escola inglesa

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As influências da Escola Inglesa Hobbes Século XVII John Locke Século XVII Hugo Grotius Século XVII I. Kant Século XIX Martin Wight 1946 Hedley Bull 1977 Adam Watson 1984 e 1992 Barry Buzan 1983 e 1997 A Escola Inglesa Clássica A Escola Inglesa Moderna

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Escola Inglesa RI slides

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Page 1: Escola Inglesa

As influências da Escola Inglesa

HobbesSéculo XVII

John LockeSéculo XVII

Hugo GrotiusSéculo XVII

I. KantSéculo XIX

Martin Wight 1946

Hedley Bull1977

Adam Watson1984 e 1992

Barry Buzan1983 e 1997

A Escola Inglesa Clássica

A Escola Inglesa Moderna

Page 2: Escola Inglesa

As três origens da Escola Inglesa Bull incorporou à sua reflexão a tese de Martin Wight segundo a qual a

análise das relações internacionais é tributária das ideias centrais arroladas no debate entre as três maiores tradições do pensamento ocidental: o realismo de Maquiavel; o racionalismo de Hugo Grotius e o idealismo de Immanuel Kant.

(i) A visão hobbesiana é minimalista porque o sistema internacional reduz os objetivos dos Estados à apenas sua preservação.

(ii) A visão kantiana não nega que o mundo é conflitivo, porém não é a essência das relações internacionais. Como Kant acredita na constante melhora dos indivíduos, ocorre a possibilidade de vínculos transnacionais deslocando a preocupação do sistema internacional para o indivíduo e suas transformações morais. A visão kantiana implica na queda do estado.

(iii) A visão groceana não nega a existência de conflitos e não nega que a ordem seja anárquica, assim como acredita na centralidade do estado. Mas essa anarquia é matizada, pois os estados tendem à cooperação e ao respeito aos contratos.

Page 3: Escola Inglesa

Os três conceitos e tradições fundamentais da escola inglesa

Sistema Internacional (Hobbes/Maquiavel): definido pela política de poder e tem a estrutura anárquica no centro da teoria de RI.

Sociedade Internacional (Grotius): a institucionalização dos interesses e identidades entre os Estados; e coloca a criação de normas, regras e instituições comuns no centro da teoria de RI.

Sociedade Mundial (Kant): o indivíduo como foco de uma sociedade identitária única e a transcendência do Estado-nação como centro da teoria de RI.

Page 4: Escola Inglesa

Três influências da Escola Inglesa

Page 5: Escola Inglesa

O cerne da intervenção filosófica de Grotius é constituído por sua percepção de lei natural. Segundo ele, por lei natural deve-se entender um corpo de regras morais reconhecidas por todos os seres humanos.

Grotius buscava mostrar a possibilidade de alguma objetividade nos valores morais. Isto é, procurava mostrar que a despeito das diversas formas culturais existentes mundo afora, era possível identificar um denominador moral comum a todas as criaturas racionais. E já que os Estados são conjuntos de pessoas, todos estão submetidos à lei natural e integrados à sociedade internacional.

O avanço de Martin Wight e Hedley Bull se dá na medida em que procura fundamentar uma teoria as relações internacionais a partir da filosofia moral de Grotius, com ênfase ao papel das normas e do direito.

A influência de Hugo Grotius na Escola Inglesa - “Do Direito da Guerra e da Paz”(1625)

Page 6: Escola Inglesa

É possível construir um estado teórico objetivo para o princípio de lei natural de Grotius? Esse parâmetro objetivo é dado pelo conceito de sociedade internacional, ligado ao conceito de ordem internacional. A sociedade internacional tem um objetivo: a ordem internacional.

Para Bull só existe ordem com relação a determinados objetivos. A ordem é um padrão de atividade humana que sustenta os seus objetivos elementares primários ou universais (influência da Lei Natural de Grotius).

É possível definir essa ordem? Bull define a ordem não pela realidade dessa ordem, mas pelo funcionamento da sociedade internacional. Define essa ordem pelos objetivos da ordem: manutenção da vida, o cumprimento dos contratos e a preservação da propriedade.

A ordem internacional para Bull (I)

Page 7: Escola Inglesa

Os objetivos elementares qualificados como objetivos comuns:

1. a limitação da violência (somente os Estados tem o monopólio da violência e a guerra somente pode ser praticada por uma causa justa, ou seja, que possa ser defendida em termos de regras comuns).

2. cumprimento das promessas (princípio pacta sunt servanda).

3. regras que assegurem a propriedade (representada não apenas pelo reconhecimento recíproco das posses de cada Estado, mas sim no reconhecimento mútuo de soberania, como princípio que assegura a possa das populações e território pelos Estados).

(i) a garantia a vida.

(ii) a garantia que as promessas sejam cumpridas.

(iii) a garantia de que a posse seja estável.

(vida, verdade e propriedade)

A ordem internacional para Bull (II)

Page 8: Escola Inglesa

Ordem Internacional: por ordem internacional Bull entende um padrão ou disposição das atividades internacionais que sustentam os objetivos elementares, primários ou universais de uma sociedade de Estados. E quais são esses objetivos?

1. Preservar o próprio sistema e a sociedade de Estados. O que quer que os separe, os Estados modernos se unem na crença de que eles são os principais atores da política mundial e os mais importantes sujeitos de deveres e direitos dessa sociedade.

2. Manter a independência ou a soberania externa dos Estados individuais. O que se almeja na participação da sociedade de Estados é o reconhecimento da sua independência com relação à autoridade externa, e especialmente o reconhecimento da jurisdição plena sobre seu território e população

3. Manter a paz. Pretende-se manter a paz no sentido de ausência da guerra entre os Estados membros dessa sociedade, embora paz e a guerra também estejam subordinadas, pela visão da sociedade internacional, à preservação do próprio sistema de Estados.

A ordem internacional para Bull (III)

Page 9: Escola Inglesa

A ordem internacional tem um ponto de partida: a existência de Estados soberanos internamente.

Sistema de Estados: um sistema de Estados se forma quando dois ou mais Estados têm suficiente contato entre si, com suficiente impacto recíproco nas suas decisões de tal forma que se conduzam como partes de um todo. Esta interação entre os Estados que define um sistema internacional pode ter a forma de cooperação ou de conflito, ou mesmo de neutralidade ou indiferenças recíprocas.

Sistema de Estados: não significa compartilhamentos de interesses, regras e instituições comuns. Por ex. sistema europeu de Estados versus Pérsia, sistema europeu de Estados e Império Otomano, sistema mongol e sistema indiano.

A ordem internacional para Bull (IV)

Page 10: Escola Inglesa

Sociedade Internacional: para Bull existe uma sociedade de Estados ou sociedade internacional quando um grupo de Estados, consciente de certos valores e interesses comuns, forma uma sociedade, no sentido de se considerarem ligados, no seu relacionamento, por um conjunto de regras, e participam de instituições comuns.

Se eles formam uma sociedade internacional é porque se sentem vinculados a determinadas regras no seu inter-relacionamento, tais como a de respeitar a independência de cada um, honrar os acordos e limitar o uso recíproco da força.

O conceito de sociedade internacional é revolucionário porque permite pensar a existência de uma sociedade internacional, de molde nacional, na ordem internacional.

A ordem internacional para Bull (V)

Page 11: Escola Inglesa

Regras: o sentimento de que há interesses comuns na realização dos objetivos elementares pode ser vago e não orienta em si a ação e o comportamento dos atores. São as regras que contribuem para esse tipo de orientação. As regras são princípios gerais imperativos que autorizam ou obrigam determinados atores a se comportarem de modo prescrito.

Regras: as regras podem ter o status de direito internacional, norma moral, costume ou prática estabelecida; como podem ser regras operacionais, regras do jogo desenvolvidas sem um acordo formal e até mesmo sem comunicação verbal entre as partes. As regras precisam ser feitas, comunicadas, administradas, interpretadas, aplicadas, legitimadas, adaptáveis e protegidas.

A ordem internacional para Bull (VI)

Page 12: Escola Inglesa

Instituições: por instituição Bull quer dizer um conjunto de hábitos e práticas orientados para atingir objetivos comuns. Elas manifestam o elemento de colaboração entre os Estados no desempenho da sua função política, e constituem ao mesmo tempo um meio de sustentar tal colaboração e tornar as regras efetivas.

Os Estados colaboram entre si em vários graus com o que podemos chamar de ‘instituições da sociedade internacional’:

1. equilíbrio de poder.

2. o direito internacional.

3. os mecanismos diplomáticos.

4. as grandes potências.

5. a guerra.

A ordem internacional para Bull (VII)

Page 13: Escola Inglesa

Os elementos sempre presentes da sociedade internacional para Bull:

1. interesses/objetivos: vida, verdade e posse.

2. regras: soberania, tratados e violência.

3. instituições: equilíbrio de poder, direito internacional, diplomacia, guerra e grandes potências.

Como a ordem é mantida na política mundial? A ordem é mantida por um senso de interesses comuns em relação a objetivos elementares, às regras que preservem a forma de conduta que os sustentam e às instituições que tornam essas regras efetivas.

Definição ordem internacional: “um grupo de Estados que não formam meramente um sistema, no sentido de que o comportamento de um é levado em consideração no cálculo estratégico do outro, mas que também estabeleceram por meio do consenso regras e instituições comuns na conduta de suas relações, e reconhecem o interesse na manutenção desses acordos” (Bull e Watson, 1984, p. 1).

A ordem internacional para Bull (VIII)

Page 14: Escola Inglesa

A Expansão da Sociedade Internacional (1984) – Hedley Bull e Adam Watson

A sociedade internacional é ocidental, uma vez que são os valores europeus que formatam essa ordem. A sociedade internacional é o conjunto de valores, instituições e regras criadas não de maneira abstrata, mas histórica.

O conceito de sociedade internacional de Bull está ligado à ideia de civilização, até por conta da lógica britânica de ver o mundo.

A visão britânica das relações internacionais engloba, além dos objetivos básicos de caráter econômico da empreitada colonialista, o envolvimento com os povos colonizados.

Page 15: Escola Inglesa

A base desse processo é a expansão do Estado-nação nos moldes europeus, agregando diversos sistemas internacionais regionais que operavam com base em distintas regras e instituições, definidas, por seu turno, por alguma cultura dominante.

As estruturas jurídica e política do Estado soberano constituíram-se no instrumento e símbolo dessa expansão. A independência dos Estados americanos marca o triunfo dessa estrutura denominada Estado-nação sobre outros sistemas de organização política: árabe-islâmico, indiano, tártaro-mongol, chinês.

Segundo Bull, o auge dessa sociedade internacional formada pela expansão europeia foi atingido na passagem do século XIX para o século XX.

Após a Segunda Guerra Mundial, a sociedade internacional passa por mudanças profundas dominadas de “A Revolta contra o Ocidente”, cujo resultado foi a formação da atual sociedade internacional global.

Page 16: Escola Inglesa

As Etapas da Revolta contra o Ocidente:

1ª) Luta pela igualdade soberana dos Estados: luta pela supressão dos tratados desiguais, sobretudo pela eliminação da cláusula da de extraterritorialidade dos europeus. Essa luta foi travada nas décadas de 1920 e 1930 por aqueles povos submetidos ao regime semi-colonial (chineses) e ao regime de mandatos (egípcios).

2ª) Revolução anticolonial: colônias que lutaram pela sua independência. Essa luta dura quatro décadas. De 1940 a 1950 ocorre a descolonização da Ásia. Nas décadas de 60 e 70 a descolonização da África.

3ª) Em favor da igualdade racial: essa fase tem como grande referência da Conferência de Bandung na Indonésia, ocorrida em 1955. Os povos recém descolonizados se reuniram para denunciar, entre outras injustiças, o racismo. A Convenção sobre a Eliminação da Discriminação Racial, de 1966, na ONU representa a legitimação pela ONU dessa luta

4ª) Luta contra a injustiça econômica: na década de 1960 a luta é travada a partir da discussão sobre a forma mediante a qual os países ricos deviam prestar ajuda ao processo de desenvolvimento dos países pobres (formação do Grupo 77 e a criação da UNCTAD).

5ª) Luta pela liberalização cultural: o processo pelo qual vários povos passam a rejeitar os valores e crenças disseminados pelos europeus, buscando recuperar e valorizar suas antigas tradições.