escola sem partido a gente assiste a um filme muitas vezes não se dá conta mas grande parte das...

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Ano X - Edição 107 - Outubro 2016 Distribuição Gratuita Dez anos a serviço da educação, da cidadania e valorização das culturas e tradições brasileiras RECICLE INFORMAÇÃO: Passe este jornal para outro leitor ou indique o site Música contando histórias Quando a gente assiste a um filme muitas vezes não se dá conta mas grande parte das emoções que senti- mos são disparadas pela música que está acompanhando a cena que as- sistimos. PAG. 4 Escola sem partido "Escola Sem Partido" que na verdade é a escola de um partido só, é um museu de grandes novidades... PÁGINA: 9 e 16 Por que desejamos tanto encontrar outros mundos habitáveis? Recentemente, astrônomos encontraram na estrela Próxima Centauri, vizinha do nosso Siste- ma Solar, planeta rochoso como a Terra que tem condições que per- mitiriam a existência de água em estado líquido, fator primordial pa- ra o desenvolvimento de vida. PAG. 3 O recente interesse do brasileiro por política Durante muito tempo, não vía- mos tanta gente no Brasil tão inte- ressada assim em política como temos visto de 2013 para cá, quando o Movimento Passe-Livre começou a protestar nas ruas. PAG 5 O novo ensino médio 1ª. Parte - Infraestrutura Em 22 de setembro de 2016 o Presidente Michel Temer, o Minis- tro da Educação Mendonça Filho e sua equipe técnica se reuniram para apresentar o novo Ensino Médio. PAG. 9 Exercendo a cidadania Está na hora de agir novamente. Hora de fazer a diferença através das nossas escolhas, e isso se dá exercendo a cidadania através do direito que conquistamos que é o de votar. Nessas eleições que o- correm agora, estaremos elegen- do prefeitos, vice-prefeitos e vere- adores, que integrarão as Câma- ras Legislativas Municipais. PÁG. 11 Psicólogos explicam por que pessoas muito inteligentes têm poucos Amigos. É óbvio que ter amigos é algo ne- cessário, e que a interação com outras pessoas tem muitas vanta- gens. PAG.14 Capitalismo e democracia na Europa PARTE X ... A UE não tinha mecanismos institucionais que pudessem prestar socorro a sócios que enfrentassem graves problemas de caixa. PAG. 16 - Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social Agora também no seu www.culturaonlinebr.org Baixe o aplicativo IOS NO SITE Crônica do mês: APIMENTAR A RELAÇÃO Desde que Santo Agostinho falou sobre o assunto em sua obra, os filósofos, teólogos e religiosos discu- tem a respeito de que “o mal não existe, ele é apenas a ausência do bem”. Perdoem-me os referidos pro- fissionais, mas quem não gosta de receber um afago físico ou de coração? PAG.2

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Ano X - Edição 107 - Outubro 2016 Distribuição Gratuita

Dez anos a serviço da educação, da cidadania e valorização das culturas e tradições brasileiras

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Música contando histórias

Quando a gente assiste a um filme muitas vezes não se dá conta mas grande parte das emoções que senti-mos são disparadas pela música que está acompanhando a cena que as-sistimos.

PAG. 4

Escola sem partido

"Escola Sem Partido" que na verdade é a escola de um partido só, é um museu de grandes

novidades... PÁGINA: 9 e 16

Por que desejamos tanto encontrar outros mundos

habitáveis?

Recentemente, astrônomos encontraram na estrela Próxima Centauri, vizinha do nosso Siste-ma Solar, planeta rochoso como a Terra que tem condições que per-mitiriam a existência de água em estado líquido, fator primordial pa-ra o desenvolvimento de vida.

PAG. 3

O recente interesse do brasileiro por política

Durante muito tempo, não vía-mos tanta gente no Brasil tão inte-ressada assim em política como temos visto de 2013 para cá, quando o Movimento Passe-Livre começou a protestar nas ruas.

PAG 5

O novo ensino médio 1ª. Parte - Infraestrutura

Em 22 de setembro de 2016 o Presidente Michel Temer, o Minis-tro da Educação Mendonça Filho e sua equipe técnica se reuniram para apresentar o novo Ensino Médio.

PAG. 9

Exercendo a cidadania

Está na hora de agir novamente. Hora de fazer a diferença através das nossas escolhas, e isso se dá exercendo a cidadania através do direito que conquistamos que é o de votar. Nessas eleições que o-correm agora, estaremos elegen-do prefeitos, vice-prefeitos e vere-adores, que integrarão as Câma-ras Legislativas Municipais.

PÁG. 11

Psicólogos explicam por que pessoas muito

inteligentes têm poucos Amigos.

É óbvio que ter amigos é algo ne-cessário, e que a interação com outras pessoas tem muitas vanta-gens.

PAG.14

Capitalismo e democracia na Europa

PARTE X

... A UE não tinha mecanismos institucionais que pudessem prestar socorro a sócios que enfrentassem graves problemas de caixa.

PAG. 16

- Boa música Brasileira - Cultura - Educação - Cidadania - Sustentabilidade Social

Agora também no seu

www.culturaonlinebr.org

Baixe o aplicativo IOS

NO SITE

Crônica do mês: APIMENTAR A RELAÇÃO Desde que Santo Agostinho falou sobre o assunto em sua obra, os filósofos, teólogos e religiosos discu-tem a respeito de que “o mal não existe, ele é apenas a ausência do bem”. Perdoem-me os referidos pro-fissionais, mas quem não gosta de receber um afago físico ou de coração? PAG.2

Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 2

A Gazeta Valeparaibana é um jornal mensal gratuito distribuído mensalmente para download na web

Editor e Jornalista responsável: Filipe de Sousa - FENAI 1142/09-J

Ajude-nos a manter este projeto por apenas R$ 2,00 mensal Email: [email protected]

Gazeta Valeparaibana e

CULTURAonline BRASIL

Juntas, a serviço da E-ducação e da divulgação da

CULTURA Nacional

Içami Tiba

Pais e escola

Ninguém ensina os pais a serem pais. A escola tem que preparar os pais a formarem cidadãos. Os pais e a esco-la são complementares. Na escola es-tão os parceiros para a escuridão e-ducacional dos pais. Os pais devem dizer que os filhos têm de estudar se-não, vão aguentar as consequências. E o aluno precisa participar ativamen-te da construção do seu conhecimen-to. Conhecimento é domínio que a pessoa tem e ninguém toma jamais. Tecnologia Todos precisam entender que a inter-net é uma ferramenta, lida com as-pectos de máquina do ser humano. Tecnicamente são máquinas. O pro-blema é que ninguém está preparan-do a alma dessas pessoas que vão comandar as máquinas. O que está errado Os pais eram exigentes, os filhos o-bedeciam. Houve uma mudança e es-ses pais que hoje tem mais irmãos do que filhos, por amor, deram o que não tiveram: liberdade e prazer. Além disso, foram pais e mães capacitados para trabalhar e não para serem pais. Educacionalmente está errado. Se a criança só faz o que quer, ela não faz o dever.

Editorial

IMPORTANTE

Todas as matérias, reportagens, fo-tos e demais conteúdos são de intei-ra responsabilidade dos colaborado-res que assinam as matérias, poden-do seus conteúdos não corresponde-

rem à opinião deste projeto nem deste Jornal.

Os artigos publicados são responsabilidade de seus autores, não refletindo necessariamente a opinião da Gazeta Valeparaibana

APIMENTAR A RELAÇÃO

Desde que Santo Agostinho falou sobre o assunto em sua obra, os filósofos, teólogos e religiosos

discutem a respeito de que “o mal não existe, ele é apenas a ausência do bem”. Perdoem-me os

referidos profissionais, mas quem não gosta de receber um afago físico ou de coração? Essa é o

que nós leigos consideramos a personificação, a materialização do bem. E se desgraças rechei-

am nossa vida, sentimos na carne e na alma a presença do “mal que não existe.” Receber coisas

que nos fazem bem é bom! Viver fatos trágicos e dolorosos é ruim demais.

Na verdade, cada período de nossas vidas em que bem ou o mal são “ausentes”, nos permite u-

sufruir de estabilidade emocional, conforto e paz. Os jovens talvez não tenham essa percepção,

mas a idade nos faz almejar alguma paz, pois somos “brindados” com as instabilidades causadas

pelos males que assolam nossas vidas.

Há diversas gradações entre o bem e o mal, com as quais se pode ter uma qualidade de vida

bastante interessante. E que a filosofia convenientemente esquece.

O mundo já viveu momentos intensos de dualidades trágicas, que ainda sobrevivem ou transmu-

taram-se para diferentes formatos: mocinho e bandido, Cristo e anticristo, nazistas e aliados, dita-

dura versus democracia, a favor de um tirano ou contra ele, católicos contra protestantes, terroris-

tas do ETA e defensores da Espanha, árabes e judeus, muçulmanos e não muçulmanos xiitas

guerreando contra os sunitas.

Mortadelas e coxinhas, petistas e não petistas.

Na verdade há infinitas nuances relativas a cada um desses pares de extremos. Há deliciosos

pratos e temperos que superam o sabor e a qualidade de simples mortadelas (até aquelas com

pistache) e das coxinhas (com ou sem catupiry). Mas infelizmente eleitores mal informados pela

propaganda enganosa com a qual são bombardeados diariamente imaginam que existem apenas

essas duas alternativas de paladares. E discutem entre si, digladiam-se; pais brigam com filhos,

esposas tornam-se inimigas dos maridos, irmãos passam a defender antagônicos pontos de vista.

Tais discussões não levam a nada além da discórdia, enquanto questões não são resolvidas, e

problemas não são enfrentados. Cada “lado” dos debatedores faz-se de herói da causa e simulta-

neamente de vítima das circunstâncias. A coisa passa a ser apenas e tão somente uma guerra de

palavras, de ânimos. Uma guerra verborrágica, colorida com lágrimas de crocodilo e sorrisos de

hiena em ambas as frentes de batalha. É o caminho perfeito para a intolerância nascer, crescer e

multiplicar-se.

É a evolução de fatos e eventos ideal para que soluções sejam substituídas por emoções, e por

decorrência para o mal – esse sim efetivo e real – instalar-se na vida de cidadãos de bem, ingê-

nuos e mal informados pelo mar de palavras vazias proferidas pelos estrategistas políticos e dis-

seminadas pela mídia.

Como fugir desse círculo vicioso, sair desse turbilhão de inutilidades?

Por enquanto – e o momento é propício para tal – o único instrumento pacífico é o voto.

Analise a possibilidade de votar em um político “chef de cuisine” que prepare algo mais saudável

do que mortadelas ou coxinhas. Não vale pizza! Esqueça adjetivos (sou defensor/a, sou autor/a

etc...) e verbos no passado (eu fiz, eu lutei, etc...). Isso denota demagogia.

Lembre-se de que se lhe foi servida comida estragada, você não deve nunca mais voltar ao res-

taurante. Nenhum “chef” merece uma segunda chance.

Aproveite as eleições para apimentar a sua relação com quem tem por obrigação ser seu repre-

sentante.

Sem dó nem piedade, capriche na pimenta!

Genha Auga – Jornalista MTB:15.320

Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 3

O homem e o universo

Por que desejamos tanto encontrar outros mundos habitáveis?

Recentemente, astrônomos encontraram na estrela Próxima Centauri, vizinha do nos-so Sistema Solar, planeta rochoso como a Terra que tem condições que permitiriam a e-xistência de água em estado líquido, fator primordial para o desenvolvimento de vida. O planeta descoberto foi nomeado de Próxima b. Outros planetas considerados potencial-mente habitáveis já foram descobertos, porém, mais distantes. Exemplos, Gliese 832 c, Kepler -62 e, HD 10700 e tanto na lua Europa de Júpiter quanto na lua Encélado de Sa-turno há evidências de oceanos de água debaixo dos seus respectivos solos, o que lhes fazem suspeitos de possibilidade de abrigar vida aquática.

Em Porto Rico, foi criado um sistema de radiotelescópio, o projeto SETI, que busca sinais de rádio no espaço. Na ficção científica já é explorado o tema da “terraformação” de planetas, e na vida real o processo é considerado como hipotético, processo de modifi-cação da atmosfera, da temperatura, da topografia e da ecologia de outros planetas e de satélites naturais (luas) de outros planetas, tornando-os habitáveis aos seres vivos nativos da Terra, principalmente ao ser humano. Em séries de ficção como Jornada nas Estrelas (Star Trek), Defiance, o filme O Vingador do Futuro cujo protagonista foi interpretado por Arnold Schwarzenegger, o sucesso de sagas de ficção sobre viagens espaciais, extrater-restres, tudo demonstra o fascínio que a humanidade tem pelo espaço cósmico.

Por que o espaço sideral deixa o ser humano tão fascinado? Por que o ser humano deseja tanto alcançar outros planetas habitáveis? Será que o ser humano enjoou da Ter-ra, o seu mundo natal? O ser humano deseja recomeçar em outro mundo? Ou o que o ser humano está buscando é formas de vida mais inteligentes? Ou formas de vida cientifica-mente mais avançadas? Alienígenas tecnologicamente mais avançados para serem men-tores dos terráqueos? Para que ajudem a humanidade a se desenvolver sem se destruir? O renomado físico Stephen Hawking é contra a atitude da humanidade de buscar contato com extraterrestres mais evoluídos, porque, segundo ele, tal contato poderá ser desastro-so para nós terráqueos. E há teóricos como Erich von Däniken e o falecido Zecharia Sit-chin, pessoas que acreditam que, num passado remoto, extraterrestres já visitaram este nosso planeta, eram os “deuses” das civilizações mais antigas, como os sumérios, egíp-cios, dravidianos de Harappá no Vale do Indo... e que trouxeram o conceito de civilização urbana para este mundo. Será mesmo que foi assim? Ou será que é mito a visita de ex-traterrestres a Terra no passado?

Enfim, por que queremos tanto ir ao espaço sideral? Será que queremos fugir de algo aqui na Terra? Talvez muita gente esteja tão insatisfeita com o sistema como as civiliza-ções deste mundo terrestre funcionam que quer construir outras civilizações novas em outros mundos com um novo sistema melhor? Já que não conseguimos mudar o sistema na Terra? Já que não conseguimos vencer e nos sobrepor aos poderes predominantes na Terra? Ou queremos que alguém de fora da Terra, lá dentre as estrelas, que tenha mais poder tecnológico do que os terráqueos, mais conhecimento, mais sabedoria, mais expe-riência existencial, venha nos salvar de nós mesmos?

Ou, tudo não passa apenas de curiosidade, de desejo de ampliar o conhecimento so-bre a existência e a realidade? Desejo de saber cada vez mais? Quem sabe, tentar des-cobrir sobre as nossas origens como espécie? Conhecimento a mais nunca é demais. O que você que está lendo acha? Por que desejamos tanto encontrar outros mundos habitá-veis?

João Paulo Barros

Calendário

Algumas datas comemorativas

01-Dia Internacional da Música 04-Dia dos Animais 04-Dia da Natureza 07-Dia do Compositor Brasileiro 08-Dia do Nordestino 09-Dia do Atletismo 12-Dia das Crianças 12-Nossa Senhora Aparecida 16-Horário de Verão 17-Dia Internacional da Erradicação da Pobreza 17-Dia da Música Popular Brasileira 20-Dia do Poeta 21-Dia Nacional da Alimentação na Escola 23-Dia da Força Aérea Brasileira 25-Dia de São Frei Galvão 29-Dia Nacional do Livro 29-Dia Mundial do AVC 30-Dia da Merendeira Escolar 31-Dia Nacional da Poesia 31-Dia do Saci

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Rádio web CULTURAonline Brasil

NOVOS HORÁRIOS e NOVOS PROGRAMAS

Prestigie, divulgue, acesse, junte-se a nós !

A Rádio web CULTURAonline Brasil, prioriza a Educação, a boa Música Nacional e programas de interesse geral sobre sustentabilidade social, cidadania nas temáticas: Educação, Escola, Profes-sor , Família e Sociedade.

Uma rádio onde o professor é valorizado e tem voz e, onde a Educação se discute num debate aber-to, crítico e livre. Mas com responsabilidade!

Acessível no link: www.culturaonlinebrasil.net

Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 4

01-Dia Internacional da Música

Música contando histórias

Quando a gente as-siste a um filme mui-tas vezes não se dá conta mas grande parte das emoções que sentimos são dis-paradas pela música

que está acompanhando a cena que assisti-mos. Sem ela não levamos sustos, nem choramos, nem sorrimos. Ela é essencial para que aquilo que assistimos nos emocione.

Mas o cinema é recente na história da arte. Apenas no sec XX que foi criado. No início o cinema era mudo e um músico e-xecutava a música em um piano meio que de improviso. Mas desde cedo via-se a importân-cia da música para isso.

Mas claro que isso não começou aí. A história da música de cena vem desde os gregos. Mais precisamente no teatro grego onde se inicia a história do teatro como conhecemos. Na arena onde eram encenados os espetácu-los havia músicos que executavam canções e outras peças durante a encenação. O local onde esses músicos ou o coro e até mesmo bailarinos ficavam chamava-se orkestra em grego. Daí surgiu a denominação orquestra para um grupo de músicos que executam jun-tos uma peça musical.

Desde então sabia-se que a música tinha es-se poder de emocionar e ilustrar uma ação. Na época não existia um sistema de notação que permitisse que nós saibamos o que era tocado. A notação musical só apareceu na idade mé-dia. Mas sabemos que em praticamente toda encenação do teatro grego havia músicos

Na época do bardo inglês, Shakespeare, já se compunham canções que os próprios ato-res cantavam e a música já fazia parte inte-grante da montagem teatral. Com o desenvol-vimento em geral das artes a música foi evo-luindo junto.

Ainda na renascença a comunhão de teatro e música acabou gerando a ópera. Que é um gênero que até hoje comove o público.

A ópera se caracteriza por um texto de teatro que é praticamente todo musicado, os perso-nagens que, no teatro eram representados por atores cantam e interpretam o texto.

Toda a interpretação necessária para que as pessoas se emocionem são de certa maneira dirigidas pela música.

As óperas começaram a se desenvolver e exi-gir espaços mais apropriados para sua execu-ção. Para que os músicos na frente não atrapa-lhassem a visão dos expectadores a princípio elevou-se o palco e a orquestra ficava no chão , na altura dos expectadores.

Posteriormente criou-se o chamado fosso de orquestra. Um espaço mais fundo que o nível do público, o chamado teatro italiano. O Thea-tro Municipal de S. Paulo ou o do Rio possu-em esse formato e ambos têm uma progra-mação de ópera bastante intensa que vale a pena ser assistida. Outro teatro que possui fosso de orquestra neste molde é o Teatro de Manaus, um teatro especial construído na época da borracha.

No séc, XIX, um grande compositor de ópera alemão Richard Wagner queria que os expec-tadores não fossem distraído por nada que não fosse o espetáculo. Ele idealizou um tea-tro que é famoso por isso. O teatro da cidade de Bayreuth na Alemanha. Ele foi o responsá-vel por vários avanços na tecnologia do espe-táculo. Uma ideia que ele teve foi de esconder completamente a orquestra.

O fosso italiano onde os músicos ainda são visíveis não interessava a ele. Então ele in-ventou um fosso que ficava embaixo do palco e descia inclinado para baixo para que uma orquestra grande pudesse executar a música. E a acústica foi desenhada para que não se perdesse nada do público , ao mesmo tempo a orquestra poderia tocar mais forte que não cobriria os cantores. A gente tem que lembrar que se canta sem microfones que só foram inventados no século XX. Ele também criou um sistema de iluminação que vinha de cima, como conhecemos hoje. Até então a luz vinha do chão, da frente dos cantores. Ou seja, a-lém da música maravilhosa ele era também um visionário. Talvez a maior contribuição de Wagner para o mundo do espetáculo foi a i-deia de que as pessoas quando assistissem o espetáculo estariam imersas nas imagens e nos sons. Sem luzes da orquestra, movimen-tos de músicos, ou mesmo os gestos do ma-estro. Podemos dizer que ele antecipou o ci-nema como é hoje. Escuro, e nada ( a não ser as pessoas que insistem em conversar duran-te a projeção…) atrapalha o envolvimento com a história.

A música na ópera descreve com muita emo-ção aquilo que se passa dentro dos persona-gens. Mas também há outro tipo de espetácu-lo onde não se canta, mas sim, se dança. São os espetáculos de balé. Desenvolveram-se paralelamente à ópera e também começaram

a ser apresentadas em teatros com fosso, pa-ra que a orquestra pudesse contar a história e as coreografias serem executadas no palco. No caso do balé a música assume uma outra importância. Como não são ditas palavras a história tem que ser contado pelos gestos e principalmente pela música. Sempre é um grande desafio.

As óperas e balés se desenvolveram bastante nos séculos XIX e XX. Mas a música para te-atro continuou existindo e muitos composito-res fizeram músicas que eram executadas du-rante a encenação teatral.

Um tipo de espetáculo mais leve que o teatro ou a ópera eram as operetas. Eram histórias mais leves e divertidas e a música sempre era muito pra cima.

No século XX tudo se desenvolveu rapida-mente, e os formatos foram se diversificando. O cinema apareceu e as operetas começaram a incluir uma maneira mais popular. Aparece-ram os musicais, ou teatro musical como é normalmente chamado. Apareceu a sonoriza-ção eletrônica alterando a estética, a maneira de se cantar principalmente. O cantor não tem mais a necessidade de encher o teatro com sua voz. Porque o microfone faz esse traba-lho.

E o que existe em comum em todos esses tipos de espetáculo é a música, e, em todos eles ela faz o papel de portadora de emoções.

Uma cena da Valquíria de Wagner encenada em seu Teatro: https://youtu.be/3sB_-rxMtAM Cenas do Lago dos Cisnes - Balé de Tcahi-kowsky no Teatro alla Scala de Milão https://youtu.be/d4-ow2pejtc Otello de Verdi no Teatro alla Scala de Milão (fosso italiano) https://youtu.be/_BdTrzHEnYs Cena do musical My Fair Lady - Loewe e Ler-ner (B. Shaw) https://youtu.be/ObhXpmWOWp4 (direção musical minha e em cartaz atualmen-te no TEATRO SANTANDER em S. Paulo)

Mto. Luís Gustavo Petri é regente, composi-tor, arranjador e pianista. Fun-dador da Orquestra Sinfônica Municipal de Santos. Diretor musical da Cia. de Ópera Curta criada e dirigida por Cleber Pa-pa e Rosana Caramaschi. É fre-quente convidado a reger as

mais importantes orquestras brasileiras, e em sua carreira além de concertos importantes, participações em shows, peças de teatro e musicais.

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Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 5

Cidadania

O recente interesse do brasileiro

por política

Durante muito tempo, não víamos tanta gente no Brasil tão interessada assim em po-lítica como temos visto de 2013 para cá, quando o Movimento Passe-Livre começou a protestar nas ruas. Até um passado recente, a média da população brasileira encarava os políticos como meros nomes de ruas, de ave-nidas, de rodovias, de escolas públicas ou cidades. O brasileiro é um povo de tendência hedonista, amante do lazer e do entreteni-mento, que ama o bom humor e a diversão, gostar de rir e de levar a vida na esportiva.

Contudo, o castigo que esse povo alegre e animado recebe, é ter muitos políticos que não lhe respeitam. Políticos que usam o di-nheiro de altos impostos para satisfazer os seus próprios interesses pessoais, que têm mentalidade patrimonialista e coronelista, que não se dão ao trabalho de respeitar nem os direitos humanos mais básicos do cidadão comum, como escolas públicas com boa qua-lidade de ensino, serviços públicos de saúde com boa qualidade, serviços de segurança pública com boa qualidade, serviços de transporte público com boa qualidade. O bra-sileiro que não tem lá uma satisfatória quanti-dade de dinheiro não é devidamente ampara-do pelos serviços públicos, é tratado como se fosse gado bovino, não tem a sua dignidade respeitada. Segundo o Conde Joseph de

Maistre, um francês, “toda nação tem o go-verno que ela merece”. E, segundo o grego Platão, “o castigo dos bons que não fazem política é ser governados pelos maus”. E, se-gundo o alemão Bertolt Brecht, este último demonstrando irritação, impaciência e até ofendendo a quem ele se refere, “o pior anal-fabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe o custo de vida, os preços do feijão, do peixe, da farinha, do alu-guel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é... que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe... que, da sua ig-norância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio das empresas nacionais e multinacio-nais.” (Eu excluí os insultos que ele fez a quem ele se refere). Eu pergunto, será que o povo do Brasil merece os políticos que tem? Será mesmo?

De 2013 para cá, após o início dos pro-testos desencadeados pelo Movimento Pas-se Livre, notou-se uma mudança de compor-tamento na sociedade civil brasileira. Muita gente passou a demonstrar interesse pela política. A sociedade brasileira se dividiu em dois grupos opostos e rivais. Até artistas fa-mosos como atores e cantores, passaram a falar com frequência de política nas redes sociais virtuais. Só que, esse novo fenômeno comportamental da sociedade também expõe sentimentos de ódio e de intolerância por parte da multidão. Desde que o Regime Mili-tar acabou nos anos 80, houve uma diversi-dade de escândalos políticos e de corrupção no Brasil, exemplos, o escândalo Coroa Brastel, o caso Jorgina de Freitas, o caso do PC Farias e impeachment do Collor, os A-nões do Orçamento, o caso do ministro Ru-bens Ricupero, o senador Antônio Carlos Ma-galhães que foi acusado de ter acesso inde-vido a uma lista de votação onde constava o voto de cada um dos senadores que partici-param da sessão que cassou o mandato de outro senador, o caso dos “Vampiros” da Sa-úde, o caso do Banco Marka, o caso da Ope-ração Navalha, o da Sudam, o caso “Sanguessuga”, o Mensalão e mais recente o

caso do Petrolão, entre outros escândalos. O povo brasileiro, por ter visto tantas notícias negativas envolvendo os políticos, recebeu um condicionamento psicológico para repro-var a política e os políticos de forma a gene-ralizar. Esse ódio que tanta gente sente por causa de divergências de opinião política não é bem um ódio gratuito, foi condicionado pela repetição na mente das pessoas feita pela mídia durante anos, “escândalo de corrupção envolvendo políticos”.

O Brasil é um país relativamente novo no mundo. Surgiu no começo do século 19 como Estado-Nação, diferente da maioria das nações da Europa por exemplo. Tam-bém, diferente dos habitantes de países co-mo os Estados Unidos, o Reino Unido, a França, a Suíça, a Holanda, a Dinamarca, a Suécia, o povo brasileiro ainda não se famili-arizou bem com a democracia e nem encon-trou o sistema político mais adequado para si, ainda. O Brasil teve dois longos períodos de interrupção de sua democracia teórica, teve o regime getulista e o regime militar. O Brasil tem problemas culturais, que remon-tam a sua formação histórica e social. O Bra-sil não foi edificado para ser um país justo com a maioria dos seus habitantes. Diferente dos Estados Unidos, o Brasil não teve propri-amente um projeto de nação, de pátria. Co-mo o restante da América Latina e o Caribe, o Brasil veio a existir com a finalidade de ge-rar riquezas para fora, para o exterior e, para uma minoria. O Brasil se tornou um Estado soberano mas, não se libertou totalmente da sua estrutura socioeconômica original, ainda funciona como um território de exploração, só que adaptado para outra época e outras me-trópoles, entre as quais, a sua própria elite. E isso provoca impacto no comportamento da sociedade brasileira, que demonstra ten-dências autoritárias e intolerantes à opiniões divergentes, ou seja, não tem temperamento democrático. Apesar de tudo, é preferível que as pessoas se interessem por política, mes-mo sentindo ódio, do que não se interessa-rem. Porque, com a participação e com o in-teresse, as pessoas vão aprender mais rápi-do.

João Paulo E. Barros

Porque precisamos fazer a Reforma Política no Brasil?

Seus impostos merecem boa administração. Bons políti-cos não vem do nada. Para que existam bons políticos

para administrar o país, toda a sociedade precisa colaborar para que eles possam nascer e terem sucesso. É preciso um sistema eleitoral moderno para melhorar a qualidade da política. Os políticos "tradicionais" tem horror à reforma política, porque ela pode mudar a situa-ção atual onde eles usam e manipulam o eleitor e são pouco cobrados !

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29 - Dia Nacional do Livro

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Carl Jung

Nada tem uma influência psicológica mais forte em seu ambiente, e especialmente em seus filhos, do que a vida não vivida

de um pai.

*****

A vida não vivida é uma doença que pode levar à morte.

*****

Sua visão só ficará mais clara quando você olhar para dentro do seu coração. Aquele

que olha para fora, sonha. Quem olha para seu interior, desperta.

*****

A solidão não chega por você não ter pesso-as ao seu redor, e sim por não conseguir co-municar as coisas que são importantes para você, ou por manter certos pontos de vista que os outros consideram inadmissíveis.

*****

Me mostre uma pessoa sã e eu a curarei pa-ra você.

*****

Temos a tendência de olhar para o passado, para nossos pais; e para a frente, para nos-sos filhos, para um futuro que nunca iremos

ver, mas do qual queremos tomar conta.

*****

Aquilo a que você resiste, persiste.

*****

A depressão é como uma senhora vestindo preto. Se ela chegar, não a expulse.

É melhor convidá-la para a mesa e ouvir o que ela tem a dizer.

*****

Às vezes, as mãos resolvem um mistério com o qual o intelecto lutou em vão.

*****

Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 6

A importância de se saber interpretar o que se lê

Atualmente, debate-se muito sobre a importância da educação escolar, da boa alfabetiza-ção. Muitos chegaram à conclusão que o principal obstáculo para o desenvolvimento do Brasil é a má qualidade da educação escolar. Contudo, segundo o ministério da educação brasileiro, o índice de analfabetismo no país tem se reduzido.

Saber ler e escrever, a maioria da população sabe. Se eu escrever a palavra “lanche” numa lousa, todos que aprenderam a ler e escrever vão facilmente entender o que está escrito. Na internet, notamos que muita gente escreve cometendo muitos erros ortográficos, mas conse-guem expressar opinião. O português é um idioma descendente do latim, é uma língua gramati-calmente complexa, erudita, é um idioma em movimento, muda o seu vocabulário e a sua orto-grafia com o tempo, muitas palavras caem em desuso, neologismos surgem. A língua portugue-sa não tem a simplicidade da língua inglesa, por exemplo. Então, mesmo para o povo brasileiro que a tem como língua materna, a língua portuguesa não é fácil de se ensinar e nem de se a-prender.

Soma-se a natural dificuldade do idioma, a falta de hábito de leitura. As pessoas gostam de ler revistas de entretenimento mas, muitos não gostam de ler livros, obras eruditas. Não se fa-miliarizam com palavras mais formais, com norma gramatical culta. E como consequência, não conseguem entender o que está escrito em muitos documentos oficiais, não conseguem enten-der palavras arcaicas, não conseguem interpretar textos escritos em obras que contenham pa-lavras mais formais e mais eruditas. Não conseguem compreender discursos falados em lingua-gem formal, como exemplo, o discurso de um político em público, de um deputado no Parla-mento. E também, têm dificuldade de pensar por conta própria e formar as suas próprias opini-ões sobre assuntos importantes.

É necessário que as pessoas sejam estimuladas a ler mais de forma que aprendam a inter-pretar o que leem, pois isso é uma das chaves para o desenvolvimento do Brasil.

João Paulo E. Barros

O livro é uma das maiores invenções que o homem tem acesso, por meio do livro são trans-mitidos conhecimentos, culturas de diversos povos e a história do homem não só é preservada como também transmitida de geração para geração. A importância do livro é indiscutível e nes-te artigo veremos a importância de ler bons livros. Conhecimento Bons livros transmitem conhecimento ou saberes. O conhecimento humano deve muito aos li-vros que permitiu que uma geração mostrasse a geração futura o que ela aprendeu, seus tes-tes, pesquisas e resultados bem sucedidos de trabalhos feitos por homens de sua época. Quando lemos bons livros estamos nós interagindo e abstraindo o conhecimento de outras pessoas sobre os mais diversos assuntos. Senso crítico Bons livros nos ajuda a desenvolver o nosso senso crítico, isto é, a capacidade de ler e inter-pretar cenários a nossa volta e ao mesmo tempo nos posicionar de maneira efetiva e contun-dente quer a favor, quer contra ou ainda com uma postura neutra. Quando criticamos algo pre-cisamos fazer baseado em parâmetros concretos e precisamos demonstrar não só o conheci-mento de causa, mas capacidade de discernir entre o simples e o complexo, o trivial e o inova-dor e assim por diante. Cultura A importância de lermos bons livros é que eles transmitem cultura, pois pessoas que leem pou-co tende a ter pouca cultura. Por cultura entenda: estilos de vida, arte, modos de pensar e rela-cionar-se dentro de uma sociedade ou com outros povos. Através da leitura podemos conhecer detalhes surpreendentes do mundo ao nosso redor. Melhora a escrita Outra grande contribuição que o livro pode dar a uma pessoa é ajudá-lo a desenvolver a escri-ta ou a redação. Pessoas que leem pouco tendem a escrever mal. Quando escrevemos nós estamos reproduzindo de uma maneira direta ou indireta aquilo que sabemos, como sabemos, e que argumentos usaremos para apresentar este conhecimento. O hábito da leitura de livros poderá nos ajudar a desenvolver nossos argumentos, palavras, uso do idioma, entre outros re-cursos tão importantes para o desenvolvimento de uma redação aceitável. Prazer Por fim concluímos que a leitura também é prazerosa especialmente quando escolhemos bons livros para ler, o prazer da leitura está no fato de que muitos livros nos leva a viver a história ou local sobre o qual o livro foi escrito. Não é simplesmente uma leitura, mas é um convite a uma viagem junto com o autor. Naturalmente que bons autores fazer isso e levam de fato seus leito-res a viver aquilo ou pelo menos parte daquilo que ele mesmo viveu.

O Livro

Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 7

20 - Dia do Poeta

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POESIA EM FOLHAS

Genha Auga

As folhas das árvores por entre um feixe

de luz,

Balançam preguiçosamente...

Adornam a paisagem,

Marcam cada mudança de estação

Folhas soltas pelo chão,

Reagem a cada movimento do dia

Acomodam-se ao anoitecer

Modificam o ar.

Suas flores estão chegando

Para encantar nossos dias,

Dançam ao vento,

Prenúncio do amor.

Como o poeta declama versos,

O vento leva suas folhas.

Cada galho vira um soneto,

Cada folha um derradeiro verso.

ÚLTIMO SARAU

Ufa! Dia quente e me sentindo abafada. Talvez quando eu chegar ao meu próximo destino, lá seja mais ameno, é o que espero porque mais quente que isso só o inferno!

Bem! Vou tentar me aquietar e aproveitar esses momentos observando meus amigos queridos.

Ih! Lá vem Matilde falando alto que parece uma maritaca, sempre foi assim, meus ouvidos até doem, o Pedro sempre com essas gracinhas, não faz outra coisa a não ser piadinhas ridícu-las.

Bem, pelo menos o Daniel trouxe flores e desca-radamente vinho pra encher a cara. Querida Mi-lena toda providencial, preparou quitutes, Eva enfeitou tudo com flores, mas acho que exage-rou de tão forte o cheiro que estão exalando.

Legal mesmo está o movimento da galera que preparou um musical para animar um pouquinho

esse encontro e, Paulo chega com a guitarra. Ai, ai, ai, eles vão cantar e desafinar como sempre.

Abraça daqui e abraços dali, lembranças engra-çadas de tudo que temos feito. As discussões nos ensaios, o nervosismo antes das apresenta-ções e as comemorações depois dos espetácu-los às vezes trágico, dramático e outros bem di-vertidos.

Ah! Vem chegando os mais sensíveis e choran-do, caramba, vão acabar com esse encontro pi-toresco com essas lamúrias. Pedi tanto uma postura diferente nesse dia, pois gostaria que essa homenagem, esse momento, fosse dife-rente e sem melancolia.

Eis que chegam os poetas, músicos, escritores, professores e outros amigos queridos. Pronto! O sarau ia começar.

Como planejado e a meu pedido, cantaram mi-nhas músicas preferidas, encenaram alguns es-quetes divertidos, declamaram algumas poesi-as.

Dali me fui, o corpo para o fogo do crematório, mas a alma... Só Deus sabe.

Esse foi o último sarau e meu velório!

Genha Auga – Jornalista MTB: 15.320

O Dia do Poeta é celebrado anualmente em 20 de outubro. Esta data celebra o profissional, que pode (e deve) ser reconhecido como um artista escritor, que usa de sua criatividade, imaginação e sensibilidade para escrever, em versos, as poesias que faz.

O principal propósito desta data é incentivar a leitura, escrita e publicação de obras poéticas na-cionais.

Há séculos as pessoas se emocionam, riem e choram com essas belas produção artísticas, con-sideradas como uma das Sete Artes Tradicionais.

Origem do Dia do Poeta

O Dia Nacional do Poeta é comemorado a nível extraoficial, ou seja, não há uma lei que oficialize o 20 de outubro como Dia do Poeta no país.

Mas, a data foi escolhida por uma razão bastante especial para os poetas brasileiros. No dia 20 de outubro de 1976, em São Paulo, surgia o Movimento Poético Nacional, na casa do jornalista, romancista, advogado e pintor brasileiro Paulo Menotti Del Picchia.

A data homenageia e lembra este momento ímpar para os poetas do Brasil.

Curiosidades sobre o Dia da Poesia

Antigamente, a poesia era cantada e acompanhada pela lira, um instrumento musical típico da Grécia. Por isso, a poesia é classificada como pertencente ao gênero lírico da literatura.

Os poetas ainda celebram o 31 de outubro como o Dia Nacional da Poesia, oficializado através da lei 13.131, de 3 de janeiro de 2015. A escolha desta data é uma homenagem ao nascimento do poeta brasileiro Carlos Drummond de Andrade.

Antes da criação da lei que oficializa o Dia Nacional da Poesia em 31 de outubro, esta era cele-brada em 14 de março, em caráter não-oficial.

A escolha desta data era uma homenagem ao poeta brasileiro do romantismo Castro Alves, que nasceu em 14 de março de 1847.

Saiba mais sobre o Dia Nacional da Poesia.

Ainda existe o Dia Mundial da Poesia, em 21 de março, que celebra a nível internacional este gê-nero artístico. Esta data foi criada durante a XXX Conferência Geral da UNESCO, em 16 de no-vembro de 1999.

No caminho com Maiakóvski

"[...]

Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada. Na segunda noite, já não se escon-dem; pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada. Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta. E já não podemos dizer nada.

[...]"

Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 8

Cultura simbólica

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O Culto dos Impérios do Espírito Santo

Por: Loryel Rocha Transcorreu em Portugal em Setembro de 2016 o Congresso Internacional do Espírito Santo tendo como palco Coimbra, Lisboa e Alenquer. O tema dos Impérios do Divino Es-pírito Santo, conjuntamente com o Quinto Im-pério e o Sebastianismo perpassam toda a historiografia de Portugal deitando profundas raízes no Brasil, de tal modo que sem esses fundamentos a história de Portugal permane-ce como que lacrada ao seu verdadeiro en-tendimento.

“O Paracleto ou Espírito Santo é uma entidade etérea e inefável, celebrada conjuntamente por judeus e por cris-tãos, cinquenta dias depois da Pás-coa, na festa dos Tabernáculos e do Pentecostes, respectivamente, come-morando a descida do Fogo do Con-solador, ou Paracleto, sobre os Discí-pulos, consoante a narrativa dos Atos dos Apóstolos (II, 1-4).” (Manuel J. Gandra).

Entre cristãos esta solenidade tem oitava pri-vilegiada e inaugura um período novo no ano eclesiástico, prolongando-se durante 24 se-manas, até ao primeiro Domingo do Advento (obrigatoriamente entre 27 de Novembro e 3 de Dezembro). O Pentecostes também é denominado Pás-coa Rosada, comemorando a descida do Fo-go do Consolador, ou Paracleto, sobre os Dis-cípulos, consoante a narrativa dos Actos dos Apóstolos (II, 1-4). Depois da Ascensão aque-les regressaram ao Cenáculo e ali esperaram em oração, durante 9 dias, a realização da promessa de Jesus. O culto do Divino Espírito Santo sob a forma de Império é expressão própria e exclusiva do mundo lusíada (nos Açores e no Brasil con-serva ainda a fidelidade às origens) não tendo qualquer similitude com as devoções homóni-mas que existem por todo o restante orbe ca-tólico. Isso mesmo concluiria Jaime Cortesão, uma vez na posse dos resultados de um inquérito realizado por sua iniciativa em Espanha, onde se não acha o mínimo vestígio da devoção do Império, nem sequer no território aragonês, de onde era natural a Rainha Santa Isabel, sua mais que improvável “inventora”, como creio ter já demonstrado em outra ocasião. ______________________________ Também o Islamismo se preocupa desde os seus primórdios com a eminência da Hora (o Fim dos Tempos), isto porque a profetologia islâmica reproduz nos seus traços gerais a Cris-tologia Ebionita, paraclética, herdada da comunidade judaico-

cristã primitiva. A transposição da profetologia do Paracleto (Fâraqlit) não é sensível ao nível das concepções adoptadas pelo Islão sunita, sob a sua forma exterior. Porém, ela influ-encia os teósofos místicos, a metafísica do Sufismo e, parti-cularmente, a teosofia shi'ita, autêntica religião do Consola-dor (Ver Evangelho de Barnabé), da qual a Igreja paulina se afastou, centrando-se nos temas do pecado original e da respectiva redenção pelo sacrifício cruento (Theologia cru-cis). Cf. Henri Corbin, L'idée du Paraclet en philosophie irani-enne, in En Islam Iranien, v. 2, liv. VIII, cap. III. Mahomed († 632) autodenomina-se Mestre da Hora, embora não fixe qual-quer data precisa para o evento, proclamando apenas que "a ordem de Deus se manifesta" (Ata amr Allah).

A propósito da popularidade do Império do Divino Espírito Santo no Brasil, na década de 1820, convém recordar que José Bonifácio preferiu o título de Imperador ao de Rei, por-que era “mais amado pelo povo”. Cf. Câmara Cascudo, Dicionário do Folclore Brasileiro, Rio de Janeiro, 1962. Com efeito, a Festa e o Regime político iniciaram juntos um novo tem-po, as barracas do Império do Divino diante do Paço Imperial. Incapazes de penetrar a semântica genuina dos Impérios do Divino, a devoção mais au-tenticamente pneumatológica da cultura lusía-da, autores houve que os advogavam suscetí-veis, entre outros, de enraizar-se em cultos pagãos em louvor de Ceres , de Júpiter ou Pluvius, ou, simplesmente, de cultos politeís-tas . O Auto do Império encena de forma simbólica o advento da Terceira Idade do Mundo, de acordo com uma tese que se pode buscar no abade cisterciense Joaquim de Fiore e nos meios joaquimitas e segundo a qual a história da humanidade percorreria três Tempos, des-de a Criação até ao Fim do Mundo, vividos cada um sob a influência de uma das três pessoas da Trindade. Assim, se a lei mosaica fora específica da Idade do Pai e a lei evan-gélica da do Filho, a futura lei do Evangelho Eterno sê-lo-ia da do Espírito Santo. Cada um de tais períodos históricos, encarnando perso-nalidade própria, consubstanciaria diferentes formas religiosas, sucessivamente manifesta-das de Oriente para Ocidente. A sede da Igre-ja do Pai fora Jerusalém, a do Filho, Roma. A Terra Santa vindoura onde situá-la? Camões chamou Nova Roma a Lisboa. De Mafra se diz que pelo menos durante um dia há-de ser Roma. Seja como for, os iniciados na doutrina dos espirituais franciscanos identificavam-na com Alenquer. Segundo eles essa era a povo-ação portuguesa que maior similitude tirava de Jerusalém, a qual constitui no círculo judai-co-cristão-islâmico o modelo paradigmático da Cidade Santa, o pólo teofânico, por exce-lência (i. e., da revelação divina). É consabido a marca indubitável que o Culto do Divino Espírito Santo imprimiu à história de Portugal e, consoante leituras baseadas em

ponderações de Agostinho da Silva, a ideia de ser o Brasil o próprio Portugal Império que tem por missão unir, por meio do mesmo substrato linguístico, os povos que receberam influência de Portugal; e de aqui existir e re-sistir, persistentemente, o culto do Espírito Santo que é oriundo do inconsciente coletivo português, sublinha-se que História e Mito se confundem na nacionalidade portuguesa, mas, de modo algum acham-se assinalados na concepção de “Império” do Brasil criada por José Bonifácio. Registra Câmara Cascudo, em seu Dicionário do Folclore Brasileiro, de 1954, que as festas e as folias do Divino eram de tal modo disse-minadas e cultivadas Brasil afora que a pala-vra “Imperador” tinha personalidade própria e fama tal que suplantava a palavra “Rei”, le-vando José Bonifácio a optar pelo título de “Imperador” do Brasil para D. Pedro I. Cf. Alenquer, in Nova Águia, n. 3 (1o semestre de 2009), p. 140-151. Cf. José Diniz da Graça Motta e Moura, Memória Histórica da notavel Villa de Nisa, v. 1, p. 58: “imperfeita imitação das festas e sacrifícios que os romanos anualmente faziam a Ceres, filha de Saturno e Cibele, deuses da agricultura [...]”. Salete da Ponte reata esta opinião no artigo A Simbólica de Festividades no Ciclo dos Tempos, in Boletim Cultural Da Câmara Municipal de Tomar, n. 21 (Out. 1997), p. 13-26. Cf. Luís Ribeiro, Os Festejos do Espírito Santo, in Almana-que dos Açores – 1934, Angra do Heroísmo, 1933, p. 72-76. Cf. Teófilo Braga, Cantos Populares do Arquipélago Açoria-no, v. 2, p. 202. O argumento do culto do Império enquanto sobrevivência do gentilismo foi um dos mais invocados pelas autoridades eclesiásticas para proibir e suprimir os festejos.

O fundador do “Império” do Brasil assume o nome Império para o novo regime, mas, sub-traído de sua tradição e natureza íntimas. A confusão dos títulos e a possível associação entre os dois Imperadores , o religioso e o temporal, não estabelece uma hierogamia, antes inaugura descontinuidade e diferença pois legitima a quebra de símbolos e de pode-res do Divino e da Casa de Bragança. Esta confusão entre os poderes, religioso e tempo-ral, marcará para sempre o cenário sócio-cultural brasileiro. O Brasil, reatualizado no culto do Espírito Santo representa uma futura-Idade, uma idea-ção do novo Reino para os homens no qual se instituiria a fraternidade e a tolerância. Fixa-se nisso o entendimento de Agostinho da Sil-va sobre o culto do Espírito Santo cujo evento comporta sabedoria das gentes de um passa-do remotíssimo de importância sem igual que registra o dinamismo da resistência e o espíri-to ecumênico, invocadores do que hoje pode-mos chamar de uma ideologia da libertação ou a anunciação do futuro reparado dos erros e mazelas sociais. O Brasil será sempre o pa-ís do Futuro, uma “infância” que é destita por-que não é a do Menino Imperador.

CULTURA SIMBÓLICA - Lévi-Strauss, na obra Antropologia Estrutural, definiu os símbolos como os equivalentes significativos do significado. O símbolo supõe uma estrutura dupla, um representante e um representado. É nesta relação que tanto o estruturalismo como a linguística moderna (Saussure) real-çam como sendo primordial, embora a linguística destaque a relação entre o significante e o significado no signo. Ora, os símbolos são mais reais do que aquilo que simbolizam, já que o significante precede e determina o significado. Os factos sociais são simbólicos. Desta forma, a cultura é simbólica pois pode ser considerada como um conjunto de sistemas simbólicos, como por e-xemplo a linguagem, as regras matrimoniais, as relações económicas, a arte, a ciência, a religião, entre outros. Assim, a explicação do símbolo pelo “real” é ilusória, sendo naquela interpretação da cultura que necessitamos instalar-nos, recusando toda e qualquer redução ao naturalismo.

Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 9

E agora José? Debatendo a educação

Parte 1 infraestrutura

Em 22 de setembro de 2016 o Presidente Michel Temer, o Ministro da Educação Mendonça Filho e sua equipe técnica se reuniram para a-presentar o novo Ensino Médio. Através da Medida Provisória (MP) 746, de 22 de setembro de 2016, publicada em 23/09, o Ministério da Educação estabeleceu a mudança estrutural do Ensino Médio no Bra-sil.

Esta MP vem no sentido de acelerar a tramitação do Projeto de Lei 6840/2013 de autoria do economista e Deputado Reginaldo Lopes (PT-MG).

O Ensino Médio no Brasil vem sendo alvo de diversas discussões há algum tempo. As notas do ensino médio, sobretudo as do IDEB e do ENEM vem apontando para a necessidade de se rediscutir a estrutura dessa modalidade de ensino no Brasil.

Este não é o primeiro texto que vou abordar sobre o Ensino Médio, e também não será o último sobre este tema. Em 2014 publiquei o texto intitulado “Dilma propôs retirar sociologia e filosofia do currículo esco-lar?”. Nesta oportunidade já havia traçado algumas análises em cima das propostas que vinham aflorando sobre a reforma do Ensino Médio. Pois bem, ai está.

Basicamente vou resumir o que a imprensa já noticiou apenas para contextualizar o tema deste artigo. O Ensino Médio brasileiro passara a ter a duração de 4.200 horas, ante as 2.400 estabelecidas no Art. 24, I da Lei 9.394/1996. Dessas horas, as disciplinas do ensino médio se-rão distribuídas da seguinte forma.

1º ano do Ensino Médio. Disciplinas comuns, de acordo com a Base Nacional Comum Curricular.

2º ano do Ensino Médio. Metade do ano igual para todos e a outra me-tade devendo optar por uma das áreas do conhecimento (linguagens; matemática; ciências da natureza; ciências humanas e formação técni-ca profissional).

3º ano. Prevalece a escolha do estudante sobre a área escolhida.

Basicamente o grosso deste projeto é isso. Agora vamos para a dis-cussão. Bem, tenho várias dúvidas e várias críticas para apresentar e propor a discussão. Por isso, vou fazê-lo separadamente. Para cada problema, apresentarei um artigo. Pode ser que, o que hoje é uma dú-vida, amanhã poderá ser uma certeza, ou apenas um equívoco meu. O que sugiro ao leitor é que realmente pesquise diferentes fontes, já que a mídia não tem ajudado muito. Posteriormente trarei a discussão em outros textos e vídeos sobre algumas notícias que não consegui ainda confrontar com esta Medida Provisória.

Entendo que a mudança no ensino médio seja necessária. Realmente não dá para defender este modelo que está ai. Porém, nós precisamos discutir vários pontos que estão sendo deixados para trás, e um des-ses pontos é a infraestrutura.

Entendo que a infraestrutura seja a base para o que se quer construir (literalmente). Como podemos pensar educação sem pensar escola?

Talvez, você, leitor, já tenha notado que a estrutura física das nossas escolas seja formada por carteiras, lousa e só! Basicamente o instru-mento de trabalho do professor é o livro didático e o giz (quando tem). Algumas escolas apresentam outros equipamentos, mas cada escola é uma escola. De acordo com a planilha de notas do ENEM (2014), o país tem pelo menos 9.425 escolas que oferecem o Ensino Médio. Em 2014 atendemos uma taxa líquida de matrícula com nada menos que 5.871.191 estudantes espalhados pelo território brasileiro. É muita

gente. É muita escola. É um país imenso.

Faça uma simples busca no google sobre a situação física das escolas brasileiras. Digites exatamente esta frase no google “situação física das escolas brasileiras” e depois conte-me o que encontrou. Só para você ter uma ideia, apenas 0,6% das escolas brasileiras têm infraes-trutura básica próxima da ideal para o ensino. Este resultado é fruto de uma pesquisa intitulada “Uma escala para medir a infraestrutura esco-lar”, e está disponível neste link: https://goo.gl/kRlg6A.

Os dados nada animadores sobre as escolas que vão ofertar o Ensino Médio “integral” não param por ai. 56% das escolas no Brasil não pos-suem água encanada, sanitário, energia elétrica, esgoto e cozinha. In-fraestrutura supérflua para o ensino técnico, não?

Não! A infraestrutura básica para o atendimento mínimo dos nossos alunos não são coisas supérfluas. No ato de assinatura da MP do En-sino Médio foi dito que este modelo de currículo é uma tendência se-guida por países de primeiro mundo. Ótimo, depois vamos discutir is-so. Mas, se é para compararmos, vamos iniciar pela base? Isto é, va-mos iniciar pela estrutura das escolas? (depois me aprofundo sobre o currículo, a participação da comunidade, a formação dos trabalhadores em educação e sobre seus salários).

Bem, novamente te sugiro fazer uma busca no google sobre a infraes-trutura das escolas em qualquer país dito de primeiro mundo de sua preferência. Você verá uma diferença gritante, não só na arquitetura da escola, mas na sala de aula, disposição das carteiras, materiais que são distribuídos, tomadas pela sala (sim, acredite, eles têm toma-das nas salas de aula!), lousa sem rachaduras, ar condicionado, pare-des limpas e conservadas, enfim... Tudo o que lembra uma escola, e não uma prisão.

Em entrevista coletiva pós-ato de assinatura da MP, o Ministro da Edu-cação Mendonça Filho disse: “no caso da mudança da estrutura do modelo de educação de nível médio não tem custo para o Estado, na verdade é uma estrutura muito mais legal, normativa e de forma de gestão dela do que propriamente algo que demande mais recursos”. E ainda: “especificamente falando em escola de tempo integral, todo re-curso que o governo federal está alocando, ele possibilitará aos Esta-dos incorporar à sua rede escolas, que hoje funcionam em tempo par-cial, transformando-as em modelo, em tempo integral com esse um bilhão e meio que serão alocados para o orçamento de 2017/2018, pa-ra fazer face ao apoio aos Estados. Então, os Estados a rigor entrarão com muito pouco. A maior parte do recurso serão recursos federais do Ministério da Educação”.

Lembrando que o Plano Nacional de Educação (meta 5) prevê que 50-% das escolas de Ensino Médio sejam de tempo integral, até 2024, Eduardo Deschamps afirma que a implementação deste sistema será gradual e de acordo com a disponibilidade financeira de cada Estado.

Pois bem, novamente batemos na tecla da infraestrutura. O Ministério da Educação não acredita que será necessário mexer na infraestrutura das escolas. Pergunto: como vamos oferecer ensino médio em tempo integral e com curso técnico diante da estrutura que temos? Como queremos atingir patamares básicos de educação com o prédio e os materiais que temos disponíveis?

Devo relembrar que há sim escolas com estrutura básica neste país (em torno de 44%, segundo a pesquisa apontada), porém, muito me estranha que a parte física, isto é, estrutural do projeto das escolas em tempo integral não esteja sendo discutida. Que essa parte não seja, sequer, apontada pelos “especialistas” que compõem a alta cúpula do MEC. Vamos oferecer ensino técnico com base em qual estrutura es-colar? Vamos oferecer aulas regulares com qual estrutura escola? A que temos?

Ivan Claudio Guedes, 36 Geógrafo e Pedagogo. [email protected] www.icguedes.pro.br

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Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 10

Tempos de medo

A volta do medo Medo do futuro? Medo de assombração? Medo de polícia? Medo de ladrões? Medo de bala perdi-da? Medo de perder o emprego? Há muitos tipos de medo. Um deles nos parecia extinto, o medo político, de instalação de uma ditadura, de um re-gime de exceção em que ter certas ideias é peri-goso.

Há pouco mais de dois anos a gente acreditava que isso era coisa do passado, no Brasil. Pois o-lha ele aí de novo. Vejo muita gente com medo. Eu, se não tenho medo disso, tenho pelo menos uma cisma, um temor. Parece que temos muito a temer. Mas não vamos tratar só desse tipo de me-do.

A meu ver, medo, em certas circunstâncias, é u-ma coisa normal, faz parte do instinto de sobrevi-vência. Só os malucos não têm medo. É diferente de covardia. Nas tais mídias sociais vemos um monte de covardes se arvorando de corajosos, ofendendo as pessoas que pensam diferente de-les. Sentem-se protegidos ali. Cara a cara, se bor-rariam de medo. A não ser que estejam em ban-dos, e os “inimigos” sejam em minoria e mais fra-cos. São assim a coragem e o medo dos covar-des.

Vi muitos insultos de “corajosos” por aí e prefiro falar do medo. O medo de verdade. Aí vão alguns textos sobre medos de tipos variados e também ditados e frases ditas por pensadores.

Medo de polícia x medo de revolução

A gente passa por situações de medo, e a grande coragem é saber não ser dominado por ele. Du-rante a ditadura tivemos que ter esse comporta-mento quase que constantemente. Quando milita-va na imprensa alternativa, havia um certo medo latente de ser pego pela polícia, torturado, “desaparecido” etc. Mas nem por isso deixávamos de fazer o que achávamos que devia ser feito. Do-minávamos o medo, em vez de sermos domina-dos por ele.

Um dos jornais em que militei foi o Versus. Numa fase mais agressiva da polícia, a gente chegava para fechar o jornal depois das onze da noite (tínhamos empregos para nos sustentar em outros lugares, não ganhávamos nada no Versus) e na porta havia pelo menos uma perua Chevrolet Ve-raneio (veículo usado pelos órgãos de repressão política) e vários homens fortões na porta, olhan-do na cara da gente e dando murros nas mãos enquanto entrávamos na casa.

Forçávamos a barra e passávamos sorrindo.

Marcos Faerman, o Marcão, era o editor-chefe, e costumava dizer, brincando: “Nessa questão, a gente tem que se comportar como o povão quan-do acontece alguma desgraça com a gente, dizer: foi Deus quem quis”. Não deixar de fazer as coi-sas.

Por falar nos jornais alternativos, havia também o medo de gente “do outro lado” (o dos ditadores e seus beneficiários). Apesar de poderosos, muitos tinham medo de acontecer aqui uma revolução que mandasse um monte deles para o paredão. Colegas que trabalhavam no jornal Movimento me contaram que alguns empresários contribuíam com ele mas não com anúncios. Se os nomes de-les ou das suas empresas aparecessem no jornal, ficariam mal com o governo e a repressão. Senti-am-se como se estivessem comprando indulgên-

cia. Temiam que um dia acontecesse uma revolu-ção e, quando isso acontecesse, o captador de grana do jornal seria testemunha dele para não ser tratado como inimigo, “não ir para o paredão”.

Recentemente, pensando nisso e no fim do que chamavam “perigo vermelho”, com os explorado-res crentes de que o capitalismo é o fim da histó-ria, eu disse a amigos: “A União Soviética podia ser uma merda para quem morava lá, mas seu fim foi uma merda para os trabalhadores do resto do mundo: temos agora o capitalismo de rédea solta, sem medo de revoluções”.

Nicola não precisava mais ter medo

Tenho um bando de amigos na Zona Leste de São Paulo, uma turma muito bem-humorada. Por exemplo: o Hélio, com diabete, acabou tendo que amputar um dedão do pé. Como sou militante da Sosaci – Sociedade dos Observadores de Saci, ele me mandou um recado brincalhão, sobre a perda do dedão: “Vou virando Saci aos poucos”.

Mas não é dele que quero falar sobre o medo. É sobre o Nicola, da mesma turma, que morreu há uns três anos. Com câncer no reto, fez uma cirur-gia e ficou sem ânus. As fezes saíam por uma bol-sinha amarrada à barriga. Mal saiu do hospital, foi festejado pela turma, incluindo o próprio Hélio.

Diziam que a partir dessa cirurgia ele não precisa-va mais ter medo de nada. Por quê? Bom, tem o ditado “quem tem cu tem medo” e ele não tinha mais.

O medo mais inédito

Um personagem dos meus tempos de criança era o João Gravatá, um daqueles homens que vagam de uma cidade a outra, vivendo miseravelmente do que lhe davam. Ele tinha elefantíase, suas per-nas e seus pés eram inchados demais, e só anda-va descalço.

Diziam que ele não tinha medo de “quase nada”. E vi provarem isso. Algum gozador o ameaçava de todas as formas, inclusive com arma de fogo, e ele nem ligava. Não se abalava.

Só tinha medo de duas coisas: assombração e maria-mole. Quando achavam que ele estava in-comodando num bar, o dono pegava uma maria-mole e chacoalhava perto dele. Aí se desespera-va, saía correndo desajeitadamente.

Adultos com medo de assombração?

Eu sempre disse que feliz é o lugar onde adultos têm medo de assombração. É lugar não violento, em que não é preciso ter medo dos vivos, de as-saltantes. Em certos lugares, quem tem que pas-sar à noite rente a um muro de cemitério, passa rezando. Em São Paulo, não vejo ninguém com medo dos mortos, de “almas do outro mundo”. O medo, para quem passa junto a um cemitério, é que pule um assaltante de dentro dele.

Pois é, quando era criança, na minha cidade al-guns adultos tinham medo de ir pra casa sozi-nhos, depois de certa hora da noite. Vou citar dois, mas trocando os nomes deles. Zé e Tonho, que moravam na parte mais alta da cidade morri-am de medo de assombração!

As ruas eram escuras, muito mal iluminadas, e ninguém andava de carro, era sempre a pé. Eles ficavam no centro da cidade (não juntos, cada um na sua) confiando que quando fossem embora alguém iria “subir” junto com eles. Não era inco-mum ver um deles lá pelas onze da noite procu-rando desesperadamente alguém que morasse lá

no alto que tivesse como caminho obrigatório a rua em que moravam. Em último caso, algum “corajoso” que topasse lhe fazer companhia até sua casa e voltar sozinho.

Sádicos, nós moleques procurávamos passar mais medo nos dois. Para ir embora, tinham que passar pelo largo do Rosário, sem iluminação ne-nhuma, com uma igreja velha, construída por es-cravos e abandonada havia muito tempo. Era uma igreja bonita, com sino em uma das janelas. Mas na escuridão, parecia meio tétrica. Tinha fama de assombrada. Sempre tínhamos “notícia” para dar ao Tonho de uma assombração nova na igreja do Rosário. Contávamos com detalhes o apareci-mento de alguma alma penada, quase matando de medo pessoas corajosas… E ele ficava apavo-rado. Aí sim, não ia embora sozinho.

Às vezes, a estratégia era outra: ficávamos escon-didos no escuro, no largo do Rosário, e quando eles passavam em frente, tiritando de medo, pe-gávamos os estilingues e dávamos pedradas no sino. Era uma correria!

Uma noite, já na minha adolescência, o feitiço vi-rou contra o feiticeiro.

Com uns 14 anos de idade, eu estava na fase de aprendiz de barbeiro, trabalhando com meu pai. Pra me incentivar, ele deixava eu ficar com todo o dinheiro que eu ganhava, sem dar nem uma co-missãozinha pra ele. Eu fazia umas quatro barbas e ia lá pro alto da cidade, mais de um quilômetro morro acima, jogar sinuca num bar onde quase não iam os meirinhos (oficiais de justiça, na lin-guagem atual), que faziam a ronda tentando im-pedir menores de permanecerem nesses ambien-tes. Jogava apostado, com o pessoal da zona ru-ral, e quase sempre ganhava.

Num dia de semana de julho muito frio, perto de zero grau, fui jogar sinuca no final da tarde. E co-mecei a ganhar… ganhar… ganhar… Quando vi, era mais de uma hora da manhã. Olhei os fregue-ses que estavam ali, nenhum morava no centro da cidade. Joguei a última partida e à uma e meia da manhã desci pela rua escura, mal dando para en-xergar as lâmpadas, muito fracas, que mal eram vistas com a neblina intensa. Naquele frio, não havia ninguém fora de casa.

Fui assobiando, despreocupado, pelo meio da ru-a, quase sem enxergar nada. De repente, um gato preto passou correndo e rosnando na minha fren-te, rente aos meus pés. Dei um pulo e me arrepiei todo. Aí bateu o medo. Pior: uns cem metros abai-xo ficava a igreja do Rosário, e comecei a pensar se “por castigo” alguma assombração me cercas-se como castigo por eu assombrar o Tonho e o Zé.

Fui pela calçada do outro lado. Mas lembrei que no escritório de contabilidade que ficava nessa calçada, poucos dias antes havia morrido traba-lhando nele um rapaz que eu conhecia. Tive me-do de ele aparecer pra mim ali. Fui então pelo meio da rua, com as pernas tremendo. Até que não resisti e desembestei rua abaixo, me arriscan-do a tropeçar em alguma pedra e cair, porque não enxergava nada. Por sorte não me esborrachei no chão, correndo às cegas.

Mas na semana seguinte já estava de novo as-sustando o Tonho e o Zé, que continuavam mor-rendo de medo.

Mouzar Benedito

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Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 11

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Exercendo a cidadania Está na hora de agir novamente. Hora de fazer a diferença através das nossas escolhas, e isso se dá exercendo a cidadania através do direito que conquistamos que é o de votar. Nessas eleições que ocorrem agora, estaremos elegendo prefeitos, vice-prefeitos e verea-dores, que integrarão as Câmaras Legislativas Municipais. As eleições ocorrem de 4 em 4 anos, o primeiro turno em 02 de outubro, se houver necessidade haverá um segundo turno que ocorrerá no dia 30 de outubro. Esse segundo turno acontece somente em municípios com mais de 200 mil eleitores.

Acredito que a participação ativa é necessária, somos nós ajudando a fazer uma sociedade mais justa e igualitária, inseridos na nossa história, sem ficar passando a responsabilidade para os outros. Será que dá para dizer que as pessoas estão mais conscientes de que são elas que têm o poder de escolher o rumo que queremos para o nosso país? De que são elas que possuem voz? Que só exercendo a cidadania de maneira plena poderemos fazer a dife-rença? Ser cidadão é exercermos nossos direitos, cuidar para que os mais desprotegidos e vulneráveis tenham seus direitos garantidos e respeitados, é cumprir com nosso dever.

Votar vai muito além de depositarmos nosso voto na urna simplesmente. Começa antes, com a escolha do candidato. Com o voto consciente. É o momento de exercer nossa cidada-nia, escolhendo aquele que tem propostas e projetos que realmente tragam melhorias a po-pulação. Que coincidam com aquilo que esperamos que seja feito no sentido de melhorar e organizar a sociedade. Votando exercemos um direito humano fundamental, o da liberdade de escolher com consciência, de exercer o poder que é dado através do voto. E para fazer isso é necessário conhecer os candidatos, suas propostas, seus argumentos, se coincidem com o que penso e espero, se respeitam a cidadania, os cidadãos, e se possuem propostas de políticas públicas que realmente são necessárias e atendem as nossas necessidades.

Somos uma República Federativa onde vigora o Estado Democrático de Direito. Votar faz toda a diferença, mas votar com consciência de que o nosso voto pode fazer acontecer às mudanças que queremos ver. Mudanças políticas e sociais que só irão ocorrer através des-se exercício de cidadania. É termos a garantia que nossos direitos de cidadãos serão respei-tados.

A cidadania se dá a todo o momento. Na nossa vida diária, começa dentro de casa na famí-lia, e se estende a todos os grupos dos quais fazemos parte. Isso é democracia. O art 1º da CF em seu parágrafo único diz:

“Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou direta-mente, nos termos desta Constituição.”

A participação política é um dos mais importantes pressupostos da Democracia. A definição de cidadania é: “O exercício dos direitos e deveres civis, políticos e sociais estabelecidos na Constituição de um país.

Exercendo o nosso direito de votar, estamos influenciando diretamente o destino da nação. Estamos lutando pelos nossos direitos mais fundamentais, pelas nossas liberdades, esta-mos lutando contra a opressão e as injustiças. Estamos lutando a favor de mais desenvolvi-mento social e econômico, lutando contra aqueles que se elegem pensando apenas nos seus interesses particulares, estamos lutando contra a pobreza e contra a desigualdade.

Enfim, exercer a cidadania é estar sempre em movimento, buscando descobrir novas formas de garantirmos e exercermos nossos direitos. A cada desafio surgem novas possibilidades de sermos cidadãos conscientes de nossos deveres e principalmente de nossos direitos. Devemos trabalhar e lutar pelo nosso bem e pelo bem comum, afinal não estamos sozinhos, cada um deve fazer a sua parte, agindo com responsabilidade. Vivemos em sociedade e a contribuição de cada um é importante. É preciso ter essa consciência, de agirmos para ga-rantir o bem estar social. Atrevo-me a dizer que a cidadania requer prática, quanto mais utili-zarmos nossos direitos de cidadãos, mais veremos as mudanças que queremos para nosso país acontecendo, tanto na esfera das políticas públicas, na melhoria da qualidade de vida de nossa gente, como no crescimento e desenvolvimento da nação.

Mariene Hildebrando Email: [email protected]

FRASES SOBRE MENTIRAS

“Imaginação: um armazém de fatos gerido em parceria pelo poeta e pelo mentiroso”.

Ambrose Bierce * * *

“Não faça perguntas e não te direi mentiras”. Em Harry Porter e o Cálice de Fogo

* * * “Há uma razão para a mentira: funciona”.

Dr. House * * *

“O espelho pode mentir, não mostra como vo-cê é por dentro”.

Demi Lovato * * *

“Mas o que é real? Você não pode descobrir a verdade, você só escolhe a mentira da qual

mais gosta”. Marilyn Manson

* * * “Meu Senhor, ajude-me a dizer a verdade diante dos fortes e não dizer mentiras para

ganhar o aplauso dos fracos”. Mahatma Gandhi

* * * “A arte é a mais bela das mentiras”.

Claude Debussy * * *

“A arte é a magia libertada da mentira de ser verdadeira”.

Theodore Adorno * * *

“A arte é a mentira que nos permite conhecer a verdade”.

Pablo Picasso * * *

“A mentira só aos mentirosos prejudica”. Guerra Junqueiro

* * * “A linguagem política, destina-se a fazer com que a mentira soe como verdade e o crime se

torne respeitável, bem como a imprimir ao vento uma aparência de solidez”.

George Orwell * * *

“Numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um ato revolucionário”.

George Orwell, de novo * * *

Mês que vem tem mais...

Eleições

Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 12

+ Datas comemorativas

Esta data tem o objetivo de homenagear uma das formas de arte mais apreciadas pelas pessoas: a música.

A música exerce uma profunda influência nos seres humanos, sendo capaz de emocionar, alegrar, surpreender, aterrorizar e etc. Conse-gue despertar todos os sentimentos, até os mais profundos.

A música sempre esteve presente na história da humanidade, desde as tribos mais primitivas de seres humanos, seja como uma produção de cunho cultural e religiosa ou voltada exclusivamente para o entre-tenimento.

Esta data é dedicada a conscientizar a sociedade a refletir sobre mé-todos sustentáveis de utilizar o meio ambiente, sem danificá-lo.

Por natureza, entende-se tudo aquilo que existe no planeta Terra e que não é produzido pelo ser humano, como a terra, a água, as árvo-res, a atmosfera, os animais e etc.

Para celebrar o Dia da Natureza, escolas e a Secretaria Especial do Meio Ambiente realizam campanhas e lançam projetos que incenti-vem a população a refletirem sobre a importância da natureza para o constante desenvolvimento e sobrevivência humana.

No Dia da Natureza também é celebrado o Dia dos Animais, no Bra-sil. O dia 4 de outubro também é o Dia de São Francisco de Assis, o padroeiro da ecologia.

Os compositores são as pessoas que compõem músicas, seja a letra ou a sua melodia. Esta data é uma homenagem aos artistas brasilei-ros que se imortalizaram como mestres da composição musical.

O Dia Mundial do Compositor é comemorado em 15 de janeiro, no entanto, o Brasil é o berço de grandes compositores, merecendo uma data especialmente dedicada a esses nomes.

Esta data homenageia toda a diversidade cultural e folclórica típica da região Nordeste do Brasil.

O Nordeste brasileiro é conhecido pela sua musicalidade, culinária, danças, superstições, artesanatos, belíssimas paisagens naturais e muito mais.

O povo nordestino é um grande tesouro da cultura nacional, um dos maiores traços da identidade do Brasil.

O Nordeste brasileiro é composto pelos seguintes estados: Mara-nhão, Alagoas, Bahia, Ceará, Piauí, Paraíba, Pernambuco, Rio Gran-de do Norte e Sergipe.

A data homenageia uma das práticas esportivas mais antigas do mundo, conhecida por "esporte-base" por usar os movimentos primá-rios do ser humano: correr, andar, saltar e arremessar.

O atletismo surgiu nos primeiros Jogos Olímpicos, por volta do ano 776 a.C, na Grécia. O esporte consiste em uma série de provas que testam a resistência física e habilidades do ser humano.

No Brasil, a Confederação Brasileira de Atletismo é quem regula as normas deste esporte, além das provas oficiais e competições.

Esta é a data que homenageia a padroeira do Brasil, a mãe do meni-no Jesus, conhecida também por Santa Maria.

Devido a importância que esta santa possui no país, foi construído um santuário dedicado à sua imagem no estado de São Paulo. O Pa-pa João Paulo II, em visita ao Brasil, consagrou a basílica brasileira como o maior santuário dedicado à Virgem Maria em todo o mundo.

O Dia de Nossa Senhora Aparecida também é conhecido como o Dia das Crianças". A data foi criada por um Deputado brasileiro para ho-menagear as crianças, e escolheu o dia 12 de outubro por ser o dia da mãe de Jesus Cristo.

A data tem o objetivo de conscientizar a sociedade e os governos de todo o mundo do elevado número de pessoas que ainda estão viven-do na extrema pobreza, expostos à miséria, fome crônica e violência.

A pobreza extrema é considerada um crime contra os Direitos Huma-nos, e todos os governos devem assegurar que seus habitantes vi-vam com qualidade de vida e dignidade.

De acordo com dados da UNESCO (Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura), mais de 840 milhões de pes-soas continuam sofrendo de fome excessiva entre os anos de 2011 e 2013, em todo o planeta.

A erradicação da pobreza e da fome é um dos oito objetivos de Desenvolvimento do Milênio, definidos no ano 2000 pelos 193 paí-ses membros da Organização das Nações Unidas.

Também conhecido como o Dia Nacional da MPB, esta data celebra e homenageia o nascimento da primeira compositora oficial da Músi-ca Popular Brasileira: Chiquinha Gonzaga, que nasceu em 17 de ou-tubro de 1847, no Rio de Janeiro.

O Dia da MPB foi criado a partir do Decreto de Lei nº 12.624, de 9 de maio de 2012, outorgado pela presidente Dilma Rousseff.

Chiquinha Gonzaga compôs diversas canções que fazem muito su-cesso até os dias de hoje, além de ter servido de inspiração para ou-tros grandes nomes da MPB, como Elis Regina, Chico Buarque, Cae-tano Veloso e etc.

Também ficou imortalizada como a fundadora da Sociedade Brasilei-ra de Autores Teatrais.

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01 - Dia Internacional da Música

04 - Dia dos Animais e da Natureza

07 - Dia do Compositor Brasileiro

12 - Nossa Senhora Aparecida

08 - Dia do Nordestino

09 - Dia do Atletismo

17-Dia Internacional da Erradicação da Pobreza

17 - Dia da Música Popular Brasileira

16 - Horário de Verão

Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 13

Legitimidade democrática

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Na onda do golpe e do fascismo

Nos regimes fascistas, a violência do Estado e a violação de direitos tem apoio de massa. Rubens Casara lembrou isto neste espaço com preciso senso de oportunidade.

É um traço característico do fascismo. O fas-cismo não era apenas violência ou terrorismo de Estado, ou, como sustentavam nos anos 30 os soviéticos, uma ditadura terrorista aber-ta dos elementos mais reacionários do grande capital. Para além disso, buscava também um determinado “consenso”, dominar pela captu-ra da consciência de uma parte do povo para dirigi-la contra outra parte. Para tanto era pre-ciso desumanizar o diferente, visando trans-formar a sociedade em um organismo, de tal modo que o que estivesse fora de um deter-minado padrão, fosse social, econômico, polí-tico, étnico ou de conduta, deveria ser tratado como uma espécie de “doença” do meio soci-al e portanto aniquilados ou completamente subjugados.

Essa domínio de novo tipo era uma reação ao bolchevismo. Pela primeira vez um Estado extinguia a propriedade privada dos meios de produção e conseguia manter essa estrutura, diferentemente da Comuna de Paris, que pou-co durou. Os instrumentos clássicos de domí-nio político pelo uso da força quando a ordem burguesa era ameaçada podiam não ser sufi-cientes. Era preciso mais, era preciso tornar a sociedade um todo “harmonioso”, era preciso dominar desde logo a partir da consciência.

Assim, na Alemanha nazista, o regime mais clássico e aperfeiçoado de fascismo, o mal, a “doença social”, eram os comunistas, os ju-deus, os homossexuais, os ciganos, as pes-soas com deficiência, mas também qualquer indivíduo cujas convicções ou modo de ser representassem uma ameaça à ordem bur-guesa. Na sociedade ideal nazista só haveria um tipo étnico, uma convicção política, uma espécie de ser humano “purificado”, uma se-xualidade e somente uma visão de mundo.

A forma de dominação fascista consistia, pois, além da violência do Estado, nisto de levar uma parte da sociedade a odiar a outra e vê-la como ameaça a si e ao bem-estar social.

Além de ser uma forma absoluta de domina-ção porque ia diretamente à consciência, legi-timava toda sorte de violência, arbitrariedade e violação de direitos para a exclusão social do diferente ou sua aniquilação. Para que um cenário desse tipo se consolide é preciso uma maciça propaganda e doutrinação em que a matéria-prima é o ódio social.

É isto que se vê na sociedade brasileira hoje. A tragédia do fascismo com seu componente necessário de ódio social. Em maio de 2013, um seminário realizado pela EMERJ (Escola da Magistratura do Rio de Janeiro) já debatia o processo de fascistização que despontava e que agora atinge patamares intoleráveis. Na mesma ordem de conceitos que desenvolvi acima, transcrevo aqui uma parte de minha intervenção naquela ocasião e remeto o leitor ao volume 67 da Revista da EMERJ:

“Sempre que de algum modo o diferente é tra-tado como inimigo, excluído do povo, desqua-lificado em sua humanidade, associado a des-valores, mau, falso, injusto por natureza, sujo, sempre que alguém procura uniformizar o meio social como um organismo por tal méto-do, estamos diante de uma atitude fascista. A chave é essa: alguns são “o povo” e devem ser protegidos; outros não são o povo, não tem direitos e podem ser excluídos, seja pela violência, seja pelo Direito, seja pelo Estado”.

Para tudo isto é preciso a matéria-prima do ódio. O fascista é antes de mais nada um ser que odeia. Constrói-se um fascista fazendo com que o seu descontentamento econômico, o seu ressentimento social e a sua contrarie-dade transformem-se em ódio contra tudo que ele pensa ser uma ameaça à sua condição ou ao que o seu imaginário representa para si mesmo. É por isso que o fascismo grassa nas camadas médias, perdidas entre o pavor da proletarização e o anseio de ser burguês de verdade.

Por força do ódio multiplicam-se as manifesta-ções de intolerância contra o excluído que as-cende socialmente, contra quem expressa su-a sexualidade de forma diferente de certo pa-drão que se supõe “normal”, contra quem mili-ta em favor de outra estrutura social e é iden-tificado como a esquerda. Multiplicam-se as manifestações de ódio contra tudo que é dife-rente da ordem social burguesa branca.

Mas neste específico momento chega ao ápi-ce a intolerância contra a esquerda, que a doutrinação genericamente denomina como “petismo”.

Uma mirada nas manifestações de 13 de mar-ço permite ver claramente esse processo de fascistização: o inimigo, a doença que precisa ser exterminada para que o organismo social seja saudável tem o nome de petismo. Como o ódio suspende os juízos racionais, pode-se criar no imaginário das camadas médias um ser irreal, capaz de todas as perfídias, com-

pletamente mau e detentor do monopólio da corrupção, portador de uma natureza humana degenerada. Esse ser irreal, essa abstração desprovida de qualquer racionalidade, tornou-se concreto representado na figura do ex-presidente Lula. Ele não é como todos os se-res humanos, dotado de algumas virtudes e alguns defeitos. Não é como todos os outros políticos, que se pode ver com desconfiança mas tolerar. Lula é diferente. É mostrado co-mo a encarnação absoluta do mal.

A racionalidade instrumental do fascismo pre-cisa do irracional da massa. A massa branca da avenida Paulista votou por décadas em Maluf sabendo que era corrupto, assistiu pas-sivamente a compra de votos para a reeleição de Fernando Henrique e não bate panelas pa-ra Cunha ou para ladrões de merendas. Nun-ca se indignou diante da miséria de parte da população. A corrupção somente movimenta essa massa branca quando contingências permitem associá-la à esquerda; e aí se re-produz o clássico esquema fascista de domi-nação pela captura da consciência, manipula-ção e propaganda maciça que permitem legiti-mar a violência e os mecanismos repressivos. Porque contra o mal tudo é permitido e tudo convém.

O que isto tudo significa, na verdade, é mais um capítulo da velha luta de classes. O fascis-mo não é um fenômeno cultural ou singela-mente político, mesmo que contenha neces-sariamente tais aspectos. A sua causa reside na luta pela apropriação da riqueza e manu-tenção de privilégios. O que ora está em jogo é quem perde e quem ganha na apropriação de patrimônio e renda. Se tiver golpe, haverá o assalto definitivo ao pré-sal, a perda da Pe-trobrás, a destruição da CLT, o aniquilamento de direitos e políticas públicas de interesse das camadas populares porque a crise dimi-nuiu a possibilidade de acumulação.

Nessa perspectiva, o mandato da presidenta importa pela defesa da legalidade democráti-ca e pela sua eficácia estratégica, nunca pelo que modo como ela governa. Quem ganhar acumula força. E o que eles querem é dar o passo decisivo para o domínio político e social completo, para reduzir a esquerda à insignifi-cância, porque é ela o obstáculo efetivo como força social. Vai ter golpe ou não vai ter golpe significa isto: quem vai ser a força social he-gemônica nas próximas décadas.

Para a parcela lúcida e racional da sociedade é o momento de combater o bom combate, pela justiça, igualdade e solidariedade social. No mais, lembrando o que disse Unamuno aos fascistas, se vencerem, não convencerão. Porque para convencer é preciso a razão. Se vencerem, em algum momento resgataremos a razão.

Márcio Sotelo Felippe

FASCISMO definição - O fascismo é um movimento político e social que nasceu em Itália pela mão de Benito Mussolini na sequência da Pri-meira Guerra Mundial. Trata-se de um movimento totalitário e nacionalista, cuja doutrina (e as similares que se desenvolvem noutros países) recebe o nome de fascista. O fascismo surgiu como terceira via perante as democracias liberais (como a norte-americana) e o socialismo (a URSS). Para além do regi-me de Mussolini na Itália, são considerados fascistas os da Alemanha de Adolf Hitler e da Espanha de Francisco Franco.

Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 14

Amizades

Psicólogos explicam por que pessoas muito inteligentes têm poucos amigos

É óbvio que ter amigos é algo necessário, e que a interação com ou-tras pessoas tem muitas vantagens. Alguns cientistas resolveram res-ponder à pergunta: é realmente preciso ter amigos para ser feliz e es-tar plenamente satisfeito com a vida? Para isso, foi realizada uma pesquisa, da qual participaram 15 mil pessoas com idades entre 18 e 28 anos, moradores de áreas com densidades populacionais distintas e acostumadas a se comunicar frequentemente com os amigos.

Uma revista britânica de Psicologia publicou resultados que surpreen-deram, e que podem ajudar no autoconhecimento de qualquer pessoa.

Três conclusões principais da pesquisa

Os psicólogos evolutivos Satoshi Kanazawa, da Escola de Economia e Ciência Política de Londres, e Norman Lee, da Universidade de Ge-renciamento de Singapura (SMU), após a análise dos resultados do estudo chegaram às seguintes conclusões:

Em primeiro lugar, as pessoas que moram em locais de alta densida-de populacional, de forma geral, se sentem menos felizes.

Em segundo lugar, para se sentir feliz, a maior parte das pessoas precisa se reunir frequentemente com seus amigos ou com pessoas que pensam de forma similar. Quanto mais comunicação próxima, maior é o nível de felicidade.

Em terceiro lugar, as pessoas com inteligência superior à média da população representam uma exceção a esta regra.

Quanto mais alto é o QI, menor é a necessidade do ser humano de se relacionar constantemente com amigos.

Geralmente, intelectuais não consideram muito atraente a vida com muita atividade social. Eles não se interessam em ser a «alma da fes-ta».

Pessoas muito inteligentes costumam ter um círculo social reduzido

O cérebro de uma pessoa com habilidades intelectuais elevadas fun-ciona de forma diferente. E a sociabilidade está incluída nestas dife-renças.

Sim, ser inteligente pode não ser algo simples. Dentro de cada inte-lectual existe seu próprio universo particular.

Para as pessoas com inteligência superior à maioria, a vida social é mais um supérfluo do que algo primordial. A maioria dos grandes gê-nios foram e costumam ser solitários. Na verdade, são poucas as pessoas que os entendem e os aceitam. Mas isso não é problema para eles. Pelo contrário, quanto mais precisam socializar, menos feli-zes eles se sentem.

Pessoas inteligentes gostam mais de tratar dos assuntos importantes para elas do que de socializar

A pesquisadora Carol Graham, da Brookings Institution, especialista na «economia da felicidade», acredita que as pessoas inteligentes usam a maior parte do tempo tentando atingir metas a longo prazo. Os intelectuais se sentem satisfeitos quando fazem aquilo que os leva a conquistar determinados resultados.

O pesquisador que trabalha na busca de vacinas contra o câncer ou o escritor que está criando um romance formidável não precisam intera-gir com outras pessoas. Até porque isso poderia distrai-los de sua meta principal, ou seja, influenciaria de forma negativa na sua felici-dade e desequilibraria sua harmonia interna.

As razões estão no passado distante

Você já ouviu falar na teoria da savana? Segundo ela, há algo dos nossos ancestrais que carregamos não só nos genes, mas também em nossa memória subconsciente. O estilo de vida dos nossos ante-passados, com que a história humana teve início, influencia até hoje em nossa vida e em nossa noção de felicidade.

Nos sentimos felizes exatamente nas mesmas situações e circunstân-cias nas quais as pessoas que viveram há milhares de anos também se sentiam felizes.

Para sermos exatos, o círculo social dos antepassados se resumia aos 150 membros que seu grupo tinha, em média. Eles viviam em lu-gares isolados, com densidade populacional menor que uma pessoa por quilômetro quadrado. Precisavam estar sempre juntos para sobre-viver num ambiente hostil.

Mas hoje vivemos na Era das tecnologias, com muita gente ao nosso redor. Porém, a maior parte das pessoas continua mostrando traços de comportamento dos nossos antepassados, que permaneceram em nossa memória genética. Parece até que nosso corpo vive numa rea-lidade, e o cérebro, em outra. O corpo pode estar numa metrópole com milhares de habitantes, enquanto o cérebro permanece na sava-na praticamente deserta.

Isso serve para a maioria das pessoas. Mas não para todas.

Grande inteligência permite a adaptação às novas condições

Os intelectuais, diferentemente das pessoas com habilidades mentais medianas, conseguiram, em alguma etapa da evolução humana, su-perar a memória do passado, já que ela não se encaixa nos dias atu-ais.

Tais pessoas podem se adaptar com mais facilidade. Parece até que a natureza deu a eles a tarefa de resolver novos problemas evoluti-vos. Por isso, quem é inteligente pode viver facilmente de acordo com suas próprias leis, sem se apegar muito às nossas origens.

Uma inteligência alta permite que pessoa não fique pendente dos ou-tros, e sim mantenha o foco em suas metas individuais. Pessoas inte-ligentes estão em harmonia com elas mesmas, e só de vez em quan-do precisam interagir mais intimamente com os demais.

VIA: The Washington Post

Numa sociedade movida à dinheiro e hipocrisia, encontramos pessoas propensas aos mais diversos rumos incluindo-se a devassidão. Cuidado com quem andas, pois tua companhia sumariza quem és. Não tenha medo de lutar pelo que acredita, apenas seja você mesmo nos mais diver-gentes momentos que possam surgir. Fazendo isto, certamente afetará os que estão à tua volta que não gostam do que veem. Saberão fazer a triagem do joio e do trigo. Só tome cuidado com o lado com que ficará, pois uma escolha errada pode te afetar drasticamente. Pense no seu futuro. Sua escolha hoje, será o seu futuro amanhã. Seja feliz, haja com honestidade sempre. Mas acima de tudo, cuidado com o que te tornarás!

Filipe de Sousa

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Outubro 2016 Gazeta Valeparaibana Página 15

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EUROPA hoje e ontem (artigo continuado)

Por: Michael Löwy Sociólogo, é nascido no Brasil, formado em

Ciências Sociais na Universidade de São Paulo, e vive em Paris desde 1969. Diretor emérito de

pesquisas do Centre National de la Recherche Scientifique (CNRS). Homenageado, em 1994, com a medalha de prata do CNRS em Ciências Sociais, é autor de Walter Benjamin: aviso de

incêndio (2005), Lucien Goldmann ou a dialética da totalidade (2009), A teoria da revolução no

jovem Marx (2012) e organizador de Revoluções (2009) e Capitalismo como religião (2013), de

Walter Benjamin

Capitalismo e democracia na Europa

PARTE X

... A UE não tinha mecanismos institucionais que pudessem prestar socorro a sócios que enfrentassem graves problemas de caixa. Europa continuava sendo o “gigante econômico e pigmeu político”, com seus quase 500 milhões de consumidores (o maior “mercado interno” do planeta), mas incapaz de ter uma política unificada diante de problemas internos ou externos graves.

A dívida grega, relativamente pequena se comparada com as da Espanha ou da Itália, representava, no entanto, um percentual muito superior do seu PIB, ou seja, de sua capacidade real ou potencial de pagamento. A grande mídia martelou na a irresponsabilidade fiscal dos “estados periféricos” da EU e suas políticas “populistas”. Mas essa dívida tinha outras raízes, anteriores à crise. Em 2002, Alemanha sofrera um estouro de sua bolha acionária (depois da euforia da reunificação, iniciada em 1990), caindo numa recessão que teve alcance continental, enquanto a “Europa do Sul” se entusiasmava com a adoção do euro, em substituição de suas moedas cronicamente desvalorizadas. O BCE (Banco Central Europeu) adotou uma política de “juros [antirrecessivos] alemães” (ou seja, quase iguais a zero) o que alimentou o endividamento da “periferia europeia”, ainda sofrendo da inflação precedente à adoção do euro. As novas dívidas desses países eram contraídas, portanto, com juros negativos, uma festança que concluiu num endividamento monumental.

O BCE emprestou dinheiro a bancos privados a juros baixos, dinheiro com o qual esses bancos compraram títulos públicos com juros altos (6% a 7% anual na Itália e na Espanha); ele emprestou mais de um trilhão de euros a bancos privados, alegadamente para salvar esses bancos e garantir a oferta de crédito para pequenas e médias empresas e para famílias endividadas. Depois do estouro, em maio de 2010, a OCDE constatou que as dívidas públicas dos trinta países industrializados ultrapassavam US$ 43 trilhões (65% do PIB mundial), tendo aumentado quase sete vezes desde 2007. Nesse processo, os déficits em conta corrente atingiram 15% na Grécia, 13% em Portugal, 10% na Espanha. O déficit público, nesses países, nunca se adaptou às normas europeias, e foi financiado com empréstimos bancários privados advindos dos países do

“núcleo duro” da UE. A criação da zona do euro colocara na mesma arena economias completamente desiguais. Enquanto existiam moedas diferentes, a taxa de câmbio ajudava os países mais fracos a manter algum grau de competitividade. Quando se falou em salvar à Grécia, falava-se, na verdade, em salvar os bancos franceses e alemães expostos naquele país.

Esses bancos continuavam cheios de “ativos tóxicos” (importados ou caseiros), herança da fase precedente da crise mundial. Assim, depois do estouro econômico (e social) da Grécia, um dos bancos expostos nele, o Dexia (da Bélgica), detentor de títulos gregos com valor de face de € 4,8 bilhões (e valor de mercado quase zero), tornou público um passivo de € 420 bilhões (150% do PIB da Bélgica), ou seja, 50 vezes a dívida grega de curto prazo. Quem estava falido, afinal? O problema dermatológico (“periférico”) da Europa revelou-se um problema coronário da UE. Em 2008, o Dexia só se salvou da falência graças a um empréstimo franco-belga-luxemburguês de € 6,8 bilhões (e outro do Tesouro norte-americano, de US$ 37 bilhões). A degringolada da UE foi a manifestação de um problema estrutural da união capitalista da Europa, presente desde o seu início.

José Manoel Barroso, presidente da Comissão Europeia, chegou a evocar a “morte da Europa”; o New York Times viu “em frangalhos o sonho de uma Europa cada vez mais unida (com) sua moeda única fadada ao fracasso”. Se isso acontecesse, só sobraria uma instituição com força gravitacional unificadora do continente: a OTAN. A unidade europeia fora concebida como resposta às realidades econômicas de pós-guerra, a concorrência exacerbada entre os grandes monopólios e blocos econômicos no mercado mundial. Quando a crise se agravou, os governos europeus intervieram para evitar o colapso dos principais bancos e companhias: os governos de Bélgica, Holanda e Luxemburgo nacionalizaram o banco Fortis, o maior empregador privado da Bélgica; foi nacionalizada a britânica Bradford & Bingley, que tinha a maior porção do mercado de hipotecas imobiliárias no Reino Unido, o governo alemão resgatou o gigante dos empréstimos comerciais, Hypo Real Estate, e anunciou que garantiria os depósitos de todos os correntistas (mas já havia criticado o governo irlandês por fazer exatamente o mesmo), o governo britânico nacionalizou e recapitalizou os oito maiores bancos do país mediante a compra de ações preferenciais dos mesmos.

Através dessas medidas, os Estados da Europa reagiram frente à crise sobre linhas nacionais, não continentais. Fez-se evidente a ausência, na UE, de um órgão equivalente à Reserva Federal norte-americana, capaz de impor um plano em todo o âmbito do bloco ou da Eurozona. A UE não é um “super Estado”: tem uma moeda comum entre 15 de seus 27 membros, mas carece de um sistema de impostos ou de um orçamento único. O BCE tinha a tarefa exclusiva de manter a inflação por debaixo da taxa estipulada pelo Tratado de Maastricht (2%), mas lidava com uma

inflação anual superior a 3,6%. Outro limite estabelecido pelo Tratado, o de manter o déficit público por debaixo de 2%, também foi abandonado. Os líderes europeus reclamaram a imposição de novas regulações internacionais – um novo “Acordo de Bretton Woods” – ao mesmo tempo em que ignoravam completamente suas próprias regulações internas, europeias.

O processo estava potencialmente inscrito no nascedouro da UE. O Tratado de Maastricht, de 1992, base da UE e do lançamento do euro e, depois, da sua expansão até as fronteiras da Rússia, viu-se acompanhado por um auge do crédito e pela realocação de indústrias na Europa central e nos Bálcãs. A introdução do euro deu aos países mais frágeis, como vimos, acesso a empréstimos a juros favoráveis. Isso fez disparar bolhas na especulação e na indústria de construção na Espanha e na Irlanda. Antes da criação do euro, a periferia da Europa se defendia da concorrência comercial dos países mais produt ivos (A lemanha e França) desvalorizando suas moedas; isso lhes permitia manter precariamente seu tecido produtivo e o equilíbrio de suas balanças comerciais. Com a moeda única essa possibilidade foi cortada, a potência exportadora alemã não teve mais barreiras na Europa, debilitando cada vez mais a produção da periferia europeia, e levando estes países a um processo de desindustrialização ou de instalação de maquiadoras externas.

Entre 2002 e 2010, esse processo gerou um excedente comercial de 1,64 trilhões de euros na Alemanha, dos quais somente 554 bilhões foram aplicados no seu próprio mercado interno. O resto, 1,07 trilhões, foi colocado fora da Alemanha, e dessa parte 356 bilhões em empréstimos e créditos para financiar investimentos. As dívidas crescentes dos países da “periferia europeia” foram a forma de “encher” o vazio existente (e crescente) entre a produção interna de valor e uma moeda descolada da capacidade produtiva do país. Essa foi a raiz da crise da dívida dos “PIGS”, não suas políticas “populistas”. Ou seja, uma crise do próprio processo de produção capitalista nas condições criadas pelo projeto imperialista da EU, em que a queda tendencial da taxa de lucro foi compensada pelo deslocamento industrial e, sobretudo, pela especulação financeira. A UE atingiu 27 países, mas, em virtude da concorrência interna, as restrições do Tratado de Maastricht não foram respeitadas, o euro sofreu enormes pressões, e a bonança econômica nos países do Leste sob os novos regimes pós-comunistas converteu-se em um pesadelo para os bancos europeus. Apesar de uma avalanche de créditos dirigidos ao Leste europeu – e de uma guerra devastadora da OTAN que destruiu a ex Iugoslávia – a restauração capitalista na Europa central e nos Bálcãs mostrou sua fragilidade, e pôs de manifesto que dependia da arrecadação de capital estrangeiro, muito mais do que de estruturas econômicas capitalistas enraizadas localmente.

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Outubro 2016

Escola sem partido ou sem capacidade de pensar?

POR: Régis Eric Maia Barros Recentemente, há uma discussão ideológica construída por “almas” conservadoras deste nosso Brasil. Se depender desses espectros, certamente, o País andará para trás. Não tem jeito, pois a forma como eles pensam é um ataque a todas as ciências humanas as quais são os sustentáculos para a criação do ser em potência e em ato.

Pois bem, assim eles conclamam: “Por uma escola sem partidos”! Na verdade, o termo partido tenta atacar teses progressistas ou de es-querda. Em outras palavras, esses seres conservadores e empobreci-dos creem que os outros são doutrinados em supostas lavagens men-tais. Daí, haverá uma criação de comunistas e PTistas que se disse-minariam tal qual aos filmes de propagação de vírus zumbis.

O que eu poderia falar sobre isso?

É um desconhecimento tão grande sobre o ser humano e sua capaci-dade de abstração que causa espanto. Como um professor pode se expressar sem evidenciar a sua opinião sobre os fatos históricos dos quais ele ministra uma aula? Melhor! Onde podemos encontrar um ser humano que não construiu sua verticalidade frente aos fatos do mundo. Fatos esses que ele leu, refletiu e viveu. Aqueles que prefe-rem aulas sem discussão e opiniões contraditórias deveriam criar um modelo robótico de ensino. Aí, sim, teríamos um Another Brick In The Wall.

Isso tudo é tão tosco que é capaz de desnudar o grave momento pelo qual passa esse doente País. Os respingos de correntes fascistas e dominadoras vão se espalhando com as mais diversas roupagens. Seja na não aceitação das minorias, seja no ataque aos pontos de vista contraditórios, seja na mordaça do pensar educacional.

Fico aqui imaginando o que os principais filósofos clássicos, moder-nos e contemporâneos falariam a respeito. Eles, com toda certeza, pontuariam que criaremos a pátria caranguejo – aquela que volta e não avança. Em vez de permitir o contraditório, inclusive com o posi-cionamento dos tutores, tenta-se fazer do ensino algo rígido. Deve ser algo projetivo, pois o conservadorismo medíocre solicita encontrar ou-tros medíocres conservadores.

Para todos aqueles que defendem essa tristeza, resta-me terminar citando uma reflexão de Pirro de Elis. Para esse filósofo cético, nin-guém ensina o que o outro já sabe. Portanto, se você fizer isso, não estará ensinando nada. Por outro lado, se você ensina o que o outro não sabe, o obscuro é passado e aquilo que é obscuro não pode ser ensinado. Conclui-se, portanto, que o ensino deve sempre ser dinâmi-co e demanda das opiniões de todos, sobretudo dos mestres.

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O que é a ESCOLA SEM PARTIDO Entenda

O programa, tem ganhado defensores e críticos nos últimos tempos, existe desde 2004 e foi criado por membros da sociedade civil. Se-gundo Miguel Nagib, advogado e coordenador da organização, a ideia surgiu como uma reação contra práticas no ensino brasileiro que eles consideram ilegais. “De um lado, a doutrinação política e ideológica em sala de aula, e de outro, a usurpação do direito dos pais dos alu-nos sobre a educação moral e religiosa dos seus filhos”, explica. Para Nagib, todas as escolas têm essas características atualmente.

A proposta do movimento é de que seja afixado na parede das salas de aula de todas as escolas do país um cartaz, onde estarão escritos os deveres do professor. Esses deveres são:

1 - O Professor não se aproveitará da audiência cativa dos alunos, para promover os seus próprios interesses, opiniões, concepções ou preferências ideológicas, religiosas, morais, políticas e partidárias.

2 - O Professor não favorecerá, não prejudicará e não constrangerá os alunos em razão de suas convicções políticas, ideológicas, morais ou religiosas, ou da falta delas.

3 - O Professor não fará propaganda político-partidária em sala de aula nem incitará seus alunos a participar de manifestações, atos pú-blicos e passeatas.

4 - Ao tratar de questões políticas, sócio-culturais e econômicas, o professor apresentará aos alunos, de forma justa – isto é, com a mes-

ma profundidade e seriedade –, as principais versões, teorias, opini-ões e perspectivas concorrentes a respeito.

5 - O Professor respeitará o direito dos pais a que seus filhos rece-bam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias con-vicções.

6 - O Professor não permitirá que os direitos assegurados nos itens anteriores sejam violados pela ação de estudantes ou terceiros, den-tro da sala de aula.

De acordo com Nagib, a presença do cartaz em sala de aula tem o objetivo de informar os estudantes sobre o direito que eles têm de “não serem doutrinados”. Na contramão dessa ideia, estudiosos espe-cialistas em educação criticam o programa afirmando que nada na sociedade é isento de ideologia, e que o Escola Sem Partido, na ver-dade, é uma proposta carregada de conservadorismo, autoritarismo e fundamentalismo cristão. “Além de não assumir sua mensagem con-servadora, camuflada em suposto pluralismo, o Escola Sem Partido quer evitar um pensamento crítico. Quer uma escola medíocre. Afirma uma ideologia pautada em um fundamentalismo cristão evitado até pelo Papa Francisco, diante das possibilidades de um papado que su-cedeu o ultraconservador Bento XVI”, afirma Daniel Cara, coordena-dor-geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.

"Se a gente não colocar essas questões em discussão na escola, on-de a gente vai debater isso?"

Sandra Unbehaum - doutora em educação e pesquisadora da Funda-ção Carlos Chagas