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BarrosFilho
Colégio
Madureira
Praça Seca
Cidade de Deus
Tanque
MéierBenfica
Caju
Bonsucesso
Inhaúma
São Cristóvão
Rio Comprido
Tijuca
Copacabana
Barra daTijuca
Jacarepaguá
Bangu Realengo
Campo Grande
Santa Cruz
Guaratiba
Registros de ocorrência
Legenda
Relatos de moradoresouvidos pelo EXTRA
Ocorrência de operaçãopolicial no interiordo condomínio
20
TOTAL
APARTAMENTOS20.331
OCUPADOS18.834
CUSTO DA OBRAR$ 1.027.775.011
CONDOMÍNIOS64
OS CONDOMÍNIOS
Radiografia do Conjunto
Residenciais Zé Keti eIsmael Silva
1
Condomínios Jardim dasAcácias e Palmeiras
2
ResidencialJardim Canário
Residencial JardimBeija-Flor
4
Bairro Carioca (totalde 11 condomínios)
5
Conjunto ResidencialHaroldo de Andrade I, II, III e IV
6
Mangueira Residencial I e II
7
Vivendas do Ipê Amareloe Vivendas do Ipê Branco
8
Residenciais Destri, Taroni, Ayres,Vidal, Vaccari e Speranza
9
Conjunto ResidencialPresidente Itamar Franco I, II e III
10
Parque Carioca
11
Residenciais Zaragoza,Sevilha e Toledo
12
Residenciais Évora, Almada, Aveiro,Cascais, Coimbra e Estoril
13
Park Royal e Park Imperial
14
Condomínio Aterradodo Leme I, II e III
15
Vivendas das Andorinhas
16
Residencial Rio Bonito eVivendas das Castanheiras
17
Vivendas do Jardimde Anápolis
18
Condomínios Livorno,Trento e Varese
19
Condomínios Treviso,Terni e Ferrara
20
Vivendasdas Patativas
21
Condomínio Oiti
22
Vivendas Recantoda Natureza
23
Vivendas das Rosas eVivendas das Orquídeas
24
Barros Filho
1.2601.250
R$ 63.333.081Janeiro de 20144
BAIRRO
PROBLEMAS
APARTAMENTOS
FAMÍLIAS
CUSTO DA OBRA
INAUGURAÇÃO
CONDOMÍNIOS
3
O PROGRAMA
Lançado em 2009, o "Minha casa, minha vida" foi a grande aposta do governo federal para diminuir o déficit habitacional do país. Na época, estimava-se que5,5 milhões de famílias não tinham moradia adequada
Até o fim de 2014, 3,7 milhões de unidades haviam sido contratadas, e metade delas efetivamente entregues aos beneficiados.O investimento total jáultrapassou osR$ 230 bilhões
O programa conta com três faixasde financiamento.Na primeira,para famílias mais pobres, as parcelas custam a partirde R$ 25 e equivalem a 5%da renda familiar, de até trêssalários mínimos
Os financiamentos são feitos via Banco do Brasil ou Caixa Econômica.Os estados e municípiosselecionamos beneficiados.Às construtoras, cabe a escolhados terrenos e a execução das obras
Recém-anunciada,a terceira fase do programa federal promete entregar mais três milhões de casas até o fim de 2018. O projeto vai ganhar uma nova modalidade de financiamento, intermediária entre as faixas 1 e 2
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Inquéritos concluídosou em andamento
Fontes: Caixa Econômica Federal, Disque-Denúncia, Ministério das Cidades, Ministério Público do Rio, Polícia Civil e Secretaria municipal de Habitação
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12 ⟩ ESPECIAL extra.globo.com Domingo, 22 de março de 2015 Domingo, 22 de março de 2015 extra.globo.com ESPECIAL ⟨ 13
MINISTÉRIO DAS CIDADESÉ o responsável pelo “Minha casa,minha vida” em última instância,uma espécie de pai do programa.É o órgão que define diretrizes eestipula regras, além decomandar a distribuição derecursos entre os estados. ....................
BANCO DO BRASIL E CAIXAOs bancos públicos operam osfinanciamentos. A CaixaEconômica Federal tambémdisponibiliza um telefone (0800721 6268) para receber denúnciasde irregularidades no programa,que são repassadas ao Ministérioda Justiça. ....................
MINISTÉRIO DA JUSTIÇAA pasta coordena um grupointerministerial, criado em abril doano passado, destinado acombater problemas noprograma. As reuniões tambémincluem o Ministério das Cidades,a Polícia Federal e estados emunicípios. ....................
POLÍCIA FEDERALA instituição responde apenas
pelas investigações sobrefraudes no programa. Casos decrimes comuns, de maneirageral, são de responsabilidadedas polícias estaduais. ....................
PREFEITURA E ESTADOAtravés de suas respectivassecretarias de Habitação,dependendo de cadaempreendimento, a prefeitura e ogoverno estadual cadastram osbeneficiados e coordenam ossorteios. Nos primeiros mesesapós a inauguração, com apresença de assistentes sociais, osórgãos devem acompanhar deperto os moradores, podendoreceber denúncias sobreeventuais irregularidades. ....................
SECRETARIA DE SEGURANÇAÀ ela estão subordinadas aPolícia Militar, que faz opoliciamento ostensivo, e aPolícia Civil, que faz o trabalhode investigação. A Secretariaestadual de Segurança (Seseg),portanto, responde porquaisquer problemas relativos àsegurança pública no estado.
AS RESPONSABILIDADES
B O Haroldo de Andrade foiinaugurado em 13 de janeirode 2014, com a presença do ho-je governador Luiz FernandoPezão. O crime, porém, demo-rou menos de uma semana pa-ra ocupar o conjunto: no dia17, houve no local um tiroteioentre bandidos e agentes da39ª DP (Pavuna), que acaboucom um trafi-cante ferido ea apreensãode uma esco-peta e drogas.
O EXTRAlocalizou 26famílias ex-pulsas. Todasmoravam nos seis blocos doHaroldo de Andrade I e vieramde uma comunidade próximaa Manguinhos. Agora, vivemna casa de parentes, porqueseus antigos barracos foramdemolidos pela prefeitura.
Na esperança de um dia re-cuperarem os apartamentos,parte das famílias seguiu pa-gando o financiamento. Poroito meses, Pedro* depositou
aquantia de R$ 25,80. Em de-zembro, não conseguiu mais.
— Tive que optar entre oapartamento e o aluguel deum novo teto — explica.
Por conta da presença osten-siva do tráfico, o conjunto foi oúnico onde o EXTRA não con-seguiu entrar. Policiais do 41ºBPM (Irajá) e da 39ª DP, res-
ponsáveispela área, fo-ram consul-tados e desa-conselharama visita.
Em BarrosFilho, a umquilômetro
do Haroldo de Andrade, háoutros dois empreendimentosdo “Minha casa, minha vi-da”— o Recanto Beija-flor e oRecanto dos Rouxinóis — des-tinados a pessoas com umarenda maior. Apesar da proxi-midade, são os mais pobresque sofrem com a violência:não há registros ou relatos deinvasão nos condomíniosmais afortunados.
Inauguração e tiroteio
Moradora expulsa do condomínio pelo tráfico: 80 famílias sem casa
FÁ
BIO
GU
IMA
RÃ
ES
“TIVE QUE
OPTAR ENTRE O
APARTAMENTO E
UM NOVO TETO”
todos os nomes utilizados na série são fictícios*
se lembracom exati-
dão da época mais feliz da suavida: fevereiro de 2014, quan-do recebeu as chaves da pri-meira casa própria. A vendedo-ra de 54 anos era, então, umadas 1.200 pessoas agraciadascom apartamentos do progra-ma federal “Minha casa, minhavida” no Residencial Haroldode Andrade, em Barros Filho,Zona Norte do Rio. Logo insta-lou janelas de madeira, botoupiso na cozinha, pintou as pa-redes de azul — “uma cor ale-gre, para quem nunca viu tintaem barraco”. O dia mais tristeveio menos de dois meses de-pois. Em abril,Maria e seusquatro filhos,ao lado de ou-tras 79 famílias,foram obriga-dos por trafi-cantes a deixarpara trás mó-veis, roupas, objetos, aparta-mentos... E sonhos.
Ahistória de Maria não é umcaso isolado. Após três mesesde apuração, o EXTRA consta-tou que todos, absolutamentetodos, os 64 condomínios do“Minha casa, minha vida” des-tinados aos beneficiários maispobres — a chamada faixa 1 definanciamento — no municí-pio do Rio são alvo da ação degrupos criminosos. Neles, mo-ram 18.834 famílias submeti-das a situações como ex-pulsões, reuniões de condomí-nio feitas por bandidos, bocasde fumo em apartamentos, in-terferência do tráfico no sor-teio dos novos moradores, es-pancamentos e homicídios.
Mais de 200 pessoas foramouvidas, entre moradores, sín-
dicos, policiais civis e militares,promotores, funcionários pú-blicos e terceirizados, pesqui-sadores e autoridades. Alémdisso, foram analisados docu-mentos da Polícia Civil, do Mi-nistério Público, da Secretariade Habitação, do Disque-De-núncia, da Caixa Econômica edo Ministério das Cidades, par-te deles obtidos por meio da Leide Acesso à Informação. O ma-terial dá origem à série “Minhacasa, minha sina”, que o EX-TRA publica a partir de hoje.
No apartamento de onde Ma-ria fugiu só com a roupa do cor-po, hoje moram bandidos. Umainvestigação da Polícia Civil re-
vela que, portrás da expul-são, há umaordem diretado criminosomais procura-do do estado:Celso PinheiroPimenta, o
Playboy, chefe do tráfico doComplexo da Pedreira, no bair-ro vizinho de Costa Barros.
Em outubro do ano passado,em meio a uma guerra do tráfi-co, Playboy gravou um áudioendereçado a rivais. No discur-so, conta que deu casas a ban-didos que mudaram de facçãoe se juntaram ao seu exército:“Os ‘menor’ tá aqui, tá na pure-za, ganharam apartamento,ganharam vários ‘bagulho’”.
As 80 famílias expulsas nãoforam escolhidas ao acaso. To-das vieram das proximidadesde Manguinhos, favela domi-nada por uma facção rival.
— Os bandidos pergunta-ram, armados, de onde nóstínhamos vindo. Quandodescobriram, deram um diapara sair — lembra Maria.
“Os bandidos
deram um
dia para a
gente sair”
Após expulsar 80 famílias decondomínio, traficante Playboydeu os apartamentos a aliados
maria*
DEPOIMENTO
B No dia da inauguração,falaram que a gente iria mo-rar com dignidade. Aindaquero conhecer o que é digni-dade de verdade. Moravadebaixo de um viaduto, meubarraco caindo aos pedaços,mas os bandidos não ficavammandando eu sair de casa. Láem Barros Filho, eles passa-vam armados nos apartamen-tos, perguntavam de ondetínhamos vindo. Mandavam agente mostrar o contrato como antigo endereço. Quandoviam “Manguinhos”, davamuma noite para sairmos. Mes-mo sendo pobre miserável, agente faz parte do Brasil.
‘Só queremos adignidade queprometeram’
MARIA*Vendedora expulsa doHaroldo de Andrade
B O governador Luiz Fernan-do Pezão classificou como“abominável” a expulsão de80 famílias do Haroldo deAndrade. Procurado pelo EX-TRA, ele afirmou estar “à dis-posição do governo federalpara agir conjuntamente”.
— A Polícia Civil vem in-vestigando exaustivamentea ação do tráfico e da milícianesses episódios — afirma ogovernador.
O secretário de SegurançaJosé Mariano Beltrame, porsua vez, soube da invasão aocondomínio através de um ofí-cio da Polícia Federal, que co-municou a presença de “pes-soas armadas impedindo oacesso dos moradores”. O do-cumento foi remetido à 39ªDP, que abriu um inquérito noinício deste mês para apurar ocaso. A Secretaria estadual deSegurança, porém, informouque só a Polícia Civil iria se ma-nifestar sobre o ocorrido.
Por nota, a Civil confirmouque há inquéritos abertos so-bre a presença do tráfico dedrogas “em alguns empreen-dimentos do ‘Minha casa, mi-nha vida’”, acrescentando que“as investigações estão em an-damento e correm sob sigilo”.
Convidado a se manifestarsobre a situação das 80 famíli-as expulsas pelo tráfico, o Mi-nistério das Cidades avisouque não se pronunciaria, porse tratar de “caso de segurançapública”. Já a Caixa afirmouque “as denúncias relaciona-das a possíveis invasões e ex-pulsões de moradores são re-passadas ao Ministério da Jus-tiça”. As íntegras das respostasestão no site do EXTRA. s
t
Para Pezão,expulsão é‘abominável’
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AMANHÃMinistro manda PF investigartráfico nos condomínios.
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Assista ao vídeo com depoimentos de moradores.