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1. Os 85 anos do Maior Investidor de todos os tempos O investidor, que começou a fazer sua fortuna no mercado de ações bem cedo, é conhecido por trazer boas lições ao mercado; veja o especial InfoMoney sobre os 85 anos do “Oráculo de Omaha” O maior investidor de todos os tempos comemora aniversário neste domingo, 30 de agosto. Warren Buffett , conhecido também como o "Oráculo de Omaha", construiu sua fortuna "comprando príncipes pelo preço de sapos", como ele mesmo gosta de dizer. Aos 85 anos, o megainvestidor figura na terceira posição do ranking da Bloomberg dos maiores bilionários do mundo, com uma fortuna avaliada em US$ 60,8 bilhões. As lições e o jeito simples tornam Buffett um ícone dos mercados: o "oráculo de Omaha" fala e os mercados escutam e assumem sua mensagem. Mais do que um caso de sucesso, a vida de Buffett é uma lição valiosa. Seus valores, ideias e iniciativas ultrapassam as cifras que conquistou na bolsa. Por qualquer métrica, ele é um dos maiores financistas do mundo tanto em tamanho quanto em rentabilidade. Por meio de sua filosofia de investimentos baseada em comprar ações que estão negociadas abaixo do valor intrínseco, Buffett transformou a Bershire Hathaway que no começou dos anos de 1960 era uma empresa têxtil em uma holding de investimentos que atualmente possui um valor de mercado de mais de US$ 250 bilhões. Os primeiros passos Desde criança mostrava extrema habilidade com números. Fazia diversas operações matemáticas de cabeça, o que chama atenção até hoje. Uma das frases mais conhecidas de Buffett já se aplica 1

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Page 1: Especial Buffett InfoMoney

1. Os 85 anos do Maior Investidor de todos os tempos O investidor, que começou a fazer sua fortuna no mercado de ações bem cedo, é conhecido por trazer boas lições ao mercado; veja o especial InfoMoney sobre os 85 anos do “Oráculo de Omaha” O maior investidor de todos os tempos comemora aniversário neste domingo, 30 de agosto. Warren Buffett, conhecido também como o "Oráculo de Omaha", construiu sua fortuna "comprando príncipes pelo preço de sapos", como ele mesmo gosta de dizer. Aos 85 anos, o megainvestidor figura na terceira posição do ranking da Bloomberg dos maiores bilionários do mundo, com uma fortuna avaliada em US$ 60,8 bilhões. As lições e o jeito simples tornam Buffett um ícone dos mercados: o "oráculo de Omaha" fala e os mercados escutam ­ e assumem sua mensagem. Mais do que um caso de sucesso, a vida de Buffett é uma lição valiosa. Seus valores, ideias e iniciativas ultrapassam as cifras que conquistou na bolsa. Por qualquer métrica, ele é um dos maiores financistas do mundo ­ tanto em tamanho quanto em rentabilidade. Por meio de sua filosofia de investimentos baseada em comprar ações que estão negociadas abaixo do valor intrínseco, Buffett transformou a Bershire Hathaway ­ que no começou dos anos de 1960 era uma empresa têxtil ­ em uma holding de investimentos que atualmente possui um valor de mercado de mais de US$ 250 bilhões.

Os primeiros passos Desde criança mostrava extrema habilidade com números. Fazia diversas operações matemáticas de cabeça, o que chama atenção até hoje. Uma das frases mais conhecidas de Buffett já se aplica

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ao seu primeiro investimento. "A primeira regra é não perder dinheiro. A segunda regra é nunca esquecer a primeira regra". Conta­se que aos seis anos, Buffett, que era filho de um operador de mercado, comprava garrafas de Coca­Cola na venda de seu avô e as revendia com pequeno ágio. Seu primeiro contato com a bolsa, no entanto, veio através da companhia Cities Service. Aos onze anos, Buffett comprou três ações preferenciais da empresa, por US$ 38 cada. Seu primeiro investimento em ações, que havia sido realizado em conjunto com sua irmã Doris, parecia ir por água abaixo. Logo após a compra, o valor das ações caiu para US$ 27. Sem esquecer sua primeira lição, Buffett revela a segunda já aos onze anos. Esperou, até vender suas três ações a US$ 40 cada. Paciência é uma virtude também nos investimentos. Ainda assim, Buffett parecia jovem demais para perceber que o papel tinha potencial para chegar a US$ 200, como chegou. Ainda durante a escola, Buffett buscou meios para que acumulasse uma soma de dinheiro considerável, que seria a base de seu primeiro fundo de investimentos. Ele trabalhava meio período como entregador de jornais, montando cinco rotas de entregas simultâneas, começando sua conexão com The Washington Post (que chegou a ter anos depois participação de 18,2% no capital da empresa); comprou pacotes de Coca­Cola e as vendia individualmente com lucro; coletava e reciclava bolas de golfe; publicava uma folha com dicas sobre corridas de cavalo; comprou uma máquina de fliperama recondicionada por US$ 25, acrescentou mais seis máquinas e as colocou em barbearias, ganhando US$ 50 por semana; comprou um Rolls Royce 1934 e o alugava por US$ 35 por dia; também comprou 40 acres de terras em Nebraska e alugava para um fazendeiro. Buffett inventou todos esses esquemas para gerar dinheiro até os 14 anos de idade. Do ensino médio, aos 17 anos, ele entrou para a Wharton School of Finance (Universidade da Pensilvânia), mas depois de dois anos descobriu, como muitos outros investidores, que as teorias financeiras tinham pouca importância no mundo dos negócios, e acabou transferindo­se para a Universidade de Nebraska para concluir sua graduação. Com o bacharelado em economia, tentou ingressar em Harvard, mas foi rejeitado ­ o que foi um choque para seu ego. Embora tenha sido afortunado mesmo sem perceber na hora porque posteriormente entrou na Columbia Graduate Business School, onde conheceu e estudou com Benjamin Graham ­ único estudante a quem Graham já deu um A+. Ele deixou Columbia com um mestrado em Economia e uma valiosa compreensão dos princípios centrais de Graham: valor intrínseco e margem de segurança, ou o chamado "value investing", conceito central dos investimentos de Buffett e que o segue em toda a carreira. Paciência O caso da Cities Service foi apenas uma introdução do que seria o perfil de investimento de Warren Buffett: foco voltado ao longo prazo. O próprio Buffett chegou a confirmar que analisou o balanço da Anheuser­Busch por 25 anos antes de comprar a ação da empresa. No momento em que a comprou, não se importou muito em avaliar o preço que estava pagando, afinal, seus esforços se baseavam de maneira geral na análise do que estava comprando. "Compre uma empresa, não uma ação."

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Contato com o Value Investing Mas Buffett saberia como ninguém adquirir ações também por preços atrativos. Sua maneira de administrar períodos de crise lhe rendeu boa parte de sua fortuna. Voltando à importância de se ter paciência, Buffett chega a esperar anos para comprar uma ação abaixo de seu valor intrínseco. Esta ideia remete a seu mentor, Benjamin Graham. Voltando à sua história, aos dezessete anos Buffett se formou no ensino fundamental e partiu, por vontade de seu pai, para uma faculdade. Após cursar dois anos na Universidade da Pensilvânia e largar os estudos, tentou ingressar em Harvard. Foi rejeitado, considerado jovem demais. Partiu para a Universidade de Columbia, onde teve contato com Graham. Apesar de sua vocação natural, os ensinamentos de Benjamin Graham podem ser considerados como ponto crucial para a história de Buffett nos investimentos. Ao conhecer os conceitos do value investing, passou a segui­los à risca. Aos 21 anos, Buffett foi acompanhar Graham também em sua empresa, após muitos esforços para conseguir o tal emprego na Geico, que muito depois viria a ser comprada pela Berkshire Hathaway. Buffett Associates Entre as diversas lições deixadas por Buffett, uma vai contra um princípio comum a alguns investidores. Buffett preferia alguma concentração dos investimentos, não optando por uma total diversificação. "Uma diversificação ampla só é requerida quando os investidores não entendem o que estão fazendo". A partir das próprias experiências e do conhecimento adquirido com Graham, passou a voar sozinho. Em 1956, criou a Buffett Associates, junto com suas irmãs e outros parceiros. A pequena companhia conseguia, em seus primeiros anos, um retorno próximo de 250%, em um intervalo que o índice Dow Jones havia acumulado valorização de 74%. Buffett se tornou celebridade em sua região. Ainda assim, sempre se negou a oferecer qualquer dica de investimento a seus amigos, quando solicitado. Sempre reconheceu a importância dos ensinamentos do mentor Graham. Com 35 anos, Buffett finalmente chegou ao controle da Berkshire Hathaway, uma empresa do ramo têxtil que também vendia seguros. Buffett considerava a administração da companhia muito fraca no momento, e acumulou 49% de suas ações ordinárias para se autodeclarar diretor. Hoje, a Berkshire se tornou uma holding que possui participações importantes em companhias como Coca­Cola, Gillette, American Express, Conoco Phillips e, recentemente, bancos como Wells Fargo e Goldman Sachs. Em 2007, Buffett confirmou em sua carta aos acionistas que o único investimento que a Berkshire vinha mantendo em moeda estrangeira era no real, desde 2002. Naquele ano, a divisa norte­americana se desvalorizou em cerca de 17% ante a brasileira. Os investimentos em reais renderam aproximadamente US$ 2,3 bilhões a Buffett.

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O mesmo de 50 anos atrás Além de sua estratégia de investimentos, Buffett chama atenção por seu estilo de vida. Apesar de bilionário, mantém muitos dos costumes de sua juventude. Ainda mora na cidade de Omaha, na mesma casa adquirida 50 anos atrás, por aproximadamente US$ 31 mil. Aos 85 anos, afirma que deixará de herança a seus filhos o necessário para que façam o que quiserem, mas façam alguma coisa. Buffett se comprometeu, em 2006, a doar aproximadamente 85% de sua fortuna para a Fundação de Bill Gates, o que representa o maior ato filantrópico da história. Heinz: união com o trio de ouro brasileiro Uma de suas grandes "tacadas" e que chamou atenção do mercado brasileiro foi a aquisição da Heinz, junto com o fundo brasileiro 3G Capital, dos empresários Jorge Paulo Lemman, Marcel Telles e Carlos Sicupira, num negociado avaliado em US$ 28 bilhões. Assim como sempre afirma, quando fechou o acordo estava interessado na tarefa de decisões de capital e investimento, o principal responsável pela gestão da companhia é o 3G. Por isso, antes de concluir um negócio preocupa­se em sempre verificar se tem uma boa equipe de gerentes ­, o que não foi diferente com a aquisição da Heinz. Em julho deste ano Buffett concluiu ainda a compra da Kraft Foods pela Heinz Holdings: a Berkshire pagou US$ 4,25 bilhões por uma participação acionária de 50% na aquisição alavancada da Heinz, de US$ 23 bilhões, dois anos atrás. As histórias de Buffett fazem um mercado sofisticado para muitos parecer simples. Entre tantas estratégias, a visão do oráculo de Omaha lembra do conceito clássico de investimento, de buscar valor, de focar o longo prazo. E não parou por aí: no começo deste mês, a empresa de Buffett fez a maior aquisição da sua história: ele pagou US$ 37,2 bilhões pela Precision Castparts Corp, fabricante de aviões e equipamentos de produção de energia. "Há muito tempo que admiro a operação da PCC", afirmou Buffett em comunicado.

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Buffett é insubstituível? Há quem diga que o fato de Buffett estar em sua "melhor forma" pode ser o maior "calcanhar de Aquiles" para a própria Berkshire Hathaway. Buffett, que comemora também em 2015 meio século à frente da empresa, mantém um vigor tido como impressionante. Porém, conforme destaca reportagem do Wall Street Journal, duas razões limitam o crescimento da Berkshire Hathaway na Bolsa: a idade e a incerteza de que as oportunidades que surgiram no passado não apareçam novamente (ou não sejam percebidas) pelo seu sucessor nos próximos anos. "Mesmo com sua boa saúde, seria impressionante se ele ainda estivesse no comando da empresa quando chegar aos 90. É muito raro que uma pessoa de 90 anos permaneça no comando de uma grande empresa de capital aberto. Buffett é insubstituível. A combinação de seu talento como investidor e administrador é extraordinária. Ele é capaz de avaliar e comprar uma gama variada de ativos, incluindo ações, títulos de dívida e commodities. Ele também conquistou a lealdade e a confiança de investidores de longa data e de gestores das subsidiárias da Berkshire", destaca a reportagem.

O "lado lúdico e generoso" do Oráculo Além de ser um grande investidor, Buffett mostra que tem um grande senso de humor e também um bom coração. São comuns as notícias de que o Oráculo se supera a cada ano ao dar "presentes bilionários" para instituições de caridade, em especial a Fundação Bill e Melinda Gates, do bilionário dono da Microsoft Bill Gates.

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Buffett também já propôs alguns desafios para os "mortais", sendo um dos mais notórios aquele em que o Oráculo prometia dar US$ 1 bilhão para quem acertasse todos os resultados de basquete do campeonato do National Collegiate Athletic Association (NCAA), conhecido como March Madness, nos EUA, em 2014. Eram 63 jogos de basquete e acertar todos os resultados era praticamente impossível, o que foi concretizado. As chances de acertar eram de apenas uma em 9,2 quintilhões; se todos os americanos apostassem, haveria apenas uma combinação perfeita a cada 400 anos. Ninguém acertou, mas ele também não ficou muito feliz com isso. Ele afirmou que esperava que alguém ganhasse o prêmio e prometeu um novo desafio. "Vamos torná­lo mais fácil de ganhar, mas ainda teremos um prêmio emocionante". Outro momento marcante foi quando Buffett "encarnou" Axl Rose, vocalista do Guns'n'Roses, em um vídeo de 2010. O vídeo foi feito por e para os empregados da seguradora Geico, pertencente à Berkshire Hathaway (holding de investimentos de Buffett), tendo sido exibido na festa da empresa em fevereiro daquele ano. Buffett fez uma ponta no vídeo, com longas madeixas, bandana, jaqueta de couro, tatuagens e o saiote escocês vermelho. No vídeo, os funcionários começam a cantar enquanto trabalham, ao mesmo tempo que o mascote da empresa, um lagarto, torna­se um guitarrista. Pouco tempo depois, o Oráculo de Omaha aparece sozinho, em um cenário escuro. Ele estica o braço direito, aponta para uma plateia imaginária e canta: "Seremos sempre sinceros com você/Faremos tudo por você".

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2. As 6 ações que Buffett ainda não vendeu neste século Buffett sempre surpreende com as suas aquisições, mas há aquelas empresas "queridinhas do mercado" as quais o bilionário nunca se desfez. No início de 2014, o site 247Wall Street listou seis ações que o investidor bilionário nunca vendeu ­ ou pelo menos não vendeu nos últimos 15 anos ­, o que é bastante difícil no caso de fundos como a Berkshire. 1. American Express O investimento em ações da American Express remonta a década de 1960. Buffett decidiu comprar ações da empresa de serviços financeiros após os ativos perderem 50% do seu valor, abalado por maus empréstimos. Contudo, Buffett observou que as pessoas estavam começando a usar cartões de créditos em suas transações diárias e reconheceu o potencial da empresa para se tornar uma blue chip norte­americana. Em 1999, a Berkshire comprou cerca de 50,5 milhões de papéis da American Express a US$ 6,82 bilhões e detém 151,6 milhões de ações hoje, praticamente a mesma participação, mas ajustada para o desdobramento ocorrido em 2000. Esta posição levou a ganhos de US$ 12,7 bilhões. Atualmente, a companhia de Buffett possui cerca de 14% da American Express, a maior participação individual na empresa. 2. Coca­Cola Quando Buffett começou a comprar ações da Coca ­Cola, em 1988, alguns analistas pensaram que seria apenas uma questão de tempo antes que outras empresas de bebidas diminuíssem o market share da marca líder de refrigerantes. Contudo, a empresa segue gigante e as suas ações se desdobraram várias vezes nas últimas três décadas. Em 1995, Buffett detida a 100 milhões de ações a um custo base de cerca de US $ 1,2 bilhão. Os 200 milhões de ações detidas no final de 1999, são agora uma participação de 400 milhões, que vale cerca de US$ 15 bilhões de acordo com a cotação atual. A Berkshire Hathaway é o maior detentor da Coca­Cola com uma participação de pouco mais de 9%. E é, sem dúvida, um dos maiores triunfos de investimento de Buffett . 3 . M & T Bank Corp M & T Bank não é um nome familiar, mas é uma das grandes apostas de Buffett. Em 1999, Berkshire comprou cerca de 506,9 mil papéis por cerca de US$ 232,7 milhões de dólares. Com um desdobramento da ação para dezBuffett passou a ter 5,06 milhões. E, em fevereiro de 2014, a empresa de Buffett detinha 5,38 milhões de ações do MTB no valor de quase U$ 600 milhões. A Berkshire Hathaway é a quinto maior accionista da M & T, com uma participação de 4,1% 4 . Procter & Gamble A Procter & Gamble é parte do portfólio da Berkshire Hathaway desde 1989 ­ embora , na época, o seu investimento era na Gillette ­ marca comprada pela P&G em 2005. O valor da posição de Gillette no final de 1999 era de cerca de US$ 3,2 bilhões.

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Quando P & G anunciou a aquisição da Gillette , o Oráculo de Omaha chamou a fusão de "sonho" e decidiu aumentar sua participação. Buffett chegou a atingir uma fatia de mais de 96 milhões de ações da P & G em um ponto, mas fez outras aquisições depois. Buffett não costuma discutir os seus movimentos, mas empresas do setor de consumo como a P&G se encaixam no perfil em que o empresário terá "para sempre". A Berkshire Hathaway é a quarta maior acionista da P&G com uma participação de 1,95%, no valor de pouco mais de US$ 4 bilhões. 5. Wells Fargo & Co. O Wells Fargo é uma das maiores participações da Berkshire Hathaway ­ e uma das que foram mais favorecidas com esse movimento. No relatório anual de 1995, muito antes de Wells Fargo ter anunciado algumas fusões, a companhia de Buffett declarou ter comprado US$ 423,7 milhões em papéis da companhia. Atualmente, sua participação vale US$ 20,6 bilhões, sendo hoje a maior posição patrimonial da Berkshire com 463 milhões de ativos. 6 . Graham Holdings A Graham Holdings ­ anteriormente Washington Post Co. ­ é vista como a "vice­campeã" nesta lista. Buffett está posicionado nos papéis do Washington Post desde 1973, mas foi o CEO da Amazon, Jeff Bezos, que adquiriu o jornal. Após a aquisição Bezos, os ativos restantes da empresa pública foram renomeados Graham Holdings. Berkshire tem uma posição de pouco mais de 1,72 milhão de ações. "Como temos visto nos últimos anos, Buffett mostrou mais do que apenas um interesse passageiro em possuir jornais. Teremos que ver se ele continua a deter uma posição na nova empresa sem ativos de jornais daqui para frente", destacou a matéria do 247 Wall Street.

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3. As frases memoráveis de Buffett Os ensinamentos de Buffett se estendem por diversas frases memoráveis do Oráculo de Omaha, que resumem em poucas palavras o método de investimento do megainvestidor.

Confira algumas frases memoráveis do Oráculo de Omaha: "Não é possível fazer um bom negócio com uma pessoa ruim" "Preço é o que você paga, valor é o que você tem" "O que os sábios fazem no princípio, os tolos fazem no fim" "Você deve investir num negócio que até um idiota poderia dirigir, porque algum dia um idiota o dirigirá" "Wall Street é o único lugar para onde as pessoas vão de Rolls­Royce pedir conselhos a quem pega o metrô" "A diversificação é uma proteção contra a ignorância, faz pouquíssimo sentido para quem sabe o que está fazendo" "Quando alguém vê o vizinho ficando mais rico, começa a evolução natural da bolha. Bastam três coisas para sua formação: os inovadores, os imitadores e os idiotas" "Alguém está sentado na sombra hoje porque alguém plantou uma árvore há muito tempo"

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"Compre uma empresa, não uma ação" "Você só descobre quem está nadando pelado quando a maré é baixa" "Procurando pessoas para contratar, você busca três qualidades: integridade, inteligência, e energia. E se elas não têm a primeira, as outras duas matarão você" "Regra número 1, nunca perca dinheiro. Regra número 2: não esqueça a regra número 1" "São necessários 20 anos para construir uma reputação e apenas cinco minutos para destruí­la" "Previsões geralmente nos dizem mais sobre quem fez a previsão do que a previsão em si" "Quero dar a meus filhos bastante dinheiro para que possam fazer o que quiserem, mas não dinheiro o bastante para que não façam nada" "É muito melhor comprar uma companhia maravilhosa a um preço justo do que uma companhia justa a um preço maravilhoso" "Os investidores devem se lembrar que a excitação e os gastos são seus inimigos. E se insistirem em cronometrar a sua participação em ações, eles deveriam tentar ser medrosos quando os outros foram gananciosos e gananciosos quando os outros forem medrosos"

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4. Mas, e se Buffett fosse brasileiro? Que Buffett é um investidor de sucesso, deu para perceber neste texto. A regularidade e a consistência vistas nos investimentos feitos por Buffett nos últimos 60 anos naturalmente o tornaram referência para todos aqueles que investem em bolsa: querendo obter sucesso no mercado acionário, os investidores querem seguir os mesmos passos de Buffett, ouvir seus conselhos e aplicar sua filosofia de investimentos. O sucesso resultou em muitos adeptos da maneira Buffett de investir, que se espalharam em diversas partes do mundo ­ inclusive no Brasil. Contudo, é gritante o quanto o mercado brasileiro ainda está distante do americano. Por aqui, a Bovespa tornou­se uma instituição independente apenas na década de 1960 e atualmente ela conta com cerca de 350 empresas. Já nos EUA, a Bolsa de Nova York, criada em 1792, possui cerca de 2.800 companhias listadas. Essas diferenças suscitam algumas dúvidas: replicar o “Buffett’s way of life” no Brasil daria certo? Teria Warren Buffett obtido tanto sucesso em sua estratégia de investimentos se tivesse nascido aqui? Especialistas apontam que a falta de maturidade do mercado brasileiro pode ser um empecilho para colocar em prática as técnicas de avaliação de empresas de Buffett – embora muita coisa tenha melhorado nos últimos anos. Por outro lado, essa mesma juventude do mercado acaba fazendo com que empresas “de valor” muitas vezes sejam deixadas de lado na bolsa ou fiquem até esquecidas, abrindo ótimas oportunidades para os investidores que conseguem perceber essas distorções. “Value Investing”: sucesso em qualquer lugar do mundo Conceito básico da teoria de Buffett, a identificação de ações a preços razoáveis daria certo em qualquer mercado: encontrar empresas de valor que estão mal precificadas na bolsa é uma estratégia que muitos gestores utilizam em qualquer lugar do mundo, explica Rui Tabakov Rebouças, sócio da gestora americana Tabakov Capital. “A questão do preço está sempre na frente”, afirma. Essa estratégia, no entanto, tende a ganhar cada vez mais efetividade à medida que o mercado e a economia de determinada região evoluem – o que está acontecendo no Brasil. “Se você me perguntasse uns 10 anos atrás o que eu achava sobre replicar a estratégia de Buffett no Brasil, eu diria que era impossível. Hoje já não é assim”, afirma Rodrigo Sancovsky, sócio da Fama Investimentos. No começo dos anos 2000, poucas empresas conseguiam fazer um planejamento consistente com um prazo mais longo. “Se as empresas não conseguiam, imagina então o investidor?”, diz. Isso vai diretamente contra o horizonte de longo prazo defendido por Buffett em seus investimentos – o “Oráculo de Omaha” sempre diz que o investidor deve comprar uma empresa, e não uma ação, com o intuito de mantê­la em carteira pela vida toda. A dificuldade em fazer a avaliação fidedigna de uma empresa fazia com que muitos gestores ganhassem dinheiro no mercado brasileiro aproveitando­se muito mais de determinados momentos da economia do que propriamente de identificar empresas com bons fundamentos a preços atrativos, explica o sócio da Fama. “A eleição do Lula provocou uma forte valorização no dólar, refletindo o temor dos investidores com o rumo político do País. Nessa disparada da moeda,

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muitos gestores compraram ações de exportadoras, baseando­se apenas no benefício natural na receita delas quando o dólar está em alta, e não nos fundamentos delas. Hoje, contudo, o ambiente econômico é muito menos volátil”, exemplifica. Esbarrando no governo A estratégia de encontrar empresas ótimas a bons preços funcionaria no Brasil. No entanto, alguns fatores externos à teoria de Buffett poderiam dificultar a ascensão da versão brasileira do megainvestidor. A ingerência governamental seria um desses fatores. Buffett defende que, além de conhecer muito bem a empresa em que está investindo, é preciso conhecer com profundidade o controlador dessa companhia. Com o governo no comando, toda a dinâmica de determinado setor pode mudar completamente com a alternância de poder ou mesmo com um simples decreto – praticamente o que aconteceu com o setor elétrico e a redução das tarifas de luz em 2012. Outra característica de Buffett é escolher empresas com vantagem competitiva duradoura. Nesse sentido, algumas companhias controladas pelo governo brasileiro poderiam se tornar boas pedidas, tendo em vista o caráter monopolista de algumas delas. Contudo, na visão de Sancovsky, o fato de ter o governo como acionista majoritário tira qualquer atratividade. “A vantagem competitiva duradoura só se traduz em resultado positivo para a empresa se o acionista controlador estiver interessado em maximizar o retorno ao acionista”, afirma o sócio da Fama. A Petrobras é um exemplo claro: se o governo priorizasse o retorno aos acionistas, certamente o preço do combustível no mercado doméstico já teria se alinhado às cotações internacionais. Contudo, o governo não o faz pelo receio dos impactos inflacionários da medida. “Buffett da Silva” seria rico? Imaginando hipoteticamente a existência de um Warren Buffett brasileiro, seria possível projetar se ele seria rico? Como já foi dito, a estratégia de “value investing” daria certo em qualquer lugar do mundo. Contudo, alguns percalços poderiam surgir: um deles é o tamanho do mercado brasileiro em relação ao norte­americano, explica Rebouças. Na época em que a carreira do megainvestidor já decolava nos EUA, por volta dos anos 1970, a Bovespa ainda engatinhava. “Ou seja, quando o ‘Buffett brasileiro’ testasse as limitações do Brasil, provavelmente seria obrigado a operar em outros mercados, principalmente o americano”, atesta o sócio da Tabakov Capital. Além disso, o mercado americano é muito mais dinâmico, fato que joga a favor de um investidor como Buffett – bons negócios crescem mais rapidamente. Assim, por mais que o Buffett brasileiro acertasse em seus investimentos, dificilmente alcançaria um patrimônio equivalente ao Buffett americano. Além disso, a época e local em que o bilionário nasceu também foram muito propícios para acumular riqueza. “Sem querer tirar o mérito de Buffett, mas ele mesmo já disse por muitas vezes

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que nasceu no lugar certo e na época certa”, diz Rebouças. Buffett veio ao mundo logo depois da crise de 1929 – quando os mercados estavam severamente deprimidos – e conheceu muito cedo Benjamin Graham, considerado o precursor da estratégia “buy and hold” de investimentos em ações e uma das pessoas que mais o influenciou na vida. Ainda assim, é quase impossível imaginar que Buffett não teria ficado rico no Brasil. “Sua inteligência, integridade, temperamento propenso para investir em ações e capacidade de identificar vantagens competitivas realmente duradouras fariam diferença, tenha ele nascido no Brasil ou nos EUA”, conclui Rebouças.

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5. O mentor do mentor: o que podemos aprender com ele? Se nós temos muitas coisas a aprender com Warren Buffett, imagina o que poderíamos aprender com um dos gurus do investidor bilionário? Trata­se de Benjamin Graham, conhecido como o pai do conceito de Valor (value investing) e da análise de risco (security analysis). Em artigo escrito em 2014 para o InfoMoney, a planejadora financeira Carolina Ciarlini Giovanella destacou os ensinamentos de Graham, que amparou sua filosofia vencedora em 3 principais preceitos. Segue abaixo: O primeiro deles é: “sempre invista considerando uma margem de segurança”. Ao comprar um ativo, devemos adquiri­lo com significativo desconto no seu valor intrínseco, de modo a obter uma margem de segurança que ofereça conforto em momentos de baixa. O grande diferencial nesse conceito é que, para ele, o foco não deve estar somente em procurar barganhas, mas

também oportunidades que tenham possibilidade de alto retorno, combinadas com baixo risco de desvalorização. Ou seja, uma posição ideal pressupõe baixo investimento inicial e ativos subavaliados. Para Graham, estabilidade de ganhos e disponibilidade financeira são fatores essenciais para configurar um bom negócio. O investimento em empresas com valor de mercado inferior ao valor dos seus ativos, deduzidos de dívidas, seriam um investimento clássico amparado no preceito de margem de segurança. Afinal, se o mercado inevitavelmente reavalia preço, mais cedo ou mais tarde o valor dessa companhia será ajustado de modo a convergir para o seu valor justo. O segundo princípio trazido por Graham resume­se a entender a importância e as implicações do fator “Risco”. Segundo ele, o investidor deve esperar volatilidade da mesma maneira que lucro nos seus portfólios. Investimento em ações pressupõe volatilidade. Um investidor inteligente, vê momentos de stress como a oportunidade perfeita para ir às compras. Graham para facilitar o entendimento desse conceito, apresenta o seu sócio imaginário, o “Sr. Mercado”. O Sr. Mercado oferece aos investidores diariamente precificações, de modo que cada um decida por comprar ou vender. Às vezes, ele poderá estar otimista com relação às perspectivas futuras do negócio e tenderá a pagar mais caro pela companhia; em outros momentos, todavia, poderá estar pessimista, o que refletirá em uma precificação mais baixa. A lição a ser tomada é a de que o mercado não pode ditar nossas decisões de investimento. Movimentos de mercado, principalmente aqueles que sejam bruscos, para cima ou para baixo, podem gerar decisões amparadas em emoções, o que pode ser fatal para uma carteira de investimentos. Graham sugere, então, que, antes de fazer qualquer investimento, devemos estabelecer nossa própria estimativa de valor para uma empresa. O racional por trás disso é o de sempre amparar decisões em preceitos racionais e fatos. Sendo assim, só devemos comprar quando o preço oferecido pelo mercado vá ao encontro ao valor que estimamos, e, por outro lado, vender quando o preço estiver acima do que consideramos o justo. Em suma, o mercado vai flutuar – por vezes de maneira insana ­ mas, melhor do que temer a volatilidade, é usá­la como vantagem para a compra de barganhas ou realização de lucros e para tanto, manter a racionalidade é fundamental.

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De acordo com Graham, existem 2 maneiras de mitigar os efeitos negativos da volatilidade do mercado: preço médio e diversificação. Se o investidor, disciplinadamente for comprando em igual montante de valor e em intervalos de tempo regulares, dificilmente cairá na armadilha de ter comprado todo o seu portifólio pelo valor mais caro, ou como no jargão de mercado chamamos de “comprar na máxima”. Sendo assim, inexiste a necessidade de arbitrar o momento mais favorável à montagem de posições. Outra estratégia que sugere é a diversificação. Segundo sua teoria, misturar ativos de risco com conservadores em uma carteira de investimentos é fundamental para preservação de capital em mercados de baixa. O terceiro princípio aborda questões de Perfil de Investimentos. Segundo Graham, o auto­conhecimento também é fator fundamental ao sucesso nos investimentos. Para ele, o investidor tem 2 opções: a primeira é de comprometer tempo e energia para se tornar um bom investidor de modo a atingir retornos superiores ao mercado – este seria o investidor ativo ­; a segunda é de assumir uma postura passiva e, possivelmente, contentar­se com retornos inferiores, mas com menos dispêndio de tempo e trabalho. O fato é que, para Graham, resultado está diretamente relacionado à intensidade de trabalho. Quanto mais tempo dispendido, maiores retornos serão atingidos. No caso do investidor não ter tempo ou vocação para se aprofundar nos seus investimentos, sugere que busque aplicar diretamente em índices ou em carteiras que repliquem índices. “Trata­se da melhor alternativa ao investidor passivo, por garantir um retorno médio favorável, sem demandar dedicação”. De maneira resumida, o investidor passivo deve buscar montar estratégias que vislumbrem o longo prazo, sem tentar prever ou se antecipar aos movimentos do mercado. Uma segunda classificação seria seria Especulador versus Investidor. Segundo Graham, nem todas as pessoas do mercado são efetivos investidores. Mas o que diferencia um do outro? Simples, o investidor seria aquela pessoa que se considera sócio da empresa na qual investe seu dinheiro. O especulador, por outro lado, vê ações como papeis sem valor intrínseco e, por essa razão, entende que seu valor é determinado pelo montante que alguém está disposto a pagar. Parafraseando Graham, existem investidores inteligentes, assim como especuladores inteligentes. A questão é você entender “em qual time você joga”. O grande erro é pensar como investidor e agir como especulador.

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