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Epidemiologia como ferramenta de trabalho na Defesa Sanitária
Laboratório de Epidemiologia Veterinária (EPILAB)
Depto. Medicina Veterinária Preventiva
Faculdade de Veterinária, UFRGS
Luís Gustavo Corbellini
24/04/2012
O objetivo da apresentação é prover uma rápida noção sobre o contexto da epidemiologia na defesa sanitária.
24/04/2012
Não é novidade...
• Rotas de infecção; – Como um agente é eliminado e transmitido a um suscetível;
• Diferença de suscetibilidade entre as espécies;
• Tipos de hospedeiros primários de uma doença;
• Quais são os hospedeiros reservatórios;
• Morbidade e mortalidade;
• Prevalência de uma doença numa determinada população;
São termos comumente usados na epidemiologia!
24/04/2012
“Prevalência”
• Quão confiável são estes indicadores?
• Qual a representatividade das amostras?
• Qual a validade externa do estudo?
• Qual o erro destas estimativas?
• Os estimadores de prevalência apresentam vieses?
• O que é viés?
Conseqüência: decisão equivocada
• Programas de saúde animal
– Em muitas situações, decisões são tomadas conforme a situação epidemiológica da doença em uma população!
• É uma ciência que estuda as doenças na população e os fatores que determinam sua ocorrência.
Importante seu conhecimento para quem trabalha com populações!
Escopo da Epidemiologia (Thrusfield, 2007)
1. Planejamento, monitoria e avaliação de programas de controle de doença;
2. Avaliação dos efeitos econômicos de uma doença e análises custo-benefício de programas de controle;
3. Determinação da origem de uma doença de causa conhecida;
– Investigação de epidemias;
24/04/2012
Os tipos de epidemiologia
• Abordagem qualitativa
• Abordagem quantitativa
1. Descritiva
2. Analítica
3. Teórica
4. Experimental (ensaios clínicos)
24/04/2012
Vieses do ensino da epidemiologia veterinária no Brasil
24/04/2012
Abordagem qualitativa e conceitual
Abordagem quantitativa: investigações epidemiológicas de surtos, gerenciamento de dados, modelos de epidemia a análise de risco
• Mecanismos de transmissão e das relações entre agente, hospedeiro e meio ambiente e
• Aspectos básicos fundamentais para entender como uma doença se comporta numa população
24/04/2012
Caracterização das doenças
Agente etiológico
Vias de eliminação, formas de transmissão
Padrões de ocorrência
Tipos de hospedeiros
Ciclo epidemiológico de uma doença
Manutenção na população
Fundamental este conhecimento no planejamento de programas de controle/erradicação de doenças numa população animal
24/04/2012
http://new.paho.org/bra/index2.php?option=com_docman&task=doc_view&gid=950&Itemid=423
Vírus PRRS – estudos transmissão aérea
Através de amostras de ar, vírus foi detectado até 4,7 km da granja infectada (Dee et al, 2009).
4,7 km
Doenças quanto ao padrão de ocorrência
• Doenças de caráter epidêmico Ciclo curto
• Período de incubação curto.
• Febre aftosa: período de incubação médio de 14 dias (OIE)
Espalham-se rapidamente em uma população suscetível
• Doenças de espalhamento lento Ciclo longo:
• Período de incubação longo
• Tuberculose bovina: período de incubação de meses a anos.
Endêmicas: • Equilíbrio
– Grande parte da população imune
Estratégia de controle distintas!
Doenças de caráter epidêmico
Introdução de um animal infectado
Ausência de imunidade na população (suscetíveis)
EPIDEMIA
0
5
10
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25
30
35
40
45
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15
No
. d
e c
as
os
t (semanas)
Investigações quantitativas
• Inquéritos de prevalência;
• Monitoria e vigilância;
• Estudos analíticos – Determinação de fatores de risco;
• Modelagem computacional – Dinâmicas de doenças (epidemias);
– Auxilio aos sistemas de monitoria e vigilância;
• Análise de risco;
• Avaliações econômicas de programas de controle.
24/04/2012
Atores: dimensão do processo
• Médicos Veterinários Privados
• Médicos Veterinários do Serviço Oficial (MVSO)
– 3850 MVSO em nível estadual
– 1638 MVSO em nível federal
• Produtores de Suínos (IBGE, 2006)
– 1.500.000 propriedades
– 31.200.000 suínos
• Sociedade
Complexidade do PNSS
Inúmeros atores envolvidos Diferentes graus de conhecimento;
Diferentes graus de comprometimento;
População suídea heterogênea: Graus de tecnificação;
Tipo de produção;
Componentes silvestres (Ex.: Javali);
Exposição aos riscos;
Dimensão territorial do Brasil
• Imprescindível a aplicação do instrumental epidemiológico na gestão do Programa no que tange:
1. Caracterização da situação epidemiológica;
Inquérito soroepidemiológico;
2. Sistema de monitoria e vigilância;
Análise e interpretação dos dados.
3. Caracterização de áreas de risco.
Inquéritos epidemiológicos
• Produzir informações sobre dada característica de uma população a partir de uma amostra:
Estimação de parâmetros
a) Em epidemiologia veterinária: prevalência.
Princípio da inferência
Procedemos uma amostragem representativa da população alvo
a) Generalizar os resultados para a população alvo (validade externa);
b) Amostra contém erros, expressos em probabilidades.
Qualidade da amostra: permite extrapolar resultados para população
Qual o melhor modelo amostral para uma determinada população? Quantas amostras coletar?
Inquérito epidemiológico
• Prevalência (inquérito soroepidemiológico)
• Prevalência de bovinos protegidos:
– Avaliação dos índices de cobertura vacinal de FA.
• Verificar se a doença está ou não presente em um grupo de animais;
Princípio
Se a doença estiver presente na população a uma prevalência definida, a amostra tem de ser calculada para ter alta probabilidade de detectá-la (95%)
Amostragem
• Randomizada
Alto custo para doenças raras ou regiões com baixa prevalência
• Com o avanço de programas de controle numa região, a prevalência atinge valores muito próximo de 0, tornando o n muito alto (inviável)
• Exemplo: 10.000 granjas admitindo-se que 0,1% estejam infectadas com DA, seria necessário amostrar 2587 granjas para detectar a doença.
Amostra direcionada ao risco
• “Targeted surveillance”
1. Critérios claros e objetivos para classificação de população de risco;
2. Identificação da população de risco através de estudos epidemiológicos;
3. Amostragem nesta população;
Se a doença não for detectada nesta população, a probabilidade de estar presente na população não considerada de risco é ainda menor!
Controle e a Erradicação da Doenca de Aujeszky (DA) INSTRUCAO NORMATIVA No 8, DE 3 DE ABRIL DE 2007
• “Monitoramento soroepidemiológico, de periodicidade anual, abrangendo todos os estabelecimentos de criação de suídeos que representem risco”;
• Notificação de suspeita – ALARME - AÇÃO
Plano de contingência: ações coordenadas por uma Equipe para conter o foco (Vigilância);
Plano de contingência para Peste Suína Clássica INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 27, DE 20 DE ABRIL DE 2004
Sistema de vigilância e de informação:
“O serviço veterinário oficial manterá um sistema de vigilância e de informação, abrangendo todos os níveis, com análise sistemática dos dados coletados e produção de informes periódicos para atendimento a compromissos nacionais e internacionais.”
Fundamento contemporâneo da epidemiologia
• A análise epidemiológica se tornará a atividade central da Med. Vet. Preventiva (Schwabe, 1982).
“Uma parte essencial no controle de doenças é a capacidade de registrar a ocorrência de eventos sanitários com o objetivo de criar estratégias de controle e/ou erradicação”.
Monitoria (“Monitoring”)
Esforços orientados para monitorar a freqüência de uma doença numa dada população através de:
Amostragem de indivíduos repetida ao longo de um período determinado – coleta ativa
Sistema Nacional de Informações (notificações de doenças compulsórias ou de suspeitas) – coleta passiva
Vigilância (“Surveillance”)
Implica que alguma ação planejada deve ser tomada quando a análise dos dados indicar que a freqüência da doença está acima de um ponto de corte estabelecido;
Requer 3 componentes: Definição do sistema de monitoria (ou de sistema de notificações)
Definição do ponto de corte – nível crítico de ocorrência na qual uma ação deve ser tomada;
Planejamento de ações de intervenção – Equipe de Emergência
Responsabilidades da Equipe
1. Implementar a política de defesa sanitária animal determinada pelo Plano de Contingência;
2. Requerer, se necessário, a assistência e cooperação técnica de consultoria nacional ou internacional;
3. Designar um epidemiologista para assessorar o Coordenador de Campo:
• Coordenar o plano amostral na área de proteção e vigilância;
• Coordenar sistema de coleta de informações;
• Auxiliar na investigação epidemiológica do foco;
E o que fazer com os dados coletados???
• A coleta de informações num programa e a falta de análise epidemiológica fragilizam o sistema;
• Os dados coletados no sistema de monitoria e vigilância devem ser analisados e interpretados para:
– Avaliar os processos de notificação de doenças; • O que está sendo notificado ou não;
• Avaliar a sensibilidade do sistema;
– Determinar a situação epidemiológica de uma população;
– Direcionar as ações conforme a situação epidemiológica.
Conforme a OIE (código de animais terrestres)
• Os principais objetivos de um sistema de monitoria e vigilância são:
1. Documentar ausência de uma doença/infecção numa zona ou país;
2. Detectar a presença de doenças exóticas ou emergentes o mais rápido possível;
3. Determinar a freqüência e distribuição de uma doença/infecção.
Registro de dados realizados num Programa de Controle/Erradicação
Banco de dados
Informação
Estatística
Em resumo:
Sistema de Monitoria e Vigilância Coleta coordenada e periódica de
informações acerca da ocorrência de doenças e posterior análise epidemiológica para tomada de decisão.
Conclusão
• A epidemiologia veterinária se torna fundamental na defesa por se tratar de uma ciência que estuda doenças em populações:
– Auxilia processo amostrais;
– Investigação de surtos;
– Gerenciamento sanitário
• Processo organizacional e de análise de dados;
– Modelos preditivos de dinâmica de espalhamento de doenças.
24/04/2012