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MOSTEIRO DE SOUTO S. SALVADOR SÍNTESE HISTÓRICA

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Breve contextualização histórica sobre o Mosteiro de Souto S. Salvador, localizado em Guimarães, anexa ao projeto de construção do espaço de Ação Social e Residência Paroquial do Mosteiro.

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Page 1: Espaço de Ação Social e Residência Paroquial / Mosteiro de Souto S. Salvador - Síntese Histórica

MOSTEIRO DE SOUTOS. SALVADORSÍNTESE HISTÓRICA

Page 2: Espaço de Ação Social e Residência Paroquial / Mosteiro de Souto S. Salvador - Síntese Histórica

© MAPa2012 / Câmara Municipal de Guimarães, 2012Rua Egas Moniz 115 4810-082 GuimarãesPortugal

T: 253 511 213M: [email protected]: www.mapa2012.tumblr.com

Imagens:MAPa2012

Texto:Sónia Moura

Paginação:Joana Martins

Este documento apresenta uma síntese sobre a história do Mosteiro de Souto S. Salvador, localizado na freguesia com o mesmo nome, no concelho de Guimarães, desde a sua primeira fundação na Alta Idade Média até ao século XVII.

Esta síntese constitui um documento de apoio ao projeto da Câmara Municipal de Guimarães, elaborado e conduzido pela Divisão MAPa2012, para as obras de benefi ciação de uma parte envolvente à Igreja e da Residência Paroquial.

Mais informações em: WWW.MAPA2012 .TUMBLR.COM

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Acesso ao bloco poente do Mosteiro.

Apesar da escassez documental que permita situar com precisão as origens e fundação do Mosteiro de Souto S. Salvador, facto é que os vestígios existentes da construção conventual assim como documentos encontrados no local, hoje pertença do Arquivo Distrital de Braga, bem como os escritos do arqueólogo e historiador Francisco Mar-tins Sarmento, permitem, inequivocamente afi rmar a antiguidade e importância histórica e social deste local e monumento.

Sendo que Martins Sarmento situa as origens da ocupação da vila à época castreja, é na Alta Idade Média que os Monges Beneditinos e os Cónegos Regrantes de Santo Agostinho escolhem a ribeira do Ave para se instalarem. A fertilidade dos solos e abundância de água, aliada à riqueza da mata e terras bravias dos campos e leiras, proximidade de aglomerados urbanos de população numerosa, criaram as condições propícias para o esta-belecimento do Mosteiro de Souto, um dos principais da região, implantado na encosta, entre as bacias hidrográfi cas dos rios Ave e Selho.

Neste vale (sobretudo no seu curso médio e superior), diferenciados hierarquicamente segundo os rendimentos que colhiam, seriam dezenas os mosteiros disseminados nesta paisagem rica em pomares e jardins muito frescos e aprazíveis à vista¹.

Segundo a Chronica dos Cónegos Regrantes de Nicolau de Santa Maria, o fundador do Mosteiro de Souto foi D. Paio Guterres da Cunha², que muitos serviços havia prestado a D. Afonso Henriques, por volta do ano 1140³.

Na primeira metade do séc. X, Ramiro II havia doado a vila de Souto (e com a vila, a Igreja), que antes pertencera ao conde Sueiro Rodrigues e à Condessa D. Gelvira, ao Mosteiro de Guimarães e D. Mumadona.

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post mortem e contraindo empréstimos servindo-se da riqueza patrimonial conventual.

De acordo com as exigências da vida claustral e admin-istração fundiária, os imóveis conventuais foram aos poucos sendo ampliados, construindo-se uma adega, casa da enfermaria e mais tarde um andar destinado a moradia.

Com a baixa idade Média muitos destes mosteiros foram destruídos tanto pela praga dos patronos e comendatários como pela dissolução dos costumes.

Já sem frades, ainda foi Comenda Ordem de Cristo que por aqui passou em busca de rendimentos.

Com a baixa idade Média muitos destes mosteiros foram destruídos tanto pela praga dos patronos e comendatários como pela dissolução dos costumes.

Finalmente, a decadência destes espaços dá-se por volta do século XV, com a saída dos últimos Priores regulares e a cessação da vida em clausura, aos quais se seguiram os administradores perpétuos.

Já sem frades, ainda foi Comenda Ordem de Cristo que por aqui passou em busca de rendimentos.

Além do mosteiro e das propriedades anexas, o património conventual estendia-se além fronteiras somando património pelas freguesias da sua cercania, além de, embora em número inferior, algumas propriedades urbanas.

Os primitivos edifícios do Mosteiro não deveriam impor-se pelo volume nem pelo acabamento, salvo a Igreja que representava um belo exemplar de arquitectura da época.

Ainda hoje podemos apreciar a singular cachorrada profusamente ornamentada e intercalada por pequenos arcos numa das empenas da Igreja. Conta-se que teria também uma torre de defesa por onde a arte visigótica deixou a sua marca, provavelmente numa igreja anterior.

As armas dos Cunhas na Capela Mor e muitas sepulturas nobres à porta principal da parte esquerda sendo que uma delas será provavelmente do seu fundador, assim como registos de uma Capela de Santa Margarida anexa ao Morgado da Tábua, deixam o registo da importância deste edifício.

Muitas foram as valências deste local sendo nos fi nais do séc. XII refúgio por excelência dos moradores da terra ao qual levavam oferendas confi ando-lhes vontades

Inscrição na fachada poente do Mosteiro, junto à porta de entrada da Igreja, onde se pode ler a data da reedifi cação.

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Pormenores dos motivos e fi guras que ornamentam o beiral da fachada sul da Igreja.

¹ Barros, Dr. João de . Geographia d`entre Douro e Minho. Ed. da Biblioteca Pública Municipal do porto, 1919;

² Após o cativeiro de 1140 no seguimento da destruição do castelo de Leiria pelos muçulmanos, fez votos religiosos, tendo-se convertido em cónego regrante aquando do seu regresso a Coimbra e após doação de seus bens ao Mosteiro de Santa Cruz;

³ Segundo João Gomes de Oliveira Guimarães, o benemérito Abade de Tagilde, no volume publicado em 1896, Documentos Inéditos dos séculos XII -XV, no qual reuniu escritos sobre o Mosteiro de Souto anexando extractos provenientes do cartório conventual do século XVI; Este volume escrito pelo Abade de Tagilde reveste-se da maior importância pois acabou por impedir a destruição de documen-tação (entretanto encontrada em total abandono) essencial, tanto para o entendimento das origens e destinos daquele cenóbio como para o estudo sócio-económico da época em questão.

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BIBLIOGRAFIA

Costa, Padre António Carvalho da. Corografi a Portugueza e Descripçam Topográfi ca do Famoso Reyno de Portugal com as notícias das fundações das cidades. Villas Y Lugares, que contém Varões Illustres, Genealogias das Famílias Nobres, fundações de Conventos, Catalogos de Bispos, antiguidades, maravilhas da natureza, edifícios Y outras curiosas observaçoens. Tomo Primeiro. Lisboa. 1706;

Cruz, António. O Mosteiro de Souto. Um cenóbio Medieval de Guimarães ao Serviço da Terra e do Homem.

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