espaÇos vetoriais euclidianos produto interno
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ESPAOS VETORIAIS EUCLIDIANOS
Produto interno em espaos vetoriais
Estamos interessados em formalizar os conceitos de comprimento de um vetor e
ngulos entre dois vetores. Esses conceitos permitiro uma melhor compreenso do que
seja uma base ortogonal e uma base ortonormal em um EV e, principalmente, nos daro
a noo de medida que nos leva a precisar conceitos como o de rea, volume,
distncia, etc.
Consideremos inicialmente o plano R2, munido de um referencial cartesiano
ortogonal (eixos perpendiculare0 e um ponto P(x,y). Vamos calcular a distncia do
ponto P origem O (0,0)
Observando a figura e utilizando o teorema de Pitgoras, temos que d =
. Podemos tambm, interpretar este resultado dizendo que o comprimento
(que passaremos a chamar de norma) do vetor (x,y) :
Por outro lado, se tivssemos dois vetores u = (x1,y1) e v =(x2, y2), podemos
definir um produto de u por v assim:
= x1x2 + y1y2,
produto este chamado de produto escalar interno usual e que tem uma relao
importante com a norma de um vetor v = (x,y).
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Se, ao invs de trabalharmos no R2, estivssemos trabalhando no R
3 (munidos de
um referencial cartesiano ortogonal), teramos encontrado uma expresso similar para o
produto escalar:
E a mesma relao com a norma de um vetor v = (x,y,z)
Voltando ao caso do plano, se tivssemos trabalhando com um referencial no
ortogonal (eixos no perpendiculares), e quisssemos calcular a distncia da origem at
um ponto P (cujas coordenadas em relao ao referencial fossem (x,y)), teramos,
usando o Teorema de Pitgoras:
Obseve que, se usssemos o produto escalar =
neste caso no valeria a relao = , mas ela passaria a valer se usssemos a
seguinte regra para o produto:
Portanto, novamente a noo de distncia poderia ser dada a partir de um
produto interno de vetores. Conclumos destes exemplos, que o processo usado para se
determinar medidas num espao pode variar e, em cada caso, precisamos ser bem
claros sobre qual produto interno estamos trabalhando.
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Definio: Seja V um EV real. Um produto sobre V uma funo f: VxV R que a cada par de vetores v1 e v2, associa um nmero real, denotado por , e que
satisfaz as seguintes propriedades:
P1 u.v = v.u
P2 u. (v + w) = u.v + u. w
P3 (u).v = (u.v) para todo real
P4 u.u 0 e u.u = 0 se, e somente se, u = 0.
Exemplo:
1) No espao vetorial V = R2, a funo que associa a cada par de vetores
u = (x1, y1) e v= (x2, y2) o nmero real u.v = 3x1x2 + 4y1y2 um produto interno.
2) O nmero u.v = 2x1x2 + y12y2
2 sendo u = (x1, y1) e v = (x2, y2) no define no R
2
um produto interno.
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Exerccios:
1) Em relao ao produto interno usual do R2, calcular u.v, sendo dados: a) u = (-3,4) e v = (5,-2) b) u = (6,-1) e v = (1/2, -4) c) u = (2,30 e v =(0,0)
2) Para os mesmos vetores do exerccio anterior, calcular u.v em relao ao produto interno: u.v = 3x1x2 + 4y1y2.
3) Consideremos o R3 munido do produto interno usual. Sendo v1 = (1,2,-3), v2 =(3,-1,-1) e v3 = (2,-2,0) do R
3, determinar o vetor u tal que u.v1 = 4, u.v2 = 6
e u.v3 = 2.
4) Seja V = {f: [0,1] R; f contnua} o EV munido do produto interno:
Determinar h1. h2 e h1.h1, tais que h1, h2 V e h1(t) = t e h2(t) = t2.
Espao Vetorial Euclidiano
Um EV real, de dimenso finita, no qual est definido um produto interno um
EV euclidiano.
Mdulo de um Vetor
Dado um vetor v de um EV euclidiano V, define-se mdulo, normal ou
comprimento de v o nmero real no-negativo, indicado por |v|, definido por:
|v| =
Se u = (x1,y1,z1) R3 , tem-se:
|u| = =
Distncia entre dois vetores
Chama-se de distncia entre dois vetores (ou pontos) u e v o nmero real
representado por d(u,v) e definido por:
d(u,v) = |u-v|
Sendo u = (x1,y1,z1) , v = (x2,y2,z2) R3 com produto interno usual, tem-se:
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d(u,v) = |x1 x2, y1-y2, z1 z2|
d(u,v) =
Observaes:
1) Se |v| = 1 , isto , v.v = 1, o vetor v chamado vetor unitrio, diz-se que V
est Normalizado.
2) Todo vetor no nulo v V pode ser normalizado, fazendo:
Observemos que:
E, portanto,
unitrio.
Exemplo: Considerando V = R3 com o produto interno v1.v2 = 3x1x2 + 2y1y2 +
z1z2, sendo v1= (x1, y1,z1) e v2= (x2, y2,z2). Dado o vetor v = (-2,1,2) R3, em relao a esse produto interno, determine o vetor u, normalizando v:
Propriedades do Mdulo de um Vetor
Seja V um EV euclidiano, tem-se:
I. v 0, v V e v= 0, se, e somente se, v = 0.
II. v= v, v V, R
Demonstrao:
| v| = = = ||. = ||.|v|
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III. u.vuv, u,v V
Se u ou v = 0 vale a igualdade:
|uv| = |u|.|v| = 0
Se nem u, nem v so nulos, para qualquer R vale a desigualdade:
(u + v).(u + v) 0
Pelo axioma P4, Efetuando o produto interno, vem:
u.u + u.( v) + (v.u) + 2(v.v) 0
ou,
|v|2 2 + 2(u.v) + |u|2 0
Obtivemos assim, um trinmio do 2 grau em (pois |v|2 0), que deve ser
positivo para qualquer valor de . Como o coeficiente de 2 sempre positivo, o
discriminante deve ser negativo ou nulo.
(2u.v)2 4|v|2 |u|2 0
4(u.v)2 - 4|v|
2 |u|
2 0
(u.v)2 |v|
2 |u|
2
Considerando a raiz quadrada positiva de ambos os membros dessa
desigualdade, vem:
u.vuv
Essa desigualdade conhecida com o nome de Desigualdade de Schwarz ou
Inequao de Cauchy-Schwarz.
IV. u+vu+v,u,v V
Demonstrao
|u+v| =
|u + v| =
|u+v|2 = |u|
2 +2(u.v) + |v|
2
Mas:
u.v u.vuv
logo,
|u+v|2 |u|2 +2|u||v| + |v|2
Ou:
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|u+v|2 (|u| + |v|)2
Ou ainda,
u+vu+v
ngulos de dois Vetores
Seja V um EV munido com um produto interno. O ngulo entre dois vetores
u, v V tal que:
Exerccios:
1. Consideremos o R3 com o produto interno usual. Determinar a componente c do vetor v = (6, -3,c) tal que |v| = 7.
2. Seja o produto interno usual no R3 e no R4. Determinar o ngulo entre os seguintes pares de vetores:
a) u = (2,1,-5) e v = (5,0,2) b) u =(1,-1,2,3) e v = (2,0,1,-2)
5. Seja V um EV euclidiano e u, v V. Determinar o cosseno do ngulo entre os
vetores u e v, sabendo que |u| = 3, |v| = 7 e |u +v| = 4 .
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Vetores ortogonais
Seja v um EV euclidiano. Diz-se que dois vetores u e v de V so ortogonais, e se
representa por u v, se, e somente se, u.v = 0.
Exemplo: Seja V = R3 um EV euclidiano em relao ao produto interno (x1, y1).(x2, y2)
= x1x2 +2y1y2. Em relao a este produto interno, os vetores u = (-3,2) e v = (4,3) so
ortogonais, pois:
u.v = -3.(4) +2.(2).(3) = 0
Observaes:
1) O vetor 0 V ortogonal a qualquer v V. 0.v = 0
2) Se u v, ento u v para todo R. 3) Se u1 v e u2 v, ento (u1 + u2) v.
Conjunto Ortogonal de Vetores
Seja V um EV euclidiano. Diz-se que um conjunto de vetores {v1, v2, ...,vn} V
ortogonal se dois vetores quaisquer, distintos, so ortogonais, isto , vi. vj = 0 para ij.
Exemplo:
No R3, o conjunto {(1,2,-3), (3,0,1), (1,-5,-3)} ortogonal em relao ao produto
interno usual, pois:
(1,2,-3). (3,0,1) = 0
(1,2,-3) .(1,-5,-3) = 0
(3,0,1) . (1,-5,-3) = 0
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Teorema:
Um conjunto ortogonal de vetores no-nulos A = {v1, v2,...,vn} Linearmente
Independente (LI).
De fato:
Considerando a igualdade:
a1v1 + a2v2 + ...+ avn = 0
Multiplicando o produto interno de ambos os lados da igualdade, temos:
(a1v1 + a2v2 + ...+ avn) vi = 0vi
Ou,
a1(v1.vi) + ...ai(vi.vi) + ...+ a(vn.vi)= 0
Como A ortogonal, vj . vi = 0 para j i e vi.vi 0, pois vi 0. Ento ai(vi.vi) = 0 implica ai = o para i = 1, 2,3...n. Logo, A = {v1, v2,...,vn} LI.
Base Ortogonal
Uma base {v1, v2,...,vn} de V ortogonal se os seus vetores so dois a dois
ortogonais.
Assim, se dimV = n, qualquer conjunto de n vetores no-nulos e dois a dois
ortogonais, constitui uma base ortogonal.
Poe exemplo, o conjunto do exemplo {(1,2,-3), (3,0,1), (1,-5,-3)} uma base ortogonal
do R3.
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Base Ortonormal
Uma base B = {v1, v2,...,vn} de um EV euclidiano V ortonormal se B
ortogonal e todos seus vetores so unitrios, isto :
Exemplo:
Em relao ao produto interno usual, o conjunto:
1) B = {(1,0), (0,1)} uma base ortonormal do R2 ( a base cannica).
2) B= {( , } tambm uma base ortonormal do R2.
3) B = {(1,0,0), (0,1,0), (0,0,1)} uma base ortonormal do R3 ( a base cannica).
4) B = {u1, u2, u3} sendo u1 = ( , ; u2 = ( , , u3= (0, ,
tambm uma base ortonormal do R3.
Como vimos, o processo que transforma V em chama-se normalizao de v.
Assim, uma base ortonormal sempre pode ser obtida de uma base ortogonal,
normalizando cada vetor.
Exemplo:
A base B = {v1, v2,v3}sendo v1 = (1,1,1), v2 = (-2,1,1) e v3 (0,-1,1) ortogonal em
relao ao produto interno usual. Normalizando cada vetor, obtemos:
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Processo de Ortogonalizao de Gram-Schmidt
Para entendermos o processo de ortogonalizao de Gram-Schmidt necessrio, termos
uma noo de projeo ortogonal.
Projees ortogonais de vetores
Em muitas aplicaes importante decompor um vetor u na soma de dois
componentes, um paralelo a um vetor no-nulo especificado a e o outro perpendicular a
a. Se u e a so posicionados com seus pontos iniciais coincidindo com um ponto Q,
podemos decompor o vetor u, da seguinte forma: Baixamos uma perpendicular da ponto
de u para a reta ao longo de a e construmos o vetor w1 de ao p desta perpendicular.
Em seguida tomamos a diferena
w2 = u w1
Conforme indicado na figura, o vetor w1 paralelo ao vetor a e w2 perpendicular ao
vetor a e
w1 + w2 = w1 + (u w1) = u
O vetor w1, chamdo projeo ortogonal de u sobre a, ou ento componente vetorial
de u ao longo do vetor a, denotado por proja u.
O vetor w2 chamado componente vetorial de u ortogonal ao vetor a. Como
w2 = u w1 , este vetor pode ser escrito com a notao:
w2 = u proja u.
Teorema: Se u e a so vetores em R2 ou R
3 e se a 0, ento:
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Demonstrao:
Sejam w1 = proja u e w2 = u proja u. Como w1 paralelo a a, deve ser um mltiplo
escalar de a, e portanto pode ser escrito na forma w1 = ka. Assim:
u = w1+ w2 = ka + w2
Tomando o produto escalar de a, com ambos os lados da equao anterior, temos:
u .a = ( ka + w2).a = k + w2.a
Mas w2.a = 0, pois w2 perpendicular a a; portanto d:
Como proja u = w1 = ka, obtemos:
Seja W um subespao de dimenso finita de um espao com produto interno V.
a) Se {v1, v2,...,vr} uma base ortonormal de W e u um vetor qualquer de V,
ento:
projw u =
b) Se {v1, v2,...,vr} uma base ortogonal de W e u um vetor qualquer de V, ento:
projw u =
Encontrando uma base ortogonal
Teorema: Cada espao vetorial no-nulo de dimenso finita possui uma base
ortonormal.
Prova: Seja V um espao vetorial no-nulo de dimenso finita com produto interno e
suponha que {u1, u2,...,un} uma base de V. suficiente mostrar que V tem uma base
ortogonal, pois os vetores da base ortogonal podem ser normalizados para produzir uma
base ortonormal de V. A seguinte sequencia de passos ir produzir uma base ortogonal
{v1,v2,...,vn} de V.
Passo 1: Seja v1 = u1.
Passo2: Conforme ilustrado, ns podemos obter um vetor v2 que ortogonal a v1
tomando a componente de u2 que ortogonal ao espao W1 gerado por v1:
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v2 = u2 projw1u2 = u2 -
Passo 3: Para construir um vetor v3 que ortogonal a ambos v1 e v2, calculamos a
componte de u3 que ortogonal ao espao W2 gerado por v1 e v2.
v3 = u3 projw2 u3 = u3 -
Passo 4: Para determinarmos um vetor v4 que ortogonal a v1, v2 e v3, calculamos a
componente de u4 que ortogonal ao espao W3 gerado por v1, v2, e v3.
v4 = u4 projw3 u4 = u4 - -
Continuando desta maneira, ns iremos obter, depois de n passos, um conjunto
ortogonal de vetores {v1, v2,...,vn}. Como V trem dimenso n e conjuntos ortogonais so
LI, o conjunto {v1, v2,...,vn} uma base ortogonal de V.
A construo passo a passo acima para converter uma base arbitrria numa base
ortogonal chamada processo de Gram-Schmidt.
Exemplo:
Considere o espao vetorial R3 com o produto interno euclidiano. Aplique o processo de
Gram-Schmidt para transformar os vetores de base u1 = (1,1,1), u2 = (0,1,1), u3 =
(0,0,1) em uma base ortogonal {v1, v2,v3}; depois normalize os vetores da base
ortogonal para obter uma base ortonormal {q1, q2, q3}.
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Exerccios:
1. Suponha que R3 tem o produto interno euclidiano. Use o processo de Gram-
Schmidt para transformar a base {u1, u2,u3} em uma base ortonormal.
a) u1 = (1,1,1) u2 = (-1,1,0) e u3 = (1,2,1)
2. Seja V = R3 e o produto interno (x1, y1, z1).(x2, y2,z2) = 2x1x2 + 3y1y2 + z1z2.
Determinar um vetor unitrio simultaneamente ortogonal aos vetores u = (1,2,1)
e v = (1,1,1).
3. Construir, a partir do vetor v1 = (1,-2,1), uma base ortogonal do R3 relativamente
ao produto interno usual e obter, a partir dela, uma base ortonormal.
4. O conjunto B = {(1,-1), (2,b)} uma base ortogonal do R2 em relao ao
produto interno: (x1, y1).(x2, y2) = 2x1x2 + y1y2. Calcular o valor de b e
determinar , a partir de B, uma base ortonormal.
5. Em relao ao produto interno usual, determinar uma base ortonormal do
seguinte subespao vetorial do R3: S = {(x,y,z) R3/ x + y- z = 0}
6. Mostre que se f = f(x) e g = g(x) duas funes contnuas em C[a,b] e defina
= um produto interno em C[a,b].