esquema inicias desaptativos

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1 Esquemas Estrutura de Conhecimentos Conceitos – Conjunto de Propriedades Expectativas – Resultado; Eficácia Regras/Suposições/Relações Causais Dirige a busca de informações (Executivo Central) Ambiente MLP - Interpretação/Sentido - Construção de metas e planos - Guia de Solução de Problemas Estratégias de Coping - Confrontar - Evitar/Fugir - Render-se Necessidade de Consistência Cognitiva – necessidade de manter uma percepção estável de si e do mundo (mesmo que distorcida).

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Page 1: Esquema inicias desaptativos

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Esquemas

Estrutura de Conhecimentos– Conceitos – Conjunto de Propriedades

– Expectativas – Resultado; Eficácia– Regras/Suposições/Relações Causais

Dirige a busca de informações(Executivo Central)

Ambiente MLP

- Interpretação/Sentido- Construção de metas e planos- Guia de Solução de Problemas

Estratégias de Coping- Confrontar- Evitar/Fugir- Render-se

Necessidade de Consistência Cognitiva – necessidade de manter uma percepção estável de si e do mundo (mesmo que distorcida).

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Esquema

Emoção Motivação

Coping- É gerido pelo esquema, mas

não faz parte do esquema

Seleção Atenção Memória

Percepção

(Interpretação)

Padrão

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Esquemas Iniciais Desadaptativos (Young, 1990; 1999)

• Esquemas desenvolvidos a partir de experiências infantis em conjunto com variáveis inatas (temperamento).– Padrão ou tema amplo e difuso;

– Compreende memórias, emoções, pensamentos, imagens e sensações corporais;

– Engloba o conceito de si mesmo (auto-imagem) e as relações com o outro;

– Elabora-se no decorrer da experiência de vida;

– Significativamente disfuncional;

– O comportamento desenvolve-se como resposta ao esquema (os comportamentos são dirigidos ao esquema).

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Origens dos Esquemas

• Necessidades emocionais essenciais não satisfeitas:

1 – Vinculação segura com o outro (segurança, estabilidade, aceitação, acalento);

2 – Autonomia, competência e sentido de identidade;

3 – Limites realistas e auto-controle;

4 – Liberdade para a expressão válida (com legitimidade) de necessidades e emoções;

5 – Espontaneidade e brincadeira (jogo e liberdade de ação).

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A frustração das necessidades universais pode resultar de:

A) Experiências Iniciais da Infância.- Origem na família nuclear- Influência de pares, escola, comunidade, cultura- Esquemas mais tardios não são tão amplos e poderosos

• Tipos de experiências que promovem a aquisição de esquemas:- Frustração sistemática de necessidades importantes nas relações iniciais:

Privação Emocional/Abandono – ausência de estabilidade, entendimento ou amor.

- Traumatização ou Vitimização: Desconfiança/Abuso, Vergonha/Imperfeição, Vulnerabilidade ao Dano – a criança é ofendida, machucada e vítima de violência física, verbal, sexual.

- Experiências excessivas de algo que seria saudável em moderação: Dependência/Incompetência, Intitulação/Grandiosidade – a criança nunca é frustrada; é mimada e tratada com indulgência; as necessidades de limites realistas e de autonomia não são satisfeitas; os pais se envolvem excessivamente na vida da criança, superprotegem-nas ou dão liberdade e autonomia sem limites.

- Internalização Seletiva (identificação com o outro significativo) – a criança seleciona e internaliza pensamentos, sentimentos e comportamentos de outros significativos

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A frustração das necessidades universais pode resultar de:

B) Temperamento – Base biológica– Mais irritável– Mais tímido– Mais agressivo

Dimensões de Temperamento Inatas (Kagan et all, 1988):

Lábil Não-reativo Distímico OtimistaAnsioso Calmo Obsessivo DistraídoPassivo Agressivo Irritável AnimadoTímido Sociável

Temperamento: Expõe o indivíduo a diferentes circunstâncias

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Domínios de Esquemas

• Desconexão e Rejeição

• Autonomia e Performance

• Limites

• Orientação para o Outro

• Supervigilância e Inibição

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Desconexão e Rejeição• Incapacidade para formação de vínculos seguros e satisfatórios.• Necessidades não atendidas: estabilidade, segurança, proteção, amor,

pertencimento.• Famílias de origem:

– Instáveis (Abandono/Instabilidade): o outro não estará presente por ser emocionalmente imprevisível, por escolher alguém melhor, por ser errático ou porque morrerá.

– Abusivas (Desconfiança/Abuso): o outro irá mentir, machucar, humilhar, manipular.

– Frias (Privação Emocional): expectativa de que a necessidade de vinculação emocional não será atendida – ausência de afeto e cuidado, empatia (atenção e compreensão) e proteção (apoio).

– Que rejeitam (Vergonha/Imperfeição): sentimento de que se é mau, errado, inferior, sem valor, que não se é amável. Vergonha de que se percebam os defeitos – falhas privadas: egoísmo, impulsos agressivos ou sexuais – falhas públicas: aparência, comportamento desajeitado.

– Socialmente isoladas (Alienação/Isolamento Social): sentimento de ser diferente, de não pertencer a um grupo ou comunidade.

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Autonomia e Desempenho Prejudicados

• Expectativas sobre si mesmo e sobre o mundo que interferem na habilidade de se diferenciar dos pais e funcionar independentemente. Dificuldade em estabelecer objetivos pessoais e dominar as habilidades necessárias.

• Famílias de origem superprotetoras ou negligentes ao extremo com subestimação da auto-confiança e ausência de reforço do comportamento competente:– Dependência/Incompetência: Incapacidade para manejar

responsabilidades sem a ajuda de outros (passividade e desesperança).– Vulnerabilidade ao Dano ou à Doença: Uma catástrofe impossível de se

manejar ocorrerá a qualquer momento (Médica/Emocional/Externa)– Emaranhamento/Self subdesenvolvido: excessiva fusão com o outro

(em geral pais) em detrimento da individuação social. Acredita-se que um não funciona sem o outro. Ausência de sentido de identidade. Sentimentos de sufocamento.

– Fracasso: crenças de que se fracassará inevitavelmente em áreas de realização (escola, trabalho, esporte) e que se é inadequado em relação aos demais.

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Limites Prejudicados• Ausência de limites internos em relação à auto-disciplina e dificuldade em

respeitar os direitos do outro, cooperar, manter compromissos ou objetivos de longo prazo.

• Famílias de origem excessivamente permissivas e indulgentes. Não se exige o cumprimento de regras ou o desenvolvimento do auto-controle. Não há restrição de impulsos ou adiamento da gratificação.

• Às vezes a intitulação pode ser uma forma de supercompensação de outro esquema (ex: Privação Emocional ou Fracasso

• Intitulação/Grandiosidade: pressuposição de que se é superior ao outro, de que se tem direitos especiais. Não se é dirigido pelas regras de reciprocidade que regulam a interação social. Insiste-se no direito de ser o que se quer. Foco exagerado na superioridade. Ausência de empatia e excessiva exigência e dominação.

• Auto-controle Insuficiente: incapacidade ou ausência de desejo de exercer auto-controle ou tolerar frustração de modo a alcançar objetivos pessoais. Ênfase na evitação do desconforto.

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Orientação para o Outro• Ênfase na satisfação das necessidades do outro para obtenção de aprovação, manutenção

de vínculo emocional ou evitação de retaliação.• Foco nas respostas do outro e ausência de consciência da própria raiva e preferências

pessoais.• Família de origem baseada na aceitação condicional: a criança precisa restringir aspectos

importantes de si mesma para obter amor e aprovação. Em muitos lares, os pais valorizam mais suas próprias necessidades ou a aparência social do que as necessidades da criança.

• Subjugação: entrega excessiva ao controle do outro devido à coerção. Visa evitar a raiva, a retaliação ou o abandono. Subjugação de necessidades: supressão das próprias preferências e desejos; subjugação de emoções: supressão da própria emoção, especialmente a raiva.Obediência excessiva com ânsia de agradar. A raiva se manifesta por sintomas passivo-agressivos, explosões de temperamento, sintomas psicossomáticos e retirada do afeto).

• Auto-sacrifício: visa poupar o desconforto do outro e evitar a culpa mantendo o vínculo com o outro. Pode conduzir ao ressentimento (co-dependência).

• Busca de Aprovação/Reconhecimento: excessiva preocupação com status, dinheiro, aparência e sucesso com meio de ganhar reconhecimento. Decisões não autênticas.

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Supervigilância e Inibição• Supressão de sentimentos e impulsos. Manutenção de regras rígidas de desempenho às

custas da felicidade, relaxamento, relações íntimas e saúde.• A família de origem é séria e repressora. O auto-controle e auto-negação predominam

sobre a espontaneidade e o prazer. As crianças não são encorajadas a buscar prazer e felicidade. São ensinadas a ser hipervigilantes a eventos negativos e a encarar a vida com pessimismo e desamparo.

• Pessimismo/Negativismo: foco nos aspectos negativos da vida. Expectativa exagerada de erros graves em várias áreas (trabalho, finanças e relações) – Preocupação, hipervigilância e indecisão.

• Inibição Emocional: restrição da ação, comunicação e sentimentos espontâneos. Evitação da crítica pela perda de controle dos impulsos. Inibição da raiva, dos impulsos positivos (alegria, afeto, excitação sexual, regozijo), da expressão da vulnerabilidade. Ênfase na racionalidade.

• Padrões Inflexíveis/Crítica excessiva: crença no esforço constante por alcançar padrões altos a fim de evitar desaprovação e vergonha. Perfeccionismo, regras rígidas e preocupação com tempo e eficiência.

• Punição: convicção de que as pessoas deveriam ser severamente punidas por cometer erros. Raiva e intolerância. Dificuldade em considerar circunstâncias atenuantes e permitir a imperfeição humana.

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Estilos de Coping• Estilos de coping são desenvolvidos desde cedo numa tentativa de adaptação

ao esquema, de modo a lidar com as emoções desencadeadas.• As estratégias de coping podem ser comportamentais, cognitivas e emocionais.• Todo organismo tem 3 respostas básicas à ameaça: lutar, fugir e congelar

– Lutar Supercompensar– Fugir Evitar– Congelar Render-se

• Diferenças individuais nos estilos de coping devido a:– Diferenças inatas de temperamento (medroso, ativo, expansivo ou tímido)– Experiências de identificação e modelação paterna/materna: abusador x vítima – a

família pode oferecer os dois modelos

• As estratégias de coping permanecem na vida adulta, mesmo quando não mais adaptativas (sobrevivência no ambiente familiar), e impedem o desenvolvimento: ex: abuso de álcool, rigidez excessiva, isolamento, embotamento emocional, comportamento de maltrato do outro ou de si mesmo etc.

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Estratégias Gerais de Coping

• Rendição: render-se/entregar-se aos esquemas repetindo-os sistematicamente;

• Evitação: encontrar maneiras de escapar ou não entrar em contacto com os esquemas;

• Supercompensação: buscar o oposto do que os esquemas fazem sentir.

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Estratégias de Coping Expandidas• Rendição

– Obediência/Dependência: confiar no outro, entregar-se, busca de afiliação, passividade, dependência, submissão, aderência, agradar ao outro, evitar conflitos.

• Evitação– Retraimento social/Autonomia excessiva: isolamento social, desconexão,

retraimento; foco exagerado na independência e auto-confiança ao invés de envolvimento com o outro; fuga em atividades privativas como TV, leitura, jogos computacionais ou trabalho solitário excessivos.

– Busca compulsiva de estimulação: busca excitação ou distração através da compra, sexo ou jogo compulsivos, atividades de risco, atividade física excessiva, busca de novidade compulsiva.

– Auto-relaxamento adictivo: álcool, drogas, compulsão alimentar, masturbação excessiva etc.

– Retraimento psicológico: dissociação, insensibilidade/torpor, negação, fantasia ou outras formas de fuga psicológica.

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• Supercompensação– Hostilidade/Agressão: contra-ataca através do desafio, abuso, acusação,

ataque ou crítica.– Dominação/Auto-afirmação excessiva: controlar o outro de modo direto

a fim de alcançar objetivos.– Busca de reconhecimento/status: supercompensar através do

impressionismo, alta realização, status, busca de atenção etc.

– Manipulação/Exploração: satisfaz as próprias necessidades através da manipulação encoberta, sedução, desonestidade.

– Rebeldia passivo-agressiva: aparentemente obediente enquanto encobertamente punitivo e rebelde, procrastinando, com rabugice e mau-humor, atrasando, com queixas e reclamações, rebeldia e recusa.

– Organização excessiva, comportamento obsessivo: mantém organização e ordenação excessivas, auto-controle exagerado, busca de previsibilidade através da ordem e planejamento, aderência excessiva a rotinas ou rituais, cuidado exagerado e indevido, devoção de tempo exagerado para encontrar a melhor forma de realizar tarefas e evitar resultados negativos.

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Avaliação e Mudança• Fase Educacional e de Avaliação

– Identificação dos esquemas e suas origens na infância e adolescência– Educação sobre o modelo do esquema– Reconhecimento dos estilos de coping (rendição, evitação e

supercompensação) e de como perpetuam os esquemas– Discussão sobre os modos primários de esquemas (modo infantil, modo de

coping, modo parental, modo adulto saudável) e suas alternâncias– Busca de experiências emocionais que evidenciam os esquemas– Questionário de esquema– Entrevista de história de vida com base no questionário– Auto-monitoração– Exercícios de imaginação para deflagrar esquemas e permitir a ligação

entre problemas atuais e experiências infantis– Desenvolvimento de uma conceitualização do caso e plano de tratamento

• Estratégias cognitivas, experienciais e comportamentais• Relação terapêutica

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Intervenção e Mudança• Abordagem flexível sem um protocolo rígido• Técnicas cognitivas

– Lista de evidências de suporte e refutação do esquema através da vida do paciente

– Planejamento de estratégias de mudança do esquema– Fichas de argumentos e lembretes

• Técnicas experienciais– Busca o combate ao esquema em um nível emocional– Técnicas de imaginação e diálogo para discriminação entre a história

passada e a história atual• Relação terapeuta-cliente

– Antídoto parcial para os esquemas do paciente– Internalização do modo adulto saudável que luta contra os esquemas e persegue

uma vida com significado emocional saudável– Confrontação empática– Preenchimento relativo das necessidades do paciente (reparenting)