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Estudo de Caso: Patologias de um Duplex em Cabedelo-PB dezembro/2015
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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
Estudo de Caso: Patologias de um Duplex em Cabedelo-PB
Cássio Vinicius Carvalho de Sousa – [email protected]
MBA Gerenciamento de Obras, Tecnologia e Qualidade da Construção
Instituto de Pós-Graduação - IPOG
João Pessoa, PB, 15/06/2015
Resumo
O presente artigo científico aborda as patologias encontradas no duplex 101, do edifício
Mirane de Areia, número 98, no bairro de Camboinha 3, na cidade de Cabedelo-PB. Através
de pesquisas de campo, bibliográficas e análises de correlatos, buscou-se identificar as
patologias, além de compreender as causas que originaram as mesmas. Após análise de
dados obtidos, pelas pesquisas citadas anteriormente, verificou-se que a área de lazer acima
do duplex 101, contribuiu de forma significativa para o aparecimento das patologias. Dentre
as patologias observadas, se destacam as infiltrações, fissuras e trincas.
Palavras-chave: Patologia. Umidade. Edificação. Fissuras.
1. Introdução
O elevado crescimento da construção civil, aliado a competitividade do mercado imobiliário,
exigem prazos menores a cada obra. Na tentativa de otimizar o tempo e reduzir gastos, os
empreendimentos negligenciam em determinados casos, a qualidade dos materiais e mão de
obra especializada. Além dessas negligências, a falta de um projeto de qualidade com as
devidas especificações, ocasionam a maior parte das falhas e degradações de uma edificação.
Segundo Martins (1996:13), "projetar uma estrutura significa resolver seu trinômio
fundamental: segurança, funcionalidade e durabilidade, onde todos os termos são igualmente
prioritários".
De acordo com Souza e Ripper (1998:13), "as causas da deterioração podem ser as mais
diversas, desde o envelhecimento natural da estrutura até os acidentes, e até mesmo a
irresponsabilidade de alguns profissionais que utilizam materiais fora das especificações". Os
dois autores supracitados ilustram a importância de um projeto bem elaborado, executado de
forma satisfatória e com as devidas especificações. Fatores que dariam a edificação uma
provável longa vida útil.
A redução dos cuidados na execução de obras de determinadas tipologias de menor porte é
outro fator comumente observado. As edificações populares apesar de embasadas de normas
técnicas, a exemplo da Norma de Desempenho de Edificações (NBR 15.575), ainda são
construídas visando rapidez e redução de custos, em detrimento da qualidade. No
entendimento de Martins:
Não se pode admitir que casas populares não sejam executadas com os mesmos
padrões de qualidade que uma barragem. Evidentemente os métodos e equipamentos
não serão os mesmos. Todavia nada pode impedir que os resultados sejam os
mesmos. Não se pode admitir que fundações de edifícios populares sejam feitas sem
que se evitem recalques danosos aos proprietários, enquanto que, por seu caráter
catastrófico, as fundações de uma barragem sejam objeto de minuciosos estudos.
Ambos os casos, utilizados os instrumentos adequados, devem ser tratados com a
mesma profundidade e seriedade. Este é o primeiro critério de desenvolvimento de
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um projeto: não há projetos pouco importantes ou muito importantes; só há projetos
grandes ou pequenos. (MARTINS, 1996:18).
O presente artigo reflete sobre patologias comuns em edificações populares, que não possuem
um rigoroso controle construtivo, atrelando-as ao estudo de caso, buscando compreender as
prováveis causas que originaram essas patologias.
2. Conceitos de Patologia
Segundo Robbins e Cotran (2010:4), "a patologia é o estudo (logos) da doença (pathos). Mais
especificamente, a patologia está voltada ao estudo das alterações estruturais, bioquímicas e
funcionais nas células, tecidos e órgãos que fundamentam doença".
O termo patologia foi adotado pela construção civil para definir as doenças presentes nas
edificações. Para Souza e Ripper (1998:14), define-se genericamente patologia das estruturas
como um "novo campo da Engenharia das Construções que se ocupa do estudo das origens,
formas de manifestação, conseqüências e mecanismos de ocorrência das falhas e dos sistemas
de degradação das estruturas".
No entendimento de Figueiredo (2003:43), são utilizadas as seguintes classificações quanto à
origem das manifestações patológicas:
a) Umidade:
- umidade decorrente de intempéries
- umidade por condensação;
- umidade ascendente por capilaridade; e
- umidade por infiltração.
b) Trincas e Fissuras:
- fissuras provocadas por variações de temperatura;
- fissuras decorrentes de variações do teor de umidade;
- fissuras de origem química;
- fissuras provocadas por ações mecânicas;
- fissuras provocadas por deformabilidade;
- fissuras por recalques diferenciados; e
- fissuras provocadas por erros de projeto ou de execução.
c) Patologia de Revestimentos:
- eflorescência;
- fungos;
- vesículas;
- descolamento com empolamento;
- descolamento em placas;
- descolamento com pulverulência;
- fissuras horizontais;
- fissuras mapeadas;
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- descolamento por movimentação; e
- descolamento por ação de intempéries e agentes agressivos.
d) Corrosão:
- deficiência do concreto; e
- ação de agentes agressivos do meio ambiente.
e) Outras Patologias:
- soerguimento de pavimentos por crescimento de raízes vegetais.
De acordo com Martins (1996), alguns fatores são determinantes para o aparecimento de
patologias de estruturas, dentre eles estão:
a) As patologias geradas pelo projeto: As antigas edificações, com cálculo
baseado em tensões de serviço, apresentavam elevada robustez e, por conseqüência,
baixo índice de esbeltez. Isto acarretava que suas deformações eram normalmente
pequenas e raramente perceptíveis nos casos mais comuns. Assim se passava para a
maioria dos edifícios residenciais ou comerciais construídos até a década de 70.
Após essa época, visível redução nas dimensões dos elementos estruturais e uso de
elementos de contraventamento mais leves, tornaram as edificações mais esbeltas e,
portanto, sujeitas a estados de deformação anteriormente não percebidos. O aumento
do gabarito das construções bem como o arrojo de suas formas também influi no
surgimento de estados críticos de solicitação.
b) As flechas nos pavimentos Inferiores: Nos edifícios modernos, o fato dos pisos
inferiores serem praticamente livres de alvenarias, implica que nesses pavimentos as
deformações (flechas sobretudo) devidas à fluência do concreto possam se
desenvolver livremente.
c) As flechas nas varandas em balanço e o esgotamento das águas pluviais: Um
caso comum de patologia é o das varandas em balanço dos edifícios. Muitas vezes
concebidas com vãos importantes (2 ou mais metros), raramente têm suas flechas ao
longo do tempo verificadas. Isto acarreta quase sempre deformações excessivas e
danos aos peitoris e fachadas. Surgem trincas no ponto de momento máximo que se
tomam foco de ataque das armaduras.
d) Os deslocamentos de origem térmica nas coberturas: Outro problema que
ocorre com freqüência nas edificações é o do trincamento das lajes de cobertura e
das paredes subjacentes. Tal fato está, em geral, associado às variações térmicas
provocadas pela insolação. A laje de cobertura, sem isolamento térmico que evite
dilatações e contrações importantes, trabalha ao sabor das significativas variações de
temperatura que ocorrem em um só dia.
e) As agressões das intempéries climáticas: Nas edificações expostas a condições
particularmente agressivas de intempéries, as medidas corriqueiras de proteção não
são suficientes. Um exemplo claro disto são aquelas cujas fachadas ou empenas são
voltadas para a direção de ventos e chuvas dominantes.
f) A retirada do escoramento e a desforma: Nas edificações convencionais, a
retirada do escoramento está comumente associada à obtenção de uma resistência
mínima para o concreto. Este é um equívoco corrente que deve ser sanado
urgentemente. A retirada do escoramento deve considerar, além da resistência, o
valor do módulo de elasticidade do concreto na data.
g) A salada russa de pequenos equívocos e grandes dores de cabeça: A não
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existência na maioria das obras de uma fiscalização efetiva de engenheiros
responsáveis, quer do Estado, quer dos clientes, faz com que freqüentes falhas de
execução venham a comprometer a qualidade das obras.
h) A composição do concreto e dos revestimentos: O uso de materiais
inadequados na mistura do concreto ou dos revestimentos que lhe são aplicados. A
colocação de aditivos de qualquer tipo deve ser feita levando-se em conta também
seus efeitos colaterais sobre a estrutura.
i) As patologias geradas pelo uso: Freqüentemente ao longo do tempo os
proprietários desejam efetuar alterações no uso das estruturas. Isto implica em
remanejamentos e, não raro, em aumento de cargas permanentes. Em muitos casos
se faz apenas uma verificação de capacidade portante. (MARTINS, 1996:14-18)
3. Umidade, Trincas e Fissuras
Segundo Bauer (2008:924), dentre as manifestações mais comuns referentes aos problemas de
umidade em edificações encontram-se manchas de umidade, corrosão, bolor, fungos, algas,
liquens, eflorescências, descolamento de revestimentos, friabilidade da argamassa, fissuras e
mudança de coloração dos revestimentos.
No entendimento de Figueiredo (2003:44-45), a umidade é classificada em 4 principais tipos:
a) Umidade decorrente de intempéries: advém de infiltração ocorrida basicamente
por causa do contato com a água da chuva, que penetra diretamente pela fachada
e/ou cobertura do edifício, em conseqüência de uma impermeabilização deficiente;
b) Umidade por condensação: é produzida quando o vapor de água existente no
interior de uma edificação (salas, cozinhas, dormitórios, etc.) entra em contato com
superfícies mais frias (como vidros, metais, paredes, etc.), formando pequenas gotas
de água. Este fenômeno normalmente acontece no inverno e favorece o crescimento
de microorganismos que, além de alterar a estética do local, são prejudiciais à saúde;
c) Umidade ascendente por capilaridade: é aquela que aparece nas áreas
inferiores das paredes, que absorvem a água do solo através da fundação. As
umidades por ascensão capilar podem ser permanentes quando o nível do lençol
freático está muito alto, ou sazonal, decorrentes de variação climática; e
d) Umidade por infiltração: é aquela causada pela penetração direta da água no
interior dos edifícios através de suas paredes. É muito freqüente esse tipo de
umidade em subsolos que se encontram abaixo do nível do lençol freático.
De acordo com Bauer (2008:924), os mais importantes mecanismos que podem gerar
umidade nos materiais de construção são: absorção capilar de água; absorção de águas de
infiltração ou de fluxo superficial de água; absorção higroscópica de água; absorção de água
por condensação capilar e absorção de água por condensação. Sendo "nos fenômenos de
absorção capilar e por infiltração ou fluxo superficial de água, a umidade chega aos materiais
de construção na forma líquida, nos demais casos a umidade é absorvida na fase gasosa".
Bauer ainda descreve sobre os tipos de umidade:
a) absorção capilar de água: os materiais da construção absorvem água na forma
capilar quando estão em contato direto com a umidade. Isso ocorre geralmente nas
fachadas e em regiões que se encontram em contato com o terreno e sem
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impermeabilização. A água é transportada pelos capilares segundo as leis da física,
sendo importante a velocidade de absorção capilar e a altura de elevação.
b)Águas de infiltração ou de fluxo superficial: se o local que está em contato com
o terreno não tiver impermeabilização vertical eficaz, ocorrerá absorção de água,
pela terra úmida com o material de construção absorvente, que poderá se intensificar
caso a umidade seja submetida a certa pressão, como no caso de fluxo de água em
piso com desnível.
c) Formação de água de condensação: a uma determinada temperatura o ar não
pode conter mais que uma quantidade de vapor de água inferior ou igual a um
máximo, denominado peso de vapor saturante.
d)Absorção higroscópica de água e condensação capilar: em ambos os
mecanismos a água é absorvida na forma gasosa. Na condensação capilar a pressão
de vapor de saturação de água diminui, ou seja, ocorre umidade de condensação
abaixo do ponto de orvalho.Quanto menores forem os poros do material de
construção, mais alta será a quantidade de umidade produzida por condensação
capilar. Álem do tamanho dos poros, o mecanismo depende principalmente da
umidade relativa do ar.
e) Medidas protetoras: as medidas de proteção contra a umidade na construção
deverão ser adequadas ao tipo de mecanismo gerador.
No entendimento de Verçoza (1985), as origens de umidade nas construções são classificadas
como:
a)Umidades provindas do solo: todo solo contém umidade, até mesmo o rochoso.
Em muitos casos essa umidade tem pressão suficiente para romper a tensão
superficial da água. Nesta hipótese, se houver uma estrutura porosa (terra, areia), a
água do subsolo sobe por capilaridade e permeabilidade até haver equilíbrio. A
pressão é tanto maior quanto mais próxima do lençol freático do terreno. Se uma
parede porosa (tijolos, argamassa de cal) entrar em contato com esse terreno, a
capilaridade também se faz sentir na parede, que umedece. Por esta razão, nunca se
deve encostar terra diretamente nos tijolos ou rebocos. Até mesmo o concreto
absorve umidade. A umidade do subsolo tem o agravante de trazer consigo sais
perniciosos, que podem desagregar as argamassas e tijolos, e também manchá-los.
b) Umidades provindas da atmosfera: as umidades devidas à atmosfera
manifestam-se em duas formas principais: infiltração das águas de chuva e
condensações. As águas de chuva penetram nos prédios e outras construções por
pressão hidrostática e percolação. É comum, por exemplo, que a água penetre por
goteiras em telhados e calhas, por má vedação das esquadrias, etc. Nestes casos a
solução geralmente é mecânica; não é problema de impermeabilização. Ou então
atravessam os terraços e paredes por percolação, quando essas paredes não são
impermeáveis, ocasionando manchas no interior das peças. Mesmo que não apareça
umidade no lado oposto, sempre há prejuízo. A condensação é muito comum em
peças enterradas. Nesse tipo de peças as paredes geralmente estão bastante frias e há
pouca ventilação. Então a água condensa-se nas paredes e não há ventilação para
secá-las. Estas peças devem ser feitas deixando-se aberturas permanentes, de
preferência em disposição tal que force a circulação de ar. Então haverá
uniformidade de temperatura entre paredes e ambiente e também evaporação mais
rápida.
c)Umidades provindas da própria construção: nem todas as manchas são
decorrentes das chuvas ou umidade do solo. Reservatórios e canalizações, por
exemplo, também causam infiltrações. Por isso eles devem ser absolutamente
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impermeáveis. Também os materiais da própria construção podem causar problemas
de umidade. Um metro cúbico de alvenaria nova, contém de 130 a 230 litros de
água. A madeira nova tem de 15 a 40% de seu peso em água. É normal que a água
de assentamento de pisos manche as paredes durante uns seis meses após a
aplicação; é normal que o capeamento de parquês com resinas sintéticas
impermeáveis retenha a água das argamassas por muitos meses, podendo levar até o
apodrecimento, descolamento e, mais comumente, ao fissuramento do verniz. Por
isso também é preciso levar em conta esse tipo de formação de umidade.
Recomenda-se , por exemplo, só pintar a madeira depois de perfeitamente seca; só
colocar verniz sintético em parque com mais de seis meses de colocação; procurar
deixar os revestimentos para o final do verão ou princípio de outono, etc.
(VERÇOZA,1985:20).
No que diz respeito a fissuras e trincas, a norma de impermeabilização (NBR 9575:2003)
classifica como microfissuras as que possuem abertura (ocasionada por ruptura de um
material ou componente) inferior a 0,05 mm. As aberturas com até 0,5 mm são chamadas de
fissuras e, por fim, as maiores de 0,5 mm e menores de 1,0 mm são chamadas de trincas. No
entendimento de Bauer (2008:915-919), as fissuras são agrupadas em:
a) Fissuras em revestimentos de argamassa: ocorre devido a fatores relativos à
execução do revestimento argamassado, solicitações higrotérmicas e principalmente
por retração hidráulica da argamassa. A fissuração é função dos fatores intrísecos,
como o consumo de cimento, o teor de finos, quantidade de água de amassamento, e
de outros fatores que podem ou não contribuir na fissuração, como a resistência de
aderência à base, o número e espessura das camadas, o intervalo de tempo decorrido
entre a aplicação de uma e outra camada, a perda de água de amassamento por
sucção da base ou pela ação de agentes atmosféricos.
b) Fissuras relacionadas ao cobrimento deficiente do concreto: Nas regiões em
que o concreto não recobre ou recobre deficientemente a armadura, ocorre o contato
da barra de aço com o ar e a umidade, causando oxidação. O volume de óxido
produzido pela corrosão é de 3 até 8 vezes superior ao volume original do aço da
armadura, gerando fortes tensões no concreto e a sua ruptura por tração, permitindo
a penetração de agentes agressivos e a carbonatação do concreto.
c) Fissuras relacionadas à deficiência de encunhamento da alvenaria: caso
ocorram esforços que ultrapassem a resistência à tração, à compressão ou ao esforço
cortante dos materiais, ocorrerá em alguns locais o aparecimento de fissuras ou
trincas. Caso a heterogeneidade da resistência ocorra no perímetro do painel de
alvenaria e sendo as juntas o plano de debilidade, a aparecerão fissuras no encontro
da alvenaria com a viga ou pilar.
d) Fissuras relacionadas à deformação lenta do concreto: a utilização de seções
distintas de concreto e aço em pilares vizinhos de um mesmo pavimento,
modificações na composição do concreto entre pavimentos, o uso de concretos ricos
em cimento para lançamentos bombeáveis, a granulometria e o tamanho máximo
dos agregados utilizados, o tipo e a fissura do cimento e as condições de umidade
relativa do ar durante a concretagem, contribuem na deformação lenta do concreto.
e) Fissuras relacionadas à argamassa de revestimento: a presença de argilo-
minerais montimoriloníticos na argamassa de assentamento constitui uma causa
geradora do aparecimento de fissuras no revestimento, assim como a expansão da
argamassa de assentamento, devido à hidratação retardada do óxido de magnésio ou
de cálcio, ou a reações expansivas cimento-sulfatos.
f)Fissuras relacionadas à ausência de vergas e contravergas: a não utilização de
vergas e contravergas nas janelas, ou a utilização deficiente, contribui para o
surgimento de fissuras. As vergas e contravergas deverão avançar de 30 a 40 cm
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após o vão das janelas, e ter altura mínima de 10 cm, afim de neutralizar a
concentração de tensões nos cantos das mesmas. Caso os vãos sejam relativamente
próximos e na mesma altura, recomenda-se uma única verga sobre todos eles.
g) Fissuras relacionadas a outros fatores: alguns procedimentos construtivos,
como a falta de ferro de amarração ou deficiência no chumbamento dos mesmos,
entre laterais dos pilares e alvenaria, podem causar fissuras. Alvenarias executadas
sobre balanços e lajes de terraços, com fissuras devido ao deslocamento dos ferros
negativos durante a construção, ou sobrecargas de paredes, peitoris e jardineiras,
correspondem a um procedimento gerador de fissuras no revestimento. A laje de
cobertura dos edifícios, além de impermeabilização, deverá receber isolação térmica
eficiente, para minimizar a diferença de temperatura entre a face superior e a inferior
da laje. A ausência desta isolação favorece a formação de fissuras, não somente na
laje, como também nas alvenarias dos últimos andares, provocada pela constante
movimentação por dilatação dos elementos de concreto da última laje exposta ao
sol. (BAUER 2008)
4. Estudo de Caso
O duplex estudado está inserido no Bairro de Camboinha, no município de Cabedelo, que faz
divisa com a orla marítima de João Pessoa (figura 01). Limita-se ao Norte e Leste com o
Oceano Atlântico, Oeste com o Rio Paraíba e Sul com o Rio Jaguaribe. Possui elevada
umidade e presença de chuvas entre abril e julho. A edificação como um todo, apresenta cinco
apartamentos tipo duplex, 5 vagas de garagem, área de lazer com piscina na cobertura. A área
de lazer com piscina localiza-se exatamente acima do duplex 101 (figura 02), sendo a mesma,
provável responsável pela maior parte das patologias encontradas no objeto de estudo.
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Figura 01 - Localização do estudo de caso
Fonte: https://www.google.com.br/maps Acessado em: 04/06/2015
Figura 02 – Esquema das Plantas / Área de Lazer
Fonte: Arquivo Pessoal (2015)
As elevadas variações de temperatura durante o dia na cobertura, aliada a ausência de um
isolante térmico, ocasionam as fissuras no revestimento. Um agravante maior seria a presença
de locais de acúmulo de água (figura 03), os quais no período de chuva se tornam verdadeiras
piscinas, levando em conta a falta de um sistema eficiente de drenagem das águas. Foi
constatada a presença de apenas um ralo nessa área com revestimentos cerâmicos (figura 04).
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Figura 03 - Piso da área de lazer Figura 04 - Ralo da área de lazer
Fonte: Arquivo Pessoal (2015) Fonte: Arquivo Pessoal (2015)
A piscina de fibra foi retirada do deck após sucessivos problemas de infiltração, sendo feito
um trabalho de fechamento com manta impermeabilizante. Porém não é feita a devida
manutenção do deck (figura 05) e abaixo do mesmo ocorrem frequentes acúmulos de água. O
deck também possui apenas um ralo (figura 06) que não atende à quantidade de água
aglomerada.
Figura 05 - Deck da Piscina Figura 06 - Ralo da Piscina
Fonte: Arquivo Pessoal (2015) Fonte: Arquivo Pessoal (2015)
Observando os problemas detectados na área de lazer e piscina, analisou-se as patologias
encontradas no duplex 101. No quarto 01 (térreo da duplex), as esquadrias apresentam
umidade decorrente das águas de chuva (figura 07), que penetram diretamente na fachada,
pela falta de uma impermeabilização adequada. Essa umidade também ocasionou desgaste
nos revestimentos superficiais da alvenaria (figura 08).
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Figura 07 - Infiltração na janela Figura 08 - Trinca na janela
Fonte: Arquivo Pessoal (2015) Fonte: Arquivo Pessoal (2015)
O teto do quarto 02 (pavimento superior do duplex) é a mesma laje do piso da área de lazer,
mostrada anteriormente. Devido as infiltrações decorrentes da coberta, pela falta de
impermeabilização adequada, o teto apresenta umidade, manchas e uma fenda aparente
(figura 09), além de trincas verticais na parede imediatamente abaixo (figura 09).
Figura 09 - Infiltrações e trincas no teto do quarto 02
Fonte: Arquivo Pessoal (2015)
O quarto 02 também exibe umidade nas esquadrias decorrente da água de chuva que adentra
diretamente na fachada, pela falta de uma impermeabilização adequada. Essa umidade
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também ocasionou desgaste nos revestimentos superficiais da alvenaria. A base de toda
esquadria apresenta fissuras e desgaste da pintura e do reboco (figuras 10 e 11). Esse quadro
foi observado na maioria das esquadrias da edificação, com similares patologias.
Figura 10 - Infiltração na janela Figura 11 - Trinca na janela
Fonte: Arquivo Pessoal (2015) Fonte: Arquivo Pessoal (2015)
No banheiro do quarto 02, foram observadas uma trinca na base da luminária (figura 12) e
fissuras acima da bandeira da porta (figura 13). A luminária também apresentava indícios de
infiltração originária da coberta (área de lazer). A fissura encontrada na porta do banheiro, se
repetia em outros ambientes da edificação, o que leva a crer que a provável causa da patologia
está relacionada com a não utilização de vergas nas portas, ou a utilização deficiente, as quais
contribuem para o surgimento de fissuras.
Figura 12 - Trinca na luminária Figura 13 - Fissura na porta
Fonte: Arquivo Pessoal (2015) Fonte: Arquivo Pessoal (2015)
No quarto 03, foram encontradas fissuras entre a laje e a alvenaria (figura 14) e uma fenda na
laje (figura 15), provenientes de infiltrações na coberta (área do deck da piscina). Na laje
observou-se o aparecimento de manchas e fungos provenientes da umidade.
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Figura 14 - Fissura entre a laje e a alvenaria Figura 15 - Fenda na laje
Fonte: Arquivo Pessoal (2015) Fonte: Arquivo Pessoal (2015)
No banheiro do quarto 03 foi detectada infiltração no teto (figuras 16 e 17), proveniente da
coberta (deck da piscina), a qual danificou os revestimentos superficiais da laje, deixando o
concreto à mostra. Apesar dos frequentes reparos o problema volta a persistir e ocasionar
umidade e manchas.
Figura 16 - Umidade no teto do banheiro Figura 17 - Umidade no teto do banheiro
Fonte: Arquivo Pessoal (2015) Fonte: Arquivo Pessoal (2015)
Na porta do banheiro do quarto 03, observou-se uma trinca no revestimento cerâmico (figura
18), seguindo o padrão da patologia que está relacionada com a não utilização de vergas nas
portas, ou a utilização deficiente, as quais contribuem para o surgimento de fissuras e trincas.
Outra patologia observada foi uma infiltração na varanda do quarto 03, fazendo água escorrer
no encontro da parede com a laje (figura 19).
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Figura 18 - Trinca na cerâmica do banheiro Figura 19 - Infiltração na Varanda
Fonte: Arquivo Pessoal (2015) Fonte: Arquivo Pessoal (2015)
6. Conclusão
Para que este artigo científico fosse realizado, inicialmente se fez necessária uma pesquisa
bibliográfica e documental para compreender acerca das patologias encontradas nas
edificações, as quais serviram de alicerce para um maior conhecimento sobre o tema. Com
uma maior lucidez sobre as patologias mais comuns, foi realizada uma pesquisa de campo no
duplex (estudo de caso), observando e registrando as patologias detectadas. A área de lazer
localizada imediatamente acima do duplex 101 mostrou-se provável causa da maior parte das
patologias encontradas.
A área de lazer apresentava elevadas variações de temperatura durante o dia, aliada a ausência
de um isolante térmico, ocasionando fissuras no revestimento. Outro agravante maior seria a
presença de locais de acúmulo de água os quais no período de chuva se tornam verdadeiras
piscinas, levando em conta a falta de um sistema eficiente de drenagem das águas. Visto que
foi constatada a presença de apenas um ralo nessa área com revestimentos cerâmicos. A
piscina de fibra foi retirada do deck após sucessivos problemas de infiltração, porém não é
feita a devida manutenção do deck e abaixo do mesmo ocorrem frequentes acúmulos de água.
O deck também possui apenas um ralo que não atende à quantidade de água aglomerada.
No duplex 101 as patologias mais encontradas foram infiltrações entre laje e paredes, tanto
nos quartos como em banheiros. Infiltração nas esquadrias pela ausência de uma
impermeabilização adequada, onde a água da chuva penetra diretamente pela fachada.
Fissuras e trincas sobre os vãos de porta, que indicam a não utilização de vergas ou a
utilização deficiente.
Diante disto conclui-se que o empreendimento devido à competitividade do mercado
imobiliário ou buscando aperfeiçoar o tempo e reduzir gastos, negligenciou em determinados
casos, a qualidade dos materiais e mão de obra especializada.
Referências
Estudo de Caso: Patologias de um Duplex em Cabedelo-PB dezembro/2015
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ISSN 2179-5568 – Revista Especialize On-line IPOG - Goiânia - Edição nº 10 Vol. 01/ 2015 dezembro/2015
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SITES:
Localização do estudo de caso. Disponível em:
<https://www.google.com.br/maps/@-6.9947389,-34.8302708,3495m/data=!3m1!1e3>
Acessado em 04 de jun. de 2015