese responsabiliza por tocar 0 processo.Nao implica nenhum tipo de responsa-bilidade, e s6 urn registro para se saberquais cidades estao em transic;ao.

QUAIS OS PRINCiplOS DO MOVIMENTO?Trabalhamos com urn contexto que en-volve tres t6picos: a mudanc;aclimatica,a crise economica e 0 pico do consumode petr6leo. Hoje, estamos todos olhan-do com expectativa para a camada dopre-sal, mas exatamente porque tere-mos 0 petr6leo do pre-sal seria a horade deflagrar uma serie de discussoesimportantes. ]a a crise economica emundial e 0 Brasil esta crescendo e seexpandindo, sobretudo 0 consumo, 0que e assustador em termos de susten-

tabilidade. Quanto a mudanc;aclimatica,estamos vivenciado, ha dois anos, deforma intensa, calor muito forte no SuI,chuvas e inundac;oes em outras regioese secas na Amazonia. Nosso primeiroprincipio e a visao de urn futuro positi- .yo: temos chances de realizar algumascoisas que podem gerar e estao gerandomudanc;as. 0 segundo principio e asensibilizayao, tocar e agregar as pes-soas ao nosso redor. Outro principio ea inclusao: todos sao necessanos, docatador de lixo ao empresano da cor-porac;ao mais poluente. E preciso unira sociedade civilpara fazer urn trabalhorealmente abrangente.

COMO E 0 TREINAMENTO? 0 movimentoda Transic;ao nao requer que as pessoasfac;am treinamento para participar. Euma organizac;aolivre. Quem quiser terinformac;oespode busca-las na internet,nas redes disponiveis, nos livros e pro-curar urn grupo de transic;ao.A ideia elevar ferramentas para interessados emvirar catalisadores nos bairros ou cida-des. Rob Hopkins sugere: "Reuna seugrupo e busque organizac;oesque ja fize-ram outras atividades;quando sentir queja existe certa maturidade e vontade decriar urn movimento local, parta para 0treinamento." Ofere cernos ferramentaspara formar catalisadores, para abordaros temas basicos de sustentabilidadee criar dinfunicas de grupo. Nao ternburocracia. Logo que voce experiencia,passa para outro passar adiante. De2010 ate agora treinamos 400 pessoas.Nossos enderec;ospodem ser acessadosem: www.transitionbrasil.ning.com; www.transition network. org; www.transitionus.org; www.gaiabrasil.net; www.gaiaeduca-