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EQUIPE:
COORDENADOR SUB-REDE ZONAS COSTEIRAS: Dr. Carlos Alberto Eiras Garcia (FURG)
COORDENADOR REBENTOS: Alexander Turra (USP)
COMITÊ ORGANIZADOR: Margareth da Silva Copertino (FURG), Alexander Turra (USP),
Márcia Regina Denadai (USP), José Henrique Muelbert (FURG), Zelinda M. de Andrade
Nery Leão (UFBA), Ruy Kenji Papa de Kikuchi (UFBA), Andréa Mara da Silva Gama
(FURG), Leandra Márcia Pedroso Dalmas (FURG).
COMITÊ CIENTÍFICO: Carlos Alberto Eiras Garcia (FURG), Margareth da Silva Copertino
(FURG), Alexander Turra (USP), Márcia Regina Denadai (USP), José Henrique Muelbert
(FURG)
APOIO LOGÍSTICO DURANTE EVENTO: Paulo Votto (FURG), Tiago Albuquerque (UFBA),
Laísa Peixoto (UFBA), Lucas Rocha (UFBA), Marcéu Lima (UFBA), Leonardo Lopes
(UFBA), Mariana Thévenin(UFBA), Adriano Leite (UFBA), Lilian Oliveira Cruz (UFBA),
Márcia Carolina de Oliveira Costa (UFBA), Hanna Barros (UFBA).
INSTITUIÇÕES EXECUTORAS: Universidade Federal do Rio Grande (FURG),
Universidade de São Paulo (USP), Universidade Federal da Bahia (UFBA)
DATA DO EVENTO: 6 - 9 de novembro de 2011.
LOCAL: Portobello Hotéis, Salvador (BA), Brasil.
HOMEPAGE: http://www.mudancasclimaticas.zonascosteiras.furg.br/workshop
E-MAIL: [email protected]
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INSTITUIÇÕES NACIONAIS REPRESENTADAS:
Diretoria de Hidrografia e Navegação - DHN / MCT
Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira – IEAPM
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais – INPE
Universidade de São Paulo – USP
Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI
Universidade Estadual de Campinas – UNICAMP
Universidade Federal da Bahia – UFBA
Universidade Federal de Rio Grande – FURG
Universidade Federal de Santa Catariana – UFSC
Universidade Federal do Ceará – UFCE
Universidade Federal do Espirito Santo – UFES
Universidade Federal do Paraná – UFPR
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ
Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN
Universidade Federal Fluminense – UFF
Universidade Federal Rural da Amazônia – UFRA
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro – UFRRJ
INSTITUIÇÕES INTERNACIONAIS REPRESENTADAS:
Oregon State University, USA
Universidade de Aveiro, Portugal
University of Maryland, USA
University of British Columbia, Canadá
University of Essex, UK
PALESTRANTES NACIONAIS:
Afonso Paiva, UFRJ
Alexander Turra, USP
Antônio H. F. Klein, UFSC
Athur A. Machado, FURG
Áurea M. Ciotti, USP
Carlos A. Garcia, FURG
Carlos A. Silva, UFF
Dieter C. Muehe, UFRJ
Douglas F. M. Gherardi, INPE
Eduardo T. Paes, UFRA
Glauber Gonçalves, FURG
Janice Trotte-Duhá, MCT
José M. L. Dominguez, UFBA
Patrizia R. Abdallah, FURG
Paulo Antunes Horta, UFSC
Paulo C. Lana, UFPR
Renato D. Ghisolfi, UFES
Ricardo Coutinho, IEAPM
Roberto Luiz do Carmo, UNICAMP
Ruy Kikuchi, UFBA
Salette A. Figueiredo, FURG
Zelinda Leão, UFBA
PALESTRANTES INTERNACIONAIS:
David J. Suggett, University Essex (UK)
João Serôdio, Universidade de
Aveiro (Portugal)
Peter Ruggiero, Oregon State
University (USA)
Thomas C. Malone, University
Maryland (USA)
Rashid Sumaila, University of
British Columbia (Canadá)
RELATORES:
Alexander Turra, USP
Artur Machado, FURG
Aurea Maria Ciotti, USP
Dieter C. E. H. Muehe, UFRJ
Eduardo Siegle, USP
Eduardo Tavares Paes, UFRA
Lauro Calliari, FURG
Márcia Denadai, USP
Paulo Horta, UFSC
Renato Ghosolfi, UFES
Ruy Kikuchi, UFBA
Sônia M. F. Gianesella, USP
Zelinda Leão, UFBA
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SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................................. 3
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 4
1.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ZONAS COSTEIRAS ................................................................. 4
1.2 SUB-REDE ZONAS COSTEIRAS - REDE CLIMA E INCT PARA MUDANÇAS CLIMÁTICAS ...... 7
1.3 REDE DE MONITORAMENTO DE HABITATS BENTÔNICOS COSTEIROS (REBENTOS) ...... 10
2. OBJETIVOS ..................................................................................................................... 12
2.1. OBJETIVO GERAL .............................................................................................................. 12
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................................................... 12
3. METODOLOGIA .............................................................................................................. 13
4. RESULTADOS ................................................................................................................. 14
4.1 DESCRIÇÃO GERAL ............................................................................................................ 14
4.2 CRONOGRAMA DA PROGRAMAÇÃO REALIZADA ............................................................ 16
4.3. TRABALHOS APRESENTADOS NA FORMA DE PAINÉIS ................................................... 19
4.4 SÍNTESE DOS TRABALHOS: APRESENTAÇÕES, DISCUSSÕES E RECOMENDAÇÕES ......... 21
5. AVALIAÇÃO DO EVENTO ................................................................................................. 59
6. REFERÊNCIAS ................................................................................................................. 65
ANEXO I: RESUMOS ........................................................................................................... 71
ANEXO II: LISTA DE PARTICIPANTES .................................................................................. 100
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RESUMO
O II Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras foi realizado no
Hotel Portobello Ondina Praia, Salvador (BA), entre os dias 6 e 9 de novembro de 2011.
O evento foi promovido pela Sub-Rede Zonas Costeiras, vinculada à Rede CLIMA e INCT
para Mudanças Climáticas (INCT–MC). Dentre os principais objetivos do II Workshop
destacamos a apresentação de trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores da Sub-
rede Zonas Costeiras, incluindo avaliações históricas e diagnósticas sobre a
vulnerabilidade do litoral brasileiro e seus ecossistemas às mudanças climáticas. Esta
segunda edição do evento objetivou ainda aprofundar recomendações lançadas
durante o I Workshop, particularmente com respeito à proposição de novas
abordagens e linhas de pesquisa e a formação de redes observacionais para a costa
brasileira. Destacamos neste aspecto a realização, dentro do evento, do II Workshop
da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos), cujos
objetivos estão estreitamente vinculados ao projeto da Sub-rede Zonas Costeiras. O
evento teve a representação de vinte e três (23) instituições nacionais e cinco (5)
internacionais, destacando-se a presença de pesquisadores de outras sub-redes da
Rede CLIMA & INCT para Mudanças Climáticas (Oceanos, Urbanização e Megacidades)
e dos recém formados INCT´s do Mar. Dentre os principais resultados alcançados pela
realização do II Workshop destacam-se: 1) o estabelecimento e/ou fortalecimento de
redes observacionais na padronização e adaptação de protocolos metodológicos
comparativos; 2) o estímulo a criação de novas linhas de pesquisa dentro do tema
mudanças climáticas tais como eventos extremos, acidificação dos oceanos e ciclo do
carbono; 3) propostas relacionadas com a formação de recursos humanos na área de
mudanças climáticas e 4) divulgação científica e a educação da sociedade sobre o
tema. As discussões e recomendações lançadas neste II Workshop foram a base para a
elaboração do projeto Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SiMCosta), um
mês após o evento, aprovado pelo Fundo Nacional para Mudanças Climáticas do
Ministério do Meio Ambiente (MMA / Fundo Clima).
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1. INTRODUÇÃO
1.1 MUDANÇAS CLIMÁTICAS E ZONAS COSTEIRAS
Zonas Costeiras estão entre as áreas mais vulneráveis aos impactos das mudanças
climáticas globais, pois serão atingidas diretamente pelo aumento do nível médio do
mar, pela exposição a eventos extremos de tempestade, pelas mudanças nos regimes
de descarga fluvial dos rios, pela elevação da temperatura superficial do mar, pela
acidificação dos oceanos, dentre outros eventos (Trenberth et al. 2007, Bindoff et al.
2007). Entretanto, os impactos potenciais das mudanças climáticas, tanto físicos como
biológicos, variarão consideravelmente entre as regiões costeiras, de acordo com suas
características naturais e com o grau de degradação ambiental presente em cada
região. Além disto, grandes cidades com alta densidade populacional estão
concentradas a menos de 100 km da linha de costa, próximas a rios e em regiões de
baixa altitude (vales férteis). Estima-se que a densidade populacional da zona costeira
deve mais do que dobrar até 2050. Impactos de mudanças climáticas e
desenvolvimento urbano deverão triplicar o número de pessoas expostas a inundações
costeiras em 2070. Serviços e bens valorizados pela sociedade, os quais representam
cerca de 33 trilhões de dólares globalmente, estão concentrados nos ecossistemas
costeiros. Desta maneira, compreender os impactos das mudanças climáticas globais
em cada região do país torna-se imprescindível ao planejamento estratégico futuro e à
tomada de decisões por parte do poder público e da sociedade brasileira.
Dentre os efeitos das mudanças climáticas sobre a costa, a elevação do nível do mar
tem recebido grande ênfase, devido aos impactos como inundação, erosão, intrusão
de água marinha, alteração da amplitude de maré, mudanças nos padrões de
sedimentação e redução da penetração da luz na lâmina d’água. Desta maneira, mapas
de vulnerabilidade à elevação do nível do mar (e.g. Nicolodi et al. 2010, Costa et al.
2010), devem ser prioridades das atividades de pesquisa sobre os impactos de
mudanças climáticas em zonas costeiras brasileiras. Entretanto, não se pode esperar
que modelos globais, ou desenvolvidos para outras regiões do planeta, possam ser
suficientemente precisos para determinação dos impactos desse fenômeno nas escalas
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locais e regionais da costa brasileira. Variações do nível do mar são conseqüência de
processos meteorológicos, geológicos, climáticos, astronômicos, hidrológicos,
glaciológicos e biológicos, bem como das interações que realizam entre si, o que
tornam cada região um caso especial e particular. Entretanto, muitas fragilidades ainda
dificultam a condução de estudos básicos sobre as previsões da elevação do nível do
mar: a inexistência de um referencial altimétrico ortométrico e a carência de dados
históricos que permitam estabelecer as taxas de elevação (Lemos et al. 2010).
Somente a partir da existência de uma base confiável de dados será possível mapear
tais vulnerabilidades e realizar uma previsão dos impactos sobre os meios físico,
biótico e sócio-econômico, gerar cenários futuros e avaliar as alternativas de mitigação
bem como estratégias adaptativas.
As repostas dos sistemas naturais costeiros à elevação do nível do mar são dinâmicas e
irão variar também de acordo com as condições geomorfológicas, climáticas e
antrópicas locais (Bijlsma et al. 1996). Fenômenos como erosão e inundação poderão
ser agravados ou desencadeados, com grandes prejuízos às cidades costeiras. Tais
processos são conseqüência não apenas de mudanças no nível do mar, mas também
de modificações na distribuição das chuvas, na descarga de material particulado de
rios, na freqüência direcional e intensidade das ondas e do aumento da freqüência e
intensificação de marés meteorológicas associadas a ciclones extratropicais (Muehe
2006). Dentre os ambientes costeiros altamente vulneráveis aos impactos das
modificações climáticas estão estuários, deltas e baías fechadas, afetados diretamente
pelas mudanças no nível do mar, pelas taxas pluviométricas e pelas alterações do
campo de ventos, com conseqüências nas amplitudes das marés e na descarga fluvial
(Möller et al. 2001). As mudanças na hidrodinâmica estuarina, e de sistemas costeiros
fechados, afetam a sócia economia regional, particularmente a produção pesqueira
(Möller et. al. 2009, Schroeder & Castello 2010).
Dentre os diversos ecossistemas costeiros brasileiros que sofrerão os efeitos das
mudanças na hidrodinâmica, destacam-se manguezais, marismas e pradarias de
plantas submersas, os quais têm sido utilizados como instrumento de avaliação da
elevação do nível dos oceanos (Walters et al. 2008). É possível até que a extensão da
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área ocupada por esses ambientes se desloque em direção ao continente, à medida
que a água salgada penetre cada vez mais nos rios e estuários com a elevação do nível
dos mar. Entretanto, as margens internas dos estuários e rios, na sua interface com ao
ambiente continental, estão normalmente ocupadas por infraestruturas ou
drasticamente modificadas, o que impediria este avanço. O aumento da temperatura
atmosférica poderia ainda “beneficiar” os manguezais, que geralmente têm sua
distribuição limitada pelas temperaturas mínimas e pela ocorrência de geadas.
Entretanto, isto dependerá de um balanço entre as taxas de erosão e acresção de
sedimentos, do grau de impactos e degradação sofridos por estes ecossistemas e da
amplitude da ocupação humana sobre as áreas adjacentes, acima da linha da maré
(Faraco et al. 2010).
O aumento da temperatura da água é um fato que atuará sobre quase todos os
processos biológicos (Moss et al. 2003), podendo influenciar taxas de crescimento,
ciclos reprodutivos, distribuições latitudinais e processos migratórios, podendo ainda
alterar a vulnerabilidade dos ecossistemas aquáticos à invasão por espécies exóticas
(Kling et al. 2003, Moss et al. 2003, Winder e Schindler 2004, Chu et al. 2005). Os
modelos climáticos atuais prevêem que o aquecimento das águas superficiais dos
oceanos reduzirá ainda a camada de mistura vertical, induzindo mudanças na
biomassa fitoplanctônica, na composição de suas espécies e suas taxas de produção
(Huisman et al. 2004). O esperado aumento da temperatura das águas superficiais na
região costeira do Atlântico Sudoeste, acoplado ao cenário de intensificação das
chuvas na bacia do Rio da Prata, podem interferir tanto nas entradas de nutrientes
como no grau de estratificação vertical e horizontal das águas da plataforma
continental. Esses processos físicos e biogeoquímicos podem modificar a estrutura das
comunidades e o destino final do carbono incorporado (Ciotti et al. 1995, Froneman
2006), afetando o papel do fitoplâncton como sorvedouro de CO2, de modo não
previsto nos modelos globais atuais. Mudanças ao nível dos produtores primários
afetariam, em curto, médio e longo prazo toda a cadeia trófica marinha, com
conseqüências drásticas para abundância de espécies de importância pesqueira.
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No Brasil, as pesquisas relacionadas com impactos, vulnerabilidades e adaptação às
mudanças climáticas são limitadas pelas deficiências do conhecimento sobre a
dinâmica natural dos ecossistemas costeiros e pela escassez de longas séries temporais
(Copertino et al. 2010). Tais limitações somente serão superadas a partir da formação
e ação de redes interinstitucionais, da realização de pesquisas integradas e
multidisciplinares, da elaboração e execução de protocolos metodológicos
padronizados para cada área pesquisa e do estabelecimento de sistemas
observacionais contínuos ao longo da costa, com infraestrutura e equipamentos
adequados aos monitoramentos. Somente com observações acuradas e consistentes
será possível mapear as vulnerabilidades da zona costeira brasileira e prever impactos
ecológicos e sócio-econômicos, capazes de propor alternativas de mitigação e
estratégias adaptativas (Lemos et al. 2010, Muehe 2010, Nicolodi e Petermann 2010).
A complexidade dos ecossistemas costeiros brasileiros e de seus processos, nesta zona
de influência do mar e interfaces com o ambiente terrestre, justifica a formação de
arranjos institucionais próprios, multidisciplinares e integrados, de modo a
compreender sua dinâmica e coordenar todos os interesses variados nos usos dos
recursos desta região. Torna-se fundamental ainda a criação e a manutenção de
sistemas observacionais permanentes, multidisciplinares e eficientes, que permitam
análises em diversas escalas de tempo e espaço apropriadas. Tais sistemas
observacionais costeiros devem transcender a programas de monitoramento pontuais,
devendo ser concebidos por embasamento científico, de forma a conectar
observações ambientais ao manejo dos ecossistemas e recursos naturais (Clarck et al.
2001, Christian 2005). Resultados deste tipo são cruciais para a quantificação e
modelagem dos processos físicos e ecológicos, tornando mais eficiente a capacidade
de previsão dos impactos das mudanças climáticas sobre os ecossistemas costeiros,
tanto a nível regional como global.
1.2 SUB-REDE ZONAS COSTEIRAS - REDE CLIMA E INCT PARA MUDANÇAS CLIMÁTICAS
A Rede Brasileira de Pesquisas sobre Mudanças Climáticas Globais (Rede CLIMA,
Portaria MCT no 728, de 20.11.2007) tem como objetivo principal gerar e disseminar
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conhecimentos para que o Brasil possa responder aos desafios representados pelas
causas e efeitos das mudanças climáticas globais (http://www.ccst.inpe.br/redeclima).
Um dos primeiros produtos colaborativos da Rede CLIMA é elaboração regular de
análise sobre o estado de conhecimento das mudanças climáticas no Brasil, nos
moldes dos relatórios do IPCC, porém com análises setoriais mais especificas para a
formulação de políticas públicas nacionais e internacionais (Rede CLIMA 2009).
O Instituto Nacional de Ciência Tecnologia (INCT) para Mudanças Climáticas (CNPq -
Processo 573797/2008; FAPESP -Processo 08/57719-9) abrange uma rede de pesquisas
interdisciplinares, embasada na cooperação de 65 grupos nacionais e 17 grupos
internacionais, constituindo-se na maior rede de pesquisas ambientais implantada no
Brasil (www.ccst.inpe.br/inct/). Este INCT está diretamente associado à Rede CLIMA e
sua estrutura cobre todos os aspectos científicos e tecnológicos de interesse àquela
rede. A Rede CLIMA e o INCT para Mudanças Climáticas, em parcerias com programas
estaduais e internacionais de pesquisas em mudanças climáticas, estão contribuindo
como pilar de pesquisa ao desenvolvimento do Plano Nacional de Mudanças
Climáticas, fornecendo informações científicas de qualidade para subsidiar as políticas
públicas de adaptação e mitigação (INCT for Climate Changes 2010). Um dos principais
objetivos desses programas é aumentar significativamente os conhecimentos sobre
impactos das mudanças climáticas e identificar as principais vulnerabilidades do Brasil
em diversos setores e sistemas, dentro os quais se destaca o setor zonas costeiras,
estudada por sub-rede de mesmo nome.
A sub-rede Zonas Costeiras caracteriza-se por uma rede de pesquisa interdisciplinar e
interinstitucional, formada por mais de 50 pesquisadores de diferentes regiões do país
e áreas do conhecimento (http://mudancasclimaticas.zonascosteiras.com.br/). O
programa possui como principal objetivo avaliar o estado do conhecimento, identificar
deficiências, estabelecer protocolos, coordenar/integrar projetos que investiguem a
vulnerabilidade e os efeitos das mudanças climáticas em zonas costeiras brasileiras,
propondo ações adaptativas e mitigadoras, em conjunto com setores organizados da
sociedade. As questões científicas pertinentes, os impactos sobre a costa e as
vulnerabilidades ecológica, social e econômica, estão sendo estudadas por
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especialistas reconhecidos em suas áreas de atuação, de modo a ter repercussão
nacional e internacional.
Os recursos disponibilizados para a sub-rede Zonas Costeiras (R$ 350.000,00 pelo INCT
e R$ 300.000,00 pela Rede CLIMA) foram focados na estruturação física da própria sub-
rede e sua secretaria, na distribuição de bolsas (modalidade DTI) e computadores para
diversos grupos de pesquisa e áreas temáticas, no apoio às visitas e integração entre
pesquisadores e também no auxílio à participação de bolsistas em eventos nacionais e
internacionais. Os membros desta sub-rede disponibilizaram, em contrapartida, seus
grupos de pesquisa, projetos e financiamentos, bancos de dados pretéritos, além de
outros bolsistas e estudantes.
Ao longo de dois anos de existência, os esforços integrados da sub-rede Zonas
Costeiras tem alcançado boa parte de seus objetivos e metas, produzindo resultados
concretos. Entre estes, destacam-se um grande levantamento sobre o estado da arte
do conhecimento sobre zonas costeiras no Brasil, incluindo revisões históricas, análise
de dados pretéritos, estudos sobre impactos e vulnerabilidades, além de construção de
modelos preditivos (INCT for Climate Changes 2010, Garcia & Nobre 2010).
A realização do I Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras
teve papel fundamental para o alcance destes objetivos, através da integração dos
pesquisadores e seus resultados, do fortalecimento da estrutura desta sub-rede em
nível nacional, e da deliberação de decisões sobre o encaminhamento das pesquisas e
ações futuras. O I Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras
foi realizado em setembro de 2009, na Universidade Federal do Rio Grande (FURG) RS,
e teve como tema central “Estado do Conhecimento e Recomendações Futuras”.
Dentre os impactos causados, destacaram-se a integração e consolidação da rede de
pesquisa Zonas Costeiras e a elaboração do Volume Especial “Climate Changes and
Brazilian Coastal Zones” publicado pela revista Panamjas. Destaca-se ainda,
a elaboração da Declaração de Rio Grande, um documento de base e de conclusão
gerado a partir das discussões realizadas durante o evento.
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1.3 REDE DE MONITORAMENTO DE HABITATS BENTÔNICOS COSTEIROS (REBENTOS)
A Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos) está
inserida na Sub-Rede Zonas Costeiras, portanto vinculada à Rede Clima & INCT para
Mudanças Climáticas. Dentre os 13 grupos que compõem a Zonas Coasteiras, quatro
são ligados ao ambiente bentônico (Macroalgas e Fanerógamas Marinhas, Recifes
Coralinos, Costões e Praias, Manguezais). O articulações para a constituição da
ReBentos iniciaram durante o I Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas
Costeiras, a partir de algumas recomendações realizadas para o estudos em
comunidades bentônicas como:
Avaliações sobre a variabilidade da distribuição e abundância de espécies
“chave” estenotérmicas ou ao longo da costa (macroecologia), considerando
diferentes escalas de variação e, se possível, eliminação de fontes de ruído utilizando
áreas controle;
Estudos sobre a variabilidade da distribuição e abundância de espécies
indicadoras, sensíveis à mudanças em parâmetros ambientais, através de uma
abordagem padronizada ao longo da costa;
Utilização de técnicas ou estratégias de obtenção de dados (imagens,
suficiência taxonômica, análise de fisionomias, RAP etc.) que amplifiquem a
capacidade geográfica de análise;
Avaliação do estado fisiológico de organismos construtores de recifes (algas
calcárias e corais);
Identificação e registro de mudanças nos “timmings” de florescimento,
maturação, liberação de gametas, recrutamento, germinação e outros parâmetros
populacionais;
Avaliação de perdas ou mudanças de produtividade e função, durante fases
detransição ou colapso dos sistemas naturais;
Identificação e quantificação dos impactos dos eventos extremos na
abundância e fisiologia de espécies, comunidades e ecossistemas: comparação de
parâmetros medidos antes e depois dos eventos.
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Como desdobramentos das discussões durante o I Workshop, surgiu a necessidade de
formação ou fortalecimento de Redes Observacionais para a costa brasileira, para
monitoramento de parâmetros físicos e biológicos, com a coordenação e participação
de membros da Zonas Costeiras. A proposta para financiamento de sete (7) Redes
Observacionais foi elaborada para o orçamento 2010/2011 da Rede CLIMA e
submetida ao MCT, com valor total aproximado de R$ 1.300.000,00. Dentre elas estava
a Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos). Estes recursos,
entretanto, não foram liberados.
A proposta da ReBentos foi apresentada e finalmente aprovada no Edital
MCT/CNPq/MMA/MEC/CAPES/FNDCT – Ação Transversal/FAPs no 47/2010 - Chamada
3 - Pesquisa em Redes Temáticas para o entendimento e previsão de respostas da
Biodiversidade Brasileira às mudanças climáticas e aos usos da terra, com recursos do
CNPq (Proc. 563367/2010-5) e da FAPESP (Proc. 2010/52323-0). Esse edital está
vinculado ao Programa SISBIOTA – Brasil, que tem por objetivo fomentar a pesquisa
científica para ampliar o conhecimento e o entendimento sobre a biodiversidade
brasileira e para melhorar a capacidade preditiva de respostas às mudanças globais,
particularmente às mudanças de uso e cobertura da terra e mudanças climáticas,
associando formação de recursos humanos, educação ambiental e divulgação do
conhecimento científico. O objetivo da proposta da ReBentos foi a criação e
implementação de uma rede integrada de estudos dos habitats bentônicos do litoral
brasileiro, para detectar os efeitos das mudanças ambientais regionais e globais sobre
esses organismos, dando início a uma série histórica de dados sobre a biodiversidade
bentônica ao longo da costa brasileira. A proposta contava com a participação de 17
instituições de ensino e/ou pesquisa, localizadas em 11 estados brasileiros e 31
pesquisadores.
As metas da ReBentos são: (1) fomentar uma discussão temática voltada para as
mudanças climáticas; (2) estabelecer séries temporais com métodos adequados; (3)
obter e disponibilizar dados para avaliação do impacto de mudanças globais; (4)
formar recursos humanos e (5)propiciar a educação ambiental e divulgação científica.
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A longo prazo a ReBentos visa o monitoramento contínuo e permanente de
parâmetros biológicos e abióticos em diversos habitats ao longo da costa brasileira e a
obtenção de séries contínuas de dados no tempo e distribuídas no espaço, por tipo de
habitat e através de um gradiente latitudinal, permitindo assim investigar questões
científicas relacionadas a alterações causadas por impactos antropogênicos e
modificações climáticas.
2. OBJETIVOS
2.1. OBJETIVO GERAL
O "II Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras" objetivou
apresentar os trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores da Sub-rede Zonas
Costeiras, incluindo avaliações históricas e diagnósticas sobre a vulnerabilidade do
litoral brasileiro e seus ecossistemas às mudanças climáticas, avaliando desta maneira
metas alcançadas pelo projeto. Esta segunda edição do evento objetivou ainda
aprofundar recomendações lançadas durante o I Workshop, particularmente com
respeito à proposição de novas abordagens e linhas de pesquisa e a formação de redes
observacionais para a costa brasileira. Diversos grupos de pesquisa, cujos estudos
estão diretamente ou indiretamente associados com mudanças climáticas em oceanos
e zonas costeiras, foram representados durante o evento. Para este segundo
Workshop, foram ainda convidados palestrantes internacionais, visando contribuições
específicas a temas pouco estudados no Brasil e sobre a formação de redes
observacionais costeiras.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
1) Apresentar resultados de trabalhos desenvolvidos pelos pesquisadores da Rede
CLIMA e INCT para Mudanças Climáticas, particularmente das Sub-redes Zonas
Costeiras, Oceanos e Urbanização e Megacidades, os quais se relacionam com os
temas e objetivos destes projetos;
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2) Realizar o II Workshop da Rede de Monitoramento de Habitat Bentônicos Costeiros
(ReBentos), cujos objetivos e metas estão vinculados estreitamente ao projeto da Sub-
rede Zonas Costeiras;
3) Discutir e elaborar propostas que visem o estabelecimento de sistemas de
observação e redes de monitoramento, sistemáticas e permanentes, para o litoral
brasileiro;
4) Discutir a sustentabilidade de observações de longo prazo para o conhecimento dos
efeitos das mudanças climáticas nas zonas costeiras;
5) Discutir novas abordagens e linhas de pesquisa, dentro da temática mudanças
climáticas e zonas costeiras, que estão ainda em estágio inicial no Brasil;
6) Discutir e propor estratégias para aumentar e melhorar a formação de recursos
humanos, geral e específica, na área de mudanças climáticas.
3. METODOLOGIA
A programação do II Workshop foi planejada em torno de objetivos, temas e grupos de
pesquisa da Sub-rede Zonas Costeiras. Adicionalmente, houve uma preocupação com
importantes lacunas, as quais dificultam o avanço da ciência no Brasil, como a
formação de redes de monitoramento e sistemas observacionais para a zona marinha
e costeira.
Os temas e programação do II Workshop foram propostos inicialmente pela
coordenação da sub-rede, com contribuições dos membros, que também indicaram os
nomes dos palestrantes internacionais. O desenvolvimento dos trabalhos durante o II
Workshop baseou-se no seguinte:
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1) Sessões Plenárias, ministradas por palestrantes internacionais. Em geral, estas
sessões abriram os trabalhos do dia ou do turno (manhã ou tarde), servindo como
base e motivação científica para os temas que se seguiram nas mesas redondas.
2) Mesas Redondas, com a participação de pesquisadores membros do INCT de
Mudanças Climáticas, Rede CLIMA e INCT´s do MAR. As mesas foram formadas em
torno de grandes áreas (geologia e dinâmica costeira, oceanografia física e biológica,
ecologia de ambientes bentônicos, sócio-economia) ou redes de pesquisa.
3) Realização do II Workshop da Rede de Monitoramento dos Habitats Bentônicos
Costeiros (ReBentos), que ocorreu paralelamente e dentro do evento. A ReBentos
funcionou como um grande Grupo de Trabalho (GT), em torno do tema específico de
monitoramento de ambientes bentônicos.
E) A formação de Grupos de Trabalhos (GT´s), constituídos durante o Workshop, para
formular recomendações e propor ações futuras para a continuidade das pesquisas
sobre Mudanças Climáticas no Brasil e sobre os trabalhos da sub-rede Zonas Costeiras.
B) Sessão de Pôsteres, oportunizando a apresentação de trabalhos de estudantes e
pesquisadores, nos mais diversos temas de mudanças climáticas em ambientes
costeiros e marinhos.
A programação, resumos, vídeos e slides das apresentações do II Workshop, assim
como outros documentos de base, estão dsiponíveis na página do evento
(http://mudancasclimaticas.zonascosteiras.com.br/workshop). Destaca-se como importante
produto do evento, a disponibilização on-line de quase todas as palestras, as quais
podem ser assistidas concomitantemente com as apresentações em PDF.
4. RESULTADOS
4.1 DESCRIÇÃO GERAL
O evento contou com a presença de 172 participantes, entre eles alunos e
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pesquisadores brasileiros e internacioanis. O evento teve cinco (5) plenárias (palestras
internacionais), cinco (5) mesas redondas, uma (1) sessão temática e uma (1) sessão de
painéis. Contabilizando todas estas sessões, um total de quarenta e três (48) trabalhos
(24 orais e 19 painéis) foram apresentados. As palestras e os trabalhos abrangeram os
temas: geologia e dinâmica costeira, oceanografia física, química e biológica,
monitoramento ambiental, ecologia e fisiologia de organismos marinhos, sociologia,
economia pesqueira, jornalismo e divulgação científica. Os trabalhos e discussões
variaram entre estudos globais, nacionais, regionalizados e também locais. As sessões
se concentraram em torno dos temas: sistemas observacionais costeiros, redes de
pesquisa e monitoramento de mudanças climáticas, vulnerabilidades do litoral
brasileiro à mudanças climáticas e eventos extremos, vulnerabilidade dos ecossistemas
bênticos, escalas de influência e detecção das mudanças climáticas nas regiões de
plataforma e oceânica, a dimensão humana das mudanças climáticas.
Foram formados dois Grupos de Trabalho que discutiram e formularam
recomendações voltadas para: 1) a formação de recursos humanos em mudanças
climátimas e 2) sistemas observacionais e a sustentabilidade dos programas e redes de
pesquisa e observação costeira. Estes grupos se reuniram na última tarde do
Workshop, para organizar idéias que devem ser melhor trabalhadas na forma de
documentos e termos de referências.
O II Workshop da Rede de Monitoramento dos Habitats Bentônicos Costeiros
(ReBentos) contou com a participação de 39 pesquisadores. A realização do evento
contribui para consolidar o trabalho deste grupo, cuja discussões preliminares
iniciaram com o projeto Zonas Costeiras e durante o I Workshop Brasileiro de
Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras. As atividades do II Workshop da ReBentos
incluíram apresentações dos sub-projetos (Praias, Recifes e Costões, Estuários, Fundos
Submersos Vegetados, Manguezais e Marismas e Educação Ambiental) e o andamento
dos seus trabalhos, discussões sobre protocolos de amostragem, recursos para
projetos, produtos a serem gerados e atribuição de tarefas para a continuidade dos
trabalhos.
16
4.2 CRONOGRAMA DA PROGRAMAÇÃO REALIZADA
Dia 7 - Segunda-feira
08:00-08:30 Inscrição e entrega de material Secretaria
08:30-09:00 Abertura e Introdução
09:00-10:00 Palestra de Abertura Climate Change, habitat loss and coastal development: the perfect storm for coastal populations
Thomas Malone, U. Maryland, USA
10:00-10:15 Intervalo e Café
10:15-12:00 Mesa Redonda Mudanças climáticas no Oceano e Zona Costeira Brasileira: perspectivas dos INCT´s
Coordenador: Carlos A. Garcia, FURG
INCT para Mudanças Climáticas - Zonas Costeiras Carlos A. Garcia, FURG
INCT para Mudanças Climáticas - Oceanos Janice Trotte-Duhá DHN / MCT
INCT do Mar em Ambientes Marinhos Tropicais José M. L. Dominguez, UFBA
INCT do Mar de Estudos de Processos Oceanográficos Integrados da Plataforma Continental ao Talude
Ricardo Coutinho, IEAPM
INCT do Mar - Centro de Oceanografia Integrado Paulo C. Lana, UFPR
12:00-13:30 Almoço
13:30-15:30 Mesa Redonda Vulnerabilidades do litoral brasileiro: geomorfologia e dinâmica costeira
Coordenador: José M.L. Dominguez, UFBA
Respostas da Zona Costeira Brasileira à subida do Nível do Mar e Mudanças no Clima
José M. L. Dominguez, UFBA
Erosão Costeira: tendência ou eventos extremos? O litoral entre Rio de Janeiro e Cabo Frio.
Dieter C. Muehe, UFRJ
Mudanças na Zona Costeira do Rio Grande do Sul: situação atual e perspectivas
Athur A. Machado, FURG.
O Modelo da forma em planta de Praias de Enseada aplicado a diferentes escalas de tempo e espaço: Exemplos de Santa Catarina
Antônio H. F. Klein, UFSC
15:30-16:45 Workshop da ReBentos (Executive Center, 5º Andar)
Coordenador: Alexander Turra, USP
15:30-16:30 Sessão Temática Metodologias e avaliação de vulnerabilidades costeiras
Coordenador: Glauber Gonçalves, FURG
Estudos geodésicos sobre ocupações urbanas no litoral norte do Rio Grande do Sul
Glauber Gonçalves, FURG
Impactos das mudanças climáticas na costa do Rio Grande do Sul: forçantes externas e controles internos
Salette A. Figueiredo, FURG
16:45-17:00 Intervalo e Café
17:00-18:00
Palestra Is the intensifying wave climate of the U.S. pacific Northwest Increasing flooding and erosion risk faster than sea level rise?
Peter Ruggiero Oregon State U., USA
18:00-20:00 Coquetel de Confraternização
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Dia 8 – Terça-feira
08:30-09:15
Palestra Adaptation of corals to extreme coastal environments: evidence of resilience to a warmer and more acid ocean?
David Suggett U. Essex, UK
09:15-10:00 Impactos das alterações globais na produtividade primária das zonas intertidais estuarinas
João Serôdio, U. Aveiro,Portugal
10:00-10:15 Intervalo e Café
10:15-12:00 Mesa Redonda Ecossistemas Bentônicos e Mudanças Climáticas: Estratégias de Pesquisa
Coordenador: Alexander Turra, USP
O branqueamento de corais e as anomalias térmicas na costa da Bahia nos últimos dez anos
Zelinda Leão, UFBA
Prognóstico da severidade do branqueamento de corais num Atlântico Sul mais quente
Ruy Kikuchi, UFBA
Efeitos sinérgicos das Mudanças Climáticas e dos impactos da urbanização: A Ecologia e Fisiologia das macroalgas como descritores
Paulo Antunes Horta, UFSC
O Papel da Floresta de Manguezal na captura de Carbono (Carbono Azul): Apade Guapimirim/RJ
Carlos A. Silva, UFF
Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos da Costa Brasileira (ReBentos): histórico e estratégia de atuação
Alexander Turra, USP
12:00-13:30 Almoço (Restaurante do Hotel Porto Belo)
13:30-18:00 Workshop da Rebentos (Executive Center, 5º Andar|)
Coordenador: Alexander Turra
13:30-16:00 Mesa Redonda Mudanças Climáticas no Atlântico Sul: escalas de influência e detecção
Coordenador: Afonso Paiva, UFRJ
Mudanças Climáticas e Modelagem Oceânica Afonso Paiva, UFRJ
Variabilidade da Corrente do Brasil associada a eventos ENSO Renato D. Ghisolfi, UFES
Sistemas de observação no oceano utilizando informações bio-ópticas Áurea M. Ciotti, USP
Análise dos efeitos da variabilidade climática sobre os grandes ecossistemas marinhos brasileiros: situação atual da pesquisa e avanços esperados
Douglas F. M. Gherardi, INPE
Processos biogeofísicos de larga escala e suas relações com o sequestro de carbono ao longo da Pluma do Rio Amazonas
Eduardo T. Paes, UFRA
16:00-16:15 Intervalo
16:15-18:00 Reunião de Grupos de Trabalho
20:00 Jantar por Adesão
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Dia 9 – Quarta-feira
09:00-10:00 Palestra Climate change and its potential impact on the economics of marine fisheries
Rashid Sumaila, U. Vancouver, Canadá
10:00-10:15 Intervalo
10:15-12:00 Mesa Redonda Dimensão Humana das Mudanças Climáticas
Coordenador: Paulo C. Lana, UFPR
Urbanização, riscos e vulnerabilidades às mudanças climáticas: caracterização da população residente na Zona Costeira do Brasil
Roberto Luiz do Carmo, UNICAMP
Efeitos das Mudanças Climáticas na pesca artesanal do extremo sul do Brasil e impactos sócio-econômicos sobre as comunidades pesqueiras
Patrizia R. Abdallah, FURG
A vulnerabilidade de pescadores artesanais do litoral sul do Brasil: o papel das mudanças climáticas e das unidades de conservação na determinação de suas estratégias de adaptação
Paulo C. Lana, UFPR
12:00-13:30 Almoço
13:30-16:00 Workshop da ReBentos e Reunião de Grupos de Trabalho
16:00-16:15 Intervalo
16:15-18:00 Conclusões, propostas e recomendações finais.
18:00-18:30 Encerramento
Esta programação está disponível on-line no site do evento
www.mudancasclimaticas.zonascosteiras.furg.br/workshop/images/stories/document
os/ii%20wsmczc%20-%20programaofinalpagina.pdf.
19
4.3. TRABALHOS APRESENTADOS NA FORMA DE PAINÉIS EROSÃO COSTEIRA NO RIO GRANDE DO SUL: ANÁLISE DA PASSAGEM DE EVENTOS EXTREMOS E PERFIS DE PRAIA ENTRE 1991 E 1996. Allan O. de Oliveira e Lauro J. Calliari COMPARAÇÃO METODOLÓGICA DE PADRÕES DE CLASSIFICAÇÃO ECOLÓGICA DE AMBIENTES MARINHOS E COSTEIROS COM VISTAS AO MAPEAMENTO CARTOGRÁFICO E DETERMINAÇÃO DA SENSIBILIDADE AMBIENTAL. Carolina S. Mussi, Angelina Coelho, Rafael M. Sperb, Antônio C. Beaumord, João T. Menezes, Maria I. F. Santos, Thelma L. Scolaro, Danielle D. Klein, Roberto A Pavan e Ana P. F. D. Ramos HIDRODINÂMICA DO SACO DO ARRAIAL (LAGOA DOS PATOS, RS) FRENTE ÀS VARIAÇÕES DE DESCARGA FLUVIAL – INDÍCIOS DE RESPOSTAS DAS ENSEADAS RASAS ESTUARINAS ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Priscila B. Giordano e Elisa H. L. Fernandes ALTERAÇÕES NA CONCENTRAÇÃO DE CLOROFILA-A SOB INFLUÊNCIA DA RESSURGÊNCIA DE CABO FRIO E SUA RELAÇÃO COM A DISTRIBUIÇÃO DE LARVAS DE CIRRIPEDES E BIVALVES AO LONGO DA PLATAFORMA CONTINENTAL. Ana C. A. Mazzuco, Áurea M. Ciotti e Ronaldo A. Christofoletti PADRÃO TEMPORAL DE OCORRÊNCIA DE FLORAÇÕES FITOPLANCTÔNICAS NA BAIA DE SÃO VICENTE (SP) DURANTE O VERÃO DE 2010. André F. Bucci, Áurea M. Ciotti e Ricardo C. G. Pollery IMPACTO DA URBANIZAÇÃO E TEMPERATURAS EXTREMAS SOBRE A PRODUÇÃO PRÍMARIA DE HYPNEA MUSCIFORMIS (WULFEN) J. V. LAMOUR. Caroline D. Faveri, Cintia Martins, Eder Schimdt, Paulo A. Horta e Zelinda Bouzon ADAPTAÇÃO DA TEMPERATURA DE FRONTEIRA DOS MÉTODOS DO PROGRAMA CORAL REEF WATCH (NOAA) PARA A PREVISÃO DE BRANQUEAMENTO NA COSTA LESTE DO BRASIL. Danilo S. Lisboae Ruy K. P. Kikuchi ANÁLISE PRELIMINAR DE SÉRIES TEMPORAIS DAS CAPTURAS ARTESANAIS DE QUATRO ESPÉCIES ESTUARINO-DEPENDENTES NO SUL DO BRASIL. Gonzalo Velasco, Bruna B. Lima e Leonardo E. Moraes COMPARAÇÃO DE CALCIFICAÇÃO DOS CORAIS MUSSISMILIA BRAZILIENSIS VERRILL, 1868 E SIDERASTREA STELLATA VERRILL, 1868 DA ÉPOCA DO HOLOCENO TARDIO E DO PRESENTE. Laísa P. Ramose Ruy K. P. Kikuchi AVALIAÇÃO DO EFEITO DA TEMPERATURA DA ÁGUA SOBRE A ESPÉCIE DE CORAL MUSSISMILIA BRAZILIENSIS EM AQUÁRIO. Lize E. S. Gonzaga, Marilia D. M. Oliveira, Ruy K. P. Kikuchi e Zelinda M. A. N. Leão
ADAPTAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DE FUNDOS ROCHOSOS (CFR) AO MONITORAMENTO NA BAÍA DE ILHA GRANDE, RIO DE JANEIRO, ENFOCANDO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Maria T. M. Széchy ESTRESSE FÍSICO EM MUSSISMILIA BRAZILIENSIS EM RESPOSTA À SEDIMENTAÇÃO EM TEMPO DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Miguel M. Loiola, Clara K. D. Coelho, Marília D. M. Oliveira, Ruy K. P. Kikuchi e Zelinda M. A. N. Leão
20
EVENTOS EXTREMOS E A COMUNIDADE FITOBÊNTICA DO LITORAL SUL DO BRASIL: MUDANÇAS CLIMÁTICAS, UM FUTURO PRÓXIMO? Noele P. Arantes, Cintia D. L. Martins, Cintia Lhullier, Manuela B. Batista e Paulo A. Horta
ASPECTOS DA ECOFISIOLOGIA DEPEYSSONNELIA CAPENSIS (PEYSSONNELIALES, RHODOPHYTA) FRENTE A MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS. Paola F. Sanches e Paulo A. Horta A INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E CALCIFICAÇÃO NA VARIAÇÃO DE Δ18O, Δ13C E SR/CA NO ESQUELETO DO CORAL MUSSIMILIA BRAZILIENSIS (VERRILL 1868). Priscila M. Gonçalves e Ruy K. P. Kikuchi MITIGAÇÃO DE GEE USANDO MICROALGAS MARINHAS NA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE COMBUSTÍVEIS CARBONO NEUTRO. Sônia M. F. Gianesella, Fernando T. Kanemoto e Flávia M. P. Saldanha-Corrêa MUDANÇA CLIMÁTICA EM CIDADES COSTEIRAS: RESPOSTAS POLÍTICAS E DESAFIOS NA REGIÃO METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA. Fabiana Barbi e Leila C. Ferreira VIDA E TEMPO EM PROLIFERAÇÃO: POTENCIALIDADES DAS IMAGENS NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS. Tainá de Luccas e Susana O. Dias
21
4.4 SÍNTESE DOS TRABALHOS: APRESENTAÇÕES, DISCUSSÕES E RECOMENDAÇÕES
Esta seção descreve sinteticamente as palestras proferidas e temas discutidos em
sessões plenárias, mesas redondas e reuniões temáticas (ReBentos), destacando as
principais perguntas, comentários e recomendações que se seguiram sobre os
assuntos. A descrição abaixo foi elaborada a partir da contribuição de diversos
pesquisadores e membros da sub-rede Zonas Costeiras e da ReBentos, designados
como relatores de cada sessão.
CLIMATE CHANGE, HABITAT LOSS AND COASTAL DEVELOPMENT: THE PERFECT
STORM FOR COASTAL POPULATIONS
Palestrante: Thomas Malone (University of Maryland, USA)
Relatora: Áurea Maria Ciotti (USP)
Numa apresentação bem completa, Dr. Malone apresenta algumas das preocupações
recorrentes quando tratamos de sustentabilidade e saúde em ambientes costeiros. Ele
optou por construir sua argumentação sob a ótica do efeito aditivo de algum dos
problemas já identificados nessa problemática, que se fortificam como durante a
formação de uma "perfect storm" (analogia ao processo meteorológico de
intensificação de instabilidades na atmosfera). O objetivo final foi enfatizar a
necessidade de um número maior de sítios de observação costeira no Brasil e no
mundo, já concebidas dentro de maiores escalas temporais e espaciais. Ele mostra
como abordagem diagnóstica a quantificação dos chamados "benefícios e serviços"
que um dado ambiente costeiro oferece, atualmente sugeridos por uma série de
índices. No início da palestra, Dr. Malone nos convida a prestar atenção nas coisas
redundantes que virá a colocar, nos instruindo em seguida a igualar redundância com
desafio. Discutiu os níveis de diversidade biológica e as pressões de ocupação humana
de vários setores da linha de costa brasileira, sugerindo a evolução daqueles de tem
possivelmente maior influência, e que acredita serem potencializados (ou
intensificados) pelos efeitos das mudanças climáticas. Mostrou preocupação com a
falta de observações biológicas nos sítios em geral, apesar de reconhecer que alguns
esforços já existem em pontos isolados da costa brasileira, mas alerta que a
22
implementação desses programas depende ainda de um pequeno número de pessoas,
usando como exemplo o coastal Global Ocean Observing System. Logo em seguida,
Malone mostra o planejamento americano (Pico Plan) de 2010 como uma sugestão de
modelo de organização de sítios costeiros. O Pico Plan se baseia na detecção de
fenômenos de interesse prioritários e estabelece quais variáveis precisam ser
monitoradas para melhor explicá-los. Malone todavia enfatiza que esses fenômenos só
podem ser propriamente identificados com uma descrição previa dos processos físicos
em cada área de interesse, ilustrando como fenômenos de interesse ao Brasil, a
elevação do nível do mar, desenvolvimento da costa e eventos meteorológicos
extremos. A apresentação então justifica a construção de um desenho para um
sistema de modelagem e observações hierárquico. Torna evidente que, em termos
globais, os programas de observações integradas são praticamente inexistentes fora
dos EUA, Austrália e Europa e existe uma carência de um centro unificador dos
sistemas. A palestra apresentou um grande número de informações, e reflete a
enorme experiência pessoal de alguém que tem sido ativo e bastante crítico no
processo de implementação de programas de observação costeira.
MUDANÇAS CLIMÁTICAS NO OCEANO E ZONA COSTEIRA BRASILEIRA: PERSPECTIVAS
DOS INCT’S
Mesa Redonda coordenada por: Carlos A. E. Garcia (FURG)
Palestrantes: Carlos A. Garcia (FURG) Janice Trotte-Duhá (MCT) José M. L. Dominguez
(UFBA), Paulo C. Lana (URPR), Afonso Paiva (UFRJ), Ricardo Coutinho (IAEPM)
Relatores: Renato David Ghisolfi, Sônia Maria Flores Gianesella
Esta mesa objetivou divulgar as ações do INCT para Mudanças Climáticas (sub-redes
Zonas Costeiras e Oceanos) e os recém criados INCT´s do Mar, em um tentativa de
integrar estes grandes grupos de pesquisa do Brasil e suas interfaces com as Zonas
Costeiras
INCT DO MAR EM AMBIENTES MARINHOS TROPICAIS
Abrange a Costa Norte e Nordeste, considerando sua grande variabilidade
geomorfológica e oceanográfica, incluindo a foz do Amazonas com sua grande
23
complexidade ambiental. Região de grande concentracão de recifes de coral e
presença de ilhas oceânicas, de grande importância para transferência de calor devido
à bifurcação da corrente equatorial em Corrente do Brasil. Áreas de grande
importância turística, mas também sujeita aos efeitos de mudanças ambientais, como
erosão costeira.
Mudanças climáticas tem potencial de causar alterações locais e regionais, além das
globais, de forma que é necessário se conhecer a varaibilidade natural destes
ambientes.
Três grupos de trabalho:
1. Zona costeira – Vulnerabilidade à MC – Resposta da linha de costa; Plumas fluviais;
Recifes e ecossistemas coralinos; Manguezais e costas lamosas; Marcadores de
impacto ambiental
2. Plataforma continental – Geodiversidade, biodiversidade e substratos plataformais;
Varaibilidade especial e temporal dos ecossistemaspelágicos; Genômica, proteômica e
biodiversidade; Biotecnologia
3. Oceano aberto – Interação oceano-atmosfera e variabilidade climática; Ciclos
geoquímicos e fluxos; Recursos vivos
Mencionando pontos fracos deste INCT, o palestrante reconhece a centralização do
projeto entre apenas duas universidades do Nordeste (UFBA e UFPE) e lamenta o
redimensionamento do foco em função do corte de 22% dos recursos. Adicionalmente,
realiza um verdadeiro desabafo e crítica bastante severa sobre a demasiada
burocratização para gestão financeira dos INCT´s.
INCT DO MAR – CENTRO DE OCEANOGRAFIA INTEGRADO (COI)
Composto por 70 laboratórios e 27 cursos de pós-graduação, em 15 instituições de
ensino e pesquisa, somando as colaborações internacionais. Afinidades com INCT-MC
Sub-Rede Zonas costeiras e Oceanos orgânicas. Corte de 40% no orçamento original.
Lógica de perfis e colocação de bóias, mas que haverá redimensionamento. Menção à
necessidade de desfazer estranhamentos originados nas estruturações das propostas.
Projeto estruturado em diversas redes temáticas, como a rede-temática 1 “papel dos
oceanos nas mudanças climáticas”, subdividida em 2 sub-propostas (Observações /
Modelos numéricos) e “Valorização dos recursos vivos, “Biodiversidade e
24
geodiversidade”, além de Formação e capacitação de recursos humanos“, “Grandes
equipamentos e infraestrutura” e ”Políticas públicas”. Hipótese: mudanças de grande
escala produzirão impactos na costa oeste do Atlântico Sul. Há também um modulo de
transferência de conhecimento para sociedade. Foco diferenciado no impacto em
organismos de interesse econômico.
INCT PARA MUDANÇAS CLIMÁTICAS – SUB-REDE OCEANOS
Importância regional do que acontece no Atlântico Sul (aquecimento, retroflexão da
corrente das agulhas) e justificativa, com base em eventos extremos recentes, da
instalação de boia (ATLAS B) nesta região. Dificuldades burocráticas para avanço das
atividades. Relatou dificuldades e mencionou que há a necessidade de um núcleo duro
de pesquisa e operação – INPO com vistas a nacionalização de equipamentos, redução
de dependência externa etc.). Mencionou que um avanço inicial foi a criação no PPA
2012-2015 do Programa Temático “Mar, Zona Costeira e Antártica”, no qual o INPO é
previsto.
INCT DO MAR - ESTUDOS E PROCESSOS OCEANOGRÁFICOS INTEGRADOS DA
PLATAFORMA CONTINENTAL AO TALUDE
Missão: compreensão de processos oceanográficos; formação de recursos humanos;
transferência de conhecimento científico visando formulação de políticas públicas.
Objetivos: estabelecer modelos conceituais e quantificar fluxos e trocas em diferentes
escalas espaciais e temporais, incluindo seus efeitos na biodiversidade.
Subdividido em eixos temáticos:
1. Hidrodinâmica do talude e plataforma continental;
2. Fundo marinho, natureza e evolução do substrato oceânico, como subsídio ao
estudo da biodiversidade marinha; foco também em estudos sedimentares e paleo-
oceanográficos;
3. Integração de processos bêntico-pelágicos e ciclos biogeoquímicos;
4. Interações: organismos e meio ambiente;
5. Exploração e conhecimento do domínio acústico;
6. Formação de recursos humanos, do ensino fundamental à graduação;
7. Transferência e difusão de conhecimento para sociedade;
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8. Transferência de conhecimento para empresários e formulação de políticas públicas.
Linhas de pesquisa relacionadas à MC: acidificação dos oceanos e feitos sobre os
organismos; Caracterização de eventos paleo-oceanográficos com marcadores
geoquímicos. Apresentou a área de estudo e a malha amostral, a qual terá que ser
redimensionada em função do corte de recursos. Esta INCT possui 126 pesquisadores,
abrangendo 27 instituições, 9 estados e 50 programas de pós-graduação.
DISCUSSÃO
Há sobreposição de atividades . Como resolver essa sobreposição e quantos
pesquisadores participam de cada um?
Paulo Lana: Há sim sobreposição e concorda com a necessidade de resolver arestas.
Propõe fórum para rediscutir readequações para evitar perdas de recursos, tempo e
equipamento.
Landim: problema principal é o edital engessante.
Carlos Garcia: Concorda com a sobreposição e crítica o edital.
RC: grande oportunidade de obter grandes avanços na costa brasileira. A readequação,
segundo ele, estaria ocorrendo.
Sonia(USP) comenta a necessidade de interlocução com o CNPq.
Janice Trote: fala de necessidade de colocar isso ao CNPq (via proposta formal).
Recomenda a definição e formação do fórum de coordenadores dos INCT´s.
Landim: quer o fórum para definir as readequações. Proposta de criar um INCT6 + da
área de oceanografia.
Carlos Garcia: se um pesquisador não participar de 2INCTs, como fazer isso?
Lembra que a Rede Clima é superior e que os pesquisadores poderiam participar do
INCT-Oceano e INCT-Zonas Costeiras (Rede Clima).
Questiona como as pesquisas do INCT-Oceano seriam passadas ao INCT-ZC?
Landim: comunidade pequena. Não há sentido em competir por pesquisadores INCT-
ZC com Rede Clima.
Necessidade de realmente criar uma rede.
Propõe: criar um INCT-6 = juntando todo mundo que tem interesse na ciência do mar.
Criação de um pool de dados para que o pesquisador possa interpretar dados.
Ricardo Coutinho: grande desafio é estabelecimento da rede e trabalhar em conjunto
26
Paulo Lana: 2 problemas distintos
1- Os INCTs se parecem entre si e se diferenciam também.
2- Como otimizar as arestas.
Afinidade de cada INCT com as mudanças climáticas = a confluência lógica é para a
REDECLIMA.
Carlos Garcia: Rede Clima é a convergência dos INCTs com relação aos objetivos destes
INCTs relacionados a MC.
Paulo Lana: reajuste não abordará todas as demandas dos INCts. Importante a
realização do fórum para viabilizar todas as demandas que foram colocadas.
VULNERABILIDADE DO LITORAL BRASILEIRO: GEOMORFOLOLOGIA E DINÂMICA
COSTEIRA
Mesa Redonda coordenada por: Prof. José M. L. Dominguez (UFBA)
Palestrantes: José M. L. Dominguez (UFBA), Dieter Muehe (UFRJ), Arthur Machado
(FURG), Antonio Klein (UFSC)
Relatores: Lauro J. Calliari (FURG), Eduardo Siegle (USP)
RESPOSTAS DA ZONA COSTEIRA BRASILEIRA A SUBIDA DO NÍVEL DO MAR E
MUDANÇAS NO CLIMA
O palestrante iniciou os trabalhos focando sua apresentação, colocando como tópico
principal as pressões locais nos ambientes, e colocou que de maneira geral as áreas de
inundação são realizadas sobre modelos de digital de elevação. Ele reportou as
variações topográficas nas diferentes costas do Brasil de regiões mais e menos
susceptíveis à inundação pela elevação do nível do mar. Desta forma apresentou
diversos estudos de caso ao longo da costa brasileira. Área de Abrolhos onde a
mudança do manguezal sobre o apicum tem influenciado nos corais de Abrolhos.
Outro exemplo apresentado foi o delta do rio São Francisco que possui uma grande
variação temporal. Após foi apresentado o delta do Jequitinhonha que possui uma
variabilidade de erosão e progradação na linha de costa. Posteriormente, o Prof.
Landim falou sobre a forma como o nível do mar pode subir de forma diferenciada no
mundo e não subir igualmente em todos os oceanos. Ele colocou sobre a rápida
alteração do ambiente costeiro que o Atlas de erosão costeira organizado pelo prof.
27
Dieter em 2006 estaria hoje completamente desatualizado e não poderia servir como
base. Ele colocou que uma simples mudança na orientação do clima de ondas
predominante pode ocasionar em um impacto muito maior à linha costeira do que a
própria elevação do nível do mar. Foi colocado que com esta variação quando há uma
progradação o homem ocupa esta região e posteriormente, com uma retração da linha
de costa esta entra em erosão como o caso de Salvador, Recife e Alagoas, erosão com
causas antrópicas. De forma geral, destacou a importância de estudos locais, em
função da especificidade dos diferentes ambientes em função da grande variabilidade.
Previsões de caráter regional acabam não funcionando para a previsão local.
Os pontos fundamentais ressaltados na palestra foram:
- Devido as características geomorfológicas, litológicas e dinâmicas de cada local, as
previsões de caráter regional não funcionam. Assim torna-se necessário voltar os
estudos para previsões locais no sentido de que o entendimento leve a uma melhor
mitigação dos problemas de erosão. Adicionalmente, foi levantado que a subida do
nível do mar não vai ser uniforme para todo o globo, tal fato é importante nas
previsões bem como modelos que assumem uniformidade nesse padrão de elevação.
- O fenômeno de erosão é intrínseco aos processos de erosão e deposição de
sedimentos sendo assim precisamos entender em nível de detalhe como o processo
funciona
- Esses estudos são interdisciplinares entretanto os pesquisadores não interagem de
maneira adequada (pouca interação)
- Falta de ferramentas tecnológicas para produzir mais interação (foi salientado que
correio eletrônico e home Page não são maneiras adequadas de se trabalhar em rede).
- Muitas publicações que já definiram certas áreas com padrões erosivos ou
deposicionais, ao longo do litoral brasileiro foram e são passíveis de alteração
tornando-se assim um instrumento não muito preciso para os gestores costeiros.
Muitas vezes detalhes que provocam mudanças em curto prazo podem levar a
percepções errôneas por parte dos tomadores de decisão em gerenciamento costeiro.
Dados pontuais precisam ser atualizados frequentemente se realmente quisermos usar
essas ferramentas na gestão costeira.
- Mudanças no clima de ondas (padrão ondulatório) geram processos erosivos de alta
escala bem maior do que a subida do nível do mar, isso pode indicar caminhos que
28
devem ser priorizados na obtenção de esforços para entender e prever futuras
alterações devido a erosão na linha de costa.
EROSÃO COSTEIRA: TENDÊNCIA OU EVENTOS EXTREMOS ? O LITORAL ENTRE RIO DE
JANEIRO E CABO FRIO
Iniciou a palestra falando sobre a orientação do litoral que é leste-oeste que está
diretamente exposta as ondulações que vem de sul. Ele apresentou um trabalho de
1999 que apresentou as áreas de risco para esta região, mostrando que para uma
região mesmo havendo a construção de um muro, a praia não sofreu erosão.
Apresentou dois trabalhos de dois autores que esta linha estaria em erosão em um
trabalho e em equilíbrio dinâmico em outro. O Prof. Muehe apresentou várias praias
que sofreram erosão durante eventos de alta energia (ressaca) e posteriormente as
praias se recuperaram.Um estudo de caso para a praia de Barra do Itamaracá foi
apresentado, colocando que o maior problema de erosão não é devido a mudanças
climáticas e sim resultado de eventos extremos. Posteriormente, apresentou um
estudo de caso da praia de Massambaba mostrando um banco de areia com volume
quatro vezes maior que o material erodido da praia, mostrando que os eventos
extremos podem trazer material da plataforma continental para regiões costeiras com
problemas erosivos. Os estudos feitos até o momento em várias praias do litoral do RJ
mostram a importância de se efetuar monitoramento de larga escala bem como dar
continuidade ao estudo dos eventos extremos, uma vez que certos setores da costa se
recuperam e outros não.
MUDANÇAS NA ZONA COSTEIRA DO RS: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS
O palestrante falou sobre análise de risco e uma metodologia para avaliação do risco.
O palestrante falou sobre perigo caracterizado pelos ciclones extratropicais e
anticiclones. Apresentou as trajetórias dos ciclones na região sul do Brasil e norte da
Argentina. O autor apresentou um estudo pelo instituto hidráulico da Cantábria sobre
a elevação do nível do mar e a altura das ondas para toda a América latina para os
anos de 2010 a 2040 e de 2040 a 2070. Desta forma ele fez uma análise das
perspectivas de erosão para a costa do RS utilizando este estudo. O palestrante
apresentou diversos estudos de caso erosivos para a costa do RS, dentre quais se
29
podem citar a praia do Cassino, Hermenegildo e farol da Conceição. O palestrante
terminou dizendo que a chave para a proteção costeira é o planejamento para cada
local. A costa do RS, vem sofrendo erosão acelerada permanente em alguns trechos.
Estudos do clima de ondas em oceano profundo mostram uma leve tendência ao
aumento do número e intensidade dos eventos extremos. Vários cenários de
inundação foram simulados para um dos setores mais vulneráveis (o balneário do
Hermenegildo). Existem setores que frequentemente experimentam erosão e
inundação, entretanto a inexistência de urbanização nos mesmos diminuem o risco e a
vulnerabilidade dos mesmos. Em termos de urbanização seria interessante computar
os futuros cenários de elevação do nível do mar. Dados do Instituto da Cantábria para
a costa do RS,associados a dados locais obtidos ao longo de 15 anos de
monitoramento indicam que o fenômeno da erosão pode se agravar.Necessidade de
levantamento de dados para o clima de ondas nas últimas décadas para águas rasas,
bem como análise estatística sobre a probabilidade de retorno de eventos extremos,
aspectos ainda não definidos na costa do RS.
O MODELO DA FORMA EM PLANTA DE PRAIAS EM ENSEADA APLICADO A DIFERENTES
ESCALAS DE TEMPO E ESPAÇO: EXEMPLOS DE SANTA CATARINA
O palestrante iniciou falando sobre erosão, acresção e rotação praial. O autor colocou
que a orientação das praias está diretamente relacionada à orientação do clima de
ondas. Posteriormente, o palestrante apresentou a teoria de perfil em planta de praias
arenosas. Posteriormente o palestrante apresentou diversos estudos de caso para a
costa do estado de SC. Então foi apresentado o teste de robustez do modelo, no qual
se comparou o modelo teórico com outros modelos numéricos. O Prof. Klein mostrou
que pode ter ocorrido uma mudança na orientação das ondas desde o pleistoceno até
o presente momento. A estabilidade e orientação da linha de costa das praias
parabólicas (de enseada) as quais compreendem entre 50% e 80% das costas do globo
é dependente do fluxo de energia, ou seja em ultima análise da direção das ondas. Se
houver uma mudança do padrão, haverá ajuste na direção da linha de costa. É
fundamental em termos de Brasil efetuar estudos de retro-análise para verificar
tendências e incorporar essas tendências nos futuros modelos que prevêem mudanças
nesses setores costeiros.
30
DISCUSSÃO
Iniciando as discussões o prof. Paulo Horta (UFSC) perguntou quanto que a
descaracterização da zona costeira está sendo considerada nos modelos. O Prof. Klein
colocou que tem um projeto em SC onde um aluno de mestrado está analisando o
quanto que a ocupação do solo influencia na produção de sedimentos para a zona
costeira. Colocando que é importante que haja esta sinergia de ocupação com a
erosão costeira. O Prof. Muehe completou que a partir do livro de erosão costeira foi
um marco para inicio dos estudos dos processos locais para os climas de ondas. Ele
comentou que na área de engenharia costeira sempre foi desconsiderado o que
acontecia na costa e que isso vem mudando com o tempo. E salientou que o que o
Prof.Landim colocou que a grande maioria das planícies deltaicas não seriam deltas
verdadeiros, e se isso for verdade a construção de barragens não teriam grandes
efeitos na erosão costeira.
O Prof. Angelo (UFES) fez uma pergunta sobre qual seria a escala temporal de
observação local da ser adotada futuramente e outra sobre o efeito da ocupação local
na erosão costeira. O Arthur colocou que sobre a escala temporal o que se necessita é
a coleta de dados. E que a partir de imagens e fotografias de 1947 até o presente para
a taxa de retração da linha de costa para a praia do Hermenegildo teria aumentado a
partir desta data, mas a escala de trabalho depende da aquisição de dados. O Prof.
Muehe colocou que este assunto é essencial, e que as imagens de satélite hoje são
fundamentais, mas o uso de fotografias aéreas pretéritas levanta questões sobre a
dificuldade de seu georeferenciamento. Ele salientou que a disponibilidade de dados é
bastante complexa e que o custo de imagens é extremamente alto. O Prof.Landim
colocou que mudanças criam problemas e que o próprio homem somente começou a
plantar após a estabilização do nível dos oceanos. Então necessitamos ter acesso a
imagens.
O Prof. Glauber da FURG colocou que o Brasil em 2010 foi o país que mais adquiriu
imagens do satélite Quickbird, com objetivo de fiscalizar a arrecadação de IPTU,
através do ministério das cidades. No entanto, é bastante difícil conseguir dados pela
falta intercomunicação entre os ministérios.
31
O Prof. Lauro Calliari (FURG) perguntou para a mesa sobre as variações interdecadais
serem responsáveis pelas variações costeiras. O prof. Klein colocou que o assunto era
importante e que são questões importantes e colocou que para irmos para a antepraia
temos que ter mais informações. Discutiu-se que não cabe aos
pesquisadores/universidades a coleta de dados para monitoramento, função que
deveria ser assumida por algum órgão governamental. O Prof.Landim colocou que a
CPRM contratou uma empresa americana e fez o levantamento de toda a costa de AL
com LIDAR até os 30 m, no entanto os dados não estão disponibilizados. Ressaltou que
esses dados seriam de grande importância para o estudo da biota marinha de corais,
por exemplo.
O Prof. Klein colocou que o SMC disponibiliza os dadosde batimetria para todo o Brasil
e os dados de ondas (resultados de modelo global de geração de ondas) também serão
disponibilizados para toda a comunidade científica assim como a cota de inundação e
maré meteorológica. E o MMA está tentando mudar este paradigma e disponibilizar os
dados.
O Prof. Francisco Barros (UFBA) colocou que está se buscando modelos mais gerais,
mas que não estão funcionando, pois a especificidade é muito grande para que
funcionem. E perguntou a mesa se oscientistas brasileiros serão capazes de propor
diretrizes e não somente segui-las. O Prof. Muehe colocou que o modelo não precisa
responder a todos ambientes, na verdade ele tem que se aproximar da realidade para
depois verificarmos o que causa um problema no modelo. No caso do gerenciamento
o Prof. Muehe ressaltou que ficou impressionado com o grau de detalhe dos modelos
de gerenciamento de apresentados na sessão da manhã. Ele vê o projeto Orla como
um grande projeto que engloba área ambiental com a social. Mas este deverá estar
acoplado ao gerenciamento costeiro global ou entregado. O Arthur falou sobre uma
audiência pública na Pref. de Santa Vitória do Palmar, na qual vários pesquisadores
apresentaram os problemas de erosão do Hermenegildo e soluções, mas que a
continuação dependerá do poder público.
METODOLOGIA E AVALIAÇÃO DE VULNERABILIDADES COSTEIRAS
Palestrantes: Glauber Gonçalves (FURG), Salette A. Figueiredo (FURG)
Relatores: Lauro Calliari (FURG), Arthur Machado (FURG)
32
ESTUDOS GEODÉSICOS SOBRE OCUPAÇÕES URBANAS NO LITORAL NORTE DO RIO
GRANDE DO SUL
Foi ressaltada que muitas observações de detalhe já efetuadas no litoral brasileiro as
quais são fundamentais e imprescindíveis para os aspectos de vulnerabilidade da costa
frente a mudanças climáticas e eventos extremos estão restritas a alguns canais de
informação. Valores vultuosos de investimentos ficam restritos a certos órgãos e
devido a falta de coordenação geral (governo x sociedade) não são divulgados e
disponibilizados. Isso envolve estudos topográficos e geodésicos de detalhe.
O Professor Dieter citou a dificuldade de se conseguir fotos aéreas e imagens de
satélites para o estudo do litoral (INPE—SÃO MUITO CARAS). Para que tenha um
estudo de variação da zona costeira são necessárias muitas imagens e com isso ficando
inviável o trabalho. Deveria existir uma maneira de conseguir as fotos mais baratas
para estudos sobre mudanças climáticas e riscos costeiros.
Outro aspecto importante ressaltado foi o problema de referencial do nível do mar. Ou
seja, existem inúmeros ruídos introduzidos nos dados atuais usados por pesquisadores
nos estudos relativos ao aumento ou descida do nível. Erros graves podem estar sendo
introduzidos nos modelos os quais superam em muito as previsões de subida nas
diferentes escalas temporais assim sendo é importante estabelecer uma metodologia
precisa para servir de base para todos os estudos.
IMPACTO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA COSTA DO RS: FORÇANTES EXTERNAS E
CONTROLES INTERNOS
-As previsões de subida do nível de mar se confirmadas as taxas previstas pelo IPCC e
outros cientistas terão grande impacto nas costas expostas do RS. Particularmente , o
trabalho indica um forte controle da ante-praia (shoreface) na evolução costeira. Áreas
com perfil mais suave sofrerão um recuo mais acentuado da linha de costa em
contraposição a regiões onde a ante-praia apresenta maior declividade. Tal fato pode
alterar e mesmo inverter os padrões atuais de erosão costeira observados na costa do
RS.
Os estudos mostram a necessidade de se detalhar mais a morfologia e sedimentologia
bem como a herança geológica dos diversos setores costeiros uma vez que estas
33
características podem influenciar os padrões gerais determinados pelos modelos
evolutivos.
Outra questão abordada na discussão foi a necessidade de maiores estudo na variação
da direção de ondas que incidem na costa, pois as ondas moldam e modificam a linha
de costa com apenas mínimas variações de direção.
ADAPTAÇÃO DOS CORAIS A UM AMBIENTE COSTEIRO EXTREMO: EVIDÊNCIA DE
RESILIÊNCIA A UM OCEANO MAIS QUENTE E MAIS ÁCIDO?
Palestrante: David Sugget
Relatores: Zelinda M. A. N. Leão (UFBA), Ruy Kikuchi (UFBA)
Introdução. Entender como os corais irão responder a elevação da temperatura da superfície
do mar (TSM) e a acidificação do oceano (AO) como resultado do aumento da concentração
do CO2 atmosférico, é uma prioridade de pesquisa nos recifes de coral. Inúmeras
observações sugerem que estes fatores irão contribuir para o aumento da mortalidade dos
corais e, em conseqüência, diminuir a capacidade de formação dos recifes. Considerando a
dependência que milhões de pessoas no mundo têm dos recifes, os cientistas têm tentado
desenvolver “produtos” gerados através de dados de controle remoto para prever futuras
mudanças da TSM e AO. Infelizmente estes algoritmos apresentam dois tipos de falha: (i)
não fornecem aos gestores previsões significativas em longo prazo, e (ii) não levam em
consideração a ligação biológica-física. Esta segunda falha reflete uma evidência crescente
de que as populações e comunidades de corais possam ser resilientes (environmental factors
buffer against change) e resistentes (physiologically more tolerant) ao estresse, e os
algoritmos genéricos ligando as respostas biológicas (mortalidade) aos controladores físicos
(TSM e AO) não têm sido aplicados.
Objetivos. A palestra descreveu padrões recentes de resiliência e resistência dos corais e
como os paradigmas emergentes podem ser usados para gerar novos algoritmos baseados
em resiliência, focando como estas observações poderão ser aplicadas nos recifes do Brasil,
enfatizando sua importância na conservação destes recifes.
Resultados das pesquisas sobre efeitos do aumento da TSM e AO. Com relação ao aumento
da TSM, um exemplo recente no Arquipélago da Indonésia, onde foi observado, em 2010, o
maior aumento da TSM tanto em intensidade quanto em extensão geográfica, uma análise
34
histórica da TSM revelou que variação da amplitude da TSM, i.e., a variabilidade intrínseca a
qual os corais estão adaptados, está ligada à extensão a qual os corais branqueados morrem.
Assim, nos recifes com maior variabilidade intrínseca da TSM, haverá menos mortalidade. A
mortalidade dos corais é dependente também da intensidade de luz. Observações têm
mostrado que recifes em locais com águas menos claras (> valor de Kd, coeficiente de
difusão) devido à ressuspensão de sedimento, têm amenizado o sistema contra o estresse
térmico. Estas observações podem ser aplicadas aos recifes brasileiros, os quais claramente
apresentam uma resiliência natural (águas turvas) com potencial de resistência às variações
de TSM. A elaboração de “mapas” de resiliência considerando a natureza dessas variáveis
será um meio mais efetivo para os gestores investirem recursos na conservação de áreas
recifais críticas. E os recifes do Brasil poderão oferecer um modelo importante para testar
tais mapas.
Com relação a como os corais irão responder à AO, é um problema mais complicado e muito
mais antigo que o aumento da TSM. Estudos recentes têm demonstrado que em resposta à
AO, os corais irão calcificar mais lentamente ou até apresentar dissolução do seu esqueleto,
porém o uso de diferentes metodologias e/ou de espécies tem apresentado dificuldade em
se fazer previsões de como as comunidades recifais irão responder à AO. O desenvolvimento
de uma nova abordagem para medir o CO2 da água do mar, pode produzir meios de
sobrepor às inconsistências metodológicas e melhor controlar a manipulação da química do
carbono. E esta abordagem tem sido aplicada para avaliar o papel da luz em moderar a
resposta dos corais à AO. Testes realizados com espécies de coral têm demonstrado que a
intensidade elevada de luz parece reduzir a extensão a qual a AO decresce a calcificação,
sugerindo que a perda no crescimento do coral induzida pela AO vai depender do clima da
luz subaquática. Como isto se estende aos recifes do Brasil é ainda um fator desconhecido.
Pesquisas estão em desenvolvimento usando estes sensores para avaliar se as condições do
ambiente recifal brasileiro também se estendem aos índices de CO2/pH, tornando-os
resilientes/resistente à AO.
IMPACTOS DAS ALTERAÇÕES GLOBAIS NA PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA DAS ZONAS
INTERTIDAIS ESTUARINAS
Palestrante: João Serôdio (Universidade de Alveiro, Portugal)
Relator: Paulo A. Horta (UFSC), Áurea Maria Ciotti (USP)
35
Apresentação centrada na produção primária de estuários, focando o microfitobentos.
A palestra foi divida em duas partes. Na primeira, Serôdio introduz o problema da
produção primaria estuarina e impactos de mudanças climáticas, focando no micro-
fitobentos de sedimentos não consolidados. Apresenta os estudos feitos com grupos
de diatomáceas e indaga que esse campo de pesquisa tem se expandido rapidamente,
sendo as principais razões os efeitos que esses organismos exercem na coesividade dos
sedimentos (que tem implicações na erosão e porque podem ser os principais
produtores primários em regiões estuarinas aonde as marés são importantes. Os
experimentos mostram que esse grupo é extremamente tolerante aos efeitos de
irradiancia, tanto por ajustes fisiológicos como comportamentais.
Na segunda parte da palestra, Serodio mostra resultados recentes de seu grupo de
pesquisa, e as abordagens experimentais em andamento. Mostrou estudos regionais
em Aveiro, que registra elevações de nível do mar da ordem de 1mm por ano, e que
impõem mudanças importantes na salinidade e granulometria. Seu grupo tem
observado mudanças na comunidade de micro-fitobentos, e os programas atuais
procuram defender a hipótese de que essas alterações serão seguidas de uma
diminuição na produtividade primária do ambiente. Todavia, existem evidências de
que as comunidades possam vir a ser recuperar rapidamente aos efeitos da erosão.
As diatomáceas bentônicas formam microfilmes sobre o sedimento, formando o
“jardim secreto das diatomáceas”. Estes organismos são recentes do ponto de vista
evolutivo, destacando-se que algums movimentos resultam de processos ativados pela
luz. Durante esse movimento estes organismos secretam polissacarídeos, substâncias
muscilaginosas que promovem sedimento mais agregados, minimizando processos
erosivos. O pesquisador destacou que as diatomáceas em geral são responsáveis pela
fixação de 1/5 do CO2 atmosférico. Apesar de serem microorganismos, sua produção
primária pode superar a produção primária de ambientes terrestres. Destacou que
dentre os fatores relacionados com as mudanças climáticas, UV e hidrodinâmicas são
de maior relevância se tratando de organismos que ocupam a região entre marés de
fundos não consolidados. Estes ambientes por estarem submetidos a grandes
variações ambientais próprias de seus ambientes, sendo possivelmente naturalmente
resistentes a variações relacionados às mudanças climáticas. Apresentando do pH no
microfitobentos, evidenciou variações ao redor de 9-6. Estes organismos apresentam
36
uma série de mecanismos de reparo de danos causados por valores muito elevados de
luz. Estes organismos apresentam mecanismos muito eficientes de dissipação de
energia. Estes mecanismos podem ser quantificados através da análise de parâmetros
relacionados com a fluorescência. Dessa forma as diatomáceas são mais eficientes na
sua proteção que plantas, entre outros organismos fotossintetizantes oceânicos.
Resultados em biofilmes intactos, estudos que representam ambientes naturais, pois
estas células podem “fugir” da irradiação UV. Considerando que esta migração pode
apresentar ciclo diário, a caracterização, quali e quantitativa deve prever que estes
organismos tem este tipo de movimento. O efeito da adição UV e dependente da
espécie. A idéia inicial de que o pH tem baixa importância na biologia das diatomáceas
do perifiton, deve ser considerada com cautela uma vez que o efeito combinado deste
fator com fatores como a herbivoria, que é alterada quando se altera o pH. A
utilização de inibidores de migração, com a utilização de fluorômetros de imagens
testes mais eficientes podem ser realizados. Passando para a avaliação de estuários e
os impactos relacionados à elevação do nível do mar. O aumento do nível médio do
mar levará à variações na salinidade e no processo de sedimentação, levando à menor
penetração de luz no sedimento. Modificações na salinidade e na granulometria do
sedimento levou ao desaparecimento de gramas marinhas nos últimos 50 anos. Esta
alteração na qualidade do sedimento pode levar a uma redução na produtividade
primária do estuário uma vez que sedimentos finos apresentam maior abundância de
organismos microfitobênticos em relação a sedimentos mais grossos. Entretanto, estes
organismos apresentam grande capacidade de sobreviver enterrados, o que pode
representar uma capacidade particular de sobreviver a eventos extremos. Existe
necessidade de se promover observação de longa duração, estruturando equipes para
o monitoramento de diferentes parâmetros físicos, químicos e biológicos.
Foi uma palestra muito didática e ilustrou um campo de pesquisa ainda pouco
desenvolvido no Brasil e que deve se melhor explorado. As abordagens experimentais
seriam facilmente aplicáveis.
ECOSSISTEMAS BENTÔNICOS E MUDANÇAS CLIMÁTICAS: ESTRATÉGIAS DE PESQUISA
Mesa Redonda coordenada por: Alexander Turra
37
Palestrantes: Zelinda Leão (UFBA), Ruy Kikuchi (UFBA), Paulo Antunes Horta (UFSC),
Carlos A. Silva (UFF), Alexander Turra (USP)
Relatores: Márcia Regina Denadai (USP)
O BRANQUEAMENTO DE CORAIS E AS ANOMALIAS TÉRMICAS NA COSTA DA BAHIA
NOS ÚLTIMOS DEZ ANOS
O aquecimento global tem sido considerado a principal ameaça aos recifes de coral,
devido o aumento da severidade e da frequência dos eventos de branqueamento e a
consequente mortalidade dos corais. Vários exemplos têm demonstrado que o
branqueamento, em grande escala, tem ocorrido associado a fenômenos ambientais
extremos, particularmente a elevação da temperatura das águas oceânicas e o
aumento das radiações solares. A incidência e a severidade do branqueamento podem
provocar mudanças na estrutura da comunidade coralina, com respeito à sua
biodiversidade, reprodução, diminuição da extensão linear e redução da taxa de
calcificação do esqueleto dos corais e, consequentemente, da manutenção e do
desenvolvimento do recife. Corais branqueados nos recifes do Brasil foram observados
desde a década de 1980, entretanto somente a partir dos anos de 1990, começaram a
surgir os primeiros registros de branqueamento de corais no Brasil, coincidentes com
ocorrências de anomalias térmicas. Os eventos mais fortes ocorreram durante os
períodos do verão de 1997/98, 2002/03, 2004/05 e 2009/10, quando temperaturas
elevadas das águas oceânicas coincidiram com os anos de El Niño, com registros de
anomalias térmicas de até 1oC em toda a costa do estado da Bahia. O branqueamento
de 2010 foi o evento de maior extensão registrado. Embora os percentuais de colônias
branqueadas nos recifes do Brasil em alguns casos tenham sido relativamente altos (>
50%), até o momento não foi observada mortalidade em massa de corais. Seria isto
uma indicação que esses corais já estejam adaptados a essas variações ambientais?
Para os corais que sobrevivem ao branqueamento, as variações da temperatura da
água do mar podem se tornar um potencial para sua aclimatação ou adaptação e,
assim, eles irão apresentar uma maior resistência ao atual cenário de aquecimento
global. Já para as espécies que apresentam uma maior susceptibilidade às variações da
temperatura da água e têm ocorrência mais baixa, pode aumentar a chance de sua
extinção regional.
38
PROGNÓSTICO DA SEVERIDADE DO BRANQUEAMENTO DE CORAIS NUM ATLÂNTICO
SUL MAIS QUENTE
Eventos severos de branqueamento de corais na costa brasileira têm ocorrido com
frequência nos últimos vinte anos. Relatos publicados a partir da década de 90 tratam
de ocorrências na costa sudeste e leste, e mais recentemente também na costa
nordeste. Globalmente, a recorrência desses eventos intensos têm aumentado nos
últimos 30 anos e a sua relação com anomalias térmicas da água do mar (ATSM) está
bem estabelecida. Dados do modelo climático global HadCM3 (obtidos através do
CPTEC/INPE) indicam que a frequência de ATSM aumentará nos próximos 60 anos na
região estudada (18 ̊S a 0 ̊S). Foram utilizados quatro membros que contemplam as
incertezas das projeções do cenário de emissões A1B. A relação estabelecida entre
anomalias térmicas e a frequência conhecida de colônias de corais branqueados nos
recifes da costa leste brasileira, nos eventos dos últimos 20 anos, categorizada em
quatro níveis de severidade (baixa, intermediária, alta e muito alta), permitiu criar-se
um modelo preditivo de branqueamento da região. O modelo prevê um crescimento
na recorrência de eventos muito severos de branqueamento nos próximos 60 anos,
com um evento de alta severidade a cada 10 anos entre 2011-2040, e até um evento
muito severo a cada cinco anos no intervalo de 2041 a 2070, no Extremo Sul da Bahia
(18-16 ̊S). Esse recrudescimento aumenta para norte, onde porção entre 13-12 ̊S
(Norte da Bahia) o maior aumento ocorrerá nos próximos 30 anos, quando se espera a
recorrência de eventos de muito alta severidade a cada 3 anos, aproximadamente.
Entre 2041-70, prevê-se uma queda de até 50% na frequência de eventos de
branqueamento muito severo, que poderá se repetir uma vez a cada 5 anos. Na região
ao norte da desembocadura do rio São Francisco (11-0 ̊S) devem ocorrer cerca de 3
eventos muito severos por década, entre 2041 e 2070.
EFEITOS SINÉRGICOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DOS IMPACTOS DA
URBANIZAÇÃO: A ECOLOGIA E FISIOLOGIA DAS MACROALGAS COMO DESCRITORES
O presente trabalho descreve a resposta ecológica e fisiológica de diferentes
populações de macroalgas diante de variações sinérgicas de fatores relacionados com
as mudanças climáticas com impactos relacionados ao processo de urbanização das
39
regiões costeiras. As coletas foram realizadas em diferentes pontos do litoral
brasileiro, durante diferentes períodos de 2008 a 2011. Na caracterização descritiva
foram selecionados costões rochosos em praias urbanizadas ou não. Na abordagem
experimental foram transplantados entre locais com diferentes intensidades de
impactos antrópicos população k e r estrategistas. Procedimentos semelhantes foram
realizados em laboratório, expondo estas algas a diferentes intensidades de luz,
temperatura, nutrientes e poluentes diversos e graus de salinidade. Os testes de
significância realizados a partir dos dados ecológicos descritivos indicaram que a
riqueza de espécies, a diversidade de Shannon-Wiener e a equitabilidade de Pielou
foram superiores nas praias preservadas quando comparadas às praias urbanizadas.
De maneira geral, tanto os transplantes quanto as incubações em laboratório em
condições extremas reduziram quali ou quantitativamente o desempenho fisiológico
dos diferentes modelos utilizados. A redução no pH da água concomitante com a
elevação de nutrientes inorgânicos dissolvidos, resultou em uma redução da taxa de
transporte de elétrons, assim como dos demais descritores da fotossíntese derivados
da análise da fluorometria, em diferentes espécies de macroalgas. Portanto, os
impactos antrópicos agindo de maneira sinérgica com as variações de parâmetros
relacionados com as mudanças climáticas globais comprometem o desempenho
fisiológico e consequentemente alteram diferentes aspectos da diversidade biológica,
reforçando a demanda por ações de mitigação destes impactos sobre os ambientes
costeiros.
O PAPEL DA FLORESTA DE MANGUEZAL NA CAPTURA DE CARBONO (CARBONO AZUL):
APA DE GUAPIMIRIM/RJ
A floresta de manguezal remove o CO2 da atmosfera via atividade fotossintética e
retorna certa quantidade desse gás para atmosfera através da atividade respiratória e
da oxidação da matéria orgânica morta. O estoque da matéria orgânica remanescente
na floresta ocorre nos tecidos das plantas (biomassa aérea e subterrânea) e no
sedimento. Esse carbono capturado pelas árvores de mangue e pelo sedimento de
mangue, os quais sofrem influência do oceano, é denominado de carbono azul (“Blue
Carbon”). Parte do CO2 removido pode ser inserida na hidrodinâmica estuarina na
forma de macrodetritos (i.é., folhas) e/ou na forma de matéria orgânica dissolvida.
40
Essas formas de CO2 podem sofrer diferentes processos biogeoquímicos ao longo da
calha estuarina, os quais são pouco conhecidos. Apesar dos estuários representarem
pequenos corpos de água quando vistos de forma isolada, em relação ao oceano, estes
podem contribuir significativamente na liberação ou na retirada do dióxido de carbono
(CO2) da atmosfera. Cada estuário deve ser considerado como parte do ciclo do
carbono. O CO2 através da atmosfera chega até as águas, as plantas e nos tecidos
animais. Finalizando, o entendimento das variáveis temperatura, salinidade, pH, AT e
DIC, envolvendo o CO2 inorgânico dissolvido nas valetas dentro da floresta de
manguezal é um importante passo para a compreensão dos processos de seqüestro e
liberação do CO2 do sistema estuarino da APA de Guapimirim e o começo de uma
importante contribuição para entender o papel do sistema estuarino no seqüestro do
CO2.
REDE DE MONITORAMENTO DE HABITATS BENTÔNICOS COSTEIROS (REBENTOS):
HISTÓRICO E ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO
A criação e a implementação da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos
Costeiros (ReBentos) deu-se a partir do I Workshop da Sub-Rede Zonas Costeiras (Rede
Clima, MCT; Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas,
INCT-MC) com o intuito de detectar os efeitos das mudanças ambientais regionais e
globais sobre a biodiversidade desses ambientes, dando início a uma série histórica de
dados ao longo da costa brasileira. Corresponde a um processo de indução de estudos
em rede focados na biodiversidade de habitats bentônicos e estrutura- se com base
em uma coordenação geral e seis projetos definidos pelos habitats abrangidos: Praias
arenosas e estuarinas, Recifes e costões rochosos, Fundos inconsolidados vegetados,
Fundos inconsolidados não vegetados, Manguezais e marismas e Educação ambiental.
A ReBentos integra o Programa SisBiota Brasil (CNPq/FAPESP), com recursos para
articulação e fortalecimento da rede (workshops) e para o início dos trabalhos de
campo. Fontes adicionais de recursos estão sendo buscadas para a estruturação e o
fortalecimento das equipes e dos laboratórios participantes. Os trabalhos foram
iniciados em janeiro de 2011 com a divulgação da proposta na comunidade científica,
processo que culminou com a realização do I Workshop da ReBentos, realizado entre
28 e 29 de julho de 2011, em Arraial do Cabo, RJ, durante o IX Encontro de
41
Bioincrustação, Ecologia Bêntica e Biocorrosão. Até o momento a ReBentos conta com
cerca de 80 pesquisadores participantes de mais de 25 instituições representando
quase todos estados costeiros brasileiros. Foi criado um portal interativo com intranet
(www.rebentos.org) que será o local de convergência de comunicados, documentos,
referências e discussões. Por ocasião do II Workshop da ReBentos há as seguintes
etapas a serem cumpridas: (1) consolidação das sínteses do estado do conhecimento
de cada habitat e (2) definições metodológicas para início das séries temporais a partir
do início de 2012.
DISCUSSÃO
O Prof. Mario Soares, da UERJ, fez uma explanação sobre a lacuna existente na
compartimentalização de sequestro de carbono pela vegetação de manguezal,
mencionada na apresentação do Prof. Carlos Augusto Silva, dizendo que já existem
modelos para a Baixada Santista, Sergipe e Rio de Janeiro. Existe, inclusive, uma série
temporal de sequestro pela biomassa com séries amostrais na floresta do Rio de
Janeiro. O Prof. Mário sugere que o caso é o de não duplicar, mas sim de integrar os
estudos existentes.
O Prof. Carlos Augusto Silva explicou que a grande lacuna existe somente em termos
de estoques e processos. Por exemplo, não se conhece as trocas de carbono no
sedimento e entre níveis de marés, nem sobre os estoques de metais pesados e como
esses estoques respondem.
A Prof. Flávia Mochel, da UFMA, formulou duas perguntas. A primeira, destinada ao
Prof. Ruy Kikuchi, diz respeito a frequência amostral pelo projeto exposto no Parque
Estadual Marinho do Maranhão.
O Prof. Ruy esclareceu que séries amostrais foram feitas somente na costa da Bahia.
Para o Maranhão foram registradas apenas anomalias térmicas, obtidas através de
extrapolações pelo modelo.
A segunda pergunta da Prof. Flávia Mochel, destinada ao Prof. Carlos Augusto Silva,
trata da existência de uma tabela de equivalência para os diferentes métodos de
medição de pH.
42
O Prof. Carlos Silva disse que existem medições com diferentes objetivos e que a
precisão apenas se faz necessária quando o objetivo for testar o equilíbrio. É possível a
conversão, mas o problema em si está na precisão da medição.
A Prof. Monica Dorigo Correia, da UFAL, questionou o Prof. Ruy Kikuchi sobre a
possibilidade da contaminação orgânica de cidades que crescem muito e não tratam
seu esgoto, como é o caso de Maceió, provocar o branqueamento dos corais, devido à
mudança do pH da água.
O Prof. Ruy esclareceu que nos locais onde verificou o branqueamento não há
urbanização próxima, e portanto descartou a influência urbana. Seu foco de estudo
tem sido explicar os eventos do branqueamento ligados à temperatura ou anomalias
térmicas. Como as anomalias podem ser utilizadas para previsões futuras, é possível
incluir medidas de poluição, como coliformes fecais.
Ainda sobre esse tema, a Prof. Zelinda complementou que um estudo mediu
coliformes em Guarajuba e não encontrou diferença entre períodos com e sem
saneamento. A Prof. Zelinda disse ainda não ter encontrado uma relação entre
poluição e branqueamento.
O Prof. Paulo Horta colocou que é importante tentar entender as partes antes de
afirmar quais os fatores que influenciam, inclusive a ocupação humana. O problema é
a falta de áreas pristinas que possibilitem tais confirmações.
A Prof. Cecilia Amaral quis saber sobre como se dá o desenvolvimento dos corais
branqueados nos locais estudados pela Prof. Zelinda. Há um controle das condições
climáticas em relação ao crescimento?
A Prof. Zelinda percebeu que há uma rápida recuperação e que os corais estão
sobrevivendo e crescendo.
O Prof. Carlos Augusto Silva colocou uma importante recomendação, ou seja, de que
haja padronização dentro do protocolo internacional para a medida de pH em
ambientes marinhos e de água doce, uma vez que há grandes problemas em relação à
medida de pH, que é muito simples.
O coordenador da mesa, Prof. Alexander Turra, fez uma colocação de que as
discussões da mesa seguiram uma interessante lógica. Os Profs. Zelinda e Ruy
mostraram um prognóstico interessante sobre o branqueamento de corais e, como o
trabalho com questões de mudanças climáticas ainda estão se iniciando, é preciso ter
43
clareza de quais são os organismos chave a serem utilizados. Outro ponto colocado
pelo Prof. Alexander foi a questão do estudo em escala global ou regional, dizendo ser
preciso se acertar quanto a esse critério. Isso reforça a importância da existência de
uma rede, como a ReBentos, constituída por pesquisadores que normalmente não se
preocupavam com as mudanças climáticas em suas pesquisas.
OS IMPACTOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA ECONOMIA DA PESCA
Palestrante: Ussif Rashid Sumaila (University of Vancouver, Canada)
Relatora: Patrizia R. Abdallah (FURG)
O palestrante apresentou o tema da palestra, citando ser uma temática em que vem
trabalhando atualmente, junto com os pesquisadores William Cheung e Vicky Lam.
Iniciou relatando a pesca como um setor importante no contexto de vida das pessoas,
sendo o peixe um recurso básicopara muitas das atividades produtivas (como atividade
da pesca, aquicultura, indústrias de processamento do pescado, pesca recreativa,
turismo, etc.).
Ao relatar o valor da pesca no mundo - o valor global, mostrou que a receita bruta de
captura mundial está em torno de 80 a 85 bilhões de dólares ao ano (relatórios da
FAO), e o impacto desta atividade econômica na economia global é representado pela
adição de quantiasentre 220 dólares e 235 bilhões de dólares americanos. Estes dados
de valores foram publicados pela FAO e em artigo próprio do palestrante.
A pesca também tem papel importante como alimento saudável, fornecedor de
proteínas, minerais, nutrientes, etc.. Fornece a 3 bilhões de pessoas até 15% da dieta
de proteína animal. E para países de baixa renda, com déficits de alimentos (LIFDCs), a
contribuição da proteína do peixe no consumo de proteína animal total é de até
18,5%.
Ressaltou que, mesmo sem usar o argumento das mudanças climáticas para explicar
efeitos sobre pesca, esta atividade está sendo afetada pela tendência de declínio de
espécies economicamente importantes (caso do atum – bluefin tuna, lingcod, mostrou
redução dramática de cod- Newfoundland). Neste mesmo contexto, relatou que está
sendo observado uma elevação da captura e esforço de pesca no mundo (dados da
FAO).
44
Diante dos pontos levantados, relatou o número de 800 milhões de pessoas
subnutridas por ano. Análises mostram que eliminando a sobrepesca, resguardando a
pesca sustentada, cria-se oferta potencial de alimentos para suprir esta desnutrição,
abastecendo algo em torno de 19 milhões de pessoas nas nações mais subnutridas do
mundo (como Liberia, Sri Lanka, Grenada, Guatemada).
Introduzindo o tema de mudanças climáticas, iniciou relatando que a produtividade e a
distribuição da biomassa de pescados nos oceanos (ao redor do mundo) serão
afetadas pelas mudanças climáticas. Pontos específicos foram ressaltados, detalhando
esta frase, como as mudanças na produtividade primária, mortalidades e stress
psicológicos causados pelas alterações de oxigênio na água em zonas específicas, a
acidificação dos oceanos afetando a calcificação, entre outros processos de alteração
na vida dos estoques.
Relatou um artigo (Sumaila et al. 2011. in press: Nature ClimateChange) em que relata
a sequencia de impactos sobre a sociedade a partir das mudanças climáticas, onde
alterações físicas (modificações atmosféricas dos oceanos) geram impactos nas
variáveis biológicas (pescados) que por sua vez, impactam a sociedade. Ressaltou que
mudanças climáticas de longo prazo e acidificação nos oceanos impactam a
biodiversidade e a pesca. Ao mostrar esta análise, caracterizou que países situados em
latitude alta terão impactos diferenciados de países situados em latitude baixa.
Mostrou um cenário para 2050, com hipótese de alta escala na emissão dos gases
efeito estufa, que modificaa distribuição das espécies, com modificações na invasão
das espécies em diferentes regiões. Neste cenário, ressaltou taxas elevadas de invasão
de espécies no Ártico e Southern Ocean.
Na apresentação de impactos de mudanças climáticas sobre a pesca, ressaltou que
estas mudanças impactarão o bem-estar das pessoas de várias formas, afetando o
nível de capturas, a segurança alimentar, os valores das capturas desembarcadas, o
custo da pesca, a lucratividade das indústrias de pesca, a receitas dos pescadores, a
renda econômica dos proprietário dos recursos, a distribuição dos lucros para
diferentes países, regiões e grupos.
Expôs uma abordagem de impactos, em que esteve trabalhando usando um Modelo
Envelope de Dinâmica Bioclimática, onde organizou a abordagem dos processos
baseados em mudanças climáticas e adicificação dos oceanos e projeções a partir
45
destes modelos gerais de projeção. Apresentou brevemente o método, que a partir
das projeções de mudanças climáticas, estaria predizendo a distribuição futura das
espécies, e a composição destas espécies em cada ZEE, a captura potencial e o volume
de desembarque, ressaltando as projeções econômicas desta atividade.
A partir de então, mostrou gráficos de projeções para 2050 em cada ZEE, de mudanças
nos valores e volumes desembarcados, na renda econômica em cada país considerado
pesqueiro, entre outros detalhamentos. Numa abordagem mais específica, mostrou o
resultado do modelo para a ZEE Mexicana usando dois cenários de mudanças
climáticas do IPCC, um cenário médio e outro severo quanto aos impactos climáticos.
Esses resultados completos estão para ser publicados e poderão ser encontrados em
Lam, Cheung and Sumaila (in press, www.fisheriescentre.ubc.ca/feru).
Finalizando sua apresentação, Rashid Sumaila resumiu que a pesca é importante sim
para o povo ao redor do mundo; mesmo sem ressaltar os impactos de mudanças
climáticas, as pescarias no mundo já estão em condições difíceis, lidando com
problemas de pesca não sustentável. Adicionando o tema mudança climática no
contexto da pesca, os problemas serão de fato incrementados, em dimensão
relevante, tanto em termos da sustentabilidade do recurso, como da sustentabilidade
socioeconômica.
DIMENSÃO HUMANA DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Mesa Redonda coordenada por: Paulo da Cunha Lana
Palestrantes: Roberto Luiz do Carmo (UNICAMP), Patrizia R. Abdallah (FURG), Paulo C.
Lana (UFPR)
Relator: Eduardo Tavares Paes (UFPA)
URBANIZAÇÃO, RISCOS E VULNERABILIDADES ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS:
CARACTERIZAÇÃO DA POPULAÇÃO RESIDENTE NA ZONA COSTEIRA DO BRASIL
A primeira palestra deve por objetivo central apresentar um conjunto
características da população que habita a faixa litorânea brasileira, evidenciando a
exposição a riscos que se tornam mais significativos em termos de futuro, como a
elevação do nível do mar, assim como as vulnerabilidades sociais que se configuram
nesse contexto. Considerando os riscos ambientais decorrentes das mudanças
46
climáticas em populações urbanas é necessário identificar e definir a dinâmica das
populações mais vulneráveis. A definição das escalas espaciais e temporais é
fundamental para a definição dos riscos ambientais tais como inundações,
deslizamentos de terreno e elevação do Nível do Mar. Utilizando a definição de
municípios costeiros do IBGE o Brasil atualmente (2010) possui 45 milhões de
habitantes na região costeira, sendo que em 1990 possuía 34 milhões. Essa definição
deve ser ampliada para incluir grandes metrópoles (Exemplo São Paulo - Capital) que
possuem grande impacto na região costeira. As características gerais das populações
com relação aos riscos ambientais na zona costeira do Estado de São Paulo são: Riscos
à inundações: renda e escolaridade baixa, maioria dos domicílios são próprios e
ocorrem grande concentração de pessoas. Riscos de deslizamentos: renda e
escolaridade muito baixas, grande maioria dos domicílios são próprios e localizados em
setores subnormais (favelas). Riscos à elevação do nível do mar: renda e escolaridade
maiores, pequena proporção da população notável quantidade de domicílios cedidos
pelo empregador. Essa metodologia, utilizada para o estudo de vulnerabilidades
ambientais na zona costeira do estado de São Paulo, deve ser aperfeiçoada e aplicada
em regiões representativas, com grandes aglomerados populacionais, ao longo do
litoral brasileiro.
EFEITOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA PESCA ARTESANAL DO EXTREMO SUL DO
BRASIL E IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS SOBRE AS COMUNIDADES PESQUEIRAS
Por outro lado, a segunda palestra chamou a atenção de que, devido a
conjunção de fatores, tais como excesso de chuvas e pesca ilegal, que pescadores
artesanais tornam-se mais vulneráveis e menos capazes de adaptar-se às incertezas. A
partir destes entendimentos e de reuniões e encontros com grupos da pesca e
tomadores de decisão, podem ser construídos instrumentos de suporte à tomada de
decisão relacionados a esta problemática. As populações de pescadores artesanais das
zonas costeiras constituem a parcela da sociedade em ambiente rural com maiores
riscos. Nesse sentido, as respostas correntes que as comunidades pesqueiras vem
adotando durante as ultimas décadas parta lidar com as transformações ambientais
podem servir como proxies para se entender suas estratégias futuras face às mudanças
climáticas projetadas.
47
A VULNERABILIDADE DE PESCADORES ARTESANAIS DO LITORAL SUL DO BRASIL: O
PAPEL DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA
DETERMINAÇÃO DE SUAS ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO
O terceiro tema abordado tratou de descrever os elementos que compõem
atualmente a vulnerabilidade às mudanças climáticas de pescadores artesanais do
litoral norte do Paraná, sul do Brasil, avaliando as diferenças entre vilas pesqueiras e as
estratégias de adaptação aplicadas no passado, no presente e cogitadas para o futuro
para lidar com as variações nos estoques pesqueiros; bem como, avaliar como
características sociais, econômicas e políticas, incluindo a presença das unidades de
conservação, afetam a escolha dessas estratégias, sua viabilidade e sua eficácia para
reduzir a vulnerabilidade. Estudos em comunidades de pescadores da região norte da
Baia de Paranaguá, revelaram que as comunidades que dependem mais da pesca e
especialmente os que dependem mais dos manguezais, têm uma diversidade menor
de petrechos e de embarcações, o que os deixa com menor capacidade adaptativa
frente às mudanças. A proximidade com as Unidades de Conservação também
aumenta esta vulnerabilidade. A vulnerabilidade possivelmente varia mais dentro das
próprias vilas do que entre elas. As Unidades de Conservação Ambiental do litoral
Brasileiro como são implementadas estão aumentando as vulnerabilidades
socioambientais ao invés de diminuí-las.
48
II WORKSHOP DA REDE DE MONITORAMENTO DE HABITATS BENTÔNICOS
COSTEIROS (REBENTOS)
Coordenador Geral: Alexander Turra (USP)
Coordenadores dos Grupos Temáticos: Maria Cecília Z. Amaral (UNICAMP), Yara
Shaeffer Novelli (USP), Angelo Fraga Bernadino (UFES), Ricardo Coutinho (IEAPM),
Margareth Copertino (FURG) e Flávio Berchez (USP)
Relatoras: Márcia Regina Denadai (USP) e Marianna de Oliveira Lanari (FURG)
RELATO GERAL
As atividades do II Workshop da ReBentos ocorreram durante o II Workshop Brasileiro
de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras, nos dias 07 a 09 de novembro de 2011.
No dia 07 de novembro a coordenação se reuniu para tratar sobre como seria a
dinâmica do workshop nos dias subsequentes. Estavam presentes o coordenador
geral, Prof. Alexander Turra, os coordenadores temáticos Prof. Ricardo Coutinho, Prof.
Cecilia Amaral, Prof. Yara Schaeffer Novelli, Prof. Ângelo Fraga Bernardino, Prof.
Margareth Copertino e Prof. FlávioBerchez, as bolsistas Dra. Márcia Denadai, MsC.
Luciana Erika Yaginuma, MsC. Marianna Lanari, MsC. Larisse Faroni Perez, além de
convidados. Os pontos tratados nesta reunião foram: Reunião de Avaliação do
SisBiota, homepage da ReBentos (desing do site, atualizações, acessibilidade), logotipo
da ReBentos e definição dos nomes definitovos dos grupos de trabalho. O Prof. Ruy
Kikuchi comentou sobre a possibilidade de interação com o Banco de Dados do PELD,
no entanto será preciso checar se há restrições por parte do CNPq (SisBiota – SinBiota).
Os pesquisadores deverão inserir no site o banco de referências, após inclusão no
Mendeley, no formato PDF. Esse procedimento não fere os direitos autorais, visto que
o acesso será restrito aos pesquisadores da ReBentos e não público. Os nomes
definitivos dos GT´s são:
(1) Praias
(2) Recifes e Costões
(3) Fundos Submersos Vegetados
(4) Estuários
(5) Manguezais e Marismas
49
(6) Educação Ambiental
Por fim, discutiu-se sobre o Termo de Referência (TdR) preparado pelo coordenador da
ReBentos para o Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Foi colocada a necessidade
de que haja redes de monitoramento de elevação do nível do mar, além de outras
informações. É preciso que sejam listados os equipamentos necessários, com custos.
Uma forte recomendação feita foi de que haja subsídios de pesquisadores da área
física e geológica, uma vez que a ReBentos são usuários dos dados/informações
geradas por essas áreas do conhecimento. Discutiu-se sobre considerar apenas séries
temporais de dados sobre a diversidade nos diferentes habitats. O Prof. Paulo Lana
sugeriu que os modelos preditivos não sejam retirados e sugeriu também o uso do
caranguejo Ucides cordatus como indicador de mudanças globais e que teremos que
ter pessoal capacitado para fazer os modelos. Foi sugerido que seja trazido um
especialista da Austrália, no entanto, julgou-se desnecessário, pois há pesquisadores
brasileiros que podem fazer os modelos. A modelagem deverá ser vista como o objeto
do projeto e será tratada como um tema transversal a todos os grupos.
O Termo de Referência objetiva que cada pesquisador envie seu projeto, vinculado ou
não a ReBentos. O desafio é sair da zona de conforto para trabalhar
interdisciplinarmente por um objetivo comum. Assim, é necessário que o grupo tenha
uma hipótese única, voltada para as mudanças climáticas. Foi dito que o mérito da
ReBentos é o de estabelecer um protocolo mínimo de monitoramento e que somente
isso já responde quais os efeitos das mudanças climáticas e possibilita a construção de
modelos preditivos. É preciso monitorar para sempre, com foco em indicadores
simples e fáceis de monitorar. Decidiu-se pela manutenção do uso de mesocosmos,
para a realização de experimentos por grupos que já o fazem.
Com relação à inclusão, no TdR, de fomento para aumentar o número de museus e
coleções científicas, julgou-se não estratégico. O uso de áreas de convergência
mostrou-se favorável, visto a otimização de recursos e pessoal. O apoio das Unidades
de Conservação também foi julgada favorável, visto o apoio logístico, por serem áreas
de referência, pelos seus planos de manejo e por possíveis fontes de recursos
adicionais. Os pesquisadores ainda possuem total autonomia para buscarem recursos
adicionais em seus estados através das FAPs. Discutiu-se a possibilidade de que os
R$30 mil destinados às atividades de campo de cada projeto sejam transpostos para a
50
realização de reuniões de trabalho de cada grupo para as discussões e definições
metodológicas. Pensou-se também em grupo que se desloca, como uma força-tarefa,
para a padronização da metodologia nas diferentes regiões da costa. Assim, definindo
um protocolo unificado e também quais serão as áreas de estudo. Com relação ao
refinamento taxonômico, definiu-se que nem todos os grupos seguirão o mesmo
protocolo e que isso será aceitável. Comentou-se também sobre a possibilidade de
monitoramento de organismos em diferentes escalas temporais: monitoramento
simples (semanal) ou monitoramento complexo (semestral). Nesse caso, será
necessária a contribuição da física, química e geologia para definições.
Nos dias 08 e 09 ocorreram as apresentações pelos Grupos de Trabalho, seguidas de
discussões com a participação de todos os pesquisadores da ReBentos.
GRUPO PRAIAS ARENOSAS (Coordenadora: Cecília Amaral)
- Relembrou resultados prévios apresentados no I Workshop da ReBentos realizado em
Arraial do Cabo (julho de 2011) relativos ao levantamento de estudos focados na
macro e meiofauna bentônica de praias arenosas;
- Grupo constituído por 49 participantes havendo, além da coordenação, a presença de
nucleadores nas distintas regiões;
- Para o monitoramento, amostragens seriam realizadas em locais chaves da costa, de
preferência onde já haja dados pretéritos. Mais do que isso, os locais de estudo devem
representar distintas condições ambientais;
- Amostragens serão realizadas em 3 zonas de entremarés utilizando-se um
Amostrador de 20 cm de diâmetro, enterrado a 20 cm do substrato arenoso.
- Nessas amostragens, a diversidade e distribuição espacial de organismos seriam
determinadas, além da utilização de espécies indicadoras da qualidade ambiental
definidas com base em estudos pretéritos;
- A obtenção de parâmetros abióticos também seria realizada de acordo com os
parâmetros listados na tabela de impactos/respostas/metodologias de mensuração
estruturada no Workshop anterior;
- O grupo já conta com projetos realizados do norte ao sul do Brasil, havendo também
o envio de propostas para editais universais de financiamento.
Principais questões levantadas após a apresentação:
51
- Periodicidade das amostragens. RESPOSTA: a idéia inicial são duas amostragens no
verão e duas no inverno, sendo a primeira no início e a segunda ao final de cada
estação.
- Eficiência do amostrador de 20 cm de diâmetro. RESPOSTA: embora a eficiência do
amostrador desse diâmetro possa variar de acordo com a região investigada, chamou-
se atenção para o fato de que o objetivo principal da rede não é a realização de
levantamentos faunísticos mas sim um monitoramento a longo prazo. Portanto, é
importante a consideração da morfodinâmica dos distintos locais a serem amostrados
e a adaptação da metodologia utilizada em termos de tamanho do amostrador,
número de réplicas, entre outros.
- Comentário de Alexander Turra: é importante a realização de medições com o menor
erro possível no intuito de favorecer a visualização das variações ocorrentes. Para isso,
é importante que cada um faça da melhor maneira possível porém dentro das suas
limitações de trabalho. É importante também a definição de locais estratégicos onde
haja a disponibilidade de dados interdisciplinares como, por exemplo, os parâmetros
abióticos. Para isso, é necessário o amadurecimento das hipóteses levantadas para
uma melhor definição da metodologia de estudo.
- Foi questionado como os parâmetros abióticos propostos seriam mensurados em
todos os locais, se haveria a adoção de estações fixas para obtenção dos dados. Além
disso, quais seriam os critérios utilizados para a escolha dos locais de monitoramento
(poluído e não-poluído?) e quantos locais seriam por estado. Chamou-se atenção
também para diferenças de conhecimento, experiência e acessibilidade dos locais
entre distintas regiões.
- Comentário Alexander Turra: a discussão aponta para a necessidade de uma
definição clara da hipótese de trabalho e do que se quer realmente avaliar.
- A coordenadora Cecília Amaral ressaltou a necessidade de uma abordagem mais
realista com a realização de amostragens piloto de curto prazo como preparação para
um monitoramento de longo prazo. É importante que não haja uma confusão de
objetivos e as questões investigadas devem se focar na pergunta estabelecida, isto é,
na hipótese de trabalho.
- Comentário Ricardo Coutinho: é importante ter em mente que não se pode depender
de financiamento obtido somente através de editais universais do CNPq uma vez que,
52
além de serem extremamente competitivos, as propostas do edital devem ter
objetivos e hipóteses de trabalho bem claro e definidos.
- Comentário Paulo Lana: no Brasil não há uma cultura científica de se trabalhar em
rede, há uma fragmentação de esforços. É importante que os trabalhos se iniciem aos
poucos com a execução de um protocolo rígido que possua diferentes níveis de rede
(“níveis de dificuldade”).
GRUPO COSTÕES E RECIFES DE CORAIS (Coordenador: Ricardo Coutinho)
- Breve resumo dos resultados apresentados durante o I Workshop em
Arraial do Cabo;
- Para recifes de corais já há uma metodologia de estudo bem estabelecida no país
pelo grupo de estudo da profª Zelinda Leão. Essa metodologia será adotada para o
estudo desse ambiente;
- Ressaltou-se a importância da definição de uma estratégia amostral para um
monitoramento contínuo e permanente em recifes de corais e costões rochosos
considerando-se impactos antropogênicos e oriundos das mudanças climáticas;
- Para o monitoramento, propôs-se o estabelecimento de faixas de zonação de acordo
com a distribuição dos organismos. Nessas faixas seria investigada a estrutura da
comunidade presente (determinação de parâmetros como abundância, riqueza, entre
outros). Cada participante irá estabelecer qual a melhor forma de avaliação;
- A definição dos locais de monitoramento terá como critério distintos parâmetros
ambientais (por exemplo, locais expostos e protegidos). Cada participante irá avaliar
como melhor se adequar;
- É importante o estabelecimento de locais de monitoramento com a maior
variabilidade possível assim como a inclusão de Unidades de Conservação, Fortes
(Marinha) e locais onde haja dados pretéritos;
- Para a realização do monitoramento, é importante a parceria com cursos de pós-
graduação e a realização de dissertações e teses com esse enfoque como uma maneira
de garantir a continuidade do estudo;
- No detalhamento da metodologia de estudo, chamou-se a atenção para a
importância da padronização, com uma metodologia mínima de esforço, e
consideração dos diferentes graus de acesso aos locais investigados;
53
- Foi proposta a utilização de pontos fixos para transectos, os quais seriam
georeferenciados, além da utilização de quadrados fixos. Para o monitoramento
desses, foram exemplificadas algumas metodologias já estabelecidas como a utilização
de fotos, distintos modos de estratificação, tamanhos de quadrado amostral utilizados,
entre outros;
- Concomitante ao monitoramento, haveria a obtenção de parâmetros ambientais
mínimos tais como temperatura da água e do ar, por exemplo. Ressaltou-se também a
necessidade de parceria com demais projetos científicos de outras áreas,
principalmente aqueles que pudessem auxiliar na obtenção de dados abióticos.
Principais questões levantadas após a apresentação:
- Como seriam considerados os distintos estratos da comunidade bentônica de costões
rochosos. RESPOSTA: a consideração dos estratos dependeria do objetivo do trabalho.
- Foi questionada a possibilidade dos locais de monitoramento da ReBentos estarem
próximos aos pontos de monitoramento da Rede CLIMA como forma de facilitar a
obtenção de dados abióticos. No entanto, chamou-se a atenção de que isso não seria
garantia de obtenção de dados. Ressaltou-se também a existência de bancos de dados,
tanto nacionais como internacionais, que poderiam disponibilizar informações sobre
parâmetros abióticos (deu-se como exemplo a Agência Nacional de Águas a qual
disponibiliza dados de precipitação para o território brasileiro).
- Foi frisada a importância da proposta de um protocolo mínimo de amostragem para o
início do monitoramento, independente do grupo de estudo.
GRUPO ESTUÁRIOS (Coordenador: Angelo Bernardino)
- Foi proposta a utilização de modelos conceituais climáticos para a elaboração de
hipóteses relativas às mudanças climáticas;
- Na avaliação dos modelos de cenários climáticos, foram utilizados aqueles propostos
por Marengo e colaboradores (2010) os quais estão relacionados a alterações na
pluviosidade média, temperatura do ar e demais mudanças atmosféricas. A proposta
demodelos desses autores baseou-se nos modelos gerados pelo IPCC;
- Para a realização do monitoramento, propôs-se o estabelecimento de quatro regiões
principais (N, NE, SE e S) com dois a três sítios de monitoramento em cada região. Para
54
a seleção dos sítios de monitoramento, seria importante monitorar Unidades de
Conservação e áreas pristinas;
- No monitoramento, será realizada uma setorização estuarina (principalmente no
setor euhalino, isto é, salinidade maior que 28) em quatro áreas: franja do bosque de
manguezal (faixa de 10m), marismas, franja do estuário e sublitoral raso (até 2m de
profundidade). As duas primeiras áreas compreenderiam áreas vegetadas e as duas
últimas áreas não vegetadas;
- Amostragens serão realizadas por estação ou estações secas/chuvosas, dependendo
do local de estudo, para coleta biológica (n=3). Esse seria o esforço amostral mínimo. A
avaliação do material biológico seria feita utilizando-se grupos principais de
organismos e seus índices de densidade, biomassa e razão de produção. Chamou-se a
atenção que, para o ambiente estuarino, a utilização de índices de produção é mais
eficiente do que índices de diversidade;
- Durante o monitoramento, os parâmetros abióticos mínimos a serem determinados
seriam: temperatura d´água, salinidade (esses dois últimos em periodicidade contínua
ou não), taxa de inundação e pluviosidade;
- Para o estabelecimento da rede de monitoramento, ressaltou-se a presença de
alguns desafios como a elaboração de hipóteses com modelos para resposta da fauna,
a consideração da heterogeneidade espacial dos locais investigados, a inclusão de um
protocolo “nível 2” englobando também a infauna (malha 1 mm) e, por fim, a
sustentabilidade da rede;
- Por fim, foram exemplificados alguns protocolos de estimativa de produção para
ambientes estuarinos (relação biomassa, tamanho e produção de um organismo)
oriundos de artigos internacionais.
Principais questões levantadas após a apresentação:
- Comentário Yara Schaeffer-Novelli: a adoção da faixa de 10m na franja do bosque do
manguezal não é representativa. Essa faixa é variável e não é o suficiente para
detecção de efeitos das mudanças climáticas. Mais do que isso, é importante ter em
mente os preparativos para entrada numa área de mangue e o tempo de trabalho.
- Comentário Flávia Fachel: a franja do mangue é um ecótone, logo não é um ambiente
representativo. A fauna tem que ser avaliada dentro do mangue. Além disso, há
restrições quanto a metodologia utilizada e as espécies indicadoras a serem utilizadas.
55
- Comentário Ronaldo Christofoletti: o objetivo do monitoramento proposto é a
avaliação do estuário como um todo e não apenas a estrutura do manguezal.
- Comentário Paulo Lana: o foco é monitorar a variabilidade de curto e longo prazo.
Não é um levantamento faunístico, para isso há protocolos bem estabelecidos.
- Comentário Ronaldo Christofoletti: optou-se pela adoção de um protocolo simples,
passível de ser colocado em prática nesse momento. Há um protocolo mínimo e
depois um “nível 2”. No referente à questão da franja, impactos não são detectáveis só
no mangue mas no estuário como um todo.
- Comentário Yara Schaeffer-Novelli: os manguezais são um dos ambientes mais
sensíveis às mudanças climáticas, tendo um baixo custo de monitoramento.
- Comentário Flávia Mochel: é necessária uma ponte entre o manguezal e o estuário
uma vez que vários estudos vêm sendo realizados em manguezais.
- Comentário Paulo Lana: os trabalhos existentes podem não atender à demanda da
rede. É necessário o foco no monitoramento e detecções de alterações provenientes
de mudanças climáticas.
- Comentário Ronaldo Christofoletti: não é possível amostrar todo o mangue mas
somente uma parcela, a qual pode ser até mais interna, mas ainda somente uma
parcela.
- Comentário Angelo Bernardino: a questão não é podar projetos adicionais mas ter
um protocolo mínimo de monitoramento que seja facilmente replicável.
- Comentário Maria Tereza Széchy: a coleta e triagem de macroalgas associadas ao
mangue é complicada.
GRUPO MANGUEZAIS E MARISMAS (Coordenadora: Yara Scheffer-Novelli)
- Foi iniciado o levantamento bibliográfico dos trabalhos conduzidos em manguezais
na costa brasileira;
- Necessidade de hipóteses de trabalho para o aumento do nível médio do mar e
alterações na temperatura do ar e padrões de chuvas. O status do mangue interfere na
resiliência frente aos impactos das mudanças climáticas em distintas escalas (local,
regional e global);
- Necessidade de monitoramento, replicação de pontos na costa, metodologia de
estudo (obtenção dados bióticos e abióticos), séries temporais e novos projetos;
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- Especificamente para marismas, faltam informações sobre os mesmos uma vez que
são bem diferentes dos manguezais. Haverá contato para especialista na área;
- O grupo já possui alguns trabalhos em andamento e há intenção de colaboração com
os demais grupos;
- Em relação ao monitoramento, é importante considerar a replicação temporal, o
delineamento amostral, a frequência de amostragem e a detecção de anomalias. Para
os primeiros dez anos é necessário um monitoramento semestral;
- É importante o estabelecimento de parcelas fixas enfocando distintos níveis de
organização (desde os organismos até toda a paisagem);
- Acompanhamento de variáveis ambientais tais como granulometria, variáveis
biogeoquímicas, salinidade intersticial e cotas altimétricas. Variáveis ecofisiológicas e
estrutura, funcionamento e feições do bosque e apicum;
- O planejamento amostral seria feito utilizando-se protocolos já bem estabelecidos;
- Ainda há lacunas de participantes a preencher.
Principais questões levantadas após a apresentação:
- Faltou informação sobre o protocolo a ser utilizado. RESPOSTA: a idéia seria seguir o
protocolo da Unesco.
- Qual o mínimo para poder participar do grupo. RESPOSTA: depende do local de
estudo do participante e das possibilidades de metodologia dele.
- Comentário Angelo Bernardino: é importante a adoção de um protocolo simples.
- Foi discutida a possibilidade de uso de imagens de satélite.
GRUPO FUNDOS SUBMERSOS VEGETADOS (Coordenadores: Margareth Copertino e Joel
Creed)
- Inclusão do monitoramento de bancos de rodolitos sob coordenação do prof. Paulo
Horta;
- Relembrou a lista dos principais impactos, fatores responsáveis e respostas esperadas
de acordo com a tabela estruturada no I Workshop em Arraial do Cabo;
- Apresentou resultados de alguns artigos científicos internacionais evidenciando a
resposta de pradarias de fanerógamas submersas aos impactos relacionados às
mudanças climáticas;
57
- Ressaltou a definição das hipóteses de trabalho de acordo com os efeitos da
temperatura, frequência de eventos extremos, taxa de precipitação e elevação do nível
do mar. Os efeitos do aumento da concentração de CO2 não foram considerados
devido às dificuldades para a sua mensuração. Procurou-se manter o básico e o que é
viável de ser realizado;
- Monitoramento realizado em cinco locais na costa: três no Nordeste (Ceará,
Pernambuco e Bahia), um no Rio de Janeiro, um em Santa Catarina e um no Rio
Grande do Sul. Para cada local, será feita a escolha de uma área relativamente pristina
(se possível) e outra impactada;
- O monitoramento seguirá os moldes do protocolo já estabelecido e utilizado
mundialmente SeagrassNet. Definição de um protocolo básico com a obtenção de
alguns parâmetros abióticos mínimos tais como transparência (secchi horizontal),
temperatura d´água e salinidade. A obtenção de demais parâmetros abióticos
dependeria da sua facilidade e logística de obtenção;
Principais questões levantadas após a apresentação:
- O desenho amostral utiliza quadrados. Há algum monitoramento da pradaria como
um todo para investigar se há aumento ou retração do banco de fanerógamas.
RESPOSTA: o protocolo SeagrassNet engloba medições da extensão do banco como
um todo. Mais do que isso, imagens de satélites podem e vêm sendo utilizadas em
alguns locais da costa brasileira. No entanto, a sua utilização depende das condições
locais como profundidade e turbidez.
- A periodicidade das amostras. RESPOSTA: sazonalmente, de acordo com o protocolo
SeagrassNet.
GRUPO EDUCAÇÃO AMBIENTAL (Coordenador: Flavio Berchez)
- Já há muito material de educação ambiental pronto. Logo o importante seria
equacionar os trabalhos já existentes;
- Foi proposta a unificação dos produtos ao longo dos distintos grupos de trabalho.
Seriam utilizadas cartilhas, jogos, livros, entre outros, além da formação de agentes e
disseminação multiplicadora;
- Dentre os agentes multiplicadores estariam professores, estudantes, técnicos e
agentes de comunidades tradicionais (guias). O público final seria estudantes (ensino
58
fundamental e médio), comunidades tradicionais e visitantes de Unidades de
Conservação;
- Publicações já existentes seriam adaptadas para um foco em mudanças climáticas;
- Após a intervenção educacional, seria realizada uma avaliação através de
questionários e análises qualitativas e quantitativas.
Principais questões levantadas após a apresentação:
- Atividades de campo, como trilhas sub-aquáticas, seriam realizadas só em lugares
bonitos. REPOSTA: Não necessariamente. Locais turísticos ou não-poluídos também
sofrem impactos como sobrepesca, pisoteio e outros.
- Comentário: trazer para os trabalhos de Educação Ambiental alguns pontos novos
como, por exemplo, “como realizar uma denúncia ambiental” ou “como participar de
uma audiência pública”. É importante instrumentalizar a comunidade para que ela
também possa atuar por si só.
- Comentário Daniel Brotto: é importante a adoção de estratégias distintas para cada
parcela da população (caiçaras, empresariado, etc).
- Comentário Francisco Barros: assim como nos protocolos de monitoramento, pensar
em níveis de dificuldades das estratégias.
ENCERRAMENTO
- Definição dos próximos passos: treinamento das equipes, reuniões dos GTs em
pequenos grupos com a realização de trabalhos de campo, definições para a síntese.
- Sobre a síntese: os grupos devem se organizar como melhor considerarem, as
autorias serão atribuídas conforme o grau de contribuição dos pesquisadores
envolvidos, não é preciso tratar necessariamente sobre mudanças climáticas, visto que
não há muitos estudos sobre o assunto, síntese do conhecimento, baseado na
bibliografia existente, publicação de um volume especial, inicialmente com sete
capítulos.
59
5. AVALIAÇÃO DO EVENTO
O II Workshop Brasileiro de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras,
promovido pela Sub-Rede Zonas Costeiras da Rede CLIMA & INCT para Mudanças
Climáticas, alcançou plenamente os objetivos e metas propostos. O evento teve a
representação de vinte e três (23) instituições nacionais e cinco (5) internacionais,
destacando-se a presença de pesquisadores de outras sub-redes da Rede CLIMA &
INCT para Mudanças Climáticas (Oceanos, Urbanização e Megacidades) e dos recém
formados INCT´s do Mar. Comparativamente ao I Workshop, realizado na cidade de Rio
Grande (RS) em setembro de 2009, obtivemos um aumento do número de
participantes, de trabalhos submetidos e um avanço nas discussões sobre as pesquisas
relacionadas com mudanças climáticas.
Durante o I Workshop, os trabalhos e discussões focaram avaliações do conhecimento,
revisões históricas e diagnósticos preliminares, alcançando metas relacionadas aos
primeiros objetivos do projeto da Sub-rede Zonas Costeiras. A segunda edição do
evento deu continuidade ao alcance de tais metas, através da apresentação de
atualizações dos resultados e de perspectivas futuras dos projetos. Além disto, o II
Workshop avançou consideravelmente sobre o tema de formação de redes de
monitoramento e de criação de sistemas observacionais costeiros, aprofundando
recomendações levantadas durante o primeiro evento.
Dentre os principais resultados alcançados pela realização do II Workshop destacam-
se: 1) o estabelecimento e/ou fortalecimento de redes observacionais na padronização
e adaptação de protocolos metodológicos comparativos; 2) o estímulo a criação ou
fortalecimento de novas linhas de pesquisa dentro do tema mudanças climáticas, tais
como eventos extremos, acidificação dos oceanos e ciclo do carbono; 3) propostas
relacionadas com a formação de recursos humanos na área de mudanças climáticas e
4) planificação e elaboração de produtos de divulgação científica sobre o tema
mudanças climáticas em zonas costeiras.
60
Através das apresentações realizadas durante as mesas redondas e dos trabalhos em
painéis, observou-se avanços consideráveis dentro dos projetos e grupos de pesquisa,
nos mais diversos temas. Neste aspecto, podemos destacar os seguintes impactos e
progressos da Sub-rede Zonas Costeiras desde 2009:
1) Avaliações e estudos de caso sobre as características geomorfológicas, litológicas e
dinâmicas de diversas regiões e localidades da costa brasileira, com implicações sobre
as previsões de elevação do nível do mar, mudanças no clima de ondas e impactos de
eventos extremos;
2) Enfoques metodológicos e aplicações de modelos preditivos para avaliar
vulnerabilidades da linha da costa em regiões do Brasil (litorais do Rio Grande do Sul,
Santa Catarina, Rio de Janeiro e Bahia);
3) Aplicações e produtos da modelagem oceânica dentro dos estudos de impactos da
elevação do nível do mar e de eventos extremos;
4) Variabilidade climática global e regional (modos climáticos) e seus efeitos sobre a
Corrente do Brasil e sobre os grandes ecossistemas marinhos;
5) Estudos preliminares sobre processos biogeofísicos e biogeoquímicos e suas
relações com o seqüestro de carbono em áreas costeiras do Brasil, incluindo áreas
vegetadas e plumas de grandes rios;
6) Avanços no monitoramento e estudos em corais de recife, incluindo projetos com
experimentação de campo e laboratório, para testar os impactos da elevação da
temperatura e acidificação dos oceanos sobre estes ambientes;
7) Avanços nas pesquisas sobre vulnerabilidade das macroalgas aos impactos da
urbanização e mudanças climáticas, incluindo observações de campo e experimentos
de laboratório testando os efeitos de incremento de nutrientes, acidificação e aumento
da precipitação;
61
8) Avanço nos estudos sobre sócio-economia pesqueira e sobre a vulnerabilidade
sócio-ambiental das comunidades de pescadores em regiões estuarinas do Brasil;
9) Projetos em colaborações com instituições e grupos de pesquisa internacionais, nos
mais diversos temas da área de mudanças climáticas em zonas costeiras e marinhas;
10) Diversos projetos de pesquisa aprovados em editais do CNPq e FAP´s, por
pesquisadores da Sub-rede Zonas Costeiras, com temas relacionados com mudanças
climáticas, incluindo a formação de redes de pesquisa e monitoramento. Destaca-se
neste aspecto a formação da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros
(ReBentos).
A exposição de novos temas e abordagens por palestrantes internacionais contribuiu
de maneira significativa para estimular o debate sobre mudanças climáticas, assim
como para realizar reflexões sobre o nível de conhecimento e sobre a situação das
pesquisas no Brasil. Novas propostas e possibilidades foram discutidas entre os
participantes, incluindo pesquisas em colaboração com pesquisadores internacionais
que estiveram presentes no Workshop. Destaca-se, por exemplo, as seguintes
colaborações com instituições e grupos internacionais e membros da Sub-rede Zonas
Costeiras:
1) University of Sussex (Reino Unido) e Universidade Federal da Bahia, por
pesquisadores da área de geologia e ecologia de recifes de corais. Neste aspecto, a
vinda do palestrante David Sugget foi aproveitando de maneira excelente para a
realização de trabalhos de campo e laboratório.
2) University of Vancouver e Universidade Federal de Rio Grande, na área de economia
pesqueira, através de vínculo entre o palestrante convidado Rashid Sumaila e a
pesquisadora da sub-rede Zonas Costeiras Patrizia Abdalah. Estes pesquisadores
possuem projetos e publicações em conjunto, as quais foram discutidas durante a
ocasião do evento.
62
3) Oregon State University e Universidade de São Paulo, na área de dinâmica costeira,
através de projeto em colaboração entre o palestrante Petter Ruggiero e pesquisador
da sub-rede Zonas Costeiras Eduardo Siegle.
4) O palestrante convidado Thomas Malone possui grande experiência em redes de
pesquisa e monitoramento e programas internacioanais de observação costeira. Dr.
Malone trouxe grandes contribuições ao evento e para a sub-rede Zonas Costeira,
tendo participado ativamente durante todo o Workshop, contribuindo com Grupo de
Trabalho focado na criação de um sistema observacional para a costa brasileira.
Ressalta-se ainda a interação entre coordenadores e membros dos INCT´s do Mar e
das sub-redes Zonas Costeiras e Oceanos do INCT para Mudanças Climáticas, como
uma oportunidade única de apresentação comparativa e interativa, com discussões
fomentadas pelos coordenadores destes grupos e pelos representantes da
comunidade científica ali presente. Estes programas apresentaram suas propostas e
suas interfaces com o tema Mudanças Climáticas, sugerindo uma maior interação dos
INCTs com o CNPq para que os processos de criação de Editais sejam mais
desburocratizados e flexíveis aos pesquisadores. Os pesquisadores devem ampliar sua
visão para uma questão político-estratégica e não apenas científica. Destaca-se a
proposta de criação de um comitê gestor dos INCTs (INCT 6+) visando à integração das
diversas iniciativas dos INCTs.
Grupos de trabalho avançaram em recomendações sobre a formação de recursos
humanos, geral e específica, na área de mudanças climática. Para isto se discutiram os
públicos alvos, objetivos desta formação e as estratégias que poderiam ser utilizadas
através dos cursos de Pós-Graduação, disciplinas de graduação, cursos à distância,
para gestores, além de professores e estudantes de diversos níveis escolares.
A criação de programas de monitoramento, sistemas observacionais e sustentabilidade
de observações de longo prazo, para o conhecimento dos efeitos das mudanças
63
climáticas nas zonas costeiras, foram profundamente discutidos durante o II
Workshop. Neste aspecto, ressaltamos dois grandes avanços para o Brasil:
1) A criação e consolidação da ReBentos e seus Grupos de Trabalho (Praias Arenosas,
Estuários, Manguezais e Marismas, Recifes e Costões Rochosos, Fundos Submersos
Vegetados e Educação Ambiental). A Rebentos realizou seu II Workshop durante o
evento, para integração das equipes, definição dos objetivos, metas e discussão de
protocolos metodológicos de cada GT. A ReBentos está em fase de elaboração de
sínteses do conhecimento para cada ambiente, definição e teste de protocolos de
monitoramento que serão iniciados em 2012 e 2013.
2) As discussões e recomendações sobre a relevância e estratégias de criação de um
sistema de observação costeira e oceânica no Brasil, e de um órgão responsável pela
operacionalização, coleta e disponibilização destes dados. Os pesquisadores
reforçaram a necessidade imprescindível de monitorar as propriedades físicas,
químicas e biológicas das águas costeiras, de forma contínua, e que fosse de fácil
acesso à comunidade científica e aos gestores públicos. As discussões e
recomendações de Grupo de Trabalho foram a base para a elaboração do projeto
Sistema de Monitoramento da Costa Brasileira (SiMCosta) em dezembro de 2011, um
mês após o evento. O SiMCosta é coordenado pela sub-rede Zonas Costeiras e recebeu
financiamento inicial do Fundo Nacional para Mudanças Climáticas do Ministério do
Meio Ambiente (MMA / Fundo Clima).
O SiMCosta objetiva ser uma rede de monitoramento de parâmetros meteorológicos e
oceanográficos na zona costeira (região de plataforma interna e estuários) brasileira,
que busque estabelecer padrões de variabilidade climática, estabelecer tendências de
longo período e definir cenários possíveis causados por efeitos naturais e/ou
antrópicos. Além da coleta de dados, este sistema observacional deverá proporcionar
à comunidade científica e aos gestores públicos, o contínuo e livre acesso aos dados e
às análises dos mesmos e, assim inferir sobre as condições ambientais e suas
tendências de longo prazo. O SiMCosta foi projetado segundo os objetivos da Sub-rede
Zonas Costeiras da Rede CLIMA e INCT para Mudanças Climáticas e será integrado ao
64
Programa Nacional de Bóias (PNBOIA), INCT de Ciências do Mar - Centro de
Oceanografia Integrada (INCT- Mar COI) e INCT para Mudanças Climáticas (ICNT-MC).
Finalmente, o II Workshop trouxe avanços e contribuições em termos de divulgação
científica do material apresentado durante o evento. O Workshop foi filmado na
íntegra por grupo de jornalismo científico da UNICAMP e técnicos de som e imagem.
Vídeos das palestras estão disponíveis na página do evento para toda a comunidade,
juntamente com os slides das apresentações. Slides dos trabalhos em painéis também
podem ser acessados na página. O grupo de jornalismo científico estará analisando e
utilizando os vídeos e slides das apresentações para suas pesquisas e elaboração de
material especializado, focados na divulgação científica sobre mudanças climáticas no
Brasil. O site do II Workshop, localizado dentro do portal Mudanças Climáticas Zonas
Costeiras, é fonte de documentos base do grupo e disponibiliza informações
detalhadas e de fácil acesso sobre as palestras e apresentações do II Workshop, além
de dar acesso a informações e documentos da sub-rede Zonas Costeiras e seu I
Workshop (Declaração de Rio Grande, Volume Especial, relatório)
Portanto, podemos concluir que a realização das duas edições do Workshop Brasileiro
de Mudanças Climáticas em Zonas Costeiras tem impulsionado as pesquisas sobre
mudanças climáticas no Brasil.
65
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ANEXO I: RESUMOS
(www.mudancasclimaticas.zonascosteiras.furg.br/workshop/images/stories/documentos/2%2
0caderno%20de%20resumos.pdf)
PALESTRAS
CLIMATE CHANGE, HABITAT LOSS AND COASTAL DEVELOPMENT: THE PERFECT STORM FOR COASTAL
POPULATIONS
Thomas C. Malone
Center for Environmental Science, University of Maryland, United States of America
People and ecosystem goods and services are concentrated in the coastal zone where Brazil is vulnerable
to rising sea level and flooding. Today, 50% of the population lives in the coastal zone, and the combined
effects of urban development and sea level rise are expected to triple the number of people exposed to
coastal flooding. Brazil has one of the longest coastlines in the world and one of the most diverse in
terms of habitats. Biologically structured habitats (Mata Atlântica, restingas, mangrove forests, salt
marshes, seagrass beds and coral reefs) have at least four important characteristics in common. They
support high biodiversity and living marine resources, buffer coastal communities against flooding,
function as carbon sinks, and attract tourists. The Perfect Storm = high and increasing population density
+ high concentrations of goods and services + multiple threats to habitats associated with climate change
and expanding and conflicting human uses. Given recommendations of the Rio Grande Declaration, it is
clear that aspects of the Perfect Storm are recognized as the makings of a major and prolonged disaster.
A key recommendation is to improve monitoring of the coastal zone. As I will show, sustained and
integrated monitoring and modeling of coastal ecosystems is critical to implementing all of the
recommendations of the Declaration and more. The Global Ocean Observing System is being built to
address this need on national, regional and global scales. Basin scale GOOS is primarily concerned with
monitoring and modeling geophysical variables needed to improve predictions of climate change and
natural hazards. Coastal GOOS focuses on detecting and predicting the effects of climate change and
natural hazards and human expansion on the capacity of marine and estuarine ecosystems to provide
goods and services. The recently completed an implementation plan for integrated coastal monitoring
and modeling of the IOC Panel for Integrated Coastal Observations is presented.
72
IS THE INTENSIFYING WAVE CLIMATE OF THE U.S. PACIFIC NORTHWEST INCREASING FLOODING AND
EROSION RISK FASTER THAN SEA LEVEL RISE?
Peter Ruggiero
College of Earth, Oceanic, and Atmospheric Sciences, Oregon State University, Corvallis, Oregon 97331,
USA; voice: 541-737-1239, fax: 541-737-1200, [email protected]
The relative contributions of sea level rise (SLR) and increasing extra-tropical storminess to the frequency
with which waves attack coastal properties is assessed with a simple total water level (TWL) model. We
show that for the coast of the U.S. Pacific Northwest (PNW) over the period of wave-buoy observations
(~30 years) wave height (and period) increases have had a more significant role in the increased
frequency of coastal flooding and erosion than has the rise in sea level. Where tectonic-induced vertical
land motions are significant and coastlines are emergent relative to mean sea level, increasing wave
heights result in these stretches of coast being submergent relative to the TWL. While it is uncertain
whether wave height increases will continue into the future at their present rates, it is clear that this
process could remain more important than or at least as important as SLR, and needs to be taken into
account in terms of the increasing exposure of coastal communities and ecosystems to flooding and
erosion. An approach, allowing for quantitative assessments of the impact of climate change uncertainty
on possible future coastal configurations, is developed for performing probabilistic coastal vulnerability
assessments. By exploring a wide range of possible climate futures, coastal change hazard zones of
arbitrary confidence level are developed using a suite of simple models. Exposure analyses are
performed by superimposing relevant socio-economic data, such as locations of structures and roads, on
the hazard zones.
ADAPTATION OF CORALS TO EXTREME COASTAL ENVIRONMENTS: EVIDENCE OF RESILIENCE TO A
WARMER AND MORE ACIDIC OCEAN?
David J. Suggett
Coral Reef Research Unit, Department of Biological Sciences, University of Essex, Colchester, United
Kindom ([email protected])
Coral reefs are at the frontline of climate change: Growing reports of thermal induced bleaching and
slower growth rates of corals have been associated with warmer and more acidic waters via rapidly
increasing atmospheric pCO2; consequently, research efforts have intensified to better understand (and
hence manage) how future changes will further impact coral ecosystems and associated ecosystem
services. Controlled experimental manipulations are proving critical in these efforts but are ultimately
limited in their capacity to ‘replicate’ climate change. Thus it is key to support experiments with natural
observations using systems with intrinsically high variability or marginal (suboptimal) conditions of
temperature and/or pH. Our recent work in the Indo-Pacific has particularly yielded novel information of
coral resilience to extreme temperature stress from observations following extreme El Niño-La Niña
73
anomalies: (1) At the regional scale, reduced coral bleaching and mortality is consistent with increased
intrinsic thermal history (the preceding intra-annual range of sea surface temperature); (2) At the local
scale, this trend is further moderated by light availability with slightly more turbid reefs yielding lower
bleaching induced mortality. Observing natural responses to lower pH (ocean acidification, OA) is more
difficult since we still know little of the intrinsic variability of the carbonate chemistry for many systems;
however, natural CO2 vents offer some novel insight of long term pH change: We recently observed
(Italy) that as expected sites of decreased pH select against calcifying corals but rather select for non-
calcifying coral-alga symbioses (anemones) as well as macroalgae; from observations elsewhere
calcifying corals appear better able to exist within highly fluctuating pH environments but at a cost to
growth. I will discuss these emerging paradigms with respect to Brazil’s reef system(s) and how our
recent observations provide a novel means for an improved capacity to predict reef ecosystem change.
IMPACTOS DAS ALTERAÇÕES GLOBAIS NA PRODUTIVIDADE PRIMÁRIA DAS ZONAS INTERTIDAIS
ESTUARINAS
João Serôdio
Departamento de Biologia, Centro de Estudos do Ambiente e do Mar, Universidade de Aveiro, Portugal
Devido à sua localização na interface entre os meios terrestre e marinho, bem como à frequente
exposição aacçõesantropogénicas, os estuários são sistemas particularmente sensíveis às alterações
globais. Os estuários contam-se entre as zonas mais produtivas da Biosfera, constituindo um importante
"sink" de dióxido de carbono, o principal gás causador do efeito de estufa e do aquecimento global do
planeta. Nos estuários com marés, as zonas intertidais são colonizadas por ervas marinhas, macroalgas e
comunidades de microalgas bênticas – o microfitobentos – que formam biofilmes densos e altamente
produtivos. Destes grupos de produtores primários, o microfitobentos é a comunidade tipicamente mais
importante, podendo ser responsável por mais de 50% do total de carbono fixado pelo ecossistema
estuarino. Os efeitos expectáveis das alterações globais na produtividade primária das zonas intertidais
estuarinas, podem ser classificados em, essencialmente, dois tipos: os associados a mudanças no
ambiente sedimentar (alterações nos padrões de circulação e hidrodinamismo, afectando a resuspensão
e a granulometria de sedimento, a turbidez da coluna de água, e a exposição em baixa-mar) e os
relativos a factores afectando a actividade fotossintética (radiação UV, CO2, pH). Por outro lado, a
previsão dos efeitos destas alterações na produtividade das zonas estuarinas depende dos factores de
resiliência das comunidades bênticas, que, no caso do microfitobentos, incluem a capacidade de
suportar a perturbação do ambiente sedimentar e da operação de processos de fotoprotecção eficientes
contra a radiação UV. Estes processos serão ilustrados com resultados obtidos para a Ria de Aveiro, um
estuário mesotidal do centro de Portugal, com ênfase para os efeitos no microfitobentos. Será também
discutido o “case study” do declínio dos prados de ervas marinhas neste estuário bem como previsões de
modelação hidrodinâmica e ecológica simulando cenários de eventos extremos.
74
MESAS REDONDAS
2-Vulnerabilidades do litoral brasileiro: geomorfologia e dinâmica costeira
RESPOSTAS DA ZONA COSTEIRA BRASILEIRA À SUBIDA DO NÍVEL DO MAR E MUDANÇAS NO CLIMA
José M. L. Domingues
Geologia e Geofísica Marinha, Universidade Federal da Bahia ([email protected])
As respostas da Zona Costeira Brasileira à subida do nível do mar e às mudanças climáticas serão
complexas e dependerão de aspectos específicos intrínsecos da zona costeira, relacionados as histórias
geológica antecedente e da ocupação humana. Por esta razão previsões de caráter regional baseadas
em parâmetros simplificados, dificilmente terão sucesso. Neste aspecto é muito importante conhecer a
heterogeneidade da zona costeira e de seus ambientes, nas diferentes escalas espaciais e temporais. Só
assim será possível a formulação de estratégias bem sucedidas de mitigação dos impactos das mudanças
climáticas, nas próximas décadas. O sucesso destas estratégias, dependerão de um conhecimento
detalhado das respostas da zona costeira às diferentes forçantes, o qual ainda não dispomos. Quanto
maior o nível de especificidade deste conhecimento, para uma determinada região geográfica, maior
será o nível de acerto dos prognósticos. Neste sentido estas avaliações não diferem muito das
abordagens de um Estudo de Impacto Ambiental, em que pesem as limitações deste processo,
decorrentes principalmente de abordagens mais multidisciplinares que interdisciplinares. A partir
portanto desta abordagem esta palestra apresentará exemplos das diferentes respostas da zona
costeira brasileira à subida do nível do mar e às mudanças climáticas que se avizinham.
EROSÃO COSTEIRA: TENDÊNCIA OU EVENTOS EXTREMOS? O LITORAL ENTRE RIO DE JANEIRO E CABO
FRIO, BRASIL
Dieter Muehe
Programa de Pós-Graduação em Geografia, Universidade Federal do Rio de Janeiro
O litoral entre Rio de Janeiro e Cabo Frio é formado por extensas praias associadas a cordões litorâneos
arenosos, de orientação leste - oeste diretamente expostos a tempestades vindas do sul. O aporte de
sedimentos continentais é completamente impedido pelo bloqueio dos cordões, também chamados de
barreiras, cuja presença levou à formação de lagunas para as quais convergem os pequenos cursos de
água que drenam o flanco oceânico do maciço costeiro. Episódios extremos de erosão costeira,
associados à penetração de frentes frias, induziu um recuo generalizado da escarpa da pós-praia com
75
transposição de ondas (overwash) e destruição localizada de casas, quiosques e da estrada que corre
paralelamente à orla costeira. Considerando a vulnerabilidade do litoral a eventos de tempestade a
questão a ser respondida é se os eventos erosivos representam uma tendência de recuo generalizado da
linha de costa ou apenas uma resposta a eventos extremos com subsequente recuperação da posição da
linha de costa. Com a finalidade de responder a esta questão foram levantados perfis topográficos
transversais à praia, em diversos compartimentos da litoral, para fins de comparação com levantamentos
mais antigos realizados na segunda metade do século passado, além de um monitoramento mensal,
durante catorze anos, do sistema praia-duna frontal, na praia da Massambaba, próximo ao Cabo Frio. Os
resultados obtidos indicam que, apesar das amplas variações na largura e volume dos perfis de praia, e
mesmo retrogradação da escarpa da pós-praia, a linha de costa, na interseção da face da praia com o
nível médio do mar, não apresentou, ao longo das últimas décadas, tendência de migração ou
modificação do estoque de sedimentos. A formação de um banco na antepraia, após uma das mais
severas tempestades, com volume superior ao do campo de dunas frontais, indica que tempestades
excepcionais produzem erosão, mas podem também recompor o estoque de areia a partir de
remobilização da espessa cobertura de sedimentos quartzosos, da plataforma continental interna, em
direção à costa contribuindo para o reequilíbrio do balanço sedimentar. Isto talvez explique a razão da
estabilidade do litoral meridional do Estado do Rio de Janeiro apesar da ausência absoluta de aporte de
sedimentos continentais, podendo representar um fator de compensação parcial a uma elevação do
nível do mar quando associado a um incremento em frequência e intensidade de tempestades.
MUDANÇAS NA ZONA COSTEIRA DO RIO GRANDE DO SUL: SITUAÇÃO ATUAL E PERSPECTIVAS
Arthur A. Machado e Lauro J. Calliari
Laboratório de Oceanografia Geológica, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande
A erosão costeira é um problema global, já que uma elevada percentagem de praias arenosas está sendo
erodida. O litoral do Rio Grande do Sul (RS) é formado por praias arenosas totalmente expostas, com
exceção das praias de Tôrres no extremo norte do litoral. Ao longo das ultimas três décadas
pesquisadores do LOG/FURG e do CECO/UFRGS realizaram estudos morfodinâmicos ao longo da costa.
Vários setores do litoral apresentam locais com erosão permanente (Hermenegildo, Farol da Conceição,
Imbé). O balneário do Hermenegildo apresenta uma taxa de erosão de 3,6 m/ano, com um recuo da
linha de costa, ao nível do mar, de 55m, apresentando perda de volume da ordem de 130.46 m³/m de
sedimentos (1996-2011). Na região do Farol da Conceição a taxa é de 4,8 m/ano, totalizando 73m de
recuo, com uma perda de 171,43 m³/m em 15 anos. Trinta anos de dados de altura de onda para a região
indicam uma frequência anual de 1,3 eventos extremos (Hs> 6 m) apresentando uma tendência positiva
de aumento nos mesmos. Estes eventos os quais causam sobre-elevação do nível do mar representam o
principal risco físico para a costa do RS uma vez que a eles se associam risco de vida, perda de
propriedade pública e privada bem como de habitats naturais. Estudos realizados pelo Instituto de
76
Hidráulica da Universidade da Cantabria os quais contemplam modelos climáticos, ondulatórios e de
sobre-elevação do nível do mar apontam para tendências de aumento na altura máxima das ondas para
a costa do RS (90.55cm) com previsões de elevação do nível do mar de 189.88mm até 2070. Tais
previsões associadas à possível mudança nos padrões já identificados das tempestades podem alterar e
amplificar a distribuição atual dos riscos de erosão costeira.
3-Ecossistemas Bênticos e Mudanças Climáticas: Estratégias de Pesquisas
O BRANQUEAMENTO DE CORAIS E AS ANOMALIAS TÉRMICAS NA COSTA DA BAHIA NOS ÚLTIMOS DEZ
ANOS
Zelinda M. A. N. Leão1, Ruy K. P. Kikuchi1, Marília D. M. Oliveira1, Igor C. S. Cruz1, Saulo Spanó1, Amanda
E. C. Nascimento1, Carlos V. S. Mendonça Filho1, Miguel L. Miranda1, Rodrigo M. Reis1, Tiago
Albuquerque1, Gustavo L. Oliveira1e Lucas S. N. Rocha1
1-Grupo de Estudos Recifes de Corais e Mudanças Globais, Universidade Federal da Bahia
O aquecimento global tem sido considerado a principal ameaça aos recifes de coral, devido o aumento
da severidade e da frequência dos eventos de branqueamento e a consequente mortalidade dos corais.
Vários exemplos têm demonstrado que o branqueamento, em grande escala, tem ocorrido associado a
fenômenos ambientais extremos, particularmente a elevação da temperatura das águas oceânicas e o
aumento das radiações solares. A incidência e a severidade do branqueamento podem provocar
mudanças na estrutura da comunidade coralina, com respeito à sua biodiversidade, reprodução,
diminuição da extensão linear e redução da taxa de calcificação do esqueleto dos corais e,
consequentemente, da manutenção e do desenvolvimento do recife. Corais branqueados nos recifes do
Brasil foram observados desde a década de 1980, entretanto somente a partir dos anos de 1990,
começaram a surgir os primeiros registros de branqueamento de corais no Brasil, coincidentes com
ocorrências de anomalias térmicas. Os eventos mais fortes ocorreram durante os períodos do verão de
1997/98, 2002/03, 2004/05 e 2009/10, quando temperaturas elevadas das águas oceânicas coincidiram
com os anos de El Niño, com registros de anomalias térmicas de até 1oC em toda a costa do estado da
Bahia. O branqueamento de 2010 foi o evento de maior extensão registrado. Embora os percentuais de
colônias branqueadas nos recifes do Brasil em alguns casos tenham sido relativamente altos (> 50%), até
o momento não foi observada mortalidade em massa de corais. Seria isto uma indicação que esses corais
já estejam adaptados a essas variações ambientais? Para os corais que sobrevivem ao branqueamento,
as variações da temperatura da água do mar podem se tornar um potencial para sua aclimatação ou
adaptação e, assim, eles irão apresentar uma maior resistência ao atual cenário de aquecimento global.
Já para as espécies que apresentam uma maior susceptibilidade às variações da temperatura da água e
têm ocorrência mais baixa, pode aumentar a chance de sua extinção regional.
77
PROGNÓSTICO DA SEVERIDADE DO BRANQUEAMENTO DE CORAISNUM ATLÂNTICO SUL MAIS QUENTE
Ruy K. P. Kikuchi1, Zelinda M. A. N. Leão1, Marília D. M. Oliveira1, Adma Raia2, Clemente A. S. Tanajura3 &
Fernando Genz4
1-Grupo de Estudos de Recifes de Corais e Mudanças Globais, Universidade Federal da Bahia
2-Centro de Climatologia, Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais
3-Grupo de Oceanografia do Atlântico Tropical, Universidade Federal da Bahia 4-Águas e Saneamento,
Universidade Federal da Bahia
Eventos severos de branqueamento de corais na costa brasileira têm ocorrido com frequência nos
últimos vinte anos. Relatos publicados a partir da década de 90 tratam de ocorrências na costa sudeste e
leste, e mais recentemente também na costa nordeste. Globalmente, a recorrência desses eventos
intensos têm aumentado nos últimos 30 anos e a sua relação com anomalias térmicas da água do mar
(ATSM) está bem estabelecida. Dados do modelo climático global HadCM3 (obtidos através do
CPTEC/INPE) indicam que a frequência de ATSM aumentará nos próximos 60 anos na região estudada
(18˚S a 0˚S). Foram utilizados quatro membros que contemplam as incertezas das projeções do cenário
de emissões A1B. A relação estabelecida entre anomalias térmicas e a frequência conhecida de colônias
de corais branqueados nos recifes da costa leste brasileira, nos eventos dos últimos 20 anos,
categorizada em quatro níveis de severidade (baixa, intermediária, alta e muito alta), permitiu criar-se
um modelo preditivo de branqueamento da região. O modelo prevê um crescimento na recorrência de
eventos muito severos de branqueamento nos próximos 60 anos, com um evento de alta severidade a
cada 10 anos entre 2011-2040, e até um evento muito severo a cada cinco anos no intervalo de 2041 a
2070, no Extremo Sul da Bahia (18-16˚S). Esse recrudescimento aumenta para norte, onde porção entre
13-12˚S (Norte da Bahia) o maior aumento ocorrerá nos próximos 30 anos, quando se espera a
recorrência de eventos de muito alta severidade a cada 3 anos, aproximadamente. Entre 2041-70, prevê-
se uma queda de até 50% na frequência de eventos de branqueamento muito severo, que poderá se
repetir uma vez a cada 5 anos. Na região ao norte da desembocadura do rio São Francisco (11-0˚S)
devem ocorrer cerca de 3 eventos muito severos por década, entre 2041 e 2070.
EFEITOS SINÉRGICOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DOS IMPACTOS DA URBANIZAÇÃO: A ECOLOGIA E
FISIOLOGIA DAS MACROALGAS COMO DESCRITORES
Paulo A. Horta1, Cintia Martins1, Fernando Scherner1, Cintia Lhullier1, Manuela Batista1, Noele Arantes1,
Caroline de Faveri1, Talita Pinto1, Fabiola Soares1, Ronan Caetano1, Marina Sissini1, Eduardo Bastos1,
Eduardo Valduga1, Marcelo Maraschin1, Zenilda L. Bouzon1, Pio Colepicolo2, Sonia Pereira3, Marcos
Nunes4, Fungyi Chow5 e Eurico C. Oliveira1
1-Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina ([email protected])
2-Instituto de Química, Universidade de São Paulo
78
3-Departamento de Botânica, Universidade Federal Rural de Pernambuco
4-Departamento de Botânica, Universidade Federal da Bahia
5-Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo
O presente trabalho descreve a resposta ecológica e fisiológica de diferentes populações de macroalgas
diante de variações sinérgicas de fatores relacionados com as mudanças climáticas com impactos
relacionados ao processo de urbanização das regiões costeiras. As coletas foram realizadas em diferentes
pontos do litoral brasileiro, durante diferentes períodos de 2008 a 2011. Na caracterização descritiva
foram selecionados costões rochosos em praias urbanizadas ou não. Na abordagem experimental foram
transplantados entre locais com diferentes intensidades de impactos antrópicos população k e r
estrategistas. Procedimentos semelhantes foram realizados em laboratório, expondo estas algas a
diferentes intensidades de luz, temperatura, nutrientes e poluentes diversos e graus de salinidade. Os
testes de significância realizados a partir dos dados ecológicos descritivos indicaram que a riqueza de
espécies, a diversidade de Shannon-Wiener e a equitabilidade de Pielou foram superiores nas praias
preservadas quando comparadas às praias urbanizadas. De maneira geral, tanto os transplantes quanto
as incubações em laboratório em condições extremas reduziram quali ou quantitativamente o
desempenho fisiológico dos diferentes modelos utilizados. A redução no pH da água concomitante com a
elevação de nutrientes inorgânicos dissolvidos, resultou em uma redução da taxa de transporte de
elétrons, assim como dos demais descritores da fotossíntese derivados da análise da fluorometria, em
diferentes espécies de macroalgas. Portanto, os impactos antrópicos agindo de maneira sinérgica com as
variações de parâmetros relacionados com as mudanças climáticas globais comprometem o
desempenho fisiológico e consequentemente alteram diferentes aspectos da diversidade biológica,
reforçando a demanda por ações de mitigação destes impactos sobre os ambientes costeiros.
O PAPEL DA FLORESTA DE MANGUEZAL NA CAPTURA DE CARBONO (CARBONO AZUL): APA DE
GUAPIMIRIM/RJ
Renato C. Cordeiro1, Carlos E. Rezende2, Paulo Pedrosa2, Ilene M. Abreu1, Nilva Brandini1, Bastiaan A.
Knoppers1, William Z. Mello1, Carlos A. R.e Silva1
1-Universidade Federal Fluminense ([email protected])
2-Universidade Estadual do Norte Fluminense
A floresta de manguezal remove o CO2 da atmosfera via atividade fotossintética e retorna certa
quantidade desse gás para atmosfera através da atividade respiratória e da oxidação da matéria
orgânica morta. O estoque da matéria orgânica remanescente na floresta ocorre nos tecidos das plantas
(biomassa aérea e subterrânea) e no sedimento. Esse carbono capturado pelas árvores de mangue e
pelo sedimento de mangue, os quais sofrem influência do oceano, é denominado de carbono azul (“Blue
Carbon”). Parte do CO2 removido pode ser inserida na hidrodinâmica estuarina na forma de
macrodetritos (i.é., folhas) e/ou na forma de matéria orgânica dissolvida. Essas formas de CO2 podem
sofrer diferentes processos biogeoquímicos ao longo da calha estuarina, os quais são pouco conhecidos.
79
Apesar dos estuários representarem pequenos corpos de água quando vistos de forma isolada, em
relação ao oceano, estes podem contribuir significativamente na liberação ou na retirada do dióxido de
carbono (CO2) da atmosfera. Cada estuário deve ser considerado como parte do ciclo do carbono. O CO2
através da atmosfera chega até as águas, as plantas e nos tecidos animais. Finalizando, o entendimento
das variáveis temperatura, salinidade, pH, AT e DIC, envolvendo o CO2 inorgânico dissolvido nas valetas
dentro da floresta de manguezal é um importante passo para a compreensão dos processos de
seqüestro e liberação do CO2 do sistema estuarino da APA de Guapimirim e o começo de uma
importante contribuição para entender o papel do sistema estuarino no sequestro do CO2.
REDE DE MONITORAMENTO DE HABITATS BENTÔNICOS COSTEIROS (REBENTOS): HISTÓRICO E
ESTRATÉGIA DE ATUAÇÃO
Alexander Turra1, Ângelo F. Bernardino2, Ana C. Z. Amaral3, Flavio A. S. Berchez4, Joel C. Creed5,
Margareth S. Copertino6, Ricardo Coutinho7 e Yara Schaeffer-Novelli1
1-Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo ([email protected])
2-Departamento de Oceanografia, Universidade Federal do Espírito Santo
3-Instituto de Biologia, Universidade Estadual de Campinas
4-Instituto de Biologia, Universidade de São Paulo
5-Departamento de Ecologia, Universidade do Estado do Rio de Janeiro
6-Instituto de Oceanografia, Universidade Federal de Rio Grande
7-Departamento de Oceanografia, Instituto de Estudos do Mar Almirante Paulo Moreira
A criação e a implementação da Rede de Monitoramento de Habitats Bentônicos Costeiros (ReBentos)
deu-se a partir do I Workshop da Sub-Rede Zonas Costeiras (Rede Clima, MCT; Instituto Nacional de
Ciência e Tecnologia para Mudanças Climáticas, INCT-MC) com o intuito de detectar os efeitos das
mudanças ambientais regionais e globais sobre a biodiversidade desses ambientes, dando início a uma
série histórica de dados ao longo da costa brasileira. Corresponde a um processo de indução de estudos
em rede focados na biodiversidade de habitats bentônicos e estrutura-se com base em uma
coordenação geral e seis projetos definidos pelos habitats abrangidos: Praias arenosas e estuarinas,
Recifes e costões rochosos, Fundos inconsolidados vegetados, Fundos inconsolidados não vegetados,
Manguezais e marismas e Educação ambiental. A ReBentos integra o Programa SisBiota Brasil
(CNPq/FAPESP), com recursos para articulação e fortalecimento da rede (workshops) e para o início dos
trabalhos de campo. Fontes adicionais de recursos estão sendo buscadas para a estruturação e o
fortalecimento das equipes e dos laboratórios participantes. Os trabalhos foram iniciados em janeiro de
2011 com a divulgação da proposta na comunidade científica, processo que culminou com a realização
do I Workshop da ReBentos, realizado entre 28 e 29 de julho de 2011, em Arraial do Cabo, RJ, durante o
IX Encontro de Bioincrustação, Ecologia Bêntica e Biocorrosão. Até o momento a ReBentos conta com
cerca de 80 pesquisadores participantes de mais de 25 instituições representando quase todos estados
costeiros brasileiros. Foi criado um portal interativo com intranet (www.rebentos.org) que será o local de
80
convergência de comunicados, documentos, referências e discussões. Por ocasião do II Workshop da
ReBentos há as seguintes etapas a serem cumpridas: (1) consolidação das sínteses do estado do
conhecimento de cada habitat e (2) definições metodológicas para início das séries temporais a partir do
início de 2012.
4-Mudanças climáticas no Atlântico Sul: escalas de influência e detecção
VARIABILIDADE DA CORRENTE DO BRASIL ASSOCIADA A EVENTOS DE EL NIÑO E LA NIÑA
Ricardo N. Servino1e Renato D. Ghisolfi1
1-Laboratório Posseidon, Departamento de Oceanografia, Universidade Federal do Espírito Santo
Estudos sugerem diversas teorias sobre como a intensidade e frequência dos eventos de El Niño e La
Niña serão alteradas frente a um quadro de mudanças climáticas globais. Independente de como estas
características serão afetadas, um conhecimento dos mecanismos de resposta da atmosfera e oceano a
estes eventos é necessário para uma previsão com antecedência dos seus efeitos na circulação
atmosférica e oceânica. As correntes oceânicas realizam um papel importante no clima, em que são
responsáveis, em parte, pela distribuição de calor para as altas latitudes. A Corrente do Brasil (CB)
merece atenção especial por ser uma corrente de fluxo intenso e estreito, localizada em uma região de
importância econômica para o país, e de conhecimento limitado em relação à sua variabilidade na escala
interanual. Estudos mostram que eventos de El Niño e La Niña promovem alterações anômalas na
atmosfera e na temperatura da superfície do Atlântico tropical, provavelmente afetando o sistema de
correntes do Giro Subtropical do Atlântico Sul. Utilizando ferramentas estatísticas em uma longa série
temporal de dados de transporte de volume derivados de resultados de modelagem numérica, o
presente trabalho encontrou um sinal considerável destes fenômenos na CB dentre outros possíveis
sistemas de oscilação.
SISTEMAS DE OBSERVAÇÃO NO OCEANO UTILIZANDO INFORMAÇÕES BIO-ÓPTICAS
Áurea M. Ciotti1
1-Laboratório Aquarela, Centro de Biologia Marinha, Universidade de São Paulo ([email protected])
Estudos sobre os efeitos das mudanças climáticas em águas de regiões costeiras necessitam observações
continuas. Uma série de instrumentos estão agora disponíveis capazes de fornecer informações
biológicas nas mesmas escalas espaciais e temporais que as observações das características físicas, como
temperatura e salinidade. Combinações de dados físicos e biológicos, obtidos em tempo real em locais
estratégicos, podem fornecer ferramentas valiosas para estudos sobre processos ecológicos e manejo de
ambientes costeiros. Esses locais, ditos sistemas de observação costeira (SOC), estão se difundindo por
81
vários países e, em sua maioria, dependem de dados bio-óticos para estimativas de variáveis biológicas.
Nessa palestra, apresentamos os últimos avanços sobre os produtos do SOC e suas aplicações, e ainda as
estratégias possíveis para a integração desses resultados a nível regional e global. O panorama de
integração de dados dos SOC da Europa e América do norte serão apresentados. O objetivo da palestra,
éapresentar aos pesquisadores da Rede Clima Zonas Costeiras, exemplos de aquisição e manejo de
dados e promover a discussão sobre possíveis caminhos para SOCs no Brasil.
ANÁLISE DOS EFEITOS DA VARIABILIDADE CLIMÁTICA SOBRE OS GRANDES ECOSSISTEMAS MARINHOS
BRASILEIROS: SITUAÇÃO ATUAL DA PESQUISA E AVANÇOS ESPERADOS
Douglas F. M. Gherardi1, Helena C. Soares1, Eduardo T. Paes3, Luciano P. Pezzi1, 2 e Mary T. Kayano2
1-Divisão de Sensoriamento Remoto, Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais ([email protected])
2-Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
3-Instituto Socioambiental e dos Recursos Hídricos, Universidade Federal Rural da Amazônia
Os Grandes Ecossistemas Marinhos (GEM's) são unidades definidas para auxiliar o gerenciamento dos
recursos naturais marinhos costeiros. A vantagem de sua utilização para o manejo destes recursos é que
elas consideram as interações das comunidades biológicas com o meio físico. Entretanto, os efeitos da
variabilidade climática global sobre cada GEM apresenta grande heterogeneidade. O objetivo desta
pesquisa é avaliar o impacto da variabilidade climática sobre os GEM's brasileiros. Estes impactos têm
origem tanto na variabilidade climática do próprio oceano Atlântico Sul e tropical, como também nas
influências externas como o oceano Pacífico. Estas influências ocorrem primeiramente sobre o meio
físico, por meio de alterações das características de circulação oceânica e atmosférica e do equilíbrio
termodinâmico. Estas alterações físicas impactam a disponibilidade de nutrientes na coluna de água e
assim afetam a produtividade biológica destas regiões. Foram analisadas as correlações total e parcial
entre índices climáticos representativos da variabilidade climática global e a temperatura da superfície
do mar (TSM), tensão do vento na superfície e transporte de Ekman. Os efeitos da mudança de regime
da Oscilação Decenal do Pacífico sobre as correlações também foram avaliados. Serão discutidos
também os desenvolvimentos futuros do trabalho, como o uso da modelagem numérica de circulação
oceânica para investigar os processos físicos associados aos padrões de correlação encontrados.
PROCESSOS BIOGEOFÍSICOS DE LARGA ESCALA E SUAS RELAÇÕES COM O SEQÜESTRO DE CARBONO
AO LONGO DA PLUMA DO RIO AMAZONAS
Eduardo Tavares Paes1 e Caio Lourenço.
1-Laboratório de Ecologia Marinha e Oceanografia Pesqueira. Universidade Federal Rural da Amazônia
2-Programa de Pós-Graduação em Aquicultura e Recursos Aquáticos TropicaisUniversidade Federal Rural
da Amazônia
82
A costa Amazônica, que se estende desde o Amapá até o Maranhão, atualmente é a maior produtora de
pescado marinho-estuarino do Brasil, produzindo aproximadamente 120 mil ton/ano. Em função do
esgotamento dos estoques pesqueiros do Sudeste-Sul a indústria pesqueira nacional e internacional está
progressivamente deslocando suas embarcações para a região e já se nota indícios de sobre-explotação
dos principais recursos pesqueiros da região amazônica. Hoje, o Pará e o Amapá constituemo novo
“Eldorado” da Pesca no Brasil. Por outro lado, pesquisas internacionais realizadas por grandes
instituições oceanográficas do mundo (ex: Scripps - California) em águas internacionais adjacentes à foz
do Amazonas, demonstram que os processos biogeoquímicos e biogeofísicos de alta complexidade na
região da pluma do referido Rio associada à sua hidrodinâmica, a carga de nutrientes e metais traço são
responsáveis por cifras significativas de seqüestro de carbono (cerca de 5 a 10 % do seqüestro de
carbono atribuído a Floresta Amazônica - estimativas ainda grosseiras geradas pelos autores desse
trabalho) e pela alta produção pesqueira da costa. Essa produção pesqueira sustenta aproximadamente
cerca de 400 mil famílias direta e indiretamente. Dessa maneira, justifica-se um esforço em conjunto das
instituições governamentais de pesquisa e fomento brasileiras liderar um movimento de pesquisas e
monitoramento em alto nível desse complexo ecossistema, tratando de elucidar os mecanismos
controladores do ciclo do carbono e suas implicações socio-econômicas. Nesse trabalho apresentaremos
propostas de estudos para a região da pluma do Rio Amazonas, bem como, algumas hipóteses para
elucidação das mudanças climáticas ocorridas no passado recente.
5-Dimensão Humana das Mudanças Climáticas
URBANIZAÇÃO, RISCOS E VULNERABILIDADES ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS: CARACTERIZAÇÃO DA
POPULAÇÃO RESIDENTE NA ZONA COSTEIRA DO BRASIL
Roberto L. do Carmo1
1-Departamento de Demografia, Núcleo de Estudos de População,Universidade Estadual de Campinas
O Brasil passou por um intenso processo de urbanização ao longo da segunda metade do Século XX,
chegando a 2010 com 84% da população residindo em áreas definidas como urbanas, segundo
resultados do Censo Demográfico 2010 do IBGE. Há uma importante concentração dessa população nas
zonas costeiras do país, resultante de um processo histórico de localização de investimentos e ocupação
do território, que ainda continua sendo reproduzido. No contexto estabelecido pelas mudanças
climáticas, principalmente considerando as previsões de aumento do número e da intensidade de
eventos extremos, as ocupações urbanas localizadas na faixa litorânea, por suas características
específicas de saneamento e ocupação de áreas sujeitas a deslizamentos e inundações, tornam-se ainda
mais sujeitas a esses riscos. O objetivo deste trabalho é apresentar um conjunto características dessa
população que habita a faixa litorânea brasileira, evidenciando a exposição a riscos que se tornam mais
83
significativos em termos de futuro, como a elevação do nível do mar, assim como as vulnerabilidades
sociais que se configuram nesse novo contexto.
EFEITOS DE MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA PESCA ARTESANAL DO EXTREMO SUL DO BRASIL E IMPACTOS
SOCIOECONÔMICOS SOBRE AS COMUNIDADES PESQUEIRAS
Patrizia R. Abdallah1, Denis Hellebrandt2, Jorge P. Castello3, Ussif R. Sumaila4, José H. Muelbert5, Osmar
Moller6 e João P. Vieira7
1-Unidade de Pesquisa em Economia Costeira, Universidade Federal do Rio Grande ([email protected])
2-University of East Anglia, United Kingdom
3-Laboratório de Recursos Pesqueiros Pelágicos, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio
Grande
4-Fisheries Economics Research Unit, University of Vancouver, Canadá
5-Laboratório de Ecologia do Ictioplâncton, Instituto de Ocenaografia, Universidade Federal do Rio
Grande
6-Laboratório de Oceanografia Costeira e Estuarina, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do
Rio Grande
7-Laboratório de Ictiologia, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande
Mudanças climáticas impactam a pesca no extremo sul do Brasil, com repercussões sobre os pescadores.
Este trabalho visa entender a vulnerabilidade socioeconômica e a capacidade de adaptação dos
pescadores quanto afetados por eventos climáticos. Duas espécies emblemáticas do estuário da Lagoa
dos Patos (RS), camarão-rosa (Farfantepenaeuspaulensis) e a tainha (Mugil Liza), foram escolhidas para
analisar os efeitos de eventos climáticos na pesca das mesmas. e seus impactos socioeconômicos..
Ambas as espécies são de alta importância socioeconômica. Os resultados revelaram que os altos
volumes de descargas de rios na bacia hidrográfica da Lagoa dos Patos, associados com eventos El Niño
que provocam excesso de chuvas - fato frequente na região em estudo -, causam acentuada redução na
captura destas espécies e consequente queda na receita destas atividades econômicas. Esta sequência
de eventos é identificada a partir da percepção dos pescadores que atuam nestas duas pescarias no
estuário da Lagoa dos Patos. Este processo causa um enorme stress no bem-estar das comunidades
pesqueiras. Além disso, no caso da pesca da tainha os resultados mostraram como a vulnerabilidade dos
pescadores é afetada tanto por processos ambientais como pelos processos de gestão pesqueira. É
portanto devido a conjunção de fatores, tais como excesso de chuvas e pesca ilegal, que pescadores
artesanais tornam-se mais vulneráveis e menos capazes de adaptar-se às incertezas. A partir destes
entendimentos e de reuniões e encontros com grupos da pesca, são construídos instrumentos de
suporte à tomada de decisão relacionados a esta problemática. Estudo financiado pelo IAI-CRN2076/NSF-
GEO-0452325.
84
A VULNERABILIDADE DE PESCADORES ARTESANAIS DO LITORAL SUL DO BRASIL:O PAPEL DAS
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E DAS UNIDADES DE CONSERVAÇÃO NA DETERMINAÇÃO DE SUAS
ESTRATÉGIAS DE ADAPTAÇÃO
Luiz F. D. Faraco1,3, José M. Andriguetto Filho3 e Paulo C. Lana2
1-Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade, Ministério do Meio Ambiente
2-Centro de Estudos do Mar, Universidade Federal do Paraná ([email protected])
3-Programa de Pós-graduação em Meio Ambiente e Desenvolvimento, Universidade Federal do Paraná
A vulnerabilidade sócio-ambiental dos pescadores artesanais do sul do Brasil, definida pelo seu grau de
exposição, sensibilidade e capacidade de adaptação, vem aumentando devido às quedas dos estoques
de várias espécies e a problemas generalizados de acesso e gestão dos recursos costeiros. Vivendo e
trabalhando junto a áreas de elevada biodiversidade, os pescadores são também afetados pelas
restrições impostas pela legislação ambiental e pelas unidades de conservação. É possível prever que as
alterações associadas às mudanças climáticas funcionarão como fontes adicionais de impacto. A
vulnerabilidade dos pescadores depende de variados fatores sociais e ecológicos, internos e externos,
entre os quais se destacam o aumento na frequência e intensidade de tempestades, aqueda nos
estoques pesqueiros e a projetada subida do nível do mar. A queda dos estoques pesqueiros e o
aumento da imprevisibilidade sazonal dos recursos vêm exigindo dos pescadores o desenvolvimento e
aplicação de estratégias para lidar com (no curto prazo) e se adaptar (no longo prazo) a essas
perturbações. Estas variáveis podem ser vistas como análogas atuais dos efeitos futuros projetados por
modelos de mudanças climáticas. Este trabalho objetiva: 1) descrever os elementos que compõem
atualmente a vulnerabilidade às mudanças climáticas de pescadores artesanais do litoral norte do
Paraná, sul do Brasil, avaliando as diferenças entre vilas pesqueiras e as estratégias de adaptação
aplicadas no passado, no presente e cogitadas para o futuro para lidar com as variações nos estoques
pesqueiros; 2)avaliar como características sociais, econômicas e políticas, incluindo a presença das
unidades de conservação, afetam a escolha dessas estratégias, sua viabilidade e sua eficácia para reduzir
a vulnerabilidade. Análises preliminares de entrevistas semiestruturadas mostram que a vulnerabilidade
varia mesmo entre vilas muito próximas e é determinada principalmente pelo tipo de pescarias
realizadas e pelo nível de dependência em relação à pesca. As unidades de conservação afetam a
vulnerabilidade dos pescadores de maneira marcada ao restringir ainda mais as opções de adaptação
daqueles que já são mais vulneráveis. Os resultados dessa análise serão úteis para a integração das
políticas de adaptação às mudanças climáticas e das políticas de conservação da biodiversidade na zona
costeira, como forma de promover a resiliência conjunta de pescadores e dos ecossistemas costeiros
face a um cenário de mudanças climáticas.
85
SESSÃO TEMÁTICA
Metodologias e avaliação de vulnerabilidades costeiras
A IMPORTÂNCIA DA PADRONIZAÇÃO E SISTEMATIZAÇÃO DE DADOS GEOESPACIAIS PARA ESTUDOS EM
REDE: CARTA SAO, ERROS E ACERTOS
Rafael M. Sperb1, Antônio H. F. Klein2 e João T. Menezes3
1-Laboratorio de Computação Aplicada, Universidade do Vale do Itajaí ([email protected])
2-Laboratório de Oceanografia Costeira, Departamento de Geociências, Universidade Federal de Santa
Catarina
Entre 2005 e 2007, INPE, OCEANSATPEG, UFPR, UFRJ, UNIMONTE, USP e UNIVALI conduziram,
colaborativamente, os estudos que resultaram no Mapeamento da Sensibilidade Ambiental ao Óleo da
Bacia Sedimentar Marítima de Santos – Carta SAO. Com base neste estudo, esta palestra apresenta
criticamente, a partir de erros e acertos, a importância da padronização de dados geoespaciais, com
destaque ao compartilhamento e integração deste produzidos em rede, para elaboração de produtos
cartográficos. Complementarmente, são apresentadas as diretivas do governo brasileiro no que
concerne à sistematização de dados e produtos cartográficos digitais, bem como as tendências que se
apresentam em termos de soluções tecnológicas para o catalogamento e disponibilização de dados
geoespaciais via Internet.
ESTUDOS GEODÉSICOS SOBRE OCUPAÇÕES URBANAS NO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL
Glauber A. Gonçalves1 e Humberto Vianna2
1-Laboratório de Tecnologia de Geoinformação, Centro de Ciências Computacionais, Universidade Federal
do Rio Grande ([email protected])
2-Programa de Pós-graduação em Engenharia Oceânica, Universidade Federal do Rio Grande
A precisa descrição de ambientes costeiros, sujeitos a dinâmica dos eventos extremos que
frequentemente atingem tais áreas, é alvo desse estudo de desenvolvimento de metodologia para
métrica das estruturas ambientais presentes. O estabelecimento de um referencial geodésico local,
acoplado ao Sistema Geodésico Brasileiro, obtido por técnicas de posicionamento GPS integradas a
medidas topográficas de alta precisão foi o primeiro processo desenvolvido. A estimativa do geóide em
uma pequena faixa desse litoral, por modelagem numérica sobre controles bem estabelecidos, permitiu
o ajustamento de um modelo numérico de terreno obtido por laser scanner na mesma área. Esse
produto permite a simulação do impacto de eventos de elevação do nível do mar com extrema precisão.
Um breve experimento com dados registrados numa área de densa ocupação urbana na região pós-
dunas foi efetuada, com vistas a demonstrar o potencial da ferramenta e metodologia testadas. Os dados
utilizados foram cortesia da Secretaria de Patrimônio da União, gerencia regional do estado do RS.
86
IMPACTOS DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS NA COSTA DO RIO GRANDE DO SUL: FORÇANTES EXTERNAS E
CONTROLES INTERNOS
Salette A. Figueiredo1
1-Laboratório de Oceanografia Geológica, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande
As mudanças climáticas previstas como resultado do aquecimento global incluem: taxas aceleradas de
elevação do nível do mar, aumento da intensidade e/ou frequência das tempestades, e alterações no
balanço de sedimentos, em função das mudanças no clima regional de ondas. Estimativas precisas para
as taxas de mudança ainda estão cercadas de incertezas. Ainda mais incerteza é adicionada quando se
leva em consideração os impactos destas mudanças em ambientes costeiros com morfologia e dinâmica
variáveis. Isto se deve ao fato de que os controles regionais internos, tais como, a declividade do
substrato, a disponibilidade de sedimento e a extensão dos limites em mar aberto para trocas
sedimentares entre a ante-praia inferior e costa, desempenham um importante papel em determinar
como a costa irá responder às alterações na dinâmica externa devido às mudanças climáticas,
especialmente à elevação do nível do mar. Neste estudo utilize-se um modelo costeiro agregado, o
DilatingRandomShorefaceTranslationModel (DRanSTM), para avaliar os efeitos da elevação do nível do
mar durante as próximas décadas ao longo dos setores morfodinâmicamente diferentes da costa do Rio
Grande do Sul, na região sul do Brasil. A capacidade estocástica do DRanSTM permitiu a quantificação
das diferentes fontes de incerteza nas previsões de risco costeiro à erosão. Os resultados das simulações
sugerem que a variação regional da resposta costeira às mudanças climáticas é controlada
principalmente pela declividade da ante-praia inferior, sendo a morfologia da costa e da ante-praia
superior desempenhando um papel menos relevante. Reversões nas tendências geo-históricas estão
previstas para as próximas décadas, onde setores anteriormente progradantes irão desenvolver taxas de
erosão que são ainda maiores do que as apresentadas pelos setores geo-históricamente erosivos. Os
resultados indicam que os setores com substratos de gradiente suave são os mais vulneráveis aos efeitos
das mudanças climáticas sendo também os mais reativos a alterações dos parâmetros da ante-praia
inferior. Os resultados apresentados apontam para o imperativo do desenvolvimento de um plano
específico de planejamento, manejo e adaptação, o qual considere os efeitos das variações sutis na
morfologia do substrato na resposta costeira às mudanças climáticas.
87
PAINÈIS
EROSÃO COSTEIRA NO RIO GRANDE DO SUL: ANÁLISE DA PASSAGEM DE EVENTOS EXTREMOS E PERFIS
DE PRAIA ENTRE 1991 E 1996
Allan O. de Oliveira1 e Lauro J. Calliari2
1-Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul, Campus Rio Grande
2-Laboratório de Oceanografia Geológica, Instituto de Oceanografia, Universidade Federal do Rio Grande
As mudanças climáticas estão entre os assuntos mais discutidos no meio científico e imprensa em geral,
pois tendem a causar impactos sobre muitas sociedades humanas. Nas zonas costeiras estes impactos
podem ser mais evidentes a partir da elevação do nível do mar, ou pela intensificação dos eventos
extremos que causam empilhamento d’água na costa. Na costa do Rio Grande do Sul este efeito já vem
sendo discutido em vários trabalhos publicados pelo Laboratório de Oceanografia Geológica da
Universidade Federal do Rio Grande. Para analisar a erosão costeira no RS entre os anos de 1991 a 1996
foram utilizados perfis praias realizados pelo Laboratório de Oceanografia Geológica (LOG) da
Universidade Federal do Rio Grande nos anos de 1991 a 1996, e que compõem o Banco de Dados PRAIA
LOG, além de dados do projeto Reanálise R-1 do NCEP/NCAR (National Centers for Environmental
Prediction). Após a seleção dos perfis que seriam utilizados foram calculadas as variações volumétricas
(m3/m) detectando assim os perfis erosivos, e após, com o auxílio do banco de dados do Projeto
Reanálise R-1 do NCEP/NCAR, foram simuladas as condições atmosféricas para os períodos em que
ocorreu erosão praial. Mesmo com alguns trechos costeiro apresentando maior erosão (extremo sul do
RS), foi verificado que a maioria das praias estudadas ao final de cada ano de pesquisa não ficaram com
déficit sedimentar, indicando que ocorre um processo natural de recuperação.
COMPARAÇÃO METODOLÓGICA DE PADRÕES DE CLASSIFICAÇÃO ECOLÓGICA DE AMBIENTES MARINHOS E
COSTEIROS COM VISTAS AO MAPEAMENTO CARTOGRÁFICO E DETERMINAÇÃO DA SENSIBILIDADE
AMBIENTAL
Carolina S. Mussi¹, Angelina Coelho¹, Rafael M. Sperb¹, Antônio C. Beaumord³, João T. Menezes², Maria I. F.
Santos4, Thelma L. Scolaro¹, Danielle D. Klein¹, Roberto A Pavan² e Ana P. F. D. Ramos¹
1-Laboratorio de Computação Aplicada, Universidade do Vale do Itajaí
2-Laboratorio de Sensoriamento Remoto,Universidade do Vale do Itajaí ([email protected])
3-Laboratorio de Estudos e Impactos Ambientais, Universidade do Vale do Itajaí
4-Laboratorio de Oceanografia Geológica, Universidade do Vale do Itajaí
Diversos esforços têm sido realizados pelos pesquisadores mundiais no intuito de definir um padrão
classificatório para os ambientes da zona costeira, a fim de viabilizar a interoperabilidade de dados e facilitar a
88
gestão ambiental e socioeconômica destas regiões. A padronização e hierarquização dos ambientes que
compõem a zona costeira e marinha é etapa essencial na definição de unidades geográficas para o
mapeamento cartográfico, pré-requisito na avaliação da fragilidade do ambiente e riscos a biodiversidade.
Este trabalho discute a aplicabilidade do Coastaland Marine EcologicalClassification Standard (CMECS) e do
EuropeanNatureInformation System (EUNIS) como métodos padrões de classificação cartográfica dos
ambientes costeiros e marinhos para identificação da sensibilidade ambiental e riscos a biodiversidade frente
às mudanças climáticas no litoral de Santa Catarina. A avaliação da aplicabilidade de ambas as metodologias
se deu através de uma matriz multicritério, relacionado as particularidades de cada uma com o atendimento
ou não de requisitos para o mapeamento cartográfico de “Unidades Geográficas Homogêneas” e análise de
risco. Ambas as metodologias avaliadas neste estudo apresentam caracteristicas interessantes para definição
de “Unidades Geográficas Homogêneas” para o mapeamento cartográfico e avaliação da sensibilidade e de
risco. Conclui-se que uma composição entre essas duas abordagens, seguida de uma adequação à realidade
de sistemas tropicais seria a melhor opção para prodeceder uma classificação padronizada quando o foco é
avaliar a senbilidade e risco das mudanças cilmaticas na costa? Ressalta-se, no entanto, que a adequação dos
sistemas, dependerá diretamente da disponibilidade de dados secundários que permitam representar do
modo mais completo possível os ambientes e processos presentes na costa de Santa Catarina.
HIDRODINÂMICA DO SACO DO ARRAIAL (LAGOA DOS PATOS, RS) FRENTE ÀS VARIAÇÕES DE DESCARGA
FLUVIAL – INDÍCIOS DE RESPOSTAS DAS ENSEADAS RASAS ESTUARINAS ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Priscila B. Giordano1 e Elisa H. L. Fernandes
1-Ambidados – Soluções em Monitoramento Ambiental ([email protected])
2-Laboratório de Oceanografia Costeira e Estuarina, Instituto de Oceanografia,Universidade Federal do
Rio Grande
As enseadas rasas do estuário da Lagoa dos Patos são importantes ambientes para o desenvolvimento de
diversas espécies marinhas. Estas áreas servem como berçários para muitas espécies comercialmente
importantes e contribuem para muitas atividades econômicas relacionadas ao suporte industrial da
cidade de Rio Grande, pesca artesanal de camarão, aquacultura e lazer. Embora estes ambientes tenham
grande importância ecológica e econômica para a região, pouco se sabe sobre a sua dinâmica e a sua
resposta às mudanças climáticas. Experimentos de modelagem numérica foram realizados para
investigar a resposta do Saco do Arraial, a maior enseada rasa do estuário da Lagoa dos Patos, às
principais forçantes da região: vento, maré e descarga fluvial com enfoque principal na resposta deste
sistema às variações extremas da contribuição de descarga fluvial. O comportamento do sistema perante
as situações extremas fornece um indicativo da sua resposta aos ciclos de El Niño/La Niña. Os resultados
mostram que a dinâmica desta baía é dependente das variações de nível do estuário, do efeito local do
vento e da intensidade da descarga fluvial. Quanto mais intensa a descarga fluvial, menor é o Tempo de
Renovação do Volume de Água e o Tempo de Permanência de partículas dentro do Saco do Arraial.
Durante períodos de baixa descarga o vento é o principal fator que promove a entrada de sal no Saco do
89
Arraial. Como a maioria dos ambientes costeiros, este ecossistema mostra-se sensível às possíveis
consequências das mudanças climáticas.
ALTERAÇÕES NA CONCENTRAÇÃO DE CLOROFILA-ASOB INFLUÊNCIA DA RESSURGÊNCIA DE CABO FRIO
E SUA RELAÇÃO COM A DISTRIBUIÇÃO DE LARVAS DE CIRRIPEDES E BIVALVES AO LONGO DA
PLATAFORMA CONTINENTAL
Ana C. A. Mazzuco1, Áurea M. Ciotti1 e Ronaldo A. Christofoletti1
1-Centro de Biologia Marinha, Universidade de São Paulo ([email protected])
A distribuição das larvas de invertebrados sobre plataformas continentais é consequência do padrão de
correntes e feições, associados a respostas comportamentais das larvas à dinâmica do ambiente
pelagial. Dentre consequências de mudanças climáticas estão alterações na intensidade de processos de
ressurgência costeira, que além de prover condições nutritivas para o acúmulo de biomassa
fitoplanctônica, ainda são veículos para agregações larvais. Este estudo propõe-se investigar a variação
espacial da densidade de larvas de cirripedes e bivalves sobre a plataforma continental na zona de
influência da Ressurgência do Cabo Frio, e a sua relação com a concentração de clorofila-a. As amostras
foram obtidas ao longo de 4 transectos perpendiculares e um paralelo a costa, em duas comissões
oceanográficas, em junho/2010 e janeiro/2011. Os métodos utilizados incluíram arrastos verticais com
rede de plâncton para a captura das larvas e amostras de água para as medidas de clorofila-a por
extração e fluorescência. A densidade larval variou ao longo dos transectos, com maiores densidades
encontradas próximo a costa, sem contrastes latitudinais consideráveis. A densidade larval de bivalves
foi maior do que de cirripedes e as tendências espaciais diferiram. Concentração de clorofila-a e a
densidade larval apresentaram uma relação positiva, mais significativa para cirripedes que bivalves, e
apenas encontrada durante as amostragens de inverno. Esses resultados sugerem pela primeira vez na
área de estudo, que a distribuição larval esteja associada as maiores concentrações de organismos
fitoplanctônicos, o que pode ter impacto sobre as taxas de sobrevivência e recrutamento larval, bem
como afetar a disponibilidade de células fitoplanctônicas na coluna dágua.
PADRÃO TEMPORAL DE OCORRÊNCIA DE FLORAÇÕES FITOPLANCTÔNICAS NA BAIA DE SÃO VICENTE
(SP) DURANTE O VERÃO DE 2010
André F. Bucci1, Áurea M. Ciotti1 e Ricardo C. G. Pollery2
1-Laboratório Aquarela, Centro de Biologia Marinha, Universidade de São Paulo ([email protected])
2-Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro
A ocorrência de florações fitoplanctônicas em águas costeiras e baias é resultado do dinamismo
hidrológico costeiro associado à disponibilidade de nutrientes e luz para o aumento da produção
primária. As florações de fitoplâncton afetam a estrutura trófica das águas costeiras e modificam os
caminhos para o carbono. Efeitos antrópicos, como descargas de água doce e esgoto podem promover
90
alterar os padrões das florações no tempo e no espaço, e assim, se torna indispensável quantificar
possíveis anomalias e suas causas. Durante dezembro de 2009 a março de 2010, foram realizadas coletas
de água em dias alternados na Baia de São Vicente (SP) e monitorados i) a concentração de clorofila-a, ii)
a concentração de nutrientes, iii) eventos hidrológicos (maré e descarga de água continental) e iv)
salinidade e temperatura. As florações, representadas pela concentração de clorofila-a, apresentaram
frequência de ocorrência de aproximadamente 15 dias (análise Wavelet), tendo como provável fator
regulador o ciclo de maré local (regime sigízia/quadratura) e sua interferência na disponibilidade
luminosa. Contudo, esse padrão desaparece em episódios de alta descarga de água doce promovida por
uma usina hidroelétrica (Henry-Borden) localizada em Cubatão. A concentração de nutrientes não
influenciou o padrão temporal das florações, e o padrão de florações no estuário é resultado do balanço
da influência de eventos naturais regulares (ciclo de maré) e eventos esporádicos resultado da atividade
humana (descarga de água doce e esgoto). Altas descargas de água doce podem comprometer a
estrutura trófica da região.
IMPACTO DA URBANIZAÇÃO E TEMPERATURAS EXTREMAS SOBRE A PRODUÇÃO PRÍMARIA DE HYPNEA
MUSCIFORMIS (WULFEN) J. V. LAMOUR
Caroline D. Faveri1, Cintia Martins2, Eder Schimdt1, Paulo A. Horta1 e Zelinda Bouzon1
1-Laboratório de Ficologia, Centro de Ciências Biológicas, Universidade Federal de Santa Catarina
O presente trabalho teve como objetivo avaliar a concentração de pigmentos fotossintetizantes
(carotenóides totais, clorofila a e as ficobiliproteínas) e os possíveis impactos da urbanização e
temperatura extremas sobre a taxa de produção primária da carragenófitaHypneamusciformis (Wulfen)
J. V. Lamour. As macroalgas foram coletadas em Ponta das Canas, Florianópolis, Brasil e permaneceram
aclimatadas em laboratório, durante 15 dias, em água do mar enriquecida com solução vonStosch 4,0 %,
salinidade 34 ups, temperatura de 24ºC (± 2ºC) e fotoperíodo de 12h, com irradiância de 80 µmols
fótons. m-2. s-1. Após esse período, 1,0 (±0,5) grama de H. musciformis foi incubado durante cinco dias,
em 250 ml de água do mar de três diferentes locais (Saco dos Limões e Ponte Hercílio Luz, ambos
impactados, e Ponta das Canas, não impactado, representando o controle), em três câmaras com
diferentes temperaturas (15, 25 e 35ºC). Todas as câmaras foram configuradas com irradiância de 45±4
µmol fótons m-2 s-1 e fotoperíodo de 12h. Medições da fluorescência da clorofila foram realizadas após
24 e 72 horas de incubação para análise da performance fotossintética. Hypneamusciformisapresentou
maiores taxas fotossintéticas nas incubações de 15 e 25ºC.A alta temperatura 35ºC em sinergismo com
águas de locais impactados comprometeram significativamente o desempenho fotossintético de
H.musciformis. Os pigmentos fotossintetizantes, como a clorofila a e as ficobiliproteínas apresentaram
redução após exposição à água dos locais impactados. Síntese de carotenóides foi constatada nas
amostras tratadas com água dos locais impactados, uma vez que esse pigmento possui alto poder
fotoprotetor, o que remete a uma forte capacidade da espécie para adaptação fotossintética a extremos
91
ambientais.
ADAPTAÇÃO DA TEMPERATURA DE FRONTEIRA DOS MÉTODOS DO PROGRAMA CORAL REEF WATCH
(NOAA) PARA A PREVISÃO DE BRANQUEAMENTO NA COSTA LESTE DO BRASIL
Danilo S. Lisboa1e Ruy K. P. Kikuchi1
1-Grupo de Estudos Recifes de Corais e Mudanças Globais, Universidade Federal da Bahia
O clima mais ameno e equilibrado dos últimos trezentos milhões de anos possibilitou o aparecimento
das milhares de espécies animais e vegetais que vemos hoje. Na base da estrutura das comunidades
marinhas, e graças a essas condições mais estáveis, surgiu, então, uma frágil relação simbionte entre
Cnidários e Zooxantelas que possibilitou aos corais construir estruturas complexas, tridimensionais
chamadas de recifes de corais. Tal interdependência entre estes dois organismos, apesar de possuir um
papel fundamental, mostrou-se essencialmente sensível aos aumentos anômalos na TSM. Variados
índices térmicos decorrentes do sensoriamento remoto vêm sendo utilizados como alternativas de
monitoramento do ambiente recifal demonstrando a correlação positiva entre o branqueamento de
corais e as anomalias de TSM. A NationalOceanicandAtmosphericAdministration (NOAA) desenvolveu um
programa de monitoramento do ambiente recifal chamado de Coral ReefWatch (CRW). Os índices
térmicos desenvolvidos por esse programa abrangem todos os oceanos e estão disponíveis para o
período de 2001 ao presente. Tais produtos são calculados duas vezes por semana e mostraram-se
bastante eficientes em detectar anomalias de TSM capazes de gerar branqueamento em vastas áreas
recifais. Para águas brasileiras, entretanto, tais índices demonstram a falta de sensibilidade necessária
para detectar anomalias térmicas capazes de forçar o branqueamento. Ou seja, a temperatura de
fronteira que caracteriza o estresse térmico está superestimada para as áreas recifais brasileiras. Dentro
deste contexto, insere-se a presente pesquisa, com o objetivo de recalcular os índices térmicos
propostos pela CRW, criando desta forma, um sistema de monitoramento térmico do ambiente recifal
brasileiro em tempo quase real. Os resultados encontrados demonstram uma correlação direta com os
eventos de branqueamento e foram utilizados para determinação de áreas prioritárias para manejo e
monitoramento, assim como, para criação de sistemas de alerta para prover possíveis avisos para as
áreas recifais que coincidem com as anomalias térmicas detectadas.
ANÁLISE PRELIMINAR DE SÉRIES TEMPORAIS DAS CAPTURAS ARTESANAIS DE QUATRO ESPÉCIES
ESTUARINO-DEPENDENTES NO SUL DO BRASIL
Gonzalo Velasco1, Bruna B. Lima1e Leonardo E. Moraes1
1-Programa de Pós-Graduação em Oceanografia Biológica, Universidade Federal do Rio Grande
Foram analisadas séries temporais (1964-2007) dos desembarques artesanais de quatro espécies de
92
importância no estuário da Lagoa dos Patos (RS, Brasil): os peixes tainha Mugilliza, corvina
Micropogoniasfurnieri, e bagres Genidens spp., e o camarão-rosa Farfantepenaeuspaulensis, obtidos dos
relatórios do CEPERG/IBAMA. Além disso, os valores de vazão total anual dos três principais rios da bacia
de drenagem do sistema Patos-Mirim (Taquari, Jacuí e Camaquã) obtidas de dados da Agência Nacional
das Águas (ANA), e os dados de TSM obtidos através do site do “InternationalComprehensiveOcean-
Atmosphere Data Set” (ICOADS), de uma área a 60 Km perpendiculares à desembocadura do Estuário
foram utilizados como proxy da vazão e da temperatura na área de estudo, respectivamente. A relação
entre as variáveis ambientais e os desembarques foi analisada a través da Análise de Redundância
Canônica (RDA). A significância de cada variável foi avaliada pelo teste de permutação de Monte Carlo,
com o objetivo de verificar a importância das alterações climáticas no decréscimo observado dos
desembarques. Essas variáveis ambientais explicaram 22% do total da variação das capturas anuais das
espécies analisadas, sendo que 85,4% desta variação seria explicada por um gradiente de temperatura
dos verões, e 12,1% por um gradiente de vazão total anual. Observou-se uma correlação negativa entre a
TSM do verão e os desembarques dos quatro recursos, e como uma relação negativa entre a vazão anual
e os desembarques de tainha e camarão. Já os desembarques de corvina se mostraram relacionados
positivamente com a vazão do inverno. Devido a que os parâmetros ambientais mais influentes na
produtividade das pescarias tiveram baixo nível de explicação da variação, acredita-se que o principal
motivo para a queda dos desembarques seja a sobrepesca. Sugerem-se estudos futuros com análises de
destendenciamento, e a inclusão de mais variáveis ambientais, na busca de melhores respostas sobre o
eventual efeito das mudanças climáticas na presença e produtividade das espécies no estuário, fatores
estes que codeterminam os rendimentos pesqueiros.
COMPARAÇÃO DE CALCIFICAÇÃO DOS CORAIS MUSSISMILIA BRAZILIENSIS VERRILL, 1868 E
SIDERASTREA STELLATA VERRILL, 1868 DA ÉPOCA DO HOLOCENO TARDIO E DO PRESENTE
Laísa P. Ramos1 e Ruy K. P. Kikuchi1
1-Grupo de Estudos Recifes de Corais e Mudanças Globais, Universidade Federal da Bahia
Atualmente, diversas mudanças estão ocorrendo no planeta, sejam essas de origem antrópicas ou
naturais. Com essas mudanças, principalmente climática, é importante se criar modelos de previsão para
se saber quais serão as consequências dessas alterações. Para isso, é importante, se não necessário, se
entender o passado para se fazer boas previsões para o futuro. Os corais são animais que ocorrem na
região tropical do planeta e que quando estão crescendo incorporam carbonato de cálcio para a
formação do seu esqueleto. Além do carbonato de cálcio, muitas substâncias presentes na água são
incorporadas em seu esqueleto durante o seu crescimento. Assim, mesmo após sua morte, as
informações que foram incorporadas por esses animais durante a vida são preservadas. Além disso, para
crescerem, estes animais precisam estar em condições ideais de temperatura e luminosidade, que são os
principais fatores ambientais que afetam o seu crescimento. Por isso, analisar a estrutura esquelética de
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corais pode trazer informações importantes sobre o ambiente passado, tanto do ponto de vista
climático, como do ponto de vista ambiental. Neste trabalho foram coletados fósseis de corais da época
do Holoceno tardio (cerca de 3.000 anos AP). Foi feita a análise do esqueleto desses fósseis comparou-se
os resultados com os corais atuais. Com isso, pode-se fazer uma regressão, vendo-se como foi o
ambiente a 3.000 anos atrás, c compará-lo com o ambiente atual, sendo levado em consideração
também o ponto de vista climático.
AVALIAÇÃO DO EFEITO DA TEMPERATURA DA ÁGUA SOBRE A ESPÉCIE DE CORAL MUSSISMILIA
BRAZILIENSIS EM AQUÁRIO
Lize E. S. Gonzaga1, Marilia D. M. Oliveira1, Ruy K. P. Kikuchi1 e Zelinda M. A. N. Leão1
1-Grupo de Estudos Recifes de Corais e Mudanças Globais, Universidade Federal da Bahia
O branqueamento de coral tem sido intensamente estudado devido à sua possível relação com as
mudanças climáticas e o aumento da temperatura da superfície da água do mar. Para avaliar a
suscetibilidade do coral Mussismiliabraziliensis ao aumento da temperatura, foram coletadas 18 colônias
em Abrolhos, as quais foram distribuídas em três grupos. Cada grupo foi submetido a uma temperatura
específica, 26ºC (grupo controle), 28ºC e 30ºC durante até oito semanas, quando a temperatura da água
dos grupos de 28ºC e 30ºC foi reduzida para 26ºC, permanecendo nesta temperatura por oito semanas,
a fim de observar qualquer recuperação do estresse térmico ao qual as colônias foram submetidas.
Durante o experimento as colônias foram mantidas sem influências externas, com salinidade constante.
Semanalmente foram obtidas fotografias de cada colônia, as quais foram analisadas através do programa
CPCe 3.6, para quantificar o percentual de área afetada pelo estresse térmico. O branqueamento foi
diagramado em função do estresse térmico acumulado (DegreeHeating Weeks, DHW), soma das
anomalias térmicas semanais acima da máxima média mensal climatológica num intervalo de 12
semanas. O aumento da temperatura da água foi o fator responsável pelo branqueamento nas colônias
de M. braziliensisque permaneceram a 30ºC. Houve uma recuperação do grau de branqueamento,
quando restabelecida a temperatura de 26ºC, porém a recuperação foi mínima se considerarmos que a
taxa de mortalidade nas colônias foi superior a 80%. Anomalias de temperatura mantidas por períodos
prolongados pode ser um fator determinante no aumento da ocorrência e intensidade do
branqueamento de corais. Um estresse térmico de DHW = 8 pode causar branqueamento forte em mais
de 80% das colônias e DHW = 12 acarreta redução da cobertura de corais vivos.
ADAPTAÇÃO DO ÍNDICE DE QUALIDADE DE FUNDOS ROCHOSOS (CFR) AO MONITORAMENTO NA BAÍA
DE ILHA GRANDE, RIO DE JANEIRO, ENFOCANDO AS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Maria T. M. Széchy1
1-Departamento de Botânica, Instituto de Biologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro
94
O Índice de Qualidade de Fundos Rochosos (CFR) foi criado para a avaliação da condição ecológica de
substratos consolidados na costa norte da Espanha, com base em características sugeridas pelo
EuropeanWater Framework Directive para assembleias de macroalgas, quantificadas por técnicas de
amostragem não destrutivas. CFR combina, em uma abordagem multimétrica, as seguintes variáveis
relacionadas às assembleias de macroalgas: riqueza e cobertura total de espécies características,
cobertura total de espécies oportunistas (filamentosas e foliáceas não corticadas), e condição fisiológica
da assembleia. Na Baía da Ilha Grande, costões rochosos são habitats de inquestionável valor ecológico,
ocupando grandes extensões. Por isto, seu monitoramento em longo prazo é recomendável para o
estudo do efeito de mudanças climáticas. O objetivo deste estudo foi testar a adequação do índice CFR
para a avaliação de mudanças em comunidades de costões rochosos da Baía da Ilha Grande. Foram feitas
algumas modificações ao CFR: diminuição do domínio amostral e substituição da unidade amostral de
transects para quadrados; redução da análise a apenas uma profundidade, na região sublitorânea rasa;
simplificação da análise da condição fisiológica, considerando apenas o grau de desenvolvimento do
dossel. Quatro locais, todos não voltados ao batimento direto de ondas, selecionados em função da
distância a pontos de descarga de efluentes com esgoto doméstico e do efluente de central nuclear,
foram estudados no verão de 2008. Os CFR calculados indicaram condição ecológica pobre para o local
mais próximo de descargas de esgoto doméstico. No entanto, o local submetido à poluição térmica
mostrou condição ecológica boa, com CFR similar a outro local, não submetido a este tipo de poluição,
ambos locais distantes de descargas de esgoto doméstico. O índice CFR, com as modificações aqui
introduzidas, é uma ferramenta interessante para a avaliação ambiental de costões rochosos da Baía da
Ilha Grande, dependendo do tipo de poluição.
ESTRESSE FÍSICO EM MUSSISMILIA BRAZILIENSIS EM RESPOSTA À SEDIMENTAÇÃO EM TEMPO DE
MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Miguel M. Loiola1,2, Clara K. D. Coelho1, Marília D. M. Oliveira1, Ruy K. P. Kikuchi1 e Zelinda M. A. N. Leão1
1-Laboratório de Estudos de Recifes de Corais e Mudanças Globais, Universidade Federal da Bahia
2-Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Biomonitoramento, Universidade Federal da Bahia
Processos associados às mudanças climáticas globais como a elevação do nível do mar e o aumento de
eventos extremos provocam, dentre outras coisas, o aumento da sedimentação costeira, o que pode
implicar nos corais efeitos letais e subletais que comprometem a construção recifal. No Brasil os efeitos
do sedimento sobre o metabolismo dos corais permanecem desconhecidos. Assim, esse estudo visa
responder se o aumento da sedimentação provoca danos aparentes em colônias de Mussismilia
braziliensis, uma espécie endêmica e principal construtora dos recifes de Abrolhos. Para tanto, foram
coletadas sete colônias em um recife de Abrolhos (17,77558S e 39,05083W) e sedimento lamoso
próximo a foz do rio Caravelas, em junho de 2011. No Laboratório de Estudos de Recifes de Corais e
95
Mudanças Globais, os animais permaneceram dois meses em aclimatação. O sedimento foi esterilizado
para eliminação do material orgânico. O experimento consistiu de sete cubas de 4 L, contendo água
salina sintética a 36 psu, acondicionadas em dois aquários de 60 L, com água doce circulante a 26°C,
iluminadas durante 12h diárias. Cada cuba continha uma colônia, submetida a taxas de sedimentação
equivalentes a 0 (controle), 15, 50, 150, 250, 350 e 450 mg.cm-2.dia-1, durante 25 dias. Os efeitos do
sedimento foram identificados semanalmente através de fotografias digitais e o percentual de
branqueamento estimado a partir do software CPCe 3.6. Após 25 dias verificou-se que colônias expostas
as maiores quantidades de sedimento sofreram efeitos mais severos, como branqueamento parcial
(colônias expostas a 50 e 250 mg.cm-2.dia-1), branqueamento total (colônia exposta a 150 mg.cm-2.dia-1)
e deformação dos pólipos, a partir da exposição do disco oral e do inchaço tecidual (colônia exposta a
450 mg.cm-2.dia-1). Estes resultados demonstram que o sedimento em concentrações excessivas que
simulem eventos extremos como tempestades, provoca estresse físico em M. braziliensise representa
uma ameaça aos recifes brasileiros.
EVENTOS EXTREMOS E A COMUNIDADE FITOBÊNTICA DO LITORAL SUL DO BRASIL: MUDANÇAS
CLIMÁTICAS, UM FUTURO PRÓXIMO?
Noele P. Arantes1, Cintia D. L. Martins2, Cintia Lhullier2, Manuela B. Batista1,2 e Paulo A. Horta2
1-Pós-Graduação em Biologia Vegetal, Universidade Federal de Santa Catarina
2-Departamento de Botânica, Universidade Federal de Santa Catarina
As mudanças climáticas recentes e suas consequências para os ecossistemas e a sociedade têm sido
ponto focal da ciência atual, sendo discutida por vários setores da sociedade. O objetivo deste estudo foi
verificar diferenças na estrutura das comunidades fitobênticas de duas praias da Ilha de Santa Catarina,
Canasvieiras e Lagoinha, antes e após a ocorrência de eventos extremos de precipitação e ressaca. As
coletas foram realizadas nos dias 17 e 31 de março de 2010 (antes do evento) e no dia 15 de abril de
2010 (após o evento). Foram feitas análises da abundância relativa, para as quais as macroalgas foram
classificadas em morfotipos. Para auxiliar na explicação dos desdobramentos ecofisiológicos dos ditos
eventos foram coletadas amostras do gênero Ulva para análise da concentração de clorofila através de
espectrofotômetro. A diversidade, obtida através do índice de Shannon-Weaver, apresentou aumento
após o evento, tanto em Canasvieiras (H’=1,78 para H’=2,03) quanto em Lagoinha (H’=1,48 para
H’=1,84). As concentrações das clorofilas a e b apresentaram diminuição em ambas as praias após o
evento. Em ambas as amostragens, Canasvieiras apresentou dominância por macroalgas foliáceas, as
quais tiveram diminuição da porcentagem de cobertura após o evento. Já na Lagoinha houve dominância
de macroalgas filamentosas antes e após o evento, as quais também apresentaram diminuição da
porcentagem de cobertura. Considerando que a frequência e a magnitude de eventos extremos tendem
a aumentar nos próximos anos, como consequência das mudanças climáticas, os presentes resultados
colocam em discussão os diferentes graus de comprometimento ambiental e sua consequência para a
96
preservação da biodiversidade marinha costeira.
ASPECTOS DA ECOFISIOLOGIA DE PEYSSONNELIA CAPENSIS (PEYSSONNELIALES, RHODOPHYTA) FRENTE
A MUDANÇAS CLIMÁTICAS GLOBAIS
Paola F. Sanches2 e Paulo A. Horta¹
1-Departamento de Botânica, Universidade Federal de Santa Catarina
2-Departamento de Bioquímica, Instituto de Química, Universidade de São Paulo
Espera-se que as consequências das mudanças climáticas para ambiente marinho variam desde aumento
da temperatura da água, modificação do pH, da salinidade, turbidez e disponibilidade de luz, bem como
o próprio abastecimento nutricional, baseado no sistema de correntes. Organismos marinhos são
especialmente afetados, portanto e tendo em vista as macroalgas que armazenam carbonatos, os efeitos
dessas variações são ainda mais bruscos. O grupo das Peyssonneliacea é um desses casos e até agora, foi
pobremente estudado. Sua importância ecológica se dá na participação no ciclo do carbono pela
fotossíntese e armazenagem de carbonato de cálcio, fornecimento de nicho para invertebrados,
consolidação de substrato. Além disso, produzem de uma série de compostos com importância
farmacológica. Em Santa Catarina, as algas Peyssonneliacapensis se encontram em manchas formando
bancos em profundidades que variam de 10 a 18 metros. Assim, monitorar os bancos é de fundamental
importância para garantir a manutenção da biodiversidade que se concentra em suas adjacências. O
trabalho visa então entender as perspectivas para tais bancos, frente a modificações climáticas globais
como as populações de tais algas se comportam com relação à produção fotossintética (produção de
pigmentos, saturação de enzimas do complexo anti-oxidativo e fluorescência da clorofila a) e fenologia
em diferentes profundidades e também frente a ensaios experimentais que variem temperatura e acidez
da água do mar. Os resultados preliminares mostram que há uma diferença na proporção de plantas
gametofíticas e tetrasporofíticas, bem como no tamanho do talo e biomassa, entre algas coletadas a
10m, 13m e 15m. Considerando que a disponibilidade de luz e nutrientes e a temperatura variam para
essas três profundidades, modificações climáticas podem também promover modificações fenológicas.
Os experimentos de fisiologia ainda não foram realizados, mas resultados estarão prontos até o
workshop.
A INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA E CALCIFICAÇÃO NA VARIAÇÃO DE Δ18O, Δ13C E SR/CA NO
ESQUELETO DO CORAL MUSSIMILIA BRAZILIENSIS (VERRILL 1868).
Priscila M. Gonçalves1 e Ruy K. P. Kikuchi2
1-Programa de Pós-Graduação em Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia
2-Centro de Pesquisa em Geofísica e Geologia, Instituto de Geociências, Universidade Federal da Bahia
97
A calcificação do esqueleto dos corais é controlada pela temperatura da superfície do mar (TSM), pela
atividade fotossintética dos simbiontes e pela alcalinidade da água do mar. Em função disso, marcadores
incorporados durante a calcificação desse esqueleto vêm sendo utilizados cada vez mais como um bom
arquivo de condições ambientais. Neste estudo, foi verificado que as razões de δ18O e Sr/Ca podem ser
controladas pela TSM numa colônia de coral da espécie Mussismiliabraziliensis, e por essa razão, esta
espécie pode ser utilizada como indicador de alterações da referida variável. Os melhores resultados
estão associados a resoluções mensais deste parâmetro e na variabilidade em longo prazo através do
estudo climatológico. Verificou-se também a sensibilidade destas razões aos eventos globais de
alterações de temperaturas como El Niñoe a importância da pluviosidade na incorporação de δ18O que,
por sua vez, está relacionada, também com a salinidade da superfície do mar (SSM). Observou-se
também que a incorporação do δ13C no esqueleto desse coral está relacionada à pluviosidade e foi
confirmada a interferência da “atividade vital” na incorporação desse elemento. A variabilidade do δ18O
comporta-se de modo inverso ao da calcificação, mostrando que a TSM é um dos fatores que interferem
tanto na incorporação desse isótopo pelo coral como na calcificação do seu esqueleto. Sugere-se que o
metabolismo do coral é o principal problema a ser estudado para melhor compreender a incorporação
destes elementos no esqueleto deste organismo e assim aprimorar o uso desses tipos de indicadores
“proxies” de temperatura. Igualmente importante para esses estudos é compreender a variação da
concentração oceânica desses elementos. Portanto, o avanço no entendimento da variabilidade dos
indicadores isotópicos e geoquímicos elementares alcançado neste estudo contribui para o
aprimoramento do uso do coral Mussismiliabraziliensis como uma ferramenta de reconstrução
paleoambiental no Oceano Atlântico Sul Tropical.
MITIGAÇÃO DE GEE USANDO MICROALGAS MARINHAS NA PRODUÇÃO SUSTENTÁVEL DE
COMBUSTÍVEIS CARBONO NEUTRO
Sônia M. F. Gianesella1, Fernando T. Kanemoto1 e Flávia M. P. Saldanha-Corrêa1
1-Instituto Oceanográfico, Universidade de São Paulo ([email protected])
Segundo o Relatório Especial sobre Energias Renováveis de 2011 do IPCC, atualmente, a biomassa de
vegetais terrestres é a única fonte renovável disponível de combustíveis líquidos com elevada densidade
energética. Contudo, sua produção acarreta impactos sobre a manutenção da biodiversidade, o uso
sustentável da água e de fertilizantes, a produção de alimentos e mudanças no uso do solo, dentre
outros, que devem ser manejados com atenção. Dessa forma, as microalgas marinhas apresentam
características que as colocam como uma opção sustentável para suprir futuramente parte da demanda
energética mundial, uma vez que, além de sua alta produtividade, podem ser cultivadas em áreas
marginais e degradadas utilizando-se águas residuais como fonte de nutrientes, melhorando a qualidade
final destas águas ou mesmo em sistemas flutuantes no oceano. Para compreender melhor seu potencial
de utilização como biocombustível, cultivos autotróficos de bancada (5 L) da microalga marinha
Nannochloropsisgaditana foram realizados sob 28 ± 2oC de temperatura, 800 µE.m-2.dia-1 de
98
luminosidade e injeção de ar enriquecido com 10% (v/v) de CO2. Os resultados indicaram um potencial
de produção anual de 60 ton.ha-1 de biomassa seca, com aproximadamente 25% de teor lipídico. Estes
teores podem ser considerados conservadores, pois as condições de cultivo não foram otimizadas em
todo o seu potencial. Considerando-se a produção de biodiesel a partir do óleo de microalgas obtido,
estima-se uma produtividade energética de 615 GJ.ha-1.ano-1, superior aos valores referentes ao etanol
de cana-de-açúcar (140 GJ.ha-1.ano-1), ao biodiesel de óleo de soja (22 GJ.ha-1.ano-1) e de óleo de palma
(189 GJ.ha-1.ano-1). Embora a estimativa do balanço energético e a análise do ciclo de vida dos
biocombustíveis de microalgas ainda careçam de estudos mais aprofundados e de testes em escalas
maiores para validação dos dados e aprimoramento dessa tecnologia, constata-se o grande potencial da
biomassa das microalgas marinhas na mitigação de emissão antrópica de GEE.
MUDANÇA CLIMÁTICA EM CIDADES COSTEIRAS: RESPOSTAS POLÍTICAS E DESAFIOS NA REGIÃO
METROPOLITANA DA BAIXADA SANTISTA
Fabiana Barbi1 e Leila C. Ferreira2
1-Programa de Pós-graduação em Ambiente e Sociedade, Universidade Estadual de Campinas
2-Instituto de Filosofia e Ciências Humanas,Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais, Universidade
Estadual de Campinas
Em um curto espaço de tempo, a mudança climática passou a ocupar a condição de um dos maiores
desafios do século 21. Em termos de respostas à mudança climática, tem-se argumentado que os
governos são atores importantes que desempenham um papel fundamental na definição de normas,
instituições e modos apropriados de governança para enfrentar esses riscos em diferentes níveis e
escalas. O tema tem uma dimensão local importante uma vez que muitas das atividades humanas que
contribuem para o aquecimento global acontecem nesse nível, bem como são afetadas por elas. Em um
país como o Brasil, onde algumas das maiores e mais importantes cidades estão localizadas no litoral, a
resposta das zonas costeiras à mudança climática é uma questão definitivamente importante,
considerando ainda que essas áreas são tidas como um dos espaços mais vulneráveis às alterações
climáticas. Esse artigo analisa em que medida os governos locais no litoral paulista, em especial os da
Região Metropolitana da Baixada Santista, estão internalizando a questão da mudança climática na
elaboração e implementação de políticas para enfrentamento do problema e como os riscos trazidos
pela mudança climática têm promovido a construção de uma agenda climática. Ainda que não haja um
instrumento regulatório específico para tratar essa questão nessas cidades, os riscos trazidos pela
mudança climática são internalizados pelos governos locais de maneira diluída pelos seus diferentes
setores de atuação. As respostas à mudança climática misturam-se aos problemas tipicamente
enfrentados pelos governos locais, como enchentes, ocupação irregular, deslizamentos de terra em áreas
de morro, entre outros, que podem ser exacerbados com a mudança climática. A discussão sobre
mudança climática se torna bastante significativa em uma região que espera pelas oportunidades
99
decorrentes da exploração de petróleo, como parte do plano de desenvolvimento nacional,
especialmente no momento em que o mundo discute as oportunidades de baixo carbono.
VIDA E TEMPO EM PROLIFERAÇÃO: POTENCIALIDADES DAS IMAGENS NA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS
Tainá de Luccas1 e Susana O. Dias2
1-Programa de Pós-Graduação em Divulgação Científica e Cultural, Universidade Estadual de Campinas
2-Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo, Universidade Estadual de Campinas
Com a crescente preocupação mundial com relação ao clima do planeta, e a inserção cada vez maior das
Ciências e Tecnologias (C&T) nos mais diversos espaços-tempos da vida, ganham centralidade as
discussões sobre o papel da divulgação científica. Nesse sentido, propomos pensar o que podem as
imagens na divulgação científica das mudanças climáticas no que concerne à participação do público nos
sistemas de C&T? Para tanto, percorreremos caminhos metodológicos que desloquem o pensamento da
fotografia como ilustração e/ou explicação dos textos – uma intensidade que atravessa o fotojornalismo
e a divulgação científica – para pensar em outros funcionamentos das fotografias na divulgação
científica. Examinaremos as representações de vida e tempo que essas imagens colocam em circulação,
e as forças capazes de gerar proliferações e tensões potentes para pensar as mudanças climáticas.
Desejamos proporcionar modos de explorar essas questões junto a diferentes públicos ao propor uma
instalação artística itinerante e interativa que será criada no intercruzamento entre: as imagens das
mudanças climáticas produzidas por fotógrafos e pesquisadores dedicados às pesquisas climáticas no
Brasil e também imagens que circulam nas diversas mídias (revistas, jornais, filmes, etc.) e
experimentações feitas por artistas em fotografia e vídeo. A instalação irá propor uma interação com os
visitantes, de modo que o público poderá editar e agregar imagens, legendas e sons à instalação, a ideia
é estimular inquietações e sensações do público durante a participação na instalação e gerar debates em
torno do tema mudanças climáticas. A realização deste trabalho justifica-se por haver uma atenção cada
vez maior à divulgação científica quando o assunto são as mudanças climáticas. Há uma necessidade de
não apenas ampliar a divulgação dos conhecimentos sobre o tema, mas, sobretudo, de se propor novas
formas de divulgação e de avaliação das efetivas potencialidades políticas da divulgação no que concerne
à participação pública.
100
ANEXO II: LISTA DE PARTICIPANTES
1. Abílio Carlos Pinto da Silva Bittencourt ([email protected])
2. Adeylan Nascimento Santos ([email protected])
3. Adriano Leite ([email protected])
4. Adriele Santos Leite ([email protected])
5. Afonso de Morais Paiva ([email protected])
6. Alessandra da Silva Santana ([email protected])
7. Alexander Turra ([email protected])
8. Alexandre Miranda Garcia ([email protected])
9. Allan de Oliveira de Oliveira ([email protected])
10. Amana Silva Cordeiro de Almeida ([email protected])
11. Amanda E. de Carvalho do Nascimento ([email protected])
12. Américo Tomas Souza ([email protected])
13. Ana Carla Leão Filardi ([email protected])
14. Ana Carolina de Azevedo Mazzuco ([email protected])
15. André Francisco Bucci ([email protected])
16. Andréa Mara da Silva Gama ([email protected])
17. Angelo Fraga Bernardino ([email protected])
18. Antonia Cecilia Zacagnini Amaral ([email protected])
19. Antônio Henrique da Fontoura Klein ([email protected])
20. Arthur Antônio Machado ([email protected].)
21. Áurea Maria Ciotti ([email protected])
22. Bruno Ribeiro Pianna ([email protected])
23. Caio Soares Pedra da Rocha ([email protected])
24. Camila Evangelista Fonseca de Souza ([email protected])
25. Carlos Alberto Borzone ([email protected])
26. Carlos Alberto Eiras Garcia ([email protected])
27. Carlos Alfredo Joly ([email protected])
28. Carlos Augusto Ramos e Silva ([email protected])
29. Carlos Eduardo de Rezende ([email protected])
30. Caroline de Faveri ([email protected])
31. Caroline Santos da Silva ([email protected])
32. Cione Cristina Dos Santos ([email protected])
33. Clara Kalil Dourado Coelho ([email protected])
34. Clemente Coelho Júnior ([email protected])
35. Cristina de Almeida Rocha Barreira ([email protected])
36. Daniel Shimada Brotto ([email protected])
37. Danielle Sodré da Silva ([email protected])
38. Danilo Lisboa ([email protected])
39. David John Suggett ([email protected])
40. David Mendonça Montenegro ([email protected])
41. Diego Ravi Mendonça Maia ([email protected])
42. Dieter Carl Ernst HeinoMuehe ([email protected])
43. Douglas Francisco Marcolino Gherardi ([email protected])
44. Edcassio Nivaldo Avelino
101
45. Eduardo Siegle ([email protected])
46. Eduardo Tavares Paes ([email protected])
47. Elissama de Oliveira Menezes ([email protected])
48. Emanuel dos Santos de Oliveira ([email protected])
49. Fabiana Barbi ([email protected])
50. Fabiano Micheletto Scarpa ([email protected])
51. Fabio Pereira dos Santos ([email protected])
52. Filipe de Oliveira Chaves ([email protected])
53. Flávia Rebelo Mochel ([email protected])
54. Flávio Augusto de Souza Berchez ([email protected])
55. Francisco Carlos Rocha de Barros Junior ([email protected])
56. Gabriel Barros Gonçalves de Souza (gabrielbbarros@gmail)
57. Gabriel Nunes maia Rebouças ([email protected])
58. Glauber Acunha Gonçalves ([email protected])
59. Gonzalo Velasco Canziani ([email protected].)
60. Guilherme Nascimento Corte ([email protected])
61. Guilherme Vieira da Silva ([email protected])
62. Gustavo Freire de Carvalho Souza ([email protected])
63. Gustavo Silva da Paixão ([email protected])
64. Hanna Barros ([email protected])
65. Helena Cachanhuk Soares ([email protected])
66. Helio Hermínio Checon ([email protected])
67. Hilda Helena Sovierzoski ([email protected])
68. Igor Cristino Silva Cruz ([email protected])
69. IlanaRosentalZalmon ([email protected])
70. Ive Lima Leal ([email protected])
71. Jamile Leite Bulhões ([email protected])
72. Janice RomagueraTrotte-Duhá ([email protected])
73. JavanaSusruta Sacramento Dias ([email protected])
74. Jéssica de Andrade Gleizer ([email protected])
75. Jéssica Verâne Lima da Silva ([email protected])
76. Jessyca Beatriz Alves Palmeira ([email protected])
77. Joana Sofia Moreira da Silva ([email protected])
78. João Serôdio ([email protected])
79. João Thadeu de Menezes ([email protected])
80. Joaquim Ramos Lessa Filho ([email protected])
81. Joel Christopher Creed ([email protected])
82. José Maria Landim Dominguez ([email protected])
83. José Souto Rosa Filho ([email protected])
84. Juliana Maria da Silva Bernal ([email protected])
85. Karine Matos Magalhães ([email protected])
86. Laísa Peixoto Ramos ([email protected])
87. Laíse Gama Silva Gomes ([email protected])
88. Larissa Barreto Pinheiro ([email protected])
89. LarisseFaroni Perez ([email protected])
102
90. Lauro Julio Calliari ([email protected])
91. Leandra Márcia Pedroso Dalmas ([email protected])
92. Leila AffonsoSwerts ( [email protected])
93. Leila Maria Soares da Silva de Araújo ([email protected])
94. Leonardo Lopes Santos ([email protected])
95. Leonardo QuerobimYokoyama ([email protected])
96. Leonir André Colling (andré[email protected])
97. Lilian Oliveira Cruz ([email protected])
98. Lívia Oliveira de Carvalho ([email protected])
99. Liza Leal Topázio ([email protected])
100. Lizegle Souza Gonzaga ([email protected])
101. Lourianne Mangueira Freitas Santos ([email protected])
102. Luana de Miranda Henriques Marques ([email protected])
103. Luana Sena Ferreira ([email protected])
104. Lucas Rocha ([email protected])
105. Luciana Erika Yaginuma ([email protected])
106. Luiz Drude de Lacerda ([email protected])
107. Luzia Lopes de Brito ([email protected])
108. Manuel Cezar Macedo Barbosa Nogueira de Souza ([email protected])
109. Marcéu Lima ([email protected])
110. Marcia Carolina de Oliveira Costa ([email protected])
111. Marcia Regina Denadai ([email protected])
112. Marcio Martins Valle ([email protected])
113. Marcos Krull ([email protected])
114. Marcus Vinicius Peralva Santos ([email protected])
115. Margareth da Silva Copertino ([email protected])
116. Maria Soledad Lopez ([email protected])
117. Maria Teresa Menezes de Széchy ([email protected])
118. Mariana Medeiros da Silva ([email protected])
119. Mariana Reis Thévenin ([email protected])
120. Marianna de Oliveira Lanari ([email protected])
121. Marihane Tavares Soares ([email protected])
122. Marília de Dirceu Machado de Oliveira ([email protected])
123. Mário Luiz Gomes Soares ([email protected])
124. Mateus Barbosa Santos da Silva ([email protected])
125. Mayanne Jesus Oliveira ([email protected])
126. Miguel Loiola Miranda ([email protected])
127. Monica Dorigo Correia ([email protected])
128. Myron Paterson De Melo Pereira Neto ([email protected].)
129. Narayana Flora Costa Escobar ([email protected])
130. NoelePrivato Arantes ([email protected])
131. Paloma Passos Avena ([email protected])
132. Paola Franzan Sanches ([email protected])
133. Patrizia Raggi Abdallah ([email protected])
134. Paulo Antunes Horta ([email protected])
103
135. Paulo da Cunha Lana ([email protected])
136. Paulo Ricardo dos Santos Freitas ([email protected])
137. Paulo Roberto Paggliosa Alves ([email protected])
138. Paulo Roberto Votto ([email protected])
139. Peter Ruggiero ([email protected])
140. Priscila Bueno Giordano ([email protected])
141. Priscila Martins Gonçalves ([email protected])
142. Priscilla Velloso Barretto ([email protected])
143. Rafael Medeiros Sperb ([email protected])
144. Rafaela Camargo Maia ([email protected])
145. Raissa Lima Antunes ([email protected])
146. Ramon Mendes Ferreira ([email protected])
147. Rashid UssifSumaila ([email protected])
148. Renata Cardia Rebouças ([email protected])
149. Renata Pereira ([email protected])
150. Renata Silva de Jesus ([email protected])
151. Renato David Ghisolfi ([email protected])
152. Ricardo Coutinho ([email protected])
153. Roberto Luiz do Carmo ([email protected])
154. Rodrigo de Maman Reis ([email protected])
155. Ronaldo Adriano Christofoletti ([email protected])
156. Ruy Kenji Papa de Kikuchi ([email protected])
157. Salette Amaral de Figueiredo ([email protected])
158. Samara Dumont Fadigas ([email protected])
159. Saulo Spanó ([email protected])
160. Sônia Maria Flores Gianesella ([email protected])
161. Suzana Ursi ([email protected])
162. Tainá de Luccas ([email protected])
163. Talisson Ferreira de Oliveira ([email protected])
164. Talita Vieira Pinto ([email protected])
165. Tatiana Pessanha Noel ([email protected])
166. Thomas C. Malone ([email protected])
167. Tiago Albuquerque ([email protected])
168. Valéria Gomes Veloso ([email protected])
169. Vinycius Barbosa França ([email protected])
170. Viviane Mota Vasconcelos ([email protected])
171. YaraShaeffer-Novelli ([email protected])
172. Zelinda M. de Andrade Nery de Leão ([email protected])