estação centenário

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Estação Centenário Fascículo IV

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Encarte Especial aos 100 anos de Divinópolis - Fascículo IV

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Page 1: Estação Centenário

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IV

Page 2: Estação Centenário

SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO

Saúde: avanços e conquistas Foi-se o tempo em que a cura era feita com benza, re-zas e crendices. Apesar de estranhamento dos mais jovens, essa prática era comum também na região devido a forte ligação reli-giosa. Os tempos hoje são outros, mas ainda existem pais e avôs que levam as crianças para “curar” o vento virado e livrá-los do quebranto e mau-olhado. As conquistas na área da saúde são muitas. E Divinó-polis, tem sim que o comemorar! O Hospital Santa Lúcia, foi o primeiro hospital do município, inaugurado em 1959. Desde então as conquistas vieram, pouco a pouco e hoje temos outros grandes hospitais que servem a comunidade. São eles: Hospi-tal São Judas Tadeu, Hospital São João de Deus, Santa Mônica, e talvez a maior conquista, o Hospital Público de Divinópolis, que será nomeado de “Hospital Público Divino Espírito Santo”, e está previsto para ser entregue em breve. Quando falamos em saúde, parece que tudo que vem sendo feito no município e no país nunca será sufi ciente. Acom-panhamos diariamente pelos noticiários que os leitos estão sem-pre ocupados e que há pacientes esperando por vagas. Mesmo com tantos problemas e barreiras, Divinópolis é referência para pacientes com câncer e recebe diariamente milhares de pessoas em busca de tratamento. Outros milhares de pacientes de cida-des da região lotam os hospitais e o Pronto-Socorro Regional (PSR) em busca de tratamento. Essa realidade é diária, cons-tante e não deve mudar. O município também recebe pacientes com HIV de mais 400 cidades da região Centro-oeste. O acom-panhamento é feito pelo Serviço de Assistência Especializada (SAE) e é gratuito. Durante o centenário de Divinópolis, há muito que se comemorar, principalmente com a chegada do Hospital Público Divino Espírito Santo, que em um primeiro momento deverá ser entregue com 200 leitos em funcionamento. Número que será expandido posteriormente. Neste centenário, ganha a saú-de em Divinópolis, ganha a saúde nas cidades da região!

Número de páginas: 12Tiragem: 4 milFundador: Laércio NunesEditor Geral: Marcelo Nunes

Diretora Comercial: Stefane MouraChefe de Redação: Amanda QuintilianoRedação: Amarilis Pequeno, Cíntia Teixeira, Amanda Quintiliano, Júlia Medeiros

Arte Gráfi ca e diagramação: Daniel Allan, Douglas BarretoControle Administrativo: Paula Danielle

EXPEDIENTE

SUMÁRIOSUMÁRIOSUMÁRIO

INTRODUÇÃO 3PADRE MATIASLOBATO 4&5

A SAÚDE DIVIDIDA POR DOIS MARCOS 6&7O PRIMEIRO HOSPITAL DE DIVINÓPOLIS

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POEMA 10

Page 3: Estação Centenário

Cíntia Teixeira

O senso comum não cansa de enaltecer a importân-cia da saúde na vida de todo cidadão. Os antigos já diziam, em suas crendices populares, que saúde

deve ser um bem que deve vir em primeiro lugar. Quem tem saúde tem tudo! Primeiro a saúde, depois o resto. Em Divinópolis, a saúde sempre foi um foco de cuidado e zelo. Em rumo ao centenário, se percebe a grandeza da história da saúde pública e de grandes nomes que fizeram desta cidade um polo de referência. O primeiro médico que clinicou no Arraial do Es-pírito Santo, foi José Xavier Coelho, natural de Água Lim-pa. A expectativa de vida não ia muito longe neste perío-do, pode-se afirmar que o tratamento da saúde era rústico e místico. Demorou um pouco para a construção da Casa de Misericórdia, em meados de 1915 e somente em 1918 que foi inaugurada. Consta-se em documentos locais, que em 1919 a gripe espanhola assolou a região e matou cerca de 200 pessoas. Em 1920 foi inaugurado o primeiro posto de saúde, sob a chefia do médio Cassemiro Laborne Ta-vares, no bairro que hoje se chama Esplanada, antiga Vila Operária. A cidade foi crescendo, o progresso foi transfor-mando desordenadamente, a movimentação ferroviária recrustece, enfim, a cidade precisava de mais cuidados na área da saúde pública. De 1950 a 1955, foi necessário também investimento de pessoas para trabalharem nesta área. Em 1955 já existiam 12 médicos, 12 dentistas, 11 farmacêuticos e um veterinário. Em 1959 foi in-augurado o Hospital Santa Lúcia e em 1965 é inaugurado também o Hospital São Judas Ta-deu. Em 1968 foi o ano da inaugura-ção do Hospital São João de Deus, obra da Fundação Geraldo Corrêa, entregue à Ordem Hospitaleira de São João de Deus. As pessoas da área médica bem como pacientes que vinha da redondeza ficaram impressionadas com o poten-cial do hospital. Em pouco tempo tam-bém foi criada a escola de enfermagem que forma um grande número de enfer-meiros até os dias atuais. E o crescimento não parou. A década de noventa representou o cres-cimento do setor da saúde na cidade, com um número significativo de clíni-

cas médicas, laboratórios, farmácias. A unidade de he-modiálise, por exemplo, com a determinação do irmão Diamantino. A primeira sessão de hemodiálise aconteceu em 08 de março de 1990, data em que se comemora o dia de São João de Deus. No entanto, somente em meados de 2000 que o serviço foi transferido para um prédio novo com tecnologia de ponta. Hoje o centro é considerado um dos maiores serviços de hemodiálise de Minas Gerais. Também não de pode deixar de lembrar, de 2002, da inauguração do Hospital do Câncer, localizado primeiramente no anexo do Hospital São João de Deus. Na mesma década, a Uni-versidade Federal de São João Del-Rey (UFSJ) iniciou em 2008, a implantação de um projeto socioeducacional ca-paz de trazer profundas mudanças na vida da população, um campus que abriga cursos importantes como o curso de Medicina, Enfermagem, Farmácia e Bioquímica. Hoje, a Princesinha do Oeste, com cerca de 216 mil habitantes, possui um número grande de profissionais na área da Saúde que contribui para a qualidade de vida de divinopolitanos e moradores regionais. Sabe-se que ainda é necessário fazer muito mais pela saúde pública, não obstante, quando se olha para o passado fica evidente que muito foi realizado e que existe um alicerce sólido de amor e profissionalismo para novos projetos e realizações na área da Saúde.

na área da saúde pública. De 1950 a 1955, foi necessário também investimento de pessoas para trabalharem nesta área. Em 1955 já existiam 12 médicos, 12 dentistas, 11 farmacêuticos e um veterinário. Em 1959 foi in-augurado o Hospital Santa Lúcia e em 1965 é inaugurado também o Hospital São Judas Ta-

que muito foi realizado e que existe um alicerce sólido de amor e profissionalismo para novos projetos e realizações na área da Saúde.

A LINHA DOA LINHA DOA LINHA DO TEMPO TEMPO TEMPO

SAÚDESAÚDESAÚDE

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Padre Matias Lobato

Cíntia Teixeira

Padre Matias Lobato é uma personali-dade de grande importância e que merece ser lembrado nesta comemoração do Centenário de Divinópolis. Grande parte dos moradores da terra do Divino o conhece devido a Escola Estadual Padre Matias Lobato que tem este nome para homenagear o sacerdote que fez muito para a emancipação da cidade. Pedro Xavier Gontijo, personalidade importante da cidade, escreveu as seguintes palavras no livro dele sobre a história do pa-dre: “a biografi a de Padre Matias é uma epo-peia de amor, carinho e grandeza”. As pala-vras dele não são exageros para adjetivar o sacerdote. Nascido em Maravilhas, distrito de Pitangui, no dia 29 de junho de 1884, mu-dou-se após a morte do pai para São João Del Rey, onde estudou Humanidade no Colégio e Asilo Padre Sacramento. Em 1094, ingres-sou no Seminário Maior de Mariana, onde recebeu a ordenação sacerdotal em 1908. Foi sacerdote em Maravilhas e também em Jequitibá. A vinda do padre para Arraial do Es-pírito Santo, nome de Divinópolis antes da emancipação, tem uma grande contribuição de Pedro Xavier Gontijo. Naquela época, en-tre 1908, ele se dirigia as pessoas para uma reunião com o intuito de refl etir sobre as ações necessárias para a criação da cidade.

Em busca de pessoas idealistas para este fi m, entrou em contato com o Padre Matias Lo-bato, via carta, convidando-o para ser vigário do arraial e juntar forças para fazer o arraial, a cidade do Divino. Padre Matias Lobato veio pessoalmente e, em 1911, tornou-se vigário de Espírito Santo do Itapecerica. Com ca-risma e atuação nas causas sociais, em pouco tempo tornou-se querido. Padre Matias Lobato contribuiu com a criação da cidade e foi membro atuante da Comissão Encarregada da Criação do Mu-nicípio. No entanto, ele também desejava contribuir com socialmente, e não somente com a política. Após a posse da primeira Câ-mara Municipal, ele dedicou-se a construção do Hospital Nossa Senhora da Conceição Aparecida, a Santa Casa, que foi inaugu-rada em 1918, um ano após o falecimento dele. O referido padre morreu precocemente bastante debilitado por uma série de distúr-bios mentais. A instituição assistencial ini-ciada por ele transformou-se, mais tarde, no Hospital Nossa Senhora Aparecida e, depois, em um asilo para pessoas idosas. Nossa personalidade homenageada neste Terceiro Fascículo viveu durante pou-cos anos em Divinópolis, mas foi sufi ciente para imortalizar o nome dele na memória e no coração dos divinopolitanos.

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A Saúde dividida por doiS marcos

Amanda Quintiliano

Tecnologias distantes da realidade da região Centro-Oeste e que propiciaram o avanço da me-dicina. A implantação do Hospital São João de Deus (HSJD), em1968, representou a evolução da Saúde em Divinópolis e em outros 54 municípios. Agora, a construção do Hospital Público Regional deverá ser o marco do desenvolvimento da Saúde para as próxi-mas décadas. Essa é a opinião do diretor técnico do HSJD, Dr. Alair Rodrigues, atuante na área há 40 anos. Não demorou e a unidade da Fundação Geraldo Corrêa tornou-se referência na região. Abraçou a demanda de Divinópolis e dos municípios vizinhos, contribuindo para que a cidade se tornasse macrorregional, mais tarde, sendo reforçado com o Pronto Socorro Regional. Por isso, não há como fa-lar sobre Saúde, pública ou privada, sem considerar as cidades que compõem a macrorregião. Agora, o foco é a construção do Hospital Público Regional que deverá atender aproximadamente um milhão de usuários.

Reformulação

Estima-se que 70% da população são aten-didas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e atual-mente, apenas o São João de Deus oferece o serviço.

A alta demanda da média complexi-dade sobrecarregou a unidade, que se mantém como referência, mas passa por difi culdades fi nanceiras, motivada também, pelo baixo valor da tabela do SUS. Mesmo com os problemas inter-nos, a possibilidade de fechamento foi descartada. “Pensar em fechar o Hospital São João de Deus seria caótico, uma ca-tástrofe”, afi rma o diretor. Por isso, a unidade passou por reformulações, troca de diretorias. Mas, segundo Rodrigues, não é apenas o HSJD que necessita de mudanças. Para, a Saúde Pública atingir um patamar mais elevado e per-mitir a so-brevivên-cia das unidades, é preciso

São João de Deus e Hospital Público: os “carros chefes” da Saúde Pública

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A Saúde dividida por doiS marcos

rever a forma de fi nanciamento do SUS. “O Hospital Público vem para ser parceiro do HSJD. Ele atenderá a média complexidade desafogando do São João de Deus. Mas, se o hospital público atuar apenas com a tabela do SUS, ele não tem chance nenhuma de dar certo”, avalia.

Suporte

Para o diretor técnico do HSJD, o hospital público dará

uma resposta do dia-a-dia à popu-

lação, ou seja, da média com-

p l e x i d a d e . Com isso, o São João de Deus poderá focar na alta complexi-dade. “Um dará su-porte ao o u t r o”, ressalta. E l e

considera o HSJD como o “carro chefe” da medicina em Divinópolis e no Centro-Oeste e disse que ago-ra, esta unidade, marcará uma nova época da Saúde Pública. São 100 anos divididos por dois marcos. Mesmo considerando que o Hospital Público nascerá pequeno, se comparado com a construção do HSJD, na época, ele acredita que se um for aliado do outro, poderá haver a melhoria da qualidade do ser-viço prestado. “Acredito que o HSJD cumprindo o pa-pel dele e o Público sendo realmente efi caz, dará certo. Lá tem que ser competente ou as demandas continu-arão a ser direcionadas para cá”, alega. Para Dr. Alair, uma das melhores formas de gestão seria por meio das Organizações Sociais, como é pretendido pela Administração Municipal. Segundo ele, manter a gestão por meio dos órgãos públicos se-ria permitir “que todas as mazelas do serviço público” fi zessem parte dele. “Com todas as mazelas do serviço público ele, certamente, nascerá fracassado”.

Bicentenário

Com todos os avanços tecnológicos e desco-bertas, prevê um cenário para a Saúde em 100 anos é tarefa difícil. Por isso, Dr. Alair preferiu não se arriscar e disse apenas esperar que se concretize o que não foi cumprido em 24 anos de existên-cia da Constituição Federal: que todas as pessoas tenham acesso à Saúde. “Que se faça cumprir em 100 anos o que não se fez em 24”, fi naliza.

São João de Deus e Hospital Público: os “carros chefes” da Saúde Pública

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Amarilis Pequeno

Durante muito tempo, os morador-es do Arraial do Espírito Santo do Itape-cerica foram atendidos por médicos que vinham de fora, ficavam algum tempo e iam embora. “Eles atendiam em domicílio. Ao final do exame, a dona da casa lhe ofe-recia bacia e toalhas para lavar as mãos e um cafezinho,” era uma forma de agradeci-mento como consta no livro: Divinópo-lis Hipócrates, História da Medicina em Divinópolis da autora Eliza Franca. Além da pequena população, muitas pessoas passavam por Divinópolis de via-gem e todos necessitavam de cuidados. Por ficar às margens de um rio, numa região de muitas matas, havia muitas doenças endêmicas, transmitidas por mosquitos e, para combatê-las, vinham médicos e os guardas sanitaristas os “mata-mosquitos” enviados pelo governo estadual e federal. Como eles ficavam um tempo e iam em-bora, pouco se sabe sobre eles. Mas, havia os que sonhavam com uma cidade, como o Padre Matias Lobato, pessoa de grandes ideais e muito amor pelo povo. Em 1914, ele convenceu a popu-lação sobre a necessidade da construção de uma Santa Casa. A construção foi iniciada

em 23 de novembro de 1915. “O povo em procissão, cantando com alegria, carregou o material necessário para início da obra”. Em 11 de maio de 1918 foi inaugurada a primeira parte em homenagem ao ideal-izador, Padre Matias que faleceu em São João Del Rei, em 25 de junho de 1917”. No dia 13 de agosto de 1933, a Santa Casa pas-sou a ser o Hospital Nossa Senhora Apare-cida, graças ao trabalho de seu provedor, o Senhor Jovelino Rabelo, e depois de alguns anos foi transformada em asilo, hoje, Lar dos Idosos. Outros grandes benfeitores foram o Doutor Francisco Malaquias e as Irmãs da Congregação do Sagrado Coração. A partir daí, começaram a chegar médicos que vin-ham para ficar. O Doutor Sebastião Gomes Guimarães foi o primeiro, aqui chegando em 1942.

Fonte: FRANCA, Elisa. Divinópolis Hipócrates: História da Medicina em Divinópolis. Edi-tora: Gráfica Serfor Serviços Gráficos Ltda.ARAUJO, Aurélio Antunes de. Viagem no tempo: Divinópolis: 1725 - 1975. Divinópo-lis: Aurélio Antunes de Araújo. 1998.

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O PRIMEIROHOSPITAL DE DIVINÓPOLIS

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Em 1966 no prédio do hospital foi instalado o Lar dos Idosos, que hoje abriga mais de 50 pessoas. Os equipamentos e a mobília foram doados para o Hospital São João de Deus .

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Nasceu em Divinópolis. Seu sonhofoi sempre o de seguir a Medicinaafagando este ideal desde meninaa iluminar-lhe o coração risonho.

Misteriosa, serena, femininaseu mundo interior eu não transponho

parece ter o espírito tristonhode alguém que as próprias emoções domina.

Hoje laureada ginecologistaTalvez, quem sabe, algum Romeu existia

A dominar-lhe o coração secreto.

Eva na ciência irá fazer milagreE é seguro que breve se consagreA senhora gentil deste soneto...

Edson Moreira

Publicado no Jornal Estado de Minas em dezembro de 1949. Retirado do livro “Divinópolis e Hipócrates, história da medicina em Divinópolis”.

PERFIL DOS DOUTORADOS (ELISA FRANCA)

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