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EVALDO ROMEIRO DA SILVA
ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO ASSOCIADO AO RETALHO INTRA-
SULCULAR OU RETALHO DE BRUNO MODIFICADO NO TRATAMENTO DE
RECESSÕES GENGIVAIS MÚLTIPLAS
CAMPINAS 2009
EVALDO ROMEIRO DA SILVA
ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO ASSOCIADO AO RETALHO INTRA-
SULCULAR OU RETALHO DE BRUNO MODIFICADO NO TRATAMENTO DE
RECESSÕES GENGIVAIS MÚLTIPLAS
Dissertação apresentada ao Centro de Pós-Graduação / CPO São Leopoldo Mandic, para obtenção do grau de Mestre em Odontologia.
Área de Concentração: Periodontia
Orientador: Prof. Dr. Julio Cesar Joly
CAMPINAS 2009
Ficha Catalográfica elaborada pela Biblioteca "São Leopoldo Mandic"
Si586e
Silva, Evaldo Romeiro da. Enxerto de tecido conjuntivo associado ao retalho intra-sulcular ou retalho de Bruno modificado no tratamento de recessões gengivais múltiplas / Evaldo Romeiro da Silva. – Campinas: [s.n.], 2009. 43f.: il.
Orientador: Julio Cesar Joly. Dissertação (Mestrado em Periodontia) – C.P.O. São Leopoldo
Mandic – Centro de Pós-Graduação. 1. Transplante de tecidos. 2. Retração gengival. 3. Periodontia. I. Joly, Julio Cesar. II. C.P.O. São Leopoldo Mandic – Centro de Pós-Graduação. III. Título.
C.P.O. - CENTRO DE PESQUISAS ODONTOLÓGICAS SÃO LEOPOLDO MANDIC
Folha de Aprovação PARA: Evaldo Romeiro da Silva
Curso: Mestrado em Odontologia - área de concentração Periodontia
Título da Dissertação: “ENXERTO DE TECIDO CONJUNTIVO ASSOCIADO AO
RETALHO INTRA-SULCULAR OU RETALHO DE BRUNO MODIFICADO NO
TRATAMENTO DE RECESSÕES GENGIVAIS MÚLTIPLAS”
Data defesa: 29 de julho de 2009
Informamos que aquela dissertação acima apontada foi apresentada por seu titular
ao Centro de Pós-Graduação, perante a Comissão Examinadora abaixo nominada, e
cumpriu todas as exigências feitas por aquela Comissão tendo sido aprovada
recebido a competente liberação sob a supervisão da docência da orientação.
Campinas, 29 de julho de 2009
Prof.(a) Dr.(a)Julio Cesar Joly
Prof.(a) Dr.(a)Robert Carvalho da Silva Membro
Prof.(a) Dr.(a) Fernando Rodrigues Pinto Membro
DEDICATÓRIA
Ao meu saudoso pai Ercílio, pelo amor e exemplo de honestidade, minha
eterna gratidão.
A minha mãe Tereza pela dedicação à família e pela fibra e trabalho, todo
meu carinho.
À minha esposa Ligia, pela tolerância e compreensão, sempre
companheira e dedicada.
Aos meus filhos: Fernando, Mariana e Natália, que me motivam e dão
razão à minha vida.
AGRADECIMENTOS
Prof. Dr. Julio Cesar Joly agradeço por ter sido Mestre, Orientador e
Amigo. Pessoa humilde e de grande conhecimento, capaz de agregar e formar
equipe. Está sempre motivado a ensinar e sempre motivando seus alunos a
aprender. A você Joly o meu muito obrigado.
Prof. Dr. Robert Carvalho da Silva sempre presente, nos auxiliando em
clínica e dirimindo nossas dúvidas a qualquer momento. Agradeço também pela
ajuda que me deu nesse trabalho, com certeza me ajudou muito.
Profa. Dra. Patrícia Ramos Cury sempre dedicada ao ensino e a pesquisa
trazendo os conhecimentos mais recentes, por quem eu tenho grande admiração.
Aos meus amigos, Marcio e Alexandre, pessoas jovens que aprendi mais
do que ensinei, meu muito obrigado pela vossa amizade.
Agradeço a SLMandic pela oportunidade de poder fazer um curso de
Mestrado.
RESUMO
A recessão gengival é caracterizada pelo deslocamento apical da margem gengival em relação à junção cemento-esmalte, provocando exposição da superfície radicular. A principal indicação para o recobrimento radicular é o comprometimento estético, entretanto outros fatores funcionais devem ser considerados. A escolha da técnica cirúrgica depende dentre outros fatores, do número de recessões adjacentes envolvidas. O objetivo deste trabalho foi avaliar e comparar o desempenho clínico de duas técnicas de recobrimento radicular de recessões múltiplas, utilizando incisões intra-sulculares ou na base das papilas, ambas associadas ao enxerto de tecido conjuntivo. Foram tratados 10 pacientes saudáveis com recessões gengivais Classes I e II bilaterais e comparáveis. Os parâmetros clínicos profundidade de sondagem (PS), nível clínico de inserção (NCI), recessão gengival (RG), e faixa de tecido queratinizado (FTQ) foram avaliados no exame inicial e 6 meses após. Os resultados mostraram percentual médio de recobrimento radicular de 60,4 ± 26,4% nos sítios tratados com a incisão intra-sulcular, e 63,55 ± 22,6% com a incisão na base das papilas. Ocorreu recobrimento completo em 5 dos 27 defeitos, e 4 dos 28 defeitos respectivamente utilizando as duas incisões. Estes resultados não foram estatisticamente diferentes entre os grupos (p > 0,05). Conclui-se que ambas as técnicas são efetivas no tratamento de recessões gengivais múltiplas, mas não existe superioridade de uma técnica sobre a outra.
Palavras-chave: Transplante de tecidos. Retração gengival. Periodontia.
ABSTRACT
Gingival recession is characterized by the apical displacement of the gingival margin away from the CEJ exposing the root surfaces. The main indications for root coverage arerelated with aesthetic reasons, however other functional factors should also be considered. The surgical approach to be used is chosen evaluating factors like the number of adjacent defects. The purpose of this study was evaluate and compare the clinical effectiveness of two techniques to promote root coverage of multiple defects, using intra-sulcular incisions or at the base of the papillaes, both of them associated with the connective tissue graft. Ten healthy patients were enrolled that should have bilateral and comparable Class I and II defects. The following clinical parameters were observed at baseline and 6 months after: probing depth (PD), clinical attachment level (CAL), gingival recession (GML), and keratinized width (KW). The results showed mean root coverage of 60,4 ± 26,4% (of which 5 out the 27 defects obtained complete coverage) for the intra-sulcular group, and 63,55 ± 22,6% (of which 4 out of 28 obtained complete coverage) at other group. These outcomes were not statistically different between groups (p > 0,05), but were statistically significant at the intra-group comparison (p < 0,05). We concluded that both approaches were effective to promote root coverage of multiple defects, and there is no superiority of one technique over the other.
Keywords: Tissue transplantation. Gingival recession. Periodontics.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Tabela 1 - Distribuição dos grupos........................................................................... 23
Figura 1 - Aspecto clínico inicial, Grupo 1. ............................................................... 27
Figura 2 - Detalhe da incisão intra-sulcular .............................................................. 27
Figura 3 - Enxerto de tecido conjuntivo em posição................................................. 27
Figura 4 - Sutura do retalho em sua posição original. .............................................. 27
Figura 5 - Aspecto clínico final 6 meses após. ......................................................... 28
Figura 6 - Aspecto clínico inicial do Grupo 2. ........................................................... 28
Figura 7 - Detalhe da incisão de Bruno. ................................................................... 28
Figura 8 - Enxerto de conjuntivo em posição. .......................................................... 28
Figura 9 - Retalho suturado coronalmente. .............................................................. 28
Figura 10 - Aspecto clínico final 6 meses................................................................. 29
Tabela 2 - Resumo de todos os resultados clínicos (médias ± desvio padrão)
para o grupo 1 e 2, e valores de p (Teste t pareado). ............................. 31
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO .......................................................................................................11
2 REVISÃO DA LITERATURA .................................................................................14
2.1 Etiologia e classificação...................................................................................14
2.2 Retalho colocado coronal.................................................................................15
2.3 Enxerto de tecido conjuntivo subepitelial.......................................................17
3 PROPOSIÇÃO .......................................................................................................22
4 MATERIAL E MÉTODOS ......................................................................................23
4.1 Seleção da amostra...........................................................................................23
4.1.1 Terapia inicial .................................................................................................24
4.1.2 Parâmetros clínicos avaliados ......................................................................24
4.1.3 Procedimento cirúrgico .................................................................................25
4.1.4 Protocolo pós-operatório ..............................................................................26
4.1.5 Apuração e análise dos dados /análise estatística .....................................29
5 RESULTADOS.......................................................................................................30
6 DISCUSSÃO ..........................................................................................................32
7 CONCLUSÃO ........................................................................................................37
REFERÊNCIAS.........................................................................................................38
ANEXO A - TABELAS..............................................................................................42
ANEXO B - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA ......................................................44
11
1 INTRODUÇÃO
Condições ou deformidades mucogengivais são variações anatômicas da
normalidade que ocorrem entre a margem gengival e a junção mucogengival
(American..., 2000), podendo também estar associadas com alterações no osso
alveolar subjacente (Pini Prato, 1999). A cirurgia plástica periodontal é definida como
procedimentos cirúrgicos realizados para prevenir ou corrigir defeitos anatômicos, de
desenvolvimento, traumáticos ou induzidos pelo biofilme na gengiva, mucosa e osso
alveolar (Pini Prato, 1999).
Uma das indicações mais comuns para a cirurgia plástica periodontal é o
tratamento da recessão gengival, definida com a migração apical da margem
gengival em relação à junção amelocementária (American..., 2001). Além do
comprometimento estético, as recessões podem predispor o indivíduo a problemas
funcionais como a hipersensibilidade dentinária e cárie radicular (Wennström, 1996).
A inflamação gengival em resposta ao acúmulo do biofilme dental ou ao trauma
mecânico de escovação tem sido indicada como o fator etiológico principal dessas
lesões (Baker, Seymour, 1976), entretanto, outros fatores atuam como
predisponentes (Novaes, Novaes Junior, 1999).
As recessões gengivais parecem ser bastante prevalentes em todas as
populações. Loe et al. (1992) durante 20 anos avaliaram a prevalência, severidade
da doença periodontal e a extensão da recessão gengival. A amostra foi formada por
dois grupos em locais diferentes. Um grupo na Noruega com 565 estudantes, com
idade variando entre 17 e 30 anos. Este grupo recebeu instrução de higiene oral e
controle de placa. O outro grupo foi formado por 480 trabalhadores plantadores de
chá com idade variando entre 15 e 30 anos, no Siri Lanka, os quais não receberam
12
instrução de higiene oral, controle de placa ou acompanhamento profissional. Os
resultados no grupo da Noruega mostraram que entre os indivíduos com 20 e 21
anos, 63% dos pacientes apresentavam recessões; entre 30 a 31 anos, 75%; e entre
46 e 50 anos, 90%. No grupo do Siri Lanka os pacientes com idade entre 18 e 19
anos apresentavam 29% de recessão; entre 30 e 31 anos, 90%; e entre 40 a 41
anos, 100% dos pacientes. Em ambos os grupos, de todos os sítios e dentes
examinados a superfície vestibular de pré-molares e molares superiores foram às
regiões mais prevalentes e que exibiam maiores recessões. Os resultados
mostraram que independente da higiene oral, presença ou não de cálculo, da
prevalência e severidade da doença periodontal, a recessão pode estar presente.
Em estudo feito no Brasil, 1460 indivíduos foram avaliados para verificar a
incidência das recessões gengivais e apontar fatores de risco associados (Susin et
al., 2004). Neste estudo foi verificado que mais da metade da população
apresentava pelo menos uma lesão maior que 3 mm, e que aproximadamente 20%
apresentava lesões maiores que 5 mm. As lesões parecem aumentar com a idade, e
os homens parecem apresentar mais lesões que as mulheres. Maior ocorrência das
lesões foi encontrada na faixa sócio-cultural mais baixa, e o cigarro e presença de
cálculo foram apontados com fatores de risco importantes nas lesões isoladas e
múltiplas.
Várias técnicas de recobrimento radicular são citadas para o tratamento
das recessões gengivais (Wennström, 1996). Os retalhos, entre eles o retalho
colocado coronal, associados ou não ao enxerto de tecido conjuntivo (RCC + ESTC;
RCC, respectivamente) parecem ser os procedimentos mais amplamente usados no
tratamento das recessões gengivais (Wennström, 1996).
13
O enxerto sub-epitelial de tecido conjuntivo (Langer, Langer, 1985),
originalmente descrito como forma de tratamento de deformidades de rebordo,
representa uma evolução dos enxertos livres para o recobrimento radicular. A
confecção do leito receptor a partir de retalho de espessura parcial cria um ambiente
bilaminar com suprimento sangüíneo ideal para a colocação do tecido conjuntivo.
Esta técnica oferece vantagens sobre as outras, já que a coloração do enxerto
mimetiza as áreas adjacentes. Este procedimento está indicado para o tratamento
de recessões Classe I e de II de Miller.
Miller Junior (1987) propôs que o recobrimento radicular completo inclui:
a) margem gengival na altura da junção cemento - esmalte; b) inserção clínica do
tecido gengival à superfície radicular; c) profundidade de sondagem que não exceda
2,0 mm e d) ausência de sangramento à sondagem.
A associação do retalho recolocado coronal associado ao enxerto sub-
epitelial de conjuntivo favorece um resultado com funcionalidade e estética (Miller
Junior, 1988). Ao longo dos anos, diversas variações dessa técnica foram testadas,
cada qual apresentando pequenas modificações com relação ao desenho das
incisões para melhorar os resultados clínicos.
14
2 REVISÃO DA LITERATURA
2.1 Etiologia e classificação
Sugere-se que existam dois tipos de recessão gengival, um relacionado
com a evolução da doença periodontal (baixo índice de higienização), e outro com
trauma de escovação (alto índice de higienização). A inflamação gengival, em
resposta ao acúmulo do biofilme dental no sulco gengival ou do trauma mecânico de
escovação, parece ser o fator etiológico primário mais importante do deslocamento
apical da margem gengival com exposição da superfície radicular (Baker, Seymour,
1976). Segundo estes pesquisadores, em avaliação histológica em ratos, mostraram
que a patogênese das recessões gengivais está relacionada com a projeção e união
das cristas epiteliais, tanto do epitélio oral como dos epitélios do juncional, do sulco
gengival ou da bolsa periodontal. A projeção das cristas ocorre em função do
estímulo inflamatório, e a união das mesmas leva a formação de emaranhados
epiteliais que descamam formando fendas gengivais que progridem até o
aparecimento clínico das recessões. Portanto, a espessura do tecido conjuntivo
pode interferir na formação das recessões gengivais. Outros autores corroboram
essas evidências (Vekalahti, 1989; Löe et al., 1992). Outros fatores como mau
posicionamento dental (Källestal, Uhlin, 1992), a presença de deiscências ósseas
(Löst, 1984), inserções musculares próximas à margem gengival (Trott, Love, 1966)
e iatrogenias (Lindhe, Nyman, 1980) decorrentes de tratamentos restauradores ou
periodontais parecem ter papel secundário na etiologia das recessões gengivais.
Segundo Miller Junior (1985), as recessões podem ser classificadas de
acordo com a posição da margem gengival em relação à linha mucogengival, altura
da crista óssea interproximal e a previsibilidade de recobrimento radicular. A lesão
15
Classe I de Miller considera a integridade do osso proximal, e a recessão não
ultrapassa a linha muco-gengival. A lesão Classe de II também apresenta
integridade óssea proximal, no entanto já ultrapassou a linha muco-gengival. A lesão
Classe III apresenta perda discreta de osso proximal, e a porção mais apical da
margem gengival ainda é coronal ao osso proximal. E, a lesão Classe IV apresenta
grande destruição óssea proximal, de tal forma que a porção mais apical da margem
é apical em relação à crista óssea. Segundo o autor a altura da crista óssea proximal
define a previsibilidade do recobrimento radicular, pois a integridade osso proximal
fornece suporte e suprimento sanguíneo que garantem a estabilidade e manutenção
da posição da margem gengival na altura da junção cemento esmalte. Assim,
apenas as recessões Classe I e II de Miller podem ser completamente recobertas,
ao passo que a expectativa de recobrimento das lesões Classe III é parcial. O
recobrimento das lesões Classe IV não é previsível.
2.2 Retalho colocado coronal
O retalho colocado coronal se tornou uma das mais populares técnicas
para promover o recobrimento das superfícies radiculares expostas, em função da
facilidade dessa abordagem. Algumas condições parecem favorecer os resultados
clínicos dessa técnica, entre elas: a) recessões rasas < 4 mm; b) classificação I de
Miller; c) faixa de gengiva queratinizada > 3 mm; d) espessura gengival maior que
0,8 mm (Allen, Miller, 1989; Harris et al., 1994; Baldi et al., 1999).
Alguns estudos isolados apontaram alguns fatores que poderiam
influenciar os resultados. Pini Prato et al. (1999) avaliaram a necessidade da
redução intencional da convexidade da superfície radicular por meio de raspagem e
alisamento radicular. O polimento coronário, substituindo a raspagem e alisamento
16
radicular produziu resultados semelhantes, apontando que essa redução não é
necessária. Baldi et al. (1999) sinalizaram que espessura do retalho interfere com a
previsibilidade do procedimento. Eles concluíram que existe relação direta entre a
espessura do retalho e o recobrimento radicular. Pini Prato (2000) sugeriram que
quanto maior a tensão do retalho, menor a expectativa do recobrimento radicular.
Saletta et al. (2001) correlacionaram o resultado do recobrimento radicular e as
dimensões das papilas inter-dentais adjacentes às recessões. Os autores
observaram que a freqüência de recobrimento radicular completo era maior em sítios
com papilas mais baixas, embora não tenha sido observada relação direta com as
dimensões das papilas e o resultado do tratamento. Em trabalho recente, Berlucchi
et al. (2005) revisaram alguns desses fatores em defeitos menores e maiores que 4
mm, e concluíram que as lesões rasas e com margem espessa (maiores que 1 mm)
tendem a apresentar melhores resultados. Outro aspecto que pode influenciar no
resultado de recobrimento é a posição da margem gengival no momento da sutura.
Pini Prato et al. (2005) sugeriram que quanto mais coronal a margem gengival é
suturada, maior a expectativa de recobrimento radicular completo.
Na média, o recobrimento radicular usando o retalho colocado coronal é
de 78% (variando de 50 a 98%) (American..., 2005). Algumas pequenas
modificações na técnica não influenciaram positivamente os resultados. Geralmente
o retalho colocado coronal considera o uso de duas incisões verticais relaxantes,
que podem produzir cicatrizes fibrosas esteticamente desagradáveis. No entanto,
Zucchelli & De Sanctis (2000) publicaram uma importante modificação no desenho
das incisões que resultaram em aumento expressivo das médias de recobrimento
radicular em defeitos múltiplos adjacentes. Nesta técnica, chamada de retalho
colocado coronal modificado, as incisões verticais relaxantes foram suprimidas,
17
associadas à possibilidade de cicatrizes fibrosas e diminuição do suprimento
sanguíneo da margem gengival. Incisões sub-marginais oblíquas partindo da JCE do
dente central das retrações múltiplas até a porção mais apical da margem gengival
dos dentes adjacentes são feitas. Nos dentes adjacentes, o mesmo desenho é
continuado considerando um dente além de cada lado para permitir liberação
horizontal do retalho. As incisões intra-sulculares completam o desenho do retalho.
Nos casos em que defeitos pares são tratados, a lesão mais grave das centrais é
considerada a lesão da base. Uma elevação do tipo dividido-total-dividido é
conduzida, considerando a deseptelização das pontas das papilas (papila
anatômica), seguido da elevação de retalho de espessura total a partir da margem
gengival, e, na porção mais apical do retalho, a liberação do periósteo para liberar a
tensão muscular do lábio. A papila cirúrgica criada é posicionada sobre a papila
anatômica, e suturada por meio de técnica suspensória. Neste estudo, 73 defeitos
(recessão media de 2,8 mm) em 22 pacientes foram tratados, dos quais 88% dos
sítios (64 defeitos) foram completamente recobertos (media de recobrimento de
97%). Os autores ainda sinalizaram que a quantidade de gengiva queratinizada não
é fator limitante da técnica. A estabilidade da posição da margem gengival ao longo
do tempo foi avaliada em 15 dos 22 pacientes tratados. Cinco anos após das
cirurgias, 85% das recessões ainda apresentavam recobrimento completo (Zucchelli,
De Sanctis, 2005).
2.3 Enxerto de tecido conjuntivo subepitelial
As técnicas bilaminares criam um ambiente ideal para a nutrição do
enxerto, com fonte vascular na face interna do retalho e plexo supra-periosteal
(Bouchard et al., 2001). Esta característica do procedimento aumenta a
18
previsibilidade no que se refere ao recobrimento radicular em relação à todas outras
técnicas (Wennström, 1996). Em média, essa abordagem provê 84% de
recobrimento das superfícies radiculares (variando de 57 á 98%), e segundo trabalho
de revisão de literatura mais de 90% de recobrimento é alcançado em 68% dos
casos (American..., 2005). Desde que Langer & Langer (1985) descreveram a
técnica de recobrimento radicular utilizando os enxertos de tecido conjuntivo,
diversas variações de técnicas foram propostas e testadas, sempre apresentando
alta previsibilidade (Raetzke, 1985; Nelson, 1987; Harris, 1992; Sbordone et al.,
1988; Bouchard et al., 1994; Wennström, Zucchelli, 1996; Paolantonio et al., 1997;
Trombelli et al., 1998; Tatakis, Trombelli, 2000; Joly et al., 2007; Carvalho et al.,
2006; Lima et al., 2006; Silva et al., 2004). Por isso, o retalho colocado coronal
associado ao enxerto sub-epitelial de tecido conjuntivo é considerada a técnica gold-
standart para promover o recobrimento radicular (Wennström, 1996; Bouchard et al.,
2001; American..., 2005).
O resultado dessa técnica apresenta vantagens sobre as outras técnicas,
porque alia o aumento da espessura da margem gengival à estética da região
receptora que não assume coloração mais clara da região palatina (American...,
2005). Além disso, a morbidade pós operatória é reduzida, em relação ao enxerto
gengival livre, porque o leito doador cicatriza por primeira intenção com menor
chance de ocorrência de hemorragia (Wennström, 1996; Bouchard et al., 2001).
As técnicas inicialmente propostas consideravam o uso de incisões
verticais relaxantes para o desenho do retalho (Langer, Langer, 1985; Nelson, 1987;
Harris, 1992). Essa condição era frequentemente associada à presença de cicatrizes
fibrosas, produzindo efeito estético muitas vezes mais desagradável que a própria
lesão de recessão, além da ruptura de vasos sanguíneos os quais se direcionam
19
para a margem gengival (Mörmann et al., 1979; Zuccelli, De Sanctis, 2000). Por isso,
outros autores suprimiram as incisões verticais relaxantes apontando para melhoria
da estética final do procedimento (Raetzke, 1985; Bruno, 1994).
Embora, os benefícios dessa técnica sejam amplamente publicados,
Zucchelli & De Sanctis (2000, 2005) argumentaram que a adição do enxerto de
tecido conjuntivo ao retalho colocado coronalmente não oferece vantagem adicional
ao retalho colocado coronal isoladamente. Esse conceito foi desafiado recentemente
por Silva et al. (2004) que avaliaram clinicamente o retalho colocado coronal
associado ou não ao enxerto sub-epitelial de tecido conjuntivo em defeitos Classe I
de Miller, bilaterais e comparáveis, na maxila de 11 pacientes saudáveis e não
fumantes. Os autores não observaram diferenças significativas entre os grupos em
termos de recobrimento da superfície radicular (aproximadamente 70% para o
retalho colocado coronal, e 75% para tratamento combinado). Entretanto, no grupo
em que o enxerto foi utilizado, as dimensões gengivais foram estatisticamente
aumentadas; i.e., espessura da margem gengival, e quantidade de gengiva
queratinizada. Os autores concluíram que ambas as técnicas são efetivas no
recobrimento radicular, no entanto, se o aumento nas dimensões gengivais for um
objetivo clínico, a técnica combinada deverá ser usada.
A previsibilidade do retalho colocado coronal associado ao enxerto de
tecido conjuntivo foi amplamente documentado ao longo dos anos (Wennström,
1996; Bouchard et al., 2001; American..., 2005). Lima et al. (2006) atestaram esse
conceito em publicação na quais diferentes desenhos de retalho associados ao
enxerto foram usados em diferentes situações clínicas resultando em recobrimento
completo da superfície radicular acompanhado de aumento nas dimensões
gengivais. Carvalho et al. (2006), em trabalho inédito, associaram o conceito do
20
retalho colocado coronal modificado aos benefícios do enxerto sub-epitelial de tecido
conjuntivo no tratamento recessões múltiplas. Dez pacientes, com 29 defeitos
Classe I e II de Miller, foram tratados. Em 9 dos pacientes (90%) foi obtido
recobrimento integral das superfícies radiculares expostas, representando media
total de recobrimento de 96,7%.
Alem dos aspectos que já foram discutidos anteriormente que influenciam
os resultados do recobrimento radicular, a clara identificação da JCE também é
importante para avaliação dos resultados. Nos casos em que a JCE não é visível,
frequentemente associada à lesões cervicais, é comum erros de diagnóstico com
relação ao potencial do recobrimento radicular, o que pode causar “frustração” no
operador e “insatisfação no paciente. Da mesma forma, nas situações clínicas
Classe I e II de Miller em que a ponta da papila esteja danificada (principalmente em
pacientes com periodonto fino e festonado, normalmente com papilas longas e
estreitas), presença de extrusão ou rotação dentária, embora não exista perda óssea
proximal, o potencial de recobrimento radicular também é prejudicado. Nestas
condições, Zucchelli et al. (2006) sugeriram que uma linha imaginaria substitua a
JCE na predeterminação do potencial de recobrimento. Essa linha imaginaria
considera os ângulos diedros na base das papilas, mesial e distal em relação ao
dente com a recessão gengival, e são conectados passando por toda a extensão da
recessão. A forma da linha imita desenho da JCE, e é influenciado pelo tipo de
periodonto do paciente. Os autores sugerem que os dentes contra-laterais sejam
avaliados para auxiliar no desenho da linha. O significado clínico do uso desta
referencia imaginaria é auxiliar na determinação do potencial máximo de
recobrimento radicular possível em cada caso.
Embora a observação criteriosa de todos esses aspectos seja de grande
21
importância, o aspecto mais importante na avaliação dos defeitos, é a determinação
da altura da crista óssea alveolar que aponta a previsibilidade máxima de
recobrimento radicular.
22
3 PROPOSIÇÃO
O objetivo deste trabalho foi avaliar e comparar clinicamente duas
técnicas de recobrimento radicular associadas ao enxerto de tecido conjuntivo: o
retalho intra-sulcular e o retalho de Bruno modificado, no tratamento de recessões
gengivais múltiplas Classe I e II de Miller.
23
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 Seleção da amostra
Foram selecionados 10 pacientes, 2 homens e 8 mulheres, com idade
variando entre 17 e 46 anos (média de idade 39,4), sem contra-indicação para
cirurgia periodontal, que não utilizassem medicamentos ou que tivessem doenças
que pudessem interferir com os aspectos cicatriciais, sem doença periodontal e com
oclusão balanceada (Tabela 1). Os pacientes foram recrutados na clínica privada do
pesquisador. Este estudo obteve aprovação do Comitê de Ética da instituição. O
termo de consentimento livre e esclarecido foi assinado por todos os pacientes apos
explicação sobre os riscos e benefícios referentes à investigação clínica. Os
pacientes deveriam apresentar lesões de recessão gengival Classe I e II de Miller
múltiplas, bilaterais e comparáveis, na arcada superior. Foram excluídos da amostra
indivíduos com menos de vinte dentes na arcada, e pacientes fumantes.
Tabela 1 - Distribuição dos grupos.
Amostras Sexo Idade Intrasulcular Bruno
1 F 33 23, 24,25 14, 15, 16 2 F 41 13, 15, 16 23, 24, 25 3 F 46 13, 14, 15 23, 24, 25 4 F 24 23, 24, 26 13, 14, 16 5 F 41 13, 14, 15 23, 24, 25 6 M 46 23, 24, 25 13, 14, 15 7 F 37 13, 14 23, 24, 25 8 M 36 14, 15, 16 23, 24, 25 9 F 38 22, 23, 24 12, 14, 15
10 F 17 23, 24 13, 14
24
4.1.1 Terapia inicial
Os pacientes foram submetidos no mês precedente ao procedimento
cirúrgico experimental à instrução de higiene oral, instrumentação periodontal ultra-
sônica, avaliação e correção da condição oclusal e remoção dos fatores retentivos
de placa, tais como cáries e restaurações mal adaptadas. Além disso, foram
confeccionados modelos de estudos para a realização das guias de orientação de
sondagem, usadas para garantir a reprodutibilidade da posição e angulação da
sonda milimetrada entre as consultas, e não como referência das mensurações
clínicas.
4.1.2 Parâmetros clínicos avaliados
Após a terapia periodontal inicial os índices dicotômicos de placa e de
sangramento à sondagem foram avaliados (Ainamo, Bay, 1975). Os seguintes
parâmetros lineares foram mesurados no exame inicial e 6 meses após:
profundidade de sondagem (PS), distância entre a margem gengival e fundo do
sulco gengival; recessão gengival (RG), distância entre a JCE e margem gengival;
nível clínico de inserção (NCI), definido como a somatória de PS e RG; altura do
tecido queratinizado (TQ), distancia entre a junção muco-gengival (JMG) e a
margem gengival usando o método visual (Guglielmoni et al., 2001), e a espessura
gengival (EG). Os parâmetros PS, RG, NCI, e TQ foram avaliados no centro da face
vestibular dos dentes experimentais usando uma sonda milimetrada manual (PCP 15
Hu-friedy) considerando incrementos de 1,0 mm.
A espessura de gengiva queratinizada (EG) foi mensurada com o auxílio
agulha gengival associada à cursor endodôntico que foi introduzida no centro da
25
faixa de gengiva queratinizada do dente em estudo. O cursor endodôntico foi
movimentado até tocar a superfície gengival, e a leitura dessa medida foi verificada
com paquímetro considerando incrementos de 0,5 mm.
4.1.3 Procedimento cirúrgico
O ato cirúrgico foi realizado após anti-sepsia intra-bucal com bochecho de
digluconato de clorexidina 0,12%, durante um minuto, e extra-bucal realizada com
solução de digluconato de clorexidina 2,0%. Foi prescrito 4 mg de Betametasona
uma hora antes da cirurgia. A anestesia foi feita por infiltração local de lidocaína com
adrenalina 1:100.000. Os sítios foram aleatoriamente tratados com a técnica intra-
sulcular (Grupo 1), ou com a técnica de Bruno Modificada (Grupo 2). As figuras 1 a
5, e 6 a 10 ilustram os procedimentos cirúrgicos dos grupos 1 e 2, respectivamente.
O desenho do retalho no Grupo 1 foi iniciado por incisões intra-sulculares estendidas
um dente antes e depois dos dentes experimentais, incluindo as papilas inter-dentais
utilizando a lâmina 15C. Retalhos de espessura parcial foram elevados até
ultrapassar a linha muco-gengival para permitir a mobilização do retalho até a JCE,
sem tensão. O desenho dos retalhos dos sítios do Grupo 2 compreendem incisões
partindo da JCE dos dentes experimentais em direção da JCE dos dentes
adjacentes, mesial e distalmente, seguindo trajeto ondulado imitando a forma da
ponta da papila anatômica, complementadas por incisões intra-sulculares nos dentes
adjacentes. Após a elevação do retalho de espessura parcial as pontas das papilas
foram desepitelizas. As superfícies radiculares foram mecanicamente
descontaminadas usando curetas manuais, seguida de condicionamento radicular
com solução de tetraciclina na concentração de 50 mg/ml durante três minutos.
Intensa irrigação com solução fisiológica estéril foi realizada em seguida para
26
eliminação de qualquer resíduo do material biomodificador.
Após a elevação dos retalhos, foi obtido o enxerto de tecido conjuntivo do
palato, o qual foi obtido após anestesia infiltrativa na região entre canino e primeiro
molar a 2 mm da margem gengival, delimitando a área doadora, bilateralmente. Uma
incisão Classe II, em “L”, segundo a classificação de Liu et al. (2002), foi realizada.
Em seguida o epitélio da mucosa mastigatória foi dissecado e elevado, para
remoção do fragmento de tecido conjuntivo de dimensões apropriadas para
preencher o leito receptor.
O enxerto foi posicionado no leito receptor e estabilizado com sutura
proximal utilizando fio reabsorvível de Poliglactina 910 (Vycril 5.0). No grupo 1, o
retalho foi recolocado em sua posição original, e as papilas foram suturadas. Suturas
tipo suspensórias favoreceram o recobrimento do enxerto e reposição coronária da
margem gengival sobre a JCE. Nos sítios do grupo 2, em função das incisões na
base das papilas, o retalho foi reposicionado coronalmente na altura da JCE e
estabilizado por suturas proximais e complementadas por suturas suspensórias.
Todas as suturas foram feitas usando fio reabsorvível de Poliglactina 910 (Vycril
5.0), e foram removidas após o décimo quarto dia de pós-operatório. Os
procedimentos cirúrgicos dos grupos 1 e 2 foram realizados com um intervalo de 10
dias entre eles.
4.1.4 Protocolo pós-operatório
Foi prescrito à todos os pacientes 4 dozes diários de 750 mg de
paracetamol durante 48 horas, e 4 mg de Betametasona 24 horas após a cirurgia.
Os pacientes foram orientados para modificar os procedimentos de higiene oral com
27
escovação suave e a não utilização do fio dental sobre a região operada por duas
semanas. Para o controle de biofilme, os pacientes foram instruídos para fazer
bochecho duas vezes ao dia com solução digluconato de clorexidina a 0,12%
durante 15 dias. Os pacientes receberam acompanhamento profissional semanal
durante as 4 primeiras semanas, e mensal até o fim do experimento (6 meses). O
monitoramento do controle de placa foi realizado pelo próprio operador.
Figura 1 - Aspecto clínico inicial, Grupo 1 Figura 2 - Detalhe da incisão intra-sulcular
Figura 3 - Enxerto de tecido conjuntivo em posição.
Figura 4 - Sutura do retalho em sua posição original.
28
Figura 5 - Aspecto clínico final 6 meses após.
Figura 6 - Aspecto clínico inicial do Grupo 2. Figura 7 - Detalhe da incisão de Bruno.
Figura 8 - Enxerto de conjuntivo em posição. Figura 9 - Retalho suturado coronalmente.
29
Figura 10 - Aspecto clínico final 6 meses
4.1.5 Apuração e análise dos dados /análise estatística
A análise estatística foi expressa em valores médios ± desvio padrão. O
percentual de recobrimento radicular foi calculado como: (recessão pré-cirúrgica -
recessão após seis meses) / recessão pré-cirúrgica. As diferenças das variáveis
paramétricas entre os dois grupos, no momento pré-cirúrgico e seis meses após,
foram determinadas pela análise de variância de medidas repetidas (teste t de
Student).
30
5 RESULTADOS
A tabela 2 mostra os parâmetros clínicos obtidos no exame inicial e 6
meses após em ambos os grupos, assim como a comparação entre os grupos. No
exame inicial, não existiu diferença significativa em nenhum dos parâmetros clínicos
observados, indicando homogeneidade da amostra (p>0,05).
Em ambos os grupos, foram observados diferenças estatisticamente
significativa em todos os parâmetros entre o exame inicial e final (p<0,05). A
mudança na posição da margem gengival média de 3,57 ± 0,63 mm para 1,43 ±
0,99mm representa recobrimento médio de 60,4 ± 26,4% no grupo tratado com
incisões intra-sulculares associado ao ESTC (grupo 1), sendo 5 dos 27 defeitos
foram completamente recobertos (18,5%). No grupo 2, tratado com o retalho de
Bruno modificado associado ao ESTC, o recobrimento radicular médio foi de 63,55 ±
22,6% (mudança da margem gengival de 3,81 ± 0,78mm para 1,45 ± 1,04 mm ao
longo do tempo), e 4 dos 28 defeitos foram completamente recobertos (14,28%).
Na avaliação entre os grupos, nenhuma diferença foi observada em
nenhum dos parâmetros avaliados (p>0,05), sugerindo equivalência entre as
técnicas.
31
Tabela 2 - Resumo de todos os resultados clínicos (médias ± desvio padrão) para o grupo 1 e 2, e valores de p (Teste t pareado).
GRUPO 1 (técnica intra-sulcular)
GRUPO 2 (técnica de Bruno modificada)
Grupo 1 x Grupo 2
Inicial Final Valor de p Inicial Final Valor de
p Valor de p
NMG 3,57 ± 0,63
1,43 ± 0,99 0.0001 3,81 ±
0,78 1,45 ± 1,04 0.0001 0.10
PS 1,18 ± 0,39
1,89 ± 0,58 0.0001 1,15 ±
0,36 1,86 ±
0,52 0.0001 0.44
NCI 4,75 ± 0,71
3,32 ± 1,18 0.0001 4,96 ±
0,93 3,31 ± 1,14 0.0001 0.14
FTQ 1,71 ± 1,12
3,89 ±1,07 0.0001 1,72 ±
1,03 3,96 ± 0,94 0.0001 0.26
ETQ 0,90 ± 0,42
1,67 ± 0,55 0.0001 0,98 ±
0,35 1,84 ± 0,55 0.0001 0.14
32
6 DISCUSSÃO
O tratamento de recessões gengivais múltiplas representa um objetivo
importante na prática clínica do periodontista. As indicações para o recobrimento
radicular podem estar associadas ao envolvimento estético ou aspectos funcionais,
como a hiper-sensibilidade radicular cervical. O retalho colocado coronal associado
ou não ao enxerto sub-epitelial de tecido conjuntivo estão entre as técnicas mais
usadas, e apresentam resultados previsíveis e satisfatórios em avaliações de curto e
longo prazo. A estabilidade longitudinal dos resultados é dependente da espessura
gengival e principalmente da correção/eliminação dos fatores que favoreceram a
ocorrência das lesões de retração gengival. Assim, todos os pacientes participantes
neste estudo passaram pela fase cirúrgica experimental apenas após terem recebido
instruções de higiene oral para não sub ou hiper-estimarem o uso da escova e fio
dental.
A decisão sobre o uso ou não do enxerto de tecido conjuntivo recai
principalmente na avaliação criteriosa da característica clínica do tecido gengival, em
termos de sua espessura, presença/ausência de tecido queratinizado apical à
margem gengival para estabilizar o sulco gengival, presença/ausência de inserções
fibrosas próximas à margem gengival, presença/ausência de lesões cervicais
cariosas ou não cariosas, além das preferências pessoais do operador. Silva et al.
(2004) compararam o retalho colocado coronal associado ou não ao ESTC em
defeitos bilaterais e simétricos em 11 pacientes, e não encontram diferenças
estatisticamente significante em termos de percentual de recobrimento radicular,
sugerindo que o enxerto não impõe benefício adicional ao resultado clínico.
Entretanto, eles observaram que a espessura da margem gengival e a faixa de
33
tecido queratinizado foram estatisticamente aumentados no grupo que usou o
enxerto. Por outro lado, Zucchelli et al. (2005) mostraram que a altura da faixa de
tecido queratinizado tende a aumentar ao longo do tempo em sítios tratados com o
retalho coronal isoladamente. Segundo esses autores, o aumento da faixa de tecido
queratinizado é dependente da avaliação da posição da linha muco-gengival dos
dentes adjacentes (sem recessão gengival), e da quantidade de avanço coronal do
retalho, uma vez que a posição da linha muco-gengival é geneticamente
determinada. Considerando estes aspectos; i.e, aumentos na espessura da margem
gengival e tecido queratinizado, e o conceito de que etiologia da recessão gengival
que leva em conta a espessura gengival, todos os sítios experimentais deste estudo
receberam o enxerto de tecido conjuntivo.
O uso das técnicas bilaminares, que consideram o uso do enxerto de
tecido conjuntivo subepitelial, aumenta a previsibilidade das técnicas de
recobrimento radicular em função da dupla fonte de nutrição imposta ao enxerto
(Langer, Langer, 1985; Raetzke, 1986; Nelson, 1987; Harris, 1992; Bruno, 1994;
Tinti, Parma-Benfenati, 1996; Zabalegui et al., 1999; Greenwell et al., 2000;
Bouchard et al., 2001). Entretanto, alguns trabalhos que compararam o retalho
posicionado coronal associado ou não ao enxerto de tecido conjuntivo, mostraram
que não há diferença no percentual de recobrimento radicular (Wennström,
Zucchelli, 1996; Silva et al., 2004).
Este estudo aleatório, randomizado, de boca dividida comparou dois dos
tipos de desenho de retalho associados aos ESTC mais usados nas técnicas de
recobrimento radicular: as incisões intra-sulculares que incluem as papilas inter-
dentais, e o retalho de Bruno modificado, que não elevam as papilas, mas incluem
uma incisão ondulada, imitando o desenho da ponta das papilas, conectando a JCE
34
dos dentes adjacentes. Foram encontradas médias de recobrimento radicular de
60,4 % (incisões intra-sulculares), e 63,55% (incisão de Bruno modificado). Esses
resultados foram estatisticamente significantes considerando o NMG inicial e final
intra-grupo, porém não inter-grupos. Estes valores percentuais de recobrimento são
compatíveiscom os resultados encontrados em metanálises (Wennström, 1996;
Bouchard et al., 2001) que observaram recobrimento radicular médio de 82% (com
variação de 52% a 99%), associados à procedimentos de RCC + ESTC. Entretanto,
consideramos que as medias por nós encontradas foi aquém da nossa expectativa.
A variabilidade dos nossos resultados, atestado pela grande desvio padrão (0,99
mm, e 1,04 mm, respectivamente nos grupos 1 e 2) denota que a media geral foi
puxada para baixo em função do número de pacientes que apresentaram
recobrimento menor ou igual à 50% (Anexo A). Em outros trabalhos com médias
mais elevadas de recobrimento radicular, o desvio padrão foi significamente menor
(Silva et al., 2004; Carvalho et al., 2006). Por outro lado, não observamos cicatrizes
fibrosas uma vez que incisões verticais relaxantes não foram usadas neste estudo.
Fica evidente que a utilização ou não das incisões verticais relaxantes não prejudica
os resultados de recobrimento radicular, entretanto, a ruptura da vascularização ao
longo das incisões verticais, pode favorecer as cicatrizes fibrosas, que prejudicam a
estética.
Carvalho et al. (2006) trataram 10 pacientes em que 29 sítios receberam o
retalho colocado coronal modificado, sugerido por Zucchelli & De Sanctis (2000),
associado ao ESTC. O percentual médio de recobrimento radicular foi de 96,7%,
sendo que o recobrimento completo foi obtido em 93,1% dos defeitos. O
recobrimento completo de todas as recessões foi alcançado em 90% dos pacientes.
Embora estes resultados sejam superiores aos encontrados no presente trabalho, as
35
recessões tratadas por aqueles autores foram mais rasas (2,10 ± 0,82 mm, em
comparação às recessões deste estudo).
Foi observado em ambos os grupos deste estudo, aumento significativo
na faixa de tecido queratinizado 6 meses após os procedimentos cirúrgicos
(2,1+1,14 mm, e 2,24+1,05 mm, respectivamente nos grupos 1 e 2). Estes valores
foram semelhantes ao observados por Nemcovsky et al. (2004) em que a FTQ
mudou de 1,06 + 0,95 mm, no exame inicial, para 4,0 + 0,96, 6 meses após. Sabe-
se que a presença ou não de tecido queratinizado não é relacionado à manutenção
de estado de saúde gengival, no entanto a presença de uma faixa de gengiva
inserida apical ao sulco gengival confere imobilidade a este, e, portanto conforto
durante a fala e mastigação.
Outro aspecto positivo associado às técnicas bilaminares é o aumento da
espessura gengival. No presente estudo, o aumento da espessura gengival foi de
0,74 mm no grupo 1, e 0,86 mm no grupo 2. Estes resultados são ligeiramente
maiores que os reportados por Silva et al. (2004) que observaram aumento de 0,44
+ 0,37 mm, mas são comparáveis aos 0,77 + 0,56 mm no trabalho de Muller et al.
(1998). Tem-se discutido recentemente sobre o impacto clínico do aumento da
espessura gengival principalmente na possibilidade de recorrência das retrações
gengivais. Considerando que a etiopatogenia provável das recessões gengivais que
relaciona sua ocorrência à espessura gengival, parece-nos correto argumentar que o
aumento da espessura gengival é um objetivo clínico interessante porque no mínimo
pode reduzir as chances de desenvolvimento de recessões recidivas. Silva et al.
(2004), como no presente trabalho, observaram aumento das dimensões gengivais
(espessura gengival e faixa de tecido conjuntivo). Aqueles autores discutiram que o
ESTC não modifica a previsibilidade das técnicas de recobrimento radicular, no
36
entanto favorecem o aumento das dimensões gengivais, e isto representa um
objetivo clínico importante. Os autores do presente estudo corroboram esta
afirmativa.
Todos os sítios operados no presente estudo foram condicionados com
solução saturada de tetraciclina 50 mg/ml durante 3 minutos com o objetivo de
remoção do smear-layer produzido pelo ato da instrumentação periodontal e
exposição dos túbulos dentinários, além do efeito anti-microbiano e não anti-
microbiano da tetraciclina (ação anti-colagenolítica) (Demirel et al., 1991; Blomlöf,
1996; Hanemaaijer et al., 1998). Embora não existam evidências histológicas diretas
quanto ao benefício adicional da biomodificação no resultado de recobrimento
radicular, parece que a descontaminação e limpeza imposta pelo uso dos
biomodificadores favorece os processos de adesão e proliferação celular. Do ponto
de vista biológico essa etapa parece ser importante, no entanto estudos que
utilizaram a biomodificação não observaram aumento do ganho de inserção clínica
em comparação a estudos em que o tratamento químico foi aplicado (Bouchard et
al., 1997; Muller et al., 1998).
Ambas as técnicas foram igualmente efetivas no tratamento de
recobrimento radicular sem superioridade de uma técnica sobre outra. Entretanto, o
procedimento cirúrgico dos sítios do grupo 1 foi considerado mais fácil de ser
executado uma vez não utiliza incisões mais sofisticadas, como as incisões na base
das papilas (grupo 2) seguida da necessidade de despitelização da ponta das
papilas com o objetivo de criar leito receptor para o retalho colocado coronal.
37
7 CONCLUSÃO
Concluímos que:
a) ambas as técnicas de incisões associadas ao enxerto de tecido
conjuntivo foram efetivas no recobrimento radicular em defeitos Classe
I e II de Miller isoladas;
b) os resultados não sugerem superioridade de uma técnica sobre a
outra.
38
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42
ANEXO A - TABELAS
GRUPO 1: INCISÃO INTRASULCULAR
NMG INICIAL NMG FINAL PERCENTUAL DE RECOBRIMENTO
4 1 75 3 1.5 50 3 1.5 50 4 1 75 3 1 67 3 1 67 3 1 67 5 2 60 4 1 76 3 0 100 3 2 33 4 3 25 4 1 75 4 1 75 4 2 50 4 2 50 4 2 50 3 2 33 3 0 100 4 1 75 4 0 100 3 0 100 3 0 100 5 3 40 4 4 0 3 2 33 3 2 33 3 2 33
3.571428571 1.428571429 60.42857143 0.634126487 0.98802352 26.45251311
43
GRUPO 2: INCISÃO DE BRUNO MODIFICADO
NMG INICIAL NMG FINAL PERCENTUAL DE RECOBRIMENTO
4 1 75 3 1.5 50 3 1.5 50 4 1 75 3 1 66.66666667 3 1 66.66666667 3 1 66.66666667 5 2 60 4 1 75 3 0 100 3 2 33.33333333 4 3 25 4 1 75 4 1 75 4 2 50 4 2 50 4 2 50 3 2 33.33333333 3 0 100 4 1 75 4 0 100 3 0 100 3 0 100 5 3 40 4 4 0 3 2 33.33333333 3 2 33.33333333 3 2 33.33333333
3.571428571 1.428571429 60.41666667 0.634126487 0.98802352 26.35865715
44
ANEXO B - PARECER DO COMITÊ DE ÉTICA