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Ano VII - Edição Nº 118 Campo Grande, MS - Abril de 2009 Estrutura precária ameaça escolas estaduais de MS Foto: Haryon Caetano ÍNDICE CADERNO A Opinião Entrevista Política Economia Geral Cultura Esporte Universidade Futuridade Instantes Resenha Nosso Foco CADERNO ZOOM 11 12 13 14 15 16 02 03 04 05 06 09 Foliões revivem a magia dos velhos tempos Foto: Matheus Cabral Improviso - Na Escola Estadual Guia Lopes, livros didáticos são guardados em cima de um fogão velho Escolas públicas Esta- duais de Mato Grosso do Sul carecem de infraes- trutura básica. Professo- res são obrigados a re- partir materiais indis- pensáveis à sala de aula como o giz e na falta de armários para guardar li- vros didáticos, fogões velhos são utilizados. Diante desta situação a evasão escolar é crescen- te. A Secretaria de Esta- do de Educação de MS prevê reformas na estru- tura dos colégios em até dois anos e equipamen- tos como computadores estão previstos para até o fim de 2010. Mesmo com estas ações o Governo estadual ainda vai ter que driblar a evasão escolar que atinge as instituições e até fecha escolas tradicionais da cidade.Em outros esta- dos brasileiros como o Es- pírito Santo, até a lousa di- gital já é utilizada em salas de aula de escolas públicas. Pág. 08 Os avanços tecnológi- cos crescem com tamanha rapidez, que junto com os benefícios trazidos por es- sas novidades vêm a vulnerabilidade quando o assunto são as senhas que dão acesso a qualquer tipo de arquivo. Dependente diretamente de senhas para o acesso às contas, os bancos mantém um sigilo total quanto ao sistema de segurança que preserva os correntistas das operações indesejadas, porém é mui- to correto quando tem que ressarcir o cliente. Para prevenir fraudes e outros perigos do mundo finan- ceiro, hoje existe um site bastante completo, que além alertar sobre as falca- truas, realiza fóruns de dis- cussão e informa como a lei ampara as vítimas ata- cadas por hackers. Pág. 07 BANCÁRIAS Fraudes em senhas preocupam clientes nas transações Tecnologia - Os riscos do uso do cartão de banco As próximas eleições para Deputado Federal, em 2010, trazem consigo um desafio para os vereadores indígenas de Mato Grosso do Sul. Eles já estão se articulando a fim de desenvolver estratégias para enviar pelo menos um repre- sentante ao Congresso Nacio- nal. Há 20 anos, um sonho semelhante se tornou realida- de. Quem não se lembra do mandato de 1983 à 1987 do Deputado Federal indígena, conhecido como Juruna? Má- rio Dzururá, da etnia Xavante, Indígenas buscam o Congresso falecido em 2002, ficou famo- so por andar em posse de um gravador para registrar menti- ras e falsas promessas. Sua fi- lha, hoje residente em Doura- dos contou como foi a eleição do pai e ainda comentou a im- portância de novamente os in- dígenas alcançarem este espa- ço em prol das comunidades indígenas de todo o país. Pág 04 Eleições - Indígenas querem representantes em Brasília Foto: Caroline Maldonado Promover o acesso das pessoas portadoras de ne- cessidades especiais ou com mobilidade reduzida à sociedade é, além de inclu- são social, cumprimento à Lei Nº10.098, que regula- menta normas e critérios para a promoção de acessi- bilidade. Sendo o direito de ir e vir estabelecido para todos, cabe aos governantes e à própria população fazer acontecer as leis que estão no papel. No Brasil, são 25 mi- lhões de cidadãos que se declararam portadores de necessidades especiais, se- gundo pesquisa do Censo 2000. Para esta população, a acessibilidade deve come- çar em casa, com as adap- tações necessárias para o dia-a-dia. Pág 06 Acessibilidade aliada à inclusão Barreiras - Portadores de necessidades especiais reclamam Foto: Paula Maciulevicius Foto: Erich Sacco Entrevista - O surfistinha de dez anos estampa uma das fotos que mais marcaram a carreira do fotógrafo mineiro Erich Sacco, de 42 anos, que vive em Campo Grande. Numa entrevista ao Em Foco ele revela detalhes da arte e técnica de eternizar momentos em imagens. Pág.03 Com muita alegria e entusiasmo, os corum- baenses estão levando para a Avenida General Rondon os carnavais dos velhos tempos. Os desfiles mostram todos os personagens que fa- ziam parte dos carna- vais antigos, cultura que a população esta revi- vendo para mostrar aos foliões as brincadeiras e toda tradição dos primei- ros desfiles. A passarela do samba volta para o passado contando toda uma historia. Pasto- rinhas, palhaços, colom- binas, e até mesmo carros antigos que representa- vam a corte européia jun- to com as marchinhas de carnaval, alegram ainda mais os desfiles. Assim esta sendo feito o resga- te da maior festa popu- lar do Estado. Pág. 09 Foto: www.pplware.com

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2009

Ano VII - Edição Nº 118Campo Grande, MS -Abril de 2009

Estrutura precária ameaça

escolas estaduais de MSFoto: Haryon Caetano

Í N D I C E

CADERNO A

Opinião

Entrevista

Política

Economia

Geral

Cultura

Esporte

Universidade

Futuridade

Instantes

Resenha

Nosso Foco

CADERNO ZOOM

11

12

13

14

15

16

02

03

04

05

06

09

Foliões revivem

a magia dos

velhos tempos

Foto: Matheus Cabral

I m p r o v i s o -Na Escola Estadual Guia Lopes, livros didáticos são guardados em cima de um fogão velho

Escolas públicas Esta-duais de Mato Grosso doSul carecem de infraes-trutura básica. Professo-res são obrigados a re-partir materiais indis-pensáveis à sala de aulacomo o giz e na falta dearmários para guardar li-vros didáticos, fogõesvelhos são utilizados.Diante desta situação aevasão escolar é crescen-te. A Secretaria de Esta-do de Educação de MSprevê reformas na estru-tura dos colégios em atédois anos e equipamen-tos como computadoresestão previstos para atéo fim de 2010. Mesmocom estas ações o Governoestadual ainda vai ter quedriblar a evasão escolar queatinge as instituições e atéfecha escolas tradicionaisda cidade.Em outros esta-dos brasileiros como o Es-pírito Santo, até a lousa di-gital já é utilizada em salasde aula de escolas públicas.

Pág. 08

Os avanços tecnológi-cos crescem com tamanharapidez, que junto com osbenefícios trazidos por es-sas novidades vêm avulnerabilidade quando oassunto são as senhas quedão acesso a qualquer tipode arquivo. Dependentediretamente de senhaspara o acesso às contas, osbancos mantém um sigilototal quanto ao sistema desegurança que preserva os

correntistas das operaçõesindesejadas, porém é mui-to correto quando tem queressarcir o cliente. Paraprevenir fraudes e outrosperigos do mundo finan-ceiro, hoje existe um sitebastante completo, quealém alertar sobre as falca-truas, realiza fóruns de dis-cussão e informa como alei ampara as vítimas ata-cadas por hackers.

Pág. 07

BANCÁRIAS

Fraudes em senhas

preocupam clientes

nas transações

Te c n o l o g i a -Os riscos do uso do cartão de banco

As próximas eleições paraDeputado Federal, em 2010,trazem consigo um desafiopara os vereadores indígenasde Mato Grosso do Sul. Elesjá estão se articulando a fim dedesenvolver estratégias paraenviar pelo menos um repre-sentante ao Congresso Nacio-nal. Há 20 anos, um sonhosemelhante se tornou realida-de. Quem não se lembra domandato de 1983 à 1987 doDeputado Federal indígena,conhecido como Juruna? Má-rio Dzururá, da etnia Xavante,

Indígenas

buscam o

Congresso

falecido em 2002, ficou famo-so por andar em posse de umgravador para registrar menti-ras e falsas promessas. Sua fi-lha, hoje residente em Doura-dos contou como foi a eleição

do pai e ainda comentou a im-portância de novamente os in-dígenas alcançarem este espa-ço em prol das comunidadesindígenas de todo o país.

Pág 04

E l e i ç õ e s - Indígenas querem representantes em Brasília

Foto: Caroline Maldonado

Promover o acesso daspessoas portadoras de ne-cessidades especiais oucom mobilidade reduzida àsociedade é, além de inclu-são social, cumprimento àLei Nº10.098, que regula-menta normas e critériospara a promoção de acessi-bilidade. Sendo o direito deir e vir estabelecido paratodos, cabe aos governantese à própria população fazeracontecer as leis que estãono papel.

No Brasil, são 25 mi-lhões de cidadãos que sedeclararam portadores denecessidades especiais, se-gundo pesquisa do Censo2000. Para esta população,a acessibilidade deve come-çar em casa, com as adap-tações necessárias para odia-a-dia.

Pág 06

Acessibilidade aliada à inclusão

B a r r e i r a s - Portadores de necessidades especiais reclamam

Foto: Paula Maciulevicius

Foto: Erich Sacco

E n t r e v i s t a -O surfistinha de dez anos estampa uma das fotosque mais marcaram a carreira do fotógrafo mineiro Erich Sacco, de42 anos, que vive em Campo Grande. Numa entrevista ao Em Focoele revela detalhes da arte e técnica de eternizar momentos emimagens. Pág.03

Com muita alegria eentusiasmo, os corum-baenses estão levandopara a Avenida GeneralRondon os carnavaisdos velhos tempos. Osdesfiles mostram todosos personagens que fa-ziam parte dos carna-vais antigos, cultura quea população esta revi-vendo para mostrar aos

foliões as brincadeiras etoda tradição dos primei-ros desfiles. A passarelado samba volta para opassado contando todauma historia. Pasto-rinhas, palhaços, colom-binas, e até mesmo carrosantigos que representa-vam a corte européia jun-to com as marchinhas decarnaval, alegram ainda

mais os desfiles. Assimesta sendo feito o resga-te da maior festa popu-lar do Estado.

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Foto: www.pplware.com

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02OPINIÃO

EditorialOs UAUS! da Educação

Viviane Oliveira

A mudança dehorário em MatoGrosso do Sul temtirado o sono demuita gente e divi-dido opiniões entremédicos, bancários,empresários e atémesmo de pessoasque preferem o ho-rário porque têm asensação de sairmais cedo do servi-ço. Os argumentosde quem defende amudança são as van-tagens econômicas,já os que são contra,alertam para os ris-

Em Foco – Jornal laboratório do curso de Jornalismo da Univer-sidade Católica Dom Bosco (UCDB)

Ano VIII - nº 118 – Abril de 2009 - Tiragem 3.000

Obs.: As matérias publicadas neste veículo de comunicaçãonão representam o pensamento da Instituição e são de respon-sabilidade de seus autores.

Chanceler: Pe. Lauro Takaki ShinoharaReitor: Pe. José MarinoniPró-reitoria de Ensino e Desenvolvimento: ConceiçãoAparecida ButeraPró-reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação: Hemerson PistoriPró-reitoria Extensão e Assuntos Comunitários: Luciane Pinhode AlmeidaPró-reitoria de Pastoral: Pe. Pedro Pereira BorgesPró-reitoria de Administração: Ir. Raffaele Lochi.

Coordenador do curso de Jornalismo: Jacir Alfonso Zanatta

Jornalistas responsáveis: Jacir Alfonso Zanatta DRT-MS 108,

Cristina Ramos DRT-MS 158 e Inara Silva DRT-MS 83

Revisão: Cristina Ramos, Oswaldo Ribeiro e Inara Silva.

Edição: Cristina Ramos, Inara Silva e Jacir Alfonso Zanatta

Repórteres: Ana Laura Sandim, Caroline Maldonado, ElaineBechuate, Gabriela Paniago, Haryon Caetano, LazineyMartins, Leonardo Amorim, Leonardo Cabral, Mirian deAraújo, Nilda Fernandes, Otávio Cavalcante, PaulaMaciulevicius, Paula Vitorino, Rebeca Arruda, RenataVolpe, Tatyane Santinoni, Teresa de Barros, ThierreMonaco, Valeska Medeiros e Viviane Oliveira,Capa: Edição de títulos e legendas: Jackeline Oliveira eViviane Oliveira

Projeto Gráfico, tratamento de imagens e diagramação: Designer- Maria Helena Benites

Impressão: Jornal A Crítica

Em Foco - Av. Tamandaré, 6000 B. Jardim Seminário, CampoGrande – MS. Cep: 79117900 – Caixa Postal: 100 - Tel:(067)3312-3735

Em Foco on-line:www.jornalemfoco.com.br

Home Page universidade:www.ucdb.br

E-mail:[email protected]@yahoo.com.br

Novo horário:solução ouproblema

cos à saúde. A verdade é queesta alteração pode influen-ciar no nosso dia-a-dia de for-ma negativa. Nós devemospensar no assunto agora paranão nos arrependermos, de-pois que o relógio for adian-tado e o horário modificadonão tem como voltar atrás.

Por causa do movimentode rotação e translação é quecada Estado do Brasil e lugardo mundo têm um horáriodiferente que chamamos defuso horário. Isso mostra quecada local tem seu própriohorário porque depende daluz do sol, no Brasil, porexemplo, temos três fusoshorários, sendo oficial o deBrasília.

Se o nosso Estado adian-tar os relógios, todos nós te-remos a rotina modificada,acordaremos no escuro e des-pertaremos mais tarde, o queforçará nosso metabolismo afuncionar quando ainda es-tamos com sono, isso provo-ca consequências, como re-dução da atenção, aumentan-do os riscos de acidentes,estresse, câncer de pele, au-mento da pressão arterial eda frequência cardíaca, irri-tabilidade, entre outros.

No verão, os dias se tor-nam mais longos e as noitesmais curtas, por isso a razãode adiantar o relógio em umhora. Quando adiantamos orelógio no verão, até acha-

mos bom, mas depois quan-do está para terminar o ho-rário de verão é que o nossoorganismo começa a mostrarsinal de cansaço. Então da-mos graças a Deus quando ohorário volta ao normal. Épor esse motivo que devemosanalisar bem, porque se acon-tecer à mudança de horárioserá permanente.

Muita gente pensa que a

diferença do horário bancá-rio prejudica as empresas eos bancários também achamque são prejudicados, por-que as agências Sul-Mato-Grossenses não seguem ohorário de Brasília, mas éequivocado esse pensamen-to, a tecnologia elimina todasas barreiras e distâncias. Amaioria das transações sãofeitas via internet e funcio-

nam 24 horas. Outro equívoco é por

parte das pessoas que acre-ditam estar economizandoenergia elétrica. Pode até eco-nomizar, mas não de manei-ra significativa o suficientepara alterar o cotidiano demais de 800 mil habitantes.Por isso, fique atento às mu-danças que estão querendofazer em nosso Estado.

Tecnologia a favor: mídias com maior agilidadeElaine Bechuate

Com o mundo glo-balizado e conectadoatravés da Internet, asnotícias circulam deforma cada vez maisrápida pela rede mun-dial de computadores.Em épocas anterioresquando apenas rádios,televisões e veículosimpressos eram os res-ponsáveis pela difu-são da informação,existia um ritmo dife-rente de produção econsumo de notícias.Hoje com a Internettodas essas mídias sefundiram, passando ase integrar e atingir umnúmero crescente deleitores.

Com algumas ca-racterísticas do jorna-lismo online e vanta-gens que ele oferece, oconsumidor passou aser mais exigente emrelação ao jornalismoda web, que é marca-do pela agilidade de

informação e também quanto aoacesso dos leitores, que normal-mente estão com pressa e ne-cessitam até mesmo fazer rápi-das pesquisas. Aí encontramosoutra vantagem que pode serconsiderada mais uma caracte-rística do online, o banco dedados. Situação diferente dosoutros meios de comunicaçãode massa, como o jornal impres-so. As pessoas têm acesso àsnotícias que foram arquivadase servem para seremreutilizadas. A interatividadedeixa a desejar nos jornais im-pressos. Às vezes em progra-mas audiovisuais ela está pre-sente, mas no ciberespaço é tãofreqüente que podemos citarvários exemplos, como o servi-ço de e-mail que permite ao lei-tor enviar sugestões e críticas.Abertura de links que dão aces-so a outros sites, complemen-tando aquilo que o leitor estávendo, são os chamadoshipertextos, que oferecem umavariação de conteúdos.

Às vezes os sites perdemvalor diante de meios como aTV por ela disponibilizar umproduto, que se pode dizer,

mais elaborado, que prende ain-da mais a atenção do leitor. Mashoje, o internauta também podeacessar esses recursos. Sons eimagens já são permitidos, ele-mentos inovadores. São dife-

rentes tipos de linguagens emum único veículo, que facilitoua utilização mais jornalística, afacilidade da busca pela infor-mação.

Weblog também é uma for-

ma de fazer jornalismo atualutilizando a interatividade jácitada acima. O jornalista ter eacessar um weblog contribui emuito para a prática do jorna-lismo. Essa ferramenta, hoje

utilizada com freqüência, per-mite a troca de informações en-tre profissionais, estudantes daárea e até para quem apenas seinteressa em estar informado.Sugestões de pautas para ou-tros veículos de comunicaçãotambém são encontradas nosweblogs. A participação dopúblico permite a criação denovos produtos, e possibilita ainteração com a audiência parasaber como o produto deve serconduzido a partir daí.

A personalização e customi-zação se encaixam nas caracte-rísticas dos sites da internet,pois com essas ferramentas, oleitor pode personalizar os con-teúdos encontrados de acordocom as suas necessidades. Tudoisso podemos encontrar atual-mente nos sites mais acessados,e a cada dia essas ferramentasagregam mais valores a esse ve-ículo que a cada dia se tornainovador.

Edição de título elegendas:

- Rebeca Arruda

Foto: aragemdosul.files.wordpress

Ilustração: moquecacompimenta.blogspot.com

A importância daeducação para o desen-volvimento da socieda-de brasileira é inegávele merece muitas inter-jeições de espanto gra-ças às contradições quemarcam o setor. As qua-tro sílabas que formama palavra E-DU-CA-ÇÃO são articuladasmilhares de vezes nasbocas de políticos, ain-da que sejam apenas demaneira retórica. A áreada educação também

estampa as capas de jornais im-pressos, não sai das escaladasdos telejornais e reverbera fortenas ondas do rádio, afinal osjornalistas entendem que en-quanto existirem problemaseducacionais, nosso povo vaidar a partida, arrancar, acelerar,mas com o freio de mão puxa-do. No Em Foco deste mês,nossos acadêmicos repórteresmostraram os paradoxos dasescolas estaduais de Mato Gros-so do Sul, com professores quefinalmente dizem não reclamardos salários, mas têm que que-

brar o giz ao meio para econo-mizar material.

A reportagem é um exemplode que as autoridades educaci-onais que comandam as vidasde nossos estudantes não es-tão utilizando estratégias ade-quadas para gerir a educação deMato Grosso do Sul.

Dinheiro tem, e por incrívelque pareça as verbas educacio-nais aumentaram nos últimosanos. Um estudo divulgado estemês pelo Instituto Nacional deEstudos e Pesquisas Educacio-nais (Inep) revelou que os re-cursos públicos investidos naeducação brasileira em 2007foram de 4,6% em relação aoProduto Interno Bruto (PIB) bra-sileiro. Em números absolutosesse índice significa um aportede R$ 117,4 bilhões. UAU! Uminvestimento público em edu-

cação muito próximo dos 5%que a Organização para a Coo-peração e DesenvolvimentoEconômico (OCDE) registra empaíses desenvolvidos.

Mas não adianta ter tanto“dimdim” se escolas públicasestão fechando por falta de alu-nos. Nossos futuros jornalistasdescobriram uma instituição deensino em Campo Grande queevidencia os estranhos rumosda educação brasileira. Em de-zembro do ano passado a Esco-la Estadual Antônio João de Fi-gueiredo localizada na Região doImbirussu na Capital, e quedurante décadas foi responsávelpela educação de jovens campo-grandenses fechou as portas.Salas de aula, carteiras, quadros-negros ainda estão lá. O núme-ro de telefone continua ativo.Quem atende do outro lado da

linha é a responsável pela faxi-na que ainda não foi transferida:

“A escola realmente fechou.Só ficamos eu, a secretária ge-ral e o diretor, que não está nomomento. Fechou por que nãotem alunos.”

UAU, de novo! Cadê os alu-nos, onde foram parar os jovensestudantes, ou melhor, por queeles evadiram-se do local e nãoquerem mais voltar? Uma situ-ação que fez nossas escolas pú-blicas estaduais, colocarem fai-xas nas fachadas gritando: Hávagas!!!

Pesquisa divulgada na sema-na passada pela Fundação Ge-túlio Vargas respondeu a diver-sos questionamentos sobre aevasão escolar brasileira, os mo-tivos de jovens de 15 a 17 anos,que deveriam estar no ensinomédio, não freqüentarem a es-

cola, 17,8% dos brasileiros des-ta faixa etária praticam um eter-no “matar aulas”.

Os adolescentes que res-ponderam aos questionários daFGV produziram mais umUAU! neste texto: 40% dos jo-vens deixam de estudar sim-plesmente por que a escola éDESINTERESSANTE. A neces-sidade de trabalhar foi o segun-do motivo apontado pelos jo-vens (27%), seguido da dificul-dade de acesso à escola (10,9%),a terceira justificativa para a eva-são escolar.

A torcida fica para que,quem comanda a educação,aplique o dinheiro destinado aela em formas de tornar atrativae interessante a escola brasilei-ra. Aí sim, o UAU!, vai ser deum espanto bom, acompanha-do de um QUE LEGAL!

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ENTREVISTA

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errez Foto: Teresa de Barros

“A melhor maneirade se aprenderfotografia é nodia-a-dia”

Fotógrafo orienta como sobreviver em um mercado concorrido

Sacco

O fotógrafo Erich Sacco, 42 anos, nasceu na cidadede Passos em Minas Gerais. Quando tinha cincoanos de idade, se mudou para a cidade de São

Paulo com sua mãe, onde viveu muito tempo. Aos18 anos Sacco ganhou a sua primeira câmera foto-gráfica, e quando a segurou pela primeira vez pen-

sou. “Vou ser fotógrafo”. Formado em Fotografiahoje Sacco tem um estúdio em Campo Grande,

onde desenvolve diversos trabalhos, desde books àcobertura de eventos e trabalhos como livros de fo-tografia contando a história de vida das pessoas.Nesta entrevista o fotógrafo Erich Sacco conta umpouco da sua história, quando foi que percebeu

sua vocação para capturar imagens, quais são assuas maiores inspirações, suas preferências e dá

um conselho para as pessoas que desejam seguir acarreira de fotógrafo.

Teresa de Barros

Em Foco: Quando começoua fotografar?Sacco: Eu comecei fotogra-fando dentro de casa, no am-biente familiar, então dá pradizer que tenho mais jeitocom gente, com pessoas, masme aprimorei muito nos úl-timos tempos em alimentos,arquitetura, gosto muito, adelimento por que também gos-to de cozinhar e a foto de umalimento, requer produção.Então não é só ser fotógrafo,tem que ser produtor, temmuito arranjo e a pré-produ-ção é muito grande, você temque elaborar uma série decomponentes naturais e físi-cos que vão compor a ima-gem, é necessário estudar odesign, pois a composição eo arranjo fazem a diferençaneste caso.

Em Foco: O que te inspira?Sacco: Desde garoto gostavamuito de imagens, eu nuncafui muito falante, sempre ob-servador, acho que observarcomo as coisas funcionam,a inspiração vem daí, de seobservar, as coisas belas, porexemplo. Por isso a publici-dade foi um caminho natu-ral para mim, mas acabeiabandonando o curso parafazer fotografia.

Em Foco: O que você tentapassar através das suas fo-

tos?Sacco: Eu gosto de emocio-nar, estou sempre ligado nacomposição, pois o fotógra-fo organiza tudo em umaimagem, é uma bagunça vi-sual. Então, de certo modo,o meu trabalho é de organi-zar isso. Acho que a experi-ência e por ter uma bagagemvisual, ajuda na hora decompor e organizar, acaba vi-rando um exercício. Vocêbate o olho e já sabe.

Em Foco: Um lugar bompara se fotografar?Sacco: Qualquer lugar é sem-pre muito interessante pramim, com qualquer fotógra-fo eu acredito que isso pos-sa acontecer, qualquer lugarfora do seu ambiente normalele é muito estimulante, ape-sar de não estar sempre coma máquina fotográfica namão. Quando estou andan-do na rua, observando, ven-do imagens bonitas o tempotodo, crianças e expressões,pessoas, paisagens, mesmosem a máquina você tá pen-sando e fotografando sem-pre.

Em Foco: Qual foi a foto quete marcou?Sacco: Bom, existem diver-sas fotos que me marcaram,mas vou citar uma que par-ticularmente gosto muito.Foi em uma viagem à praiade Pipa, estava tirando fo-

tos dos surfistas quando ummenino de apenas dez anosde idade, apareceu surfandona crista da onda, o dia es-tava propício, o sol contra,é uma maneira que eu gostode fotografar, com a luz con-tra, e tirei a foto do meninoe ficou ótima.

Em Foco: Qual a vantagemda câmera digital?Sacco: A vantagem é quevocê pode fotografar mais,experimentar mais, eu achoque fotografia é muito isso,é experimentar, mudar oponto de vista. Depois deum tempo se adquire expe-riência, mas para isso é pre-ciso uma referência, olharem um livro como que ooutro profissional trabalhoua imagem, se gostar do esti-lo tentar fazer a mesma coi-sa, meu começo era assim eutentava copiar. Passado umtempo, aquele monte de in-formações e de imagens jáviraram um conjunto de in-formações e agora quandoestou fotografando já nemsei da onde esta vindo aque-la referência, aí se começa aexperimentar, o fotógrafo ficasempre tentando, vendo ou-tros pontos de vista.

Em Foco: Qual a melhor ma-neira de se aprender a fo-tografar, e qual o conselhoque você daria a quem al-meja ser um fotógrafo?

Sacco: A melhor maneira dese aprender a fotografia é nodia-a-dia, tratar as fotos, fa-zer editorial, uma externa, eé isso, pois quem se interes-sa em fotografia tem queaprender a fazer de tudo, porque hoje em dia o mercado émuito concorrido. Mas omeu conselho para quemdeseja entrar nesse ramo é:

primeiramente a pessoa temque comprar uma máquinafotográfica, mas não precisaser a melhor de todas, poisao contrário do que pen-sam, para ser um bom fotó-grafo não tem que ter ape-nas uma boa máquina, massim a técnica, saber mexercom a luz ambiente, ou arti-ficial faz a diferença. E é cla-

Fa m í l i a - Patrícia trabalha com o marido e ajuda na parte de atendimento do estúdio

D e d i c a ç ã o - “Mesmo sem a máquina você tá pensando e fotografando sempre”, explica Sacco

ro estudar, fazer cur-sos e buscar trabalharpor que realmente é nodia-a-dia que se apren-de mais.

Foto: Teresa de Barros

Foto: Teresa de Barros

Edição de título elegendas:

- Leonardo Amorim- Felipe Couto

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04POLÍTICA

Índios presentes na políticaVereadores indígenas de Mato Grosso do Sul buscam na política melhorias para suas comunidades

Representatividade

Caroline Maldonado

A história da políti-ca indígena no Brasilficou marcada pela pre-sença de um líderXavante na Câmara dosDeputados Federais.Mais conhecido comoJuruna, Mário Dzururá,falecido em 2002, ficoufamoso por andar comum gravador para regis-trar mentiras e falsaspromessas. O cargocomo Deputado Federalfoi de 1983 à 1987. Até

hoje, o único manda-to de Juruna é tam-bém a única repre-sentação indígena noCongresso Nacional.O avanço conferidopela atuação políticado índio Juruna é se-guido por uma estag-nação de 22 anos, naqual nenhum outroindígena chegou aoparlamento. Estaquestão preocupa osvereadores indíge-nas de Mato Grossodo Sul, que anseiampor maior e mais sig-nificativa represen-tatividade políticaem prol das comu-nidades indígenas.

Foram eleitos, em2008, nove vereado-res indígenas. Osoutros oito que eramcandidatos não con-seguiram a reeleição.É o caso do ex-vere-ador Arildo França,da etnia Terena, domunicípio de Aqui-dauana, que pela pri-

meira vez foi eleito com4,6 mil votos, na segun-da eleição conseguiuapenas 300 votos e naterceira candidatura nãomais se elegeu. “A co-munidade ainda nãotem a consciência deque o vereador deveatender às necessida-des coletivas e não in-dividuais. Ela tem quese inteirar do trabalhodo vereador para verque ele precisa de apoiopara reeleger-se e con-tinuar defendendo osinteresses da aldeia”,lamentou Arildo.

Eleito pelo estadodo Rio de Janeiro,Juruna tinha interessesmais abrangentes, mastambém não conseguiua reeleição. Segundosua filha, SamanthaRo’otsitsina, de 23anos, a população cari-oca não teve interesseem eleger novamente opai. “Quando meu pai

se elegeu, foi mais ou menoscomo a eleição do presidenteLula. Teve uma empolgação,uma esperança de melhoria devida dos povos indígenas e aíficou só nisso”, contou.

Para o vereador e professorOtoniel Ricardo, da etniaGuarani, do município de

Caarapó, é importante a parti-cipação de toda a comunida-de na política. “Na aldeiaCaarapó fazemos reuniõescom professores, rezadores,gente da área da saúde, lide-rança e estudantes para saberquais e como resolver os pro-blemas encontrados. O papel

do vereador indígena é de por-ta voz da comunidade, mascada um tem que assumir umcompromisso”, explicou.

O desafio para os vereado-res segundo o coordenador doNúcleo de Estudos e Pesqui-sas das Populações Indígenasda Universidade Católica DomBosco (Neppi/UCDB), Anto-nio Brand é estratégico. “Via-bilizar apoio e assessoria aosvereadores eleitos e manter eampliar a articulação com ascomunidades indígenas e suasorganizações”, explicou o his-toriador aos indígenas duran-te a I Capacitação para verea-dores indígenas de Mato Gros-so do Sul, oferecida pelo Pro-grama de Apoio a Permanên-cia de Indígenas na Universi-dade (Rede de Saberes) queocorreu nos dias 12 e 13 demarço em Dourados. O encon-tro contou com a participaçãodo então presidente da Comis-são de Desenvolvimento Agrá-rio e Assuntos Indígenas daAssembléia Legislativa, depu-tado Pedro Kemp e MargaridaNicoletti, coordenadora regio-nal da Fundação Nacional doÍndio (Funai).

A capacitação foi avaliada,pela equipe do Neppi, como

de grande relevância, especi-almente aos que exercem seuprimeiro mandato. Uma se-gunda avaliação está previstapara agosto deste ano, quecontará com a participação demaior número de acadêmicose lideranças indígenas.

O acadêmico do 6º semes-tre de Geografia da Universi-dade Federal de Mato Grossodo Sul (UFMS/Aquidauana),Carlos Ronaldo Miguel, ava-liou o encontro como uma se-mente que irá crescer e forta-lecer nas comunidades indí-genas do Estado. “Encontrosassim são importantes parasabermos questionar e defen-der assuntos indígenas e ser-mos úteis à nossa comunida-de em relação à política”, afir-mou. Segundo os represen-tantes dos acadêmicos daUCDB, Luiz Eloi e GislenaMiguel, os estudantes queremmaior articulação com as re-presentações políticas em fa-vor da melhoria de vida dascomunidades envolvidas.

Eleger deputados indígenasé considerado extremamenteimportante para as comunida-des do Estado, que se vêemdiante de situações que podemser melhor solucionadas por

meios políticos. “Termos vere-adores indígenas já é um avan-ço, mas eles fazem um traba-lho de ‘formiguinha’, trabalhan-do para sua comunidade. Ago-ra, ter representantes no Sena-do ou na Câmara seria muitomelhor, pois estariam buscan-do o melhoramento de vidados povos indígenas em nívelnacional, como era a vontadedo meu pai. Assim, a socieda-de vai mudar a visão que temdo índio, porque existe aindaum preconceito e desconheci-mento por parte da sociedadeem relação aos povos indíge-nas do Brasil”, afirmou a filhade Juruna. Segundo ela, o paiqueria mesmo não só o bemdas populações indígenas, masde outras tantas classes opri-midas da sociedade e seus ide-ais eram embalados pelo trechoda música de Geraldo Vandré:“Vem, vamos embora. Que es-perar não é saber. Quem sabefaz a hora, não espera aconte-cer”.

E n c o n t r o - Índios se reúnem na I Capacitação para vereadores indígenas de Mato Grosso do Sul, com o objetivo de questionar e defender assuntos relacionados aos índios

Edição de títulos,legendas e fios:

- Ana Laura Sandim- Tatyane Santinoni

Pa r t i c i p a ç ã o - Pedro Kemp em prol de vereadores indígenas

Foto: Caroline Maldonado

Foto: Caroline Maldonado

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ECONOM

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Crise

Em diversas áreas a oferta é grande

Ainda há

vagas de

emprego

C o m é r c i o - Loja da Capital busca novos funcionários, oportunidade em meio à crise para muitos trabalhadores desempregados

Foto: Tatiane Guimarães

Informalidade é uma alternativa para superar o desemprego

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Edição de títulos,legendas e fios:

- Paula Vitorino

Laziney Martins

A crise econômica que afe-ta os Estados Unidos já temreflexos em alguns setores deMato Grosso do Sul, como nocaso das empresas que traba-lham com exportação. No en-tanto, em outras áreas comoprestação de serviços e comér-cio a oferta de postos de tra-balho continua.

Vilma Benedita Jertudres,de 47 anos, é uma das pesso-as que conseguiu emprego emmeio à crise. Ela está traba-lhando há dois meses, é acom-panhante de uma idosa. Se-gundo ela, a crise afetou suaida à farmácia. “Procuro sem-pre o medicamento manipu-lado, se eu compro na farmá-cia custa R$ 45,00 se eu man-do manipular, o mesmo me-dicamento sai por R$22,00”,conclui.

Coordenadora e Interme-diadora de Emprego da Fun-dação do Trabalho de MatoGrosso do Sul (Funtrab), ElenSouza, conta que a crise che-gou em alguns setores ligados

à exportação, no caso do mi-nério de ferro. A MMX, em-presa de Corumbá, fez o cha-mado “Bolsa Qualificação”, ouseja, qualifica seus funcioná-rios mantendo seus pagamen-to.

Marcos Romeiro Espíndo-la, de 40 anos, perdeu o tra-balho há um mês, hoje ele ven-de salgados, e a esposa com-plementa a renda da família.“Vejo na crise uma oportuni-dade de me superar“, concluiMarcos.

Elen comenta também queos campo-grandenses vão pro-curar emprego de segunda aquarta-feira. No restante dasemana a Funtrab fica vazia.As vagas que tem maior difi-culdade de serem preenchidassão de cozinheiro e constru-ção civil. “As pessoas fazemcursos, se qualificam, masninguém quer começar a tra-balhar de auxiliar de cozinha.O investimento feito no cursonão corresponde ao posto pro-posto pelo mercado de traba-lho”.

Elen Souza conclui dizen-

do que poucas empresas têmo plano de cargo e carreira. “Amaioria das empresas que têmsão multinacionais”.

O f e r t aDados do Cadastro Geral

de Empregos e Desemprega-dos (Caged) apresentam umaelevação de 5,04% na ofertano mês de fevereiro em rela-ção a janeiro deste ano, tota-lizando uma geração líquidade 2.208 novos postos de tra-balho em Mato Grosso do Sul.O que representa um acúmulode 4.310 empregos com regis-tro em carteira no primeirobimestre de 2009, equivalen-te a 1,25% de aumento. O Es-tado é o terceiro no número

de vagas no país, superadopelos Estados de Goiás eRondônia.

O setor de serviços foi quemais contribuiu para o desem-penho do mercado formal, agre-gando 1.055 postos de trabalho,em seguida vem a agricultura,indústria da transformação.

Dentre os municípios sedestaca Nova Andradina, ten-do um saldo de 934 postos detrabalho Dourados com 317,Campo-Grande aparece em ter-ceiro lugar em contratação com240 empregos gerados.

Coordenador do Observa-tório do Trabalho Conrado Pi-res de Castro, comenta quetodo ano tem uma variação nomês de janeiro pois as contas

de início de ano, IPTU,boletos das compras denatal,IPVA. “O único setor quenão para é o setor da alimen-tação e bebidas, com as proxi-midades do carnaval”.

D i c a sPara o economista e comer-

ciante Wilson Lima, isso sur-giu no ano de 1973 quandoapareceram as facilidades decrédito, mais parcelas com ju-ros baixos, aquecendo a eco-nomia.

Segundo ele, de 2005 a2008 houve uma expansão in-dustrial de consumo, facilida-des de obter crédito, com issoas pessoas começaram a termais tempo para começar a

pagar. Wilson Limadiz que Campo-Gran-de é consumista e“novidadeira”, gostade produtos novos.

Hoje 70% das lo-jas de empréstimopessoal de CampoGrande fecharam. Oeconomista exemplifi-ca: “se você ganhaR$400,00 guardando5% do seu salário nofim do ano você teráR$ 240,00”.

Otávio Cavalcante

A falta de empre-go, a dificuldadepara conseguir a tãosonhada aposenta-doria e a necessida-de de obter renda,faz com que a socie-dade busque saídaslucrativas para supe-rar a crise e manterseu sustento e desua família, o refle-xo disto é o grandenúmero de vendedo-res informais emCampo Grande.

O lado bom é quenas regiões metropo-litanas do Brasil, oemprego informaltira mais pessoas dapobreza do que oemprego formal, afir-ma um estudo pu-blicado em outubrodo ano passado peloCentro Internacional

de Pobreza, um instituto depesquisa do Programa dasNações Unidas para o Desen-volvimento (PNUD) em parce-ria com o Instituto de Pesqui-sa Econômica Aplicada(IPEA).

Há 30 anos seo GabrielBobadilla está no setor infor-mal vendendo biscoitos. Hoje,na Praça Ari Coelho, no cen-tro da Capital, com muito or-gulho fala dos benefícios queconseguiu. “Criei meus trêsfilhos só com o dinheiro dosbiscoitos”, afirma.

De cada dez vendedoresinformais da Ari Coelho, oitojá poderiam se aposentar, masainda não conseguiram obtereste benefício como é o casodo seo Gilson Ortega, de 42anos. Ele sofre com problemasde saúde, que o proíbe de tra-balhar no setor formal. “Mi-nha única renda é a venda desorvetes, há cinco anos lutopara conseguir me aposentar,mas percebo que é somente

um sonho”, afirma Ortega.Clodoaldo Ribeiro da Sil-

va, o Paulista, como gosta deser chamado, deixou de serpatrão para ser informal, tinhauma microempresa no Estadode São Paulo, como ele conta.“Trabalhava muito, mais de 15horas por dia, era muitoestressante, hoje vendendoespetinho, trabalho no máxi-mo seis horas, e só de segun-da à sexta-feira”.

Paulista vende espetinhosem frente da UniversidadeCatólica Dom Bosco, juntocom sua esposa. Chega às 18horas e fica no local até as 23horas. Vende cerca de 180 es-petinhos em uma noite. Pau-lista nunca trabalhou com car-teira assinada, tem apenas oensino médio.

O setor informal gera mui-tas vantagens, uma delas é ageração de empregos tantopara quem cria formas lucra-tivas, também para quem aca-ba se empregando neste ramo.

É o caso do Anderson de As-sis, de 16 anos, ele é como sefosse um menor aprendiz para

seo Valdir Rodrigues da Sil-va, que trabalha vendendo ca-chorros-quente em frente à

UCDB. Além doAnderson, Valdir tam-bém emprega seu pai.

N a p r a ç a -Diversos produtos são vendidos as pessoas que por ali passam e geram renda

Foto: Otávio Cavalcante

Foto: Laziney Martins

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Paula Maciulevicius

“Liberdade para ir evir tranquilamente,sem mais preocupa-ções além das que eujá tenho”, é o desabafode Pedro Martinez, 20anos, acadêmico de Jor-nalismo, e deficiente fí-sico, em resposta aoque vem a ser acessibi-lidade. Palavra estaque, de acordo a Lei N°10.098, de 19 de de-zembro de 2000, esta-belece normas e crité-rios para a promoçãode acesso das pessoasportadoras de deficiên-cia ou com mobilidadereduzida.

Após o Decreto Lei5296, no ano de 2004,a Lei da Acessibilida-de passou a ser regula-mentada. “O decretosai para fazer aconte-cer”, comenta a direto-ra-geral do InstitutoSul-Mato-Grossensepara Cegos FlorivaldoVargas (Ismac), TelmaNantes de Matos. Paraela, o deficiente visualtem facilidade na inclu-são social, a dificulda-de era o acesso à infor-mação, educação e tec-nologia. “Nossas con-quistas foram aconte-cendo de cinco anospara cá”, conta a dire-tora do Ismac.

São poucas as con-quistas, frente às difi-culdades que aindaenfrentam os deficien-tes, ou portadores denecessidades especi-ais. “Muda-se os no-mes, mas não se mudaas atitudes”, ressaltaTelma.

“Democratizar a in-formação é a nossa pre-ocupação, enquantoconcretizar a legislaçãoé a nossa maior luta”,finaliza Telma.

I r r e g u l a r i d a d e sApesar de toda re-

gulamentação quanto àinclinação transversalde calçadas – não po-dendo ser superior a3%, uso de piso tátil,e construção de linhas-guia, na prática, asadaptações, quandoexistentes, estão erra-das segundo o defici-ente físico PedroMartinez. “A rampa émuito íngreme, as por-tas dos locais são pe-quenas. A gente temque pensar, antes de iraos lugares, nunca temaonde ir, por conta dafalta de acesso”, contarevoltado Pedro, quefaz uso da cadeira derodas.

P r e c o n c e i t o“Como grande vilão

D e s a f i o

Portadores de deficiência desabafam sobre as dificuldades encontradas no dia-a-dia

Acessibilidade para todos

E s t r u t u r a - Bruno comenta a falta de preparação dos profissionais, pois essa falta de qualificação e estrutura adequada impede o acesso dos portadores de deficiência

para o deficiente, encontra-seo preconceito”, diz Acedir Je-sus de Souza, professor de in-formática do Ismac e deficien-te visual. “O Brasil ainda épreconceituoso, passei por al-gumas coisas bobas, às vezesé o despreparo também”, ex-plica Bruno Duarte de Mello,17 anos, acadêmico de Direitoe deficiente visual.

Acessibilidade para Brunoé ter o mesmo direito das ou-tras pessoas que não têm qual-quer dificuldade; quanto aodespreparo, este vem da partedos professores, explica o es-tudante.

Te c n o l o g i aEnquanto enfrentam o pre-

conceito, falta de qualificaçãodos educadores e de estrutu-ra adequada, a tecnologia trazcada vez mais acessibilidadeaos portadores de necessida-des especiais. Através dosoftware de voz, deficientesvisuais têm acesso normal àinternet e tudo mais, não sódo computador, como tambémdo celular, que dita toda equalquer operação digitadapelo deficiente.

Segundo o Censo 2000,do Instituto Brasileiro deGeografia e Estatíst ica(IBGE), aproximadamente 25milhões de brasileiros decla-raram possuir alguma defi-ciência, o que significou umsalto de 1,41% em 1991 para14,5% da população. Umapossível explicação paraesse acontecimento é, alémdo aumento da expectativade vida do brasileiro, aconscientização da socieda-de, assim como do próprioportador de necessidades es-peciais. “Cada vez que saiuma matéria nossa na mídia,é um a mais que aparece.Eles ficam lá no fundo, àsvezes, escondidos”, comen-ta a diretora Geral do Ismacsobre o papel do jornalistapela causa do deficiente. “Émostrar para o povo que têmas normas, e que elas seaproximam das nossas ne-cessidades”, completaTelma.

“Nós já demos um passoenorme”, explica Bruno emrelação ao avanço na acessi-bilidade. “A gente escuta:‘Eles conseguem fazer isso!

Edição de títulos,legendas e fios:

- Laura Peres Santi- Teresa de Barros

A d a p t a ç ã o - Fazer alterações em seu veículo, foi a maneira que Pedro encontrou para se locomover

Família se adapta para atender

as limitações de seus integrantes

DEDICAÇÃO

Paula Maciulevicius

No dia-a-dia da famíliaMello, acessibilidade está sem-pre em questão, os irmãos Bru-no, 17 anos, e Leandro Duartede Mello, 19 anos, são porta-dores de necessidades espe-ciais e hoje a principal preo-cupação da família vem domercado de trabalho. “Esta-mos tentando prepará-lo comcursos técnicos”, diz a mãeSônia Yara Mello Francelino,dentista, sobre o Leandro, de-ficiente auditivo, enquanto osonho de Bruno é ser Juiz deDireito.

Sonho este que a famílianão mede esforços para reali-zar, mesmo sem a existênciade livros do curso em braile,a família de Bruno passa parao computador, através doscanner, as páginas a seremestudadas, e por meio desoftware especializado, as le-tras são passadas e impressasno braile.

Adap t a ç õ e sA sistemática adotada na

família que tem um deficientevisual e um auditivo é traba-lhar a questão dentro de casa.Para Leandro, deficiente audi-tivo foram 12 anos de terapiafonoaudióloga e mais três ho-ras de exercícios diários emcasa. O resultado é que ele tema fala quase perfeita, apesar deouvir de 25 a 30%. “O fato denão ouvir, limita um pouco oentendimento”, relata a mãeSônia, “Já para o deficiente vi-sual não”, completa.

No cotidiano, para Leandroera muita leitura, e quando cri-ança, Bruno tinha as roupasno armário, penduradas nocabide que era enumerado,sempre perto havia uma agen-da, em braile estava descritocomo era cada peça do cabidee com qual roupa combinava.“Ele sempre se vestiu sozinho,eu falava que não queria queele saísse vestido de bandeirabrasileira”, brinca Sônia.

Os irmãos também se aju-dam nas horas de lazer, nosjogos de futebol na televisão,enquanto Leandro conta paraBruno sobre os lances, o ou-tro repassa as informações dosnarradores. “O que falta emum, sobra no outro”, brinca amãe Sônia Mello.

“Eu quero vencer em tudo oque eu faço, ser juiz, chegar auma paraolimpíada, com o judô.Para isso, eu tenho que destruir,para chegar longe!”, sonha Bru-no Duarte de Mello. “As coisastão começando agora, eu querotrabalhar, ter uma família e maispra frente, estar no topo. O queeu vejo pelas outras pessoas de-ficientes também, é que a gentese sente sozinho. Hoje eu estoufeliz, tenho uma namorada queme aceitou do jeito que eu sou”,conta Leandro de um sonho queem parte já se tornou realidade.

A deficiência na família co-meçou em 1989, aos 11 meses,Leandro, hoje com 19 anos, foiinternado com pneumonia, eA c e s s o - Perda auditiva não é barreira para Leandro

Foto: Paula Maciulevicius

Foto: Paula Maciulevicius

segundo a mãe, Sônia, trêsmeses após essa internação foiobservado um retrocesso nodesenvolvimento dele.. A pos-sibilidade para o ocorrido, deacordo com Sônia, pode tervindo de um erro médico naadministração do antibióticoGaramicina, que em doses ele-vadas pode causar danos aonervo auditivo em crianças.

Já no caso de Bruno, o di-agnóstico de glaucoma veioainda criança, e foi controla-do até os seis anos, mas umdia ao chegar em casa da es-cola, Bruno sentiu os olhosum pouco doloridos e resol-veu deitar para ver se melho-rava. “Quando acordei, já es-tava sem enxergar”, conta Bru-no sobre a perda da visão di-reita. Aos sete anos, em umacidente de bicicleta, o meni-no bateu o olho esquerdo noguidão. “Pelo glaucoma, e como acidente, teve o desco-lamento da retina”, explicaBruno.

Foto: Paula Maciulevicius

Ele é capaz!’”, finaliza a idéiado irmão, o deficiente audi-t ivo Leandro Duarte deMello, de 19 anos. Para amãe Sônia Yara MelloFrancelino, os maiores obs-

táculos vivenciados pelo de-ficiente visual, são os colo-cados pelos videntes. “Euvejo a legislação, mas nãoobservo o cumprimento”,desabafa quem sempre lutou

com esperança pelos direi-tos dos filhos.

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GERAL

Foto: g1.globo

Leonardo Amorim

As fraudes envolvendo car-tões de crédito, cheques e con-tas bancárias, se tornam cadavez mais comuns devido aorápido avanço da tecnologia.Eficazes e competentes comrelação à preservação aos cli-entes, os bancos não divulgamqualquer tipo de informaçãoquanto a essas operações ile-gais e tampouco deixam “namão” as vítimas.

O vendedor Carlos RamãoNantes, de 50 anos, ao sacarum dinheiro para dar ao filhopercebeu que seu saldo estavanegativo. Imediatamente acio-nou o banco e o gerente o in-formou, após consulta, queseu cartão havia sido clonadoe que fizeram cinco saques deR$ 600, dois da conta corren-te e o resto da poupança. “Eufui ao banco e fiz uma cartainformando que não fiz taloperação, até porque foi umsaque de Curitiba e outro deSão Paulo. Em três dias meudinheiro já estava de novo naconta”, conta Carlos.

Bancos

contra

fraudes!

Segurança

Clonagens preocupam consumidores

A acadêmica de Jornalis-mo, Camila Cruz, de 21 anos,teve um problema menor queo de Carlos, mas contou coma eficiência do banco para des-cobrir a fraude.

Camila recebeu uma ligaçãoda gerente pedindo a confir-mação de uma compra de ou-tra cidade, no valor de R$ 30,

com cartão de crédito. A estu-dante negou e complementoudizendo que ninguém da fa-mília havia utilizado o cartãonos últimos dias. No mesmomomento a atendente infor-

mou a estudante de que seucartão havia sido clonado eque ela deveria ir a uma agên-cia para mudar a senha e fazeroutro cartão. “Lá na agênciative que assinar um termo denão reconhecimento da com-pra e eles iriam tentar desco-brir quem havia feito o roubo.Então debitou da minha contano vencimento e depois o ban-co fez o reembolso do valorexato”, detalha.

O funcionário públicoD.S.S. que não quis se identi-ficar, também contou com a efi-ciência do banco e teve um casoum pouco mais complicado.D.S. teve a conta invadida e osbandidos pagaram 16 contastelefônicas no valor total de R$2.800, fizeram um empréstimode R$ 1.000 no Crédito Diretona Conta (CDC) e compraramum cartão de celular de R$100. Desconfiado da movimen-tação financeira, o banco tam-bém ligou para o cliente e como

conhecia o correntista há algumtempo, apenas o informou queestava bloqueando a conta,pois ela havia sido invadida.“Levei sorte porque tudo foifeito no final da tarde, quandoas movimentações financeirassão encerradas. Perdi apenas ovalor da CPMF, que depois obanco me reembolsou”, expli-ca.

P r e v e n ç ã oPara caso como os dos per-

sonagens desta matéria, hojeexiste um site de prevenção afraudes e outros perigos domundo financeiro. Owww.fraudes.org, criado em2000, além de alertar, realizafóruns de discussão e infor-ma sobre as leis relacionadasao assunto. A página ainda re-comenda que sejam tomadosalguns cuidados, que parecembanais, mas podem ser efica-zes, como, evitar senhas óbvi-as (datas de aniversário, pla-

cas de carro), nãodigitar senha ou núme-ro de cartão em telefo-nes públicos ou quememorizem os núme-ros digitados, olhar aoredor antes de usar seucartão, jamais empres-tar o cartão e tomar cui-dado com esbarrões,pois numa trombada ogolpista substitui seucartão por um falso.

As agências bancá-rias foram procuradaspara detalhar os casoscitados, porém infor-maram que todas asações realizadas são deacesso exclusivo decada correntista e seurespectivo banco.

Edição de títulos,legendas e fios:

- Rebeca Arruda

C a r tõ e s - Cada vez mais comum, o número de clonagens de cartões preocupa instituições financeiras e clientes dos bancos

Foto: images.quebarato.com.br

F i n a n ç a s - Site dá dicas de prevenção contra fraudes

Obesidade infantil: um alerta para a saúde deles

Ana Laura Sandim

A obesidade infantil temcrescido a cada dia, e com elaas preocupações dos pais emcomo fazer com que as crian-ças emagreçam e evitem futu-ros problemas de saúde.

Na década de 70, no Bra-sil, 4% das crianças e adoles-centes de 6 a 18 anos eramobesos, segundo a Organiza-ção das Nações Unidas (ONU).Um estudo publicado pelaSociedade Brasileira de Endo-crinologia e Metabologia(SBEM) indica que atualmen-te 15% dessa população estãoacima do peso.

A obesidade infantilacontece geralmente em fun-ção de uma combinação defatores psicológicos, hábitosalimentares errôneos, pro-pensão genética e estilo devida da família, entre outros.As formas de vida sedentá-ria, facilitadas pelos avançostecnológicos como a televi-

são com controle remoto, ele-vadores, escadas rolantes,computadores, vídeos-gametambém favorecem o ganhode peso nas crianças. Comotoda causa há uma conseqü-ência, no exemplo acima,os atos praticados causammuitos prejuízos à saúde,como problemas ortopédi-cos, infecções respiratórias ede pele, cirrose hepática porexcesso de gordura deposi-tada no fígado – a chamadaesteatose, e o mais grave éque a criança obesa tem maischance de se tornar umadulto rechonchudo.

Tr a t a m e n t oNo Hospital Regional Ma-

ria Rosa Pedrossian, em Cam-po Grande, existe o setor deTerapia da Obesidade Infan-til (TOI) que atende gratuita-mente crianças e adolescen-tes obesos, ministrando pa-lestras com endocrinologis-ta, nutricionista, psicólogo,

professor de educação físicae, ainda há o acompanha-mento toda semana.

Wendel Menezes Brites,de 6 anos, pesa 46 quilos eestá com 19 acima do peso.Ele é uma das crianças quefreqüenta o setor terapêuticodo hospital para emagrecer edesabafa: “eu como de tudo,desde frutas e verduras atédoces e salgados, mas nãoconsigo comer pouquinho”.A mãe dele, Geicilayne Es-píndola de Menezes, perce-beu que o filho comia por an-siedade e não porque estavacom fome. “Foi a partir des-se momento que resolvitrazê-lo aqui no hospital paracomeçar o tratamento e per-cebi que a minha família pre-cisa mudar os maus hábitosalimentares”.

A nutricionista SamanthaAbrão de Souza, uma das pro-fissionais desse setor, escla-rece que o objetivo do proje-to não é que a criança ema-

greça, mas que ela co-mece a ter uma alimen-tação saudável paracrescer com saúde ecom o peso ideal. Se-gundo ela, não só ascrianças, mas os jo-vens, os adultos e osidosos também devemter uma alimentaçãoequilibrada, com cincoa seis refeições ao dia.

N u t r i ç ã oSamantha sugere a

ingestão diária de trêsporções de frutas ousuco, quatro a cincoporções de vegetais,um prato de sopa de le-gumes, dois copos deleite ou derivados eduas fatias de carne,sempre variando entrea vermelha e a branca.Já a sobremesa só emocasiões especiais,como aniversários e ca-samentos.A l i m e n t a ç ã o - Wendel de 6 anos quer perder 19 quilos

Foto: Ana Laura Sandim

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Educação em situação precária

Sucateamento

Professores da Rede Estadual de Ensino reclamam da falta de infraestrutura e alunos são os mais prejudicados

Foto: Haryon Caetano o

Haryon Caetano

Todas as manhãs,Rosa Maria Lemos,professora da Rede Es-tadual de Ensino sai às5 horas de casa paraenfrentar seu desafiodiário, formar seusalunos com a maiorqualidade possível uti-lizando o mínimo derecursos didáticos eestruturais das escolasestaduais. Na Rede Es-

tadual de Ensino deMato Grosso do Sullecionam cerca de20 mil professorese, muitos enfren-tam situação idênti-ca ou semelhante,melhorando ou pi-orando dependen-do da escola ondeleciona.

“É complicado,às vezes nós pro-fessores temos atéque repartir o giz,quebrando-o nomeio”, lamentaRosa enquanto atra-vessa de ônibus aCapital, de norte asul, para chegar aolocal de trabalho, otrajeto leva duashoras.

Essa dificulda-de de materiaiscontrasta com opiso salarial dosprofessores da redeestadual que é omaior do Brasil. “O

salário é bom. Deleeu não posso reclamar.Só faltam recursospara tornar a aula maisatrativa para os alu-nos”, complementaVilma de Fátima Con-ceição que trabalha emuma escola estadual nacidade de Dourados.

Em Campo Grande,a falta de material pe-dagógico complemen-

tar é um dos motivos que in-fluenciam na evasão escolar.Um dos primeiros colégiosestaduais da Capital, o An-tonio João de Figueiredo, lo-calizado no bairro Amambai,foi fechado no final do anopassado devido à ausênciade alunos. A duas quadrasdeste colégio, a Escola Esta-dual Guia Lopes, mesmo ten-do recebido parte dos estu-dantes da Antonio João, es-tampa uma faixa ao lado doportão de entrada informan-do que há vagas disponíveis.Na escola, inclusive, não hásequer armários para guardaros livros que seriam entre-gues para os alunos. O mate-rial está encostado em cimade fogões velhos e carteirasescolares, recebendo umida-de e aguardando a matrículade quem os receba.

Segundo a Assessoria deComunicação da Secretariade Estado de Educação (SED)de Mato Grosso do Sul, estásendo estudado um possívelremanejamento de alunospara atender melhor as ne-cessidades de cada estudan-te e escola. Já foram até enco-mendadas novas mobíliaspara 35 escolas que apresen-tam as piores situações. ASED informou ainda, que fezo pedido de 864 computado-res que serão disponibiliza-dos em todas as escolas, masestes chegarão às mãos dosalunos até o final de 2010.

C o n t r a s t eEquipamentos informati-

zados que auxiliam o profes-sor na sala de aula já podemser encontrados em algumasescolas de Campo Grande.“Há três anos utilizamos alousa digital. Ela não resolvetodos os problemas, mas aju-dou muito a captar a atençãodos alunos. A qualidade daaula agora só depende de nósprofessores”, resume o pro-fessor João Samper, dono deuma escola particular da Ca-

D e p ó s i t o - Materiais escolares estão abandonados e empilhados nas escolas de Capital que sofrem com a falta de alunos

Edição de títulos,legendas e fios:

- Leonardo Cabral

- Teresa de Barros

- Kária Ramos

pital.A lousa digital é um telão

interativo que através de umacaneta especial, reconhece otoque no painel e digitalizaas informações no projetor.O quadro se torna uma gran-de tela de computador sen-sível ao toque. Escolas pú-blicas de Vitória, no EspíritoSanto, já dispõe de tal tecno-logia. O material não é rela-tivamente caro, podendo seradquirido por até 8 mil re-ais.

A b a n d o n o - Escola Estadual Antônio João Figueiredo fechou ano passado pela falta de alunos

Foto: Haryon Caetano

Foto: Haryon Caetano

Mirian de Araujo

Entre uma visita e outrano Hospital do Câncer, en-contram-se pessoas quenem sabem o motivo de es-tarem naquele lugar. Muitasvezes por decisão da famí-lia por não contar o diag-nóstico do médico, outraspor serem crianças e desco-nhecerem a gravidade doproblema. O período que sesegue até a confirmação docâncer, atinge a família in-teira e exige muito das pes-soas próximas ao doente.

É o momento em quemuitas decisões precisamser tomadas, como lidarcom os sentimentos provo-cados pelo conhecimentodo diagnóstico, se o doentedeverá ou não saber; como,falar para ele.

Dona “G” não quis seidentificar, pois tem medoque o filho de 25 anos des-cubra que está com câncerno estômago ao ler esta re-portagem. A doença tomouconta da maioria dos órgãosinternos como pâncreas,esôfago e estômago. “Meufi lho es tá nas mãos deDeus, mas ele não sabe, nãotive coragem de contar, eleacredita que está tratandode uma úlcera no estômago,não posso ser tão cruel comele, sofro calada, minhavida é chorar sozinha no

Câncer: revelar ou não o

diagnóstico da doença?quarto enquanto vejo elegemer de dor, sem saberqual é sua doença verdadei-ra”, afirma a dona de casa.

Para a psicóloga NeidiFerreira, o correto é contarao doente a gravidade doproblema, por que será mui-to pior se ele descobrir so-zinho. “Ele vai se sentir tra-ído quando descobrir quementiram para ele, é direi-to dele saber e além domais, ele acima de todos,tem que querer se tratar”,afirma.

Mas também existem pes-soas que estão com a doen-ça e escondem de seus fami-liares, tudo para evitar umsofrimento, como é o caso deMaria (nome fictício), de 46anos. Há dois anos ela lutacontra o câncer de útero, masnão contou para sua família,para não desesperá-los.“Eles não sabem da minhadoença, não posso contar,minha família se apóia emmim, se eles ficarem saben-do irão sofrer demais e eunão acho justo, às vezes te-nho vontade de gritar oquanto está doendo, masnão posso, eles vão desco-brir somente quando eumorrer”, desabafa.

Já na contramão encontra-se a família Araújo, em que opatriarca Jorge Rodrigues, de63 anos, está doente. “Minha

família sabe que estou doen-te, eles me ajudam, me dão for-ça, às vezes quero desistir, por-que são muitos exames, alémda dor que é intensa, masquando vejo que eles têm es-perança na minha cura, eu melevanto novamente”, afirma ovigia noturno que parou de tra-balhar para se tratar de umcâncer no estômago.

R e v e l a ç ã o

Segundo à psicóloga,Neidi Ferreira, não se devecontar ao doente de uma vez.É necessário esperar o tem-po oportuno. “Quando des-cobre o diagnóstico, umasérie de decisões sobre o tra-tamento serão tomadas, en-tão é importante que espereo momento certo para reve-lar, além disso é fundamen-tal que ambos estejam cal-mos, para no momento dedesespero que naturalmen-te vai surgir um possa con-solar o outro”, conclui.

A psicóloga também ori-enta que se na hora de con-tar a verdade tiver vontadede chorar não precisa se re-primir”. O choro é como umdesabafo, não é necessárioesconder do doente o medo.Isso faz parte do sentimentohumano, é algo natural, e seo doente tiver vontade degritar ele deve desabafar damaneira que provavelmenteirá se sentir melhor”, afirma.