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Espaco de Fase Aplicado a Analise e a Composicao Musical Danilo Machado de SouzaTRANSCRIPT
ESPAÇO DE FASE APLICADO À ANÁLISE
E À COMPOSIÇÃO MUSICAL
Aluno: Danilo Machado de Souza
Orientador: Prof. Dr. Jônatas Manzolli
Co-orientador: Prof. Dr. Adolfo Maia Junior Departamento de Música Instituto de Artes Núcleo Interdisciplinar de Comunicação Sonora (NICS) {danilo,jonatas}@nics.unicamp.br Relatório Final de atividades
Resumo
Iniciamos uma pesquisa sobre as relações entre parâmetros musicais e a
representação dos espaços de fase. Este estudo levou-nos a formular
alguns conceitos de análise musical vinculado a conceitos como simetria,
densidade, média e desvio padrão. Após o estudo dos parâmetros
musicais e de desenvolver o método de análise, neste semestre
trabalhamos na elaboração de um programa de análise baseado no
espaço de fase para ser executado na Internet. Como resultado temos um
aplicativo que cria gráficos que poderão servir de parâmetro de análise de
composições que estejam em arquivos no formato do protocolo MIDI.
Estes gráficos apresentam resultados de acordo como os parâmetros que
estudamos durante o decorrer da pesquisa.
Palavras chave: análise musical, gráficos, Internet, espaço de fase,
composição
1 - Introdução Este relatório se concentrará em reportar os últimos estudos que fizemos com a
ferramenta de análise utilizando a Internet. Desta forma, fazemos uma breve
introdução sobre o potencial da Internet e, a partir daí, apresentamos os
resultados do trabalho.
1.1 Internet, Info-vias e Música O desenvolvimento recente da informática e o crescimento do uso da Internet têm
fomentando a utilização da informação divulgada em larga escala através desse
grande meio de comunicação. Nos deparamos com grandes fontes de informação,
que são provenientes de todas as partes do mundo, informação de todas as áreas
possíveis. Frente a esse grande compartilhamento, a informação musical passa
estar disponível em inúmeros lugares onde podemos encontrar as mais diversas
fontes relacionadas com diversos assuntos. Temos sites de centros de pesquisa
musical que se dedicam a divulgar um nível de conhecimento musical de
vanguarda, incontáveis locais onde pode-se encontrar simples aulas para
iniciantes em seus instrumentos, partituras em formatos pdf, partituras
digitalizadas em programas específicos; inúmeros sites que disponibilizam
arquivos MIDI e também muita informação sobre compositores, orquestras,
músicos, grupos etc.
Dado esse cenário, trabalhos durante este semestre no sentido de apresentar o
resultado da nossa pesquisa de forma acessível a qualquer pessoa com interesse
na área de análise musical e que tenha acesso a Internet.
2 - Metodologia Por se tratar de um desenvolvimento interdisciplinar, a parte de programação
computacional relativa a implementação do programa ficou a cargo do aluno de
Ciência da Computação Marcos V . Lazarini que prestou uma ajuda inestimável
neste trabalho.
O programa desenvolvido segue os passos estudados durante todo o decorrer da
pesquisa, porém faz todos os parâmetros foram disponibilizados de forma
automatica, deixando a cargo do usuário apenas anexar os arquivos MIDI
desejados, fazer as observações, comparações e tirar as suas próprias
conclusões.
Cabe ao usuário a escolha dos arquivos a serem anexados, estes podem ser
simplesmente encontrados da Internet ou mesmo uma obra digitalizada pelo
interessado, as condições e o escopo do arquivo dependem exclusivamente do
usuário. Este método de análise tem generalidade para ser aplicado em obras
com características musicais diferentes. Por exemplo, podemos avaliar como
compositor dispersa o material de alturas no registro do instrumento e qual a
similaridade entre as vozes internas frente à textura da obra.
2.1 - Método do Espaço de Fase
Os métodos de análise do Espaço de Fase a seguir são os mesmos aplicados nas
pesquisas anteriores, porém agora dentro de um processo automatizado através
de um sistema computacional.
2.1.1 – Parâmetros de Análise O Espaço de Fase é definido como um plano euclidiano bidimensional, com as
medidas de, por exemplo, intervalos no eixo-x e classe de alturas como eixo-y.
Para realizar a análise foi estudado um conjunto de parâmetros de construção do
Espaço de Fase. Estes parâmetros são os seguintes:
2.1.1.1 Contagem Crescente: é a seqüência numérica referente a quantidade de
notas (eventos MIDI) da primeira música adicionada. Essa contagem leva em
conta o tamanho do primeiro arquivo anexado, sendo assim o tamanho do
segundo arquivo será reduzido ou aumentado, proporcionalmente, em relação ao
primeiro.
2.1.1.2 Nota: (Xk) são todos os eventos de Notas (somente os ataques das notas)
não levando em conta o tempo de duração da nota e nenhum outro parâmetro
MIDI.
2.1.1.3 Próxima Nota: (Xk+1) a próxima Nota da seqüência depois em relação a
(2).
2.1.1.4 Intervalo: (Xk+1 – Xk) Consideramos então intervalos melódicos ascendentes quando os números são
de ordem crescente ou quando são executados simultaneamente.
Com a contagem intervalar ocorre, às vezes, um problema, quando se passa de
um acorde para outro, ou quando uma mão fica por algum momento em pausa, a
seqüência é considerada diretamente, ou seja, a nota de maior valor MIDI é
imediatamente anterior a próxima, de valor menor (isso por que não consideramos
os tempos das notas, mas somente seus ataques); com isso temos que
eventualmente considerar intervalos maiores do que de costume, muitas vezes
descendentes.
2.1.1.5 Classe de Altura da Nota: (Xk mod 12) (Pitch Class)
É a classificação da nota variando de 1 a 12 (a divisão da oitava), não sendo
observado valores maiores (onde teríamos intervalos maiores que uma oitava),
levando em conta somente à classe da nota, ou qual nota, também não
observando se os intervalos são ascendentes ou descendentes, sendo assim
tomados sempre positivos.
2.1.1.6 Equivalência Intervalar: (Xk+1 – Xk) mod12
Seria, de certa forma, o “Pitch class” do intervalo, onde os resultados intervalares
variam de 1 a 12, como a Classe de altura da Nota, vista acima.
2.1.2 – Órbitas no Espaço de Fase
Seja U um conjunto de objetos ao qual denominamos de conjunto Universo.
Suponhamos, que ao longo do tempo t façamos escolhas destes objetos. Isto é,
dada uma seqüência de N instantes de tempo NN tttt <<< −121 .... , associamos a
ela um subconjunto finito de N objetos
UtOOtOOtOOtOOO NNNN ⊂===== −− )}(),(),...,(),({ 112211 .
O conjunto O é denominado de órbita em U . Vamos aqui, para efeito de
aplicações, tomar a variável tempo como sendo discreta.
No caso em estudo tomamos como conjunto Universo o Espaço de Fase A ,
o qual é constituído de pares ordenados ),( yx onde x (é a primeira música
adicionada) e y (é a segunda música adicionada) Utilizando-se o protocolo MIDI
podemos descrever este conjunto da seguinte forma: se 1x e x2 são os valores da
tabela MIDI (de duas notas contíguas de uma peça em estudo), 12 xxy −= é o
intervalo melódico entre elas medido em semitons. A variável y mede então a
variação intervalar da melodia ao logo do tempo. Denominamos o conjunto A
simplesmente de Espaço de Fase das Alturas (EFA). Podemos então criar órbitas
do tipo },,2,1),,({ NiyxOO iii K=== no Espaço de Fase A . Daí, uma peça
polifônica seria representada por um conjunto de várias órbitas, digamos, M
órbitas, { )()2()1( ,, MOOO L }. Nesta notação, o i-ésimo ponto da k-ésima órbita que
será denotado por )(kiO .
Podemos construir também, outro Espaço de Fase, denotado por B
relacionado a A (EFA) definido como o conjunto dos pares ordenados
Niyx ii ...1),,( = onde, agora, ix é altura e iy é a classe de altura de ix no sentido
de Pitch Class como definido por Forte (1973). Dentro desta representação, é
natural que se possa considerar órbitas em B associadas a melodias codificadas
no protocolo MIDI, estudar também suas estruturas e subestruturas morfológicas e
como estas relacionam-se com a obra em análise.
2.1.3 - Métricas no Espaço de Fase
Nesta secção apresentamos a formulação estatístico-matemática necessária para
uma análise estatística de estruturas no Espaço de Fase (EFA) como definido
acima.
Def. 1: Dados um Espaço de Fase A e um conjunto de pontos { ix , com
Ni ,...2,1= }, relacionados com intervalos musicais derivados de uma
seqüência dada de alturas (variável y definida acima), definimos a Média Intervalar como:
N
yy
N
ii∑
== 1 Eq. (1)
Def. 2: A Dispersão Intervalar como:
N
yyN
ii∑
=
−= 1σ Eq. (2)
Podemos também realizar medidas quantitativas entre duas estruturas
musicais como apresentado nos resultados da seção 5.0. Assim, precisamos
definir uma medida de distância (métrica) no espaço de fase (bidimensional) A .
Na verdade, há uma infinidade de métricas em A e apresentamos aqui a
chamada Métrica Euclidiana, a qual vamos denotar por d e é definida a seguir.
Def. 3: Dados dois pontos quaisquer em A , ),( 111 yxO = e ),( 222 yxO = ,
definimos a Distância (Métrica) Euclidiana entre eles como:
212
212222121 )()()),(),,((},( yyxxyxyxdOOd −−−== Eq. (3)
Daí, podemos descrever uma órbita (trajetória de alturas) 1O e 2O como
)},()({ 111iiii yxtOOO === , onde )( ii txx = e )( ii tyy = , com Ni L,2,1= . SE temos
então duas órbitas ),(1iii yxO = e ),(2
iii yxO = definimos a função distância entre os
objetos no tempo ti do espaço de fase como:
),()( 21iiiii OOdtdd == com Ni ,,2,1 L= Eq. (4)
Dentro desta abordagem estatística são imediatas as próximas definições.
Def 4: Definimos a Distância Média como: N
dd
N
ii∑
== 1
Eq. (5)
Def 5: Definimos Desvio Médio como: =σN
ddN
ii∑
=
−1
Eq. (6)
Importante ressaltar que a Distância Média e o Desvio Médio só nos forneceram
resultados quando a análise for feita com duas músicas diferentes.
3 - Gráficos Resultantes
Abaixo temos alguns exemplos da análise. Nestes casos podemos observar que,
mesmo com obras de tamanhos diferentes, e que passaram pelo processo
compressão ou expansão numérica, as semelhanças entre elas é muito grande,
assim, não sendo de grande relevância a ordem de entrada dos arquivos.
Os quatro primeiros gráficos são referentes as seguintes obras:
1 - Chopin noturno 12 em G maior – (tonal-romantismo)
2 - Guarnieri ponteio no 15 – (contemporâneo)
1 - Gráfico de Espaço de Fase
Distância Média: 14.97
Desvio Médio: 0.09
2 - Gráfico de Espaço de Fase
Distância Média: 14.97
Desvio Médio: 0.09
3 - Gráfico de Espaço de Fase
Distância Média: 13.19
Desvio Médio: 0.06
4 - Gráfico de Espaço de Fase
Distância Média: 13.19
Desvio Médio: 0.06
Observamos que os gráficos 2 e 3 são muito similares, as regiões de maior
ocorrência estão entre –8 e 0 (intervalo) e 40 e 80 (nota); devemos observar que o
gráfico número 2 está é uma reflexão lateral do número 3.
Também os gráficos 1 e 4 são muito semelhantes nas regiões de –20 a 20
(intervalo) e 65 a 80 (nota)
4 - Composição Musical Para realizarmos uma composição musical a partir dos gráficos, foi necessário o
uso dos arquivos textos que deram origem a esses gráficos. Esses arquivos têm
então que passar pelo processo inverso do utilizado até esse momento em nossa
pesquisa, ou seja, a transformação de texto em MIDI.
Porém esse processo nos exigiu um programa na plataforma Matlab. Com este
programa foi possível transformar um arquivo texto em arquivo MIDI. No entanto o
arquivo texto tem que estar formado com apenas uma seqüência numérica, no
caso, somente as notas.
No Matlab tivemos que alterar os parâmetros de duração de cada nota. Os
demais parâmetros foram tomados como constantes, mas sujeitos a alterações
futuras se necessário. Para essa pesquisa mantivemos as relações de “velocity”
(que nos dá a dinâmica da nota) e de duração de cada nota constantes, desde
que estejam em um mesmo arquivo (arquivos diferentes podem ser formatados
com durações diferentes).
Os arquivos MIDI tiveram que ser transformados em arquivos de áudio, os
quais foram trabalhados no programa SoundForge.
Porém os resultados obtidos não foram nem um pouco satisfatórios, pois os
arquivos musicais a partir dos arquivos MIDI são de uma qualidade sonora muito
ruim, não servindo assim para uma composição musical razoável.
Neste caso, precisaríamos ter explorado outra ferramenta de composição
que seria relacionada a utilização de renderização de arquivos de áudio a partir de
arquivos MIDI utilizando WaveTable com amostras sonoras de boa qualidade.
Todavia, não conseguimos chegar até este ponto, principalmente, porque,
tivemos que despender um grande tempo na pesquisa no desenvolvimento do
aplicativo.
• O processo codificação arquivo MIDI e MIDI para áudio foi:
1) partitura (opcional) MIDI MIDI texto gráficos e distâncias
2) texto e gráficos MIDI música.
No passo (2), não obtivemos os resultados esperados, todavia, foram feitos
grandes avanços no sentido de criar uma ferramenta de análise disponível na
Internet em:
www.nics.unicamp.br/~danilo
5 – Conclusão O programa criado para a análise dos arquivos MIDI é uma grande realização,
pois poderemos colocar a disposição de toda a comunidade interessada em
pesquisa, algo realmente diferente em relação à análise musical. Esperamos
receber os comentários dos usuários para tirarmos melhores conclusões a
respeito da recepção do programa pela comunidade interessada.
6 – Agradecimentos
Marcos Vinicius Lazarini, pela programação do aplicativo MIDI. Marcos Vinícius
Guimarães Cabral, pela ajuda na transformação dos arquivos texto para arquivos
MIDI.