estrategia para crescer.pdf
TRANSCRIPT
-
ESTRATGIA PARA
CRESCERLies de pases
que incluem oempreendedorismo
e as micro epequenas empresas
na agenda dodesenvolvimento
-
ESTRATGIA PARA
CRESCERLies de pases
que incluem oempreendedorismo
e as micro epequenas empresas
na agenda dodesenvolvimento
Organizado por Eloi Zanetti
-
ESTRATGIA PARA
CRESCERLies de pases
que incluem oempreendedorismo
e as micro epequenas empresas
na agenda dodesenvolvimento
Organizado por Eloi Zanetti
Autores:
Agnaldo Gerson CastanharoAlba Silva Anastacio Soares
Allan Marcelo de Campos CostaClaudio Eduardo de Assis
Fabio Hideki OnoHeverson Feliciano
Joailson Antonio AgostinhoJose Gava Neto
Jose Ricardo Castelo CamposJulio Cezar AgostiniLuiz Carlos da Silva
Marcos Aurlio de LimaOrestes Hotz
Rainer JungesRenata Borges Todescato
Vitor Roberto Tioqueta
Braslia, DF 2014
Organizado por Eloi Zanetti
-
2014. Servio Brasileiro de Apoio s Micro e Pequenas Empresas Sebrae
Todos os direitos reservados.
Nenhuma parte desta publicao poder ser reproduzida ou transmitida de qualquer modo ou por qualquer outro meio, eletrnico ou mecnico, incluindo fotocpia, gravao ou qualquer outro tipo de sistema e armazenamento e transmisso de informao, sem prvia autorizao, por escrito do Sebrae. A
reproduo no autorizada desta publicao, no todo ou em parte, constitui violao dos direitos autorais (Lei n. 9.610/1998).
SEBRAE NACIONAL
Presidente do Conselho Deliberativo Nacional
Roberto Simes
Diretor Presidente
Luiz Eduardo Pereira Barretto Filho
Diretor Tcnico
Carlos Alberto dos Santos
Diretor de Administrao e Finanas
Jos Claudio dos Santos
Gerente da Universidade Corporativa Sebrae
Alzira de Ftima Vieira
SEBRAE PARAN
Presidente do Conselho Deliberativo Estadual
Joo Paulo Koslovski
Diretor Superintendente
Vitor Roberto Tioqueta
Diretor de Operaes
Julio Cezar Agostini
Diretor de Administrao e Finanas
Jos Gava Neto
Gerente da Unidade de Gesto Estratgica
Fabio Hideki Ono
Conselho Editorial e Coordenao Tcnica
Raquel Cardoso Bentes
Leandro DonattiFabio Hideki Ono
Textos produzidos e organizados por: Eloi Zanetti
Entrevistas com: Agnaldo Castanharo, Alba Anastcio Soares, Allan Marcelo de Campos
Costa, Cludio Assis, Fabio Hideki Ono, Heverson Feliciano, Joailson Agostinho, Jos Gava
Neto, Jos Ricardo Castelo Campos, Julio Cezar Agostini, Luiz Carlos da Silva, Marcos Aurlio Lima, Orestes Hotz, Rainer Junges, Renata Todescato e Vitor Roberto Tioqueta
Reviso de contedos: Elisa Marlia Carneiro, Fabio Hideki Ono, Leandro Donatti
Fotos: produzidas pelos integrantes das misses
Todos os textos so fruto da percepo e anlise colhidas durante trs misses
internacionais realizadas por diretores e gerentes do Sebrae/PR em 2012, para Coreia
do Sul, Tailndia, Malsia e Cingapura; Dinamarca, Sucia, Noruega, Finlndia e Rssia; e ndia (Mumbai, Bangalore, Nova Deli), Hong Kong, Taiwan e China.
Diagramao e editorao: iComunicao
Informaes e ContatoSebrae Nacional
SGAS 605 Conj. A Asa Sul 70200-904 Braslia/DF
Telefone: (61) 3348-7100
Sebrae Paran
Rua Caet, 150 - Prado Velho Curitiba/PRTelefone: (41) 3330-5800
www.sebrae.com.br
Dados Internacionais de Catalogao na Publicao (CIP)Bibliotecria responsvel: Jaciara Coelho P. de Oliveira
E82Estratgia para crescer : lies de pases que incluem o empreendedorismo e as micro e pequenas empresas na agenda do desenvolvimento. / Eloi Zanetti (org.). Braslia : Sebrae, 2014.
164 p.ISBN (impresso) 978-85-7333-626-9ISBN (eletrnico) 978-85-7333-625-2
1.Benchmarking internacional 2. Pequenos negcios 3. sia I. Zanetti, Eloi (org.) II. Sebrae
CDU 005.642.1
-
Viajar s tem vantagens: se formos
para pases melhores, podemos
aprender a melhorar o nosso.
Se pararmos em pases piores,
podemos passar a apreciar o nosso
Samuel JohnsonEscritor ingls
-
Experincia global, atuao local
O Sebrae uma empresa de conhecimento, de saberes e boas prticas. Aprendemos mais a cada dia e disseminamos as nossas experincias para realizarmos um atendimento mais qualificado aos nossos clientes, afinal somos especialistas em pequenos negcios.
Anualmente, preparamos as altas e mdias lideranas do Sebrae dentro de parcerias da Universidade Corporativa com renomadas instituies de ensino nacionais e internacionais. O objetivo trazer a experincia global para a atuao local. Com isso, buscamos atualizar os conhecimentos e construir um modelo de liderana que reflita os objetivos e as diretrizes estratgicas do Sebrae.
Este livro fruto da experincia de lderes do Sebrae que participaram de trs misses internacionais ao Sudeste Asitico, Rssia e Escandinvia e ao Leste Asitico. uma forma de disseminar o conhecimento adquirido.
As escolhas dos pases visitados levaram em conta o relatrio Doing Business do Banco Mundial os melhores lugares do mundo para se fazer negcio. Os grupos formados pelo Sebrae no Paran optaram por regies consideradas competitivas, modernas e que esto bem inseridas no novo mundo globalizado.
A publicao apresenta o resultado e o aprendizado dos grupos em cada instituio visitada universidades, agncias de fomento, parques tecnolgicos, bancos e incubadoras para aplicar localmente essas boas prticas.
Dessa forma, temos na Universidade Corporativa Sebrae uma importante aliada na gesto do conhecimento de todo o Sistema. Esse tipo de investimento gera uma rica experincia e eleva o nvel de inovao e de atuao do Sebrae, alm de aperfeioar o nosso trabalho.
Recomendo que aproveite esta oportunidade de aprendizado.
Jos Claudio dos Santos
Diretor de Administrao e Finanas
Sebrae Nacional
-
Uma viagem rumo ao desenvolvimento
A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltar ao seu tamanho original. A frase, eternizada pelo fsico e humanista alemo Albert Einstein, revela o poder do conhecimento e sua capacidade de transformar pessoas e realidades. O desconhecido, que em via de regra provoca indagaes e conduz a reflexes, gera tambm aprendizados importantes na esfera dos negcios e nas instituies que o representam.
Este livro, Estratgia para crescer - Lies de pases que incluem o empreendedorismo e as micro e pequenas empresas na agenda do desenvolvimento, um exemplo disso. O Sebrae do Paran, representado por seus diretores e gerentes, realizou em 2012 trs misses tcnicas rumo ao desconhecido, para pases que, segundo o Banco Mundial, tornaram-se os melhores lugares do mundo para se fazer negcios.
Na bagagem dos exploradores, a curiosidade pelo novo e o desejo de uma equipe jovem em conhecer modelos de desenvolvimento, marcados pela incluso dos pequenos negcios, bandeira do Sebrae tambm no Brasil. Conhecimento que tem sido aplicado pelo Sebrae no Paran na sua reinveno, com foco em 2022, quando a entidade comemorar 50 anos de existncia como servio de apoio s micro e pequenas empresas.
Passados dois anos da experincia, e absorvidas as principais lies aprendidas com gigantes como Cingapura, Coreia do Sul, Dinamarca, Sucia, Noruega, Hong Kong e China, hora de compartilhar. Que este livro, uma iniciativa acolhida e estimulada pelo meu antecessor na Presidncia do Conselho Deliberativo, Jefferson Nogaroli, possa despertar a curiosidade de quem acredita no empreendedorismo, alm de tambm servir de subsdio para a busca permanente pela melhoria da gesto, criatividade e superao dos desafios que os micro e pequenos empresrios enfrentam todos os dias.
Curiosidade que leva ao desconhecido, que gera conhecimento, que amplia a mente e que promove transformaes! Compartilhemos o aprendizado do Sebrae no Paran revelado nesta obra e planejemos o desenvolvimento do nosso Pas!
Joo Paulo Koslovski
Presidente do Conselho Deliberativo
Sebrae no Paran
-
Lio que nos faz olhar para o futuro
O Sebrae comeou a escrever uma nova pgina da sua histria no Paran. Em 2011, uma profunda discusso sobre o seu papel, misso e viso em longo prazo, no apoio ao empreendedorismo e aos pequenos negcios, comeou a ser trilhada, com o olhar voltado para 2022, quando o Sebrae completar 50 anos e precisar dialogar com novos cenrios.
Esse trabalho, iniciado pela Diretoria Executiva do Sebrae no Estado, que tinha poca Allan Marcelo de Campos Costa, como ento diretor-superintendente; Julio Cezar Agostini, diretor de Operaes; e Vitor Roberto Tioqueta, ento diretor de Gesto e Produo, nasceu de uma necessidade da instituio em se consolidar como servio de apoio aos pequenos negcios. Com base nos anseios dos empreendedores, empresrios, representantes de entidades empresariais e sociedade paranaense, e de olho no futuro, a instituio sentiu a necessidade de conhecer experincias exitosas para melhor atender e enfrentar os desafios permanentes impostos ao empreendedorismo.
As trs misses tcnicas aos pases considerados os que oferecem melhor ambiente para se fazer negcios, tema deste livro, foram minuciosamente estudadas para contribuir na construo dessa nova estratgia, que hoje j uma realidade. Aprendizado que incorporamos no planejamento que vai orientar o Sebrae dos prximos anos e que balizar a sua atuao no Paran. Uma experincia marcada pelo conhecimento a partir de boas prticas. Em cada visita, novas descobertas e tambm constataes de que o Sebrae, como instituio de apoio e articulao, est no caminho certo, quando defende a ideia de que as micro e pequenas empresas so a melhor alternativa para o desenvolvimento do pas.
O principal ensinamento, que nos levar mais fortes para 2022, foi perceber que boa parte dos pases que atingiram maturidade no estmulo aos negcios prosperou graas a uma conjugao de interesses comuns, dos cidados s foras polticas, aliada a planejamento, foco e muito trabalho. Atitude que ajudou na superao de adversidades e tem servido de amlgama para o desenvolvimento. Exemplos que inspiraram e ainda vo inspirar muito o Sebrae do Paran.
Agradecemos ao Sebrae Nacional pela oportunidade de materializar, por meio deste livro, o conhecimento gerado com as misses, que tm nos ajudado muito nessa jornada. E assim provocar, e estimular, a discusso sobre a necessidade de uma
-
estratgia para crescer de fato, que leve em considerao os pequenos negcios, como propulsores de empregos e renda, e a sua representatividade na economia e na vida das pessoas.
Vitor Roberto Tioqueta
Diretor Superintendente do Sebrae no Paran
Julio Cezar Agostini
Diretor de Operaes do Sebrae no Paran
Jos Gava Neto
Diretor de Administrao e Finanas do Sebrae no Paran
-
SumrioPREFCIO
Otaviano Canuto
APRESENTAO
MISSO SUDESTE ASITICO
Coreia do Sul, Tailndia, Malsia e Cingapura
MISSO RSSIA-ESCANDINVIADinamarca, Sucia, Noruega, Finlndia e Rssia
MISSO LESTE ASITICO
ndia, Hong Kong, Taiwan e China
AS LIES APRENDIDAS
As opinies dos grupos
PALAVRAS FINAIS
ANEXOS
15
21
27
51
79
121
129
135
-
Prefcio
-
Prefcio
-
Reflexes para uma agenda de desenvolvimento
Crescimento e desenvolvimento econmico so temas que h muito tempo despertam o interesse de economistas. Quais fatores levaram alguns pases a crescer e a se desenvolver mais rapidamente do que outros? Que medidas pases e regies emergentes poderiam tomar para acelerar o seu desenvolvimento de forma sustentvel? H uma mirade de teorias e modelos que visam a responder perguntas como essas.
Inegavelmente, variveis macroeconmicas, como investimento, taxas de cmbio, de juros, dentre outras, so determinantes para o crescimento e competitividade dos pases. Contudo, muitos fatores de competitividade so determinados no nvel micro, das pessoas, dos empreendedores e das pequenas empresas, e influenciados pelo ambiente regulatrio para os negcios.
A competio no ocorre somente entre empresas, mas tambm entre cidades e naes. O relatrio Doing Business, publicado anualmente pelo Banco Mundial, traz uma base de comparao entre os ambientes de negcios do mundo e visa oferecer referncias objetivas para melhorias. Trata-se, portanto, de um importante referencial para reformas e para que pases em pior classificao possam tomar lies daqueles melhor qualificados. Conhecer as melhores prticas internacionais e adapt-las s realidades locais uma forma de catalisar o processo de desenvolvimento.
Nesse sentido, considero louvvel a iniciativa do Sebrae, de buscar as boas prticas internacionais de fomento ao empreendedorismo e ao desenvolvimento dos pequenos negcios.
Por meio de visitas in loco, a equipe do Sebrae do Paran conheceu experincias de pessoas e de instituies presentes em pases com nveis distintos de desenvolvimento e de eficincia de seus ambientes regulatrios. As condies apresentadas em Cingapura, pas em melhor posio no ranking Doing Business, so bastante distintas de outros
-
pases visitados, como Rssia, China e ndia, que, juntos com o Brasil, compem o BRICS. Essa diversidade muito rica em qualquer processo de benchmarking e o livro traz uma importante consolidao desse conhecimento. Traz ainda um conjunto de lies aprendidas, muitas das quais o Sebrae j incorporou em seu planejamento estratgico, conforme apresentado no anexo.
Considerando os desafios atuais da economia brasileira, no que diz respeito ao aumento da produtividade e das condies de competitividade, muito salutar que se compartilhem as boas referncias internacionais. As lies apresentadas pela equipe do Sebrae trazem importantes reflexes para uma agenda de desenvolvimento no somente do prprio Sebrae, como para outras instituies.
Parabns ao Sebrae por trazer esse conhecimento a pblico.
Otaviano CanutoConselheiro Snior do Banco Mundial para Economia BRICS
-
Apresentao
-
Apresentao
-
23
APRESENTAO
Quando um grupo de tcnicos, gerentes e diretores do Servio de Apoio s Micro e Pequenas
Empresas do Estado do Paran (Sebrae PR) comeou a pensar, em 2011, na estratgia da instituio,
com vistas a um perodo de dez anos, esbarrou com os seguintes questionamentos: e o Brasil? E as
nossas empresas? E o nosso povo? E os nossos sistemas de apoio aos novos empreendedores? Ser
que conseguiremos em 2022, quando a instituio completar 50 anos de existncia, encontrar um
pas altamente competitivo no mercado internacional ou ainda estaremos restritos ao fornecimento
de commodities, como sempre fizemos? As primeiras reflexes levaram a outro questionamento:
podemos, sim, pensar em ns mesmos como instituio para dali a dez anos. Mas o que poderamos
fazer para colaborar tambm com um futuro melhor para todos aqueles que esto nossa volta?
Afinal, o primeiro compromisso do Sebrae com a sociedade deix-la sempre melhor.
Foi ento que surgiu a ideia de procurar, dentre os inmeros pases que esto
fazendo os seus deveres de casa bem, alguns que nos servissem de espelho. No seriam
apenas estudos baseados em material j publicado em revistas e jornais de negcios
e em informaes disponveis na internet. Todo mundo sabe como a Coreia do Sul, a
China e a Noruega trabalham e disputam mercado. A ideia inicial foi ver in loco, sob
o olhar aguado do prprio Sebrae PR, por tcnicos que conhecem como ningum
o dia a dia dos empresrios de micro e pequenas empresas e os meandros da nossa
legislao comercial. S assim, poderamos comparar e tirar a melhor lio de cada pas
a ser observado e aplicar esse aprendizado aqui mesmo no Brasil. Por que comear da
estaca zero, se podemos encurtar caminhos e aprender com a experincia de outras
pessoas e instituies? Buscamos assim retirar dessa experincia a essncia de cada
instituio visitada: universidades, agncias de fomento, parques tecnolgicos, bancos
e incubadoras e apresent-las aos nossos clientes, polticos, autoridades e parceiros
sob as mais diversas formas: publicaes, palestras, seminrios e um livro este livro.
Em um mundo dito globalizado, interligado por comunicaes instantneas que
aproximam pases e povos antes to distantes e diferentes, buscar essas informaes,
vivenci-las de perto e reparti-las no seria tarefa fcil. O primeiro objetivo foi definir
o que queramos saber. Depois, em que lugar realmente encontraramos essas
informaes, uma vez que a mdia corporativa fala delas todos os dias, mas, muitas
-
24
ESTRATGIA PARA CRESCER
vezes, de forma dispersa, desorganizada e at como lenda urbana. A pergunta lanada
como desafio foi: Ser que o povo, as leis, a competncia, a qualidade das indstrias e
a velocidade desses pases em fabricar, vender, estruturar e entregar os produtos que
vendem so to competentes como parecem ser? Na realidade, carecia ver de perto, e
em grupos diferentes, para se ter vises distintas e compreender o que o mundo est
fazendo de inusitado e o que ele pode nos ensinar. A equipe entusiasmou-se com a
ideia de mapear as prticas, conversar com especialistas, buscar e aprender os processos
inovadores que fizeram com que o ambiente de negcios para pequenas empresas se
tornasse mais favorvel nesses pases. Foi dado um passo frente com a ideia surgiu
o Projeto Misses Sebrae PR.
E O PRIMEIRO DESAFIO FOI DESCOBRIR COMO SE FAZ UM BENCHMARKING DE PASES;
E O PRPRIO RANKING DO BANCO MUNDIAL DEU AS COORDENADAS COM UMA
DIVISO GEOGRFICA QUE FIZESSE SENTIDO.
Aprovada a ideia de buscar informaes em pases que estavam fazendo a
diferena no mundo, nossos olhos dirigiram-se ao relatrio Doing Business do Banco
Mundial Os melhores lugares do mundo para se fazer negcios. No queramos
olhar para naes j h muito desenvolvidas e estabilizadas, como Alemanha, Frana e
Estados Unidos. Nossos espelhos seriam as regies recm-expostas mdia mundial
como agressivas, competitivas, modernas e que esto bem-inseridas no novo mundo
globalizado. Por exemplo, sabamos pouco sobre o Leste Asitico, no conhecamos
quase nada da sua histria, cultura e as trajetrias que o levaram ao topo do ranking
do Banco Mundial. Ver, tocar, conversar, olhar de perto e debater o que poderamos
observar, de forma organizada e sistemtica, em grupo, nos prprios locais de
observao, nos dariam lies valiosas, prticas e rpidas sobre esses pases. Assim
seria mais fcil e produtivo a sua disseminao e aplicao aqui no Brasil.
Ajudou-nos na jornada a criao de um manual que contivesse todo o processo
de benchmarking, fornecendo-nos informaes sobre roteiros, lugares, instituies,
modo de vida e de se fazer negcios, dados econmicos, culturais e histricos locais.
Ganhamos em economia de tempo e praticidade de viagem. Para alguns de ns,
certos pases eram desconhecidos, pois s tnhamos vagas referncias. As pesquisas
-
25
APRESENTAO
prvias e as informaes disponveis nesse manual nos prepararam para um olhar mais
acurado e nos ajudaram na elaborao de perguntas mais pertinentes a nossa meta de
trabalho. Tambm ficou acertado que cada um de ns, em cada uma das trs misses,
ficasse de estudar a fundo um determinado pas. Depois, deveria repartir com o restante
o que aprendera. Assim, partiramos melhor preparados.
Montar o planejamento da viagem nos ajudou e nos guiou por todo o caminho.
Nosso objetivo era importar os processos e os instrumentos que esses povos usam
para incentivar o progresso dos seus empreendedores. Saber o que fazem para
justificar tanto sucesso comercial. Sabamos que lidaramos com culturas diversas de
povos milenares que pensam de forma diferente de ns e, apesar da sua proximidade
geogrfica, at entre eles.
DEPOIS DE UM EXTENUANTE DIA DE VISITAS MAIS REUNIES
Ao final de cada dia, nos hotis, nos reunamos para trocar impresses e repartir
o que cada um havia visto de interessante, que pudesse ser til aos empreendedores
do nosso pas. A disciplina imposta era frrea. Mesmo cansados, ouvamos uns aos
outros, falando sobre o que foi percebido. Aps as explanaes, trocvamos percepes
e anotvamos numa espcie de dirio de viagem.
Esses encontros dirios nos ajudavam a organizar as informaes ainda frescas
sobre o que havamos visto durante o dia. Em viagens a vrios lugares ao mesmo
tempo, o nosso crebro processa muitos dados, e a tendncia final misturar tudo e
esquecer assuntos importantes.
Alm disso, esse sistema nos ajudou a comparar, da melhor forma, tudo o que
cada um havia visto. Ao mesmo tempo, um resumo da conversa ia para um blog que,
alimentado passo a passo, servia de canal de informao para todos aqueles que
quisessem dispor das notcias. Uma curiosidade: o blog1 nasceu no aeroporto de partida,
na espera em Cumbica.
1 http://pelaasia.blogspot.com.br/http://escandinaviaerussia.blogspot.com.br/http://missaolesteasiatico.blogspot.in/
-
Misso Sudeste Asitico
-
OPINIO DOS PARTICIPANTES:
Allan Marcelo de Campos Costa,Allan Marcelo de Campos Costa,Fabio Hideki Ono,
Heverson Feliciano,Rainer Junges e
Renata Borges Todescato Renata Borges Todescato
Coreia do Sul, Tailndia, Malsia e Cingapura
Misso Sudeste Asitico
-
28
ESTRATGIA PARA CRESCER
Em todos os pases que visitamos, encontramos uma dstica, um pensamento nico, expressado
por todos: polticos, empresrios, lderes dos diferentes setores e pelo mais humilde cidado.
Ouvamos esse mantra ser repetido por atendentes nos hotis e pelos taxistas que nos levavam
para alguma reunio ao saberem quais os nossos interesses em seus pases. O credo das populaes
visitadas reza:
Temos que investir e trabalhar unidos a fim de tornar o nosso pas um lugar
super competitivo para se fazer negcios o adjetivo necessrio, porque isso
mesmo. Vamos facilitar ao mximo a execuo dos trabalhos dos nossos parceiros
empresrios e empreendedores locais e internacionais. Estamos sempre investindo
em logstica, tornando nosso sistema de transporte estradas, terminais, portos e
aeroportos mais eficiente e econmico para quem o usa. Lutamos constantemente
contra a burocracia, retirando leis que no servem para nada. Acreditamos que estamos
no caminho certo, pois os resultados esto aparecendo a olhos vistos.
Coreia do SulSonhos compartilhados
Priorizamos a educao, porque ela nos ajuda a realizar nosso maior objetivo como
nao: ser competitivos. Depoimento de um taxista.
H trs dcadas, o pensamento dos coreanos foi claro: Para que possamos ser
um pas exportador de alta tecnologia agregada em produtos manufaturados de alto
valor, teremos que investir maciamente em educao. Portanto, quando se fala que
-
29
MISSO SUDESTE ASITICO
a Coreia do Sul investe muito em educao porque esta a base dos seus planos de
negcios: a necessidade de preparar, a mdio e longo prazos, bons tcnicos, cientistas,
pesquisadores, homens de negcio e mo de obra qualificada para as atividades de
produo, comrcio e exportao.
A equao coreana simples mdias empresas, altamente competitivas, atreladas
a grandes conglomerados para lhes dar suporte e torn-los agressivos no mercado
internacional. Essas empresas so hoje as grandes alavancadoras do processo de
inovao da Coreia do Sul. um pouco diferente do modelo brasileiro, temos bons
sistemas de apoio s nossas micro e pequenas empresas, facilitamos o crdito aos
grandes conglomerados e quase nos esquecemos de apoiar as mdias empresas,
justamente as que precisam de ateno nos seus perodos de crescimento. Usando
uma metfora: somos bons pediatras e sabemos tratar os adultos, mas no exercemos
nada de puericultura. Fica uma reflexo: por que no ampliamos os programas de apoio
s mdias empresas brasileiras?
O sistema coreano, de privilegiar mdias e grandes empresas, faz com que o
sonho de todo jovem local seja o de se trabalhar nelas. Quase ningum sonha em ser
empreendedor ou pequeno empresrio. H um respeito muito grande pela hierarquia
no pas e uma espcie de resignao sobre o lugar de cada um na cadeia produtiva,
pois o pas foi criado para isso.
O papel do governo coreano no induzir ou ensinar o empreendedorismo
individual, mas sim tirar os obstculos do caminho para quem queira crescer e tornar-
se competitivo no mercado mundial.
Em termos de qualidade de vida, os coreanos esto muito bem no sentido
material, com acesso a bens de consumo, estrutura de cidades e apoio educao e
sade. Por outro lado, h um estresse constante, motivado pela ameaa do vizinho
do norte, sempre em posio beligerante. Essa tenso faz parte do cotidiano local
e comum ver avies de caa sul-coreanos patrulhando o espao areo do pas de
forma permanente a cada hora poder cair uma bomba em suas cabeas. Viver sob a
ameaa de uma espada de Dmocles no nada confortvel. Outro fator de estresse
o medo de perder as condies econmicas conquistadas, uma vez que o coreano
muito consumista. Somam-se a isso as exigncias do trabalho rduo, competitivo,
-
30
ESTRATGIA PARA CRESCER
a concorrncia brutal entre si e o sistema escolar com muitas horas de estudo oito
horas por dia so obrigatrias e pouco tempo de lazer para jovens e crianas. fcil
e difcil viver na Coreia do Sul nada perfeito.
Enxergamos a Coreia do Sul como um sonho de consumo, um Brasil para daqui
duas dcadas. Se o nosso pas fizer o que tem de ser feito: facilitar a vida dos seus
empresrios, retirar o excesso de leis, promover uma reforma fiscal, simplificar o
recolhimento dos impostos e privilegiar a educao de qualidade, com o potencial que
temos, seremos muito mais do que a Coreia hoje.
COMPETITIVIDADE EMPRESARIAL EM SINTONIA COM A POLTICA DE ESTADO
O Korea Eximbank o banco de exportao e importao local. Atualmente,
desenvolve um programa chamado Hidden Champions, que se dedica a fazer com que
em dez anos um grupo de 100 mdias empresas cresa e consiga 8,1% de participao
nas exportaes do pas e, com isso, responder por 80% dos empregos da populao
jovem e acrescentar 2 bilhes de dlares ao PIB coreano.
O Eximbank teve um papel fundamental nos planos da Coreia do Sul, pois, durante 11
anos, focou no financiamento para a melhoria da infraestrutura; nos 12 anos seguintes,
no fomento globalizao da economia e das exportaes. E atualmente, ltimos 12
anos, na busca do desenvolvimento e na sofisticao das solues financeiras a serem
colocadas disposio das empresas locais.
A opo pela competitividade empresarial est sempre em sintonia com a poltica
de Estado. uma funo estratgica, visto que o pas pobre em recursos naturais
e tem de lutar para agregar valor s suas exportaes. Qualquer escolha, para apoio
a alguma empresa, deve seguir nessa direo, no desenvolvimento tecnolgico e ter
potencial para crescimento agressivo.
Em 2011, a instituio atendeu 26.148 pequenas empresas em processo de expanso
e consolidao, mais 16.944 em projetos de inovao tecnolgica. O financiamento para
pequenas e mdias empresas na Coreia, em 2011, contou com recursos na ordem de 70
bilhes de dlares, oriundos do governo, e 443 bilhes de dlares, de bancos privados.
-
31
MISSO SUDESTE ASITICO
Percebemos que o conceito de pequena empresa para os coreanos relativo. As
grandes empresas so entendidas como os grandes conglomerados Samsung ou LG
abaixo desses esto as empresas que tm potencial de faturamento entre 500 milhes
e 1 bilho de dlares/ano. Ou seja, bem distantes da realidade das pequenas empresas
brasileiras. Mas ainda assim, alguns aprendizados destacam-se e o mais relevante, a
nosso ver, so as iniciativas com foco claramente definido.
Uma das estratgias mais utilizadas financiar compradores dos produtos coreanos.
Caso um grande comprador estrangeiro tenha a inteno de adquirir grandes volumes
de uma empresa local, o banco financia a compra e paga empresa coreana com o
prprio dinheiro coreano. Em resumo, faz com que o recurso retorne ao prprio pas.
Esse banco teve papel preponderante durante a crise asitica de 1997 dando
suporte aos bancos privados e s empresas locais, para que pudessem resistir
instabilidade econmica. O oramento dessa instituio de 1,9 bilho de dlares,
para as atividades operacionais, e de mais 6 bilhes, para fundos de financiamento.
As empresas candidatam-se aos recursos e somente as que tm melhores condies
de prosperar so aceitas. uma espcie de seleo natural Coreia do Sul onde os
fracos no tm vez.
Nos ltimos anos, o Eximbank tem aumentado seu foco em pequenas empresas,
a fim de reduzir a dependncia dos grandes conglomerados coreanos. Tivemos a
oportunidade de assistir a uma conferncia promovida pelo SBC Small Business
Corporation, com a participao dos pases da APEC Asia-Pacific Economic
Cooperation, que tratou de temas relacionados s pequenas empresas e startups.
As instituies que oferecem estrutura de suporte s pequenas e mdias empresas
na Coreia tm responsabilidade concreta no cumprimento das metas e estas esto
relacionadas participao daquelas no PIB do pas, nas exportaes e na gerao de
empregos. Ou seja, os resultados no se medem pelo nmero de empresas atendidas,
mas sim por aquilo que foi gerado com o trabalho realizado. Se comparados com o
Brasil, os indicadores de resultado so completamente diferentes. A viso de longo
prazo, nada imediatista.
Visitamos o SMBA Small and Business Association, a instituio mais importante
de toda a estrutura de apoio s pequenas empresas. Concentra sete grandes entidades
-
32
ESTRATGIA PARA CRESCER
sob seu guarda-chuva, tem oramento de 1,9 bilho de dlares para operaes, mais 6
bilhes de dlares para fundos de financiamento. Cada instituio tem bem-definido
o seu trabalho e no h sobreposio de tarefas, cada uma sabe o que a outra faz e
cuida bem da sua parte.
SBC Small and Medium Business Corporation
Treinamento para CEO e gesto dos fundos para apoio s pequenas empresas.
TIPA Korean Technology and Information Promotion Agency for SMEs Desenvolvimento e informao.
SBDC Small Business Distribution Center Distribuio de produtos para pequenas e mdias empresas.
KISED Korean Institute of Startups and Entrepreneurship Development Startups.
KVIC Korean Venture Investment Corp Venture Capital.
SEDA Small Enterprise Development Agency Microempresas.
KOSBI Korean Small Business Institute Pesquisa e formulao das polticas.
Os critrios para classificar pequenas empresas:
rea industrial Com menos de 300 empregados Capital inferior a 6,8 milhes de dlares
reas da minerao, construo e transporte
Com menos de 300 empregados
Capital inferior a 2,5 milhes de dlares
rea do varejo Com menos de 200 empregadosFaturamento inferior a 20 milhes de dlares/ano
Para os coreanos, microempresas possuem menos de dez empregados. Para essas,
existem programas de educao a distncia, via e-learning e um canal de tev voltado
educao da sua fora de trabalho. Tambm dispem de programas de reformulao
de lojas, ampliao e melhoria no atendimento. Para suprir a carncia de mo de obra
-
33
MISSO SUDESTE ASITICO
tcnica, as escolas de formao tecnolgica tentam atrair os estudantes, tirando-os
das escolas de formao genrica. Existe um desencontro entre as vagas disponveis
em pequenas empresas e o nmero de jovens procura de emprego nos grandes
conglomerados.
Atualmente, a Coreia do Sul interpreta de forma muito clara a percepo de
que preciso diversificar a economia para reduzir a dependncia dos grandes
conglomerados que, por causa da sofisticao dos processos industriais, esto
empregando cada vez menos.
Por isso, buscam apoiar mais os pequenos negcios. Fazem isso da maneira
coreana, nada de aes massificadas com milhares de pequenas aes pontuais
de efetividade questionvel. Mas com programas de mdio e longo prazos, com
responsabilidade conjunta pelo desenvolvimento das empresas que apoiam e estas,
com muita competitividade, visando sempre ao mercado internacional.
DA POBREZA RIQUEZA ENTRE AS NAES EM POUCAS DCADAS
Aps a Segunda Guerra Mundial e a guerra entre as Coreias, a Coreia do Sul era um
dos pases mais pobres da sia e do mundo. Seus dirigentes, ao analisar a realidade do
pas, concluram que no tinham muitas alternativas o pas pequeno e sem recursos
naturais. Portanto, a nica sada seria importar insumos, recursos e matria-prima e
process-los, agregando valor por meio de alta tecnologia. As expertises deveriam ser
aprendidas em outras naes e incorporadas s suas indstrias.
Em outras palavras, era preciso transformar a Coreia do Sul em um pas exportador.
O resultado, todos conhecemos. Vimos uma beira de rio, onde, h 20 anos, no havia
absolutamente nada, ser hoje a regio mais prspera de Seul o seu centro financeiro.
Na Coreia do Sul, tudo se constri com rapidez, porque no h burocracia nem entraves
legais para atrapalhar a vida de quem quer crescer e desenvolver-se.
-
34
ESTRATGIA PARA CRESCER
A ACADEMIA S TRABALHA EM FUNO DAS NECESSIDADES INDUSTRIAIS TUDO
PARA CUMPRIR AS METAS DO PAS
O Center Seoul Technopolis Seoul Tech faz a integrao das necessidades das
indstrias com o meio acadmico. A universidade existe para servir as necessidades
industriais. Currculos so alterados, para suprir as necessidades das empresas
e prioridades de desenvolvimento do pas; laboratrios so usados para ajudar
no desenvolvimento de novos produtos e dar apoio a projetos competitivos. As
incubadoras so voltadas instalao de empresas com potencial inovador, que
trabalham de braos dados com os pesquisadores. Professores e cientistas trabalham
com entusiasmo, atendendo essas necessidades, pois assim, atendem ao pas.
UMA NOVA CIDADE NASCE EM UM ESTURIO
Num brao de mar, que alagava com a mar cheia, os coreanos esto construindo, desde
2003, uma cidade modelo para abrigar 600 mil habitantes a Incheon Free Economic Zone.
um projeto de 20 anos, com trmino previsto para 2023. Como os coreanos impem
metas concretas para tudo, a Incheon Free Economic Zone, que, atualmente, ocupa a 221
posio no ranking do Banco Mundial entre as cidades, quer ser a 10 colocada em 2023.
A construo dessa cidade est calcada em alguns conceitos-chave:
z compacta tudo deve estar mo, num raio de cinco quilmetros ou a cinco minutos de carro;
z autossuficiente no depender de Seul para nada;
z inteligente conceito just plug in;
z verde 32% da sua rea deve ser ocupada por reas verdes;
z limpa as indstrias devero ser limpas.
Alm de uma fortssima poltica de incentivos fiscais e para investimentos diretos,
foi realizado um trabalho de atrao de universidades de ponta. A agressividade
tanta que escolas internacionais de primeiro time podem candidatar-se a receber
incentivos de at 1 milho de dlares por ano, durante cinco anos.
-
35
MISSO SUDESTE ASITICO
J passados nove anos, a cidade abriga o prdio mais alto da Coreia do Sul e uma ponte
com 21,3 quilmetros, que liga seu aeroporto ao de Seul, considerado um dos aeroportos
mais eficientes do mundo. Alm disso, est em construo um porto gigantesco.
A cidade toda monitorada por cmeras, o que d segurana quase total aos seus
habitantes. Todos tm acesso educao de primeira linha, transporte fcil e barato,
atividades culturais e de lazer e, claro, facilidades para realizar negcios, servios
financeiros e sistema de sade.
Como exemplo, podemos citar que o John Hopkins o candidato a administrar o
hospital local, pelo visto um estado da arte em instalao hospitalar.
TailndiaE o caminho do meio
Na Tailndia, a impresso de que se trabalha para a economia da suficincia no
existe entre seu povo aquilo que chamamos de ganncia desmedida. Os tailandeses, por
serem budistas, seguem o princpio de consumir apenas o que suficiente. Esse modo
de viver at ensinado em sua escola de negcios, sob o ttulo de Sufficiency Economy
Philosophy. Essa doutrina propalada pelo rei e usada como base dos outros cursos
lecionados na escola. Ela enfatiza o caminho do meio, como um princpio de conduta
apropriado, que deve ser predominante em todos os nveis da sociedade. Acreditam
que, por seguirem essa diretriz, o pas tenha superado bem a crise que abalou a sia
em 1997. Porm, quando questionamos sobre detalhes da aplicao dessa norma de
conduta e seus benefcios, algumas pessoas nos deram a entender, nas entrelinhas,
-
36
ESTRATGIA PARA CRESCER
que j no bem assim, que o esprito competitivo e os hbitos do consumo ocidentais
esto batendo porta dos tailandeses.
A indstria mais desenvolvida na Tailndia a do turismo, seguida de uma forte
agricultura. O pas no tem indstrias inovadoras, o que h so empresas estrangeiras
que l se instalam por causa dos baixos custos de mo de obra. Elas se posicionam,
como eixo central no relacionamento, com os vizinhos notadamente os mais
pobres como Myanmar, Filipinas, Laos, Camboja e Vietn. Por enquanto, a mo de
obra tailandesa barata e muitos trabalhadores so contratados para montar peas
das indstrias coreana e japonesa. O custo de um operrio tailands de 10 dlares
ao dia, mas em Myanmar, pas vizinho, de apenas 2,5 dlares, porm a instabilidade
jurdica e a interferncia dos militares dificultam a execuo de negcios neste pas.
Nos ltimos tempos, tanto a Tailndia quanto a Malsia no tm mais pessoas para
inserir no mercado de trabalho. Em funo disso, est sendo montada a AFTA Asean
Free Trade Area, que dever entrar em operao em 2015 e cujo objetivo zerar as tarifas
e liberar o trfego de profissionais qualificados entre dez pases asiticos. Essa nova
estrutura promete movimentar o comrcio mundial, aumentando a competitividade
e atraindo mais investimentos para os pases do bloco.
Vimos que, em termos de infraestrutura, os tailandeses esto bem avanados,
apesar do seu aspecto terceiro mundista, muito semelhante ao Brasil. H um grande e
novo aeroporto, estradas largas com vrias faixas de rolagem e asfalto perfeito quase
todas cobram pedgio.
Em termos de desenvolvimento econmico, os tailandeses consideram a Coreia
do Sul como um exemplo a ser seguido. Na Tailndia, as polticas pblicas de apoio s
pequenas empresas so assistencialistas. Ao comparar os dois pases, perguntamos:
devemos nos espelhar na Coreia do Sul ou na Tailndia? Se continuarmos da forma
que atuamos hoje, estaremos muito prximos da Tailndia. Se quisermos mudar
completamente, e nos aproximar de um pas competitivo, devemos nos espelhar na
Coreia do Sul.
-
37
MISSO SUDESTE ASITICO
MalsiaO pas mais prximo da nossa maneira de ser
A grande surpresa nessa viagem foi a Malsia, parecia que estvamos em casa.
O malaio tem um comportamento quase latino, muito parecido com o do brasileiro.
Gosta de bater um bom papo, antes das reunies, enturma-se com facilidade com
gente desconhecida e fala de amenidades. Em resumo: so extremamente informais
e agradveis. O curioso que, mesmo tendo momentos de informalidade antes das
reunies, quando os trabalhos so abertos tudo fica na mais rgida formalidade e as
apresentaes ocorrem como se a gente nunca tivesse se visto ou conversado.
Com respeito ao apoio s empresas, costumam dizer que gostam de apostar em
cavalo que ganha preo. Na poca, estavam apoiando aproximadamente 400 empresas
de tamanho mdio para grande com 100 milhes de dlares de faturamento ano.
Como em outros pases visitados, o apoio vai at a abertura de capital na Bolsa de
Valores. quando do a misso de apoio como finda. Sabem em quem apostar, porque
o pensamento geral cumprir a estratgia de ser um pas competitivo.
A expresso usada para esse tipo de apoio financeiro e tcnico hand-holding,
literalmente, pegar pela mo uma empresa, ajud-la em seu processo evolutivo,
caminhando sempre juntos. Em suma, assumir tambm a responsabilidade pelo seu
sucesso no mercado.
Visitamos o SME Bank, o banco malaio para apoio aos pequenos negcios. Esse
banco comeou o seu trabalho em 1974 e, de incio, teve forte inclinao assistencialista,
ajudando pequenas empresas independentemente do seu setor de atividade ou
condio de competitividade. Com o tempo, o papel transformou-se e agora est mais
focado em apoiar empresas realmente competitivas com forte potencial exportador.
Tambm aprenderam que os bancos de desenvolvimento devem ser divididos por
funes: comrcio, agricultura e pequenas empresas. Cada um mantm o foco na sua
atividade principal, agem com extrema preciso e evitam a sobreposio de trabalho.
Todos ganham com isso.
-
38
ESTRATGIA PARA CRESCER
Bancos em todo o mundo so criados para oferecer resultados financeiros, isto ,
dar lucro. Na Malsia, essa tambm a meta, porm no a sua prioridade. O principal
papel desse tipo de banco ajudar a desenvolver a economia, apoiando o crescimento
das pequenas empresas. Se uma delas no tem condies de pagar pelo que emprestou,
a primeira preocupao do banco no recuperar os recursos, mas sim, recuperar a
empresa, dando-lhe todo tipo de apoio. Procuram saber por que o financiamento no
pode ser pago, para, a sim, pensar na questo financeira.
O crdito fornecido pelo banco est sempre acoplado consultoria e capacitao
na aplicao do recurso empregado. Talvez, isso ajude a explicar a baixa taxa de
insucesso das empresas atendidas pelo banco. Embora as estatsticas no sejam
precisas, estima-se que apenas 10% das empresas assistidas acabem morrendo no
mdio prazo.
As incubadoras esto ligadas aos grandes bancos que as criaram e oferecem
mecanismos de incentivo, injetando capital nas empresas mais promissoras, alm de
acompanhar o seu desenvolvimento. Por serem muulmanos, no aceitam a usura,
ou seja, no se pode cobrar juros sobre emprstimos, mas os bancos, com certeza,
encontram uma forma de se ressarcir desses investimentos.
O SME Bank mantm uma espcie de incubadora, a Entrepreneur Premise Bank, com
estrutura prpria de condomnios, para alojar pequenas empresas que ficam entre cinco
e nove anos pagando aluguel amigvel e aplicando o recurso fornecido pelo banco na
forma de emprstimos. As empresas incubadas contam com assessoria permanente do
banco e tambm da SME Corp. Malaysia, uma agncia dedicada formulao de polticas
e estratgias globais, que concentra, desde outubro de 2009, servios de informao e
consultorias para o segmento. Algumas incubadoras desse tipo possuem espao para
abrigar mais de 400 empresas simultaneamente e espalhadas em vrios pontos do pas.
Na Malsia, a competitividade no se mede pelo nvel de inovao decorrente de
automao ou coisa do gnero. Visitamos uma dessas instalaes e conversamos com
um empresrio que compra kits de avies de lazer dos Estados Unidos, monta-os e
vende toda sua produo para a Austrlia. Outra empresria produz biscoitos e cookies
de forma absolutamente artesanal para os padres convencionais. Todo o processo de
embalagem feito de forma manual. Apesar disso, a empresria que possui certificao
-
39
MISSO SUDESTE ASITICO
Halal necessria para vender alimentos para mercados muulmanos exporta 70%
da sua produo para a China e j foi vtima de pirataria por uma empresa chinesa.
Visitamos tambm o MPC Malaysia Productivity Center, que similar nossa
Fundao Nacional da Qualidade (FNQ), cuja finalidade impulsionar a competitividade
das empresas malaias por meio da melhoria de processos. O foco dessa instituio
tambm evoluiu ao longo dos ltimos anos.
Anos 1960 Treinamento em gesto e servios de aconselhamento
Anos 1990 Pesquisas e desenvolvimento de sistemas produtivos
1995 2000 Produtividade e aumento de eficincia
Incio ano 2000 Benchmark e melhores prticas
2005 2010 Competitividade e inovao
2010 2015 Alto impacto, produtividade e drivers de inovao
A Malsia formada por vrias etnias que, no seu dia a dia, no se misturam, porm,
quando se encontram no ambiente corporativo, convivem de forma harmoniosa. O
que os une o foco em prol de um objetivo comum construir um pas desenvolvido.
Ouvimos de um malaio:
Temos que ser um pas competitivo no mercado internacional e o
esforo de todos necessrio. Trabalhar juntos, no nos importando
se fulano desta ou daquela etnia, est ajudando a criar uma nova
identidade e um novo pas.
Em alguns pases, as mulheres ainda so segregadas por motivos religiosos. Na
Malsia, elas tm a maior fora. Muitos dos altos cargos nas empresas, inclusive os de
CEO, so de responsabilidade delas.
Ao contrrio da Coreia do Sul, onde os jovens so formados para trabalhar em
grandes empresas, a Malsia os prepara para serem empreendedores. grande o
-
40
ESTRATGIA PARA CRESCER
nmero de startups e a concorrncia entre eles violenta. Para ilustrar o quanto gostam
de competies, chegaram a contratar o Japo e a Coreia do Sul para construir duas
torres idnticas as Petronas uma ao lado da outra havia uma premiao para quem
entregasse o trabalho primeiro a Coreia do Sul foi a vencedora.
Com um oramento bastante modesto, se comparado ao das instituies brasileiras
similares, a Matrade Malaysia External Trade Development Corporation executa aes
concretas para ajudar as empresas locais a venderem seus produtos no mercado externo.
Como sempre, destaca-se o foco na atividade principal. No h desvio de caminho. A
Matrade mantm um showroom permanente com mais de 400 empresas, cada uma
pagando uma taxa de 400 dlares anuais para manter seus produtos em exposio.
At agora, os pases visitados nos mostram que, no Brasil, possumos uma rede
de suporte aos pequenos negcios de primeira linha. No vimos nenhuma instituio
com a abrangncia e o formato do Sebrae. Observamos tambm que nossos produtos
no so ruins para disputar o mercado internacional, se comparados aos que eles
produzem, mas temos um srio pecado: o de querer reinventar a roda o tempo inteiro.
Parece que o nosso povo tem uma obsesso por grandes nmeros, pela complexidade
e pela tendncia de achar que tudo est obsoleto e que temos que fazer algo novo
sempre. Isso nos tira o foco e dispersa os esforos. Essa eterna busca do brasileiro,
por novos produtos e solues, torna difcil fazer comparativos histricos para poder
investir mais tempo e recursos na evoluo das empresas que atendemos. Buscamos
uma sofisticao da qual no precisamos. Est a um bom assunto para refletir.
-
41
MISSO SUDESTE ASITICO
CingapuraA nmero 1 no ranking do Banco Mundial
UM PAS-EMPRESA UMA CIDADE-ESTADO
Cingapura leva to a srio a sua vocao para negcios que seu povo chama o seu
presidente de CEO. E, como todo presidente de empresa, tem metas claras a cumprir.
Administram o pas, que um pouco maior do que a cidade de Campinas/SP, como
se fosse uma grande empresa. Seu crescimento geogrfico est no limite, s pode
crescer construindo aterros no mar. Nos ltimos dez anos, aumentaram de 650 km
para 710 km.
Focados assim, transformaram o seu porto e aeroporto entre os mais eficientes
do mundo e conseguiram chegar ao topo do ranking Doing Business publicado
anualmente pelo Banco Mundial como o melhor pas do mundo em facilidades para
se fazer negcios. Quando lembramos, poca da misso, que o Brasil estava no 121
e pulamos para o 128 neste ranking pudemos ento perceber o quanto ainda temos
para escalar.
Tamanhos parte, pois no d para compar-los com o nosso pas, o que temos
de aprender com eles manter-nos no foco dos negcios estratgicos e no deixar
a poltica governamental relegar, a segundo plano, aes de melhoria mercantis e
econmicas.
SE NO FORMOS RICOS, SUMIREMOS DO MAPA
Cingapura tem uma das cinco maiores rendas per capita do mundo, porm h 40
anos, ao se separar da Malsia, de onde foram praticamente expulsos, era um pas
pauprrimo, sem recursos e com o PIB inferior aos pases mais miserveis do planeta.
Contando apenas com uma localizao geogrfica privilegiada, o desafio, na poca,
-
42
ESTRATGIA PARA CRESCER
era gerar emprego para uma populao de miserveis. O foco ento foi transformar
o pas em uma economia criativa e inovadora, com altos ndices de produtividade e
um polo de atrao de talentos e empresas. Deu to certo que hoje exibe menos de
3% de desemprego.
A Spring Singapore Standards, Productivity and Innovation for Growth foi criada
para fomentar o desenvolvimento econmico do pas e tambm responsvel pelas
pequenas e mdias empresas. Ela diferencia-se do modelo de outras congneres,
porque, alm de ajudar nos programas de gesto e apoio, tambm estabelece os
padres e certificaes das pequenas empresas, a fim de assegurar que as empresas
tenham nveis de competitividade internacional.
Os cingapurianos ficaram impressionados com o nosso propsito, o do Sebrae
PR, em atender milhares de micro e pequenas empresas. Ao serem informados de
como trabalhamos, disseram que ns fazemos um trabalho social, que, enquanto
eles apoiam o crescimento, parece que apoiamos a subsistncia. Para eles,
pequenas empresas so lojinhas e chegaram a nos dizer que a padaria da esquina
vai sobreviver ou no, independente do apoio de algum. Colocam o modelo
empresarial acima da poltica partidria. O importante fazer negcios e o que vai
mudar o seu pas so as grandes empresas. As pequenas empresas esto sempre
aliadas s estratgias das maiores.
A ASME Association of Small and Medium Enterprises uma espcie de brao
da Spring, que financia em grande parte as suas operaes, para trabalhar s com
microempresas. Enquanto a Spring concentra-se em empresas competitivas, inovadoras
e de potencial exportador, a ASME cuida dos microempresrios.
Em Cingapura, pelas instituies que conhecemos, est presente na cabea de
todos, e de forma bastante forte, a ideia do mito fundador. Todas as instituies
explicaram seus papis com base na histria do desenvolvimento econmico, desde a
sua independncia em 1965.
A evoluo do pas percorreu o seguinte caminho:
-
43
MISSO SUDESTE ASITICO
De 1967 a 1978 Foco em exportao.
De 1979 a 1985 Reestruturao da indstria.
De 1986 a 1997 Capacitao das empresas e diversificao econmica.
De 1998 at hoje Transformao de Cingapura em uma economia do conhecimento.
No caso de outra instituio visitada, a Economic Development Board (EDB), essa
histria fica mais ou menos assim:
Anos 1960 Desenvolvimento de economia intensiva em mo de obra.
Anos 1970 Intensiva em habilidades do trabalhador.
Anos 1980 Intensiva em capital.
Anos 1990 Intensiva em tecnologia e servio.
Anos 2000 Intensiva em inovao e talento.
Essas mudanas de foco, em cada uma das agncias, esto sempre conectadas ao
momento econmico e ao plano de desenvolvimento do pas.
A National University of Singapore produz pesquisas de altssimo nvel, para dar
total apoio s indstrias. Os pesquisadores tm recursos disponveis vontade, desde
que expliquem como pensam que os produtos da sua pesquisa sero comercializados.
Enviam estudantes para programas de intercmbio, de seis meses a um ano aos
Estados Unidos, principalmente ao Vale do Silcio, no s para estudar suas matrias
acadmicas, mas para ficar imersos em alguma empresa startup, sob a mentoria de
empreendedores experientes. A velha mxima me ajuda, que eu fao sozinho vale
perfeitamente aqui.
Visitamos uma empresa tocada por trs jovens que produzem software para
interpretao semntica, cujo mercado principal os Estados Unidos. Dois deles j
haviam participado de estgios no Vale do Silcio.
-
44
ESTRATGIA PARA CRESCER
INFRAESTRUTURA E NOVAS IDEIAS, ALIADAS DO DESENVOLVIMENTO
Ser expulso da Malsia, mas ficar com a melhor localizao geogrfica que um
porto pode oferecer a melhor rota de passagem entre o Ocidente e o Extremo
Oriente ajudou muito o desenvolvimento local. O Porto de Cingapura o segundo
maior do mundo em movimentao de contineres e dez vezes maior do que o
nosso Porto de Santos. No se v um nico estivador, toda a movimentao de
contineres feita de forma centralizada e automatizada. H dez anos, implantou um
conceito, na poca inexistente em outros portos, de single window, onde qualquer
continer liberado em minutos a partir de um nico local. Quando vemos o quanto
se arrastam os nossos pobres portos em greves, ameaas, problemas crnicos de
infraestrutura, leis ambientais e intervenes polticas e sindicais de toda ordem,
vemos o quanto estamos longe da eficincia exigida pela nova ordem global.
Cingapura tem menos de 6 milhes de habitantes e todos falam ingls com fluncia,
aprendem na escola como primeira lngua, o que facilita, em muito, suas investidas no
mercado internacional. Vimos uma estudante local, em uma incubadora, trabalhando
com outros jovens uma sueca, um australiano e um finlands para desenvolverem,
juntos, uma luva com um dispositivo que permite o touch dos novos aparelhos celulares
e telas de smartphones para uso em lugares de muito frio. O usurio no precisa mais
tirar a luva para acessar seus aparelhos. um belo exemplo de uma empresa em um
pas tropical desenvolvendo um produto para ser usado em regies geladas. Isso
globalizao, pois a luva jamais ser usada em Cingapura.
LEIS, NORMAS E REGULAMENTOS, SE NO SERVEM PARA NADA, TIRA-SE DO CAMINHO
Ao se determinar por ser o melhor lugar do mundo para se fazer negcios, decidiu-
se tambm limpar todos os entraves burocrticos. Foi feita nos ltimos cinco anos
uma limpeza geral sob a ordem: Se no serve para nada, tira-se do caminho. Mais de
duas mil leis, normas e regulamentos foram extirpados. A busca pela simplicidade nas
relaes comerciais total. Tornar o pas competitivo uma questo de sobrevivncia,
ele no tem fontes de energia, nem gua potvel em quantidade suficiente para
abastecer a populao. Uma curiosidade: ter um carro em Cingapura no fcil, pois
no basta compr-lo, tem de ir a um leilo de placas que chegam a custar 75 mil dlares.
-
45
MISSO SUDESTE ASITICO
O nmero de veculos controlado pelo governo e, a cada dez anos, o proprietrio tem
de revalidar a placa no total, o pas possui aproximadamente 600 mil veculos. Essa
dificuldade de locomoo fez o transporte pblico supereficiente, tudo funciona. Por
exemplo, o tempo de uma mala sair de um avio que pousa e ir at a esteira de no
mximo 12 minutos para a primeira e at 25 para a ltima.
CORRUPO QUASE ZERO
Em Cingapura, o combate corrupo levado a srio. Existe uma agncia anticorrupo
ligada diretamente ao presidente. , talvez, o pas que mais respeita as leis de direitos
autorais e a propriedade intelectual. Andar com mercadoria falsificada ou pirata d cadeia.
A transparncia total e, ao contrrio de muitos pases, no se rasgam contratos. Tudo pela
competitividade nos negcios, mas de forma transparente.
AGNCIAS DE FOMENTO, BANCOS E INCUBADORAS CADA UMA FAZ A SUA PARTE
z A Spring Singapore Standards, Productivity and Innovation for Growth concentra-se nas pequenas empresas competitivas, inovadoras e de
potencial exportador.
z A EDB Singapore Economic Development Board cuida de levar empresas para fora de Cingapura.
z A ASME Association of Small and Medium Enterprises um brao da Spring, que se responsabiliza pelos microempresrios, desde a sua formao
tcnica at a atrao de talentos para essa causa.
z A IE Singapore tem papel fundamental na economia externa de Cingapura e promove a exportao de bens e servios. Tambm cuida de atrair
comerciantes de commodities globais para estabelecer sua base global,
ou asitica, no pas. Para tanto, montou um ecossistema completo para
os setores da energia, agro commodities, metais, minerais e aglomerados
comerciais.
z A National University of Singapore produz pesquisas de altssimo nvel, para dar total apoio aos interesses industriais e comerciais do pas.
-
46
ESTRATGIA PARA CRESCER
NINGUM FAZ UMA REVOLUO SOZINHO
Nos pases que visitamos, ficou claro que as mudanas no foram realizadas pelo
estmulo de um grande lder ou instituio o sonho coletivo. Escutvamos, de todos,
o mesmo discurso. Dividiam o mesmo mito fundador. Cada um realizava seu papel
na sociedade.
OFERECER AS FERRAMENTAS E NO IMPOR AS SOLUES
Essa observao nos fez lembrar o livro de James Collins e Jerry Porras, Feitas
para durar, no qual discorrem que o crucial para o sucesso de empresas visionrias
est em: As empresas visionrias tornaram-se lderes de mercado, porque seus lderes
preocupam-se com o futuro das empresas e a viso delas, no com eles mesmos.
A POBREZA FSICA DECORRENTE DA POBREZA MENTAL
A cultura do empreendedorismo no privilgio de poucos centros de excelncia,
nos pases que visitamos. Percebe-se o esprito de grandeza presente em todos os
nveis da sociedade. Em contraponto ao que acontece aqui, criamos tambm bons
centros de excelncia, porm levantamos barreiras e fechamos os olhos para o que
ocorre ao nosso redor. Temos algumas das melhores escolas do mundo, porm a maior
parte do ensino de pas subdesenvolvido. Temos hospitais que so referncia mundial,
e a nossa sade pblica padece. No somos contra centros de excelncia, porm o que
percebemos que s se muda uma realidade quando o acesso a servios e padres de
excelncia for do alcance de todos.
AH! ESSA TAL DE ZONA DE CONFORTO
Cingapura no tem gua e pouqussimos recursos naturais. A Coreia do Sul,
por no ter tambm recursos naturais, concluiu que a sua nica opo para sair da
pobreza seria import-los, agregar valor a eles e export-los. Em algumas dcadas,
saiu da extrema pobreza para ter um PIB superior ao nosso.
-
47
MISSO SUDESTE ASITICO
LIBERDADE ECONMICA A CRIAO DE FACILIDADES PARA SE FAZER NEGCIOS
Todos os governos so pr-business e tm seu desempenho medido por indicadores
de facilidade de negcios doing business. As aes governamentais so guiadas a
remover empecilhos e a facilitar o curso da economia e no interferir no seu processo.
Em Cingapura, a sociedade expe ao governo as suas dificuldades e esse governo
no pode sustentar a manuteno de uma lei ou regra que atrapalha a realizao
de negcios deve retir-la imediatamente. Quanta diferena com o nosso regime
cartorial, burocrtico, fiscalizador e controlador, em que, para se abrir uma empresa
ou movimentar uma carga em um porto, passam-se dias e at meses.
INVESTIMENTOS PESADOS EM INFRAESTRUTURA
To make money you have to spend money em todos os pases visitados
predomina essa conscincia bsica: para se fazer dinheiro, necessrio investir. A nossa
viso de curto prazo acredita que remendar asfalto, tapar buracos, dar uma maquiada,
e contar isso na televiso, investimento em infraestrutura.
COMO LIDAMOS COM A CORRUPO
A agncia anticorrupo de Cingapura tem fora total de ao. Um taxista nos
relatou o caso de um poltico que fora flagrado envolvido em corrupo e este teve
que deixar o pas, pois no havia mais possibilidade de convivncia. Todas as portas
se fecharam para ele.
A GENTE J FAZ MUITA COISA E, EM CERTOS ASPECTOS, MELHOR QUE ELES
Nossos produtos no so ruins ou desatualizados, se comparados aos que eles
utilizam. Idem sobre os processos que usamos para dar apoio s empresas. Na Malsia,
utiliza-se como ferramenta para medir competitividade das micro e pequenas empresas
uma metodologia muito prxima da que j utilizvamos h muitos anos, que o
diagnstico de competitividade que mais tarde inspirou a criao do sistema de
diagnstico do Varejo Mais, do Sistema Fecomrcio e Sebrae PR.
-
48
ESTRATGIA PARA CRESCER
Os instrumentos de capacitao e consultoria no so muito diferentes dos que
utilizamos aqui, o que muda a estratgia de aplicao, o foco, comprometimento com
resultado e persistncia constncia.
SE VOC CONSTRUIR, ELES VIRO.
No filme Campo dos Sonhos, o personagem, interpretado pelo ator Kevin Costner,
tem uma viso e constri um campo de beisebol no meio de um milharal e atrai, de
forma espiritual, os melhores jogadores de todos os tempos. Nesse filme, uma voz
sempre lhe dizia... if you build it, they will come se voc construir, eles viro. Essa
metfora aplica-se muito bem ao que descobrimos nessa misso: preciso, antes de
tudo, ter uma viso, depois acreditar que possvel, planejar e executar. Se criarmos
as oportunidades e as condies para a atrao de negcios, eles viro. No h limites
para o empreendedorismo e para a transformao de uma sociedade e de um pas.
A TESE DA MALDIO DOS RECURSOS NATURAIS
Na dcada de 1990, desenvolveu-se uma tese nos meios acadmicos de economia
sobre a maldio dos recursos naturais. Essa tese estava amparada em evidncias
empricas de que pases com uma abundncia em recursos naturais (sobretudo petrleo)
tenderiam a crescer de forma mais lenta que pases com recursos mais escassos. Coreia
e Cingapura suportam essa evidncia.
O ESTADO PR-BUSINESS
Todos os governos desses pases esto voltados facilitao dos negcios e a no
criar regras, leis e normativas para atrapalh-los. E no so, necessariamente, liberais.
Chegam a ser fortes e at intervencionistas. Negcios modernos e agressivos fazem
parte da estratgia de desenvolvimento desses pases.
Cmbio de 2011 1 real = 0,51161 dlar
-
Misso Rssia-
Escandinvia
-
OPINIO DOS PARTICIPANTES:
Agnaldo Gerson Castanharo, Agnaldo Gerson Castanharo, Jos Gava Neto,
Jos Ricardo Castelo Campos,Jos Ricardo Castelo Campos,Julio Cezar Agostini,
Luiz Carlos da Silva eOrestes Hotz
Dinamarca, Sucia, Noruega, Finlndia e Rssia
Misso Rssia-
Escandinvia
.
-
52
ESTRATGIA PARA CRESCER
Trabalhar de forma sistemtica, com objetivos de longo prazo, pensando de forma global,
abertos para o mundo, e muito focados nas resolues dos seus problemas, so alguns dos
aprendizados que o grupo trouxe desse trabalho de observao em terras escandinavas.
No existe tempo ruim, existe roupa inadequada. Essa frase reflete bem o
comportamento e as atitudes do povo escandinavo frente aos problemas que
enfrentam no seu dia a dia. Submetidos inclemncia de um clima na maior parte
do ano gelado, chuvoso e com temperaturas abaixo de zero, eles no se entregam s
lamentaes. Nada de dar desculpas para no fazer o que tem que ser feito: No fui,
porque estava chovendo, No fiz, porque era feriado, No fui, por causa do trnsito,
No fao o curso, porque estou muito velho, porque sou moo, porque sou mulher,
porque, porque, porque. Ao contrrio dos nossos compatriotas que do desculpas
para no fazer o que precisam fazer, os escandinavos focam na soluo dos seus
problemas e tentam resolv-los da melhor forma possvel. Choradeiras, lamentaes,
ficar esperando por solues milagrosas, ou por promessas de polticos e governantes,
no fazem parte do seu repertrio. Foco na soluo dos problemas, sim.
DinamarcaO melhor pas em quase tudo
A Dinamarca possui o mais alto nvel de igualdade de riqueza do mundo e o melhor
clima para se fazer negcios, segundo a Revista Forbes. Com base em normas de
sade, assistncia social e educao, foi classificada como o lugar mais feliz do
planeta, entre 2006 e 2008. considerado o segundo pas mais pacfico do mundo
-
53
MISSO RSSIA-
ESCANDINVIA
e o menos corrupto de todos. Sua capital, Copenhagen, altamente especializada
em indstrias criativas e inovadoras.
O pas ocupa o primeiro lugar no mundo em tecnologia verde, assunto que
leva muito a srio na Dinamarca, o discurso ecolgico no s da boca para fora,
pratica-se a sustentabilidade mesmo. Recicla-se 90% do lixo e o que no pode ser
reaproveitado vira aterro. Existe, por toda parte, uma preocupao muito forte
entre a relao sustentabilidade/qualidade de vida. O que fez, ao longo do tempo,
principalmente o setor da construo civil, tomar iniciativas prticas, inovadoras
e eficientes no uso das energias naturais renovveis. Conjuntos de escritrios e
habitacionais so construdos dentro de normas que devam atender aos mnimos
detalhes da sustentabilidade. Uma construo em forma de oito permite que todos
os apartamentos recebam boa claridade, farta exposio ao sol e ampla visibilidade
ao mesmo tempo. tudo to bem calculado que at o acesso para os moradores
que usam bicicleta foi facilitado. Os benefcios da face sul para eles norte para
ns brasileiros nesse tipo de arquitetura vm de todos os lados.
O meio de transporte mais utilizado pelos dinamarqueses a velha, boa e no
poluente bicicleta, veculo que faz parte do cenrio local, ocupando, em alguns
lugares, estacionamentos maiores do que os dedicados aos automveis. Ela
usada como meio de transporte por todas as pessoas, de todas as idades e classes
sociais inclusive pelo alto escalo do governo. O veculo colocado disposio
das autoridades no um automvel de luxo, mas uma magrela. Assim, no h
custos com motoristas, licenciamentos, manuteno, seguros, dentre outros. O
bom cuidado com os bens pblicos cultural.
O EMPREENDEDORISMO PRECISA SER ENSINADO DE NOVO
A situao da populao dinamarquesa sempre foi to confortvel nas ltimas
dcadas que ningum mais se lembrava de como era ser um empreendedor. A
Copenhagen Business School CBS uma escola financiada pelo Estado, que
procura criar sinergia entre seus professores capacitados para o ensino e a
difuso do empreendedorismo e os jovens. Para cumprir sua meta, usa programas
-
54
ESTRATGIA PARA CRESCER
especficos, aes de treinamento e a difuso de histrias de sucesso. O foco
principal atuar com as startups locais, dispondo de uma incubadora. Atualmente,
a CBS abriga uma carteira de 50 novas empresas.
A CLARA DEFINIO DOS PAPIS FACILITA NEGCIOS A DISTNCIA
Apresentaram-nos uma empresa incubada que atua no mercado brasileiro, a
ChefClub, cujo modelo de negcio oferecer aos seus associados a possibilidade de
se alimentar em uma rede de restaurantes credenciados. Ela cobra uma taxa anual
de manuteno, disponibiliza ofertas e promoes em compras coletivas e trabalha
duro na fidelizao dos seus associados. Os restaurantes, por sua vez, ganham em
volume de clientes que iro tambm consumir bebidas, as quais no esto na taxa de
desconto oferecida. Os estabelecimentos parceiros podem usar o banco de dados dos
consumidores e os seus perfis detalhados, o que permite a elaborao de campanhas
especficas para pblico-alvo segmentado. O desafio de gerenciar um negcio de to
longe, com scios oriundos de diferentes culturas e experincias, vencido pela clara
definio dos papeis de cada um.
A Vksthus, cujo significado casa de crescimento e casa verde, tambm
financiada pelo governo. Existe h cinco anos e seu foco so as empresas com
grande potencial e ambio para crescimento. Para isso, tem um comportamento
proativo na busca de novos clientes. Uma equipe de consultores experientes d
apoio aos empreendedores, para o melhor desenvolvimento das suas ideias e
negcios, alm de disponibilizar aos boas e modernas ferramentas de gesto. Cada
empresrio tem no mnimo 25 e no mximo 100 horas de atendimento e todos os
servios so gratuitos. Alm do diagnstico inicial, uma eficiente ferramenta de
planejamento permite empresa incubada ter sua viso e misso desdobradas em
aes ao longo do tempo curto e longo prazos.
O EMPREENDEDORISMO NA SALA DE AULA
A Foundation for Entrepreneurship and Young Enterprise uma fundao que
trabalha exclusivamente no desenvolvimento da cultura empreendedora junto ao
-
55
MISSO RSSIA-
ESCANDINVIA
sistema de ensino dinamarqus, do pr-escolar ao superior, uma verdadeira cadeia
de valor do ensino. Os professores da Copenhagen Business School CBS j haviam
nos relatado as dificuldades de se mudar a mentalidade do jovem dinamarqus
sobre o assunto. Dcadas de boas leis sociais, perspectivas de trabalho em grandes
corporaes e em estatais embotaram o esprito empreendedor. O que sobra de
gente querendo empreender no Brasil falta na Dinamarca. A carncia de esprito
empreendedor entre os jovens dinamarqueses comeou a ser percebida com a crise
de 2008. Hoje, so incentivados, por meio de bolsas, a sair da casa dos pais e a
se incorporarem ao mercado de trabalho, tanto como empregados quanto como
empreendedores. Na linha oposta das leis brasileiras, em que o trabalho do menor
cerceado por normas e regulamentos, os escandinavos incentivam seus adolescentes
a ir cedo para o trabalho, a fim de aprender uma profisso, seus valores e os sentidos
da economia e da poupana.
As expectativas e o trabalho dessa Fundao so convergentes com o que o Sebrae
PR planeja e almeja para 2022.
ESTRATGIA FOCADA NA COMPETITIVIDADE
Entidade governamental encarregada de coordenar as aes relacionadas ao
desenvolvimento da inovao, a Dasti Danish Agency for Science Technology
and Innovation quem define as linhas de pesquisas e as financia, por meio das
incubadoras, todas de alta base tecnolgica e voltadas, atualmente, para os temas
sade e meio ambiente. Dispe de 320 milhes de euros/ano equivalentes a 415
milhes de dlares/ano para serem investidos de forma estratgica na elevao
da competitividade das empresas dinamarquesas. praticamente um misto de
BNDES, CNPq e Finep.
SE A IDEIA BOA, VAMOS ARRISCAR
A Vkstfonde uma instituio pblica que atua onde e quando o mercado
financeiro tem dvidas. Investe em fundos de capital de risco por meio da garantia
de crdito e emprstimo. Quando h possibilidade, torna-se parceira da iniciativa
-
56
ESTRATGIA PARA CRESCER
privada. O pblico-alvo segmentado em empresas locais, regionais e internacionais,
sendo que, para cada um desses tomadores de crdito, h produtos bem definidos.
Alm de trabalhar com empresas j sedimentadas, apresenta linhas especficas para
as iniciantes.
Em parceria com os bancos locais, empresta at 230 mil dlares, garantindo 75%
do valor. Desde 2005, realizou aproximadamente 1,2 mil operaes. Seus dirigentes
dizem que correm o risco mesmo em se tratando de dinheiro pblico, porque se a ideia
for boa, e o empreendimento der certo, o lucro volta na forma de benefcios para a
sociedade: mais empregos, realizao pessoal dos empreendedores, recolhimento de
impostos, dentre outros. Calcula-se que para cada processo de garantia de crdito so
criados cinco novos empregos. O modelo de ao dessa instituio muito parecido
com o nosso BNDES.
SuciaA grande lio: desenvolvimento de forma cooperada e estratgica
Viso compartilhada, polticas e estratgias bem definidas alavancam o
desenvolvimento da Sucia. So claros os papis de cada um no processo: governo,
instituies, agncias regionais de negcios e desenvolvimento, empresrios e
universidades. Todos agem de forma integrada e com foco nos objetivos traados para
o pas. Isso facilita o trabalho, no h sobreposio de atividades e cada um sabe o que
tem que fazer e o faz bem.
Pesquisas acadmicas so focadas na resoluo de problemas prticos e
globais, tudo o que incomoda o ser humano interessa a um pesquisador sueco. Nas
-
57
MISSO RSSIA-
ESCANDINVIA
universidades, so raros os trabalhos de interesse individual ou segmentado, a viso
tem que ser global. Por inventar e abrigar a realizao do Prmio Nobel, do qual a Sucia
j foi contemplada com sete distines, a populao respira a atmosfera do Prmio e
tudo o que o cerca, isto , o povo sueco est sempre no centro do que se produz de
inovador e de bom no mundo. uma espcie de DNA da excelncia das realizaes
humanas. Essa viso globalizada e natural j vem de tempos, pois a Sucia foi um dos
grandes atores do mercantilismo. A cada Prmio Nobel, a excelncia do que melhor
se est fazendo no mundo vem at ns. frase de um taxista sueco.
GOTEMBURGO A AMEAA ASITICA FEZ NASCER UM NOVO POLO INDUSTRIAL
Nos anos 1960 e 1970, a cidade comportava grandes estaleiros, fruto de uma
expertise histrica acumulada por sculos de tradio na arte da construo
naval. A ameaa econmica veio na forma do aumento da competitividade global,
principalmente dos pases asiticos. Com o tempo, a cidade viu suas plataformas
industriais navais sucateadas e a maior parte das indstrias deixar o local. No ano
2000, foi criado o Business Region Gotemburg, com a finalidade de pensar o futuro,
atrair investimentos, criar novas empresas e apoiar as j existentes. Em consequncia,
gerar novos empregos. uma instituio sem fins lucrativos, que segue o modelo da
parceria pblico-privada. Conta com 80 colaboradores e j, h muito, deixou de atender
somente Gotemburgo, para dar assistncia a mais 13 municpios que desenvolvem
clusters com interesses comuns e especficos.
Trs parques tecnolgicos desenvolvem pesquisa aplicada nas reas biomdicas,
automotiva, meio ambiente, transporte inteligente e cincias da vida. Isso faz com que
populao de Gotemburgo, que de aproximadamente 500 mil habitantes, movimente
70 mil estudantes/ano.
A entidade atua dentro de trs estratgias:
z apoio aos empreendedores com boas ideias, mas sem condies financeiras para coloc-las em prtica. Nesse caso, entra com assessoria comercial e
financiamento;
-
58
ESTRATGIA PARA CRESCER
z faz o mesmo, auxiliando empresas existentes e com potencial de crescimento;
z d apoio s empresas em crise. O ndice de efetividade para esse tipo de ao chega a 67%.
UM EXEMPLO DE COOPERAO QUE D CERTO
Sahlgrenska Science Park um complexo e gigantesco parque que cuida da
cincia da vida, concentrando-se nos ramos farmacutico, alimentos funcionais,
biomedicina, diagnsticos, servios/logstica/comunicao e tecnologia mdica.
Recebe apoio tcnico, logstico e intelectual de um grande hospital, uma incubadora
e duas universidades, cujo arranjo territorial realizado de uma forma inteligente e
prtica: de um lado o hospital, do outro as universidades e no meio a incubadora. Sua
sustentao provm da cooperao entre a Universidade de Gotemburgo, o Instituto
Superior Tecnolgico, o Business Region Gotembourg e a Provncia o equivalente ao
nosso conceito de Estado. Atualmente, mantm 50 projetos de startups incubados e
outros 40 em fase de averiguao, isto , na fila para entrar na incubadora. Entre 2007
e 2008, 26 novas empresas de biomedicina lanaram-se no mercado.
Os aprendizados desta visita so: encontre seu foco e permanea nele, e preciso
uma aproximao ntima entre a prtica acadmica e o setor privado. Esse tipo de
associao salutar, entre o mundo acadmico e o empresarial, encontrado em quase
todos os pases que visitamos.
SUCIA, CATALISADORA DE INVESTIMENTOS
A Invest Sweden uma instituio oficial do governo, que facilita os
investimentos estrangeiros no pas. E eles so muito bons nisso, pois 67% das
empresas estrangeiras que investem nos pases nrdicos esto na Sucia, o que
demonstra efetivamente a abertura da economia local a investimentos externos.
A estratgia abrangente, sobretudo em relao s empresas em fase inicial. Alm de
receber investimentos, nascem fortalecidas, pensam de forma global e com conhecimento
e network internacional.
-
59
MISSO RSSIA-
ESCANDINVIA
A Sucia procura atrair, desenvolver e reter empresas diversificadas e inovadoras
onde quer que elas estejam. Elas so fortalecidas pelos diversos tipos de apoio e
cooperao e com isso criam um grande diferencial competitivo. Aes que fazem com
que a economia sueca tenha aproximadamente 50% do seu PIB oriundo da exportao
de produtos com alto valor agregado.
Abrir uma empresa na Sucia fcil. Em uma semana, j est totalmente legalizada,
mesmo que seja de porte internacional, e so necessrios 10 mil euros, cerca de 13 mil
dlares de capital inicial.
Atualmente, o governo sueco canaliza esforos para atrair investimentos de
seis pases considerados como potenciais, dentre os quais o Brasil, onde mantm
um escritrio de negcios em So Paulo, que a segunda cidade do mundo com o
maior nmero de trabalhadores em empresas suecas.
ESTMULO INOVAO
A Vinnova uma agncia de governo fundada em 2000, que conta com 200
colaboradores, na sua maioria PhD, alm de um oramento anual de 200 milhes de
euros ou 260 milhes de dlares. Sua funo investir em pesquisa, desenvolvimento e
inovao nas empresas suecas, principalmente nas reas da sade, transporte, servios
e manufaturados.
APOIO A REAS SELECIONADAS E ESTRATGICAS PARA A ECONOMIA SUECA
A Tillvaxt Verket tambm uma agncia de governo com foco no apoio ao
empreendedorismo e desenvolvimento regional. Procura acelerar o crescimento das
empresas com alto potencial e que atendam as estratgias econmicas do pas. A
instituio atua preferencialmente com empresas que tenham capacidade contnua
de inovao e atualizao, de acordo com as tendncias mundiais e, claro, que
gerem empregos. A Tillvaxt Verket trabalha com fundos estruturais, que possibilitam
operaes subsidiadas e emprstimos financeiros para o desenvolvimento de negcios
e d apoio de capital. Seu oramento de aproximadamente 3,7 bilhes de coroas ou
479 milhes de dlares. Tem um quadro de 350 colaboradores e est presente nas nove
regies da Sucia. Faz o seu trabalho em completa sinergia com outras instituies.
-
60
ESTRATGIA PARA CRESCER
NA HORA DO CAFEZINHO, A CRIATIVIDADE APARECE
O povo sueco toma caf o tempo inteiro e sempre junto aos amigos, colegas
de trabalho e vizinhos. Esta socializao proposital e favorece a troca de ideias e
as inovaes. Nas empresas, em intervalos definidos, existe o momento do fico,
uma parada de cinco minutos, a cada duas horas de trabalho, para tomar um caf e
conversar. uma forma de incentivar o ambiente criativo, pois so nesses momentos
de descontrao que as boas ideias florescem. Em todas as instituies visitadas, vimos
ambientes preparados e estruturados como forma de incentivar essa prtica. A Sucia
o segundo maior consumidor de caf do mundo e um dos mais criativos e inovadores
tambm. na hora do cafezinho, e na carona para casa, que a verdadeira comunicao
se processa na minha empresa, nos disse um empresrio.
A LICENA-MATERNIDADE PODE CHEGAR A 16 MESES
A licena maternidade das mulheres suecas pode ser de at 16 meses, caso os
maridos concedam os meses a que tambm tm direito s suas esposas.
O salrio mdio de 25 mil coroas equivalentes a 3.500 dlares/ms.
O inverno vai do final de outubro a maio do ano seguinte nesse perodo, tem-
se apenas quatro ou cinco horas dirias de claridade e, em certos dias chuvosos, a
escurido perdura o dia todo. O comrcio abre por volta das 10 horas e fecha s 17
horas, com um intervalo para almoo de 30 minutos. So 10 milhes de habitantes,
sendo 2 milhes em Estocolmo, uma cidade formada por 14 ilhas interligadas por
pontes e tneis.
Estocolmo tem dois parlamentos: o primeiro vinculado ao poder local, em que
no existe a figura do prefeito, ficando a administrao a cargo de oito vereadores
que cuidam, entre outras atribuies, da sade, do transporte pblico e da segurana.
O poder decisrio realizado por 101 vereadores, que definem as polticas que
atendero s necessidades da sociedade. O segundo parlamento o federal, que
estabelece leis nacionais.
-
61
MISSO RSSIA-
ESCANDINVIA
NoruegaMais de 140 empresas norueguesas j se instalaram no Brasil para aproveitar as oportunidades do pr-sal
Aqui se v o modelo social dos pases escandinavos aplicado em sua totalidade:
sade universal, ensino superior subsidiado e abrangncia na previdncia social.
Os noruegueses vivem no melhor pas do mundo em desenvolvimento humano
classificao em todos os relatrios da Organizao das Naes Unidas ONU, desde
2001. Em 2009, foi considerado o melhor pas do mundo para se viver e, em 2007,
como o lugar mais pacfico.
A partir da dcada de 1970, com a descoberta de grandes jazidas de petrleo
no Mar do Norte e no Mar da Noruega, aconteceu o desenvolvimento natural da
indstria petrolfera, em consequncia, a moeda fortaleceu, permitindo pesados
investimentos em polticas de bem-estar social. O pas possui recursos naturais
na forma de gs, hidroeletricidade, pesca, servios florestais e riquezas minerais.
Alm de uma atividade martima mercante bastante robusta a sexta maior frota
do mundo. Possui indstrias pesadas nas reas de processamento de alimentos,
metais, produtos qumicos, minerao, pesca e produo de papel. A estratgia do
pas bastante definida e intensiva quanto inovao constante dos seus produtos
e servios e busca pela internacionalizao das suas empresas.
DO NASCIMENTO DA EMPRESA AO MERCADO
Criada em 2003 para o desenvolvimento e inovao das empresas norueguesas, a
Innovation Norway conta com 700 colaboradores e est presente nas 17 provncias
estados. Dispe de representaes em 30 pases, na maioria das vezes junto s
embaixadas/consulados. No Brasil, mantm um brao no Rio de Janeiro, onde d apoio
a cerca de 140 empresas norueguesas, principalmente as do setor petrolfero e de gs.
-
62
ESTRATGIA PARA CRESCER
Forma aliana estratgica com a Petrobras, por meio do desenvolvimento conjunto
e fornecimento de tecnologias para a explorao de petrleo em guas profundas.
Prioridades:
z energia;
z sade;
z agricultura;
z navegao e atividades marinhas;
z petrleo;
z turismo.
Sua atuao vai desde as fases iniciais do empreendimento classificao das
ideias ao desenvolvimento e preparao da empresa para o mercado. Oferece,
como apoio, 25 servios relacionados a negcios internacionais: consultoria,
estudos de mercado, identificao de parcerias estratgicas, ajuda na elaborao de
contratos internacionais e entendimento de regulamentos aduaneiros, mentoring,
posicionamento estratgico, marketing e design, entre outros. Os servios so
subsidiados e vo de 0 a 50%, dependendo da maturidade do projeto. O objetivo
muito claro: agregar valor aos produtos e servios dos seus clientes, tornando-os
competitivos, inovadores e com pensamento globalizado.
A entidade atende em mdia 10.000 empresas/ano. Dispe de oramento anual
de 40 bilhes de coroas ou 7,12 bilhes de dlares, considerando os financiamentos
alavancados pelas empresas e indstrias atendidas. Resumindo, praticamente uma
empresa privada que presta servios de consultoria ao governo noruegus para facilitar
a vida das empresas instaladas no Brasil.
A Innovation Norway transformou a Noruega, que por muito tempo era conhecida
apenas como fornecedora de matria-prima, em um dos pases mais inovadores do
mundo, reconhecido por ter um dos melhores ambientes para negcios.
-
63
MISSO RSSIA-
ESCANDINVIA
A BUSCA PELA EXCELNCIA O MODELO VEIO DE FORA
A Universidade de Oslo desenvolveu o seu centro de empreendedorismo baseado
na estada de um dos seus professores 1997/1998 na Universidade de Stanford, na
Califrnia. No ano seguinte, lanou um programa para que estudantes noruegueses
passassem a fazer estgios em universidades de excelncia em empreendedorismo. Os
exemplos vieram de Berkeley, Boston, Houston e da NUS de Cingapura. A colaborao
de diversas universidades norueguesas proporciona ao pas manter em mdia 140
estudantes por ano, estudando empreendedorismo fora da Noruega. As reas so
escolhidas, de acordo com os setores prioritrios da Innovation.
Os critrios de escolha para estes estgios so: notas, currculo escolar e,
principalmente, a motivao pessoal do candidato. Trezentos e cinquenta estudantes
disputam a cada ano as 140 vagas disponveis.
O Siva um organismo de desenvolvimento industrial, criado pelo governo
noruegus em 1968, para contribuir para o crescimento e o desenvolvimento industrial
em reas mais distantes da capital. Objetiva promover ambientes inovadores e
sustentveis.
A histria, aqui, tambm comeou quando as plataformas da indstria naval
comearam a ser desativadas, frente predatria concorrncia internacional eles
de novo, os asiticos. A economia norueguesa ficou em situao complicada, pois a
indstria naval era um dos setores mais fortes do pas. A partir de ento, os esforos
foram direcionados para a criao de ambientes inovadores parques cientficos e
desenvolvimento de clusters 23 unidades atualmente. O Siva participa de forma
direta, contribuindo com at 80% nas propriedades que so os bens imveis onde
se localizam os parques e com participao direta (entre 22% e 33%) nas empresas
estabelecidas.
O Siva cria e faz a gesto dos chamados Jardins Empresariais, presentes em
55 cidades e desenvolvidos a partir do final da dcada de 1990. Essa geografia
empresarial voltada para o apoio s pequenas empresas. Na poca, percebeu-
se que as cidades menores, onde no havia universidades, necessitavam de uma
estrutura que incentivasse, permitisse e proporcionasse o empreendedorismo e o
desenvolvimento dos negcios locais. Essa estrutura fsica um mundo